paulo pedroso et al 2012_qualificações para a reconversão sectorial

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Qualificações para a reconversão sectorial Défices e estrangulamentos na oferta de qualificações para a economia do futuro

Paulo Pedroso João Elyseu João Magalhães 2ª edição Janeiro de 2012


Índice Índice .............................................................................................................. 1 Índice de Tabelas ............................................................................................ 3 Índice de Figuras ............................................................................................ 7 Introdução ...................................................................................................... 8 I. Planeamento e prospectiva do ensino profissional – recalibrar a relação entre a oferta e as procuras .......................................................................... 11 I.1 Um problema português: o ensino secundário profissional desde 1974. 11 I.1.1 A nostalgia do ensino técnico .......................................................... 13 I.1.2. O novo ensino profissional ............................................................. 15 I.1.3 Nova situação: ensino secundário em crescimento e diversificação . 17 I.2. Abordagem sistémica do planeamento do ensino profissional .............. 20 I.2.1 O sistema de planeamento .............................................................. 20 I.2.2 O problema do predomínio da procura à entrada sobre o sistema ... 25 I.3. Uma proposta para que a procura à saída entre em cena: o semáforo de saídas profissionais ................................................................................... 27 I.3.1. As dimensões fundamentais de análise .......................................... 30 I.3.2 A definição dos indicadores ............................................................ 35 I.3.3 O semáforo: a construção do índice ................................................ 43 II. Das saídas profissionais a um semáforo territorial de procura da formação à saída pelas empresas .................................................................................... 49 II.1 As dimensões de análise ...................................................................... 49 II.1.1 As saídas profissionais .................................................................. 49 II.1.2 Os ingressos no ensino superior .................................................... 52 II.1.3 O emprego de jovens diplomados do ensino secundário ................. 59 II.1.4 O desemprego de jovens diplomados do ensino secundário ............ 63 II.1.5 O ensino profissional com o “síndroma de Chubkin”: predomínio da procura à entrada ou efeito de identidade do ensino profissional? .......... 67 II.2. O semáforo de saídas profissionais: visão global ................................. 70 II.2.1 As profissões indisponíveis ............................................................ 71 II.2.2 A distribuição profissional do risco de saturação do ensino profissional ............................................................................................. 73 II.3 O semáforo de saídas profissionais: a distribuição territorial do risco de saturação do ensino profissional ................................................................ 90 II.3.1 Norte ............................................................................................. 90 II.3.2 Centro ......................................................................................... 103 1


II.3.3 Lisboa e Vale do Tejo ................................................................... 116 II.3.4 Alentejo ....................................................................................... 129 II.3.5 Algarve ........................................................................................ 139 III. Análise prospectiva da evolução sectorial em Portugal ........................... 149 III.1 Situação de Partida .......................................................................... 150 III.1.1 A adesão à União Europeia ......................................................... 150 III.1.2 Contexto interno ......................................................................... 151 III.1.3 Terciarização da economia Portuguesa ....................................... 153 III.1.4 Evolução das exportações ........................................................... 155 III.2 Drivers de evolução sectorial ............................................................ 159 III.2.1 Tendências globais ..................................................................... 160 III.2.2 Políticas Governamentais ........................................................... 163 III.2.3 Sistemas de actores e dinâmicas de mercado ............................. 180 III.3 Oportunidades mais relevantes: nuvens económicas com futuro ...... 186 III.3.1 Nuvens consensualmente em expansão ...................................... 187 III.3.2 Nuvens em expansão .................................................................. 222 III.3.3 Nuvens cinzentas ....................................................................... 229 Conclusões: o índice de saídas profissionais, a prospectiva económica e as prioridades para a reavaliação da oferta de ensino profissional ................... 232 Bibliografia ................................................................................................. 242

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Índice de Tabelas Tabela 1- Percentagem da população activa (15-64 anos) que atingiu como nível máximo de escolaridade o ensino secundário (ISCED 3-4) em Portugal e na UE 27 (2000-2010) e número de anos necessário para reduzir o diferencial Portugal-UE ........................................................ 18 Tabela 2 - Percentagem de jovens (18-24 anos) que não concluiu o ensino secundário (ISCED 3-4) e não está a estudar em Portugal e na UE 27 (2000-2010) e número de anos necessário para reduzir o diferencial Portugal-UE ........................................................................................ 19 Tabela 3 – Número de alunos inscritos nas diferentes modalidades de ensino secundário (de 2007/2008 a 2009/2010) ........................................... 20 Tabela 4 – Profissões sem empregados de 18 a 24 anos com ensino secundário completo em 2008............................................................................... 33 Tabela 5 – Dimensões de análise e indicadores utilizados na construção do semáforo de saídas profissionais ......................................................... 44 Tabela 6 – Indicadores e critérios de ponderação para a construção do semáforo de saídas profissionais ......................................................... 45 Tabela 7 – Número de alunos inscritos no primeiro ano de curso profissional no ano lectivo 2009/2010 no Continente, por região e grandes grupos da CNP ............................................................................................... 51 Tabela 8 – Ingressos no ensino superior de alunos oriundos do ensino profissional entre 2005 e 2010 (número e taxa de variação) ................ 52 Tabela 9 - Número de ingressos no ensino superior entre 2005 e 2010 por tipo de curso de ensino profissional de origem ........................................... 54 Tabela 10 - Número de ingressos no ensino superior em 2010 oriundos do ensino profissional por saída profissional principal do curso superior e por grandes grupos da CNP ................................................................ 54 Tabela 11 - Número de ingressos no ensino superior oriundos do ensino profissional por agrupamento de cursos e por saída profissional principal, em 2009 e 2010 .................................................................. 55 Tabela 12 - Número de empregados de 18 a 24 anos e com ensino secundário completo por grandes grupos da CNP no Continente e por região (1998 e 2008) .................................................................................................. 61 Tabela 13 - Número de desempregados de 18 a 24 anos e com ensino secundário completo por grandes grupos da CNP no Continente e por região (1998 e 2008) ........................................................................... 64 Tabela 14 - Profissões excluídas da análise do semáforo de saídas profissionais ........................................................................................................... 72 Tabela 15 – Resultado do semáforo das saídas profissionais por região e saída profissional ......................................................................................... 74 Tabela 16 - Resultado do semáforo de saídas profissionais por região ........... 75 Tabela 17 - Resultado do semáforo de saídas profissionais no Continente segundo os alunos inscritos no 1º ano de curso profissional em 3


2009/2010 e o emprego de pessoas de 18 a 24 anos com o ensino secundário completo ........................................................................... 77 Tabela 18 - Saídas profissionais em situação de carência provável e muito provável no Continente, segundo o número de alunos inscritos no 1º ano do curso profissional no ano lectivo de 2009/2010 e o emprego de pessoas de 18 a 24 anos e com o ensino secundário completo ............ 78 Tabela 19 - Saídas profissionais em situação de equilíbrio no Continente, segundo o número de alunos inscritos no 1º ano do curso profissional no ano lectivo de 2009/2010 e o emprego de pessoas de 18 a 24 anos e com o ensino secundário completo...................................................... 79 Tabela 20 - Saídas profissionais em situação de equilíbrio no Continente segundo os principais indicadores de evolução ................................... 80 Tabela 21 - Saídas profissionais em situação de risco e de risco elevado de saturação no Continente, segundo o número de alunos inscritos no 1º ano do curso profissional no ano lectivo de 2009/2010 e o emprego de pessoas de 18 a 24 anos e com o ensino secundário completo ............ 81 Tabela 22 – Identificação das saídas profissionais agregadas ou saídas apropriadas ........................................................................................ 85 Tabela 23 - Saídas profissionais agregadas no Continente segundo os principais indicadores de evolução ...................................................... 87 Tabela 24 - Saídas profissionais sem oferta formativa, por região .................. 88 Tabela 25 – Resultado do semáforo de saídas profissionais por NUT III da região Norte e saída profissional ......................................................... 92 Tabela 26 - Resultado do semáforo de saídas profissionais por NUT III da região Norte ........................................................................................ 93 Tabela 27 - Resultado do semáforo de saídas profissionais da região Norte segundo os alunos inscritos no 1º ano de curso profissional em 2009/2010 e o emprego de pessoas de 18 a 24 anos com o ensino secundário completo ........................................................................... 94 Tabela 28 - Saídas profissionais em situação de carência provável e muito provável na região Norte, segundo o número de alunos inscritos no 1º ano do curso profissional no ano lectivo de 2009/2010 e o emprego de pessoas de 18 a 24 anos e com o ensino secundário completo ............ 95 Tabela 29 - Saídas profissionais em situação de equilíbrio na região Norte, segundo o número de alunos inscritos no 1º ano do curso profissional no ano lectivo de 2009/2010 e o emprego de pessoas de 18 a 24 anos e com o ensino secundário completo...................................................... 96 Tabela 30 - Saídas profissionais em situação de equilíbrio na região Norte segundo os principais indicadores de evolução ................................... 97 Tabela 31 - Saídas profissionais em situação de risco e de risco elevado de saturação na região Norte, segundo o número de alunos inscritos no 1º ano do curso profissional no ano lectivo de 2009/2010 e o emprego de pessoas de 18 a 24 anos e com o ensino secundário completo ............ 98 Tabela 32 - Saídas profissionais agregadas na região Norte segundo os principais indicadores de evolução .................................................... 100

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Tabela 33 - Saídas profissionais sem oferta formativa na região Norte, por NUT III ...................................................................................................... 102 Tabela 34 – Resultado do semáforo de saídas profissionais por NUT III da região Centro e saída profissional ..................................................... 105 Tabela 35 - Resultado do semáforo de saídas profissionais por NUT III da região Centro .................................................................................... 106 Tabela 36 - Resultado do semáforo de saídas profissionais da região Centro segundo os alunos inscritos no 1º ano de curso profissional em 2009/2010 e o emprego de pessoas de 18 a 24 anos com o ensino secundário completo ......................................................................... 107 Tabela 37 - Saídas profissionais em situação de carência provável e de equilíbrio na região Centro, segundo o número de alunos inscritos no 1º ano do curso profissional no ano lectivo de 2009/2010 e o emprego de pessoas de 18 a 24 anos e com o ensino secundário completo .......... 108 Tabela 38 - Saídas profissionais em situação de equilíbrio na região Centro, segundo o número de alunos inscritos no 1º ano do curso profissional no ano lectivo de 2009/2010 e o emprego de pessoas de 18 a 24 anos e com o ensino secundário completo.................................................... 109 Tabela 39 - Saídas profissionais em situação de risco e de risco elevado de saturação na região Centro, segundo o número de alunos inscritos no 1º ano do curso profissional no ano lectivo de 2009/2010 e o emprego de pessoas de 18 a 24 anos e com o ensino secundário completo ..... 111 Tabela 40 - Saídas profissionais agregadas na região Centro segundo os principais indicadores de evolução .................................................... 113 Tabela 41 - Saídas profissionais sem oferta formativa na região Centro, por NUT III .............................................................................................. 115 Tabela 42 – Resultado do semáforo de saídas profissionais por NUT III da região de Lisboa e Vale do Tejo e saída profissional ........................... 117 Tabela 43 - Resultado do semáforo de saídas profissionais por NUT III da região de Lisboa e Vale do Tejo.......................................................... 118 Tabela 44 - Resultado do semáforo de saídas profissionais em Lisboa e Vale do Tejo segundo os alunos inscritos no 1º ano de curso profissional em 2009/2010 e o emprego de pessoas de 18 a 24 anos com o ensino secundário completo ......................................................................... 119 Tabela 45 - Saídas profissionais em situação de carência provável e muito provável em Lisboa e Vale do Tejo, segundo o número de alunos inscritos no 1º ano do curso profissional no ano lectivo de 2009/2010 e o emprego de pessoas de 18 a 24 anos e com o ensino secundário completo ........................................................................................... 120 Tabela 46 - Saídas profissionais em situação de equilíbrio em Lisboa e Vale do Tejo, segundo o número de alunos inscritos no 1º ano do curso profissional no ano lectivo de 2009/2010 e o emprego de pessoas de 18 a 24 anos e com o ensino secundário completo ................................. 121 Tabela 47 - Saídas profissionais em situação de equilíbrio em Lisboa e Vale do Tejo segundo os principais indicadores de evolução .......................... 122 Tabela 48 - Saídas profissionais em situação de risco e de risco elevado em Lisboa e Vale do Tejo, segundo o número de alunos inscritos no 1º ano 5


do curso profissional no ano lectivo de 2009/2010 e o emprego de pessoas de 18 a 24 anos e com o ensino secundário completo .......... 123 Tabela 49 - Saídas profissionais agregadas em Lisboa e Vale do Tejo segundo os principais indicadores de evolução ............................................... 126 Tabela 50 - Saídas profissionais sem oferta formativa na região de Lisboa e Vale do Tejo por NUT III .................................................................... 127 Tabela 51 – Resultado do semáforo de saídas profissionais por NUT III da região Alentejo e saída profissional ................................................... 130 Tabela 52 - Resultado do semáforo de saídas profissionais por NUT III da região Alentejo .................................................................................. 131 Tabela 53 - Resultado do semáforo de saídas profissionais no Alentejo segundo os alunos inscritos no 1º ano de curso profissional em 2009/2010 e o emprego de pessoas de 18 a 24 anos com o ensino secundário completo ......................................................................................................... 132 Tabela 54 - Saídas profissionais em situação de carência provável e de equilíbrio no Alentejo, segundo o número de alunos inscritos no 1º ano do curso profissional no ano lectivo de 2009/2010 e o emprego de pessoas de 18 a 24 anos e com o ensino secundário completo .......... 133 Tabela 55 - Saídas profissionais em situação de equilíbrio no Alentejo segundo os principais indicadores de evolução ............................................... 134 Tabela 56 - Saídas profissionais em situação de risco e de risco elevado no Alentejo, segundo o número de alunos inscritos no 1º ano do curso profissional no ano lectivo de 2009/2010 e o emprego de pessoas de 18 a 24 anos e com o ensino secundário completo ................................. 135 Tabela 57 - Saídas profissionais agregadas no Alentejo segundo os principais indicadores de evolução .................................................................... 137 Tabela 58 - Saídas profissionais sem oferta formativa no Alentejo por NUT III ......................................................................................................... 138 Tabela 59 – Resultado do semáforo de saídas profissionais na região Algarve por saída profissional........................................................................ 140 Tabela 60 - Resultado do semáforo de saídas profissionais da região Algarve ......................................................................................................... 141 Tabela 61 - Resultado do semáforo de saídas profissionais da região Algarve segundo os alunos inscritos no 1º ano de curso profissional em 2009/2010 e o emprego de pessoas de 18 a 24 anos com o ensino secundário completo ......................................................................... 141 Tabela 62 - Saídas profissionais em situação de carência provável e equilibrada da região Algarve, segundo o número de alunos inscritos no 1º ano do curso profissional no ano lectivo de 2009/2010 e o emprego de pessoas de 18 a 24 anos e com o ensino secundário completo ..... 142 Tabela 63 - Saídas profissionais em situação de equilíbrio na região Algarve segundo os principais indicadores de evolução ................................. 143 Tabela 64 - Saídas profissionais em situação de risco e de risco elevado na região Algarve, segundo o número de alunos inscritos no 1º ano do curso profissional no ano lectivo de 2009/2010 e o emprego de pessoas de 18 a 24 anos e com o ensino secundário completo ....................... 144 6


Tabela 65 - Saídas profissionais agregadas na região Algarve segundo os principais indicadores de evolução .................................................... 146 Tabela 66 - Saídas profissionais sem oferta formativa na região Algarve ..... 147 Tabela 67 - Evolução das exportações portuguesas entre 2005 e 2010, por sector de actividade .......................................................................... 158 Tabela 68 - PIN previstos, por sector, em acompanhamento e execução em Junho de 2010 ................................................................................. 182

Índice de Figuras

Figura 1 – Sistema de planeamento da oferta de ensino profissional ............. 22 Figura 2 - Adequação entre expectativas e oportunidades: as pirâmides invertidas............................................................................................ 26 Figura 3 – Semáforo de saídas profissionais do ensino profissional ............... 47 Figura 4 – Volume de saídas profissionais para as quais se orientam os cursos do ensino profissional por grandes grupos da CNP.............................. 68 Figura 5 - Volume do emprego de jovens de 18 a 24 anos com o ensino secundário completo em 2008 por grandes grupos da CNP ................. 69 Figura 6 - Evolução das exportações portuguesas entre 2005 e 2010, por peso relativo da região de destino.............................................................. 156 Figura 7 - Evolução do volume de exportações portuguesas entre 2005 e 2010, por região de destino (em milhões de euros) ...................................... 157 Figura 8 - Drivers de dinamização do sector do turismo .............................. 199 Figura 9 - Ameaças identificadas no sector do turismo ............................... 200 Figura 10 - Drivers dinamizadores do sector da energia .............................. 209 Figura 11 - Ameaças identificadas no sector da energia .............................. 210 Figura 12 - Drivers dinamizadores do sector dos transportes ...................... 221 Figura 13 – Ameaças identificadas no sector dos transportes ...................... 221 Figura 14 – Nuvens cruzadas: relações de interdependência sectorial entre turismo, mobilidade e energia ........................................................... 231

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Introdução A Agência Nacional para a Qualificação (ANQ) e a Associação Nacional das Escolas Profissionais (ANESPO) e a incluíram no seu acordo de cooperação para 2010 a realização de um estudo centrado na melhoria da qualidade da informação de ajuda à decisão no planeamento da oferta de educação e formação profissional de nível secundário. O presente texto é a versão revista e ampliada do referido estudo. Uma primeira versão foi apresentada publicamente a 13 de Maio de 2011 e editada em formato digital. Essa versão resultava de uma preocupação especial de apoio ao planeamento da oferta educativa para o ano lectivo seguinte. As discussões havidas nesse debate e o continuado interesse no conteúdo deste trabalho levou-nos a produzir adicionalmente materiais de apoio para diferentes usos. A certo momento, pareceu-nos mais adequado que essa reflexão fosse reflectida numa versão mais abrangente do relatório final, que aqui apresentamos. A questão a que este estudo se dedica tem vindo a ganhar actualidade nos últimos anos, dado o progresso que esta oferta tem vivido. Com efeito, nas últimas duas décadas passámos de uma situação em que esta oferta de formação era residual para uma completamente diferente em que tem peso significativo, quer na percentagem de jovens que a procuram quer na estrutura de saídas do sistema educativo. No novo contexto aumenta a necessidade de identificação das necessidades futuras de qualificações, tendo em vista a regulação da oferta de educação e formação profissional. Há, contudo, dificuldades metodológicas conhecidas sempre que se pretende ajudar a planear adequadamente uma rede de educação e formação profissional inicial. Não sabemos o que será a estrutura das profissões em que os jovens que hoje se formam virão a desempenhar funções. Vivemos numa sociedade que reconhece o direito à livre escolha de profissão e nada nos diz que ter entrado num determinado 8


percurso

de

formação

se

reflicta

numa

trajectória

profissional

directamente ligada a esse percurso. Vivemos numa sociedade aberta, em

que

tanto

a

migração

inter-regional

quanto

as

migrações

internacionais nos dois sentidos – a emigração e a imigração – alteram a configuração real da relação entre a oferta e a procura. Em matéria de previsões de necessidades de qualificações apenas podemos ter a certeza de que a incerteza dessas previsões é elevada. Mas a consciência das limitações não deve conduzir à paralisia. Deve levar-nos a ser prudentes, mas a procurar conhecer o que for possível, para identificar adequadamente tendências, reconhecer problemas tão rápido quanto possível e antecipar caminhos que possam reorientar, ou melhor, recalibrar o nosso trabalho. O que aqui se oferece ao estudo e à crítica é um exercício de identificação de áreas de actividade que produzirão necessidades no médio/longo prazo e um exercício de quantificação da procura de qualificações “à saída” da formação que tem sido frequentemente subalternizado, porque desconhecido face à pressão da procura “à entrada” na definição da oferta de qualificações. Aos autores esse exercício pareceu necessário e produtivo. A

equipa

do

estudo

agradece

à

ANESPO

a

oportunidade

de

operacionalizar empiricamente o conceito do “semáforo” de formação e às entidades que forneceram dados e apoiaram o desenvolvimento do estudo, os valiosos contributos recebidos. É devido um agradecimento especial agradecemos à ANQ pela disponibilização da sua compreensiva base de dados de novas turmas de educação e formação profissional de nível secundário de todas as modalidades de formação. Agradecemos também ao Gabinete de Estatística e Planeamento do Ministério do Trabalho e Solidariedade Social a prontidão com que disponibilizou os dados dos Quadros de Pessoal do Emprego dos menores de 25 anos por níveis de habilitação escolar e profissão, à Direcção-Geral do Ensino Superior a disponibilização da informação sobre os ingressos de alunos das vias profissionais no ensino superior e ao Instituto do Emprego e 9


Formação Profissional a disponibilização dos dados do desemprego juvenil por profissão anterior do desempregado. Este projecto teve um director, uma verdadeira alma mater que, para além de dar seguimento à ideia da ANESPO e de garantir o cumprimento do protocolo com a ANQ, foi um verdadeiro director de projecto, num sentido que em Portugal escasseia, mas é extremamente útil para o desenvolvimento do trabalho. A energia e o encorajamento do Director-Executivo da ANESPO, Luis Costa, dar-lhe-iam direito à coautoria deste estudo, não fosse a obrigação de o isentar de responsabilidade por erros e omissões que se lhe não devem. Nesse trabalho foi activamente secundado pelo grupo de acompanhamento do estudo e a equipa aprendeu muito, em particular com Paulo Feliciano e João Barbosa, que regularmente reuniram connosco, nos trouxeram o seu feedback e nos ajudaram a desenvolver e reorientar o trabalho. O nosso sentido agradecimento aos três. Registe-se ainda que este projecto nasceu para ter mais um autor. A Luisa Oliveira, que aliás escreveu o primeiro documento de reflexão de que nasceu esta equipa de trabalho e fixou o âmbito do estudo, foi forçada por razões pessoais inultrapassáveis a não o prosseguir. Mas, este projecto tem o seu cunho pessoal e a sua marca no melhor dos resultados obtidos.

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I. Planeamento e prospectiva do ensino profissional – recalibrar a relação entre a oferta e as procuras I.1 Um problema português: o ensino secundário profissional desde 1974 Até ao final dos anos sessenta, o modelo do sistema educativo português era o que Sérgio Grácio (1991) designou como modelo horizontal e fechado. Um modelo horizontal porque privilegiava a base do sistema educativo procurando a selecção precoce e fechado porque dividido em vias – liceal e técnica – entre as quais o trânsito era desencorajado e com a segunda a afastar os seus estudantes do ensino superior. O

modelo

entrou

em

transformação

no

quadro

da

“Primavera

marcelista”. No início dos anos setenta, a extensão da rede pública liceal e a chegada ao ensino secundário dos primeiros adolescentes formados no ensino preparatório unificado provocou uma inversão forte na procura de ensino secundário, que passou a dirigir-se para o ensino liceal, orientado para o prosseguimento de estudos e pondo em causa as bases do modelo socialmente selectivo então existente. Esta alteração da estrutura da procura, rápida e radical, levou a que em 1974 houvesse já mais alunos matriculados no ensino liceal que no ensino técnico. A revolução de 25 de Abril de 1974 surge quando estava a tentar passar do papel ao terreno a concepção de um modelo de organização do ensino “aberto e permeável” (Grácio, 1991: 2) contida na Reforma Veiga Simão. Uma das medidas mais divisivas dessa reforma e por muito tempo não inteiramente legitimada foi a unificação do ensino secundário inferior (a partir daí designado por 7º, 8º e 9º ano de escolaridade).

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A unificação pretendia-se um processo gradual, iniciado em 1975/76 com o 7º ano, e visava não só a igualização de oportunidades de acesso como um sistema de ensino que superasse a divisão social do trabalho, no quadro da preparação da sociedade portuguesa para a transição para o socialismo. A velocidade das transformações políticas da época cedo desiludiu o “pai espiritual” da unificação. Rui Grácio, logo a partir das medidas de alteração curricular introduzidas no unificado em 1976, antecipou que este evoluiria de modo “licealizante”, reduzindo o projecto de unificação curricular à sua “moldura formal” (Grácio, Rui cit. in Grácio, 1986:145). A resultante histórica deste processo foi a existência de vastos segmentos da população juvenil, que sendo desencorajados de carreiras escolares prolongadas, saíam da escola sem terem tido acesso a qualquer tipo de iniciação profissional. Por outro lado, todos os que sobreviviam ao ensino unificado se orientavam, no ensino secundário, para um ensino superior que não tinha capacidade de resposta para os acolher. A partir de 1978, com a unificação também licealizante do ensino secundário superior (num modelo chamado de ensino secundário vocacional), o país passou a ter um sistema educativo que orientava os alunos para o ensino superior e abruptamente, no fim do secundário, limitava o acesso ao nível de ensino para que preparara. Sérgio Grácio viu justamente nesse corte uma fonte da deslegitimação do sistema de ensino, ao serem encerradas abruptamente as portas para as quais o ensino secundário orientava quase exclusivamente. As dificuldades que esta crise de legitimidade provocava acompanharam todas as medidas de reconstrução de um ensino secundário profissional em Portugal.

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I.1.1 A nostalgia do ensino técnico

A visão predominante no sistema educativo elitista do período autoritário era a de que a educação para o trabalho seria a educação para os trabalhadores, no contexto de uma dificuldade histórica de envolvimento empresarial com a escola e de práticas pedagógicas marcadas pela distância entre educação e contexto de trabalho, mesmo nas aprendizagens profissionais. A Reforma Veiga Simão, começada em 1970, tinha uma orientação distinta.

Procurou

reunir

componentes

academizantes

e

profissionalizantes num currículo integrado, ao longo do básico e parte significativa do secundário, para que as opções vocacionais surjam mais tarde e sejam dadas maiores oportunidades de mobilidade social ascendente através do sucesso escolar. Essa opção de política educativa baseou-se num modelo de formação escolar polivalente prolongada, cuja introdução tardia em Portugal seguia as tendências europeias da época (Gomes, 2001). O modo como foi conduzida gerou críticas diversas, quer de diversos sectores nacionais de opinião, quer, a partir de certa altura, de instituições internacionais que examinaram o sistema educativo português (cf. Stoer, 1986). As recomendações dessas organizações internacionais convergiam na proposta de reforço do eixo escola-emprego, o que parecia ainda mais necessário dada a situação do mercado de trabalho e, em particular, do emprego de jovens. Neste quadro, o mesmo fio condutor atravessa as reformas do ensino secundário desde 1979 - o reforço da formação profissional. Mas ocorre desde o início do processo uma tensão entre a nostalgia do ensino técnico pré-revolucionário e a pulsão reformista em favor de uma nova cultura da formação de carácter profissional.

