Editorial
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ão há como negar, desde 1895 quando os Irmãos Lumière fizeram uma apresentação pública de um produto de seu invento ao qual chamaram Cinematógrafo, era questão de tempo, até este fazer artístico conquistar o mundo e construir uma indústria multibilionária. Hoje 120 anos depois, a experiência única se repete a cada filme que se assiste no cinema. Quer dizer, não existe experiência igual por mais que hoje existam outros meios para se assistir a um filme, nada muda a experiência e diversão de ir com os amigos ou familiares de acompanhar um filme no escurinho ao redor de varias pessoas na mesma empolgação que você.
Expediente Editor Chefe: Thiago Morosi; Editor de Arte: Luis Guilherme Pereira; Repórteres: Lucas Alves, Rodrigo Batista, Anderson Gonçalves, Pedro Augusto, José Gabriel; Fotógrafo: Luis Guilherme Pereira.
Ainda não está convencido que a cada ida ao cinema é uma experiência única? Imagine a cena: Você assiste em uma tela de 28 metros quadrados a clássica cena do Massacre da Serra Elétrica em que o Leatherface chuta a porta de um celeiro, flagra um casal transando e pega a serra elétrica para fatiar os dois. Quando menos se espera, tudo fica escuro por 15 segundos e só se ouve no ambiente o barulho característico da serra elétrica. Volta à luz e Leatherface fatia os dois adolescentes e jorra o sangue na tela. Aposto que quando você leu da primeira vez foi diferente da segunda, com mais detalhes e pausas na leitura a fim de imaginar as cenas. Essa é uma pitada da experiência que acontece ao ir ao cinema. Até shows foram parar nas telas do cinema, amontoando os mesmo números de um estádio, só que com o conforto de uma poltrona. Assim como o cinema, a Luz câmera Ação te oferece uma experiência única a cada sessão.
Diretor do Mês: Quentin Tarantino!
Fonte: Divulgação dos Filmes Luz, Câmera, Ação Julho 2015
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Sumário NESTA EDIÇÃO RESENHAMOS Fizemos algumas resenhas sobre filmes históricos dos anos 70, 80 e 90. Incluímos filmes nacionais e internacionais......14 ALTERNATIVO Confira a matéria que fizemos sobre o cinema voltado pela internet. Quer saber como ele é produzido? Não perca......11 COLUNA Falamos sobre os filmes que não passam pelo cinema. Por que isso acontece? Descubra......39 COLUNISTA CONVIDADO Tivemos como colunista convidado do mês, o jornalista Gabriel Caetano. Ele nos conta sobre os filmes que fazem os homens chorarem e, nos fala porque isso acontece......9 HISTÓRIA Será que a juventude que consome o cinema hoje se compara a dos anos 80? Será que os equipamentos necessários para a visualização dos filmes mudou muito?......32
NETFLIX BRASILEIRA? Desvendamos a "Sétima", que parece a fusão do serviço de streaming da Netflix com o sistema colaborativo do Catarse.me......8 CINE NA PRAÇA Visitamos o "Cine na Praça", alternativa oferecida pelo grupo Kling e, provamos a pipoca, que é gratuita!......35 CINEMAS DE RUA Visitamos alguns cinemas de rua da capital paulistana, e falamos um pouco sobre a história dele. Quer saber como é feita a programaçao do Olido? Veja......37
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CAPA Entrevistamos o Maestro, compositor, diretor musical e Professor da FAAP, Rafael Roso Righini, que nos falou muita coisa sobre as trilhas sonoras no cinema e, como elas são produzidas. Por Lucas Alves ......20
Luz, Câmera, Ação Julho 2015
Por trás das câmeras
Entrevista com o Diretor e Roteirista Julio Mello Por: Thiago Morosi
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ulio Cesar Mello tem 27 anos e formou-se em cinema em 2011. Após sua formação iniciou projetos que antes não passava de um papel com algumas idéias.
Julio já dirigiu o curta metragem, O Homem Superior (2014), O conto de Narciso (2014) e Linguagem Radiofônica (2014). Além dos videoclipes Tralha - (Marco Vilane) - (2012) , Suave na Nave (Banda Mandau) - (2012), E nada mais (Kustom) - (2013). Sua próxima direção está no ambicioso longa metragem, Indefinido (2015). E hoje vamos bater um papo sobre o mundo do Cinema Independente e do Cinema Hollywoodiano. Afinal qual a diferença de ambos? Como coloco meu filme no cinema? O Cinema Brasileiro tem espaço no mercado? Pegue a pipoca e deguste essa entrevista super bacana com esse Diretor Independente e suas visões cinematográficas. Luz, Câmera, Ação: Vamos começar assim como um filme. Além de espectador, como diretor e roteirista de que forma você vê o cinema? Júlio Mello: O cinema para mim é uma maneira de você expressar a arte e sua perspectiva do mundo, de contar historias. Talvez influenciar o mundo mostrando sua visão seja ela fantástica ficcional ou através de uma adaptação. LCA: Qual a maior diferença entre um cinema independente para o cinema mais tradicionalista? Júlio: É uma questão muito simples. É dinheiro! Em Hollywood existe uma indústria cinematográfica funcional, lá existem maneiras e programas que você captar dinheiro. No Cinema independente não existem
Close da claquete do Clipe "Tralha", dirigido por Julio Mello. / Foto: Acervo pessoal
esses recursos, você precisa de recursos próprios ou de terceiros para poder financiar o seu filme. No Brasil nos não temos essa indústria, a gente utiliza de programas de incentivo do governo ou de financiamento colaborativo. Fora isso não existe uma indústria cinematográfica como em Hollywood, Bollywood ou em Ollywood. LCA: Julio é tão difícil assim lançar um filme independente aqui no Brasil como falam?
Júlio: Existe sim! Um meio de você arrecadar dinheiro para a produção é por meio do financiamento coletivo da Catarse.me. Lá você coloca a proposta do seu filme e se a galera quiser ver o seu filme sair do papel eles vão contribuir com algum valor. A melhor maneira de fazer isso é estipular metas para as pessoas irem se empolgando, por exemplo, se você doar R$100,00 você pode fazer uma cena no filme, se você doar R$50.000,00 você vira o Produtor Executivo do Filme.
Júlio: É bem difícil, pois nos precisamos de um dinheiro para produzir o filme. Fora isso o que vai colocar o seu filme no cinema é a distribuição, ou seja você tem que pegar parte desse dinheiro e investir na distribuição, o que não é coisa barata. Aqui no Brasil só existe uma grande produtora que consegue fazer isso que é a Globo Filmes. É bem complicado então colocar o seu filme no Cinemark, por exemplo, é mais fácil você colocar ele em algum cinema de rua.
LCA: Você acredita que a internet é um meio importante para a divulgação e talvez até distribuição dos filmes independentes?
LCA: Ta mais existe algum apoio ou meio para arrecadar dinheiro para a produção desses filmes, ou é cada um por si?
LCA: Existem muitos festivais de Cinema por esse Globo afora. As premiações dadas ou indicadas á filmes
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Júlio: Na verdade eu diria que ela é o grande meio de divulgação. A internet hoje está ajudando tanto que ela chega a competir com grandes produções. Já vi muito cineasta lançando projeto pequeno que ganhou espaço na internet e que posteriormente virou longa metragem.
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Por trás das câmeras
independentes, servem como forma de incentivo para a criação de outros filmes? Júlio: É uma ótima maneira de incentivo e realmente funciona. Por que em muitos festivais você consegue distribuir o seu filme e ganhar uma premiação por ele, e com isso você consegue financiar o seu próximo projeto e assim sucessivamente até algum empatar. Além disso, essas premiações faz com que seu trabalho seja reconhecido que acho que é o grande sonho do profissional dessa área. LCA: Ok Julio, estou cansado de filmes com explosões e CGI, qual a forma mais fácil de encontrar esses filmes que tem algo á mais para me contar? Júlio: Para quem gosta de festivais de cinema lá é um prato cheio para filmes independentes, dificilmente você vai ver algum blockbuster passando por lá.
Na Europa, por exemplo, algum dos principais filmes que irão pros cinemas é porque passaram por lá antes. Como foi o caso do Birdman, passou primeiro no festival, foi reconhecido e foi pros cinemas comuns.
cional aqui País.
LCA: Atualmente você acha que é possível o Brasil ter sua própria indústria do cinema independente?
Júlio: Realmente, eu acredito que isso ocorra sim. Pois geralmente quando você está com algum estúdio existem muitas limitações, como atores, recursos, alguma questão ética que o roteiro aborde.O cinema independente te oferece essa liberdade de fazer você contar a historia que você quer da maneira que você quiser.
Júlio: Acredito que seja possível, mas não será logo. Aqui a coisa ainda ta engatinhando então para ter uma indústria do cinema independente eu acho que vai demorar muito. Depois dessa virada do século o Brasil começou a fazer a sua retomada. Hoje você encontra alguns filmes brasileiros com algumas temáticas mais interessantes do que há alguns anos atrás, porém o que ainda enche as salas são aquelas comedias pastelonas com formato televisivo. Mais quem sabe daqui uma ou duas décadas nos não vamos ter nossa propria indústria fun-
LCA: Muitos diretores optam pelo cinema independente por existir uma liberdade maior na produção. Isso realmente ocorre?
LCA: Em sua opinião qual é a maior característica do filme independente para os demais? Júlio: Eu acho que á vontade! É você realmente querer fazer um filme, é como o Glauber Rocha dizia “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”. É pegar e correr atrás, procurar elenco, equipamento por que se você não fizer ninguém vai fazer por você. LCA: Julio para encerrar nossa entrevista. Você já foi Diretor, cinegrafista, roteirista, produtor e editor, ufa. Para você qual o cargo mais importante e se assim achar qual o menos importante? Júlio: Provavelmente o roteiro seja o mais importante dessas funções. Afinal o cinegrafista tem o Diretor de Fotografia, o Diretor tem o Assistente de Produção para ajudar, e o Roteirista é o cara que trabalha sozinho. Ele é o cara que vai criar o universo do filme e os diálogos que vão dar prosseguimento a historia. E bom, não existe menos importante, é como um sistema cada um tem sua função, desde o diretor ao estagiário que ta pegando a água para o ator. Eu vejo que cada um precisa do outro para fazer o filme realmente acontecer, e que no fim é o desejo de todos ali no set.
