PARTE 1 - PERVERSÃO do livro OBSESSIVOS - A Revelação Final

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AMOSTRA com a Parte I - PerversĂŁo


OBSESSIVOS A Revelação Final

Luis Claudio Araujo

2017

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Copyright © 2015 Luis Claudio Araujo ISBN 978-85-67418-10-0 Diagramação e arte da capa: Luis Claudio Araujo Revisão: Francine Porfirio Foto da capa: copyright© Dany Sabadini

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Para minha mãe que pacientemente sempre acreditou em seu filho, Para meu pai que não cansou de ver as páginas aumentarem, Para meu filho que como uma linda história, eu vejo crescer e ter vida própria.

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Como você seria se o sexo fosse a sua religião?

Assim é a vida de Gabriel integrante de uma Irmandade secreta que se beneficia do sexo, e assim desfrutar de seus rígidos e prazerosos dogmas, para se manterem. Protegido por sua mentora Nina, uma alta conselheira da seita, sua ascensão foi surpreendente, mas foi desafortunado pela profecia da Revelação Final proferida pelo seu líder supremo Max. Desde então teve sua vida transformada, com a perseguição que se seguiu. Agindo alguns anos na clandestinidade da Irmandade, ainda teve as amizades de Rodrigo e Milla para trazer um pouco de normalidade aos seus dias. Em meio a isso ele tenta manter sua vida tranquila desfrutando dos benefícios que a sua religião lhe traz até o momento que cruza em sua vida uma mulher, Raísa, que o fará rever todos estes seus conceitos. Esta jovem mulher teve sua vida desmoronada por uma desilusão amorosa. A partir de então encontrou dentro de si força e atitude para nunca mais ser vítima de situações como essas. Seu novo modo de viver levou-a naturalmente as portas da Irmandade de onde começa a enxergar que o dom que tem dentro de si condiz com as diretrizes daquela religião.

Mas seu destino lhe preparou muito mais surpresas.

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PerversĂŁo

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alcova

A temperatura do quarto foi aumentando e o lençol começou a me incomodar. O dia nem está tão quente, o clima é agradável, mas não consigo voltar a dormir. O quarto ainda está à meia-luz, é possível notar as peças de roupa por cima da poltrona de leitura no outro canto. Uma blusa jogada sobre uma calça jeans, denunciando o meu ritual: primeiro eu retiro sua calça, para assim poder apreciar suas pernas e avaliar o conjunto vestindo apenas camisa e calcinha. O ar tem um ligeiro odor de sexo misturado à fragrância floral de Light Blue D&G, fazendo-me recordar desta quente noite. Começo a sentir um leve formigamento na região do pênis, mas quando as lembranças trouxeram as imagens, meu pau enrijeceu quase que instantaneamente. Virei-me para observar minha doce companhia que estava de costas para mim. Sua respiração era leve, seus cabelos negros escorriam pelo travesseiro trazendo um pouco de doçura para aqueles tecidos de cama amassados, maltratados pelo nosso peso e movimentos noturnos. Acompanho com o olhar a moldura que o lençol faz em seu corpo. Novamente as lembranças tomam conta de meus pensamentos, mas agora com gemidos. O tesão foi crescendo, não seria fácil resistir por muito tempo àquela presa indefesa em minha cama. Ela, em seu imaculado sono, sonhando longe, provocava meu desejo quase inocentemente. Ajeitei-me ao lado do seu corpo e parei por alguns breves segundos para apreciá-la, mas logo estiquei meu braço por baixo do lençol e procurei sua tenra bunda. Toco de leve para não a acordar. Quero prolongar essa sensação de que está indefesa para a fome de sexo que vem me queimando. Sua pele lisa me instiga. Como posso ter comido algo tão suave e frágil esta noite? “Eu sou mau!” Minha sede de sexo por vezes supera o bom senso e a piedade. A Irmandade me ajudou a canalizar essa força em prol do meu prazer e demais

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benefícios particulares, mas, em alguns casos, também para o prazer das minhas parceiras. – Hmmm... – Tatiana espreguiçou-se num gemido gostoso ao sentir que minhas mãos acariciavam sua bunda. – Bom dia, amor... Ela continuava de costas para mim, mas se ajeitou de bruços carinhosamente abraçando o travesseiro como se fosse um bicho de pelúcia. Eu não deveria ter dado leves apertos nela, mas é sedutor sentir e ver que a palma da minha mão cobre uma nádega. Sentindo a provocação, ela aproveitou para se insinuar e empinou a bundinha como se a oferecesse para mim timidamente. Estiquei meus dedos para dar mais firmeza à pegada. Ela esboçou uma reação de fuga, mas minha mão não a deixou escapar. – Não faz isso... – Eu a ouvi dizer sonolenta e com a voz rouca, mas interpretei suas palavras como: “eu te dou, Gabriel, me coma gostoso”. Trouxe o traseiro para mais perto de mim e, então, pude acariciar melhor suas curvas. Alisei-o até a divisa de volume que faz com suas coxas. Sentindo-se seduzida, ela afastou as pernas expondo para mim sua boceta linda, lisa e macia. – Não, amor. Não tenho tempo – reclamou ainda com a voz rouca. – Tati... você sabe que isso nunca a impediu. – Estou atrasada... – Desvirou-se e escondeu seu corpo novamente sob o lençol, espreguiçando-se. – E quase nem dormimos direito esta noite. As lembranças de nosso momento juntos também pareceram atingila quando me encarou com um sorriso tímido e sacana, de satisfação e inocência. Somente Tatiana conseguia isso em uma só expressão. Em seus vinte e quatro anos de vida, soube aproveitar tudo o que uma garota como ela poderia desfrutar. Bailarina profissional, bajulada e assediada por muitos homens, sua habilidade ia do forró ao balé clássico. Tinha desenvoltura, inteligência corporal e, mais que tudo, talento para brilhar nessa carreira. – Sempre haverá oportunidades, eu entendo. – Procurei me conformar. Eu sei que seu tempo é muito limitado quando está viajando com a companhia, mas na verdade eu queria mais. Como a conheço muito bem, deve estar exausta por causa da apresentação da noite anterior. Se realmente não me importasse, eu a faria dar para mim. E se ela me rejeitasse, teria meios para persuadi-la. E se, mesmo assim, ela não quisesse, ainda haveria outros artifícios, mas não gosto de utilizá-los, pois envolve um lado sombrio que a Irmandade nos apresenta e recomenda não usarmos.

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Caso algum alto membro descubra essa nossa habilidade obscura, podemos ser expulsos definitivamente, além de outras punições muito mais severas. Com Tatiana, no entanto, eu não precisava fazer uso disso. Nossa sedução é natural, provém de anos antes de eu ser iniciado. Difícil lembrar como tudo começou. Quando percebemos, já estávamos entrelaçados numa cama. Ou foi num carro? O que importa é que em nossa primeira vez o encontro foi quente, e aquela garota aparentemente tímida e de sorriso malicioso esteve totalmente entregue à luxúria. Naquele tempo conhecia poucas que se entregavam de tal maneira. Foi uma experiência que nos conectou de imediato. Tatiana completava as minhas fantasias sexuais, eu, as dela, e só! Houve algumas declarações de amor, um princípio de envolvimento mais sério, mas durou semanas, ou até menos. Tatiana é uma garota fogosa, provocativa e insinuante que se esconde sob uma tênue fachada de menina tímida, inexperiente e inocente. O que, para muitos homens, já é a chama para o tesão. Esta é a visão que eu tenho, e ela parece ter perfeita noção de que não sou o único a vê-la assim. Ela sabe que, desta forma, poderia provocar e conquistar os homens que quisesse. Seria uma bela aquisição para a Irmandade, mas Tatiana era a sua própria religião. O seu foco era a dança, o dom que Deus lhe deu, e somente para isso é que dedica sua vida. E eu? Sou apenas sua diversão, uma pausa de suas obrigações, as suas férias para relaxar do árduo objetivo para o qual estava batalhando. Quando comecei a vê-la desta forma, nossa sintonia aumentou e então, entre uma apresentação e outra na minha cidade, nos encontramos, transamos, nos amamos, nos satisfazemos e nos despedimos certos que teremos uma próxima vez. E hoje é um de nossos momentos! Tatiana manhosamente veio se aproximando, ainda deitada, querendo acomodar sua bunda no meu pau. No primeiro contato teve um pequeno susto, pois não esperava encontrá-lo completamente ereto. – Já assim? Você não tem dó de mim? – comentou totalmente grudada em meu quadril. Meu pau se ajustou em sua bunda, mas não enfiei. Deixei que ela “sentasse” nele para sentir a espessura e o tamanho que estava. Ela, com certeza, ficou toda cheia de si, sabedora de que sua beleza provocava todo este tesão em mim. Iniciou um rebolado gostoso com movimentos longos e lentos. Assim meu membro foi sofrendo um atrito macio e cadenciado, acomodandose cada vez mais em sua bunda.

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O calor do quarto foi se intensificando gradualmente à medida que acelerava seus movimentos. Meu pênis tomou sua forma mais tesa, ideal para o momento de iniciar a troca de energia. O tesão dela levará a uma reação na qual energias vitais se concentrarão. Havendo a nossa sintonia, eu poderei usufruir dela e assim o meu Khi, a somatória das forças materiais e imaterias de um ser, se revigorará. Esse ato só será concluído quando Tatiana atingir seu clímax. Seu gozo será a finalização dessa conexão. Eu precisarei tomar cuidado para não a exaurir com isso. Tatiana é praticamente uma fonte natural de plana, a energia que percorre entre os nossos corpos durante o sexo. Só esta noite eu absorvi dela o equivalente de uma semana de gozadas tórridas. Apesar dos longos anos de nossa amizade, ela não conhece este meu outro lado. Nós da Irmandade mantemos nossa habilidade de extrair plana em segredo, afinal, poucos compreenderão, e aqueles que nos conhecem nos rotulam de vampiros do sexo. Ela nunca me entenderia. Para mim, Tatiana é a minha paixão, e não uma espécie de posto de combustível. E a revelação de algo assim, além de poder gerar um afastamento definitivo, tornaria necessário seu processo de iniciação na Irmandade. E, depois de descobrir, não conseguirá ignorar as transformações que ocorrerão em sua vida. Mas sua eventual aprendizagem não seria tranquila, pois estou sendo vigiado de perto. Não posso, no momento, permitir que me encontrem tão facilmente com ela. O quarto impregnou-se com seu perfume de fêmea no cio, e a temperatura contribuiu para que o odor ficasse mais denso. Mesmo assim ainda consigo sentir discretamente a fragrância do Light Blue, fazendo-me excitar com a feminilidade de minha presa. Neste momento, a sede de sexo me transforma num predador. E a garota dos meus sonhos vira uma fonte de prazer, luxúria e satisfação. Agarro-a entre meus braços envolvendo seu corpo nu. Sua pele lisa e macia torna-se frágil diante da força que aplico para demonstrar meus verdadeiros desejos. Não sinto objeção. Seus olhos fecham e sua respiração se intensifica. Esboça um leve gemido, mas sua expressão facial é tomada pela submissão. Seu corpo e sua força são entregues a mim. Com um rápido movimento, posiciono-a de quatro à minha frente. Afasto os seus joelhos para seu sexo ficar à mostra. Noto que algumas gotas já começam a escorrer por sua coxa. Vou sugá-la, chupá-la, lambê-la, degustá-la. Seu sabor começa a tomar conta da minha boca e quase entro em êxtase neste momento.

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Tatiana também se entrega ao que está acontecendo e sai de si. Começa a gemer e urrar incontidamente. Empina mais a bunda, oferecendo sua deliciosa vagina para mim. Seu sabor é doce e único. Minha língua percorre toda aquela carne tenra e saborosa. A minha vontade é de morder e mastigar de tanta fome que eu tenho por ela. – Isso! Lambe sua cadelinha. – Seu corpo se contorce em minha boca. Minha deliciosa presa arqueou o quadril para que sua bunda ficasse mais empinada e, em movimentos experientes, arreganhou sua boceta. A carne rosada e suculenta revelou-se para mim. – Me coma... – ordenou. Seu corpo estava muito quente, deixando-me com sensações que se contrastavam entre o carinho e a perversão ao tocar sua pele nívea. Tatiana ainda de quatro, mais oferecida do que antes. Fui me posicionando por trás, acompanhando visualmente todas as curvas que seu corpo fazia naquele momento. Os finos e compridos fios de cabelo deslizavam por sua pele como se fossem de seda. Suas costas conduziam minha visão para a cintura, daqui parecia tão estreita que com apenas um braço eu poderia agarrá-la por completo. Seu quadril se alargava logo de imediato, atraindo meu olhar para a bunda de lindas nádegas redondas e grandes e proporcionais às suas medidas. “Adoro esta visão!” Segurei firme sua cintura puxando seu corpo contra o meu. Este é o momento em que começo a me alimentar de sua energia como um vampiro. Seu êxtase está quase em sua plenitude, e quanto maior este seu estado, maior será minha satisfação. Apontei meu pau para sua entrada toda lambuzada. Fui metendo e sentindo a fricção lubrificada que me fazia deslizar para dentro dela. Quando entrei nela, Tatiana arqueou suas costas e, dando um leve urro por estar sendo invadida daquela forma, levantou sua cabeça como se estivesse aprovando tamanha devassidão! Agora, totalmente possuída, gemia descontroladamente. De forma descompassada, alternava constantemente, sem controle, de sons agudos para graves e vice-versa. Ouvi-la gozando aumentou meu prazer. Eu segui metendo, querendo que, a cada estocada, meu pau penetrasse mais fundo. Já podia sentir minha aura mais expandida, emanada com a soma do plana que eu recebi da minha companheira durante esta noite. É este o momento em que há a possibilidade de termos visões. Membros mais avançados têm sensações que os levam até a previsão do futuro. Eu não tenho esse dom, mas posso pressentir que Tatiana deseja ser sempre minha. Meu clímax se aproximava.

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Nossos corpos quentes já brilhavam com a camada de suor que cobria nossa nudez. Minhas mãos começaram a apertar gradualmente seu quadril. Notando que meu gozo se aproximava, Tatiana me ajudava nos movimentos vindo ao meu encontro quase livre de minhas mãos. Posso ver em seu rosto o prazer de fazer o seu predador gozar por ela. A sensação de orgasmo foi crescendo e, quando eu já estava para atingir o máximo, segurei-a mais intensamente, jogando seu corpo cada vez mais forte contra mim em socadas violentas. Eu apenas queria gozar o mais forte que pudesse, perdido no frenesi que me tomou aquele momento. Quando sua bunda tomou um rebolado cadenciado dei um urro forte e então a deixei receber toda a minha porra dentro de si. Nos breves momentos em que retomava minhas forças, eu metia intenso como se quisesse lhe dar a última gota do meu gozo. Tatiana ergueu-se manhosamente, ainda com meu pau dentro dela, pedindo um carinho neste momento. Com nossos corpos suados, abracei-a segurando seus seios firmemente. Pressionei seu corpo contra o meu e beijei gentilmente sua nuca. Estávamos desfalecendo e, mantendo-a em meus braços, deitamos para relaxar.

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bailarina

Despertamos de um leve sono. “Há quanto tempo estamos assim?” Parece ter sido uma eternidade com Tatiana em meus braços. Um som que vinha de dentro do apartamento foi o culpado por acordarmos. – Lady Lu? – Tatiana perguntou a mim, nada incomodada. – Só pode ser. Ela, como se fosse uma felina domesticada entediada de afagos, fugiu dos meus braços. Acompanhei seu corpo nu num rápido caminhar, na ponta dos pés, até a poltrona de leitura onde suas roupas presenciaram toda a nossa noite de amor. É o nosso tradicional momento de briga. – Você vai sumir, não vai? – perguntei já provocando uma reação nada amistosa. Seu movimento foi interrompido quando ajeitava suas roupas para poder vesti-las. Ficou poucos segundos assim, como se estivesse incomodada com a pergunta, então buscou naquele conjunto desarrumado de roupas sua calcinha. Seu semblante era fechado. Vestiu a pequena peça de roupa e seguiu para o banheiro. – Você sabe que não é isso... – disse sem olhar para mim. – É, pode não ser... Mas, no fim, você some. Fechou a porta e a trancou. O som do chuveiro aberto quebrou o silêncio que tomou conta do quarto. “Merda! É assim que você acha que vai arrumar as coisas?” A água atingindo diretamente o piso tomou todo meu pensamento eternamente por aqueles poucos minutos. Eu tentei “ver” o que acontecia lá dentro. Por que eu não entrava no chuveiro com ela? Será que a deixei nervosa? Está triste? Chorando? Tatiana chorando? Não... impossível!