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Ao

mesmo

tempo

em

que

se

desenvolvia

um

clima

político

progressivamente mais favorável ao desenvolvimento de ofertas de formação profissional e mais crítico da organização dos ensinos básico e secundário (Seruya, 1983), o espaço europeu que se tornava também progressivamente referência para o país rendia-se a uma nova orientação pela formação profissional. A 18 de Fevereiro de 1979 o Conselho de Ministros da CEE aprovou uma resolução defendendo que “os Estados Membros devem encorajar o desenvolvimento de ligações efectivas entre a formação e a experiência de trabalho. Essas ligações devem incluir o estabelecimento de programas coordenados e de estruturas que promovam a cooperação entre os vários agentes envolvidos”. Demorou apenas um ano a que esta recomendação começasse a ser acolhida em Portugal, num processo progressivo de adopção da alternância como modelo predominante de formação técnica e profissional. Os primeiros exemplos de autorização de funcionamento de ensino profissional após as unificações curriculares do ensino secundário inferior e superior tinham uma lógica de “restauração” e eram animadas por escolas e instituições não conformadas com a extinção do ensino técnico. A princípio tratou-se de casos isolados1, mas essas experiências prepararam o terreno para a “reorganização” do ensino técnico a nível nacional. Se inicialmente essas experiências eram projectos localizados de resistência ao modelo de ensino polivalente e tendencialmente dirigidos a grupos desfavorecidos, a partir de 1983 passam a ser uma linha organizadora da evolução da política educativa. O Despacho Normativo nº 194-A/83 de 21 de Outubro, que criou o Ensino TécnicoProfissional, visava a “reorganização do ensino técnico que permita a satisfação das necessidades do País em mão-de-obra qualificada, bem como a prossecução de uma política de emprego para os jovens”. Já não

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O curso de educadores rurais criado em 1978 na Escola D- Luis de Castro (ex-escola da Obra das Mães) em Braga e o regresso dos cursos profissionais à Casa Pia de Lisboa, em 1980, são dois exemplos desse movimento.

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se visava uma experiência localizada, mas a criação de um novo tipo de ensino. I.1.2. O novo ensino profissional

O ensino técnico-profissional foi a charneira entre o predomínio da ideia de restauração do ensino técnico e a afirmação reformista da necessidade de um novo ensino profissional. Dois momentos marcam particularmente profissional

essa

conduzida

transição: por

a

avaliação

Joaquim

do

Azevedo

ensino (e

os

técnicotrabalhos

preparatórios da reforma do sistema educativo de Roberto Carneiro). A nova coerência dada ao ensino secundário na sequência da Lei de Bases do Sistema Educativo de 1986 e da subsequente reforma curricular do ensino secundário retomou a dicotomização entre ensino profissionalizante e não profissionalizante, sob a forma dos cursos predominantemente orientados para o prosseguimento de estudos e dos predominantemente orientados para a vida activa. No mesmo período em que estas transformações ocorriam na educação, desenvolvia-se uma reforma da formação profissional, sob inspiração do sistema dual alemão, que criou um novo sistema de formação profissional de jovens de dupla certificação2. Entre 1984 e 1988, a aprendizagem foi uma medida contrariadora da unificação curricular ao nível do 7º, 8º e 9º ano de escolaridade (cf., para o desenvolvimento desta questão, Pedroso, 1998:101-136), uma vez que se destinou unicamente aos que abandonavam a escola sem atingir esse nível de escolaridade, aos quais dava uma forma alternativa de currículo com dupla certificação, escolar e profissional. A partir de 1988 passou a prever a inclusão de jovens que haviam concluído o 9º ano, abrindo-se à sua transformação numa via específica de formação. A princípio este sistema baseava-se na colaboração entre o Instituto de Emprego e Formação Profissional, escolas secundárias e grandes empresas (CP, Carris, Coelima, Mague, Metalúrgica Progresso, Penteadora, Sepsa, Setenave, Siderúrgia Nacional e Tabopan). Rapidamente evoluiu para o predomínio do IEFP e a cooperação com uma rede nacional de pequenas e médias empresas (ver Neves, Pedroso e Matias, 1993). 2

15


A aprendizagem nasceu com a vocação de ser o sistema de formação em alternância por excelência em Portugal, mas as transformações do ensino secundário com a reforma de 1987, retiraram-lhe esse monopólio, abrindo a porta a um novo – e diferente – fôlego das formações em alternância em Portugal (Pedroso, 2010). A Reforma do Sistema Educativo de 1987 deixou de entender o ensino profissional como área experimental ou lateral do ensino secundário para passar a vê-lo como parte integrante e definidora do ensino secundário. Em 1988 foi criado o Gabinete de Educação Tecnológica, Artística e Profissional (GETAP), estrutura que iniciou a passagem do ensino profissional de um âmbito quase experimental e limitado para um programa de intervenção bastante mais amplo e diversificado e geriu o lançamento das Escolas Profissionais criadas em 1989. As Escolas Profissionais e o projecto de ensino profissional que lhe estava ligado visavam partir para a construção de um novo percurso de ensino. Este pretendia-se democrático, não orientado para a dissuasão do ensino superior mas para a diferenciação curricular e de formas de aí

chegar

para

quem

o

pretendesse.

Mas

pretendia-se,

simultaneamente, inovador no plano pedagógico e organizacional (cf. Marques, 1993). No mesmo ano de 1989 em que foram lançadas as escolas profissionais, foi

criado

o

ensino

tecnológico,

dando

início,

com

estes

dois

movimentos, à reintegração plena das vias profissionalizantes no ensino secundário que viria a ocorrer em 2004. A revisão curricular desse ano integrou no mesmo quadro regulamentador, pela primeira vez, as várias modalidades de ensino secundário: cursos científico-humanísticos, tecnológicos, artísticos e profissionais. O problema do abandono escolar muito precoce não desapareceu ao longo deste período e, em 2002, foi lançada a iniciativa dos cursos de educação e formação para jovens, inicialmente circunscrita aos que não concluíam o ensino básico mas aberta em 2004 também aos alunos de ensino secundário. Ficava assim concluído o quadro de formações de 16


carácter profissional de nível secundário que é alvo de análise neste trabalho, a saber: a) Cursos tecnológicos e cursos profissionais (regulados pelo DL nº 74/2004, criados pelo DL nº 286/89) b) Sistema de Aprendizagem (regulado pelo DL nº 396/2007, criado pelo DL nº 102/84) c) Cursos de Educação e Formação (regulados pelo Desp. Conjunto nº 453/2004, criados pelo Desp. Conjunto nº 279/2002)

I.1.3 Nova situação: ensino secundário em crescimento e diversificação

A evolução formal do ensino secundário nas décadas finais do século XX não conseguiu inverter uma situação de insuficientes níveis de conclusão deste nível de ensino, quando comparamos Portugal com a União Europeia. Em 2005, foi dado um impulso político ao aumento significativo da conclusão do ensino secundário recorrendo, entre outros instrumentos, à expansão do ensino profissional, expresso na iniciativa Novas Oportunidades e nas prioridades do Quadro de Referência Estratégico Nacional 2007-2013 (Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional, 2007). A elevação dos níveis de conclusão do ensino secundário é um dos objectivos centrais da Agenda Operacional de Promoção do Potencial Humano, após um período longo em que os progressos dos indicadores portugueses nesta matéria foram decepcionantes (Carneiro et al, 2007). A

importância

dada

à

melhoria

das

qualificações

reflecte

adequadamente o diagnóstico das fragilidades estruturais do mercado de trabalho de Portugal. O atraso económico português é concomitante de um atraso educativo que limita as potencialidades da população.

17


Esse atraso, agravado ao longo de grande parte do século XX, tem vindo a ser lentamente revertido, nomeadamente desde a adesão à União Europeia, mas continua elevado e, mesmo após o forte investimento político na segunda metade da primeira década do século XXI, os indicadores apontam para que demore duas gerações a recuperar.

Tabela 1- Percentagem da população activa (15-64 anos) que atingiu como nível máximo de escolaridade o ensino secundário (ISCED 3-4) em Portugal e na UE 27 (2000-2010) e número de anos necessário para reduzir o diferencial Portugal-UE % da população activa em Portugal (2000)

12,8

% da população activa em Portugal (2005)

15,3

% da população activa em Portugal (2006)

16,1

% da população activa em Portugal (2010)

19,2

% da população activa na UE 27 (2000)

48,7

% da população activa na UE 27 (2005)

49,5

% da população activa na UE 27 (2006)

49,5

% da população activa na UE 27 (2010)

49,0

Número de anos para atingir a média europeia se reduzirmos o diferencial à média dos resultados de 2000 a 2005

103 anos

Número de anos para atingir a média europeia se reduzirmos o diferencial à média dos resultados de 2006 a 2010

46 anos

Fonte: Eurostat, Active population by sex, age groups and highest level of education attained (1000) [lfsa_agaed], Last update: 12-05-2011

Acresce que esse atraso educativo, contrariamente à percepção generalizada, não é apenas devido aos efeitos acumulados do passado. Continuou a produzir-se ao longo dos anos recentes, mesmo entre os jovens,

devido

ao

abandono

escolar

sem

conclusão

do

ensino

secundário, que continua a ser muito mais elevado em Portugal que no conjunto da União Europeia. Apenas nos últimos anos se produziu um efeito significativo de catch-up com a média europeia, com o tempo, que demoraríamos a atingir o nível de abandono escolar precoce da EU, a diminuir 30 anos na segunda metade da década anterior. 18


Tabela 2 - Percentagem de jovens (18-24 anos) que não concluiu o ensino secundário (ISCED 3-4) e não está a estudar em Portugal e na UE 27 (2000-2010) e número de anos necessário para reduzir o diferencial Portugal-UE % de jovens (18-24 anos) em Portugal (2000)

43,6

% de jovens (18-24 anos) em Portugal (2005)

38,8

% de jovens (18-24 anos) em Portugal (2006)

39,1

% de jovens (18-24 anos) em Portugal (2010)

28,7

% de jovens (18-24 anos) na UE 27 (2000)

17,6

% de jovens (18-24 anos) na UE 27 (2005)

15,8

% de jovens (18-24 anos) na UE 27 (2006)

15,5

% de jovens (18-24 anos) na UE 27 (2010)

14,1

Número de anos para atingir a média europeia se reduzirmos o diferencial à média dos resultados de 2000 a 2005

43 anos

Número de anos para atingir a média europeia se reduzirmos o diferencial à média dos resultados de 2006 a 2010

13 anos

Fonte: Eurostat, Percentage of the population aged 18-24 with at most lower secondary education and not in further education or training, Last update: 21-09-2011

A velocidade das transformações em curso nas formações de nível secundário desde 2005 conduziu à elevação rápida dos níveis de escolarização e conclusão de uma das ofertas de ensino secundário, não sem que a estratégia seguida tenha gerado controvérsias e debates que se encontram plenamente em aberto3. Haverá que reflectir sobre as variáveis que persistentemente têm produzido uma resistência sociológica do país ao desígnio de melhorar os índices de escolarização no ensino secundário, a nível quantitativo e qualitativo. Esse debate, contudo, transcende o âmbito deste trabalho. Aqui focalizar-nos-emos numa das dimensões do esforço de elevação da escolarização de ensino secundário, o crescimento das ofertas de dupla

Ver, por exemplo, declarações do Ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato (http://www.publico.pt/Educa%C3%A7%C3%A3o/nuno-crato-diz-que-estudo-da-ocde-esconde-realidadeportuguesa_1511747) e da sua antecessora Isabel Alçada (http://www.tsf.pt/PaginaInicial/Portugal/Interior.aspx?content_id=1992135&page=-1), sobre o significado das estatísticas de conclusão do ensino secundário. 3

19


certificação, isto é, que produzem simultaneamente diplomas escolares e profissionais. O crescimento destas ofertas era uma das metas assumidas da iniciativa Novas Oportunidades. As estatísticas dos últimos anos lectivos revelam a tendência de crescimento

das

modalidades

de

ensino

secundário

de

dupla

certificação - particularmente intenso nos cursos profissionais - o que aumenta a relevância de passar a dispor-se de informação de auxílio à decisão em matéria de planeamento da rede de oferta.

Tabela 3 – Número de alunos inscritos nas diferentes modalidades de ensino secundário (de 2007/2008 a 2009/2010) 2007/2008 Cursos científicohumanísticos/gerais Todas as modalidades Cursos tecnológicos Cursos Artístico de especializado dupla Cursos certiprofissionais ficação Cursos de Aprendizagem Cursos de Educação e Form. Total do ensino secundário

2008/2009

2009/2010

Ano

%

Ano

%

Ano

%

196216

62,0%

195330

59,3%

197582

57,9%

120209

38,0%

133807

40,7%

143877

42,1%

25673

8,1%

20212

6,1%

14577

4,3%

1809

0,6%

2185

0,7%

2095

0,6%

70177

22,2%

93438

28,4%

107266

31,4%

14125

4,5%

13584

4,1%

17619

5,2%

8425

2,7%

4388

1,3%

2320

0,7%

316425

100%

329137

100%

341459

100%

Fonte: Estatísticas da Educação 2007/2008 - jovens; 2008/2009 - jovens; 2009/2010 - jovens; IEFP Relatório Mensal, Execução Física e Financeira, Valores acumulados a 31 de Dezembro de 2008

I.2. Abordagem sistémica do planeamento do ensino profissional I.2.1 O sistema de planeamento Podemos conceber o sistema de planeamento do ensino profissional como o resultado da intervenção de cinco agentes, cada um cumprindo uma função distinta: a) A administração, cumprindo uma função de regulação, através de cinco

instrumentos

fundamentais: 20

definição

dos

curricula,


sistema de orientação vocacional, gestão da rede escolar, sistema de financiamento, normativos de funcionamento; b) As famílias e os jovens, que definem a procura de ensino e formação à entrada, sob a forma de escolhas escolares; c) As escolas, que desenvolvem as ofertas educativas, de acordo com os recursos humanos e materiais de que dispõem e os projectos educativos que desenvolvem; d) As empresas, que correspondem à procura à saída na óptica da integração imediata no mercado de trabalho, recrutando os diplomados e reconhecendo as suas qualificações; e) Os estabelecimentos de ensino pós-secundário, correspondendo à procura à saída na óptica da transição imediata para um novo ciclo de qualificação, admitindo os diplomados e reconhecendo as suas qualificações. f) Estes agentes estabelecem entre si relações de condicionamento e de interacção. As relações de condicionamento correspondem ao processo pelo qual um dos agentes define, orienta ou, no mínimo, constrange a acção de outro ou outros. As relações de interacção correspondem ao processo pelo qual os diferentes agentes cooperam, conflituam ou se ignoram, mas condicionando-se reciprocamente no modo como intervêm no sistema de oferta e procura de ensino profissional (ver representação gráfica destas relações).

21


Figura 1 – Sistema de planeamento da oferta de ensino profissional

REGULAÇÃO ADMINISTRAÇÃO Definição dos curricula

Orientação vocacional

Gestão da rede escolar

Sistema de financiamento

Normativos

PROCURA À SAÍDA EMPRESAS PROCURA À ENTRADA

OFERTA

FAMÍLIAS E JOVENS

ESCOLAS

Escolhas escolares

Projecto Educativo

Recrutamento

Reconhecimento das qualificações

Recursos

PROCURA À SAÍDA ENSINO PÓS-SECUNDÁRIO Admissão

Relações de condicionamento Relações de interacção

22

Reconhecimento das qualificações


No sistema de actores definido identificam-se as seguintes relações de condicionamento: a) A administração condiciona as famílias e os jovens na definição das escolhas escolares através do currículo (o conteúdo da oferta de

formação);

da

orientação

vocacional

(a

informação

e

aconselhamento sobre essa oferta de formação e a sua adaptação às necessidades e projectos vocacionais dos jovens) e da rede escolar (que define a oferta de formação realmente acessível às famílias e aos jovens habitantes num determinado território); b) A administração condiciona as escolas através da gestão da rede escolar, permitindo-lhes ou não desenvolver uma determinada oferta,

das

regras

particularmente

os

de

financiamento

recursos

de

que

que

pode

condicionam

dispor

para

o

desenvolvimento da oferta, de normativos que regulam o seu funcionamento e também através dos curricula aprovados, que constrangem o desenvolvimento dos projectos educativos; c) A administração condiciona a procura à saída na óptica da transição para um novo ciclo de qualificações pela definição dos curricula, que prepara ou não efectivamente para o ingresso na formação subsequente e também através dos normativos que condicionam os processos de escolha dos candidatos por parte dos estabelecimentos de ensino pós-secundário; d) As famílias e os jovens condicionam as escolas através das suas escolhas escolares; e) As empresas condicionam as escolas através das suas políticas de recrutamento; f) As escolas de ensino pós-secundário condicionam as escolas através dos seus requisitos de candidatura;

No mesmo sistema de actores encontram-se as seguintes relações de interacção: 23


a) A administração interage com empresas e estabelecimentos de ensino pós-secundário na definição e revisão dos curricula, dado que estes são concebidos e revistos em função do reconhecimento das qualificações operado pela procura à saída; b) As famílias e jovens interagem com os projectos educativos das escolas, dado que estes influenciam as escolhas escolares e as escolhas das famílias são parte integrante da definição desses projectos educativos; c) As escolas interagem com as empresas, nomeadamente no âmbito da definição dos seus projectos educativos através das suas práticas pedagógicas (como a alternância ou os estágios) e do estabelecimento

de

parcerias

formais

ou

informais

e

de

intercâmbio de informações, tendo em vista o reconhecimento das qualificações na fase de transição para a vida profissional; d) As escolas interagem com os estabelecimentos de ensino pós secundário, igualmente no âmbito dos seus projectos educativos, tal como com as empresas, através das suas práticas pedagógicas (como a alternância ou os estágios) e do estabelecimento de parcerias formais ou informais e de intercâmbio de informações na progressão de estudos.

A consolidação e expansão do ensino profissional torna o equilíbrio entre as componentes do planeamento mais importante do que quando este era meramente residual ou experimental ou ainda uma constelação de iniciativas descoordenadas de diferentes ministérios e actores institucionais. O planeamento do ensino profissional tem sido predominantemente feito pela via do sistema de financiamento em articulação com uma gestão da rede feita predominantemente de modo administrativo. Nestas circunstâncias institucionais a oferta tende a ser orientada pelo actor mais forte ao nível local, o que resultou no encontro entre projectos 24


educativos fortes, localizados, de alguns estabelecimentos de ensino e a procura à entrada, por parte das famílias. Concomitantemente, esta forte relação tende a ligar-se a uma relação fraca com as procuras à saída. I.2.2 O problema do predomínio da procura à entrada sobre o sistema

A escolarização de massas gerou uma nova categoria social - a juventude – que se caracteriza pela importância da socialização entre pares (Grácio, 1990), tendencialmente transversal aos grupos sociais. O jovem tem já autonomia individual e intelectual, mas não conquistou autonomia social, dada a sua posição de dependência na família de origem e a relação de subordinação associada a esta condição (Cruz et al, 1984; Galland, 1991, Silva, 1999). Por isso, nomeadamente na determinação das escolhas escolares, o jovem tende a ser protagonista mas a família persiste como um mediador importante entre o desenho das expectativas e as escolhas escolares (Silva, 1999). O efeito do atraso educativo é, nesta matéria, cumulativo, já que, quanto mais distantes estão os próprios pais da escolarização prolongada, mais sozinhos estão os jovens nas suas escolhas. A orientação

vocacional

compensa,

pelo

menos

parcialmente,

este

problema. Mas, no momento em que a escolha escolar é feita, tende a orientar-se pela projecção de uma inserção profissional imaginária mais do que pela realidade dos mercados de trabalho. Há uma décalage entre os saberes valorizados e os futuros profissionais imaginados na família e no grupo de pares e os que o são pelo mundo económico em que a inserção real ocorrerá. Este desencontro é mitigado pela função de regulação através da orientação vocacional (que intervém sobre as expectativas) e da definição dos curricula (que intervém sobre a aquisição real de qualificações). 25


Apenas o primeiro dos instrumentos condiciona a procura à entrada e de modo limitado. Vladimir Choubkin (1985), raciocinando no quadro de um sistema de planeamento central – o da URSS - demonstrou bem a dificuldade de gestão do desajustamento entre as expectativas e as oportunidades profissionais reais, recorrendo à imagem de duas pirâmides invertidas: as expectativas dos jovens dão origem a uma pirâmide com o vértice para baixo (isto é, há mais jovens com expectativas de inserção no topo da pirâmide social do que jovens com expectativas intermédias e jovens com expectativas intermédias do que jovens com expectativas de base); a hierarquia das profissões e das oportunidades que se abrem aos jovens é a oposta. Assim, há uma zona de sobreposição em que expectativas e oportunidades se encontram, uma zona de oportunidades sem procura (na base da pirâmide “real”) e uma zona de procura sem oportunidades (no topo da mesma pirâmide).

Figura 2 - Adequação entre expectativas e oportunidades: as pirâmides invertidas

Fonte: elaboração própria, a partir de Choubkin (1985).

Este fenómeno, se pode ainda ser mitigado à saída da escola pelos efeitos do currículo e a socialização profissional antecipatória, é intenso no momento das escolhas. Para os jovens, gera uma propensão a que haja um tempo de “desemprego de expectativa” no fim do percurso educativo. Para o 26


planeamento gera uma situação em que a configuração espontânea da oferta tende a atraí-la para uma procura real mas com riscos de conduzir

a

uma

inserção

profissional

virtual

ou

pelo

menos

atormentada, com efeitos pesados de retroacção sobre o sistema, nomeadamente no seu prestígio, bem como na sua utilidade social. A regulação pelos recursos tende a não atenuar este risco, na medida em que limita a quantidade mas não a orientação da oferta. A regulação pelo currículo é ineficaz porque este tem uma capacidade muito limitada de interagir com a formulação das escolhas escolares. Acresce que em período de expansão da oferta se pode gerar uma relação de concorrência em função da procura à entrada que leva a rede a conformar-se com ela e a ampliar o risco identificado. A dificuldade dos mecanismos de planeamento em gerir esta questão foi potenciada ainda pela dificuldade de gerar mecanismos credíveis de identificação da procura à saída, que possam atrair a oferta para esse pólo. Em Portugal, nomeadamente, esses mecanismos são inexistentes. Daí que este trabalho se centre no desenvolvimento de um instrumento operacional e de uma reflexão estratégica sobre o papel que a procura à saída pode ter na configuração real do sistema de ensino profissional.

I.3. Uma proposta para que a procura à saída entre em cena: o semáforo de saídas profissionais

Em estudo anterior defendemos que “o objectivo de crescimento e diversificação do ensino secundário profissional deve ser desenvolvido de modo a construir uma rede coerente de ofertas formativas e de unidades de ensino e formação profissional, adaptada aos contextos” (ver Pedroso, Jacinto, Matias e Oliveira, 2007:39). Entre outras recomendações desse estudo incluímos a que aqui pretendemos desenvolver, de aproximação a uma rede integrada (compreendendo todas as vias de ensino profissional com dupla certificação escolar e profissional), sem prejuízo do respeito pela diversidade de actores. 27


Esta perspectiva deveria corrigir três dos erros recorrentes no planeamento do ensino profissional que, em nossa opinião, têm dificultado a optimização da oferta de ensino profissional e gerado factores de entropia: a) O erro de planear o sistema tendo como unidade de referência a escola-centro de formação numa perspectiva sectorial da tutela, desarticulada da oferta de outras escolas-centro de formação de outras tutelas; substituindo essa abordagem por uma outra, integrada e centrada na área profissional do par curso-escola num determinado território, independentemente do sub-sistema de formação em que é oferecido; b) O erro de tomar como unidade territorial de planeamento – quando alguma existe – o concelho, para passar a definir a NUT III como área de influência de referência de um equipamento educativo de ensino profissional secundário e fazer uma análise integrada do conjunto das ofertas profissionais a esse nível territorial; c) O erro da invisibilidade das dinâmicas da procura à saída, desenvolvendo um novo instrumento de ajuda à decisão, complementar dos existentes, centrado na relação entre a área profissional do curso e o dinamismo territorial do mercado de trabalho. Esta tripla mudança permitirá gerir uma rede integrada de ensino profissional que diminui irracionalidades da oferta formativa existente, nomeadamente, como escrevíamos, a “existência de uma desarticulação da rede (entre instituições e modalidades formativas) que se manifesta na ocorrência simultânea de sobreposições e lacunas “dentro” da rede de oferta, mas também face às necessidades das empresas.” (ver Pedroso, Jacinto, Matias e Oliveira, 2007:41-42). O indicador de articulação do planeamento da rede com a procura à saída, que a seguir se apresenta e desenvolve esta concepção, está

28


centrado

na

introdução

de

um

eixo

de

preocupação

com

a

empregabilidade dos diplomados no planeamento da oferta educativa. Sabemos que a empregabilidade é um conceito a usar com cautelas e os limites de uma lógica “adequacionista” (CEREQ, 1990), insensível às estratégias dos actores sociais e em particular, no caso da educação, de jovens e famílias. Sabemos ainda que o risco do adequacionismo pode conduzir a uma pressão negativa sobre o desenvolvimento da oferta educativa em contextos de crise económica em zonas de baixo desenvolvimento económico, pelo que não deve ler-se o exercício de cálculo de um novo indicador de ajuda à decisão como a defesa de que este seja o indicador único de relevância para a tomada de decisão sobre o desenvolvimento de uma determinada oferta de ensino profissional. É certo que os riscos de perspectivas simplificadoras deste exercício podem ser mitigados pela consideração de certos factores relativizadores da medição simples das taxas de emprego à saída, que tenham em conta, por exemplo: a)

A elasticidade dos ciclos económicos e os seus efeitos, mais ou menos conjunturais, no emprego;

b)

A ideia de que a disponibilidade de pessoas qualificadas no mercado de trabalho, não respondendo directa e imediatamente às necessidades das empresas, pode contribuir para influenciar a reconfiguração do perfil da oferta por parte dessas mesmas empresas;

c)

As transformações estruturais que ocorrem na estrutura produtiva, entendida em sentido amplo, podem vir a mostrar no futuro necessidades que ainda não são hoje socialmente visíveis.

