(ben) essere urbano vol. II - CASA DO CIDADÃO_LuisaVIOTTI-UnB

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CASA DO CIDADÃO Intervenção no patrimônio moderno do edifício Touring Clube do Brasil como um espaço de welfare socialmente inovativo

(ben)

essere urbano VOL. II LUISAVIOTTI

Graduação Arquitetura e Urbanismo UnB Dupla titulação Arquitetura para o Projeto Sustentável PoliTO Dupla titulação Alta Scuola Politecnica ASP

Trabalho final de graduação (diplô) - FAU UnB. Brasília, Dezembro 2019. Orientadora: Profa. FLAVIANA LIRA Universidade de Brasília - UnB Contribuições: Profa. CAMILA SANT’ANNA, profa. GABRIELA TENÓRIO, profa. LUCIANA SABOIA Universidade de Brasília - UnB

(ben) essere urbano é um jogo de palavras entre bem-estar urbano e ser urbano,

*o título original é propositalmente em italiano, como uma homenagem ao país onde a pesquisa se originou e também por possibilitar esse jogo de palavras, que não teria uma tradução exata nem em inglês (língua do vol.I) e nem em português (língua do vol.II).

no sentido de que bem-estar deveria ser intrínseco ao ser urbano, ao viver em um ambiente urbano.

VOL. I - PoliTO (Jul 2019) SUSTENTABILIDADE SOCIAL EM ESPAÇOS DE WELFARE URBANO Interpretando uma visão geral sobre estudos de casos na Itália e no Brasil

VOL. II - UnB (Dez 2019) CASA DO CIDADÃO Intervenção no patrimônio moderno do edifício Touring Clube do Brasil como um espaço de welfare socialmente inovativo

UnB


sumário

.

apresentação, justificativa, objetivos......................................................................................................................................................3

: apresentação

1

...................................................................................................................................................................................................................5

ESPAÇOS SOCIALMENTE SUSTENTÁVEIS......................................................................................................................................................................................................................6 WELFARE URBANO.......................................................................................................................................................................................................................................................................8 INTERVENÇÃO NA ARQUITETURA MODERNA......................................................................................................................................................................................................18

o conceito de projeto

.......................................................................................................................................................................................20

PONTOS DE EQUILÍBRIO NA INTERVENÇÃO PATRIMONIAL E HISTÓRIA DO EDIFÍCIO............................................................................................................22 ESTADO DA ARTE: CENTROS SOCIAIS..........................................................................................................................................................................................................................24 REFERÊNCIAS PROJETUAIS..................................................................................................................................................................................................................................................28 A CASA DO CIDADÃO...............................................................................................................................................................................................................................................................30

3

o projeto amadurecido

............................................................................................................................................................................33

LEGISLAÇÃO E NORMAS URBANÍSTICAS...................................................................................................................................................................................................................34 PROGRAMA DE NECESSIDADES.......................................................................................................................................................................................................................................36 ARQUITETURA & INSERÇÃO URBANA.........................................................................................................................................................................................................................38 PROJETO PAISAGÍSTICO.........................................................................................................................................................................................................................................................58 PERSPECTIVAS & DETALHES................................................................................................................................................................................................................................................38 CADERNO DE CROQUIS.........................................................................................................................................................................................................................................................38

.

objetivos

a teoria por trás

ESCOLHA DE UMA ÁREA DE PROJETO.......................................................................................................................................................................................................................10

2

justificativa

referências...................................................................................................................................................................................................................................................................55

O projeto a seguir é apresentado como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC/diplomação) para a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (UnB). Foi pensado como complementar à pesquisa apresentada em Julho desse ano (2019) para obtenção do título de Laurea Magistrale no Politécnico de Turim, Itália. A autora participou do programa de dupla titulação entre as duas universidades e, visto que fazia-se necessário o desenvolvimento de uma pesquisa acadêmica teórica para obtenção do título italiano e a elaboração de um projeto fictício para o título brasileiro, optou-se por conectar as duas abordagens, a fim de enriquecer o trabalho geral e otimizar esforços.

o que é (o projeto)? O estudo aqui proposto se trata de um projeto para um espaço de comunidade provendo serviços sociais, um espaço de welfare visando a sustentabilidade social. Por se tratarem de temas bastante complexos em sua natureza individual, a primeira parte (vol.I) foca em analisar a fundo a teoria de welfare e de sustentabilidade social, relacionando os dois conceitos, incluindo estudos de caso italianos e brasileiros e se conclui com uma análise comparativa em as duas realidades. A segunda parte aqui apresentada então (vol.II) toma como base os materiais e levantamentos obtidos no primeiro volume, mas traz consigo a liberdade de um projeto acadêmico, livre da finalidade construtiva, podendo apresentar relativa liberdade para com a existência de um cliente e orçamentos. Não significando porém, a ausência de vínculos com a realidade construtiva brasileira. Dessa forma, o trabalho procura abarcar tanto a escala urbana quanto a escala arquitetônica, esperando trabalhar as diversas área do conhecimento que foram estudadas durante o curso e integrá-las o quanto possível nesse produto final.

A literatura estudada indica que existe de forma geral uma falta de estudos teóricos e empíricos sobre sustentabilidade social e welfare, ao mesmo tempo que a observação da realidade brasileira evidencia que existe também uma despreocupação com a qualidade dos espaços provedores de serviços sociais, resultando normalmente em uma segregação e marginalização territorial desses espaços, assim como acontece com os principais usuários deles. Ao experienciar soluções inusitadas que foram testadas na realidade italiana e que questionam esse papel dos espaços sociais no território urbano e na organização da sociedade, a autora se interrogou como esse questionamento poderia ser trazido para nossa realidade, dotando-se de referências positivas de ambos contextos. Trabalhar em um projeto que questiona a forma como atualmente fazemos espaços que provêm serviços sociais significa projetar com nenhuma referência absoluta, procurando diversas fontes de conhecimento e diferentes tipos de ambientes, cada um com suas exigências específicas. Nesse processo, é estimulada também uma leitura de como a teoria é traduzida em espaços físicos, e também das condicionantes de projeto, do sítio físico. A complexidade teórica e programática do tema, bem como sua relação com a sociedade em que vivemos, justifica a escolha desse trabalho como projeto de conclusão de curso.

A proposição de um centro de proteção social comunitário questionando onde podemos melhorar essa prática atualmente, integrando mais pessoas de diferentes contextos sociais em um mesmo espaço físico, e consequentemente, como percebemos o outro, o diferente. Nesse trabalho se traduz no papel que arquitetos e urbanistas podem ter para contribuir para essa transformação social, com um projeto de um espaço que propicie esse tipo de interação positiva. Se estabelece como objetivo principal então, se aproveitar da liberdade do ambiente acadêmico para idealizar um estudo preliminar de projeto de arquitetura com enfoque programático e identitário de um projeto piloto que pode vir a questionar o que temos de espaços de assistência social. Como objetivos específicos se tem a síntese da parte teórica já desenvolvida e a elaboração de estudos específicos projetuais como: escolha e justificativa de uma área de projeto, breve teoria da intervenção no patrimônio moderno (como consequência da área escolhida), análise da história do próprio edifício, estado da arte e referências projetuais, diretrizes de projeto, legislação e normas urbanísticas pertinentes, programa de necessidades e por último, desenhos arquitetônicos do projeto amadurecido.

palavras-chave: sustentabilidade social; welfare; espaços de bem-estar; centro social; patrimônio moderno; Touring.

7


1

a teoria por trรกs


espaços socialmente sustentáveis

welfare urbano

“A forma como pensamos

Econômica

Ambiental

Social

final 1990s

Social

Econômica

Ambiental

MASSEY, D. (2005).

\:

(dois entendimentos da palavra welfare)

ALBERTSEN, N. and DIKEN, B. (2004).

um estado físico e/ou mental relacionado à saúde, felicidade e conforto; bem-estar. (tendências para um welfare inovativo e socialmente sustentável)

\:

entender welfare como sistema de proteção social para cobrir “necessidades humanas básicas”; políticas sociais.

Social

Ao rever a literatura disponível percebe-se que ela é fragmentada, muitas vezes vaga e incoerente, o que pode ser explicado pela intangibilidade do conceito e sua natureza dinâmica, multidisciplinar, com diferentes escalas e perspectivas. No primeiro volume desse trabalho diferentes definições são trazidas, e também diferentes exemplificações no que diz respeito à espacialidade da sustentabilidade social. Contudo, para o objetivo do desenvolvimento desse projeto e segundo volume, o que é mais relevante é o consenso de que sustentabilidade social se trata de pessoas e a definição do que caracteriza um espaço com potencial para continuar funcionando com propósito útil para futuras gerações e com a preocupação em um bem-estar coletivo (apresentada a seguir).