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– Ela é uma garota, Gabriel! – argumentei para mim mesmo. Sei que ela tem sentimentos como qualquer pessoa. Está vivendo sua vida enquanto curte sua juventude, seu sucesso, seus prazeres, e eu pensando somente em mim. “Quer prendê-la?” Indaguei-me silenciosamente temendo a resposta. O som da água agora é abafado. Os pingos da ducha não tocam mais o chão. O jato de água contorna seu corpo deslizando pelas suas curvas. Eu consigo praticamente “enxergar” sua silhueta com as nuances de sons que vêm daquele ambiente. Eu poderia ir até lá para dar uma espiada. A batida na porta do quarto, no entanto, embora não me assustasse, interrompeu o meu desejo. Nem mesmo a voz que veio do outro lado da madeira, pedindo permissão para entrar, fez-me recobrir o corpo com o lençol. Era Lady Lu, ou Lucrécia para os muito íntimos. Aos outros, ela dizia que seu nome era Luzia. O apelido foi criado devido ao seu extremo senso de estilo, discrição, inteligência e cultura. Era definitivamente uma nobre de sangue azul que me prestava serviços de faxineira, camareira, cozinheira, governanta e, por algumas vezes, segunda mãe. Ela administrava boa parte da minha vida. A porta foi se abrindo lentamente. – Bom dia, minha Lady! – cumprimentei-a. Adentrou aquela conservada senhora com seus sessenta e poucos anos, um segredo a poucos revelado, e cinco deles sob a minha companhia. Difícil imaginá-la uma faxineira ou algo similar. Sua aparência é de uma mulher moderna e antenada com a moda. Tem bom gosto para se vestir e, também, para me aconselhar quanto ao meu figurino. Observei o jeans desbotado justo que salientava suas pernas. Lady Lu é uma mulher conservada, que não faltava à academia e não poupava em tratamentos estéticos ou salões de beleza. Também vestia um pequeno colete preto por cima de uma blusa branca que ajudava a destacar os contornos do seu corpo. Trazia uma bandeja de prata com frutas, pão integral com queijo branco e iogurte. – Tatiana? – perguntou referindo-se ao som do chuveiro. – Sim. Depositou a bandeja em minha escrivaninha, onde organizou a pequena bagunça de meus pertences. – Obrigado! – agradeci observando sua dedicação tão cedo. Parou o que estava fazendo e me olhou com indignação.

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– Não é pra você que faço isso. – Continuou a arrumar. Foi até a poltrona de leitura para dobrar as roupas que estavam jogadas. – Ei! Seu patrão sou eu! – lembrei-a. – Eu sei, mas ela é a visita. Em poucos segundos deixou todas as roupas ajeitadas para Tatiana quando saísse do banho, depois se dirigiu ao meu micro system. Dedilhou os meus CDs ao lado do aparelho até encontrar o que procurava. Depois de apertar o play, caminhou em direção à porta. – E tem mais: eu quero que ela volte sempre – disse já saindo. – E eu sei que você também quer. Shepherd Moons, de Enya, começa a tocar. Em seguida, Tatiana saiu do banheiro ainda mantendo o semblante fechado. Um aroma de frescor invadiu o quarto junto com o vapor perfumado de lavanda. Minhas palavras ainda devem machucá-la. Seu corpo estava envolto pela toalha úmida. Seus cabelos compridos e molhados perderam o volume e contornavam os ombros. Caminhou em direção à poltrona e se espantou com as roupas arrumadas, expressou um pequeno sorriso. Enya ainda compunha o ambiente com sua música, agora tocando a segunda faixa Caribbean Blue. – Lady Lu... – pensou alto. O sorriso cresceu em seu rosto. Tatiana observou em volta como se soubesse que mais surpresas foram deixadas para ela. Encontrou a bandeja especialmente preparada com seu lanche preferido. Em passos rápidos e silenciosos, apressadamente delicados, chegou à bandeja já com uma feição totalmente transformada pela felicidade. – Ela trouxe para você – entoei forte a última palavra. Voltou-se para mim com o rosto corado e um brilho nos olhos. Improvisou um sanduiche colocando uma fatia do queijo branco no pão integral e tomou um pequeno gole pegou do iogurte. Numa pequena distração, a ponta da toalha escorregou e deixou à mostra um de seus seios, mas ela conseguiu se cobrir e prender o tecido malcriado sob a axila em um movimento reflexo. – Hmmmm. – Mordeu o pão demoradamente. A mordida foi tão deliciosa que seus músculos faciais se contraíram e suas pálpebras se fecharam. Seu corpo inteiro reagiu como em um orgasmo. Pude perceber isso pela aura que Tatiana irradiava. Provavelmente, se eu estivesse junto a ela, estaria absorvendo esta energia sem precisar transar tamanha a emanação que gerava neste momento.

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“Caraca! O que a Lady pôs nesse lanche?” – Não vai me oferecer? – Não! Você disse que é meu – respondeu com uma risada de menina sapeca. Tatiana começou a ensaiar pequenos passos de dança com a felicidade que sentia. Seu corpo, com o tempo, movimentou-se com maior amplitude. Em leves passos de balé, como se tivesse ensaiado, a toalha deslizou graciosamente pela sua pele até atingir o piso. Seus músculos ora enrijeciam, ora relaxavam, em contrações harmônicas na sua nudez poética ao bailar no meu campo de visão. E eu estava cada vez mais hipnotizado por tanta delicadeza e alegria representada em seus passos. “Tatiana está feliz!”

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acima de tudo

Tatiana se foi. Não antes de deixar várias marcas em mim. Meu corpo, e todos os meus cinco sentidos, ainda reagem à sua presença. Meu pênis, com as sensações adiadas devido à constante fricção macia de sua vagina, permanece sensível, e até as minhas narinas continuam seduzidas pelo seu perfume que impregnou minha memória. Eu continuei na cama, deitado, preso sob o peso do lençol e procurando compreender o que havia acontecido naquela noite. Um encontro, um jantar sedutor, um convite insinuante e um sexo inesquecível. Há tempos não vivia algo parecido. Se não me engano, anterior à minha iniciação na Irmandade. Depois disso, em minha sede por presas e sexo, acabei esquecendo como é gostosa a arte da sedução. Ainda mais quando eu quem é seduzido. Tatiana está ficando cada vez mais experiente. Praticamente conseguiu me fazer cair nos seus encantos e me tornar sua presa. Essa sensação de querer mais não deveria ser eu a estar sentindo, mas o contrário. É como se ela tivesse uma grande força que anulasse minhas investidas. De qualquer modo, com Tatiana, nunca precisei utilizar métodos de conquista, pois tudo flui naturalmente. É um dom dela. Isso me faz pensar... Será que Tatiana já faz parte de alguma outra Irmandade? – Estou entrando! – Lady Lu abriu a porta. Minha empregada ainda mantinha o rosto sério, aparentando um leve mau humor. Parecia zangada com minhas atitudes. Em suas mãos trazia outra bandeja de café da manhã com suco, bolo, pão de forma, queijo prato e geleia. – Por acaso este é o meu? – provoquei. Sentei-me na cama e cobri minha cintura com o lençol. – É sim, mas você nem merecia. Não sei como ainda me surpreendo com essa senhora.

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– Eu perdi alguma coisa que não estou sabendo? Lady Lu franze o cenho numa expressão mais irritada que antes. – Você está ficando cada vez pior! – As palavras soam decepcionadas. Traz a bandeja até a cama e senta-se ao meu lado. – Como pode dizer isso? Você não esteve aqui. Tivemos uma noite maravilhosa cheia de calor, paixão, desejo e tesão! Eu e Lady não temos frescuras em conversas sobre nossas intimidades, mas sei muito pouco das suas. Tenho conhecimento apenas de que mora só e já foi casada algumas vezes, duas pelo menos, mas raramente cita seus ex-maridos. Filhos? Tem só uma filha que nunca vi e não sei a idade. Ela me diz que, em sã consciência, nunca a apresentaria para mim. – Gabriel, entenda, a Tatiana não é como aquela sem-vergonha que você trouxe para morar aqui. O que você diz ter dado a ela esta noite, alguém com tantas virtudes já tem com seus amantes, namorados e casinhos. O que você diz ter dado em qualidade, ela já tem em quantidade. Você terá de ser muito bom para se destacar. Sua avaliação cortaria meu coração, se ao menos eu tivesse um. – Não é o sexo que ela procura quando vem até você. – Lady fez uma longa pausa e levantou-se. – Ela procura você! Você é o diferencial que Tatiana quer. Isso que você diz ter feito de tão maravilhoso nesta cama qualquer outro homem certamente pode fazer – disse caminhando antes de entrar no banheiro. Às vezes, acho que estou longe de ter uma empregada. Lady Lu extrapola as suas funções rotineiras, chegando a ser minha psicóloga, guru, mãe e, a parte que eu prefiro, meu anjo da guarda. Continuei comendo meu desjejum enquanto tentava absorver sua opinião. Amar... é um luxo que não poderei mais viver. Então por que Tatiana me deixa assim? – O que você pôs na comida dela? – perguntei mudando de assunto, fazendo com que Lady retornasse do banheiro com minhas roupas sujas nas mãos. – Amor, Gabriel. – Suspirei ao ouvi-la dizer justamente o que recémpassou por minha mente. Com a postura de uma professora de educação infantil, Lady moveu seu indicador como se eu tivesse que anotar suas próximas palavras: – Amor, carinho e atenção.

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destino

O céu azul com poucas nuvens e o sol brilhando, proporcionando um gostoso calor, de nada adiantou para aliviar o seu sofrimento. Seu caminhar era cambaleante, como se tivesse a sensação de que logo o chão sumiria sob seus pés. Seu semblante triste era escondido pela cabeça baixa, não permitindo às pessoas que lhe cruzassem o caminho flagrarem seus olhos lacrimejantes. Raísa só queria chegar a casa e esperar que sua vida acabasse logo. Não conseguia imaginar como seria dali em diante. Aos vinte e três anos, com tantos planos, tantos sonhos que poderiam ser realizados se imaginava estabilizada emocionalmente, e agora todos foram completamente esmagados por um enorme rolo compressor. Seus fins de tarde, quando normalmente curtia a segurança de uma harmoniosa paixão regada a carinho e atenção, nunca mais seriam os mesmos. Sua mente conturbada pela recente discussão não conseguia pensar com clareza. Nem se pode chamar de discussão aquele momento em que só ouvia atônita seu amado dispensá-la. Por momentos imaginou que aquilo não estava acontecendo, ou que o sujeito à sua frente era um desconhecido que a confundiu com outra garota. Procurava por sua voz, e ela não vinha. “Por quê?” Sentiu seu coração encolher como se estivesse implodindo em dores. Agora seu único sentimento era um misto de humilhação e raiva. Fora usada, seus sentimentos desperdiçados e abandonados por alguém que apenas pensava em si. Lembrou-se de todas as frases e declarações que trocaram, percebendo o quanto foram insignificantes. Aquelas palavras, antes sólidas, hoje tornaram-se tão frágeis. Sua memória voltava no tempo, e Raísa começou a associar as ações que ele teve. Cada movimento, cada expressão... Todas falsas e mentirosas. “Filho da puta!”

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Agora estava sozinha. Seu desejo era de se esconder, se retirar da vista de qualquer pessoa por um longo tempo. Ou, pelo menos, só até terminar seu horário de almoço.

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atração física

Já estou na terceira long neck seguida. E, ao contrário do que deveria acontecer, seu sabor estava ficando cada vez mais suave. O álcool parece não estar fazendo efeito e, pelo visto, não fará tão cedo quanto preciso. Vou tomar algo mais forte e eficiente. – Manda duas do Jack! – Do balcão, apontei para a tradicional garrafa com rótulo negro na prateleira. A casa estava lotada. A música alta, techno, contribuía para a animação de todos, menos a minha. O DJ pôs Black Eyed Peas, tradicional, para encher a pista. Para mim, não fez diferença alguma, a não ser pelas quentes lembranças que tive enquanto ouvia a voz inconfundível de Fergie na melodia. Música alta, muita gente, muito álcool e algumas balas. As luzes piscavam freneticamente, compassadas pelas batidas graves. O som também não influenciava o meu estado de espírito. Não sei o que eu tenho hoje. – Tatiana... mal...? Rodrigo, à minha esquerda, tentou me dizer alguma coisa, mas no meio de tanto barulho e confusão só pude ouvir algumas palavras. A menção daquele nome me fez tirar a atenção do meu copo com líquido cobreado. – O quê? – gritei. Ele afastou o copo de vodca que levava à mão para se aproximar do meu ouvido. Com uma mão em minhas costas, tomou fôlego e repetiu a frase: – Essa Tatiana deixou você mal mesmo, hein?! O que eu menos queria neste momento era um diálogo sobre ela, e muito menos num lugar onde temos de falar aos berros. Prevendo a dificuldade que teria para fazê-lo me ouvir, repeti o mesmo movimento ao ouvido dele: – Isso não tem nada a ver com a Tatiana! – Porra! É a sua quarta bebida em dez minutos! E eu não vou levar você na minha garupa! Fique esperto!

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Dei um sorriso irônico ao meu amigo, acompanhada do meu dedo médio enrijecido mandando enfiar no cu sua piada sem graça. – Já pilotei em condições piores... – Ele soltou uma gargalhada para mim, mas tenho certeza de que não me ouviu. Até me deixa surpreendido sua preocupação comigo. Não é do seu feitio essa atitude camarada. Na verdade, é a primeira vez que ele se aproxima de mim numa balada. Só fez isso porque já dispensou a terceira garota da noite, e parecia fugir da primeira que o estava cercando. Rodrigo fixou o olhar no meio da multidão, abriu um sorriso sacana, me deu dois tapas nas costas, falou alguma coisa inaudível e se mandou. Virei o corpo para poder observar. Caminhava em direção a uma garota, linda por sinal. Jovem de pele clara, cabelo negro comprido, corpo esguio e pernas longas. Usava um vestido branco que chegava um pouco abaixo da bunda. Estava no meio da pista dançando junto às amigas. Rodrigo sabia escolher. Ele tem um grande dom. Eu já disse isso a ele, inclusive sugeri que deveria procurar se desenvolver mais. Talvez atingisse o nível da restrita e lendária Irmandade Branca. Mas ele é tão alienado como qualquer jovem, prefere viver o momento e curtir esses anos de glórias. Com vinte e cinco anos de idade, carros, muito dinheiro e as mulheres que ele quiser, quem não cairia nessa perdição? Eu já fui assim. Continuei observando. Aproximou-se dela para invadir seu campo de visão. Deu um sorriso, mas ela não retribuiu. Já vi esse filme. A rejeição era a pior opção. Se cedesse, seria mais fácil para ela. Eles se beijariam, Rodrigo daria os amassos que lhe conviessem, mas logo enjoaria. Ser rejeitado, no entanto, era inaceitável para ele. Melhor nem ver. Por algum motivo, que não entendo qual, o que está para acontecer ao casal não me fará bem. Eu pareço... deprimido? – Põe mais duas... – Estendi o copo. Interessante o efeito do álcool. Não sei se o mesmo acontece com outras pessoas, mas os meus sentidos se tornam mais claros. Vejo muito mais coisas, vejo mais cores, ouço mais sons. É como se a mente se libertasse para reagir a todos os estímulos. A batida forte da música ecoa ressonante com as do meu tórax. As luzes embaralham minha vista, ora ofuscando, ora mostrando um mundo colorido, escuro e vivo. Pelo menos, é o que acho que acontece.

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Já estamos dentro da madrugada de domingo. Todos já se revelam mais alegres, mais afoitos, mais libertinos. Do balcão, posso avistar maior parte do público. Vejo suas vidas, suas frustrações, suas alegrias, suas tristezas, o que guardam na intimidade. Suas auras estão mais aparentes, fugindo ao controle da minha visão astral. Tem pessoas que chegam a me ofuscar, outras se perdem num breu. Há também quem possui brilhos descontínuos, provavelmente por efeito do uso de drogas – sua aura apagada tenta irradiar, mas em algumas áreas ocorre um bloqueio. Muitos aqui emanam desta forma. Posso vê-los. As garotas estão mais soltas. Conversam facilmente e dançam com maior entusiasmo. Algumas já estão curtindo seus pares entre beijos e carícias. Os homens pensando em sexo, as mulheres, em romances. Rodrigo já está aos amassos com aquela garota. Acho que a fará sua vítima da noite. Se ela soubesse os métodos que ele utilizou, estaria neste momento em seus braços? Eu até pensei em fazer o mesmo, mas não sei o que tenho hoje. Difícil diagnosticar a causa e a razão de tudo isso, mas sinto meu coração pesado. Algo assim é possível? Precisarei falar com Nina caso isso continue. A presa do Rodrigo me apresentou sua amiga. Gostosinha. O álcool me ajudou a manter um pouco de distância dela, talvez seja melhor. Eu nunca me vi assim, não sei como reagir. Ela continuou ao meu lado no balcão, pediu uma Ice e tentamos conversar. Tomando meu whisky, pude analisar melhor seus atributos. Jovem, idade próxima à da sua amiga, cabelos castanho-claros, rosto delgado, olhos claros fortemente delineados pela maquiagem e um sorriso aberto. Corpo esguio que faz ressaltar suas leves, porém generosas, curvas. Com a camisa e a calça jeans justa, era impossível não reparar em seus pequenos e belos seios, sua cintura fina... Ela deve ter por volta de um metro e sessenta e cinco de altura, e a mim, com um metro e noventa centímetros, seria praticamente uma boneca para manusear. “Acho que cabe todinha na minha mão.” Depois de observá-la muito, cheguei à conclusão de que não preciso terminar esta noite como comecei... sozinho. – Qual seu nome mesmo?

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bad boys

Aqueles pequenos lábios macios deslizando sobre os meus reacenderam o desejo. Esta garota tem um jeito delicado. Não precisei de artifícios para ganhar sua atenção. Felizmente algo em mim a atraiu, o que tornou mais fácil chegar a esse gostoso contato físico. Assim como imaginei, nossos corpos pressionavam-se um ao outro e minhas mãos, em curtos movimentos, conseguiam deslizar por todas as suas curvas. Levei-a para um lugar mais tranquilo na casa. Ela me acompanhou sem resistência. Sabe quais são as minhas intenções, minhas mãos foram muito claras a esse respeito. O modo como a segurava firme pela cintura determinava a minha posse. O caminho era tortuoso e, por várias vezes, bloqueado pelos que animadamente dançavam, mas a minha conexão com o seu corpo não foi quebrada. Acomodamo-nos próximo à entrada. O som aqui não era tão forte. Nossos corpos já transpiravam de tesão e eu conseguia ouvir seus suspiros sôfrego. Ela virou-se para mim na ponta dos pés e, num movimento rápido e preciso, envolveu meu pescoço em seus braços trazendo novamente minha boca à sua. Seu beijo agora era mais quente, seu corpo totalmente vulnerável aos meus toques. Da cintura, deslizei minhas mãos às suas costas. Como era pequena e frágil! Eu estou tendo uma ereção e a farei notar isso! A pressão do beijo começou a aumentar. Sua respiração tornou-se descompassada e forte. À medida que procurava por minha boca, seu corpo ia gradualmente colando ao meu. Suas mãos seguravam minha cabeça movendoa ao encontro dos seus lábios. Equilibrando-se nos saltos, seus seios coloram ao meu tórax, então juntei seu quadril ao meu com a ajuda de minhas mãos que lhe agarravam a bunda, sustentando-a para continuar seu momento de luxúria.

