parque escolar_liceus, escolas técnicas e secundárias

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Liceus escoLas Técnicas e secundárias

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229.98 mm

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Liceus escoLas Técnicas e secundárias

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LICEU DE MARIA AMÁLIA VAZ DE CARVALHO, LISBOA


Edição

PARQUE ESCoLAR, EPE Av. infante Santo, n.º2, 7º piso, 1350-178 Lisboa, Portugal CooRdEnAção

Teresa Heitor AUToRiA

PARQUE ESCoLAR, EPE diRECção GERAL dE PRoJECTo – ÁREA dE EdiFiCAçÕES CooRdEnAção EdiToRiAL

ARGUMEnTUM – Filipe Jorge TExTo

Alexandra Alegre, Colaboração: Teresa Heitor, Helder Cotrim, diana Vaz, João Carneiro da Silva, José Freire da Silva diAGRAMAS

Luís Calixto FoToGRAFiA AnTiGA

Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério de Educação Arquivo do Ministério das obras Públicas Arquivo Histórico da Câmara Municipal de Lisboa FoToGRAFiA ConTEMPoRânEA

Arquivo da Parque Escolar FixAção E REViSão do TExTo

Cristina Menezes dESiGn GRÁFiCo E PRé-iMPRESSão

ARGUMEnTUM – João Martins PRodUção EdiToRiAL

ARGUMEnTUM Edições, Estudos e Realizações iMPRESSão

noRPRinT TiRAGEM

1000 exemplares dEPóSiTo LEGAL iSBn

320191/10

978-989-96106-4-4

1.ª Edição dezembro de 2010

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PREFÁCio - (RE)ConHCER o PATRiMónio ESCoLAR

inTRodUção - oBRAS PÚBLiCAS E EdUCAção. noTA SoBRE AS PoLÍTiCAS EdUCACionAiS do ESTAdo no SéCULo xx

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1. EdiFÍCioS PARA o EnSino LiCEAL

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1.1. os primeiros edifícios liceu: final da Monarquia e i República

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1.2. Anos 30: os liceus modernos

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1.3. Plano de 38

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1.4. Plano de 58

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1.5. Estudos normalizados de 1968

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1.6. Transição do Ensino Liceal para o Ensino Unificado

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2. EdiFÍCioS PARA o EnSino TéCniCo E PRoFiSSionAL

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3. PRoJECToS-TiPo PARA o EnSino SECUndÁRio

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4. EdiFÍCioS SELECCionAdoS

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1. Liceu de Passos Manuel, Lisboa

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2. Liceu de Camões, Lisboa

154

3. Liceu de Pedro nunes, Lisboa

156

4. Liceu de Alexandre Herculano, Porto

158

5. Liceu de Rodrigues de Freitas, Porto

160

6. Liceu de d. Filipa de Lencastre, Lisboa

162

7. Liceu de diogo de Gouveia, Beja

164

8. Liceu de d. João iii, Coimbra

166

9. Liceu de Latino Coelho, Lamego

168

10. Liceu de Sá da Bandeira, Santarém

170

11. Liceu de nuno Álvares, Castelo Branco

172

12. Liceu de Alves Martins, Viseu

174

13. Liceu de Gonçalo Velho, Viana do Castelo

176

14. Liceu de infanta d. Maria, Coimbra


178

15. Liceu de Gil Vicente, Lisboa

180

16. Liceu de d. João de Castro, Lisboa

182

17. Liceu de Carolina Michaelis, Porto

184

18. Liceu de José Estêvão, Aveiro

186

19. Liceu de Sebastião e Silva, oeiras

188

20. Liceu de Rainha d. Leonor, Lisboa

190

21. Liceu de Padre António Vieira, Lisboa

192

22. Liceu de Afonso de Albuquerque, Guarda

194

23. Liceu nacional de Cascais, Cascais

196

24. Liceu de d. Pedro V, Lisboa

198

25. Escola Preparatória do Ensino Secundário

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26. Projecto normalizado para o Liceu-tipo

202

27. Escola Secundária de Benfica, Lisboa

204

28. Escola Secundária Professor Herculano de Carvalho, Lisboa

206

29. Escola Secundária de Vila nova de Santo André, Santiago do Cacém

208

30. Escola de desenho industrial Marques de Pombal, Lisboa

210

31. Escola industrial de Machado de Castro, Lisboa

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32. Escola Técnica Elementar de Josefa de óbidos, Lisboa

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33. Escola Comercial de Filipa de Vilhena, Porto

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34. Primeiro Projecto normalizado 1960 (Projecto Mercúrio)

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35. Escola industrial e Comercial de Gabriel Pereira, évora

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36. Escola Agro-industrial de Grândola

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37. Escola de Regentes Agrícolas de évora

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38. Escola Secundária Professor Reynaldos dos Santos, Vila Franca de xira

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39. Escola Secundária de Virgilio Ferreira, Lisboa

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40. Escola Secundária de d. Martinho Vaz de Castelo Branco, Póvoa de Santa iria

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ÍndiCE dE iMAGEnS

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BiBLioGRAFiA

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(re)conHecer o PaTriMĂ“nio escoLar


a

Parque Escolar EPE, responsável pelo Programa de Modernização das Escolas com Ensino Secundário, procura com esta publicação – LiCEUS, ESCoLAS TéCniCAS E SECUndÁRiAS – proporcionar a divulgação dos edifícios escolares da rede pública, e para a fixação da sua memória, garantindo deste modo a continuidade de um percurso iniciado no final do século xix. não sendo uma compilação exaustiva trata-se, sobretudo, de subsidiar o estudo da arquitectura escolar em Portugal, mobilizando referências históricas e procedendo à análise de estudos de caso. Com base nesta informação pretende-se convocar o debate sobre essa história recente e ainda insuficientemente estudada, e a reflexão sobre os seus modos de produção, ocupação e transformação. A sistematização desta informação significa também a vontade de contribuir para uma maior sensibilização do valor e significado do edifício escolar enquanto artefacto construído portador de uma identidade arquitectónica própria que o diferencia dos demais edifícios públicos. é o edifício escolar que, pela sua condição instrumental de lugar destinado à educação e à formação, estabelece os limites e as condições em que esse serviço é prestado, que o identifica e lhe dá significado, operando como um discurso que instituiu um sistema de valores e práticas de utilização, reflexo das formas de conceber a educação e as suas relações com a sociedade (Markus, 1993). neste sentido, esta publicação vai também concorrer para a consciencialização das mudanças ocorridas nos modos de ensino e de aprendizagem e nas formas de apropriação quotidiana do espaço escolar ou seja na cultura escolar, entendida esta como o conjunto dos aspectos institucionalizados que caracterizam a escola como organização (Viñao, 1994), na medida em que as soluções projectuais reproduzem os modelos organizativos das escolas e os métodos pedagógicos perfilhados. no capitulo introdutório – obras Públicas e Educação: notas sobre as politicas educativas do Estado no século xx – é proposta uma leitura cronológica dos modos de produção dos edifícios escolares presentes no universo estudado – edifícios destinados ao ensino publico liceal, técnico-profissional e secundário – tendo como base referencial o sistema educativo português e as reformas mais significativas realizadas ao longo dos últimos 125 anos e que suportaram as evoluções formais e organizacionais protagonizadas numa produção diversificada, com períodos de maior ou menor intensidade. nos quatro capítulos seguintes agruparam-se os edifícios escolares de acordo com o programa escolar a que se destinavam – ensino liceal, técnico-profissional, unificado e secundário – relacionando o processo de produção que os assistiu e os modelos pedagógicos que reproduzem com as estratégias arquitectónicas adoptadas. Utilizando como suporte a lógica social do momento, procurou-se identificar os factores que influíram na sua concepção e geriram a sua construção e ocupação. o esforço analítico foi então conduzido para a compreensão da expressão arquitectónica e da correspondente gramática espacial, formal e construtiva. o período compreendido entre o final do século xix e a década de 1930 é sobretudo marcado pela produção dos edifícios escolares destinados ao ensino liceal. Embora diminuta, esta produção surge vinculada a modelos importados, inicialmente a partir de França e posteriormente alargados à Alemanha. Respondendo a situações específicas, os programas adoptados conciliam preocupações de natureza pedagógica e funcional, admitindo um “regime de semi-internato” hoje designado por turno único. Visando a melhoria das condições de habitabilidade dos espaços de aprendizagem, é abandonado o modelo de edifício conventual e são experimentadas novas configurações em extensão. Com isto o edifício deixa de ser um volume compacto, para se estruturar em função de eixos ortogonais com função distribuidora. Mas, as inovações programáticas não se resumem à questão higiénica. no programa de espaços evidencia-se o investimento no ensino experimental e na prática do exercício físico. os laboratórios organizam-se em núcleos autonomizados relativamente às salas de aula aos

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quais se associam espaços de anfiteatro permitindo a aula magistral. Ao ginásio, nalguns casos complementado por uma piscina, é conferido um papel central na organização global da escola e uma valorização da sua espacialidade. Ainda associado às preocupações com a saúde e higiene escolar são introduzidas novas funcionalidades como é o caso do gabinete médico, do balneário e do recreio coberto. Exibindo um sentido de monumentalidade, reflectido na imagem e na projecção exterior dos lugares onde se implantam, transitam de uma expressão ecléctica dominada pelas Beaux-Arts, embora com forte sobriedade decorativa, passando pela influência do gosto geometrizado do art déco até à afirmação da linguagem modernista. Embora com pouco significado em termos de dimensão, estão aqui representados um conjunto de edifícios com reconhecida qualidade arquitectónica, configurando no seu conjunto uma condição de excepcionalidade no património escolar português. A escala e as características formais e construtivas destes edifícios, o desfasamento que exibem face ás actuais exigências pedagógicas e ambientais e a necessidade de se proceder à sua readaptação funcional e estrutural coloca-os numa posição delicada quanto ao impacto da intervenção de requalificação. A partir do final da década de 1930, e ao longo das três décadas seguintes, sob a responsabilidade do Ministério das obras Públicas, observa-se uma viragem nas estratégias adoptadas na produção dos edifícios destinados ao ensino liceal e técnico, visando uma maior eficácia e controlo das fases de concepção e de construção. A par da criação de um corpo técnico próprio constituído por arquitectos, engenheiros e técnicos de apoio sediado na Junta das Construções para o Ensino Técnico e Secundário (JCETS) e do consequente abandono da encomenda exterior, são introduzidos instrumentos de normalização e recomendação técnica que enquadram as linhas gerais de concepção, de acordo com um programa-tipo no caso dos liceus, e de ante-projectos no caso das escolas técnicas. A disciplina construtiva e a sobriedade formal a que os edifícios foram submetidos são reflexo das estratégias adoptadas. A persistência de um modelo educativo de matriz expositiva, vinculado a princípios de ordem e disciplina, traduziu-se em modelos espaciais de grande rigidez funcional, em que a sala de aula, surge como o elemento base dessa mesma organização e os espaços complementares são reduzidos ao elementar ou conjugados noutros espaços, como é o caso do ginásio que também pode funcionar como salão de festas ou a biblioteca como sala de actos. nesta abordagem está também patente uma forte resistência face ao debate internacional então em curso na área da educação, cujas repercussões na arquitectura escolar contribuíam para a sua afirmação, como é o caso das escolas projectadas por Richard neutra, Franz Schuster, Hans Scharoun, Alison e Peter Smithson, Arne Jacobsen ou Herman Hetzberger, amplamente divulgadas pela literatura especializada da época. no inicio da década de 1960 surgem os primeiros sinais de mudança. Em causa estava a discussão iniciada no final da década anterior sobre a rede escolar pública, manifestamente insuficiente em dimensão e desajustada face às orientações pedagógicas emergentes. é então que os modelos experimentados noutros países, apoiados em sistemas pré-fabricados, apontando um modo de construir mais célere e económico, se tornam referências que se procuram adaptar à realidade nacional. de forma gradual, e já sob a responsabilidade partilhada do Ministério da Educação altera-se o programa de espaços. Recorre-se à tipologia pavilhonar e à coordenação modular e pré-fabricação cuja aplicação se torna recorrente a partir da década de 1970. o programa de espaços, ao tornar-se mais exigente justificou a incorporação de novas valências e relações de funcionalidade facilitadas pela adopção da tipologia pavilhonar. A par da especialização de espaços lectivos em pavilhões próprios, são incrementadas as áreas de apoio à actividade lectiva, como é o caso dos sectores administrativo e de direcção e dos núcleos de apoio sócio-educativo. As zonas de convivialidade estendem-se ao interior do edifício escolar e adquirem lugar próprio. A biblioteca, adquire maior centralidade e assume-se como um espaço de trabalho lectivo. o crescente


protagonismo e especialização dos espaços destinados à educação física transforma o ginásio em pavilhão gimnodesportivo. A sala de aula, apesar de se manter como o elemento base da organização do espaço escolar, abandona a estrutura rígida anteriormente adoptada, experimenta a forma quadrada e aumenta a área, permitindo maior flexibilidade no uso. inicialmente desenvolvem-se e testam-se soluções piloto que posteriormente são corrigidas e fixadas em projecto-tipo. os Liceus de Cascais, d. Pedro V e de Sintra e da Escola industrial e Comercial de évora, são disso exemplo. Algumas das soluções propostas são entretanto adaptadas aos modelos já existentes, como no caso do Liceu da Guarda onde é criado um sector social e introduzido um espaço de convívio encerrado, permitindo conciliar actividades musicais, teatrais, desportivas ou assembleias. na década de 80, face ao aumento da escolaridade obrigatória e da população escolar, são desenvolvidos novos projectos-tipo de estrutura pavilhonar visando soluções mais eficazes e céleres com custos de construção reduzidos, evitando situações de ruptura. o investimento dos projectistas é então dirigido para os procedimentos de coordenação modular e de racionalização da construção. A complexidade programática presente nos projectos anteriores é abreviada, assistindo-se de novo a uma redução dos espaços especializados. A célula base da organização espacial destes novos pavilhões é a sala de aula de configuração quadrada que, apoiada na modulação estrutural, permite ser ampliada ou reduzida e deste modo acolher diferentes funções e actividades. A par de todo este processo destacam-se alguns projectos desenvolvidos por via de encomendas especiais. é neste grupo que se integra o Liceu Padre António Vieira em Lisboa projectado por Ruy Athougia no final da década de 1950, a Escola Agro-industrial de Grândola, a Escola de Regentes Agrícolas de évora e a Escola Secundária dos olivais Velho, actual Herculano de Carvalho projectadas por Manuel Taínha, a Escola Secundária José Gomes Ferreira, projectada por Raúl Hestnes Ferreira. São projectos que ensaiam diferentes estratégias de concepção que se evidenciam da restante produção arquitectónica. no capítulo final é apresentado, sob a forma de fichas, um repertório de edifícios escolares, considerados significativos de entre o universo estudado. na concepção das fichas privilegiou-se a informação gráfica, embora nem sempre uniforme, devido em parte a dificuldades de compatibilização dos registos existentes ou à sua indisponibilidade. os elementos descritivos seleccionados, foram complementados por esquemas interpretativos da organização funcional e tipológica, permitindo identificar permanências e rupturas e deste modo apoiar uma análise comparativa. o material agora publicado é também ilustrativo do trabalho que a Parque Escolar EPE tem procurado fazer no reconhecimento do património escolar português do ponto de vista da interpretação das condições espaciais e da sua praticabilidade, de modo a conciliar os seus atributos e potencialidades com os objectivos do Programa de Modernização e consequentemente com as novas exigências de uso que lhe são colocadas, obrigando a repensar o edifício escolar na sua globalidade. Em colaboração com a Secretaria-Geral do Ministério da Educação a Parque Escolar EPE encontra-se a desenvolver o projecto Arquivo digital – Arquitectura Escolar Passado e Presente, organizando e divulgando um acervo digital de preservação da memória colectiva. Este arquivo ainda pouco conhecido e divulgado, tem sido essencial para a elaboração dos projectos de modernização das escolas secundárias, permitindo um conhecimento mais claro de soluções estruturais e construtivas em complemento da observação directa do estado actual dos edifícios sujeitos a intervenção. é este conhecimento que tem permitido operacionalizar o programa e a sua forma de concretização bem como definir os instrumentos para a sua gestão. Teresa V. Heitor, Vogal do Conselho de Administração da Parque Escolar EPE

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introdução


oBras PÚBLicas e educaÇÃo. noTa soBre as PoLÍTicas educacionais do esTado no sécuLo XX



OBRAS PÚBLICAS E EDUCAÇÃO. NOTA SOBRE AS POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO ESTADO NO SÉCULO XX

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decreto da reforma da instrução Secundária, de 17 de novembro de 1836, da autoria de Passos Manuel, aprova o Plano dos Liceus Nacionais que irá substituir as aulas dispersas pelo País, criadas por reforma pombalina em 1759. o Plano dos Liceus Nacionais procura, por um lado, o desenvolvimento de uma sociedade industrial, assente na instrução técnica, científica e artística de “grandes

massas de Cidadãos, que não aspiram aos estudos superiores” e, por outro, responde à necessidade de um ensino laico, exigido pela extinção das ordens religiosas em 1834, que tinham dominado o ensino em Portugal. A planificação curricular da reforma de Passos Manuel integra disciplinas das áreas humanísticas e novos programas nas áreas científicas, procurando atribuir um sentido prático e moderno ao ensino e preconizando um método de aprendizagem indutivo e experimental. Esta reforma assenta num regime de ensino por disciplinas mas sem um plano que as articule, não define a sua distribuição em cada ano, a sua carga horária e o número de anos de frequência do curso liceal.1 Para além das questões pedagógicas e de organização deste ciclo de ensino, também as instalações liceais estão na origem da dificuldade de implementação do Plano; o Estado não possuía meios financeiros para a construção de novos edifícios para acolher a população liceal e as condições arquitectónicas e pedagógicas das instalações existentes não cumpriam as exigências da reforma de 1836. As reformas de Jaime Moniz, em 1894-95, e de Eduardo Coelho, em 1905, conferem um impulso de modernização ao ensino liceal, assente na adopção do regime de ensino por classes.2 São estabelecidas as bases para a construção dos edifícios liceais introduzindo um conjunto de novos espaços no seu programa. da Reforma de Jaime Moniz destaca-se a adopção do regime de ‘classes’, afirmando a sala de aula como o espaço por excelência da actividade instrutiva e, consequentemente, como o espaço de modelação e organização de todo o edifício. Refere-se, também, o estabelecimento do regime de semi-internato nos liceus que, ao impulsionar o alargamento do tempo escolar na vida do aluno associado a princípios de auto-governo, promove a introdução de novos espaços programáticos, como as salas de estudo, salas de leitura e espaços de refeição. Assiste-se também a uma valorização das zonas não edificadas do edifício liceu, incorporando elementos como jardins e hortos, zonas de recreio mais vastas e

1 Valente, Vasco Pulido; O Estado Liberal e o ensino. Os Liceus portugueses (1834-1930). Lisboa, Gabinete de investigações Sociais, 1973. 2 Barroso, João; Os Liceus. Organização pedagógica e administrativa (1836-1960), volume i. Colecção Textos Universitários de Ciências Sociais e Humanas, Fundação Calouste Gulbenkian e Junta nacional de investigação Científica e Tecnológica, Lisboa, novembro 1995.


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Ginásio do Liceu de Pedro nunes, Lisboa

espaços para a prática de Educação Física e jogos. Todo o conjunto necessita agora de ser protegido por grades ou muros, assegurando a permanência e protecção dos alunos no interior dos recintos liceais3. Esta reforma divide os liceus em centrais, onde era ministrado o curso geral (cinco anos) e o curso complementar (6º e 7º ano) localizados em Lisboa, Porto e Coimbra; e nacionais, onde era ministrado unicamente o curso geral e localizados em cada capital de distrito. Esta hierarquização diferencia a oferta de estudos dos diferentes tipos de liceus: os primeiros destinavam-se ao ingresso no ensino superior; os segundos, ao ensino adaptado a um exercício profissional. da reforma do ensino liceal de 29 de Agosto 1905, da autoria de Eduardo Coelho, salientam-se duas orientações que se revelaram fundamentais na evolução dos edifícios liceu: as questões higienistas e de saúde escolar, responsáveis pela promoção de novas práticas higiénicas por parte do aluno e pela obrigatoriedade da prática de exercício físico; e a importância atribuída às disciplinas científicas e ao ensino activo e experimental. 3 Silva, Carlos Miguel Jesus Manique da; Escolas Belas ou Espaços Sãos? Uma análise histórica sobre a arquitectura escolar portuguesa (1860-1920). dissertação de Mestrado em Ciências da Educação (História da Educação), Univer-sidade de Lisboa/Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, Lisboa, 2002.

Reclamado internacionalmente, o interesse observado pelas questões higienistas no âmbito escolar surge em Portugal associado à criação da inspecção Sanitária Escolar da direcção Técnica das Construções Escolares em 1901 e à implementação de um plano de higiene escolar sob a responsabilidade de médicos escolares. A crescente importância dada a este tema reflecte-se na presença permanente de inspectores


sanitários nas comissões de avaliação de projectos, no sentido de os conformar com as premissas relativas à saúde e higiene escolar. A obrigatoriedade da prática de Ginástica e de exercício físico exige a existência de amplos locais que permitissem a sua prática, que deveriam obedecer a importantes requisitos de higiene. destaca-se o ginásio no conjunto dos espaços do edifício liceal, conferindo-lhe um lugar central nas áreas programáticas e no tratamento espacial do seu interior. A reforma de 1905, de influência positivista, irá consagrar os princípios da educação moderna, reunindo os currículos de carácter humanista e científico, tal como se irá manter durante o século xx. Mantendo o regime de classes, revoga o sistema de curso complementar único e estabelece em sua substituição dois cursos: um de Letras ou Humanidades e outro de Ciências, de dois anos cada, privilegiando as matérias modernas em detrimento das clássicas, conforme os ideais do liberalismo. Esta nova organização liceal reflecte-se no edifício, que vê assim ampliada a sua complexidade programática e funcional com a introdução de novos espaços e com a inclusão de material didáctico e de equipamentos necessários para o ensino dos diferentes saberes, em particular a Física, a Química, a Geografia e o desenho. Ao conjunto dos espaços liceais é adicionado o laboratório, permitindo o desenvolvimento de práticas de ensino experimental que, em simultâneo, promove a aquisição de material pedagógico com carácter museológico, utilizado e exposto nas salas de aula especiais, laboratórios e museus.

Laboratório do Liceu de Maria Amália Vaz de Carvalho, Lisboa

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A reforma de 1905 é determinante para a concepção dos novos edifícios liceais

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programados para a cidade de Lisboa e Porto. o aumento da população escolar associado à expansão urbana das cidades de Lisboa e Porto obriga à divisão das cidades em zonas escolares. o decreto de 20 de Janeiro de 1906 contempla a construção de um edifício liceu por zona escolar, localizado num terreno central. num primeiro momento, refere-se, em Lisboa, o projecto e a construção do Liceu Camões (1907-09), da 1ª zona escolar, e Liceu Pedro nunes (1908-11), da 3ª zona escolar, da autoria do arquitecto Miguel Ventura Terra; e posteriormente, destacam-se, no Porto, o Liceu Alexandre Herculano (1914-31), na zona oriental, e o Liceu Rodrigues de Freitas (1918-31), na zona ocidental, da autoria do arquitecto José Marques da Silva. Para além dos novos edifícios, esta reforma vai também determinar a solução final do projecto do Liceu Passos Manuel, da 2ª zona escolar de Lisboa, iniciado em 1882 com projecto do arquitecto José Luís Monteiro e concluído em 1911 por Rosendo Carvalheira. Este período de definição da instituição liceal, que cobre o período entre 1836 e o final do século, coincide também com a promulgação das primeiras reformas destinadas a incentivar a instrução profissional exigida pelo País no campo das actividades industriais, após a criação das primeiras aulas pela administração pombalina. Procurando captar as atenções e o interesse de um público mais vasto de modo a dotar o País com técnicos qualificados, Passos Manuel institui os Conservatórios de Artes e ofícios de Lisboa (18 de novembro 1836) e do Porto (5 de Janeiro 1837). Em 1852, o ensino técnico-profissional é alvo de um forte impulso, por via da acção de Fontes Pereira de Melo que irá promulgar a legislação que permitirá instituir o ensino técnico industrial nas cidades de Lisboa e Porto, dividindo-o em três graus: elementar, secundário e complementar. neste âmbito são criados o instituto industrial de Lisboa (com Museu da indústria e biblioteca especializada) e o instituto industrial do Porto contemplando oficinas para as diferentes áreas de especialização.4 no mesmo ano, o plano de modernização do País cria também escolas técnicas orientadas para o ensino agrícola, com três graus distintos de ensino e destinadas a alunos com mais de dezasseis anos. o primeiro grau, de ensino elementar, seria essencialmente prático; o segundo grau, teórico-prático, ministrado em Lisboa, Viseu e évora; e o terceiro grau, de ensino superior, funcionaria em Lisboa, no instituto Agrícola. Também o ensino comercial é alvo de atenção na mesma época, ao se anexar ao Liceu de Lisboa uma Secção Comercial, dando continuidade à antiga Aula do Comércio instituída pelo Marquês de Pombal, 4 Carvalho, Rómulo de; História do Ensino em Portugal. Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1986.

em 1755. Mais tarde, em 1869, o ensino comercial é integrado no instituto industrial, que passa a denominar-se instituto industrial e Comercial de Lisboa.


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Escola de desenho industrial de Marquês de Pombal, Lisboa

na década de 80, António Augusto de Aguiar propõe uma reestruturação do ensino profissional face aos deficientes resultados alcançados pelas reformas anteriores, particularmente evidentes no atraso industrial do País, na falta de qualificação dos trabalhadores do sector e no deficiente ensino teórico e prático das suas matérias. Procede-se à regionalização do ensino técnico, até então limitado a Lisboa e ao Porto, assistindo-se então à criação, um pouco por todo o País, de escolas profissionais. Em 1884, são criadas as Escolas industriais e de desenho industrial, e as Escolas Práticas (agricultura, vinicultura e lacticínios); em 1886 é reformulado o ensino agrícola e veterinário; e em 1884 publica-se o Plano de Organização do Curso Comercial no instituto industrial e Comercial de Lisboa. Todas as Escolas Técnicas Profissionais pertencem ao Ministério das obras Públicas, Comércio e indústria. Em 1888, é inaugurado em Lisboa, o primeiro edifício construído de raiz para escola profissional – a Escola de desenho industrial Marquês de Pombal, com projecto do arquitecto Pedro de Ávila. Com a proclamação da República em outubro de 1910, o sector da educação e da instrução assume particular relevância no ideário republicano enquanto importante via para a reforma do pensamento português. As reformas republicanas incidem em particular no ensino primário e no ensino superior, e em menor grau no ensino secundário.


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Liceu de Pedro nunes, Lisboa

Após algumas tentativas falhadas, em 1913 é finalmente criado o Ministério da instrução Pública do qual ficariam dependentes as direcções-Gerais de instrução Primária e Secundária, Superior e Especial, bem como todas as escolas dependentes da direcção-Geral do Comércio e indústria. destaca-se deste período a segunda escola profissional do País, a Escola industrial Machado de Castro, em Lisboa, projectada em 1915 pelo arquitecto Vítor Bastos e concluída no final da década de 20. Em 1918, já sob a presidência de Sidónio Pais, é nomeada uma comissão incumbida de rever o ensino secundário, que procurou conciliar o ensino humanístico com o ensino científico, prático e utilitário, contemplando também a educação artística. A nível programático, o edifício destinado ao ensino secundário, contempla uma biblioteca para professores e alunos; a adaptação de uma das salas a salão cinematográfico; e, quando possível, a existência de um ginásio, balneários e piscina. Estas alterações reflectem-se na concepção dos edifícios liceu dos anos 30, no âmbito dos concursos então promovidos para a sua construção. Relativamente às escolas técnico-profissionais, o Governo de Sidónio Pais coloca-as na dependência do Ministério do Comércio e Comunicações e do Ministério da Agricultura. Esta situação é alterada em 1929, data a partir da qual todas estas escolas são transferidas para o Ministério da instrução Pública.


o período que decorre entre 28 de Maio de 1926, que instaura a ditadura Militar, e o final da década de 50 é particularmente relevante no sector da educação, encarada pelo governo como o principal veículo na difusão dos valores nacionalistas. A política de rejeição da coeducação, iniciada em 1926, exigindo a separação de sexos nos estabelecimentos de ensino, determina, no caso do ensino secundário, a construção de escolas técnicas e liceais específicas para a população feminina. Como exemplo, refere-se o primeiro liceu feminino, o Liceu Maria Pia, futuro Maria Amália Vaz de Carvalho, em Lisboa, e os liceus criados a partir de secções deste primeiro liceu: o Liceu d. Filipa de Lencastre e o Liceu Rainha d. Leonor; e ainda o Liceu infanta d. Maria em Coimbra e o Liceu Carolina Michaelis no Porto. As instalações liceais são objecto de reforma em 1928, quando, por iniciativa de duarte Pacheco, Ministro da instrução entre Abril e novembro de 1928, é criada a Junta Administrativa do Empréstimo para o Ensino Secundário (JAEES; 1928-34), dependente do Ministério da instrução Pública, responsável pela administração de um empréstimo de 40 000 000$00 (por isso também conhecida como Junta dos Quarenta Mil) contraído pelo Governo, destinado ao relançamento das obras de construção do Liceu Maria Amália Vaz de Carvalho, em Lisboa, e do Liceu Alexandre Herculano, no Porto, iniciadas durante o regime republicano e entretanto interrompidas; à organização dos concursos para a construção dos liceus de Beja, de Coimbra e de Lamego, entre 1929 e 1931; à aprovação do Liceu d. Filipa de Lencastre em Lisboa, da autoria do arquitecto Carlos Ramos, e do Liceu Feminino de Coimbra da autoria do arquitecto Cristino da Silva, respectivamente adiada e abandonada; ao fornecimento de material didáctico, mobiliário e postos meteorológicos para os liceus; à realização de obras de conservação nos liceus de Aveiro, Vila Real, évora, Bragança, Guarda e Braga, edifícios não construídos de raiz. A criação da JAEES permite centralizar num organismo administrativo todas as obras referentes a edifícios liceu, promovendo a melhoria das suas condições materiais. A administração do empréstimo é garantida por uma equipa que integrava, entre outros, um arquitecto e um médico, o que demonstra a importância atribuída ao planeamento e fiscalização das obras públicas e à garantia do cumprimento das exigências relativas à higiene e saúde pública nas novas construções. Em 1933, a JAEES passa para a tutela do Ministério das obras Públicas e Comunicações (MoPC) e, em Agosto de 1934 (decreto-Lei nº 24 337), é substituída pela Junta das Construções para o Ensino Técnico e Secundário (JCETS), integrada no MoPC até 1969, altura em que foi extinta passando os seus recursos a integrar

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a direcção-Geral das Construções Escolares (dGCE)5. A nível de competências, é

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atribuída a esta nova entidade a responsabilidade do estudo e construção dos novos edifícios destinados ao ensino liceal e técnico. Ainda relativamente ao ensino técnico, em 1930-31 a reforma das Escolas industriais e Comerciais de ensino elementar procura uniformizar os diversos tipos de escola existentes, procedendo à extinção de parte delas e criando outras, entre as quais a Escola de Artes decorativas António Arroio, projectada em 1928 pelo arquitecto norte Júnior, em Lisboa. Também no ensino médio se procedem a alterações no sentido de desdobrar os institutos industriais e Comerciais de Lisboa e Porto em institutos industriais e institutos Comerciais; e no ensino agrícola são criadas as Escolas de Regentes Agrícolas. Em 1936, o ministro Carneiro Pacheco procede a uma reforma no sector da educação, com a intenção de se reforçarem os objectivos ideológicos e pedagógicos do Estado novo. Salienta-se desta reforma a substituição do Ministério da instrução Pública pelo Ministério da Educação nacional (MEn); a criação da Mocidade Portuguesa; a reforma dos currículos e programas escolares; e a adopção do livro único no ensino primário6. no mesmo ano, também o ensino liceal é alvo de uma reforma que introduz importantes alterações no sistema vigente, e que vigorará, no essencial, até à década de 70. Em 14 de outubro de 1936 (decreto-Lei nº 27 084), é atribuída ao ensino liceal a “finalidade específica” de dotar os Portugueses “de uma cultura geral útil para a vida”. Esta clarificação do objectivo do ensino liceal veio simplificar a organização do currículo escolar, abandonando a distinção entre Curso Geral e Curso Complementar e a bifurcação do ensino em Letras e Ciências7. Em sua 5 A dGCE foi criada por decreto-Lei nº 49 169, de 24 de Julho de 1969, no Ministério das obras Públicas, constituindo o organismo de fusão de várias entidades responsáveis pela construção escolar nos diversos ramos de ensino. 6 Gaspar, Jorge; Simões, José Manuel; Marin, Ana; “As redes de equipamentos colectivos” in Medeiros, Carlos A. (dir.), Geografia de Portugal, volume 4 – Planeamento e Ordenamento do Território. Lisboa, Círculo dos Leitores, 2006, p. 107-165. 7 Em Setembro de 1941, Mário Figueiredo vai repor a distinção entre Curso Geral e Curso Complementar e restituir ao 7º ano do curso liceal o carácter preparatório para o ensino universitário.

substituição é criado um curso liceal constituído por sete agrupamentos anuais de disciplinas, distribuído por três ciclos: 1º ciclo, prático e descritivo com a duração de três anos; 2º ciclo, teórico e experimental com a duração de três anos; e 3º ciclo, destinado à sistematização de todos os conhecimentos adquiridos, com a duração de um ano. os liceus onde são ministrados o curso completo passam a designar-se Nacional e os que ministram os dois primeiros ciclos, Provinciais. Este decreto aprova, ainda, a cooperação da Mocidade Portuguesa com todos os liceus. Em Abril de 1938 (decreto-Lei nº 28 604) é aprovado um importante plano de construção, ampliação e melhoramentos dos edifícios liceu, englobando um programa de trabalhos e respectivos encargos, cuja execução foi da responsabilidade da JCETS. Com o objectivo de retomar e ampliar a iniciativa de 1928, cujas verbas se tinham esgotado em 1937, o programa de trabalhos, designado Plano de 38, incluiu uma lista pormenorizada dos dez novos edifícios liceu a construir e dos liceus objecto


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Liceu de oeiras (actual Escola Secundária de Sebastião e Silva)

de ampliações e melhoramentos. Este número revela-se, no entanto, insuficiente face à procura escolar que durante os anos 40 triplicou. A vitória dos países aliados e a reconstrução da Europa exigiram um nível de competitividade e de padrões educativos mais elevados que está na origem do aumento da procura escolar que se verifica após a ii Guerra Mundial, também em Portugal. A partir da década de 50, assiste-se a uma alteração das políticas educacionais no sentido de combater o elevado índice de analfabetismo, de absentismo e de abandono escolar verificado nas escolas. As novas orientações políticas vão no sentido de fomentar a formação de recursos humanos qualificados, dando um novo impulso a uma formação de base técnica (1947); e de promover a universalização do ensino primário e o cumprimento da escolaridade obrigatória, através do Plano de Educação Popular (1952-55), e o seu realargamento para quatro anos (1956). A educação é encarada como condição determinante de desenvolvimento económico, seguindo as orientações da teoria do capital humano.8 A abertura de Portugal ao exterior, através da participação na Conferência Económica para a organização e Gestão do Plano Marshall, em Paris (1947-48), revela-se fundamental na evolução das orientações que marcaram a educação a partir dos anos 50, terminando com o isolamento que caracterizou o sistema educativo dos anos 30 e 40. Permitiu o acesso, debate e intercâmbio de informação

8 A teoria do capital humano tem origem nos estudos de Theodore W. Schultz (1902-1998) e é difundida por Gary Becker no final da década de 50. Atribuí ao ensino uma nova finalidade, assumindo que o crescimento económico depende do nível de qualificação da mão-de-obra.