10

espaços para socialização, atividades coletivas, serviços e infraestrutura; eles contribuem para o progresso efetivo da vida civil cotidiana e é onde formamos nosso espírito de cidadania; é onde as atividades de trocas sociais são praticadas livremente; é sobre trazer para um mesmo espaço físico pessoas diversas, sobre o ‘jogar tudo junto’ que pressupõe uma negociação cotidiana; é onde somos confrontados com o outro, com o diferente; mas é também onde nos sentimos seguros, nos sentimos pertencentes; podem ser espaços abertos ou fechados, públicos ou privados, planejados ou naturalmente apropriados pela população; porém, devem necessariamente contribuir para uma percepção compartilhada de bem-estar e também, devem contribuir para o bom funcionamento cotidiano da vida urbana coletiva.

ESPAÇOS SOCIALMENTE SUSTENTÁVEIS

espaços sociais

espaços de welfare urbano

espaços públicos

Estudiosos da teoria e prática do urbanismo há muito argumentam sobre a forte ligação entre espaços físicos e como as relações sociais são definidas nesses. Um espaço de welfare urbano faz parte de uma teoria que pode ser abrigada dentro do conceito de espaços públicos (quando o público é entendido como de uso coletivo), espaços sociais (de socialização) e tem um dos mais relevantes potenciais para se tornar um espaço socialmente sustentável.

: \

(definição sintética de espaços socialmente sustentáveis)

FONTE: (ben) essere urbano | VOL. I

No estudo mais aprofundado desse conceito no vol. I são apresentadas as definidas tipologias de welfare como sistema de proteção social, como elas se diferenciam, como essas podem impactar o contexto econômico e político de diferentes nações, e quais são os fatores contemporâneos que afetam inovações em welfare. No entanto, para o propósito projetual desse estudo, a parte teórica pertinente é a relacionada com o bem-estar urbano, esse conceito na escala da cidade e em termos de espaços. Os espaços de welfare urbano são as comodidades do denso ambiente urbano, os espaços muitas vezes institucionais, que podem variar desde escolas, hospitais, praças e outros espaços públicos, centros esportivos e espaços que provêm serviços sociais de proteção/assistência à população em situação de risco. Um esquema sintético do que seria essa teoria e sua relação com o conceito de sustentabilidade social é apresentado a seguir com a intenção de delinear por último os quatro pontos tidos como traços fundamentais para o desenvolvimento de um espaço desse tipo.

FONTE: (ben) essere urbano | VOL. I

\:

sistema de proteção social para cobrir “necessidades humanas básicas”; políticas sociais.

\:

(conceito de welfare urbano)

na escala urbana

A sustentabilidade social foi adicionada tardiamente aos debates sobre o desenvolvimento sustentável e por esse motivo, é ainda o pilar menos estudado e não existe ainda também, um consenso sobre o que significa exatamente o termo e o que está compreendido nesse conceito.

O conceito de welfare traz consigo uma ambivalência, heterogeneidade, dimensão avaliativa e contestável. Isso porque é um conceito estritamente relacionado com a forma organizacional da sociedade de um lugar e por isso pode ser entendido de forma diversa em diferentes países. Em alguns lugares diz respeito apenas a sistemas de proteção social (políticas sociais) não tendo relação direta com o estado físico e/ou mental de bem-estar e, em outros países (como é o caso do Brasil) a palavra não é muito utilizada, sendo traduzida diretamente como bem-estar, o que pode ocasionar um desligamento do sentido de original da política social, fazendo com que, muitas vezes o significado se deturpe para “assistência social” ao invés de “proteção social”, o que pode ocasionar também visões críticas opostas.

\:

concentração de serviços e comodidades em uma área física compacta; a dimensão espacial da provisão de bens e serviços de welfare; ou seja, o espaço cotidiano de uma comunidade, de uma vida coletiva.

(conceito de infraestrutura)

como um sistema infraestrutural da cidade

Econômica

um estado físico e/ou mental relacionado à saúde, felicidade e conforto; bem-estar.

aplicado no território

2000s (balanço?)

Ambiental

\:

por

atores públicos (políticos, assistentes sociais)

no

a estrutura básica de uma organização ou sistema, tal qual necessária para sua operação; na cidade, bens materiais que servem uma comunidade, que não produzem riqueza individual, mas contribuem para um bem-estar coletivo.

arquitetos & urbanistas

ESPAÇO URBANO DE WELFARE

1980s/metade-1990s

(discussões sobre sustentabilidade)

grande diversidade de problemas, como por exemplo quantidade, qualidade e distribuição de bens materiais e de serviços, a (re)distribuição de renda, proteção contra pobreza, segurança de emprego e riqueza, a provisão de cuidados com saúde, educação e cultura, a provisão de segurança e abrigo, a garantia de equidade e equidade de oportunidades, o suporte e a participação das instituições democráticas na qualidade de vida geral.

dois significados

sobre espaços importa. Modula nosso entendimento do mundo, nossas atitudes com relação às outras pessoas, nossa política. Modula , por exemplo, a maneira como entendemos globalização, a maneira como abordamos cidades, a maneira como desenvolvemos e praticamos um senso de lugar. Se o tempo é a dimensão da mudança, então o espaço é a dimensão social: a coexistência contemporânea com o outro.

“O conceito de welfare está relacionado com uma

cidadãos empoderados

terceiro setor (sem fins lucrativos)

1

2

3

4

não setorial

condensador social

localização lógica

qualidade espacial

11


escolha de uma área de projeto MAPA 01: 26 31 4

5

6

23 18 25 30 32

9 12

15

11 29 22 10 20 8 19

3

17 24 21

28

1 27 7

16

2

13

N

14

Regiões administrativas (RAs) do DF. por autora. Plano Piloto Gama Taguatinga Brazlândia Sobradinho Planaltina Paranoá Núcleo Bandeirante Ceilândia Guará Cruzeiro

I II III IV V VI VII VIII IX X XI

Samambaia Santa Maria São Sebastião Recanto das Emas Lago Sul Riacho Fundo I Lago Norte Candangolândia Águas Claras Riacho Fundo II Sudoeste/Octogonal

XXII XIII XIV XV XVI XVII XVIII XIX XX XXI XXII

Varjão Park Way SCIA/Estrutural Sobradinho II Jardim Botânico Itapoã SIA Vicente Pires Fercal Sol Nascente/Pôr do Sol

XXIII XXIV XXV XXVI XXVII XXVIII XXIX XXX XXXI XXXII

Setor Hoteleiro Setor Comercial Setor Cultural Setor de Diversões

Paisagem urbana de Brasília.

Setor Bancário

por Acervo Seduma.

Setor de Autarquias Esplanada dos Ministérios

MAPA 02:

MAPA 03:

MAPA 04: feira da Torre

Torre de TV

Torre de TV

Setor Hoteleiro Sul

Setor Hoteleiro Norte

Touring

Distrito Federal (área metropolitana Brasília)

A área central de Brasília (vista da Torre de TV). por Joana França.

O edifício do Touring Clube do Brasil veio em mente então como o que seria perfeito para abrigar um projeto piloto de um espaço de welfare socialmente inovador, por conta de sua importância simbólica em termos urbanísticos na área central de Brasília (correspondente à posição

FONTE: (ben) essere urbano | VOL. I

Eixo

Biblioteca Nacional

Museu Nacional

N

Catedral Metropolitana

Cruzamento dos eixos (área central)

Eixo

Rodoviário Eixo Monumental

Touring (SCTS Lt 1)

Setor Cultural Norte

Os mapas a seguir ilustram e justificam essa escolha do edifício como área projetual, primeiro contextualizando onde fica o Touring; em seguida mostrando como a área pertence à Escala Gregária, onde se têm variados gabaritos, funções e também épocas de construções; como a área também representa potencial para ser condensador social, de muito fácil acesso à população mais rica morando no Plano Piloto, ao mesmo tempo que também tem maior concentração de empregos, o que traz populações de outras regiões; depois sua localização lógica territorial em relação a outros centros de assistência social, que está no centro funcional de Brasília, com acessos e mobilidade privilegiados; e por último, um local propício para se trabalhar qualidade espacial, pois o edifício de Niemeyer já apresenta isso, tem sua vista urbana para esplanada e setor cultural, além de predisposição também em termos ambientais.

Teatro Nacional

Touring

Setor Cultural Sul

No contexto da cidade tida como ideal modernista que é Brasília, em que todo seu urbanismo é caracterizado por setores específicos para coisa específicas, significa provar-se difícil a tarefa de escolher um local adequado que cumpra todos esses quatro pontos. A área central de Brasília vem então proposta por ser um dos poucos locais na cidade onde é possível se ter essa não setorialidade e, principalmente, por ser um local onde a usual segregação de pessoas (não só de espaços) parece ser superada devido à configuração e posicionamento de rodoviária central do plano piloto e os edifícios que a circundam.

