A comunicação política digital em período não eleitoral: A estratégia nas redes sociais dos partidos do Governo vs. da Oposição em alguns países da Europa e da CPLP
Luís Filipe Nunes Machado N. º 218071 machadonluis@gmail.com Orientadora: Professora Doutora Célia Belim Unidade Curricular: Seminário Licenciatura em Ciências da Comunicação Ano letivo: 2016/17 Junho de 2017
Índice geral Introdução ......................................................................................................................................... 5 1. Um possível estado da arte ....................................................................................................... 6 2. Opções metodológicas ............................................................................................................... 9 3. Da comunicação política à comunicação política digital: Partidos do Governo e da Oposição ......................................................................................................................................... 13 3.1. Comunicação política dos partidos do Governo e da Oposição ................................ 13 3.2. “Política 2.0”: Um admirável mundo novo ...................................................................... 15 3.3. Redes sociais online como instrumentos de comunicação política ........................... 15 3.4. O período não eleitoral e a “campanha permanente” digital dos partidos do Governo e da Oposição............................................................................................................ 16 3.5. Motivações, “usos e gratificações” e vantagens da comunicação política digital ... 18 4. A comunicação política digital em período não eleitoral dos partidos do Governo e da Oposição em alguns Países da da Europa e da CPLP ........................................................... 19 4.1. Comunicação política digital dos partidos do governo e da oposição dos cinco países em análise...................................................................................................................... 19 4.1.1 Diferenças nas estratégias e nas práticas de comunicação entre os partidos do governo e da oposição ......................................................................................................... 20 a) análise de conteúdo ......................................................................................................... 20 4.1.2 Diferenças nas estratégias e nas práticas de comunicação entre os partidos da CPLP e da Europa................................................................................................................. 23 4.1.3 Diferenças nas estratégias e nas práticas de comunicação entre os partidos do governo e da oposição da CPLP e da Europa.................................................................. 25 4.2. Motivações, “usos e gratificações” da comunicação política digital .......................... 25 4.3 Especificidades da comunicação das mensagens e tendências da comunicação .. 26 4.4. Efeitos e vantagens do uso das plataformas online na comunicação política ......... 29 5. Discussão dos resultados ........................................................................................................ 30 Considerações finais ..................................................................................................................... 33 Bibliografia ...................................................................................................................................... 36 Apêndices ....................................................................................................................................... 42 Anexos .......................................................................................................................................... 105
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Índice de apêndices Apêndice 1. Tabela 10 .....................................................................................................42 Apêndice 2. Tabela 11 ....................................................................................................43 Apêndice 3. Tabela 12 ....................................................................................................44 Apêndice 4. Consumo e taxas de penetração de internet ...............................................45 Apêndice 5. Guiões de entrevista ....................................................................................46 Apêndice 6. Tabela 15 .....................................................................................................48 Apêndice 7. Entrevista ao Professor Jorge Ventura .........................................................49 Apêndice 8. Entrevista à Professora Susana Santos .......................................................56 Apêndice 9. Entrevista à Investigadores Mafalda Lobo ....................................................61 Apêndice 10. Entrevista à Investigadora Rosália Rodrigues ............................................66 Apêndice 11. Entrevista ao Partido Socialista ..................................................................68 Apêndice 12. Entrevista ao Partido Social Democrata .....................................................70 Apêndice 13. Tabela 20 ...................................................................................................73 Apêndice 14. Análise do Corpus ......................................................................................77 Apêndice 15. Tabela 21 ...................................................................................................83 Apêndice 16. Corpus de publicações do Instagram .........................................................84 Apêndice 17. Tabela 22 ...................................................................................................85 Apêndice 18. Um estudo exploratório ..............................................................................87 Apêndice 19. Tabela 23 ...................................................................................................89 Apêndice 20. Análise Inferencial ....................................................................................104
Índice de anexos Anexo 1. Tabela 27 ........................................................................................................105 Anexo 2. Figura 27 ........................................................................................................105 Anexo 3. Tabela 28 ........................................................................................................106 Anexo 4. Tabela 29 ........................................................................................................107 Anexo 5. Tabela 30 ........................................................................................................108
Índice de tabelas Tabela 1. Taxa de penetração da internet (TPI) nos países analisados .............................. 11 Tabela 2. Possível operacionalização do conceito “estratégia de comunicação” em contexto político digital ................................................................................................................. 14 Tabela 3. Distribuição das publicações dos partidos por país e funções políticas ............. 19 Tabela 4. Indicador com maior valor absoluto em cada categoria em análise sobre a comunicação política digital entre os partidos do governo e os da oposição na Europa e na CPLP .......................................................................................................................................... 25 A comunicação política digital em período não eleitoral
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Tabela 5. Número total de publicações no Facebook e Instagram ....................................... 28 Tabela 6. Interação no Facebook dos partidos em análise no dia 25/05/2017 ................... 28 Tabela 7. Interação no Instagram dos partidos em análise no dia 25/05/2017 ................... 29 Tabela 8. Tendências da comunicação política digital em contexto não eleitoral .............. 29 Tabela 9. Importância que os partidos políticos atribuem à comunicação digital ............... 29 Tabela 10. Técnicas de recolha e de análise de dados, sua utilidade para a investigação, vantagens e desvantagens e período de aplicação ................................................................. 42 Tabela 11. Redes Sociais Online do Governo e da Oposição dos países europeus préselecionados .................................................................................................................................. 43 Tabela 12. Redes Sociais Online do Governo e da Oposição dos países da CPLP préselecionados .................................................................................................................................. 44 Tabela 13. O consumo de internet e o uso das redes sociais online na Europa ................ 45 Tabela 14. Taxa de penetração da internet e número de utilizadores do Facebook na CPLP ............................................................................................................................................... 45 Tabela 15. Entrevistados.............................................................................................................. 48 Tabela 16. Percentagem do número de adultos norte americanos que utilizou a Internet para recolher notícias e informações sobre os candidatos nas últimas quarto eleições presidenciais nos Estados Unidos .............................................................................................. 51 Tabela 17. Distribuição do total de entradas por categorias e por organização. ................ 52 Tabela 18. Top 5 de categorias por sítio. .................................................................................. 53 Tabela 19. Características da Comunicação Política através da Internet............................ 55 Tabela 20. Matriz de codificação para análise de conteúdo ao Facebook´ ......................... 73 Tabela 21. Significantes plásticos usados na análise semiológica ao Instagram ............... 83 Tabela 22. Análise semiológica às imagens do Instagram ..................................................... 85 Tabela 23. Tabela para o estado da arte................................................................................... 89 Tabela 24. Relação entre objetivos e tipo de contéudo ........................................................ 104 Tabela 25. Relação entre objetivos e atores........................................................................... 104 Tabela 26. Relação entre tipo de conteúdo e tema ............................................................... 104 Tabela 27. As funções dos partidos políticos ......................................................................... 105 Tabela 28. Esquema síntese das três fases da comunicação política ............................... 106 Tabela 29. Identificação do site de rede social Facebook .................................................... 107 Tabela 30. Identificação da aplicação de rede social Instagram ......................................... 108
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Índice de figuras Figura 1. Vantagens dos "novos" dispositivos online .............................................................. 18 Figura 2. Relação entre as funções políticas do partido e o tipo de conteúdo .................... 21 Figura 3. Relação entre as funções políticas do partido e os atores das publicações ....... 21 Figura 4. Relação entre as funções do partido e o tema ........................................................ 22 Figura 5. Relação entre localização geográfica do país e tipo de conteúdo ....................... 23 Figura 6. Relação entre a localização geográfica e os objetivos ........................................... 24 Figura 7. Motivações dos partidos na comunicação política digital. ..................................... 26 Figura 8. Audiências, em percentagem, dos vários media para a recolha de informações sobre os candidatos nas últimas eleições presidenciais nos Estados Unidos .................... 51 Figura 9. Contributo percentual de cada partido ou coligação por categoria. ..................... 53 Figura 10. Relação entre o valor directional e os objetivos .................................................... 77 Figura 11. Relação entre objetivos e tipo de conteúdo ........................................................... 77 Figura 12. Número de publicações analisadas dos partidos em funções de governo e oposição .......................................................................................................................................... 78 Figura 13. Relação entre função do partido e o valor direcional ........................................... 78 Figura 14. Relação entre funções e objetivos das publicações ............................................. 79 Figura 15. Relação entre as funções e a forma das publicações .......................................... 79 Figura 16. Relação entre localização e tema ............................................................................ 80 Figura 17. Relação entre localização e valor direcional .......................................................... 80 Figura 18. Relação entre a localização e os atores ................................................................. 81 Figura 19. Relação entre a localização e a forma .................................................................... 81 Figura 20. Forma da publicação ................................................................................................. 82 Figura 21. Publicação do PMDB ................................................................................................. 84 Figura 22. Publicação do PP ....................................................................................................... 84 Figura 23. Publicação do PSD .................................................................................................... 84 Figura 24. Publicação do PT Brasil ............................................................................................ 84 Figura 25. O objetivo das publicações no Facebook ............................................................... 88 Figura 26. O principal tema abordado no Facebook por cada partido.................................. 88 Figura 27. Classificação de utilizadores de acordo com o nível de envolvimento político online ............................................................................................................................................. 105
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Introdução A internet converteu-se numa ferramenta “indiscutível” para a comunicação política (Maarek, 2009, p. 283), alavancando a transição das “teledemocracias” dos anos 50 para uma “democracia digital” (Rodotá, 2000, p. 55). O presente trabalho pretende comparar a estratégia de comunicação, em período não eleitoral, dos partidos políticos no Governo e na Oposição de alguns países da Europa e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) nas redes socias online: no Facebook – rede social online utilizada por 1590 milhões de pessoas em todo o mundo (Smart Insighths, 2016, s.p.) e no Instagram – atendendo a que introduziu a imagem como elemento principal das publicações. Este estudo vai incidir sobre Portugal, dois países europeus – Espanha e Inglaterra – e dois países da CPLP – Brasil e Cabo Verde. Esta investigação ancora-se metodologicamente em técnicas, como: pesquisa bibliográfica, pesquisa documental, análise de conteúdo, análise semiológica, netnografia e entrevista. Com a revisão da literatura, concluímos que já existe investigação sobre a comunicação política digital, sobretudo em período eleitoral e análise de websites. Assim, explorando a escassez de investigação sobre o período não eleitoral e sobre a comparação entre a presença dos partidos políticos no Governo e na Oposição nas redes sociais online, esta investigação compromete-se a tentar colmatar as lacunas registadas. Este trabalho funda-se em teorias da comunicação que lhe oferecem a moldura teórica, como: (a) a teoria dos usos e gratificações (TUG) (Rayburn & Rubin, 1996), que permite uma reflexão atualizada sobre como os partidos (no Governo e na Oposição), e até os eleitores, usam os media, concretamente os digitais, para sua gratificação, (b) o determinismo tecnológico – "O meio [continua a ser] a mensagem"? (McLuhan, 1964/2005). A teoria da campanha permanente, de Blumenthal (1982) e Pfetsch (1998), oferece-nos aporte na Ciência Política e o interacionismo simbólico em contexto digital traz-nos um contributo de matriz sociológica (Escola de Chicago), alimentando a interdisciplinaridade do átrio teórico. Estruturalmente, depois da presente introdução consta um possível estado de arte, depois as opções metodológicas, segue-se o capítulo teórico-conceptual onde são apresentados e aprofundados os conceitos e teorias para o desenvolvimento desta investigação. Posteriormente, são apresentados dos resultados, da aplicação das técnicas de investigação, seguindo-se a discussão dos resultados, em que, numa lógica interpretativa, onde se procurar buscar significado e razões para os resultados e, a fechar, as conclusões finais.
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1. Um possível estado da arte Para realizar este trabalho, fomos conhecer o que já foi estudado e escrito sobre a temática (ver tabela do estado da arte, no apêndice 19), numa dupla intenção: (a) recolher os contributos mais recentes e relevantes para a presente investigação; e (b) encontrar novos caminhos de investigação. Começando pelas teses de doutoramento, a única encontrada (Rodrigues, 2014) versa sobre estratégias online na campanha das eleições legislativas de 2009. Efetuou um estudo comparativo entre a campanha do Partido Socialista (PS) e a do Partido Social Democrata (PSD). Concluiu que a internet pode incluir em si ciberespaços, que alargam o debate político e a participação dos cidadãos na discussão de assuntos públicos e conduzem a processos de decisão. A internet pode ser considerada um meio inovador, mas é utilizada como um meio reprodutor do que acontece, reforçando, apenas, laços ou processos já existentes. Ao nível das dissertações de mestrado, lista-se o trabalho de Oliveira (2010) sobre as eleições legislativas de 2009, que compara a presença dos partidos em redes sociais online (Twitter, Facebook, blogues e YouTube) do PS e do PSD. Observa que os partidos entendem o potencial da internet e utilizam-na, contudo, nem sempre de forma vantajosa nem diferenciadora. As eleições presidenciais de 2011 e os usos dos media digitais são objeto de estudo em Andrade (2011). Os “novos” media aproximam e envolvem os cidadãos na política, muito graças à sua dimensão interativa. Moreira (2011), destaca que, ainda, há muito a melhorar na presença digital dos políticos nas redes sociais online, e que o caminho tem sido percorrido de forma muito rápida, sem tempo de adaptação. Pedreiro (2011) chegou à conclusão que os atores políticos usam a internet sob cinco objetivos principais: (1) disseminação de informação, (2) campanha, (3) geração de recursos, (4) criação de uma rede e (5) promoção da participação. Sá (2013) defende que, para os militantes, a internet passou a ser familiar e fundamental na sua relação com o partido. Existem ainda duas dissertações que versam sobre os usos e gratificações da comunicação política: (a) uma no Facebook (Pereira, 2012) demonstra que este permite, para além do uso recreativo e comunicacional, uma experiência política a um nível mais interpessoal e gratificante; (b) e outra em websites (Sousa, 2014), que constata que os atores políticos estão atentos a estas “novas” formas de comunicar com os cidadãos que, em conjunto com as tradicionais formas, constituem importantes instrumentos de comunicação política. Uma outra dissertação (Lourenço, 2015) avalia o desempenho dos partidos políticos portugueses, em termos de interatividade e envolvimento com os fãs no Facebook. Afere que, apesar de o “número de fãs” poder ser tomado como uma
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referência do êxito da utilização do Facebook como ferramenta política, este valor pode não corresponder ao estreitamento das relações entre os partidos políticos e o eleitorado. A integração das “novas” tecnologias nas práticas dos partidos, as consequências e o papel das redes sociais online são temas discutidos por Lachapelle e Maareck (2015). Realça que os partidos têm a oportunidade de emergir, usando “novos” meios interativos eletrónicos, a chamada "Web 2.0". Estas possibilidades de comunicação digital parecem ter reavivado um espírito de ativismo que os partidos políticos podem explorar (p. 6). Os autores acrescentam que a digitalização da comunicação política, paradoxalmente, trouxe de volta aqueles que ainda são os “melhores” instrumentos da comunicação política – os partidos políticos (p. 7). Canavilhas (2009) faz uma análise documental e bibliográfica aos dispositivos tradicionais (órgãos de comunicação social, ações de campanha no terreno e suportes de propaganda) e aos “novos” dispositivos (blogues, redes sociais, videocast e podcast) da comunicação política. Advoga que os partidos devem apostar na personalização e na interatividade que o online permite (2009, p. 13). Os blogues, como instrumento de comunicação política digital, são estudados por Lorenzo e Carreras (2010). Concluem que os políticos estão a usar blogues e outros recursos online, não só durante as campanhas eleitorais, mas também para melhorar a reputação dos líderes políticos em período não eleitoral. No que toca às redes sociais online, a presença dos partidos políticos nigerianos no Facebook e no Twitter é o objeto de estudo da investigação de Ndinojuo, Ihejirika, Mbazie e Eludu (2015), concluiu que os partidos políticos na Nigéria não utilizam estrategicamente as redes sociais online aquando das campanhas. O Twitter é analisado quantitativamente no âmbito das eleições primárias do Partido Republicano nos Estados Unidos da América (EUA) em 2016 por Garrett (2016). Verifica que Cruz fornece o maior equilíbrio do grupo entre o número de tweets políticos e não políticos, havendo tendência entre os candidatos para a positividade nos posts. A comunicação política nas redes sociais online dos partidos políticos na Alemanha é objeto de estudo de Stieglitz, Brockmann e Dang-Xuan (2012). Analisam a atividade e a popularidade dos partidos políticos alemães no Facebook, no Twitter, no Flickr e no YouTube, examina a relevância das redes sociais online para os deputados e investiga as motivações para a sua utilização. Apuram um “forte” crescimento, nos últimos anos, do uso de redes sociais online por políticos alemães, especialmente pelos partidos de esquerda. Em 2013, Stieglitz e Dang-Xuan, na mesma linha de investigação, estuda a comunicação política em redes sociais da chanceler alemã, Angela Merkel, e dos partidos com representação parlamentar. Concluiu que uma das estratégias para o êxito se baseia na monitorização dos conteúdos que vinculam o partido, de modo a
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prevenir crises potenciais ou escândalos, que possam espoletar danos na sua própria reputação (2013, p. 1285). A campanha das eleições legislativas da Suécia em 2014 no Instagram é o objeto de estudo de Filimonov, Russmann e Svensson (2016). Verificam que o Instagram foi usado principalmente para a transmissão, em vez de para a mobilização. A imagem que os partidos estavam a apresentar refletia uma personalização dos candidatos nas publicações. Metade das publicações analisadas mostra uma articulação entre a campanha online e offline. O uso do Instagram é também analisado por Eldin (2016) nas eleições de 2015 no Bahrein. Os resultados de inquéritos demonstram a eficácia do Instagram, como ferramenta de comunicação dos partidos para chegar a um público mais jovem. Com a comparação dos partidos políticos portugueses PS e PSD com os espanhóis PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) e PP (Partido Popular) em 22 redes sociais online. Motta, Barbosa e Filipe (2013) concluíram que o envolvimento e a participação dos eleitores são superiores nos partidos espanhóis. Os partidos portugueses valorizam os media digitais com mais alcance e fazem um maior esforço de marketing do que os partidos espanhóis. A fórmula do êxito da comunicação política digital é o que Thejll-Moller (2013) procura. O autor questiona se as redes sociais são adequadas para os partidos políticos europeus e se os partidos políticos são um produto suficientemente atraente (p. 34). Interroga se os partidos políticos têm (1) estratégia, (2) mentalidade e (3) recursos para utilizar as redes sociais online, sendo estes três pontos a fórmula para o êxito. Estabelecendo uma relação de dependência entre a política e as redes sociais online, advoga que se a política não funciona as redes sociais online também não (p. 35). Remata, questionando “os partidos que não utilizam os media sociais estão condenados ao fracasso?” (p. 38). A comunicação digital partidária em períodos não eleitorais revela-se um objeto inovador. Gibson (2003) já tinha detetado esta tendência: pouco se escreveu sobre o que se passa na relação dos partidos com o mundo digital fora do período eleitoral (p. 140). Encontramos o contributo de Santana (2012), que analisou a comunicação política digital portuguesa durante períodos não eleitorais, concretamente em quatro períodos distintos: duas “semanas quentes” (hot weeks) e duas “semanas normais”. Constata que os partidos são pouco interativos e mostram resistência em seguir os seus eleitores (p. 87). Após este estado da arte, encontramos como lacunas metodológicas estudos que combinem métodos quantitativos e qualitativos. E, no diagnóstico às lacunas temáticas, são escassos os estudos que focam a comunicação digital partidária em período não eleitoral e a comparação entre a comunicação dos partidos de Governo e da Oposição nas redes sociais online.
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2. Opções metodológicas O tema em investigação – a estratégia nas redes sociais online, em período não eleitoral, dos partidos políticos no Governo e na Oposição em países da Europa e da CPLP – surge no cruzamento da comunicação política e do marketing digital. O aparecimento de tecnologias e os media digitais têm revolucionado a forma de comunicar, obrigando-nos a refletir sobre o “determinismo tecnológico” na equação da comunicação política digital. “A revolução da informação (internet, media móveis e sociais) está a mudar significativamente as campanhas de publicidade e relações publicas tradicionais, que têm de ser ajustadas a essas “novas” tecnologias” (Ndinojuo, 2015, p. 14). A investigação orienta-se pela pergunta de partida: como é que os partidos políticos em exercício de funções governamentais e na oposição, em países da Europa e da CPLP, utilizam as redes sociais online em período não eleitoral? O objetivo geral que conduz esta investigação é aferir, analisar e compreender como é que os partidos políticos em exercício de funções governamentais e na oposição, em países europeus e de língua portuguesa, utilizam as redes sociais online em contexto não eleitoral, portanto, as suas estratégias de comunicação digital. De uma forma mais específica, esta investigação propõe-se a: a) Comparar a comunicação política digital dos partidos políticos no Governo e na Oposição, em países europeus e de língua portuguesa, e, assim, identificar e perceber diferenças e semelhanças nas estratégias e práticas; b) Entender as motivações, usos e gratificações da opção digital pelos políticos; c) Saber quais as especificidades da comunicação das mensagens divulgadas nas redes sociais online dos partidos políticos (Para quem?, Porquê?, O quê? Quando?, Como?, Onde?) e a(s) tendência(s) de comunicação (objetivos, ações, técnicas e abordagens); d)
Conhecer os efeitos e as vantagens do uso das plataformas online na comunicação política do partido de Governo e da Oposição. Pretende-se analisar as redes sociais online – Facebook e Instagram de partidos
políticos (Ver tabela 29, anexo 4 e tabela 30, anexo 5). O Facebook é a rede social online mais utlizada a nível mundial, tem 1,590 milhões de utilizadores em todo o mundo (Smart Insighths, 2016). O Instagram é “a rede social que apresenta maior crescimento” (Knibss, 2014, s.p.). Em abril de 2016, a rede social contava com 400 milhões de utilizadores (Smart Insights, 2016). Funciona com base na publicação de elementos visuais, como fotografias e vídeos, e intenta-se explorar uma lacuna de investigação, concretamente de forma, atendendo a que os aspetos visuais da comunicação política continuam a ser um dos focos menos estudados (Schill, 2012, p. 119). São necessárias
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mais pesquisas baseadas no Instagram, pois é uma ferramenta “muito poderosa” na formação da opinião pública, especialmente dos jovens (Eldin, 2016, p. 256). Na entrevista exploratória ao Professor Jorge Ventura (ver apêndice 7, questão 1), é realçada a capacidade de as redes sociais online chegarem facilmente ao eleitorado mais jovem. Portanto, intenta-se também colmatar esta lacuna acerca da influência da rede social sobre a opinião pública. O Facebook e o Instagram são as redes socias com mais acessos médios diários: oito no Facebook e seis no Instagram (Smart Insights, 2016). Ainda sobre a pertinência do estudo das redes sociais online: é útil estudar as redes sociais online “dado o seu rápido crescimento, as pessoas são capazes de expressar as suas opiniões ou emoções sobre quase tudo em fóruns, blogues e sites de redes sociais mais do que nunca” (Stieglitz & Dang-Xuan, 2013, p. 1286). E porque as mensagens transmitidas no Facebook influenciam a expressão política, a busca de informações e o comportamento de voto no mundo real (Bond & Fariss, 2012, p. 295). “Pouco se sabe sobre a relevância das redes sociais para a política em alguns países, assim como quais são os fatores de êxito”, constituindo-se uma oportunidade de investigação apontada por Stieglitz e outros (2012, p. 10). Sendo a originalidade um requisito desta investigação, não seria profícuo estudar o período eleitoral por já ter sido amplamente investigado: das oito dissertações de mestrado encontradas, cinco versam diretamente sobre o período eleitoral, assim como a tese de doutoramento. Detetando este volume de investigação sobre o período eleitoral e um défice de estudo do período não eleitoral e ainda inspirado pelo paradigma da “campanha permanente”, este trabalho centra o seu foco no período não eleitoral. Esta investigação pretende comparar a comunicação política digital dos partidos políticos no Governo e na Oposição em países europeus e de língua portuguesa. O método comparativo afeta uma subárea designada, correntemente, por política comparada (Espírito Santo, 2010, p. 39). Na análise de política comparada, “os conceitos básicos tomados são sempre aferidos em comparação com outros sistemas políticos, salientando as suas similitudes e diferenças” (p. 48). Assim, motivados pelo método comparativo, iremos proceder a três comparações: a) partidos do Governo vs. partidos da Oposição; b) países europeus vs. países da CPLP; c) Facebook vs. Instagram, intentando, instigados pela análise de política comparada, enfatizar semelhanças e divergências. Quer a comunicação política quer o marketing digital são temas investigados na área científica de Ciências da Comunicação, daí ser útil estudar a comunicação política digital. Das nove teses encontradas sobre este objeto de estudo, oito são da área de estudo de Ciências da Comunicação.