Making off da produção "Independente", onde Julio trabalhou como câmera. / Foto: Acervo pessoal
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Por trás das câmeras
A Sétima arte independente migra para o streaming brasileiro Imagine a fusão do sistema Netflix com o crowdfunding de sites de financiamento coletivo, e bum você tem o primeiro site de streaming brasileiro de filmes independentes Por: Thiago Morosi
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oje em dia é tão difícil um filme que não vem de uma grande produtora ou distribuidora ser colocada em tela. Filmes independentes assim chamados vivem as sombras dos blockbusters. São poucos os lugares onde pode se achar esses filmes, eventos de cinema ou o Caixa Belas Artes, por exemplo, são lugares aonde se encontrar tais filmes. Mais ainda limitados tanto como local como em exibição. Pessoas que trabalham com o audiovisual independente sofrem com esse mal. Afinal produzir um curta ou longa metragem e não conseguir distribuir é no mínimo frustrante. Pensando nessa necessidade “independente”, Anderson Martiniano, um programador, Diogo Nunes, graduado em cinema e audiovisual e a Jornalista Taiane Nazaré deram inicio ao que parece a fusão do serviço de streaming da Netflix com o sistema colaborativo do Catarse.me. A Sétima.TV, uma plataforma online que atende tanto o espectador como o realizador cinematográfico. Para eles a finalidade do site é que mais pessoas tenham a oportunidade de ver, a diversidade do audiovisual nacional. “Para alcançar esse objetivo, somos sustentados por três pilares: exibição, formação de platéia e monetização.” argumenta Diogo. Os três amigos, querem ser muito mais do que uma plataforma na internet para exibição de filmes, eles tem o ambicioso trabalho de facilitar o contato dos espectadores com as obras exibidas, a fim de oferecer aos criadores dos filmes receitas que permitam a continuidade da produção. Segundo eles além de baratear os modos de distribuição, a internet também é um dos principais exibidores
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Cartaz de divulgação da iniciativa "Sétima", o Netflix do cinema independente nacional. / Divulgação.
de filmes. “A Sétima é como o Netflix, a diferença é a taxa paga pelo assinante vai se transformar em uma moeda digital que demos o nome de Lúmen”. Em primeira instancia apenas o plano espectador estará habilitado, o que garante R$ 5,00 ou na transição online do site, 10 lúmens aos assinantes. “A diferença entre os planos é a quantidade de moedas ganhas na assinatura” confirma o site. Segundo a página do projeto da Sétima.TV no kickante, a assinatura escolhida pelo usuário irá creditar mensalmente do assinante uma quantidade de Lúmens para distribuir entre os filmes da plataforma. Do total arrecadado de cada filme, serão descontados 12% para cobrir as despesas bancárias, sendo que a maior parte dos recursos vai direto para os realizadores, permitindo que eles desenvolvam outros projetos constantemente. Além de beneficiar os cinéfilos que querem assistir algo fora dos padrões “Hollywoodianos”, o portal ajuda aos criadores de audiovisual a tirarem seus projetos do papel e transforma-los em longas metragens. Os assinantes podem investir, seme-
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lhante ao sistema de crowdfunding do Catarse ou kickante, financiando os cineastas diretamente por seus projetos publicados no site. Para o grupo esse relacionamento entre os realizadores e os espectadores é crucial para que novas pessoas possam conhecer o cinema nacional que não está nos grandes cinemas de shopping.
Os criadores fizeram uma seleção dos filmes que fazem parte do catálogo de estreia do site, “alguns realizadores já estão mandando os filmes para o site e isso é muito bacana, pois mostra que estamos propondo algo que os artistas independentes sentem falta”. Digo complementa dizendo que “em breve, vamos receber filmes de qualquer lugar e aí faremos uma seleção basicamente técnica, para não exibir filmes com algum defeito”. Ainda sem data prevista para o lançamento do site, a Sétima tem funcionado em fase beta somente para convidados, que testarão o desempenho da plataforma, alguns filmes ficarão disponíveis gratuitamente e o restante do catálogo será liberado somente após á assinatura.
Colunista convidado - Gabriel Caetano Prepare os lenços e veja: Os 5 filmes que fazem os homens chorarem! Por: Gabriel Caetano
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ma das melhores maneiras de fazer alguém se emocionar, principalmente as mulheres, é colocando um filminho água com açúcar, aqueles romances bem paupérrimos, como o clássico ‘Love Story’, de Arthur Hiller. Acho que os casos mais recentes de filmes que fazem as menininhas do público irem as lágrimas, foram a tal ‘Saga Crepúsculo’ e há alguns anos atrás ‘Titanic’. Mas e os homens? Quando eles choram indo ao cinema? Às vezes, nós, os homens, deixamos nosso lado “macho” à deriva. Nos esquecemos da cerveja, do futebol e tendemos a ser mais sentimental, principalmente quando o assunto é a amizade, companheirismo e superação. O homem em si precisa de momentos de ternura e mesmo o mais durão dos durões chora. Talvez o caso mais recente foi Velozes e Furiosos 7, já que havia certa comoção pela homenagem a Paul Walkero. Mas além desse sucesso recente, quando os machões assistem aos cinco filmes abaixo, eles dispensam a tarefa de cortar cebola, porque é choro na certa. 1 - Sindicato de Ladrões (On The Waterfront, 1954, EUA) -O expugilista Terry Malloy (Marlon Brando no melhor trabalho de sua carreira) atrai o jovem Joey Doyle até um telhado. Lá, dois capangas do ‘chefão’ do Sindicato, Johnny Friendly (Lee J. Cobb), empurram o Doyle para a morte, pois ele iria delatar os integrantes do Sindicato. Terry, que achava que os rapazes de Friendly apenas dariam uma ‘coça’ em Joey, fica com peso na consciência e no dia seguinte é procurado por dois membros da comissão que apura os
Em resposta a ‘Sindicato de Ladrões’, Miller escreveu ‘Panorama Visto da Ponte’, peça maldita, que também narra a história de um estivador do cais de Nova York acusado de delação. Seria Eddie uma personificação de Kazan? Talvez. Em 1964, Kazan e Miller fazem as pazes e montam na Broadway a polêmica ‘Depois da Queda’. Pôster do icônico "On The Waterfront", onde Marlon Brando teve grande atuação. / Divulgação.
crimes que ocorrem próximo ao cais, mas ele não diz nada. Logo após esses acontecimentos, Terry conhece Edie Doyle (Eva Marie Saint), irmã do falecido, e se apaixona por ela. Após algumas conversas com o Padre Barry (o sempre maravilhoso Karl Malden), Terry fica em dúvida se deve delatar Johnny Friendley e principalmente seu irmão, Charley Malloy (o incrível Rod Steiger), que é o advogado do Sindicato. Sucesso de crítica e público, foi inspirado em um artigo vencedor do Pulitzer. Arthur Miller e Elia Kazan começaram a escrever o roteiro de ‘Sindicato de Ladrões’, mas após Kazan ter delatado companheiros do partido comunista ao Comitê de Investigações de Atividades AntiAmericanas, Miller deixou o projeto e a amizade entre os dois nunca mais foi a mesma. Budd Schulberg reescreveu toda a história. Podemos dizer que o diretor busca por sua redenção e o personagem de Marlon Brando, Terry Malloy, pode ser visto como um alterego do cineasta, ou seja, alguém que procura o perdão, principalmente após se apaixonar por Edie
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Por que faz os homens chorarem? Porque todo homem já sofreu das mesmas dúvidas que Terry Malloy sofre, ou em algum momento da vida já se questionou, como na cena do automóvel, em que Brando diz a famosa frase:- Eu poderia ter sido alguém! 2 - Era Uma Vez Na América (Once Upon A Time In America, 1984, Itália/ EUA) -O testamento de Sergio Leone, talvez o maior cineasta de todos os tempos. A história de amizade entre quatro garotos judeus, pequenos trombadinhas, que crescem e se transformam em mafiosos respeitados. Traições e reviravoltas marcam a história dos amigos e já mais velho, David ‘Noodles” Aaronson (Robert De Niro em uma de suas interpretações mais contidas, sem o seu exagero habitual) retorna ao bairro do Brooklyn e relembra a história de ascensão e queda de seu bando. Era Uma Vez Na América estreou em Cannes em 1984, na sua versão original de 229 minutos, mas a Ladd Company, estúdio responsável pela produção, lançou nos cinemas americanos uma versão de apenas 144 minutos, o que fez o filme ser um
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Colunista convidado - Gabriel Caetano
fracasso de público e crítica. Em 2012 foi lançado da maneira que Leone desejava, com mais de 269 minutos. Há uma história sobre um crítico que escreveu que ao ver a versão editada considerou o filme o pior de 1984. Anos depois, o mesmo sujeito viu ao original e considerou a melhor produção cinematográfica dos anos 80. E realmente ‘Era Uma Vez Na América’ é o que houve de melhor no cinema naquela década e é também um dos melhores filmes de gangsters já produzido, rivalizando diretamente com ‘O Poderoso Chefão’, filme que Sergio Leone não aceitou dirigir e se arrependeu depois. Mas após assistir ‘Era Uma Vez na América’, acho que você o perdoará por essa decisão. Por que faz os homens chorarem? Porque todas as amizades tem altos e baixos e anos depois um bom papo pode resolver tudo, como acontece com ‘Noodles’ e ‘Max’ Bercovicz (James Woods em seu primeiro papel de destaque). Além disso, ninguém na história do cinema nos deu imagens tão poéticas como Sergio Leone, que novamente se aliou a Ennio Morricone e criou um dos maiores épicos de todos os tempos. 3 - Um Sonho de Liberdade ( The Shawshank Redemption, 1994, EUA) - Dramático, delicado e cômico em alguns momentos. Depois de ‘O Poderoso Chefão’, é o filme preferido do público americano. Baseado em um conto curto de Stephen King, tem a direção e o roteiro de Frank Darabont, ná época estreando nas telonas. Andy Dufresne (Tim Robbins) é condenado a prisão perpétua pelo assassinato do sua esposa e é levado a Prisão de Shawshank, apesar de sua inocência. Lá ele faz amizade com Ellis “Red” Redding (Morgan
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desta vez, comprando uma boate e juntando dinheiro para ir com sua namorada para as Bahamas. Mas o crime não sai de sua sombra. O filme marca o reencontro de Al Pacino com o diretor Brian De Palma, 10 anos depois de ‘Scarface’.
Pôster do "The Shawsshank Redemption", filme baseado em um curto conto de Stephen King. / Divulgação.
Por que faz os homens chorarem? ’O Pagamento Final’ é um filme eletrizante e com muita ação, mas em seu decorrer, faz o espectador sentir as mesmas angústias que Carlito Brigante, principalmente em sua cena final.