Rodoviária

Rodoviária Plano Piloto (área planejada de Brasília)

Mon

ume

ntal

N 0

Situação da área de projeto.

100

300 m

Contextualização da área central.

por autora.

0

100

300 m

N

12

leiaute de mobiliário, iluminação natural, conexão com a natureza e também, exterior na micro escala urbana.

Conjunto Nacional (Shopping popular)

N

2 que seja também um condensador social, trazendo os mais diversos tipos de pessoas para um mesmo espaço físico de negociação cotidiana no enfrentamento do diferente, visto que é essencial de se considerar que serviços sociais são fundamentalmente serviços relacionais, que operam através das relações criadas nesses espaços;

4 uma qualidade espacial interior, começando por

CONIC (Setor de Diversões Sul)

Esplanada dos Ministérios

1 um espaço não setorial, que possa superar a tradicional ‘hiper-setorialidade’ que geralmente se tem em espaços de serviços sociais por conta de respostas especializadas para necessidades específicas, porém que acaba resultando em uma cristalização dessas estruturas, dificultando reformas e inovações visando melhoramentos e, muitas vezes até seu próprio funcionamento;

significado para tal, não apenas um lugar disponível, mas também uma preocupação com a visibilidade e as interações com o ambiente externo circundante;

do Teatro Nacional) porém como uma estrutura que vem sendo subutilizada e algumas vezes até negligenciada pela população brasiliense, passando muitas vezes desapercebido no contexto urbano. O edifício é uma estrutura pavilhonar discreta na paisagem projetada por Oscar Niemeyer na época da construção da cidade, já prevista por Lucio Costa no Relatório do Plano Piloto, que hoje em dia é tombado pelo IPHAN, e faz parte de uma região que expressa a vida cotidiana de diferentes parcelas da população do DF.

Rod oviá rio

Como o propósito principal de projeto é exatamente inovar no tipo de espaço social que temos, visando uma sustentabilidade social, os quatro pontos levantados no tópico anterior foram bastante relevantes para a escolha de uma área de projeto, sendo eles:

3 uma localização lógica no território, trazendo

Eixo

Toda a pesquisa teórica desenvolvida até então sugere fortemente que um pensamento crítico com o objetivo de qualidade espacial para espaços de welfare urbano contribui positivamente para a estrutura do sistema de proteção social como um todo e para a forma como nos comportamos socialmente nesses espaços.

Setores na área central de Brasília.

por autora.

por autora.

13


1

2

não setorial

condensador social Escala Gregária

MAPA 05:

Escala Residencial Escala Bucólica Escala Monumental

MAPA 09:

GRÁFICO 01:

Goiás DF

600000

m 0k

7

500000

60%

400000 300000 200000

30%

m

20k

100000

10%

10km

Mapa concentração de população do DF.

Mapa escalas de Brasília.

RA VI - Planaltina

RA IV - Brazlândia

RA II - Gama

RA XIII - Santa Maria

RA XII - Samambaia

RA IX - Ceilândia

RA III - Taguatinga

RA V - Sobradinho

RA XIV - São Sebastião

RA XVII - Riacho Fundo

RA X - Guará

RA VII - Paranoá

11 13 14 14 15 18 19 19 23 24 26 27 28 38 38 42 59 km

Integração

RA XV - Recanto das Emas

N

RA XVI - Lago Sul

7

Habitantes N

RA XVIII - Lago Norte

RA XIX - Candangolândia

0

Empregos

RA VIII - Núcleo Bandeirante

RA I - Brasília

RA XI - Cruzeiro

0

Mapa desequilíbrio entre RAs e distância ao centro.

s por GERMANO apud TENORIO (2012).

IPHAN (2007), adaptado por autora. MAPA 10:

MAPA 06:

por HOLANDA (2010) adaptado por autora.

CONIC (Setor de Diversões Sul)

Comercial & Serviços

Conjunto Nacional (Shopping popular)

Hoteleiro Cultural Religioso Institucional

Rodoviária

até 3 pavimentos

1957-1965

4 a 6 pavimentos

1966-1975

6 a 10 pavimentos

1976-1986

10 a 15 pavimentos

1987-1997

+ 15 pavimentos

Touring

1998-2019

MAPA 07:

MAPA 08: Teatro Nacional

Touring

Touring

Touring

Museu Nacional

Setor Cultural Norte

Setor Cultural Sul

Biblioteca Nacional

Percursos de pedestres Pessoas Vegetação Área verde/terra

300 m

Mapa de gabaritos da área central.

por autora.

14

100

0

100

300 m

Mapa datas construções.

por autora.

0

25

50

100 m

N

Mapa de usos da área central.

0

N

300 m

N

100

N

0

Mapa fluxo de pessoas para o Touring (atualmente como terminal rodoviário do entorno).

por autora.

por autora.

15


3

MAPA 14:

16 - Brazlândia

Sobradinho - 13

(mais integrado) 0.970 - 1.132

Sobradinho II- 11

0.809 - 0.970

localização lógica

CRAS - Centro de Referência em Assistência Social

0.486 - 0.647

*SEDES - Secretaria de Desenvolvimento Social.

MAPA 11:

Lago - 7 Norte

0.647 - 0.809

CREAS - Centro de Referência Especializado de Assistência Social

Planaltina - 27

(menos integrado) 0.324 - 0.486 6 - Itapoã

MAPA 12:

Varjão

TABELA 02:

23 - Paranoá

RA XX - Águas Claras XXV - SCIA/Estrutural XXX - Vicente Pires XIX - Candangolândia XXVII - Jardim Botânico VIII - Núcleo Bandeirante XVII - Riacho Fundo I XXVIII - Itapoã XVI - Lago Sul XVIII - Lago Norte II - Gama & XXIV - Park Way XXI - Riacho Fundo II XIII - Santa Maria XXVI - Sobradinho II XV - Recanto das Emas V - Sobradinho IV - Brazlândia X - Guará XIV - São Sebastião VII - Paranoá XII - Samambaia VI - Planaltina III - Taguatinga IX - Ceilândia

Estrutural - 1

Itapoã Ceilândia - 66

SEDES Estrutural

Paranoá

Vicente Pires - 3

CENTRO funcional

CENTRO de massa

Taguatinga - 27 Guará - 16

11,6km km

4 - Jardim Botânico

,3

km

10

5,8

(antigamente no Touring)

Guará

Águas Claras - 1 Samambaia - 24

5 - Núcleo Bandeirante

CENTRO morfológico

SEDES Brasília

4 - Candangolândia 6 - Lago Sul

Riacho - 5 Fundo I

Candangolândia

Recanto das Emas - 13

Núcleo Bandeirante

São Sebastião - 22

7 - Park Way N

Riacho - 7 Fundo II

N

N 7 - Santa Maria

CRAS e CREAS existentes no plano piloto e arredores.

Mapa axial de integração do DF e distância entre centros.

MAPA 13:

CONIC (Setor de Diversões Sul)

por SANTOS (2018) adaptado por autora. MAPA 15:

Conjunto Nacional (Shopping popular)

CONIC (Setor de Diversões Sul)

Conjunto Nacional (Shopping popular)

Rodoviária

Eixão Sul

passam 2 25 3 47 16 42 39 19 49 18 7&16 12 7 13 18 19 17 17 23 26 26 29 140 74

Mapa + Tabela quantidade linhas de ônibus para o plano piloto por região administrativa. por Dimpu/UnB apud TENORIO (2012).

por autora.

partem 1 1 3 4 4 5 5 6 6 7 7 7 7 11 13 13 16 16 22 23 24 27 27 66 TOTAL 321

Rodoviária

Eixão Norte

(buraco do tatu)

(túnel)

Eixão

ACESSO (eixão superior)

(plataforma superior)

Touring

Touring

ACESSO livre pilotis (eixo monumental) Teatro Nacional

Teatro Nacional

Setor Cultural Sul

Setor Cultural Norte

Via N2

Eixo Monumental - N1

Setor Cultural Norte

Setor Cultural Sul

Eixo Monumental - S1

Biblioteca Nacional

Via S2

Biblioteca Nacional

Ciclovias ACESSOS Touring

Bicicletas compartilhadas

Via expressa (Eixão)

Paradas de ônibus Terminais rodoviários (projeção pav. inf.)

Via Arterial (Eixão plataforma superior)

Museu Nacional

50

100 m

Trajeto metrô

Vias Locais

Raios de distância

Área verde/terra

Área verde/terra

Mapa hierarquia viária na área central de Brasília + Acessos ao Touring.