O primeiro destes factores foi tido em conta no cálculo do índice abaixo sugerido, ao introduzirmos a medida de mudanças numa década. O terceiro será considerado em toda a terceira parte do trabalho e 29


reflectir-se-á nas conclusões. O segundo não é mensurável por este tipo de estudo e exigirá, para poder ser equacionado, pesquisa ulterior e com recurso a diferente metodologia de investigação. I.3.1. As dimensões fundamentais de análise

O nosso objectivo é a construção de um índice que auxilie a decisão na definição de um mapa da rede integrada de formação orientada para áreas profissionais prioritárias à escala territorial. A perspectiva territorial é mais capaz de gerar factores de articulação das ofertas educativas com os mercados regionais de trabalho e as suas especificidades próprias que a do planeamento da rede centrada nos equipamentos escolares, sem esquecer o contexto mais global em que esses mercados se inserem. É também mais propícia à implicação, negociação e estabelecimento de parcerias entre instituições de formação e destas com outros actores sociais, elemento de dinamização da relevância da formação na óptica da procura à saída. Para construir o referido índice, partimos da informação sobre a oferta de ensino secundário profissional. Neste estudo, a informação usada é a relativa aos alunos do primeiro ano, inscritos, no ano mais recente sobre o qual havia informação disponível - o ano lectivo de 2009/2010 - em turmas de ensino profissional (EP), do sistema de aprendizagem (SA), das escolas de hotelaria e turismo (CHT) e de cursos de educação e formação (CEF)4. A cada curso foi atribuída a orientação para uma saída profissional de acordo com a Classificação Nacional de Profissões (CNP)5. Numa primeira fase, a saída foi atribuída à desagregação da CNP a 3 dígitos.

Os dados tratados foram fornecidos pela Agência Nacional para a Qualificação (ANQ), a quem agradecemos o empenho e apoio na recolha e validação de dados. Foi possível validar quanto às dimensões relevantes, tipo e área de curso e local de realização, dados referentes a 97,7% dos alunos cuja informação foi fornecida. O estudo incide sobre esse universo de trabalho. 5 Foi utilizada a versão de 1994, apesar de já estar disponível a versão 2010 (entretanto publicada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE; 2011)), porque os dados sobre emprego recolhidos pelos Quadros de Pessoal, nos anos a que se reporta a informação disponível, foram classificados por essa tabela . 4

30


Dada a elevada concentração de cursos que, com este nível de desagregação, teriam como saída a profissão 311 (Técnicos de Investigação Física e Química, do Fabrico Industrial e Trabalhadores Similares), neste caso usou-se a desagregação a 4 dígitos. Este passo é decisivo para a construção do indicador. Para o estabelecimento da correspondência entre o curso e a saída profissional recorreu-se a uma tabela parcial de correspondências já disponível na ANQ, que foi reverificada e estendida a todos os cursos para os quais não havia ainda correspondência atribuída. Na reverificação da tabela e na classificação dos novos cursos foi usada a informação disponível sobre saídas profissionais, da iniciativa dos próprios promotores e a matriz curricular dos cursos. A lista obtida foi posteriormente validada com representantes da ANQ e da ANESPO6. Este indicador, assim calculado, tem a limitação estrutural de estabelecer uma saída profissional para cada curso, quando pode ocorrer que o mesmo curso tenha saídas profissionais diversas, limitação que pode ser resolvida em futura investigação, com a identificação de uma saída “principal” e de outras saídas “apropriadas”. Do mesmo modo, futuras investigações podem observar as profissões de uma lente mais focada na realidade actual, com a disponibilização de informação com base na nova classificação de profissões (INE; 2011). Acresce que o reconhecimento das qualificações pela procura à saída é um processo pleno de mediações insuficientemente conhecidas e que podem levar a políticas de recrutamento que reconheçam a “família” do curso, mas não a sua orientação “principal”. Estas questões apenas podem ser plenamente dirimidas com medidas no domínio da formalização das saídas profissionais (quanto à primeira delas) e com investigação sobre reconhecimento real de diplomas pelos empregadores (quanto à segunda). Mas procurámos neste trabalho fazer uma aproximação ao seu impacto num conjunto de cursos que têm Agradecemos em particular a Paulo Feliciano e João Barbosa, da ANQ e a Luís Costa, da ANESPO, a colaboração prestada neste exercício e a mobilização das equipas internas às suas instituições para a validação da tabela encontrada. 6

31


significativa procura de alunos e em que as saídas profissionais “principal” e “apropriada” são, em nosso entender, suficientemente próximas na definição curricular ou potencialmente próximas na percepção subjectiva dos empregadores. Para estes casos, o estudo é feito a dois níveis. Numa primeira análise, usando o indicador “saída profissional” atrás referido. Numa segunda análise usando em algumas saídas, o indicador “agregação de saídas profissionais”7. Refira-se ainda que a análise dos perfis curriculares demonstrou elevada

predominância

relacionáveis

com

a

de

saídas

estrutura

da

profissionais classificação

identificáveis portuguesa

e de

profissões8. A saída profissional do curso, assim obtida, é o primeiro elemento para a construção do “semáforo”, o nosso índice territorial de saídas profissionais do ensino profissional, relacionável com o emprego por profissão. A saída profissional corresponde à definição pelo currículo escolar de uma orientação dos seus “produtos” para a inserção no mercado de trabalho em profissões identificáveis. Essas serão aquelas em que poderá materializar-se a procura à saída, por parte das empresas. A operacionalização do conceito de procura potencial à saída por parte das empresas é feita através da consideração do volume de emprego de jovens entre 18 e 24 anos com ensino secundário completo. É nesse segmento do mercado de trabalho que os novos diplomados irão competir, se procurarem emprego à saída do curso. Para neutralizar os efeitos conjunturais atrás referidos e encontrar um intervalo significativo de tempo que permita identificar uma tendência de variação do volume de emprego, entendemos que deveríamos estudar

Em anexo encontra as tabelas de correspondências entre os cursos e as saídas profissionais e entre estes e as saídas profissionais agregadas. 8 Uma boa parte dos problemas que enfrentámos é resolvido pela versão de 2010 da classificação das profissões (INE, 2011). Mas não eram resolúveis no âmbito temporal da nossa análise, dada a codificação das profissões nos dados dos Quadros de Pessoal pela versão anterior da CNP, como referido na nota 5. 7

32


esse nível de emprego no ano mais recente disponível e uma década antes9. A operacionalização desta variável em termos comparativos apresentava a dificuldade de ter havido registos de empregados em 1998 em profissões sem haver quaisquer registos em 2008, pelo que não foram tidas em conta na análise as profissões que ficaram “desertas” de jovens com o 12º ano entre 1998 e 2008, que se indicam na tabela infra.

Tabela 4 – Profissões sem empregados de 18 a 24 anos com ensino secundário completo em 2008 A11 – Ajudante residual A22 – Praticante residual A33 – Auxiliar residual A44 – Estagiário residual A55 – Aspirante residual A66 – Pré-oficial residual A77 – Aprendiz residual D99 – Encarregado geral R99 – Outros trabalhadores sem profissão atribuída Fonte: Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados)

Estas

profissões,

contudo,

têm

pouca

relevância

no

universo,

correspondendo apenas a categorias residuais ou de registos sem profissão atribuída, aos que acresce apenas a figura dos encarregados gerais. O uso desta base de dados apresenta três limitações, quanto à sua representatividade do volume final do emprego potencial de jovens: não cobre os jovens que exercem a profissão em regime de profissão liberal, não cobre o sector da agricultura não empresarial, nomeadamente a agricultura familiar, e não cobre a administração pública. Revelou-se, contudo, impossível cobrir os sectores do regime de profissão liberal e da agricultura não empresarial porque o registo dos chamados “recibos verdes”, mantido pelo Instituto de Segurança Social,

Cumpre agradecer ao GEP do MTSS e aos seus técnicos a disponibilização imediata da informação territorialmente desagregada sobre o emprego de jovens, por nível escolar, essencial à construção dos indicadores necessários a esta análise. No momento da realização da análise, o último ano disponível era o de 2008, pelo que se estudou os dados deste ano e os de 1998. 9

33


não recolhe informação por nível de habilitação. Assim como não foi possível obter os dados do emprego público neste segmento. Considera-se,

contudo,

que

estas

limitações

não

impedem

a

consideração do universo do emprego coberto pelos quadros de pessoal como universo de trabalho para este estudo. Poder-se-á objectar que poderíamos ter recorrido aos dados do Inquérito ao Emprego, mas como definimos como mercado potencial de emprego dos estudantes do ensino profissional o emprego de jovens, à escala territorial definida pelas NUT III, por profissão e nível escolar, a falta de representatividade estatística do Inquérito para esta sucessão de cruzamentos tornava-o um instrumento não utilizável. Por razões semelhantes usámos, para operacionalizar o conceito de procura não satisfeita de emprego, os dados do desemprego registado nos centros de emprego, para o mesmo grupo etário e nível de habilitações escolares10. As três dimensões-chave da análise que conduzirá ao “semáforo” orientada para a definição de áreas profissionais prioritárias da rede integrada de formação estão assim definidas: a) Procura satisfeita de ensino profissional à entrada: número de novos alunos inscritos em 2009-2010, por saída profissional; b) Volume e dinâmica do mercado potencial de emprego de diplomados do ensino profissional: emprego por profissão de jovens diplomados do ensino secundário do grupo etário 18-24 anos em 2008 e em 1998; c) Volume e dinâmica do risco de desemprego de diplomados do ensino

profissional:

desemprego

por

profissão

de

jovens

diplomados do ensino secundário do grupo etário 18-24 anos em 2008 e em 1998.

10

Também a este respeito se revelou necessário o uso de dados não publicados e é devido agradecimento aos técnicos do IEFP que prontamente acederam aos pedidos enviados e disponibilizaram os dados necessários à análise.

34


I.3.2 A definição dos indicadores

O passo seguinte na construção do índice foi a elaboração de um conjunto de indicadores de base, que permitisse relacionar as três dimensões de análise. Indicadores de saturação do mercado de trabalho pela oferta de ensino profissional

A primeira dimensão de análise a considerar no índice é o nível de saturação do mercado de trabalho pela oferta corrente de ensino profissional. Para esse efeito, procedeu-se à elaboração de indicadores de relação entre a procura satisfeita à entrada a procura potencial à saída pelas empresas. O primeiro desses indicadores mede a relação global entre essas procuras:

Indicador 1. Relação global entre procura satisfeita à entrada e procura potencial à saída pelas empresas: Rácio entre o número Total de alunos inscritos no 10º ano do ensino profissional (ou 1º ano de curso) em 2009/2010 (At09) e volume Total de emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo (Et08): (At09/Et08) O segundo indicador mede a relação específica entre as procuras, profissão a profissão, e apresenta as duas variantes que correspondem ao tratamento da saída profissional principal e, nos casos em que foi possível medir e se considerou justificado, à consideração das saídas profissionais apropriadas:

Indicador 2a. Relação entre procura satisfeita à entrada por saída profissional principal e procura potencial à saída pelas empresas por profissão: Rácio entre o número de alunos inscritos por saída profissional no 10º ano do ensino profissional (ou 1º ano de curso) em 2009/2010 (Ap09) e 35


volume de emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo na profissão correspondente à saída profissional (Ep08): (Ap09/Ep08) Indicador 2b. Relação entre procura satisfeita à entrada por saída profissional apropriada e procura potencial à saída pelas empresas por área profissional: Rácio entre o número de alunos inscritos por agregação de saídas profissionais no 10º ano do ensino profissional (ou 1º ano de curso) em 2009/2010 (Apa09) e volume de emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo na área da saída profissional (Epa08): (Apa09/Epa08) O terceiro indicador mede a relação entre a saturação do mercado de trabalho pela oferta de ensino profissional numa determinada área profissional e a saturação global do mercado de trabalho pela oferta Total.

Indicador 3. Relação entre a saturação do mercado de trabalho pelo ensino profissional numa área profissional e a saturação global do mercado de trabalho pelo ensino profissional. Indicador 3a Rácio entre o Indicador 2a e o Indicador 1: (Ap09/Ep08)/(At09/Et08) Indicador 3b Rácio entre o Indicador 2b e o Indicador 1: (Apa09/Ep08)/(At09/Et08) Este indicador dá-nos a ideia dos desequilíbrios na saturação do mercado de trabalho internos ao sistema de ensino profissional, dado que o seu valor nos indica se uma determinada área de formação tem

36


impacto quantitativo no efectivo das profissões com que se relaciona maior ou menor do que o impacto geral da oferta de ensino profissional.

Indicadores de relevância da saída profissional no mercado de trabalho

A segunda dimensão considerada no índice é a da importância dos cursos de ensino profissional na óptica do mercado de trabalho ao nível territorial. Adoptamos aqui uma perspectiva quantitativa, que considera o peso de cada profissão no emprego jovem como indicador da sua relevância. Poderá criticar-se esta abordagem, tendo em conta a relevância estratégica de certas profissões, ou seja, que há profissões de grande importância ainda que gerando volumes reduzidos de emprego. A crítica colhe parcialmente, ainda que estejamos a falar de níveis de qualificação intermédios e não de profissões de ponta, mas não dispomos de instrumento que permita avaliar, para este nível de qualificação profissional, a relevância estratégica de uma profissão desligada do peso quantitativo no emprego. O quarto indicador seleccionado mede a dimensão relativa do emprego na profissão a que corresponde uma saída profissional no Total do emprego.

Indicador 4. Importância relativa da procura potencial à saída pelas empresas por profissão. Rácio entre o volume de emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo na profissão correspondente à saída profissional (Ep08) e o volume Total de emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo (Et08): (Ep08/Et08)

37


Esta importância relativa varia com os contextos territoriais de acordo com os padrões de especialização económica de um território. Essa variação é identificável por quocientes de localização, que nos dão conta da relação entre a importância relativa de um indicador num determinado território e num território mais amplo de referência. No caso desta análise, esse quociente corresponde a um indicador de especialização regional da saída profissional, que existirá quanto o quociente de localização seja superior a 1, ou de não especialização quando for inferior.

Indicador 5. Especialização profissional territorial. Quociente entre o rácio entre o volume de emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo na profissão correspondente à saída profissional (Ep08) e o volume Total de emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo (Et08) e o rácio entre o volume de emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo na profissão correspondente à saída profissional na NUT I (EpNutI08) e o volume Total de emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo (EtNutI08): (Ep08/Et08)/(EpNutI08/EtNutI08)

A especialização profissional territorial dá-nos informação obre a importância de um curso com determinada saída profissional para um território. Em territórios de significativa especialização a importância de uma determinada profissão será significativamente superior ao peso que esta tem no Continente, independentemente de ser uma profissão de nicho, com poucos profissionais, ou de expressão massiva, geradora de volumes significativos de emprego.

38


Indicadores de dinamismo do emprego do grupo-alvo

O volume de emprego na área de uma determinada saída profissional é uma realidade estática. Mas o planeamento do ensino profissional deve ter em conta a importância da dimensão temporal. Os diplomados adquirem uma formação que apenas rentabilizarão significativamente num tempo potencialmente longo, ainda que tenha deixado de corresponder a toda a vida profissional. Apenas o exercício prospectivo nos pode dar indicações sobre o futuro que se antecipa para a necessidade de qualificações. Esse será o objecto da terceira parte deste trabalho, mas é impossível de fazer à escala exigente da saída profissional por unidade territorial, pelo que não pode ser incorporado nesta análise. Servir-nos-á (ver capítulo III) para problematizar os resultados deste exercício. Se nos está vedado o uso directo de um indicador prospectivo com este nível de definição, está à nossa disposição a possibilidade de verificar se as saídas profissionais se mantiveram estáveis, em declínio ou em expansão num período razoável de tempo, numa óptica retrospectiva. Pareceu-nos adequado medir a variação do emprego no espaço temporal de uma década. É tempo suficiente para encontrar uma tendência e para

corresponder

ao

potencial

de

utilização

de

qualificações

adquiridas. O primeiro indicador escolhido para esta análise reflecte o dinamismo empregador global, ou seja a variação da procura global à saída de diplomados do ensino secundário. Indicador 6. Variação da procura potencial global à saída pelas empresas. Variação do volume Total de emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo entre 1998 (Et98) e 2008 (Et08): [(Et08-Et98)/Et98]

39


As variações registadas no emprego, profissão a profissão, podem acompanhar a tendência geral ou contrariá-la. Assim se pode aferir de procuras à saída ascendentes ou descendentes, em linha, mais aceleradas ou menos aceleradas que a procura global. Para equacionar a variação da procura potencial por profissão construiu-se o indicador de variação da procura potencial por profissão:

Indicador 7. Variação da procura potencial à saída pelas empresas por profissão. Variação do volume de emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo na profissão correspondente à saída profissional entre 1998 (Ep98) e 2008 (Ep08): [(Ep08 – Ep98)/Ep98] Para analisar se a variação da procura potencial à saída por profissão, sendo ascendente ou descendente, é mais ou menos acentuada que a tendência de variação da procura potencial global construiu-se um novo indicador que é o rácio entre os indicadores 6 e 7.

Indicador 8. Relação entre a variação da procura à saída pelas empresas global e por profissão. Rácio entre os indicadores 7 e 6: [((Ep08-Ep98)/Ep98)/ ((Et08 – Et98)/Et98)]

Indicadores da intensidade do risco de desemprego

As variações no volume de emprego podem resultar de um equilíbrio – em alta ou em baixa – entre oferta e procura de emprego. Se oferta e procura variam no mesmo sentido e com a mesma intensidade o risco de

desemprego

mantém-se

estável.

contraditória, este sobe ou diminui. 40

Mas

se

variam

de

forma


A medição do risco de desemprego pode fazer-se sincrónica e diacronicamente.

No

ponto

seguinte

trataremos

da

dimensão

diacrónica, da variação do risco de desemprego no tempo. Agora trataremos da perspectiva sincrónica, da variação do

risco de

desemprego entre profissões. No caso específico das famílias e dos jovens, a relação entre o dinamismo das expectativas e o dinamismo real do mercado de trabalho tende,

como

demonstrámos

teoricamente,

a

um

enviesamento

estrutural (ver capítulo 1.2, supra). Nesta dimensão do índice consideram-se os indicadores que reflectem esse enviesamento estrutural. Para isso construíram-se três indicadores de intensidade do risco de desemprego dos alunos do ensino profissional. O primeiro desses indicadores mede o risco de desemprego por profissão, fornecendo-nos informação sobre a procura juvenil de emprego não satisfeita, profissão a profissão.

Indicador 9. Risco de desemprego por profissão. Rácio entre o volume de desemprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo por profissão (Dp08) e o volume de emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo por profissão em 2008 (Ep08): (Dp08/Ep08) O segundo desses indicadores aplica a mesma lógica ao desajustamento global entre oferta e procura de emprego. Indicador 10. Risco global de desemprego. Rácio entre o volume de desemprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo em 2008 (Dt08) e o volume de emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo em 2008 (E08): (Dt08/Et08) 41


O terceiro desses indicadores mede a propensão dos jovens a procurarem (ou não) profissões com maior risco de desemprego.

Indicador 11. Intensidade relativa do risco de desemprego por profissão. Quociente entre os indicadores 8 e 9: (Dp08/Ep08)/(Dt08/Et08) Se a propensão dos jovens a procurarem profissões com maior risco de desemprego for mínima, a intensidade do risco de desemprego oscilará em torno dos valores globais, independentemente da profissão. Se essa propensão for relevante, surgirá uma polarização entre profissões de baixo risco de desemprego, nas quais os rácios de desemprego são substancialmente mais baixos que na media e profissões de elevado risco de desemprego, nas quais esses rácios são substancialmente superiores à média.

Indicadores de dinamismo do desemprego

Aplica-se ao dinamismo do desemprego o mesmo raciocínio que se seguiu para o do emprego (ver supra). O fluxo de procura de emprego pode ter sido inferior, idêntico ou superior ao da oferta de emprego neste grupo, gerando variações no contingente de desempregados. Os indicadores de dinamismo do desemprego escolhidos têm como objectivo medir essa variação. O primeiro desses indicadores mede a variação global do desemprego: Indicador 12. Variação Total do desemprego. Variação do volume de desemprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo entre 1998 (Dt98) e 2008 (Dt08): [(Dt08 – Dt98)/Dt98]

42


O segundo mede a variação do desemprego profissão a profissão: Indicador 13. Variação do desemprego por profissão. Variação do volume de desemprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo entre 1998 por profissão (Dp98) e 2008 (Dp08)

[(Dp08-Dp98)/Dp98] A relação entre estes dois indicadores dá-nos conta da variação temporal do risco de desemprego associado a cada profissão.

Indicador 14. Relação entre a variação da procura à saída pelas empresas global e por profissão. Rácio entre os indicadores 11 e 12: ((Dp08-Dp98)/Dp98)/((Dt08 – Dt98)/Dt98) Este indicador é importante para aferir da evolução relativa das expectativas dos jovens deste segmento e das oportunidades reais de trabalho. I.3.3 O semáforo: a construção do índice

Os indicadores apresentados no ponto anterior são de duas naturezas. Uma parte deles são indicadores de base e outros são os indicadores compostos, derivados destes, que serão utilizados para a construção do índice de procura de ensino profissional à saída pelas empresas. Esses indicadores correspondem, por sua vez, à operacionalização das três dimensões fundamentais de análise que propomos para que se possa construir um índice sustentado de procura de ensino profissional à saída, pelas empresas. 43


A tabela seguinte sintetiza a informação relevante para a construção do índice que será analisado de seguida.

Tabela 5 – Dimensões de análise e indicadores utilizados na construção do semáforo de saídas profissionais Dimensões fundamentais de análise

Procura satisfeita de ensino profissional à entrada

Volume e dinâmica do mercado potencial de emprego de diplomados do ensino profissional

Volume e dinâmica do risco de desemprego de diplomados do ensino profissional

Indicadores de base Indicador 2. Relação entre procura satisfeita à entrada por saída profissional principal e procura potencial à saída pelas empresas por profissão Indicador 1. Relação global entre procura satisfeita à entrada e procura potencial à saída pelas empresas Indicador 4. Importância relativa da procura potencial à saída pelas empresas por profissão Indicador 7. Variação da procura potencial à saída pelas empresas por profissão Indicador 6. Variação da procura potencial global à saída pelas empresas Indicador 9. Risco de desemprego por profissão. Indicador 10. Risco global de desemprego. Indicador 12. Variação global do desemprego. Indicador 13. Variação do desemprego por profissão.

Indicadores derivados Indicador 3. Relação entre a saturação do mercado de trabalho pelo ensino profissional numa área profissional e a saturação global do mercado de trabalho pelo ensino profissional Indicador 5. Especialização profissional territorial Indicador 8. Relação entre a variação da procura à saída pelas empresas global e por profissão Indicador 11. Intensidade relativa do risco de desemprego por profissão. Indicador 14. Relação entre a variação da procura à saída pelas empresas global e por profissão.

O semáforo resulta de uma ponderação dos cinco indicadores derivados, atribuindo a cada um deles peso igual no resultado final e uma variação entre 0 e 2, correspondendo o valor 0 a um resultado considerado negativo, 1 a um resultado considerado intermédio e 2 a um resultado considerado positivo, no que diz respeito ao interesse de um determinado curso na óptica da procura à saída, por parte das empresas. O índice obtém um valor máximo de 10 pontos, correspondendo a uma situação de carência muito provável desse curso, na óptica de análise 44


em que nos situamos e um valor mínimo de 0, que indica o risco máximo de saturação do mercado no domínio de intervenção desse curso.

Tabela 6 – Indicadores e critérios de ponderação para a construção do semáforo de saídas profissionais Dimensão

Nível de saturação do emprego

Indicador Indicador 3. Relação entre a saturação do mercado de trabalho pelo ensino profissional numa área profissional e a saturação global do mercado de trabalho pelo ensino profissional

Valor do índice ((Ap09/Ep08)/(At09/Et08)) < 1 = 2 (((Ap09/Ep08)/(At09/Et08) > 1) & (((Ap09/Ep08)/(At09/Et08) < 2) = 1 ((Ap09/Ep08)/(At09/Et08) > 2) = 0 ((Ep08/Et08)/(EpNutI08/EtNutI08)) > 2) = 2

Relevância no mercado de trabalho

Indicador 5. Especialização profissional territorial

(((Ep08/Et08)/(EpNutI08/EtNutI08) > 1) & (((Ep08/Et08)/(EpNutI08/EtNutI08) < 2) = 1 ((Ep08/Et08)/(EpNutI08/EtNutI08)) < 1 = 0 (((Ep08-Ep98)/Ep98) > 0) & (((Ep08Ep98)/Ep98) < ((Et08 – Et98)/Et98))) = 2

Dinamismo do emprego

Indicador 8. Relação entre a variação da procura à saída pelas empresas global e por profissão

(((Ep08-Ep98)/Ep98) > 0) & (((Ep08Ep98)/Ep98) < ((Et08 – Et98)/Et98))= 1 (((Ep08-Ep98)/Ep98) < 0) & (((Ep08Ep98)/Ep98) > ((Et08 – Et98)/Et98)) = 1 (((Ep08-Ep98)/Ep98) < 0) & (((Ep08Ep98)/Ep98) < ((Et08 – Et98)/Et98)) = 0 (Dp08/Ep08)/(Dt08/Et08)< 1 = 2

Intensidade do risco de desemprego

Indicador 11. Intensidade relativa do risco de desemprego por profissão.

((Dp08/Ep08)/(Dt08/Et08) > 1) & ((Dp08/Ep08)/(Dt08/Et08)) < 2 = 1 (Dp08/Ep08)/(Dt08/Et08)> 2 = 0 ((Dp08-Dp98)/Dp98) < 0) & (((Dp08Dp98)/Dp98) < (Dt08 – Dt98)/Dt98)) = 2

Dinamismo do risco de desemprego

Indicador 14. Relação entre a variação da procura à saída pelas empresas global e por profissão.

((Dp08-Dp98)/Dp98) < 0) & ((Dp08Dp98)/Dp98) < (Dt08 – Dt98)/Dt98))= 1 ((Dp08-Dp98)/Dp98) > 0) & ((Dp08Dp98)/Dp98) < (Dt08 – Dt98)/Dt98))= 1 ((Dp08-Dp98)/Dp98 > 0 & ((Dp08Dp98)/Dp98) > (Dt08 – Dt98)/Dt98))= 0

45


No caso do nível de saturação de emprego considera-se que um curso com uma determinada saída profissional tem uma saturação baixa está quando o rácio entre os alunos inscritos num curso com uma saída profissional e o emprego nessa profissão é inferior ao rácio entre o número Total de alunos no ensino profissional e o número Total de empregados, atribuindo-se dois pontos na escala do índice. Quando esse rácio é superior mas inferior ao dobro do global considera-se uma saturação intermédia, atribuindo-se um ponto nessa escala. Quando é superior ao dobro considera-se que o curso tem uma saturação elevada, atribuindo 0 pontos. A

questão

da

relevância

no

mercado

de

trabalho

é

aferida

considerando que é elevada, implicando que lhe seja conferido o valor 2, quando a proporção do emprego na profissão, para a qual o curso confere saída profissional no emprego Total, duplica ou é ainda superior - na NUT II ou NUT III – à proporção dessa profissão no emprego a nível da NUT I – Continente. Se a proporção desse emprego for, na NUT, superior à nacional mas inferior ao dobro, é considerada intermédia (valor 1) e se for inferior é considerada de reduzida relevância (valor 0). A introdução no índice da dimensão do dinamismo do emprego pretende dar conta da variação temporal do volume de oferta de emprego na profissão para a qual cada curso se orienta. Se o emprego na profissão da saída profissional do curso tem uma variação positiva e superior à variação global do emprego esse dinamismo é considerado elevado. Se essa variação for negativa mas superior à variação média do emprego no conjunto das profissões11 ou se for positiva mas inferior à média o valor atribuído é de 1. Se a variação for negativa e inferior à variação média do conjunto é atribuído o valor zero. O nível de desencontro entre oferta e procura de emprego pode medir-se em intensidade de risco de desemprego. Quando um curso orienta para uma saída profissional que tem um nível de desemprego inferior ao 11

Esta última possibilidade foi prevista para cobrir as situações logicamente possíveis, mas não ocorre no período em análise dado que a variação do emprego Total foi positiva nos anos estudados.