Freeman), também condenado a prisão perpétua e um dos responsáveis pela ‘muamba’ que chega ao local. Com o passar dos anos Andy vai melhorando as condições de vida dos presidiários e, paralelamente, vai ajudando o Diretor da Penitenciária em seus negócios excusos. Não demora muito para Andy ter sua redenção em Shawshank.
5 - A Última Missão (The Last Detail, EUA, 1973) -Os oficiais da marinha Buddusky (Jack Nicholson treinando para ‘Um Estranho no Ninho’) e Mulhall (Otis Young) são encarregados a levar o marinheiro Meadows (Randy Quaid em início de carreira) para a prisão. Mas antes decidem mostrar alguns prazeres da vida para o jovem
Por quê faz os homens chorarem? Além de retratar a grande amizade de Andy e Red e o drama de outros presos, ‘Um Sonho de Liberdade’ é uma história de redenção e superação, marcada pela persistência de Andy em provar um dia sua inocência e realizar seu sonho de viver em paz, Ao mesmo tempo que busca a paz para si mesmo, ele a oferece para os outros presos. Não vou entregar a história, mas garanto que ao assistir ‘Um Sonho de Liberdade’ vocÊ não vai se segurar.
‘A Última Missão’ possui um ótimo roteiro de Robert Towne, baseado na novela de Darryl Ponicsan. Hal Ashby sempre foi um bom diretor para melodramas com toque de humor e aqui se sai bem novamente. O filme foi indicado para três Oscars, inclusive Melhor Ator para Jack Nicholson e Melhor Ator Coadjuvante para Randy Quaid.
4 - O Pagamento Final (Carlito’s Way, 1993, EUA) - Carlito Brigante (Al Pacino sempre muito bom) é solto da prisão com a ajuda de seu advogado David Kleinfeld (Sean Penn parecendo o Larry de ‘Os Três Patetas”) e pretende andar na linha
Luz, Câmera, Ação Julho 2015
Por que faz os homens chorarem? ‘A Última Missão’ retrata descobertas que todo homem passa, como o sexo, a bebedeira e até mesmo uma boa briga a troco de nada. Mas principalmente o elo formado pelos três personagens principais é algo muito comum nas nossas vidas e às vezes de pequenos conflitos, surgem grandes amizades.
Cine na Rede
Cinema na Web, como ele é feito? Já imaginou uma série sobre Street Fighter? Até mesmo Power Rangers mais violento? Isso é o que acontece no cinema para a internet Por: José Gabriel
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om o avanço das tecnologias digitais fica cada vez mais fácil passar um vídeo para internet e não demorou muito para artistas e diretores perceberem que não apenas vídeos, mas sim filmes de curta metragem podem ser baixados e enviados pela web. Sites como o Youtube estão cada vez mais recebendo e exibindo curtas e até alguns longas metragens que podem ser vistos a qualquer hora por internautas curiosos. James Rolfe, conhecido na internet como Angry Vídeo Game Nerd, lançou ano passado seu longa metragem independente, Angry Video Game Nerd, The Movie, que demorou três anos para ficar pronto. “O youtube tem tanta gente talentosa e mal aproveitada, que não foi difícil achar atores capazes e de boa vontade para fazer o filme.”, disse o nerd. O filme foi feito com inspiração nas web series que James faz semanalmente, onde ele revisa jogos antigos e atua como um nerd raivoso que xinga muito e se irrita com todas as falhas de jogos antigos. Ele diz que não é o único produtor independente na internet, que
Pôster divulgado na internet sobre o lançamento do curta de James Rolfe./ Divulgação
muitos tentam e poucos conseguem realmente lançar o seu filme “É difícil manter um programa na internet, principalmente no youtube, o filme foi bem recebido, graças a Deus, pois eu temia muito os trolls, mas já vinha me preparando para as criticas, que para a minha surpresa, não foram tão ruins.”. James até consegui exibir seu filme em alguns cinemas pequenos em sua cidade, o retorno em dinhei-
Pôster divulgado na internet sobre o lançamento do curta "Street Fighter - Legend of Ansatsuken", onde vemos que a inspiração no game fica clara./ Divulgação
Luz, Câmera, Ação Julho 2015
ro não foi substancial, mas para ele, exibir o seu filme em sua cidade natal para todos os seus amigos e familiares foi o melhor retorno possível. James não é o único a se arriscar na internet, a pagina Machinama Realm conhecida no youtube por suas animações usando jogos, lançou em conjunto com a Warner Bros, um curta metragem sobre o jogo Mortal Kombat, com atores conhecidos e com efeitos visuais muito bons. O curta era uma amostra para os produtores da Warner se interessarem na produção de um filme sobre o jogo. Ano passado a Machinama pegou outra franquia dos jogos de luta e fez uma web series de dez episódios de quinze minutos cada, Street Fighter: Assassin’s Fist, foi um sucesso que gerou mais de um milhão de visualizações, depois a web serie foi condensada e virou um filme. Os donos do site Allen DeBevoise e Phillip DeBevoise ficaram muitos felizes por terem conseguido todo esse sucesso “Foi algo feito por fãs para fãs”, disse a dupla. “Nós gostamos desses jogos e sempre quisermos ver
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Cine na Rede
filmes deles, mas não tínhamos como var a roupa suja. fazer ele acontecer sem a ajuda da Warner e das outras companhias que Com o ator Ryan Kwanten, consagrado na serie True Blood por seu papel nos apoiam.”. como Jason Stackhouse, ele fez um Lançar um filme na web é um jogo di- pequeno curta chamado Venom, The fícil, pois a reação pode gerar muita Truth in Journalism, um curta amnegatividade, fora que não há garan- bicioso onde o anti-herói Venom é tias de sucesso, muito menos de re- mostrado em seu dia a dia com uma torno financeiro, mas isso não impede equipe de filmagem francesa que gosartistas de transformarem suas visões taria de saber a verdade de seu enem realidade. Tentar algo assim é ar- volvimento com o Homem Aranha. riscado e pode não pagar muito em re- O mais recente de seus trabalhos foi torno direto, mas a longo prazo, pode o amado/odiado curta sobre os heróis vir a lançar talentos secretos ou ser infantis Power Rangers, em que eles a casa de rebeldes, que acham que o são colocados em um ângulo mais cinema tradicional anda muito fecha- sombrio, mostrando um futuro onde do para algumas coisas. Adi Shankar, eles perderam a guerra contra o mal diretor consagrado de longas metra- e foram traídos por um deles. O filgens hollywoodianos, como Dreed me gerou polemica com a produtora e o Homem da Mafia, lançou na sua dona da marca, a Saban, que não quepagina do youtube alguns curtas po- ria seu produto associado a um curta lêmicos. Com o próprio ator do filme tão violento e sombrio como aquele. Justiceiro, Thomas James, ele fez um Adi afirma que no youtube faz apenas curta com o personagem chamado o que gosta, mas em sua própria visão. Punisher, Dirty Daundry , que foi um sucesso quando lançado, mostrando o A internet está virando para os produdurão Frank Castle é em um dia de la- tores de Hollywood algo muito pro-
missor, é um lugar para eles caçarem novos talentos e testarem conceitos que talvez eles não achem que vai dar muito lucro, sendo usado apenas para ver a reação do povo mas, também é uma oportunidade para aqueles que não querem se associar a nenhuma grande produtora e tem o sonho de um dia ver sua visão realizada em seus próprios termos, sem comprometer a obra original. Nenhum deles acha que ficou mais fácil produzir um filme, independente ou não, mas com sites como o Youtube, ficou mais fácil a divulgação das obras. Algo também inesperado é a ajuda dos fãs, antes passivos perante a obra, muitos agora ajudam na produção com dinheiro, ideias e críticas, mas apenas as construtivas são validas. Todos os entrevistados concordam que o apoio dos fãs é algo inestimável, principalmente na internet, onde sem o apoio dos fãs, algumas dessas obras seriam impossíveis.
Cena do curta "Punisher Dirty Laundry" que foi um sucesso quando lançado, mostrando o durão Frank Castle é em um dia de lavar a roupa suja. / Divulgação autorizada pelo diretor do curta
Luz, Câmera, Ação Julho 2015
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Resenhas
Anos 70 bandidos surpreendem eles, os transformam em reféns, e abusam sexualmente de Elita. Ao ouvir os gritos de sua amada, Bennie consegue acabar com os bandidos, porém percebe que foi tarde demais, vendo Elita morta pela dupla. Mesmo com a morte dela, ele seguiu com as buscas por Alfredo, já que almejava o grande prêmio. Achando a cabeça dele, ele parte de volta para a Cidade do México, para Pôster do filme "Bring me The Head of Alfredo Garcia". / Divulgação
receber sua recompensa. A obra é atualmente considerada como um filme “cult”, onde muito se admira da
Bring me the Head of Alfredo Garcia
coragem de Peckinpah em realizá-lo.
(1974) Tragam-me a cabeça de Alfredo Garcia é um filme méxico-estadunidense do gênero ação em estilo de humor negro, dirigido por Sam Peckinpah. O filme mostra um milionário fazendeiro, cuja alcunha é “The Jefe”, que ao descobrir que sua filha tinha sido abandonada grávida por um aventureiro (Alfredo Garcia), oferece 1 milhão de dólares para quem o trouxesse sua cabeça. Em uma das buscas dos assassinos de Jefe, eles encontram um pianista chamado Bennie (Warren Oates), que sabe do paradeiro de Alfre-
Pôster do filme "Dona Flor e seus dois maridos". / Divulgação
do. Ao saber da grande recompensa,
Dona Flor e seus dois Maridos (1976)
Bennie parte com Elita (Isela Vega),
Não é de hoje que o cinema brasileiro aposta em filmes de humor com pitadas de sensualidade. No ano de 1976, Bruno Barreto dirigiu o longa Dona flor e seus dois Maridos, que se tornou um dos marcos do cinema brasileiro na época. O filme se
sua dupla, que sabia do paradeiro de Garcia. Nas incursões da dupla pelo interior do México, Bennie se casa com Elita, a quem sempre amou mas, em uma das paradas pela estrada, dois
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passa durante o carnaval de 1943 na Bahia, a sedutora professora de culinária em Salvador Dona Flor (Sônia Braga), é casada com o malandro Vadinho (José Wilker), um mulherengo que só quer saber de farras e jogatina nas boates da cidade, morre repentinamente e sua mulher, deixando sua mulher então viúva e inconsolável. Porém após algum tempo ela se casa com Teodoro Madureira (Mauro Mendonça), um farmacêutico que é exatamente o oposto do primeiro marido. Esse novo casamento, passa a ser estável e tranquilo, porém tedioso. O que faz com que Dona Flor sinta saudades do antigo marido que apesar dos defeitos era um ótimo amante acaba causando o retorno dele em espírito, que só ela vê. Isso deixa a mulher em dúvida sobre o que fazer com os dois maridos que passam a dividir sua cama. Os personagens são caricaturados, as cenas são bem exploradas em suas tomadas, deixando o clima criado em perfeito estado. Como a maior parte dos filmes da sua época, existem cenas de sexo, mas estão perfeitamente inseridas no contexto. A cena final do trio descendo a ladeira depois da missa, ao som de “O que será que me dá”, é marcando para o cinema brasileiro. A fotografia e sonoridade trabalham juntas e contribuem bastante para o andar do filme, o que mostra que todos os fatores se unem em harmonia perfeita: atuações magistrais, fotografia, timing, trilha sonora, romance e as pitadas de humor. O filme foi recordista por 34 anos entre o publico brasileiro, levando mais de 10 milhões de espectadores aos cinemas sendo somente ultrapassado em 2010 por Tropa de Elite 2. Foi refilmado nos Estados Unidos como Meu Adorável Fantasma, em 1982.