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Sentindo que meu pênis fazia pressão em seu ventre, começou a movimentar sua cintura como se houvesse alguma forma de me masturbar daquela forma. “Ela quer mais!” Senti dois tapas em minhas costas. – Hora de ir – avisou Rodrigo com sua parceira nos braços. _____________________ A madrugada estava fria. O choque térmico foi inevitável ao sair da boate. Eu, que vim de moto, já estava prevenido com minha jaqueta, mas a garota ao meu lado, com sua roupa leve, sentiu a mudança de temperatura. E a situação pioraria quando estivéssemos correndo. Quando chegamos ao estacionamento, minha companheira mostrou um tímido sorriso demonstrando familiaridade com o que estava por vir. Minha Ducati 848 combinaria muito com ela. Montei e equilibrei verticalmente para deixá-la subir, mas um barulho seguido por gritaria me interrompeu. Em frente à casa noturna, um pequeno grupo começou a brigar. Minha vista ainda não estava normal devido ao álcool e às horas que passei naquela semiescuridão. O pouco que pude analisar é que alguém estava em um combate muito desfavorável: três contra um. A turma de curiosos, que os cercou para ver a luta, acabou não me permitindo acompanhar o que acontecia. Uma garota em choque gritava por socorro, aumentando o clima de pânico. Ela se afastou daquele grupo assustada com os golpes que os quatro estavam trocando. Então pude reconhecê-la: era a presa do Rodrigo. – Acho que seu amigo está com problemas – avisou minha companhia. Minha cabeça, aos poucos, foi colocando em ordem as informações. – Caralho! Esse cara está sempre se metendo em brigas. Provavelmente aquela garota estava acompanhada, ou realmente ele curte levar porradas. – Fique aqui! – ordenei tirando rapidamente a jaqueta para cobri-la. Deixei-a ao lado da minha moto, paralisada enquanto via aquilo tudo acontecer. Eu já sentia a adrenalina circulando no meu sangue, era hora de ajudar um amigo. Tenho certeza de que ele poderia se livrar de dois, mas três era um número desleal. Comecei a correr. Tenho pouco tempo para analisar, então foquei naquele que parecia ser o mais forte. Mais dois passos e já estarei lutando com ele!

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“O joelho!” Tenho que usar minha velocidade e força em um golpe, o mais certeiro possível, para inutilizar por alguns instantes o oponente. E, com sorte, se não estiver muito abatido, Rodrigo poderá levantar-se e me ajudar no um a um. Faltando um passo para alcançá-lo, estiquei a perna e saltei alinhando o corpo de modo que, quando o golpe o atingisse, toda a força aplicada fosse direto para a área de impacto. – Ahhhhrrr! – gritou o sujeito quando o surpreendi, junto com um som de estalo. Novos gritos femininos. Um a menos! Agora é um contra um. No meu passo seguinte, eu já partia para cima do outro que estava mais próximo de Rodrigo. Caímos no chão. Seus braços buscavam aleatoriamente acertar meu corpo, alguns golpes me atingiram, mas devido ao pouco espaço e à sua falta de técnica chegaram sem força. Eu só precisava acertar duas ou três vezes a sua face para atordoá-lo. Com o braço esquerdo em movimento rápido, encontrei um modo de afastar seus frenéticos e desgovernados golpes e, por meio segundo, vi seu rosto limpo para levar um golpe. Com meu punho cerrado e alinhado com o antebraço, acertei em cheio a região entre seu olho esquerdo, nariz e boca. Como esperado, sua reação foi proteger o rosto e assim pude acertar o seu corpo com novos golpes. Aproveitei para me levantar rapidamente e lhe desferir pontapés. Procurei observar Rodrigo e o encontrei de pé, orientando sua companheira a ficar junto com sua amiga. O terceiro cara desapareceu, e o outro continuava gemendo de dor no chão. Meio cambaleante, Rodrigo aproximou-se deste. – Filho da puta covarde – E chutou-lhe a cabeça. Hesitei com a cena o suficiente para que meu oponente conseguisse se arrastar rapidamente e correr sem rumo, o mais veloz que podia. Aproximei-me de Rodrigo, que bufava de raiva. Seus olhos estavam cerrados e seu rosto coberto de sangue por algum golpe que o acertou no supercílio. – Mano, o cara já está fodido, deixe-o – disse o empurrando. Sua raiva era tanta que mal conseguiu dar um passo. Sua garota, no entanto, puxou-o pelo braço. – Vamos embora! Vamos embora! – gritava. Seguranças da casa começaram a chegar. Um me ajudou a apartar a briga, o outro foi atender ao homem no chão abraçado ao próprio joelho. Ouvimos um carro arrancar e, em seguida, frear bruscamente ao lado deles.

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– Vamos! – a garota gritou mais uma vez, fazendo toda a força possível para puxar Rodrigo da multidão. Os caras do carro nos ameaçavam. Corremos para as nossas motos. A garota da minha garupa estava encolhida na jaqueta que lhe emprestei, o vento realmente incomodava. – Se segura! – oriente antes de arrancarmos. Ela seguiu a ordem à risca, abraçando-me firmemente. Eu sentia seu rosto colado em minhas costas para se proteger do frio e, principalmente, para não ver o que estava acontecendo, mas o vento era como uma faca cortante contra a pele à medida que a velocidade aumentava. Sua posição acima da minha me ajudava no equilíbrio. Vez ou outra, ouvia seus gritos agudos. Rodrigo vinha logo atrás, sua companheira parecia mais experiente, porém mais nervosa que a minha ao mesmo tempo. Correr era necessário. O carro que nos perseguia era turbinado e tiros foram disparados em nossa direção. Entramos na Faria Lima tão inclinados que parecia que tocaríamos a pedaleira no asfalto. Conseguimos manter a velocidade quando pegamos a reta da avenida. Já no cruzamento com a Juscelino, mantive à esquerda e arrisquei uma pequena manobra que despistaria nossos perseguidores: resolvi correr pela contramão. Então inclinei a moto para a esquerda, e depois rapidamente para a direita, dançando na pista para fazer a curva em “S”. Rodrigo, logo atrás, repetiu minha manobra. Continuamos acelerados e notamos que o motorista do carro hesitou em fazer o mesmo, desacelerando o suficiente para que ganhássemos distância. Seguimos em frente mais alguns quarteirões e entramos em uma rua à esquerda. Para garantir, viramos em mais dois quarteirões dentro do bairro. Enfim, já distante de nossos perseguidores, paramos para avaliar a situação. Neste instante, eles devem estar pensando que pegamos a Marginal a cento e cinquenta por hora. Rodrigo, ao meu lado, apoiou os pés para equilibrar a moto e tirou o capacete. – Aqueles cuzões! Estavam querendo matar a gente! – gritou de raiva. Sua face ainda estava suja com o sangue coagulado. – Mano... – Fiz um sinal com as mãos para não assustar as garotas. – Ok – respondeu. Sua amiga estava em choque. Chorava compulsivamente, soluçando. Minha garupa desceu e tentou consolá-la, afastando-a da gente. – Isso não vai estragar minha noite! – resmungou Rodrigo. Tirei meu capacete e observei a distância que as garotas estavam da gente antes de chamar a sua atenção:

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– O quê? Você está imaginando que vai rolar alguma coisa com ela ainda? – Meu tom soou indignado. – Veja seu estado! Eu tenho certeza de que sexo não está passando pela cabeça dela neste momento. – E daí? – Como assim? Você não acha que já manipulou demais as coisas por esta noite? Até aqui, mesmo com essas consequências, eu posso tolerar, mas não vou dar cobertura a você daqui em diante. Rodrigo desviou o olhar e fixou um ponto vazio no fim da rua. – Eu sei que você está sob efeito do álcool, adrenalina e ainda com raiva. Então pare para pensar no que está dizendo e no que está pensando em fazer – continuei. Seu olhar ficou mais firme, como se estivesse contendo a si mesmo. Em seguida, fechou os olhos num momento de reflexão e baixou levemente a cabeça. – Cara, você tem o dom. Não se perca por tão pouco, por uma coisa que você pode ter a qualquer momento – aconselhei. Notei que ele cerrou os punhos com muita força. Estava fora de si. Raramente encontro Rodrigo desta forma. Ou melhor, é a primeira vez que o vejo assim. É compreensível pelos fatos acontecidos, mas ele não precisa descontar sua decepção e raiva na garota. Ouvi os passos das jovens se aproximarem e disfarçamos o assunto. A que estava comigo parecia mais segura, mesmo com a feição preocupada, e trazia sua amiga apoiada ao seu corpo. Tinha parado de soluçar, mas ainda mantinha uma expressão chorosa. – Ela não está bem, vou levá-la para casa. – Boa ideia – concordei. – A gente leva vocês para um ponto de táxi. – Não! – interveio Rodrigo – Eu a levo para casa. Estranhei sua proposta, mas agora sua face pareceu mudada, serena. – Bem... não sei se... – Eu a levo – Rodrigo interrompeu a garota que estava comigo. – É melhor! Assim também tenho como me desculpar por estragar a sua noite. Ele parecia seguro, mas ainda não me passava confiança. – Rodrigo... – chamei-o. – Eu sei, Gabriel... eu sei. Estou bem. Posso levá-la numa boa. Se ela quiser, claro. As duas conversaram rapidamente e ela topou. Também perguntei, na intenção de ouvir sua clara confirmação. Pareceu ter respondido naturalmente, não senti influência do Rodrigo.

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– E você, Gabriel? Leva ela para casa? – Apontou para a minha companhia. Um tímido sorriso apareceu no rosto corado dela. Concordei, e ela também aceitou. Rodrigo e a jovem se despediram, subiram na moto e partiram calmamente. O som forte do motor soou extenso naquela madrugada, dava para ouvir a muitos quarteirões de distância até finalmente sumir. Ficamos sós. – Você vai fazer um favor para mim. – Ela ficou atenta ao que eu estava para dizer. – Você ligará para a sua amiga daqui a alguns minutos para saber se chegou bem.

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bonequinha

A madrugada estava em suas últimas horas. Logo surgirão os primeiros raios de sol. É nesse momento que o frio fica mais intenso. O amanhecer se aproxima, mas o ronco da moto impedia de ouvirmos os primeiros pássaros cantando para o nascer do novo dia. Talvez eu conseguisse reparar em mais detalhes, se não estivesse no término de uma noite tumultuada. E, além disso, me sentia preocupado com a colega de garupa. Meu amigo Rodrigo se mostrou uma pessoa descontrolada, por isso estou apreensivo se cumpriu sua promessa. Ele é jovem e muito poderoso, ingredientes perfeitos que, se misturados despretensiosamente, podem levá-lo ao caminho errado. Mas, apesar dos pesares, ao menos a noite acabará segura para as duas. – É aqui! – Apontou para uma portaria de um condomínio. Eu estava distante de casa. Cheguei graças às indicações de minha carona. Apesar do bairro estranho, o condomínio até que é interessante. A portaria bem projetada transmitia segurança. Pareciam ser três blocos de edifícios com uma ampla área de lazer no térreo. O som da moto ecoava na distância que os prédios tinham entre si. Parei em frente à entrada de pedestres da portaria, desliguei e tirei o capacete. Ela desceu com cuidado para manter o equilíbrio e, depois, veio ao meu lado. – Preciso que você faça aquele favor – lembrei-a. Rapidamente retirou seu celular do bolso de trás da calça e ligou para sua amiga. – Está chamando – avisou. Limpei minha mente de coisas ruins que poderiam acontecer a ela enquanto ninguém atendia do outro lado. Finalmente atendeu e confirmou estar bem, inclusive já se sentindo melhor. Admirei o sorriso de minha carona enquanto conversava. Ouvi-a dizer ter acabado de chegar e que conversariam melhor mais tarde.

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– Que bom – respondi aliviado. – Bem, então, desculpe pela noite... – Ok. Foi... legal. A palavra parecia não combinar. Esta noite poderia ter terminado numa grande tragédia. – É – procurei não a decepcionar. – No fim, até que foi “legal”. Com uma cara séria e levemente tímida, foi retirando a minha jaqueta. À medida que a roupa de couro ia deixando seu corpo, pude relembrar o que havia acariciado poucas horas atrás. Nos seus suaves movimentos para despir-se, acompanhei atentamente suas curvas naquelas roupas justas. Enfim, aproximou-se para me entregar e se despedir. – Podia ser melhor ainda – provocou. Senti sua aura, um misto de insegurança com excitação. Quando se aproximou para o beijo de despedida, não me contive e a puxei para mais perto de mim. Ela cedeu ao meu movimento e colou seu corpo ao meu. Nossas bocas se tocaram prolongadamente. Seus baços novamente envolveram meu pescoço, mas agora, sentado na moto, eu estava mais baixo que na última vez. Seu beijo, gostoso, era compassado em um ritmo mais suave. Procurava tocar minha boca com delicadeza, mas ao mesmo tempo mostrando o tesão que até então estava insatisfeito pelos acontecimentos. Suas mãos entrelaçavam meus cabelos em seus finos dedos. Procurei mantê-la sempre colada a mim, segurando-a pela cintura. Novamente esta garota me provocou uma ereção, mas, por ainda estar montado na moto, não deu para fazê-la perceber. Ela foi diminuindo a velocidade das carícias e dos beijos aos poucos, então afastou seu rosto lentamente, de olhos fechados. – Vai ser melhor! – corrigi-a. Ainda a segurando, vesti-a novamente com a minha jaqueta e a ajudei a subir de volta à garupa. Liguei a moto e, antes de pôr o capacete, olhei para trás. – Qual o seu nome mesmo? _____________________ Mal entramos no apartamento e aquela garota tímida, que aguardava eu abrir a porta, deu lugar a uma fera. Avançou para cima de mim com um gostoso beijo enquanto suas mãos tentavam agarrar o máximo possível do meu corpo. Respondi com mais pressão contra seus lábios, envolvendo-a entre meus braços enquanto minhas mãos procuravam em sua roupa justa alguma entrada para poder sentir sua pele. Em nossos movimentos frenéticos, ela

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continuou investindo em mim como se quisesse, muito, algo que só eu pudesse lhe dar. Cedi aos seus ataques recuando em direção ao sofá. Antes que eu caísse sentado, pude vê-la tirar minha jaqueta arremessando-a cegamente para o lado. Ouvi atingir alguns objetos, mas ela me impediu de conferir quais. Indefeso e sentado, ela se acomodou no meu colo com uma cara de garota sapeca com muito tesão. Com os joelhos dobrados e nossos sexos quase se tocando, se não fossem pelas roupas, segurou meu rosto para que sua boca encontrasse a minha. Estando mais baixo que ela, inclinei-me para facilitar o seu beijo. Quando nossos lábios se tocaram novamente, abri as minhas mãos e agarrei o máximo que pude de sua bunda. Conforme ia aumentando a pressão dos seus beijos, apertava mais e mais o que havia entre meus dedos. Percebendo-me sob seu controle, ela procurou cadenciar mais a carícia de sua língua contra a minha. Seu cabelo liso, comprido e castanho cobria nossos rostos como uma cortina a nos proteger dos primeiros raios de luz que adentravam a sala. Então começou, lentamente, a mexer o quadril. Ela sentia meu pênis endurecendo sob seu ventre, separados por nossas calças. Seu rosto abriu um ladino sorriso como se tivesse ganhado o presente que mais queria na vida, mas ainda faltasse desembrulhar. Aproveitando o momento, desci minhas mãos, caminhando e pressionando lentamente por onde as suas nádegas se encontravam. Seu rebolado aumentou o ritmo e seu corpo esguio dançava como uma cobra. Nossos corpos já estavam queimando de calor. Afastou-se de meu rosto e, fitando-me intensamente, tirou a camisa exibindo o sutiã de pequeno bojo. Continuei segurando seu quadril, mantendo-a firme sobre meu pênis e apreciando aquela visão da garota seminua. Seus seios eram pequenos, delicados, mas firmes. Fiquei tentado a tê-los na minha boca. Com seu tronco livre da camisa, subi minhas mãos para sua cintura. Deslizei os dedos em sua pele lisa, morena e quente. Meu desejo parecia explodir na calça. Estava impedido de crescer, mais ainda, por causa do peso de seu corpo sobre ele. Sua expressão safada agora era predominante, e notei ser a que melhor combina com sua aura. Suas mãos acariciavam meu tórax, descendo pela minha barriga até atingir a borda da blusa. Como uma mulher experiente, puxou-a até tirá-la de meu corpo. Abracei-a trazendo seu corpo exposto junto ao meu. Compartilhávamos a temperatura de nossas peles enquanto os corações se refletiam em batimentos acelerados. Assim tive toda a liberdade para abrir o sutiã em suas costas quando trocávamos o beijo mais quente daquele

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encontro. Afastei-a para poder retirar toda a peça e apreciar por completo seus seios intumescidos. Com uma mão em sua cintura, segurei seu peito com a outra. Minha palma o envolvia por completo, dei um suave aperto para mostrar minha vontade dela. Desde que me tornei membro da Irmandade, nunca passei por tantas provações em tão pouco tempo. Todas as percepções sentimentais que me foram eliminadas nestes anos agora chegam a mim como se fossem tempestades de verão: breves, mas torrenciais. Eu já estava me adaptando a esse meu novo estilo de vida, ao qual fui obrigado a adotar após a Revelação Final. Não é fácil diariamente saber sobre o que serei responsável e, além de tudo, ser vigiado e perseguido constantemente. Mas os últimos acontecimentos me roubaram a serenidade. O primeiro deles foi minha insegurança quanto à ausência que a Tatiana me faria. Não é comum eu sentir falta de alguém, afinal, são sentimentos que eliminei. Em seguida, um novo tipo de emoção. Um misto de tristeza, vazio e solidão talvez causado por Tatiana, mas não diretamente relacionado a ela. Ainda é difícil explicar e entender. Com a amizade do Rodrigo para beber e caçar, imaginei que tais coisas não passariam por mim esta noite. Nada como álcool e mulheres para resolver o problema, planejei, mas logo o incômodo pareceu apenas aumentar. Rodrigo percebeu, mas, assim como eu, foi incapaz de analisar sentimentos complexos como estes. Suas “palavras amigas” praticamente inexistiram. Estranho, eu estava esperando alguma coisa assim dele ou de alguém? Por último, agora, a garota em meus braços está praticamente me dominando sexualmente. Geralmente é o contrário, ou então isso acontece após algum tempo de muito sexo. Com ela foi diferente, no entanto. É como se me desejasse sem a necessidade de algum meio para que isso aconteça. Ela claramente quer me agradar. Noto em sua respiração no modo como me toca, em seus beijos e sua disposição que ela realmente quer dar para mim. Percebo certa inexperiência, mas isso apenas me excita mais. Na verdade, vejo-a positivamente como uma aluna ansiosa por mostrar ao sábio professor o perfeito conhecimento da disciplina. Seu esforço em querer me satisfazer estava dando resultado, meu corpo respondia mesmo sob suas mãos trêmulas. Eu, com certeza, jamais permitiria essa situação. Quando ocorria, eu invertia o comando seja pelo modo normal ou por indução.