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e de perspectivas que se revelaram essenciais à concepção de políticas para a qualificação de mão-de-obra nacional e consequente expansão da oferta escolar. é neste quadro de referência que em 1947 é dado um novo impulso ao ensino secundário. Com a publicação dos Estatutos do Ensino Liceal e Técnico (decreto-Lei nº 37 029 e Lei nº 2 025 de 19 de Junho), o ensino secundário passa a integrar duas vias distintas: o ensino liceal e o ensino técnico. o ensino liceal, orientado para o prosseguimento de estudos superiores, com uma duração de sete anos, divididos em três níveis, 1º ciclo (dois anos), 2º ciclo (três anos) e curso complementar (dois anos). o ensino técnico, adaptado às exigências de uma mão-de-obra qualificada, com um 1º grau constituído por um Ciclo Preparatório do Ensino Técnico Elementar e de Pré-aprendizagem Geral, de dois anos, ramo paralelo ao 1º ciclo do ensino liceal, evitando a transição imediata da instrução primária para os cursos profissionais; e um 2º grau, de Cursos de Aprendizagem, Formação e Aperfeiçoamento Profissionais, com a duração máxima de quatro anos, permitindo o acesso aos institutos Comerciais e industriais nas áreas de serviços, formação feminina, indústria e Artes. Estas reformas vieram acentuar a separação entre liceus e escolas técnicas: os primeiros funcionando como via de acesso privilegiada ao ensino universitário e as segundas visando a formação de mão-de-obra especializada e o acesso ao ensino médio. o investimento atribuído ao ensino técnico-profissional após 1947, levou à construção de novos edifícios, em detrimento dos edifícios liceu. Logo em 1948, com o decreto-Lei nº 37 028, é publicado um programa de construção de novos edifícios bem como de remodelação e ampliação de edifícios existentes. A JCETS, entidade responsável pela sua concretização, em colaboração com a direcçãoGeral do Ensino Técnico Profissional, define o programa de espaços a estabelecer em cada escola, bem como as características específicas de cada. durante a década de 50, assiste-se por todo o País a um incremento na construção de estabelecimentos públicos destinados ao ensino técnico, para os graus elementar, médio e secundário e para os ramos agrícola, industrial e comercial. São criadas escolas técnicas elementares, industriais, comerciais, industriais e comerciais, práticas de agricultura, agro-industriais, de artes decorativas, e ainda as escolas de regentes agrícolas, os institutos industriais e comerciais. Em face do elevado número de edifícios a construir com características semelhantes, e para acelerar o desenvolvimento da rede de escolas técnicas a partir do final da década de 40, a JCETS desenvolve um conjunto de estudos com vista à sistematização de soluções arquitectónicas que servissem de base aos projectos


das diferentes escolas técnicas, facilitando, simultaneamente, a sua execução

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construtiva e o controlo administrativo do seu processo de concepção e construção9. data de 1947 o primeiro anteprojecto tipo da Escola Técnica Elementar, destinada ao Ciclo Preparatório do Ensino Técnico Elementar, cuja elaboração visou o desenvolvimento de uma solução construtiva economicamente favorável e adaptável a terrenos com diferentes características topográficas e de orientação. A Escola Técnica Elementar do Bairro de Alvalade, em Lisboa, foi a primeira destas escolas a ser construída. Em 1950, o projecto-tipo elaborado para as escolas técnicas elementares foi alargado às escolas profissionais. As premissas que orientam a concepção destes projectos irão estar na base de concepção das escolas destinadas ao ensino técnico profissional durante toda a década de 50. o aumento do número de edifícios a construir, em especial o que tem lugar com o plano de construção datado de 1960, exige uma nova resposta por parte da JCETS, no sentido de dar cumprimento aos prazos de execução. Surge, assim, o primeiro Projecto Normalizado, em 1960, destinado à concepção e construção de escolas industriais e comerciais. A sua designação afirma a sua aplicabilidade a todos os edifícios de igual programa e, simultaneamente, referencia o princípio de modulação da estrutura construtiva e de elementos da construção na sua concepção. Este estudo de normalização é o primeiro de um conjunto de estudos que a JCETS irá elaborar durante a década de 60, propondo e testando novos princípios de concepção alternadamente em edifícios destinados a escolas técnicas profissionais e a edifícios liceu. Quando o volume de trabalho assim o obrigava, os ateliers eram convidados pelo MoP a desenvolver projectos de arquitectura escolar, como aconteceu, no início dos anos 60, com as Escolas Agro-industrial de Grândola e de Regentes Agrícolas de évora, da autoria do arquitecto Manuel Tainha. na década de 60, a sociedade portuguesa é marcada por importantes transformações económicas, sociais e culturais que, no seu conjunto, promovem a formação individual como um factor de mobilidade social e de melhoria das condições de vida. na origem desta transformação encontra-se a crescente urbanização do território e uma progressiva abertura ao mundo exterior; o aumento de nível de vida associado à terciarização do emprego; a valorização dos diplomas escolares, com reflexos ao nível do escalonamento de salário e factor de mobilidade social; e o alargamento do mercado de profissões liberais originando a desvalorização relativa do capital patrimonial em favor do capital cultural/escolar.

9 Silva, José Costa; “As construções escolares do ensino técnico profissional” in Escolas Técnicas, Boletim de Pedagogia e Didáctica, n.º 43, Lisboa, Ministério da Educação nacional/direcção-Geral do Ensino Técnico Profissional, 1971, p. 291-301.


Assiste-se a um período de expansão da frequência escolar, exigindo do sector

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educativo novas orientações políticas que dessem resposta ao crescente aumento da população escolar10. Em 1959, o governo português assina com a organização para a Cooperação e desenvolvimento Económico (oCdE) um contrato para um estudo no campo da Educação. deste apoio internacional resulta o trabalho de investigação Projecto Regional do Mediterrâneo (PRM)11, centrado no estabelecimento do planeamento de objectivos educacionais para um período de quinze anos, com o propósito de repensar o sistema educativo de forma a melhorar a sua eficácia face às necessidades

de

mão-de-obra

qualificada

impostas

pelo

modelo

de

desenvolvimento económico almejado. A concretização das propostas enunciadas no PRM implica um esforço adicional no sector da construção escolar e no equipamento de novas instalações escolares, sobretudo ao nível do ensino pós-primário. Com efeito, parte do investimento na Educação que o Governo se mostrava empenhado em executar é destinado à concepção, construção e manutenção de instalações escolares. nesta estratégia adquirem particular importância os estudos de investigação orientados para a procura de soluções que implicavam a utilização mais eficaz dos meios financeiros disponíveis, através da pesquisa de novos modos de projectar e construir.

Liceu de Rainha d. Leonor, Lisboa

10 Grácio, Rui; “A expansão do sistema de ensino e a movimentação estudantil” in Reis, António (dir.), Portugal Contemporâneo (1958-1974), volume 3 – Declínio e queda do Estado Novo. Inovações e contradições na estrutura económica e social. Tempos de mudança na vida cultural. Valores e mentalidades em confronto. Lisboa, Edições Alfa, 1990, p. 221-258. 11 Este programa, da iniciativa do ministro Leite Pinto, para o período de 1960 a 1975, envolvia a ajuda técnica e financeira da oCdE e foi estendido a outros países mediterrâneos: Espanha, Grécia, itália, Turquia e Jugoslávia.


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Liceu de Padre António Vieira, Lisboa

Em dezembro de 1963, o MoP e o Ministério da Educação nacional (MEn) assinaram com a oCdE um contrato de investigação no campo da construção escolar, por um período de dois anos. Para o efeito, forma-se o Grupo de Trabalho Sobre Construções Escolares (GTSCE), integrado na JCETS. o objectivo principal do GTSCE consiste no estabelecimento de normas para cada um dos tipos de edifícios escolares, que simultaneamente se ajustassem às exigências pedagógicas então em voga, e que fossem compatíveis com os investimentos reservados à construção escolar, permitindo a obtenção do maior rendimento possível12. As conclusões deste grupo de trabalho revelam-se fundamentais para a evolução da arquitectura escolar em Portugal, em particular no que se refere ao processo de produção (planeamento, programação, concepção e construção), designadamente na adopção de novos conceitos, metodologias de trabalho, regulamentação e tipologia arquitectónica. A metodologia desenvolvida pelo GTSCE, para o estudo e construção de projectos-piloto para edifícios escolares, evidencia dois aspectos fundamentais: por um lado, permite testar as soluções desenvolvidas, exigindo um aperfeiçoamento de técnicas construtivas e de organização funcional; por outro, permite a ligação do estudo dos projectos-piloto com o estabelecimento das normas gerais, aplicáveis a todos os edifícios escolares de cada tipo e grau de ensino, e a determinação do limite de custo para os edifícios escolares. de facto, a

12 Grupo de Trabalho Sobre Construções Escolares (GTSCE); Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económicos; Relatório do 1º Contrato (31 de Dezembro 1963 a 31 de Dezembro 1965), I Texto. Lisboa, Ministério das obras Públicas e Ministério da Educação nacional, Junho 1966.


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Liceu nacional de Cascais (actual Escola secundária de S. João do Estoril)

concretização destas normas em projectos-piloto irá permitir determinar, de modo realista, os encargos económicos dos mesmos; e, simultaneamente, possibilitar a avaliação da aplicação das normas e sua correcção. os projectos-piloto então desenvolvidos, a construir no concelho de Sintra, integram três situações distintas: 1) Projecto-piloto para uma escola de Ensino Primário Elementar em Mem Martins para 160 alunos, sob coordenação da arquitecta Maria do Carmo Matos; 2) Projecto-piloto do mobiliário escolar para o edifício de Mem Martins (como complemento do projecto anterior); e 3) Projecto-piloto da Escola do Ciclo Preparatório do Ensino Secundário em Mafra, para 704 alunos, sob coordenação do arquitecto Augusto Brandão. Este último não é construído por apresentar uma solução em que os espaços comuns eram partilhados por ambos os sexos, prática não autorizada na época. Entretanto, em 1958 (decreto-Lei nº 41 572), é lançado um plano de construção de dezasseis novos edifícios liceu – Plano de 58, a ser executado num prazo de oito anos, pretendendo o governo resolver o problema da carência de edifícios liceu. os edifícios projectados no âmbito deste Plano beneficiaram dos conhecimentos e práticas experimentadas pelo GTSCE. A concretização deste plano reafirma o impulso e a prioridade atribuída ao ensino liceal, preterido na década de 50 a favor do ensino técnico-profissional. A construção destes edifícios decorre durante toda a década de 60 e início de 70 e caracteriza-se pela heterogeneidade das soluções arquitectónicas. Verifica-se nos


projectos do Liceu Rainha d. Leonor, em Lisboa, concluído em 1961; do Liceu Padre António Vieira, concluído em 1965; do Liceu da Guarda, concluído em 1969; do Liceu nacional de Cascais, concluído em 1968 e do Liceu d. Pedro V, concluído em 1970. Em 1964, no cumprimento das recomendações do PRM, o governo aumenta o número de anos da escolaridade obrigatória de quatro para seis anos, para ambos os sexos, passando o ensino primário a compreender dois ciclos: elementar (quatro classes) e complementar (duas classes). Manteve-se, no entanto, o 1º ciclo do ensino secundário (1º Ciclo do Ensino Liceal ou Ciclo Preparatório do Ensino Técnico) para quem pretendia seguir o estudo liceal ou técnico. no mesmo ano, o ministro Galvão Teles cria o Centro de Estudos de Pedagogia e Audiovisual. A importância deste organismo no estudo, promoção e realização de cursos nas escolas com recurso a processos audiovisuais, designadamente o cinema, a projecção fixa, o rádio, a gravação sonora e a televisão, foi decisiva na alteração dos processos tradicionais de ensino-aprendizagem centrados no professor e num modelo expositivo. é também na década de 60 que se inicia a introdução de políticas e acções de planeamento no sistema escolar português, como consequência das recomendações do PRM e da criação do Gabinete de Estudos e Planeamento da Acção Educativa (GEPAE), em 1965. A integração de um capítulo dedicado ao ensino e investigação no Plano Intercalar de Fomento (1965-67), que se manteve no III Plano (1968-73) e no IV Plano (1974-79), expressa esta preocupação com o planeamento no sector educativo.

Liceu de Afonso de Albuquerque, Guarda

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Escola Preparatória do Ensino Secundário

Em 1967, assiste-se a uma nova alteração na política educacional. Em Janeiro de 1967 (decreto-Lei nº 47 480) é criado o Ciclo Preparatório do Ensino Secundário (CPES) que, fundindo o 1º Ciclo do Ensino Liceal e o Ciclo Preparatório do Ensino Técnico, pretende “completar e ampliar a formação de base obtida no ciclo elementar do ensino primário, em ordem a fornecer uma preparação geral adequada ao prosseguimento dos estudos em qualquer ramo do ensino secundário; orientar os alunos na escola dos estudos subsequentes a partir da observação de suas tendências e aptidões”. Conseguia-se, assim, adiar por dois anos a escolha entre curso liceal e curso técnico, quando os alunos com 12 ou 13 anos de idade estivessem mais seguros das suas vocações, e, em simultâneo, preparar o prolongamento da escolaridade obrigatória para seis anos. Este ciclo era ministrado em edifícios próprios, com separação de sexos, tornando necessária a construção de edifícios escolares, um por concelho. A construção das Escolas Preparatórias do Ensino Secundário (EPES) envolveu a criação de uma equipa coordenada pelo arquitecto Augusto Brandão, integrada na JCETS, em colaboração com a direcção de Serviços do Ciclo Preparatório e com o apoio técnico da empresa Profabril. Em 1968, esta equipa desenvolve um projecto-tipo a ser implantado em diversas localidades do País. Simultaneamente, Maria do Carmo Matos desenvolve o denominado Projecto


Normalizado para Liceu-tipo, para a construção de edifícios liceu em diferentes

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zonas do pais, listados no III Plano de Fomento. Estas escolas respondem à definição de diferentes tipologias de edifícios, criadas pelos novos princípios e objectivos educacionais, originando grandes transformações na sua concepção e execução apoiadas em novos sistema construtivos e materiais utilizados que reflectiram uma redução no seu custo. Em 1970, Marcelo Caetano nomeou ministro da Educação Veiga Simão que introduz no discurso político o conceito de “democratização do ensino”13. no início de 1971 apresenta para discussão pública dois projectos de reforma do sistema de ensino – Projecto de Sistema Escolar e Linhas Gerais da Reforma do Ensino Superior – que fundamentam as bases da sua reforma, assente no fomento da educação pré-escolar, no prolongamento da escolaridade obrigatória, na reconversão do ensino secundário e na expansão e diversificação do ensino superior. A reforma da educação de Veiga Simão inscreve-se num quadro político e educativo instável, associado a um período de transição e de profunda crise académica e política, marcado pelo Maio de 1968 e as crises académicas que a partir de 1969 se registam em Portugal. insere-se no movimento geral de reforma dos sistemas educativos então em curso na Europa, e beneficiou dos estudos realizados, com o apoio da oCdE, sobre o sistema educativo português. Esta reforma reflecte uma ideia de modernização do sistema educativo ao promover a democratização do acesso ao ensino e a diversidade de oportunidades de qualificação escolar. Em Julho de 1973 é aprovada a nova Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei nº 5/73) a que deveria obedecer a reforma do sistema educativo, destacando-se: a institucionalização da educação pré-escolar; a extensão da escolaridade obrigatória de seis para oito anos; a polivalência do ensino secundário e acréscimo da sua duração até ao 12º ano; a unificação do 1º ciclo deste nível de ensino secundário; a estruturação da educação permanente e a consagração do princípio da ‘democratização do ensino’. Relativamente ao sistema de ensino, este passaria a abranger: o ensino básico, obrigatório, constituído pelo ensino primário (quatro anos) e ensino preparatório (quatro anos), e o ensino secundário com dois ciclos de dois anos cada. Com o 25 de Abril de 1974 esta reforma educativa não chegou a ser executada. os acontecimentos do 25 de Abril de 1974 e as consequentes transformações políticas, sociais e económicas, repercutiram-se de modo determinante no sistema de ensino nacional. A Constituição de 1976 consagra os princípios de “direito de igualdade de oportunidades de acesso e êxito escolar”,

13 Ambrósio, Teresa; “o sistema educativo: ruptura, desestabilização e desafios europeus” in Reis, António (dir.), Portugal Contemporâneo (1974-1992), volume 4 – A implantação do regime democrático e a descolonização. A modernização da economia e da sociedade. A cultura em liberdade. Lisboa, Edições Alfa, 1990, p. 281-290.


responsabilizando o Estado na criação de “uma rede de estabelecimentos públicos

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que cubra as necessidades de toda a população” garantindo “o ensino básico, universal, obrigatório e gratuito”. Após o período de instabilidade política sentida entre Abril de 1974 e Julho de 1976, quando entra em funções o i Governo Constitucional, verificam-se duas importantes alterações na estrutura do ensino secundário: a unificação do curso geral, iniciada no ano lectivo de 1975-7614, e a implantação de cursos complementares de via única para os dois ramos de ensino, em 1978. A unificação do curso geral, com o objectivo social de igualização de oportunidades, visa igualmente a actualização de processos e métodos pedagógicos, baseada na experiência dos 3º e 4º anos pós-ciclo preparatório, e o reforço da função social da escola através da sua abertura à comunidade. Em outubro de 1978 procede-se à reestruturação dos cursos complementares15 procurando-se, como se fizera no unificado, eliminar as duas vias existentes, com o duplo objectivo de facultar o acesso ao ensino superior e de facilitar a inserção dos jovens na vida activa. Com a consolidação do ensino secundário unificado a partir de 1976 e após a extinção do ensino técnico em 1975 assiste-se à extinção gradual das instituições liceais. Em Abril de 1978, a designação liceu é abandonada definitivamente com o decreto-Lei nº 80/78, que estipula que “todos os estabelecimentos do ensino secundário passam a ter a designação genérica de escolas secundárias”. é neste contexto que se desenvolve o projecto do Liceu de Benfica (posteriormente Escola Secundária José Gomes Ferreira) entre 1974 e 1978, da autoria do arquitecto Hestnes Ferreira. é ainda neste período que o arquitecto Manuel Tainha desenvolve um dos primeiros projectos escolares destinados ao acolhimento do ensino unificado – a Escola Secundária Professor Herculano de Carvalho, em Lisboa. o processo de concepção desta escola foi marcado pela pesquisa de soluções espaciais e funcionais que traduzissem as novas premissas curriculares e educativas que caracterizaram a fase de transição do ensino liceal para o ensino unificado. o esforço colocado na expansão do equipamento escolar destinado ao 14 Em 1976 entra em funcionamento o 7º ano unificado; no ano seguinte, o 8º ano, e em 1978-79 o 9º ano unificado. 15 A estrutura dos cursos complementares organiza-se segundo cinco áreas de estudo: científico-naturais, científico-tecnológicos, económico-sociais, humanísticos e de artes visuais.

ensino secundário, iniciado no final da década de 60, com o Estudo Normalizado para o Liceu-tipo, é retomado no final da década de 70 de modo a dar resposta às necessidades efectivas do País. Uma equipa coordenada pela arquitecta Maria do Carmo Matos e o engenheiro Victor Quadros Martins desenvolve, na direcção-Geral de Equipamentos Escolares (dGEE), tutelada pelo Ministério da Educação (ME), o Estudo Base para a Elaboração dos


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Escola Secundária de Benfica, Lisboa (actual Escola Secundária de José Gomes Ferreira)

Projectos de Execução de Instalações para Escolas Preparatórias e Secundárias (EPI-2) (1976-77). o estudo incluiu a definição de modelos de programação de espaços e uma tipologia de escolas por nível de ensino e por número de alunos, visando sobretudo o recurso à construção industrializada com a qual se acreditava ser possível baixar custos e tempos de execução dos novos estabelecimentos exigidos pelo alongamento do ensino obrigatório e pela necessidade de oferta em todo o território nacional. Em 1978, a Direcção-Geral das Construções Escolares (dGCE), sob tutela do MoP, desenvolveu o conceito de Famílias de Soluções, destinado à concepção de escolas preparatórias e secundárias. é no início da década de 80 que, a par dos Planos Especiais de Construção Escolar que recorrem a sistemas de construção industrializada, se desenvolve o projecto-tipo, designado por 3x3, compacto ou monobloco, incorporando elementos prefabricados, ligeiros e pesados. A partir de 1986, na sequência da publicação da Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei nº 46/86, de 14 de outubro), o Ministério da Educação assume em exclusivo a responsabilidade pela construção escolar, passando as competências executivas para as direcções regionais de Educação. o conhecimento acumulado relativo aos projectos tipificados resultantes dos programas anteriores é transferido para as direcções regionais que os continuam a aplicar para resolver situações de escolas novas.


1.


edifĂ?cios Para o ensino LiceaL


1.1.


os primeiros edifĂ­cios liceu: final da Monarquia e i repĂşblica



1.1. Os primeiros edifícios liceu: final da Monarquia e I República

é

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no contexto das reformas de Jaime Moniz (1894-95) e de Eduardo Coelho (1905) que são construídos os edifícios liceais das primeiras décadas do século xx. A sua concepção denota uma clara influência dos modelos franceses dos lycées construídos a partir da segunda metade do século xix. Estes modelos são reinterpretados pelos arquitectos portugueses1 nos edifícios liceais

que projectam, que se assumem como elementos estruturantes das novas áreas de expansão das cidades de Lisboa e Porto. Salientam-se, em Lisboa, o Liceu Passos Manuel (1882-1911), do arquitecto Rosendo Carvalheira (projecto inicial de José Luís Monteiro), e os liceus da autoria do arquitecto Miguel Ventura Terra, o Liceu Camões (1907-09) e o Liceu Pedro nunes (1909-11), seguindo-se a construção do Liceu Maria Amália Vaz de Carvalho (1915-34); no Porto, da autoria do arquitecto José Marques da Silva, o Liceu Alexandre Herculano (1914-31) e o Liceu Rodrigues de Freitas (1918-33). Estes projectos reflectem a importância atribuída às questões pedagógicas e higienistas emergentes no final do século xix. A nível pedagógico são consagrados o regime de classes, o semi-internato e o ensino activo e experimental; as medidas higienistas traduzem-se na melhoria das condições de habitabilidade do edifício ao nível da iluminação, do arejamento e da ventilação dos espaços interiores, e na contemplação de espaços destinados à prática da Educação Física no recinto do edifício liceu. À semelhança do Lycée Lakanal (1882-85), de A. Baudot, e do Lycée Buffon (1885-88), de é. Vaudremer, a concepção destes liceus é orientada pela concretização dos princípios que melhor servem a finalidade social deste equipamento público, assentes na procura de uma economia da solução e qualidade técnica do edifício, na melhoria das condições de conforto e higienização dos espaços, e na correcta resolução programática do edifício, que garantam as novas práticas pedagógicas assentes no contacto com o espaço exterior envolvente. Paralelamente à influência parisiense, o processo de concepção dos edifícios liceu acompanhou a época de transição que caracterizou o início do século em Portugal, em que os valores tradicionais da arquitectura são confrontados com os novos desafios na área da construção e da aplicação de novos materiais. Em termos urbanos, os edifícios liceu vão adaptar-se aos novos planos de urbanização e de melhoria da cidade então projectados, contextualizando-os na sua envolvente urbana e atribuindo-lhes, por vezes, um papel de elemento estruturador.

1 influência adquirida por José Luís Monteiro, Miguel Ventura Terra e José Marques da Silva aquando da sua estadia e formação em Paris, no final do século xix.


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Liceu de Passos Manuel (1882-1911), Lisboa. Arquitectos José Luís Monteiro e Rosendo Carvalheira o período decorrente entre o início da concepção do Liceu de Passos Manuel, em 1882, com projecto de José Luís Monteiro, e a sua inauguração, em 1911, com projecto de Rosendo Carvalheira, foi marcado por sucessivas redefinições do programa a implementar. Estas indefinições revelam um constante ajustar do edifício liceu a uma instituição que, também ela, se encontra em fase de definição, quer na organização escolar, quer dos seus objectivos e orientações pedagógicas. As respostas às exigências pedagógicas, higiénicas e económicas evidenciam um esforço colocado na qualificação funcional dos espaços, na simplificação do desenho dos seus elementos, na introdução de novos processos construtivos e materiais, mais económicos e de execução mais rápida. Em Julho de 1881, é nomeada uma comissão, presidida por António Augusto de Aguiar, que integra o arquitecto José Luís Monteiro, com a tarefa de escolher o local, organizar o projecto e estudar o orçamento para a construção do edifício destinado ao Liceu Central de Lisboa, futuro Liceu de Passos Manuel. Perante a dificuldade de encontrar, na malha urbana de Lisboa, um terreno com as condições ideais e disponível para a construção de um liceu, e a urgência em se construir um equipamento desta natureza, foi aceite a sua implantação na freguesia das Mercês, num lote que ocupa parte de um quarteirão de forma

Liceu de Passos Manuel, Lisboa


irregular, limitado a norte pela Rua da Academia das Ciências, a nascente pela

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Rua do Século, a Sul pela Rua dos Poiais de São Bento e a Poente pela Travessa do Convento de Jesus e Largo de Jesus, a partir do qual se acede ao lote onde está o edifício liceu. o primeiro projecto desenvolvido pelo arquitecto José Luís Monteiro, em 1882, com uma planta de forma trapezoidal, reflectia a área restrita e irregular do lote. o edifício organizava os diferentes espaços funcionais em torno de quatro pátios interiores, o que garantia, simultaneamente, a existência de espaços de recreio e a iluminação e ventilação de todos os espaços do programa. Em termos urbanos, a concepção do Liceu de Passos Manuel integrou o projecto da abertura de novos arruamentos, contemplados nos planos urbanísticos para aquela zona da cidade, que permitiam a comunicação de importantes artérias da cidade e facilitavam o acesso da população ao futuro edifício. Exceptuando a rua a norte do edifício liceu, nenhuma destas ligações foi, no entanto, concretizada, registando-se ainda hoje a difícil acessibilidade a esta escola. Em dezembro de 1887, iniciam-se os trabalhos de construção, suspensos em 1888 pela direcção das obras Públicas. nesta data, a expropriação de dois prédios adjacentes ao local permitiu a ampliação do terreno disponível e a rectificação da planta trapezoidal para rectangular, simplificando a construção e a correcção da geometria dos espaços interiores. Esta alteração, que implicou a inutilização dos trabalhos de abertura dos caboucos realizados, foi realizada por Raphael da Silva e Castro, arquitecto do Ministério das obras Públicas (MoP) e responsável pela construção da obra. Com a morte deste arquitecto, a direcção da obra é entregue a Rosendo de Carvalheira, também arquitecto do MoP, que irá apresentar um novo projecto para o edifício liceu em 1896, mantendo no essencial a estrutura espacial do projecto primitivo referenciado à tipologia colegial. o projecto de 1896 apresenta uma planta simétrica que organiza sequencialmente, no seu eixo central, a entrada principal, a escadaria de acesso ao piso 1 com um zimbório, o anfiteatro, o laboratório químico, e o volume do ginásio destacado do edifício principal. o anfiteatro tem acesso ao nível do piso de entrada e dos pátios, e o pé-direito ocupa a altura total do edifício; ao nível do piso 1, acede-se a uma galeria que contorna toda a sala. os quatro pátios (com 131m2) são divididos, no sentido norte/Sul, por este conjunto de espaços, e no, sentido nascente/Poente, por recreios cobertos que incluem os sanitários e galerias de circulação e de ligação dos espaços centrais aos restantes espaços lectivos. As salas de aula ocupam as alas nascente, Sul e Poente, constituindo a base de programação referenciada a uma organização pedagógica assente na classe.

Liceu de Passos Manuel, Lisboa


o sistema natural de ventilação dos diversos espaços do edifício é

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conseguido através da distribuição de tubagens provenientes da caixa de ar existente no piso inferior. A entrada de ar nas salas de aula é garantida através de amplas janelas existentes nos alçados e de aberturas existentes junto aos pavimentos, com dispositivos de regulação da entrada de ar; a renovação do ar é conseguida, em conjunto com o pé-direito alto, através da existência de ‘bocas de Liceu de Passos Manuel, Lisboa

saída’ de ar para as galerias, localizadas junto ao tecto, e destas para os pátios ou para o zimbório, localizado no cruzamento das diversas galerias de comunicação. na relação do edifício liceu com a envolvente exterior, Rosendo Carvalheira propõe um muro de suporte a Poente, definindo simultaneamente o embasamento do edifício e o plano marginal da Travessa do Convento de Jesus. Para Sul, regulariza a plataforma do ginásio, à cota do piso inferior. Para nascente e Poente propõe rampas de ligação entre a plataforma do ginásio e a cota de entrada do edifício, a norte. é proposta ainda uma escada que liga directamente a plataforma do ginásio, a Sul, com a Travessa do Convento de Jesus. A área conquistada com as expropriações é ocupada com campos de jogos e com a casa do reitor. Segundo o Parecer elaborado pelo Conselho Superior de obras Públicas e Minas, em novembro de 1896, este projecto encontrava-se em condições de ser aprovado, com a introdução de pequenas alterações que incluíam a supressão do zimbório e sua substituição por um lanternim. Em 1902, a direcção Técnica das Construções Escolares assume esta obra, sendo responsável pela organização do projecto definitivo e do orçamento para a sua conclusão. no mesmo ano é nomeada uma comissão2 para rever o projecto de 1896, que, em Parecer de novembro de 1902, recomenda: a adaptação do edifício às necessidades do semi-internato e propõe o dimensionamento das salas de aula para turmas de um máximo de 40 alunos; a existência de um grande pátio coberto destinado à permanência dos alunos em dias chuvosos ou a refeitório (no espaço do piso térreo destinado ao anfiteatro); a localização do anfiteatro no primeiro piso, sobre o espaço destinado ao pátio coberto; a transformação dos quatro pátios em apenas dois, pela sua junção dois a dois, no sentido norte/Sul; a substituição dos vãos existentes ao longo dos pátios por arcadas formando galerias exteriores; a

2 Entre outras personalidades, esta comissão era composta pelo dr. Ricardo Jorge, inspector-geral de Saúde Pública, pelos dr. António de Almeida dias e dr. S. Costa Sacadura, inspectores Sanitários Escolares, e pelos arquitectos Rosendo Carvalheira, das obras Públicas, e Adães Bermudes, director das Construções Escolares.

existência de residência no edifício para empregados (porteiro, guardas e contínuos); a construção de um gradeamento em redor do edifício; e a separação da habitação do reitor do edifício principal. São ainda propostas algumas soluções construtivas no sentido de diminuir o custo total da construção, nomeadamente a diminuição de cantarias, substituindo-as por tijolo à vista, e redesenho dos vãos das janelas das fachadas.


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Liceu de Passos Manuel, Lisboa

Em 1907, mais uma vez se interrompem os trabalhos de construção e, em outubro do mesmo ano, Rosendo Carvalheira apresenta um novo projecto, no sentido de tornar a construção menos onerosa, menos imponente e mais adaptada às novas exigências higiénico-pedagógicas e de organização dos liceus, expressa na reforma de 1905. o projecto final reflecte uma nova concepção espacial orientada para o aumento dos espaços abertos de recreio dos alunos, acentuando a importância do desenvolvimento físico em paralelo com o desenvolvimento intelectual dos jovens. os dois pátios rectangulares aumentam o espaço destinado ao “recreio e formatura dos alunos” e na sua zona de ligação foi criado um recreio coberto com um refeitório para os lanches dos alunos. A distribuição dos diferentes espaços do programa pelos diferentes pisos do edifício liceu, estabeleceu, no piso térreo, o aproveitamento de toda a ala Sul, com 4m de pé-direito, para a localização de dois museus nos ângulos Sudeste e Sudoeste do edifício (mais tarde ocupados por balneários e um ginásio) e a ligação destes espaços aos pisos superiores através de um corredor de ligação a duas caixas de escadas localizadas na fachada Sul. Ainda neste piso, para além da grande caixa de ar, localizaram-se as dependências destinadas a residência de empregados do liceu, arrecadações, postos do chefe de pessoal e outras dependências menores. nas fundações já existentes, e afastado do edifício principal, contemplou-se a


instalação de um ginásio, à cota do piso inferior do edifício, e o prolongamento

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vertical das suas paredes permitiu a instalação de um laboratório de Química, garantindo assim o isolamento necessário do edifício principal, mas estabelecendo com ele acesso directo através do prolongamento do pavimento do recreio coberto, no piso intermédio. no piso intermédio, piso de entrada na fachada norte, localizam-se o Liceu de Passos Manuel, Lisboa

vestíbulo, a partir do qual se acede ao interior do edifício, a sala de espera, a casa do porteiro, dependências destinadas aos professores e funcionários, gabinetes da inspecção sanitária e assistência médica, salas de aula e a sala de desenho. no corpo central encontra-se a escadaria para o piso superior e o recreio coberto, os sanitários, e permite o acesso ao laboratório de Química. A importância dada ao ensino científico e experimental, consagrada na reforma de 1905, é expressa na atribuição de praticamente toda a ala nascente deste piso a espaços destinados ao ensino da Física e da Electricidade. no piso superior, localiza-se a sala de festas e reuniões, ladeada pela sala de professores e pelo gabinete do reitor; os restantes compartimentos destinam-se a salas de desenho, salas de aula, sala de estudo, gabinetes e biblioteca e, sobre o recreio coberto, o anfiteatro. A nível construtivo foram cumpridas todas as recomendações propostas pelo parecer de 1902: introdução de processos construtivos mais rápidos e económicos, como os pavimentos em cimento armado, que apresentam vantagens no assentamento de diferentes revestimentos como o mosaico nas galerias e o soalho de madeira nas salas de aula; estrutura de ferro para a cobertura; e redução do emprego de cantarias, limitadas ao corpo central e às guarnições dos vãos, substituindo-as por tijolo à vista. Liceu de Camões (1907-09), Lisboa. Arquitecto Miguel Ventura Terra Em Julho de 1907, João Franco assina o decreto que autoriza o governo a contrair junto da Caixa Geral de depósitos um empréstimo destinado à aquisição de terreno e construção do Liceu Central da 1ª zona escolar, designado por Liceu de Camões. o arquitecto Miguel Ventura Terra elabora o anteprojecto do edifício, cuja construção decorre entre Janeiro de 1908 e outubro de 1909. A concepção e construção do Liceu de Camões destaca-se como modelo programático e tipológico da arquitectura escolar em Portugal e constitui uma referência relativamente aos prazos (21 meses) e custos da sua execução. Localizado no primeiro troço das Avenidas novas, na zona de expansão de Lisboa proposta no plano urbanístico de Ressano Garcia, o Liceu de Camões ocupa


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Liceu de Camões, Lisboa

um lote com cerca de 15 000m2, limitado a Poente pela Praça José Fontana, a norte pela Av. do Almirante Barroso, a nascente por propriedades particulares que o separam da Rua de d. Estefânia, e a Sul pela Rua da Escola de Medicina Veterinária. A sua localização reflecte a tendência para o afastamento dos edifícios liceu dos centros urbanos que se verificou no início do século xx, respondendo aos requisitos de ordem higienista, que deveriam garantir áreas abertas e salubres e permitir futuras ampliações. Apesar das críticas à sua localização, o Liceu de Camões vai constituir-se como elemento estruturador e motor de desenvolvimento urbano, ao consolidar o espaço público envolvente e estabelecer a continuidade do conjunto edificado, através das fachadas principal e laterais. Esta ideia manifesta-se no desenvolvimento do futuro Bairro de Camões, na relação que estabelece com o edifício do Matadouro Municipal e a Escola de Veterinária, e com o novo espaço exterior público – a actual Praça José Fontana. A opção conceptual de Ventura Terra, por dois pátios exteriores abertos, ladeados por galerias exteriores de circulação de acesso aos diferentes espaços, e a utilização de novos materiais e acabamentos, como ferro, tijolo de vidro, marmorite e mosaico, traduz as exigências higienistas em voga. A solução do Liceu de Camões concretizou o programa de espaços (biblioteca, museu, gabinete de Física e laboratório de Química) e as indicações propostas na


Reforma de instrução Secundária de 1905, evidenciando-se a concepção de um

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ambiente educativo capaz de promover a permanência dos alunos dentro do espaço da escola. o projecto do Liceu de Camões reinterpreta os modelos franceses dos lycées, baseados numa racionalidade da organização do programa de espaços que expressa uma forte hierarquia programática associada a uma funcionalidade de Liceu de Camões, Lisboa

cada uma das suas partes constituintes. Para o efeito, é adoptado um sistema de construção mais simples e flexível, que recorre aos novos materiais, salientando-se a sustentação da cobertura do ginásio através de delicadas asnas metálicas de grande dimensão e a galeria metálica que envolve este espaço. Com o projecto para o Liceu de Camões, Miguel Ventura Terra irá propor um edifício-modelo que se caracterizará pela racionalidade e eficácia na solução que apresenta para a resolução dos problemas da higiene, vigilância, economia e conforto. A tipologia em ‘pente’ assume os pátios, agora abertos, como elementos estruturantes na organização dos espaços lectivos, e com funções de ventilação, iluminação e comunicação. A planta é organizada através de três corpos perpendiculares ao corpo principal, que compõe a fachada principal do edifício, e definem, entre eles, dois pátios. no corpo central, para além das áreas administrativas e o refeitório, localiza-se o novo espaço dos edifícios liceais – o ginásio –, a eixo da entrada e de simetria de toda a composição, atribuindo-lhe hierarquicamente uma posição de destaque. As duas alas laterais são ocupadas com salas de aula normais, que constituem a unidade de modulação da composição de todo o conjunto. na fachada principal, de dois pisos, salienta-se o corpo central com mais um piso destinado à habitação do reitor, e os corpos mais altos que resolvem os ângulos do edifício. Existem nesta fachada três acessos ao edifício: a entrada principal no corpo central, e duas entradas de acesso directo a cada um dos pátios, localizadas entre o corpo central e os corpos que resolvem os ângulos do edifício, garantindo a distribuição separada dos diferentes ciclos no edifício (classes 1ª, 2ª e 3ª na ala norte e classes 4ª, 5ª, 6ª e 7ª na ala Sul). Em termos funcionais, a introdução destes acessos garante a autonomia dos dois núcleos destinados aos diferentes ciclos liceais. Esta disposição espacial assegura assim uma funcionalidade de cada parte constituinte, reforçando a racionalidade e hierarquia presentes na organização do programa de espaços. no corpo central existe ainda uma porta de acesso independente à habitação do reitor. A solução abre os pátios exteriores a nascente, permitindo a iluminação e ventilação das galerias exteriores cobertas localizadas no seu perímetro e que


permitem o acesso às diferentes salas de aula. As salas de aula orientam-se, assim,