0

25

50

100 m

Mapa de mobilidade na área central de Brasília, incluindo distâncias em relação ao Touring.

por autora.

16

Trajetos ônibus

N

25

Vias Coletoras (S2 e N2)

N

0

Museu Nacional

Via Arterial (Eixo Monumental)

por autora.

17


4

condicionantes ambientais:

qualidade espacial VENTOS noroeste

arquitetura e inserção urbana simbólicas:

1090

2019

N

1964/67

1088

1087 1086

2012

1089

1085

1084

VENTOS leste

Vegetação Curvas de nível (topografia) Área verde

Topografia e vegetação na área do edifício Touring Clube.

Terreno (em corte)

por autora.

Percurso solar

18:46h (pôr-do-sol)

O

31 Dezembro

S

N

01 Janeiro

5:44h (nascer do sol)

L Fotos do edifício e seu contexto urbano, durante a construção (1964-67), quando estava ocupado como CRAS (2012) e atualmente ocupado como terminal rodoviário do entorno (2019).

Arquivo Público do DF, por Natalia Gorgulho, e por autora.

Estudo solar (a partir do arquivo climático de Brasília). por autora.

18

L2

congresso nacional

ministérios

palácio Itamaraty

catedral metropolitana

teatro nacional

museu da república

W3

rodoviária

TOURING CLUBE

CONIC

setor hoteleiro

biblioteca nacional

torre de TV

CORTE URBANO ATUALMENTE (2019):


intervenção na arquitetura moderna

A área escolhida para intervenção é um edifício de grande importância histórica, por fazer parte dos primórdios da construção de Brasília e ter sido projetado pelo renomado arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer. Por se tratar de patrimônio moderno (o edifício) e também o contexto urbano em que está inserido (Brasília), prova-se necessário um estudo sobre como lidar com a intervenção patrimonial. De maneira bastante sintética, as práticas tradicionais de conservação do patrimônio são fortemente baseadas em importantes documentos e estudiosos do tema. Os principais sendo: ___Carta de Veneza (1964) ressalta a importância da destinação de um uso contemporâneo ao patrimônio; e o desafio consiste em uma diferenciação clara, ao mesmo tempo que harmônica; ___Declaração de Amsterdã (1975), reforça que o patrimônio precisa ser tratado como parte integrante da cidade, que tem uma função social a cumprir; ___Carta do Restauro (1972) traz a noção de pátina, entendida como a passagem do tempo, mas deve receber um juízo crítico se em cada caso é um efeito positivo ou destrutivo; ___Carta de Burra (1999), diz que o fim principal de qualquer ação que envolva o patrimônio deve ser a garantia de sua significância cultural.

20

Para a prática de conservação do patrimônio moderno, as cartas patrimoniais são documentos balizadores, capazes de dar respostas às problemáticas trazidas pela arquitetura moderna (AM), porém os consensos de prática ainda estão se formando. Os principais estudiosos argumentam: ___John Ruskin e Viollet-le-Duc defendem que se deve “completar“ a obra, reproduzindo o original; ___Boito já propõe uma via intermediária, evitando acréscimos que, se necessários, devem ter caráter diverso; ___Riegl aborda aspectos normativos em termos de consolidação do campo do restauro; alega também que 60 anos equivale ao distanciamento crítico necessário de duas gerações para uma melhor compreensão da obra; ___Brandi propõe o “restauro crítico“, que se fundamenta em uma análise pormenorizada da obra e não esta como parte de categorias prédeterminadas; a obra de arte como um processo e não apenas um resultado; o ato histórico-crítico de análise de cada obra em modo singular. O modernismo também apresenta em sua natureza características específicas no que diz respeito a entendê-lo como patrimônio e conservá-lo. Primeiro porque o próprio movimento impõe complicações, começando pela sua proximidade temporal, o que significa que se prova difícil para a população de forma geral reconhecer um edifício que foi feito há poucas décadas atrás

como patrimônio a ser conservado, estamos acostumados a associar a ideia de patrimônio com obras de séculos e milênios de existência. A AM também experimentou muito com tecnologias e materiais novos para a época, o que significa que não se sabia muito sobre vida útil dos mesmos, e isso acaba resultando em uma degradação material acelerada, o que prova ainda mais difícil a conservação do patrimônio segundo técnicas tradicionais. Uma outra implicação que a AM traz consigo é a ideia de que “a forma segue a função”. Edifícios modernos foram feitos com sua função original em mente e com isso, a ideia de dar um novo propósito para uma mesma estrutura se torna mais complicado de ser efetivado. Exatamente por esses motivos (entre outros) existe atualmente um esforço de estudo de tipologias de projeto e padrões emergentes para a realização da chamada “advocacia arquitetônica“ no patrimônio moderno. Isto é, driblar diferentes demandas sobre o que é significativo em cada obra, a performance do edifício, acomodação de novas demandas e, isso enraizado no contexto econômico e de atores envolvidos. Um último ponto de relevância para o tema projetual aqui proposto, a partir dos textos estudados, é o de que a vanguarda modernista valoriza o espaço público adjacente à edificação e isso resulta em um efeito de conexão entre exterior e interior, obrigando confrontos e mudanças sociais.

FONTE: MCDONALD, S. (2003); SABOIA & MEDEIROS (2011); MEDEIROS, A. E. de A. & FERREIRA, O. L. (2012); GORGULHO (2013); GOMES DE SÁ, C. (2015); MELLO, A. (2008); KUHL, B. (2008); BARRETO LIRA, F. (2012); ALLAN, J. (2007); SABOIA FONSECA CRUZ, L. (2016).

Brasília vista de cima, cidade tombada como patrimônio moderno. Google Earth.

21


2

o conceito de projeto


pontos de equilíbrio na intervenção patrimonial e história do edifício 1961

primeiro projeto de Oscar Niemeyer, a pedido de Lucio Costa

PLANTA pav. inferior:

PLANTA pav. superior:

casa de chá

1962

Touring Clube

quase a mesma configuração arq.

1963 ... 1967 construção

1970s 0

5

1º fase de abandono

N

Pavimento Superior (Eixo Rodoviário - Eixão) 15 m

1983

primeira intervenção pelo próprio Niemeyer

divisórias internas túnel do Touring

1990s 2º fase de abandono 1960s (original) 1980s (primeira intervenção por Niemeyer) 2002 2007 (Casa Cor) 2012 2013 2014 (reforma p/ terminal rodoviário) ainda existente já existiu

0

5

por autora, inspirada em GORGULHO (2013).

15 m

Considerando-se a teoria estudada sobre intervenção no patrimônio moderno citada no tópico anterior,optou-se por antes de tudo, seguir a linha de pensamento argumentada por Brandi com uma análise em específico da obra individual. Para tal, foram estudados também outros trabalhos já existentes sobre como intervir no edifício do Touring especificamente, a fim de se conhecer melhor a história e todas as transformações pelas quais o prédio passou. O próprio Lucio Costa encomendou a Oscar Niemeyer o primeiro projeto para o Touring em 1961, ainda como casa de chá. Oscar fez um estudo preliminar, mas antes mesmo do desenvolvimento da proposta, sua função muda para abrigar o Touring Clube do Brasil, uma instituição relacionada a carros e turismo. Apesar dessas duas funções não pareceram dialogar em nada uma com a outra e serem bem distintas em termos funcionais, Oscar conseguiu continuar seguindo as diretrizes de Lucio Costa para desenhar um baixo pavilhão longilíneo, discreto e transparente na paisagem, de forma a interferir o mínimo possível com a paisagem. A construção ocorreu de 1963-1967 e o prédio funcionou como Touring Clube até aproximadamente 1970, quando passa pela sua primeira fase de abandono. Em 1983, como uma tentativa de recuperar o uso da estrutura, o prórpio arquiteto projeta uma nova subdivisão dos espaços internos para abrigar novas funções. Contudo, o edifício não se consolida na vida cotidiana da cidade e passa por sua segunda fase de abandono na década de 1990. Essa longa fase se caracteriza por um completo abandono da área, resultando em uma degradação material acelerada e uma crescente ocupação com atividades ilícitas, como