Resenhas Anos 80 Um ótimo final pra uma saga, onde é possível ver o renascimento de Anakin Skywalker como um personagem mais maduro e centrado no seu objetivo. Além dos ótimos efeitos especiais e das cenas de ação de tirar o fôlego, o filme traz a espetacular trilha sonora de John Williams, que é um dos pontos altos da obra.
Pixote – A Lei do Mais Fraco (1981)
policial presente no reformatório. Isso faz com que o trio continue na criminalidade como forma de sobreviver na grande metrópole. Grande parte dos atores do longa eram desconhecidos até o momento e foram selecionados para os papéis conforme a sua história real de vida se encaixava com a dos personagens, o que torna o filme uma obra triste, fria, densa e para ser lembrado por gerações.
Pixote – A Lei do Mais Fraco pode ser considerado como um dos maiores Pôster do filme "Star Wars - VI - The marcos do cinema nacional. A história Return of The Jedi"./ Divulgação gira em torno do personagem título, interpretado por Fernando Ramos da Star Wars – O Retorno do Silva, um garoto que nunca conheceu Jedi (1983) os pais e vive nas ruas de São Paulo. Muitas achavam que com a chegada de O Retorno do Jedi o universo de Star Wars teria um fim. Não foi bem o que aconteceu, com chegada de uma nova trilogia no início do ano 2000 e outra que vai se estender até 2020. Mas o episódio VI da cronologia da série é simplesmente um dos melhores filmes de todos os tempos.
Durante uma apreensão de menores infratores suspeitos pelo latrocínio de uma figura importante da sociedade, ele vai parar na antiga FEBEM onde, depois de um tempo, consegue fugir com Dito (Gilberto Moura) e Lilica (Jorge Julião), um homossexual que estimula a fuga após seu companheiro ser assassinado em meio à corrupção
Luz, Câmera, Ação Julho 2015
Pôster do filme "Pixote - A Lei do Mais Fraco"./ Divulgação
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Resenhas
Anos 90
Pôster do filme "O Sexto Sentido"./ Divulgação
O sexto sentido (1999) Cole Sear (Haley Joel Osment) é um garoto diferente de todos os outros. Clinicamente, não apresenta problema algum. Mas, ao limitados olhos humanos, ele é uma criança doente que precisa de tratamento psiquiátrico. Lynn Sear (Toni Collette), mãe de Cole, se desespera com as visões que o filho diz ter e contrata um Dr. Malcolm Crowe ( Bruce Willis) para cuidar da suposta doença do filho. O sexto sentido foi uma das mais sensacionais obras do cinema - abordando o tema paranormalidade, que eu, particularmente, prefiro chamar de vidência. Um filme extraordinário que envolve seus espectadores do início ao fim sem que eles percebam o que realmente acontece na trama. Um assunto que sempre gera polêmica, discórdia e constantes confrontos
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religiosos pela dificuldade das pessoas em aceitar que há vida após a
to Revolucionário Oito de Outubro, MR8.
morte.
Ainda em 1969, o MR-8 intensificou sua luta seqüestrando Elbrick, embaixador dos Estados Unidos da América. Em troca, exigiram a libertação de quinze presos políticos e a publicação de um manifesto na imprensa e quebra de sigilo imposto pelo governo.
Dificuldade que é visível no desespero da mãe de Cole. No próprio psiquiatra, que acompanha o menino durante toda história sem perceber que não mais habitava o mundo dos vivos, mostrando a barreira que existe na mente humana em relação ao fato de ter passado da vida material para a vida espiritual. Ao assistir – O sexto sentido ficamos com a sensação de que nunca estamos sós, e que estamos sendo observados a todo tempo por espíritos que habitam uma outra dimensão e são imperceptíveis aos nossos olhos. Uma produção que hoje, sem nenhum exagero, pode ser considerada como um dos maiores clássicos de suspense dos anos 90. Nota 10 em todos os
Deixando clara a importância desse grupo ao Brasil, eles lutaram para mudar o país colocando suas vidas em risco, se não fosse por esses revolucionários, talvez a censura declarada ainda comandasse os jornais e telejornais, escondendo diversos fatos políticos de toda população. Contando no elenco com vários atores de destaque na mídia nacional, como Pedro Cardoso, Fernanda Torres, Luís Fernando Guimarães e talentosa Fernanda Montenegro, que com atuações honrosas, fazem o telespectador se emocionar e se posicionar pela causa dos explorados e excluídos pelo bárbaro capitalismo.
aspectos.
O que é isso companheiro? (1997) O filme “O que é isso companheiro?”, toca num assunto bem confuso e controverso, a ditadura. Dirigido por Bruno Barreto e baseado no livro escrito por Fernando Gabeira em 1979, o filme que conta o lado negativo da ditadura, já que existem pessoas que pensam ter algum lado positivo nisso. A história é iniciada com três amigos no ano de 1968, um iniciando uma carreira artística e os outros dois na luta armada, depois se juntam aos revolucionários e criam o Movimen-
Luz, Câmera, Ação Julho 2015
Pôster do filme "O Que companheiro?"./ Divulgação
é
isso
Perfil - Samuel de Castro Das Oficinas de teatro para os cinemas do Brasil Desde a adolescência fazendo teatro, Samuel de Castro começou na atuação e hoje tem certo sucesso nos bastidores de grandes filmes Por: Rodrigo Batista
E
m 2004 a Gullane Filmes foi a Santos fazer um teste para o elenco do longa Querô, dirigido pelo diretor Carlos Cortez, na época Samuel de Castro já fazia teatro e passou pelos testes realizados com mais de 1200 adolescentes. Em 2005 vieram outros testes para 200 selecionados, onde só 40 dos jovens entrariam para uma oficina, que mais tarde, depois da filmagens juntamente com a UNICEF, se chamaria Oficina Querô ( a parceria criou o Instituto Querô, um projeto social realizado na Baixada Santista, que capacita anualmente 40 jovens de 14 a 18 anos sendo em cursos de cinema e empreendedorismo). Depois de dois meses na oficina, os adolescentes já preparados, formavam o elenco para o filme, inclusive o protagonista Maxwell Nascimento.
Com a participação no longa, Samuel despertou todo um interesse maior do que só atuar, juntamente com o diretor Carlos Cortez e o colega de atuação Eduardo Bezerra, criaram e dirigiram o documentário Eu fiz Querô mostrando todo o processo de preparação e captação de imagem do longa. Samuel acredita que é do cinema independente que saem os melhores filmes e projetos, primeiramente pela paixão, não só pensando no lucro e sim pela vontade de contar uma história nova e por mais absurda que seja essa história, feita com esse carinho ela acaba fazendo a diferença para quem assista. Atualmente trabalha como produtor de locação para cinema e publicidade,
é o responsável para encontrar lugares onde realizam as filmagens e correr atrás de toda parte burocrática para autorização dos filmes. Produziu e atuou em mais de 100 campanhas publicitárias para diversas marcas, como Nike, Panasonic, Honda, Itaú, Ford. Trabalhou também na produção do longa O Magnata e algumas diárias nos longas, como Lula: o filho do Brasil, Bandido da Luz Vermelha, Dois Coelhos e algumas mini séries. Atuou e trabalhou com diversos famosos, destacando Pelé, Neymar, Ronaldo, Fernando Alonso, Paola Oliveira, Maria Fernanda Candido. Vários diretores, mas dois ele gosta de frisar e comentar suas importâncias.
Turma da Oficina Querô 2005 - Samuel de Castro e Maxwell Nascimento participaram. / Acervo pessoal disponibilizado pelo ator
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Luz, Câmera, Ação Julho 2015
Perfil - Samuel de Castro
O Carlos Cortez que foi seu mentor no cinema dirigindo o filme Querô, elogiando sua sensibilidade e o Fernando Meirelles, transmitia segurança para a equipe no set sem perder sua educação e simplicidade. Profissional Começou sua carreira como ator no filme Querô lançado em 2007, participou de um episódio na série Antonia, dirigiu um curta documentário falando sobre os prédios tortos de Santos e dirigiu um curta de ficção. Hoje além de trabalhar com produção, está investindo em outro ramo de atuação, já que pretende se dedicar ao cinema somente para projetos pessoais ou de amigos. Acha que na publicidade o volume de trabalho é maior, mesmo sabendo que fica recluso a trabalhar em algo de bom conteúdo. Para Samuel, cinema tem que ser diversão e não uma obrigação por filmes encomendados.
Samuel de Castro trabalhando na produção do filme Querô./ Acervo pessoal disponibilizado pelo ator
caçula em uma família simples com cinco filhos.
Pessoal
Já aos 12 anos começou a trabalhar em um lava rápido, cuidou de carros em um estacionamento, também trabalhou em uma padaria para conseguir dinheiro para comprar o lanche na escola ou até mesmo uma roupa nova. Menino que curtia fazer uma palhaçada e sempre muito participativo em sua escola, nunca foi chefe de classe, porque bagunçava muito.