46


do conjunto das profissões, consideramos esse risco reduzido (2 pontos no índice). Se tem um risco de desemprego superior ao risco médio mas inferior ao seu dobro, consideramos que tem um risco intermédio (1 ponto no índice). Se tem um risco superior ao dobro do risco médio, atribuímos-lhe 0 pontos, por ser um risco elevado. O dinamismo do risco de desemprego considera-se positivo se o desemprego na profissão da saída profissional do curso diminui e diminui mais que o risco global de desemprego no período temporal em análise (valor do índice igual a 2). Diminuindo ou não, considera-se intermédio se a variação for mais favorável que a do desemprego em geral (valor do índice igual a 1). Considera-se negativo quando o desemprego

aumentar

no

período

e

tiver

uma

variação

mais

desfavorável que a do nível global do desemprego. O gráfico representa a construção do índice e a lógica do semáforo.

Figura 3 – Semáforo de saídas profissionais do ensino profissional Elevado = 0 Nível de saturação do emprego

Intermédio = 1 Baixo =2

Indicação do semáforo:

Baixa = 0 Relevância no mercado de trabalho

Intermédia = 1 Elevada = 2

9-10 Carência muito provável 7-8 Carência provável

Baixo = 0 Saída profissional

Dinamismo do emprego

Intermédio = 1 Elevado = 2

5-6 Situação equilibrada 3-4 Risco de saturação

Elevada = 0 Intensidade do risco de desemprego

Intermédia = 1 Reduzida = 2 Negativo = 0

Dinamismo do risco de desemprego

Intermédio = 1 Positivo = 2

47

0-2 Risco elevado de saturação


A cor azul, correspondente aos valores 9 e 10 do índice, implica que a saída profissional do curso tenha uma avaliação positiva em pelo menos 4 das dimensões e intermédia na quinta. A cor vermelha, no extremo oposto, corresponde aos cursos cujas saídas tenham na melhor das hipóteses ou três dimensões negativas e duas intermédias ou uma dimensão positiva e quatro negativas. As cores intermédias laranja, amarelo e verde, correspondem às situações intermédias, da mais desfavorável para a mais favorável.

48


II. Das saídas profissionais a um semáforo territorial de procura da formação à saída pelas empresas

Nesta parte do trabalho pretendemos operacionalizar a proposta descrita em I.3, supra. Recapitulemos, ou façamos uma introdução a quem não tiver lido o capítulo anterior. Escolhemos três dimensões de análise: as saídas profissionais dos cursos em que estão inscritos os alunos do 10º ano (ou 1º ano, consoante a designação) dos cursos das várias modalidades de ensino e formação profissional; o emprego e o desemprego dos jovens do grupo etário dos 18-24 anos com ensino secundário. A partir dessas dimensões de análise construímos um grupo de indicadores sobre a relação entre a procura satisfeita à entrada (a saída profissional do curso) e as dinâmicas da procura potencial à saída (nomeadamente, no mercado de trabalho). Sobre esses indicadores elaborámos e analisamos um índice que é um instrumento de auxílio à decisão na definição de um mapa da rede integrada de formação orientada para áreas profissionais prioritárias à escala territorial.

II.1 As dimensões de análise II.1.1 As saídas profissionais

Os alunos inscritos no primeiro ano dos cursos profissionais em 2009/2010 aproximaram-se dos 50000. Foi possível validar a saída profissional do curso de 47678, correspondendo a 97,7% do universo. A distribuição dos alunos por saída profissional, quando analisada por grandes grupos profissionais e regiões (NUT II), apresenta elevada concentração profissional e homogeneidade territorial. Cerca de dois 49


terços dos alunos – entre o mínimo de 62% no Alentejo e o máximo de 69% no Norte - procuraram cursos cuja saída profissional principal se encontra no grupo profissional dos “técnicos e profissionais de nível intermédio” (Grupo 3), em todas as regiões do país. A segunda grande área de orientação é a de pessoas dos serviços e vendedores (Grupo 5 da CNP), que recebe cerca de um quinto dos alunos, variando o seu peso entre o mínimo de 17% no Norte e 22% no Algarve. Em conjunto, os dois grandes grupos profissionais referidos, recebe 86% dos alunos deste universo. A estas reúnem-se duas áreas, cuja frequência ronda os 5% (especialistas

das

profissões

científicas

e

técnicas

e

pessoal

administrativo). O ensino e a formação profissional de nível secundário não têm cursos orientados para o topo nem para a base da pirâmide das profissões, ou seja os quadros superiores e os trabalhadores não qualificados. A elevada concentração da frequência de ensino profissional em cursos com saídas para os grupos profissionais intermédios (CNP, 3,4 e 5) em todo o território, tem apenas duas excepções, referentes a grupos que ultrapassam as saídas para profissões administrativas no terceiro lugar das saídas. No Norte, no Centro e no Algarve, os referidos grupos são os três que recebem mais alunos. Mas em Lisboa há um desvio “para cima”, na estrutura da frequência do ensino profissional, surgindo em terceiro lugar a orientação para as profissões do grupo 2 (especialistas), em vez do grupo do pessoal administrativo. No Alentejo há um duplo desvio. As saídas em meio rural explicarão que as profissões agrícolas (CNP 6) surjam em terceiro lugar, mas o grupo dos administrativos é também ultrapassado pelo grupo dos especialistas, tal como em Lisboa. A homogeneidade territorial do ensino profissional verificada nas pequenas variações entre regiões da proporção de ingressados por saída profissional tem algumas excepções. 50


Tabela 7 – Número de alunos inscritos no primeiro ano de curso profissional no ano lectivo 2009/2010 no Continente, por região e grandes grupos da CNP

Saída profissional principal do curso (grandes grupos da CNP) Grupo 1 - Quadros Superiores da Administração Pública, Dirigentes e Quadros Superiores de Empresa Grupo 2 - Especialistas das Profissões Intelectuais e Científicas Grupo 3 - Técnicos e Profissionais de Nível Intermédio Grupo 4 - Pessoal Administrativo e Similares Grupo 5 - Pessoal dos Serviços e Vendedores Grupo 6 Agricultores e Trabalhadores Qualificados da Agricultura e Pescas Grupo 7 - Operários, Artífices e Trabalhadores Similares Grupo 8 Operadores de Instalações e Máquinas e Trabalhadores da Montagem Grupo 9 - Trabalhadores Não Qualificados Total

Norte

Lisboa e Vale do Tejo

Centro

Alentejo

Algarve

Continente

%

%

%

%

%

%

0

0,0

0

0,0

0

0,0

0

0,0

0

0,0

0

0,0

991

5,1

344

4,0

891

6,0

125

5,3

43

1,7

2394

5,0

13075

67,9

5842

67,6

9892

66,4

1457

62,3

1670

65,5

31936

67,0

1290

6,7

383

4,4

580

3,9

91

3,9

202

7,9

2546

5,3

3268

17,0

1829

21,2

2857

19,2

482

20,6

570

22,4

9006

18,9

219

1,1

77

0,9

181

1,2

131

5,6

27

1,1

635

1,3

409

2,1

166

1,9

468

3,1

51

2,2

36

1,4

1130

2,4

8

0,0

0

0,0

23

0,2

0

0,0

0

0,0

31

0,1

0

0,0

0

0,0

0

0,0

0

0,0

0

0,0

0

0,0

19260

100,0

8641

100,0

14892

100,0

2337

100,0

2548

100,0

47678

100,0

Fonte: Agência Nacional para a Qualificação, dados não publicados

O Alentejo é a região em que o número de ingressados menos está em cursos orientados para as profissões intermédias (62% para 67% no continente) e em que há – logicamente, dir-se-á – um peso sem paralelo dos cursos agrícolas (5,6% dos ingressados contra 1,3% no continente com variações nas restantes regiões entre 0,9% e 1,2%). O Algarve tem a maior proporção de ingressados em cursos com saídas nos domínios do pessoal dos serviços e vendedores (22,4% para 18,9% no continente) e administrativos (7,9% para 5,3% no continente). O quadro geral dos ingressos no ensino profissional secundário é, contudo, claro. Embora estejamos, por enquanto a proceder a uma análise em torno de grandes grupos profissionais e de territórios amplos,

revelam-se

duas

características

do

sistema

de

ensino

profissional de nível secundário no continente português: grande concentração em dois grandes grupos profissionais em todo o território; localização desses grupos nos segmentos dos profissionais intermédios. Esta concentração corresponde à localização das saídas profissionais de nível intermédio na estrutura das qualificações e, por essa via, à orientação estratégica que tem sido dada para o nível de formação 51


correspondente ao ensino secundário com qualificação profissional associada. II.1.2 Os ingressos no ensino superior

Os alunos das diferentes modalidades de ensino profissional têm a possibilidade de ingresso no ensino superior, ainda que a articulação imediata entre a conclusão do curso e o ingresso seja dificultada por vários aspectos práticos, que vão desde a organização da formação com calendários que dificultam os exames ou não se regem mesmo por anos lectivos à necessidade de estudo suplementar em certas disciplinas para poder responder a matérias não incluídas nos curricula do ensino profissional. Um número crescente de alunos das modalidades de ensino profissional tem vindo a usufruir dessa possibilidade, fenómeno concomitante da expansão dessas modalidades12. Embora, face ao volume de ingressos no ensino profissional, as saídas para o ensino superior continuem a ser minoritárias, atingem já um número a ter em consideração e a merecer análise futura que transcende o âmbito deste trabalho.

Tabela 8 – Ingressos no ensino superior de alunos oriundos do ensino profissional entre 2005 e 2010 (número e taxa de variação) Ano de ingresso

Número de ingressos

2005 2006 2007 2008 2009 2010

1028 1480 1787 2531 3624 4950

Taxa de variação em relação ao ano anterior 44% 21% 42% 43% 37%

Fonte: Direcção-Geral do Ensino Superior, dados não publicados

12 Agradecemos à Direcção-Geral do Ensino Superior o fornecimento dos dados do ingresso no ensino superior dos candidatos oriundos das diversas modalidades de ensino profissional.

52


A taxa de variação dos ingressos reflecte o crescimento das saídas do ensino

profissional,

mas

também

uma

orientação

para

o

prosseguimento de estudos que, embora minoritária, deve ser tomada em conta no planeamento da oferta de ensino profissional. A orientação para o prosseguimento de estudos tem relevância em particular entre os alunos dos cursos profissionais, que são a origem de mais de 70% dos ingressos no ensino superior originários de vias profissionais. Nos últimos anos surgiu o fenómeno de candidatos que concluíram os seus estudos de ensino secundário em cursos de educação e formação e em cursos de educação e formação de adultos, em formulações modulares, ou em CRVCC, uma tendência ainda insuficientemente estudada, que pode significar que a diversificação curricular esteja a recuperar para o ensino superior franjas de alunos que o ensino secundário estruturado em ciclo longo, profissional ou não, perdia. Essa orientação é, em contraponto, reduzida entre os alunos do sistema de aprendizagem, origem de uma fracção reduzida e em diminuição do ingresso no ensino superior pelas vias profissionais. As propensões diferenciadas dos estudantes de cada modalidade de ensino para o ingresso do ensino superior são um dado a ter em conta no planeamento da oferta educativa, mas que não aprofundaremos aqui. No que a este estudo diz respeito, há a registar que o ingresso no ensino superior à saída de um curso profissional, sendo um percurso minoritário, atinge já alguma expressão e deve ser abordado por corresponder a uma saída formalmente prevista na definição da oferta e para a qual existe procura.

53


Tabela 9 - Número de ingressos no ensino superior entre 2005 e 2010 por tipo de curso de ensino profissional de origem Ano de ingresso no ensino superior Tipo de curso de ensino profissional Cursos profissionais Cursos EFA, Formações Modulares, RVCC Cursos de educação e formação Sistema de Aprendizagem Conclusão e equivalência de cursos extintos

2005

2006

2007

2008

2009

2010

%

%

%

%

848

82,5%

1247

84,3%

1438

80,5%

1668

65,9%

2574

71,0%

3606

72,8%

0

0,0%

0

0,0%

0

0,0%

2

0,1%

157

4,3%

556

11,2%

0

0,0%

8

0,5%

110

6,2%

481

19,0%

390

10,8%

321

6,5%

128

12,5%

194

13,1%

224

12,5%

297

11,7%

290

8,0%

239

4,8%

52

4,8%

31

2,1%

15

0,8%

83

3,3%

213

5,9%

228

4,6%

Total 1080 100,0% 1511 100,0% 1802 100,0% 2542 100,0% Fonte: Direcção-Geral do Ensino Superior, dados não publicados

%

3624 100,0%

4950 100,0%

Tem-se como hipótese que o ingresso no ensino superior de procura oriunda do ensino profissional deve ter um perfil específico, que reflicta as especificidades do ensino profissional. Procedemos à mesma análise das saídas principais dos cursos de ensino superior que havíamos desenvolvido para o ensino profissional. Tabela 10 - Número de ingressos no ensino superior em 2010 oriundos do ensino profissional por saída profissional principal do curso superior e por grandes grupos da CNP Saída profissional principal do curso (grandes grupos da CNP) Grupo 1 Quadros Superiores da Administração Pública, Dirigentes e Quadros Superiores de Empresa Grupo 2 - Especialistas das Profissões Intelectuais e Científicas Grupo 3 - Técnicos e Profissionais de Nível Intermédio Grupo 4 - Pessoal Administrativo e Similares Grupo 5 - Pessoal dos Serviços e Vendedores Grupo 6 - Agricultores e Trabalhadores Qualificados da Agricultura e Pescas Grupo 7 - Operários, Artífices e Trabalhadores Similares Grupo 8 - Operadores de Instalações e Máquinas e Trabalhadores da Montagem Grupo 9 - Trabalhadores Não Qualificados Total Fonte: Direcção-Geral do Ensino Superior, dados não publicados

54

Ingressos em 2010 Nº

%

657

13,3%

3477

70,2%

552

11,2%

41 223 0

0,8% 4,5% 0,0%

0

0,0%

0

0,0%

0 4950

0,0% 100,0%

%


As colocações no ensino superior reflectem a natureza desse ensino. A grande maioria dos colocados com origem no ensino profissional dirigese a cursos que têm como saída os especialistas das profissões científicas e técnicas, alguns a cursos que orientam para funções de alta direcção e outros a cursos que orientam para profissionais intermédios. Tabela 11 - Número de ingressos no ensino superior oriundos do ensino profissional por agrupamento de cursos e por saída profissional principal, em 2009 e 2010 Saída profissional principal do curso superior (CNP) 241 - Especialista de profissões administrativas e comerciais 244 - Especialistas das ciências sociais e humanas 213 - Especialistas de informática 123 - Directores de empresas 214 - Arquitectos, engenheiros e especialistas similares 235 - Docentes do ensino superior, básico, secundário, e similares 245 - Escritores, artistas e executantes 341 – Profissionais de nível intermédio de finanças e serviços comerciais 514 – Outro pessoal dos serviços directos e particulares 343 – Profissionais de nível intermédio de gestão e administração 223 - Enfermeiros 112 – Quadros superiores da administração pública 221 – Especialistas das ciências da vida

Ano de ingresso no ensino superior 2009

Ingressos em 2010, por agrupamento de cursos afins

2010

%

%

588

16,2%

866

17,5%

Línguas, literatura e tradução: 188; Serviço social: 106; Sociologia: 66; Economia: 50; Psicologia: 47; História e arqueologia: 44; Cultura e património: 44; Geografia e planeamento: 42; Filosofia: 28; Antropologia: 16; Ciência política e relações internacionais: 12 Engenharia informática: 364; Tecnologias da informação: 89; Informática: 68 Gestão (geral): 393; Gestão hoteleira e turística: 129; Outros cursos de gestão especializada: 18 Eng. Electricidade e energias: 169; Eng. Mecânica e máquinas: 78; Eng. Electrónica e telecomunicações: 69; Eng. Civil: 47; Eng. E gestão industrial: 21; Eng. do ambiente: 20; Outras Eng.: 19; Arquitectura: 10 Educação básica: 201; Educação física e desporto: 87; Educação multimédia e artística: 26; Educação (em geral): 24; Educação ambiental: 11 Design: 164; Comunicação e jornalismo: 64; Artes plásticas, cinema e multimédia: 43; Artes do espectáculo: 30; Música: 12; Est. Artísticos (geral): 8; Conservação e restauro: 4 Turismo e lazer: 205; Gestão Bancária e Seguros: 38

448

12,4%

657

13,3%

390

10,8%

565

11,4%

405

11,2%

544

11,0%

434

12,0%

456

9,2%

244

6,7%

364

7,4%

263

7,3%

325

6,6%

130

3,6%

243

4,9%

147

4,1%

191

3,9%

Educação social: 104; Animação social e cultural: 72; Gerontologia: 11

119

3,3%

150

3,0%

Solicitadoria: 117; Secretariado Técnico Superior de justiça: 4

66

1,8%

108

2,2%

Enfermeiros: 97; Reabilitação psicomotora: 11

44

1,2%

84

1,7%

68

1,9%

58

1,2%

278

7,7%

339

6,8%

3624

100,0%

4950

100,0%

de administração:

29;

Gestão e administração pública: 84

Outros Total

Contabilidade, finanças e fiscalidade: 480; Comunicação, marketing e relações públicas: 256; Gestão de recursos humanos: 89; Comércio: 32

Biologia e ecologia: 30; Agricultura e florestas: 19; Produção animal: 9 Técn. De audiovisual e multimédia: 43; Técn. De transportes e logística: 39; Restauração: 29; Qualidade e segurança: 22; Gestão da informática: 19; Documentação e arquivos: 19; Design de moda: 14; Gestão de marketing: 10; Enfermagem Veterinária: 10; Geologia: 10; Terapia ocupacional: 10; Outros: 74.

Fonte: Direcção-Geral do Ensino Superior, dados não publicados

55

-


Uma parte dos alunos dirige-se a cursos do grupo profissional 5, que pareceriam aberrantes, mas correspondem a saídas profissionais que, tendo hoje cursos superiores que lhes são dirigidos estão classificadas neste grupo e tradicionalmente eram preenchidas por não licenciados. A análise em maior detalhe - saída profissional a saída profissional ilumina melhor as dinâmicas de procura de ensino superior de alunos oriundos do ensino profissional. A área de maior ingresso no ensino superior – 17,5% em 2000 e 16,9% em 1999 - demonstra que este foi utilizado por esse segmento da sua procura para obter uma qualificação de suporte a qualificação superior em áreas para as quais há também saídas profissionais de nível secundário: especialistas de profissões administrativas e comerciais (CNP 241). A segunda área de maior ingresso – 13,3% em 2000 e 12,4% em 1999 dificilmente se poderá enquadrar na mesma lógica. Pelo contrário, seria uma área que se consideraria área privilegiada de ingresso pelo ensino secundário orientado para o prosseguimento de estudos, vendo-se com dificuldade a mais-valia da passagem pelo ensino profissional para o ingresso nestas áreas: a dos especialistas das ciências sociais e humanas (CNP 244). Esta área constitui, contudo, uma excepção nas saídas do ensino profissional que, merecendo ser estudada, se não repercute noutras áreas relevantes. Ao contrário da anterior, a terceira área de maior ingresso em 2010 11,4% - que era a quinta em 2009, é a de um dos segmentos de maior oferta do ensino profissional, a dos especialistas de informática (CNP 213). Também a quarta área de maior ingresso - 11,2% em 2000 e 11,0% em 1999 - a dos directores de empresas (CNP 12) tem uma relação significativa

com

o

perfil

da

oferta

de

ensino

profissional.

Conjuntamente com a primeira área, esta configura um núcleo de saídas para funções ligadas à direcção superior e intermédia de

56


empresas ou a profissionais liberais nas áreas de gestão e finanças empresariais. A dinâmica de ingressos no ensino superior dos oriundos do ensino profissional

na

quinta

área

de

maior

ingresso

merece

alguma

preocupação por estar em queda: era a terceira em 2009 com 12% dos ingressos e caiu num ano para quinta com 9,2%. Acresce que é uma área de eleição do ensino profissional, quer na óptica das saídas profissionais, quer na do prosseguimento de estudos, por corresponder a um progresso na carreira para os alunos das profissões ligadas às diversas tecnologias. O que se passa com a área dos arquitectos, engenheiros e especialistas similares (CNP 214) é um dos aspectos a carecer de ulterior aprofundamento. A sexta área de maior ingresso também encerra algo de inesperado, por se não vislumbrar um a relação imediata entre as mais-valias do ensino profissional e a orientação para cursos de ensino básico. Mas a área dos docentes do ensino básico, secundário, superior e similares (CNP 235) tem algum significado no ingresso destas vias no ensino superior e está em crescimento: de 6,7 para 7,4% dos ingressos no ensino superior entre 2009 e 2010. Em sétimo lugar surge o ingresso no ensino superior nas áreas artísticas com 7,3% dos ingressados em 2009 e 6,6% em 2010. O grupo dos escritores, artistas e executantes (CNP 245) recolhe, com efeito, os cursos superiores vocacionados para as diferentes artes e o jornalismo. As restantes áreas de ingresso no ensino superior correspondem, no essencial, a ingressos no ensino superior nas áreas técnicas. O ingresso no ensino superior demonstra uma coerência relativamente elevada entre a vocação do ensino profissional e as áreas de ingresso que se torna mais evidente observando os cursos13 de ingresso mais procurados, isto é aqueles que receberam mais de 100 candidatos

Na designação “curso” que aqui adoptamos agrupam-se cursos com designações e perfis de formação afins, pertencentes a uma mesma área científica. 13

57


oriundos das vias profissionais. Esses cursos têm uma relação directa com algumas das áreas mais frequentadas do ensino profissional: Contabilidade, finanças e fiscalidade: 480; Gestão: 393 Engenharia informática: 364 Comunicação, marketing e relações públicas: 256 Turismo e lazer: 205 Educação básica: 201 Línguas, literatura e tradução: 188 Engenharias da electricidade e energias: 169 Design: 164 Gestão hoteleira e turística: 129 Solicitadoria: 117 Serviço social: 106 Educação social: 104 Nestes 13 cursos que reúnem mais de100 ingressos em 2010, apenas dois se podem ver como tendo escassa relação com os perfis de saída do ensino profissional: as línguas e literaturas e o ensino básico. Entre as áreas de maior articulação destacam-se pela positiva o peso do prosseguimento de estudos nas áreas da gestão e a progressão em profissões

dos

serviços.

Pela

negativa,

regista-se

o

escasso

prosseguimento de estudos em áreas tecnológicas. A observação do perfil de ingressos do ensino superior de candidatos oriundos do ensino profissional demonstra que, na óptica da relação da oferta com a procura à saída de ensino superior há fortes áreas de compatibilidade entre um e outros segmentos de ensino. Mas evidencia também a existência de dois fenómenos que carecem de estudo e melhor problematização mas se afiguram problemáticos, a saber, por excesso a procura das áreas das línguas e literaturas e por defeito a procura de áreas tecnológicas - com excepção da informática - e nomeadamente das engenharias. 58


II.1.3 O emprego de jovens diplomados do ensino secundário

O ensino profissional orienta-se para a inserção à saída no mercado de trabalho. Os seus diplomados competirão pelas oportunidades de emprego que surjam para jovens diplomados do ensino secundário. Daí que a estrutura do emprego do ensino secundário seja relevante para a consideração da relação entre o ensino profissional e a procura potencial à saída, por parte das empresas. Em Portugal Continental havia 98730 empregados deste grupo em 2008, sendo 80.029 em 1998, o que revela um crescimento de 23% do emprego neste grupo no intervalo de uma década. A comparação entre grandes grupos da Classificação Nacional de Profissões (CNP), evidencia uma grande concentração nos grupos 4 e 5 que, juntos, contam acima de 60% dos empregados, em ambos os anos analisados. Os grupos 3, 7 e 9 apresentam valores similares, entre os 9% e os 10%. Entre 1998 e 2008, houve um crescimento acentuado no Grupo 5 – 64% em relação ao período anterior - e aumento igualmente significativo de 37% e 15% nos grupos 7 e 3, respectivamente. No Grupo 4, verificase uma diminuição residual (-0,08%), em relação ao período anterior. A primeira comparação entre a estrutura do emprego de jovens com ensino secundário e a oferta de ensino profissional demonstra-nos três grandes descoincidências na distribuição por CNP. As saídas do ensino profissional estão orientadas fundamentalmente para o grupo 3 da CNP (70% dos alunos do 10º ano em 2009 estão nessas saídas), mas as profissões deste grupo têm um peso inferior a 10% no Total do emprego de jovens com o ensino secundário. Praticamente não há cursos cujas saídas estejam orientadas para as profissões na base da hierarquia profissional (os grupos 7,8 e 9 da CNP têm apenas 2,4% dos inscritos do 10º ano do ensino profissional), mas as profissões deste grupo têm um peso não negligenciável no Total do emprego do grupo (mais de um quarto do emprego). 59


As profissões administrativas são um grande empregador, embora esteja a perder peso (desce de um terço para um quarto do emprego numa década), mas a formação orientada para esse grupo profissional tem um peso bastante inferior (cerca de 5%). Estas grandes descoincidências entre estrutura de ingressos no ensino profissional e estrutura do emprego de jovens com ensino secundário levantam desde já questões sobre a relação entre oferta e procura à saída. O grupo profissional que gera mais emprego de jovens com ensino secundário é o grupo 5 (pessoal dos serviços e vendedores), que corresponde a 37% do emprego, mas apenas 19% dos ingressos no ensino profissional tês esta saída como orientação. O segundo grupo profissional maior gerador de emprego é o do pessoal administrativo, apesar da tendência de queda, que emprega 25% mas os cursos orientados para este grupo profissional recolhem apenas 5% dos ingressos, porventura interiorizando por excesso a falta de perspectivas de futuro deste grupo profissional ainda importante mas em declínio. Há ainda que considerar a questão das profissões operárias e dos não qualificados. Os operários e operadores de máquinas (grupos 7 e 8 da CNP) pesam 16% no emprego de jovens com ensino secundário e desempenham

profissões

que

exigem

algum

tipo

de

formação

profissional específica, nalguns casos bastante especializada. Contudo, a formação orientada para este grupo é de apenas 2,5% do Total dos ingressos.