24

tráfico e uso de drogas, prostituição infantil e também ocupação do pilotis com estacionamento e do túnel como área de dormir de moradores de rua. A negligência com o edifício é tanta, que Niemeyer chega a sugerir a demolição de toda a estrutura, até que em 2005, a administração pública leiloa a responsabilidade do Touring, tornando o edifício propriedade privada, arrematada pela empresa Global Distribuidora de combustíveis para fazer funcionar novamente um posto de gasolina no pavimento inferior. A intenção de dar propósito ao prédio resulta novamente em fracasso e abandono. Em 2007, como uma tentativa de lembrar a população da existência desse edifício, a mostra de ambientes internos Casa Cor, se propõe a recuperar a patrimônio do Touring e fazer uma ocupação temporária de 3 meses. Muitas compartimentalizações internas foram feitas, a varanda foi fechada, assim como o pilotis livre, a estrutura aparente em concreto armado foi pintada de branco, revestimentos em pastilha adicionadas em alguns ambientes e, no final de tudo a organização do evento não chegou a desmontar tudo que adicionou e acabou por deixar a patrimônio material pior do que estava antes. Em paralelo à descaracterização do edifício com a realização desse evento, o processo de tombamento da estrutura do Touring é iniciado, porém se alonga até 2010, exatamente por conflitos de não ser propriedade do Estado brasileiro, o que teoricamente significa que a empresa detentora pudesse fazer qualquer coisa que quisesse. O estopim da briga vem em 2008, quando uma igreja resolve alugar a parte superior e destrói as esquadrias de vidro originais.

administração pública leiloa responsabilidade pelo edifício

2007

ocupação pela Casa Cor

mais divisórias internas + fechamento da varanda e pilotis

N

Pavimento Inferior (Eixo Monumental)

2005

Depois de toda briga, o tombamento é declarado, mas o prédio ainda passa por uma terceira fase de abandono e ocupações informais, se tornando uma área extremamente mal vista pela população e considerada perigosa. Exatamente por isso, se torna um Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) em 2012, passando por mais algumas reformas e divisões internas, função que se mantém até 2014, quando o prédio passa por um grande processo de reforma para a abrigar, a princípio temporariamente, o terminal rodoviário do entorno.

2007 ... 2010 processo de tombamento federal pelo IPHAN (100 anos do arquiteto)

2008 3º fase de abandono

2012

Apesar de sua trajetória histórica complexa, a ocupação como anexo da rodoviária central do Plano Piloto, como o primeiro projeto de intervenção no edifício que passa por uma análise do IPHAN e portanto feita com um mínimo de critérios da prática restaurativa, traz à tona a significância cultural patrimonial e a inserção na vida urbana contemporânea.

mais compartimentalização interna (ainda sem critérios)

Como pontos de equilíbrio para uma nova intervenção, é exigido um juízo crítico entre as instâncias estética e histórica, optando-se por manutenção da existente conservação material, propondo somente complementá-la com restituição da textura original do concreto aparente através de jateamento com bicarbonato de sódio (pelo motivo de continuidade estética entre exterior e interior), e reparação de pátinas prejudiciais ao desempenho da estrutura. Propõe-se como diretriz do projeto então, um re-uso adaptativo, uma prática de restauro como consequência da análise histórica dessa obra em específico e, usando-se também dos princípios levantados por Camillo Boito, com distinção clara para com acréscimos ao existente.

2014 ... hoje

FONTE: Parecer Técnico nº 02, de 18 de novembro de 2015 - IPHAN; de ALMEIDA MEDEIROS, A. E. & FERREIRA, O.L. (2012); MELLO, A. (2008), DE CASTRO JUNIOR, F. A. (2014); GORGULHO, N. (2013); ALBERNAZ ROSSINI, A. C. (2011); GOMES DE SÁ, C. (2015); REZENDE, R. (2014); NÉLIDA de MENDONÇA BISPO, A. (2014); de SOUZA TENÓRIO, G. (2012).

alugado como CRAS e funções similares

reforma para abrigar o terminal rodoviário do entorno

sigficativo retorno às plantas originais + tratamento parcial de patologias

Linha do tempo síntese das mudanças ocorridas no edifício Touring. por autora.

25


estado da arte: centros sociais

(entendendo como a teoria de welfare se converte em arquitetura)

unidades físicas do sistema nacional de assistência social brasileiro o quê?

o quê? centros de cultura, saúde, educação, lazer e proteção social

espalhados por todo país em zonas consideradas de vulnerabilidade social onde?

onde? espalhados por todo território nacional

responsabilidade dos governos regionais, seguindo diretivas nacionais quem?

___sistema nacional unificado, garantindo acesso universal (não necessariamente uso universal dos espaços); ___integra com sucesso as três esferas do poder público no Brasil (o que se prova difícil no contexto usual de excesso de burocracia e siglas); ___divisão de assistência entre básica e especializada, adaptando-se aos diferentes riscos sociais; ___inclusão de populações tradicionais brasileiras (com as unidades móveis).

onde? Milão, Itália

Comune di Torino (governo local) + associações sociais locais quem? + Compagnia di San Paolo (investidor privado) . 2004+ quando?

quando? 1946+

8360 (CRAS) + 2577 (CREAS) quantos?

o quê? pontos de referência do sistema de proteção social regional

Turim, Itália onde?

quem? responsabilidade da instituição do ‘Serviço Social do Comércio’ - SESC

2004+ quando?

como se destaca em termos de inovações sociais:

“espaços da comunidade, geradores de proximidade” o quê?

quem? Comune di Milano (governo local) + 16 parceiros (privados ou terceiro setor) quando? 2015+

8 espaços espalhados pela cidade quantos?

quantos? 638 unidades

como se destaca em termos de inovações sociais:

como se destaca em termos de inovações sociais:

___parte do terceiro setor e do sistema S, mas tendo mudado sua intenção inicial de serem espaços de uso exclusivo dos funcionários do SESC e suas famílias; ___provendo acesso à cultura, educação, saúde, esportes, lazer e cuidados para a população de forma geral; ___condição singular no nosso contexto de parcerias público-privada (em termos de welfare); ___muitos prédios como ícones de arquitetura brasileira, valorizando nossa cultura.

___focado em empoderar o cidadão, reconhecendo-o como portador de soluções, não só necessidades ___inclusão de aspectos artísticos e culturais como uma parte intrínseca das políticas sociais ___experimentação com gestão compartilhada ___intencionado como um lugar para todos, inclusivo em termos culturais, geracionais, de gênero, religioso e de nacionalidade ___com o sentimento de uma casa coletiva

quantos? 11 espaços espalhados pela cidade (Junho 2019)

como se destaca em termos de inovações sociais: ___desafia as práticas tradicionais de organização do primeiro contato no prover serviços de proteção social ___se destaca também por incluir diferentes e inesperadas funções em um mesmo espaço físico ___criar uma forte identidade visual para fácil reconhecimento ___recompõe o cenário Milanês de espaços de welfare (antes bastante fragmentado, como no resto da Itália) ___incluiu cidadãos locais e departamentos universitários no processo projetual

café literário

\\01

\\01

Seções da estrutura da CdQ Cascina Roccafranca (primeira casa de quarteirão).

serviço social

Resumo de como funciona a estrutural organizacional do nosso SUAS.

cortile

\\02 Contexto urbano do SESC 24 de Maio.

por autora.

\\01

\\02

Circulação interna no SESC 24 de Maio. \\01

\\01

Planta do WEMI SanGottardo.

Entrada da CdQ Cascina Roccafranca.

\\02

Planta do WEMI SanGottardo.

\\03

Parede identificativa do WEMI SanGottardo.

Planta típica de um CRAS para atendimento de 1000 famílias por ano, segundo sugestão ministerial. \\02

CRAS funcionando no Touring.

\\03

Área externa com piscina no SESC 24 de Maio.

\\05

Plantas do SESC 24 de Maio. \\04

\\03

Atividade de orientação social.

\\04

Festa no cortile da CdQ Cascina Roccafranca.

Restaurante comunitário no SESC 24 de Maio.

FOTOS FOTOS 01 cortesia do Ministério do Desenvolvimento Social; 02 Natalia Gorgulho; 03 Patrick Grosner.

26

FOTOS 01, 02 cortesia de Crotti + Forsans Architetti, Arch. Antonio De Rossi, ATC Projet.to, Studio GSP; 03 Giulia Caira; 04, 05 site oficial Cascina Roccafranca.

01, 02, 03, 04 Nelson Kon; 05 cortesia de Paulo Mendes da Rocha + MMBB, adaptado pela autora.

FONTE: (ben) essere urbano | VOL. I

FONTE: (ben) essere urbano | VOL. I

FOTOS

\\05

Evento no pátio interno da CdQ Cascina Roccafranca.

\\04

Área geral do WEMI SanGottardo.

01, 02, 03, 04 cortesia de Consalez Rossi Architetti Associati.