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Atendendo à presença dos países na Europa e na CPLP e à presença partidos políticos nas redes sociais online, foram pré-selecionados alguns países para análise, (ver apêndices 2 e 3 com as tabelas 11 e 12). Para apurar os países a analisar foram verificadas a taxa de penetração da internet (TPI) nos diferentes países (tabela 1). O consumo de internet e redes sociais na Europa (tabela 13, apêndice 4), bem como a taxa de penetração da internet e o número de utilizadores no Facebook na CPLP (tabela 14, apêndice 4) motivaram a escolha dos casos para estudo. Todos os países analisados possuem regimes pluripartidários e democráticos, no ranking de democracia do World Audit (2016). Portugal ocupa o 20.º lugar, Espanha o 27.º lugar, Inglaterra o 12.º lugar, Brasil o 54.º lugar. Cabo Verde não é classificado. Depois desta triagem os países a analisar são: Portugal, Espanha, Inglaterra, Brasil e Cabo Verde. Tabela 1. Taxa de penetração da internet (TPI) nos países analisados Para cumprir os objetivos desta investigação, serão
País
TPI
Brasil
79,9%
desdobrados em técnicas de recolha: pesquisa bibliográfica,
Cabo Verde
40,5%
pesquisa documental, entrevista, netnografia; e técnicas de
Espanha
76,9%
análise: análise de conteúdo, análise semiológica e
Inglaterra
91,6%
etnografia digital/netnografia (ver tabela 10, apêndice 1, que
Portugal
67,6%
sintetiza a utilidade, as vantagens e as desvantagens de
Fonte:
cada uma destas técnicas). Será utilizada uma combinação
Internet
metodológica assente na premissa de que as fraquezas de
2016.
utilizados
métodos
quantitativos
e
qualitativos,
adaptado World
de Stats,
cada técnica serão contrabalançadas pelas forças de outras (Amaratunga, Baldrey, Sarhar & Newton, 2002, p. 23). A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituída principalmente por livros e artigos científicos, permite ao investigador a cobertura de uma gama de fenómenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente (Gil, 2010, p. 50) (ver tabela 23, apêndice 19). A pesquisa documental vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, tais como: documentos oficiais, reportagens e estatísticas (Gil, 2010, p. 51). A entrevista é “bastante adequada” para a obtenção de informações acerca do que as pessoas sabem, creem, esperam, sentem ou desejam, pretendem fazer, fazem ou fizeram, relativamente ao objeto de estudo (Selltiz, 1967, p. 273). Esta técnica serve para aprofundar conhecimentos e entender a comunicação política digital na prática. Para o efeito, foram entrevistados, quer investigadores na área, quer assessores dos partidos. Foram entrevistados a) académicos, tentando-se, por questões de riqueza dos postos de vista, várias origens universitárias: os professores Jorge Ventura (17/11/2016) e Susana Santos (20/02/2017) e as investigadoras Mafalda Lobo (16/03/2017) e Rosália Rodrigues
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(23/03/2017) e b) profissionais de comunicação: o assessor do PS, Dimas Pestana (27/03/2017), e Luís Filipe Coelho, do Gabinete de Imprensa do PSD (28/03/2017) (ver tabela 15, apêndice 6, sobre a informação e justificação sobre os entrevistados; apêndice 5, com os guiões de entrevista; e apêndices 7, 8, 9, 10, 11 e 12 com as transcrições das entrevistas). Para tratar o conteúdo das entrevistas, recorreu-se à análise de conteúdo qualitativa (Bryman, 2012, p. 557), que compreende a pesquisa de tópicos (p. 557), neste caso, condizentes com as palavras-chave das perguntas. A análise de conteúdo, uma técnica de investigação que, através de uma “descrição objetiva, sistemática e quantitativa do conteúdo das comunicações” (Berelson, 1952, p. 13), tem por finalidade reunir conhecimento sobre essas comunicações. Esta técnica, categorial e numa versão quantitativa, serve na presente investigação para comparar a comunicação política digital (conteúdo e forma) no Facebook dos partidos políticos e para identificar e perceber diferenças e semelhanças nas práticas comunicacionais dos partidos como Governo ou Oposição. O corpus analisado compreende o período entre 15 a 30 de setembro de 2016, por ser um período não contaminado pelo período eleitoral, é o período de rentrée política, um período a que os partidos dão especial atenção (Santos, 2017, apêndice 8, questão 4), por ser o início de um novo ciclo. A matriz de codificação é fruto de uma articulação entre uma pré (inspirada na literatura) e uma pós-codificação (atendendo às especificidades do corpus) (tabela 20, apêndice 13). A unidade de registo é o tema e o item (post ou publicação) e a forma de enumeração é a frequência, daí que a análise de conteúdo assuma uma versão quantitativa. Fez-se uma análise estatística descritiva e inferencial (qui-quadrado) aos dados. A análise semiológica permitirá comparar algumas publicações icónicas dos partidos, a fim de aferir o significado mais profundo das mensagens (Gunter, 2000, p. 83). A ferramenta analítica é a mensagem plástica, por se compor de signos “plenos e integrais” (Joly, 2007, p. 104) e “por uma grande parte da significação da mensagem visual [ser] determinada pelas escolhas plásticas” (p. 104). Esta análise foi realizada às imagens com mais gostos, de cada partido, no período compreendido entre 15 e 30 de setembro de 2016, totalizando quatro imagens analisadas. A ferramenta analítica usada – os significantes plásticos – consta na tabela 21 do apêndice 15. Outra metodologia utilizada será a netnografia ou etnografia digital. Esta resulta da fusão de técnicas etnográficas, adaptadas ao estudo de comunidades virtuais, de forma a compreender a atitude dos utilizadores das plataformas sociais online (Pinto, Neto & Costa, 2007, p. 1). Nesta investigação, recorre-se à netnografia, para recolher dados (para a análise de conteúdo) e analisar o comportamento dos partidos políticos na
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internet, escrutinando a periodicidade de publicações, a interatividade (gostos e seguidores), a forma das mensagens e os usos e gratificações dos comunicadores. 3. Da comunicação política à comunicação política digital: Partidos do Governo e da Oposição Neste capítulo, é exposto um enquadramento teórico-conceptual, compondo-se um átrio de discussão, numa intenção de reflexão, compreensão e interdisciplinaridade.
3.1. Comunicação política dos partidos do Governo e da Oposição A comunicação política assenta na implementação de estratégias de aproximação entre os diversos intervenientes do processo político, tendo como enfoque central a relação entre os partidos e os seus líderes e os públicos que constituem o eleitorado, relação esta mediada pelos meios de comunicação social (Espírito Santo, Correia & Ferreira, 2010, p. 81). Existe uma “tendência para a despolitização, simplificação e uniformização das mensagens políticas” (Meirinho, 2006, p. 26), que importa analisar se se verifica na comunicação política digital. Com o contributo dos autores anteriormente citados, detetamos três dimensões da comunicação política: (a) processo de troca, entre políticos e eleitores, (b) influência dos políticos sobre os eleitores e (c) construção de imagem dos políticos, de modo a alcançar uma imagem credível. Os esforços de comunicação dos partidos (ver tabela 27, anexo 1, sobre as suas funções) concentram-se em comunicar com o máximo possível de eleitores, quer seja através dos meios tradicionais, quer dos “novos” meios, como a internet (Rodrigues, 2014, p. 126). Neste sentido, regista-se que a perceção dos cidadãos acerca dos políticos é condicionada por aquilo que lhes é transmitido pelos vários dispositivos de comunicação, nomeadamente os media (Canavilhas, 2009, p. 4). A comunicação política é apresentada como o campo que estuda a interação entre media e sistemas políticos a nível local, nacional e internacional, centrando-se na análise de: (1) conteúdo político dos media; (2) agentes e agências envolvidos na produção de conteúdos; (3) efeito produzido; (4) impacto do sistema político sobre o sistema de comunicação social; e (5) impacto do sistema de comunicação social sobre o sistema político (Franklin, 1995, pp. 582-592). No nosso estudo, atenderemos a estes pontos, como confirmam os objetivos específicos. Importa, nesta moldura conceitual, definir “estratégia de comunicação”: um conjunto de ações bem planeadas destinadas a atingir determinados objetivos através da utilização de métodos, técnicas e abordagens de comunicação (Mefalopulos & Kamlongera 2004, p. 8). Em decorrência, este conceito pode ser operacionalizado no âmbito político digital (tabela 2).
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Tabela 2. Possível operacionalização do conceito “estratégia de comunicação” em contexto político digital Dimensão
Ações
Objetivos
Indicadores
Contrapropaganda; Declarações políticas; Discurso de campanha; Eventos do partido; Identificação de problemas; Informação do partido; Interação simbólica; Interatividade; Propostas/soluções/ medidas para problemas.
Apresentar o posicionamento direcional e justificativo; Criar contrapropaganda; Criar uma situação de oportunidade; Gerir de uma situação de crise; Gerir e construir a imagem e a reputação; Informar; Mobilizar à ação política; Preparar a campanha eleitoral.
Métodos, técnicas e abordagens Despolitização das mensagens; Forma da publicação; Interatividade; Periodicidade; Personalização; Simplificação do conteúdo; Tematização da publicação; Uniformização das mensagens; Visualidade.
Fonte: elaboração própria. O marketing político não se restringe ao momento eleitoral, alarga-se a todo o ato que procura comunicar uma ideia junto da opinião pública e projetar um candidato (e.g. Rodrigues, 2014, p. 128). Do marketing político, faz, ainda, parte a análise, o desenvolvimento, a execução e a gestão de campanhas estratégicas de atores políticos que buscam impulsionar a opinião pública, promover as suas ideologias, ganhar eleições, aprovar legislação e referendos (Newman, 1999, p. 13). É impensável construir uma campanha política, sem que esta esteja bem planificada e adaptada a todos os media disponíveis (Rodrigues, 2014, p. 128). O Governo, numa dimensão conceptual, é o órgão de condução da política geral do país e o órgão superior da administração pública (Constituição da República Portuguesa – CRP art. 182.º). Numa dimensão compositiva, é o primeiro-ministro, ministros e secretários e subsecretários de Estado (CRP art. 183.º). Podemos ainda realçar que “as oposições, legitimamente aspiraram a voltar a governar”. É, nestes termos, Marcelo Rebelo de Sousa (no discurso do 25 de Abril na Assembleia da República, 2017) destaca o papel dos partidos da oposição na construção da democracia “na multiplicidade, enriquecedora das suas opções”. A Oposição pode ser entendida como “um grupo ou movimento político contrário ao grupo detentor do poder” (Bobbio, 2000, p. 846). A existência de Oposição política é uma condição da prática democrática (Bobbio, 2000, p. 25), atendendo a que funciona como contrapoder. A Oposição parlamentar é uma das formas instituídas da Oposição democrática. O seu principal desígnio é constituído pela vontade de ser alternativa de poder, e para isso existem alguns preceitos constitucionais que balizam as suas principais competências (Ruel, 2012, p. 37). Podemos afirmar que a comunicação política na Oposição é a efetuada por “um conjunto de forças políticas não representadas no Governo” (Leitão, 1987, p. 52).
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3.2. “Política 2.0”: Um admirável mundo novo A noção de "Política 2.0", introduzida por Karpf (2009), pode ser entendida como o aproveitamento dos baixos custos de utilização da internet [como meio de divulgação para os partidos] e a sua condição de abundância de informações, visando a construção de instituições políticas mais participativas e interativas (p. 67; Ventura, 2016, ver apêndice 7, questão 7). É a esfera da comunicação política digital. A Internet está-se a converter num meio essencial de comunicação e organização em todos os âmbitos da atividade, é óbvio que os movimentos sociais e os agentes políticos a utilizam e a utilizarão cada vez mais, transformando-a numa ferramenta privilegiada para atuar, informar, recrutar, organizar, dominar e contra dominar (Castells, 2001, p. 167). Sendo um meio acessível e barato permite aos atores políticos captar novos simpatizantes e públicos (Arranz, 1998, p. 122). Dado os problemas enfrentados pelos partidos políticos e pela democracia representativa, não é surpreendente que alguns políticos e os próprios partidos tenham procurado novos métodos de ligação ao público e de melhoria da sua comunicação política. A chegada da internet e de outras “novas” tecnologias de informação e comunicação (TIC) em meados dos anos 90 passou a oferecer “novas” possibilidades de comunicação no momento certo (Gibson, 2003, p. 3, ver tabela 28, anexo 2). O êxito na arena digital está ligado ao risco, mas os políticos ainda preferem “jogar pelo seguro”, fugir da interatividade e de conteúdos inovadores, e, ao tomarem esta decisão, consciente ou inconscientemente, escolhem não se destacar (Santana, 2012, p. 94). As redes sociais online permitem que os candidatos contornem os media tradicionais, contactando diretamente com os eleitores (e.g. Canavilhas, 2009; Garrett, 2016). A maioria dos políticos está disposta a envolver-se mais nas redes sociais online e tem a necessidade de se manter atualizada sobre as discussões políticas e sobre a sua própria reputação (Stieglitz e outros, 2012, p. 10). A democratização do acesso à internet e a consequente proliferação das redes sociais, na primeira década deste século, vieram alterar ainda mais a circulação da informação no espaço público (Ribeiro, 2015, p. 69). Nas redes sociais online é possível conhecer os eleitores (e.g. chats, inquéritos e a informação biográfica de cada utilizador), possibilitando uma melhor segmentação. Importa, assim, segmentar o eleitorado (Canavilhas, 2009, p. 12) e criar uma estratégia, como advoga Ventura (2016, apêndice 7, questão 6). 3.3. Redes sociais online como instrumentos de comunicação política "O meio é a mensagem" (McLuhan, 1964/2005) – no sentido em que o meio, não sendo inócuo, oferece mais uma forma de expressão que influencia e até conciona – contrasta com o aforismo de Bill Gates (1996) “o conteúdo é rei”. Nas redes sociais
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online, o “contexto desse conteúdo é importante, em relação à plataforma [meio] e ao público alvo” (Marques, 2016, p. 36). As redes sociais começaram a ganhar maturidade há cerca de dez anos, e há cinco começaram a multiplicar-se, adquirindo cada vez mais utilizadores, com um grande consumo de conteúdos nestas plataformas (Marques, 2016, p. 38). As redes sociais online têm reformulado as relações interpessoais, permitindo conectar desconhecidos com interesses, atividades ou ideologias políticas comuns (Boyd & Ellison, 2007). O aumento do número de utilizadores de redes sociais, como o Facebook ou o Instagram, alterou a forma de difundir a informação, removendo os custos associados à utilização de grandes infraestruturas que eram necessárias para o mesmo efeito (Stieglitz & Dang-Xuan, 2013, p. 1277). As redes sociais online apresentam-se, assim, como possíveis alavancas da comunicação política. As redes sociais online são uma ferramenta poderosa, quando são utlizadas corretamente. Isto é, com mensagens apelativas, com a execução das melhores práticas e mobilização dos recursos necessários (Thejll-Moller, 2013, p. 38). Utz (2009) anota uma potencialidade arrojada dos sites de redes sociais: o alcance de indivíduos menos interessados na política. Importa ainda enunciar os diferentes graus de envolvimentos dos cidadãos com a comunicação política digital. Expressos por Shirk (2009) e sistematizados por Sebastião (2015) do menos interativo para o mais interativo temos o (1) passivo, (2) liker, (3) replicant, (4) subscritor, (5) produtor de conteúdos, (6) participante e o (7) ativista (figura 27, anexo 2). 3.4. O período não eleitoral e a “campanha permanente” digital dos partidos do Governo e da Oposição O período não eleitoral tem sido objeto de preocupação e investimento políticos, pois a imagem (pessoal e pública) face ao político não se forma exclusivamente em período eleitoral. Ao seu serviço, encontra-se o marketing político, que se distingue do marketing eleitoral por se prolongar no tempo e requerer o alcance de objetivos de longo prazo (Rodrigues, 2014, p. 128). “A campanha permanente é uma combinação de criação de imagens e cálculo estratégico que transforma a governação numa campanha perpétua” (Blumenthal, 1982, p. 7), admite-se a ideia de que as campanhas políticas não terminam com a vitória ou derrota nas eleições (Gonçalves, 2005, p. 110), são contínuas. Os blogues já foram uma plataforma de campanha contínua. Contudo, estão em queda e dão lugar a “novas” ferramentas, como as redes sociais online, que permitem outras possibilidades de participação política e de interação. Os partidos políticos deparam-se com um novo campo aberto, pontuado com uma infinitude de formatos e utilizadores para convencer (Lorenzo & Carreras, 2010, p. 9).
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Pouco se sabe sobre a relevância das redes sociais online para a política em alguns países, assim como quais são os seus fatores de êxito (Stieglitz e outros, 2012, p. 10). Contudo, os políticos reconhecem a utilidade das redes sociais online para a comunicação política (e.g. Stieglitz e outros, 2012, p. 8). Os candidatos não rentabilizaram integralmente as potencialidades da internet nem no período eleitoral nem no extraeleitoral: fornecem dados biográficos do candidato ou do partido, programas eleitorais e agendas dos candidatos, mas desprezam a interatividade com os eleitores (Canavilhas, 2009, p. 7). Exemplo disto é os partidos políticos não responderem aos eleitores nos comentários das publicações ou em mensagem privada. No período extraeleitoral, cingem-se a seguir alguns dos seus eleitores e usam os meios digitais como complemento aos tradicionais (Santana, 2012, p. 87 e Resumo). A interatividade permite a cidadãos e políticos uma relação simétrica, entendida como um processo de comunicação bidirecional em que ambos influenciam e são influenciados (Canavilhas, 2009, p. 7) e em que significados são aferidos e construídos nesse intercâmbio político. Estes significados apreendidos pelos cidadãos confluem para a reunião de imagens acerca dos candidatos. Notamos, assim, a presença do interacionismo simbólico (e.g. Blumer, 1969), em que os mundos humanos são fortemente simbólicos, no contexto digital. As redes sociais online criaram oportunidades para "inovações estratégicas onde a comunicação política pessoal é crucial” (Bimber, 2014, p. 131). Num estudo exploratório que realizamos em outubro e novembro estudo exploratório, analisamos as redes sociais online, em período não eleitoral, dos partidos políticos na Oposição em Cabo Verde, o PAICV (Partido Africano da Independência de Cabo Verde) e, em Portugal, o PSD (ver apêndice 18). Concluímos que o PSD faz mais publicações e é mais ativo no Facebook do que o PAIVC. Tal ativismo da Oposição portuguesa pode ser justificado pela maior TPI em Portugal: havendo mais cidadãos online, os partidos optam por investir mais nas redes sociais. Os principais temas de agenda política publicados no Facebook são de política nacional. Os partidos utilizam o Facebook para apresentar posicionamentos justificativos, mas também apelam à mobilização da ação política. O texto com imagem é o tipo de conteúdo privilegiado, confirmando, num paradigma de “cultura visual”, o poder de sedução da imagem. Nas redes sociais online, os partidos podem transmitir mensagens eleitorais, mobilizar os apoiantes e gerir a imagem do partido e amplificar as mensagens. Os partidos políticos analisados cumprem estas funcionalidades. Contudo, este estudo revela falhas na “complementaridade com outros media – hibridismo”.
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3.5. Motivações, “usos e gratificações” e vantagens da comunicação política digital O êxito de uma campanha online é o resultado da forma como a comunicação política a integra no mix da comunicação, explorando as suas forças, como: a personalização e a interatividade (Canavilhas, 2009, p. 13). A TUG toma o ativismo no uso dos media em resposta a necessidades o seu ponto de partida (Katz & Rice, 2002). Este quadro teórico é profícuo para os estudos dos meios digitais, os utilizadores acedem à internet de modo mais utilitário do que como simples hábito, em comparação aos media clássicos (e.g. Riezu, 2014, p. 31). Da aplicação da TUG à comunicação política digital e do ponto de vista dos eleitores, sabemos que estes privilegiam as funcionalidades de interação com o partido e gostam desta forma de participação, pois sentem-se mais úteis no sistema político (Rodrigues, 2014, p. 221). As vantagens dos “novos” dispositivos online, sistematizadas por Barnett (1997), podem contribuir e influenciar a comunicação política digital (ver figura 1). Figura 1. Vantagens dos "novos" dispositivos online
Fonte: Adaptado de Barnett, 1997. Estas caraterísticas estão dependentes: a) do acesso universal à internet, b) da formação dos cidadãos com as competências necessárias para utilizarem corretamente os “novos” dispositivos e c) da qualidade e variedade da informação disponibilizada no meio (Canavilhas, 2009, p. 7). A propósito desta preocupação, foram enunciadas nas Opções Metodológicas as TPI dos países a analisar (tabela 1). Importa ainda realçar outras desvantagens ocorrentes da utilização de redes sociais. “A existência de meios não aumenta o uso e o envolvimento das pessoas” (…) por exemplo, em Portugal, a democracia eletrónica e o nível de participação online dos cidadãos, mostraram-se dececionantes (Sebastião, 2015, p. 9). Os jovens (15-24 anos) são aqueles que menos procuram informação sobre política e apresentam pouca participação cívica e política (Lobo, Ferreira & Rowland, 2015, p. 80). Importa realçar que as publicações nas redes
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sociais não têm tanta credibilidade como uma notícia ou um comentário nos media, mas chega a muita gente incauta e pode intoxicar a opinião pública (Ribeiro, 2015, p. 182). A preocupação e os interesses políticos e académicos com a “Política 2.0” tornam-se prementes num cenário de inevitabilidade da democracia online, atendendo a que a Web é vista, entre outras dimensões, como um “novo” espaço de participação, discussão e visibilidade política e uma ferramenta potencial para revitalizar a interação entre os agentes políticos e os cidadãos (e.g. Motta e outros, 2013, p. 239), atualizar-se, informar, ganhar notoriedade, mobilizar, posicionar-se, construir uma imagem positiva, comunicar regularmente sem a mediação mediática clássica – TUG aplicada aos agentes políticos. A internet oferece, ainda, potencial de conquista eleitoral para os políticos, pois está a tomar-se um meio apetecível para os membros mais jovens do eleitorado, num momento em que o uso de outros media está em declínio (Gibson & Ward, 2012, p. 62). Contudo, os laços entre eleitores e políticos são um fator a atender numa comunicação política de êxito, quer nas redes sociais online, quer nas presenciais (Bond e outros, 2012, p. 295).