Adiante

regressaremos

a

esta

questão,

procurando

interpretar este facto. Mas deve desde já ser registado. Apontando para um ângulo oposto do problema do desajustamento entre oferta e procura de qualificações surge o quase paradoxal dado de 10% dos diplomados do ensino secundário estarem registados em profissões não qualificadas, teoricamente não destinadas a este grupo.

60


Tabela 12 - Número de empregados de 18 a 24 anos e com ensino secundário completo por grandes grupos da CNP no Continente e por região (1998 e 2008)

Norte Emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo (grandes grupos da CNP)

1998

Grupo 1 - Quadros Superiores da Administração Pública, Dirigentes e Quadros Superiores de Empresa Grupo 2 - Especialistas das Profissões Intelectuais e Científicas Grupo 3 Técnicos e Profissionais de Nível Intermédio Grupo 4 Pessoal Administrativo e Similares Grupo 5 - Pessoal dos Serviços e Vendedores Grupo 6 - Agricultores e Trabalhadores Qualificados da Agricultura e Pescas Grupo 7 - Operários, Artífices e Trabalhadores Similares Grupo 8 - Operadores de Instalações e Máquinas e Trabalhadores da Montagem Grupo 9 - Trabalhadores Não Qualificados Total

Centro 2008

Lisboa e Vale do Tejo

1998

2008

1998

Alentejo

2008

1998

Algarve 2008

Continente

1998

2008

1998

2008

%

%

%

%

%

%

%

%

%

%

%

%

498

2,1%

696

2,0%

264

2,5%

257

1,8%

666

1,7%

627

1,5%

84

3,2%

66

1,8%

76

2,3%

72

1,5%

1588

2,0%

1718

1,7%

198

0,9%

354

1,0%

85

0,8%

118

0,8%

463

1,2%

719

1,7%

23

0,9%

28

0,8%

27

0,8%

45

0,9%

796

1,0%

1264

1,3%

2235

9,6%

3094

9,0%

906

8,4%

1098

7,5%

4311

10,7%

4243

10,3%

179

6,8%

271

7,5%

234

7,1%

373

7,6%

7865

9,8%

9079

9,2%

7514

32,4%

7591

22,2%

3206

29,9%

2852

19,4%

13777

34,3%

11881

28,8%

767

29,0%

871

24,1%

1119

34,0%

1072

21,8%

26383

33,0%

24267

24,6%

6326

27,3%

12775

37,3%

2801

26,1%

5133

35,0%

11182

27,8%

15408

37,3%

827

31,2%

1155

32,0%

1290

39,2%

2348

47,7%

22426

28,0%

36819

37,3%

53

0,2%

79

0,2%

39

0,4%

76

0,5%

116

0,3%

150

0,4%

47

1,8%

139

3,8%

20

0,6%

57

1,2%

275

0,3%

501

0,5%

3006

13,0%

4150

12,1%

1043

9,7%

2061

14,0%

2732

6,8%

2836

6,9%

312

11,8%

508

14,1%

135

4,1%

318

6,5%

7228

9,0%

9873

10,0%

1120

4,8%

2565

7,5%

944

8,8%

1225

8,3%

1593

4,0%

1619

3,9%

151

5,7%

238

6,6%

63

1,9%

107

2,2%

3871

4,8%

5754

5,8%

2232

9,6%

2925

8,5%

1451

13,5%

1864

12,7%

5332

13,3%

3801

9,2%

259

9,8%

337

9,3%

323

9,8%

528

10,7%

9597

12,0%

9455

9,6%

23182

100,0

34229

100,0

10739

100,0

14684

100,0

40172

100,0

41284

100,0

2649

100,0

3613

100,0

3287

100,0

4920

100,0

80029

100,0

98730

100,0

Fonte: Quadros de Pessoal, 1998 e 2008 (dados não publicados)

61


Naturalmente, não há oferta de qualificação dirigida para profissionais não qualificados. A surpresa e o dado a interpretar e a que regressaremos ao analisar em detalhe as profissões é o da razão pela qual se geram estes empregos não qualificados em tão grande número para pessoas com este nível de escolarização.A análise territorial ao nível das NUT II demonstra também tendências a ter em conta no planeamento do ensino profissional. Estando identificado o maior factor de desajustamento entre ensino e emprego, que é a concentração do ensino nos profissionais intermédios (grupo 3) e a dispersão do emprego por grupos profissionais diversos, a tónica nesses grupos apresenta significativas diferenças entre regiões:

O Algarve é por excelência a região empregadora de pessoal dos serviços e vendedores (Grupo 5 da CNP), com 47,7% do emprego contra 37,7% no conjunto do Continente; Lisboa e vale do Tejo é a região empregadora dos administrativos (Grupo 4 da CNP) com 28,8% do emprego contra 24,6% do Continente; O Centro, o Alentejo e o Norte são as regiões “operárias2, de emprego de jovens com ensino secundário, nas profissões operárias, do artesanato e como operadores de máquinas (grupos 7 e 8 da CNP), respectivamente com 22,3%, 20,7% e 19,6% do emprego nestas profissões contra 15,8% do Continente; O Alentejo é a região das profissões agrícolas14, que gera 3,8% dos empregos do grupo em análise contra 0,5% no Continente. A diversidade territorial do emprego contraria a homogeneidade da frequência de ensino profissional, como vemos, mas também este fenómeno

pode

derivar

da

grande

questão

identificada,

da

concentração do ensino profissional nos cursos com caída profissional para o grupo 3 da CNP enquanto o emprego se gera ao longo de toda a Recorde-se a limitação da nossa fonte, os Quadros de Pessoal, quanto ao emprego agrícola, por não reflectir o emprego familiar. 14

62


hierarquia profissional incluindo, paradoxalmente, os profissionais não qualificados. II.1.4 O desemprego de jovens diplomados do ensino secundário A determinação da procura potencial à saída das qualificações obtidas pelos diplomados do ensino profissional não pode ter em conta apenas o emprego. Pelo contrário, terá que ter em conta a relação deste com o desemprego, na medida em que essa relação faz parte da definição do quadro da probabilidade de obtenção de emprego por parte de um jovem. Haverá profissões com peso elevado no emprego, mas saturadas de procura, portanto também com um rácio desemprego/emprego elevado e profissões relevantes mas com procura rarefeita. Assim como haverá profissões com pouca relevância no Total do emprego nas duas situações. Na análise das dimensões fundamentais de partida para o nosso índice importa, pois, ter uma ideia de como se encontra e evolui a relação desemprego/emprego no mercado de trabalho. Entre 1998 e 2008, em Portugal Continental, o nível de desemprego dos jovens

deste

grupo

etário

e

nível

de

habilitações

diminuiu

significativamente. No ano de 1998 existiam 25203 desempregados jovens face aos 17422 registados em 2008, o que evidencia um decréscimo de 31%, em termos globais. O desemprego estava concentrado nas profissões que tinham também maior volume de emprego. O conjunto dos grupos CNP 3 (técnicos intermédios), 4 (trabalhadores administrativos) e 5 (empregados dos serviços

e

do

comércio)

reunia

uma

percentagem

elevada

dos

desempregados quer em 1998 (86.6% do Total) quer em 2008 (83.8% do Total). Em contraponto, os grupos residuais no emprego eram-no também no desemprego. Quer em 1998 quer em 2008, o peso do desemprego no grupo CNP 1 (directores e quadros de direcção) não passou dos 0,5% e no grupo CNP 6 (trabalhadores da agricultura e pescas) não ultrapassou os 0,4% do Total. 63


Tabela 13 - Número de desempregados de 18 a 24 anos e com ensino secundário completo por grandes grupos da CNP no Continente e por região (1998 e 2008)

Norte Desemprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo (grandes grupos da CNP)

Grupo 1 - Quadros Superiores da Administração Pública, Dirigentes e Quadros Superiores de Empresa Grupo 2 - Especialistas das Profissões Intelectuais e Científicas Grupo 3 Técnicos e Profissionais de Nível Intermédio Grupo 4 Pessoal Administrativo e Similares Grupo 5 - Pessoal dos Serviços e Vendedores Grupo 6 - Agricultores e Trabalhadores Qualificados da Agricultura e Pescas Grupo 7 - Operários, Artífices e Trabalhadores Similares Grupo 8 - Operadores de Instalações e Máquinas e Trabalhadores da Montagem Grupo 9 - Trabalhadores Não Qualificados Total

Centro

1998

2008

Lisboa e Vale do Tejo

1998

2008

1998

Alentejo

2008

Algarve

1998

2008

Continente

1998

2008

1998

2008

D/E

D/E

D/E

D/E

D/E

D/E

D/E

D/E

D/E

D/E

D/E

D/E

24

0,048

12

0,017

21

0,080

7

0,027

26

0,039

7

0,011

3

0,036

4

0,061

3

0,039

1

0,014

77

0,048

31

0,018

258

1,303

146

0,412

149

1,753

80

0,678

470

1,015

101

0,140

80

3,478

29

1,036

23

0,852

4

0,089

980

1,231

360

0,285

927

0,415

1547

0,500

540

0,596

609

0,555

1103

0,256

732

0,173

168

0,939

235

0,867

85

0,363

74

0,198

2823

0,359

3197

0,352

5419

0,721

2828

0,373

2198

0,686

862

0,302

4737

0,344

1315

0,111

1228

1,601

302

0,347

514

0,459

234

0,218

14096

0,534

5541

0,228

1492

0,236

2664

0,209

796

0,284

1153

0,225

1915

0,171

1378

0,089

383

0,463

298

0,258

317

0,246

366

0,156

4903

0,219

5859

0,159

8

0,151

12

0,152

12

0,308

7

0,092

23

0,198

13

0,087

13

0,277

12

0,086

3

0,150

2

0,035

59

0,215

46

0,092

216

0,072

333

0,080

135

0,129

120

0,058

278

0,102

224

0,079

67

0,215

69

0,136

19

0,141

24

0,075

715

0,099

770

0,078

177

0,158

245

0,096

94

0,100

52

0,042

207

0,130

156

0,096

24

0,159

33

0,139

17

0,270

12

0,112

519

0,134

498

0,087

235

0,105

409

0,140

159

0,110

280

0,150

492

0,092

318

0,084

96

0,371

48

0,142

49

0,152

65

0,123

1031

0,107

1120

0,118

8756

0,378

8196

0,239

4104

0,382

3170

0,216

9251

0,230

4244

0,103

2062

0,778

1030

0,285

1030

0,313

782

0,159

25203

0,315

17422

0,176

Legenda: D/E= rácio entre o desemprego e o emprego Fonte: Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados)

64


Em termos de variação do volume de desemprego entre 1998 e 2008, a diminuição mais acentuada regista-se no Grupo CNP 4, de 14096 para 5541 desempregados, representando um decréscimo aproximado de 61%. Há também diminuição do desemprego nos grupos de profissões CNP 1, CNP 2, CNP 6 e CNP 8. Os restantes grupos registam subidas do número de desempregados: 13% no grupo CNP 3, 19% no grupo CNP 5, 8% no grupo CNP 7 e 9% no grupo CNP 9. Entre 1998 e 2008, em Portugal Continental, não apenas o volume mas também o risco de desemprego dos jovens deste grupo etário diminuiu significativamente. Quando se comparam os rácios do desemprego em 1998 e 2008, em termos globais, evidencia-se uma redução de 43,9% – passando de uma relação de 0,31 desempregados por empregado, para 0,18 desempregados por empregado. Quando se desagrega por grupos de profissões, denota-se um decréscimo em todos os grupos com excepção do Grupo 9 (trabalhadores não qualificados), em que o rácio do desemprego aumentou 10,26%. Os grupos com as maiores reduções foram: o Grupo CNP 2 (redução de 76,8%); o Grupo CNP 1 (redução de 62,7%); e os Grupos CNP 4 e CNP 6 (ambos com redução de 57,2%). Nesse mesmo período mantiveram-se os grupos profissionais em que o risco de desemprego é superior à média, implicando rácios de desemprego no grupo profissional superiores ao rácio de desemprego do conjunto

das

profissões.

Os

grupos

profissionais

CNP

4

(administrativos), CNP 3 (técnicos intermédios) e CNP 2 (especialistas) foram, quer em 1998 quer em 2008 os que registaram rácios desemprego/emprego mais elevados. Se, no caso do grupo CNP 2 esta questão é marginal, dado o reduzido peso no emprego, nos grupos 4 e 3 atinge grande relevância, por terem peso no emprego e, no caso do grupo 3, ser o perfil largamente predominante de saída do ensino profissional. Os grupos profissionais de menor risco de desemprego também se mantiveram os mesmos. Os grupos CNP 7 (operários e artesãos), CNP 8 (operadores de máquinas) e CNP 1 (directores e quadros dirigentes) 65


registaram os mais baixos rácios de desemprego. Se o grupo CNP 1 é marginal dada a escassíssima representação no volume do emprego, os grupos CNP 7 e 8 vêem reforçada com este dado a percepção de que são grupos em que há dinamismo empregador, baixo risco de desemprego, mas também baixa participação em ensino profissional orientado para essas saídas. O grupo profissional 5 (pessoal dos serviços e vendedores) tem, em matéria de relação entre formação, emprego e desemprego um comportamento equilibrado, de peso significativo no emprego, risco de desemprego inferior ao risco global e participação algo significativa no ensino profissional. A análise por NUT II não introduz variações no quadro encontrado para o Continente, demonstrando que há, em relação ao desajustamento entre aspirações profissionais e oportunidades de emprego, por parte dos jovens que estão no mercado de trabalho, um padrão nacional, que podemos sintetizar, quanto ao modo como se expressa em 2008, da seguinte forma: a) Grupo profissional bloqueado (sem oportunidades de emprego significativas

e

risco

de

desemprego

superior

à

média):

Especialistas das Profissões Intelectuais e Científicas (Grupo 2 da CNP); b) Grupos profissionais saturados (com oportunidades de emprego significativas e risco de desemprego superior à média): Pessoal Administrativo e Similares (Grupo 4 da CNP) e Técnicos e Profissionais de Nível Intermédio (Grupo 3 da CNP); c) Grupos profissionais de nicho (com oportunidades de emprego reduzidas e risco de desemprego inferior à média): Operadores de Instalações e Máquinas e Trabalhadores da Montagem (Grupo 8 da

CNP),

Quadros

Superiores

da

Administração

Pública,

Dirigentes e Quadros Superiores de Empresa (Grupo 1 da CNP); Agricultores e Trabalhadores Qualificados da Agricultura e Pescas (Grupo 6 da CNP); 66


d) Grupos profissionais de oportunidades (com oportunidades de emprego significativas e risco de desemprego inferior à média: Pessoal dos Serviços e Vendedores (Grupo 5 da CNP), Operários, Artífices

e

Trabalhadores

Similares

(Grupo

7

da

CNP)

e

Trabalhadores Não Qualificados (Grupo 9 da CNP). A

esta

categorização,

perceptível

ao

nível

dos

grandes

grupos

profissionais, deveremos ainda acrescentar uma outra categoria, que surge apenas quando analisamos as profissões a um nível maior de desagregação. Essa categoria, a das profissões indisponíveis, reúne aquelas profissões que, por estarem formalmente interditas ou por dinamismos do mercado de trabalho não têm empregados nem desempregados neste grupo etário e escolar.

II.1.5 O ensino profissional com o “síndroma de Chubkin”: predomínio da procura à entrada ou efeito de identidade do ensino profissional? A análise da frequência de ensino profissional, emprego e desemprego, para além de nos fornecer informação fundamental para a construção do índice “semáforo”, oferece-nos uma imagem do risco de o ensino profissional ser conduzido predominantemente pela procura à entrada e de este grupo etário e de habilitações sofrer em Portugal do que poderíamos chamar de síndrome de Chubkin (ver cap. 1.2.2). A projecção em pirâmide das saídas profissionais para que orientam os cursos profissionais e da estrutura do emprego por grandes grupos profissionais dá uma ideia clara da diferença entre o tipo de procura de emprego que os cursos profissionais induzirão e a estrutura das oportunidades reais de emprego. As saídas profissionais para que se orientam os cursos profissionais estão centradas no grande grupo 3 da CNP (técnicos intermédios) com uma saída minoritária e secundária no grupo 5 da CNP (profissionais dos serviços e vendedores).

67


A estrutura real de emprego no mercado de trabalho em que competirão, para além de ser diversificada, aponta para níveis inferiores da hierarquia das profissões, tendo o seu centro no grupo 5 da CNP, o segundo

grande

núcleo

no

grupo

4

da

CNP

(trabalhadores

administrativos) e como entradas secundárias e em pé de igualdade os grupos 3 da CNP, 7 (operários e artífices) e 9 (trabalhadores não qualificados). Há que perceber melhor a descoincidência entre o afunilamento dos cursos no grupo 3 da CNP e a realidade do mercado de trabalho actual centrada nos grupos 5 e 4 e com peso também significativo dos grupos 7, 8 e 9. Há duas hipóteses explicativas para esta descoincidência.

Figura 4 – Volume de saídas profissionais para as quais se orientam os cursos do ensino profissional por grandes grupos da CNP

Grupo 1 - Quadros Superiores da Administração Pública, Dirigentes e Quadros Superiores de Empresa

Grupo 2 - Especialistas das Profissões Intelectuais e Científicas

Grupo 3 - Técnicos e Profissionais de Nível Intermédio

Grupo 4 - Pessoal Administrativo e Similares

Grupo 5 - Pessoal dos Serviços e Vendedores

Grupo 7 - Operários, Artífices e Trabalhadores Similares

Grupo 8 - Operadores de Instalações e Máquinas e Trabalhadores da Montagem

Grupo 9 - Trabalhadores Não Qualificados

Grupo 6 - Agricultores e Trabalhadores Qualificados da Agricultura e Pescas

-20000-15000-10000-5000 Fonte: Agencia Nacional para a Qualificação (dados não publicados).

68

0

5000 100001500020000


Figura 5 - Volume do emprego de jovens de 18 a 24 anos com o ensino secundário completo em 2008 por grandes grupos da CNP

Grupo 1 - Quadros Superiores da Administração Pública, Dirigentes e Quadros Superiores de Empresa

Grupo 2 - Especialistas das Profissões Intelectuais e Científicas

Grupo 3 - Técnicos e Profissionais de Nível Intermédio

Grupo 4 - Pessoal Administrativo e Similares

Grupo 5 - Pessoal dos Serviços e Vendedores

Grupo 7 - Operários, Artífices e Trabalhadores Similares

Grupo 8 - Operadores de Instalações e Máquinas e Trabalhadores da Montagem

Grupo 9 - Trabalhadores Não Qualificados

Grupo 6 - Agricultores e Trabalhadores Qualificados da Agricultura e Pescas

-20000

-15000

-10000

-5000

0

5000

10000

15000

20000

às

expectativas

Fonte: Agencia Nacional para a Qualificação (dados não publicados).

A

primeira

dessas

hipóteses

reconduzir-nos-ia

familiares à entrada e seria a do predomínio do planeamento do sistema em função da procura à entrada. Nesse caso seriam as expectativas familiares e juvenis de uma inserção profissional como técnico intermédio que explicariam o predomínio dos cursos com esta saída profissional. A

segunda

hipótese

remeter-nos-ia

para

a

história

do

ensino

profissional em Portugal. Os cursos profissionais, predominantes no sistema, nasceram em torno da ideia de que o país carecia para o seu desenvolvimento de um grupo de quadros intermédios que competiria a esses cursos produzir e oferecer ao mercado de trabalho onde eles faltavam. Neste caso seria a identidade do próprio sistema de formação e o comando e a sua definição pela instância de regulação que conduziria a esta situação. 69


Não é possível, no âmbito deste estudo, avaliar o predomínio relativo de cada uma das hipóteses explicativas, mas a reflexão em torno do índice composto

desenvolvido

para

este

trabalho

ajudará

a

verificar,

analisando a situação a um nível mais desagregado da CNP, os pontos onde este desajustamento é mais intenso e porventura a contribuir pelas conclusões que se poderão retirar dos pontos seguintes para que investigações posteriores possam ter informação de base que até agora faltava analisar e ajudará a debater a questão.

II.2. O semáforo de saídas profissionais: visão global

A metodologia – apresentada no ponto I.3.3 – leva a que se construa um índice, a que chamamos, “semáforo de saídas profissionais”, a partir de cinco dimensões de análise: nível de saturação do emprego, relevância no mercado de trabalho, dinamismo do emprego e intensidade do risco de desemprego. O índice veria entre o mínimo de 0 (risco elevado de saturação) e 10 (carência muito provável) de um curso. O índice foi pensado para ser aplicado territorialmente, na zona de influência de uma determinada oferta de ensino profissional e profissionalmente, baseando-se na saída profissional de cada curso. A análise territorial foi operacionalizada partindo das NUT e considerando a NUT III a área de influência de cada curso. A análise das saídas profissionais partiu da agregação das saídas dos cursos por CNP desagregada a 3 dígitos. Dada a concentração de saídas profissionais no grupo 311 optou-se por desagregar esta saída a 4 dígitos. No decorrer da análise entendeu-se necessário proceder também, para algumas saídas profissionais a gerações de diferentes CNPs consideradas próximas e que constituem saídas profissionais agregadas, em que há, para além da saída principal visada pelo curso, outras saídas apropriadas, passíveis de serem reconhecidas como tal pelo empregador (sobre as opções feitas ver o ponto I.3.1 e os anexos nele mencionados). 70


O par saída profissional/NUT III dá-nos conta da área de influência de um curso porque define, territorialmente, simultaneamente à área de recrutamento dos alunos e a primeira área de absorção da mão-de-obra qualificada e define, profissionalmente, a saída visada pela oferta para os alunos diplomados pelo ensino profissional. II.2.1 As profissões indisponíveis O primeiro tratamento dos dados implicou algumas opções de partida. Há algumas profissões “desertas” neste grupo etário e de escolarização, para as quais não há nem emprego, nem desemprego nem cursos com saída profissional. A estas profissões desertas haveria que juntar para cada nível territorial de análise o limiar mínimo de “extinção” de uma saída profissional, isto é abaixo de que dimensão se excluiria um grupo profissional da análise, dado o reduzido ou nulo significado do seu peso quantitativo na oferta e na procura de emprego. Uma parte dessas profissões surgem vazias porque estão interditas a jovens deste grupo por força dos seus requisitos de ingresso, outra parte são profissões extremamente minoritárias no mercado de trabalho, nacional, regional ou local e outra ainda simplesmente não atrai oferta nem procura deste segmento do mercado de trabalho, ainda que formalmente esteja acessível a este grupo. Para efeitos de operacionalização dos dados neste estudo considerou-se limiar de profissão extinta e excluiu-se da construção do índice os casos em que em cada profissão na NUT analisada, cumulativamente, nem existissem alunos inscritos em curso com essa saída profissional nem houvesse pelo menos 100 empregados no ano de 2008. Na análise por NUT II e NUT III serão indicadas as profissões nessa situação. Mas há algumas que se encontram nessa situação a nível nacional, que se identificam na tabela e que serão por isso excluídas totalmente da análise.

71


Tabela 14 - Profissões excluídas da análise do semáforo de saídas profissionais Alunos inscritos no 10º ano do ensino profissional (ou 1º ano de curso) em 2009/2010 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Desemprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo 0 0 0 0 0 0 0 0 0

121 – Directores gerais 211 – Físicos, químicos e especialistas similares 345 – Inspectores da polícia judiciária e detectives

0 0 0

0 0 0

1 1 1

112 – Quadros superiores da administração pública 214 – Arquitectos, engenheiros e especialistas similares 221 – Especialistas das ciências da vida 222 – Médicos e profissões similares, à excepção dos enfermeiros 324 – Especialistas da medicina tradicional 333 – Docentes de educação especial 745 – Trabalhadores de artigos de pirotecnia 3115 – Técnicos de relojoaria 232 – Docentes do ensino básico do 2º e 3º ciclo e do ensino secundário 212 – Matemáticos, estaticistas e especialistas similares 521 – Manequins e outros modelos

0 0 0

0 0 0

7 10 11

0

2

0

0 0 0 0

2 4 4 5

1 0 0 7

0

7

0

0 0

9 11

1 0

246 – Ministros de culto e membros de ordens religiosas 615 – Trabalhadores da aquacultura e pescas 331 – Docentes do ensino básico, primário e pré-primário 831 – Maquinistas de locomotivas e trabalhadores similares 223 – Enfermeiros 247 – Técnicos da administração pública não classificados em outra parte 811 – Operadores e condutores de máquinas e instalações mineiras de extracção e tratamento de minerais 824 – Operadores de máquinas para fabricar produtos de madeira 812 – Operadores de instalações de transformação de metais 114 – Dirigentes e quadros superiores de organizações especializadas 314 – Oficiais da marinha, pilotos de aviões e técnicos dos transportes marítimos e aéreos

0 0 0 0 0

16 16 17 20 25

0 4 1 0 3

0

28

1

0

33

2

0

37

1

0

48

3

0

49

0

0

55

2

0

74

5

0 0

81 91

1 7

Profissão/saída profissional (CNP) A33 – Auxiliar residual A44 – Estagiário residual A55 – Aspirante residual A66 – Pré-oficial residual A77 – Aprendiz residual D99 – Encarregado geral R99 – Outros trabalhadores sem profissão atribuída 242 – Advogados, magistrados e outros juristas 912 – Engraxadores e trabalhadores similares

813 – Operadores de instalações de fabricação de vidro, cerâmica e trabalhadores similares 916 – Cantoneiros de limpeza e trabalhadores similares 123 – Outros directores de empresas 711 – Mineiros, canteiros, carregadores de fogo e trabalhadores de pedreira Total

0

99

1

0

733

71

Fontes: Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados)

Foram ainda excluídas outras saídas profissionais que, embora tenham mais de 100 empregados no território do Continente nem têm qualquer curso para elas orientado nem atingem o limiar mínimo de 100 empregados em nenhuma das NUT II apesar de terem mais de 100 empregados na NUT I: a CNP 732 (oleiros, vidreiros e trabalhadores similares), com 113 empregados; a CNP 332 (educadores de infância); a 72


CNP 235 (Docentes do ensino superior, básico, secundário e similares), com 163 empregados; a CNP 714 (Pintores, limpadores de fachadas e trabalhadores similares), com 169 empregados; a CNP 822 (operadores de máquinas do fabrico de produtos químicos), com 180 empregados; a CNP 914 (porteiros de prédios urbanos, lavadores de vidros e trabalhadores

similares),

com

191

empregados;

a

CNP

921

(trabalhadores não qualificados da agricultura e pescas), com 192 empregados;

a

CNP

344

(profissionais

de

nível

intermédio

da

administração pública, das alfândegas, dos impostos e trabalhadores similares) com 208 empregados.