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Preciso com Nina a esse respeito o mais rápido possível. Só ela poderá me orientar. Meus pensamentos voltaram a se fixar em minha doce companhia. Seu olhar agora era de admiração ao meu membro. Suas femininas mãos contrastavam com a rusticidade do meu ereto e duro pedaço de carne. Fiquei com mais tesão. Segurou e massageou-o firmemente num vaivém lento, seu olhar atento para ver como eu estava reagindo. Então seus lábios tocaram a glande como se experimentassem um sorvete. Sua língua molhava toda a extensão de forma deliciosa. A boca deslizava na pele rija e, à medida que aprofundava meu pau em sua garganta, seus belos olhos se fechavam. Estendi minhas mãos para acariciar seu rosto por sua dedicação ao meu prazer. A visão daquela linda garota de aparência dócil fazendo algo tão “sujo” me dava mais tesão, e ela percebia, pois meu sexo em sua boca inchava cada vez mais. Quando já estava bastante duro e úmido, ameacei tirar toda a minha calça. Ela entendeu o recado e a puxou de minhas pernas para evitar meu deslocamento. Mesmo assim, aproveitei o momento para tirar o resto de sua roupa. Então, em pé, abracei-a e beijei-a apertadamente, erguendo-a em meus braços e tirando seus pés do contato com o piso. Lentamente me virei e a deitei no sofá, finalmente podendo apreciar seu corpo nu por completo. Ajoelhei-me e carinhosamente afastei suas pernas delgadas para encontrar seu sexo. Aqueles lábios me atraíram a experimentar seu gosto. Posicionei-me levando suas pernas aos meus ombros para melhor me acomodar. Seu perfume de gata no cio atiçou meus instintos e caí de boca naquela xana já embebida de tesão. Minha boca podia engoli-la, mas, delicada como ela é, procurei apenas chupar seus lábios e depois dar uma massagem com minha língua em seu grelo. Estava tão escondido entre os lábios que precisei abrir caminho com os dedos e deixá-lo à mostra para melhor tocá-lo. Seus gemidos começaram como uma gata manhosamente tímida. “Que delícia!” Todo aquele tesão já escorria por entre as suas pernas. Era hora de penetrá-la. Meu pau enrijeceu ainda mais com essas carícias. Estava muito excitante proporcionar esse prazer a ela. Estranho eu reagir desta maneira, pois geralmente, quando estou me alimentando da essência de minhas presas, não penso muito no prazer delas.

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Meu foco é exclusivamente no uso de seus corpos e orgasmos para absorver o máximo de sua energia. Não sei se ainda estou sob efeito do álcool ou se esta é novamente uma consequência generalizada dos últimos acontecimentos, mas tento ignorar estes incomuns sentimentos. Levantei-me encarando-a com um olhar de predador, sabendo que minha vítima já estava no ponto para ser devorada. Pude notar uma leve expressão temerosa, mas logo ela me presenteou com um sorriso contido de mulher safada. Ajustei meu corpo sobre o dela, apontando meu pau para a entrada de sua melada boceta. Ela olhava curiosamente para a cena, abrindo mais as pernas para eu me encaixar melhor. Quando nossos sexos se tocaram, seu corpo instintivamente se contraiu em temor e antecipação, mas seus braços me envolveram ao mesmo tempo revelando seu desejo de ser finalmente possuída. À medida que fui metendo naquela delícia macia e apertada, o rosto dela se transformou como se estivesse tendo uma de suas melhores experiências. Enfiei tudo para fazê-la sentir minha grossura e comprimento se acomodarem dentro de si. Encostamos nossos quadris, mas tomei cuidado para não pesar. Fiz lentamente o movimento de retirada do meu sexo lubrificado pelo prazer dela, e então enfiei novamente repetindo estes movimentos de forma mais frequente e acelerada. Ela não gemia alto, mas notei que sua respiração mudou e seu corpo se contorcia mantendo a cintura alinhada para não perder as sensações que a arrebatavam. Seus braços se estenderam e suas pequenas mãos tentaram em vão agarrar meus músculos em movimento, ousando escorregarem e apertarem a minha bunda como se quisessem ditar meu ritmo. Seu prazer crescia. Seria o momento ideal para me alimentar de sua energia, mas Tatiana já me supriu o necessário. Então... sua aura se alterou para um brilho etereamente ofuscante, como se ocorresse um curto-circuito entre nossas energias. Ela deu um gemido forte, mas logo mordeu o lábio e guardou para si seu grito. Sua aura tornou-se homogênea, ampliando-se em perfeito equilíbrio com seu Khi. A temperatura de seu corpo aumentava e sua pele lisa foi tomada por uma camada de suor. Um fenômeno que desconhecia estava se iniciando. O fluxo de plana, a energia que me alimenta, estava invertido. Era eu quem a estava alimentando! Seu coração descompassou completamente, acelerou como se estivesse no sprint final de uma maratona. Ela não se continha mais em desejos e gemia alto.

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Também perdi o controle de meus atos, minhas estocadas perderam a noção da fragilidade daquela garota. Nossos quadris explodiam ao se encontrarem com a intensidade e velocidade que nos tomaram. Suas mãos não conseguiam mais segurar minha bunda devido ao suor que cobria meu corpo. Tentou os meus quadris, mas também não houve firmeza. Então, na loucura que a atingia, subiu as mãos e cravou as unhas em minhas costas. Com os meus movimentos, seus dedos deslizavam e me arranhavam. Minha reação foi de possuí-la com mais ânimo, as estocadas aumentando sua intensidade. A reação dela me surpreendeu: arranhou mais forte as minhas costas como quem queria mais. Comecei a rugir alto, as respostas de seu corpo contribuíam para a minha virilidade. Pude ver sua aura tomando as mais diversas cores numa fusão de sensações que nem sua espiritualidade conseguia definir. E senti meu plana fluir para preenchê-la. Minha mente estava tão mergulhada nas sensações que não consegui refletir sobre o que estava acontecendo, se era bom ou ruim. Procurei observar as reações em seu corpo, sua face... Seu rosto era um misto de raiva, dor e prazer. Seus olhos mantinham-se quase todo o tempo fechados, mas quando se abriam procuravam focar em nossos sexos e ver a ferocidade com que estava sendo comida. De repente, seu rosto embaçou. Uma névoa em torno de nós começou a tomar forma, aumentando de volume, prejudicando minha visão e de tudo à minha volta. Eu a via, mas ela não estava mais ali. Eu a comia ferozmente, mas ao mesmo tempo me sentia flutuando em um espaço sereno. À minha frente, aquela garota tomou uma nova forma. Havia se transformado em outra mulher, jovem, um pouco mais alta, com cabelos negros, olhos amendoados, pele branca, corpo definido... Já não estava mais nua, mas vestida com um uniforme. Seu olhar era triste, seu sorriso, esforçado para me transmitir segurança. Desviava continuamente seu olhar do meu, timidamente, encarandome apenas por alguns segundos. “Você vai me amar amanhã?” Então, como um forte rodamoinho, tudo foi sugado, rodopiante. E toda aquela névoa desapareceu. Eu estava de volta ao lugar de onde nunca saí. Meus movimentos continuavam, mas agora sem ritmo. Sentia o clímax chegar e um formigamento diferente, tremendamente gostoso, foi crescendo na região do meu pênis. Tomava todo o meu corpo. Senti meu pau ficar mais duro no exato

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momento em que atingia o orgasmo, o colapso de sua vagina me fez sentir meu próprio gozo tomando o caminho do canal em direção ao destino, sua vagina. Em um milésimo de segundo de lucidez, consegui me retirar de dentro dela e esporrar sobre sua barriga. Eu urrei alto, e ela assistia a todo aquele fluído quente jorrar fortemente em sua pele. Sua mão ajudou segurando meu membro com movimentos frenéticos como se quisesse fazer sair cada vez mais porra. Acalmamos nossos movimentos à medida que o volume daquele meu líquido viscoso foi diminuindo. Quando finalmente paramos, senti meu coração querendo pular do meu peito. Seu ritmo cardíaco também continuava ritmo intenso, mas logo começaria a desacelerar. Seu corpo suado e a respiração forte a fizeram desfalecer sobre o sofá com um sorriso de satisfação, suas mãos espalhando meu gozo sobre seu corpo. Aproximamos nossos rostos e nos beijamos suavemente. – Que louco... – sussurrou para mim. – Sim, loucura. – Abracei-a concordando. “O que foi tudo isso?”, pensei. Procurei primeiro me recuperar para, depois, entender todas as coisas que acabaram de acontecer. Fomos ao meu quarto para tomarmos um banho. Ela adorou a banheira redonda e espaçosa, então começou a enchê-la para nós. Escolheu a melhor temperatura e procurou sabão líquido para pôr na água. Queria muita espuma. Com atenção, olhava os produtos sobre a pia e lia os rótulos para escolher a melhor fragrância. – Você não mora sozinho, não é? – perguntou com alguns produtos femininos nas mãos. – Não ultimamente... – Uma resposta que leva a várias interpretações. Devolveu cada item que pegou, preocupando-se até em colocar do mesmo modo que o retirou. – Sei. E essa “pessoa” está onde agora? – perguntou num tom de voz mais incisivo. – Não quero causar surpresa a ninguém hoje. – Não. – Sorri para ela. – Não acontecerá nenhuma surpresa. Essa “pessoa” está viajando. Não tenho como lhe explicar sobre Milla agora. Uma mulher linda, por dentro e por fora, que eu procurei ajudar. Quando a encontrei, era uma pária cheia de problemas. Garota com bons poderes, mas sem nenhum controle sobre tais. Vivia perdida sofrendo e rejeitada pelas Irmandades. Temperamento forte, decidida, demorou a me permitir ouvir e ajudar. Já vivia tão humilhada que chegava a vender seu corpo por comida ou um teto, e outras vezes por drogas.

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Hoje, já melhor preparada, está em processo de ser aceita pela nossa Irmandade. Sabe controlar seus poderes. É capaz de distinguir entre as coisas boas e ruins para sua vida, além de superar o imediatismo e ter um pouco mais de paciência para conquistar as coisas. E com o tempo, devido à afinidade, muitas coisas rolaram entre a gente. Não somos compromissados, mas vivemos uma intensa ligação emocional. Nina não a desaprova, até diz que Milla terá um grande papel a cumprir no futuro. Já Lady Lu a condena completamente. Constantemente me dá avisos e conselhos a seu respeito, e vai mais longe: diz que Milla é irrecuperável e o que nós vemos dela agora são apenas encenações. Mesmo assim, Lady entende por que a convidei para vir morar aqui, acredita em minha intenção de ajudá-la em sua recuperação apesar de achar tudo isso impossível. Por sorte, nunca as vi brigando ou discutindo, mas já presenciei diversos estranhamentos. É como assistir a uma briga de damas de classe; é tudo muito fino, palavrões rebuscados e provocações de alto nível. Seria muito divertido, se não fosse dramático. Hoje, Milla é uma mulher totalmente segura do que é, do que pode ser e ter. Conseguiu tornar-se ainda mais bonita, charmosa e sexy. Ela deve estar, neste momento, curtindo uma praia em Porto Seguro a convite de uma marca de cosméticos. Retornará no meio da semana com muito mais histórias do que eu. “Com certeza!” A banheira estava deliciosa e relaxante. Acomodei-me de frente para ela e suas pernas ficaram sobre as minhas. O contato com sua pele lisa, a água morna e os jatos da jacuzzi tornavam o momento muito íntimo e prazeroso. Conversamos sobre seus sonhos, seus trabalhos, seus estudos, sua família. Eu trouxe um vinho suave da minha adega para acompanhar nosso banho. Ainda estávamos sem comer e, sem a minha Lady Lu para ajudar, acho que vamos ficar no vinho mesmo, por enquanto. O álcool ajudou a nos descontrair mais. Como em uma cena de cinema, a banheira encheu-se de espuma e escondeu o corpo feminino sob a espessa camada de minúsculas bolhas. Somente seu rosto e o braço com uma taça de vinho era o que ela me permitia admirar. Enquanto isso, seus membros submersos me provocavam e insinuavam em meu pênis. Minha mente, no entanto, estava confusa. Observava seu rosto, ouvia sua voz, analisava seu olhar e tentava comparar o conjunto com a mulher da minha visão. Realmente não era ela!

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– Me esclarece uma coisa: quando eu estava para gozar... você me disse algo? – Você ouviu? – perguntou envergonhada. Seu rosto ruborizou e tentou esconder-se atrás da taça de vinho. Percebi que seus pés deixaram de me acariciar e seu corpo se encolheu debaixo da água. – Acho que sim, mas estava em outro mundo e não pude entender muito bem. – Eu falei “caralho”. – Cobriu o rosto com a mão livre. “Foi?” – Jurava que tinha sido uma frase mais completa. – Bem, eu não falei de uma vez só. Foi pausadamente e um pouco indecifrável porque... estava gostoso demais, e eu não tinha muito controle sobre a minha fala. – Sorriu brincando com a espuma. Seu corpo se soltou mais, como se relaxasse depois de confessar seu pequeno pecado. – Pensei ter ouvido sobre algo para fazer “amanhã”. – Não, realmente não disse isso. Você deveria estar em outro mundo mesmo. Foi até estranho, seus olhos estavam completamente brancos. – Brancos? Quando? – Nessa mesma hora, antes de você gozar. Você começou a ficar mais selvagem e, quando o olhei, pude jurar que... – Meus olhos estavam brancos – completei sua frase. – Sim, como se os tivesse virado demais, tipo assim... – Aproximou seu rosto do meu e virou seus olhos para cima, deixando à mostra apenas o globo branco. Estranho, se eu tivesse mesmo feito tal movimento, provavelmente não enxergaria nada. Pelo que lembro, sequer fechei as pálpebras. Estive atento à imagem erótica dela, apesar de aparentemente ter devaneado durante o sexo. – Fiz assim? – Procurei repetir o gesto para deixá-la avaliar. – Sim, mas... seus olhos pareciam mais brancos, limpos, quase brilhantes. Não era possível ver todas estas veias vermelhas, além disso, seu rosto estava sereno e tranquilo. – Você tem certeza disso? – Não muito, porque estava gozando junto com você e depois não prestei atenção a isso. Quando vi seu rosto novamente, já estava normal e até fiquei confusa se flagrei mesmo isso ou não. – É mesmo, nessas horas fazemos cada coisa estranha – desconversei. Ela sorriu, bastante descontraída.

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Agora com mais calma, depois das coisas que me disse, posso assumir que tive uma visão. Chega de emoções por hoje. – Preciso levar você para casa... é... qual seu... – Graziane – completou. – Como? – Graziane é o meu nome, que você sempre esquece. – O comentário soou com humor, não se sentiu ofendida.

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a Revelação Final

Já se imaginou acordando pela manhã sabendo tudo o que vai acontecer durante o dia? É mais ou menos assim que é a minha vida. Tudo isso devido a uma profecia que me foi revelada quando estive em um encontro da Irmandade, há dois anos. Uma reunião fechada somente para graduados acima do nível trinta. Raramente são convidados membros de graduação inferior. Este foi o meu caso. Nina, minha mentora, propôs o convite a mim em caráter excepcional e acabei sendo aprovado. Esses encontros são lendas, e uma vez frequentados nossas percepções mudam completamente. Hoje estou no grau vinte e dois, e meu amigo Rodrigo alcançou o grau sessenta e sete. Milla provavelmente já entrará na casa dos quarenta. Fico me perguntando por que ambos ainda procuram ouvir e acompanhar alguém inferior a eles. No caso da Milla pode ser por nossos laços de amizade, mas a motivação de Rodrigo é um mistério. Se ele estivesse mais próximo de alguém com grau cem, sairia ganhando em seu aprendizado. Nina, uma bela senhora, me encontrou há sete anos na festa de casamento de um amigo em comum. Nossas mesas estavam próximas e nosso primeiro contato foi devido a algum acontecimento engraçado que nos levou a conversar. Lembro de estar observando uma garota naquele dia, e então aos poucos fui notando aquela mulher; seu brilho, seu sorriso, sua conversa, seu vestido... me encantaram o suficiente para alterar minhas intenções. – Você está a fim dela! – afirmou Nina levando uma taça da bebida à boca. – ‘Tá muito na cara para você? – Sim, e para ela também! É por isso que ela não lhe dará uma oportunidade. – Ah, é? E como sabe? – Porque ela já teria dado, se quisesse.