27


‘o coração de Ikast’ Litterfall (competição) inspiração projetual: paisagismo e integração com o exterior, com quadras esportivas, skatepark, área de piquenique, praça de eventos

centro social o quê? Vestergade, Dinamarca onde? CF Møller Architects quem? 2018 quando? 3660m2 quantos?

esportes de rua

inspiração projetual: auditório principal + eventos externos e o uso da função comercial de um café para promover o lugar

o quê? centro cultural e social onde? Istanbul, Turquia quem? Ziya Imren Architects quando? 2013 quantos? -

Espaço Alana Rapa Nui inspiração projetual: espaços lúdicos para crianças e salas multiuso para prática de capoeira, dança, batuque, etc.

sede de ONG o quê? São Paulo, Brasil onde? Rodrigo Ohtake quem? 2015 quando? 800m2 quantos?

inspiração projetual: mirante, praça externa integrada, salas multiuso para oficinas, atendimento à comunidade do entorno

o quê? centro social comunitário onde? La Serena, Chile quem? 3 Arquitectos quando? 2011 quantos? 613m2

espaços educacionais sala de contemplação

hall multiuso

espaços para a comunidade

lojas

administração + atendimento

FOTOS por Adam Mørk & Julian Weyer.

28

FOTOS cortesia de Ziya Imren Architects.

FOTOS por Rafaela Netto & cortesia de Rodrigo Ohtake Arquitetura e Design.

FOTOS por Alberto Castex & cortesia de 3 Arquitectos.

29


referências projetuais

TEXTURAS

ESTRUTURA NOVO EDIFÍCIO referência em foco:

referência em foco:

referência em foco:

ladeira da misericórdia | Lina + Lelé Salvador, Brasil.

linhas modernistas

paisagismo modernista

concreto aparente | estrutura Touring

centro esportivo | blue architects + Ruprecht Architekten Sargans, Suíça.

referência em foco: argamassa armada

RESTAURADO

referência em foco: estrutura pavilhonar em madeira

estrutura grandes vãos em madeira

EXISTENTE

cerâmica não esmaltada | rodô paginação: 25 x 5 cm

IDENTIDADE BRASILEIRA

casa das canoas | Oscar Niemeyer Rio de Janeiro, Brasil.

referência em foco:

PAISAGISMO referência em foco:

referência em foco:

referência em foco:

banco lungo mare | EMBT Arquitetos Barcelona, Espanha.

referência em foco:

referência em foco:

promenade du paillon | Michel Péna Nice, França.

referência em foco:

praça da prefeitura | Landschaftsarchitekten Solingen, Alemanha.

referência em foco: cinema ao ar livre

jardim o’donnell | Estudio Caballero Colón Madrid, Espanha.

parque villa fantasía | Kei Arao Takahashi Jalisco, México

atividade: skatepark

mercado piazza barcelona | Luana Leyendecker + Daniella Figueiredo Torino, Itália.

southgate project | Ian Barker Melbourne, Austrália.

mobiliário urbano

desenho orgânico

elemento vazado em concreto paginação: 40 x 40 cm | permeabilidade do solo

PROPOSTA | mobiliário feira

30

referência em foco:

fonte interativa

COMÉRCIO INFORMAL

feira desmontável

PROPOSTA | estacionamento

PROPOSTA | piso geral OSB | leveza + durabilidade (blocos móveis)

referência em foco:

atividade: escalada

micasa vol. C | Studio MK27 São Paulo, Brasil.

desenho orgânico

micasa vol. C | Studio MK27 São Paulo, Brasil.

mobiliário urbano

madeira lamelada colada | sustentabilidade + identidade + manutenção

concreto pré-fabricado paginação: 10 x 0.5 cm | diálogo + distinção com existente

encaixe estrutural

PROPOSTA | estrutura

PROPOSTA | blocos internos

argamassa armada | identidade + custo (peq. dim.)

ministério da educação | Burle Marx Rio de Janeiro, Brasil.

cullera skatepark | Copin Ramps Cullera, Espanha.

piscina de ondas | ocupação Contém Brasília, Brasil.

31


a CASA DO CIDADÃO

2019

2012

CENTRO DE PROTEÇAO PROTEÇÃO SOCIAL E CULTURA CIDADA CIDADÃ

O conceito da CASA DO CIDADÃO surge como expressão projetual de toda teoria estudada sobre welfare, sustentabilidade social, análise da área de projeto e da teoria do restauro. Com base nos estudos de caso estudados na parte teórica desse trabalho mais alguns outros centros sociais e as referências projetuais, chegou-se no conceito de criar um espaço para orientação de serviços sociais, ao mesmo tempo que procura trazer consigo o sentimento de casa coletiva, promovendo cidadania e exercitando a empatia.

Com essas diretrizes teóricas direcionando cada decisão de projeto, foi essencial também considerar a contextualização da área em que o edifício do Touring Clube está inserido (centro funcional da capital) e muito da história do edifício. Tendo já abrigado a função de CRAS (Centro de Referência em Assistência Social do nosso Sistema Nacional de Assistência Social) de 2012 a 2014, essa que foi retirada apenas para abrigar a nova função de terminal rodoviário, justifica-se a destinação de uso do edifício como um centro de proteção social.

Um espaço que abrigue diversas funções para atrair diversos públicos de condições sociais diferentes, fato raro na urbanidade brasiliense tradicionalmente segregada. Um espaço para socialização, para atividades coletivas, que contribua para uma percepção coletiva de bemestar e para o bom funcionamento cotidiano da cidade. Um espaço onde podemos nos sentir pertencentes e seguros, mesmo quando somos confrontados com o diferente. Um espaço de welfare funcionando como parte infraestrutural da vida urbana, necessário para seu funcionamento mais básico, construindo nosso sentimento e cultura cidadã.

A função que o Touring abriga atualmente é mais polêmica em termos de destinação patrimonial e congruência com o setor cultural onde se localiza a estrutura. O terminal rodoviário do entorno foi locado nesse edifício primeiro com caráter temporário e devido à proximidade do plataforma rodoviária. Porém, visto que foram feitas reformas e um processo de restauração do patrimônio por parte do governo pela primeira vez na história, com laudos técnicos inclusive do IPHAN, o temporário acabou se tornando permanente.

Procurou-se incorporar à função de centro social a função de terminal rodoviário, interligandoas, exatamente por conta dos princípios da sustentabilidade social e teoria do restauro, que argumentam por se trazer uma vida útil para o edifício, fazendo com que as pessoas necessariamente passem por esse espaço nos seus deslocamentos usuais e consequentemente percebam que é um centro de proteção social e que este pode ser mais do que uma estrutura formal de assistência social a pessoas em situações de risco social.

Uma destinação de uso que à primeira vista fere com o propósito cultural do setor, na verdade com uma simples observação direta, torna-se essencial para que as pessoas frequentem a área, justificando um fluxo constante de pessoas pela edificação de Niemeyer, exatamente como Lucio e Oscar imaginaram, o edifício funcionando

Esse projeto busca trazer uma função que possa ser mais duradoura para esse edifício que sofreu tantas modificações ao longo de sua história, ao mesmo tempo que a respeita, não esquecendo que é um patrimônio moderno tombado e, busca trazer também mais qualidade espacial para o Touring e sua micro-escala urbana de forma direta.

A procura por um bem-estar urbano coletivo, que se torna parte essencial do ser urbano, do viver no ambiente coletivo que a cidade incorpora em sua natureza.

32

como elemento conector dos dois eixos em seu cruzamento. A partir desses conceitos e análises, a CASA DO CIDADÃO se torna um projeto piloto de implantação de um novo tipo de CRAS, questionando a forma tradicional como provemos serviços sociais, e funciona primeiro não casualmente no coração da cidade, onde a vida urbana acontece de forma dinâmica.

Fotos evidenciando a diferença do fluxo de pessoas quando CRAS (2012), e atualmente ocupado como terminal rodoviário do entorno (2019).

por Natalia Gorgulho, e por autora.

33


3

o projeto amadurecido


legislação e normas urbanísticas

programa de necessidades Touring 1º PAV. (+ 6.00 m | eixo rodoviário, eixão)

by J Nep efferso om n uce no

Touring TÉRREO (0.00 m | eixo monumental)

45m

NOVO TERMINAL RODOVIÁRIO (-5.00 m | eixo monumental) eixo monumental

alinhamento ministerial

”um pavilhão de pouca altura debruçado sobre os jardins do setor cultural e destinado a restaurante, bar e casa de chá.” COSTA, Lucio (1957).

O primeiro ponto em termos práticos a ser levado em consideração ao se projetar esse tipo de intervenção no Touring é a legislação pertinente. O edifício é um caso um tanto quanto particular, pois nasceu junto com a capital em um tempo onde as diretrizes eram bastante flexíveis. coroamento edificação existente

Apesar de já ter sido previsto por Lucio Costa em seu plano, Niemeyer teve bastante liberdade de criação ao desenhar a estrutura para abrigar essa casa de chá e logo depois o Touring Clube, visto que nem uma regularização formal do terreno existia na época.