4. A comunicação política digital em período não eleitoral dos partidos do Governo e da Oposição em alguns Países da da Europa e da CPLP No presente ponto, será feita a apresentação e a análise e discussão dos resultados obtidos, através da concretização das técnicas definidas nas Opções Metodológicas. Por conseguinte, a exposição encontra-se estruturada de acordo com os objetivos de investigação a que se pretende dar resposta. 4.1. Comunicação política digital dos partidos do governo e da oposição dos cinco países em análise Para esta investigação, foi analisado um total de 249 publicações do Facebook dos partidos políticos. A tabela 3 sistematiza o número total de publicações (NTP) analisadas por país, funções políticas e partido político. Assim, foram analisadas 93 publicações da CPLP (Brasil e Cabo Verde) e 94 da Europa (Espanha e Inglaterra). Analisámos ainda 62 publicações de Portugal (que se inclui quer na CPLP quer na Europa). Do total de publicações por funções políticas, foram analisadas 182 publicações dos partidos da oposição e 67 publicações de partidos de governo (ver figura 12, apêndice 14). Tabela 3. Distribuição das publicações dos partidos por país e funções políticas País NTP Funções Partido NTP
Portugal 62 Gov. Op. PS PSD 36 26
Brasil 79 Gov. PMDB 4
Op. PT 75
Cabo Verde 14 Gov. Op. MpD PAIVC 5 9
Espanha 42 Gov. Op. PP PSOE 15 27
Inglaterra 52 Gov. Op. PC PT 7 45
Fonte: elaboração própria.
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Este ponto do trabalho desenvolve-se tendo em contra três comparações: (4.1.1) análise entre os partidos do governo e da oposição, (4.1.2) análise entre os partidos da Europa e da CPLP e (4.1.3) análise entre os partidos do governo e da oposição dentro dos partidos da Europa e da CPLP. Para conhecermos as tendências gerais da comunicação política digital, apresentamos as duas análises bivariadas (ver figura 10 e figura 11 do apêndice 14) que analisam à totalidade do corpus. Estas variáveis foram escolhidas, atendendo à relevância e expressividade dos resultados. Os partidos apresentam os seus objetivos, com um valor direcional positivo (fig. 10). O objetivo “apresentar um posicionamento justificativo” apresenta 45 presenças. O objetivo “criar contrapropaganda” regista o valor direcional negativo mais elevado (18 presenças). Em termos neutro, “mobilizar a ação política” evidencia 10 registos. As publicações sem possibilidade de aferição são sobretudo para “informar o público” (9 presenças). Os eventos dos partidos servem para mobilizar a ação política (23 presenças) e preparar a campanha eleitoral (22 presenças). Os “posicionamentos do partido” com 22 presenças tem como objetivo “apresentar um posicionamento justificativo”. Quando os partidos querem “criar contrapropaganda” (18 presenças) e “constituir situações de crise” (1 presença) o tipo de conteúdo utilizado é a “contrapropaganda”. O objetivo de “informar o público” é mais concretizado com o conteúdo de “discursos políticos” (14 presenças). O conteúdo “identificação de problemas” tem com objetivo mais pontuado criar situações de oportunidade (7 presenças) (fig. 11). Efetuaram-se alguns testes de qui-quadrado, análise inferencial, para perceber a relação entre algumas variáveis. Denota-se a preocupação com o encaixe estratégico entre objetivos e conteúdo da mensagem através do apuramento das relações estatisticamente significativas entre: a) objetivos e tipo de conteúdo, b) objetivos e atores e c) objetivos e temas (apêndice 20). 4.1.1 Diferenças nas estratégias e nas práticas de comunicação entre os partidos do governo e da oposição a) análise de conteúdo Podemos identificar que 182 das 249 publicações analisadas provêm dos partidos que não desempenham funções governativas: são os partidos da oposição os mais ativos nas redes sociais online (ver figura 12, apêndice 14). Em contraste, com as 67 publicações do partido de governo.
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Figura 2. Relação entre as funções políticas do partido e o tipo de conteúdo Os
conteúdos
mais
partilhados pelos partidos do governo
são
“discursos
políticos” (27) e “informação” partidária (11). Do outro lado, os conteúdos preferidos pela oposição são os “eventos do partido” (71) e, em posição de ex-aequo (31 registos cada), “posicionamento do partido” e "discursos políticos” (fig. 2). Os partidos políticos na oposição não fazem identificação de problemas nem fazem partilha de notícias de órgãos de comunicação social. Os partidos da oposição não utilizam como conteúdos a partilha de publicações de outras páginas. Figura 3. Relação entre as funções políticas do partido e os atores das publicações Os partidos do governo fazem, sobretudo, (23).
publicações
Assim,
“sem
recorrem
a
atores”
elementos
visuais como desenhos ou gráficos. Os partidos
da
oposição
utilizam
publicações com “vários atores” (64), recorrendo a imagens que mostram os líderes e deputados dos partidos entre anónimos.
Existe
ainda
uma
forte
presença do presidente do partido (37) (fig. 3).
Relação entre função do partido e o valor direcional Podemos identificar uma similitude de práticas no que toca ao valor direcional entre os partidos do governo e da oposição (figura 13, do apêndice 14). Ambos preferem fazer publicações com um valor direcional positivo, em primeiro lugar (49 e 100). Com pontuações segundamente expressivas, surgem as publicações com um valor negativo (8 e 37). Em terceiro lugar, seguem-se as publicações neutras (7 e 15). Destaca-se o peso das publicações sem possibilidade de aferição dos partidos da oposição (22).
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Figura 4. Relação entre as funções do partido e o tema O tema preferido pelos partidos políticos do governo são a “Política Nacional” (40) e a “Economia” (11), evitando na sua agenda temática: o Ambiente, Cultura,
Defesa,
Justiça
e
Saúde. Na sua agenda temática os partidos da oposição fizerem mais
publicações
“Finanças”
(11)
e
sobre “Política
Nacional” (63), (fig. 4).
Relação entre funções e objetivos das publicações O principal objetivo dos partidos, quer do partido de governo quer da oposição, é mobilizar a ação política (49) e apresentar posicionamentos justificativos (47) (fig. 14, do apêndice 14). No caso dos partidos do governo, destacamos ainda a importância do objetivo de informar o público (18) O objetivo menos presente é constituir situações de crise, quer nos partidos da oposição (1 presença) e no partido do governo (sem presença). Relação entre as funções e a forma das publicações Ao nível da forma das publicações (fig. 15, do apêndice 14), os partidos do governo preferem fazer publicações, recorrendo ao texto com imagem (42). Com uma tática diferente, os partidos da oposição utilizam mais o vídeo (100) para transmitir a sua mensagem. b) análise de entrevistas Os resultados das entrevistas evidenciam que, em período não eleitoral, os partidos políticos usam os meios digitais como promotores de iniciativas que organizam (Ventura, 2016, apêndice 7, questão 3), os partidos do governo dispõem de mais meios e recursos para comunicar e os partidos do governo tendem a apostar menos na comunicação digital do que os partidos da Oposição. Os primeiros tendem a desvalorizar mais a comunicação interativa com os militantes porque têm de comunicar com um país inteiro (Santos, 2017, apêndice 8, questão 4), o que não seria gerível. As diferenças na prática comunicacional dos partidos do Governo e da Oposição, para o PS, é a mensagem, o conteúdo. Na forma, também se verificam diferenças “dado que as plataformas de comunicação preferenciais também não são as
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mesmas” (PS, 2017, apêndice 11, questão 5). Contrariamente, o PSD entende que o objetivo da comunicação é comum independentemente das funções políticas: comunicar com os militantes e simpatizantes do PSD e fazer chegar a mensagem à sociedade civil (PSD, 2017, apêndice 12, Questão 5). Contudo, quando o PSD é partido da Oposição, luta e trabalha diariamente com uma “comunicação mais aguerrida e combativa” (apêndice 12, questão 5), indiciando diferenças no tom. Entre os académicos, identifica-se que a maior diferença reside no teor da mensagem (Ventura, 2016, apêndice 7, questão 3), daí o uso desta pista para fundamentar a análise de conteúdo preliminar, e as tendências são o enaltecimento dos aspetos positivos da governação e a "travação" de alguma informação com origem na oposição, que seja um ataque à forma como o partido do Governo está a governar, ou seja, a reação aos partidos da oposição, aos adversários políticos, aos opinion makers que querem desvalorizar a ação política do Governo (Lobo, 2017, apêndice 9, questão 3). Criar contrapropaganda é uma preocupação dos partidos da oposição, estando na oposição, procura-se sempre, de alguma forma, nas redes sociais desvalorizar as ações políticas do partido que governa (Lobo, 2017, apêndice 9, questão 3) Importa ainda realçar que a capacidade de recursos humanos e técnicos é muito maior quando se está no governo do que quando se está na oposição (Santos, 2017, apêndice 8, questão 3). Esta ideia é reforçada por Ventura (2016, apêndice 7, questão 3). É necessário ter em conta que o governo não utiliza somente os canais de comunicação do partido para comunicar, faz também uso dos seus próprios meios. 4.1.2 Diferenças nas estratégias e nas práticas de comunicação entre os partidos da CPLP e da Europa Neste ponto, não se analisou Portugal, porque incluímo-lo, quer na CPLP, quer na Europa, e a sua inclusão iria fazer com que fosse analisado duplamente. Lidamos assim com 187 publicações: 94 publicações dos partidos da Europa (Espanha e Inglaterra) e 93 publicações da CPLP (Brasil e Cabo Verde). Figura 5. Relação entre localização geográfica do país e tipo de conteúdo Na
CPLP,
o
tipo
de
conteúdo mais publicado são os “eventos do partido” (37) e os “posicionamentos (21).
Na
conteúdo
Europa,
o
preferido
“discursos Contudo,
justificativos” tipo são
políticos” os
“eventos
de os (35). dos
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partidos” também são muito publicados (21 presenças). Destaque ainda para a ausência de publicações: a) na CPLP, sobre propostas, soluções e medidas para problemas e b) na Europa cujo conteúdo sejam notícias de Órgãos de Comunicação Social (fig. 5). Relação entre localização e tema A agenda temática de ambos os grupos de países obedece a uma expressividade semelhante: os temas mais publicados, quer na CPLP, quer na Europa, são Finanças e Política Nacional (CPLP: respetivamente 41 e 38; Europa: respetivamente 20 e 36). Detetamos duas tendências: a) na CPLP, 79 das 93 publicações analisadas versam sobre Finanças ou Política Nacional, e todos os outros temas são pouco destacados, nunca tendo mais do que três publicações; b) na Europa, existe um maior pluralismo de publicações (fig. 16, do apêndice 14). Relação entre localização e valor Quer na CPLP, quer na Europa, os partidos optam por utilizar publicações dotadas de um valor direcional positivo (fig. 17, do apêndice 14). Registamos também a ausência de posicionamentos duais na CPLP. Relação entre a localização e os atores presentes nas fotos Nas duas geografias ou grupos culturais analisados, os partidos políticos optam por utilizar mais publicações com vários atores em simultâneo (34 na CPLP; 24 na Europa), ou seja, elementos da direção partidária com pessoas anónimas. Verificamos, em segundo lugar, o recurso a imagens do presidente do partido (24 na CPLP; 20 na Europa) (fig. 18, do apêndice 14). Figura 6. Relação entre a localização geográfica e os objetivos O
principal
objetivo
das
publicações (fig. 8) dos partidos da CPLP é prestar posicionamentos justificativos (35) e mobilizar a ação política (24). Na Europa, “mobilizar a ação política” é o principal
objetivo
(28),
seguido
de
informar o público (25). O objetivo menos presente nas publicações dos partidos é constituir situações de crise na CPLP (1 presença) e sem presença na Europa. Relação entre a localização e a forma Os partidos políticos da CPLP preferem fazer publicações recorrendo ao texto com imagem. Com uma prática diferente, os partidos da Europa usam mais o vídeo para transmitir a sua mensagem (fig. 19, apêndice 14).
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4.1.3 Diferenças nas estratégias e nas práticas de comunicação entre os partidos do governo e da oposição da CPLP e da Europa De modo a responder mais competentemente ao primeiro objetivo especifico deste trabalho, neste ponto encetamos uma análise entre os partidos do governo e da oposição nas diferentes geografias ou culturas (tabela 4). Destacamos como principais tendências os “discursos políticos” como o tipo de conteúdo mais utlizado pelos partidos do governo e os “eventos do partido” pelos partidos da oposição em ambos os blocos de países. O valor direcional “a favor” é o mais registado em todos casos. Na Europa, independentemente das funções o partido, o principal objetivo é “mobilizar a ação política”, na CPLP os partidos preferem “criar situações de oportunidade” (partidos do governo) e “apresentar posicionamentos justificativos” (partidos da oposição). Independentemente da geografia, os partidos do governo utilizam mais texto com imagem, os partidos da oposição utilizam mais vídeo. Tabela 4. Indicador com maior valor absoluto em cada categoria em análise sobre a comunicação política digital entre os partidos do governo e os da oposição na Europa e na CPLP País Funções políticas dos Partidos Categorias 1. Tipo de conteúdo 2. Tema 3. Valor direcional 4. Objetivos
6. Atores presentes nas fotos 5. Forma da apresentação
Países da Europa (Portugal, Espanha, Inglaterra) Partidos do Partidos da Governo (58) Oposição (98)
Países da CPLP (Portugal, Brasil e Cabo Verde) Partidos do Partidos da Oposição Governo (45) (110)
Discursos políticos (27)
Eventos do partido (33)
Eventos do partido (51)
Política Nacional (32) A favor (40)
Política Nacional (33) A favor (47)
Discursos políticos (17) Política Nacional (27) A favor (37)
Mobilizar a ação política (16)
Mobilizar a ação política (27)
Sem atores (19)
Vários (33)
Criar uma situação de oportunidade (11) Sem atores (15)
Apresentar um posicionamento justificativo (39) Vários (45)
Texto com imagem (33)
Vídeo (62)
Texto com imagem (30)
Vídeo (50)
Finanças (52) A favor (68)
(n= 156)
(n= 155)
Fonte: elaboração própria. 4.2. Motivações, “usos e gratificações” da comunicação política digital O PS atribui “bastante importância” à comunicação via redes sociais, havendo, no Gabinete de Comunicação do Partido, pessoas dedicadas a esse meio em particular (apêndice 11, questão 1). Na mesma linha, o PSD atribui “muita importância” à comunicação digital. Não é por acaso que o PSD é o partido político em Portugal “com maior presença nas redes sociais online” (apêndice 12, questão 1).
A comunicação política digital em período não eleitoral
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Na figura 7 sintetizamos as principais motivações dos partidos na comunicação política digital. Figura 7. Motivações dos partidos na comunicação política digital
Ao nível dos usos, depois dos usos detetadas no ponto 4.1, é pertinente, em termos de complementaridade, analisar os usos dos websites: ambos os partidos destacam a importância das redes sociais online, contudo para o PS o website permite ter mensagens mais elaboradas e pesquisáveis (2017, apêndice 11, questão 8), já o PSD utiliza o website para conteúdos mais institucionais e as redes sociais para conteúdos mais trabalhados para o digital (2017, apêndice 12, questão 8). Ao nível das gratificações observamos que os partidos políticos procuram simpatia para o seu partido e causas, relação de proximidade, interatividade, com o fim último do voto. Garantir que as mensagens alcançam o maior número de pessoas é a gratificação do PS (PS, apêndice 11, questão 3), já o PSD tem como gratificação falar diretamente com os cidadãos e fazer-lhes chegar as suas propostas e ideias (apêndice 12, questão 7). 4.3 Especificidades da comunicação das mensagens e tendências da comunicação Neste tópico, pretendemos saber quais as especificidades da comunicação (Para quem?, Porquê?, O quê? Quando?, Como?, Onde?) das mensagens divulgadas nas redes sociais online dos partidos políticos. Para quem? Na perspetiva dos académicos, as ferramentas online serão essenciais para chegar a um público mais jovem (Lobo, 2017, apêndice 9, questão 1; Rodrigues, 2017, apêndice 10, questão 1; Ventura, 2016, apêndice7, questão 1) ou um público mais escolarizado (Santos, 2017, apêndice 8, questão 1). Para os partidos, “todos os públicos nos são importantes” (PS, 2017, apêndice 11, questão 10), o PSD “comunica para todo o tipo de público e não para um público específico” (2017, apêndice 12, questão 10). Porquê? Os meios digitais são janelas de oportunidade, no sentido da promoção do trabalho e das iniciativas que os partidos políticos desenvolvem (Lobo, 2017, apêndice 9; Ventura, 2016, apêndice 7). Para além do “grande” poder de divulgação, a Internet
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permite ainda que os políticos obtenham feedback dos cidadãos, acerca das ações em que estão envolvidos ou das posições políticas assumidas (Lobo, 2017, apêndice 9, questão 4). O quê? No ponto 4.1, através da análise de conteúdo já destacámos alguns dos conteúdos que os partidos publicam. No presente ponto, destacamos os contributos colhidos através da análise semiológica. Com esta análise semiológica, concluímos que, em nenhuma das imagens analisadas (ver tab. 22, apêndice 17), os partidos utilizam moldura nas suas fotografias e, em todas as imagens, estão presentes os líderes dos partidos, exceto no caso do PMDB, (o ex-líder Lula da Silva integra a foto). Observamos ainda que o PSD é o único partido que utiliza hashtags e que o PMDB, além da legenda contextual da imagem, faz uma legenda descritiva da foto para cegos, revelando cuidado com estes cidadãos. O enquadramento da foto preferido pelos partidos é vertical e estreito, o que confere ao espetador uma sensação de proximidade face ao exposto fotograficamente. O ângulo do ponto de vista é predominantemente o contrapicado, que confere uma sensação de engrandecimento, força e altura ao presidente do partido. O PMDB e o PSD escolheram uma objetiva com uma grande profundidade de campo (tudo é nítido desde o presidente até ao horizonte em fundo) e que se aproxima da visão natural – são objetivas com uma focal curta. Ao passo que o PP e o PT escolheram uma objetiva com uma maior distância focal: foca-se no presidente do partido, mas a imagem de fundo aparece desfocada (técnica do halo desfocado). Pretende-se, com esta técnica, que o espetador se foque na parte nítida. Ao nível do tipo de composição, o PP apresenta uma construção em profundidade: a essência (líder do Partido) está integrada num cenário em perspetiva, ocupando a frente da cena, no primeiro plano. O PMDB e o PSD recorrem a uma construção sequencial: convida o olhar a percorrer a imagem, de modo a que, no final do seu trajeto, caia sobre a plateia (militantes e deputados, respetivamente). O PT apresenta uma construção axial: coloca o cerne no eixo do olhar, em geral, exatamente no centro geométrico da imagem (interação dos olhares dos protagonistas) (tabela 22, apêndice 17). Quando? Em período não eleitoral, existem vários autores [Blumenthal (1982) e Pfetsch (1998)], que nos falam de uma transformação que faz com que não haja períodos não eleitorais: a campanha permanente (Santos, 2017, apêndice 8, questão 4).
A comunicação política digital em período não eleitoral
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Como? Com a análise de conteúdo e a netnografia, percebemos que os partidos comunicam sobretudo como vídeos (110 presenças) e com texto com imagem (108). As formas menos utlizadas são apenas texto (28) e álbuns de foto (3) (figura 20, apêndice 14). O PS diz que em período não eleitoral os tipos de conteúdos preferidos são as infografias e os vídeos de curta duração (2017, apêndice 11, questão 9). Para o PSD, o tipo de conteúdo depende do tema (2017, apêndice 12, questão 9). Onde? Através da netnografia percebemos que os partidos estão presentes no Facebook de uma forma mais homogénea do que no Instagram, quer em presença (todos os partidos analisados estão presentes no Facebook), quer em número de publicações (tab. 5). O número total de publicações no Facebook (NTP FB) é 249, ao passo que o número total de publicações no Instagram (NTP IG) é 111, no mesmo período. No Instagram, apenas quatro dos 10 partidos fizeram publicações no período selecionado. Dentro da CPLP e no Instagram, destacamos ainda a forte presença dos partidos políticos brasileiros e a ausência dos partidos de Cabo Verde. Tabela 5. Número total de publicações no Facebook e Instagram País
Portugal
Brasil
Cabo Verde
Espanha
Funções
Gov.
Op.
Gov.
Partido
PS
PSD
NTP FB
36
NTP IG
a)
Inglaterra
Op.
Gov.
Op.
Gov.
Op.
Gov.
Op.
PMDB
PT
MpD
PAIVC
PP
PSOE
PC
PT
26
4
75
5
9
15
27
7
45
9
31
46
b)
b)
25
c)
c)
d)
Fonte: elaboração própria. a) Criado no dia 26 de outubro de 2016; b) Não tem Instagram; c) Não fez publicações no período analisado; d) Criado no dia 8 de maio de 2017; e) Análise realizada entre dia 15 e 30 de setembro de 2016.
Concluímos que existe mais interação (gostos e seguidores) no Facebook do que no Instagram (tab. 6 e 7). Detetamos que os partidos da oposição são os partidos com mais “gostos” no Facebook no Brasil, Inglaterra e Portugal (ver tabela 6). Tabela 6. Interação no Facebook dos partidos em análise no dia 25/05/2017 Partido
PS
PSD
PMDB
PTB
MpD
PAIVC
PP
PSOE
PC
PT
Gostos
54274
146123
69561
1230479
27029
19625
174609
147911
633586
992563
Fonte: elaboração própria.
O Instagram segue a mesma tendência (tab. 7). São os partidos da oposição os que têm mais seguidores e os que fazem mais publicações em Espanha, Inglaterra e Portugal. Brasil é o partido da oposição o que tem mais seguidores, é o partido do governo com mais publicações. A comunicação política digital em período não eleitoral
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Tabela 7. Interação no Instagram dos partidos em análise no dia 25/05/2017 Partido
PS
PSD
PMDB
PT
MpD
PAIVC
PP
PSOE
PC
PT
Seguidores
1362
8084
9249
56200
-
-
19200
15100
6631
34200
Publicações
139
1223
2209
719
-
-
389
589
41
413
Fonte: elaboração própria. Na tabela 8, pretendemos sintetizar e sistematizar as principais tendências da comunicação atendendo aos objetivos, às ações, às táticas e às abordagens: Tabela 8. Tendências da comunicação política digital em contexto não eleitoral Mafalda Lobo (2017)
Susana Santos (2017)
A tendência é para cada vez mais os políticos se manterem ativos, independentemente de estarem ou não em período de campanha eleitoral. Hoje, os políticos já perceberam a importância das redes sociais para a sua visibilidade e para a do partido a que pertencem também.
As tendências são para que a comunicação seja concertada em momentos determinados do calendário, não eleitorais, mas momentos como a aprovação do orçamento de estado, a rentrée política, momentos determinados em que há um reforço da comunicação.
Rosália Rodrigues (2017) Criação de mais fóruns participativos e espaços de participação.
Jorge Ventura (2016) Em contexto não eleitoral a tendência é para os meios digitais funcionarem como meios de promoção de iniciativas dos partidos.
Fonte: elaboração própria.
Relativamente à tendência de abordagem da construção da agenda política no PS é definida pelos atores políticos (2017, apêndice 11, questão 6). No PSD as redes sociais assumem um papel fulcral na construção e gestão da agenda política (PSD, 2017, apêndice 12, questão 6). 4.4. Efeitos e vantagens do uso das plataformas online na comunicação política Na tabela 9 sintetizamos a importância que os partidos políticos atribuem à comunicação digital para, depois, apresentar os efeitos e as vantagens, o cerne deste ponto. Tabela 9. Importância que os partidos políticos atribuem à comunicação digital Mafalda Lobo (16/03/2017) O Facebook ainda é visto pelos políticos apenas como uma plataforma de divulgação de conteúdos. No entanto, os políticos têm vindo a ganhar consciência que, hoje, estar presente na Internet é estar mais próximo das pessoas (a presença nas redes atinge vários públicos), sobretudo das gerações mais jovens que vivem muito dependentes das redes sociais.