II.2.2 A distribuição profissional do risco de saturação do ensino profissional

A tabela dá uma visão integrada dos resultados do semáforo de saídas profissionais a nível regional (NUT II). Tal como se antecipava da análise agregada das saídas profissionais dos cursos e da estrutura do emprego, há uma maior concentração no grupo 3 da CNP de casos de risco e mesmo de risco elevado de saturação (cores laranja e vermelho), revelando maiores incidências de excesso de oferta formativa face à procura à saída por parte das empresas. As situações de equilíbrio, carência provável ou muito provável (cores amarela, verde e azul) registam-se nos restantes grupos da CNP (de 4 a 9), demonstrando para esses grupos a possibilidade de expansão da oferta, quando analisada na perspectiva da procura à saída.

73


Tabela 15 – Resultado do semáforo das saídas profissionais por região e saída profissional CNP - Profissões 122 - Directores de produção, exploração e similares 124 - Directores e gerentes de pequenas empresas 213 - Especialistas da informática 241 Especialistas de profissões administrativas e comerciais 243 Arquivistas, bibliotecários, documentalistas e profissões similares 243 - Especialistas das ciências sociais e humanas 245 - Escritores, artistas e executantes 3111 - Técnico de ciências físico-químicas 3112 - Técnico de engenharia civil 3113 - Técnico de electricidade 3114 - Técnico de electrónica e telecomunicações 3116 - Técnicos intermédios de química industrial 3118 - Desenhadores e trabalhadores similares 3119 - Técnicos de investigação física e química, do fabrico industrial e trabalhadores similares não classificados em outra parte 312 - Programadores, operadores de informática e trabalhadores similares 313 - Operadores de equipamentos ópticos e electrónicos 315 - Inspector de obras, de segurança do trabalho, da saúde e do controlo de qualidade 321 - Técnicos das ciências da vida e da saúde 322 - Profissionais técnicos da medicina à excepção dos enfermeiros 339 - Profissionais do ensino não classificados em outra parte 341 - Profissionais de nível intermédio de finanças e serviços comerciais 342 - Agentes comerciais e correctores

NORTE

Centro

Lisboa

Alentejo

Algarve

7

a)

6

a)

a)

7

6

7

a)

a)

a)

a)

8

a)

a)

5

4

7

5

7

7

2

a)

a)

a)

5

a)

a)

a)

a)

a)

0

4

a)

a)

2

1

1

2

2

5

4

4

4

4

5

4

3

4

5

4

4

6

2

a)

4

3

1

3

3

4

2

1

2

4

5

3

2

6

6

2

0

2

2

2

3

3

3

0

0

4

4

2

4

a)

2

3

1

3

a)

4

5

7

7

a)

6

a)

8

a)

a)

0

3

4

1

2

a)

a)

a)

a)

a)

343 - Profissionais de nível intermédio de gestão e administração

7

5

6

7

6

347 - Profissionais da criação artística, do espectáculo e do desporto

4

4

2

a)

5

6

6

9

5

3

4

4

5

4

4

411 - Secretários e operadores de equipamentos de tratamento de informação 412 - Empregados dos serviços de contabilidade e dos serviços financeiros 413 - Empregados de aprovisionamento, de planeamento e dos transportes 414 - Empregados de biblioteca, carteiros e trabalhadores similares 419 - Empregados de escritório não classificados em outra parte 421 - Caxas, bilheteiros e similares

7

5

7

a)

5

2

a)

3

a)

a)

7

6

9

a)

a)

8

8

8

a)

9

422 - Empregados de recepção, de informação e telefonistas 511 - Assistentes, cobradores, guias e trabalhadores similares

7

6

9

8

6

a)

a)

8

a)

a)

512 - Ecónomos e pessoal do serviço de restauração

6

7

7

8

8

5

4

5

a)

6

2

3

3

2

4

5

6

6

4

4

7

6

8

6

6

a)

a)

9

a)

a)

3

6

7

7

7

a)

a)

6

7

a)

513 - Vigilantes, assistentes médicos e trabalhadores similares 514 - Outro pessoal dos serviços directos e particulares 516 - Pessoal dos serviços de protecção e segurança 522 - Vendedores e demonstradores 523 - Vendedores de quiosque e de mercados 611 - Agricultores e trabalhadores qualificados de culturas agrícolas 612 Criadores e trabalhadores qualificados do tratamento de animais

CNP - Profissões 613 - Agricultores e trabalhadores qualificados da policultura, criação e tratamento de animais 614 - Trabalhadores florestais e similares 712 - Trabalhadores da construção civil e obras públicas 713 - Trabalhadores da construção civil e similares - acabamentos 721 - Moldadores, soldadores, batechapas, caldeireiros, montadores de estruturas metálicas e trabalhadores similares 722 - Forjadores, serralheiros mecânicos e trabalhadores similares 723 - Mecânicos e ajustadores de máquinas 724 - Mecânicos e ajustadores de equipamentos eléctricos e electrónicos 731 - Mecânicos de precisão, oleiros e vidreiros, artesãos, trabalhadores das artes gráficas e trabalhadores similares 732 - Oleiros, vidreiros e trabalhadores similares 733 - Artesãos de madeira, tecido, couro e materiais similares 734 - Compositores tipográficos e trabalhadores similares 741 - Trabalhadores da preparação e confecção de alimentos e bebidas e trabalhadores similares 742 - Trabalhadores da madeira e similares 743 - Trabalhadores dos têxteis e confecções e trabalhadores similares 744 - Trabalhadores de peles, couro e calçado 814 - Operadores de instalações para trabalhar madeira e cortiça e de fabric. de papel 814 - Operadores de instalações de tratamentos químicos 816 - Operadores de instalações de produção de energia e trabalhadores similares 817 - Operadores de cadeias de montagem automatizadas e de robots industriais 821 - Operadores de máquinas para trabalhar metais e produtos minerais 823 - Operadores de máquinas para fabrico de produtos de borracha e matéria plástica 825 - Operadores de máquinas de impressão, encadernação e fabrico de produtos de papel 826 - Operadores de máquinas para fabrico de produtos têxteis e artigos em pele e couro 827 - Operadores de máquinas para fabricar alimentos e produtos similares 828 - Trabalhadores da montagem 829 - Outros operadores de máquinas e trabalhadores da montagem 832 - Condutores de veículos a motor 833 - Operadores de maquinaria agrícola móvel e de outras máquinas móveis 834 Mestres, marinheiros e trabalhadores similares 911 Vendedores ambulantes e trabalhadores similares 913 - Pessoal de limpeza, lavadeiras, engomadores de roupa e trabalhadores similares 914 - Porteiros de prédios urbanos, lavadores de vidros e veículos e trabalhadores similares 915 - Estafetas, bagagiros, porteiros, guardas e trabalhadores similares 916 - Cantoneiros de limpeza e trabalhadores similares 921 - Trabalhadores não qualiicados da agricultura e pescas 931 - Trabalhadores não qualiicados das minas e da construção civil e obras públicas 932 - Trabalhadores não qualiicados da indústria transformadora 933 - Trabalhadores não qualificados dos transportes

NORTE

Centro

Lisboa

Alentejo

Algarve

a)

a)

0

a)

a)

8

a)

6

a)

a)

7 7

8

6

a)

a)

8

5

a)

a)

9

7

6

a)

a)

7

7

6

a)

a)

6

8

7

a)

a)

3

8

2

8

4

6

a)

5

a)

a)

a)

9

a)

a)

a)

4

a)

a)

a)

a)

a)

a)

7

a)

a)

7

9

6

a)

a)

7

9

a)

a)

a)

7

7

a)

a)

a)

8

a)

a)

a)

a)

7

a)

a)

a)

a)

8

7

8

a)

a)

7

a)

7

a)

a)

8

a)

a)

a)

a)

7

a)

a)

a)

a)

7

6

a)

a)

a)

7

a)

a)

a)

a)

8

a)

a)

a)

a)

8

a)

9

a)

a)

4

7

3

a)

a)

9

a)

6

a)

a)

7

8

6

a)

a)

6

a)

6

a)

a)

a)

a)

2

a)

a)

6

10

7

a)

a)

6

7

6

9

7

a)

a)

a)

a)

a)

4

5

7

a)

6

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

6

6

6

8

7

7

4

3

3

a)

a)

a)

7

a)

a)

a) Saídas profissionais sem cursos e menos de 100 empregados Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

74


Estas situações de equilíbrio ou potencial carência atravessam todas as regiões do país nos casos das CNP 4 (trabalhadores administrativos) e CNP 5 (profissionais dos serviços e vendedores). Já nas profissões relativas aos trabalhadores qualificados da indústria (CNP 7), aos manobradores de máquinas (CNP 8) e às profissões não qualificadas (CNP 9), essa situação de equilíbrio ou carência apenas é visível nas regiões do Norte, Centro e Lisboa, dado o Alentejo e o Algarve se encontrarem em situação de desertificação destes grupos profissionais. Na óptica das saídas profissionais verifica-se que a situação extrema de elevado risco de saturação se localiza em dois grupos da CNP: técnicos das ciências físico-químicas (CNP 3111) e programadores, operadores de informática e trabalhadores similares (CNP 312). Estes dois grupos encontram-se em situação risco elevado de saturação nas cinco regiões. No extremo oposto encontram-se duas saídas profissionais. Os ecónomos e pessoal do serviço de restauração (CNP 512), que reúne as saídas da área da restauração, encontram-se em situação de provável carência em todas as regiões excepto o Norte, onde se encontra em situação de provável equilíbrio. A saída dos caixas, bilheteiros e similares (CNP 421), não atingindo o limiar mínimo para análise no Alentejo, encontra-se em situação de carência em todas as outras regiões.

Tabela 16 - Resultado do semáforo de saídas profissionais por região Média ponderada do semáforo de saídas profissionais, por CNP Norte 4 Centro 3 Lisboa e Vale do Tejo 4 Alentejo 3 Algarve 4 Nota: o semáforo varia entre 0 (saturação máxima) e 10 (carência máxima). Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados)

75


A concentração dos alunos nalgumas das saídas mais saturadas gera uma situação de risco de saturação em todas as regiões do Continente. A resultante no semáforo de saídas profissionais média ponderada da distribuição dos alunos é muito próxima entre regiões do país e situa-se dentro das situações de risco: varia entre o mínimo de 3,37 no Centro e o máximo de 3,87 no Algarve. Esta constatação deve levar-nos a considerar que o conjunto dos nossos subsistemas de ensino profissional se encontra em alerta laranja, na óptica da relação com os mercados de trabalho regionais. Importa perceber como tal situação se gera, analisando as duas dimensões em que se pode decompor o fenómeno: em que saídas profissionais estão inscritos os alunos do ensino profissional e em que profissões há potencial do mercado de trabalho sem que haja oferta de ensino profissional.

A concentração de alunos em saídas profissionais em risco de saturação

A comparação entre a distribuição dos alunos inscritos em 2009 e o emprego em 2008 mostra que uma dimensão do problema de desajustamento entre os cursos de ensino profissional e a procura à saída se situa na elevada concentração de alunos em cursos com saídas profissionais

saturadas

em

simultâneo

com

a

concentração,

inversamente, do emprego em áreas para as quais escasseiam os cursos com saídas profissionais. A totalidade dos alunos que iniciaram o ensino profissional em 2009 frequenta cursos cuja saída profissional principal se orienta para apenas 34% do emprego de jovens com o ensino secundário completo existente em 2008. Ou seja, visto do ângulo oposto, cerca de dois terços do emprego do grupo está em profissões para as quais se não orientavam os cursos profissionais.

76


Tabela 17 - Resultado do semáforo de saídas profissionais no Continente segundo os alunos inscritos no 1º ano de curso profissional em 2009/2010 e o emprego de pessoas de 18 a 24 anos com o ensino secundário completo

Índice de saídas profissionais

%

%

Rácio alunos no primeiro ano em 2009/ Empregados em 2008

Alunos inscritos no 1º ano de curso profissional no ano lectivo de 2009/2010

Empregados de 18 a 24 anos e com ensino secundário completo em 2008

(a)

(b)

(c )

(d)

(a)/(c)

Carência muito provável (9-10)

8

0,02%

865

0,88%

0,01

Carência provável (7-8)

3791

7,95%

16983

17,20%

0,22

Situação equilibrada (5-6)

8833

18,53%

9522

9,64%

0,93

20294

42,56%

2584

2,62%

7,85

14752

30,94%

3630

3,68%

5,11

47678

100%

33584

34,02%

1,42

0

-

61098

61,88%

-

0

-

4048

4,10%

-

47678

100%

98730

100%

0,48

Risco de saturação (3-4) Risco elevado de saturação (0-2) Total das profissões com alunos orientados para a saída profissional Total das profissões sem alunos orientados para a saída profissional Total das profissões sem alunos e “indisponíveis” Total

Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados).

Os jovens não apenas frequentam cursos orientados para pouco mais de um terço do volume de emprego potencial. Dentro das profissões para que se orientam os seus cursos, estão inscritos nas áreas mais saturadas: 73,5% estão inscritos em cursos que, pelo índice de saídas profissionais, se encontram em risco de saturação e apenas 8% em cursos em situação de potencial carência. A única saída profissional em situação de muito provável carência de formação para a qual há uma oferta de ensino profissional é uma profissão operária (grupo 721 da CNP) para a qual se orienta um número de alunos inscritos muito reduzido15.

Trata-se de 8 alunos de cursos do Sistema de Aprendizagem inseridos em cursos de “técnico de construções metálicas e técnico de reparação de carroçarias 15

77


Tabela 18 - Saídas profissionais em situação de carência provável e muito provável no Continente, segundo o número de alunos inscritos no 1º ano do curso profissional no ano lectivo de 2009/2010 e o emprego de pessoas de 18 a 24 anos e com o ensino secundário completo

Índice de saídas profissionais Carência muito provável (9-10)

Carência provável (7-8)

Alunos inscritos por saída profissional no 10º ano do ensino profissional (ou 1º ano de curso) em 2009/2010 Nº % %

Profissão (CNP)

721 - Moldadores, sldadores, bate-chapas, caldeireiros, montadores de estruturas metálicas e trabalhadores similares

865

0,88%

5,71%

8493

8,60%

817

1,71%

5427

5,50%

413 - Empregados de aprovisionamento, de planeamento e dos transportes

149

0,31%

2767

2,80%

612 - Criadores e trabalhadores qualificados do tratamento de animais

103

0,22%

105

0,11%

1

0,00%

191

0,19%

3791

7,95%

7,95%

17848

18,08%

18,08%

47678

100,00%

100,00%

98730

100,00%

100,00%

512 - Ecónomos e pessoal do serviço de restauração 422 - Empregados de recepção, de informação e telefonistas

734 - Compositores tipográficos e trabalhadores similares16 Sub-Total

Saídas profissionais em situação de carência provável ou muito provável (7-10)

Total

8

0,02%

2721

0,02%

Emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo (CNP) em 2008 Nº % %

7,95%

0,88%

17,20%

Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados).

As mais relevantes saídas profissionais em situação de carência de formação são as profissões da restauração (CNP 512) e a que inclui os recepcionistas da área de hotelaria (CNP 422). Deve registar-se ainda a existência de uma área de oportunidade para a expansão da formação na área dos transportes e logística (CNP 413). As saídas profissionais de criadores e tratadores de animais encontramse também neste grupo, provavelmente com mais intensidade que os nossos dados deixam ver, dadas as suas limitações quanto à representatividade nas profissões ligadas à agricultura, pecuária e florestas17.

O surgimento de um formando pode parecer um erro, mas é o que consta da base de dados fornecida. Trata-se de um formando de um curso de fotocomposição do Sistema de Aprendizagem. 17 No índice, esta profissão apenas surge neste grupo por força da dinâmica de crescimento do emprego e de baixo risco de desemprego dado o elevado rácio formandos/emprego. O primeiro factor pode ter a ver com uma progressiva formalização do emprego. O segundo com a real empregabilidade na área. É de admitir, com probabilidade razoável, que a importância dos postos de trabalho nesta profissão seja superior ao que a base de dados permite evidenciar. 16

78


Tabela 19 - Saídas profissionais em situação de equilíbrio no Continente, segundo o número de alunos inscritos no 1º ano do curso profissional no ano lectivo de 2009/2010 e o emprego de pessoas de 18 a 24 anos e com o ensino secundário completo Alunos inscritos por saída profissional no 10º ano do ensino profissional (ou 1º ano de curso) em 2009/2010

Índice de saídas profissionais

Profissão (CNP)

Situação equilibrada (5-6)

343 - Profissionais de nível intermédio de gestão e administração 241 - Especialistas de profissões administrativas e comerciais 411 - Secretários e operadores de equipamentos de tratamento de informação 322 - Profissionais técnicos da medicina à excepção dos enfermeiros 611 - Agricultores e trabalhadores qualificados de culturas agrícolas 516 - Pessoal dos serviços de protecção e segurança 243 - Arquivistas, bibliotecários, documentalistas e profissões similares 731 - Mecânicos de precisão, oleiros e vidreiros, artesãos, trabalhadores das artes gráficas e trabalhadores similares 614 - Trabalhadores florestais e similares 244 - Especialistas das ciências sociais e humanas 833 - Operadores de maquinaria agrícola móvel e de outras máquinas móveis

Sub-Total

Saídas profissionais em situação equilibrada (5-6)

Total

%

3449

Emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo (CNP) em 2008

%

%

7,23%

774

0,78%

2253

4,73%

473

0,48%

1580

3,31%

2554

2,59%

522

1,09%

589

0,60%

504

1,06%

137

0,14%

348

0,73%

368

0,37%

83

0,17%

43

0,04%

38

0,08%

46

0,05%

28

0,06%

22

0,02%

20

0,04%

107

0,11%

8

0,02%

274

0,28% 5,46%

18,53%

8833

18,52% 18,53%

5387

47678

100,0% 100,0%

98730

%

No grupo de situações de equilíbrio, em que a actual oferta parece dimensionada

face

à

procura

potencial

à

saída,

encontramos alguns dos cursos tradicionais do ensino profissional de nível secundário, nomeadamente os que se dirigem para profissionais intermédios de gestão e administração, especialistas de profissões administrativas

e

comerciais

e

secretários

e

operadores

de

equipamentos de tratamento de informação, ou seja, para quadros intermédios de gestão, trabalhadores administrativos e de secretariado. Ao grupo mais tradicional juntam-se os alunos de cursos das várias profissões especializadas da saúde, os trabalhadores qualificados da agricultura e o pessoal dos serviços de protecção e segurança.

79

5,46%

100,0% 100,0%

Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados).

razoavelmente

5,46%


Estas saídas profissionais surgem nesta posição devido ao dinamismo do mercado de emprego, porque se observássemos apenas de uma perspectiva estática e apenas o indicador de relação entre frequência e volume de emprego teríamos uma percepção diferente, de que se trataria de situações de saturação. Na tabela infra podem observar-se os indicadores que fundamentam esta conclusão, aplicadas às saídas profissionais mais relevantes – aquelas que têm mais de 100 alunos – deste grupo. As saídas profissionais equilibradas, tal qual surgem no nosso índice, são-no por força da perspectiva de elevado dinamismo do emprego e redução do risco de desemprego, mais do que por força de bons indicadores nos rácios actuais.

Tabela 20 - Saídas profissionais em situação de equilíbrio no Continente segundo os principais indicadores de evolução

Profissão (CNP)

343 - Profissionais de nível intermédio de gestão e administração 241 - Especialistas de profissões administrativas e comerciais 411 - Secretários e operadores de equipamentos de tratamento de informação 322 - Profissionais técnicos da medicina à excepção dos enfermeiros 611 - Agricultores e trabalhadores qualificados de culturas agrícolas 516 - Pessoal dos serviços de protecção e segurança Total das profissões

Taxa de variação do desemprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo por profissão entre 1998 e 2008

Rácio entre o desemprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo

Rácio entre o número de alunos inscritos no 10º ano do ensino profissional (ou 1º ano de curso) em 2009/2010 e o e emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo

51%

-60%

14,5%

4,46

68%

-76%

21,8%

4,76

84%

-48%

5,3%

0,62

217%

1%

12,6%

0,89

270%

-48%

441%

88%

23%

31%

Taxa de variação do emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo na profissão entre 1998 e 2008

8,8% 16,3% 17,6%

3,68 0,95 0,483

Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

80


Podemos, pois, sustentar que este grupo de profissões, apesar de ter hoje uma oferta de formação que apresenta alguns riscos de ser excessiva, é equilibrado no pressuposto de que a dinâmica do emprego e do desemprego siga a trajectória que vem seguindo, sendo razoável esperar que sejam áreas em que se abrem melhores oportunidades de procura à saída, no futuro próximo, do que a simples consideração dos indicadores estáticos sugeriria.

Tabela 21 - Saídas profissionais em situação de risco e de risco elevado de saturação no Continente, segundo o número de alunos inscritos no 1º ano do curso profissional no ano lectivo de 2009/2010 e o emprego de pessoas de 18 a 24 anos e com o ensino secundário completo

Índice de saídas profissionais

Alunos inscritos por saída profissional no 10º ano do ensino profissional (ou 1º ano de curso) em 2009/2010

Profissão (CNP)

514 - Outro pessoal dos serviços directos e particulares 3113 - Técnico de electricidade

Risco de saturação (3-4)

Sub-Total

%

5937

%

%

12,45%

1674

4,98%

3438

7,21%

305

0,91%

313 - Operadores de equipamentos ópticos e electrónicos

2572

5,39%

183

0,54%

3118 - Desenhadores e trabalhadores similares

1818

3,81%

659

1,96%

3114 - Técnico de electrónica e telecomunicações

1503

3,15%

669

1,99%

1221

2,56%

645

1,92%

3119 - Técnicos de investigação física e química, do fabrico industrial e trabalhadores similares não classificados em outra parte 347 - Profissionais da criação artística, do espectáculo e do desporto 724 - Mecânicos e ajustadores de equipamentos eléctricos e electrónicos

42,56% 2,53%

342

1,02%

1082

2,27%

1704

5,07%

3116 - Técnicos intermédios de química industrial

834

1,75%

66

0,20%

3112 - Técnico de engenharia civil

430

0,90%

265

0,79%

252

0,53%

201

0,60%

1

0,00%

6

0,02%

8131

17,05%

1296

3,86%

4784

10,03%

2022

6,02%

3111 - Técnico de ciências fisico-quíimicas

1232

2,58%

141

0,42%

321 - Técnicos das ciências da vida e da saúde

544

1,14%

32

0,10%

245 - Escritores, artistas e executantes

38

0,08%

132

0,39%

834 - Mestres, marinheiros e trabalhadores similares

23

0,05%

7

0,02%

Saídas profissionais em risco de saturação (0-4)

Total

35046 47678

30,94%

73,48% 73,48% 100%

100%

%

6,81%

1206

315 - Inspector de obras, de segurança do trabalho, da saúde e do controlo de qualidade 733 - Artesãos de madeira, tecido, couro e materiais similares 312 - Programadores, operadores de informática e trabalhadores similares 341 - Profissionais de nível intermédio de finanças e serviços comerciais Risco elevado de saturação (0-2)

Emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo (CNP) em 2008

15736 98730

9,13%

15,94% 15,94% 100%

100%

Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados).

81


Em situação diferente e preocupante, na óptica de análise deste estudo, estão perto de três quartos dos alunos ingressados, inseridos em cursos com saídas profissionais em risco de saturação, na óptica da procura de emprego à saída. As saídas profissionais principais desses cursos orientam apenas para 16% dos empregos e os lugares de ingresso na formação são mais do dobro dos postos de trabalho nas profissões para que se orientam os cursos. As duas expressões mais extremas de problemas de desajustamento entre frequência da formação e procura potencial à saída, pelas empresas são os cursos da área de informática (CNP 312) e de profissionais de nível intermédio de finanças e serviços comerciais (CNP 341)18. Estas duas áreas, em conjunto, representam 27% dos inscritos em cursos iniciados em 2009 e menos de 10% do emprego potencial do grupo. A elas junta-se uma terceira, com menos importância quantitativa, mas também um elevado desajustamento entre a frequência da formação e a procura potencial à saída: a dos técnicos de ciências físico-químicas (CNP 3111)19. Estas são as saídas mais problemáticas e aquelas em que o índice sugere a necessidade de uma intervenção urgente de regulação. Os problemas de desajustamento entre concentração da formação e a falta de potencial de procura à saída estendem-se a diversas saídas profissionais dos profissionais intermédios (grande grupo 3 da CNP), como já tínhamos assinalado no ponto 2.1.3. Não apenas os três grupos de saídas estão em situação de elevado desajustamento. orientadas

para

essencialmente)

A o e,

situação grupo

estende-se 321

embora,

da

com

às

CNP menor

saídas

(cursos

profissionais de

ambiente,

intensidade,

porque

classificadas como de menor risco de saturação, para saídas das áreas dos grupos 311 da CNP, a saber: cursos de electricidade e energias Inclui cursos de técnicos comerciais e força de vendas, de profissionais de turismo, bancários e de seguros. 19 Inclui os cursos de análises laboratoriais e de controlo da qualidade alimentar. 18

82


orientados param a CNP 3113; de desenho industrial e design, orientados para a CNP 3118; da área de electrónica e telecomunicações, orientados para a CNP 3114 e de organização e planeamento industrial, orientados para a CNP 3119. Há duas outras saídas profissionais com desajustamentos significativos e preocupantes: a CNP 514 e a CNP 347. Na CNP 514 (outro pessoal dos serviços directos e particulares) reúnemse os cursos de animação, de técnicos de educação e de estética. Pode inferir-se que em algumas destas áreas exista um nível significativo de emprego informal ou por conta própria (p. ex. entre esteticistas), mas o nível de desajustamento é significativo. A CNP 347 diz respeito, essencialmente, aos cursos artísticos, para os quais se desenvolveu um nível de oferta superior ao que parece sustentável pela estrita dinâmica do emprego de jovens.

A agregação de saídas profissionais mudaria as conclusões?