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– Ela pode ser tímida. – Ela não é tímida. E, antes que você pergunte como sei disso, eu respondo: posso ver. A princípio, ignorei sua frase. Pensei que estivesse falando no modo figurado, mas hoje consigo notar o mesmo que ela. – Da mesma forma que posso ver seu interesse por mim. Assim começou uma relação entre mentora e aprendiz que me levou a ser iniciado na Irmandade. Desde então, sexo foi um assunto bastante abordado entre nós, assim como foi didaticamente praticado. Através das relações sexuais, aprendi a me desprender do meu corpo físico e a utilizar o corpo etéreo aumentado pelo plana, a energia vital que alimenta a nossa alma. Quando nossa alma está carregada permite-nos ter visões, percepções e intuições que uma pessoa normal nunca teria. Esse é um poder pelo qual muitos são capazes de atos maldosos para conquistar. A obtenção dessa energia acaba tornando algumas pessoas insensíveis, necessitadas e, se não tiver controle, pode levá-las a uma frieza emocional focada somente no seu bem-estar etéreo. Essas pessoas agem, portanto, como vampiras. A soma de nossas energias físicas e etéreas cria o que chamamos de Khi. É de onde surgem o caráter, a vitalidade e a espiritualidade. Essa força é quase impossível de ser dominada, pois envolve fatores que transcendem a compreensão comum. Dizem que membros dos mais elevados graus podem alcançar esse controle, mas são muito raros. Nina me ensinou a ver a chama que emana do corpo físico, invisível a olho nu: nossa aura. A aura emite o estado emocional atual, como paixão, tristeza, raiva... variando sua cor, intensidade, comprimento e forma. Quando ultrapassei o grau vinte, Nina pleiteou meu processo de aceitação para os encontros superiores. São um momento mágico, pois estar sexualmente envolvido com quem está por volta do nível cem é indescritível. As trocas de energia e experiência entre membros desse patamar é uma sucessão de brilhos etéreos e, em alguns casos, podemos ter nossa aura alterada por indução apenas ao transitar próximo de pessoas com extremo Khi. Ser iniciado por Nina também me rendeu um bom status automaticamente. Com o seu grau de cento e cinquenta, sua atenção a mim imediatamente me tornava um iniciante promissor. E assim foi minha nova vida: ao fim de cada reunião, absorvia experiência o bastante para praticar em campo, não só entre as mulheres, mas também no meio social. O plana absorvido nos permite uma aguçada percepção que, quando distinguida, nos encaminha a alguma prática enriquecedora com a ajuda do nosso Khi físico.

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Nina, por exemplo, é arquiteta, pois suas habilidades perceptivas aperfeiçoaram sua criatividade e sensibilidade artísticas e construtivas. Rodrigo resolveu ser mais imediatista em relação à estabilidade financeira e enriqueceu graças a sua análise intuitiva sobre mercado de ações. Milla, por sua vez, largou a prostituição e hoje é agenciada como modelo, com planos futuros de abrir a sua própria agência. E eu ainda não encontrei o dom definitivo, ando pelo underground onde posso conquistar dinheiro. Atualmente venho participando de torneios clandestinos de pôquer e outras apostas do gênero. Trapaceiro? Sim, todos os vampiros são um pouco. Mas o que parecia promissor acabou não se concretizando. Por algum motivo que desconheço, sobre o qual nem a Nina me conta ao certo, eu não evoluía mais na mesma velocidade que a princípio. E isso foi se tornando um problema perante os irmãos nas reuniões. E então, no meu sétimo encontro com membros de alto nível, Max, nosso líder, anunciou a Revelação Final a todos. Uma profecia sobre o fim da nossa Irmandade e das demais Irmandades existentes soava bastante ameaçadora. O pior, no entanto, foi ouvi-lo ainda dizer que eu serei o responsável por tal façanha. Posteriormente, perante o Conselho, Max explicou com mais clareza que não seria eu quem acabaria com as Irmandades diretamente, mas partiria de mim a pessoa que nos exterminaria. A partir de então, sou perseguido por integrantes mais exaltados. Apesar de existir quem ainda custa a acreditar em tal profecia, o certo é que muitos estão atentas a mim, acompanhando meus passos e investigando sigilosamente a todos com quem tenho contato. Nina foi removida de seus cargos executivos, muito provavelmente devido à sua ligação direta comigo, mas continua como Conselheira. E eu? Bem, após ameaças das mais diversas, tive que me isolar e ser mais discreto quanto aos meus contatos. Isso me atormentou nos primeiros meses, contudo aprendi a conviver com o tempo. Antes disso conheci Milla, que me fez companhia nos momentos difíceis, assim como me ajudou permanecendo ao meu lado nesse período. Depois também conheci Rodrigo, e a amizade cresceu entre nós. Ainda me surpreendo por ter duas pessoas, que poderiam ser muito mais poderosas, mantendo ao seu lado alguém de grau inferior e ainda profetizado como um mau agouro. Estas foram as únicas amizades mais fortes que pude conquistar devido à profecia. Por algum motivo que ainda não sei explicar, apesar de estarem vinculados comigo, Milla e Rodrigo não foram identificados como o

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Arauto do fim das Irmandades. Diferente de Nina, eles não sofreram qualquer represália. Mesmo assim, Nina me orientou a não revelar muita coisa, ou nada, a esses dois. Segundo ela, devo entender que, cedo ou tarde, essa pessoa sofrerá influência com a minha convivência e não sabemos quais serão as consequências. Afinal de contas, a profecia não revelou o que acontecerá comigo depois que eu conhecer o Arauto mencionado.

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desconstruindo o amor

Era para a minha cabeça estar girando neste momento. Tudo está acontecendo numa velocidade para a qual não estou preparado. Sensações e percepções que antes conseguia dominar, até mesmo ignorar, hoje tomam conta de mim. O lado bom é que nenhuma destas é amor de fato. Não estou nem quero estar amando. Retribuir carinho e dar atenção a uma companheira, felizmente, não está nos meus planos. Caminhar por essa estrada é desviar totalmente do que planejei para mim nesses últimos sete anos. Os prazeres e ganhos materiais e espirituais adquiridos após meu ingresso na Irmandade compensaram qualquer tipo de benefício que algo como o “amor” poderia me dar. Aquele tão procurado e célebre grande amor de uma vida não passa de uma ilusão que nossos cérebros ou, como dizem romanticamente, nossos corações criam. Tudo é apenas uma manifestação daquilo que mais procuramos numa figura imaginária para, em seguida, projetarmos em alguém real. Na verdade, queremos encontrar a pessoa que mais abranja as melhores qualidades que prezamos como, por exemplo, beleza, sex appeal, inteligência e compreensão, mas esquecemos que sempre existe o fator humano para impedir as boas relações e nos fechamos às prováveis falhas de personalidade, de caráter e de atitude que distorcem toda a imagem cegamente criada quando nos apaixonamos. Aprendi a controlar essa percepção e não me deixar levar por emoções desenfreadas ou desgastantes que uma paixão ou amor proporcionam. Apaixonar-se é fácil. É algo que parte somente de nós mesmos, independentemente de terceiros. Fazer a sua “pessoa ideal” retribuir seus sentimentos é que se prova difícil e, muitas vezes, impossível. A busca negada por essa conquista pode nos tornar infelizes, tristes, com baixa autoestima e todos aqueles problemas psicológicos aos quais nos cansamos de ver ao redor e são temas de poemas, livros, filmes e músicas.

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Todas as minhas relações sexuais foram breves paixões verdadeiras que canalizei em forma de tesão e gozo para utilizar somente por aquele instante. Como não me transformei em um robô, preciso sentir o máximo de tesão possível para que seja concluída a conexão. E o tesão é um misto de desejo e paixão, mesmo que momentâneos. É assim que separo sexo de amor. Sexo é o meu objetivo. Amor é a minha perdição.

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anjo safado

Graziane realmente me surpreendeu. Quando finalmente a notei naquela boate, minha verdadeira intenção era apenas me divertir, mas seu jeito jovial e descompromissado aos poucos me conquistou. Nossa conexão foi natural e livre de meus jogos de sedução. Parecia que estávamos atraídos um pelo outro, ou ao menos ela por mim. De modo surpreendente, esta garota me proporcionou um fenômeno nunca antes sentido. E desconheço algum irmão que tenha passado por tal experiência. Em todas as minhas conexões, os únicos casos em que o fluxo é invertido ocorrem quando transamos com algum outro integrante da Irmandade. Graziane, no entanto, não é uma irmã. Seu Khi está longe de ultrapassar o nível três, o que já seria considerado extremo entre as conhecidas “pessoas baixas”, aquelas de existência comum e inconscientes de qualquer Irmandade. Descarto que Graziane também seja da Irmandade Branca, onde, lendariamente, há o domínio da emanação do Khi. Ela quer apenas viver uma aventura. Sua aura, neste momento, vibra como uma música de bossa nova harmonicamente despretensiosa. Quando comentei que a levaria para casa, não protestou. Manteve o sorriso e se ajeitou na banheira, sentando-se à minha frente e apoiando o seu dorso sobre o meu corpo. Foi inevitável acariciá-la. Sua pele parecia mais suave em contato com a água ensaboada. Ela notou a minha ereção. Meu pau foi se enrijecendo contra as suas costas e, como uma gata manhosa, ela mexia provocantemente os quadris. Minhas mãos aumentaram a pressão nas carícias, deixando-a notar o que estava por vir. Quando sentiu que meu pau chegou à sua maior rigidez, agilmente segurou-o com uma das mãos mantendo-se ainda de costas. Tentou me

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masturbar, mas, por causa da sua postura, não conseguiu uma boa coordenação. Vendo seu esforço, virei seu corpo e bufei ao perceber que faltou um pouco mais de conforto para essa posição também. Intencionei me levantar para levá-la ao quarto ou outro lugar propício ao nosso prazer, mas suas mãos impediram meu movimento. – Não! – Apontou para a borda da banheira. – Sente-se aqui mesmo. Atendi seu desejo enquanto ela tomava uma melhor posição para se aproximar do meu quadril. Ficou de joelhos à minha frente segurando firmemente meu pênis. Seus delicados dedos envolviam meu membro novamente, reconheci aquele olhar de admiração. Ela queria voltar a sentir meu gosto, mas desta vez não pretendo interrompê-la. Aos poucos, o movimento de sua mão foi acelerando e uma expressão de menina safada tomou o seu angelical rosto. Chegou a trocar de mão para ver como eu reagiria sem desviar seu olhar da cabeça do meu pau. Analisa seu tamanho, sua forma, sua textura. Aproxima seus macios lábios da glande, e fechando os olhos, leva-a à boca como um sorvete saboroso. Depois de tudo o que ela me proporcionou hoje, fico na expectativa de que aquele fenômeno possa se repetir ou então algo novo aconteça. Sua boca é macia, quente e ágil. Ela se delicia com meu pau, tanto que sua saliva o umedeceu completamente. Quando se afastava para me olhar, suas mãos mantinham o movimento com mais pressão. Sua dedicação me sujeita aos seus carinhos. Ela quer me levar ao ápice. Posso ver sua vontade quando chupa a cabeça do meu pau o ordenha freneticamente como se a qualquer momento meu gozo fosse jorrar em sua boca. Não contrariei e a deixei continuar, incentivando-a com mais carícias em seu rosto. Algumas vezes, tomado pelo calor do tesão, eu pressionava sua cabeça contra mim para fazê-la me engolir cada vez mais. Aquela garota me enlouquecia tentando abocanhar o máximo possível do meu membro, e eu precisava constantemente controlar a força do meu agarre em seus cabelos. Senti o gozo chegar. Nossas auras já estavam em sintonia, só que o sexo oral não é suficiente para haver conexão e o fluxo de plana não será possível. As sensações de prazer, no entanto, eram muito semelhantes. Ela notou que meu pau engrossou mais. Além disso, minha respiração já estava descompassada, minhas carícias se tornaram mais fortes. Acelerou seus movimentos com as mãos e minha vontade era de explodir a cada vez que socava contra meu corpo.

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Graziane se posicionou para receber meu gozo. Toda região da pélvis começou a formigar e tencionei meus músculos. Ajeitei sua cabeça para onde apontava meu pau. Ela abriu a boca não querendo perder uma gota. Eu respirava alto e forte quando senti muita pressão na base do meu pau. Dei um urro de êxtase que resultou numa esporrada na boca dela. O jato foi forte, grosso e não menos volumoso que da última vez, passando direto pelos seus lábios e caindo dentro de sua garganta. Trouxe-a para mais perto para receber a segunda jorrada. Seus lábios envolveram a glande e a enchi com meu prazer. Dei mais uns urros menores, também intensos, descarregando todo o meu estoque de porra em sua boca. Vendo que eu já estava relaxando, ela deu mais umas pequenas estocadas para extrair o que sobrou. Seus movimentos também foram mais calmos. Tive que voltar a me deitar na banheira, e ela, ajoelhada à minha frente, sorria para mim com um pouco do meu sêmen escorrendo pelo canto dos lábios. Não engoliu. Fomos, então, nos arrumar. Deixei Graziane no quarto, sozinha, com a desculpa de que precisava ver umas coisas antes de levá-la para sua casa. Preciso ligar para Nina e marcar uma visita, se possível, ainda hoje. Acho que os sinais do fim dos tempos chegaram. Talvez Nina esteja mais preparada para esse momento do que me sinto agora. Já fora do alcance de Graziane, peguei um aparelho celular que guardo escondido para casos especiais. Seu número é secreto, seu uso é dedicado somente quando há necessidade de anonimato. Como sou extremamente vigiado, é muito provável que meu número casual esteja grampeado. O telefone para o qual ligo também é secreto. Não está em nenhuma agenda, e não o gravei nos meus contatos por motivos de segurança. O toque de chamada é prolongado e repetitivo, até esgotar o seu tempo limite e o recado de aparelho desligado ou fora de área ser pronunciado. “Devo deixar uma mensagem de voz?”. Não. Isso já é o suficiente para a pessoa que liguei saber do que se trata. Guardo o aparelho no bolso. – Pronta? – pergunto retornando ao quarto. Sua resposta é afirmativa. Observo melhor aquela garota sentada na borda da minha cama enquanto aguarda o meu chamado. Seus olhos já não estavam tingidos com maquiagem. Seu rosto limpo exibe traços de felicidade no olhar e sorriso. Sua aura mantém um brilho homogêneo com cores claras e harmoniosas.

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Graziane seria, enfim, o Arauto? Talvez não, mas preciso tê-la por perto em todo caso para saber e, ao mesmo tempo, preciso mantê-la distante para sua segurança nos próximos dias. – Esqueceu o capacete! – lembrou-me já no elevador. – Nós não vamos de moto. Mantive uma pequena distância dela. Se me aproximar demais posso criar uma ligação afetuosa, mas se estiver muito afastado posso aparentar rejeição. Graziane seria alvo de investigações por parte de meus perseguidores. Trazê-la de imediato para a minha vida pode lhe gerar alguns problemas, principalmente se ela possuir os sinais que estão procurando. Eu preciso ser paciente e deixar as coisas acontecerem normalmente em torno dela. Enquanto isso, com a ajuda de Nina, farei o que for necessário. – É provável que nossas motos estejam sendo procuradas agora ou nos próximos dias. Não é bom chamar atenção tão gratuitamente – expliquei – Entendi. Chegamos ao estacionamento no subsolo. Estendi a mão para deixála segurar e seus dedos se entrelaçaram aos meus. Achei necessário mostrarlhe um pequeno gesto de intimidade até o carro. Mesmo que eu desapareça por muito tempo, ela deve saber que me sinto bem ao seu lado para evitar problemas quando eu retornar. Destravo as portas e o característico som agudo é emitido duas vezes junto às lanternas piscando. – Esse é o seu carro? – Sim! Pode entrar, está aberto. – Um Camaro... – É, só tenho uma vaga para automóvel neste prédio. Entramos. Noto a dificuldade dela em manter a normalidade diante de um ícone automotor como este. O interior do meu Camaro é uma experiência única aos sentidos. O cheiro do couro que reveste os bancos agrada ao olfato, e a qualidade de cada detalhe enche a visão e o tato com boas sensações. O banco ergonômico possui um formato confortavelmente envolvente como o abraço de um amante. A aura de Graziane pulsava com uma leve excitação. Provavelmente estava imaginando ser penetrada num templo sexual como este. O ronco do motor a ajudou a aumentar seu tesão diante de tamanha virilidade e potência que o carro proporcionava. Já nas ruas, ela tentava disfarçar o sorriso bobo que sua face teimava em manter. Olhava ao seu redor e procurava nas calçadas alguém que a reconhecesse naquele momento. Em vez disso, encontrava dezenas de pessoas com olhar devidamente invejoso.