Susana Santos (20/02/2017) Em Portugal, todos os partidos políticos, ou pelo menos os que têm representação parlamentar, têm atividade e preocupação com a comunicação política digital.
Rosália Rodrigues (23/03/2017) Atualmente, já perceberam que não podem viver fora do mundo online. Mas as plataformas digitais começam, também, a ser utilizadas para determinados processos burocráticos governamentais.
Jorge Ventura (17/11/2016) Temos assistido a um incremento da utilização do digital na comunicação política. Os meios digitais têm um espaço cada vez mais característico e importante através do uso das tecnologias colaborativas para comunicar com os seus potenciais eleitores.
Fonte: elaboração própria. Como efeitos, constatamos a presença mais ampla do político através dos diversos meios. Temos assistido a um incremento da utilização do digital na comunicação política (Ventura, 2016, apêndice 7, questão 1). Um efeito relevante é a produção e divulgação de conteúdos informativos originários dos próprios partidos (Rodrigues, 2017,
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apêndice 10, questão 1; Santos, apêndice 8, questão 7). Neste sentido, alguns efeitos das redes sociais são passar as portas da Assembleia da República e transpor a “barreira” dos media, ganhar notoriedade, protagonismo, visibilidade (Lobo, 2017, apêndice 9, questão 4). Percebemos que os efeitos de utilização de redes sociais online são positivos. Assim, os académicos listam como vantagens: maior interatividade, maior controlo da mediação da mensagem e redução de custos (Ventura, 2016, apêndice 7, questão 7), o contributo para criar proximidade entre os cidadãos e o político e, deste ponto de vista, fortalecer a democracia, ao abonar o aumento da participação dos cidadãos na vida pública e o aumento do debate público (Lobo, 2017, apêndice 9, questão 7), possibilidade de o partido ser o seu próprio gatekeeper da informação publicada e poder receber feedback (Santos, 2017, apêndice 8, questão 7). Permite apreender o que está a “acontecer na realidade, porque se pode estar em rede e perceber o que os outros partidos estão a fazer e a discutir e perceber como se estão a organizar” (Santos, 2017, apêndice 8, questão 7). Importa ainda apresentar os desafios da comunicação digital em período não eleitoral. Na perspetiva dos partidos do governo passam por divulgar e esclarecer as propostas do partido, alcançar novos públicos e expandir a base do partido (PS, 2017, apêndice 11, questão 7). Já a oposição destaca que não é apenas em contexto eleitoral que deve haver o contacto com os cidadãos e a divulgação das propostas e ideias partidárias: é necessário trabalhar, diariamente para fazer com que as propostas cheguem à opinião pública e aos portugueses (PSD, 2017, apêndice, questão 7).
5. Discussão dos resultados A presente investigação tem como objetivo geral aferir, analisar e compreender como é que os partidos políticos em exercício de funções governamentais e na oposição, em países europeus e de língua portuguesa, utilizam as redes sociais online em contexto não eleitoral, portanto, as suas estratégias de comunicação digital. A campanha permanente é uma “combinação de criação de imagens e cálculo estratégico que transforma a governação numa campanha perpétua” (Blumenthal, 1982, p. 7). Admite-se a ideia de que as campanhas políticas não terminam com a vitória ou derrota nas eleições, como comprova a frequência regular de publicações feitas pelos partidos. Importa ainda realçar a importância que os partidos políticos atribuem a preparar a campanha eleitoral, como verificamos na análise de conteúdo (figura 14), porque no período analisado (não eleitoral) todos os partidos fizeram publicações. Os partidos da oposição são grupos políticos contrários ao grupo detentor do poder (Bobbio, 2000, p. 846) e, além das diferenças políticas e ideológicas (que não
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fazem
parte
do
objetivo
de
estudo
deste
trabalho),
detetámos
diferenças
comunicacionais, graças às técnicas de análise de conteúdo, de entrevista, de análise semiológica e de netnografia. Os partidos da oposição, durante o período não eleitoral e procurando manter-se ativos e atrativos, investem mais nas ferramentas comunicacionais internas, e, portanto, tentam atrair mais pessoas, enquanto os partidos que estão no governo estão mais empenhados na comunicação com o exterior (Santos, 2017, apêndice 8, questão 4) A análise semiológica às imagens mostra que estas são relativamente simples e uniformes, primando pela pouca informação: todas evidenciando um líder (ou ex-líder) representado. Esta conclusão vai ao encontro da tendência para a simplificação e uniformização das mensagens políticas (Meirinho, 2006, p. 26). Alguns partidos utilizam o Instagram, concentrando-se em comunicar com o máximo possível de eleitores, quer seja através dos meios tradicionais, quer dos “novos” meios (Rodrigues, 2014, p. 126). Esta ideia é reforçada pelos assessores partidários (apêndice 11 e 12), que referem que os seus partidos não têm públicos-alvo (questão 10), concentrando-se numa comunicação massificada. A internet oferece, ainda, potencial de conquista eleitoral para os políticos, pois está a tomar-se um meio apetecível para os membros mais jovens do eleitorado, num momento em que o uso de outros media está em declínio (Gibson & Ward, 2012, p. 62). As redes sociais online são uma ferramenta poderosa, quando utlizadas corretamente. Isto é, com mensagens apelativas, com a execução das melhores práticas e mobilização dos recursos necessários (Thejll-Moller, 2013, p. 38). Conforme anotámos, os partidos políticos estão em alerta para esta questão (apêndice 11 e 12, questão 1), inclinando-se para o uso da comunicação digital e, assim, dando um contributo para a TUG. Podemos relacionar a baixa TPI (tabela 1) com o menor número de publicações no Facebook pelos partidos de Cabo verde (tabela 6) e a ausência da presença dos partidos no Instagram (tabela 7). Percebemos os objetivos de cada tipo de publicação: numa perspetiva geral e a partir do corpus total, os eventos dos partidos servem para mobilizar a ação política e preparar a campanha eleitoral, a identificação de problemas tem com objetivo criar situações de oportunidade, os discursos políticos têm o objetivo de informar o público sobre os eventos do partido, as iniciativas partidárias e a perspetiva do partido sobre um determinado
acontecimento
(figura
12).
Quando
os
partidos
querem
criar
contrapropaganda e constituir situações de crise, o tipo de conteúdo utilizado é a contrapropaganda (figura 3), sendo uma “arma subtil”, a contrapropaganda tem atraído
A comunicação política digital em período não eleitoral
31
atenção com a entrada de atores como Vladimir Putin e o Estado Islâmico (Pomerantsev 2015). Os partidos da oposição usam sobretudo como conteúdos eventos do partido (figura 2), de modo a mobilizar a ação política e a adesão aos seus ideais. Procuram mostrar-se ativos e visíveis, atendendo a que não dispõem da janela de visibilidade que é o desempenho de funções governamentais. Em contrapartida, os partidos dos governos preferem os discursos, onde podem explicar e esclarecer as suas políticas, prática condizente com o imperativo governativo. Santos (2017, apêndice 8, questão 4) considera que os partidos do governo tendem a desvalorizar mais a comunicação interativa com os militantes por terem de comunicar com um país inteiro. Validando esta aposta comunicacional, concluímos através da análise de conteúdo e da netnografia que os partidos políticos da oposição são mais ativos quer no Facebook, quer no Instagram. Em
termos quantitativos
registamos mais diferenças
entre
as práticas
comunicacionais digitais na comparação entre os partidos do governo e da oposição do que na comparação entre os partidos da CPLP e os da Europa. Como foi anotado na apresentação de resultados (4.1.1 e 4.1.2), ao nível do volume de publicações, foram analisadas 182 publicações dos partidos da oposição e 67 publicações de partidos de governo (diferença de 115). Segundo a localização dos países foram analisadas 93 publicações da CPLP e 94 da Europa (diferença de uma publicação). Ao nível da diferença entre o partido do governo e da oposição as principais diferenças registam-se ao nível do tipo de conteúdo, atores, temas. Ao nível da análise entre CPLP e Europa as principais diferenças residem no tipo de conteúdo e nos objetivos. As relações estatisticamente significativas, apuradas com o teste do qui-quadrado (apêndice 20) mostram o cuidado estratégico com o ajuste do conteúdo da mensagem aos objetivos da comunicação. Ambos os partidos portugueses em análise, independentemente do papel governamental, atribuem importância à comunicação digital e interativa, lançando pistas para a importância da abordagem do interacionismo simbólico, mas no palco digital (apêndice 11 e 12). Relativamente à utilização do website, existem diferenças nas práticas: o PS utiliza o website para criar mensagens mais elaboradas e pesquisáveis, e o PSD utiliza o website para disponibilizar conteúdos mais institucionais. Ao nível das tendências de comunicação política digital em contexto não eleitoral enfatiza-se o recurso à imagem do líder no Instagram. Isto vai ao encontro da personalização da política enunciada por Canavilhas (2009, p. 13) e Filimonov, Russmann e Svensson (2016, p. 10).
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Lobo (apêndice 9) considera que a tendência é para cada vez mais os políticos se manterem ativos, independentemente de estarem ou não em período de campanha eleitoral, reforçando assim a teoria da campanha permanente de Blumenthal (1982, p. 7). Santos (2017) deteta outra tendência, dentro do período não eleitoral: a comunicação concentra-se em determinados momentos do calendário, como a aprovação do orçamento de estado ou a rentrée política. Porque os períodos não eleitorais são muito longos e os partidos preferem investir os seus esforços de comunicação (Motta, Barbosa & Filipe, 2013) nestas épocas. Para os partidos, “todos os públicos nos são importantes” (PS, 2017, apêndice 11, questão 10), o PSD “comunica para todo o tipo de público e não para um público específico” (2017, apêndice 12, questão 10). Esta falta de segmentação do público-alvo acontece porque, quer PS, quer PSD, são grandes partidos (de cartel) (Santana, 2012), pautando-se por interesses e pela intenção de conquistar as massas. Nesta investigação não foram encontrados blogues dos partidos, nem foram referidos durantes as entrevistas, isto realça a ideia de Lorenzo & Carreras (2010, p. 9) de que as redes sociais online substituíram os blogues como plataformas de comunicação contínua.
Considerações finais Ao longo deste trabalho, procurámos cumprir o objetivo geral de aferir, analisar e compreender como é que os partidos políticos em exercício de funções governamentais e na oposição, em países europeus e de língua portuguesa, utilizam as redes sociais online em contexto não eleitoral – portanto, as suas estratégias de comunicação digital – e responder a como é que os partidos políticos em exercício de funções governamentais e na oposição, em países da Europa e da CPLP, utilizam as redes sociais online em período não eleitoral? Para isso iniciámos o percurso de investigação numa senda de buscar resposta para os objetivos específicos de (a) comparar a comunicação política digital dos partidos políticos no Governo e na Oposição, em países europeus e de língua portuguesa, e, assim, identificar e perceber diferenças e semelhanças nas estratégias e práticas; (b) entender as motivações, usos e gratificações da opção digital pelos políticos; (c) saber quais as especificidades da comunicação das mensagens divulgadas nas redes sociais online dos partidos políticos e a(s) tendência(s) de comunicação e (d) conhecer os efeitos e as vantagens do uso das plataformas online na comunicação política do Governo e da Oposição Graças à pesquisa bibliográfica e revisão da literatura, concluímos que a audiência está fragmentada em diferentes plataformas. Uma dessas plataformas são as
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redes sociais online, onde os partidos estão (e devem estar) estrategicamente presentes, de modo a ganhar notoriedade e mobilizar eleitores – “usos e gratificações”. Ao longo desta investigação, a literatura revelou que os partidos são conservadores na sua presença digital, descurando a interatividade, que, para os autores, é a pedra angular da presença digital. A vantagem dos meios digitais é chegar aos eleitores mais jovens e os públicos mais escolarizados (Santos, 2017) – são os públicos-alvo estratégicos revelados nas entrevistas. Em entrevista, Lobo (2017) e Ventura (2016) referem que, em contexto não eleitoral, os meios digitais funcionam como meios de promoção de iniciativas dos partidos. Concluímos que os investigadores entrevistados consideram que os partidos estão sensíveis à importância da comunicação política digital, mas mostram abordagens diferentes à comunicação do partido do governo e da oposição. Na entrevista aos assessores detetámos muitas semelhanças nas práticas comunicacionais (e.g. importância dada à comunicação política digital) e algumas diferenças (e.g. diferenças ao nível do conteúdo da mensagem e da forma como a transmitem) entre o partido de governo e de oposição. Na parte empírica, com o recurso às técnicas aplicadas, os resultados da análise de conteúdo mostram que os partidos da oposição são mais ativos no Facebook, que os conteúdos mais partilhados pelos partidos do governo são discursos políticos e que conteúdos preferidos pela oposição são os eventos do partido, que os partidos do governo fazem sobretudo publicações sobre política nacional, e os partidos da oposição fazem publicações sobre finanças. Na CPLP o tipo de conteúdo mais publicado são os eventos do partido, na Europa o tipo de conteúdo preferido são os discursos políticos. Ao nível dos objetivos, na CPLP o principal é apresentar posicionamentos justificativos, na Europa é mobilizar a ação política. A análise semiológica às fotos do Instagram registou a tendência de publicar fotografias sem moldura, num ângulo contrapicado e com líderes representados em todas as fotografias do corpus, evidenciando-se a personalização. A netnografia, útil para nos facultar dados sobre os usos e gratificações, facultou-nos a informação de que os partidos políticos são mais ativos no Facebook do que no Instagram. Em termos de contributos, este estudo apresenta contributos teóricos, empíricos e metodológicos. Contribui para ajudar a suprimir a lacuna de estudos comparados sobre comunicação política digital e sobre a comunicação dos partidos do governo e da oposição. Assim como estudos com uma abordagem metodológica mista, que combinam técnicas metodológicas quantitativas e qualitativas. Este trabalho lega ainda uma matriz de codificação que pode ser reutilizada noutros estudos sobre comunicação política em redes sociais online. Neste trabalho, ancorámo-nos na TUG associada ao estudo da
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comunicação digital dos partidos do governo e da oposição, facultando teoria sobre os usos e gratificações destes atores no placo digital. O determinismo tecnológico vem realçar a importância da tecnologia ao serviço da comunicação política, a exigência de adaptação da mensagem ao molde tecnológico a exclusão da mediação dos media tradicionais no contacto com os cidadãos, e reforçar os efeitos da comunicação política digital. Com este estudo conseguimos verificar a aplicabilidade atual da teoria da campanha permanente de Blumenthal (1982) e Pfetsch (1998). Importa ainda não descurar o interacionismo simbólico em contexto digital, reforçando o carater interativo da comunicação digital por via das redes sociais online. Problematizando a questão aberta na introdução “o meio [continua a ser] a mensagem?”, após a aplicação das técnicas, concluímos que quer o meio (a plataforma) quer a mensagem são importantes, mas mais importante ainda é a adaptação da mensagem ao meio. As principais dificuldades ao longo desta investigação decorreram com a análise de conteúdo. Em primeiro lugar, ao nível da recolha do corpus do Facebook. Foram 249 publicações recolhidas 9 meses depois de terem sido publicadas. Para proceder à recolha, foi necessário percorrer todas as publicações feitas desde o momento da recolha, o que foi moroso. Destaca-se a dificuldade particular com a página do Facebook do PT Brasil, um partido muito ativo nesta rede social. Em segundo lugar, com a feitura e fecho da matriz de codificação para a análise de conteúdo. A matriz conheceu algumas versões, criadas com base na literatura (pré-codificação), pensadas no modo mais eficaz de responder aos objetivos e para refletir as especificidades do corpus (pós-codificação). Outra dificuldade foi a ausência de estudos sobre comunicação comparada dos partidos de governo e da oposição. Esta pode ser uma linha de investigação para novos estudos. Para novas investigações sobre comunicação política digital, propomos algumas linhas de investigação que podem ser aprofundadas no futuro: (a) ao nível dos estudos comparados: comparar a atuação comunicacional em períodos eleitorais e não eleitorais, realizar análise à presença digital dos partidos, realizar comparações atendendo à sua ideologia ou estudar outros países da CPLP e da Europa, para verificar semelhanças e diferenças com os resultados obtidos na presente investigação; (b) ao nível de outros estudos, existe espaço para aprofundar as vantagens e desvantagens da comunicação política digital partidária, assim como possibilidade de estudar as especificidades da comunicação política digital, concretamente a feita nas redes sociais online, e no Twitter. Podem ainda ser estudadas e analisadas as páginas pessoais dos líderes partidários dos partidos do Governo vs. partidos da Oposição, dos países europeus vs. países da CPLP no Facebook e no Instagram. Parece que chegou o tempo em que comunicar ou não digitalmente não é a questão: é um imperativo.
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Apêndices
Apêndice 1. Tabela 10. Tabela 10. Técnicas de recolha e de análise de dados, sua utilidade para a investigação, vantagens e desvantagens e período de aplicação Técnica de Utilidade para a Vantagens investigação investigação e técnica objetivos que cumpre
da Desvantagens da técnica
Período de aplicação da técnica
Técnicas de recolha Pesquisa bibliográfica
Conhecer o que já foi estudado sobre o nosso objeto de estudo.
Fornece uma ampla cobertura da variedade de situações.
Dificuldade em selecionar os conteúdos verdadeirament e importantes para o objeto de estudo. Encontrar relatórios e estatísticas atuais e acessíveis.
Outubro de 2016 a junho de 2017
Pesquisa documental
Encontrar dados oficiais sobre taxas de penetração da internet, níveis de democracia e utilização e de redes sociais.
Fundamentar a importância do nosso objeto de estudo.
Entrevista
Permite conhecer a prática da comunicação política digital. E ajudam a encaminhar a investigação.
Permite um conhecimento em profundidade.
Não é muito útil para fazer generalizações (Amaratunga, 2002).
Janeiro a março de 2017
Análise de conteúdo (quantitativa)
Comparar a comunicação política digital dos partidos políticos no governo e na oposição
Dados objetivos e de fácil tratamento estatístico.
Não é muito útil para gerar teoria (Amaratunga, 2002).
Fusão técnicas, adaptadas estudo comunidades virtuais.
A análise e interpretação dos dados pode ser difícil.
Carácter exploratório : novembro de 2016. Janeiro a fevereiro de 2017 Março a abril de 2017
Netnografia
Analisar o comportamento dos partidos políticos na internet, analisando a periocidade de publicações, a interatividade, a forma das mensagens e os usos e gratificações dos comunicadores. Comparar algumas publicações no Facebook e no Instagram
Outubro de 2016 a junho de 2017
Técnicas de análise
Análise semiológica
de ao de
Aferir o significado mais profundo das mensagens
Recolha de dados mais demorada.
Março abril 2017
a de
Fonte: elaboração própria.
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Apêndice 2. Tabela 11. Tabela 11. Redes Sociais Online do Governo e da Oposição dos países europeus pré-
Oposição Pedro Passos Coelho - PSD www.facebook.com/ppdpsd/?fref=ts www.twitter.com/ppdpsd www.instagram.com/partidosocialdem ocrata/ Pedro Sánchez – PSOE www.facebook.com/psoe www.twitter.com/psoe www.instagram.com/psoe/
França
Manuel Valls – PS (Partido Socialista) www.facebook.com/partisocialiste/ www.twitter.com/partisocialiste www.instagram.com/partisocialiste/ Matteo Renzi – Partito Democratico www.facebook.com/partitodemocratico.it/ www.twitter.com/pdnetwork www.instagram.com/partitodemocratico/
Laurent Wauquiez - Republicanos www.facebook.com/les.Republicains. FR www.twitter.com/lesrepublicains/ www.instagram.com/lesrepublicains/ Silvio Berlosconi – Forza Itália www.facebook.com/ForzaItaliaUfficial e www.twitter.com/forza_italia
Espanha
Portugal
Governo António Costa - PS www.facebook.com/SedeNacionalPartidoSo cialista/ www.twitter.com/psocialista www.instagram.com/partido_socialista/ Mariano Rajoy – PP www.facebook.com/pp www.twitter.com/ppopular www.instagram.com/partidopopular/
Itália
selecionados
Inglaterra
Theresa May – Conservadora www.facebook.com/conservatives www.twitter.com/conservatives www.instagram.com/conservatives/ Fonte: elaboração própria.
Jeremy Corbyn – Trabalhista www.facebook.com/labourparty www.twitter.com/UKLabour www.instagram.com/uklabour/
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Apêndice 3. Tabela 12. Tabela 12. Redes Sociais Online do Governo e da Oposição dos países da CPLP préselecionados País Angola
Governo
Oposição Isaías Samakuva – Unita (União Nacional para a Independência Total de Angola)
Brasil
José Eduardo dos Santos – MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) www.facebook.com/Mplaoficial twitter.com/mplaoficial Michel Temer – PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) www.facebook.com/PMDBNacional15/ twitter.com/pmdb_nacional www.instagram.com/pmdb_nacional/
Cabo Verde
Ulisses Correia e Silva – MpD (Movimento para a Democracia Cabo verde) www.facebook.com/MpD.Cabo.Verde/
Guine Bissau
Baciro Djá – PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné Bissau)
Janira Hopper Almada – PAICV (Partido Africano da Independência de Cabo Verde) www.facebook.com/Paicv.cv/?fre f=ts Kumba Yalá – PRS (Partido para a Renovação Social)
Guine Equatorial
Francisco Pascual Obama Asue – PDGE (Partido Democrático da Guiné Equatorial)
Convergência para Democracia Social (CPDS)
Rui Falcão – PT (Partido dos Trabalhadores) www.facebook.com/pt.brasil twitter.com/ptbrasil www.instagram.com/pt13_oficial/
la
Moçambiqu Carlos Agostinho do Rosário – FERLIMO Afonso Dhlakama – RENAMO (Frente de Libertação de Moçambique) (Resistência Nacional e www.facebook.com/frelimo/ twitter.com/FRELIMONLINE
Moçambicana)
São Tomé Patrice Trovoada – ADI (Ação Democrática Aurélio Martins MLSTP – Independente) (Movimento de Libertação de e Príncipe
Timor Leste
www.facebook.com/AccaoDemocraticaIndepen dente Mari Alkatiri – FRETILIN (Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente) www.facebook.com/FRETILIN/
São Tomé e Príncipe) www.facebook.com/STP.MLSTP/ Xanana Gusmão - CNRT (Congresso Nacional para a Reconstrução de Timor-Leste)
Fonte: elaboração própria.
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Apêndice 4. Consumo e taxas de penetração de internet
Tabela 13. O consumo de internet e o uso das redes sociais online na Europa Espanha França
Inglaterra
Itália
Portugal
Penetração da internet
72%
83%
87%
42%
48%
Tempo gasto online
3h59
4h08
4h06
4h41
Não há dados
Uso de redes socias
66%
69%
74%
52%
Não há dados
Tempo gasto em redes 1h28
1h41
1h36
2h00
Não há dados
42%
57%
42%
48%
socias Uso de Facebook
41%
Fonte: adaptado de We Are Social, 2014.
Tabela 14. Taxa de penetração da internet e número de utilizadores do Facebook na CPLP País
Taxa de penetração N.º de utilizadores da internet
do Facebook
Angola
14,8%
3,2%
Brasil
60,1%
45%
Cabo Verde
32%
2,2%
Guiné-Bissau
2,7%
Não há dados
Guiné-Equatorial
13.9%
Não há dados
Moçambique
4,3%
1,8%
São Tomé e Príncipe
20,2%
3,5%
Timor-Leste
9%
Não há dados
Fonte: adaptado de Global Digital Media Trendbook, 2013; World Newsmedia Network, 2013.