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para as fachadas Sul e norte, e os restantes espaços lectivos para Poente, em contacto directo com a envolvente urbana: a norte, as instalações de Física e Química, para as classes mais avançadas, no corpo central o museu, a Sul, para além dos gabinetes de professores, a sala de conselho e a biblioteca. da entrada principal do edifício acede-se a um guarda-vento e ao átrio do edifício liceu. é a partir deste espaço, de forma octogonal, que se comunica com os serviços administrativos, os dois pátios de recreio, o ginásio, e com dois núcleos de escadas, simétricos, de acesso ao piso 1. o ginásio separa os dois pátios e é ladeado por uma galeria interior à altura do piso 1. Subindo o núcleo de escadas encontra-se um átrio de acesso à biblioteca (anteriormente museu), que desenha o piso 1 do corpo central da fachada principal, e, para cada um dos lados estendem-se as galerias que levam às salas de aula. o acesso às salas de aula do piso 2 resolve-se também por escadas, acessíveis a partir dos pátios, que se localizam nos vértices dos ângulos do edifício. na relação que estabelece com a cidade, Ventura Terra propõe um edifício de volumetria compacta, recuado em relação ao limite exterior do lote, e que se abre para o interior do quarteirão através dos pátios. Em 1927, a eixo destes pátios, são construídos dois pavilhões destinados ao gabinete de Física, a Sul, e de Química, a norte. na década de 30 é levado a cabo um conjunto de obras com vista à melhoria das condições das instalações para acolher o regime de semi-internato e as actividades circum e pós-escolares. Em 1931 é inaugurada a cantina escolar; em 1933, através da construção de um muro de contenção e da sua terraplanagem, ergueram-se dois campos de ténis, jardins, arruamentos alcatroados e um pomar e regularizou-se a faixa de terreno a Sul, com cerca de 400m2, para a construção de um campo de patinagem. Em 1935 o edifício foi alvo de obras de renovação que contemplaram a substituição de grande parte dos madeiramentos, estuques e instalação eléctrica e pintura interior e exterior. Liceu de Pedro Nunes (1909-11), Lisboa. Arquitecto Miguel Ventura Terra o processo de construção do Liceu de Pedro nunes surge associado à criação de uma zona escolar naquela zona da cidade e, em paralelo, a uma operação urbana que permitiu a abertura da nova Avenida Álvares Cabral. Em dezembro de 1907, o Governo publica um decreto que prevê a compra do terreno de 36 000m2 para instalação da 3ª zona escolar (futuro Liceu de Pedro nunes), de uma escola primária para os dois sexos, e de uma escola normal primária mista;

Liceu de Camões, Lisboa


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Liceu de Pedro nunes, Lisboa

considerava-se ainda a hipótese de se construir também uma escola industrial. Para o edifício liceu e seus anexos foram reservados 20 000m2 de um terreno limitado a norte pela Rua Saraiva de Carvalho; a Sul, pelo Jardim da Estrela; a nordeste, pelas traseiras de vários prédios da Rua de Santa isabel; a Sudeste, pela Avenida Álvares Cabral; e a Poente, pelo Cemitério dos inglesinhos. As escolas primárias não foram construídas, e o liceu iria ceder parte dos seus terrenos à construção da Escola de João de deus e Escola industrial de Machado de Castro, e à Câmara Municipal de Lisboa, para abertura da Avenida Álvares Cabral. 3 Gomes, Fernanda Maria Veiga; “Liceu Pedro nunes, Lisboa” in nóvoa, António e Santa-Clara, Ana Teresa (coord.), Liceus de Portugal, Histórias, Arquivos, Memórias. Porto, Edições ASA, outubro 2003, p. 536. 4 Manifesta-se neste princípio a influência do ideário do self-government, em voga desde o início do século xx, e divulgado em Portugal pelos defensores da Educação Nova. A presença de Adolfo Lima, defensor deste movimento, no corpo docente deste liceu, veio certamente contribuir para a valorização da autonomia no projecto educativo desenvolvido para o Liceu Pedro nunes.

o Liceu de Pedro nunes diferencia-se no panorama dos edifícios liceu portugueses construídos no início do século xx por apresentar um projecto educativo cujos objectivos iniciais se orientavam para o ensino e a educação dos alunos3, e que em 1930 viu as suas funções alargadas à formação de professores. Esta condição está na base da intenção, por parte dos professores, estagiários e alunos, de fazer deste liceu um lugar de inovação e experimentação, tornando-o um lugar de referência no panorama educativo nacional. o projecto educativo apoia-se nos princípios do auto-governo baseados nos princípios de autonomia e responsabilidade associados à educação, expressos na mensagem continuamente repetida pelo reitor Sá oliveira: “Nós nos educaremos”4. do conjunto de experiências pedagógicas decorridas no Liceu Pedro nunes, salientam-se,


entre outras, o regime de semi-internato no período entre 1931-32 e 1942-43, as sessões de cinema pedagógico introduzidas em 1936; o posto emissor de rádio, que transmitia duas vezes por semana; e as conferências pedagógicas realizadas. Ventura Terra substitui a tipologia adoptada no Liceu de Camões por um sistema mais aberto para o exterior, que se aproxima da tipologia pavilhonar, dispondo três corpos autónomos linearmente no terreno de implantação, junto à nova Avenida Álvares Cabral. os princípios associados à tipologia em pátio, da centralidade e da vigilância, não encontram sentido num projecto educativo que apela à responsabilidade e à autonomia na participação de um projecto comum. os distintos corpos permitem a racional distribuição do programa de espaços, em que o edifício principal acolhe todas as funções de representação e administração do liceu, bem como os espaços dedicados à prática de Educação Física, e os corpos laterais acolhem os espaços lectivos. Simultaneamente, os pavilhões autónomos permitem o cumprimento de todos os requisitos higienistas então reclamados. A nível urbano, os pavilhões permitiam uma melhor adaptação ao terreno, de acentuado declive para a avenida, em que o pavilhão central, implantado à cota da avenida, desenha o seu limite. é a partir deste corpo central que se acede à entrada principal do edifício liceu. neste corpo localizam-se, os serviços administrativos, a biblioteca e a sala dos professores, gabinetes de física e química, o grande ginásio/salão de festas,

Liceu de Pedro nunes, Lisboa

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e, dois ginásios com os respectivos vestiários. A proposta assume a importância

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atribuída à Educação Física pela colocação de três ginásios no corpo nobre do edifício liceu – o corpo central em contacto com a avenida. Esta ideia é também expressa na concepção da fachada principal, da qual se salientam os vãos do ginásio, cujo pé-direito duplo permite o desenho de vãos de grandes dimensões, que ocupam os dois últimos pisos do corpo central. Liceu de Pedro nunes, Lisboa

os corpos laterais, recuados e elevados em relação à avenida, implantam-se à cota do piso 1 do corpo central, acedendo-se a eles através dos recreios em contacto com as fachadas posteriores. Estes corpos, com três pisos, surgem recuados em relação ao corpo central, desenhando um jardim no terreno em declive para a avenida. As diferentes salas de aula estão situadas nos dois primeiros pavimentos de cada um dos corpos laterais, ao longo de amplos corredores de circulação orientados para as fachadas posteriores. o terceiro piso do corpo a Poente é ocupado pelas instalações de Ciências naturais, e o do corpo a nascente pelas instalações de Física. Todas as salas, excepto as que foram construídas para sala de desenho e que se localizam nos topos dos pavilhões, têm janelas para o exterior e para o corredor, permitindo a iluminação bilateral e a ventilação transversal do seu espaço interior. os três corpos, que não comunicam directamente entre si, são articulados volumetricamente por dois corpos mais baixos de piso único, onde se localizam, a nascente, o anfiteatro de Física e, a poente, o anfiteatro de Química. Uma galeria térrea com uma estrutura em ferro coberta de telha, circula ao longo das fachadas posteriores, estabelecendo também a ligação ao corredor de acesso ao pavilhão do refeitório e anexos, entretanto demolidos, situado no centro do pátio que separava em dois o recreio. os pátios do Liceu de Camões são aqui substituídos por espaços exteriores abertos, dispostos ao longo das fachadas posteriores dos corpos laterais e dos dois recreios, nos quais foram construídos campos de jogos, para futebol, basquetebol, e ténis. Este espaço exterior é limitado a Sudeste pelas fachadas posteriores dos três pavilhões, e a norte pelo limite natural do terreno, e dividido, inicialmente, pelo corpo do refeitório. A localização dos ginásios nos pisos superiores do corpo central revelou, no entanto, problemas na sua utilização, sentidos a nível estrutural, perturbando as restantes actividades lectivas. na década de 60 foi construído, no limite norte do terreno, um pavilhão gimnodesportivo, da autoria de José Segurado, incorporando também um novo refeitório, o que permitiu a destruição do pavilhão destinado para este fim existente no pátio, na época já usado como ginásio alternativo.


Esta solução unificou o espaço exterior, destinado posteriormente para recreio e

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campos de jogos. Liceu de Maria Amália Vaz de Carvalho (1915-34), Lisboa. Arquitectos Miguel Ventura Terra e António Couto o Liceu Feminino de Maria Amália Vaz de Carvalho, com projecto inicial de Miguel Ventura Terra, inicia a sua construção em 1915, que é interrompida em 1921. Em 1929, a construção é retomada e o projecto é concluído, ampliado e adaptado às bases higiénico-pedagógicas entretanto propostas pela JAEES, pelo arquitecto António Couto, após o falecimento de Ventura Terra, em 1919. Este edifício ocupa na totalidade um quarteirão com 14 000m2, da malha reticulada que caracteriza o bairro situado a Poente do Parque Eduardo Vii. o terreno é limitado a nascente pela Rua Rodrigo da Fonseca, a Poente pela Rua Artilharia Um, a norte pela Rua Sampaio e Pina, e a Sul pela Rua Marquês de Subserra. A sua concepção adopta a mesma tipologia em pátios abertos do Liceu de Camões, apresentando, no entanto, uma volumetria mais compacta. A planta organiza-se em ‘pente’, através de quatro corpos perpendiculares ao corpo central que constitui a fachada principal do edifício voltada para a Rua Rodrigo da Fonseca. os quatro corpos resolvem, na sua cota de implantação, a adaptação do

Liceu de Maria Amália Vaz de Carvalho, Lisboa

Liceu de Maria Amália Vaz de Carvalho, Lisboa


edifício ao declive do terreno para Sul, e constroem três pátios exteriores a

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diferentes cotas. A análise da planta do liceu permite concluir que a organização e a clarificação funcional associada à disposição dos diferentes espaços funcionais em alas ou corpos distintos, conforme concebidas para os anteriores liceus de Camões e de Pedro nunes, não encontram paralelo neste liceu, cujo projecto original foi Liceu de Maria Amália Vaz de Carvalho, Lisboa

alvo de repetidas alterações. Exceptua-se o corpo central da fachada principal, ao qual estão associados os espaços nobres do liceu: o salão nobre, a biblioteca e a sala dos conselhos; aos quais se acede através da escada principal que liga ao átrio da escola. Estes três espaços, de duplo pé–direito, desenham o corpo central do edifício, e são percorridos na parte superior por galerias. os restantes espaços lectivos, como as salas de aula e laboratórios, distribuem-se quer pelo corpo principal quer pelas alas perpendiculares. Também a substituição do espaço originalmente destinado à piscina por seis salas de aula veio reforçar este facto. no projecto original, a piscina e o ginásio concentravam-se neste corpo pela possibilidade de um acesso directo à rua situada a Sul do terreno. na organização dos espaços, o ginásio perde o protagonismo assumido nos liceus de Camões e de Pedro nunes, agora localizado no extremo da ala Sul, não se autonomizando volumetricamente. Contrapondo-se ao corpo do ginásio, localizam-se as instalações destinadas ao refeitório no corpo norte do conjunto. A fachada principal é constituída por um volume central que contacta com a rua, e dois laterais, recuados, que projectam à sua frente pequenos recintos ajardinados e protegidos da rua por um gradeamento. inicialmente os corpos laterais tinham dois pisos e terminavam em torreões de três pisos. na fachada principal abrem-se três portas; inicialmente só a do corpo principal servia o Liceu, servindo as outras duas para acesso a uma dependência da Mocidade Portuguesa Feminina e outra para a papelaria da Associação Escolar. nos anos 50, com o aumento da população escolar ampliou-se em um piso os corpos laterais da fachada principal, entre os torreões e o corpo central, diminuindo a importância volumétrica atribuída a estes elementos. A partir desta data realizaram-se sucessivas obras de manutenção, das quais se salienta a construção de coberturas inclinadas em todos os corpos, para resolver os problemas de infiltração que os terraços apresentavam, alteração com impacto significativo na volumetria do edifício.


Liceu de Alexandre Herculano (1914-31), Porto. Arquitecto José Marques da Silva

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o processo que desencadeou a concepção e construção do Liceu de Alexandre Herculano caracterizou-se pela demora na decisão de construção e na selecção do local de implantação. Ainda que em 1904 a divisão administrativa do Porto considerasse duas zonas escolares e os respectivos liceus centrais, somente em 1913 se definiu a localização do terreno destinado ao Liceu de Alexandre Herculano, na zona oriental da cidade junto ao Campo 24 de Agosto e ocupando parte da

Liceu de Alexandre Herculano, Porto

Quinta dos Sacais. A definição da sua implantação ocorre em 1915, após a elaboração do projecto final e abertura da nova avenida, actual Avenida Camilo Castelo Branco, que permite dar início aos trabalhos de construção do edifício liceu, em Janeiro de 1916. A obra, iniciada depois da aprovação do projecto por uma comissão à qual pertenceu Ventura Terra, estaria concluída em 1931, com o impulso dado pela JAEES5. Actualmente, os limites do Liceu de Alexandre Herculano são constituídos, a norte pela Avenida de Camilo, a Poente pela Rua António Granjo, a Sul pela Rua do Heroísmo, e a nascente pela Rua António Carneiro. A extensão e orientação do terreno permitiram a Marques da Silva a adopção da tipologia em ‘pente’, estabelecida por Ventura Terra em 1907, no Liceu de Camões. na proposta final, José Marques da Silva abandona a estrutura fechada do edifício-quarteirão, abrindo os pátios laterais a Sul. o edifício recua em relação às

Liceu de Alexandre Herculano, Porto

5 Cardoso, António; O arquitecto José Marques da Silva e a arquitectura no Norte do Pais na primeira metade do século XX. Porto, FAUP Publicações, 1997.


ruas envolventes, projectando para norte e em contacto com a avenida uma área

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ajardinada, e é isolado através de um gradeamento ao longo do limite do lote. o corpo principal implanta-se ao longo da Avenida Camilo Castelo Branco, recuado relativamente a esta, destacando volumetricamente um corpo central; perpendicularmente são projectados quatro corpos destinados às salas de aula, orientadas a nascente e Poente, construindo três pátios, a Sul. o pátio central é Liceu de Alexandre Herculano, Porto

rematado, a Sul, pela implantação do corpo desportivo e piscina, que contacta com a área exterior destinada a jogos, localizada a Sul de todo o conjunto. Para norte, o pátio central avança, definindo um volume destacado na fachada principal do edifício, que se aproxima da avenida de acesso ao liceu. A ligação dos corpos laterais, que surgem recuados na fachada principal e limitam os pátios laterais a norte, é realizada através de uma galeria exterior coberta, que divide o pátio central em dois – pátio de apoio às actividades desportivas e pátio da administração, e simultaneamente, funciona como passagem superior descoberta. A fachada principal é, assim, construída por um corpo central de dois pisos e dois corpos laterais de piso único, os últimos recuados em relação ao primeiro, e rematados mais uma vez por um corpo mais alto, de dois pisos. Estes corpos sobrelevados correspondem aos corpos perpendiculares à fachada principal, onde se situam as salas de aula, e é a partir deles que se acede ao interior do edifício, através de quatro portas de entrada: as centrais destinadas às primeiras classes e as laterais destinadas às classes superiores. As distintas entradas, com vestiário próprio, garantiam a separação de alunos com diferentes idades e ciclos. no centro da composição simétrica encontra-se, no corpo central, a entrada principal do edifício. o carácter funcional do edifício é manifesto na distribuição das quatro valências funcionais do Liceu – administração, aulas, laboratórios e ginásio – não só pelos diferentes corpos mas também pela correspondência em pátios distintos. As dependências administrativas ocupam o piso térreo do corpo central, avançado da fachada principal, e em contacto a Sul com o pátio/jardim administrativo; o piso superior é ocupado pelo museu de História natural. nos corpos laterais, recuados, situam-se os laboratórios e anfiteatros de Química e Física e gabinetes anexos. As quatro alas perpendiculares ao corpo principal são ocupadas pelas salas de aula iluminadas bilateralmente através de aberturas para o exterior e para as galerias de circulação e pátios. o ginásio de grandes dimensões ocupa o corpo de remate do pátio central, com pé-direito correspondente à totalidade da sua altura e iluminado por altas janelas; é ladeado por uma piscina e vestiários e por um ginásio menor e vestiários.


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Liceu de Rodrigues de Freitas, Porto

A circulação é resolvida através de galerias de comunicação ao longo das quatro alas de aulas, com escadas de acesso ao piso superior nos dois extremos das duas alas centrais. inicialmente previstas para serem abertas, segundo José Marques da Silva6, por se adequarem às condições climatéricas do nosso País e por permitirem uma vigilância mais eficaz, são no entanto, encerradas. A galeria coberta, simultaneamente passagem superior descoberta, no enfiamento das circulações dos corpos dos laboratórios, a norte, permite a ligação e circulação entre os distintos corpos que constituem o edifício liceu. Liceu de Rodrigues de Freitas (1918-33), Porto. Arquitecto José Marques da Silva o edifício implanta-se no centro urbano do Porto, nos terrenos da antiga Quinta do Priorado, contíguos à igreja de Cedofeita, constituindo o seu corpo principal o limite Sul da actual Praça Pedro nunes. A concepção do Liceu de Rodrigues de Freitas organiza os diferentes espaços programáticos em redor de um pátio principal, exterior e encerrado, e de três pátios de menor dimensão. Para além de cumprirem as exigências de iluminação e ventilação dos espaços interiores, aos diferentes pátios estão associadas distintas funções: os pátios de menor dimensão, destinados aos espaços dos professores e da administração; o pátio principal, em contacto com o volume do ginásio e à cota dos campos exteriores localizados a sul de todo o conjunto, com funções de recreio.

6 Silva; José Marques da; “Memoria descriptiva” in Projecto do Edifício do Lyceu Alexandre Herculano, Porto, 20 Abril 1914.


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A planta geral do edifício assenta numa forma quadrangular, desenvolvendo uma estrutura compacta, assente numa tipologia de pátio encerrado. o programa de espaços é distribuído pelas diferentes alas, criando uma organização funcional bem definida: corpo principal orientado a norte, ocupado com a administração e salas de desenho no piso térreo, e museu e biblioteca no piso superior; os corpos das salas de aula, orientados a nascente e Poente, desenham o perímetro do edifício e contactam directamente com o corpo posterior, paralelo à fachada principal, destinado às actividades de Educação Física. As circulações são realizadas através de corredores e galerias de acesso e distribuição que ladeiam os pátios existentes, ou ainda por passagens cobertas encerradas que dividem os pátios laterais a norte com o grande pátio a Sul. A racionalidade visível no desenho da planta e dos alçados demonstra uma forte hierarquia programática, reforçada pelos princípios de composição assentes na simetria e proporção dos diferentes elementos. o pátio interior é ocupado, a eixo, por um volume destinado aos laboratórios e serviços anexos, cumprindo o disposto na reforma de 1905. Este volume contacta directamente com o corpo principal do edifício, a norte, e com os corpos laterais das salas de aula através de passagens cobertas encerradas, definindo assim três pátios de pequenas dimensões: o central, em contacto com a administração e os laboratórios; e dois laterais, em contacto com as salas de aula.

Liceu de Rodrigues de Freitas, Porto


os acessos verticais, de ligação dos vários pisos, localizam-se nos topos Sul

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dos corpos das salas de aula, e nos cruzamentos das circulações do corpo da administração e das galerias cobertas com as circulações de acesso às salas de aula. o declive acentuado do terreno para Sul permitiu a implantação do corpo posterior destinado às actividades físicas um piso abaixo do corpo principal, possibilitando o contacto directo com os campos de jogos exteriores. neste corpo localizam-se o ginásio, avançado sobre o eixo dos recreios, a piscina e os vestiários. o pátio interior em contacto com o ginásio encontra-se assim a uma cota inferior relativamente aos restantes pátios-jardins, não contactando com eles directamente. o desenho do corpo principal e tratamento da sua fachada reflecte uma hierarquização dos seus corpos constituintes, destacando-se o corpo central através da sua sobreelevação e avanço. Em termos programáticos, este corpo alberga, à semelhança do Liceu de Alexandre Herculano, os serviços administrativos no piso térreo, e o museu, sala nobre e biblioteca nos pisos superiores. os extremos do corpo principal são coroados com edifícios torreões mais elevados destinados então às residências particulares do reitor, chefe de secretaria e chefe de pessoal menor. Tal como no Liceu de Alexandre Herculano, são visíveis na fachada principal os principais eixos de composição e circulação através da disposição simétrica dos acessos: eixo central marcando a zona administrativa (com o vestíbulo e as escadas de acesso ao andar nobre) e outros quatro eixos denunciando internamente o espaço de circulação e acesso às salas de aula. de salientar os acessos centrais, materializados em volumes de um piso que se autonomizam do corpo central e rematados em terraço. As cinco partes que constituem o corpo central do edifício, pelas cérceas e andares distintos, são ligadas entre si, através do embasamento que percorre o edifício e do cordão de remate de faixas de azulejos sob as cornijas dos últimos pisos. A concepção do Liceu de Rodrigues de Freitas decorre paralelamente ao período em que os princípios do Movimento Moderno se afirmam em Portugal, influenciando o desenho e a concepção de alguns dos seus elementos: palas sobre as portas laterais de acesso e desenho da platibanda que esconde a cobertura do corpo principal. Também são visíveis influências da exposição de Artes decorativas, em Paris, visitada pelo autor em 1925, de afirmação da Art Déco, nos elementos por si introduzidos, nomeadamente o baixo-relevo sobre o qual é colocado o nome do liceu, na decoração das janelas do piso superior da fachada principal, e no padrão e cor dos azulejos que pontuam alguns elementos no exterior e interior do edifício.

Liceu de Rodrigues de Freitas, Porto


1.2.


Anos 30: os liceus modernos



1.2. Anos 30: os liceus modernos

A

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pós o golpe militar de 1926 são introduzidas alterações no sistema educativo que se irão manter até à década de 50. Ao longo deste período a construção escolar esteve a cargo do Ministério das Obras Públicas e Comunicações (MOPC; designação adoptada no período 1932-46). Na arquitectura dos edifícios liceu verificam-se duas tendências:

a) de expressão internacional – traduz-se na construção de edifícios modernistas e insere-se numa política de desenvolvimento do ensino secundário decidida por Duarte Pacheco durante o seu curto mandato como Ministro da Instrução Pública, em 1928. Estes edifícios liceu são resultado de concursos públicos que tiveram lugar no princípio dos anos 30 – Liceu de Beja, Liceu de Coimbra e Liceu de Lamego1 – e de uma encomenda directa ao arquitecto Carlos Ramos, para projectar o Liceu de D. Filipa de Lencastre, depois atribuída ao arquitecto Jorge Segurado; b) de forte sentido nacionalista – encontra-se nos edifícios liceu e escolas técnicas desenvolvidos pela equipa de arquitectos da Junta das Construções do Ensino Técnico e Secundário (JCETS) do MOPC (as escolas técnicas são objecto do Capítulo 2).

Os projectos para o Liceu de D. Filipa de Lencastre, Lisboa O processo de concepção das instalações destinadas ao Liceu de D. Filipa de Lencastre é marcado pela elaboração de dois projectos: o primeiro, elaborado pelo arquitecto Carlos Ramos para a Rua do Quelhas (1929-30), do qual apenas foi construído o corpo do ginásio, (1931-34); o segundo, da autoria do arquitecto Jorge Segurado (1932-40), para o Bairro do Arco do Cego. Projecto da Rua do Quelhas, Lisboa (1929-34). Arquitecto Carlos Ramos Após a sua criação em 1928, o Liceu de D. Filipa de Lencastre foi instalado provisoriamente no Palácio Côrte-Real, à Rua do Quelhas em Lisboa. Previa-se a demolição do palácio e a construção de um edifício de raiz, segundo projecto do arquitecto Carlos Ramos, encomendado a 8 de Novembro de 1929, pela Junta Administrativa do Empréstimo para o Ensino Secundário (JAEES; 1928-34). Precursor da série de edifícios liceu construídos nos anos 30, no âmbito dos concursos lançados pelo Governo, este projecto distingue-se pela linguagem

1 Único da série de edifícios liceu construídos que se afasta da expressão modernista de expressão internacional.


moderna, pela organização funcional do programa e pelo emprego do novo

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material – o betão armado – que permitiu a realização de novas soluções espaciais e funcionais. A solução do conjunto destacava-se pela adaptação do edifício ao terreno, com um declive acentuado para o vale de São Bento. Esta condicionante esteve na base da criação de uma série de plataformas onde se implantavam, a diferentes Ginásio do Liceu de D. Filipa de Lencastre, na Rua do Quelhas, Lisboa

cotas, os dois volumes propostos e os espaços exteriores. O programa do liceu distribuía-se em corpos, cada um deles com uma função específica: o corpo destinado ao ensino das Ciências e das Humanidades, em contacto directo com a Rua do Quelhas; e o corpo da Educação Física, recuado em relação à mesma rua, a uma cota inferior e ligado ao corpo das aulas por uma galeria envidraçada. O corpo das aulas apresentava uma disposição em ‘H’ e estruturava-se a partir de um eixo paralelo à rua, correspondendo a um longo corredor onde se localizavam, no piso 0, os vestiários, salas de alunas e acesso ao recreio coberto; nos restantes pisos, salas de aula e terraços exteriores. Este corpo era rematado nos topos pelos acessos verticais e articulava-se com dois corpos perpendiculares, um de cada lado, onde se localizavam as áreas especiais (casa da reitoria, secretaria, médico escolar, biblioteca, salas de trabalhos práticos e laboratórios). Os núcleos programáticos distribuíam-se por pisos: no piso térreo, os espaços comuns; no piso 1, o ensino das Humanidades; no piso 2, o ensino das Ciências; e no último piso, os espaços técnicos. A entrada para o edifício liceu localizava-se no eixo de simetria de toda a composição, perpendicular à rua, e organizava o átrio central do liceu, a galeria envidraçada de acesso ao corpo do ginásio, e o corpo da Educação Física. Este corpo, o único a ser construído entre 1931 e 1934, implantava-se a uma cota inferior ao nível dos recreios. O espaço do ginásio incluía um palco, o que permitia a sua transformação em salão de festas, a instalação de um ecrã para projecção de cinema e o acolhimento das aulas de canto coral. De um dos lados do corpo do ginásio encontravam-se os balneários e, do outro, a piscina com os respectivos vestiários. Entre os corpos de aulas e da Educação Física localizavam-se os recreios exteriores, distribuídos por plataformas a diferentes níveis, em que a superior constitui um recreio coberto com duplo pé-direito. A galeria de ligação entre os dois corpos, situada à cota de entrada do edifício liceu e simultaneamente à cota do piso da galeria do ginásio, encontrava-se suspensa, permitindo a criação de uma pista para corridas de velocidade, em redor do volume do ginásio, à sua cota.


A opção pela cobertura em terraço, permitida pela estrutura de betão

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armado, possibilitou a sua utilização como campo de jogos, de acordo com o novo programa para a construção de edifícios liceu. Destaca-se o recreio coberto com duplo pé-direito, vencido por pilotis que suportam os dois pisos superiores e o desenho de grandes vãos de dimensões normalizadas. O corpo da piscina e vestiário é iluminado de forma inovadora, exclusivamente pela cobertura através de uma clarabóia plana de material translúcido, permitida pela estrutura de betão 2

armado .

Liceu de D. Filipa de Lencastre, Rua do Quelhas, Lisboa

Projecto do Bairro do Arco Cego, Lisboa (1932-40). Arquitecto Jorge Segurado Em 1938, o Liceu de D. Filipa de Lencastre veio a ocupar o edifício destinado inicialmente a uma escola primária, em construção desde 1934 no Bairro Social do Arco do Cego, em Lisboa. Jorge Segurado, autor do projecto original e do projecto de alterações, adapta a construção para edifício liceu feminino, recorrendo a um esquema de composição clássico de planta simétrica, assente na articulação de volumes geométricos puros ausentes de elementos decorativos, e às novas tecnologias e materiais: o mármore, as guardas cromadas e o azulejo, no átrio e corredores de circulação. O projecto de adaptação implicou a reorganização do programa e possibilitou a introdução dos novos espaços exigidos pelo programa liceal –

Liceu de D. Filipa de Lencastre, Bairro do Arco do Cego, Lisboa

2 Tostões, Ana; Cultura e Tecnologia na Arquitectura Moderna Portuguesa. Dissertação para a obtenção do grau de Doutor em Engenharia do Território, Lisboa, Universidade Técnica de Lisboa/Instituto Superior Técnico, Dezembro 2002, p. 213.


auditório, sala de desenho, de trabalhos manuais, de lavores e de canto coral, e,

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no ginásio, um palco e uma cabina cinematográfica. O edifício liceu ocupa uma posição central no Bairro e na sua inserção urbana distingue-se dos restantes pela relação de proximidade que estabelece com a envolvente urbana, em que as paredes exteriores definem os limites da rua. O edifício estrutura-se a partir de um corpo principal, que incorpora Liceu de D. Filipa de Lencastre, Bairro do Arco do Cego, Lisboa

todos os espaços lectivos (salas de aulas, laboratórios, biblioteca) e as áreas administrativas, dispostos em redor de um pátio interior. A disposição das salas de aula procura a melhor orientação, a Sudeste, remetendo os corredores de circulação para Noroeste, cumprindo simultaneamente a exigência do programa de espaços e os critérios de orientação defendidos pelo Movimento Moderno. As salas de aula e corredores de circulação são iluminados e ventilados através de vãos de grandes dimensões, obtendo-se uma grande transparência para o exterior. A iluminação do interior das salas de aula é unilateral, garantida por dois grandes vãos. O corpo principal incorpora, a Nordeste, as salas de trabalhos manuais, sala de canto coral, refeitório e cozinha, e museu, dispostos de ambos os lados de um átrio que contacta com o corpo do ginásio. A Sudeste localiza-se a secretaria, em contacto com o átrio e os serviços administrativos. Associado ao corpo principal, e longitudinalmente, são agregados o corpo do ginásio, para Nordeste, e o corpo de entrada, para Sudoeste. O corpo do ginásio (51x16,7m) organiza-se em duplo pé-direito, com duas amplas galerias, que se desenvolvem em todo o seu comprimento, por baixo da qual se situam os balneários. Os espaços dedicados aos campos de jogos exteriores situam-se na cobertura deste espaço. O corpo de piso único destinado à entrada é valorizado pela incorporação de dois corpos semicilíndricos a ladeá-la, cuja cobertura plana permite a existência de um terraço em contacto directo com a biblioteca.

Os concursos de arquitectura para edifícios liceu de 1930 Os concursos de arquitectura para edifícios liceu têm lugar em 1930 e a concretização dos seus projectos inscreve-se nos anos 1926-33, período em que se 3 Pereira, Nuno Teotónio; “A Arquitectura do Estado Novo de 1926 a 1959” in O Estado Novo das origens ao fim da Autarcia 1926-1959 – volume II. Actas do Colóquio, Lisboa, 4-6 Novembro 1986, Lisboa, Fragmentos, 1987, p. 323-357.

verificou uma ausência de orientação e controlo da expressão arquitectónica por parte do regime3. A realização destes concursos constituiu uma oportunidade para a JAEES desenvolver, pela primeira vez, um conjunto de documentos que no seu conjunto funcionaram como programa-tipo. As Condições Gerais determinavam as


regras para a elaboração do projecto de arquitectura e incluíam as Condições

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Especiais e as Bases para a Construção de Liceus (Acabamentos). O cumprimento obrigatório deste programa por parte dos concorrentes garantia as exigências pedagógicas, higiénicas e construtivas consideradas necessárias a uma ‘escola moderna’. Estes documentos estabelecem normas relativas às condições higiénicas que os edifícios liceu deviam cumprir. Esta preocupação é expressa nos pontos referentes às condições do terreno e implantação do edifício, às condições de iluminação e ventilação dos espaços, às condições de limpeza, ao abastecimento e armazenamento de água, e ainda aos materiais a aplicar. As condições referidas no programa-tipo reclamam uma hierarquização e uma organização racional dos diferentes núcleos funcionais, recorrendo ao esquema tipológico que melhor responda a este requisito. As soluções apresentadas assentam na disposição dos núcleos funcionais em volumes diferenciados, por vezes autónomos, em que os espaços lectivos se dispõem ao longo de um espaço de circulação. O primeiro artigo das Condições Especiais dispõe que a solução arquitectónica pode apresentar um “edifício único ou um conjunto de edifícios ligados por arcadas ou passadiços”, apresentando de seguida uma listagem de núcleos funcionais que organizam programaticamente os diferentes espaços. É particularmente evidente a autonomização do bloco da Educação Física, da habitação do reitor e das oficinas. Os restantes núcleos funcionais, onde se encontram os espaços lectivos, são distribuídos e organizados por pisos num bloco principal, de acordo com as exigências programáticas, espaciais, técnicas e pedagógicas dos diferentes espaços. O artigo relativo às condições a que devem obedecer as “entradas, corredores, escadas e saídas especiais”, sugere uma organização e distribuição dos espaços lectivos ao longo de um corredor de circulação e distribuição, com largura mínima de 4m e iluminado lateralmente. Quanto ao modo de organização pedagógica, o programa reflecte a organização em ‘classe’, tomando-a como módulo base de concepção do projecto e fazendo corresponder o número de salas de aula ao número de turmas a acolher. A afirmação do ensino activo e experimental é visível a nível programático, na integração de oficinas para prática de trabalhos manuais e na separação entre o ensino das Humanidades e das Ciências, contemplando salas de aula específicas para as diferentes disciplinas: sala de desenho, laboratórios de Química, Física e Ciências Naturais.

Liceu de D. Filipa de Lencastre, Bairro do Arco do Cego, Lisboa


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Liceu de Diogo de Gouveia, Beja

A prática da Educação Física é estimulada pela existência de um conjunto de espaços que incluem o ginásio, os campos de jogos exteriores de grandes dimensões, a esplanada para ginástica com a dimensão de 50x30m, a piscina com 18x7,5m, e os respectivos balneários. Dos projectos apresentados a concurso destacam-se os seguintes autores: o arquitecto Cristino da Silva, com o 1º prémio para os liceus de Fialho de Almeida, em Beja, e de Infanta D. Maria4, em Coimbra, e 2º prémio para o Liceu de Júlio Henriques, em Coimbra (projecto Labor5); os arquitectos Carlos Ramos, Jorge Segurado e Adelino Nunes com o 1º prémio no Liceu de Júlio Henriques (projecto Santa Cruz), o 2º prémio para o Liceu de Latino Coelho, em Lamego (projecto Nina) e, sem Jorge Segurado que concorre sozinho classificando-se em 2º lugar, o 3º prémio para o Liceu de Infanta D. Maria (projecto Dona Infanta); o arquitecto Cottinelli Telmo com o 1º prémio do Liceu de Latino Coelho (projecto Quivis Unus); e o arquitecto Marques da Silva (projecto Femina) com classificação desconhecida para o projecto para o Liceu de Infanta D. Maria, em Coimbra. 4 O concurso para o Liceu (feminino) da Infanta D. Maria, em Coimbra, data de 1931. O projecto vencedor não foi construído. 5 Os projectos eram apresentados a concurso com uma divisa.

Liceu de Diogo de Gouveia (1930–34), Beja. Arquitecto Cristino da Silva A construção do projecto vencedor do Concurso para a Elaboração do Projecto do Edifício Destinado à Instalação do Liceu Nacional Fialho de Almeida inicia-se em Junho de 1931 e é concluída em 1934; o liceu é inaugurado em Junho de 1937.