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Seu calor corporal aumentou. – Gabriel? Por acaso... – Fez uma longa pausa como se as próximas palavras tocassem em um assunto delicado. – Você é algum tipo de... fora da lei? Entendo sua preocupação. – Caso eu seja, isso a deixaria mais excitada? – respondo sem tirar minha atenção do trânsito. Ela morde o lábio inferior, timidamente divertida. – Não sou – continuo –, mas acho que ando à margem da lei. Estico o braço e pouso minha mão sobre sua coxa esquerda. Seu calor atravessa minha palma enquanto meus dedos a acariciam sobre a calça com uma leve pressão. As curvas mais fechadas me impedem de continuar o contato, pois preciso dirigir com ambas as mãos ao volante. Em um novo trecho de avenida, contudo, volto a desenvolver uma boa velocidade. Não desperdiço a oportunidade de novamente pousar minha mão sobre sua coxa, desta vez mais próximo de seu ventre. Graziane acomoda-se melhor, descendo um pouco seu quadril sobre o banco levemente rebaixado. Suas pernas se afastam lentamente, permitindo aos meus dedos enfiarem-se entre elas e tatearem sua pélvis. – Está quente aqui – comento. – E úmido também – completa. Logo adiante, o semáforo fica vermelho. Ao parar o carro, Graziane livra-se do cinto de segurança, vence o obstáculo do console e chega até mim com um beijo macio, doce e delicioso. Lá se foi a minha distância de cautela.

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saber amar

Douglas sempre se achou racional, por isso não estava preparado quando o coração lhe pregou a maior de todas as peças. Exatamente quando decidiu terminar aqueles breves, ou talvez longos, dois meses de namoro, não imaginou viver um turbilhão de emoções nos meses seguintes. Em meio a tantas mulheres e prazeres, não notou uma garota que, em algum momento passado, lhe fizera um bem diferente ao que sempre buscava em suas aventuras. Naquele instante, parecia ser mais uma que chamou sua atenção e caiu nas graças do seu jogo de sedução. Douglas reparou em Ana. Não era a roupa ou o perfume, mas uma sensação que não podia identificar. Talvez um brilho no olhar, no sorriso... Havia uma presença que, de certa forma, o tirava de seu campo de força, de sua segurança pessoal e o fazia se sentir, pela primeira vez, tímido diante de uma mulher. Ana também analisou o rapaz ao seu lado. Sentiu-o diferente, maduro. Também não sabia se era o traje que lhe passava esta impressão. Com mais calma, reparou que seu sorriso estava mais natural, autêntico, sem a máscara do “Don Juan” sedutor. Não que desaprovasse, mas costumava considerar o sorriso como o espelho da alma. E assim, esse novo magnetismo os uniu e começaram um relacionamento. Douglas deixou de lado a vida de prazeres. Descobriu que, vivendo o amor, poderia ter em troca coisas que sua antiga vida jamais traria. Ana pôde então se dedicar a uma verdadeira paixão. Tinha ao seu lado um parceiro perfeito, atencioso e carinhoso. Mas a harmonia, como sempre, é um grande perigo. Douglas nunca abandonou as amizades, masculinas e femininas, e Ana queria sempre viver o amor como se fosse o primeiro dia. Assim, aos poucos, cada um viu que o outro não era tão completo como imaginavam. E pior: viam em outras pessoas aquilo que procuravam.

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O tempo foi passando, e aquele sentimento de incompletude os consumia silenciosamente. Douglas começou a trair Ana. E Ana deixou seu o fogo do amor acabar. A única coisa que os unia eram as aparências. Ana, enfim, flagrou Douglas com outra. E Douglas, por sua parte, acusou Ana de ser frígida. Veio a inevitável separação. Ana, magoada, era a que mais relutava em rever seu antigo amado. Já Douglas, quando finalmente a procurou, viu algo que o fez sentir diferente. Alguma coisa que certa vez imaginava ter causado a ela, mas que naquele momento se provava extremamente novo. Era a raiva, o ódio a lhe consumir quando viu sua antiga paixão nos braços, na boca de outro homem. Ele imaginou tudo o que aquele sujeito fizera com Ana, tudo o que ele mesmo já provara dela. No primeiro momento, tentou ignorar, não tinha direito algum sobre as escolhas de Ana. Isso, contudo, só fazia piorar a sua situação. Acumulava. E, a partir de então, não existia mais mulher à sua frente, ou na sua cama, que o fizesse esquecê-la. Procurou-a insistentemente, mas ela o recusava. Ana se sentia acuada e, por vezes, ameaçada. Seu ódio por Ana começou a crescer e Douglas não conseguia entender o que realmente estava acontecendo. Era ciúme. Queimava tanto dentro dele que já não percebia que a raiva acumulada era o que sentia de si mesmo; era o medo, a insegurança, a falta de autoconhecimento emocional que o fazia transferir toda a culpa de sua condição para a sua ex-namorada. Seu discernimento sobre o bem e o mal foi diminuindo, e não percebeu quando pequenos delitos começaram a ser comuns, trazendo problemas diretos ao seu rendimento escolar e ao ambiente familiar. Tinha em mente uma promessa doentia de fazer tudo para trazê-la de volta aos seus braços. Dizia, erroneamente, que era amor. E, para cumprir seu intento, passou a persegui-la. Seguia Ana na faculdade, nas compras, nas baladas. Na última vez, decretou que aquele seria o dia para reatarem. Seguiua até uma boate na qual Ana encontraria suas amigas, mas Douglas não estava preparado. Testemunhou um rapaz, pouco mais velho, insistentemente a seduzir. Reconhecia aquele método, ele mesmo já o utilizara diversas vezes. Seu humor alternava de tristeza, quando via ao longe a interação do casal, para alegria ao notar que Ana o dispensava. O sujeito, no entanto, era persistente. Retornava repetidamente e abordava mais e mais sua amada até conseguir beijá-la praticamente à força. Seu sangue subiu. Deixou seus amigos e partiu para cima do homem. Ana o reconheceu e começou a chorar. Os seguranças da casa agiram

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rapidamente e removeram ambos os clientes problemáticos para brigarem fora da boate. Sua turma de delinquentes também saiu e ajudou seu amigo na briga. Quando a situação parecia estar dominada, sentiu um covarde golpe pelas costas quebrando seu joelho. A dor foi insuportável e já não conseguia se levantar. Do chão, viu seus amigos serem golpeados e, indefeso, foi espancado por aquele a quem tentou dar uma lição. Foi resgatado pelos colegas e levado imediatamente a um hospital. Estava internado, com os ligamentos de seu joelho partidos e preparando-se para uma cirurgia. Em seus momentos solitários naquele quarto, caiu em arrependimento por todas as coisas erradas que fizera ultimamente. Viu seus amigos partirem, sua família se distanciar e seu maior amor ir embora. A última lembrança que tinha de Ana Cristina era de vê-la chorando enquanto brigava sem razão. – Douglas? – Veio uma voz da entrada do quarto. – Sim, sou eu. Observou o desconhecido que adentrava o recinto. Primeiro imaginou ser um médico ou enfermeiro, mas percebeu que não vestia um uniforme. – Vim vê-lo. – Ok, mas quem é você? O homem o encara sério, seu olhar sarcástico parecia adorar vê-lo inutilizado sobre a maca. – Vim acabar com seu sofrimento. Sua frase assustou Douglas que, debilitado, não podia se mexer para afastá-lo. – Quem é você? – Era só o que conseguia dizer. Os olhos do desconhecido começaram a se revelar vermelhos e brilhantes, seu sorriso sarcástico tomou o som de uma risada. – Acalme-se, rapaz, você vai dormir profundamente...

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piña colada

O interior do Camaro me isolou completamente, o único contato com o mundo externo era a atenção que eu precisava para dirigir com segurança por estas ruas de tráfego intenso. No rádio, a voz lírica de Amy Lee, em meio a guitarras metálicas e bateria pesada, era o que me fazia acalmar e ajustar meus pensamentos. Chega a ser paradoxal possuir um Muscle Car como este e não poder desfrutar de todo seu potencial. A sensação é a mesma de ter levado uma mulher maravilhosa para um motel de terceira: ela perde o tesão com o ambiente e, ainda assim, você insiste em querer transar, achando que está abafando. Minha vontade era de pegar a Castelo Branco a mais de duzentos quilômetros por hora. Eu queria atingir o limite que essa obra de arte pode chegar. Ver os insignificantes veículos à minha frente como se movimentassem lentamente, aproximando-se quase que instantaneamente. Queria ultrapassá-los e depois vê-los sumir pelo retrovisor. Mas agora estou aqui, andando a cinquenta quilômetros por hora, parando em todos os semáforos da Radial Leste. Sinto o celular vibrar ao mesmo tempo em que a voz de Amy Lee é interrompida pela chamada via bluetooth. Era meu aparelho secreto. Atendi pelo viva-voz. “Está podendo falar?” – perguntou a voz feminina. – Sim! Estou dirigindo, mas o trânsito está parado. “Não estou na cidade. Estou em Miami visitando um cliente.” São duas horas de diferença do fuso horário. Sorte não ser tão cedo para incomodá-la. “Só vi agora seu chamado, qual a urgência?” Nina já tinha noção que o uso deste número só poderia ser de extrema importância. – Não muita, não se preocupe. Quando você retorna?

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“Só na quinta-feira. Vou para a abertura da Feira Fitness. Ainda tenho algumas coisas para terminar por aqui. Quer me adiantar o assunto?” – Não. Melhor falar com você pessoalmente quando chegar. Pode ficar tranquila, o mundo não vai acabar neste meio tempo, não. “Ok! Se conseguir adiantar meus compromissos, eu aviso. Beijos!” – Até mais! Depois de levar Graziane para sua casa, imaginei que, se Nina não retornasse minha ligação, eu poderia ir até ela para encontrá-la. Sendo assim, preciso agora desviar o caminho e alterar o meu destino. _____________________ O sol no meio da tarde paulistana é demasiado quente. A radiação solar incidindo diretamente sobre o concreto, as fachadas dos prédios e o asfalto criava o mesmo efeito de estar dentro de um grande aparelho microondas, sendo assado por todos os poros do corpo. Mesmo aqui, na piscina do tríplex da cobertura de um edifício de vinte andares, parece mais quente ainda como se estivéssemos ao lado do sol. Tirando isso, o cenário é muito agradável. Rodrigo, e sua fortuna, realmente têm bom gosto. As ondulações brilhantes da água. O cheiro de cloro que evapora da borda da piscina. E uma garota loira que parece ter saído da capa de uma revista de moda. – Janaína é modelo internacional. – Apontou-me Rodrigo depois de se afastar de uma bela mulata. Como um bom vizinho, meu amigo convidou as belas mulheres para deixarem seus apartamentos e virem se refrescar em sua área de lazer particular. Ao alcance da nossa vista só havia céu, sol e nuvens. A sensação de privacidade era tanta que nos sentíamos numa ilha deserta, mesmo com nosso sentido de posicionamento global nos dizendo insistentemente que estamos no centro de uma megalópole brasileira. Da espreguiçadeira avistava aquela linda mulher brincando na água. Lembro-me de ela me dizer que é pisciana, por isso sua adoração por nadar. Não sei se isso é verdade, mas o cenário combina com ela. Admirei vê-la nadando em minha direção. Pude apreciar seu corpo submerso distorcido pelas ondulações criadas na superfície com os movimentos que fazia. Mais encantado fiquei ao ver seu rosto saindo da água, de olhos abertos, brilhantes junto a um sorriso largo que se abriu. Seu biquíni Rosa Chá parecia ter sido feito exclusivamente para o seu corpo. Não duvido muito que seja verdade. – Venha para a água! – ordenou sorridente apoiando-se na borda da piscina para tomar a piña colada que lhe aguardava.

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Olhei ao redor, nem sinal de Rodrigo e sua amiga. Com certeza sua suíte climatizada foi a melhor alternativa para eles. O convite de Janaína era irrecusável. Retirei os óculos e me levantei. Aproximei-me da borda com uma boa velocidade para pegar impulso e mergulhar. Minha pele, quente pelo sol, recebeu um choque térmico instantâneo, mas poucos segundos depois eu já estava adaptado à temperatura agradável da água. Dei mais algumas braçadas sob a água antes de chegar à superfície. – Lindo mergulho! – elogiou admirada. O sorriso foi um convite para nadar até o seu lado. – Difícil encontrar algo que não mereça elogio em você – comentei com um ar sedutor, caminhando o olhar pelo seu corpo que estava acima da superfície. Pegou o drink na borda e trouxe o canudo até sua boca. – Sou bem paga por tudo isso – completou me olhando profundamente. – E você? O que faz? – Eu? – Mantive o olhar e aproximei-me mais do seu rosto. – Eu como modelos internacionais. O copo quase saltou de suas mãos em surpresa. Seu olhar desviou junto com seu corpo, que se afastou um passo para trás. Meu braço tentou envolvê-la neste instante, mas apenas atravessou o vazio da água. Deu uma risada alta e recolocou o copo na borda com cuidado. – Sério? E é uma atividade remunerada? – perguntou mantendo o riso. – Não, eu estava brincando. Só faço isso nas minhas horas vagas. Desta vez meu braço a alcançou e a segurei pela cintura, trazendo-a para mim. – E eu sou sua próxima vítima? Fácil responder quando já a tinha contra mim. – Desde que eu mergulhei nesta piscina. Com o seu corpo colado ao meu, Janaína envolveu meu pescoço com seus braços aproximando nossas faces e deixando sua boca um pouco mais alta que a minha. O calor fez aumentar o odor de cloro entre nós. Sua pele molhada me excitava e fiz questão de pressionar meu quadril em seu ventre. Seu olhar estava fixo no meu, mas então pousou em meus lábios e suas pálpebras se fecharam quando nos beijamos. Sua boca macia deslizava na minha e o sabor gelado de abacaxi tomou conta de minha língua. – Virgem? – perguntei. – O quê? – Interrompeu o beijo instantaneamente. – O drink... sem álcool?

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– Ah, sim. Quero estar sóbria quando você estiver me comendo. Os raios de sol incidem diretamente sobre nossas cabeças sem piedade, o brilho da água ofusca a minha visão. Uma atmosfera de cloro nos envolve com a tênue evaporação da água. Pouco mais da metade de nossos corpos está sobre a superfície e Janaína me beija intensamente. Seu quadril se movimenta em um provocante rebolado, aumentando meu tesão e as ondulações na água. Eu a abraçava, seu equilíbrio sustentado pelos meus braços ao redor de sua cintura. Ela acelerava a velocidade de seu rebolado, nossos sexos friccionavam um no outro à medida que meu pênis endurecia. O tecido fino de nossas roupas de banho já se tornava um obstáculo e aumentava o calor sob a água. Com a respiração ofegante, invadiu minha bermuda e dedilhou toda a extensão do meu órgão. Seus toques suaves, ora de seus dedos, ora de suas felinas unhas, faziam-me gemer alto. Ela o retirou para fora e o levou ao encontro de sua carne macia já despida. A água diminuiu sua lubrificação natural, tornando um pouco difícil para a cabeça entrar, mas, com um jogo de quadril e alguns movimentos de uma ágil felina, logo meu pau a estava penetrando confortavelmente. O sol forte não ofuscava o brilho de sua aura a irradiar uma intensa luminosidade em tons claros que transpareciam sua satisfação, refletindo seu bom momento profissional e afetivo. Se não estou enganado, Janaína foi vista saindo com um ator australiano, de quem não lembro o nome, mas é um desses novos musculosos que interpretam em filmes de ação. Com uma autoestima tão elevada, o sexo fica muito mais gostoso, flui e aumenta o tesão naturalmente. A cada vez que metia meu pau, sua respiração entrecortada soava em meu ouvido. O calor do seu corpo, aliado aos raios de sol, secava sua pele exposta. Agarrou-me com força, suas pernas entrelaçadas ao meu quadril como se quisessem me enfiar todo dentro de si. Afastei as alças do biquíni para tocar seus mamilos, já duros, com meus lábios. Corrigiu sua coluna com a ajuda dos meus braços em sua cintura e empinou seus peitos de manequim, deixando-os na altura de minha boca. Degustei como se fossem uma fruta madura, macia e suculenta. Seus gemidos aumentaram. Eu sentia meu pau inteiro dentro dela, cada vez mais duro, cada vez mais grosso. Ela era deliciosa e já aparentava estar possuída pela luxúria. Arrisquei uma carícia mais ousada. Deslizei minhas mãos pelo seu corpo e apertei sua bunda lisa e fria pela temperatura da água. Tentou empiná-la sem perder a posição que me permitia penetrá-la profundamente.