Pode argumentar-se que o exercício de focalização de cada curso na sua saída principal pode tornar demasiado estreito o perfil de saída. Embora os perfis curriculares se orientem para uma saída profissional principal, há, com efeito, a possibilidade de que a dinâmica da formação e a dinâmica do reconhecimento de qualificações pelos empregadores tenham um espaço mais amplo de encontro, aquele a que chamámos de saída profissionais apropriadas, que inclui e transcende a saída profissional principal. Na prática, a inserção dos novos profissionais pode não corresponder directamente às profissões ou ao subgrupo de profissões a que se destinava

a

formação.

De

facto,

não

é

incomum

aparecerem

profissionais inseridos em profissões, que não encaixam directamente no perfil de saída idealizado, mas que não deixam de estar relacionadas tematicamente. Um exemplo disso são os “informáticos”, cujo curso aponta para uma profissão ligada ao subgrupo 312 da CNP – 83


programadores, operadores de informática e trabalhadores similares –, mas que podem estar a trabalhar20, por exemplo, como directores de serviços de informática (CNP 123) ou como analistas de sistemas ou outros especialistas de informática (CNP 213). O mesmo raciocínio pode aplicar-se a outras áreas, nomeadamente entre aquelas que aparecem nesta análise como estando em risco de saturação e em que, afinal, esse risco de saturação possa, por hipótese, estará ser sobreavaliado pela ausência da consideração de um espectro real mais alargado de saídas profissionais compatíveis com o perfil de formação.

Ou

ainda,

a

algumas

das

situações

aparentemente

paradoxais que encontrámos, em que há uma situação equilibrada mas a oferta de formação transcende o número de empregos disponíveis na óptica da saída profissional principal. Testámos a sensibilidade do índice a uma agregação de saídas profissionais em algumas áreas estratégicas: as suas saídas profissionais em situação mais complexa, por serem as de maior frequência entre as que estão em risco elevado de saturação (CNP 312 e CNP 341); as duas saídas profissionais de maior frequência e em situação paradoxal, de equilíbrio segundo o índice, mas de oferta de formação que excede em muito o emprego na saída profissional principal (CNP 343 e CNP 241). A agregação que cria as “saídas apropriadas” implica que se perca a relação unívoca entre um curso e uma saída profissional mas pode, eventualmente, dar uma ideia mais fiel do perímetro de empregabilidade adequada à formação dos alunos do ensino profissional. No exercício que fazemos para este estudo – ver tabela - incluímos, a propósito de cada área, as saídas que segundo a nossa leitura da CNP se apropriam aos alunos de cada curso21, incluindo as que estão acima do perfil principal de saída (por exemplo, funções de direcção) e as que estão abaixo (por exemplo, profissões que aparecem como sendo não qualificadas mas são na mesma área de exercício profissional). 20

Ou então classificados desse modo nos quadros de pessoal da organização em que desenvolvem a actividade profissional. Este exercício é da inteira responsabilidade da equipa, não tendo sido validado pelos interlocutores, por ter resultado da reflexão havida nas reuniões de validação da tipologia de saídas profissionais. 21

84


Tabela 22 – Identificação das saídas profissionais agregadas ou saídas apropriadas Critério

Saídas profissionais em situação complexa de risco

Saídas profissionais em situação paradoxal de equilíbrio

Designação da agregação profissional

CNP da saída profissional específica

Informáticos

312

Comércio

341

Gestão e contabilidade

343

Comunicação e marketing

241

CNP das várias saídas apropriadas 123 - OUTROS DIRECTORES DE EMPRESAS 213 - Especialistas da informática 312 - Programadores, operadores de informática e trabalhadores similares 122 - Directores de produção, exploração e similares 123 - OUTROS DIRECTORES DE EMPRESAS 124 - Directores e gerentes de pequenas empresas 342 - Agentes comerciais e correctores 421 - Caxas, bilheteiros e similares 522 - Vendedores e demonstradores 523 - Vendedores de quiosque e de mercados 911 - Vendedores ambulantes e trabalhadores similares 241 - Especialistas de profissões administrativas e comerciais 343 - Profissionais de nível intermédio de gestão e administração 412 - Empregados dos serviços de contabilidade e dos serviços financeiros 123 - OUTROS DIRECTORES DE EMPRESAS 241 - Especialistas de profissões administrativas e comerciais 245 - Escritores, artistas e executantes 342 - Agentes comerciais e correctores

Esta análise permite algumas variações de leitura importantes, embora corrobore genericamente o resultado da análise por saída profissional principal. Nas saídas profissionais que apareciam em situação complexa de risco, os dados em relação à informática são amplamente corroborados pelo alargamento do perfil de saída, apesar de uma melhoria na variação do emprego, que indica que o conjunto das profissões de informática tem um melhor comportamento no emprego ao longo da década que a CNP 312. Mas os dados em relação ao comércio são radicalmente transformados. Enquanto, pela consideração da saída dos profissionais intermédios, estes cursos apareciam numa situação de sobreoferta, ao alargarmos a análise para o conjunto das profissões comerciais o quadro muda substancialmente e passamos para uma situação de carência provável. Esta mudança deve-se a variações em todos os indicadores de emprego: reduz o rácio de alunos em relação ao emprego, melhora a variação do emprego e a variação do desemprego, diminui o rácio desempregados/empregados. Este caso, que mereceria aprofundamento,

pode

ser

paradigmático

dos

problemas

de

classificação das saídas profissionais. Há profissionais do comércio, 85


classificados como tal nos quadros de Pessoal, em todos os níveis de qualificação, incluindo os trabalhadores não qualificados. Será um erro de

classificação

das

entidades

empregadoras?

Ocorrerá

que

os

empregadores criam emprego no comércio, porventura, absorvendo mão-de-obra qualificada mas a classificam como menos qualificada? Ou escasseará o perfil de profissional intermédio do comércio, antes estando a criar-se emprego de níveis mais baixos de qualificação? O modo como se responda a estas questões fará variar o veredicto sobre esta saída profissional. O que fica claro da análise é que há dinamismo empregador na família das profissões do comércio para os formandos nessa área, mas não na profissão para a qual aponta principalmente o perfil de saída da formação. Apenas estudos complementares e aprofundados

permitirão

aperceber

de

qual

a

origem

do

desajustamento: em que proporção está no perfil de qualificação, na natureza do emprego criado ou na classificação errónea do emprego nas profissões comerciais? A mesma observação sobre diferenças significativas entre o volume de emprego na profissão que constitui a saída profissional principal de um curso e as suas saídas apropriadas pode encontrar-se nos cursos da área da gestão e administração. Embora não implique a mudança da posição do curso no índice de saídas profissionais, o paradoxo desfazse, porque o rácio alunos empregados desce de 4,46 para 0,37.Este exercício permite-nos concluir que há um trabalho por fazer na identificação do perfil real de saída do ensino profissional, identificando saídas apropriadas, para além da saída principal, que pode alterar, pelo menos em relação a algumas saídas o quadro aqui traçado e, porventura, suavizar os riscos de desajustamento entre o ensino profissional e a procura potencial pelos empregadores, à saída.

86


Tabela 23 - Saídas profissionais agregadas no Continente segundo os principais indicadores de evolução

Saídas profissionais em situação complexa de risco

Saídas profissionais em situação paradoxal de equilíbrio

Profissão (CNP)

Taxa de variação do emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo na profissão entre 1998 e 2008

Taxa de variação do desemprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo por profissão entre 1998 e 2008

Rácio entre o desemprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo e o emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo

Rácio entre o número de alunos inscritos no 10º ano do ensino profissional (ou 1º ano de curso) em 2009/2010 e o e emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo

312 - Programadores, operadores de informática e trabalhadores similares

-7%

82%

0,95

6,27

Informáticos

Risco elevado de saturação

4%

71%

0,78

4,94

341 - Profissionais de nível intermédio de finanças e serviços comerciais

-24%

-12%

0,22

2,37

Risco elevado de saturação

Comércio

51%

8%

0,11

0,16

Carência provável

343 - Profissionais de nível intermédio de gestão e administração

51%

-60%

0,15

4,46

Gestão e contabilidade

-45%

-67%

0,43

0,37

241 - Especialistas de profissões administrativas e comerciais

68%

-76%

0,22

4,76

Comunicação e marketing

38%

-61%

0,31

2,74

Situação equilibrada

Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

A reflexão acima sobre as profissões do comércio pode estender-se a outras profissões. Contudo, o aprofundamento desta questão implicaria um aperfeiçoamento significativo na identificação do perfil de saídas profissionais

desejáveis

disfuncionamentos

reais

para no

cada

curso22

interface

e

entre

a

avaliação qualificações

dos e

empregadores. Saídas profissionais com procura à saída e sem cursos com saídas para elas orientadas

A

questão

da

classificação

das

saídas

profissionais

afecta

significativamente os resultados que se encontram a este nível.

Recorde-se que esse perfil não existe. O que aqui é usado resulta de uma classificação desenvolvida para este estudo. 22

87


Tabela 24 - Saídas profissionais sem oferta formativa, por região Emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo em 2008 Índice de saídas profissionais

Carência muito provável

Carência provável

Profissão (CNP) Norte

Centro

LVT

Alentejo

Algarve

Total

a)

a)

103

a)

a)

103

522 - Vendedores e demonstradores

8578

3169

10262

663

1143

23815

421 - Caxas, bilheteiros e similares

1061

454

1130

167

2812

419 - Empregados de escritório não classificados em outra parte

650

245

808

a)

1703

913 - Pessoal de limpeza, lavadeiras, engomadores de roupa e trabalhadores similares

488

256

649

149

1542

124 - Directores e gerentes de pequenas empresas

511

194

459

a)

a)

1164

722 - Forjadores, serralheiros mecânicos e trabalhadores similares

558

281

269

a)

a)

1108

743 - Trabalhadores dos têxteis e confecções e trabalhadores similares

716

241

a)

a)

a)

957

741 - Trabalhadores da preparação e confecção de alimentos e bebidas e trabalhadores similares

320

232

382

a)

a)

934

713 - Trabalhadores da construção civil e similares acabamentos

378

180

316

a)

a)

874

712 - Trabalhadores da construção civil e obras públicas

322

152

340

a)

a)

814

723 - Mecânicos e ajustadores de máquinas

264

154

332

a)

a)

750

911 - Vendedores ambulantes e trabalhadores similares

111

277

333

a)

a)

721

832 - Condutores de veículos a motor

172

111

260

a)

a)

543

823 - Operadores de máquinas para fabrico de produtos de borracha e matéria plástica

327

166

a)

a)

a)

493

826 - Operadores de máquinas para fabrico de produtos têxteis e artigos em pele e couro

416

a)

a)

a)

a)

416

829 - Outros operadores de máquinas e trabalhadores da montagem

203

a)

150

a)

a)

353

814 - Operadores de instalações de tratamentos químicos

127

104

118

a)

a)

349

742 - Trabalhadores da madeira e similares

207

114

a)

a)

a)

321

511 - Assistentes, cobradores, guias e trabalhadores similares

a)

a)

270

a)

a)

270

933 - Trabalhadores não qualificados dos transportes

a)

a)

266

a)

a)

266

122 - Directores de produção, exploração e similares

133

a)

123

a)

a)

256

827 - Operadores de máquinas para fabricar alimentos e produtos similares

101

a)

154

a)

a)

255

339 - Profissionais do ensino não classificados em outra parte

101

a)

154

a)

a)

255

744 - Trabalhadores de peles, couro e calçado

228

a)

a)

a)

a)

228

a)

a)

192

a)

a)

192

821 - Operadores de máquinas para trabalhar metais e produtos minerais

179

a)

a)

a)

a)

179

817 - Operadores de cadeias de montagem automatizadas e de robots industriais

175

a)

a)

a)

a)

175

825 - Operadores de máquinas de impressão, encadernação e fabrico de produtos de papel

139

a)

a)

a)

a)

139

814 - Operadores de instalações para trabalhar madeira e cortiça e de fabric. de papel

122

a)

a)

a)

a)

122

a)

a)

a)

110

a)

110

523 - Vendedores de quiosque e de mercados

213 - Especialistas da informática

613 - Agricultores e trabalhadores qualificados da policultura, criação e tratamento de animais

Situação equilibrada

Risco de saturação

a)

816 - Operadores de instalações de produção de energia e trabalhadores similares

102

a)

a)

a)

a)

102

513 - Vigilantes, assistentes médicos e trabalhadores similares

795

269

693

a)

a)

1757

828 - Trabalhadores da montagem

327

185

216

a)

a)

728

915 - Estafetas, bagagiros, porteiros, guardas e trabalhadores similares

876

287

1293

a)

195

2651

931 - Trabalhadores não qualiicados das minas e da construção civil e obras públicas

299

248

364

a)

108

1019

932 - Trabalhadores não qualiicados da indústria transformadora

940

699

746

a)

a)

2385

412 - Empregados dos serviços de contabilidade e dos serviços financeiros

2774

1049

3717

231

378

8149

414 - Empregados de biblioteca, carteiros e trabalhadores similares

164

a)

304

a)

a)

468

22864

9067

24403

1004

2140

59478

Total

a) Menos de 100 empregados Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

88


Como se escreveu no ponto supra, há saídas profissionais para as quais os cursos não estão prioritariamente orientados, mas que são saídas reais de cursos existentes no mercado de trabalho. Essas saídas apropriadas, mas não principais, surgem agora do lado das profissões para as quais não existem cursos orientados, levantando a questão das classificações das saídas dos cursos. As

saídas

profissionais

para

as

quais

não

existe

curso

predominantemente orientado podem dividir-se em três grupos: a) As saídas passíveis de inserir em sentido amplo na oferta existente (saídas apropriadas mas não principais23): a. Profissões comerciais (CNP 421, 522, 523 e 911): 27451 empregados; b. Profissões da saúde (CNP 513): 1757 empregados; c. Empregados de escritório (CNP 419): 1703 empregados; d. Dirigentes empresariais (CNP 122 e 131): 1420 empregados. b) Oportunidades profissionais para as quais a formação não se orienta: a. Operadores de instalações industriais e de máquinas industriais (CNP 814, 815, 816, 817 e CNP 821, 823, 825, 826, 827, 828, 829 e 932): 5696 empregados; b. Trabalhadores da produção industrial de diversos sectores – alimentação e bebidas, madeiras, têxteis, confecção e calçado - da indústria transformadora (CNP 741, 742, 743, 744): 2440 empregados; c. Trabalhadores da construção civil e obras públicas (CNP 712, 713 e 931): 2707 empregados; d. Serralharia mecânica e similares (CNP 722) e mecânicos e ajustadores de máquinas (CNP 723): 1858 empregados. c) Saídas profissionais de nicho24:

23

Estas saídas podem também ser consideradas como inseridas nos perfis de saídas de cursos existentes, se a classificação adoptada no presente estudo for considerada excessivamente estreita. Todas mereceriam observação através de estudos de caso para aferir da relação entre perfis formais de saída e postos de trabalho.

89


a. Estafetas, porteiros, guardas e similares (CNP 915): 2651 empregados; b. Serviços de limpeza, roupas e similares (CNP 913): 1542 empregados. Deste quadro resulta a necessidade de repensar em particular o desinteresse da formação profissional de nível secundário pelas profissões da produção industrial e da construção civil, repensar os perfis de formação da área de comércio e ter em consideração alguns nichos profissionais que carecem de ser melhor conhecidos.

II.3 O semáforo de saídas profissionais: a distribuição territorial do risco de saturação do ensino profissional

O risco de saturação do ensino profissional distribui-se desigualmente pelo território. Considerando as NUT III a unidade relevante de aproximação territorial ao efeito local de uma oferta de ensino profissional, dedicámos particular atenção a uma visão aprofundada desse nível territorial. II.3.1 Norte

A tabela permite verificar a distribuição do risco de saturação através dos resultados do semáforo de saídas profissionais, por NUT III. As situações de risco e de risco elevado de saturação são evidentes no grupo 3 da CNP e também no grupo 625. Em contraponto, os restantes grupos da CNP (4 a 9) estão em situação de

equilíbrio,

carência

provável

ou

muito

provável

e

revelam

possibilidades de estabilização ou alargamento da oferta.

Estas saídas parecem de nível de qualificação inferior, mas pelo seu significado carece de ser investigado o seu conteúdo funcional e requisitos de qualificação. 25 Quanto a este último deve ter-se em conta as limitações da base de dados de profissões utilizada quanto à representatividade do emprego na agricultura. 24

90


Existe uma maior aglomeração de casos em situação de equilíbrio ou potencial carência nos grupos da CNP 4 (trabalhadores administrativos) e CNP 5 (profissionais dos serviços e vendedores). Nos restantes grupos da CNP (de 7 a 9), estas situações de equilíbrio ou potencial carência são caracterizadas quer por uma forte dispersão territorial, variando as profissões em carência da NUT III para NUT III. A análise por NUT III mostra ainda situações de desertificação, isto é de profissões em que o volume de emprego gerado é muito escasso.

O Grande Porto é a única NUT III do Norte em que podemos encontrar em volume suficiente para análise a quase totalidade das saídas profissionais. Tal como acontece a nível nacional, em todas as oito sub-regiões do Norte o grupo dos programadores, operadores de informática e trabalhadores similares (CNP 312) encontra-se em situação de elevado risco de saturação. O comércio é a área com maiores possibilidades de crescimento na óptica do índice que usamos: os vendedores e demonstradores (CNP 522) estão em situação de provável carência nas sub-regiões do Grande Porto e Minho-Lima e em situação de equilíbrio nas restantes subregiões. Na área do turismo, a saída profissional dos empregados de recepção, de informação e telefonistas (CNP 422) apresenta um quadro favorável, mas circunscrito às NUT III de maior densidade urbana e ao Douro: o emprego não atinge o limiar mínimo para análise em Alto Trás-osMontes e Entre Douro e Vouga e há risco de saturação no Ave; mas encontra-se em situação de provável equilíbrio em Minho-Lima e em situação de provável carência nas restantes quatro sub-regiões (Cávado, Douro, Grande Porto e Tâmega).

91


Tabela 25 – Resultado do semáforo de saídas profissionais por NUT III da região Norte e saída profissional Alto TrásosMontes

Ave

Cávado

Douro

Entre Douro e Vouga

Grande Porto

MinhoLima

Tâmega

124 - Directores e gerentes de pequenas empresas

a)

a)

a)

a)

a)

7

a)

a)

241 - Especialistas de profissões administrativas e comerciais

3

3

4

3

5

5

4

5

243 - Arquivistas, bibliotecários, documentalistas e profissões similares

a)

a)

5

0

a)

a)

a)

0

244 - Especialistas das ciências sociais e humanas

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

5

3111 - Técnico de ciências físico-químicas

2

2

2

3

4

2

4

a)

3112 - Técnico de engenharia civil

10

a)

4

2

4

7

5

a)

3113 - Técnico de electricidade

5

4

6

4

3

6

3

4

3114 - Técnico de electrónica e telecomunicações

3

0

5

4

2

4

4

0

3116 - Técnicos intermédios de química industrial

2

5

4

4

2

0

a)

3

3118 - Desenhadores e trabalhadores similares

2

2

4

3

6

5

2

6

2

6

5

a)

2

4

5

6

2

1

1

0

1

2

2

1

1

2

5

0

5

0

2

5

a)

a)

8

a)

5

3

a)

a)

CNP – Profissões

3119 - Técnicos de investigação física e química, do fabrico industrial e trabalhadores similares não classificados em outra parte 312 - Programadores, operadores de informática e trabalhadores similares 313 - Operadores de equipamentos ópticos e electrónicos 315 - Inspector de obras, de segurança do trabalho, da saúde e do controlo de qualidade 321 - Técnicos das ciências da vida e da saúde

3

5

0

a)

2

0

1

2

322 - Profissionais técnicos da medicina à excepção dos enfermeiros

4

5

2

2

4

6

1

5

341 - Profissionais de nível intermédio de finanças e serviços comerciais

1

1

0

2

4

1

0

1

343 - Profissionais de nível intermédio de gestão e administração

4

3

5

3

6

7

7

6

347 - Profissionais da criação artística, do espectáculo e do desporto

8

4

6

4

2

4

5

6

411 - Secretários e operadores de equipamentos de tratamento de informação

4

6

4

4

2

6

6

7

412 - Empregados dos serviços de contabilidade e dos serviços financeiros

a)

4

5

a)

4

4

4

6

413 - Empregados de aprovisionamento, de planeamento e dos transportes

a)

6

6

a)

a)

7

8

a)

419 - Empregados de escritório não classificados em outra parte

a)

a)

a)

a)

a)

8

a)

a)

421 - Caxas, bilheteiros e similares

a)

a)

9

a)

a)

8

a)

7

422 - Empregados de recepção, de informação e telefonistas

a)

3

7

7

a)

8

5

8

512 - Ecónomos e pessoal do serviço de restauração

8

4

6

7

5

6

6

6

513 - Vigilantes, assistentes médicos e trabalhadores similares

a)

a)

a)

a)

a)

5

a)

5

514 - Outro pessoal dos serviços directos e particulares

4

3

4

3

2

2

3

3

516 - Pessoal dos serviços de protecção e segurança

2

a)

a)

a)

a)

4

a)

a)

522 - Vendedores e demonstradores

6

6

6

5

6

7

7

6

611 - Agricultores e trabalhadores qualificados de culturas agrícolas

0

2

2

6

a)

a)

5

0

614 - Trabalhadores florestais e similares

a)

a)

a)

0

a)

a)

a)

a)

713 - Trabalhadores da construção civil e similares - acabamentos

a)

a)

8

a)

a)

6

a)

a)

a)

a)

a)

a)

10

7

a)

a)

a)

a)

a)

a)

8

6

a)

a)

1

a)

6

9

7

4

4

a)

a)

a)

a)

a)

a)

4

a)

a)

0

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

6

a)

a)

a)

8

7

a)

a)

a)

a)

10

817 - Operadores de cadeias de montagem automatizadas e de robots industriais

a)

a)

a)

a)

a)

6

a)

a)

821 - Operadores de máquinas para trabalhar metais e produtos minerais

a)

a)

a)

a)

a)

7

a)

a)

a)

a)

a)

a)

8

a)

a)

a)

a)

7

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

6

a)

a)

1

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

6

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

7

a)

a)

a)

6

a)

a)

5

4

a)

7

721 - Moldadores, soldadores, bate-chapas, caldeireiros, montadores de estruturas metálicas e trabalhadores similares 722 - Forjadores, serralheiros mecânicos e trabalhadores similares 724 - Mecânicos e ajustadores de equipamentos eléctricos e electrónicos 731 - Mecânicos de precisão, oleiros e vidreiros, artesãos, trabalhadores das artes gráficas e trabalhadores similares 733 - Artesãos de madeira, tecido, couro e materiais similares 741 - Trabalhadores da preparação e confecção de alimentos e bebidas e trabalhadores similares 743 - Trabalhadores dos têxteis e confecções e trabalhadores similares

823 - Operadores de máquinas para fabrico de produtos de borracha e matéria plástica 826 - Operadores de máquinas para fabrico de produtos têxteis e artigos em pele e couro 828 - Trabalhadores da montagem 833 - Operadores de maquinaria agrícola móvel e de outras máquinas móveis 913 - Pessoal de limpeza, lavadeiras, engomadores de roupa e trabalhadores similares 915 - Estafetas, bagagiros, porteiros, guardas e trabalhadores similares 932 - Trabalhadores não qualiicados da indústria transformadora

a) Saídas profissionais sem cursos e menos de 100 empregados Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

92


A falta de dinamismo de emprego industrial que possa vir a dar lugar a novas ofertas de ensino profissional é particularmente notória nas subregiões do Douro, Minho-Lima e Tâmega. No contexto nacional, o Norte é, com Lisboa e o Algarve, uma das regiões onde o risco de saturação da oferta é menos intenso. Todas estas regiões apresentam o valor do índice 4 (para um mínimo de saturação que seria de 10).

Tabela 26 - Resultado do semáforo de saídas profissionais por NUT III da região Norte Média ponderada do valor do índice por CNP Alto Trás-os-Montes Ave Cávado Douro Entre Douro e Vouga

3 3 4 3 4

Grande Porto

3

Minho-Lima Tâmega

4 3 Norte 4 Nota: o semáforo varia entre 0 (saturação máxima) e 10 (carência máxima) Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

O Cávado, o Entre Douro e Minho e o Minho-Lima são as sub-regiões que mais contribuem para a moderação da intensidade do risco de saturação da oferta.

A concentração de alunos em saídas profissionais em risco de saturação

O padrão de elevada concentração de alunos em cursos com saídas profissionais

saturadas

em

simultâneo

com

a

concentração,

inversamente, do emprego em áreas para as quais escasseiam os cursos com saídas profissionais, que havíamos encontrado a nível do Continente, replica-se na região do Norte. 93


Os inscritos no primeiro ano dos cursos de ensino profissional circunscrevem-se a saídas profissionais orientadas para 30% do stock de emprego dos diplomados do ensino secundário. Os

alunos,

consequentemente,

frequentam

cursos

cujas

saídas

profissionais estão orientadas para profissões com baixo peso no emprego

e

que

o

semáforo

de

saídas

profissionais

considera

apresentarem riscos significativos de saturação: 64,3% dos inscritos estão em cursos com risco ou risco elevado de saturação e orientam para 9,4% do emprego dos jovens com ensino secundário.

Tabela 27 - Resultado do semáforo de saídas profissionais da região Norte segundo os alunos inscritos no 1º ano de curso profissional em 2009/2010 e o emprego de pessoas de 18 a 24 anos com o ensino secundário completo

%

%

Rácio alunos no primeiro ano em 2009/ Empregados em 2008

(a)

(b)

(c )

(d)

(a)/(c)

Carência muito provável (9-10)

8

0,04%

353

1,03%

Carência provável (7-8)

2172

11,28%

2660

7,77%

Situação equilibrada (5-6)

4688

24,34%

4060

11,86%

Risco de saturação (3-4)

4358

22,63%

1770

5,17%

Risco elevado de saturação (0-2)

8034

41,71%

1434

4,19%

Total das profissões com alunos orientados para a saída profissional

19260

100,00%

10277

30,02%

1,87

Total das profissões sem alunos orientados para a saída profissional e disponíveis

-

-

22864

66,80%

-

Total das profissões sem alunos e “indisponíveis”

-

-

1088

3,18%

-

19260

100,00%

34229

100,00%

0,56

Índice de saídas profissionais

Total

Alunos inscritos no 1º ano de curso profissional no ano lectivo de 2009/2010

Empregados de 18 a 24 anos e com ensino secundário completo em 2008

0,02 0,82 1,15 2,46 5,60

Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

94


O desequilíbrio entre oferta e procura à saída é ilustrado pelo rácio entre alunos do primeiro ano e stock de empregados com o ensino secundário. Em termos gerais, não passa dos 0,56 novos alunos por empregado. Mas considerando as saídas profissionais para as quais os cursos se orientam sobe para 1,87 e apenas é inferior a um na única saída profissional que o semáforo coloca em situação de carência extrema. Esta saída é, contudo, residual no contexto do emprego regional. Estes rácios implicam uma pressão elevada do ensino profissional sobre o mercado de trabalho nas saídas profissionais para que se orienta.