Nota: em junho de 2016, 50,1% de toda a população mundial tem acesso à internet (Internet World Stats, 2016, s.p.). Este valor é de 73,9%, se olharmos para a Europa, e desce para 28,7%, se atentarmos para África (Internet World Stats, 2016, s.p.). Tendo o ano de 2000 como ponto de comparação, observamos um crescimento de acesso à internet de 485,2% na Europa e 7448,8% em África (Internet World Stats, 2016, s.p.).
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Apêndice 5. Guiões de entrevista
Guião de entrevista para investigadores e especialistas 1. Quais são as plataformas mais úteis e eficazes para os partidos políticos comunicarem? Meios offline ou online? Meios clássicos (e.g. comício, arruada, discurso, debate) ou meios digitais? 2. Qual a importância que os partidos políticos atribuem à comunicação digital? 3. Existem diferenças entre a comunicação política digital enquanto os partidos estão no governo ou na oposição? 4. E quais as tendências da comunicação política digital em contexto não eleitoral? 5. Os partidos que resistem ao digital estão condenados ao fracasso? 6. A falta de estratégia, mentalidade e recursos pode prejudicar o partido ou a simples presença no espaço digital já é um contributo positivo? 7. Quais as vantagens das redes sociais para os partidos políticos?
Guião de entrevista para Gestores de redes sociais dos partidos/assessores I. Importância da comunicação digital 1. Que importância atribui à comunicação digital e concretamente às redes sociais online para o partido? 2. Quais são os objetivos da presença do partido em redes sociais? 3. O que conta mais na comunicação digital: o conteúdo ou a forma? Porquê? 4. O conteúdo é criado a pensar nas especificidades de cada rede social ou não existe diferenciação? 5. Quais as principais diferenças quanto à comunicação digital entre ser partido do governo e partido da oposição? II. Construção e gestão da comunicação digital fora do contexto eleitoral 6. A comunicação digital e, concretamente as redes sociais, são uma forma eficaz de construir e gerir a agenda política fora do contexto eleitoral? 7. Quais os desafios da comunicação digital fora do contexto eleitoral? 8. Em termos digitais, é mais relevante o website ou as redes sociais na comunicação digital fora do contexto eleitoral? Porque aposta o partido num e noutro instrumento de comunicação digital? 9. Há tipo de conteúdos preferidos pelo eleitorado em contexto não eleitoral? 10. Há públicos prioritários na segmentação da comunicação digital em período não eleitoral? Quais?
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11. Como se comunica nas redes sociais fora das campanhas eleitorais? E, ainda neste período, como se comunica quando se é partido do governo ou partido da oposição? Há diferenças?
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Apêndice 6. Tabela 15. Tabela 15. Entrevistados Nome
Importância do seu contributo
Data
Investigadores Jorge Ventura
Docente na Universidade Lusófona. Investigador na 17/11/2016 área da Comunicação e Marketing Político. Mestre
em
Ciências
Universidade
da
Lusófona
e
Comunicação
pela
pós-graduado
em
Comunicação e Marketing Político pelo ISCSPULisboa. Susana
Docente e investigadora no ISCTE-IUL nas áreas de 20/02/2017
Santos
Sociologia
dos
Media,
Sociologia
Política
e
Comunicação Política. Doutorada em Sociologia pelo ISCTE-IUL. Mafalda Lobo
Investigadora no Observatório Político e do CAPP 16/03/2017 (Centro de Administração e Políticas Publicas) na área de comunicação política. Doutoranda em Ciências Sociais e Mestre em Comunicação Social.
Rosália
Investigadora
no
LabCom-UBI
nas
áreas
Rodrigues
Comunicação Política, Novos Media e Cibercultura.
de 23/03/2017
Doutorada em Ciências da Comunicação com tese na área da Comunicação Politica Digital. Partidos Políticos Partido
É desde 26 de novembro de 2015 o Partido do 27/03/2017
Socialista
governo em Portugal (XXI Governo Constitucional).
(Dimas
Foi o partido de governo no I, II, IX, XIII, XIV, XVII e
Pestana)
XVIII Governo Constitucional.
Partido Social É desde 26 de novembro de 2015 o Partido da 28/03/2017 Democrata (Luís Coelho)
oposição em Portugal.
Filipe Foi o partido do governo no VI, VIII, VIII, IX, X, XI, XII, XV, XVI, XIX e XX Governo Constitucional.
Fonte: elaboração própria.
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Apêndice 7. Entrevista ao Professor Jorge Ventura Entrevista exploratória ao Professor Jorge Bruno Da Costa Ventura realizada no dia 17 de novembro de 2016. O entrevistado preferiu responder por email. Assim, em vez de entrevista, é mais ajustado chamar-se “inquirição” ou “recolha de informação por email”.
1.
Quais são as plataformas mais úteis e eficazes para os partidos políticos
comunicarem? Meios offline ou online? Meios clássicos (e.g. comício, arruada, discurso, debate) ou meios digitais? Os partidos políticos devem utilizar ambos os tipos de meios (offline ou online) e efetuarem o que vulgarmente se chama um mix de comunicação, que deverá ser intensificado em período de campanha eleitoral. De qualquer forma, os últimos anos trouxeram um incremento da utilização dos meios digitais. Há uns anos atrás a informação necessária para otimizar os recursos disponíveis pelo ‘homem político’ para comunicar, não é a mesma que é necessária hoje. O megafone e os comícios improvisados em cima de um estrado, deram lugar aos media e aos grandes eventos capazes de passar uma dinâmica de vitória1. Os meios digitais têm um espaço cada vez mais característico e importante. Barak Obama, nas eleições americanas de 2008, abriu as portas para que o digital mostrasse o seu impacto em contexto eleitoral com a promoção do relacionamento social ao ter feito uso de todas as tecnologias colaborativas – blogues, fóruns de discussão, vídeos difundidos pela Internet, mensagens escritas e redes de telemóveis – para comunicar com os seus potenciais eleitores. MyOb, a rede social criada pela campanha de Obama, atingiu números recorde e permitiu alcançar um conjunto da população Norte Americana que estava, até então, divorciada da política, mas com uma ação e utilização em massa de Internet o que veio confirmar as palavras de Jennifer Lees – Marshment ao afirmar que a Internet tem o “potencial de atingir novos mercados, particularmente os jovens, que muitas vezes são alienados pelas formas tradicionais de comportamento político e de comunicação, mas são os primeiros usuários da Internet e das ferramentas digitais” (2009:170). Na necessidade que o ‘homem político’ tem em comunicar, é essencial a sua atenção aos novos media. A irrupção do digital na Comunicação Política começou “em meados da década de 90 e originou uma verdadeira revolução cujas consequências, que começam a vislumbrar-se agora, se manifestarão com maior impacto nos próximos anos” (Canel: 2006: 74).
1
Consultar o artigo de James Stromback (2007) com o título Political Marketing and Professionalized Campaigning: A Conceptual Analysis no volume 6 do Journal of Political Marketing. Neste artigo o autor apresenta 3 lógicas que acompanharam a evolução do Marketing Político: uma primeira onde a comunicação estava alicerçada nos meios próprios das organizações, uma segunda lógica associada aos media e ao seu uso, e uma terceira lógica, a atual, baseada nos conceitos do Marketing.
A comunicação política digital em período não eleitoral
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2. Qual a importância que os partidos políticos atribuem à comunicação digital? No caso português temos assistido a um incremento da utilização do digital na comunicação política, não apenas por parte dos partidos, mas também dos organismos governamentais. Para os partidos, os canais digitais ainda são muito utlizados para o contacto com os militantes e pouco abertos a uma interação com indivíduos não militantes. A Comunicação Política é mais um exemplo que prova o poder de penetração do digital em tudo o que nos rodeia. Os números confirmam a regra. Ao longo dos últimos anos o digital tem vindo a crescer através de uma presença nos meios a usar na comunicação por parte de partidos e candidatos a eleições e como fonte de informação e participação cívica para eleitores. De acordo com o estudo, The Internet’s Role in Campaign 20082, sobre as presidenciais norte americanas de 2008, realizado pela Pew Internet & American Life Project3, 74% dos utilizadores norte americanos de Internet utilizaram-na como ferramenta de recolha de informação ou participação no contexto das eleições. Estes 74%, refletem mais de metade da população adulta norte-americana (55%) que, de acordo com o mesmo estudo, são considerados on line political users, pelo facto de terem usado a Internet para a recolha de notícias sobre os candidatos e/ou comunicarem com outras pessoas sobre política através da Internet e/ou enviarem e/ou receberem informações políticas relacionadas com a campanha eleitoral. O mesmo estudo, em comparação com outras eleições presidenciais norte americanas, mostra um aumento bastante significativo na percentagem de adultos que utilizaram a Internet para recolherem informação e notícias sobre os candidatos, que em 2008 foi de 44%, do total de norte americanos, e 60%, em relação a todos os utilizadores norte americanos de Internet, como mostra a tabela seguinte.
2
Os resultados são baseados nas conclusões do inquérito pós-eleitoral - uma pesquisa de acompanhamento diário sobre o uso dos americanos da Internet. Os resultados apresentados são baseados em dados de entrevistas telefónicas em lares dos Estados Unidos realizadas pela Princeton Survey Research Associates International entre 20 de Novembro e 04 de Dezembro de 2008 numa amostra de 2,254 adultos, com mais de 18 anos de idade. Para os resultados com base na amostra total o índice de confiança é de 95%, sendo o erro de amostragem e outros efeitos aleatórios de mais ou menos 2,4%. 3
Projecto totalmente independente da Pew Research Center que visa o estudo do impacto da Internet na sociedade.
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Tabela 16. Percentagem do número de adultos norte americanos que utilizou a Internet para recolher notícias e informações sobre os candidatos nas últimas quarto eleições presidenciais nos Estados Unidos Percentagem relação a: Total de adultos
em
1996
2000
2004
2008
4
18
29
44
33
52
60
Total de utilizadores 22 de Internet
Fonte: The Internet’s Role in Campaign 2008 – Pew Internet.
As audiências da Internet em relação à política estão em crescimento e não deve ser desprezada a influência que este medium tem junto de segmentos que os outros media, chamados de tradicionais, não conseguem penetrar. O gráfico seguinte indica os valores de audiência da Internet nos Estados Unidos em comparação com outros media e em relação ao contexto político. A Internet já ultrapassou as revistas e a rádio, e a perspetiva aponta para um crescimento capaz de superar os jornais como fonte para a recolha de informações sobre os candidatos e eleições.
Figura 8. Audiências, em percentagem, dos vários media para a recolha de informações sobre os candidatos nas últimas eleições presidenciais nos Estados Unidos
Fonte: The Internet's Role in Campaign 2008 - Pew Internet e Election 2006 Online - Pew Internet.
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3.
Existem diferenças entre a comunicação política digital enquanto os
partidos estão no governo ou na oposição? Pouca. Os partidos utilizam os meios digitais para replicarem as iniciativas que organizam. A maior diferença é no teor da mensagem quando determinada força partidária está no governo ou na oposição. É necessário ter em conta que o governo não utiliza os canais de comunicação do partido para comunicar, mas faz uso dos seus próprios meios. Em estudo realizado em Portugal durante as eleições legislativas de 2009, a distribuição das entradas por categorias e por partido ou coligação, apresentada na tabela seguinte, mostra que os partidos fizeram uso dos sítios da internet em primeiro lugar para apresentarem informações sobre a campanha e para denunciarem situações provocadas pelos adversários.
Tabela 17. Distribuição do total de entradas por categorias e por organização. Categoria Apelo ao voto Informações sobre o programa Denúncia de situações provocadas pelos adversários Louvor de obra feita Provocações ao adversário Informação de agenda de campanha Notícias – ação de campanha Informações sobre o candidato Referência a resultados Fonte: elaborada pelo entrevistado.
BE 21 36 53
CDS 17 28 44
CDU 56 75 85
PSD 36 58 79
PS 74 93 11
Total 204 290 272
1 2 8
1 2 2
0 0 18
5 6 21
91 2 10
98 12 59
50 3 10
46 4 12
84 5 19
49 18 11
146 16 4
375 46 56
O gráfico seguinte apresenta o contributo percentual de cada partido ou coligação em cada uma das categorias.
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Figura 9. Contributo percentual de cada partido ou coligação por categoria.
Para uma perceção mais facilitada das principais categorias utilizadas por cada força partidária apresenta-se na tabela seguinte as cinco categorias mais usadas por cada organização. Constata-se que os partidos que ocupam o espectro político mais à esquerda e o partido de oposição colocam como principal categoria na sua estratégia a denúncia de situações provocadas pelos adversários. Tabela 18. Top 5 de categorias por sítio. BE Denúncia de situações provocadas pelos adversários. Notícias – ação de campanha.
CDS-PP Notícias – ação de campanha.
Informações sobre o programa. Apelo ao voto. Referência a resultados.
Informações sobre o programa.
Denúncia de situações provocadas pelos adversários.
Apelo ao voto. Referência resultados.
a
CDU Denúncia de situações provocadas pelos adversários. Notícias – ação de campanha.
PSD Denúncia de situações provocadas pelos adversários. Informações sobre o programa.
PS Noticias – ação de campanha.
Informações sobre o programa. Apelo ao voto. Referência a resultados.
Notícias – ação de campanha.
Louvor de obra feita.
Apelo ao voto. Informação de agenda de campanha.
Apelo ao voto Informações sobre candidato.
Informações sobre programa.
o
o
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4.
E quais as tendências da comunicação política digital em contexto não
eleitoral? Em contexto não eleitoral a tendência é para os meios digitais funcionarem como meios de promoção de iniciativas dos partidos.
5.
Os partidos que resistem ao digital estão condenados ao fracasso?
Diria que sim tendo em conta a importância do digital nas nossas vidas e a necessidade que as organizações têm em, em primeiro lugar de disputar o tempo e a atenção, das pessoas (potenciais consumidores) 6.
A falta de estratégia, mentalidade e recursos pode prejudicar o partido ou a
simples presença no espaço digital já é um contributo positivo? A presença digital não é suficiente e deve estar baseada numa estratégia que deve seguir as seguintes fases: 1. Definição de Objetivos; 2. Target que se pretende atingir; 3. Plataformas a utilizar; 4. Conteúdos a comunicar; 5. Processos; 6. Promoção; 7. Integração; 8. Dia D (dia em que a presença digital se torna disponível para o mundo); 9. Análise (quantitativa e qualitativa); 10. Voltar ao início.
7. Quais as vantagens das redes sociais para os partidos políticos? Acima de todo uma maior interatividade, maior controlo da mediação da mensagem e redução de custos.
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Tabela 19. Características da Comunicação Política através da Internet. Algumas das características da Comunicação Política através da Internet Permite o acesso a informação de interesse e estabelecer contactos com cidadãos e organizações que partilhem o mesmo interesse. Possibilidade apropriar a informação aquilo que é desejo do recetor. Capacidade de difundir a informação em tempo real e com transparência. Capacidade de fomentar a interatividade com os eleitores. Facilita o conhecimento dos eleitores (chats, inquéritos etc.) possibilitando uma melhor segmentação. Potencia a comunicação horizontal. Baixo custo. Colocar os recetores em contacto com soluções e não apenas com os serviços capazes de oferecer a solução. Capacidade de organizar a informação em acordo com as necessidades dos recetores. Possibilidade de interação. Gera modelos de comunicação ponto-a-ponto. Ausência de barreiras nacionais. Fonte: Maria José Canel, 2006; Robert Atkinson e Andrew Leight, 2003.
Bibliografia referenciada ao longo da entrevista: ATKINSON, Robert e LEIGHT, Andrew, Serving the Stakeholders. Customer-oriented egovernment: Can We Ever Get There?, Journal of Political Marketing 59-81, 2003 CANEL, Maria José, Comunicación Política Una Guía Para Su Estudio Y Prática 2ª ed,, Madrid, Editorial Tecnos, 2006 MARSHMENT, Jennifer Lees, PoliticalMarketing – Principles and Applications, Nova Iorque, Routledge, 2009
Nota: o entrevistado usa a norma de referenciação ISO 690.
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Apêndice 8: Entrevista à Professora Susana Santos Entrevista à Professora Susana Santos realizada no dia 20 de fevereiro de 2017 no edifício II do ISCTE-IUL, sala D326, pela 16h00.
1. Quais são as plataformas mais úteis e eficazes para os partidos políticos comunicarem? Meios offline ou online? Meios clássicos (e.g. comício, arruada, discurso, debate) ou meios digitais? Á partida todas as plataformas têm utilidade. E essa utilidade deve ser medida pelo tipo de objetivo que se tem a cada momento. Se calhar para falar com um público mais jovem e mais escolarizado as ferramentas online serão essenciais. Se calhar para falar com uma população que tem menos acesso à internet tem que se pensar noutro tipo de estratégias. E, portanto, todas elas são importantes. O facto de todas elas serem importantes e de cada vez mais se falar de uma lógica de diversificação da campanha e diversificação de passar a mensagem, passa também pela ideia que para além da presença é preciso perceber que tipo de atividade é que se quer fazer, ou seja, em determinadas circunstancias pode se fazer uma grande demonstração de força, com um comício, que mostre à comunicação social que eles são muitos e que são importantes, como noutro momento pode ser importante uma ação mais pequena e mais local. Como isso também pode ser feito através de uma participação online. Existe uma preocupação na presença e pouca preocupação na atividade, ou seja, não basta ter uma página no facebook se não há ninguém para responder na página, se não há ninguém para criar novos conteúdos.
2. Qual a importância que os partidos políticos atribuem à comunicação digital? Vamos por partes. Os partidos políticos são diferentes, cada partido político tem a sua história, tem formas de organização que são diferentes, tem estruturas organizativas diferentes. E, portanto, eu não sei responder a essa pergunta concretamente, como é que os partidos políticos pensam ou agem. O tipo de resposta que eu tenho para dar, é uma resposta que tem muito que ver com os estudos que eu conheço, alguns em que participei, onde se tentou medir como, sobretudo o como é que os partidos políticos fazem uso desse tipo de ferramentas e isso não responde à pergunta. Porque a comunicação política é mais do que a utilização um de certo tipo de ferramentas. Estamos a falar de realidades muito distintas. Estamos a falar de sistemas eleitorais diferentes, no caso do Brasil uma republica federal, federação de estados, no caso português de um regime parlamentar, semipresidencialista, estamos a falar de sistemas maioritários e sistemas proporcionais. Portanto há muita diversidade.
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Da experiência portuguesa, do que eu conheço, todos os partidos políticos, ou pelo menos os que tem representação parlamentar, tem atividade e preocupam-se com a comunicação política digital. E preocupam-se em que sentido? Criando espaços, portanto, todos os partidos políticos têm uma página, um site, pagina do Facebook, canal de Youtube. Mas se for ver hoje, período não eleitoral, nada daquilo está atualizado e se for ver a atividade recente é quase inexistente. O atual primeiro ministro (António Costa) teve uma página de Facebook ativa no período eleitoral que desapareceu a partir do momento em que formou governo. Isto para dizer que os políticos lembram-se muito em períodos eleitorais e lembram-se pouco não eleitorais. Isto como generalização. Claro que cada partido tem estratégias próprias, os partidos têm para além de histórias diferentes formas de organização diferentes, que possibilitam por exemplo que partidos pequenos sejam mais ágeis do ponto de vista da comunicação porque tem menos pessoas nas suas estruturas e conseguem fazer coisas mais rapidamente. Os grandes partidos, em teoria tem mais dificuldade porque são organizações muito grandes, muito pesadas, com muitos órgãos, onde a informação, para passar pelos vários órgãos, é difícil, até chegar ao exterior. Depois há também outra questão, que é uma questão teórica, tem que ver com facto de que partidos que nos consideramos de nicho, ou partidos de causas, tem muito mais facilidade em comunicar par o exterior de uma forma mais rápida do que partidos de massas que tem que responder a diferentes grupos sociais e por isso não conseguem ter uma opinião rápida sobre um qualquer tipo de assunto. Isto faz com que a sua estrutura comunicativa seja mais lenta. Uma das coisas interessantes que está a acontecer, pelo menos em Portugal é que as gerações mais jovens de políticos têm sabido contornar as estruturas pesadas das organizações e trabalham, fazem elas próprias um pouco de “central de comunicação dos partidos” e criam em nome pessoal páginas, que são páginas de discussão publica, seja no Twitter, seja no Facebook. Muitas vezes esses políticos que são mais jovens, a que podemos chamar nativos digitais, utilizam as plataformas de um ponto de vista muito pessoal, no sentindo em que estão a responder aos seus interesses e à sua visão do mundo, mas que nem sempre representa a opinião dos partidos. Existe um dilema entre o responder rapidamente ou responder pensando nas questões.
3. Existem diferenças entre a comunicação política digital enquanto os partidos estão no governo ou na oposição? Por exemplo, comparando Portugal e o Reino Unido. Os gabinetes de comunicação em Portugal são ridículos comparados com os gabinetes de comunicação que existem no Reino Unido. Por exemplo, a forma de organização partidária faz com no Reino Unido, a oposição seja sempre um governo sombra, falando nos dois partidos mais
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votados, o partido que está na oposição tem exatamente o mesmo número de pessoas que o gabinete do governo. Isso não acontece em Portugal. Em Portugal o Partido que está na oposição é completamente diferente do Partido que está no Governo. A capacidade de recursos humanos é muito maior quando se está no governo do que quando se está na oposição.
E, portanto, o tipo de comunicação politica que se faz
é também ele muito diferente, porque muitas vezes quem está no governo tem a seu favor a maquina do estado, nos seus múltiplos funcionários que permite ter mais informação e publicitar mais informação. E até podemos discutir se é campanha, se não é, se é propaganda se não é. E depois também, uma ligação muito mais próxima com o sistema mediático. Um governo tem a capacidade de diariamente emitir press releases que vão criar noticia, um partido na oposição não tem essa capacidade. E, portanto, um partido na oposição tem de criar estratégias mais criativas, tem que criar fenómenos, tem que criar eventos mediáticos, tem que criar incidentes, tem que criar problemas para que atraia a comunicação social. No caso do governo, o governo tem uma maquina maior, porque o facto de ser governo permite-lhe ter mais funcionários, ter mais assessores de comunicação e por isso é muito diferente.
4. E quais as tendências da comunicação política digital em contexto não eleitoral? Em termos teóricos existem vários autores, sobretudo norte americanos que nos vem falar desta transformação que faz com que não haja períodos não eleitorais, falamos de campanha permanente. E isso nem sempre verificamos na prática e verificamos por exemplo o atual primeiro ministro praticamente deixou de usar Facebook depois da formação de governo. O CDS, por exemplo, teve um papel na rede muito importante e muito interessante, não nestas últimas legislativas, mas nas anteriores (2011) e essa atividade que foi muito concentrada no período eleitoral, foi importante, sobretudo para penetrar em redes de pessoas que tinham simpatia pelo partido, mas simpatia não é suficiente, não é igual a voto. Mas essas redes de blogues depois desapareceram sobretudo ao numero reduzido de pessoas que os partidos têm. E esse caso do CDS é sintomático, foram vitimas do seu próprio sucesso, aquele blog gerou três ou quatro deputados. E, portanto, a atividade parlamentar, não se coaduna com a escrita de um blogue, até pode acontecer em certos momentos, mas ocupa muito tempo, mas eles foram vitimas do próprio sucesso porque depois não tem meios para continuar. As tendências é que a comunicação seja mais espaçada, seja concertada em momentos determinados do calendário, não necessariamente eleitorais, mas momentos como a aprovação do orçamento de estado, a rentrée política, momentos determinados em que há um reforço da comunicação.