A nível do programa, verifica-se a consolidação dos espaços referentes ao

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ensino activo e experimental, bem como todos os espaços para a prática do exercício físico, considerados essenciais pela sua utilidade pedagógica e higiénica. Referem-se os laboratórios (Física, Química e Ciências Naturais); as salas de desenho e de trabalhos manuais e oficinas; a estufa; o aquário; e a disponibilidade de terrenos destinados à cultura e criação de exemplares para experiências e estudos6. Para a prática do exercício físico, refere-se o ginásio, que também

Liceu de Diogo de Gouveia), Beja

funciona como espaço de projecção de cinema ou de representação teatral e a piscina de natação (com 18x7,5m e uma profundidade que varia entre os 2,4 e os 2,8m) – espaços que comunicam com os balneários; no exterior, uma área relvada (20x5m) para exercícios vários, um terraço sobre o corpo da Educação Física com pavimento em betonilha destinado à patinagem, e, ainda, campos de jogos. A iluminação dos espaços através de grandes envidraçados é uma preocupação dominante: salas de aula iluminadas por 9m de vão; circulações com largos envidraçados ao longo da sua extensão, vãos maiores em espaços especiais como a sala do conselho ou as salas de estudo, e o recurso a tijolo de vidro utilizado horizontalmente entre vigas para iluminar zenitalmente o espaço do ginásio. Tipologicamente, o Liceu de Fialho de Almeida, rebaptizado Diogo de Gouveia, segue os modelos realizados anteriormente assentes na organização e distribuição dos diferentes espaços ao longo de corredores de circulação. Uma referência especial à afinidade existente com o modelo do Liceu de Camões, presente na distribuição do programa funcional pelos diferentes corpos, ocupando o ginásio o eixo perpendicular à entrada; o corpo das aulas, um corpo paralelo ao eixo do ginásio, orientando as salas de aula para o exterior; e os restantes espaços lectivos, o corpo transversal a estes dois. Em ambos, a disposição dos corpos define o espaço exterior de recreio ladeado por corredores de circulação – galerias exteriores no Liceu de Camões e corredores interiores no Liceu de Beja. A utilização da tipologia linear no Liceu de Beja, com recurso ao alinhamento das salas de aula ao longo de um corredor de circulação, é a que melhor expressa as preocupações relativas aos princípios funcionalistas e racionalistas do Movimento Moderno. A utilização do betão armado, para além de regrar a organização do espaço interior e o desenho das fachadas, permite a utilização dos terraços e a pretendida simplicidade geométrica dos blocos e rejeita a ornamentação (e custos associados), retirando a máxima expressão plástica dos seus elementos estruturais. Em termos urbanos, este edifício estruturou e integrou na cidade uma nova zona, ocupada posteriormente por um conjunto de equipamentos escolares, desportivos e sociais: o Seminário Diocesano, a Estação Rodoviária, o Mercado

6 Silva, Cristino da; “Liceu Nacional Jacinto de Matos, ex-Liceu Nacional Fialho de Almeida” in Arquitectos, Revista Oficial do Sindicato Nacional dos Arquitectos, dir. Cottinelli Telmo, nº 1, Lisboa, 1938, p. 5-21.


Municipal, a Escola primária n.º 1 e a Escola Industrial e Comercial, entre outros.

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Construído no antigo Campo da Feira, o edifício liceu ocupa um extenso terreno com uma área aproximada de 24 000m2, com uma ligeira pendente para Sul, vencida através de plataformas a diferentes cotas no sentido de reduzir ao mínimo a movimentação de terras. O edifício organiza o seu programa através de um sistema de dois eixos Liceu de D. João III, Coimbra

perpendiculares associados a três corpos distintos, articulados em torno de um pátio exterior de recreio. No corpo norte, no eixo paralelo à via principal, localizam-se: no piso térreo, o átrio de entrada que separa os serviços da reitoria das salas de Ciências Naturais; no piso 1, as salas de desenho, seguidas da sala do conselho e biblioteca, sobre a entrada. A entrada distingue-se como o elemento mais trabalhado do edifício, ladeada por duas paredes curvas e encimada por um pequena pala sobre a qual surge em lettering Art Deco o nome do liceu. Uma das paredes do átrio de entrada principal é ornamentada com um painel de azulejos, da autoria do pintor Dórdio Gomes, representando “Os ceifeiros”, inspirado na descrição que deles faz Fialho de Almeida. O corpo nascente, perpendicular ao corpo principal, é ocupado nos dois pisos superiores pelas salas de aula que abrem as suas portas para amplos e extensos corredores (com cerca de 100m de comprimento) e, no piso inferior, por arrecadações, instalação das caldeiras de aquecimento e anexos. O espaço da sala de aula é o módulo base de organização deste corpo em termos espaciais, estruturais e geométricos. Esta dimensão corresponde também à métrica da estrutura portante em betão armado que se adapta a novas funções quando recebe os sanitários e acessos verticais (escadas) na intersecção com o corpo norte. É também assumida na composição da fachada nascente, iluminada por três amplos vãos que desenham as bandas horizontais que a compõem. A Sul do corpo das salas de aula situa-se o corpo destinado às oficinas. Paralelo ao corpo das salas de aula, a Poente, e a eixo da entrada, implanta-se o terceiro corpo, destinado à Educação Física, que comunica com a entrada através de uma galeria envidraçada, que se prolonga à volta do ginásio através de um corredor de 4m de largura, e é rematado, a Sul, pelo volume da piscina e balneários. O ginásio, com uma galeria suspensa, inclui um palco para o canto coral e cabine cinematográfica. Esta estrutura espacial, organizada em ‘U’, permite a criação, entre os três corpos, de um pátio coberto e aberto a Sul, destinado ao recreio. A habitação do reitor é um volume autónomo localizado a Poente do corpo principal e ligado a este por uma galeria exterior.


Liceu de D. João III (1930-36), Coimbra. Arquitectos Carlos Ramos, Adelino Nunes

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e Jorge Segurado A construção do projecto vencedor do Concurso para a Elaboração do Projecto do Edifício Destinado à Instalação do Liceu Nacional Dr. Júlio Henriques7 inicia-se em Julho de 1931 e em Outubro de 1936 o liceu é concluído e inau-gurado. No edifício central os espaços lectivos organizam-se em torno de um pátio, dispostos de acordo com os critérios modernos de exposição solar. O carácter moderno é também visível na linguagem que explora as novas técnicas do betão armado, nomeadamente na cobertura plana em terraço. Também as amplas caixilharias de ferro, com sistemas de ventilação integrados, que desenham o vão dos espaços lectivos e os envidraçados das caixas de escadas, propõem uma nova espacialidade através da criação de transparências entre o interior e exterior e contribuem para o carácter moderno do liceu. O edifício liceu localiza-se na nova área de expansão da cidade de Coimbra, mais tarde integrada no Plano de De Gröer de 1944, que define uma zona residencial de moradias e de pequenos edifícios colectivos. O lote de terreno, em declive para Poente, ocupa um quarteirão com uma área aproximada de 19 000m2, limitado a Nascente pela Rua Sá de Miranda, a Norte pela Rua João Pinto Ribeiro, a Poente pela Avenida D. Afonso Henriques e a Sul pela Rua Dr. Henrique Seco.

Liceu de D. João III, Coimbra

7 A reforma de 1839 deu a este liceu a designação de Liceu Nacional de Coimbra; em 1914, cognominou-o de Liceu Central de José Falcão. Em 1928 é criado mais um liceu masculino para a cidade de Coimbra, o Liceu Nacional de Dr. Júlio Henriques. Por decreto de 1936 determinou-se a junção dos liceus José Falcão e Dr. Júlio Henriques, constituindo um só liceu nacional sob a denominação de D. João III, que, em 1974, recupera a designação de José Falcão.


A solução distribui o programa em três corpos autónomos: o corpo principal,

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destinado aos espaços lectivos e administrativos, que se estrutura em redor de um pátio interior; o corpo da Educação Física e a casa do reitor, que comunicam, respectivamente, com o piso 1 e o piso térreo do edifício principal através de galerias cobertas envidraçadas. Os diferentes corpos assentam em plataformas a diferentes níveis, que simultaneamente vencem o declive natural do terreno e regularizam os espaços exteriores de recreio. O corpo principal desenha o perímetro norte e poente do terreno, construindo as fachadas das respectivas ruas. Esta opção liberta o terreno a Sul e Nascente para a implantação dos corpos da Educação Física e a casa do reitor (que mais tarde acolheu as instalações da Mocidade Portuguesa), e para os recreios e campos de jogos exteriores, respectivamente. A entrada principal localiza-se na esquina formada pelas fachadas norte e poente, em contacto directo com a rua. A entrada para o corpo principal é efectuada através de um volume cilíndrico, localizado na sua esquina noroeste, que acolhe no seu interior, para além do átrio de entrada no piso térreo, a biblioteca no piso 1, um laboratório no piso 2, e, no contacto com o pátio interior, as escadas de acesso a todos os pisos. Os espaços de circulação e distribuição orientam-se a Sul e Poente, permitindo que, em ambos os pisos8, as salas de aula normais se orientem a Nascente, e que os laboratórios, anfiteatros, sala de línguas, sala de desenho e oficinas de trabalhos manuais se orientem a Norte. É o espaço da sala de aula que constitui o módulo base da composição do corpo principal, estabelecendo a métrica de 10,30m para estruturar internamente os espaços e desenhar as fachadas. O corpo de Educação Física segue o mesmo princípio observado nos liceus de Beja, de Lamego e D. Filipa de Lencastre: volume autónomo cuja ligação ao corpo principal é realizada através de uma galeria coberta envidraçada que se prolonga para o interior do corpo do ginásio em todo o seu perímetro, de acesso à piscina e balneários. A importância deste corpo é enfatizada ao estabelecer contacto directo 8 Em 1938, o MOPC aprova o programa de novas construções, ampliações e melhoramentos dos edifícios liceu, no chamado Plano de 38, promulgando a ampliação do Liceu de D. João III “para liceu de 23 turmas, pela construção de um piso em dois corpos do edifício [as alas sul e poente] e respectivo mobiliário”.

com a rua através de uma entrada autónoma, colocada a Sul do conjunto. Este átrio de entrada é marcado por dois volumes cilíndricos envidraçados e simétricos, correspondentes às caixas de escadas de acesso à galeria do piso 1 do ginásio e à cobertura do corpo onde se localizaria um campo de ténis, nunca construído.


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Liceu de Latino Coelho, Lamego

Liceu de Latino Coelho (1930-36), Lamego. Arquitecto Cottinelli Telmo A construção do projecto vencedor do Concurso para a Elaboração do Projecto do Edifício Destinado à Instalação do Liceu Nacional Latino Coelho, denominado Quivis Unus, inicia-se em Setembro de 1931 e é concluída em Dezembro de 1936. O liceu é inaugurado em Janeiro de 1937. O lote de terreno destinado à sua construção, disponibilizado pela Câmara, situava-se no limite urbano da cidade de Lamego, onde decorria usualmente a feira local. O projecto previu a demolição do antigo Convento das Chagas, construindo no seu lugar um edifício de raiz. O terreno acompanha a inclinação da Avenida das Acácias, de ligação ao centro de Lamego, e é limitado a Sul pela Igreja da Misericórdia, preservada no projecto, e pela estrada que segue na direcção Norte. Segundo Cottinelli Telmo9, o princípio que presidiu à organização do liceu estabelecia que o edifício principal, destinado aos espaços lectivos, respeitasse o alinhamento com a Avenida das Acácias, orientando os espaços das salas de aula para Nascente e para a “magnífica muralha de verdura” aí existente. A partir do corpo principal, que contacta directamente com a avenida, acede-se ao corpo da Educação Física, recuado no terreno, através de uma galeria coberta existente a partir do átrio do liceu. O isolamento deste bloco permite o seu acesso autónomo através dos campos de jogos, assegurando o cumprimento dos requisitos do programa de concurso.

9 Telmo, Cottinelli, “Memória descritiva e justificativa do projecto para o Liceu Nacional de Latino Coelho em Lamego” Divisa: Quivis Unus, 1930


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Liceu de Latino Coelho, Lamego

Entre os dois corpos paralelos surgem os pátios exteriores de recreio. Os volumes de remate do corpo principal prolongam-se para o interior do terreno, acolhendo no piso térreo os recreios cobertos, limitados por pilares revestidos a pedra. No corpo principal, com três pisos, localizam-se: no piso térreo, os serviços gerais; no piso 1, o ensino das Ciências e, no piso 2, o ensino das Humanidades. O piso térreo estabelece-se ao nível médio da avenida, com acesso através de uma única entrada central, colocada entre os dois corpos salientes da fachada principal do edifício. As salas nos diversos pisos estão orientadas a Nascente, orientando-se o corredor de acesso aos diversos espaços a Poente, garantindo deste modo as Condições Especiais. No topo sul do corpo principal localizam-se os espaços especiais: biblioteca, laboratório de Física e sala de desenho. A definição de um eixo perpendicular, construído a partir do vestíbulo principal, a que se acede a partir da entrada do liceu, para além de conduzir ao corpo da Educação Física, estabelece a ligação por escadas aos pisos superiores. O corpo das oficinas – que por sugestão do programa deveriam constituir “um edifício separado, ou parte distinta de edifício” – ocupa um volume isolado, de um só piso, e comunica com o edifício principal através de uma galeria coberta, que se define a partir do prolongamento do corredor interior daquele corpo. A casa do reitor implanta-se na parte mais alta do terreno, a Norte do volume das oficinas, dominando o conjunto das instalações.


Os espaços da Educação Física organizam-se num corpo central, onde se

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localiza o refeitório, o aquário e o vestiário e os acessos ao piso superior, onde se dispõem a sala de canto coral e a galeria do ginásio. A Norte deste corpo central associa-se o corpo do ginásio e, a Sul, o corpo da piscina (transformado em campo de jogos) com os balneários. A fachada principal contrasta com o desenho do restante conjunto; o seu desenho abandona os princípios formais do Movimento Moderno, no sentido de

Liceu de Latino Coelho, Lamego

dar ao edifício um ‘ar de Lamego’, conforme afirma o autor na memória descritiva do projecto. Esta opção é visível no desenho da porta principal, nos beirados, cunhais e embasamento de pedra importados da construção tradicional e na recusa da cobertura em terraço, substituindo-a por telhados inclinados. A sua concepção afirma uma monumentalidade na relação que estabelece com a envolvente urbana. Em contraste com a fachada principal, Cottinelli Telmo refere a simplicidade e funcionalidade na concepção do restante conjunto, respondendo às exigências higienistas e de economia da solução, nas fachadas lisas onde se abrem os vãos, que garantem a luminosidade dos corredores, ginásio e piscina e nos pavimentos de mosaico e lambris de azulejo. Construtivamente, também as opções se afastam da concepção dos restantes edifícios liceu. A memória descritiva do projecto refere que o betão é utilizado em lajes de pavimento, escadas principais e coberturas das galerias; as vigas e nervuras de suporte, aparentes, apoiam em paredes-mestras de tradicional alvenaria ordinária de granito e em pilares de granito aparelhado, rejeitando a cobertura em terraço10.

10 Martins, João Paulo; Cottinelli Telmo 1897-1948, a obra do arquitecto, volume I. Dissertação de Mestrado em História da Arte Contemporânea, Lisboa, Universidade Nova de Lisboa/Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, 1995, p. 163.


1.3.


Plano de 38



1.3. Plano de 38

O

denominado Plano de 38 foi aprovado por Decreto-Lei que autorizou a implementação do Programa de construções, ampliações e melhoramentos de edifícios liceais, e a organização dos respectivos cadernos de encargos e programas de trabalhos, sob responsabilidade da Junta das Construções para o Ensino Técnico e Secundário (JCETS – Ministério das Obras Públicas e

Comunicações). que centralizava a produção dos edifícios e assegurava a realização dos princípios pretendidos. Pretendia-se retomar a iniciativa de 1928, cujas verbas se tinham esgotado em 1937, e ampliar a acção da JCETS, agora também responsável pela concepção dos edifícios liceu, bem como da organização de todo o processo de projecto relativo à sua construção. Ao centralizar a elaboração dos projectos de edifícios liceu na JCETS, este plano terminou praticamente com a colaboração de arquitectos exteriores à Junta na concepção de edifícios liceu, o que se traduziu numa uniformização dos projectos apresentados. O Plano de 38 constitui o primeiro plano estruturado de construção e melhoria das instalações liceais, revestindo-se assim de uma importância histórica para a construção de edifícios liceu em Portugal. Concluído em 1952, sofreu sucessivas alterações e adiamentos, provocados pela escassez de recursos e transportes em algumas regiões do País, pelo aumento dos preços da construção que se verificou após 1939, prolongando-se durante a II Grande Guerra, e pela demora na escolha, aquisição e urbanização dos terrenos. Da equipa de arquitectos da JCETS, que assegurou a elaboração da quase totalidade dos projectos construídos, faziam parte José Costa e Silva, José Sobral Blanco, António José Pedroso e Francisco Costa Assis. Exceptuam-se os projectos do Liceu de D. Filipa de Lencastre, em Lisboa do arquitecto Jorge Segurado, e do Liceu de Gonçalo Velho, em Viana do Castelo, do arquitecto Januário Godinho. Também os primeiros projectos do Liceu de D. João de Castro, do arquitecto Cottinelli Telmo, do Liceu de Carolina Michaelis, do arquitecto Januário Godinho, do Liceu de Infanta D. Maria, dos arquitecto Marques da Silva (1º projecto) e Manuel Fernandes de Sá (2º projecto), e do Liceu de Gil Vicente, dos arquitectos Rebello de Andrade, foram atribuídos a arquitectos exteriores à JCETS e, posteriormente, entregues à equipa de arquitectura daquela entidade. Numa primeira fase, o programa de trabalhos incluía, para além dos edifícios liceu que iriam ser objecto de ampliações e melhoramentos, uma lista

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Liceu de Gonçalo Velho, Viana do Castelo

Liceu de Gonçalo Velho, Viana do Castelo

de dez novos liceus a edificar nas seguintes localidades: Castelo Branco (Liceu de Nuno Álvares, misto), Chaves (não construído), Coimbra (Liceu de Infanta D. Maria, feminino), Faro (Liceu de João de Deus), Lisboa (Liceu de D. João de Castro, misto; e Liceu de Gil Vicente, masculino), Porto (Liceu de Carolina Michaelis, feminino), Santarém (Liceu de Sá da Bandeira, misto), Viana do Castelo (Liceu de Gonçalo Velho, misto) e Viseu (Liceu de Alves Martins, misto). O plano relançou as obras dos Liceus Maria Amália Vaz de Carvalho, em Lisboa, e Alexandre Herculano, no Porto, e a reconversão da escola primária do Bairro do Arco Cego, em Lisboa, para acolher o Liceu de D. Filipa de Lencastre, com projecto do arquitecto Jorge Segurado. O programa inicial foi alterado com o abandono da construção do Liceu de Chaves, que veio a ocupar as instalações, adaptadas e melhoradas, de um convento da cidade. Em 1944 e 1945, foi decidida a construção de mais quatro novos edifícios liceu (Liceu de Bocage em Setúbal; Liceu de José Estêvão em Aveiro; Liceu de Sebastião e Silva em Oeiras; e Liceu de Eça de Queiroz na Póvoa do Varzim). O estudo dos edifícios liceu construídos no âmbito deste plano permite identificar a presença de um conjunto de características que se revelam comuns à globalidade das propostas e incidem sobre a organização e distribuição dos diversos grupos de serviços – que reflectem o modelo proposto no Programa Geral –, a resolução tipológica dos espaços, os princípios de concepção e composição, e a relação estabelecida com a envolvente urbana. A análise e caracterização dos


edifícios que se apresenta é, assim, pela semelhança das propostas, referenciada à

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sua totalidade, em substituição da eleição de um ou outro edifício liceu. Em 1941, o primeiro Relatório dos Trabalhos Realizados, 1940, elaborado pela JCETS, apresenta o Programa Geral para a Elaboração dos Projectos dos Liceus. Este Programa reflecte a representação espacial da organização curricular do ensino liceal, estabelecendo a natureza e características dos vários serviços de um liceu e uma concepção dos edifícios liceu que deveria garantir a separação dos sexos, nos

Liceu de José Estêvão, Aveiro

liceus mistos, e a separação dos ciclos, em todos os liceus. Para cada um dos grupos de serviços: administrativos, escolares, especiais, de educação física, comunicações e diversos, são estabelecidas as dependências que os constituem1, dando-se referências quanto à sua posição relativa, suas funções, dimensões, materiais a empregar, iluminação e exposição solar, e acessibilidade. Os edifícios liceu desenvolvem-se em dois pisos, eventualmente três, quando as condições topográficas do terreno de implantação assim o exigem. Em termos programáticos, os espaços relativos aos serviços escolares encontram-se divididos em dois grandes grupos, correspondentes ao 1º ciclo2, e 2º e 3º ciclos3; com acesso independente para cada um deles a partir do átrio de entrada. O cumprimento deste requisito reflecte, em termos compositivos, a opção pela simetria dos espaços em relação ao átrio de entrada, em muitas das soluções apresentadas4.

Liceu de Carolina Michaelis, Porto

1 Grupo dos Serviços Administrativos – secretaria, reitoria, direcção dos ciclos e instalações sanitárias; Grupo de Serviços Escolares – aulas normais, salas de desenho, sala de trabalhos normais, sala de lavores, anfiteatros, laboratório de Química, laboratório de Física, sala de ciências geográfico-naturais, depósito de material, recreios cobertos, recreios ao ar livre e instalações sanitárias dos alunos; Grupo de Serviços Especiais – vestiários, museu, biblioteca, instalações dos professores, instalações das alunas; médico escolar, refeitório, canto coral, mocidade portuguesa e actividades circum-escolares (retirado do programa em 1943); Grupo de Serviços de Educação Física – ginásio/sala de festas, vestiário de ginástica, balneário; Serviços de Comunicações – corredores, escadas e átrio de entrada; Diversos – arrecadações gerais, abastecimento de água, iluminação eléctrica, sinalização eléctrica e telefones, aquecimento, campo de jogos e posto meteorológico. (MOPC/ /JCETS, 1941) 2 1º ciclo – sala de aula normal, sala de desenho, sala de trabalhos manuais, anfiteatro, recreio coberto e recreio ao ar livre. 3 2º e 3º ciclo – sala de aula normal, laboratórios, anfiteatro, sala de ciências geográfico-naturais, recreio coberto e recreio ao ar livre. 4 De composição assimétrica refere-se o Liceu de Gonçalo Velho de Viana do Castelo, do arquitecto Januário Godinho, e o Liceu de Gil Vicente, em Lisboa, do arquitecto José Costa e Silva.


Envolvendo o átrio de entrada localizam-se todos os espaços relativos ao

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grupo do serviço administrativo, reservando-lhes um lugar central no edifício. Os serviços especiais (biblioteca, museu e sala de professores) situam-se, na maioria das soluções, no primeiro piso, sobre o átrio, ocupando uma localização central no edifício, que permite o fácil acesso a todos os ciclos de ensino. É a partir do átrio que todo o edifício liceu se organiza e é a partir deste Liceu de Alves Martins, Viseu

espaço que se acede aos diversos espaços do grupo de serviços escolares. A distribuição e o acesso às salas de aula normais e especiais são assegurados pelo corredor lateral, iluminado naturalmente, que estrutura espacialmente o edifício. Todos os projectos desenvolvidos no âmbito do Plano de 38 apresentam a mesma tipologia linear, assente no corredor de distribuição, situando-se os acessos verticais (escadas) nos seus topos e pontos de intersecção dos corpos com direcções perpendiculares. A adopção desta tipologia está implícita no Programa Base, que atribui ao espaço do corredor a função de “estabelecer a fácil comunicação das diversas dependências” e determina a sua largura mínima de 2,50m5. A exigência do ensino em classe reflecte-se na organização espacial dos edifícios liceu através da existência de uma sala de aula para cada classe, facto que define a capacidade do liceu em termos do número de turmas. Mais uma vez, a sala de aula surge como a unidade organizadora do espaço do edifício. Os requisitos apresentados no Programa Base reflectem uma organização tradicional,

Liceu de Alves Martins, Viseu

5 JCETS; “Programa Geral para a Elaboração dos Projectos dos Liceus” in Relatório dos Trabalhos Realizados, 1940. Lisboa, Ministério das Obras Públicas e Comunicações, 1941, p. 72. 6 Sobre os projectos destes liceus consultar a revista A Arquitectura Portuguesa e Cerâmica e Edificação Reunidas, nº 75, Junho 1941; nº 89, Agosto 1942 e nº 116, Novembro 1944.


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Liceu de Infanta D. Maria, Coimbra

cumprida na totalidade dos projectos dos edifícios liceu: espaço rectangular (6x9m, pé-direito de 4m); iluminação unilateral e segundo a maior dimensão da sala, assegurada por janelas localizadas a 1,20m acima do pavimento e cuja superfície deve corresponder a entre 1/5 a 1/6 da superfície do pavimento. Os espaços lectivos são distribuídos ao longo de um corredor, orientando as salas de aula normais e laboratórios preferencialmente para Sul e as salas de desenho e de trabalhos manuais para Norte6. Na grande maioria dos edifícios liceu, o grupo de Educação Física7 assume uma posição axial em relação ao átrio de entrada. Na relação que este corpo estabelece com os restantes espaços, observam-se duas situações distintas: o seu acesso é realizado ou a partir do átrio, encontrando-se o corpo da Educação Física em contacto directo com este espaço (Liceu de Nuno Álvares, Liceu de Castelo Branco; Liceu de Alves Martins, Viseu), ou através dos corredores das salas de aula, encerrando deste modo o circuito de circulação e desenhando um pátio interior (Liceu de Sá da Bandeira, Santarém; Liceu de João de Deus, Faro; Liceu de Carolina Michaelis, Porto; Liceu de Eça de Queiroz, Póvoa do Varzim). Esta axialidade assegura igual acessibilidade para todos os ciclos. Em qualquer dos casos, o corpo da Educação Física destaca-se de toda a composição, em conjunto com o corpo da entrada, procurando uma autonomia a nível da sua volumetria, reforçada pela maior liberdade na abertura de vãos que iluminam o

7 Associado a este bloco da Educação Física surgem os espaços do refeitório, da sala de canto coral e a sala da Mocidade Portuguesa.


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Liceu de Sá da Bandeira, Santarém

Liceu de Sá da Bandeira, Santarém

interior do ginásio. Esta autonomia permite a existência de uma entrada independente para este espaço, exigida pelo Programa Base, e o contacto directo com o exterior, para os campos de jogos. Observam-se, no entanto, alguns projectos em que esta axialidade não existe e o corpo de Educação Física ocupa uma posição assimétrica no conjunto dos espaços, no topo de uma das alas de salas de aula – Liceu de D. João de Castro e Liceu de Gil Vicente, em Lisboa; Liceu de Gonçalo Velho, em Viana do Castelo; e Liceu de Bocage, em Setúbal. Embora diferenciado do restante conjunto, o espaço do ginásio perde o protagonismo que lhe havia sido atribuído, abandonando a sua centralidade no conjunto dos espaços lectivos. Também a qualificação do espaço interno do ginásio é comprometida, em particular no que diz respeito ao tratamento dos vãos, que em soluções anteriores adquiriam um protagonismo na fachada principal (Liceu Pedro Nunes) ou testavam novos tipos de iluminação (Liceu de Filipa de Lencastre); ou, ainda, na supressão da galeria suspensa. Este elemento, que ainda surge nos primeiros projectos do Plano, é abandonado na reformulação do Programa Base no Relatório dos Trabalhos Realizados, 1943, empobrecendo a solução espacial dos ginásios construídos a partir desta data. Em complemento com os espaços interiores destinados à prática de Educação Física são também previstos espaços exteriores destinados a campo de jogos,


cuja área deve permitir a realização de “exercícios atléticos de corridas, saltos,

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ginástica em esplanada e jogos colectivos do tipo basquetebol e andebol”. A organização do espaço exterior, localizado no interior do recinto murado, diferencia zonas de circulação, ajardinadas e de recreios, dos espaços para a prática de Educação Física. A elaboração de um Programa Base, que explicitou todas as exigências e características espaciais a que a solução arquitectónica deveria responder, uniformizou a organização e disposição do programa nos edifícios liceu; embora

Liceu de D. João de Castro, Lisboa

não sujeitos a um projecto-tipo, a sua concepção manifestou uma uniformização na linguagem arquitectónica e urbanística, servindo os ideais historicistas e o carácter representativo pretendidos pelo Estado Novo. A arquitectura produzida no período entre 1938 e 1948 reflecte estes ideais e aposta na busca de uma arquitectura de valores tradicionais e nacionalistas pela via regionalista ou, noutra vertente, segundo Teotónio Pereira8, procura “expressar o poder do Estado e incutir nos cidadãos os valores da autoridade e da ordem” pela via monumental. Os edifícios liceu produzidos no âmbito deste Programa apresentam um modelo misto de cariz monumentalista com recurso ao vocabulário histórico e nacionalista, de acordo com o mesmo autor. A sua concepção apresenta um edifício de dois pisos, de composição simétrica, com cobertura inclinada em telha, e com cunhais, cornijas e molduras revestidos a pedra. A fachada principal, revestida a pedra e rematada com frontões, apresenta

Liceu de D. João de Castro, Lisboa

8 Pereira, Nuno Teotónio; “A Arquitectura do Estado Novo de 1926 a 1959”, in Estado Novo - das origens ao fim da autarcia. 1926-1959, Lisboa, Fragmentos, 1987, pp.328.


socos e pilastras também de pedra encimadas, por vezes, com pináculos. Esta

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linguagem incorpora, porém, uma estrutura portante em betão armado integrada internamente na construção, completamente revestida por elementos em pedra e rebocos. Abandonam-se os volumes puros e geométricos, que assumem a estrutura portante, consagrados nos edifícios liceu nos anos 30. A realização do Plano de 38 envolveu também uma grande preocupação com Liceu de Gil Vicente, Lisboa

as questões de ordem urbana e de implantação na cidade, exigindo uma coordenação com os diferentes municípios onde se iriam localizar. Com efeito, os edifícios liceu contemplados neste Plano vieram a inserir-se nas novas áreas de crescimento das cidades9, reguladas pela obrigatoriedade do Plano de Urbanização contemplado no Decreto nº 24 802, de 21 de Dezembro de 1934. As suas localizações caracterizaram-se pelas posições urbanísticas privilegiadas que assumiram nos planos de urbanização, valorizados pela obrigatoriedade de uma definição de área envolvente de protecção prevista na lei, destinada, aliás, a todos os edifícios públicos. “O modelo nacionalista de raiz historicista dos liceus”, em conjunto com a sua posição central no plano e no terreno, associada a uma simetria da sua composição; o alinhamento da entrada do edifício com a avenida principal do plano; a sua elevação em relação à cota da rua de acesso, vencida através de amplas escadarias; o seu recuo e a delimitação do terreno através de gradeamentos, inserem o edifício liceu numa concepção “monumentalista”10.

Liceu de Gil Vicente, Lisboa

9 Exceptua-se o Liceu de Gil Vicente, localizado na zona histórica da cidade de Lisboa, devido à ausência de terrenos livres na sua área de influência. 10 Marques, Fernando Moreira; Os Liceus do Estado Novo. Arquitectura, Currículo e Poder. Dissertação apresentada para obtenção do grau de Mestre em Ciências da Educação, Lisboa, Universidade de Lisboa/Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, 1999, p. 248.


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Liceu de Oeiras, Oeiras

Liceu de Oeiras, Oeiras

Reforçando o sentido simbólico atribuído ao edifício liceu, Nóvoa11 salienta ainda a sua importância para a identidade do local onde se insere: “Para além das suas funções internas, os liceus marcam simbolicamente um determinado território, delimitado por um espaço circundante que define uma zona de separação, e desempenham um papel muito importante na renovação urbanística com a abertura de novas avenidas e zonas de expansão das vilas e cidades. Este aspecto é central para compreender a importância social dos liceus e a forma como eles se inscrevem numa memória local e regional”.

11 Nóvoa, António, Barroso, João e Ramos do Ó, Jorge; ”O todo poderoso Império do Meio” in Nóvoa, António e Santa-Clara, Ana Teresa (coord.), ”Liceus de Portugal”, Histórias, Arquivos, Memórias. Porto, Edições ASA, Outubro 2003, p. 66.


1.4.


Plano de 58



1.4. Plano de 58

N

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o final da década de 50 e em consequência do aumento da população escolar, o Estado lança um novo plano para a construção de edifícios liceu a implantar por todo o território português. Os projectos contemplados no Plano de 58, aprovado pelo Decreto-Lei nº 41 572, de 28 de Março de 1958, foram na sua

grande maioria desenvolvidos pela JCETS, constituindo excepção os liceus de Guimarães (1957-60), da autoria do arquitecto Luís Benavente, de Padre António Vieira (1958-65), em Lisboa, do arquitecto Ruy d’Athouguia, e da Guarda (1960-69), do arquitecto António Maria Veloso Gomes. A equipa de arquitectos que assegurou a realização dos projectos de arquitectura é reforçada com a entrada dos arquitectos Augusto Brandão e Maria do Carmo Matos, cuja intervenção no desenvolvimento dos edifícios escolares irá revelar-se determinante, por via da concepção dos estudos normalizados e projectos-tipo desenvolvidos com base na experiência adquirida no âmbito do Plano Regional do Mediterrâneo. Durante a década de 60, foram desenvolvidos o 1º Projecto Normalizado, destinado a escolas industriais e comerciais (1960); o 2º Projecto Normalizado, destinado aos liceus de Cascais e de Vila Nova de Gaia (1964); o 3º Projecto Normalizado, destinado a escolas industriais e comerciais (1964); o 4º Projecto Normalizado, destinado aos liceus de D. Pedro V e de Garcia da Orta (1966); o Estudo Normalizado aplicado à Escola Preparatória do Ensino Secundário (1968); e o Estudo Normalizado dos Liceus-tipo (1968). Os princípios desenvolvidos no 1º Estudo de Normalização encontravam-se já presentes no projecto do Liceu de Rainha D. Leonor (1958), indiciando que este projecto constitui um primeiro teste para as soluções apontadas e a aplicar nas escolas industriais e comerciais. A exigência de um espaço colectivo, onde possa decorrer a vida comunitária da escola e a incompatibilidade das funções de ginásio e de salão de festas no mesmo espaço estão na base do desenvolvimento do 2º Estudo de Normalização, em 1964, a ser testado em dois edifícios liceais – Liceu Nacional de Cascais e Liceu de Vila Nova de Gaia. Propõe-se uma nova organização dos espaços funcionais em diferentes blocos, unidos por galerias de comunicação, em que o bloco central acolhe a sala polivalente e os espaços comunitários, e os restantes blocos se organizam em torno de pátios interiores. Este estudo é


também desenvolvido para escolas industriais e comerciais, constituindo o 3º

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Estudo de Normalização, que se diferencia do 2º Estudo pela alteração no programa dos núcleos de salas de aula1. Em 1966, é ainda desenvolvido o 4º Estudo de Normalização destinado aos liceus de D. Pedro V, em Lisboa, e de Garcia da Orta, no Porto, onde se aplicam os mesmos princípios do 2º Estudo mas adoptando uma nova solução estrutural. O Plano de 58 contemplou a construção de dezasseis novos edifícios liceu, cuja construção deveria estar concluída num prazo de oito anos: Liceu Feminino de Santa Isabel e Liceu de Garcia da Orta, no Porto; Liceu de Rainha D. Leonor, Liceu Masculino de Padre António Vieira e Liceu Misto de D. Pedro V, em Lisboa; Liceu de Martins Sarmento, em Guimarães; Liceu Feminino de Évora; Liceu de D. Duarte, em Coimbra; Liceu de Heitor Pinto, na Covilhã; Liceu de Infante de Sagres, em Portimão; Liceu de Bissaia Barreto, na Figueira da Foz; Liceu Feminino de D. Maria II, em Braga; Liceu de Emídio Garcia, em Bragança; Liceu de Afonso de Albuquerque, na Guarda; e Liceu Feminino de Viseu. Posteriormente, este plano foi alargado, prevendo a construção de mais três liceus: Liceu Nacional de Angra do Heroísmo, Liceu Nacional de Cascais e Liceu de Vila Nova de Gaia. A execução do Plano de 58 iniciou-se com a construção do Liceu de Guimarães, em Outubro de 1958, e a sua concretização ultrapassou o prazo inicialmente previsto, terminando a construção dos últimos edifícios em 1969. Do Plano de 58 salientam-se os seguintes projectos: o Liceu de Rainha D. Leonor, em Lisboa, na aplicação de princípios de concepção que se afastavam dos aplicados no Plano de 38 e que são afirmados no 1º Estudo de Normalização; o Liceu de Padre António Vieira, na concepção de um edifício liceu marcado pelos princípios do Movimento Moderno; o Liceu da Guarda, pela introdução de um novo espaço funcional destinado a recreio de Inverno; os liceus de Cascais e de Vila Nova de Gaia (2º Estudo de Normalização) e os liceus de D. Pedro V e de Garcia da Orta (4º Estudo de Normalização), na proposta de uma nova tipologia. A elaboração destes projectos regeu-se pelas disposições do Programa Geral para a Elaboração dos Projectos dos Liceus (1941) construídos no âmbito do Plano de 38, contemplando os mesmos grupos de serviços. Salienta a defesa de uma tipologia linear assente na organização dos espaços lectivos ao longo de um corredor central, ou corredor lateral para as salas destinadas ao ensino teórico, opção considerada economicamente mais favorável. Também justificada por motivos de ordem económica e técnica, afirma-se a preferência atribuída à 1 Este estudo foi aplicado às Escola Industrial e Comercial de Évora e de Espinho.

cobertura de telhado, com o tecto do último piso em betão armado, permitindo o aproveitamento do desvão.