2 1

6

6

4 3

5 1

manutenção das características tipo-morfológicas arquitetônicas

1

conexão dos dois níveis

2

vigas da cobertura

3

transparência

4

varanda

5

pilotis livre

6

elementos externos caracterizantes

Alguma funções extras foram adicionadas também, a partir dos estudos de caso de centro sociais, em uma observação do que cada um trazia como inovador e que poderia agregar ao conceito da CASA DO CIDADÃO de trazer um sentimento de casa coletiva e agregagar pessoas diversas.

1960s

O programa de necessidades e a lista dos ambientes para a CASA DO CIDADÃO, bem como a área mínima de cada função, foram realizados com base nas funções mínimas de um CRAS que atenda 1000 famílias por ano (visto que o objetivo é voltar a função do principal CRAS do DF para o Touring); incorporar novamente algumas sugestões de funções que Niemeyer e Lucio Costa idealizaram (principalmente no pavimento superior, que é entrada principal e atualmente encontra-se completamento fechado e sem uso); e por último, dialogar também com o que acontece hoje no edifício, ou seja, as funções de terminal rodoviário, e também colaborar e incentivar a formalização não impositiva do comércio informal que acontece no pilotis.

CRAS1000 PESSOAS/ANO

O PPCUB e relatórios de parecer do IPHAN para o tombamento e para abrigar a função de terminal rodoviário citam apenas 3 restrições de intervenção (ilustradas ao lado), reforçam o papel desse edifício como elemento conector dos dois níveis e permitem funções do tipo comercial, institucional e de provisão de serviços, todos de preferência ligados com o aspecto cultural.

mental

o monu

nível eix

ATUAL

Por se caracterizar como um prédio que sofreu inúmeras alterações de funções e de sua estrutura física desde seus primórdios, as normas urbanísticas pertinentes são poucas e se consolidaram apenas com o processo de tombamento da edificação. Exceção apenas para o reconhecimento do terreno seguindo o edifício implantado durante a década de 1990 (antes o terreno era quadrado e depois adaptou-se para a forma retangular que o prédio na verdade apresenta).

hmáx. = 11m

AMBIENTES

áreamín.

área

entrada/área expositiva banheiros públicos café recepção/atendimento inicial serviços sociais sala multiuso/atendimento coletivo principal salas multiuso atendimento coletivo depósito cadeiras* almoxarifado atendimento reservado equipe de referência administração e coordenação sala de reunião* copa + área de serviço lavanderia para pessoas em situação de rua* vestiário masculino vestiário feminino brinquedoteca restaurante comunitário* feira desmontável* bares/depósito mobiliário feira* terminal rodoviário comércio (venda de passagens) estacionamento ônibus

1 3 1 1 1 6 2 1 3 1 1 1 1 1 1 1 1 1 4 16 -

18.00 m2 35.00 m2 35.00 m2 13.00 m2 12.00 m2 21.00 m2 21.00 m2 25.00 m2 13.00 m2 13.00 m2 23.00 m2 20 vagas -

460.00 m2 40.00 m2 270.00 m2 100.00 m2 185.00 m2 77.20 m2 38.20 m2 25.00 m2 36.00 m2 36.00 m2 36.00 m2 36.00 m2 93.60 m2 41.60 m2 23.00 m2 23.00 m2 115.00 m2 245.00 m2 325.00 m2 17.30 m2 20 vagas 17.30 m2 34 vagas

*funções não essenciais de acordo com as indicações ministeriais e uso formal atual, mas complementares à proposta conceitual idealizada.

36

FONTE: Parecer Técnico nº 02, de 18 de novembro de 2015 - IPHAN; (ben) essere urbano | VOL. I

TOTAL

(área construída)

10590m2

37


arquitetura & inserção urbana

38

39


N

IMPLANTAÇÃO NOVA EDIFICAÇÃO esc.1.2000 0

40

10

20

40 m

41


levantamento Touring: (como está atualmente)

LEGENDA: 1 | túnel do Touring 2 | terminal rodoviário LEGENDA:

3 | extensão do piso para abrigar mais ônibus

1 | túnel do Touring

4 | estacionamento informal de ônibus

2 | acesso público ao pav. inf. (gargalo de pessoas)

5 | comércio (venda de passagens)

3 | salas não utilizadas

6 | posto de fiscalização ANTT

4 | varanda (inacessível)

7 | banheiro feminino

5 | cobertura adicionada em 2014

8 | banheiro masculino

PLANTA 1º PAV. (+ 6.00 m | eixo rodoviário, eixão) esc. 1.500 0

42

PLANTA TÉRREO (0.00 m | eixo monumental) esc. 1.500

5

10 m

0

5

10 m

43


LEGENDA: 1 | entrada / recepção / área expositiva 2 | sala multiuso / atendimento coletivo 3 | circulação vertical 4 | banheiros públicos 5 | cozinha 6 | café 7 | atendimento inicial serviços sociais 8 | varanda / área externa café

0

44

2,5

5

N

PLANTA PROPOSTA 1º PAV. (+ 6.00 m | eixo rodoviário, eixão) 10 m

45


LEGENDA: 1 | túnel do Touring (existente) 2 | pilotis livre / feira 3 | bares / lanchonetes 4 | depósito mobiliário feira 5 | banheiros públicos 6 | circulação vertical 7 | almoxarifado 8 | circulação 9 | sala de atendimento individual / familiar 10 | sala de equipe de referência 11 | sala de reuniões 12 | sala de administração e coordenação 13 | sala de atendimento psicológico 14 | copa / cozinha / descanso funcionários 15 | área de serviço 16 | lavanderia pública para moradores de rua 17 | vestiário feminino para moradores de rua 18 | vestiário masculino para moradores de rua 19 | playground / parquinho infantil 20 | escalada 21 | restaurante comunitário 22 | área externa (restaurante) 23 | área para aulas de culinária 24 | cozinha 25 | despensa 26 | câmara fria 27 | jardins de sombra A | área verde B | piso de borracha C | piso em concreto pré-fabricado (10m x 50cm) D | piso (existente) de concreto moldado in loco E | fonte interativa F | pérgola (jardim do pav. inferior) G | guarda-corpo (em vidro)

0

46

2,5

5

N

PLANTA PROPOSTA TÉRREO (0.00 m | eixo monumental) 10 m

47


LEGENDA: 1 | túnel do novo terminal 2 | circulação vertical 3 | área livre / embarque de passageiros 4 | banheiros públicos 5 | comércio / venda de passagens 6 | jardins de sombra

0

48

2,5

5

N

PLANTA PROPOSTA NOVO TERMINAL RODOVIÁRIO (-5.00 m | eixo monumental) 10 m

49


CORTE LONGITUDINAL (com proposta) esc. 1.500 0

5

10 m

CORTE TRANSVERSAL (com proposta) esc. 1.500 0

5

10 m

50

L2

congresso nacional

ministérios

palácio Itamaraty

catedral metropolitana

biblioteca nacional

teatro nacional

museu da república

W3

rodoviária

novo terminal

CONIC

setor hoteleiro

CASA DO CIDADÃO

torre de TV

CORTE URBANO (com proposta):


projeto paisagístico

O projeto paisagístico surgiu como uma necessidade de projeto, visto que a ideia de manter a função de terminal rodoviário, mas esse acontecendo de forma discreta e sem obstruir a vista para o setor cultural provou a demanda por um novo desenho da paisagem. As condicionantes de projeto foram a topografia, os fluxos existentes e gerados e uma procura de diálogo com o projeto paisagístico que Burle Marx fez para essa área do eixo monumental, mas que nunca foi realizado, além desse diálogo reforçar a ideia de identidade brasileira para a CASA DO CIDADÃO e conversar bem também com a identidade modernista do edifício do Touring. Um último ponto levado em consideração foi o contraste de desenhos entre a parte superior à rodoviária e inferior, do eixo monumental. Como ilustra a imagem abaixo, a primeira possui formas curvas e amebóides, enquanto a de baixo (onde está o Touring) bastante ortogonal.