A comunicação política digital em período não eleitoral
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Os partidos do governo tendem a desvalorizar mais a comunicação com os militantes porque tem de comunicar com um país inteiro, e portanto, o que acontece muitas vezes é que os partidos que estão na oposição, durante esse período podem trabalhar muito mais as ferramentas comunicacionais internas, e portanto atrair mais pessoas, enquanto os partidos que estão no governo estão mais interessados na comunicação com o exterior.
5. Os partidos que resistem ao digital estão condenados ao fracasso? Não acho que existam partidos que resistam, podem entrar de maneiras diferentes, mais tarde, em menos plataformas, mas também será muito diferente do contexto em que estamos a falar. À partida os partidos refletem, não apenas a diversidade social, mas também a diversidade de ferramentas que são utilizadas. Por isso, não fara sentido que um país com a Noruega ou a Suécia onde a taxa de penetração ronde os 100% e a taxa de penetração de dispositivos com acesso à internet seja mais de 90%, que haja algum partido, alguma escola, algum hospital, alguma instituição que não esteja online. Mas e em Cabo Verde? Em Cabo Verde é diferente, porque a taxa de penetração é diferente, o acesso é diferente. E fara sentido que um partido em Cabo Verde aposte muito nas tecnologias? Direi que sim se esse partido contar com diáspora, que em Cabo Verde é muito importante para se ganhar eleições. As organizações vivem num mundo, e se querem estar integradas devem utilizar as ferramentas que as outras pessoas e as outras organizações utilizam.
6. A falta de estratégia, mentalidade e recursos pode prejudicar o partido ou a simples presença no espaço digital já é um contributo positivo? Isto é difícil de avaliar porque está relacionado com o lado da receção, quem recebe e que tipo de satisfação é que tem com a informação que recebe. Ter presença por si só é importante, é melhor encontrar alguma coisa do que não encontrar nada. Mas para pessoas que tem interesse pela política e que tem interesse pela atividade de determinado partido apenas ter presença pode ser um fator inibidor porque a pessoa ira à procura de informação e vai perceber que a informação é sempre a mesma, pode não ficar muito satisfeita com isso. Por exemplo se perceber que procura um contacto, faz esse contacto e não tem resposta. Ou seja, para alguém que é completamente alheado a presença é suficiente, para alguém que tem interesse a presença apenas pode ser prejudicial, porque pode alimentar uma imagem de que os partidos políticos não se interessam pelas pessoas e pelos seus problemas reais e que só se interessam em momentos eleitorais.
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7. Quais as vantagens das redes sociais para os partidos políticos? A primeira vantagem é poder colocar informação da qual o partido política é o seu próprio gatekepeer, e pode selecionar a informação que coloca e portanto não há mediador. Essa é uma primeira vantagem, pode publicar mais informação, mais diversificada, mais especializa, mais segmentada por tipos de pessoa a quem se quer chegar, com a variedade de coisas que quiser fazer. Porque não tem o espaço limitado de 30 segundos de um tempo de antena ou não tem de captar a atenção de um jornalista. Portanto tem mais liberdade. Dois: pode receber feedback, os comentários que vai receber não é tudo, mas aliás, existia aquela polémica, com o novo partido o LIVRE em que se comentava em tom esconso que um like não é um voto. Houve uma altura em que cresceram e tinham das páginas de Facebook mais concorridas enquanto partido político, e isso não os fez chegar à representação parlamentar. As coisas também devem ser medidas com a importância que têm. As redes sociais são muito importantes porque podem colocar a informação em primeiro lugar, porque se pode falar com as pessoas, pode se receber os comentários, porque se pode perceber informação de coisas que estão a acontecer na realidade, porque se pode estar em rede e perceber o que os outros partidos estão a fazer e a discutir e perceber como se estão a organizar. As redes sociais também servem para isso para recolher informação e para perceber o que os outros fazem e como é que o fazem e para também se poder avaliar que as suas medidas e programas tem nas pessoas, sabem que este impacto tem formas de mediação também, e que o numero de pessoas que comenta é infinitamente menor do que o numero de pessoas que vê, que existem várias formas de fazer campanha negra, contrainformação, desinformação, portanto saber que uma parte de quem responde são perfis falsos, criados ou manipulados por outras organizações políticas. Portanto tendo isso em consideração existem todas as vantagens e desvantagens.
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Apêndice 9: Entrevista à Investigadora Mafalda Lobo Entrevista à Investigadora Mafalda Lobo realizada no dia 16 de março de 2017 na Hemeroteca Municipal de Lisboa pelas 15h00.
1.
Quais são as plataformas mais úteis e eficazes para os partidos políticos
comunicarem? Meios offline ou online? Meios clássicos ou meios digitais? Depende do tipo de comunicação que os partidos pretendam fazer e o contexto em que o fazem. Se estivermos perante uma campanha política, a televisão, sendo um meio de massas, ainda continua a ser o meio preponderante para chegar a um maior número de pessoas, uma vez que nem toda a gente tem ainda acesso à Internet. Se estivermos atentos às audiências dos debates televisivos e entrevistas em períodos de campanha eleitoral, apercebemo-nos facilmente da importância da televisão em contexto eleitoral.
Agora, em contexto de governação, se quisermos acompanhar o trabalho
parlamentar dos deputados (Governo ou da oposição) saber o seu posicionamento político face às questões que interessam ao cidadãos, as ações políticas desenvolvidas etc. os meios digitais, são a melhor opção, dado que a maior parte dos políticos tem hoje uma página pessoal (perfil) ou página de político no Facebook ou no Twitter, e outras redes, pelo que o cidadão a qualquer momento pode aceder às suas páginas, e acompanhar a sua atividade diretamente na timeline, sem necessidade da intermediação jornalística, portanto teremos acesso a um tipo de informação sem filtros. Depois, também podemos através dos meios digitais acompanhar as páginas dos partidos, os websites, e estar a par de toda a informação, que pode não ser relevante para os media, ou que não se enquadra nos seus critérios de noticiabilidade, mas, que por qualquer motivo nos interessa a nós, cidadãos. Os que não estiverem nas redes sociais, normalmente os websites do partido fazem referência às ações mais importantes desenvolvidas por cada deputado/político, desde que considerem ser do interesse da opinião pública, e para isso disponibilizam a informação. Websites e redes sociais complementam-se. Nos meios digitais os políticos controlam as mensagens, ao passo que nos meios tradicionais, isso não é possível. Nos meios digitais os políticos podem estabelecer uma comunicação direta com os cidadãos, ao passo que na televisão não é possível manter qualquer tipo de interatividade.
2. Qual a importância que os partidos políticos atribuem à comunicação digital? Em 2015, administrei um inquérito aos deputados da XII Legislatura (2011-2015), em que obtive 62 respostas. Quando lhes perguntei se utilizavam a Internet no dia-a-dia como deputados, 61 deputados responderam que sim, e apenas 1 respondeu que não. Portanto, só esta resposta é reveladora da importância que eles atribuem à comunicação
A comunicação política digital em período não eleitoral
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política digital. De todas as plataformas digitais, as que mais utilizam para comunicar são o e-mail (53) seguido da rede social Facebook (49) e em terceiro lugar aparece a página do grupo parlamentar do partido (27). Quanto às plataformas que utilizam todos os dias, em primeiro lugar aparece o e-mail (52), em segundo lugar o Facebook (33) e em terceiro lugar o Outlook (25). Agora como isso se reflecte na relação que estabelece com o cidadão é que é muito discutível. No caso das redes sociais, e em particular o Facebook, ainda é visto pelos políticos apenas como uma plataforma de divulgação de conteúdos. Isto, porque, são raras as vezes em que os políticos respondem a alguma questão colocada pelos cidadãos, limitando-se a divulgarem os "posts" do seu interesse, e não tanto a responder a questões dos cidadãos ou mesmo reagirem a algum comentário útil ou menos abonatório. Ou seja, comentários, sugestões ou outros contributos dos cidadãos não têm aparentemente reflexo naquilo que é o trabalho no parlamento. Limitam-se a publicar. No entanto, os políticos, têm vindo a ganhar consciência que hoje, estar presente na Internet, é estar mais próximo das pessoas (a presença nas redes atinge vários públicos), sobretudo das gerações mais jovens que vivem muito dependentes das redes sociais. Embora a Internet tenha muitas vantagens, o envolvimento dos cidadãos com a política por esta via ainda está muito aquém do desejável, seja a nível individual (deputados) seja a nível parlamentar. A questão da interatividade, é uma questão que ainda carece de reflexão. Por outro lado, os cidadãos nas redes sociais têm a oportunidade de auscultar, escrutinar, avaliar e pronunciarem-se directamente na página do político/ candidato quando não concordam com alguma tomada de posição.
3.
Existem diferenças entre a comunicação política digital enquanto os partidos
estão no governo ou na oposição? Quando os partidos estão no Governo a tendência é para enaltecer os aspetos positivos da governação e para "travar" alguma informação que venha da parte da oposição que seja um ataque à forma como o partido do Governo está a governar, ou seja reagir aos partidos da oposição, aos adversários políticos, aos opinion makers que querem desvalorizar a ação política do Governo. O contrário também acontece. Quem não está no Governo, procura sempre de alguma forma nas redes sociais desvalorizar as ações políticas do partido que Governa, no nosso caso da coligação de esquerda (PCP, PS, BE). Faz parte da estratégia política dos partidos. De um lado, para manter o poder, do outro para conquistar o poder. Há uma dinâmica conflitual que está sempre presente, seja fora da Internet seja na Internet, mas que na Internet ganha uma dimensão muito
A comunicação política digital em período não eleitoral
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maior que deriva da facilidade com que a informação se torna viral, e por isso, tem um impacto na opinião pública muito maior. E, obviamente, não convém esquecer as regras de propaganda política que estão mais do que nunca activas nas redes sociais. Também há muita contrapropaganda, e os cidadãos devem estar atentos e preparados para saber distinguir.
4.
E quais as tendências da comunicação política digital em contexto não
eleitoral? A tendência é para cada vez mais os políticos se manterem ativos, independentemente de estarem ou não em período de campanha eleitoral. Hoje, os políticos já perceberam a importância das redes sociais para a sua visibilidade e para a do partido a que pertencem também. O objetivo é passar as portas da AR e transpor a “barreira” dos media, ganhar notoriedade, protagonismo, visibilidade, que como sabemos, nem todos os políticos têm a mesma visibilidade, ou se quiser o mesmo acesso ao espaço público mediático. Mas, todos têm uma missão que é a de representarem os cidadãos, e contribuírem para a concretização de boas políticas públicas. Por isso, todos devem ter as mesmas oportunidades de exposição, em termos de apresentação de boas propostas e ideias políticas. Os meios digitais são janelas de oportunidade, no sentido da promoção do trabalho que desenvolvem em prol dos seus representantes. Para além do grande poder de divulgação nos meios digitais, a Internet permite ainda que os políticos obtenham “feedback” dos cidadãos, acerca das ações em que estão envolvidos ou das posições políticas assumidas. Também me parece, que embora a maioria dos políticos (salvo raro algumas exceções) não se manifeste face às opiniões (comentários) dos cidadãos, na rede social Facebook, não as ignoram. Mas pode, mesmo sem se pronunciarem, ser uma forma de escrutínio sobre a forma como eles rececionam as suas propostas. Por outro lado, os cidadãos nas redes sociais têm também a oportunidade de auscultar, escrutinar, avaliar e pronunciarem-se diretamente na página do político/ candidato quando não concordam com alguma tomada de posição.
5. Os partidos que resistem ao digital estão condenados ao fracasso? Em Portugal, essa questão não se coloca, porque todos os partidos estão presentes no meio digital. Agora, a forma como comunicam é que determina se estão condenados ou não ao fracasso. Todos os políticos sabem que hoje em dia é fundamental marcarem presença na Internet e fazerem uso das ferramentas digitais para chegar a um maior número de pessoas, da forma mais direta. Agora os meios online carecem de uma boa estratégia de comunicação, como em qualquer outro meio.
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6.
A falta de estratégia, mentalidade e recursos pode prejudicar o partido ou a
simples presença no espaço digital já é um contributo positivo? Na Internet, tudo o que for publicado seja da parte dos partidos políticos, seja da parte dos políticos/deputados a nível individual, tem de ser estratégico do ponto de vista da comunicação online. Ter um website, por exemplo, e não atualizá-lo ou dinamizá-lo diariamente, pode desinteressar o cidadão de utilizar este tipo de plataforma. Há uns anos atrás, o website era importante porque ainda não havia outras plataformas de comunicação política online. Hoje as redes sociais, por exemplo, vieram criar outro tipo de dinamismo à comunicação política digital, e hoje penso, que só faz sentido ter um website, se ele servir de complemento às redes sociais. Não é à toa, que hoje qualquer website político tem ligações para quase todas as redes sociais.
7. Quais as vantagens das redes sociais para os partidos políticos? As vantagens são muitas. Atravessamos um período nas democracias ocidentais, que de acordo com vários autores, a participação dos eleitores na votação é cada vez menor, em que existe um baixo nível de confiança nos políticos e nas instituições políticas (Cunha & Lobo, 2016, p. 235). Em Portugal, este facto não é exceção e foi assumido pelo antigo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, no discurso proferido nas comemorações da implantação da República em 2014: «A insatisfação dos cidadãos e a sua falta de confiança nas instituições – sobretudo nos partidos – têm tido reflexo em sucessivos atos eleitorais, marcados por níveis preocupantes de abstenção» (Cunha & Lobo, 2016, p. 235). De acordo com dados do inquérito do Euro Barómetro, 89% dos inquiridos tendem a não confiar nos partidos políticos e 73% dizem estar insatisfeitos sobre o modo como a democracia funciona no nosso país. Este tem sido o quadro que tem figurado em Portugal desde já algum tempo e não se vislumbram perspetivas de melhoria, a menos que haja vontade política de inverter este distanciamento, tal como afirmou o antigo Presidente da República Cavaco Silva: «É essencial, como aliás tem sido unanimemente reconhecido, promover uma maior aproximação entre eleitos e eleitores» A Internet e as redes sociais, do ponto de vista político, podem contribuir para criar proximidade entre os cidadãos e político, e deste ponto de vista fortalecer a democracia, ao contribuir para o aumento da participação dos cidadãos na vida pública e para o aumento do debate público.
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Bibliografia referenciada ao longo da entrevista: Cunha & Lobo (2016) “Campanhas políticas nas redes sociais: uma análise comparativa das eleições presidenciais em França (2012) e em Portugal (2011)”. In Freire, A., Lisi, M., & Viegas, J.M.L (orgs) (2016) Representação e Participação Política na Europa em Crise, pp. 235-250, Edição Parlamento.
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Apêndice 10: Entrevista à Investigadora Rosália Rodrigues Entrevista à Investigadora Rosália Rodrigues realizada no dia 23 de março de 2017. Porque questões de distancia geográfica a entrevista foi respondida por email. Assim, em vez de entrevista, é mais ajustado chamar-se “inquirição” ou “recolha de informação por email”.
1.
Quais são as plataformas mais úteis e eficazes para os partidos políticos
comunicarem? Meios offline ou online? Meios clássicos (e.g. comício, arruada, discurso, debate) ou meios digitais? Os partidos políticos comunicam com os seus militantes através de várias formas, mas é, sobretudo, via presencial (congressos, comícios, campanhas políticas), onde os militantes sentem uma proximidade com o(s) líder(es). Já com os eleitores, os partidos políticos fazem-no através dos media. Sobretudo através dos media tradicionais (televisão e jornais, principalmente, já que nas rádios nacionais é dado pouco espaço de antena a Políticos, à exceção da TSF, Antena 1 e 2, mas que têm baixa cota de audiência). No entanto, não há que descurar o meio Internet, como revolucionário para a comunicação política. Tendo em conta o público utilizador (sobretudo jovens, que pouco se interessam pela vida política), este não é, ainda, o meio mais eficaz para os partidos comunicarem com os cidadãos/eleitores. Muitas vezes os cidadãos pesquisam informações na internet, ou nos sites políticos, porque ouviram falar dos assuntos através de outros meios. As redes sociais são boas para difundirem informações que têm origem noutras fontes. Não se pode afirmar que existe uma forma que seja mais eficaz, ou um meio que seja mais eficaz para transmitir as mensagens partidárias, ou políticas. Os meios são híbridos. Se um partido quer ser eficaz e eficiente na sua comunicação, tem de saber produzir e emitir mensagens através de todos os meios de comunicação social. Com a vantagem de, através dos sites (fontes institucionais dos partidos), podem manufaturar eles próprios a informação, sem que haja outros intervenientes (jornalistas, opinion makers, etc). A televisão continua a ser dadas as características do meio, o meio massivo mais persuasivo. O contacto direto com a população também é importante, sobretudo em tempo de campanha, em que se formam ‘’multidões’’ extasiadas que seguem os líderes (Gustave le Bon).
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2.
Qual a importância que os partidos políticos atribuem à comunicação
digital? Atualmente, já perceberam que não podem viver fora do mundo on-line. Mas as plataformas digitais começam, também, a ser utilizadas para determinados processos burocráticos governamentais. Pela minha experiência e análise, o PS é o partido que mais uso tem feito da Internet, e de todas as suas características interativas, para promover a inclusão, participação e cidadania.
3. Existem diferenças entre a comunicação política digital enquanto os partidos estão no governo ou na oposição? Não, depende da ideologia de cada partido. O PSD no mandato anterior pouco proveito tirou das TIC para promover uma democracia participativa.
4.
E quais as tendências da comunicação política digital em contexto não
eleitoral? Criação de mais fóruns participativos, espaços de participação, etc.
5. Os partidos que resistem ao digital estão condenados ao fracasso? Sem dúvida, mas isso não existe, até mesmo nos partidos mais pequenos.
6.
A falta de estratégia, mentalidade e recursos pode prejudicar o partido ou a
simples presença no espaço digital já é um contributo positivo? A simples presença tem já um significado, mas se não se adaptar a mensagem ao meio, a sua comunicação torna-se ineficaz (segundo teorias da comunicação).
7.
Quais as vantagens das redes sociais para os partidos políticos? As redes sociais, como o nome indica, são uma rede em que a mensagem é
propagada quase de forma massiva, como nos meios de comunicação tradicionais. Mas neste meio subsiste a comunicação one-to-one (existe possibilidade de personalização através da Internet). As redes captam pessoas e podem ser difusoras quase que imediatas das mensagens.
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Apêndice 11: Entrevista ao Partido Socialista Entrevista ao Partido Socialista realizada no dia 27 de março de 2017. Respostas obtidas na pessoa do assessor Dimas Pestana. O partido preferiu responder por email. Assim, em vez de entrevista, é mais ajustado chamar-se “inquirição” ou “recolha de informação por email”.
I. Importância da comunicação digital 1. Que importância atribui à comunicação digital e concretamente às redes sociais online para o partido? O Partido Socialista atribui bastante importância à comunicação via redes sociais. Nesse contexto, para ilustrar a relevância que o tema nos suscita, o Gabinete de Comunicação tem pessoas parcialmente dedicadas a esse assunto em particular.
2. Quais são os objetivos da presença do partido em redes sociais? Principalmente a divulgação das suas propostas e seus eventos de forma a garantir que as mensagens alcançam o maior número de pessoas. Paralelamente pretende-se que não ocorra distorção nas mensagens.
3. O que conta mais na comunicação digital: o conteúdo ou a forma? Porquê? Pela nossa experiência, é um misto entre a forma e o conteúdo. Se a “forma” não for boa, o alcance será menor. Por outro lado, a integridade do conteúdo é indispensável para relações de comunicação duradouras.
4. O conteúdo é criado a pensar nas especificidades de cada rede social ou não existe diferenciação? Sim. Muita diferenciação. Há conteúdos isolados para cada um dos canais de comunicação. Há ainda uma estratégia de complementaridade para que uns canais alimentem os outros.
5. Quais as principais diferenças quanto à comunicação digital entre ser partido do governo e partido da oposição? A principal diferença é a mensagem. Na forma isso também se verifica dado que as plataformas de comunicação preferenciais também não são as mesmas.
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II. Construção e gestão da comunicação digital fora do contexto eleitoral 6. A comunicação digital e, concretamente as redes sociais, são uma forma eficaz de construir e gerir a agenda política fora do contexto eleitoral? Não. A agenda política é definida pelos atores políticos.
7. Quais os desafios da comunicação digital fora do contexto eleitoral? Divulgação e esclarecimento de propostas do Partido, alcance de novos públicos, expansão da base que receciona a mensagem do Partido.
8. Em termos digitais, é mais relevante o website ou as redes sociais na comunicação digital fora do contexto eleitoral? Porque aposta o partido num e noutro instrumento de comunicação digital? As redes sociais têm, hoje, uma maior importância na mensagem direta e no alcance de audiência. O website permite ter mensagens mais elaboradas e pesquisáveis.
9. Há tipo de conteúdos preferidos pelo eleitorado em contexto não eleitoral? Infografias e Vídeos de curta duração
10. Há públicos prioritários na segmentação da comunicação digital em período não eleitoral? Quais? Não. Todos os públicos nos são importantes. A segmentação de públicos é apenas feita conforme a mensagem – isto é, qual o nível de interesse daquilo que pretendemos comunicar em função do público. Mas o Partido Socialista comunica para a globalidade da população.
11.
Como se comunica nas redes sociais fora das campanhas eleitorais? E,
ainda neste período, como se comunica quando se é partido do governo ou partido da oposição? Há diferenças? Os partidos mantêm a sua função muito para lá do momento eleitoral. Daí que a comunicação é um contínuo e tem de haver consistência naquilo que se comunica em todos os momentos. Feito o enquadramento, o que distingue a comunicação em período eleitoral ou fora deste é que no primeiro caso se dá maior ênfase a mensagens mais diretas. Fazer a comunicação de um partido que está no Governo não é substancialmente diferente de um que não esteja – isto é, a forma não é substancialmente diferente, mas a mensagem sofre alterações significativas sendo mais crítica quando se está na oposição.
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Apêndice 12: Entrevista ao Partido Social Democrata Entrevista ao Partido Social Democrata realizada no dia 28 de março de 2017. Respostas obtidas na pessoa do assessor Luís Filipe Coelho. O partido preferiu responder por email. Assim, em vez de entrevista, é mais ajustado chamar-se “inquirição” ou “recolha de informação por email”.
I. Importância da comunicação digital 1. Que importância atribui à comunicação digital e concretamente às redes sociais online para o partido? O PSD atribui muita importância à Comunicação Digital. Não é por acaso que o PSD é o partido político em Portugal com maior presença nas Redes Sociais e que, dia após dia, continua na vanguarda da Comunicação Digital.
2. Quais são os objetivos da presença do partido em redes sociais? O Partido Social Democrata trabalha, diariamente, por uma comunicação de grande proximidade com os cidadãos. O exemplo disto é o facto de termos lançado, no final da semana passada, o novo Messenger do Facebook do PSD. Com esta funcionalidade, já é possível comunicar com o Partido Social Democrata 24 horas por dia, sete dias por semana, em qualquer parte do Mundo e à distância de um clique para todos os cidadãos que queiram falar com o partido, através da página oficial do Facebook.
3. O que conta mais na comunicação digital: o conteúdo ou a forma? Porquê? Não podemos referir que o conteúdo é mais importante do que a forma e/ou viceversa. Ambos são importantes e completam-se. Ao pensarmos no conteúdo temos também, obrigatoriamente, de pensar na forma como o vamos comunicar.
4. O conteúdo é criado a pensar nas especificidades de cada rede social ou não existe diferenciação? Cada conteúdo produzido pela equipa da Comunicação Digital do PSD é criado a pensar em que Rede Social melhor se adapta e, por sua vez, na forma como o podemos adaptar às diferentes Redes Sociais.
