Revista Bossa Nova

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BOSSANOVA

Dezembro de 2014



Sumário

03 12 22

03 Origem 06 Precursores 10 Influências 12 Vinicius de Moraes 14 Tom Jobim 16 João Gilberto 18 Elis Regina 20 Maysa 22 Sucesso Internacional 24 Final do Movimento


Vinicius de Moraes e Tom Jobim Ca. 1954


Origem por Sóstenes Pernambuco Pires Barros

A palavra 'bossa' era um termo da gíria carioca que, no fim dos anos cinqüenta , significava 'jeito', 'maneira', 'modo'. Quando alguém fazia algo de modo diferente, original, de maneira fácil e simples, dizia-se que esse alguém tinha 'bossa'. Se o Ricardo desenhava bem, dizia-se que tinha 'bossa de arquiteto'. Se o Paulo escrevia, redigia bem, tinha 'bossa de jornalista'. E a expressão 'Bossa Nova' surgiu em oposição a tudo o que um grupo de jovens achava superado, velho, arcaico, antigo. Sim, mas o quê era julgado superado e velho, na música popular brasileira? 'Tudo', dizia a mocidade bronzeada de Copacabana. A tristeza e melancolia das letras, a repetição dos ritmos 'abolerados' e dos 'sambas-canção'; era tudo a mesma coisa, não obstante os grandes cantores da época: Nelson Gonçalves, Orlando Silva, Carlos Galhardo. Lindas valsas e serestas? Sim, e daí? Daí é que algo tinha de ser feito.

Diferentes harmonias, poesias mais simples, novos ritmos. - Ritmo é batida, como do relógio, do pulso, do coração- E Bossa Nova é batida diferente do violão, poesia diferente das letras, cantores diferentes dos mestres. A Bossa Nova não seria melhor nem pior. Seria completamente diferente de tudo, mais intimista, mais refinada, mais alegre, otimista. Diferente. Não começou especificamente num lugar, numa rua, num evento, num Festival. A rigor, ela não é nem um gênero musical. É o tratamento que se dá a uma música, em termos de 'batida' e de ritmo. O primeiro grande marco inicial da Bossa Nova aconteceu em primeiro de março de 1958,quando João Gilberto cantou, com a batida de violão diferente, 'Chega de Saudade', posteriormente gravada por Eliseth Cardoso, no disco 'Canção do amor demais'. Em 1956, ninguém falava em Bossa Nova, mas o apartamento onde morava Nara Leão Edifício Palácio Champs Elysée


Tom Jobim Ca. 1980

Tom Jobim O maestro soberano da Música Popular Brasileira por Marcelo ferla

A verdadeira verdade sobre Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim haverá de ser exata quando, ao relatar o anseio original do carioca da Tijuca-de-Ipanema, em vez de lembrar que ele queria ser um arquiteto, afirmar que ele foi o mais brilhante arquiteto das harmonias e melodias brasileiras.

Tom Jobim, que chegou a cursar a Faculdade de Arquitetura propriamente dita, edificou o que veio a ser chamado Música Popular Brasileira, termo vago e generalizante como todo rótulo, mais impreciso quando engloba a obra de um gênio que se notabilizou por descrever em sons o que nem as palavras alcançam - a montanha, o Sol, o mar e outras maravilhas da arquitetura divina. Compositor, maestro, pianista, cantor, arranjador e violonista com participação em mais de 50 discos, ele nasceu em 25 de janeiro de 1927, na Cidade Maravilhosa que tanto descreveu, e morreu em 8 de dezembro de 1994, na Nova York que mordiscou a contragosto, para onde foi porque sua música tinha horizontes tão universais que se tornou indispensável amplificá-la no centro do furacão mundial. Apesar de um dia ter afirmado que “fazer sucesso no Brasil é ofensa pessoal”, por conta das críticas locais ao refinamento de sua obra, igualmente taxada de americanizada, Tom nunca deixou de pensar em feijoada e caipirinha enquanto os


Tom Jobim Ca. 1954


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