Nascido em 1985 na cidade de Santos, “Samuka” como é conhecido, é o
Ele adora viajar e conhecer novas pessoas, novas culturas e costumes,
Luz, Câmera, Ação Julho 2015
se sente muito bem quando o faz, sente uma transformação pessoal. Ainda segue querendo aprimorar cada vez mais a produção de cinema, fomentar o audiovisual em áreas mais carentes e levar o cinema para todos os cantos do país. Mesmo sem muito tempo para assistir, até pelos trabalhos e viagens, Samuel gosta de todos os tipos de filmes, desde grandes sucessos de bilheteria como Homem-Aranha aos filmes cults brasileiros como o Viajo Porque Preciso,Volto Porque Te Amo.
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Quando o som define - Trilhas Sonoras Entrevista - “Falando com quem entende” Por: Lucas Alves Fotos: Luis Guilherme Pereira
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ifícil falar sobre trilhas sonoras sem saber a opinião de alguém que realmente entenda do assunto. Sendo assim, fomos atrás do Maestro, compositor, diretor musical e Professor da FAAP, Rafael Righini.
Rafael Roso Righini nasceu no dia 1º de junho de ١٩٦٥ e, mesmo que o interesse por música venha de família, procurou se tornar cada vez mais profissional no assunto. O Maestro é Bacharel em Composição e Regência pela Unicamp e em Música pela Faculdade Santa Marcelina, Mestre em Artes pela Escola de Comunicações e Arte da USP e, Doutor em Comunicações pela mesma, sem falar nos 3 anos que fez de aperfeiçoamento em Composição, Orquestração, Arranjo e Regência no Conservatoire de Musique de Genéve, na Suíça. Além disso, coleciona diversas obras, como quando foi diretor musical do espetáculo “O Mágico de Oz”. Atualmente, Righini trabalha com o Chorus Brasil, um quinteto que apresenta o melhor da música nacional e internacional e que venceu o Prêmio Magnífico 2014 como Melhor Grupo Musical. Luz, Câmera, Ação: Quando começou a sua relação com a música? Rafael Righini: Na minha casa, nós
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tivemos uma ligação coma música desde que a gente nasceu. Afinal, o meu pai era cantor de ópera do Teatro Municipal de São Paulo e minha mãe, mesmo não tendo seguido a vida musical profissionalmente, sempre tocou violão, piano ou teclado. Por conta dela, que estudou Artes Plásticas, eu e meus irmãos sempre gostamos de pintar, desenhar e visitar museus, enquanto que pelo lado do meu pai, freqüentávamos bastante o teatro e os ensaios das obras. Além disso, quando pequeno, eu comecei a aprender a tocar violão, o meu irmão o piano e a minha irmã aprendeu o Ballet, e mais pra frente, cada um começou a se interessar também por outros instrumentos. LCA: Quais foram os seus trabalhos mais importantes?
Luz, Câmera, Ação Julho 2015
RR: Existiram várias etapas na minha carreira, vários primeiros trabalhos. Como violonista clássico, quando ainda era novo, me preparava para participar de recitais na escola, mas fui me profissionalizando e comecei a dar concertos pelas cidades do estado de São Paulo. Depois disso, fui convidado para fazer parte de um grupo chamado Camerata Violonística, onde inclusive ganhamos um troféu APCA (Prêmio dado pela Associação Paulista de Críticos de Arte), o que me fez amadurecer ao trabalhar em conjunto. Também fui convidado para cuidar da trilha sonora de um documentário chamado Amazônia, que foi produzido pela SBJ Produções e que mandei como portfólio para Suíça, onde fui aceito para o meu aprimoramento em regência.
Quando o som define - Trilhas Sonoras
Já na virada do ano 2000, quando voltei para o Brasil, comecei a entrar no mundo dos musicais. Devido a minha formação, eu ia seguir o caminho da ópera, mas como gosto de rock como Beatles, Elvis e Led Zeppelin, procurei por algo que juntasse as duas linguagens, então surgiu o convite para ser Produtor Musical da peça O Beijo da Mulher Aranha e graças a ela fui chamado para ser Maestro e Selecionador de Elenco do Les Miserables. A partir desse momento, minha carreira no teatro decolou, que foi quando fiz O Mágico de Oz, uma peça que ganhou vários prêmio, sendo que eu mesmo levei o de Melhor Regência, Melhor Diretor Musical, ganhei o Prêmio Magnífico, Ary Barroso, Prêmio Qualidade Brasil e muitos outros.
pelo período Barroco, eu gosto muita da “música de bar”, que foi considerada um divisor de águas na história da música. Já partindo para o Romantismo, tenho bastante apreço por Mozart. Não só pela primeira fase, aquela coisa mais jovem do Primeira Serenata Noturna, mas também daquela fase mais densa, da fase final, onde gosto da Ópera da Flauta Mágica e do Réquiem, pois mesmo tendo vivido pouco, ele amadureceu muito. Então imagina se ele tivesse vivo pelo menos até os 70, 80 anos. Gosto muito de Beethoven, sobretudo das sinfonias impares, em especial a Número 3, a Sétima e a Nona. Por influência do meu pai, gosto bastan-
te do Italiano (Giuseppe) Verdi e de (Richard) Wagner, porque a obra dele é fundamental para a trilha sonora de cinema, então eu estudei bastante a obra de Wagner, como a abertura de Tristão e Isolda. Eu tenho muita paixão pela música de (Gustav) Mahler, pois acredito que ele transmite uma densidade de sentimento muito grande.Já no Brasil, tenho grande admiração por Villa-Lobos, sendo que quando você toca algo dele no exterior, as pessoas já te reconhecem como Brasileiro e não conseguem tocar da mesma maneira. Você pode pedir para um Burt Bacharach, que é um pianista incrível, tocar Jazz e ele faz muito bem, mas quando é pra tocar Bossa Nova, é totalmente difenrente de alguém nascido no Brasil.
Segui com outros clássicos como Pinóquio, A Bela e a Fera e foi nesse “meio tempo” que conheci e me tornei amigo do Mauricio de Souza. Ele me pediu para compor um musical e fiz o da Mônica, chamado Mônica no Mundo Azul, que fazia parte do parque temático da personagem. Por último, surgiu a oportunidade de cuidado do especial de 50 anos da TV Record, que depois abriu diversos outros trabalhos voltados para cinema e televisão. LCA: Quais são os seus compositores favoritos? RR: Eu tenho vários, mas vou separar por importância. Se fosse começar
Luz, Câmera, Ação Julho 2015
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Quando o som define - Trilhas Sonoras
Também teve o caso do E.T – O Extraterrestre, que foi um divisor de águas, da maneira que a história é contada e a trilha sonora muito bem trabalhada por John Williams. É curioso porque muitas vezes eu gosto de um filme não só pelo diretor, mas por conta do compositor, assim como ocorreu com a nova trilogia do Batman, após a entrada de Christopher Nolan e com a trilha de Hanz Zimmer. Eu gosto bastante das séries e uma que religiosamente acompanhei foi
Já no caso dos autores de cinema, adoro o John Williams, John Barry, Bernard Hermann, que é incrível, pois cuidou da obra de Hitchcock e foi um casamento perfeito. A música erudita não se escuta atualmente só nos concertos, mas também no cinema e na televisão. LCA: Fora do Brasil, as trilhas so-
Agora o cinema nacional começou a seguir um caminho interessante com autores como André Abujamra, Antonio Pinto, que tem uma carreira muito valorizada nos Estados Unidos e, modéstia parte, eu e meu irmão, Ricardo Righini, que trabalhamos em filmes como Os Contos de Ligia e Entre Lençóis.
noras instrumentais são mais vendidas. Qual seria o motivo disso?
LCA: Quais são os seus filmes preferidos?
RR: O Brasil ainda está formando uma indústria, enquanto que a americana já existe há mais de um século, então tivemos altos e baixos. Tivemos a época da Cinédia, das Chanchadas e depois veio o hiato com o Governo Collor, em 1989, quando não se produziu absolutamente nada, seguido pelo cinema da retomada, onde começa a reconstrução da cinematografia Brasileira.
RR: Também são muitos, mas o meu de cabeceira, talvez pela minha origem italiana é O Poderoso Chefão, apesar de não termos nenhum mafioso na família (Risos). Digo isso pelo fato da viagem, de todos esses italianos que vieram de navio para outros países no final do século XIX. Além disso, gosto muito do filme do Hitchcock e passo muito para meus alunos analisarem a trilha sonora, como o caso do Psicose.
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24 Horas, que a música é feita Michael Giacchino e achei sensacional, pois muito do sucesso dela, se dá pela trilha, tanto que já estou revendo pela terceira vez (Risos). Toda a tensão que sofre o personagem principal, Jack Bauer, está condensada na música, nos arranjos escolhidos, sendo que você consegue entender toda a série de nove temporadas através da música. O mesmo acontece com a introdução de trompete composta por Nino Rota para O Poderoso Chefão, sendo que se você entender aquilo, já vai compreender também todos os três filmes. LCA: No caso do Giacchino, ele vai cuidar da trilha sonora do novo Jurassic Park. Você acha que ele consegue manter a essência de uma trilha que ficou tanto tempo na mão de John Williams? RR: Que legal. Eu realmente não sabia dessa. Mas acredito que sim, pois existe todo um cuidado para prestar
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uma homenagem, como o caso de Missão Impossível, onde existe o tema original da série, que foi passado para os filmes sem perder seu significado. LCA: Saindo um pouco do cinema, como é feita a composição de um Jingle para comercial a ponto de ele ficar guardado por bastante tempo na memória? RR: Isso faz parte de algo existente da ópera chamado “Tema Identificador”, que vários autores já usavam, mas quem trabalhou nisso com exaustão foi Wagner, onde uma música desenvolve de tal maneira que, mesmo se o personagem não estiver em cena, ele é identificado. Apesar de ser uma expressão forte, a música é praticamente uma ferramenta de manipulação psicológica, como os Jingles dos candidatos pplíticos ou o “Plim Plim” da o caso do severo Eleazar de CarvaRede Globo. lho. Mas isso criava uma relação de LCA: E para encerrar professor, amor e ódio, porque mesmo odiandos concorrentes a Melhor Filme do, os músicos criavam admiração no Oscar deste ano, Whiplash – Em e aquele comportamento fazia com Busca da Perfeição, mostra a histó- que a orquestra tivesse uma maneira ria de um aluno que tenta se tronar própria de tocar e fosse reconhecida o melhor no que faz e um professor mundialmente. Atualmente, existe um que quer o mesmo dos alunos, mas ideal de parceria, onde um precisa do usando métodos pouco ortodoxos. outro para que todo aquele conjunto Na vida real, existe uma tensão pa- funcione perfeitamente. Eu venho do recida nas orquestras? aprendizado “Tirano”, mas com tantas mudanças, já faço parte de outro penRR: Sim, mas hoje esse conceito está samento, entendendo cada uma das passando por uma mudança. Existia pessoas como meus parceiros e não a figura do “Maestro Tirano”, como como meus comandados. Eu nunca os casos de Arturo Toscanini, Herfui simpático com esse ideal. bert Von Karajan e aqui no Brasil,
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Fique Ligado!! Rafael Righini tem um incrível trabalho chamado “A Trilha Sonora da Telenovela Brasileira”, da Editora Paulinas e vai mesclar a vida de aulas na FAAP com um Pós-Doutorado na Unesp sobre o Teatro Musical no Brasil e as apresentações do Chorus Brasil, que já passou por diversas cidades de são Paulo neste ano e prepara novidades para o segundo semestre. Além disso, Righini classificou no ministério da cultura a adaptação musical de Mogli, que deve chegar aos palcos em breve.