5. Quais as principais diferenças quanto à comunicação digital entre ser partido do governo e partido da oposição? Quer quando somos partido do Governo quer quando somos partido da oposição, o nosso objetivo é comum: comunicar com os Militantes e Simpatizantes do PSD e fazer chegar a nossa mensagem à sociedade civil.
Obviamente que, como partido da
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oposição, lutamos e trabalhamos diariamente por uma comunicação mais aguerrida e combativa.
II. Construção e gestão da comunicação digital fora do contexto eleitoral 6. A comunicação digital e, concretamente as redes sociais, são uma forma eficaz de construir e gerir a agenda política fora do contexto eleitoral? Sem dúvida. Nos dias de hoje e, devido à grande importância que a componente digital tem vindo a assumir no panorama mediático, as Redes Sociais assumem um papel fulcral na construção e gestão da agenda política fora do contexto eleitoral.
7. Quais os desafios da comunicação digital fora do contexto eleitoral? Não é apenas em contexto eleitoral que temos de falar com os cidadãos e fazerlhes chegar as nossas propostas e ideias para Portugal. O PSD não trabalha a pensar em eleições. O PSD trabalha, diariamente, a levar Portugal e os portugueses a sério. E o desafio é esse: fazer com que as nossas propostas cheguem à opinião pública e que os portugueses saibam como tem sido o nosso trajeto também fora do contexto eleitoral.
8. Em termos digitais, é mais relevante o website ou as redes sociais na comunicação digital fora do contexto eleitoral? Porque aposta o partido num e noutro instrumento de comunicação digital? Ambos são relevantes e o PSD aposta, quer nas constantes atualizações do Website quer nas redes sociais, como grandes ferramentas da Comunicação Digital. Os dois instrumentos são essenciais para quem quer continuar a marcar uma forte presença nas Redes Sociais: o Website para os conteúdos mais institucionais e as Redes Sociais para os conteúdos mais trabalhados para o Digital.
9. Há tipo de conteúdos preferidos pelo eleitorado em contexto não eleitoral? Não podemos referir que existe um tipo de conteúdo com maior ou menor preferência. Depende do tema e, obviamente, também da forma como o mesmo é explorado.
10. Há públicos prioritários na segmentação da comunicação digital em período não eleitoral? Quais? O PSD comunica para todo o tipo de público e não para um público específico. Obviamente que, na vertente digital, é mais fácil comunicar para um público mais jovem, mas, também, não descuramos os restantes utilizadores.
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11. Como se comunica nas redes sociais fora das campanhas eleitorais? E, ainda neste período, como se comunica quando se é partido do governo ou partido da oposição? Há diferenças? O PSD já respondeu a esta questão na resposta à quinta pergunta.
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Apêndice 13. Tabela 20 Tabela 20. Matriz de codificação para análise de conteúdo ao Facebook´ Categorias 1. Partido político
2. Dia
Indicadores 1. MpD (Movimento para a Democracia) – Cabo verde 2. PAICV (Partido Africano da Independência de Cabo Verde) 3. PC (Partido Conservador) Inglês 4. PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) 5. PP (Partido Popular) – Espanha 6. PS (Partido Socialista) – Portugal 7. PSD (Partido Social Democrata – Portugal 8. PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) 9. PT (Partido dos Trabalhadores) – Brasil 10. PT (Partido Trabalhista) Inglês 15 a 31
3. Mês
Setembro
4. Partido em funções governament ais 5. Tipo de conteúdo
1. Sim 2. Não
1. Contrapropaganda
2. Posicionamento do partido
3. Discurso político
4. Eventos do partido
5. Identificação de problemas
Orientações de codificação
Ação de combater as teses apresentadas pelos adversários, conseguindo assim sua desqualificação junto ao público (Domenach, 1955, p. 83). Atitude de assumir um ponto de vista sobre determinado assunto. Apresentação do posicionamento do partido significa ocupar um espaço na perceção dos eleitores, que ajude a atingir um objetivo (Schekiera, 2015). Um discurso é um ato discursivo que pretender chamar a atenção e causar uma boa impressão (Schekiera, 2015) Exige sempre um orador e um auditório, onde o primeiro quer modificar a opinião do segundo, utilizando para o efeito um texto unificado e estratégico (Maltez, 2017). São ocorrências que dão origem a cobertura da mediática (Watson & Hill, 2015). Exemplos: Congresso, conferência de imprensa. Constatação de problemas políticos que não estão a ser resolvidos pelo governo ou que são identificados pela oposição. Um problema é uma determinada
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6. Informação do partido
7. Notícia de órgãos de Comunicação Social 8. Partilha de publicações de outras páginas ou entidades associadas ao partido 9. Propostas/soluções/medidas para problemas
6. Tema
1. Ambiente e agricultura
2. Cultura 3. Defesa
4. Economia
5. Educação e ciência
6. Finanças
7. Justiça 8. Negócios estrangeiros 9. Política nacional
questão ou um determinado assunto que requer uma solução. Informação partidária ou propaganda com conteúdos redigida pelos assessores dos partidos. Informação é um conjunto organizado de dados, que constitui uma mensagem sobre um determinado fenómeno ou evento (Watson & Hill, 2015). Exemplo: informação dos eventos realizados pelo partido ou realizações alcançadas pelo partido. Noticias produzidas por OCS identificados e partilhadas nas plataformas do partido. Partilha de conteúdos constantes em páginas associadas ao Partido, como a Juventude Partidária. O partido apresenta propostas, soluções ou medidas para os problemas detetados. Exemplo: o PMDB promete baixar os impostos sobre o consumo na próxima legislatura. Desenvolvimento rural, desenvolvimento sustentável, aquecimento global e poluição, atividades do setor primário (agricultura, pescas, extração, caça, pecuária e silvicultura). Artes e humanidades, desporto, religião e património. Defesa nacional, forças armadas (exercito, marinha e força aérea), serviços secretos e alianças militares internacionais (Policy Agendas Project, 2015). Indústria, produtividade, turismo, energia, comércio, infraestruturas, crescimento económico. Assuntos sobre os diferentes graus de ensino, investigação. legislação educacional, ensino público e privado. Orçamento de estado, banca, tesouro, assuntos fiscais, impostos, taxas de juro, regulação bancaria, divida pública, organizações internacionais Banco Mundial, Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional (Policy Agendas Project, 2015). Criminalidade, tribunais, legislação (Policy Agendas Project, 2015). Internacionalização, comunidades portuguesas, assuntos europeus. Assuntos parlamentares, autarquias locais, administração interna, modernização administrativa, conselho de ministros e politicas publicas.
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10. Saúde
11. Trabalho política social e segurança social
7. Valor direcional
1. A favor
2. Contra 3. Neutro
4. Dual 5. Sem possibilidade de aferição
8. Objetivos
1. Preparar campanha eleitoral
2. Constituir uma situação de crise
3. Criar contrapropaganda
4. Criar uma situação de oportunidade 5. Informar o público
6. Mobilizar a ação política
7. Apresentar um posicionamento justificativo
Serviço nacional de saúde, cuidados de saúde, rede de cuidados de saúde primários e hospitais, taxas médicas e medicação (Policy Agendas Project, 2015). Estado social, direitos, emprego, direitos laborais, direitos humanos, cidadania, igualdade e serviços sociais (Policy Agendas Project, 2015). “Algo construído, benéfico, proveitoso, construído, que tenha, genericamente uma carga boa” (Galtung & Ruge, 1965, p. 77). “Algo destruído, perturbado, demolido” (Galtung & Ruge, 1965, p. 77). “Ausência de uma direção negativa ou positiva” (Galtung & Ruge, 1965, p. 77). “Presença de duas direções” (Galtung & Ruge, 1965, p. 77). Não existem indicadores que nos permitem incluir a publicação nas variáveis anteriores. Consiste em discursos políticos de campanha permanente ou discursos políticos de campanha para pequenas eleições locais. Exemplo: explicar as vantagens de um qualquer partido ter maioria absoluta. Pretende criar uma situação de cria através da denúncia de uma situação onde as responsabilidades ainda não foram descobertas. Por exemplo: uma investigação judicial ou indicadores estatísticos que desmentem os discursos políticos. Combater as teses apresentadas pelos adversários, conseguindo assim a sua desqualificação junto ao público (Domenach, 1955, p. 83). O partido identifica um assunto não explorado e torna-o central no seu discurso. Consiste em fazer publicações com função informativa. Exemplo: que o partido vai apresentar determinada proposta legislativa ou informar sobre um determinado evento partidário. Apelar ao voto, à militância e à participação política, convocar à participação. O partido justifica uma determinada ação ou apresenta a sua posição fundamentada perante determinado facto ou decisão.
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9. Forma da publicação
10. Atores presentes nas fotos
1. Álbum de fotos ou foto 2. Texto 3. Texto com imagem (foto e/ou vídeo) 4. Vídeo 1. Anónimos
Figuras sem funções de direção no partido, figuras não associadas à direção do partido, ou figuras não reconhecíveis, ou identificáveis, por não ocuparem funções diretivas nos partidos nem são identificados como tal.
2. Deputados do partido 3. Direção do partido 4. Presidente 5. Sem atores vivos 6. Vários
Presidente, vice e secretário-geral.
Imagens de coisas ou seres inanimados. Figuras do partido e anónimos. Exemplo: imagens de um encontro com militantes base e lideres partidários.
Fonte: elaboração própria; Domenach, 1955, p. 83; Galtung & Ruge, 1965, p. 77; Maltez, 2017; Policy Agendas Project, 2015; Schekiera, 2015 e Watson & Hill, 2015.
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Apêndice 14. Análise do Corpus
Figura 10. Relação entre o valor directional e os objetivos
Figura 11. Relação entre objetivos e tipo de conteúdo
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Figura 12. Número de publicações analisadas dos partidos em funções de governo e oposição
Figura 13. Relação entre função do partido e o valor direcional
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Figura 14. Relação entre funções e objetivos das publicações
Figura 15. Relação entre as funções e a forma das publicações
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Figura 16. Relação entre localização e tema
Figura 17. Relação entre localização e valor direcional
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Figura 18. Relação entre a localização e os atores
Figura 19. Relação entre a localização e a forma
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Figura 20. Forma da publicação
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Apêndice 15. Tabela 21. Tabela 21. Significantes plásticos usados na análise semiológica ao Instagram Significantes plásticos Moldura
Enquadramento
Indicadores (1) Presença de moldura física; (2) Presença de moldura psíquica; (3) Ausência de moldura física e psíquica. (1) Estreito; (2) Horizontal; (3) Largo; (4) Vertical.
Orientações de codificação e interpretação Limites físicos da imagem.
Corresponde à dimensão da imagem, resultado suposto da distância entre o tema pintado/fotografado e a objetiva/sujeito criador/codificador. Ângulo do Ponto (1) Plano contrapicado; Confere uma sensação de de Vista engrandecimento. (2) Plano normal; Ao “nível do olhar”, dá a impressão de realidade e naturaliza a cena. (3) Plano picado. Provoca a impressão de esmagamento das personagens. Escolha da (1) Objetiva com uma grande Tudo é nítido desde o objetiva profundidade de campo; primeiro plano até ao horizonte em fundo (2) Objetiva, com uma maior Joga com a nitidez e com a distância focal. desfocagem e proporciona uma representação mais expressiva Composição (1) Construção focalizada; É a geografia interior da (2) Construção axial; mensagem visual. Tem uma (3) Construção em profundidade; função vital na condução da (4) Construção sequencial. visão do espectador. Fonte: elaboração própria, adaptado de Joly, 2008, pp. 103-118.
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Apêndice 16. Corpus de publicações do Instagram analisadas semiologicamente Figura 21. Publicação do PMDB
Figura 23. Publicação do PSD
Figura 22. Publicação do PP
Figura 24. Publicação do PT Brasil
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Apêndice 17. Tabela 22. Tabela 22. Análise semiológica às imagens do Instagram PMDB Legenda
Moldura
Enquadramento
Ângulo do Ponto de Vista
PP
PSD
PT
O presidente El PP ha dado Pedro Passos Tranquilidade no Michel Temer una lección de Coelho no olhar de quem tem divulgado unidad como Debate sente o cheiro da fora do Brasil a partido, de Quinzenal, na virada estabilidade da solidaridad y de Assembleia da nossa solidez. República. economia. Seu Lisboa, 22 de empenho é setembro 2016. fundamental #psd #ppdpsd para recuperar #partidosocial a confiança dos democrata investidores e #pedropassos trazer os coelho recursos tão #debatequinzenal necessários #assembleia para gerar darepública empregos. Moldura física ausente: os limites das imagens selecionadas não são físicos, poderá haver imaginação fora-de-campo pelo visualizador. Embora não existam limites físicos na imagem, os cenários envolventes limitam a imaginação, pois não são muito inovadores. Sendo a moldura considerada uma restrição, denota-se a tendência para a abolir, de modo a que o espectador não se sinta constrangido com os freios à sua imaginação, impostos pelos limites da imagem. A imagem do PP é a que desperta maior curiosidade ou que poderá ser a que menos tendência à moldura psíquica enfrenta pelo espicaçamento lançado ao viewer, em virtude da ausência de elementos ou do despovoamento. Horizontal e Vertical e estreito, Vertical e estreito, Vertical e estreito, largo, o que o que confere à o que confere à o que confere à confere à imagem uma imagem uma imagem uma imagem uma sensação de sensação de sensação de sensação de proximidade proximidade proximidade afastamento (Joly, 2008) (Joly, 2008) (Joly, 2008) Ângulo normal Ângulo Ângulo Ângulo (ao nível do contrapicado. contrapicado. contrapicado. olhar). A Confere uma Confere uma Confere uma imagem é sensação de sensação de sensação de capturada num engrandecimento, engrandecimento, engrandecimento, plano de força e altura ao força e altura ao força e altura ao costas, presidente do presidente do presidente do aparecendo partido (Joly, partido (Joly, partido (Joly, apenas parte 2008). 2008). Contudo o 2008). do perfil. presidente do Permite ver partido melhor o apresenta-se de espaço da perfil, ocultando imagem, mas parcialmente a oculta face.
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Escolha objetiva
Composição
da
parcialmente o orador. Objetiva com uma grande profundidade de campo (tudo é nítido desde o presidente até ao horizonte em fundo) aproximam da visão natural. Construção sequencial: o olhar centra-se no primeiro plano, concretamente no líder político e, estando ele a olhar para a plateia, o olhar do espetador é contagiado e convidado a olhar para a esquerda da foto.
Objetiva, com uma maior distância focal, foca-se no presidente do partido, sendo um fundo apenas composto por uma parte da bandeira de Espanha. Construção em profundidade: a essência está integrada num cenário em perspetiva, em que ambos os elementos: a) líder político, ocupando a frente da cena, no primeiro plano, e b) bandeira, ocupando o cenário de fundo, funcionam em simbiose e retêm a atenção;
Objetiva com uma grande profundidade de campo (tudo é nítido desde o presidente até ao horizonte em fundo) aproximam da visão natural – são objetivas com um focal curto. Construção em profundidade: a essência está integrada num cenário em perspetiva, em que ambos os elementos: a) líder político, ocupando a lateral da cena, no primeiro plano, e b) a assembleia da república como cenário de fundo, funcionam em simbiose e retêm a atenção;
Objetiva, com uma maior distância focal, foca no presidente do partido e a pessoa que o ladeia, mas a imagem de fundo aparece desfocada. Construção axial: coloca o cerne (intersecção dos olhares dos dois personagens constantes no primeiro plano) no eixo do olhar, em geral exatamente no centro da imagem.
Fonte: elaboração própria; Joly, 2008.
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Apêndice 18. Um estudo exploratório
O estudo exploratório focou-se na comunicação política digital da oposição política em Portugal e em Cabo Verde no Facebook em contexto não eleitoral. O objetivo foi entender como é que a agenda política é tratada no Facebook do partido, estudando o tipo de conteúdo, o tema, os atores, os objetivos e a forma das publicações. A análise de conteúdo foi realizada nos meses de outubro e novembro de 2016. Com esta análise exploratória conseguimos experimentar e ajustar a matriz para análise de conteúdo. Com esta análise de conteúdo, conseguimos constatar que o PSD faz mais publicações e é mais ativo no Facebook do que o PAIVC. Isto é justificado pela maior taxa de penetração da internet em Portugal (explicado na introdução). Havendo mais cidadãos online os partidos optam por investir mais nas redes sociais. Em traços gerais, podemos concluir que os principais temas políticos publicados no Facebook são temas de política nacional. Existem muitas publicações sobre finanças, porque os meses analisados correspondem ao período de discussão dos Orçamentos de Estado. Os partidos utilizam o Facebook para apresentar posicionamentos justificativos, mas também apelam à mobilização da ação política. Através do cruzamento das variáveis/análise bivariada, concluímos que as declarações políticas no Facebook têm como objetivo apresentar um posicionamento justificativo, para se posicionarem relativamente aos temas da agenda política. e que os partidos políticos identificam problemas com o objetivo de criarem situações de oportunidade, para mostrar aos eleitores causas que apoiam e os problemas que podem vir a corrigir se forem eleitos governar. A análise quantitativa mostrou que o Facebook é muito utlizado para campanha eleitoral. Não podemos desancorar estes resultados da ideia que o Facebook é uma plataforma de campanha eleitoral permanente. PSD dá muita importância à Política Nacional. Proporcionalmente, o PAICV faz muitas publicações sobre Cultura. Texto e imagem é o tipo de conteúdo privilegiado pelos partidos políticos. Nessa imagem podemos ver deputados, ou o presidente do partido ou então vários membros do partido com populares.
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Figura 25. O objetivo das publicações no Facebook
Figura 26. O principal tema abordado no Facebook por cada partido
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Apêndice 19. Tabela 23 Tabela 23. Tabela para o estado da arte Referência bibliográfica
Objeto estudo
de
Canavilhas, J. (2009). A comunicação política na era da Internet. VIII Congresso Lusocom. Lisboa: Portugal.
Relação entre sistemas políticos e mediáticos. Alternativas aos meios de comunicação tradicionais. Política na Internet.
Objetivos
Opções metodológicas
Abordagens teóricas usadas
Resultados
Compreender a comunicação política ao longo do tempo Estudar os dispositivos (acesso, características, dimensão da audiência, distribuição, tempo de emissão/ receção e custo de produção) Dispositivos tradicionais vs. Novos dispositivos (blogues, redes socias, videocast e podcast) Os novos dispositivos de comunicação política
Pesquisa teórica (revisão da literatura)
Sites muito biográficos e informativos. Sem interatividade (Schweitzer, 2005)
Redes sociais dão aos políticos feedback descomprometido, sem custos diretos e aglutina pessoas em torno de causas.
Interatividade – relação bidirecional (Lilliaker, 2006) 4 características da Comunicação política online (Barnett, 1997)
Lacunas de investigação / Oportunidades a explorar A personalização e a interatividade dos partidos políticos nas redes socias (p. 13)
Observações
Permite segmentação. O online é uma plataforma de campanha contínua. O êxito de uma campanha online é o resultado da forma como a comunicação política a integra no mix da comunicação, explorando os pontos fortes destes novos dispositivos, por exemplo a
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Filimonov, K., Russmann, U., & Svensson, J. (2016). Picturing the party: Instagram and party campaigning in the 2014 Swedish elections. Social Media+ Society, 2(3), 1-11.
Campanhas nas eleições legislativas da Suécia em 2014
Entender como é que os partidos políticos utilizam o Instagram para transmitir mensagens de campanha, mobilizar apoiantes, gerir a imagem do partido, e ampliar e complementar outros materiais de campanha.
Análise de conteúdo a 220 posts do Instagram
“A TV é ainda assim a mais importante plataforma para os políticos em campanha” (Towner, 2013, p. 527–541) “Instagram cresce mais do que o Twitter e o Facebook” (Knibbs, 2014) “Viralidade nas redes socias: o conteúdo é partilhado rapidamente através de redes interligada.” (Anduiza, 2009, p. 5-12) “As mensagens visuais são mais eficazes do que o texto para ganhar a atenção do espectador” (Branter, Lobinger e Wetzstein, 2011, p. 88)
personalização e a interatividade (p.13) O Instagram foi usado principalmente para a transmissão, em vez da mobilização. A imagem que os partidos estavam a apresentar refletia uma personalização, com uma forte presença dos candidatos mais votados nos seus posts. Os Candidatos de topo foram exibidos principalmente num contexto político / profissional. Metade dos posts analisados mostraram sinais de hibridização das práticas de campanha, ou seja, articulação entre a campanha online e offline.
“Os aspetos visuais da comunicação política continuam a ser uma das áreas menos estudadas” (Schill, 2012, p. 119)
“Twitter é a plataforma mais estudada” (Goldbeck, Grimes & Rogers, 2010; Grusell & Nord, 2011; Jackson & Lilleker, 2011; Svensson & Larsson, 2016; Vergeer, Hermans & Sams, 2011)
90
Lorenzo, F., & Carreras, M. (2010). Digital communication and politics in Aragon: A two-way communication formula for the interaction between politicians and citizens. Revista Latina de Comunicación Social, 65, 340-353.
Estudo da comunicação digital realizada por políticos, através da utilização da investigação de cinco blogues Aragoneses
1. Perceber o uso de blogues como ferramenta de comunicação na política em Aragão: entender o uso de blogues pelos políticos Aragoneses, saber se os políticos dão relevância aos blogues e se esse uso é prática dos partidos políticos mais representativos. 2. Apurar e analisar o estilo do blogue como um canal de comunicação quotidiana: A questão é se os blogues são usados constantemente ou apenas em momentos cruciais (de campanha). 3. Perceber quais os melhores e os piores usos do blogue, comparando uns
Em primeiro lugar, análise e descrição dos diferentes blogs políticos aragoneses. Em segundo lugar, realizar entrevistas estruturadas a especialistas em comunicação política e em Internet, para complementar a primeira análise.
O imparável avanço das tecnologias da informação e da comunicação "tem impactado a comunicação de uma maneira, comparável apenas ao impacto causado pela invenção da imprensa de Gutenberg em 1455 " (Masip, 2003) “A web criou um modelo de comunicação bidirecional e simétrica que contrasta fortemente com o modelo unidirecional e assimétrico da media tradicional” (Orihuela, 2005)
O estudo deteta algumas deficiências no uso político atual de blogues. Os partidos políticos a usar blogues e outros recursos online, não só durante as campanhas eleitorais, mas também para melhorar a reputação dos líderes políticos.
Os blogues tradicionais estão em queda (p 9). Para dar lugar a novas ferramentas como o Twitter e o Facebook. Assim, novas linhas de pesquisa surgem. Temos um novo campo aberto, com novos formatos e novos utilizadores para seduzir. Talvez nos próximos anos (artigo de 2010), podemos encontrar figuras políticas a atuar no Facebook, como parte da transição para a transparência na política comunicação através de
91
Thejll-Moller, S. (2013). Social media in traditional political party campaigns: Is there a winning formula?. European View, 12(1), 33-39.
Presença de partidos políticos europeus nas redes socias online aquando de campanhas
com os outros e quais têm mais seguidores. Saber se as redes sociais online são adequadas para a comunicação dos partidos políticos tradicionais europeus.
meios digitais. Pesquisa teórica (revisão de literatura)
O estudo demonstra que as mensagens transmitidas no Facebook "influenciaram a autoexpressão política, a busca de informações e o comportamento de voto no mundo real" (Bond e outros, 2012). Esses resultados sugerem que fortes laços entre eleitores e políticos são fundamentais para a disseminação do comportamento online e do mundo real nas redes sociais humanas" (Bond e outros, 2012).