O Estudo de Composição dos vários Tipos de Liceus enumera os espaços

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necessários para os diferentes tipos de liceus (liceus para 24, 20, 16 e 9 turmas), considerando que a quantidade de salas de aula normais é calculada em função do número de turmas, e que as restantes dependências lectivas servem várias turmas, tornando-se necessário um estudo do seu aproveitamento. Com o progressivo aumento da população escolar, a construção dos horários obrigou à introdução de turnos, de manhã e à tarde, mantendo, no entanto, a exclusividade

Liceu de Rainha D. Leonor, Lisboa

da sala de aula para uma determinada turma. Liceu de Rainha D. Leonor, Lisboa (1957-61). JCETS, Arq. Augusto Brandão Segundo a memória descritiva do primeiro projecto realizado no âmbito do Plano de 58, a concepção destes edifícios liceu procura agora “traduzir o seu funcionamento e obter, no aspecto estético geral, um sabor sóbrio e moderno que acompanhasse as tendências mais discretas e lógicas das novas realizações arquitectónicas nacionais”2 que perdem o carácter monumental ao gosto do Estado Novo. A concepção deste edifício liceu assentou em dois princípios fundamentais: a autonomia dos espaços lectivos e dos espaços ginásio-refeitório, dispostos em dois corpos funcionais autónomos, e a adopção de uma estrutura reticulada de betão armado (pilar-viga), cuja métrica estrutural irá imprimir ao conjunto um ritmo modulado, baseado na dimensão da sala de aula.

Liceu de Rainha D. Leonor, Lisboa

2 Brandão, Augusto; Anteprojecto do Liceu Rainha D. Leonor. Lisboa, Ministério das Obras Públicas/JCETS, 1957.


Os estudos desenvolvidos para a solução estrutural têm como objectivo a

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normalização dos seus elementos e a diminuição dos custos de construção. A métrica estrutural é definida pela divisão do espaço da sala de aula em duas partes iguais (4,15m) e é utilizada a subdivisão desta dimensão (2,075m) para a normalização dos caixilhos exteriores das fachadas. O Liceu de Rainha D. Leonor ocupa um lote de terreno que confina com as Liceu de Padre António Vieira, Lisboa

actuais instalações do INATEL, desenvolvendo-se o corpo lectivo ao longo da Rua Maria Amália Vaz de Carvalho, e o corpo de ginásio ao longo da Rua António Ramalho. O bloco lectivo implanta-se na cota mais elevada do terreno; o acesso a partir da rua é realizado através de uma ampla escadaria. Os recreios são limitados a Sul pelas instalações do INATEL. O Liceu de Rainha D. Leonor distribui o programa de espaços por dois corpos perpendiculares entre si, ligados por um recreio coberto. O corpo lectivo, com três pisos, é dividido por um núcleo central de acessos e vestíbulo de passagem, que separa e isola os dois núcleos de aulas destinados aos diferentes ciclos. A organização dos espaços do ginásio, refeitório e sala de canto coral num corpo autónomo segue, ainda, as soluções já apresentadas tanto na resolução dos liceus do Plano de 38, como as das escolas técnicas. Liceu de Padre António Vieira, Lisboa (1958-65). Arquitecto Ruy d’Athouguia A construção do Liceu de Padre António Vieira, integrado no Plano de Urbanização de Alvalade em Lisboa, inicia-se em Fevereiro de 1962 e é concluída em Outubro de 1965. O liceu é inaugurado em Junho de 1967. À semelhança dos dois edifícios escolares projectados por Ruy d’Athouguia durante a década de 50, para o mesmo plano – Escola do Bairro de S. Miguel (1949-54) e Escola Teixeira de Pascoaes (1956) – também este Liceu reflecte na sua concepção os princípios modernos reconhecidos no I Congresso Nacional de Arquitectura de 1948. Destaca-se, no campo dos edifícios liceu produzidos em Portugal, como o liceu moderno, ancorado em três ideias-base. Em primeiro lugar, a correspondência entre volumes e valências funcionais, na autonomia e articulação destes volumes e na sua disposição segundo os princípios da Carta de Atenas – o edifício abandona a posição que detinha na cidade tradicional, determinada pela orientação dos traçados, para se isolar num espaço livre, orientado segundo a exposição solar mais favorável. Em segundo, a concepção da planta e a composição da fachada determinadas a partir da repetição de um módulo (a sala de aula), associadas a uma ideia de normalização e de igualdade requerida pela função social da


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Liceu de Padre António Vieira, Lisboa

arquitectura, reclamada no Congresso de 48. Por último, a construção e materialidade que retira partido da expressão natural dos materiais como o betão e o tijolo à vista. Algumas das soluções funcionais inovadoras introduzidas neste projecto virão a estar presentes na arquitectura liceal dos anos 60. A exigência de um espaço colectivo de encontro para a população escolar encontra aqui a sua primeira concretização. O autor reinterpreta o espaço do átrio da escola, atribuindo-lhe uma centralidade e dimensão que o converte no espaço de encontro e convívio social da escola. O espaço do ginásio perde a sua outra função de salão de festas, destinando-se exclusivamente à prática desportiva (incorporando, no entanto, a sala de canto coral). Neste sentido, é suprimido o palco elevado e os espaços destinados ao refeitório/cozinha são desagregados deste corpo. Os espaços de refeição, acessíveis a partir do átrio de entrada, são valorizados pela maior autonomia que adquirem e pela relação que estabelecem com a envolvente, permitindo o seu prolongamento para o exterior. De toda a composição espacial e volumétrica, destaca-se o modo inovador como Athouguia estabelece a ligação vertical entre o corpo do átrio e o corpo das salas de aula, através de uma ampla rampa (2,5m de largura), assumida como elemento privilegiado na ligação entre pisos, numa clara referência a Le Corbusier. Exteriormente, um volume autónomo e de geometria pura caracteriza este novo elemento. As suas dimensões interiores, as pequenas aberturas quadradas ao longo


da rampa, e as entradas de luz verticais e horizontais, na intersecção dos planos

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verticais, e destes com a laje horizontal da cobertura, também contribuem para qualificar a espacialidade interior deste percurso.3 As circulações verticais interiores são também garantidas por um volume semicilíndrico na fachada norte do corpo das salas de aula, que acolhe o núcleo de escadas de ligação entre todos os pisos e os recreios. Construtivamente, os corpos que constituem o edifício do liceu apresentam distintas soluções. O corpo de um só piso é construído por uma estrutura de pilar-viga em betão armado que suporta a cobertura, preenchida com alvenaria de tijolo em panos duplos ou simples, de acordo com a espessura e função no conjunto. Estruturalmente o corpo de aulas é constituído por lajes que vencem vãos correspondentes às dimensões das salas de aula (8,10x7,80m), permitindo a eliminação das vigas aparentes nos tectos. Estas lajes estão suportadas pelas travessas dos pórticos, que constituem os elementos principais da estrutura resistente deste corpo, travados longitudinalmente por vigas localizadas nos planos de fachadas principal e posterior. Esta opção estrutural, apoiada numa rígida modulação, constitui a base de desenho de todo o corpo lectivo. Localizado numa das células habitacionais do Bairro de Alvalade, o edifício implanta-se no lote, recuado relativamente aos arruamentos envolventes, permitindo que o arranjo paisagístico “liberte o edifício do Liceu da proximidade de construções que o afrontam”4. A topografia do terreno de implantação, com um desnível de 14m para Sul, determinou a implantação dos diferentes corpos a Norte e em contacto com a zona verde aí existente, proposta no Plano de Urbanização de Alvalade. O traçado dos arruamentos de acesso, a configuração e orientação do terreno motivou a implantação em ‘H’ dos diferentes volumes que compõem o edifício liceu. O programa do edifício distribui-se por três blocos volumetricamente autónomos, que contactam entre si directamente: o corpo das salas de aula, localizado na maior dimensão do terreno é favoravelmente orientado a Sul; o corpo da entrada principal localizado no topo do arruamento, colocando-o em evidência e assegurando uma “perspectiva com o interesse e dignidade necessária”; e o corpo da Educação Física localizado a Norte do terreno. No piso térreo do corpo das salas de aula localizam-se os recreios cobertos, um para cada ciclo, e as instalações sanitárias; no piso 1, as diferentes salas de aula 3 Tostões, Ana; Cultura e Tecnologia na Arquitectura Moderna Portuguesa. Dissertação para a obtenção do grau de Doutor em Engenharia do Território, Lisboa, Universidade Técnica de Lisboa/ /Instituto Superior Técnico, Dezembro 2002.

destinadas ao 1º ciclo; no piso 2 as salas de aula especiais, os anfiteatros e os laboratórios; e no piso 3 as salas de aula normais. Os dois últimos pisos são destinados aos 2º e 3º ciclos. As salas de aula, orientadas a Sul, distribuem-se ao longo de um corredor lateral de circulação, orientado a Norte. Este corpo destaca-se do conjunto


pela volumetria e tratamento da fachada sul, ritmada pelo módulo da sala de aula, que

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assume um grande protagonismo em termos urbanos. A imagem exterior deste corpo é marcada pelos existência de estores metálicos, elementos difusores da luz, e de lajes horizontais protectoras dos envidraçados das salas de aulas, solução encontrada para a resolução dos problemas de iluminação e de protecção solar dos espaços interiores. No corpo da entrada localizam-se os serviços administrativos, refeitório e cozinha, para Norte; e as dependências mais movimentadas como a biblioteca, a sala

Liceu de Afonso de Albuquerque, Guarda

dos professores, o museu e vestiários, a Sul. Este corpo, de piso único, acolhe o átrio de entrada do liceu e diferencia-se do bloco das aulas pela horizontalidade da sua volumetria, pelo tratamento da luz e sombra dos seus volumes e pelo enquadramento dado pelos elementos vegetais. A implantação de um espelho de água em todo o seu comprimento, onde se localiza um motivo escultórico, constrói uma base a este corpo. No corpo da Educação Física localizam-se os ginásios, os balneários e a sala de canto coral. Os ginásios abrem para Sul e os campos de jogos localizam-se por detrás do corpo de entrada, abrigados dos ventos dominantes e das vistas da rua. Liceu da Guarda (1960-69). Arquitecto António Maria Veloso Gomes A proposta de um novo espaço de convívio e de encontro da população escolar, já proposta para o átrio do Liceu de Padre António Vieira, é aqui concretizada no espaço destinado a recreio de Inverno, que passará a constituir uma das

Liceu de Afonso de Albuquerque, Guarda

4 Athouguia, Ruy d’; “Memória Descritiva” in Anteprojecto para o Liceu Masculino de Alvalade, Novembro 1958.


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premissas de concepção dos projectos desenvolvidos no âmbito dos 2º e 4º estudos de normalização desenvolvidos pela JCETS. O recreio de Inverno foi justificado pelas condições adversas do clima que se fazem sentir na cidade ainda que a existência deste novo espaço não tenha dispensado a existência de zonas cobertas exteriores de abrigo para os alunos dos diferentes ciclos. Partindo do corpo principal, o liceu distribui os espaços lectivos por dois corpos paralelos de três pisos, em sentidos opostos, destinados aos diferentes ciclos. O prolongamento destes corpos, para além do corpo principal, acolhe a Nascente e Sul as dependências da administração, museu e biblioteca; e para Poente, o ginásio, refeitório/cozinha e sala de canto coral. O corpo principal, de ligação dos dois corpos paralelos, acolhe o recreio de Inverno. A centralidade deste espaço no conjunto dos espaços lectivos, a sua espacialidade, marcada pelo duplo pé-direito e pela galeria superior de ligação entre os dois corpos, e a transferência do palco para este espaço, transforma-o no núcleo central, espaço de encontro de toda a escola. Os projecto para os liceus de Cascais e de Vila Nova de Gaia (1964) e para os liceus de D. Pedro V, Lisboa e de Garcia de Orta, Porto (1966). Arquitecto Augusto Brandão Paralelamente ao trabalho realizado no âmbito do Projecto Regional do Mediterrâneo, e de acordo com as investigações aí realizadas, é desenvolvido, em

Liceu de Cascais


1964, pelo arquitecto Augusto Brandão, o 2º Estudo de Normalização para edifícios

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liceu que propõe, pela primeira vez, uma nova organização dos espaços lectivos assente na tipologia pavilhonar, para a construção do Liceu de Cascais e de Vila Nova de Gaia. Este projecto marcou uma nova etapa no conceito de liceu, tanto a nível arquitectónico e construtivo, quanto em termos funcionais e económicos. Preconiza-se um modelo de ensino-aprendizagem mais activo, assumindo a sala de aula um papel também activo neste processo, oferecendo uma maior flexibilidade. O estabelecimento de uma nova relação de proximidade e colaboração aluno-professor leva à substituição da planta rectangular pela quadrada, permitindo múltiplas disposições de alunos e mobiliário. É concebido um mobiliário leve e facilmente empilhável e são colocados dois quadros em paredes distintas, o que permite diversificar a metodologia de ensino. Neste sentido é também redefinida a função atribuída ao estrado para a secretária do professor, que agora se destina a ser utilizado pelos alunos, em situações de teatros, pequenos diálogos, etc. Para facilitar o trabalho, de grupo ou individual, dentro da sala de aula, desenharam-se expositores, prateleiras sob as janelas para arrumação e colocou-se um armário aberto para uma pequena biblioteca de consulta. O local de formação ultrapassa a sala de aula e estende-se às restantes áreas comuns dos liceus, promovendo espaços como a biblioteca e o museu ou as hortas-jardins pedagógicos e o aumento do número de laboratórios, em prejuízo do número de anfiteatros. A uma outra escala, procurou-se a criação de pequenos centros de interesse, que correspondem a agrupamento de espaços, destinados a diferentes currículos, que ao funcionarem na proximidade uns dos outros permitem o intercâmbio entre diferentes disciplinas e a separação de alunos de diferentes idades. O espaço escolar é dividido em grupos e cada grupo é disposto em redor de um pátio coberto, que funciona como espaço comum, central, de cada núcleo ou agrupamento de salas. Este pátio, com a altura total do bloco, de dois pisos, é ladeado por galerias de circulação de acesso às salas de aula; a sua posição central permite que seja utilizado como espaço expositivo, de reunião, de representação, entre outras utilizações. É introduzido no programa um novo espaço de acolhimento a todas as actividades sociais da escola, um espaço de encontro de toda a comunidade escolar – o núcleo central da escola. O corpo central, independente dos núcleos de salas mas em contacto directo com eles, acolhe as funções

Liceu de Cascais


administrativas e sociais da escola. A sua concepção prevê uma utilização

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polivalente. O amplo espaço vazio central pode funcionar como espaço de recreio, para a realização de trabalhos de grupo ou individuais, sessões colectivas de cinema, teatro, conferências, reuniões escolares, etc., e o refeitório é utilizado como sala de convívio fora das horas de refeição. Junto ao espaço central localiza-se uma zona destinada a exposições, leitura livre ou afixação de jornais de turma; e um espaço para museu localiza-se num volume autónomo mas aberto sobre o espaço polivalente. Próximo do espaço polivalente, mas num piso superior, localiza-se a biblioteca que contacta com a sala dos professores. Pretende-se também incentivar a participação das diferentes entidades na vida social escolar (peças de teatro, jornal escolar, exposições, etc.) e desenvolver um sentido de respeito pela escola. A complementaridade entre a escola e a comunidade envolvente transforma a escola num “centro cívico”. Fora do horário lectivo, são disponibilizados espaços e equipamentos: campos de jogos, ginásio, pavilhões gimnodesportivos, biblioteca, museus, espaços para reuniões, entre outros. A escola é encarada como um foco de expansão cultural, prolongando com estas actividades a sua influência formativa, o que se reflecte nas opções arquitectónicas do projecto. A organização do espaço escolar em blocos permite autonomizar, em termos de funcionamento, os núcleos das aulas do núcleo central. Com o objectivo de diminuir o custo da construção, o estudo de normalização desenvolvido apoiou-se na realização de estudos económicos e procurou diminuir a área total do edifício aumentando, no entanto, a área lectiva por aluno. São testadas soluções que envolvem a utilização polivalente de alguns espaços, o aumento substancial dos espaços de ensino – aulas, laboratórios, desenho, etc. – e a redução de espaços não lectivos. Contudo, a grande alteração proposta por este estudo reflecte-se na organização espacial; é proposto um novo esquema de circulação, baseado numa maior fluidez espacial, que elimina o corredor de circulação enquanto espaço de distribuição dos espaços lectivos, pondo de parte a organização linear do edifício escolar. Os espaços lectivos e não-lectivos são agora organizados programaticamente em núcleos funcionais e espacialmente em pavilhões autónomos. 5 Este estudo viria a ser aplicado no projecto do Liceu Feminino de Faro e posteriormente no Estudo Normalizado dos Liceus-tipo (exemplo: Liceu D. Dinis, em Lisboa) da autoria da arquitecta Maria do Carmo Matos.

Não foram, no entanto, realizados estudos de estratégias de utilização dos espaços que visassem a sua ocupação intensiva5. Na concepção deste estudo normalizado a estratégia de utilização do espaço lectivo baseou-se na premissa de que a cada turma é sempre atribuída o mesmo espaço de ensino (sala de aula), e


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Liceu de D. Pedro V, Lisboa

que espaços específicos (laboratórios, ginásios, sala de desenho) não são abrangidos para o estudo da capacidade escolar. Segundo Brandão6, estes dois factores reflectem-se tanto no carácter económico como no carácter pedagógico do liceu: o primeiro, na medida em que não se optimiza a utilização dos espaços lectivos; o segundo, porque não se contemplam espaços lectivos com características especiais para apoio lectivo a determinados currículos (História, línguas, Geografia, etc.), servindo as salas de aula indiscriminadamente para esta ou aquela disciplina. Verifica-se a aplicação dos conceitos expostos nos liceus Nacional de Cascais e de Vila Nova de Gaia. O projecto dispõe o programa de espaços em seis blocos autónomos, organizados por núcleos funcionais distintos. Estes blocos, ou pavilhões, permitem diferentes implantações e disposições no terreno, adaptando-se assim a distintas características morfológicas e topográficas. Numa posição central localiza-se o bloco correspondente às valências administrativas (secretaria, gabinetes, arquivo) e sociais (sala polivalente, refeitório, cozinha e espaços anexos, biblioteca, sala de professores, sala de canto coral). Em redor deste bloco dispõem-se quatro blocos destinados às valências lectivas. Dois destes blocos destinam-se ao 1º ciclo, em que os diferentes espaços (aulas normais, de desenho, de ciências geográfico-naturais, de trabalhos manuais e

6 Brandão, Augusto; “Temas da construção escolar – análise do Liceu de Vila Nova de Gaia” in Binário: Arquitectura, Construção e Equipamento, nº 103/104, Abril/Maio 1967, Lisboa, p. 526-537.


instalações sanitárias) se dispõem de modo a permitir a separação das frequências

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masculinas e femininas por piso,; os dois outros blocos destinam-se aos 2º e 3º ciclos, integrando, para além das aulas normais, os laboratórios e anfiteatros de Química e Física, aulas de desenho, de lavores e de ciências geográfico-naturais, e instalações sanitárias. Separado deste conjunto situa-se o corpo de Educação Física. Liceu de D. Pedro V, Lisboa

No mesmo ano de 1964 é também desenvolvido o 3º Estudo de Normalização para escolas industriais e comerciais, adaptando a concepção dos núcleos das salas de aula às especificidades programáticas destas escolas, nomeadamente a de Évora e a de Espinho. Em 1966, este projecto é alvo de alterações no sentido de corrigir alguns problemas de ordem construtiva detectados na construção dos liceus Nacional de Cascais e de Vila Nova de Gaia, mantendo no entanto a solução espacial do primeiro projecto. O 4º Estudo de Normalização foi concretizado no Liceu de D. Pedro V, em Lisboa, e no Liceu de Garcia de Orta, no Porto. O novo estudo opta de novo pela estrutura pavilhonar, justificada pela liberdade de disposição dos pavilhões e a sua adaptabilidade ao terreno de implantação. Para o efeito, a solução estrutural foi trabalhada em corte, no interior de cada corpo de salas de aula, com o intuito de a tornar mais flexível e adaptável. A solução encontrada propôs o desnivelamento, a meio piso, das alas opostas de salas de aula em cada pavilhão, vencido por galerias e lanços de escadas. A solução desenvolvida para estes liceus assume com maior clareza as opções tomadas anteriormente, em particular na maior autonomia dos pavilhões das aulas, relativamente ao pavilhão central, com uma estrutura menos compacta. Construtivamente, os projectos propõem soluções diferentes: a estrutura reticulada de betão armado e cobertura com chapa translúcida, desenvolvida em 1964 para os liceus de Cascais e de Vila Nova de Gaia, é substituída, no projecto para os liceus de D. Pedro V e de Garcia de Orta, por uma estrutura constituída por um conjunto modular de pórticos planos de betão armado espaçados de 2,66m, travados e solidarizados por lajes de pavimento – elementos prefabricados que sobre eles apoiam. O espaçamento dos elementos estruturais é calculado a partir das dimensões da sala de aula, correspondendo a um terço do seu comprimento (8m), já utilizado no estudo de 1964. Estes elementos de betão são deixados aparentes, tanto no exterior como no interior dos pavilhões. As paredes divisórias não têm função estrutural, no interior são construídas com tijolo à vista e no exterior são rebocadas e pintadas


101

Liceu de D. Pedro V, Lisboa

a branco. As coberturas são de chapa de fibrocimento (’canaletes’), directamente apoiadas

sobre

os

elementos

estruturais

e

vigas

caleiras,

aliás

sobredimensionadas para este efeito, e com grande expressão na imagem exterior dos pavilhões. Exteriormente, o edifício expressa o ritmo imprimido pela modulação estrutural dos pórticos de betão aparente, interrompidos pelas caixilharias, normalizadas em termos de desenho e dimensão. Os elementos verticais de betão aparente são rematados por vigas transversais, de pequena dimensão, que suportam uma outra viga com a dimensão total do edifício, sobre a qual assenta a cobertura. Em termos espaciais, esta nova opção construtiva, ao colocar as galerias de circulação e acesso às salas de aula em consola, liberta o interior dos núcleos de salas de aula (pátios) dos elementos verticais estruturais, estabelecendo um maior contacto visual com aqueles espaços e ampliando a fluidez espacial dos pátios interiores. Os projectos para a elaboração dos liceus de Cascais e de Vila Nova de Gaia (1964) e dos liceus de D. Pedro V, e de Garcia de Orta (1966), representam uma primeira experiência na concepção de edifícios destinados ao ensino secundário. A opção pela tipologia pavilhonar desenvolvida em 1964 e 1966, no âmbito do Plano de 58, foi continuada no projecto normalizado de liceu da responsabilidade da arquitecta Maria do Carmo Matos (JCETS) em 1968.


1.5.


Estudos Normalizados de 1968



1.5. Estudos Normalizados de 1968

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Escola Preparatória do Ensino Secundário. Arquitecto Augusto Brandão

A

Escola Preparatória do Ensino Secundário (EPES) corresponde a um projecto-tipo desenvolvido em 1968, implantado em diversas localidades do País. A sua concepção e desenvolvimento foram da responsabilidade da equipa coordenada pelo arquitecto Augusto Brandão, integrada na JCETS, em colaboração com a Direcção de Serviços do Ciclo Preparatório e com o apoio

técnico da empresa Profabril. Estas escolas pretendiam acolher os alunos que iriam frequentar o Ciclo Preparatório de Ensino Secundário (CPES), criado em 1967, com o objectivo de fundir o 1º ciclo do Ensino Liceal e o Ciclo Preparatório do Ensino Técnico. A frequência deste ciclo e o aumento da escolaridade obrigatória de quatro para seis anos, em Julho de 1964, tornou necessária a construção de edifícios escolares adequados aos novos princípios e objectivos educacionais. As premissas de concepção do projecto partem dos objectivos educativos para este ciclo que pretendiam o alargamento dos conhecimentos adquiridos na escola primária e a integração da criança na sociedade e na época, proporcionando a identificação das tendências inatas e adquiridas em cada aluno, no sentido de as orientar e potenciar. 1 Com a duração de dois anos, este ciclo fazia a transição entre o ensino primário e o ensino secundário. O conjunto das disciplinas que o compunham reclamava uma formação global a nível intelectual, moral e física do aluno. A base pedagógica da sua estrutura de funcionamento é a turma mas, consoante e dependendo do fim pretendido e da metodologia a empregar – o ensino teórico/expositivo ou o ensino activo –, pode adaptar-se a um aluno, a um grupo restrito de alunos, ou ainda a um agrupamento de turmas. A concepção da EPES orientou-se para o desenvolvimento de uma solução que desse resposta às condicionantes económicas. Neste sentido, foi dada particular importância aos aspectos de ordem construtiva, através da utilização de elementos normalizados e prefabricados na sua construção, e aos aspectos de ordem espacial e programática, através do desenvolvimento de uma solução que permitisse a utilização dos espaços lectivos em perto de 100% do tempo diário de escolaridade. Por se tratar de um projecto-tipo e tendo em vista a sua repetição em diversas localidades, a planta da EPES foi particularmente

1 Brandão, Augusto; “As novas escolas do ciclo preparatório do ensino secundário” in Arquitectura, nº 105/106, Setembro/ /Dezembro 1968, p. 183-192.


trabalhada, no sentido de obter uma flexibilidade na solução que permitisse

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implantá-la em terrenos que diferem na topografia, configuração, orientação e localização urbana. Pretendia-se ainda uma solução que garantisse uma volumetria variada, rejeitando uma solução uniforme e uma leitura monótona do conjunto. Assim, opta-se pela decomposição do volume-edifício escolar em núcleos-volumes arquitectónicos e Escola Preparatória do Ensino Secundário

pela subdivisão do perímetro em pequenos núcleos que facilmente se implantam de vários e diferentes modos, a diferentes cotas e em distintas configurações de terreno. A solução desenvolvida propõe a estruturação dos diferentes espaços escolares em núcleos concêntricos, que correspondem a espaços curriculares específicos, em que o centro é o aluno. Os diferentes espaços curriculares são distribuídos em espaços diferenciados (espaços núcleos) e espaços semelhantes (espaços de vivência múltipla). Cada núcleo forma um universo interdisciplinar autónomo e o seu centro é designado núcleo central, centralizador das actividades colectivas e elemento que domina e coordena toda a escola. Aqui se situam as actividades de ordem administrativa e directiva, a biblioteca geral e o museu. Apresenta-se como uma entidade arquitectonicamente complexa cujos espaços procuram exprimir uma série de actividades polivalentes. Destacado de todo o conjunto encontra-se o núcleo destinado à Educação Física, ocupando um pavilhão autónomo, com instalações interiores e exteriores.

Escola Preparatória do Ensino Secundário


107

Escola Preparatória do Ensino Secundário

Construtivamente, o sistema desenvolvido caracteriza-se pela aplicação de elementos resistentes em betão armado aparente (pilares e vigas) e enchimentos de alvenaria de tijolo à vista ou rebocada e pintada. As coberturas são executadas em canaletes de fibrocimento que apoiam em elementos de betão armado (madres ou caleiras). As caixilharias são de madeira. Alguns dos elementos constituintes são prefabricados em betão armado. Projecto Normalizado para o Liceu-tipo (1968). Arquitecta Maria do Carmo Matos O III Plano de Fomento (1968-73) contemplou a construção de onze novos liceus em diferentes zonas do País: Lisboa, Porto, Matosinhos, Almada, Queluz, Junqueira (Porto), Algés, Espinho, Barreiro, Tomar e Portalegre. Para o cumprimento deste programa, a JCETS desenvolveu, em 1968, um Estudo Normalizado dos Liceus-tipo, sob a coordenação da arquitecta Maria do Carmo Matos. O objectivo principal deste estudo visava a concepção de um projectotipo, uniforme e adaptável à construção de todos os edifícios liceu referidos, garantindo uma solução nas diferentes condições topográficas dos terrenos de implantação. Na memória descritiva do anteprojecto são salientadas as principais condicionantes que estiveram na base da concepção deste projecto e justificada a opção pela realização de um projecto-tipo. Na década de 60, o crescente aumento


da população escolar, em particular a liceal, tornou premente a construção em

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massa de edifícios escolares e as questões de ordem económica adquiriram uma importância primordial na concepção destes edifícios. A elaboração de um projecto “adaptável a terrenos de características topográficas muito diversas, condicionando de forma importante o projecto pois, para ser cumprida, vai dirigir-se para uma solução de pequenas unidades, mais ou Liceu Nacional dos Olivais (actual Escola Secundária de D. Dinis), Lisboa

menos invariáveis, ligadas por circulações cujo traçado dependerá do terreno onde esteja implantado o edifício escolar”1. O processo de expansão e o aumento da escolaridade obrigatória, protagonizado pelo ministro Veiga Simão no início da década de 70, e a necessária construção de edifícios escolares, em consonância com o princípio da democratização do ensino, da igualdade de oportunidades e da educação ao alcance de todos, imprimiram um carácter menos rígido e formal ao edifício liceu e uma uniformidade da solução arquitectónica, repetida em diferentes cidades do País. O próprio local de implantação dos liceus, que se afastou dos centros urbanos e das malhas urbanas mais consolidadas, reforça esta ideia de perda de valor simbólico do liceu. Também por motivos económicos, os novos liceus vieram a ocupar terrenos localizados nas novas zonas de expansão das cidades, que por se afastarem dos centros viram o seu custo diminuir. Por outro lado, este facto permitiu a contemplação de uma maior área de implantação na fase de projecto, facilitando a sua concepção e a organização dos seus espaços em pavilhões. Segundo a coordenadora do projecto, a realização de um projecto-tipo daria resposta mais adequada às principais questões que então se colocavam. A nível projectual, permitiu reduzir o prazo de execução do projecto e uma maior economia na solução projectual. A nível construtivo, o projecto-tipo ofereceu uma maior economia através da normalização de parte dos elementos construtivos e da sua repetição em série, preconizando uma solução de fácil execução que diminuiu o custo de mão-de-obra. Esta opção possibilitou, ainda, a realização de pequenos ajustes ao projecto inicial em face dos resultados obtidos na prática. Para além destas razões, a autora aponta ainda a facilidade de tipificação do programa escolar liceal e a tradição existente em Portugal na tipificação de edifícios escolares, expressa na concepção das escolas primárias (Conde Ferreira, Plano dos Centenários). A solução desenvolvida baseou a sua concepção num conjunto de pavilhões autónomos, cuja ligação era assegurada por galerias exteriores cobertas.

1 JCETS; Estudo Normalizado dos Liceus Tipo – Anteprojecto, Peças Escritas e Desenhadas, 1968.

O pavilhão surge como a solução mais económica que permite não só a adaptação a diferentes morfologias e topografias, exposições solares, acessos e características


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Liceu Nacional dos Olivais (actual Escola Secundária de D. Dinis), Lisboa

geológicas desconhecidas a priori, mas corresponde também à solução que melhor optimiza a organização dos espaços escolares sem recurso a circulações interiores. As galerias cobertas de ligação dos diferentes blocos permitiam vencer os diferentes níveis da implantação dos diferentes corpos e o seu traçado dependia da configuração do terreno de implantação. Esta flexibilidade de adaptação ao terreno é ainda trabalhada em altura, dentro de cada corpo, propondo o desnivelamento de diferentes zonas que o constituem, obtendo assim a adaptação mais ajustada ao terreno. As diferentes zonas e actividades funcionais que compõem o programa de espaços do liceu são distribuídas e organizadas em quatro tipos de blocos. Os princípios que orientam a concepção do bloco geral (Bloco A), destinado à prática das actividades sociais, são semelhantes aos aplicados nos liceus apresentados anteriormente, do arquitecto Augusto Brandão. Este bloco integra a recepção, a administração, as instalações do corpo docente, sala de canto coral, a zona de refeitório, o espaço para actividades sociais, escolares e circum-escolares (convívio, conferências, espectáculos, exposições, etc.). A prática destas actividades tem lugar numa zona polivalente – espaço central e fulcral de toda a escola – que integra também o espaço do refeitório e contacta com os restantes serviços deste bloco. A disposição e a organização dos diferentes espaços são caracterizadas pela fluidez espacial existente entre eles, contactando directamente uns com os outros, sem recurso ao tradicional corredor de distribuição. A biblioteca e as instalações dos docentes situam-se no primeiro piso deste bloco.


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Liceu Nacional dos Olivais (actual Escola Secundária de D. Dinis), Lisboa

O bloco de laboratórios (Bloco B) destina-se às actividades de ensino que exigem material específico como os laboratórios de Física e Química, instalações para o ensino de Ciências da Natureza, Geografia, Matemática e um anfiteatro comum a todas as disciplinas. Os diferentes espaços ocupam um bloco de dois pisos e organizam-se em redor de um pátio exterior. Duas entradas independentes permitem o acesso ao interior deste bloco onde um pequeno espaço de transição permite o acesso ao interior das salas de aula, evitando o corredor de distribuição. A opção de agrupar estes espaços no mesmo bloco permitiu a agregação de espaços técnicos especializados, obtendo uma economia nas redes de serviço que os servem. As salas de aula normais distribuem-se geralmente em dois blocos semelhantes (Blocos C) permitindo a separação de turmas masculinas e femininas. As salas de aula distribuem-se no perímetro recortado do bloco, libertando o centro para as escadas de acesso, iluminadas por uma clarabóia. Finalmente, o bloco de Educação Física ocupa um pavilhão isolado, que para além da sua utilização escolar, pode também ser utilizado pela comunidade local. A tipologia pavilhonar garantia simultaneamente a dispersão dos alunos pelos diferentes espaços, evitando grandes aglomerações, e possibilitava a especialização de cada núcleo/pavilhão por nível de ensino e por especialidade. O desenvolvimento do projecto contemplou a normalização e a redução do número de elementos construtivos, facilitando a encomenda, armazenagem e


execução da obra, através de uma modelação total do edifício. Com esta opção,

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adoptou-se um conjunto de soluções, das quais se destacam a concepção para todos os espaços de um único vão de viga e uma única dimensão de pilar (excluindo os vãos de grande dimensão da sala polivalente); a aplicação de três tipos de tijolos normalizados para a construção das paredes e de dois únicos tipos de portas interiores (geral e de instalação sanitária). Construtivamente, os blocos lectivos caracterizaram-se pelo emprego de uma estrutura de betão reticulada, cuja métrica (7,20x7,20m) assenta na dimensão do espaço da sala de aula, que suporta

Liceu Nacional dos Olivais (actual Escola Secundária de D. Dinis), Lisboa

as lajes de betão armado. As paredes divisórias não são estruturais permitindo a fácil alteração da compartimentação, quando necessário. As coberturas são planas e, no exterior, o remate superior dos pavilhões é construído com vigas de betão aparente, com uma expressão muito marcada nos alçados. No que diz respeito à optimização da ocupação do edifício, o projecto pôs em causa o princípio de correspondência entre a sala de aula e a turma, adoptando o esquema de rotação de turmas, deixando cada turma de estar ligada a uma sala de aula-base. Este princípio, aplicado pela primeira vez no projecto, permitiu a máxima rentabilização dos espaços temporariamente desocupados, prevendo a ocupação intensiva de todos os espaços da escola. Os projectos que o antecederam2 integravam soluções que consideravam a redução de áreas não afectas às actividades pedagógicas na relação entre área total e área de ensino; este estudo normalizado incorpora também a análise da relação existente entra o número de lugares e o número de alunos, o que permitiu a obtenção de substanciais economias. Paralelamente à elaboração deste Projecto Normalizado para o Liceu-tipo, a autora foi contacta pelo município de Sintra no sentido de desenvolver um projecto para a actual Escola Secundária de Santa Maria. Este projecto constitui-se como um ensaio para as soluções preconizadas para o liceu-tipo. A escola estrutura-se a partir de cinco pavilhões autónomos e as ligações entre eles são realizadas através de circulações exteriores cobertas. A sua concepção distingue-se do projecto normalizado a nível da métrica da estrutura que propõe (8x8m), com salas de aula com aproximadamente 60m2. A escada de acesso aos pisos superiores nos pavilhões das salas de aula localiza-se junto às fachadas, opção que é abandonada no projecto normalizado pela necessidade de aproveitar a iluminação natural para os espaços lectivos. Também a geometria da planta não se encontra totalmente controlada, apresentando as salas de aula, que se localizam nos topos dos pavilhões, recantos para a inserção de portas.