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A Trilha sonora no Cinema Sabe por que ela é chamada de trilha sonora? Sabe quais são as que mais fazem sucesso? As mais marcantes? Confira Por: Lucas Alves
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cinema atual é um apanhado
da evolução de diversos aspectos dessa antiga arte, sejam os efeitos práticos ou especiais, atores ou uma “simples” montagem fotográfica. Mas uma coisa é certa: Por mais que também tenha passado por mudanças, a trilha sonora jamais perdeu a sua essência ou importância. Define-se por trilha sonora todo o conjunto de sons de um filme, incluindo além da música, os efeitos sonoros e os diálogos. Não é necessário que ela possua apenas músicas originais, criada de propósito para o filme, podendo conter canções anteriores ao filme, como o caso de obras bem sucedidas como as trilhas de “Pulp Fiction – Tempo de Violência” com o cover de “Girl, You’ll Be a Woman Soon” feito pela banda Urge Overkill, ou com “Trainspotting – Sem Limites” e a canção “Lust of Life”, interpretada por Iggy Pop. Mas as trilha sonoras instrumentais ainda fazem sucesso e continua marcando filmes e personagens. Quem consegue esquecer os clássicos feitos por John Williasms, que já foi indicado incríveis 49 vezes ao Oscar pelas mais variadas composições, como as músicas de “Jurassic Park”, “Star Wars”, “A Lista de Schindler”, Harry
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John Williams em ação durante show de comemoração dos seus 80 anos / Divulgação Potter e o Prisioneiro de Azkaban” e “Tubarão”? Dentre os nomes mais recentes nessa vertente do cinema, além de Williams, encontram-se Alexandre Desplat, que venceu o Oscar de Melhor Trilha Original deste ano com o filme “O Grande Hotel Budapeste, o alemão Hanz Zimmer, que cuidou da de todas as músicas presentes na clássica animação “O Rei Leão”, e até mesmo de nomes mais recentes na indústria, como Michael Giacchino, que tem uma carreira já recheada de prêmios como um Emmy, três Grammys, um BAFTA, um Globo de Ouro e um Oscar. O mais comum, e que acontece na
Luz, Câmera, Ação Julho 2015
maioria dos filme, é que a trilha sonora seja gravada após o filme terminar suas filmagens, mas um caso curiosos e que chamou bastante atenção foi o do filme “Guardiões da Galáxia”. O compositor Tyler Bates gravou todas as músicas antes mesmo de o filme iniciar o processo de filmagem. Dessa maneira, o diretor do longa, James Gunn colocou todas as músicas durante as cenas para que os atores se familiarizassem. Não deu outra. A trilha foi elogiada pela crítica e, além disso, foi lançado junto ao filme um álbum com sucessos contidos na fita cassete do protagonista Peter Quill, como “Hooked
Quando o som define - Trilhas Sonoras
on a Feeling”, do grupo Blue Swede, “Moonage Daydream”, de David Bowie e a famosa “I Want You Back”, do Jackson 5. A trilha sonora do filme ficou semanas na lista de mais vendidos de vários países, além de ter recebido certificados de desempenho de
A Melhor do Mês – “Mad Max – Estrada da Fúria”
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ara aqueles que não eram fãs, As faixas iniciais, como Escape a expectativa inicial para o e Blood Bag constroem perfeita-
filme Mad Max – Estrada da Fú- mente todo o clima caótico que ria não era das maiores. Com um aparece pelo resto do filme, sem ano recheado de longas baseados falar na perfeita Storm is Coming, Isso não só prova que as trilha sonoras em filmes de super-heróis ou con- que torna a cena em que é tocada ainda são um dos pontos mais fortes tinuações de clássicos, a reinven- (Sem spoilers) uma das mais perda indústria cinematográfica, como ção do filme de Geroge Miller, feitas e incríveis vistas nesse ano vendas nos Estados Unidos, Austrália e Canadá.
prova também que o futuro ainda nos guarda espetaculares surpresas para o gênero.
anteriormente estrelado por Mel Gibson, não chamou a atenção do grande público. Mas a partir de seu segundo trailer, algo falou mais alto. Bem mais alto. A trilha sonora criada pelo DJ holandês Tom Holkenborg (300 – A Ascensão de um Império), conhecido como Junkie XL foi apresentada pela primeira vez e mostrou que, apenas com a música, era possível perceber toda a loucura presente naquela histórica pós-apocalíptica.
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até o momento. A trilha sonora de Mad Max – Estrada da Fúria já está disponível nas lojas online e vale a pena ser conferida antes do filme, que também vale cada centavo gasto com o ingresso, pipoca, refrigerante e 3D (Sim, a tecnologia considerada irritante por muitos funciona perfeitamente na obra e, se possível, veja o filme em uma sala IMAX ou XD).
Coluna - Filmes que passam mensagens para os espectadores
Mas as coisas começam a mudar para Ian quando ele tem um sonho que revela exatamente como será o dia seguinte de sua vida. Quando amanhece o dia, tudo passa a acontecer como no sonho que havia tido na noite anterior.
Passageiros - 2008
Ian perderia a namorada que morreria no final do dia vítima de um acidente provocado por uma batida de um carro no Taxi no qual ela a Ian estavam. Antes que o dia termine nos faz refletir sobre como estamos nos comportando diante da pessoa que escolhemos para estar ao nosso lado. Será que não temos um pouco de Ian dentro de cada um de nós? O que é prioridade na nossa vida, o amor ou o dinheiro? O que será preciso acontecer para acordarmos e revermos nossa maneira de ser e de agir diante da pessoa que amamos? Reflitamos.
Pôster do filme "Passageiros", onde Anne Hathaway é a protagonista./ Divulgação
Um jogo de ideias sensacional e surpreendente marcam o filme Passageiros. Um longa totalmente voltado para a doutrina espírita – apesar de não abordá-la diretamente tem um final espetacular e revelador. Uma terapeuta Claire Summers ( Anne Hathaway) é contratada para cuidar dos sobreviventes de um terrível acidente aéreo. Até aí, o filme caminha normalmente sem nenhuma grande surpresa. O desfecho do longa, quando Claire descobre que também estava no avião que caiu e que ela e todos os outros estavam mortos, é algo incrível e uma grande sacada do diretor argentino Rodrigo Garcia. Passageiros nos faz refletir mais uma vez sobre um polêmico e discutido assunto: vida após a morte. Nos traz questionamentos e dúvidas sobre a real possibilidade de haver uma vida depois dessa, e até mesmo do encontro com entes queridos que já se foram e que, supostamente, nos receberão no momento de nossa partida afim de nos ajudar na temida e inevitável passagem.
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Coluna - Filmes que passam mensagens para os espectadores
Transcedendo as barreiras da arte e do entretenimento Por: Anderson Gonçalves
que mais prende a sua atenção quando você assiste um filme? Os efeitos especiais? Os atores? A história? A trilha sonora? Enfim, uma infinidade de atrativos nos mantém vidrados e estáticos na frente da tela.
O
pelar as etapas da vida em busca de nossos objetivos. Não há como mudar a ordem dos acontecimentos. Existem coisas muito mais importantes na vida do que sucesso profissional e dinheiro.
Mas existe um fator primordial presente em algumas obras cinematográficas que muitas vezes passam despercebidos pela maioria das pes-
Antes que o dia termine - 2002 Ian (Paul Nicholls) é um jovem que vive ٢٤ horas focado no trabalho. Tem ao seu lado a linda e dedicada Samantha (Jennifer Love Hewitt), que vive intensamente para o namorado.
soas: o quanto estas produções podem acrescentar e ter influência nas nossas vidas. Filmes não são simplesmente produtos audiovisuais e culturais com a finalidade de nos entreter. Eles podem ter a solução, entre uma cena e outra, para problemas que ainda não conseguimos resolver. Basta prestarmos mais atenção. Estou querendo dizer que todos possuem algo relevante a nos transmitir? Claro que não. Eu diria que poucos têm. A maioria traz consigo propostas que só visam bater recordes de bilheteria e entrar para o hall da fama. E para desvendar de maneira mais clara para que você, caro leitor, possa entender o que estamos querendo explorar nesta edição, separarei alguns longas que nos transmitem algo importante e que podemos levar para o nosso dia-a-dia como lição.
Pôster do filme "Click", onde Adam Sandler é o protagonista./ Divulgação
Click - 2006 Quando Michael (Adam Sandler) resolve acelerar a sua vida por meio de um controle remoto que tinha o poder de levá-lo para o futuro num simples “click”, ele consegue chegar ao almejado sucesso profissional, ao poder. Mas quando olha ao seu redor, percebe o quanto lhe custou chegar aonde queria. Perdeu sua família. Não acompanhou o crescimento de seus filhos. Tinha tudo e, ao mesmo tempo, nada. Uma comédia que, curiosamente, deixa uma mensagem importantíssima para a vida de todos nós: por mais que queiramos desesperadamente chegar a algum lugar, jamais devemos atro-
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Pôster do filme "Antes que o dia termine", onde Paul Nichols é o protagonista./ Divulgação
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Diretor do Mês! Quentin Tarantino! Por: Luis Guilherme Pereira
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osso diretor do mês é ninguém menos que, Quentin Tarantino! Dizer que ele é o mestre de sua geração é lugar comum, pois ele é cultuado no mundo todo, pelo menos onde há quem goste de cinema. Aos 22 anos, sem estudos sobre roteirização e cinema, escreveu seu primeiro roteiro, quando era balconista da Video Archives, uma importante locadora de Manhattan, lugar onde ele formou toda sua enciclopédia cinematográfica e fez importantes amizades. Entre essas amizades, pode-se destacar Roger Avary, com quem trabalhou em Killing Zoe, no qual Tarantino foi produtor executivo, e tempos depois em Pulp Fiction. Tarantino ficou conhecido por seu excêntrico gosto pelos chamados filmes “B” do mundo, especialmente filmes de ação de Hong Kong, filmes de faroeste, os filmes de terror italiano, o cinema britânico e a Nouvelle Vague francesa, que iniciou-se em 1958, tendo como característica marcante, retratar um fragmento especial e o amor da vida de um personagem. Muitos apreciadores de cinema, “acusam” Tarantino de não criar roteiros e
trecho do livro Ezequiel da Bíblia antes de executar alguém. O uso da câmera de baixo para cima também é uma grande marca sua, como esquecer a cena em que o Tenente Aldo Raine e o Sargento Donny Donowitz fazem a “marca” final no Coronel Hans Landa? Essa cena é uma das mais marcantes de Bastardos Inglórios.