Os media sociais são uma ferramenta poderosa quando são utlizados corretamente, isto é, com mensagens apelativas, com a execução das melhores práticas e mobilização dos recursos necessários (p.38) Em vez de um mecanismo de difusão, os media sociais devem ser vistos como um meio para promover as relações entre indivíduos (pequenos grupos).
“Os partidos que não utilizam os media sociais estão condenados ao fracasso?” (p.38)
A mensagem tem de ser atraente o suficiente para fazer as pessoas querem ler, envolver e partilhar.
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Aureliano, S. (2006). Os media e a utilização de novas tecnologias para uma reforma democrática. Comunicação e marketing político. Lisboa: Edições ISCSP
Compreender como as novas tecnologias contribuem para reformar a democracia
Feenstra, R. A., & Casero-Ripollés, A. (2014). Democracy in the digital communication environment: A typology proposal of political monitoring processes. Internationa l Journal of Communication, 8(21), 2448-2468.
A monitorização das redes socias em contexto democrático
Pesquisa teórica (revisão de literatura)
Descrever, diferenciar e classificar as várias formas que a monitorização das redes sociais digitais pode tomar nas democracias atuais.
Pesquisa teórica
“estamos a passar das “teledemocracias ” dos anos 50 para uma democracia digital e eletrónica” (Rodotá, 2010, p. 207) A proliferação de meios de comunicação social na Internet implica que os cidadãos disponham de instrumentos tecnológicos que lhes permitam não só consumir, mas também produzir notícias (Dylko & McCluskey, 2012, pp. 250278). (Paradigma do cidadão num duplo papel de consumidor e produtor de conteúdos)
O surgimento de um novo ambiente de comunicação provocou mudanças em muitas áreas, especialmente no campo da comunicação política, no qual estruturas e dinâmicas estão a ser alteradas. Os resultados indicam que existem três grandes áreas de monitoramento: (1) o monitoramento governamental, (2) o monitoramento compartilhado, e (3) o monitoramento cívico. Este estudo centra-se no último.
É necessário aprofundar a evolução do monitoramento governamental desde a criação da Internet, explorando os mecanismos de controlo governamental na era préInternet, em oposição às mudanças que ocorreram com o surgimento do ambiente de comunicação digital (p.15).
93
Ndinojuo, B., Ihejirika, W., Mbazie, S., & Eludu, S. (2015). Facebook and Twitter Analytics of Political Parties in Nigeria. International Journal of Humanities & Social Science Studies (IJHSSS), 2(3), 71-85.
A presença dos partidos políticos nigerianos nas redes sociais digitais, concretament e Facebook e Twitter
Conhecer o número de partidos políticos na Nigéria registados nas redes socias; Determinar os seus seguidores e perceber como utilizam os media; Documentar como usam as redes socias nas suas comunicações.
Este estudo utiliza o método de triangulação sequencial: pesquisa na internet e análise de conteúdo. Dos 25 partidos políticos registados pela Comissão Eleitoral Nacional Independente, só 9 tem conta no Facebook e 3 com conta no Twitter.
As plataformas interativas de media sociais (Facebook, LinkedIn, Del.ici.ous, Twitter, Youtube, Foursquare, Digg in ...) mudaram radicalmente o paradigma da comunicação (Garcia, 2010). Hoje, o consumo de “novos media” é mais intenso do que nunca e não há nada que indique que vai abrandar. Com a digitalização de todos os tipos de informação e a possibilidade de conectar todos a todos na Internet, tornou as teorias de McLuhan (1964) cada vez mais relevantes (Lifvergren, 2011).
Apenas eram atualizadas 6 de 9 páginas no Facebook e 3 de 5 páginas no Twitter em 2014, durante o período do estudo. Esta pesquisa demonstra que os partidos políticos na Nigéria não utilizam estrategicamente as redes sociais digitais aquando das campanhas de comunicação.
“Os novos meios eletrônicos, segundo Mcquail (2010), têm
94
Ruel, T. (2012). Oposição e democracia na Madeira. Lisboa: Fonte da Palavra
Oposição política na Madeira no quadro parlamentar
Descrever os aspetos essenciais que caracterizam o contexto da ação política da oposição parlamentar, analisando as
Análise de documentação parlamentar. Entrevistas semiestruturadas .
aberto caminhos para escapar da política opressiva "de cima para baixo" das democracias de massa em que partidos políticos firmemente organizados fazem a política unilateralmente e mobilizam apoio. Proporcionam os meios para a provisão altamente diferenciada da informação e de ideias políticas, acesso quase ilimitado, na teoria, para todas as vozes, e muito feedback e negociação entre líderes e seguidores (p.73). Oposição é “expressão parlamentar de um conjunto de forças políticas não representadas no governo” (Leitão, 1987, p. 52-53).
A oposição parlamentar, é uma das formas instituídas da oposição democrática, e é desenvolvida no Parlamento, através da
95
regras formais e o funcionamento do sistema politico. Descrever a ação concreta das oposições através das suas atividades concretas em termos legislativos, de fiscalização e representação tribunícia. Garrett, S. (2016). The Digital Battleground: The Political Pulpit to Political Profile. Augustana Digital Commons. Rock Island: United States.
Comunicaçõe s do Twitter dos candidatos do Partido Republicano nas primárias dos Estados Unidos da América em 2016, Donald Trump, John Kasich, Jeb Bush e Ted Cruz
Analisar o conteúdo das publicações, em vez de analisar seguidores, menções ou hashtags. Analisar se os candidatos republicanos publicam tweets pessoais ou políticos. Estudar se o enfoque dos tweets dos candidatos é positiva, negativa ou neutra.
Análise de conteúdo a 310 tweets nos períodos: de 8 a 15 de dezembro de 2015 e de 22 de janeiro a 12 de fevereiro de 2016.
“Qualquer grupo ou movimento político contrário ao grupo detentor do poder” (Bobbio, 2004, p. 846). A existência de oposição política é uma condição elementar da prática democrática. Bobbio (2000, p. 25) As redes sociais criaram oportunidades para "inovações estratégicas e táticas em contextos eleitorais onde a comunicação política pessoal é crucial “(Bimber, 2014, p. 131). Teoria dos usos e gratificações em contexto político: Nos últimos anos, as redes sociais, como Facebook, Twitter ou
atividade dos grupos parlamentares. O seu principal desígnio é constituído pela vontade de ser alternativa de poder, e para isso existem alguns preceitos constitucionais que balizam as suas principais competências (p. 37) As redes socias permitem que os candidatos contornem os media tradicionais, contactando diretamente com os eleitores (p.2) Cruz fornece o maior equilíbrio do grupo entre o número de twetts políticos e não políticos.
Apenas usa 4 codificadores: 1º identifica o candidato 2º identificar se foi publicado antes ou depois do debate 3º conteúdo 4º posicionament o
44% dos tweets de Trump foram positivos, 48% negativos e 8%
96
YouTube, ganharam uma reputação positiva como ferramentas eleitorais (Dumitrica, 2014, p. 1)
Stieglitz, S., Brockmann, T., & Dang-Xuan, L. (2012). Usage of social media for political communication. Pacific Asia Conference on Information Systems. Taiwan: China.
Comunicação política nas redes sociais online dos partidos políticos na Alemanha
Estudar a atividade e a popularidade dos partidos políticos alemães no Facebook, no Twitter, no Flickr e no YouTube.
Análise de conteúdo à presença dos partidos políticos alemães no Facebook, no Twitter, no Flickr e no YouTube.
O potencial interativo da internet é visto como transformador na tese de democratização (Barber, 1998).
Examinar a relevância das redes sociais online para os deputados alemães (p. 109).
Inquérito por questionário aos membros do parlamento alemão sobre o seu uso dos media sociais.
Por outro lado, os proponentes da tese de normalização (Davis, 1999, Margolis & Resnick, 2000), da tese de adaptação institucional (Chadwick, 2006) não preveem que a internet traga mudança nas políticas do sistema atual
Investigar a motivação e a utilização, bem como os fatores de êxito das redes sociais.
neutros. 87% dos tweets de Kasich foram positivos, 13% negativos e 0% neutros. 46% dos tweets de Jeb Bush foram pessoais, 40% negativos e 14% neutros. Forte crescimento do uso de redes sociais online por políticos alemães nos últimos anos, especialmente partidos de esquerda. A maioria dos políticos está disposta a envolver-se mais nas redes sociais e tem a necessidade de se manter atualizada sobre as discussões políticas atuais e sobre a sua própria reputação. 85% deputados
dos
Há uma falta de pesquisa académica sobre as razões para a relutância dos políticos em utilizar redes sociais, bem como sobre os problemas políticos que podem enfrentar para contatar eleitores (principalment e jovens) através da Internet. Pouco se sabe sobre a relevância das redes sociais
97
West (2005). Existe ainda uma posição intermédia, defende que as são alterações são lentas, mas constantes e acumulam-se ao longo do tempo. Além disso, Bimber e Davis (2003) argumentam que a Internet é complementar aos media tradicionais e não substituição.
reconhecem a relevância das redes sociais e esperam que elas se tornem ainda mais importantes para a comunicação política no futuro (p.8).
para a política em alguns países, assim como quais são os fatores de êxito (p.10).
55% políticos revelam que estão a planear usar as redes sociais para a comunicação política de forma mais intensa. E 40% utiliza o Facebook diariamente (p. 8).
Karpf (2009) introduz a noção de "Política 2.0", que pode ser entendida como o aproveitamento dos baixos custos de utilização da internet [como meio de divulgação para os partidos] e sua condição de abundância de informações, visando a
98
Stieglitz, S., & DangXuan, L. (2013). Social media and political communication: A social media analytics framework. Social Network Analysis and Mining, 3(4), 12771291.
Eldin, A. K. (2016). Instagram role in influencing youth opinion in 2015 election campaign in Bahrain. European
Comunicação política em redes sociais da chanceler alemã Angela Merkel e do seu partido CDU e de outros “grandes” partidos políticos alemães (SPD, FDP, The Greens, The Left, and Pirate Party).
Examinar a relevância das redes sociais online para a comunicação política
Uso da rede social online Instagram pelos partidos políticos nas últimas
Medir o efeito do Instagram nas eleições no Bahrein sobre o eleitorado.
Análise de conteúdo (Análise de redes sociais, Análise de texto)
Questionário; Observação participante da campanha “nas ruas” do Bahrain
construção de instituições políticas mais participativas e interativas. Utz (2009) mostra que os sites de redes socias são importantes para que os políticos alcancem indivíduos menos interessados na política. Zhang e outros (2010) mostram que a utilização de redes sociais, como o Facebook, foi positivamente relacionada com a participação cívica. Mas não com a participação política nem com a confiança no governo. Toda a ação política é uma reação à comunicação política ou não política. Há
Monitorização dos conteúdos que vinculam o partido para prevenir crises potenciais ou escândalos que podem levar a danos de sua própria reputação. (p. 1285) Dado o rápido crescimento das redes sociais, as pessoas são capazes de expressar as suas opiniões ou emoções sobre quase tudo em fóruns, blogues e sites de redes sociais mais do que nunca (p. 1286).
Os resultados demonstraram a eficácia do Instagram para chegar à juventude. 62,16%
Mais pesquisas baseadas no Instagram, pois é uma ferramenta
99
Scientific Journal, 12(2), 257.
245-
eleições Bahrein (2015).
no
Saber se o Instagram incentiva e influência o comportamento eleitoral. Compreender o “nível de consciência” de cada candidato e as informações que divulga através do Instagram.
Motta, J., Barbosa, M., & Filipe, S. (2013). Os New Media como instrumento de comunicação política: estudo do caso das eleições legislativas portuguesas de 2011. Estudos do ISCA, (6) 236 - 247.
O estudo dos new media pelos dois maiores partidos que se candidataram às eleições legislativas de 2011 em Portugal (PS e PSD) e em Espanha
Analisar e contabilizar os resultados sobre o uso de redes sociais online utilizadas como meio de comunicação política institucional, pelos partidos políticos.
Análise das variáveis: número de gostos, seguidores, participantes, histórias contadas, vídeos, fotografias e áudio.
diferentes níveis e tipos de comunicação. A comunicação face to face é a mais básica e mais eficaz para alterar ou reforçar as opiniões políticas, porque permite o diálogo onde os meios de comunicação social não entram. Os media, geralmente, reforçam as opiniões políticas existentes, mas raramente convertem alguém. (Roskin e outros, 2008). Slenow (1998) diz que a Wold Wide Web tem vindo progressivament e a ter um papel cada vez mais importante nas campanhas políticas. Conclui que a Web viria a criar uma situação de
dos inquiridos respondeu que acedem mais de 9 vezes por semana e 24,3% acede 4-9 vezes. 8,1% dos participantes disseram que veem "sempre" informações sobre os candidatos e seus programas eleitorais no Instagram e 21,62% "frequentemente”.
A democracia online é inevitável porque a Web é vista, entre outras realidades, como um novo espaço político e uma ferramenta potencial para revitalizar a interação entre os agentes políticos e cidadãos.
muito poderosa na formação da opinião pública especialmente dos jovens (p. 256).
Estudos comparativos. Mais estudos quantitativos. Estudo sobre o domínio da orientação política “à direita” na Europa, pois, no final de
Este estudo analisou o número de seguidores das páginas em números absolutos e não em percentagem, esquecendo que Espanha tem mais habitantes do
100
(PSOE e PP).
Estudar o alcance das publicações (medido em número de eleitores seguidores/fãs por número de posts/inserções). Medir quantitativament e o esforço de marketing da campanha eleitoral de cada partido político. Para cálculo da métrica, ponderou-se o número de posts/inserções com o número de eleitores oficialmente inscritos nos respetivos organismos estatais com competência nesta matéria.
maior igualdade para os eleitores no diálogo político. Barbosa e Melo (2011): estudo das eleições presidenciais portuguesas de 2011 Rodrigues (2010): comunicação política 2.0 Na comunicação política, a Web é usada pelos atores políticos, a fim de informar, mobilizar e envolver os cidadãos numa interação (Klotz, 2004) Gibson e Ward (2012) anotam a evidência de que a internet está a se tomar um meio cada vez mais importante para os membros mais jovens do eleitorado, num
PS utilizou 5 redes sociais digitais. E o PSD utilizou 9. O PSOE utilizou 13 e o PP 14. São 21 o número total de diferentes redes sociais online analisadas.
2011, 22 Estadosmembros eram de direita.
que Portugal
O envolvimento e a participação dos eleitores são superiores nos partidos espanhóis. Os partidos portugueses valorizam os media digitais com mais alcance (Facebook, Twitter e e-mail). Os espanhóis utilizam mais os media digitais menos conhecidos (Flickr, youtube, RSS) O PS mostrou o maior esforço de marketing, depois o PSD, o PSOE e, por fim, o PP.
101
Santana, C. T. A. (2012). A comunicação digital partidária em períodos não eleitorais. Consultado a 10 de dezembro de 2016 em http://bit.ly/2gWmhMC
A comunicação política digital portuguesa durante períodos não eleitorais. Em quatro períodos distintos, duas “semanas quentes” (“hot weeks”) e duas “semanas normais”.
Descobrir de que modo as funcionalidades e potencialidades da Internet são exploradas pelos partidos e grupos parlamentares portugueses em períodos não eleitorais e se existe interatividade na sua comunicação digital. Perceber se existem diferenças no uso destas ferramentas por parte de partidos de diferentes ideologias, tamanhos e experiência na atividade política e se há indícios de uma tendência para a personalização
revisão literatura
da
Análise conteúdo
de
Entrevistas semiestruturadas
momento em que o uso de outros meios de comunicação está em declínio. “As novas tecnologias de informação e comunicação são um espaço fértil para que os políticos entrem em contacto com os eleitores sem verem as suas mensagens filtradas pelos meios de comunicação social. Já para os cidadãos constitui uma oportunidade de encontrarem uma vasta e diversa fonte de informação política bem como participarem de forma mais ativa no debate de ideias e nas campanhas” (Barcellos e Novais, 2010, p. 10)
Os políticos têm que perceber que o sucesso na arena digital está ligado ao risco, mas, como vimos, os políticos ainda preferem jogar pelo seguro, fugir da interatividade e de conteúdos diferentes dos outros, e, ao tomarem esta decisão, consciente ou inconscientemente , escolhem não se destacar. (p.94) Alguns partidos limitam-se apenas a seguir alguns dos seus seguidores. Outros, nem esse mínimo esforço de reciprocidade, parecem estar dispostos a fazer. (p.87)
Para futuras investigações seria interessante usar exatamente as mesmas tabelas (de análise de conteúdo) e os mesmos critérios e parâmetros de análise para perceber de modo concreto e real quais as diferenças nos níveis de atividade online dos partidos durante períodos não eleitorais e durante períodos de campanhas para as autárquicas, para as legislativas e
102
da Política em Portugal.
Os partidos e grupos parlamentares portugueses devem usar os períodos entre campanhas para aperfeiçoar e explorar as funcionalidades e potencialidades das ferramentas online de modo a não repetir os resultados obtidos nesta dissertação durante um período de campanha, onde os riscos de uma estratégia de comunicação falhada são imensamente maiores (p. 98).
para eleições presidenciais (p. 99). Seria também extremamente enriquecedor entrevistar diferentes membros dos partidos e grupos parlamentares e seus assessores de modo a compreender até que ponto algumas das características que identificamos são acidentais ou parte de uma estratégia comunicaciona l bem delineada (p. 99).
Fonte: elaboração própria.
103
Apêndice 20: Análise inferencial A realização deste teste de Qui-quadrado pretende analisar a associação entre diferentes variáveis. As tabelas 24, 25 e 26 apresentam o valor do teste e a significância associada. Estes resultados permitem concluir que existe uma associação significativa entre as diferentes variáveis, já que p≤0,05. Tabela 24. Relação entre objetivos e tipo de conteúdo Chi-Square Tests Asymptotic Significance (2Value
df
sided)
313,521a
48
,000
224,082
48
,000
Linear-by-Linear Association
,041
1
,840
N of Valid Cases
249
Pearson Chi-Square Likelihood Ratio
Tabela 25. Relação entre objetivos e atores Chi-Square Tests Asymptotic Significance (2Value Pearson Chi-Square Likelihood Ratio Linear-by-Linear Association N of Valid Cases
df
sided)
102,609a
30
,000
100,715
30
,000
3,182
1
,074
249
Tabela 26. Relação entre tipo de conteúdo e tema Chi-Square Tests Asymptotic Significance (2Value Pearson Chi-Square Likelihood Ratio Linear-by-Linear Association N of Valid Cases
df
sided)
223,170a
80
,000
171,916
80
,000
2,041
1
,153
249
104
Anexos
Anexo 1. Tabela 27. Tabela 27. As funções dos partidos políticos Funções dos partidos políticos a) Criação de programas governativos que sejam representativos das propostas apresentadas ao eleitorado; b) Recrutamento de novos militantes e seleção dos mais competentes para os cargos diretivos, potenciando o "bom" funcionamento do partido; c) Colocação de membros dirigentes do partido em cargos governativos, garantindo a representação dos ideais do partido: o governo partidário ("party government”); d) Organização parlamentar e de oposição: “desenvolvem uma atividade de extraordinária
importância
na
oposição,
apresentando
alternativas
políticas,
programáticas e mesmo de estilo aos governos e aos governantes em funções”; e) Transmissão de informação no sentido de “aumentar o nível de conhecimentos políticos da população”. Fonte: Pasquino, 2010, pp. 193-194.
Anexo 2. Figura 27. Figura 27. Classificação de utilizadores de acordo com o nível de envolvimento político online
Fonte: Shirk, 2009 e Sebastião, 2015.
105
Anexo 3. Tabela 28. Tabela 28. Esquema síntese das três fases da comunicação política Era da comunicação política Sistema de comunicação política Estilo de comunicação política dominante Meios de comunicação Social
Pré-Moderna
Centrada partidos Mensagem partidária
Moderna
nos Centrada televisão
Pós-moderna
na Multicanal, multimédia
Sound bites, construção da imagem Imprensa Programas Partidária, cartazes, televisivos de publicidade nos informação jornais, programas radiofónicos Meio publicitário Publicidade Anúncios dominante impressa, cartazes, televisivos, panfletos, comícios outdoors Direção das Liderança partidária Gestão interna, campanhas consultores e especialistas externos Paradigma Lógica dos partidos Lógica dos meios dominante de comunicação social Duração Campanha breve, Campanha longa ad hoc Despesa eleitoral Contida Em aumento Eleitorado Comportamento Erosão da estável ligado às fidelidade – fraturas sociais e de identidade grupo partidárias e volatilidade crescente Fonte: Cacciotto, 2015, p. 47.
Fragmentação
Televisões locais ou de nicho, direct mail, email
Anúncios mirados, telemarketing, Internet Unidades especializadas e consultores especializados Lógica do marketing Campanha permanente Muito elevada Comportamento baseado em assuntos (“issues”) e volatilidade
106
Anexo 4. Tabela 29. Tabela 29. Identificação do site de rede social Facebook Características e funcionalidades Lançamento: Utilizadores: 04/02/2004 Conteúdos:
Público-alvo:
1,65 mil milhões Geral Periodicidade:
Atividades: Todas Publicidade:
Texto, imagem, vídeo, Pelo menos 3 vezes por dia gif, links, carrossel, Canvas, live, conteúdos 360 Diferenciação
Benefícios
Publicações, páginas, trafego websites, conversões, apps, eventos, ofertas, vídeo, leads É o maior e mais popular site de rede social do mundo Grande diversidade de tipo de conteúdos Transmissões em direto e conteúdos 306 Segmentação de anúncios cirúrgica no Facebook e Instagram Utilização em quase todos os setores de atividades Integração com websites e outras redes sociais Aumenta a notoriedades e a interação com o público Rapidez de comunicação com o público e clientes Ecossistema Facebook traz mais clientes para o seu negócio Com uma estratégia assertiva permite aumentar vendas
Alcançar objetivos Notoriedade Interação Visitas website vendas Analítica e resultados Métricas Alcance Interações Visualizações Mensagens Fãs Utilização de recursos Grau de dificuldade Tempo alocado Orçamento Fonte: Marques, 2016, p. 170.
5 5 4 4 KPIs
Crescimento de alcance Crescimento de Interações Leads gerados Tempo de resposta mensagens Crescimento de Fãs 4 5 4
107
Anexo 5. Tabela 30. Tabela 30. Identificação da aplicação de rede social Instagram Características e funcionalidades Lançamento: Utilizadores:
Público-alvo:
06/10/2010
Geral
400 milhões
Conteúdos:
Periodicidade:
Imagem, vídeo, gif, live
1 a 3 vezes por dia
Diferenciação
Benefícios
Notas
Atividades: Comunicação com imagem Publicidade:
Imagem, carrossel, vídeo e publicações Integração direta com outras Redes Sociais Online Vídeos até 1 minuto Aplicações Layout, Boomerang e Hyperlapse Conteúdos visuais e filtros para fotografias Eficácia das hashtags Aumenta a notoriedades e branding Permite gerir até cinco contas Comunicar de formas criativa e informal Alcançar audiência mais jovem Muito simples de utilizar Adquirido em 2012 pelo Facebook. Aplicações Layout, Boomerang e Hyperlapse são do Instagram.
Alcançar objetivos Notoriedade Interação Visitas website 1 vendas 1 Analítica e resultados Métricas Seguidores A seguir Total de publicações Visualizações de vídeos Comentários e gostos
Utilização de recursos Grau de 1 dificuldade Tempo alocado 1 Orçamento Fonte: Marques, 2016, p. 410.
5 3
KPIs
Crescimento dos seguidores Publicações por mês Taxa de conversões do link bio Aumento de visualizações vídeo Taxas de interação
2
108