ESPECIFICAÇÃO ESPÉCIES + LEGENDA:

CONDICIONANTES DE PROJETO:

GRAMÍNEA E FORRAÇÕES

1090 1085

01 topografia (modificada)

1| Grama Batatais

2| Gravatinha

3| Alpínea

Paspalum notatum

Chlorophytum comosum

Alpinea Purpurata

__(aplicação uniforme em toda a área identificada)

__(aplicação em zig-zag a cada 0.5m)

__(aplicação em zig-zag a cada 0.7m)

PLANTAS DE SOMBRA

2

3

1

4| Maranta Tricolor 02 caminhos existentes (atualmente)

5| Lírio da Paz

6| Espada de São Jorge

Maranta variegata

Spathiphyllum wallisii

Sansevieria trifasciata

__(aplicação em zig-zag a cada 0.5m)

__(aplicação em zig-zag a cada 0.7m)

__(aplicação uniforme em toda a área identificada)

7| Estrelícia

8| Camarão-vermelho

9| Dracena

Strelitzia reginae

Justicia brandegeana

Dracaena arginata

__(aplicação em zig-zag a cada 1m na área ident.)

__(aplicação em zig-zag a cada 1.5m)

__(aplicação em pontos de destaque)

ÁRVORES

setor cultural norte

setor cultural sul

rodoviária

setor de diversões sul

setor de diversões norte

ARBUSTOS

Pau-ferro Caesalpinea ferrea

Ipê-branco Tabebuia roseo-alba

Grapuruvu Schizolobium parahyba

__(aplicação conforme desenho)

__(aplicação conforme desenho)

__(aplicação conforme desenho)

A| fontes interativas 03 paisagismo original de Burle Marx (para a área central)

árvores existentes

B| renques elevados N

C| mobiliário urb. lungomare PLANTA PAISAGISMO esc.1.1000 0

52

10

20 m

53


perspectivas & detalhes vistas externas e internas:

_inserção novo edifício + praça para eventos externos (vista do eixo monumental)

_entrada principal (Touring no eixo rodoviário)

_chegada na CASA DO CIDADÃO (pelo túnel do Touring)

_cobertura novo edifício (área para almoço com vista para o setor cultural)

_café + atendimento inicial serviços sociais (1º PAV. Touring - eixo rodoviário)

54

_chegada na NOVO terminal rodoviário (pelo túnel NOVO)

55


5.05 m

.2

1.85

.2

2.2

.6

banheiros públicos para todos:

paredes capim-palmeira:

(conceito aberto, portas só nas cabines)

(argamassa armada)

3m

VISTA ISOMÉTRICA MÓDULOS:

módulo I acabamento

20

75 mm

20

módulo III estrutura

75 mm

16

módulo II 2 ondas

VISTA EM PLANTA (módulo IV - 3 ondas) esc.1.5

VISTA EM PLANTA

VISTA EM CORTE

esc.1.50

esc.1.50

0

0,5

1m

0

0,5

0

5

10 cm

módulo IV 3 ondas

1m 75

400 mm

75

550 mm

VISTA EM PLANTA (módulo III - estrutura)

VISTA EM PLANTA (módulo I - acabamento)

esc.1.10

esc.1.10

0

10

20 cm

hmáx = 3 m

0

hmáx = 3 m

10

20 cm

hmáx = 3 m

VISTA ISOMÉTRICA VISTA ISOMÉTRICA (módulo III - estrutura)

56

VISTA ISOMÉTRICA (módulos II & IV - 2 & 3 ondas)

VISTA ISOMÉTRICA (módulo I - acabamento)

57


caderno de croquis mobiliário urbano LUNGO MARE: (EMBT Arquitectes) Concrete |

400 cm/max |

3000 kg |

8

1. Landscape Furniture Lungo Mare

Module A

Module B

Module C

Dimensions

400 x 200 x 90 cm

200 x 200 x 65 cm

200 x 200 x 90 cm

Weight

3000 kg

1500 kg

1500 kg

Material

Reinforced concrete

Fixing

Free-standing (A) Anchored with screws (B y C)

Finish

Soft etched and waterproofed

1.1 General features

1.2 Installation system

Elevación (P=3000 / 1500 kg) Installation Module B y C Tightly screw the 3 stud bolts M-16 x140, drill pavement (Ø 20 x 180 mm) and fill with resin or fat morter. Center and caulk the bench foot all around.

O Lungo Mare foi projetado como um híbrido entre um objeto e o espaço natural, realizando o sonho de converter as ondas e as dunas da praia em um local de encontro que possui seção transversal ondulada e forma retangular medindo 4 x 2 metros. Sua pele impressa e concisa se encaixa perfeitamente ao usuário, enquanto sua forma mantém a impressão de um corpo ausente. [ ...] Queríamos algo para o LUNGO MARE que fosse acolhedor, como uma praia, e confortável, como dunas ou ondas no mar. Queríamos quase um píer na praia, feito de pedra fundida. Parecia um tapete voador. Nós pensamos que seria capaz de voar para outros lugares e terras em áreas mais urbanas, em parques, em gramados, em um campus...

1.3 Geometry

Module A

EMBT (2018).

FRONT A

FRONT B

58

FRONT C

FRONT D

59


. referências

___ALBERNAZ, Ana Carolina Rossini. A Reversibilidade Em Intervenções da Casa Cor: O Caso do Touring Club de Brasília. Brasília, 2011. ___ALLAN, John. Points of Balance. Journal of Architectural Conservation, 13:2, 13-46, DOI: 10.1080/13556207.2007.10784994. 2007. ___Editorial Blau, Instituto Lina Bo e P. M. Bardi. Arquitetos Brasileiros - João Filgueiras Lima, Lelé. Lisboa, 2000. ___GOMES DE SÁ, Cecília. Touring Club : transponibilidade e direito à cidade. Brasil, 2015. Disponível em: https://medium.com/@ceciliasa/touring-clubtransponibilidade-e-direito-%C3%A0-cidade-9df6b308c57f. Acessado: 27/01/19. ___GOMES DE SÁ, Cecília. Setor cultural de Brasília : contradições no centro da cidade. UFRGS, 2014. ___GORGULHO, Natalia de Oliveira. Casa do Cinema Brasileiro: Intervenção no edfício do Touring Club e no caixão vazio da rodoviária. Brasília, 2013. ___IPHAN. RELATÓRIO DE AUDITORIA Nº 19/2014-DISEG/CONAS/CONT/STC. [sobre alterações no Touring para abrigar a função de terminal rodoviário] ___IPHAN. Parecer Técnico nº 02, de 18 de novembro de 2015. ___JUNIOR, Francisco Afonso de Castro. Além de L sobre 10 - Diretrizes para Lançamento Estrutural Arquitetônico. 2014. ___KUHL, Beatriz Mugayar. Preservação do Patrimônio Arquitetônico da Industrialização:Problemas Teóricos de Restauro. Capítulo 1, subtítulo: Preservação como ato de cultura. Ateliê Editorial, São Paulo, 2008. ___LIRA BARRETO, Flaviana. Por um agenda de discussões sobre a conservação da aqruitetura moderna. 1º Seminário da rede Conservação BR. 2012. ___MEDEIROS, Ana Elisabete de Almeida and FERREIRA, Oscar Luís. A forma segue a função? Uma contribuição ao estado atual da arte da conservação patrimonial no brasil a partir de dois estudos de caso: o Touring Club e o Brasília Palace Hotel. Article produced for the “1º SEMINÁRIO DA REDE CONSERVAÇÃO – A Conservação do Patrimônio no Brasil: Teoria e Prática”. Brasil, 2012. ___MELLO, Antonio. Touring Club Headquarters in Brasilia. A Case Study of a Deteriorated Modern Monument. Suécia, 2008. ___MCDONALD, Susan. 20th Century Heritage: recognition, protection and pratical challenges. In: ICOMOS World Report 2002-2003 on monuments and sites in danger. 2003. ___NÉLIDA de MENDONÇA BISPO, Alba. Dos processos de valoração do patrimônio moderno às práticas de conservação em Brasília: o caso do restauro do Palácio do Planalto. IPHAN, Rio de Janeiro, 2014. ___PPCUB. Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília. (depois de alterações de 2014) - UP4 Setor Cultural Norte e Sul. ___Revista Módulo nº 30, Outubro 1962. Sede do Touring Club do Brasil, em Brasília. ___REZENDE, Rogério. Centro de Brasília, projeto e reconfiguração: O caso do Setor de Diversões Sul - Conic. 2014. ___SABOIA FONSECA CRUZ, Luciana. Arquitetura, vazio moderno e o espaço social. Revista Paranoá nº 16, 2016. ___SANTOS, Jeferson Carlos da Silva. RODOFERROVIÁRIA - ESTAÇÃO CENTRAL BRT: Intervenção sobre preexistência aliada à mobilidade urbana. UnB, 2018. ___SIQUEIRA, Vera Beatriz. ESPAÇOS DE ARTE BRASILEIRA - Burle Marx. COSACNAIFY, 2009. ___TENORIO, Gabriela de Souza. AO DESOCUPADO EM CIMA DA PONTE. Brasília, Arquitetura e Vida Pública. UnB, 2012.

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