Tarantino no Festival de Cinema de Berlim, em 2009. / Divulgação
cenas originais, fazendo apenas uma adaptação dos filmes antigos que ele tanto admira, regravando as cenas e fazendo grande sucesso porém, vale ressaltar que, apesar de termos muitas teorias desse tipo na internet, nada nunca foi provado. Temos também, uma interessante teoria que fala que todos os filmes de Tarantino se passam no mesmo universo, com exceção de Kill Bill Vol. 1 e 2, e Um Drink No Inferno, que seriam uma espécie de filme dentro do filme (Inception?), onde os personagens dos outros longas estariam assistindo a TV ou Cinema. Tarantino tem algumas marcas registradas em seus filmes, como a clássica cena em que três pessoas apontam a arma entre si, ou para um quarto elemento, o que sempre cria aquela tensão de saber quem vai dar o primeiro tiro. A vingança existente em seus filmes, bem como a grande violência, também são marcas dele, já que esses elementos aparecem quase que em todos os seus filmes, assim como as frases de efeito dos personagens, como o inesquecível discurso feito por Jules Winnfeld (Samuel L. Jackson) em Pulp Fiction, que sempre citava um
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Ele ainda tem um grupo de atores que quase sempre participam de seus filmes, como Uma Thurman (Sua “musa”, como ele mesmo diz), Samuel L. Jackson, Tim Roth, Bruce Willis, Brad Pitt, entre outros. Essas são algumas das marcas de Quentin Tarantino, que revolucionou o mundo cinematográfico nos anos 90, e continua até hoje, nos agraciando com suas obras, que realmente valem a pena esperar.
Tarantino na première de Django Unchained, em Paris. / Divulgação
História
A magia do cinema começa antes do filme começar Como os trailers se consolidaram na indústria cinematográfica sem perder o charme de décadas passadas Por: Pedro Augusto
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ntes das mídias se disseminarem pelo mundo, o cinema era o evento que reunia os espectadores. Porém, nossa intenção não é remoer nada disso. Queremos mostrar o que vem antes.
uma das maiores distribuidoras deste segmento, a Kaleidoscope Films, que reinou durante 30 anos. Quem viveu os tempos áureos do VHS com certeza assistiu trailers da produtora, eternizados pela voz de Don LaFontaine,
– que narrou mais de 5mil (CINCO Nos primórdios do século XX, quan- MIL) trailers na carreira –, falecido do o cinema ainda caminhava lenta- em 2008. mente, um trecho do filme The Adventures of Kathlyn foi exibido antes da Entre trailers antigos e atuais, desestréia, em outra sessão, com o intuito tacam-se Psicose (1960) de Alfred de atrair público. Podemos considerar Hitchcock – onde o próprio diretor esse o primeiro molde para o que viria atua no trailer -, além de O Iluminado a ser o trailer que conhecemos. Era só (1980) de Stanley Kubrick, sublimeum molde, pois o que era apresenta- mente ensurdecedor. do na época continha texto escrito em excesso, quase nenhuma fala e curio- Durante muito tempo, um dos maiosamente, se passava após o final do res viés para a popularização de filfilme. mes foi o trailer. “Quando pequena, ia ao cinema com meus pais e sempre Foi graças a distribuidora National brigava para entrar na seção uns 15 Screen Services, em 1919, que os trailers começaram a serem exibidos antes das seções começarem. A partir
minutos antes, amava assistir os trailers e já planejar o próximo filme que iria de assistir.”, conta Isabella Cardozo, de 20 anos. Em tempos modernos, o trailer ganhou novas versões e maneiras de exibição. Foi diminuído para caber nas grades de TV, ganhou dublagem e até diminuído a teaser. “Amava assistir meus desenhos pela manhã quando, de repente, começa a passar o trailer de animações como as da Pixar. Corria dizendo para minha mãe: precisamos ir ao cinema ver isso, se o trailer já é bom, imagina o filme.”, completa Isabella. Definitivamente, o trailer se tornou essencial para qualquer filme se apresentar. Avançando um pouco mais, a internet transformou o trailer em algo ainda
daí, a linguagem foi sendo aperfeiçoada e com o passar das décadas os roteiros foram melhorados, assim como a adição de personagens, falas e trilha sonora marcante. A intenção já não era resumir a história do filme e sim despertar a curiosidade de quem assistia aquela breve apresentação. Visto que o trailer já se incorporou Don LaFontaine, a voz mais icônica dos trailers. / Divulgação as salas de cinema. Em 1968 surgiu
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História
mais acessível e os estúdios começaram a investir quantias enormes na produção e veiculação desses trailers. Youtube, Vimeo e DayliMotion são algumas ferrramentas onde os trailers e teasers foram disseminados na grande rede. “Com a internet eu pesquiso e acho todos os trailers possíveis. É bom e ruim. Hoje eu vou ao cinema e já me deparei com seções em que o filme começa sem nenhum trailer ser exibi-
do. A internet estragou um pouco isso, sinto falta.”, reclama Rosangela Emilio, 49 anos, que diz ter acompanhado até 10 trailers exibidos em uma única seção, em meados dos anos 90. Em um mundo concorrido e repleto de vias de comunicação, o trailer soube se amadurecer e resistir às mudanças da linguagem audiovisual. Continua sendo diferencial no cinema moderno – se tornou rentável para a publicidade – podendo ser visto em tela de
cinema até tela de celular. Curiosidades >> Quem produz o trailer é a distribuidora - empresa que adquire o filme da produtora e o vende aos cinemas. >> os trailers não são só produzidos para filmes. Atualmente séries, programas e games recebem adaptações curtas de divulgação.
A juventude que consome o cinema hoje é a mesma de 30, 20 anos atrás? Antes de Jogos Vorazes e Divergente, o cinema foi inundado de filmes que se conectavam de outra forma com seu público alvo. Do cômico ao drama. Dos anos 80 aos 2000. Por: Pedro Augusto
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tualmente, os filmes apresentam diversos efeitos visuais, amplos recursos de câmera e equipamentos tecnológicos de ultima linha. Voltando um pouco, mais precisamente nos anos 80 e 90, o cinema seguia outras diretrizes. Com foco em roteiros bem construídos e histórias marcantes, essa época foi marcante para quem a acompanhou nas salas de cinema e em seus caros aparelhos VHSs.
Para o Futuro (1985), Clube dos Cinco (1985), Vivendo a Vida Adoidado (1986) e, fugindo do status cômico, o filme KIDS de 1994. E não é a toa que esses filmes são reconhecidos como belíssimas produções até hoje.
furor na época. Afinal, qual estudante tido como inteligente em sua turma não foi atormentado por valentões? Ou teve o sonho de ir e vir, viajando pelo tempo e arrumando seu passado/ presente/futuro?
Na década de 80, o termo bullyng começou a se proliferar pelas escolas americanas, e indiretamente foi graças a ele que esses filmes fizeram
Isabella Louise, de apenas 12 anos, ou seja, nascida em outra geração, exclama sua admiração pelos filmes da época. “Um dia, estava sem nada
A mensagem transmitida nessa época foi tão forte que alguns filmes são aclamados pela crítica até hoje. Já outros, que em sua época eram taxados como “sem grandes novidades” hoje entram em patamares Cult. O cinema nos anos 80 e 90 foram infestados de filmes adolescentes. Foi nessa época que vimos surgir A Vingança dos Nerds (1984), De Volta
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Clube dos Cinco (1985): filme retrata 5 adolescentes da mesma escola, mas de mundos diferentes. Unidos por uma advertência. / Divulgação.
Luz, Câmera, Ação Julho 2015
História para assistir. Abri a Netflix e me veio como filme sugerido o Clube dos Cinco. Foi um dos melhores filmes que assisti!”. Se nos aprofundarmos nos enredos de alguns filmes da época, percebem-se que a linguagem utilizada em todos eles é focada nos dificuldades, sonhos, dramas, paixões e mais um turbilhão de sentimentos que todo adolescente vive, é atemporal. Algumas interações entre os personagens, ouso dizer, não ocorreriam em dias atuais. Os jovens do presente são bombardeados de informações, fotos, textos, likes. 90s Para Valentina Fernandes, os filmes atuais focam em efeitos e não procuram inovar. “O cinema (hoje) está muito adaptado a livros, por exemplo.
Parece que não tem um roteiro especifico para cinema. Só filme de livros ou readaptações.”, diz. Se nos anos 80 tivemos filmes que “casaram” muito bem com o público jovem, na década seguinte, algumas produções focaram em dramas mais pesados, como HIV, gravidez e até assassinatos. Filmes como Elefante que foi produzindo no começo dos anos 2000, mas retrata um massacre escolar da década de 90 mostra como a época foi consumida de pessimismo com os adolescentes. O alto índice de doenças sexualmente transmissíveis na época também ajudou a proliferar filmes que abordavam o tema.
seriedade. “10 coisas que odeio em você (1999) é tão atual! É leve, mas tem até uma personagem feminista no filme. Ela fugia do estereótipo feminino e era feliz assim. Indico para toda juventude.”, afirma Valentina, que tem 18 anos e é apaixonada por filmes de época. Independente da época, cada filme tem sua relevância. Alguns cospem a verdade nua e crua. Outros fantasiam, nos fazem viajar em empolgações. Mas a intenção de todos é conversar da melhor maneira com seu público. Que o futuro do cinema nos demonstre belas construções de personagens, criatividade e, principalmente, nos divirta, Independente da idade.