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Sua expressão se contorceu antecipando o que estava por vir. Minha outra mão deslizou cada vez mais baixo, contornando sua deliciosa curva. Massageei seu cu levemente com um dedo. Ela soltou um gemido abafado pelos movimentos e, com habilidade, conseguiu me oferecer a bunda sem perder um milímetro do meu pau em sua boceta cada vez mais encharcada de tesão. Tateei seu pequeno botão. Estava enrugado e fechado, impedindo que meu dedo entrasse. “Terei que usar um pouco mais de força.” A ponta do meu indicador encontrou o centro do seu buraquinho, apliquei um pouco mais de pressão e seus pequenos músculos se abriram. Forcei mais um pouco e logo meu dedo estava sendo pressionado pelo seu esfíncter. Agora seu gemido é audível, como o de uma gata descontrolada. Seu corpo se contorceu desordenadamente e, com um simples rebolado, conseguiu acomodar meu dedo em seu ânus, meu pau em sua vagina e minha boca em seu seio. Aumentei a pressão do meu corpo e o seu Khi começou a se energizar quase a ponto de drená-la... ou abastecê-la. Sei lá. Já não tenho controle e conhecimento do fluxo que age nesses momentos. Eu sei, no entanto, que quero mais! Ter uma garota com todo este potencial cedendo às minhas carícias... posso e vou abusá-la mais. Retirei meu dedo lentamente e, com beijos, desacomodei-a do meu colo. Ela começou uma leve manha, mas logo notou minha intenção quando a pus de costas para mim apoiando-se na borda da piscina. Como se estivesse hipnotizada de tesão, ofereceu sua bunda outra vez. Será difícil a penetração sem lubrificação por causa da água, por isso aproveitei o meu pau ainda duro para metê-la. Rapidamente afastei suas nádegas para que seu buraquinho ficasse à mostra. Com uma das mãos, segurei firme meu pau para ajeitá-lo no seu centro e, com a outra, procurei abrir o caminho. Eu precisava enfiar de uma vez, porque, se houvesse dificuldade, ela desistiria logo. Tenho de aproveitar o seu tesão agora. Colei a cabeça em sua entrada e fui enfiando com pressão para que entrasse de uma vez. – Ahh! – gritou Janaína espremendo com seu esfíncter a ponta do meu pau. – Seu puto! Dei uma freada na metida, deixando-a se contorcendo com a dor misturada à excitação de ser invadida de forma brutal. – Devagar! – ordenou. Aqueles gritos e gemidos mantinham meu cacete duro, ajudando-me a não perder a concentração. Seu corpo procurava relaxar. Sua respiração

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tornou-se mais compassada e a tensão do seu cu começou a aliviar. Ela sabia o que queria e, em meio à dor, o prazer lhe falava mais alto. À medida que ela relaxava, eu enfiava mais um pouco. Não sei se a garota era experiente nessa modalidade, mas seus músculos estavam se acomodando ao diâmetro do meu membro. – De-va-gaaarrr... Seu pedido era tardio. Meu quadril já lhe tocava a bunda. Agarrei sua cintura e lhe dei alguns segundos para se adaptar. Pude fazê-la se sentir melhor ao retirar seus pés do piso da piscina e deixar seu corpo flutuando na água, equilibrado pelas minhas mãos. – Relaxa, amor. – Era só o que eu tinha a dizer neste momento. Comecei a movimentar meu pau em um constante entra e sai, aumentando a velocidade de forma graduada. Janaína gritava e me xingava de tesão. Não havia como confundir aqueles seus sons com dor. Seus gritos mais fortes iniciavam agudos e terminavam graves como um urro de sua alma que ardia em prazer. Logo as estocadas tornaram-se fortes, mas não como eu desejava porque a água impedia movimentos mais bruscos. Para compensar, eu metia o mais fundo possível. O gozo se aproximava. Minha energia foi se canalizando em minha região pélvica. Senti a aura de Janaína atingir ao máximo e apertei forte sua cintura como se pudesse perfurar seu tronco a partir do ânus. No auge do clímax, acompanhado dos meus urros, o fluxo de plana manteve-se normal. A energia acumulada em seu corpo canalizou-se para o meu e, como um choque, a fez direcionar torrencialmente a mim. Era assim. Sempre foi assim. Eu precisei usar a Janaína para tentar entender o que se passou comigo pela manhã. E agora ela poderia voltar a dar para o seu amado astro do cinema. – Seu puto! – murmurou.

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conversa franca

O cheiro do limão subiu rápido após ser cortado em pequenos pedaços. Neste momento, Rodrigo parece tranquilo e calmo, perdendo aquele ar explosivo e costumeiro dos jovens impulsivos. O preparo de um drink é um momento de arte para ele. Sempre me diz que o prazer se compara ao sexo, mas prefere a explosiva combinação de ambos. Pegou um copo e pôs os pedaços de limão dentro. Adicionou uma porção de açúcar e, estendendo o braço, apanhou o pequeno pilão para espremer os ingredientes. – Estuprá-la? – Gargalhou demoradamente. – Eu? Mesmo com o assunto tenso, continuou a operar cirurgicamente a produção da caipirinha. – Era o que eu via em seus olhos. – Gabriel, não force! Você já me conhece há muito tempo e sabe bem as minas que eu como. Aquela não chega nem perto dessas nossas amigas aqui. Apontou com o olhar para as garotas que, sob a sombra de um extenso guarda-sol, conversavam em suas espreguiçadeiras na borda da piscina. – Você tem noção de quem são essas duas? – continuou. – Diga-me: eu perderia meu tempo com “aquela” zé-ninguém por quê? Essa Janaína mesmo me deu o cu tão gostoso hoje, só estando lá para você ver. “De fato, notei que ela possuía uma boa técnica.” Rodrigo manteve o ânimo enquanto adicionava cachaça de alambique artesanal ao copo e misturava o conteúdo em seguida. – Acho que não foi a beleza ou o status da garota o maior problema, foi a rejeição – afirmei após receber minha dose de caipirinha com gelo. – Acho que você não estava preparado para ser rejeitado depois de ter esgotado todas as suas técnicas de persuasão. – Não viaja, Gabriel! – Soltou uma nova gargalhada. – Esta sua mania de estar sendo perseguido está deixando você pirado! – Começou a preparar

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seu próprio drink. – Eu só não queria que saíssemos de mãos vazias aquela noite. Ainda mais por você, que estava para baixo por causa daquela Tatiana. Uma boa foda lhe faria bem, mas a amiga dela que ficou contigo parecia meio fraquinha. Acho que, mesmo tentando, você não conseguiria nada... – Meu fim de noite não foi bem assim – interrompi. – Sério? – Deu uma pausa nas espremidas do limão. – Com quem foi? Com a Tatiana mesmo ou com essa outra garota? – Ela se chama Graziane. – Graziane... – Rodrigo fez uma careta, não parecia lembrar-se de alguém com este nome. – Essa realmente é nova, não? – Quase! É justamente a tal amiga que você mencionou, a que estava na minha garupa ontem. Rodrigo desconcentrou-se da confecção de seu drink e, por pouco, não espremeu o vidro do copo junto com os limões. Seu semblante tornou-se mais sério. – Como assim? Você disse que a levaria para a casa dela – comentou nervoso. – Aliás, como eu também fiz com a minha! Você me enganou? – E eu a levei... Mas, chegando lá, mudamos de ideia e fomos para o meu apartamento. – Você ‘tá me tirando, cara? Eu até responderia com uma gargalhada desdenhosa, como Rodrigo costuma fazer comigo, mas simplesmente não via graça na situação. – Nada! Ela até ligou para a amiga para saber se chegou bem a casa. Foi a partir daí que a situação virou totalmente. Quando terminou de preparar sua bebida, ele pousou as mãos no balcão e abaixou a cabeça, pensativo. – Ok, ok. Vou deixar passar essa, camarada. Você anda sob muita pressão, não deve desperdiçar oportunidades. Mas, me diga – dirigiu o olhar diretamente para mim –, você acha que será ela? A pergunta me desnorteou e tentei manter a normalidade. Mesmo confiando muito no meu amigo, não queria revelar nada do acontecido sem antes falar com Nina. Além disso, Milla já me advertiu explicitamente para nunca confiar nele. – O quê? A Graziane ser o tal Arauto? Cara, você sentiu a aura dela? Acha que o Khi dela deve chegar a que nível agora? Dois, três no máximo... Eu não acredito que seja ela. Rodrigo fez silêncio e levantou a cabeça, observando as garotas. – É, pode ser. Mas e a Janaína? Sentiu a mesma coisa?

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– Cara! Maneira aí! Tenho que passar o relatório de impressão “aurática” de todas as mulheres que estou comendo? – respondi bastante irritado. – Eu vou lá saber quem essa pessoa possa ser? Rodrigo deu a volta no balcão segurando seu drink, chegou ao meu lado e pousou a mão livre sobre meu ombro. – Take it easy, man! Só estou preocupado com você. As garotas conversavam tranquilamente em suas espreguiçadeiras, de biquíni e óculos escuros, bronzeando-se no sol paulistano. Assim, com a pele ganhando a cor do pecado, pareciam ainda mais deliciosas. Rodrigo até sugeriu uma festa entre nós quatro, mas já estava me preparando para ir embora. Tenho uma partida importante de pôquer esta noite, então preciso descansar durante o que sobrou da tarde. – Deixo-as só para você! – disse me levantando. – Deve ter algo realmente muito importante para dispensar duas garotas como essas. – E é, mas dormi pouco hoje. Não quero perder a concentração esta noite, a partida pode ser muito longa. Tem muita gente de olho neste prêmio. – É, você está certo. Um dia vou querer ver como é que você joga, mas hoje não. Hoje há o encontro da Irmandade com a entrada de novos integrantes. – Abriu um sorriso sarcástico. – Deve ter muitas garotas novatas sedentas por nos impressionar. Não frequento mais estes encontros depois da Revelação, mas me lembro de como são. Pena que sempre fui um dos novatos, e minhas opções femininas eram quase mínimas. – Pois é, colega, aproveite bastante! – Você deveria voltar a participar, poderia lhe fazer bem. Soltei uma risada longa. – Que piada foi essa? Não sou burro para ir direto à cova dos leões. Rodrigo se aproximou mais de mim. – Só você não vê o que está acontecendo, não é, Gabriel? – sua seriedade prendeu minha atenção. Ainda rindo, comentei: – Ou talvez esteja vendo coisas demais, não acha? – Talvez não, amigo, se pensar politicamente. Max é o soberano, sabese lá como se tornou líder, já que não o elegemos. E então você surge como uma nova promessa trazida nas mãos de Nina, a mais alta conselheira dele. – Sim, e qual o mal nisso? Ou o bem? – perguntei atento aos seus argumentos. Voltei a sentar.

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– Ouça, quem está no poder só pensa em duas coisas: manter-se e aumentá-lo. Nina era uma ameaça iminente, ainda mais trazendo pelas mãos um futuro candidato jovem e promissor: você. Max então pensou, provavelmente: “preciso acabar com esta zona”. Fez isso ao tornar pública a Revelação, o que deixou você negativamente em evidência perante a Irmandade. E, de quebra, conseguiu tirar a popularidade de Nina, terminando por enfraquecer o seu cargo. Realmente, nunca pensei por este lado. – Mesmo se for verdade, o que tudo isso mudaria? Ainda continuarei sendo o cara que vai acabar com as Irmandades. – Exatamente, fará isso somente se tudo for verdade. Afinal, só ele conseguiu ver este futuro em você, e em ninguém mais. Não é suspeito? – Ok, mas não podemos ignorar... E se for verdade? – Se for realmente o responsável por tal façanha, então Max teme você. Isso torna você a única pessoa com o poder de destroná-lo. Soltei nova risada, mas reconhecia um pouco de coerência em suas palavras. – Eu? – Voltei a me levantar e dei um tapinha em suas costas. – Eu não. Eu apenas serei um conhecido desse tal Arauto, não terei poderes para nada. – Errado, você terá o poder de indicar essa pessoa! – entonou de forma incisiva. – Não percebe que o futuro das Irmandades estaria em suas mãos? – Rodrigo – abri um grande sorriso cômico –, por que eu quereria o fim das Irmandades? Estou muito bem pertencendo a uma, você está melhor ainda, todos estamos satisfeitos com isso. Eu não tenho motivação alguma para querer o fim das Irmandades. Rodrigo me ouviu em um silêncio dramático, depois olhou para mim com as sobrancelhas franzidas. – Já pensou, Gabriel... e se outra pessoa tiver? _____________________ 6:19 horas da manhã. Finalmente estou voltando para casa. Depois da satisfação sexual, para mim, a melhor sensação que existe é a de ter poder. Sempre entendi, por definição, que a condição perfeita para o homem ser bem-sucedido está sustentada na combinação de três fatores primordiais: dinheiro, carros e mulheres. De preferência, tudo em abundância. Hoje em dia, graças à Irmandade, posso me sentir um homem assim, afinal, não é sempre que se pode voltar de uma noitada de domingo com cinquenta mil no bolso. O jogo desta noite foi muito lucrativo. Com as minhas

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habilidades de percepção e interpretação de aura, consigo “enxergar” quem pode estar com uma boa mão, ou então, bem mais fácil, blefando. Quando a mão do meu adversário é boa, fica difícil saber se é melhor ou pior que a minha. A aura não consegue transmitir isso. E ler os pensamentos é uma proeza difícil até para membros de alto nível. Então, nesses momentos, vejo um brilho etéreo de confiança que, geralmente por um maduro autocontrole emocional, não é expressado claramente pelo meu oponente como forma de proteger sua tática. Já o blefe é diferente. Sua aura é totalmente visível, ao contrário de seu emocional na mesa. Então fica mais fácil de trabalhar, provocando sua tática ao erro e me beneficiando no “River”. É muito difícil induzi-los, no entanto, a uma aposta mais contundente. Pôquer é assim mesmo: concentração, especialmente quando é também o meu ganha-pão. Hoje foi diferente, nem sempre procuro ganhar as partidas. Para não despertar muita atenção sobre as minhas habilidades, então, na maioria dos casos, procuro ser uns dos últimos a sair da mesa, numa colocação que ao menos gere algum lucro para o meu investimento inicial. Na partida desta noite, precisei ganhar para me credenciar em um novo grupo de altos apostadores. Graças à minha técnica e prática, e a um pouco de sorte, claro, consegui a vitória. Nesse novo grupo, os meus investimentos serão maiores, mas os ganhos igualmente compensarão. Depois, só precisarei ganhar uma partida aqui, outra ali, sem direcionar o foco das atenções para mim. Eu terei, assim, mais alguns anos de prosperidade nesse ramo. Até lá, essa grana vai me garantir um adequado período de tranquilidade.

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la femme fatale

Apenas um simples convite para conversar. Esse foi o motivo mais que propício para fazê-lo ir até sua casa e, agora, estar sentado à sua frente, na borda de sua cama. Raísa planejou telefonar com alguma desculpa qualquer para pegar Willian de surpresa, mas teve medo de que não desse certo ou ele desconfiasse de algo estranho. Se ocorresse, ele não lhe daria mais oportunidades para novas aproximações. Fez o simples: ligou. Ainda era um número que buscava frequentemente em seu celular, querendo encontrar, sempre que o fazia, forças para arriscar uma reconciliação. O término do relacionamento foi difícil, mas, para ela, não havia dor maior do que ficar sozinha. Aquela raiva inicial transformou-se no que mais temia: a ilusão de um amor não correspondido. Estranhamente sentia-se culpada pelo que aconteceu consigo mesma e, inconscientemente, não tirou a razão de seu ex-namorado ao trocá-la por outra garota. Pensou com tristeza: “talvez eu não tenha lhe dado tudo o que queria, e assim encontrou uma nova namorada que pôde fazê-lo”. Via dentro de si, no entanto, que poderia ser melhor do que qualquer garota que Willian tivesse em seus braços. Ou, mais ainda, em sua cama. Então ligou e, mesmo com uma receptividade amistosa, procurou explicar e dizer que compreendia os seus motivos. Procurou não gerar atrito na conversa e, enfim, deu sua cartada final: – Estarei só em casa pela manhã e hoje eu só trabalharei à tarde. Um doce tom de voz também ajudou na indução de sua vítima. Ficou surpresa, ao terminar a conversa, por sua própria iniciativa e autoconfiança em um momento no qual se imaginava tímida para seduzi-lo. E conseguiu. Sentiu sua autoestima crescer, deixando-a forte e capaz de fazer qualquer coisa na vida. No momento, contudo, só queria se tornar a mulher

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mais sexy com quem seu ex-namorado já teria transado. Escolheu a roupa, a lingerie, a maquiagem, o sapato e o penteado que o fizesse vê-la como outra mulher. – Raísa... como você está diferente! – comentou ele, acariciando seu rosto. Ela não precisou de muitas palavras para esclarecer suas reais intenções. Bastou o olhar provocante, as pálpebras levemente cerradas e o sutil perfume, doce e penetrante. Conduziu-o ao seu quarto sem qualquer resistência. Na verdade, Willian já sabia pelo telefonema o que realmente viria buscar. Seu único receio era que Raísa tocasse no tema da separação ou tentasse convencê-lo a voltarem a namorar, mas, dependendo do que receberia dela, até mentiria “em boa causa” sobre pensar a respeito ou lhe prometeria um falso amor apenas para não perder uma nova oportunidade de comê-la. Sua cama era convidativa, macia e com detalhes florais. Em sua mente, Willian viu perfeitamente como ficaria totalmente desarrumada dentro de alguns minutos. Estava acontecendo da forma como imaginou ao telefone. Agora esperava que Raísa não tocasse naqueles assuntos desagradáveis e que fizesse algo mais, além do que da última vez quando estiveram em um momento íntimo. Não trouxe camisinha. Não queria parecer que sua vinda foi premeditada ou que já estava transando com sua nova namorada poucos dias depois de abandoná-la. Sentado na cama, fingiu estar indefeso às suas investidas. Raísa sentou-se ao seu lado, seu olhar dizia: “Vou fazer tudo o que você quiser”. Sua boca, no entanto, não se abriu e sua voz não foi ouvida. Ela apenas depositou a mão sobre a perna dele, ficou assim até o seu calor atravessar o jeans e fazer crescer o desejo. Willian sentiu que era o momento. Passou um braço pelas costas femininas. Sua memória tátil o fez recordar do corpo de Raísa quando a tinha entregue, conhecia suas curvas e as carícias que a deixavam arrepiada. E assim, de lado, aproximaram os quadris e se beijaram apaixonadamente. Raísa sentiu-se nas nuvens, descobriu um novo lado de si mesma, uma espécie de “femme fatale” recém-desperta, mas que, com aquele beijo, acabou reagindo com os mesmos trejeitos ingênuos de sempre. O beijo deixou seu ventre em êxtase, fazendo umedecer sua calcinha especialmente selecionada para este momento. Willian reconheceu as reações de Raísa, queria logo iniciar o sexo. Deu à sua atual namorada uma desculpa e, ainda pela manhã, deveria retornar