2 Projecto desenvolvido, em 1964, para os liceus de Cascais e Vila Nova de Gaia, e em 1966, para os liceus de D. Pedro V e Garcia de Orta (ver Capítulo 1.4.).


1.6.


Transição do Ensino Liceal para o Ensino Unificado



1.6. Transição do ensino liceal para o ensino unificado

N

115

o momento de transição que caracteriza o período pós-1974, em que se assiste à gradual extinção dos liceus e do ensino técnico e à progressiva consolidação do ensino secundário, destaca-se a concepção de três edifícios: a Escola Secundária de Benfica, em Lisboa, projectada pelo arquitecto Raul Hestnes Ferreira (1974-80); a Escola Secundária de Professor Herculano de Carvalho, em Lisboa,

projectada pelo arquitecto Manuel Tainha (1972-1984); e a Escola Secundária de Vila Nova de Santo André, em Santiago do Cacém, da responsabilidade dos arquitectos Maria do Carmo Matos e José Maria Torre do Vale, para o Gabinete da Área de Sines (1978). Escola Secundária de Benfica, Lisboa (1974-80). Arquitecto Hestnes Ferreira Projectada e construída no período de extinção dos liceus, a Escola Secundária de Benfica, apesar da denominação de escola secundária, baseou a sua concepção no programa de espaços do Projecto Normalizado para o Liceu-tipo de 1968. A sua concepção orientou-se por princípios que incidem sobre questões programáticas, espaciais, materiais e urbanísticas, que no seu conjunto propõem uma nova organização dos espaços, reinterpretando as bases de concepção da tipologia pavilhonar do projecto-tipo de 1968. O projecto base do Liceu de Benfica foi elaborado em simultâneo com o Plano Ordenador da Zona Escolar da Quinta de Marrocos, em Lisboa, nos anos 1974-75. Ambos da autoria do arquitecto Hestnes Ferreira, contaram com a colaboração dos arquitectos Jorge Gouveia e Jorge Farelo Pinto. Este plano estruturou um terreno reservado à construção de um complexo escolar, cujo programa

considerava

a

construção

de

cantinas,

oficinas,

complexo

gimnodesportivo com piscina coberta, campo desportivo, espaços de recreio, jardins, hortas pedagógicas e um parque público aberto à população de Benfica, área de expansão da cidade de Lisboa a partir dos anos 50. A sua envolvente caracteriza-se pela implantação de edifícios habitacionais em altura, definindo uma área pouco qualificada tanto em termos urbanísticos como arquitectónicos. O terreno onde se implanta o liceu, a Nascente do complexo escolar, é edificado na sua periferia pelas seguintes escolas: a Sul, a Escola do Magistério Primário e duas pequenas escolas primárias, com projecto de Adães Bermudes do início do século XX, e a Escola Superior de Educação (1993) da autoria do arquitecto João


Luís Carrilho da Graça; a Norte, a Escola de Pedro de Santarém, originalmente escola

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preparatória, com frente para a estrada de Benfica, edificada nos anos 60, e uma escola primária. A elaboração deste plano procurou uma unidade espacial para a zona escolar, através da relação estabelecida entre os elementos constituintes – edificações novas e antigas e espaços verdes. Pretendia-se que a ligação entre os Liceu de Benfica (actual Escola Secundária de José Gomes Ferreira), Lisboa

vários locais do complexo se estabelecesse através de uma alameda arborizada, desenhada no centro do terreno na direcção Nascente/Poente, nunca construída, e que se assumia como o “centro geométrico do complexo, local de encontro e permanência”1. Em termos urbanos, o Liceu de Benfica, pelo modo como se implanta no terreno, voltado para a paisagem envolvente, afirma-se como um elemento marcante da paisagem, readquirindo o valor simbólico atribuído ao edifício escolar no contexto urbano onde se insere. Hestnes Ferreira salienta o contributo da Associação de Pais do futuro liceu para o incentivo de construção de um liceu naquele terreno e na aspiração de que se afirmasse em termos arquitectónicos, pedagógicos e urbanos na comunidade e na envolvente onde se insere. A nova solução espacial e tipológica adoptada afastou-se da solução de pavilhões isolados, criando o que o autor denomina por arquitectura de encosta com o objectivo de agarrar o edifício ao terreno. Contudo, a solução parte dos fundamentos do projecto-tipo de 1968, procurando o uso intensivo dos espaços, a flexibilidade do seu uso, o recurso a novos sistemas como a prefabricação e a normalização dos elementos da construção e a repetição do módulo quadrado de 7,20x7,20m. Hestnes Ferreira salienta a importância da Geometria e da Matemática na concepção do projecto, partindo de uma racionalidade assente no módulo 7,20x7,20m e na possibilidade de trabalhar espacialmente o espaço interno dos agrupamentos. A rigidez geométrica que caracteriza a estrutura e o exterior dos cinco pavilhões contrasta com a diversidade espacial interior. Neste sentido, destaca-se, por exemplo, o espaço do anfiteatro da entrada, os agrupamentos das salas de aula e o espaço da biblioteca. A ideia de rigidez é reforçada pela aplicação no exterior de painéis normalizados de betão branco, responsáveis pela imagem de todo o conjunto. Estes painéis são apoiados na estrutura portante e com aberturas de 3,60x3,60m

1 AA.VV.; “Raul Hestnes Ferreira” in Arquitectura, nº 152, Maio/Junho 1984.

protegidas por grelhas exteriores de betão que permitem a regulação da luz e formam favos preparados para integrar janelas de diferentes dimensões. O desenho


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Liceu de Benfica (actual Escola Secundária de José Gomes Ferreira), Lisboa

e construção das fachadas exteriores segue uma regra compositiva e uma lógica construtiva autónoma, mas em consonância com a organização interior dos espaços. Hestnes Ferreira expressa a intenção principal desta proposta, “de “ambiente escolar” que se pretende rico de situações e que na sua complexidade fosse o estímulo para uma vida escolar intensa, fornecendo os elementos para as várias actividades pedagógicas que possam surgir”. O programa de espaços cobriu os cinco últimos anos de escolaridade do ensino liceal e a escola destinava-se a uma lotação média de 1 260 alunos. Por razões financeiras, o programa da escola não incluía o ginásio, que foi construído posteriormente, também com projecto do arquitecto Hestnes Ferreira. Na memória descritiva do projecto base do liceu, o autor considera que o programa a implementar, assente em três grupos funcionais2, determinou a solução final em três pontos fundamentais: a leitura global do programa de espaços, interpretando-os relativamente à sua importância no conjunto e respectivas relações; a adaptação do esquema inicial do edifício às condicionantes programáticas; e a interpretação do programa estudando as respectivas variantes e a capacidade de adaptação do edifício a possíveis formas de utilização alternativas, testando a flexibilidade da edificação3. A interpretação do programa determinou três princípios base para a concepção da escola. O primeiro corresponde à divisão do programa de espaços

2 A leitura do programa permite inscrever os espaços previstos em três grupos funcionais: 1) espaços de ensino (salas de aula e biblioteca); 2) espaços complementares de apoio ao ensino (arrecadações e instalações sanitárias); 3) espaços complementares de serviço (administração, espaço dos professores e alunos, bar e papelaria). 3 Ferreira, Raul Hestnes; Gouveia, Jorge; Pinto, Jorge Farelo; “Memoria Descritiva” in Escola Secundária da Quinta de Marrocos – Projecto Base, s/d.


em dois núcleos independentes (curso geral e curso complementar), reunidos

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em torno das áreas sociais da escola. Cada um destes núcleos apresenta uma organização funcional que contém zonas de convívio e conferências, zonas de aulas normais e de aulas de ciências, requerendo uma localização específica com características técnicas especiais. O segundo salienta a importância das circulações no interior da escola, que deverão relacionar as várias partes do Liceu de Benfica (actual Escola Secundária de José Gomes Ferreira), Lisboa

edifício e constituir-se como espaços de estar e de encontro. O último dimensiona os diferentes compartimentos com base no grupo que constitui a turma. Seguindo a mesma lógica de distribuição do programa do projecto-tipo, o liceu distribui os diferentes ciclos por blocos distintos e reserva o bloco central para as actividades sociais. O esquema tipológico desenvolvido define cinco corpos autónomos que, pela relação de proximidade que estabelecem entre si e pelos percursos que os ligam, criam uma unidade no conjunto. A escola implanta-se a Nascente da alameda projectada, separada desta por uma praça, localizada no centro do terreno e considerada pelo autor como uma “plataforma de âncora”. Desenvolve-se em corpos paralelos, que se distribuem no sentido Nascente/Poente pelo declive do terreno, separados por escadarias exteriores que vencem a inclinação do terreno para Nascente. A estrutura planimétrica do edifício escolar tem por base um quadrado de 21,60x21,60m, com módulos estruturais de 7,20x7,20m, correspondente à dimensão da sala de aula4. Os cinco volumes dispõem-se de uma forma escalonada, planimétrica e altimétrica em relação ao terreno. A Poente deste conjunto é definida uma galeria exterior que delimita a praça, não concluída, prolongando o jardim situado sobre a cobertura do corpo central. A Nascente, os cinco corpos paralelos, de dois pisos cada, terminam em volumes semicilíndricos. O corpo central, corpo C, concentra os espaços sociais e administrativos da escola: a entrada-anfiteatro, a administração, a biblioteca e as salas de estudo e encontro de alunos. Estrutura-se a partir de três quadrados de 21,60m de lado, formando um rectângulo, e implanta-se à cota mais baixa do conjunto, permitindo a entrada do lado da rua, a Nascente. A cobertura deste corpo é a mais baixa do conjunto, onde se situa o jardim suspenso, com bancos, zonas verdes e um lago. Os corpos B e D, de um lado e de outro de C, destinam-se aos diferentes ciclos

4 Este módulo constitui também a base estrutural do Projecto Normalizado para o Liceu-tipo (1968), coordenado pela arquitecta Maria do Carmo Matos.

ministrados e contêm as zonas de convívio de cada ciclo, as aulas normais e os anfiteatros. Estruturam-se a partir de dois quadrados com 21,60m de lado, estando os seus níveis um piso acima do corpo C. Os corpos A e E, extremos do conjunto,


integram as aulas especiais e os laboratórios e inscrevem-se num único quadrado

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de 21,60x21,60m, situando-se os seus níveis um piso acima dos níveis dos corpos B e D. No interior dos corpos de salas de aula, os espaços lectivos são organizados nos seus perímetros, libertando o espaço central para as circulações e os acessos verticais, cuja concepção subverte a rigidez geométrica dos diferentes corpos, visível no exterior, com circulações em diagonal, escadas em caracol, e espaços sociais com duplo pé-direito. Uma circulação longitudinal ao nível do piso superior dos blocos B e D, um piso abaixo do nível do pórtico, permite a ligação interna dos cinco corpos que desenham todo o conjunto. Cada corpo organiza o programa em redor de um espaço central, que corresponde a átrios nos corpos laterais, e ao espaço da biblioteca e do anfiteatro de duplo pé-direito no corpo central. Estes espaços fomentam o encontro, constituindo-se como distintos núcleos sociais e de vivência da escola, enriquecidos por um esquema de circulação que os une, promove a liberdade de percursos e a abertura da escola para o exterior, conseguida pela proposta de inúmeras entradas na escola e pela variedade de percursos alternativos existentes, interiores e exteriores. Os espaços de circulação evidenciam-se como espaços fundamentais da vivência da escola, afirmando-se pela sua geometria, espacialidade e dimensão. As opções de ordem construtiva e estrutural dão continuidade às características espaciais e funcionais, estando igualmente na origem da concepção de muitas opções espaciais. A malha estrutural de 7,20x7,20m garante também a modulação dos elementos da fachada, assente no submúltiplo 0,60m e os 21,60m de dimensão lateral de cada corpo. Excluí-se desta métrica o átrio, zona de convívio e anfiteatro, no corpo central, onde a localização dos apoios varia existindo vãos que vencem 14,40m. Entre 1978 e 1980, é construído o ginásio que se irá implantar a Poente do conjunto da escola, ladeando a alameda inicialmente proposta. O volume do ginásio incorpora três espaços interiores distintos, separados pelos dois esquemas de circulação propostos – escadas e rampas – que definem distintos percursos para utentes e visitantes. À semelhança da escola, também a construção deste volume irá utilizar os painéis de betão branco no seu acabamento exterior, com o mesmo sistema de aberturas para o interior. Em complemento a estas aberturas, são propostos rasgos contínuos na cobertura no espaço interior central, contribuindo para que a luz natural se afirme como um elemento caracterizador do espaço interno.

Liceu de Benfica (actual Escola Secundária de José Gomes Ferreira), Lisboa


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Escola Secundária de Professor Herculano de Carvalho, Lisboa

Escola Secundária de Professor Herculano de Carvalho, Lisboa (1972-84). Arquitecto Manuel Tainha Manuel Tainha foi o arquitecto responsável pelo desenvolvimento de um dos primeiros projectos escolares destinados ao acolhimento do ensino unificado – a Escola de Professor Herculano de Carvalho, na freguesia dos Olivais, em Lisboa. O processo de concepção desta escola foi marcado pela pesquisa de soluções espaciais e funcionais que procuraram traduzir as novas premissas curriculares e educativas que caracterizaram esta fase de transição do ensino liceal para o ensino unificado. A concepção desta escola veio evidenciar algumas das principais premissas que orientavam a construção de edifícios liceais, expressas na Reforma do Sistema Educativo do início da década de 70. Desta reforma salientam-se os pontos relativos à formação integral do aluno, abrangendo a formação nas diferentes áreas curriculares e no campo físico, cívico e moral; e a sua articulação com a possibilidade de ingresso num curso superior ou numa actividade profissional. Em qualquer dos casos pretende-se o desenvolvimento de hábitos de trabalho que integrem o aluno enquanto ser social na comunidade. Genericamente, as escolas onde se ministrava o ensino secundário eram designadas por escolas secundárias polivalentes e destinavam-se a adolescentes e também a adultos. A indefinição e incerteza acerca do programa concreto a implantar na Escola Secundária de Herculano de Carvalho orientaram a solução no sentido da procura


de condições que permitissem satisfazer as exigências pedagógicas requeridas

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para um elevado número de alunos, as exigências económicas a nível técnico e financeiro e de mobilidade e ambientais dentro do espaço escolar. O projecto considerou a frequência simultânea de 1 500 alunos contemplando o funcionamento simultâneo dos cursos gerais e cursos complementares de Liceu, de Administração e Comércio, e Industriais e foi orientado pelo princípio de dotar todos os espaços de grande flexibilidade, conferindo-lhes uma maior facilidade de transformação e possibilidade de utilizações alternativas diferentes daquelas para as quais originalmente foram concebidos5. À semelhança do programa dos edifícios liceais foram definidas quatro zonas funcionais: serviços administrativos; convívio que incorpora a sala polivalente; ensino que considera subzonas para ensino teórico, experimental e teórico; e gimnodesportivos. Estes espaços são estruturados e organizados sobre dois elementos principais para a definição da forma do edifício escolar: uma grelha ou reticulado de base quadrada sobre a qual se inscreve um sistema de dois eixos ortogonais. A grelha ou reticulado tem como base um quadrado de 7,20m de lado, dimensão já testada para a métrica da sala de aula em diferentes edifícios escolares e que se revela como adequada para acomodar um grupo de 30 alunos em diferentes esquemas distributivos. O princípio de organização desta grelha agrupa quatro elementos, constituindo unidades ou módulos pedagógicos cuja divisão interna irá obedecer às necessidades concretas do ensino. Um dos quatro elementos deste módulo poderá ser convertido num pátio, assegurando assim as boas condições de iluminação e ventilação naturais ou mesmo a sua utilização para aulas ao ar livre ou recreio. A agregação destas unidades ou módulos pedagógicos segue a direcção de dois eixos distintos que se assumem como os espaços de comunicação e de distribuição dos diferentes espaços escolares, aos quais é atribuído o importante papel de estruturar e dar significado ao sistema de grelhas ou retículas a que correspondem as unidades ou módulos pedagógicos. O primeiro eixo desenvolve-se em profundidade no lote de terreno, partindo da rua de acesso à escola e integrando a entrada, os serviços administrativos, os espaços de utilização múltiplas e informal e destinados à formação musical e Física. O segundo eixo desenvolve-se perpendicularmente ao primeiro e irá constituir-se como uma promenade longitudinal que assegura a rápida comunicação entre os diferentes locais de ensino. Ao longo deste eixo e de ambos os lados distribuem-se os módulos pedagógicos correspondentes às aulas teóricas e mistas, a ateliers e oficinas, aos espaços laboratoriais no piso superior, e à

5 Tainha, Manuel; “Memória Descritiva” in Escola Secundária dos Olivais. Programa Base e Estudo Prévio. s/d.


biblioteca no cruzamento dos dois eixos. Os extremos deste eixo abrem-se sobre

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os espaços exteriores. A sua dimensão transversal – 12m – permite-lhe, ainda, assumir-se como espaço de partilha, de reunião e de trabalho e estudo informal e de recreio do espaço escolar. Escola Secundária de Vila Nova de Santo André, Santiago do Cacém (1978). Escola Secundária de Vila Nova de Santo André (Actual Escola Secundária de Padre António Macedo), Santiago do Cacém

Arquitectos Maria do Carmo Matos e José Maria Torre do Vale A escola implanta-se num interior de um quarteirão, no centro do núcleo urbano, circundado por edifícios habitacionais em banda de dois pisos de altura. A escola organiza-se num único edifício, apresentando uma tipologia compacta de organização dos seus espaços. As alas nascente e central acolhem os espaços lectivos – salas de aula normais e especiais, laboratórios, biblioteca e espaços de administração. A ala poente é ocupada pelos espaços desportivos, de convívio e refeitório, e oficinas. A entrada principal da escola situa-se a Sul do edifício, em contacto com um dos eixos principais de ligação ao centro da cidade. Estruturalmente a solução apresenta uma malha de pilares 7,20x7,20m. A junção de três módulos deste quadrado serve de suporte estrutural da solução, bem visível nos meios pisos superiores de salas de aula. A concepção desta escola reinterpreta projectos-tipo anteriormente elaborados e oferece uma nova solução espacial e tipológica, que abandona o pavilhão isolado e propõe um agrupamento de todos os espaços num único edifício adaptado às condições morfológicas do terreno. Os espaços de transição propostos para a ligação entre o programa lectivo e os espaços desportivos, de convívio e laboratórios, adaptam-se à mesma malha estrutural, num percurso serpenteado e trabalhado espacialmente. Nos ginásios, esta malha é interrompida e proposta uma maior dimensão de vãos, recorrendo-se a asnas metálicas para os vencer. A construção adapta-se ao declive natural do terreno, que apresenta uma inclinação para Sul e Poente. Para o efeito, a solução projectual foi trabalhada em corte, propondo um desnivelamento em meios pisos, a partir da cota de entrada. Os espaços lectivos distribuem-se ao longo de corredores de circulação, no sentido Sul/Norte, e são interrompidos por núcleos de escadas que, vencendo meios pisos, permitem o acesso aos núcleos de salas de aula que se resolvem nos diferentes patamares. Os espaços dos ginásios, das oficinas e do espaço convívio-refeitório implantam-se meio piso abaixo da cota da entrada, e desenvolvem-se em duplo pé-direito. Permite-se, assim, tirar partido da espacialidade e diversidade de vistas para os vazios envolventes, através das varandas e espaços que se debruçam, a partir do piso de entrada, para estes espaços de maior altura.


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Escola Secundária de Vila Nova de Santo André (actual Escola Secundária de Padre António Macedo), Santiago do Cacém

O contacto das três alas – nascente e central (espaços lectivos) e sul (espaços desportivo, oficina e convívio) – é estabelecido por um corredor de circulação, no sentido Nascente/Poente, que acolhe os serviços administrativos e espaços complementares à actividade lectiva. Os espaços de circulação são, pontualmente, iluminados superiormente com luz natural através de pequenas clarabóias que ocupam alguns dos vazios das lajes fungiformes que constroem os tectos. A concentração de espaços que a solução projectual da escola apresenta e a compacidade que daí poderia ter resultado é atenuada pelo recorte do seu perímetro, com avanços e recuos que permitem resolver os momentos de transição entre o exterior e o interior. Também a introdução de pátios encerrados descobertos, de diferentes dimensões, contribui para que os espaços interiores comuniquem permanentemente com o exterior, contrariando a aparente densidade da solução. Estes pátios qualificam os espaços interiores que os circundam, assumindo importantes funções de iluminação, ventilação e de usufruto de espaços verdes, quando ocupados por elementos arbóreos. O pavimento do pátio de maiores dimensões é construído com um anfiteatro ao ar livre, aproveitando mais um vez o declive do terreno, o que permite a sua ocupação por diferentes funções: para além de recreio e de espaço de estar, a realização de aulas ao ar livre, de apresentações, espectáculos, etc.


2.


Edifícios pArA o ENsiNo TécNico E profissioNAL



2. EDIFÍCIOS PARA O ENSINO TÉCNICO E PROFISSIONAL

é

no âmbito da reestruturação do ensino profissional de António Augusto Aguiar, em 1884, que são criadas oito escolas de desenho industrial em todo o Pais, três na cidade de Lisboa. Em Outubro de 1888, sob o ministério de Emídio Navarro, é inaugurado o primeiro edifício destinado ao ensino profissional em Alcântara, da autoria do arquitecto Pedro Ávila (1886), a Escola de Desenho

Industrial de Marquês de Pombal, com o propósito de habilitar com um nível de formação profissional os filhos dos operários deste bairro de Lisboa. A Escola de Marquês de Pombal, ampliada com a construção de oficinas, de um pavilhão central e de um piso em mansarda, ministrava os seguintes cursos: carpinteiro de moldes, fundidor, serralheiro mecânico, torneiro mecânico, fresador, electricista, mecânico de automóveis, auxiliar de laboratório químico e a habilitação complementar para a matrícula nos institutos industriais. No início da década de 60 esta escola veio a ocupar novas instalações e o edifício original foi adaptado a Escola Industrial de Fonseca Benevides e, posteriormente, a Escola Secundária de Fonseca Benevides. Nas primeiras décadas do século XX são construídas a Escola de Machado de Castro e a Escola Industrial de António Manuel Gonçalves, em Lisboa. A Escola Machado de Castro, com projecto do arquitecto Vítor Bastos Júnior (1915), irá ocupar um terreno cedido pelo Liceu de Pedro Nunes. O projecto contempla a incorporação de espaços para as diferentes especialidades programáticas distribuídos por três pisos (desenho e oficinas de carpintaria, serralharia, ourivesaria) e espaços para aulas teóricas no edifício original. O edifício projectado estrutura-se a partir de um corredor central de distribuição e acesso aos diferentes espaços, iluminados por vãos de grandes dimensões, e por uma escada central iluminada naturalmente. A Escola Industrial de António Manuel Gonçalves, posteriormente Escola de Artes Decorativas de António Arroio, foi projectada pelo arquitecto Norte Júnior (1928) e irá ocupar um terreno junto ao Liceu de Camões. A formação ministrada, com a duração de cinco anos, integrava as áreas profissionais de cerâmica, cantaria, cinzelagem, talha, desenho litográfico, lavores femininos, habilitando os seus alunos também à frequência das escolas de Belas-Artes. Até à reforma do ensino técnico-profissional de 1947, os edifícios onde eram ministrados não proporcionavam as condições funcionais requeridas para estes cursos.

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Os projectos normalizados dos anos 40-50

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A reforma do ensino técnico-profissional, industrial e comercial (Decreto-Lei nº 36 356, de 19 de Junho 1947) confere um grande impulso na construção de instalações onde são ministrados os cursos técnicos e profissionais1. A Junta das Construções para o Ensino Técnico e Secundário (MOP/JCTES) desenvolve então dois anteprojectos-tipo, assentes nas mesmas premissas de concepção mas com programas diferentes por razões curriculares, destinados a Escolas Técnicas Elementares de 1º grau (1947) – Ciclo Preparatório e de Pré-aprendizagem – e a Escolas Profissionais de 2º grau (1950) – Cursos de aprendizagem, de Formação e de Aperfeiçoamento Profissional. Em 1952, a JCETS publicou um estudo sobre escolas técnicas, reconhecendo a vantagem em alterar algumas soluções estabelecidas nos anteprojectos-tipo, no sentido de melhorar a economia e o funcionamento dos edifícios. Em 1960, a JCETS desenvolve o primeiro de quatro Estudos de Normalização, com a intenção de responder, de modo eficaz e com rapidez à necessidade de construir um maior número de escolas comerciais e industriais face ao crescente número de alunos verificado. Anteprojecto-tipo das Escolas Técnicas Elementares (1947) A JCETS iniciou em finais de 1946 estudos relativos às instalações das Escolas Técnicas Elementares, com base nas directrizes pedagógicas comunicadas pela Direcção-Geral do Ensino Técnico Elementar (DGETE), centrados na obtenção de uma solução construtiva económica e na sua adaptação a terrenos com características diversas, mediante a aprovação superior de um projecto-tipo. O primeiro anteprojecto-tipo para Escolas Técnicas Elementares2, desenvolvido sob a coordenação do arquitecto José Costa e Silva (JCETS), foi elaborado para uma escola de 30 turmas, ou seja, para cerca de 1 000 alunos, exigindo uma superfície 1 Vaz, Diana; Avaliação de desempenho de edifícios complexos: o edifício escolar dos anos 40 e 50 do século XX em Portugal. Dissertação de Mestrado em Construção, Lisboa, Universidade Técnica de Lisboa/Instituto Superior Técnico, 2008. 2 Este anteprojecto teve como base o Programa-tipo para a construção de Escolas Técnicas Elementares, conforme as directrizes pedagógicas para as Escolas Preparatórias do Ensino Técnico Elementar, aprovadas pelo Decreto-Lei n.º 3 542, de 27 de Dezembro de 1945, sob responsabilidade do Ministério da Educação Nacional.

mínima de terreno com cerca de 10 000m2. No início, a sua concepção baseou-se na distribuição do programa em três corpos distintos,destinados aos espaços lectivos e administrativos, à Educação Física e às oficinas. A exigência de maior área lectiva destas escolas em relação aos liceus conduziu à sua organização em edifícios de três pisos percorridos por um corredor central, opção justificada face à dimensão do programa funcional: numa solução em que as dependências se desenvolvessem de um só lado do corredor seria necessário um aumento do volume da construção e das infra-estruturas devido à maior dispersão dos serviços. Para compensar as piores condições de iluminação natural do corredor central, procurou limitar-se o seu comprimento, rasgar amplos


vãos nos seus topos e nas caixas de escadas, e recorrer à luz vinda das salas viradas

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a Sul por meio de amplas janelas. Esta solução permitiu responder às exigências de orientação para as salas de desenho (voltadas a Norte) e salas de aula (abertas a Sul), limitando ainda a extensão do edifício. É estudada uma segunda solução de entrada para o corpo de aulas, para que não se alterasse a orientação das salas de aula, qualquer que fosse o posicionamento do acesso principal. As duas soluções, entrada de topo e entrada lateral, desenvolvidas no anteprojecto-tipo, tornaram possível resolver todos os casos de implantação dos edifícios apenas com recurso a pequenos ajustamentos. Também o corpo da Educação Física irá apresentar uma solução normalizada, testada em alguns dos edifícios liceu construídos no âmbito do Plano de 38, em que o ginásio ocupa o piso superior e no piso inferior são instalados os anexos, a sala de canto coral, o refeitório e a cozinha. As salas de trabalhos manuais e de carácter oficinal são organizadas em pavilhões independentes, de piso único, em número variável, dependente de se tratar de escolas masculinas ou femininas. A divisão da escola nos três corpos atrás referidos – escolares, desportivos e oficinais – permitia a articulação dos corpos consoante a orientação e topografia do terreno. A Escola Técnica Elementar de Eugénio dos Santos, no Bairro de Alvalade, em Lisboa, foi a primeira a ser construída, seguida de muitas outras, em Lisboa e no Porto. Anteprojecto-tipo das Escolas de Ensino Profissional (1950) A complexidade programática dos diferentes cursos ministrados nestas escolas, alguns especificamente regionais, não permitia uma fácil e ampla aplicação de uma solução de projecto-tipo. Consoante o programa curricular oferecido, distinguiam-se as escolas Industrial, Comercial ou Industrial e Comercial. Para a sua concepção foi considerada uma população escolar de 500 alunos, ou seja, cerca de 15 turmas e uma área mínima para a implantação de 15 000m2. Com uma concepção baseada também na distribuição do programa por três corpos, as Escolas de Ensino Profissional dispunham de um corpo de oficinas mais vasto, em particular nas escolas industriais, que integrava o número de espaços oficinais necessários aos cursos ministrados em cada escola e se desenvolvia num único piso com iluminação superior através de coberturas em shed. Para o corpo de Educação Física foram adoptadas as mesmas exigências estabelecidas no programa das Escolas Técnicas Elementares.

Escola Técnica Elementar de Eugénio dos Santos, Lisboa


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Escola Técnica Elementar de Josefa de Óbidos, Lisboa

O anteprojecto exemplificava diversas formas de disposição dos corpos, para que a construção mais facilmente se pudesse adaptar às condições do terreno de implantação. O programa no qual se baseou este anteprojecto, denominado pela JCETS de Normas gerais para as instalações das Escolas do Ensino Técnico e Profissional, veio substituir o de 1947, aplicando-se a qualquer tipo de escola do Ensino Técnico Profissional. Os distintos grupos de serviços integravam os serviços administrativos (secretaria, direcção, instalações sanitárias); escolares (aulas normais, aulas de ciências geográfico-naturais, salas de laboratórios, anfiteatros, salas de desenho, salas de contabilidade, comércio e dactilografia, depósitos de material, oficinas, trabalhos femininos, recreios cobertos, recreios ao ar livre, instalações sanitárias dos alunos); especiais (vestiários, museu, biblioteca, instalações dos professores, médico escolar, sala de estar das raparigas, instalações para o pessoal menor); de Educação Física (ginásio, vestiários, balneário, canto coral, refeitório, instalações da Mocidade Portuguesa); de comunicações (corredores, escadas, átrio de entrada) e diversos outros espaços (arrecadações gerais, instalação eléctrica, sinalização e telefones). Refere-se o facto de este programa condenar, nos seus princípios gerais, o “recurso a efeitos estéticos rebuscados” e somente admitir nas frontarias a “sobriedade de composição que melhor traduz o espírito funcional dos serviços a que estas instalações se destinam”, denotando a noção de “ordem e disciplina” que se pretendia incutir nos estabelecimentos de ensino.


Estudo sobre Escolas Técnicas (1952) Em 1952, após vários estudos realizados e com base nos projectos de escolas profissionais já concluídos, a JCETS reconheceu a necessidade de modificar algumas soluções estabelecidas no anteprojecto-tipo de 1950, com o objectivo de melhorar a economia e o funcionamento dos edifícios. Do conjunto de alterações salienta-se, em primeiro lugar, o redimensionamento e o reposicionamento dos espaços dos diferentes corpos, permitindo obter importantes economias de área e volume de construção. A centralização do corredor no corpo das salas de aula permitiu atribuir a mesma largura às salas de aula e de desenho expostas a Sul e a Norte, na intenção de criar um maior equilíbrio estrutural do corpo e deslocar área útil de Norte para Sul de forma a possibilitar um maior número de dependências. As salas de aula adoptaram as dimensões de 6,8x7,5m, substituindo os 6x9m dos anteriores projectos. Estas novas dimensões dariam lugar a salas de aula mais quadradas de acordo com as novas orientações pedagógicas. Para as salas de Desenho dos cursos profissionais seria adoptado um comprimento de 15m para comportarem os estiradores de maiores dimensões. Relativamente aos restantes espaços, procurou obter-se uma maior economia nas dimensões dos átrios de entrada, e através da ligação da sala de professores à biblioteca, permitindo a criação de amplo salão quando necessário e com a

Escola Comercial de Filipa de Vilhena, Porto

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redução das caixas de escada. Estas alterações permitiram a diminuição da

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extensão dos corredores. No corpo de aulas, foi recomendada a redução do pé-direito de 4 para 3,6m, dimensão já adoptada no Liceu Gil Vicente, em Lisboa, e frequentemente utilizada em escolas estrangeiras. No corpo de Educação Física propôs-se uma redução da área do ginásio de Escola Comercial de Filipa de Vilhena, Porto

24x14m para 21x12m e do pé-direito de 7,5 para 6m. Os anexos situados no pavimento inferior do ginásio deviam reduzir o seu pé-direito de 4 para 3,6m, e reorganizar os seus espaços. No que respeita ao corpo das oficinas, a JCETS propôs a alteração da largura das unidades oficinais de 10 para 7m e a iluminação das mesmas por sheds de uma única faixa iluminante, de forma a simplificar a construção. A nova dimensão das oficinas permitiria um melhor aproveitamento de espaço. O pé-direito destas instalações foi também reduzido para 4,5m, até à linha das asnas. Além destas alterações de carácter dimensional, a JCETS recomendou também alterações a nível dos materiais, com o objectivo que diminuir os custos em acabamentos. São substituídos os azulejos de granulados por marmorite nos lambris dos corredores e escadas e os mármores dos átrios por materiais polidos de granulado. O desenho e material dos muros e portões de vedação foram simplificados no sentido de os tornar menos dispendiosos e de aumentar a segurança dos recintos de recreio. O estudo apresentou ainda recomendações em relação ao número de pisos dos edifícios. Com base em estudos relativos à construção de escolas técnicas no estrangeiro, a JCETS recomendou a adopção de quatro pisos no corpo de aulas e de três no de Educação Física para as escolas técnicas de programas mais vastos ou a instalar em terrenos de reduzidas dimensões. Este novo piso deveria ser ocupado com salas de utilização descontínua, como por exemplo os laboratórios, as salas de desenho ou as salas de ciências geográfico-naturais. Estas medidas permitiriam reduzir consideravelmente a área de construção dos edifícios, tornando possível o aproveitamento de terrenos com uma melhor localização que, de outra forma, teriam sido postos de parte por insuficiência de área. Além disso, considerava-se o desafogo exterior de “enorme importância tanto utilitária como estética”, pelo que era preferível o aumento de altura dos edifícios em disposições amplas e livres à aceitação de soluções que, por terem menor altura, acusassem alguma “estreiteza e constrangimento” na sua implantação no terreno. Salienta-se a preocupação da JCETS em simplificar continuamente os projectos destinados a escolas técnicas, dado o carácter utilitário deste tipo de edifícios, com vista à obtenção de significativas reduções orçamentais.