Mas já que o cinema é dinâmico e bem variável, a década não trouxe só
BOX HISTÓRIA
Lua (2011)
Bilheteria: $1,515,679,547
Top 10 maiores bilheterias do cinema da história
Bilheteria:$1,123,746,996
Produção: Buena Vista
Produção: Paramount e DreamWorks
2° - Titanic (1997)
10° - Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2012)
6° - Frozen (2013)
Bilheteria: $ 2.185.300,000
Bilheteria: $1,082,130,642
Bilheteria: $ 1.129.896,541
Produção: Paramont
Produção: Paramount Pictures
1° - Avatar (2009)
5° - Homem de ferro 3 (2013)
Bilheteria: $2.782.505,847
Bilheteria: $1,180,984,497
Produção: Fox
Produção: Warner Bros. 9° - 007 – Operação Skyfall (2012) Bilheteria: $1,108,560,277
Produção: Paramount Pictures
Produção: Columbia Pictures 8° - O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei (2003)
4° - Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2 (2011)
Bilheteria: $1.119.102,868
Bilheteria: $1,327,655,619
Produção: New Line
Produção: Warner Bros
7° - Transformers: O Lado Oculto da
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3° - Os vingadores (2012)
Luz, Câmera, Ação Julho 2015
Fonte: http://top10mais.org/top10-maiores-bilheterias-de-cinema-decinema-da-historia/#ixzz3bl1so2Y9
Cinemas de Rua
Cinema e pipoca ao ar livre em São Paulo Projeto Cine na Praça promove a exibição de filmes dos mais diversos gêneros na Praça Victor Civita, no bairro de Pinheiros Por: Anderson Gonçalves
Exibição do filme "Bastardos Inglórios", no mês dedicado ao cineasta Quentin Tarantino. / Divulgação
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projeto Cine na Praça, idealizado pelo grupo Kling com o apoio da Prefeitura de São Paulo, da empresa Souza Cruz e do Proac (Programa de Ação Cultural do Governo do Estado de São Paulo) traz ao público paulistano uma ótima opção de entretenimento todas às quintas-feiras, na Praça Victor Civita, no bairro de Pinheiros, zona oeste da cidade.
"É diferente assistir um filme aqui. É uma experiência muito agradável para quem ama cinema como eu. Achei incrível a ideia” , disse Adriana Ribeiro, estudante de fotografia e frequentadora assídua das seções. O cinema ao ar livre de Pinheiros conta com uma grade de programação variada e eclética ( disponível para o público no site www.cinenapraca.com.br/ ). A intenção dos idealizadores do Cine na Praça é levar às pessoas cultura e lazer de forma diferente, prazerosa e sem nenhum custo.
Com uma arquibancada com capacidade para 290 pessoas e a tradicional e indispensável pipoca (distribuída gratuitamente no local) a sala de cinema mais agradável e charmosa de São Paulo recebe toda semana um público considerável formado em sua maioria por jovens Segundo Marcos Maia, funcionário que demonstraram bastante interesse do grupo Kling que acompanha todas as seções na Praça, a ideia é resgatar e aprovaram a iniciativa: junto ao público, principalmente os
Luz, Câmera, Ação Julho 2015
mais jovens, os grandes clássicos do cinema ao longo dos anos. “Estamos trazendo ao conhecimento destes jovens filmes que eles jamais teriam a oportunidade de assistir e, resgatando para os que já viram, grandes obras do cinema mundial.” O Cinema na Praça, localizado na Praça Victor Civita s/n, seguirá com sua programação até o segundo semestre deste ano com seções todas às quintas-feiras, às 19h.
Logo do Cine Na Praça / Divulgação
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Cinemas de Rua
A Reascenção do cinema de rua paulistano Um passeio pela capital paulistana mostra a atual situação das salas de rua paulistanas, mostrando como a sétima arte é bela e vive Por: Luis Guilherme Pereira
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econhecida pela diversidade cultural, São Paulo também agrada a todos os gostos e classes no quesito cinematográfico. Na capital, as opções para assistir a um bom filme vão desde o sofisticado Cinépolis do shopping JK Iguatemi, aos tradicionais Cine Olido e Caixa Belas Artes localizados na avenidas São João e na rua da Consolação, respectivamente.
No cinema de rua, não há cadeiras de última geração em conforto nem sofás-cama como na sofisticada sala do Cinépolis, mas sobra charme e nostalgia. No lugar das pipocas e dos baldes de filmes, o pipoqueiro na calçada segue sua velha receita há décadas, entregando sempre a pipoca (agora incrementada com pedaços de Bacon) nas embalagens tradicionais de papel. Na programação, as principais atrações são voltadas para o cinema europeu, saindo do tradicional mundo hollywoodiano, sediando mostras e festivais internacionais, a preços populares e abrindo portas para o cinema independente.
Programador de cinema do Cine Olido há 2 anos, Rafael Carvalho nos conta que a programação do cinema atinge dois públicos: ''O primeiro é o cinéfilo, o cara que curte mesmo a sétima arte, e que é muito crítico com a programação. Nós criamos programações especiais para esse público''. E completa explicando que ''o segundo público, é o público da galera das ruas, que estão próximos de nós. Nesse caso, montamos uma programação totalmente voltada para a cultura urbana, que atinge desde o skatista, até o pessoal do hip hop”. O Caixa Belas Artes, assim como o Cine Olido, tem um diferencial em sua programação, para atrair o apaixonado por cinema. Tendo como atração principal o conhecido noitão, que ocorre sempre na última sexta-feira do mês, trazendo filmes cultuados no mundo cinematográfico, rodando noite adentro. A sugestão é que o participante fique até o final, onde ele será agraciado com um café da manhã simples, sendo uma
Vista frontal da Galeria Olido, onde se localiza o Cine Olido. / Foto: Divulgação
Luz, Câmera, Ação Julho 2015
Cartaz de abertura do Cine Belas Artes. / Acervo histórico Belas Artes
ótima forma de se finalizar a noite voltada para o cinema. O Analista de Sistemas Paulo Henrique Silva, 24 anos, revela sua preferência por cinemas de rua, pois se identifica com filmes europeus e latinos. “Adoro os cinemas de rua principalmente pelo fato deles não se localizarem nos shoppings. Como não gosto de shoppings e prefiro o cinema europeu, os cinemas de rua são perfeitos. Como busco algo que não é estereotipado, os cinemas de rua mostram inovações e uma visão alternativa da arte.”, explica. Sobreviver sem patrocínio é muito difícil. A reabertura do Cine Belas Artes só foi possível graças ao patrocínio da Caixa e apoio total da prefeitura de São Paulo, alimentando os apaixonados por cinema com a volta de uma das casas mais tradicionais do cinema de São Paulo.
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Coluna - Filmes que não passam pelo cinema "Os Esquecidos"
Filmes que não passam nos cinemas, porque isso ocorre? Por Rodrigo Batista
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izemos uma análise com os profissionais do mercado cinematográfico, o produtor Alain Pereira e o ator Felipe Bob para enriquecer a discussão sobre os motivos de filmes não conseguirem chegar ao cinema. Mas para isso, é necessário planejar o processo estratégico para cada tipo de filme, marketing e distribuição, para depois entender como grandes filmes ficaram fora das salas de cinema.
Para começar, vamos pensar que ao se desenvolver um plano de distribuição e marketing deve-se levar em conta em primeiro lugar o produto que se está lançando. No nosso caso, por se tratar de um produto de entretenimento, temos que assumir algumas coisas: • A estratégia de lançamento pode ter seu início tanto nas salas de cinema quanto digitalmente (veremos essa distinção mais a frente) o que implica diferentes modelos mentais • Um filme geralmente obedece alguns critérios pré-estabelecidos de janelas, termo da indústria que indica o período pelo qual o filme tem que ser distribuído por uma plataforma específica. Por exemplo, um filme fica geralmente 3 meses atrelado à distribuição exclusiva das salas de cinema em um primeiro momento, podendo, depois, ser distribuído por outras plataformas. Cada uma dessas janelas também deve ser pensada como oportunidades separadas tanto de distribuição quanto de marketing, mas sempre levando em conta um plano geral.
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• O mercado de entretenimento passa por um momento extremamente destrutivo, principalmente em relação às plataformas de distribuição. Isso faz com que algumas “regras” da indústria – como as janelas acima – sejam muitas vezes irrelevantes, principalmente quando se trata de produtos audiovisuais sendo distribuídos de maneira independente. Por esses três motivos, mas principalmente pelo último, que a ferramenta que vamos oferecer abaixo pode parecer extremamente simplória, mas que, no entanto serve exatamente como uma ótima maneira de posicionar seu lançamento de maneira consistente com o produto e o público-alvo. Além disso, esse é um modelo muito difundido por Hollywood para iniciar o processo de lançamento de um novo título no mercado. O modelo consiste em simplificar todas as questões que envolvem a incerteza de distribuição e marketing de um filme em apenas duas variáveis: assistibilidade e comerciabilidade. Assistibilidade significa, essencialmente, se o filme é bom ou ruim. Pelas chamadas realizadas antes do lançamento do filme, a tendência das pessoas é de gostar ou não do filme? Você tem um filme facilmente “assistível” ou uma porcaria de lançamento nas mãos? Comerciabilidade é o potencial de vendas do filme baseado somente na informação da caixinha do DVD ou do pôster do filme. Ou seja, o filme
Luz, Câmera, Ação Julho 2015
conta com algum ator ou diretor famoso? Ganhou algum prêmio relevante? Teve resenhas muito favoráveis? Nessa variável começamos a perceber que algumas estratégias de distribuição e marketing ficam muito claras em alguns dos quadrantes. Vamos analisá-los: sem comerciabilidade = sem assistibilidade: essa é a famosa “bomba”. Com o crescimento das mídias sociais e da rápida propagação do “boca-a-boca”, a chance de sucesso desse filme é 0. A estratégia mais recomendada para um produto desses é literalmente jogar fora. Felipe comenta as possibilidades desse tipo de filme: “Claramente existem algumas outras possibilidades, mesmo que arriscadas: pode-se vender o filme dentro um pacote com alguns outros filmes melhores e torcer para que faça um mínimo de receita; podese também divulgar o filme como propositalmente trash; por último, pode-se simplesmente “jogá-lo” em algum website e esperar que existam alguns curiosos dispostos a assistir ao filme”. O lucro ou o sucesso que o filme faz nos EUA é um fator que pesa na decisão das distribuidoras do país de exibir esses filmes nos cinemas. Mas não se iluda meu caro amigo,o mercado de homevideo é quase tão importante quanto nos multiplex da vida e ás vezes até mais lucrativo.