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a casa ou fazer uma ligação a tempo. Seu telefone celular, no entanto, fora desligado intencionalmente desde que chegou à rua de Raísa. As preliminares começaram a ficar intensas. As mãos de Willian procuraram invadir a blusa de Raísa, mas foram interrompidas. Ela queria, desta vez, que fosse diferente. Queria surpreendê-lo. Levantou-se da cama e posicionou-se à sua frente, entre suas pernas. Aproximou-se o suficiente para limitar sua visão apenas ao seu corpo e, com os olhares conectados, começou a desabotoar sua blusa. A atenção de Willian acompanhou cada um daqueles botões perder lentamente sua casa por mãos maliciosas decoradas com unhas francesas. Primeiro observou pequenos detalhes do novo sutiã preto de renda. Já havia notado sua cor escura sob o fino tecido branco da blusa. Notou também o contorno de seus jovens seios. Os próximos botões expuseram o tórax até seguir em direção ao seu delicado umbigo e, então, Raísa finalmente livrou-se do último botão. Willian, extasiado, se continha em tentar agarrá-la. Acabou ignorando sua pressa e apreciou com moderação a todos os seus movimentos. A ereção o incomodava devido à posição de seu pênis dentro da calça, mas se manteve inerte, pois assim fazia mais volume ao olhar dela. Raísa lentamente ajoelhou-se, encarou a virilha volumosa e, com uma intencional expressão sacana, começou a abrir a calça dele. Com uma mão, agarrou todo o pau de Willian sob a cueca. Sua pele macia o fazia ter mais tesão. Livrando-o de sua prisão, Raísa segurou-o com as duas mãos, quis transmitir a mensagem de que era grande e grosso. Manteve-o ereto à sua frente, trocou olhares sacanas ora para o pau de Willian, ora para sua face. Dançou com a língua pelos seus lábios e beijou a cabeça vermelha já inchada e brilhante de excitação. Aumentou a intensidade dos beijos, a umidade também crescia. William assistia a tudo acariciando o rosto de Raísa e entrelaçando os fios finos de cabelo nos dedos. Manteve um olhar admirado ao ter seu pênis recebendo aquele tratamento. Raísa sentia que estava diferente, capaz de impressionar seu exnamorado. Esqueceu-se até do amor que seria o principal motivo de ter planejado o encontro e focou-se apenas em perverter aquele momento. Tirou da mente sua tentativa desesperada de reconciliação e, sentindo a cabeça do pau, lisa e macia, dentro de sua boca, imaginou-o como um cara qualquer. Na verdade, em sua fantasia, acompanhando o tesão que crescia, estava com um homem mais velho. Dentro da ilusão daquele momento, evitou olhá-lo. Procurou imaginar qual seria o biótipo desta pessoa. Sua criativa mente trouxe algumas

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personalidades que admirava, atores, cantores e até conhecidos, mas o problema é que nunca os admirou sexualmente a este ponto, então retornou à realidade. Willian desnudou os ombros dela, a blusa aberta pedia para ser retirada. Compreendendo o movimento, Raísa esticou os braços ao chão para que a peça deslizasse por sua pele. Ele apreciou o corpo seminu entre suas pernas e desejou comê-la assim, sem tirar sua lingerie. Os movimentos estavam saborosos, sentia seu pau quase a ponto de explodir com as chupadas macias e úmidas de sua ex-namorada. A sensação iminente de falta de tempo começou a incomodar, queria aplicar pressa ao ato, mas era incapaz de interromper aquela boca no seu pau emitindo o som pervertido de chupada com pressão. “Eu tinha uma putinha nas mãos e não sabia”, pensou sobre aquelas carícias que nunca recebeu dela. Willian tentou interromper, mas, como se quisesse retirar a mamadeira de uma criança, foi impedido por uma reação manhosa. – Assim você vai me fazer gozar na sua boca. – Sim, eu sei – Raísa respondeu com um olhar sacana. – Eu quero! Willian sentiu seu corpo estremecer de tesão após seu pedido. Um arrepio frio passou por sua pele, seguido de um calor subcutâneo que se prolongou quando criou a cena em mente: aquela boquinha recheada pelo seu sêmen. Adiou, momentaneamente, esse desejo e a pôs de pé para tirar sua calça. Raísa estava devassa. Era tudo ou nada! Ela sabia o que fazia, e sabia o que um homem gostaria de uma mulher na cama. Queria que, quando tudo terminasse, ele pensasse mil vezes antes de voltar para os braços de sua nova namorada. Agora em pé, vestindo apenas sua lingerie, tinha o corpo devorado pelo olhar de Willian e acariciado por mãos sedentas para comê-la. Ele começou a deslizar a calcinha em direção ao chão, expondo seu sexo. Willian já a havia provado, mas agora a via de modo diferente. Sua depilação meticulosa a deixava ainda mais atraente. Passou a mão para sentir seu calor e umidade. Raísa corou e não conteve um gemido quando sentiu um dedo penetrar com facilidade em sua vagina. Instintivamente, abriu as pernas convidando para que mais dedos lhe tocassem por dentro, então rapidamente mais um entrou. Agora dois dedos a excitavam e deixavam mais lambuzada do que estava. Willian se levantou, envolveu-a em um abraço forte agarrando sua bunda nua e deu-lhe um beijo safado com uma língua ágil. Confiante, subiu as mãos para retirar a última peça de roupa que ainda lhe cobria o corpo. “Quero ver o quanto ela é safada.”

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Conduziu seu corpo nu para a cama, ajeitando-a de modo que ficasse com seu tronco deitado e suas pernas caídas na borda. Afastou suas coxas e ajoelhou-se diante de sua melada boceta. Raísa sabia o que estava por vir. Lembrou-se que na última vez, com vergonha, não permitiu que o namorado sentisse seu sabor com toda plenitude. Este momento é outro, no entanto, estava totalmente preparada para ser devorada. Queria vê-lo usufruir de tudo o que seu corpo, seu sexo e seu tesão pudessem oferecer. Mãos largas apertaram suas coxas. Fechou os olhos. Sentiu uma respiração forte e quente aproximar-se de seu ventre. Sua mente rodopiou rapidamente e se sentiu caindo, mesmo agarrada aos lençóis. Sentiu-se em outra dimensão, distante, mas se manteve ao mesmo tempo ligada ao seu quarto. Conseguia sentir o colchão às suas costas quando se contorcia em êxtase por uma língua que lambia e sugava intensamente sua vagina. Ela sabia onde e com quem estava, mas sua mente a levava a outro lugar. Via-se confortavelmente deitada nua na enorme cama de uma suíte espaçosa, decorada em tons pastéis e detalhes em mogno. Sentia o aroma de tecidos e móveis novos misturados a fragrâncias cítricas no ambiente. Entre suas pernas, outro homem de face indecifrável e rosto áspero a segurava pelas ancas impiedosamente enquanto a chupava com apetite voraz. – Ahhh! – Raísa gritou e se contorceu em sua cama. Willian, crendo que estava satisfazendo sua parceira, continuou a intensidade. As unhas dela quase furavam os lençóis tamanha a força de seus punhos e, como em um rodamoinho, Raísa retornou ao presente. Não tinha tempo ou tranquilidade para compreender aquelas sensações misturadas. Olhou em volta e encontrou o ex-namorado com sofreguidão degustando seu sexo, onde seu quarto e objetos pessoais os testemunhavam. “O que está acontecendo comigo?” Sua expressão de satisfação foi interpretada pelo companheiro como um sinal de que a estava agradando plenamente. Ele já havia transado algumas vezes com ela, mas nunca a viu assim tão sexy e tão safada. Sempre quis comêla sem reservas e, agora, tentava descobrir por que Raísa não se entregou tão profundamente antes, mesmo que ele insistisse direta ou indiretamente para que isso acontecesse. Vendo que talvez esta pudesse ser uma oportunidade única, Willian quis partir para a penetração, aproveitando os ventos que lhe sopravam a favor. Afastou-se de seu ventre, desfez-se das peças de roupa que ainda o

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cobriam e voltou a segurar suas pernas, mas a conduziu, como em uma dança, a girar o corpo. Raísa, como que conectada mentalmente, entendeu sua solicitação e virou-se de bruços. Reconhecia que esta posição a deixava em uma condição submissa. Indefesa, estava expondo sua bunda ao seu parceiro, sem poder vêlo e sem saber o que estaria por fazer. Seu tesão cresceu mais ainda. Aquela sensação de antecipação e surpresa, pela primeira vez, deixou-a excitada. E com seu ex-namorado praticamente fora de controle, motivado pelo seu jogo de sedução, não podia imaginar o que estava por vir. Sobre a cama, Willian postou-se de joelhos entre as pernas abertas de Raísa, então acariciou aqueles volumes de carne macia e lisa. Sua excitação subiu a um nível nunca atingido antes ao lado dela. Abriu sua bunda e deixou à mostra sua vulva e seu cu. Raísa sentiu-se invadida em sua intimidade, e adorou. Ainda com as mãos nas grandes nádegas, tentando agarrá-las ao mesmo tempo em que arreganhava sua boceta, os delicados lábios extremamente úmidos de sua vagina se abriam e fechavam conforme seus movimentos. Uma fragrância deliciosa de sexo subia e impregnava o ar do ambiente, deixando-o mais sensual. Ela fechava as pálpebras e inspirava pesadamente, não se contendo em expectativa. Willian ergueu seu quadril deixando-a de quatro. Inclinou-a para exibi-la em uma posição mais oferecida e safada. Raísa, no auge de sua excitação, viu-se como uma prostituta oferecendo seu corpo em troca de benefícios. Isso a excitou e procurou mergulhar nesta fantasia, rebolando o quadril para ser fodida. Foi o necessário para logo ser penetrada vorazmente. Sentia seu examado invadir o seu corpo, sendo fortemente agarrada em sua bunda. Sua vagina estava completamente ensopada. A cada estocada, o pau dele mergulhava no líquido viscoso que relava e escorria por entre suas coxas. Movimentava-se junto com ele para conseguir uma penetração mais forte, mais profunda. Gemia alto num misto de gata manhosa e puta profissional, percebendo que era comida com mais energia agindo dessa forma. Após levar muitas estocadas, Raísa sentiu o seu gozo se aproximar. Estava completamente possuída, era como se uma nova Raísa tomasse conta do seu ser. Ela induziu, seduziu e estava saciando-se com um homem por quem, a princípio, imaginava ser recusada. Era incrível, mas ela teve o poder de fazê-lo cair em suas garras e assim aproveitá-lo para seu prazer. E agora o que mais queria era gozar como uma louca. Seu corpo estremecia, seus pelos se arrepiavam, e sentiu uma energia crescer a partir do seu ventre.

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Estava prestes a alcançar o ápice. Sua respiração acelerou e, muito ofegante, preparou-se para um grito. Seu êxtase era tanto que se viu cercada por uma névoa a tomar conta do ambiente, estranhou, mas continuou pronta para gozar. E quando seus músculos se enrijeceram no corpo todo, tentou gritar... sem conseguir. Sentiu sua boca abafada. Uma mão larga lhe cobria os lábios envolvendo todo o seu maxilar. Mas o clímax era intenso! Gritava com todas as suas forças, sem ouvir som algum de sua voz desesperada de prazer, apenas murmúrios contidos. Arregalou os olhos num reflexo, vendo-se naquela fantasiosa suíte. A sensação estranha de alta excitação sendo dominada combinou com o gozo longo e inédito. Tentou morder a mão que lhe tapava a boca, mas o sujeito era ágil e conseguiu fugir de seus dentes. Então suas forças se esvaíram e, aos poucos, a mão foi afrouxando em seu rosto. Gemia como uma gatinha enquanto algumas últimas estocadas a comiam mais compassadamente, como se seu parceiro também tivesse gozado e tentasse esporrar até as últimas gotas de sêmen. Tentou virar seu rosto para trás, mas sua posição era desfavorável. “Eu preciso de você.” Seu corpo amoleceu de vez, e Raísa jogou-se na cama. A névoa se desfez rapidamente, permitindo-lhe voltar novamente ao seu quarto. – O que você me disse? – perguntou quase sem voz. Willian, ainda com o pau ereto, ficou sem ação com a cena que presenciara. – Eu? Disse nada – respondeu um pouco confuso. Raísa estranhou a evasiva. Ouviu claramente alguém atrás dela dizer aquela frase, apenas queria a confirmação de seu ex-amado. – Não disse que precisa de mim? – Agora? Não, mas preciso de você para gozar. Deixa eu pôr leitinho na sua boca, gata – pediu masturbando a si mesmo para não perder a ereção. – Mas você não gozou? – Ainda não. Eu estava quase lá, mas você começou a gozar e gritar, e então se deitou... Não deu para continuar. Raísa, lívida, virou-se para ele. – Eu gritei? – indagou incerta. – Sim, demais! Parecia possuída. – Mas você não tapou a minha boca? Willian deu uma risada.

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– Eu até pensei em fazer isso, mas você parecia tão deliciada que deixei – disse divertido, ainda mantendo a masturbação. – Acho que seus vizinhos devem ter notado. Raísa cobriu seu rosto, envergonhada. Não entendia o que havia acontecido. Tinha certeza de que alguém cobriu sua boca, inclusive conseguia sentir seu rosto recém-tocado. Poderia jurar ser capaz de ver as marcas se tivesse um espelho! – Tô quase gozando, Raísa. Ela estava confusa, precisou de alguns segundos para voltar a si e ao momento importante que construiu para o seu ex-namorado. Se ele realmente não gozou, então precisava fechar com chave-de-ouro seu jogo de sedução. Queria ainda se tornar inesquecível para ele. Afinal, nunca havia deixado alguém gozar em sua boca. Já tinha se informado sobre isso. Algumas amigas diziam que era bom, muitas diziam que era ruim. Mas estava determinada a fazer aquilo. Hoje é o dia, esse é o momento. Procurou desligar-se do acontecido, crendo que vivera algum tipo de transe. Incorporou novamente a garota safada e aproximou-se obediente. Como se fosse experiente nesta modalidade sexual, tomou-o em suas mãos e o levou à boca. Abocanhava-o gulosamente usando toda a sua boca. Sua intenção era passar-lhe a mesma sensação de como se estivesse em sua boceta. Chupava olhando para ele, deixando-o mais tarado. O pau endureceu mais ainda, e Raísa sentiu a cabeça inchar contra a sua língua. Instintivamente começou a bater uma punheta mais intensa para o gozo sair mais forte, mantendo só a cabeça entre seus lábios. E então, ao som de um urro, sua boca começou a encher de um líquido quente, denso e viscoso. O sabor nunca experimentado de início a fez se arrepiar, mas depois procurou degustar daquele néctar especial sem muito pensar. Procurou não expressar seu espanto para criar a dúvida de que já fizera isso outras vezes, embora não com ele. Seu parceiro desfaleceu à sua frente, deitando-se na cama. – Deixa eu ver – pediu. E então mostrou sua boca cheia de porra com uma cara de quem quer mais. – Não vai engolir? No instante seguinte, já havia sumido pela garganta. – Você é foda, Raísa! “Sim, eu sei!” Sorriu.

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Fim da amostra, mas a histรณria continua com o livro completo de 450 pรกginas...

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Resenha de OBSESSIVOS - A Revelação Final por Heloisa Artoni, proprietária do blog Jardim dos Livros (Maio/2016) “Sexo é o meu objetivo. Amor é a minha perdição.” Neste romance somos apresentados a Gabriel, um rapaz jogador de poker que leva uma vida regrada a sexo. Ele e qualquer outro integrante da Irmandade – uma seita secreta que se utiliza da relação sexual para dominar seu Khi, estabilizar seu plana e fortalecer a sua aura -, e que por isso são considerados “vampiros do sexo”. Não entendeu nada, né? Eu explico... •

Khi é a soma de nossas energias físicas, de onde parte o caráter das pessoas, sua vitalidade e espiritualidade, uma força quase impossível de ser dominada;

Plana é a energia vital que alimenta a alma e;

Aura é a chama que emana do corpo físico e emite nosso estado emocional atua, como paixão, tristeza, fome, etc., variando sua

cor, forma, intensidade e comprimento. Após a iniciação dos membros por um mentor, há a possibilidade de ir se graduando. Gabriel, por exemplo, está no grau 25 e teve como mentora Nina que foi fundadora e está no grau 150. Porém de uma hora pra outra, Gabriel estagnou nesse grau depois de receber de Max (chefe da seita) a profecia de que ele causaria o fim das Irmandades. Com isso, sua vida virou de cabeça pra baixo: passou a ser perseguido e vigiado, as mulheres com quem saía eram investigadas, não participava mais das reuniões da Irmandade, pessoas próximas a ele que o enganam... Mas de acordo com a profecia, Gabriel não faria isso sozinho, ele conheceria uma mulher considerada um Arauto, a qual acabaria por ela mesma com todos os dogmas daquela religião, no dia da Revelação Final. Aí começou meu desespero para saber quem era essa mulher! A cada capítulo mais mulheres iam aparecendo e se envolvendo com Gabriel, e eu tentando desvendar esse mistério, corri com a leitura desse livro que nem vi quando chegou ao final. Não li muitos livros desse gênero, mas não pude compará-lo a nenhum outro. Foi uma leitura totalmente única, porque a ideia foi

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muito boa de misturar religião com sexo, mistério e aventura, e não só ficar focado no sexo. As cenas de sexo, claro, são bem feitas, descritas detalhadamente, o que te faz sentir ou querer estar dentro do quarto com as personagens (Hmm), mas a história não se resumia a isso. Recomendo muito Obsessivos! Para quem gosta do gênero e lê bastante, poder se surpreender com este romance aqui e para quem não lê, ou nunca experimentou ler esse gênero, também! Para começar logo com algo de qualidade.

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