Projecto normalizado para o Ensino Técnico Profissional (1960)

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As premissas que orientaram a concepção dos anteprojectos-tipo das Escolas Técnicas Elementares (1947) e das Escolas de Ensino Profissional (1950), e do estudo sobre Escolas Técnicas (1952) estiveram na base de concepção das escolas destinadas ao ensino técnico profissional durante toda a década de 50. O plano de construção de escolas técnico-profissionais (1960) originou um aumento do número de escolas a construir, exigindo uma nova resposta por parte da JCETS no sentido de dar cumprimento aos prazos de execução previstos. Neste âmbito é desenvolvido, no mesmo ano, o 1º Projecto Normalizado, destinado à concepção e construção de escolas industriais e comerciais. Este estudo de normalização é o primeiro de um conjunto de estudos que a JCETS irá elaborar durante a década de 60, propondo e testando novos princípios de concepção, quer para os edifícios destinados a Escolas Técnicas Profissionais (1960 e 1964) como para os edifícios liceu (1964 e 1968). Nesta década, foram desenvolvidos o 1º Projecto Normalizado destinado a escolas industriais e comerciais (1960); o 2º Projecto Normalizado destinado aos liceus de Cascais e de Vila Nova de Gaia (1964); o 3º Projecto Normalizado destinado a escolas industriais e comerciais (1964); o 4º Projecto Normalizado destinado aos liceus de D. Pedro V, Lisboa, e de Garcia de Orta, Porto; o Estudo Normalizado aplicado à Escola Preparatória do Ensino Secundário (1968); e o Escola Industrial e Comercial do Montijo (actual Escola Secundária Jorge Peixinho)

Escola Industrial e Comercial do Montijo (actual Escola Secundária Jorge Peixinho)


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Escola Industrial e Comercial do Montijo (actual Escola Secundária de Jorge Peixinho)

Estudo Normalizado dos Liceus-tipo (1968). A coordenação destes estudos foi da responsabilidade do arquitecto Augusto Brandão, excepto o último cuja coordenação foi atribuída à arquitecta Maria do Carmo Matos. O 1º Estudo de Normalização, também designado por Projecto Mercúrio, envolveu, em primeiro lugar, a normalização do programa estabelecendo um programa único para escolas destinadas de 800 a 1 200 alunos. A sua concepção assentou na distribuição do programa em blocos funcionais de cobertura inclinada, na disposição dos espaços lectivos ao longo de um corredor central e na modulação de uma estrutura tipo e dos elementos construtivos aplicados à construção. O 2º Estudo de Normalização propõe uma nova organização dos espaços funcionais em diferentes blocos, unidos por galerias de comunicação, em que o bloco central acolhe a sala polivalente e os restantes blocos se organizam em torno de pátios interiores. Este estudo é também desenvolvido para aplicação a escolas industriais e comerciais, constituindo o 3º Estudo de Normalização, que se diferencia do anterior pela alteração de programa dos núcleos de salas de aula. Este estudo foi aplicado às Escolas Industriais e Comerciais de Évora e de Espinho e, tal como o anterior, propõe a criação de um espaço colectivo (sala polivalente ou sala de reuniões) onde possa decorrer a vida comunitária da escola (espaço de reunião, conferências, palestras, exposições e festas escolares). As instalações


destinadas a oficinas adaptam o modelo anteriormente utilizado, baseado numa solução em shed. Os 2º, 3º e 4º projectos normalizados estruturam-se a partir de um conjunto de blocos autónomos, permitindo a adaptação do edifício a terrenos de características topográficas, de exposição, de acessos e geológicas muito diversas e desconhecidas a priori. Os diferentes blocos são ligados por galerias exteriores cobertas, cujo traçado depende da morfologia do terreno. Esta flexibilidade de adaptação ao terreno reflecte-se ao nível do espaço interior dos blocos, através do desnivelamento das várias zonas que os constituem, obtendo uma adaptação mais completa às características locais. Estas soluções estão reproduzidas em várias zonas do País com adaptações pontuais em função da dimensão da escola e do lote onde esta se insere. Para as instalações desportivas adoptou-se o modelo de pavilhão.

Os projectos especiais Paralelamente ao desenvolvimento dos projectos normalizados, foram desenvolvidos dois projectos especiais pelo arquitecto Manuel Tainha – a Escola Agro-Industrial de Grândola (1959-63) e a Escola de Regentes Agrícolas de Évora (1960-66). Estes dois projectos constituíram uma oportunidade de investigação e concepção de uma nova solução arquitectónica, respondendo aos mesmos objectivos pedagógicos e económicos.

Escola Industrial e Comercial de Gabriel Pereira, Évora

135


136

Escola Agro-Industrial de Grândola (actual Escola Secundária de António Inácio da Cruz)

Por não se tratarem de modelos a repetir, a concepção destes edifícios escolares demonstram uma preocupação com a implantação do edifício no terreno, valorizando o ambiente escolar interior através da relação com o exterior, quer no tratamento dos elementos de transição, quer ao nível do desenho da entrada de luz natural. Escola Agro-Industrial de Grândola (1959-63). Arquitecto Manuel Tainha A Escola Agro-Industrial de Grândola foi construída por iniciativa da Fundação António Inácio da Cruz (Grândola) e foi comparticipada em 50% pelo Estado, através do MOP, destinando-se à formação de agentes rurais, agregando o ensino médio industrial e correspondente ciclo preparatório. A sua concepção evidencia uma continuidade no percurso de Manuel Tainha que recorre a conceitos arquitectónicos já explorados por si em obras anteriores. Caracteriza-se pela forte articulação entre a volumetria e a função garantindo, simultaneamente, o equilíbrio entre a autonomia das suas partes e a leitura dos edifícios como um todo. O desenvolvimento de uma espacialidade própria associada aos diferentes 3 Almeida, Rogério Vieira; “Manuel Tainha e a Arquitectura: as formas o tempo e o sentido” in Manuel Tainha, Arquitecto. A prática, a ética e a poética da Arquitectura. Catálogo da exposição, Almada, Casa da Cerca – Centro de Arte Contemporânea, Câmara Municipal de Almada, Fevereiro-Março 2000.

espaços lectivos apoia-se numa geometria de formas elementares e num controle da entrada de luz natural através da manipulação dos elementos de transição entre interior e exterior3. Construtivamente, o sistema caracteriza-se pela aplicação de elementos resistentes em betão e enchimentos em alvenaria de tijolo rebocado, empregando


também panos de tijolo à vista, resultando um contraste visual entre os diferentes

137

materiais. É utilizado um sistema estrutural e construtivo relativamente corrente, recorrendo a estruturas de betão de naves industriais como pórticos em forma de asna invertida, a estruturas ligadas a materiais tradicionais ou ao vulgar pórtico de pilar-viga em betão armado. A escola é formada por três conjuntos edificados distintos e de funções bem definidas: Pátio da Lavoura, Grupo de Aulas e Internato. A implantação dos três conjuntos foi condicionada pela organização e exploração agrícola da propriedade:

Escola Agro-Industrial de Grândola (actual Escola Secundária de António Inácio da Cruz)

a Nascente edificou-se o Grupo das Aulas e o Internato, com boas condições de orientação, de exposição, de natureza do solo e de acessibilidade pela proximidade da Estrada Nacional, e no centro, em contacto com as actividades directamente vinculadas à exploração agro-pecuária, o Pátio da Lavoura. Uma rede de caminhos e ruas assegurou a interligação entre os três grupos. Dos vários núcleos previstos seriam apenas construídos o Pátio da Lavoura e o Núcleo de Aulas. O Núcleo de Aulas situa-se na confluência da maior parte das construções previstas, pontuando como o centro de referência; demonstra uma clareza funcional na sua organização e permite uma futura expansão. O traçado da solução gera-se a partir de um núcleo central, do qual irradiam, em forma de turbina, quatro braços ou galerias de distribuição. Este núcleo central, orientado para a realização de múltiplas utilizações, acolhe todas as actividades comuns: recreio, exposições, conferências, festas, teatro, cinema, reuniões públicas, etc.4 Cada galeria, orientada segundo um ponto cardeal mais favorável às actividades propostas no seu interior, compõe um grupo constituinte da Escola. A galeria poente distribui as aulas normais e de desenho elementar. A galeria sul, as aulas de Agrologia, em contacto com campos ou hortos com alpendres cobertos e estufas, e aulas de ciências geográfico-naturais, com um museu anexo, um jardim botânico e um tanque biológico. A galeria nascente distribui o anfiteatro, laboratório de Físico-Química, salas de trabalhos manuais e de Desenho Elementar, anfiteatro de Tecnologia e oficinas. A galeria norte apoia os serviços administrativos, a biblioteca, os serviços médicos, o ginásio e respectivas instalações vestiário-balneário, contactando com o parque desportivo. O isolamento e independência de acessos deste grupo, conjuntamente com o átrio ou espaço polivalente, constituem o sector da escola cuja utilização pode ser estendida a toda a população da vila de Grândola. A flexibilidade apresentada pela solução permite posteriores transformações ou ampliações dos diferentes corpos, adaptando-os às condicionantes pedagógicas, construtivas, e ao crescente aumento no número de alunos.

4 Tainha, Manuel, “Escola Agro-Industrial de Grândola (1959-63)” in Arquitectura, nº 86, Janeiro/Fevereiro 1965.


A escola desenvolve-se num único piso em resultado da disponibilidade

138

quase ilimitada de terreno e da sua reduzida dimensão, permitindo a comodidade e rapidez de acesso, uma maior economia estrutural e construtiva, e uma maior correlação com os espaços livres de recreio. Para o autor, esta opção de piso único permitiu, ainda, o controle da escala dos espaços, identificando a escola com a imagem e a escala urbana da vila de Grândola. Escola de Regentes Agrícolas de Évora

Escola de Regentes Agrícolas de Évora (1960-66). Arquitecto Manuel Tainha O conjunto das instalações escolares que constitui a escola integra os seguintes espaços programáticos: corpo de aulas e de internato, instalações agropecuárias (Pátio da Lavoura) e habitações de professores. Os espaços destinados às aulas, internato e serviços administrativos ocupavam, desde os anos 30, um edifício existente, da autoria do arquitecto Jorge Segurado. Com o aumento da população escolar surge a necessidade de se ampliarem as primitivas instalações, criando-se edifícios próprios para as distintas funções. Assim, o internato permaneceria no edifício existente, situando-se o novo corpo de aulas e instalações colectivas num ponto elevado e privilegiado do território, de excepcionais condições naturais.5 Este novo conjunto funcional integra os espaços destinados às salas de aula, à administração, ao ginásio, biblioteca e sala dos professores. O traçado e a organização do corpo das salas de aula associa pequenos corpos de dois pisos que se estruturam a partir de um núcleo de escadas que permitem o acesso, em cada piso, a um conjunto de duas salas de aula. A aplicação deste sistema, denominado sistema Schuster6, é evidenciada e reforçada na concepção dos planos de fachada que sublinham a regra da criação do conjunto. A opção por esta organização tipológica permite a redução dos espaços de acessos em 5 Tainha, Manuel; “Escola de Regentes Agrícolas” in Arquitectura, nº 86, Janeiro/Fevereiro 1965. 6 O sistema Schuster foi desenvolvido pelo arquitecto F. Schuster, em 1928, para a Heinrich-Kromer Schule, em Frankfurt, na Alemanha. O seu princípio de concepção baseou-se na eliminação do corredor de circulação, garantindo-se o acesso às salas de aula do piso superior através de um núcleo de escadas existente entre cada duas salas de aula. Esta solução, de menor área construtiva, garantia a utilização de toda a profundidade dos espaços lectivos das salas de aula.

benefício dos espaços destinados às salas de aula, que vêm a sua área aumentada e as suas condições de habitabilidade melhoradas: iluminação natural bilateral e ventilação transversal. Construtivamente, todo o conjunto é construído com elementos resistentes em betão e enchimentos em alvenaria de tijolo rebocado e caiado a branco em todos os paramentos. Pontualmente é explorada a materialidade e textura nos acabamentos das paredes, nomeadamente nas paredes interiores dos anfiteatros. O corpo das salas de aula, organizado e construído num volume cilíndrico, é servido por um percurso que acompanha a sua geometria e materializado numa galeria exterior coberta, com a dupla função de circulação e recreio coberto.


139

Escola de Regentes Agrícolas de Évora

No topo, a rematar a galeria, situam-se dois corpos de geometria bem identificável: o volume da biblioteca e sala de professores e o corpo das instalações sanitárias comuns aos alunos. O edifício do ginásio e a administração concluem e encerram todo o conjunto. Situando-se no centro geométrico da curva que estrutura o volume das salas de aula, a sua geometria contraria a opção do restante conjunto, que obedece a uma estrita ortogonalidade. Este conjunto forma um todo organizado em volta de um terreiro que ocupa o topo da elevação do terreno, permitindo a perspectiva sobre a paisagem envolvente. Segundo Manuel Tainha, “a organização deste conjunto procura dar corpo à ideia de agrupamento contida no programa: agrupamento centrado em torno de um espaço livre, em que predomina o traçado quase gestual do corpo das aulas, abraçando o promontório pelo Norte, e em estreita aderência a uma curva de nível”.


3.


projEcTos-Tipo pArA o ENsiNo sEcUNdรกrio



3. PROJECTOS-TIPO PARA O ENSINO SECUNDÁRIO

o

esforço investido na produção de equipamento escolar destinado ao ensino secundário, iniciado no final da década de 60 com o Estudo Normalizado para o Liceu-tipo, é retomado em finais da década de 70 de modo a dar resposta às necessidades efectivas do País. Adquirindo maior expansão a partir da década de 80, apoiou-se no recurso a Planos Especiais de Construção Escolar,

responsáveis pela duplicação do parque escolar existente. Nos anos 1976-77 uma equipa coordenada pela arquitecta Maria do Carmo Matos e o engenheiro Victor Quadros Martins desenvolve, na Direcção-Geral de Equipamentos Escolares (DGEE), tutelada pelo Ministério da Educação (ME), o Estudo Base para a Elaboração dos Projectos de Execução de Instalações para Escolas Preparatórias e Secundárias (EPI-2). O estudo realizado incluiu a definição de vários modelos de programação de espaços bem como uma tipologia de escolas por nível de ensino e por número de alunos, visando sobretudo o recurso à construção industrializada com a qual se acreditava ser possível baixar custos e tempos de execução dos novos estabelecimentos exigidos pelo alongamento do ensino obrigatório e pela necessidade de oferta em todo o território nacional. O mesmo estudo deu origem a um projecto-tipo, posteriormente designado 3x3, desenvolvido pela Direcção-Geral das Construções Escolares (DGCE), tutelada pelo MOP, que respondia aos mesmos modelos e tipologia de escolas definidos pela equipa do ME e foi amplamente utilizado na construção e ampliações de escolas durante as duas décadas seguintes. O princípio de concepção do projecto-tipo 3x3 baseou-se no módulo dimensional da sala de aula de planta quadrada com 50m2 inserida numa malha regular de 7,20x7,20m, originando blocos quadrados com a dimensão final de 21,60x21,60m, com um ou dois pisos (ou mesmo três, quando a topografia o exigisse), autónomos e normalizados, com ou sem galerias de ligação. O submódulo de 0,60x0,60m permitiu ainda o desenvolvimento de tipologias de mobiliário, que passou a equipar as escolas através de concursos de apetrechamento lançados à indústria nacional. Construtivamente, os pavilhões foram evoluindo e, numa primeira fase, são constituídos por soluções prefabricadas, sobretudo em lajes e painéis; depois, até cerca de 1983 (Planos Especiais), por uma estrutura de pilares e lajes fungiformes alveolares e, finalmente, por uma estrutura porticada pilar-viga, em betão armado e lajes maciças ao nível do piso 1 e cobertura, sempre com os pilares distribuídos por uma malha regular de 7,20x7,20m.

143


144

Estes blocos autónomos resolvem, simultaneamente, os espaços lectivos – salas de aula, laboratórios ou oficinas – e não lectivos – biblioteca, secretaria, direcção – em torno do módulo central onde se localizam as escadas de acesso ao piso superior, iluminadas naturalmente através de um sistema de lanternins. Os espaços destinados a sala de alunos, cafetaria e refeitório são integrados num outro bloco de piso único, com uma métrica de 5x3 módulos de 7,20x7,20m, ocupando em regra uma posição de topo relativamente ao eixo principal do conjunto da implantação dos pavilhões de aulas. Integrando normalmente uma segunda fase de construção, são implantados, na década de 80, em diversas escolas secundárias, blocos oficinais para as áreas da Construção Civil, Electricidade, Mecânica e Química cujos programas funcionais resultaram também de um trabalho de investigação de equipas que integravam professores das várias especialidades coordenadas pela equipa do ME. O financiamento destas escolas não contemplava os espaços para a Educação Física; mesmo se a sua tipologia tivesse sido estudada pela equipa do ME a sua execução não foi considerada então uma prioridade; a prática desportiva nas novas escolas ocorria quase exclusivamente em campos exteriores descobertos do recinto escolar, apoiados muitas vezes por um bloco de balneários. Nas duas décadas seguintes, o estabelecimento de protocolos com os municípios permitiu a construção de pavilhões gimnodesportivos, com dimensões que permitissem, quando possível, a prática de desportos federados (44x25m).

Escola Secundária de Eça de Queiroz, Lisboa


145

Escola Secundária de Professor Reynaldo dos Santos, Vila Franca de Xira

Até ao início dos anos 80 e no âmbito deste Estudo, a concretização dos projectos recorreu a sistemas de construção industrializada, desde a prefabricação pesada, em que a estrutura e os painéis de parede são constituídos por elementos de betão armado prefabricados em estaleiro e montados em obra, até à prefabricação mista incorporando painéis de parede, interiores e exteriores, e a estrutura das coberturas com asnas de madeira, material utilizado também nos vãos exteriores e nas caixilharias. Entre os primeiros casos, salientam-se as escolas construídas pela Somapre, Indubel e Imprel, sob responsabilidade da DGEE (197475); nos segundos, refere-se a Escola Secundária do Laranjeiro (1974) construída com o sistema CLASP ou as escolas construídas pela A. Mesquita, de que é exemplo a Escola Secundária da Senhora da Hora, em Matosinhos. Entretanto, uma equipa coordenada pelos arquitectos Jorge Gouveia, Jorge Farelo Pinto e Teresa Santos Pinto, também na DGCE, desenvolvia o conceito de Famílias de Soluções (1978-88) aplicado também à concepção de escolas preparatórias e secundárias. Este conceito distinguiu-se do projecto-tipo ao propor soluções que assegurassem respostas diversificadas adaptadas a diferentes contextos de inserção e condições locais. Com este objectivo são criadas duas unidades elementares destinadas ao ensino e aos espaços colectivos que, sendo iguais em termos estruturais, se podem associar de diferentes modos originando diferentes tipologias de edifício. A malha dimensional utilizada é de 3,60x3,60m,


146

Escola Secundária de Vergilio Ferreira, Lisboa

submúltiplo do espaço da sala de aula (7,20x7,20m), adoptando-se nos restantes espaços a dimensão múltipla de 0,60m1. Referem-se as Escolas Secundária de Madeira Torres e Básica 2,3 de Padre Francisco Soares, em Torres Vedras, ou a Escola Básica 2,3 do Zambujal (Amadora). Este último projecto veio a ser repetido, com as necessárias alterações, para outras escolas, em particular nos anos mais recentes e no Algarve. Com o Decreto-Lei nº 76/80, de 15 de Abril, é criado um regime de excepção denominado Programa Especial de Execução de Escolas Preparatórias e Secundárias, pela DGCE, que permitiu a instituição de mecanismos legais que permitissem uma resposta rápida no campo da construção e ampliação de estabelecimentos escolares, com base no projecto-tipo 3x3. Durante toda a década de 80, este projecto foi desenvolvido, nomeadamente no que diz respeito aos seus acabamentos e instalações, dando lugar, em 1988, ao projecto-tipo 3x3 compacto. Este faz a articulação entre os corpos 3x3, antes individualizados, através de corpos de ligação de um ou dois pisos, constituindo espaços de circulação e de convívio nalgumas situações. Esta solução, progressivamente melhorada a nível de acabamentos e instalações e adaptada aos novos programas, foi a base da 1 Pinto, Jorge Farelo; Gouveia, A. Jorge e Pinto, Teresa Santos; Novos projectos – Famílias de Soluções. Escolas preparatórias secundárias. Ministério da Habitação e Obras Públicas/Direcção-Geral das Construções Escolares, Lisboa, s/d (1978?).

construção da grande maioria das escolas básicas, básicas integradas e secundárias, construídas nos últimos vinte anos, nomeadamente em substituição de muitas instalações prefabricadas construídas no início dos anos 70 pelo Ministério da Educação.


Até 1986, a concepção e construção de edifícios escolares, além da sua programação funcional e gestão, teve uma tutela conjunta do ME, através da Direcção-Geral de Equipamento Escolar, e do MOP, através da Direcção-Geral das Construções Escolares. Com a publicação da Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei nº 46/86, de 14 de Outubro) é criada a Direcção-Geral dos Equipamentos Educativos no ME, que integra as duas direcções-gerais anteriores. Em 1989 são criadas as direcções regionais de Educação, com competências executivas nas construções escolares, reservando-se a área de estudos e projectos, a nível central, à Direcção-Geral de Administração Escolar, para onde foi transferido o conhecimento acumulado relativo aos projectos tipificados dos programas anteriores. Para além de intervenções pontuais de que se refere o desenvolvimento de projectos para as escolas portuguesas do Maputo e de Luanda, esta Direcção-Geral manteve um núcleo que prosseguiu o desenvolvimento de programas funcionais designados por Programas Preliminares para as instalações das diferentes áreas tecnológicas do ensino secundário, para as escolas do ensino básico e do ensino secundário, para as instalações do pré-primário e para as escolas do ensino profissional, produzindo documentos de carácter normativo e legislativo que apoiaram a expansão da rede do ensino infantil, a criação da rede do ensino profissional e a descentralização de competências na construção das escolas do ensino básico. Por sua vez as direcções regionais passaram também a desenvolver projectos especiais ou mesmo, mais recentemente e no caso da Direcção Regional de Educação de Lisboa, uma solução tipo, com que foi construída uma única escola, no Infantado (Loures).

Escola Secundária de Pedro Alexandrino, Póvoa de Santo Adrião, Odivelas

147


4.


EDIFÍCIOS SELECCIONADOS


Liceu de Passos Manuel Designação actual

Escola Secundária de Passos Manuel localização

Largo de Jesus e Travessa do Convento de Jesus (antiga cerca do Convento de Jesus), Freguesia das Mercês, Lisboa anteriores Designações

1841 | Liceu Nacional de Lisboa (nome de origem) 1880 | Liceu Nacional Central de Lisboa (2.ª Zona Escolar) 1893 | Liceu do Carmo 1906 | Liceu Nacional Central da 2.ª Zona Escolar de Lisboa 1908 | Liceu Passos Manuel autoria(s) / Data(s)

150

1882 | Arq. José Luís Monteiro 1888 | Arq. Rafael de Castro 1896 | Arq. Rosendo de Carvalheira Projecto / construção

1882 | Projecto do Arq. José Luís Monteiro 1887 | Início da construção do edifício 1888 | Projecto do Arq. Rafael de Castro 1896 | Projecto do Arq. Rosendo de Carvalheira 1902 | Revisão do projecto de 1896 1907 | Novo projecto do Arq. Rosendo de Carvalheira 1911 | Inauguração pelo Governo da 1ª República


ALÇADO PRINCIPAL

151 ALÇADO TARDOZ PLANTA PISO 1

CORTE TRANSVERSAL

CORTE LONGITUDINAL

PLANTA PISO 2

ORGANIZAÇÃO TIPOLÓGICA

tipo . circulações . unidades de uso

ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL

piso 0 . piso 1

salas aula

laboratórios

ginásio

vestiários

espaço de alunos

serviços comuns e sociais

secretaria e professores


Liceu de Camões Designação actual

Escola Secundária de Camões localização

Praça José Fontana (antigo Largo do Matadouro Municipal), Lisboa anteriores Designações

1902 | Secção do Liceu Central de Lisboa / Liceu Nacional de Lisboa / / Liceu de S. Domingos (nome original) 1906 | Liceu Central da 1ª Zona Escolar 1908 | Liceu de Camões 1936 | Liceu Nacional de Camões autoria(s) / Data(s)

1907 | Arq. Miguel Ventura Terra Projecto / construção

152

1907 | Projecto do Arq. Miguel Ventura Terra 1908 | Início da construção do edifício 1909 | Inauguração do Liceu


alÇaDo pRinCipal

153 CoRtE / alÇaDo taRDoZ

planta piso 1

planta piso 2

oRGaniZaÇÃo tipolÓGiCa

tipo . circulações . unidades de uso

oRGaniZaÇÃo FUnCional

piso 0 . piso 1

salas aula

salas aula especiais

laboratórios

ginásio

vestiários

átrio / entrada

administração / secretaria

habitação reitor

refeitório / cozinha

biblioteca / museu

instalações sanitárias

sala estudo


Liceu de Pedro Nunes Designação actual

Escola Secundária de Pedro Nunes localização

Avenida Álvares Cabral (antiga Quinta da Bela Vista à Estrela), Lisboa anteriores Designações

1906 | Liceu Central da 3ª Zona Escolar de Lisboa / Liceu da Lapa (nome de origem) 1911 | Liceu Central de Pedro Nunes 1930 | Liceu Normal de Pedro Nunes autoria(s) / Data(s)

1908 | Arq. Miguel Ventura Terra Projecto / construção

154

1908 | Projecto do Arq. Miguel Ventura Terra 1909 | Início da construção do edifício 1911 | Inauguração do Liceu


ALÇADO PRINCIPAL

155 ALÇADO TARDOZ

PLANTA PISO 1

ORGANIZAÇÃO TIPOLÓGICA

tipo . circulações . unidades de uso

ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL

piso 0 . piso 1 . piso 2

salas aula / salas estudo

salas aula especiais

laboratórios / gab. / anf.

ginásio

átrio / entrada

serviços

biblioteca / sala professores

instalações sanitárias

refeitório (demolido)


Liceu de Alexandre Herculano Designação actual

Escola Secundária de Alexandre Herculano localização

Avenida de Camilo (antiga Quinta dos Sacais), Porto anteriores Designações

1836 | Liceu Central da 1ª Zona do Porto (Oriental) (nome original) 1908 | Liceu Central de Alexandre Herculano autoria(s) / Data(s)

1914 | Arq. José Marques da Silva Projecto / construção

156

1914 | Projecto do Arq. José Marques da Silva 1916 | Início da construção do edifício 1923 | Suspensão da obra 1923 | Reinício da obra 1931 | Conclusão da construção do edifício 1934 | Inauguração do Liceu


ALÇADO PRINCIPAL

CORTE TRANSVERSAL

PLANTA PISO 0

PLANTA PISO 1

ORGANIZAÇÃO TIPOLÓGICA

tipo . circulações . unidades de uso

ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL

piso 0 . piso 1

salas de aula

salas aula especiais

laboratórios

ginásio

vestiários

átrio

secretaria / reitoria

biblioteca / museu

instalações sanitárias

recreio coberto

157


Liceu de Rodrigues de Freitas Designação actual

Escola Secundária de Rodrigues de Freitas localização

Praça Pedro Nunes, Porto anteriores Designações

1836 | Liceu Nacional do Porto (nome original) 1880 | Liceu Nacional Central do Porto 1906 | Liceu Nacional Central da 2.ª Zona Escolar do Porto (Ocidental) 1908 | Liceu de D. Manuel II 1910 | Liceu de Rodrigues de Freitas 1947 | Liceu de D. Manuel II 1957 | Liceu Normal de D. Manuel II 1974 | Liceu de Rodrigues de Freitas

158

autoria(s) / Data(s)

1914 | Arq. José Marques da Silva Projecto / construção

1919 | Projecto do Arq. José Marques da Silva 1927 | Início da construção do edifício 1932 | Inauguração do Liceu


ALÇADO PRINCIPAL

159

PLANTA PISO 0

PLANTA PISO 1

ORGANIZAÇÃO TIPOLÓGICA

tipo . circulações . unidades de uso

ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL

piso 0 . piso 1

salas de aula

salas aula especiais

laboratórios

ginásio

vestiários

átrio

secretaria / reitoria

biblioteca / museu

instalações sanitárias

recreio coberto


Liceu de D. Filipa de Lencastre Designação actual

Escola Secundária de D. Filipa de Lencastre localização

Bairro do Arco do Cego, Lisboa anteriores Designações

1928 | Liceu Nacional D. Filipa de Lencastre (nome original e único) autoria(s) / Data(s)

1932 | Arq. Jorge Segurado com colaboração do Arq. António Varela – Projecto para escola primária 1937 | Arq. Jorge Segurado – Projecto de alterações para Liceu Projecto / construção

160

1932 | Projecto para escola primária - Arq. Jorge Segurado 1933 | Início da construção do edifício (escola primária) 1937 | Projecto de alterações para Liceu - Arq. Jorge Segurado 1938 | Inauguração do Liceu 1940 | Conclusão da construção do edifício


ALÇADO PRINCIPAL

161

CORTE LONGITUDINAL

PLANTA PISO 1

PLANTA PISO 2

ORGANIZAÇÃO TIPOLÓGICA

tipo . circulações . unidades de uso

ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL

piso 0 . piso 1

salas aula

salas aula especiais

laboratórios / anfiteatro

ginásio / educação física

vestiários

átrio

recreio coberto

secretaria / reitoria

gab. médico / enc. educação

refeitório

museu / biblioteca

instalações sanitárias


Liceu de Diogo de Gouveia Designação actual

Escola Secundária de Diogo de Gouveia localização

Largo Escritor Manuel Ribeiro, Beja anteriores Designações

1915 | Liceu Nacional de Fialho de Almeida 1919 | Liceu Nacional Central de Fialho de Almeida 1924 | Liceu Nacional de Fialho de Almeida 1925 | Liceu Nacional Central de Fialho de Almeida 1928 | Liceu Nacional de Fialho de Almeida 1937 | Liceu Nacional de Diogo de Gouveia 1947 | Liceu Nacional de Beja autoria(s) / Data(s)

162

1929 | Arq. Cristino da Silva Projecto / construção

1929 | Concurso para a elaboração do projecto 1930 | Projecto do Arq. Cristino da Silva 1931 | Início da construção do edifício 1937 | Inauguração do Liceu


ALÇADO PRINCIPAL

163 ALÇADO NASCENTE

PLANTA PISO 0

PLANTA PISO 1

ORGANIZAÇÃO TIPOLÓGICA

tipo . circulações . unidades de uso

ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL

piso 0 . piso 1

salas aula

salas aula esp. (sala estudos)

laboratórios / gabinetes

ed. física (ginásio e piscina)

vestiários

recreio coberto

secretaria / reitoria / médico esc.

museu / biblioteca / s. concelho

instalações sanitárias

oficinas

átrio


Liceu de D João III Designação actual

Escola Secundária de José Falcão localização

Avenida D. Afonso Henriques, Coimbra anteriores Designações

164

1836 | Liceu de Coimbra (nome original) 1839 | Liceu Nacional de Coimbra 1895 | Liceu Central de Coimbra 1914 | Liceu Central de José Falcão 1928 | Criação do Liceu Nacional de Júlio Henriques (continua a existir o Liceu de José Falcão) 1931 | Liceu Normal de José Falcão e Liceu Normal de Júlio Henriques 1936 | Junção dos Liceus José Falcão e Júlio Henriques: Liceu Normal de D. João III 1974 | Liceu Normal de José Falcão autoria(s) / Data(s)

1930 | Arq. Carlos Ramos, Arq. Jorge Segurado, Arq. Adelino Nunes Projecto / construção

1930 | Concurso para elaboração do projecto 1930 | Projecto do Arq. Carlos Ramos, Arq. Jorge Segurado, Arq. Adelino Nunes 1931 | Início da construção do edifício 1936 | Ampliação do edifício (novo piso nos dois corpos existentes) 1942 | Inauguração do Liceu D. João III


PLANTA PISO 0

165

PLANTA PISO 1

PLANTA PISO 2

ORGANIZAÇÃO TIPOLÓGICA

tipo . circulações . unidades de uso

ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL

piso 0 . piso 1 . piso 2

salas aula

salas aula especiais

laboratórios

ed. física (ginásio / piscina / bal.)

vestiários

secretaria / reitoria / circum-esco.

casa do reitor

refeitório / médico escolar

biblioteca / sala do concelho

instalações sanitárias

átrio


Liceu de Latino Coelho Designação actual

Escola Secundária de Latino Coelho localização

Avenida Padre Alfredo Pinto Teixeira, Lamego anteriores Designações

1880 | Liceu de Lamego (nome original) 1919 | Liceu Nacional de Latino Coelho 1920 | Liceu Central de Lamego 1936 | Liceu Provincial de Latino Coelho 1947 | Liceu Nacional de Lamego autoria(s) / Data(s)

1930 | Arq. Cottinelli Telmo Projecto / construção

166

1930 | Concurso para elaboração do projecto 1930 | Projecto do Arq. Cottinelli Telmo 1931 | Início da construção do edifício 1937 | Inauguração do Liceu


ALÇADO PRINCIPAL

167 ALÇADO POSTERIOR

PLANTA PISO 0

PLANTA PISO 1

ORGANIZAÇÃO TIPOLÓGICA

tipo . circulações . unidades de uso

ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL

piso 0 . piso 1

salas aula

salas aula especiais

laboratórios / gabinetes

educação física (ginásio / piscina)

vestiários

átrio

recreio coberto

secretaria / reitor / médico esc.

refeitório / canto coral

biblioteca / museu

instalações sanitárias

oficinas


Liceu de Sá da Bandeira Designação actual

Escola Secundária de Sá da Bandeira localização

Rua Dr.ª Maria Inês Schäller Dias, Santarém anteriores Designações

1843 | Liceu Nacional de Santarém (nome original) 1911 | Liceu Central de Sá da Bandeira 1932 | Liceu Nacional Central de Sá da Bandeira 1947 | Liceu Nacional de Santarém 1979 | Escola Secundária de Sá da Bandeira autoria(s) / Data(s)

Arq. José Costa e Silva (MOP-JCETS) Projecto / construção

168

1939 (Julho) | Data do projecto 1939 (Dezembro) | Início da construção do edifício 1943 | Conclusão da construção do edifício


ALÇADO PRINCIPAL

CORTE LONGITUDINAL

169

PLANTA PISO 1

PLANTA PISO 2

ORGANIZAÇÃO TIPOLÓGICA

tipo . circulações . unidades de uso

ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL

piso 0 . piso 1

serviços escolares

educação física

serviços especiais

serviços administrativos

átrios / circulação


Liceu de Nuno Álvares Designação actual

Escola Básica e Secundária de Nuno Álvares localização

Avenida Nuno Álvares, Castelo Branco anteriores Designações

1848 | Liceu Nacional de Castelo Branco (nome original) 1911 | Liceu Nacional-Central de Castelo Branco 1918 | Liceu Nacional-Central de Nuno Álvares 1936 | Liceu Nacional de Nuno Álvares autoria(s) / Data(s)

Arq. José Costa e Silva (MOP-JCETS) Projecto / construção

170

1940 (Junho) | Data do projecto 1941 (Janeiro) | Início da construção do edifício 1946 | Conclusão da construção do edifício


ALÇADO PRINCIPAL

171

ALÇADO TRANSVERSAL

PLANTA PISO 1

PLANTA PISO 2

ORGANIZAÇÃO TIPOLÓGICA

tipo . circulações . unidades de uso

ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL

piso 0 . piso 1

serviços escolares

educação física

serviços especiais

serviços administrativos

átrios / circulação


Liceu de Alves Martins Designação actual

Escola Secundária de Alves Martins localização

Avenida Infante D. Henrique, Viseu anteriores Designações

1848 | Liceu Nacional de Viseu (nome original) 1898 | Liceu Nacional Central de Viseu 1911 | Liceu Nacional Central de Alves Martins 1948 | Liceu Nacional de Viseu autoria(s) / Data(s)

Arq. Francisco da Costa Assis (MOP-JCETS) Projecto / construção

172

1941 (Outubro) | Data do projecto 1942 (Março) | Início da construção do edifício 1948 (Abril) | Conclusão da construção do edifício


173

PLANTA PISO -1

PLANTA PISO 0

ORGANIZAÇÃO TIPOLÓGICA

tipo . circulações . unidades de uso

ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL

piso -1 . piso 0

serviços escolares

educação física

serviços especiais

serviços administrativos

átrios / circulação


Liceu de Gonçalo Velho Designação actual

Escola Secundária de Santa Maria Maior localização

Rua Manuel Fiúza Júnior, Viana do Castelo anteriores Designações

174

1848 | Liceu Nacional de Viana do Castelo (nome original) 1918 | Liceu Nacional Gonçalo Velho 1919 | Liceu Nacional-Central de Gonçalo Velho 1924 | Liceu Nacional de Gonçalo Velho 1925 | Liceu Central de Gonçalo Velho 1928 | Liceu Nacional de Gonçalo Velho 1937 | Liceu Provincial de Gonçalo Velho 1947 | Liceu Nacional de Viana do Castelo 1957 | Liceu Central de Viana do Castelo autoria(s) / Data(s)

Arquitecto Januário Godinho Projecto / construção

1942 (Fevereiro) | Data do projecto 1942 (Agosto) | Início da construção do edifício 1945 | Conclusão da construção do edifício


ALÇADO LATERAL

ALÇADO TARDOZ

175

PLANTA PISO 1

PLANTA PISO 2

ORGANIZAÇÃO TIPOLÓGICA

tipo . circulações . unidades de uso

ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL

piso 0 . piso 1

serviços escolares

educação física

serviços especiais

serviços administrativos

átrios / circulação


Liceu de Infanta D. Maria Designação actual

Escola Secundária de Infanta D. Maria localização

R. Infanta D. Maria, Coimbra anteriores Designações

1918 | Liceu Feminino de Coimbra (nome original) 1919 | Liceu Nacional de Infanta D. Maria autoria(s) / Data(s)

1931 | Arquitecto Marques da Silva (não construído) 1943 (Outubro) | Projecto do arquitecto Manuel Fernandes de Sá (alterado) (MOP-JCETS) 1944 (Abril) Arq. Francisco da Costa Assis (MOP-JCETS) Projecto / construção

176

1931 | Projecto do arquitecto Marques da Silva 1943 (Outubro) | Projecto do arquitecto Manuel Fernandes de Sá 1945 | Início da construção do edifício 1948 (Outubro) | Conclusão da construção do edifício


ALÇADO PRINCIPAL

CORTE TRANSVERSAL

177

PLANTA PISO 1

PLANTA PISO 2

ORGANIZAÇÃO TIPOLÓGICA

tipo . circulações . unidades de uso

ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL

piso 0 . piso 1

serviços escolares

educação física

serviços especiais

serviços administrativos

átrios / circulação


Liceu de Gil Vicente Designação actual

Escola Básica e Secundária de Gil Vicente localização

Rua da Verónica, Lisboa anteriores Designações

1914 | Secção Oriental (ou de S. Vicente) do Liceu Passos Manuel (nome original) 1915 | Liceu Central de Gil Vicente 1949 | Liceu Nacional de Gil Vicente autoria(s) / Data(s)

1944 (Fevereiro) | Projecto do arquitecto Rebello de Andrade 1944 (Agosto) | Projecto do arquitecto José Costa e Silva (MOP-JCETS) – solução A e B 1945 (Maio) | Projecto do arquitecto José Costa e Silva (MOP-JCETS) Projecto / construção

178

1944 | Projecto do arquitecto Rebello de Andrade 1944 | Projecto do arquitecto José Costa e Silva 1945 (Agosto) | Início da construção do edifício 1949 | Conclusão da construção do edifício


ALÇADO PRINCIPAL

179

ALÇADO LATERAL

PLANTA PISO 2

PLANTA PISO 3

ORGANIZAÇÃO TIPOLÓGICA

tipo . circulações . unidades de uso

ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL

piso -1 . piso 0 . piso 1

serviços escolares

serviços educação física

serviços especiais

serviços administrativos

serviços comunicação


Liceu de D. João de Castro Designação actual

Polo de Educação e Formação de D. João de Castro localização

Rua Jau, Lisboa anteriores Designações

1928 Liceu Nacional de D. João de Castro 1974 Escola Secundária de D. João de Castro autoria(s) / Data(s)

1943 (Dezembro) | Projecto do arquitecto Cottinelli Telmo 1945 (Agosto) | Arq. José Costa e Silva (MOP-JCETS) Projecto / construção

180

1943 | Projecto do arquitecto Cottinelli Telmo 1945 | Projecto do arquitecto José Costa e Silva 1946 (Junho) | Início da construção do edifício 1949 | Conclusão da construção do edifício


ALÇADO PRINCIPAL

ALÇADO TARDOZ

181

PLANTA PISO 1

PLANTA PISO 2

ORGANIZAÇÃO TIPOLÓGICA

tipo . circulações . unidades de uso

ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL

piso 0 . piso 1 . piso 2

serviços escolares

serviços educação física

serviços especiais

serviços administrativos

serviços comunicação


Liceu de Carolina Michaelis Designação actual

Escola Secundária de Carolina Michaelis localização

Rua Infanta D. Maria, Porto anteriores Designações

1921 Liceu Central Feminino de Sampaio Bruno autoria(s) / Data(s)

1943 (Abril) | Projecto do arquitecto Januário Godinho 1946 (Julho) | Projecto do arquitecto José Sobral Blanco (MOP-JCETS) Projecto / construção

182

1943 | Projecto do arquitecto Januário Godinho 1946 | Projecto do arquitecto José Sobral Blanco 1946 | Início da construção do edifício 1951 | Conclusão da construção do edifício


ALÇADO SUL

CORTES

PLANTA PISO 1

PLANTA PISO 2

ORGANIZAÇÃO TIPOLÓGICA

tipo . circulações . unidades de uso

ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL

piso 0 . piso 1 . piso 2

serviços escolares

educação física

serviços especiais

serviços administrativos

átrios / circulação

183


Liceu de José Estêvão Designação actual

Escola Secundária de José Estêvão localização

Avenida 25 de Abril, Aveiro anteriores Designações

1851 | Liceu Nacional Aveiro (nome original) 1916 | Liceu Central de Aveiro 1919 | Liceu Central de Vasco da Gama 1927 | Liceu de José Estevão 1947 | Liceu Nacional de Aveiro autoria(s) / Data(s)

1947 (Agosto) | projecto do arquitecto José Costa e Silva (MOP-JCETS) Projecto / construção

184

1947 | Data do projecto 1948 | Início da construção do edifício 1952 | Conclusão da construção do edifício


ALÇADO PRINCIPAL

185 CORTE LONGITUDINAL

PLANTA PISO 0

PLANTA PISO 1

ORGANIZAÇÃO TIPOLÓGICA

tipo . circulações . unidades de uso

ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL

piso 0 . piso 1

serviços escolares

educação física

serviços especiais

serviços administrativos

átrios / circulação


Liceu de Sebastião e Silva Designação actual

Escola Secundária de Sebastião e Silva localização

Rua Liceu, Oeiras anteriores Designações

1944 | Liceu Nacional de Oeiras 1947 | Liceu de Oeiras autoria(s) / Data(s)

1948 (Setembro) | Projecto de arquitecto José Sobral Blanco (MOP-JCETS) Projecto / construção

186

1948 | Data do projecto 1950 | Início da construção do edifício 1952 | Conclusão da construção do edifício


ALÇADO SUL

187

ALÇADO NASCENTE

PLANTA PISO 0

PLANTA PISO 1

ORGANIZAÇÃO TIPOLÓGICA

tipo . circulações . unidades de uso

ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL

piso -1 . piso 0 . piso 1

serviços escolares

educação física

serviços especiais

serviços administrativos

átrios / circulação


Liceu de Rainha D. Leonor Designação actual

Escola Secundária de Rainha D. Leonor localização

Rua Maria Amália Vaz de Carvalho, Lisboa anteriores Designações

1947 | Liceu Rainha D. Leonor autoria(s) / Data(s)

1957 | Arq. Augusto Brandão (MOP-JCETS) Projecto / construção

1957 | Projecto do Arq. Augusto Brandão (JCETS-MOP) 1961 | Inauguração do Liceu

188


ALÇADO PRINCIPAL

189 ALÇADOS DO CORPO DO GINÁSIO

PLANTA PISO 0

PLANTA PISO 1

ORGANIZAÇÃO TIPOLÓGICA

tipo . circulações . unidades de uso

ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL

piso 0 . piso 1 . piso 2

serviços escolares

serviços especiais

serviços de educação física e musical

serviços administrativos

serviços comunicação


Liceu de Padre António Vieira Designação actual

Escola Secundária de Padre António Vieira localização

Rua Marquês de Soveral, Lisboa anteriores Designações

1965 | Liceu Padre António Vieira autoria(s) / Data(s)

1961 | Arq. Ruy Jervis d’Athouguia Projecto / construção

1961 | Projecto do Arq. Ruy Jervis d’Athouguia 1962 | Início da construção do edifício 1965 | Conclusão da construção do edifício

190


CORTE / ALÇADO

CORTE TRANSVERSAL

191

PLANTA PISO 0

PLANTA PISO 1

ORGANIZAÇÃO TIPOLÓGICA

tipo . circulações . unidades de uso

ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL

piso 0 . piso 1 . piso 2

serviços escolares

serviços especiais

serviços de educação física e musical

serviços administrativos

serviços comunicação


Liceu de Afonso de Albuquerque Designação actual

Escola Secundária de Afonso de Albuquerque localização

Rua Comandante Salvador Nascimento, Guarda anteriores Designações

1836 | Liceu Nacional da Guarda (nome original) 1884 | Liceu Central da Guarda 1894 | Liceu Nacional da Guarda 1918 | Liceu Central da Guarda 1919 | Liceu Central de Afonso de Albuquerque 1936 | Liceu Nacional da Guarda autoria(s) / Data(s)

1960 | Arq. António Maria Veloso Gomes

192

Projecto / construção

1960 | Ante-Projecto do Arq. António Maria Veloso Gomes 1965 | Projecto do Arq. António Maria Veloso Gomes 1969 | Conclusão da construção do edifício 1969 | Inauguração do Liceu


193 CORTES / ALÇADOS

PLANTA PISO 0

CORTE TRANSVERSAL

PLANTA PISO 1

ORGANIZAÇÃO TIPOLÓGICA

tipo . circulações . unidades de uso

ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL

piso 0 . piso 1

salas aula

salas aula especiais / laboratórios

educação física / cozinha / refeitório

átrio

sala polivalente

biblioteca / sala professores

instalações sanitárias

recreio coberto

serviços administrativos


Liceu Nacional de Cascais Designação actual

Escola Secundária de S. João do Estoril localização

Rua Brito Camacho, S. João do Estoril, Cascais anteriores Designações

1964 | Liceu Nacional de Cascais (nome original) 1974 | Liceu Nacional de S. João do Estoril autoria(s) / Data(s)

1964 | Arq. Augusto Brandão (MOP–JCETS) Projecto / construção

1964 | Projecto do Arq. Augusto Brandão (MOP–JCETS) 1968 | Inauguração do Liceu

194


ALÇADO DE CONJUNTO (LADO SUL)

ALÇADO DE CONJUNTO (LADO NASCENTE)

195

PLANTA PISO 0

ORGANIZAÇÃO TIPOLÓGICA

tipo . circulações . unidades de uso

ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL

piso 0 . piso 1

salas aula

salas aula especiais

sala polivalente / convívio

galeria exterior

sala canto coral / sala teatro

cozinha / refeitório

biblioteca / sala de professores

instalações sanitárias

serviços administrativos


Liceu de D. Pedro V Designação actual

Escola Secundária de D. Pedro V localização

Estrada das Laranjeiras, Lisboa anteriores Designações

1958 | Liceu Nacional de D. Pedro V (nome original) autoria(s) / Data(s)

1966 | Arq. Augusto Brandão (MOP–JCETS) Projecto / construção

1966 | Projecto do Arq. Augusto Brandão (MOP-JCETS) 1970 | Inauguração do Liceu

196


alÇaDo pRinCipal paVilHÃo a2

CoRtE tRansVERsal paVilHÃo a2

alÇaDo taRDoZ paVilHÃo a2 CoRtE tRansVERsal paVilHÃo a2

197

planta piso 0 (paVilHÃo a2)

planta piso 1 (paVilHÃo a2)

oRGaniZaÇÃo tipolÓGiCa

tipo . circulações . unidades de uso

oRGaniZaÇÃo FUnCional

piso 0 . piso 1

salas aula

salas aula especiais

educação física

sala polivalente / convivio

galeria exterior

serviços administrativos

sala canto coral / sala teatro

cozinha / refeitório

biblioteca / sala professores

instalações sanitárias


Escola Preparatória do Ensino Secundário (projecto-tipo 1968) Designação actual

Estudo Normalizado aplicado à Escola Preparatória do Ensino Secundário localização

Diversas localidades do país anteriores Designações

autoria(s) / Data(s)

1968 | Arq. Augusto Brandão (MOP–JCETS) Projecto / construção

Diferentes datas

198


BLOCO A

ALÇADO POENTE

ALÇADO NORTE

199 CORTE TRANSVERSAL

PROJECTOS DAS ESCOLAS DO CICLO PREPARATÓRIO EM BARCELOS E VILA NOVA DE GAIA

ORGANIZAÇÃO TIPOLÓGICA

tipo . circulações . unidades de uso

ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL

piso 0

salas de aula

ensino de ciência

ensino artístico

área desportiva

oficinas

área social e de convivio

biblioteca / museu / anfiteatro / auditório

área de docentes e funcionários

área administrativa

átrios / circulação


Projecto Normalizado para o Liceu-Tipo (projecto-tipo 1968) – Escola Secundária de D. Dinis Designação actual

Escola Secundária de D. Dinis (1.ª aplicação) localização

Rua Manuel Teixeira Gomes, Chelas, Lisboa anteriores Designações

1968 | Liceu Nacional dos Olivais (nome original) autoria(s) / Data(s)

1968 | Arq. Maria do Carmo Matos (MOP–JCETS) Projecto / construção

1968 | Projecto da Arq. Maria do Carmo Matos (MOP-DGCE) 1972 | Inauguração do Liceu

200


ALÇADO (PAVILHÃO A1)

CORTE (PAVILHÃO A1)

201

PLANTA DE CONJUNTO

ORGANIZAÇÃO TIPOLÓGICA

tipo . circulações . unidades de uso

ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL

piso 0 . piso 1

salas aula

salas aula especiais

sala canto coral

educação física

vestiários

átrio / entrada

serviços adm. / médico escolar

cozinha / refeitório

sala polivalente

biblioteca / sala professores

instalações sanitárias

galeria exterior


Escola Secundária de Benfica Designação actual

Escola Secundária de José Gomes Ferreira localização

Rua José Sebastião e Silva (antiga Quinta de Marrocos), Benfica, Lisboa anteriores Designações

1980 | Escola Secundária de Benfica (nome original) 1990 | Escola Secundária José Gomes Ferreira autoria(s) / Data(s)

1978 | Arq. Raúl Hestnes Ferreira, Arq. Jorge Gouveia, Arq. Jorge Farelo Pinto (participação no projecto base) – Projecto da escola 1980 | Arq. Raúl Hestnes Ferreira, Arq. Jorge Gouveia – Projecto do Ginásio Projecto / construção

202

1978 | Projecto do Arq. Raúl Hestnes Ferreira, Arq. Jorge Gouveia, Arq. Jorge Farelo Pinto (participação no projecto base) – edifício da escola 1980 | Projecto do Arq. Raúl Hestnes Ferreira, Arq. Jorge Gouveia – edifício do Ginásio 1978 | Início da construção do edifício (escola) 1980 | Conclusão da construção do edifício (escola)


CORTE ALÇADO

203 CORTE CORPO CENTRAL

PLANTA PISO 2

ORGANIZAÇÃO TIPOLÓGICA

tipo . circulações . unidades de uso

ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL

piso 0 . piso 1 . piso 2

salas aula / anfiteatro

s. aulas esp. / laboratórios

átrio

serviços administrativos

anfiteatro / biblioteca

instalações sanitárias

galeria exterior


Escola Secundária Professor Herculano de Carvalho Designação actual

Escola Secundária de Professor Herculano Carvalho localização

Avenida Dr. Francisco Luís Gomes, Olivais Sul, Lisboa anteriores Designações

Escola Secundária dos Olivais Velho autoria(s) / Data(s)

Arquitecto Manuel Tainha Projecto / construção

1972 | Concurso prévio 1975 | Projecto 1984 | Construção

204


205

PLANTA PISO 0

PLANTA PISO 1

ORGANIZAÇÃO TIPOLÓGICA

tipo . circulações . unidades de uso

ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL

piso 0 . piso 1

salas de aula

ensino de ciência

ensino artístico

área desportiva

oficinas

área social e de convivio

biblioteca / museu / anfiteatro / auditório

área de docentes e funcionários

área administrativa

átrios / circulação


Escola Secundária de Vila Nova de Santo André Designação actual

Escola Secundária de Padre António Macedo localização

Bairro do Liceu, Vila Nova de Santo André, Santiago do Cacém anteriores Designações

1983 | Escola Secundária de Vila Nova de Santo André 1997 | Escola Secundária de Padre António Macedo autoria(s) / Data(s)

1978 | Arquitectos Maria do Carmo Matos e José Maria Torre do Vale (Gabinete da Área de Sines) Projecto / construção

206

1978 | Projecto 1983 | Construção


ALÇADO PRINCIPAL

ALÇADO POSTERIOR

207 CORTE TRANSVERSAL

PLANTA PISO 0

PLANTA PISO 1

ORGANIZAÇÃO TIPOLÓGICA

tipo . circulações . unidades de uso

ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL

piso -1 . piso 0 . piso 1

salas aula / laboratórios

educação física

oficinas

convivio / refeitório

sala prof. / biblioteca

serviços administrativos

átrios / circulação


Escola de Desenho Industrial Marquês de Pombal Designação actual

Desactivada localização

Rua Alexandre Sá Pinto, Lisboa anteriores Designações

1884 | Escola de Desenho Industrial Marquês de Pombal 1963 | Transferência da Escola Industrial Marquês de Pombal para novas instalações na Rua Alexandre Sá Pinto e instalação da Escola Industrial de Fonseca de Benevides no edifício autoria(s) / Data(s)

Luís Caetano Pedro de Ávila Projecto / construção

208

1886 (Dezembro) | Início da Construção 1888 (Outubro) | inauguração do edifício escolar


209

ORGANIZAÇÃO TIPOLÓGICA

tipo . circulações . unidades de uso

ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL

piso 0 . piso 1 . piso 2

salas de aula

ensino de ciência

ensino artístico

área desportiva

oficinas

área social e de convivio

biblioteca / museu / anfiteatro / auditório

área de docentes e funcionários

área administrativa

átrios / circulação


Escola Industrial de Machado de Castro Designação actual

Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa localização

Rua Saraiva de Carvalho, Lisboa anteriores Designações

Escola Industrial de Machado de Castro autoria(s) / Data(s)

1915 | Vítor Bastos Júnior Projecto / construção

1915 | Projecto Anos 20 | Construção

210


ALÇADO POSTERIOR

211

ALÇADO PRINCIPAL

CORTE TRANSVERSAL

PLANTA PISO 0

ORGANIZAÇÃO TIPOLÓGICA

tipo . circulações . unidades de uso

ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL

piso -2 . piso -1 . piso 0 . piso 1

salas de aula

ensino de ciência

ensino artístico

área desportiva

oficinas

área social e de convivio

biblioteca / museu / anfiteatro / auditório

área de docentes e funcionários

área administrativa

átrios / circulação


Escola Técnica Elementar de Josefa de Óbidos Designação actual

Escola Secundária de Josefa de Óbidos localização

Rua Possidónio da Silva, Lisboa anteriores Designações

1957 | Escola Industrial Feminina de D. Josefa de Óbidos autoria(s) / Data(s)

Arquitecto António José Pedroso (JCETS-MOP) Projecto / construção

1952 | Início da construção 1960 | Conclusão da construção

212


ALÇADO NORTE

Gás

213

Gás

ALÇADO SUL

PLANTA PISO 1

PLANTA PISO 1

ORGANIZAÇÃO TIPOLÓGICA

tipo . circulações . unidades de uso

ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL

piso 0 . piso 1 . piso 2

salas de aula

ensino de ciência

ensino artístico

área desportiva

oficinas

área social e de convivio

biblioteca / museu / anfiteatro / auditório

área de docentes e funcionários

área administrativa

átrios / circulação


Escola Comercial de Filipa de Vilhena Designação actual

Escola Secundária Filipa de Vilhena localização

Rua do Covelo, Porto anteriores Designações

1948 | Escola Comercial Filipa de Vilhena 1979 | Escola Secundária Filipa de Vilhena autoria(s) / Data(s)

Arquitecto José Costa Silva (MOP-JCETS) Projecto / construção

214

1956 | Projecto 1957 (Janeiro) | Início da construção 1959 (Abril) | Conclusão da construção


136.35

132.64

132.53

ALÇADO PRINCIPAL 5

215

132.59

132.58

132.13

ALÇADO POSTERIOR

5

I

I

C

C

H

H

H

H

A

A

A

E

E

B

D

B

D

CONS. EXECÚTIVO

A

CONS. EXECÚTIVO SALA 1.2

SECRETARIA

SALA 1.4

SALA 1.3

SALA 1.5

SALA 1.6

A.E.

SALA PROF.

Q.E.

SALA PROF.

SALA 2.5

SALA 2.6

SALA 2.7

SALA 2.8

SALA 2.9

SALA 2.10

I.S. PROF.

I.S. FEM.

F

F

F

F

G

G

G

G

I

C

C

BAR

SALA 2.4

REPROGRAFIA

A.S.E.

GABINETE

LAB. FÍSICA

SALA 2.3

INFORMÁTICA

ANFITEATRO

DES. ARTES

SALA 2.1

LAB. QUÍMICA

ANEXO LAB.

SALA 2.0

I

GAB. 1

PESSOAL AUXILIAR

136.35

PLANTA DO PISO 1

PLANTA DO PISO 0 E

E

0

5m

B

D

5m

B

D

0

PLANTA PISO 0

PLANTA PISO 1

ORGANIZAÇÃO TIPOLÓGICA

tipo . circulações . unidades de uso

ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL

piso 0 . piso 1 . piso 2 . piso 3

salas de aula

ensino de ciência

ensino artístico

área desportiva

oficinas

área social e de convivio

biblioteca / museu / anfiteatro / auditório

área de docentes e funcionários

área administrativa

átrios / circulação


Primeiro Projecto Normalizado 1960 - Projecto Mercúrio - Escola Industrial e Comercial do Montijo Designação actual

Escola Secundária Jorge Peixinho localização

Montijo anteriores Designações

1957 | Escola Industrial e Comercial do Montijo 1974 | Escola Polivalente do Montijo – Escola Secundária do Montijo 1998 | Escola Secundária Jorge Peixinho autoria(s) / Data(s)

MOP / JCETS Projecto / construção

216

1961 (Maio) | Início da construção 1963 (Julho) | Conclusão da construção


CORTE LONGITUDINAL

ALÇADO NORTE

217

PLANTA PISO 1

PLANTA PISO 0

ORGANIZAÇÃO TIPOLÓGICA

tipo . circulações . unidades de uso

ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL

piso 0 . piso 1

salas de aula

ensino de ciência

ensino artístico

área desportiva

oficinas

área social e de convivio

biblioteca / museu / anfiteatro / auditório

área de docentes e funcionários

área administrativa

átrios / circulação


Escola Industrial e Comercial de Gabriel Pereira Designação actual

Escola Secundária de Gabriel Pereira localização

Rua Doutor Domingos Rosado, Évora anteriores Designações

1919 | Escola Industrial e Comercial Gabriel Pereira 1948 | Escola Industrial e Comercial de Évora 1979 | Escola Secundária Gabriel Pereira autoria(s) / Data(s)

1964 | Arquitecto Augusto Brandão (MOP-JCETS) Projecto / construção

1970 | Conclusão da construção

218


BLOCO DA SECRETARIA

ALÇADO NASCENTE

ALÇADO NORTE

219 ALÇADO SUL

PLANTA DE CONJUNTO (PISO 0)

ORGANIZAÇÃO TIPOLÓGICA

tipo . circulações . unidades de uso

ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL

piso 0 . piso 1

salas de aula

ensino de ciência

ensino artístico

área desportiva

oficinas

área social e de convivio

biblioteca / museu / anfiteatro / auditório

área de docentes e funcionários

área administrativa

átrios / circulação


Escola Agro-Industrial de Grândola Designação actual

Escola Secundária de António Inácio da Cruz localização

Avenida António Inácio Cruz, Grândola anteriores Designações

1964 | Escola Agro-industrial de Grândola 1970 | Escola Técnica de António Inácio da Cruz 1978 | Escola Secundária de António Inácio da Cruz autoria(s) / Data(s)

Arquitecto Manuel Tainha Projecto / construção

220

1959-62 | Projecto 1963 | Construção da escola


ALÇADO A POENTE

ALÇADO A SUL

221

PLANTA PISO 0

ORGANIZAÇÃO TIPOLÓGICA

tipo . circulações . unidades de uso

ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL

piso 0

salas aula / laboratórios

educação física

oficinas

convívio / refeitório

biblioteca

serviços administrativos

àtrios / circulação


Escola de Regentes Agrícolas de Évora Designação actual

Universidade de Évora localização

Herdade da Mitra, Valverde, Évora anteriores Designações

Escola de Regentes Agrícolas de Évora 1973 | Instituto Universitário de Évora 1979 | Universidade de Évora autoria(s) / Data(s)

Manuel Tainha Projecto / construção

222

1960 | Projecto 1966 | Construção


223

PLANTA PISO 0

CORTE DO CORPO DA BIBLIOTECA E SALA DE PROFESSORES

ORGANIZAÇÃO TIPOLÓGICA

tipo . circulações . unidades de uso

ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL

piso 0 . piso 1

salas aula

educação física

instalações sanitárias

biblioteca / s. professores

galeria exterior coberta

administração

circulação


Escola Secundária Professor Reynaldo dos Santos Designação actual

Escola Secundária Professor Reynaldo dos Santos (Sede do Agrupamento de Escolas Dr. Sousa Martins) localização

Rua 28 Março Bom Retiro, Casal das Lameiras, Vila Franca de Xira anteriores Designações

19?? | Colégio particular Dr. Sousa Martins 1973 | Secção do Liceu Padre António Vieira 197? | Escola Secundária nº 2 de Vila Franca de Xira 1987 | Escola Secundária Professor Reynaldo dos Santos autoria(s) / Data(s)

DREL – Direcção Regional da Educação de Lisboa Projecto / construção

224

1976 | Conclusão da construção


ALÇADOS BLOCO TIPO (2 PISOS)

ALÇADOS BLOCO TIPO (3 PISOS)

225

PLANTA PISO 0

ORGANIZAÇÃO TIPOLÓGICA

tipo . circulações . unidades de uso

ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL

piso -1 . piso 0 . piso 1 . piso 2

salas de aula

ensino de ciência

ensino artístico

área desportiva

oficinas

área social e de convivio

biblioteca / museu / anfiteatro / auditório

área de docentes e funcionários

área administrativa

átrios / circulação


Escola Secundária de Vergílio Ferreira Designação actual

Escola Secundária de Vergílio Ferreira localização

Rua do Seminário, Quinta dos Inglesinhos, Lisboa anteriores Designações

autoria(s) / Data(s)

DREL – Direcção Regional da Educação de Lisboa Projecto / construção

226

1983 | Início da construção 1986 | Ampliação 1995 | Ampliação 1999 | Conclusão da construção


corte transversal

corte / alçado de conjunto

227

planta piso 0

orGaniZaçÃo tipolÓGica

tipo . circulações . unidades de uso

orGaniZaçÃo Funcional

piso 0 . piso 1

salas de aula

ensino de ciência

ensino artístico

área desportiva

oficinas

área social e de convivio

biblioteca / museu / anfiteatro / auditório

área de docentes e funcionários

área administrativa

átrios / circulação


Escola Secundária de D. Martinho Vaz de Castelo Branco Designação actual

Escola Secundária de D. Martinho Vaz de Castelo Branco localização

Póvoa de Santa Iria anteriores Designações

autoria(s) / Data(s)

DREL – Direcção Regional da Educação de Lisboa Projecto / construção

1983 | Conclusão da construção

228


alçado sul

alçado norte

alçado principal (nascente)

229

orGaniZaçÃo tipolÓGica

tipo . circulações . unidades de uso

orGaniZaçÃo Funcional

piso 0 . piso 1

salas de aula

ensino de ciência

ensino artístico

área desportiva

oficinas

área social e de convivio

biblioteca / museu / anfiteatro / auditório

área de docentes e funcionários

área administrativa

átrios / circulação


230

Ă?ndice de imagens


Pág. 12 – Liceu de Passos Manuel, Lisboa Arquivo da Escola Secundária de Passos Manuel Pág. 14 – Liceu de Pedro Nunes, Lisboa Colecção Estúdio Mário Novais, Fundação Calouste Gulbenkian – Biblioteca de Arte Pág. 15 – Liceu de Maria Amália Vaz de Carvalho, Lisboa Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 17 – Escola de Desenho Industrial de Marquês de Pombal, Lisboa Arquivo do MOP Pág. 18 – Liceu de Pedro Nunes, Lisboa Colecção Estúdio Mário Novais, Fundação Calouste Gulbenkian – Biblioteca de Arte Pág. 21 – Liceu de Oeiras (actual Escola Secundária de Sebastião e Silva) Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 24 – Liceu de Rainha D. Leonor, Lisboa Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 25 – Liceu de Padre António Vieira, Lisboa Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 26 – Liceu Nacional de Cascais (actual Escola Secundária de S. João do Estoril) Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 27 – Liceu de Afonso de Albuquerque, Guarda Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 28 – Escola Preparatória do Ensino Secundário Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 29 – Projecto Normalizado para o Liceu-tipo Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 31 – Liceu de Benfica, Lisboa (actual Escola Secundária de José Gomes Ferreira) Fotografia cedida por Raul Hestnes Ferreira Pág. 36 – Liceu de Maria Amália Vaz de Carvalho, Lisboa Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 38 – Liceu de Passos Manuel, Lisboa Arquivo da Escola Secundária de Passos Manuel Pág. 39 – Liceu de Passos Manuel, Lisboa Arquivo da Escola Secundária de Passos Manuel Pág. 40 – Liceu Passos Manuel, Lisboa Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa (cota A10967) Pág. 41 – Liceu Passos Manuel, Lisboa Arquivo da Escola Secundária de Passos Manuel Pág. 42 – Liceu de Passos Manuel, Lisboa Arquivo da Escola Secundária de Passos Manuel Pág. 43 – Liceu de Camões, Lisboa Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa (cota A14378) Pág. 44 – Liceu de Camões, Lisboa Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa Pág. 45 – Liceu de Camões, Lisboa Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa Pág. 46 – Liceu de Pedro Nunes, Lisboa Colecção Estúdio Mário Novais, Fundação Calouste Gulbenkian – Biblioteca de Arte Pág. 47 – Liceu de Pedro Nunes, Lisboa Arquivo da Escola Secundária de Pedro Nunes

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Pág. 48 – Liceu de Pedro Nunes, Lisboa Colecção Estúdio Mário Novais, Fundação Calouste Gulbenkian – Biblioteca de Arte Pág. 49 – Liceu de Maria Amália Vaz de Carvalho, Lisboa Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 49 – Liceu de Maria Amália Vaz de Carvalho, Lisboa Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 50 – Liceu de Maria Amália Vaz de Carvalho, Lisboa Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 51 – Liceu de Alexandre Herculano, Porto Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação

232

Pág. 51 – Liceu de Alexandre Herculano, Porto Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 52 – Liceu de Alexandre Herculano, Porto Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 53 – Liceu de Rodrigues de Freitas, Porto Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 54 – Liceu de Rodrigues de Freitas, Porto Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 55 – Liceu de Rodrigues de Freitas, Porto Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 58 – Liceu de D. João III, Coimbra Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 60 – Ginásio do Liceu de D. Filipa de Lencastre, na Rua do Quelhas, Lisboa Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 61 – Liceu de D. Filipa de Lencastre, na Rua do Quelhas, Lisboa Carlos Ramos, Exposição retrospectiva da sua obra, Fundação Calouste Gulbenkian, 1986 Pág. 61 – Liceu de D. Filipa de Lencastre, Bairro do Arco do Cego, Lisboa Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 62 – Liceu de D. Filipa de Lencastre, Bairro do Arco do Cego, Lisboa Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 63 – Liceu de D. Filipa de Lencastre, Bairro do Arco do Cego, Lisboa Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 64 – Liceu de Diogo de Gouveia, Beja SILVA, Cristino; "Liceu Nacional Jacinto de Matos, ex-Liceu Nacional Fialho de Almeida" in Arquitectos, Revista Oficial do Sindicato Nacional dos Arquitectos, dir. Cottinelli Telmo, n.º 1, Lisboa 1938. Pág. 65 – Liceu de Diogo de Gouveia, Beja SILVA, Cristino; "Liceu Nacional Jacinto de Matos, ex-Liceu Nacional Fialho de Almeida" in Arquitectos, Revista Oficial do Sindicato Nacional dos Arquitectos, dir. Cottinelli Telmo, n.º 1, Lisboa 1938. Pág. 66 – Liceu de D João III, Coimbra Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 67 – Liceu de D João III, Coimbra Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 69 – Liceu de Latino Coelho, Lamego Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 70 – Liceu de Latino Coelho, Lamego Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 71 – Liceu de Latino Coelho, Lamego Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação


Pág. 76 – Liceu de Gonçalo Velho, Viana do Castelo Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 76 – Liceu de Gonçalo Velho, Viana do Castelo Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 77 – Liceu de Carolina Michaelis, Porto Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 77 – Liceu de José Estêvão, Aveiro Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 78 – Liceu de Alves Martins, Viseu Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 78 – Liceu de Nuno Álvares, Castelo Branco Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 78 – Liceu de Alves Martins, Viseu Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 79 – Liceu de Infanta D. Maria, Coimbra Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 80 – Liceu de Sá da Bandeira, Santarém Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 80 – Liceu de Sá da Bandeira, Santarém Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 81 – Liceu de D. João de Castro, Lisboa Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 81 – Liceu de D. João de Castro, Lisboa Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 82 – Liceu de Gil Vicente, Lisboa Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 82 – Liceu de Gil Vicente, Lisboa Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 83 – Liceu Sebastião e Silva, Oeiras Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 83 – Liceu Sebastião e Silva, Oeiras Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 89 – Liceu de Rainha D. Leonor, Lisboa Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 89 – Liceu de Rainha D. Leonor, Lisboa Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 90 – Liceu de Padre António Vieira, Lisboa Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 91 – Liceu de Padre António Vieira, Lisboa Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 93 – Liceu de Afonso de Albuquerque, Guarda Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 93 – Liceu de Afonso de Albuquerque, Guarda Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 94 – Liceu de Cascais (actual Escola Secundária de S. João do Estoril) Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 95 – Liceu de Cascais (actual Escola Secundária de S. João do Estoril) Alexandra Alegre

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Pág. 97 – Liceu de D. Pedro V, Lisboa Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 98 – Liceu de D. Pedro V, Lisboa Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 99 – Liceu de D. Pedro V, Lisboa Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 104 – Escola Preparatória do Ensino Secundário Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 104 – Escola Preparatória do Ensino Secundário Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação

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Pág. 105 – Escola Preparatória do Ensino Secundário Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 106 – Projecto Normalizado para o Liceu-tipo Arquivo Fotográfico da Parque Escolar, E.P.E. Pág. 107 – Projecto Normalizado para o Liceu-tipo Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 108 – Projecto Normalizado para o Liceu-tipo Arquivo Fotográfico da Parque Escolar, E.P.E. Pág. 109 – Projecto Normalizado para o Liceu-tipo Arquivo Fotográfico da Parque Escolar, E.P.E. Pág. 114 – Escola Secundária de Benfica, Lisboa Fotografia cedida por Raul Hestnes Ferreira Pág. 115 – Escola Secundária de Benfica, Lisboa Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 116 – Escola Secundária de Benfica, Lisboa Fotografia cedida por Raul Hestnes Ferreira Pág. 117 – Escola Secundária de Benfica, Lisboa Fotografia cedida por Raul Hestnes Ferreira Pág. 118 – Escola Secundária Professor Herculano de Carvalho, Lisboa Arquivo Fotográfico da Parque Escolar, E.P.E. Pág. 120 – Escola Secundária de Vila Nova de Santo André, Santiago do Cacém Arquivo Fotográfico da Parque Escolar, E.P.E. Pág. 121 – Escola Secundária de Vila Nova de Santo André, Santiago do Cacém Arquivo Fotográfico da Parque Escolar, E.P.E. Pág. 127 – Escola Técnica Elementar de Eugénio dos Santos, Lisboa Arquivo da Escola Básica Eugénio dos Santos, Lisboa Pág. 128 – Escola Técnica Elementar Josefa de Óbidos, Lisboa Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 129 – Escola Comercial Filipa de Vilhena, Porto Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 130 – Escola Comercial Filipa de Vilhena, Porto Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 131 – Escola Jorge Peixinho, Montijo Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 131 – Escola Jorge Peixinho, Montijo Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 132 – Escola Jorge Peixinho, Montijo Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação


Pág. 133 – Escola Industrial e Comercial Gabriel Pereira, Évora Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 134 – Escola Agro-Industrial de Grândola Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 135 – Escola Agro-Industrial de Grândola Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação Pág. 136 – Escola de Regentes Agrícolas de Évora Fotografia cedida por Manuel Taínha Pág. 137 – Escola de Regentes Agrícolas de Évora Fotografia cedida por Manuel Taínha Pág. 142 – Escola Secundária de Eça de Queiroz, Lisboa Arquivo Fotográfico da Parque Escolar, E.P.E. Pág. 143 – Escola Secundária Professor Reynaldo dos Santos, Vila Franca de Xira Arquivo Fotográfico da Parque Escolar, E.P.E. Pág. 144 – Escola Secundária de Vergílio Ferreira, Lisboa Arquivo Fotográfico da Parque Escolar, E.P.E. Pág. 145 – Escola Secundária de Pedro de Alexandrino, Póvoa de Santo Adrião Arquivo Fotográfico da Parque Escolar, E.P.E.

No Capitulo 4

Da pág. 150 à pág. 228

Fotos actuais: Arquivo Fotográfico da Parque Escolar, E.P.E. Fotos a preto e branco e antigas a cores: Arquivo Fotográfico da Secretaria-Geral do Ministério da Educação

Excepto: Pag. 150 - Liceu de Passos Manuel, Lisboa Fotografias a preto e branco: Arquivo da Escola Secundária de Passos Manuel Pag. 152 - Liceu de Camões, Lisboa Fotografia a preto e branco: Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa (cota A8787) Fotografias a cores cedidas por João Pedro Falcão de Campos Pag. 154 - Liceu de Pedro Nunes, Lisboa Arquivo da Escola Secundária de Pedro Nunes e Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian (Estúdio Mário Novais) Pag. 202 – Escola Secundária de Benfica, Lisboa Fotografias cedidas por Raúl Hestnes Ferreira Pags. 208 e 209 – Escola de Desenho Industrial de Marquês de Pombal Desenhos e gravura: Arquivo MOP Pag. 212 - Escola Técnica Elementar de Josefa de Óbidos Fotografias a cores cedidas por Atelier Central Pag. 222 - Escola de Regentes Agrícolas de Évora Fotografias cedidas por Manuel Taínha

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236

Bibliografia


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