Tabela 28 - Saídas profissionais em situação de carência provável e muito provável na região Norte, segundo o número de alunos inscritos no 1º ano do curso profissional no ano lectivo de 2009/2010 e o emprego de pessoas de 18 a 24 anos e com o ensino secundário completo

Índice de saídas profissionais

Carência muito provável (9-10)

Carência provável (7-8)

Profissão (CNP)

721 - Moldadores, sldadores, bate-chapas, caldeireiros, montadores de estruturas metálicas e trabalhadores similares 422 - Empregados de recepção, de informação e telefonistas 413 - Empregados de aprovisionamento, de planeamento e dos transportes 343 - Profissionais de nível intermédio de gestão e administração 243 - Arquivistas, bibliotecários, documentalistas e profissões similares

Saídas profissionais em situação de carência provável ou muito provável (710)

Alunos inscritos por saída profissional no 10º ano do ensino profissional (ou 1º ano de curso) em 2009/2010

Emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo (CNP) em 2008

% (Norte)

% (Norte)

% (NUT I)

% (Norte)

% (Norte)

% (NUT I)

8

0,04%

0,04%

0,02%

353

1,03%

1,03%

0,88%

361

1,87%

1,71%

1300

3,80%

5,50%

79

0,41%

0,31%

1044

3,05%

2,80%

1669

8,67%

7,23%

299

0,87%

0,78%

63

0,33%

0,17%

17

0,05%

0,04%

2180

11,32%

9,44%

3013

8,80%

11,28%

11,32%

7,77%

8,80%

10,00%

Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

Nas profissões em situação de provável carência surgem duas com boas oportunidades de desenvolvimento da oferta: a CNP 422 (empregados de

95


recepção, de informação e telefonistas e a CNP 413 (empregados de aprovisionamento, de planeamento e dos transportes). Os cursos orientados para a saída 343 poderiam juntar-se a estes não fora o facto de a oferta já ser muito excedentária face ao stock de emprego.

Tabela 29 - Saídas profissionais em situação de equilíbrio na região Norte, segundo o número de alunos inscritos no 1º ano do curso profissional no ano lectivo de 2009/2010 e o emprego de pessoas de 18 a 24 anos e com o ensino secundário completo

Índice de saídas profissionais

Alunos inscritos por saída profissional no 10º ano do ensino profissional (ou 1º ano de curso) em 2009/2010 % % Nº (Norte) (NUT I)

Profissão (CNP)

512 - Ecónomos e pessoal do serviço de restauração 411 - Secretários e operadores de equipamentos de tratamento de informação 3119 - Técnicos de investigação física e química, do fabrico industrial e trabalhadores similares não classificados em outra parte

Situação equilibrada (5-6)

Emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo (CNP) em 2008 Nº

% (Norte)

% (NUT I)

956

4,96%

5,71%

2637

7,70%

8,60%

850

4,41%

3,31%

598

1,75%

2,59%

418

2,17%

2,56%

268

0,78%

1,92%

1268

6,58%

7,21%

129

0,38%

0,91%

241 - Especialistas de profissões administrativas e comerciais

908

4,71%

4,73%

125

0,37%

0,48%

3112 - Técnico de engenharia civil

168

0,87%

0,90%

101

0,30%

0,79%

74

0,38%

0,73%

82

0,24%

0,37%

8

0,04%

0,02%

72

0,21%

0,28%

20

0,10%

0,04%

28

0,08%

0,11%

4670

24,25%

25,21%

4040

11,80%

16,05%

3113 - Técnico de electricidade

516 - Pessoal dos serviços de protecção e segurança 833 - Operadores de maquinaria agrícola móvel e de outras máquinas móveis 244 - Especialistas das ciências sociais e humanas

Saídas profissionais em situação de carência provável ou muito provável (5-6)

Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

As situações de equilíbrio entre oferta e procura provável à saída são medidas pela conjugação entre o dinamismo do mercado de trabalho e a oferta de ensino. Na região Norte, as saídas profissionais na zona de equilíbrio entre oferta e procura à saída, contudo, sofrem uma situação de elevada pressão pelo actual nível de inscritos. Há, para o conjunto do grupo, 96


mais alunos inscritos no primeiro ano o que o stock de empregados com o ensino secundário. Na região, apenas os cursos orientados para uma saída profissional constituem excepção a este quadro, é o caso dos ecónomos e pessoal do serviço de restauração (CNP 512.) Tabela 30 - Saídas profissionais em situação de equilíbrio na região Norte segundo os principais indicadores de evolução

Profissão (CNP)

512 - Ecónomos e pessoal do serviço de restauração 411 - Secretários e operadores de equipamentos de tratamento de informação 3119 - Técnicos de investigação física e química, do fabrico industrial e trabalhadores similares não classificados em outra parte 3113 - Técnico de electricidade 241 - Especialistas de profissões administrativas e comerciais 3112 - Técnico de engenharia civil

Taxa de variação do desemprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo por profissão entre 1998 e 2008

Rácio entre o desemprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo

Rácio entre o número de alunos inscritos no 10º ano do ensino profissional (ou 1º ano de curso) em 2009/2010 e o e emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo

161%

142%

0,13

0,36

114%

-14%

0,1

1,42

49%

175%

0,20

1,56

706%

73%

0,15

9,82

60%

-68%

0,32

7,26

173%

35%

0,22

1,66

Taxa de variação do emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo na profissão entre 1998 e 2008

Total das profissões 48% -6,4% 0,24 0,56 Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

A pressão potencial da oferta actual sobre o emprego à saída põe particularmente em risco o equilíbrio registado no que se refere aos técnicos de electricidade (mais de 9 estudantes novos por posto de trabalho existente e aos especialistas das profissões administrativas e comerciais (mais de 7 estudantes novos por posto de trabalho existente e 32 desempregados por cada 100 empregados). As saídas profissionais em que o semáforo indica risco de saturação acompanham em termos genéricos o padrão detectado para Continente. 97

o


Tabela 31 - Saídas profissionais em situação de risco e de risco elevado de saturação na região Norte, segundo o número de alunos inscritos no 1º ano do curso profissional no ano lectivo de 2009/2010 e o emprego de pessoas de 18 a 24 anos e com o ensino secundário completo

Índice de saídas profissionais

Profissão (CNP)

% (Norte)

5,18%

5,39%

59

0,17%

0,54%

775

4,02%

3,15%

239

0,70%

1,99%%

730

3,79%

3,81%

342

1,00%

1,96%

556

2,89%

2,53%

209

0,61%

1,02%

382

1,98%

2,27%

577

1,69%

5,07%

360

1,87%

1,75%

24

0,07%

0,20%

258

1,34%

1,09%

204

0,60%

0,60%

216

1,12%

1,06%

17

0,05%

0,14%

83

0,43%

0,53%

98

0,29%

0,60%

1

0,01%

0,00%

1

0,00%

0,02%

3271

16,98%

17,05%

361

1,05%

3,86%

2238

11,62%

12,45%

574

1,68%

4,98%

1761

9,14%

10,03%

418

1,22%

515

2,67%

2,58%

67

0,20%

0,42%

321 - Técnicos das ciências da vida e da saúde

246

1,28%

1,14%

13

0,04%

0,10%

614 Trabalhadores florestais e similares

3

0,02%

0,06%

1

0,00%

0,02%

347 - Profissionais da criação artística, do espectáculo e do desporto

Risco elevado de saturação (0-2)

724 Mecânicos e ajustadores de equipamentos eléctricos e electrónicos 3116 - Técnicos intermédios de química industrial 322 - Profissionais técnicos da medicina à excepção dos enfermeiros 611 Agricultores e trabalhadores qualificados de culturas agrícolas 315 - Inspector de obras, de segurança do trabalho, da saúde e do controlo de qualidade 733 - Artesãos de madeira, tecido, couro e materiais similares 312 Programadores, operadores de informática e trabalhadores similares 514 - Outro pessoal dos serviços directos e particulares 341 - Profissionais de nível intermédio de finanças e serviços comerciais 3111 - Técnico de ciências fisico-quíimicas

% (Norte)

997

% (Total)

Emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo (CNP) em 2008

% (NUT I)

313 Operadores de equipamentos ópticos e electrónicos 3114 Técnico de electrónica e telecomunicações 3118 - Desenhadores e trabalhadores similares

Risco de saturação (3-4)

Alunos inscritos por saída profissional no 10º ano do ensino profissional (ou 1º ano de curso) em 2009/2010

22,63%

41,71%

% (Total)

% (NUT I)

5,17%

4,19%

6,02%

Saídas profissionais em risco de saturação e risco elevado de saturação 12392 64,34% 64,34% 64,89% 3204 9,36% 9,36% 15,4% (0-4) Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

98


que

salientar,

neste

quadro,

três

saídas

profissionais

que

apresentam uma situação geralmente preocupante na região:

a) A CNP 312, que está em situação de risco elevado, recebeu 17,0% dos alunos inscritos em primeiro ano e representa apenas 1,1% do emprego do grupo; b) A CNP 514, que está em situação de risco elevado, recebeu 11,6% dos alunos inscritos em primeiro ano e representa apenas 1,7% do emprego do grupo; c) A CNP 341, que está em situação de risco elevado e recebeu 9,1% dos alunos inscritos em primeiro ano e representa apenas 1,2% do emprego do grupo;

A agregação de saídas profissionais mudaria as conclusões?

A análise das saídas apropriadas para cada curso (ver tabela 24) reflecte na região o padrão nacional. A situação complexa de risco nas profissões ligadas à informática mantém-se e a avaliação das saídas profissionais do comércio transforma-se. Nas profissões do comércio, a consideração do leque alargado de saídas permite a passagem de um cenário de situação de risco para um de situação de carência provável. As evoluções na variação do emprego e do rácio da relação entre a procura à entrada e a procura à saída são os indicadores que mais contribuem para esta transformação, apesar do aumento do risco de desemprego funcionar em sentido oposto. As saídas que considerámos em situação paradoxal de equilíbrio mostram nesta análise, também elas, tendências contraditórias. No caso da área de comunicação e marketing a situação de equilíbrio é mantida. 99


No caso das profissões ligadas à gestão e contabilidade a indicação degrada-se significativamente. Apesar de a pressão da oferta sobre a procura ser menor, o comportamento do conjunto profissões de gestão e administração é significativamente pior que o da profissão 343 da CNP. Esta profissão teve uma variação positiva na década, contrária ao do conjunto de profissões em que se insere, pelo que o contexto mais amplo desta saída profissional é muito pior do que o seu contexto específico. Isto resulta na passagem, ao alargarmos a análise para a saída agregada, de carência provável para risco de saturação. Tabela 32 - Saídas profissionais agregadas na região Norte segundo os principais indicadores de evolução

Saídas profissionais em situação complexa de risco

Saídas profissionais em situação paradoxal de risco Saídas profissionais em situação paradoxal de equilíbrio

Rácio entre o número de alunos inscritos no 10º ano do ensino profissional (ou 1º ano de curso) em 2009/2010 eoe emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo

Profissão (CNP)

Taxa de variação do emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo na profissão entre 1998 e 2008

Taxa de variação do desemprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo por profissão entre 1998 e 2008

Rácio entre o desemprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo e o emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo

312 - Programadores, operadores de informática e trabalhadores similares

16%

216,5%

1,64

9,06

Risco elevado de saturação

Informáticos

-24,8%

190%

1,38

7,38

341 - Profissionais de nível intermédio de finanças e serviços comerciais

-41%

3%

0,52

4,21

Risco elevado de saturação

Comércio

81%

46%

0,14

0,16

Carência provável

343 - Profissionais de nível intermédio de gestão e administração

89%

-49%

0,17

5,58

Carência provável

Gestão e contabilidade

-38,8%

-54,6%

0,68

0,52

Risco de saturação

241 - Especialistas de profissões administrativas e comerciais

60%

-68%

0,32

7,26

Comunicação e marketing

65%

-46%

0,42

3,61

Situação equilibrada

Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

100


A análise das saídas profissionais agregadas na região Norte aponta, então, duas situações de dificuldade do indicador de saída profissional reflectir a dinâmica das profissões. Saídas profissionais com procura à saída e sem cursos com saídas para elas orientadas

A diversidade de profissões para as quais não há curso com orientação específica pode constituir novas oportunidades de expansão do ensino profissional. As saídas profissionais “viáveis” para as quais não existe curso predominantemente orientado no Norte26 dividem-se da seguinte forma, de acordo com a mesma classificação adoptada para o continente: a) As saídas passíveis de inserir em sentido amplo na oferta existente (saídas apropriadas mas não principais): a. Profissões comerciais (CNP 421, 522): 9307 empregados; b) Oportunidades profissionais para as quais a formação não se orienta: a. Operadores de instalações industriais e de máquinas industriais (CNP 817 e CNP 821, 823, 826, 828 e 932): 1394 empregados; b. Trabalhadores da produção industrial de diversos sectores – alimentação e bebidas, madeiras, têxteis, confecção e calçado - da indústria transformadora (CNP 741 e 743): 616 empregados; c) Saídas profissionais de nicho: a. Estafetas, porteiros, guardas e similares (CNP 915): 602 empregados;

26

O volume das oportunidades referido conta apenas o Total de emprego em NUT III em que haja pelo menos 100 postos de trabalho no grupo-alvo.

101


Tabela 33 - Saídas profissionais sem oferta formativa na região Norte, por NUT III Índice de saídas profissionais

Emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo em 2008 Alto TrásosMontes

Ave

Cávado

Douro

Entre Douro e Vouga

Grande Porto

MinhoLima

Tâmega

Total

208

729

825

268

463

4969

494

622

8578

421 - Caxas, bilheteiros e similares

a)

a)

159

a)

a)

454

a)

116

729

915 - Estafetas, bagagiros, porteiros, guardas e trabalhadores similares

a)

a)

a)

a)

a)

602

a)

a)

602

743 - Trabalhadores dos têxteis e confecções e trabalhadores similares

a)

232

129

a)

a)

a)

a)

133

494

722 - Forjadores, serralheiros mecânicos e trabalhadores similares

a)

a)

a)

a)

143

163

a)

a)

306

419 Empregados de escritório não classificados em outra parte

a)

a)

a)

a)

a)

270

a)

a)

270

713 - Trabalhadores da construção civil e similares acabamentos

a)

a)

102

a)

a)

109

a)

a)

211

124 - Directores e gerentes de pequenas empresas

a)

a)

a)

a)

a)

178

a)

a)

178

826 Operadores de máquinas para fabrico de produtos têxteis e artigos em pele e couro

a)

138

a)

a)

a)

a)

a)

a)

138

a)

a)

a)

a)

a)

105

a)

a)

105

a)

a)

a)

a)

101

a)

a)

a)

101

513 - Vigilantes, assistentes médicos e trabalhadores similares

a)

a)

a)

a)

a)

339

a)

119

458

932 - Trabalhadores não qualificados da indústria transformadora

a)

153

a)

a)

163

282

a)

144

742

913 - Pessoal de limpeza, lavadeiras, engomadores de roupa e trabalhadores similares

a)

a)

a)

a)

a)

181

a)

a)

181

817 - Operadores de cadeias de montagem automatizadas e de robots industriais

a)

a)

a)

a)

a)

175

a)

a)

175

828 - Trabalhadores montagem

a)

a)

a)

a)

a)

133

a)

a)

133

a)

a)

a)

a)

a)

122

a)

a)

122

a)

307

364

a)

195

1209

130

461

2666

Profissão (CNP)

522 - Vendedores e demonstradores

Carência provável

821 Operadores de máquinas para trabalhar metais e produtos minerais 823 Operadores de máquinas para fabrico de produtos de borracha e matéria plástica

Situação equilibrada

Risco de saturação Total

da

741 - Trabalhadores da preparação e confecção de alimentos e bebidas e trabalhadores similares 412 - Empregados dos serviços de contabilidade e dos serviços financeiros

208 1559 1579 268 1065 9291 624 1595 16189 a) Menos de 100 empregados Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

102


No que se refere ao que designámos por saídas apropriadas mas não profissionais, esta análise reforça o que se disse sobre a existência de oportunidades de expansão nas profissões comerciais não detectadas pelo indicador “saída profissional”. No que diz respeito às oportunidades para as quais a formação não se orienta, destacam-se na região Norte os operadores de instalações e máquinas. Esta não é tradicionalmente considerada uma saída de nível secundário, mas revela um dinamismo empregador que a formação não antecipa. Embora com menor intensidade quantitativa, identifica-se ainda uma oportunidade nos trabalhadores da produção industrial de sectores diversos. Nas saídas de nicho surge um grupo tradicionalmente considerado não qualificado: estafetas, porteiros, guardas e similares.

II.3.2 Centro

A distribuição do risco de saturação da oferta por profissão segue na região Centro o padrão nacional: o Grupo 3 da CNP encontra-se em todas as sub-regiões do Centro em situação de maior risco relativo de saturação da oferta formativa em relação à procura à saída. O Pinhal Interior Norte é excepção entre as dez sub-regiões do Centro quanto ao grupo profissional dos programadores, operadores de informática e trabalhadores similares (CNP 312), dada a menor intensidade do risco de saturação nesta sub-região (é a única subregião com cor laranja). Os grupos 4 e 5 da CNP apresentam na região uma situação tendencialmente de equilíbrio ou de carência de oferta, na óptica do semáforo. Em várias das sub-regiões do centro registam-se os efeitos da desertificação de certas áreas profissionais, incluindo as que revelam dinamismo empregador em outras regiões. Esta situação abrange com 103


particular incidência os grupos 7 a 9 da CNP. A sub-região do Pinhal Interior Norte apenas atinge o limiar mínimo para análise em três saídas profissionais desse grupo e todas se encontram em situação extrema de risco de saturação pela própria dinâmica do mercado de trabalho. A clivagem entre as sub-regiões do interior e as do litoral revela maiores incidências de saídas profissionais em situação de equilíbrio e/ou potencial carência à medida que se avança para o litoral, embora com excepções: a Beira Baixa no Interior e o Baixo Vouga no Litoral. As saídas profissionais orientadas para as profissões do grupo 4 da CNP continuam a ter oportunidades de expansão, especialmente nas NUT III litorais. A área dos ecónomos e pessoal do serviço de restauração (CNP 512) é a saída profissional que revela maior potencial de desenvolvimento, visível em praticamente todas as sub-regiões e em no Baixo Mondego, na Beira Interior Norte, na Cova da Beira e no Dão-Lafões. A profissão dos mecânicos e ajustadores de equipamentos eléctricos e electrónicos (CNP 724) apresenta dinâmicas contraditórias na região. A oferta surge em situação de saturação em zonas que já foram de especialização nesta área (Baixo Vouga, Beira Interior Norte e Sul) e a profissão está desertificada na Serra da Estrela, no Pinhal Interior e na Cova da Beira, mas encontra-se em situação de muito provável carência em sub-regiões com dinamismo industrial como o Baixo Mondego, DãoLafões e o Pinhal Litoral. A falta de dinamismo de emprego industrial que possa vir a dar lugar a novas ofertas de ensino profissional é particularmente notória no interior (Beira Interior Norte, Cova da Beira, Pinhal Interior Norte e Sul e Serra da Estrela).

104


Tabela 34 – Resultado do semáforo de saídas profissionais por NUT III da região Centro e saída profissional CNP – Profissões 241 - Especialistas de profissões administrativas e comerciais 245 - Escritores, artistas e executantes 3111 - Técnico de ciências físico-químicas 3112 - Técnico de engenharia civil 3113 - Técnico de electricidade 3114 - Técnico de electrónica e telecomunicações 3116 - Técnicos intermédios de química industrial 3118 - Desenhadores e trabalhadores similares 3119 - Técnicos de investigação física e química, do fabrico industrial e trabalhadores similares não classificados em outra parte 312 - Programadores, operadores de informática e trabalhadores similares 313 - Operadores de equipamentos ópticos e electrónicos 315 - Inspector de obras, de segurança do trabalho, da saúde e do controlo de qualidade 321 - Técnicos das ciências da vida e da saúde 322 - Profissionais técnicos da medicina à excepção dos enfermeiros 341 - Profissionais de nível intermédio de finanças e serviços comerciais 343 - Profissionais de nível intermédio de gestão e administração 347 - Profissionais da criação artística, do espectáculo e do desporto 411 - Secretários e operadores de equipamentos de tratamento de informação 412 - Empregados dos serviços de contabilidade e dos serviços financeiros 413 - Empregados de aprovisionamento, de planeamento e dos transportes 422 - Empregados de recepção, de informação e telefonistas 512 - Ecónomos e pessoal do serviço de restauração 514 - Outro pessoal dos serviços directos e particulares 516 - Pessoal dos serviços de protecção e segurança 522 - Vendedores e demonstradores 611 - Agricultores e trabalhadores qualificados de culturas agrícolas 724 - Mecânicos e ajustadores de equipamentos eléctricos e electrónicos 743 - Trabalhadores dos têxteis e confecções e trabalhadores similares 823 - Operadores de máquinas para fabrico de produtos de borracha e matéria plástica 828 - Trabalhadores da montagem 911 - Vendedores ambulantes e trabalhadores similares 932 - Trabalhadores não qualiicados da indústria transformadora

Baixo Mondego

Baixo Vouga

Beira Interior Norte

Beira Interior Sul

Cova da Beira

DãoLafões

Pinhal Interior Norte

Pinhal Interior Sul

Pinhal Litoral

Serra da Estrela

4

6

2

a)

a)

7

4

a)

2

a)

a)

a)

0

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

4

2

0

0

4

7

1

a)

5

0

a)

a)

a)

a)

5

3

5

a)

6

a)

6

5

1

3

3

0

2

a)

5

2

4

5

a)

1

1

1

2

a)

6

2

5

3

0

a)

0

a)

a)

a)

3

a)

2

2

a)

3

3

8

3

a)

2

a)

4

4

2

0

a)

4

1

0

5

3

2

1

1

1

0

2

3

0

0

0

6

3

5

0

4

4

0

a)

4

a)

a)

5

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

2

5

0

a)

a)

a)

5

4

5

a)

a)

3

a)

a)

a)

5

2

7

9

0

2

1

2

a)

3

a)

1

6

a)

0

4

5

7

4

4

0

6

a)

a)

a)

1

a)

a)

a)

7

0

7

6

6

a)

4

4

a)

a)

6

2

4

4

a)

a)

a)

5

a)

a)

5

a)

a)

7

a)

a)

a)

a)

a)

a)

7

a)

6

a)

a)

6

a)

6

a)

a)

5

8

7

5

8

6

7

7

6

a)

6

4

3

3

5

4

4

4

5

0

3

1

4

a)

a)

a)

a)

a)

5

a)

a)

a)

8

6

a)

6

7

5

6

a)

6

a)

1

6

3

a)

a)

4

a)

a)

a)

a)

9

3

12

1

a)

9

a)

a)

9

a)

a)

a)

a)

a)

a)

8

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

7

a)

a)

8

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

6

a)

a)

a)

a)

a)

a)

4

6

a)

a)

a)

a)

a)

a)

3

a)

a) Saídas profissionais sem cursos e menos de 100 empregados Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

105


O semáforo das saídas profissionais coloca quase todas as NUT III do Centro em situação de risco de saturação e, no caso do Baixo Vouga, e Serra da Estrela, esse risco é elevado. No Pinhal Interior Sul atinge-se a maior intensidade de risco de saturação, dada a extrema rarificação das ofertas para jovens nesta zona do território. A região Centro é, com o Alentejo, uma da que apresentam maior risco de saturação do actual padrão de oferta. Esse valor está associado a forte heterogeneidade entre as sub-regiões, com o Pinhal Interior Sul, a Serra da Estrela e o Baixo Vouga a apresentarem uma situação de muito elevada intensidade de risco de saturação da actual estrutura da oferta.

Tabela 35 - Resultado do semáforo de saídas profissionais por NUT III da região Centro Média ponderada do valor do índice por CNP Baixo Mondego

3

Baixo Vouga

2

Beira Interior Norte

4

Beira Interior Sul

4

Cova da Beira

3

Dão-Lafões

3

Pinhal Interior Norte

3

Pinhal Interior Sul

1

Pinhal Litoral

4

Serra da Estrela

2

Centro

3

Nota: o semáforo varia entre 0 (saturação máxima) e 10 (carência máxima) Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

Em contrapartida, a Beira Interior Norte, a Beira Interior Sul e o Pinhal Litoral apresentam um quadro de risco menor que a média da região.

106


A concentração de alunos em saídas profissionais em risco de saturação

O grau de “afunilamento” das saídas profissionais no Centro é muito elevado, com o conjunto dos novos alunos das modalidades de ensino profissional a orientarem-se para cursos cujas saídas profissionais conduzem apenas a 25,7% do stock de emprego dos diplomados do ensino secundário na região. Mais, 75,9% dos alunos inscreveram-se em cursos cuja saída profissional principal está em situação de risco e de risco elevado de saturação e representa apenas 8,6% do emprego de jovens na região.

Tabela 36 - Resultado do semáforo de saídas profissionais da região Centro segundo os alunos inscritos no 1º ano de curso profissional em 2009/2010 e o emprego de pessoas de 18 a 24 anos com o ensino secundário completo

Índice de saídas profissionais

Alunos inscritos no 1º ano de curso profissional no ano lectivo de 2009/2010

Empregados de 18 a 24 anos e com ensino secundário completo em 2008

Rácio alunos no primeiro ano em 2009/ Empregados em 2008

%

%

(a)

(b)

(c )

(d)

-

-

-

-

884

10,23%

1668

11,36%

0,53

Situação equilibrada (5-6)

1200

13,89%

830

5,65%

1,45

Risco de saturação (3-4)

4521

52,32%

973

6,63%

4,65

2036

23,56%

295

2,01%

6,90

8641

100,00%

3766

25,65%

2,29

-

-

9655

65,75%

-

1263

8,6%

-

14684

100,00%

0,59

Carência muito provável (910) Carência provável (7-8)

Risco elevado de saturação (0-2) Total das profissões com alunos orientados para a saída profissional Total das profissões disponíveis e sem alunos orientados para a saída profissional Total das profissões sem alunos e “indisponíveis” Total

8641

100,00%

(a)/(c) -

Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

107


O desequilíbrio entre oferta e procura à saída é ilustrado pelo rácio entre alunos do primeiro ano e stock de empregados com o ensino secundário. Em termos gerais, não passa dos 0,59 novos alunos por empregado. Mas considerando as saídas profissionais para as quais os cursos se orientam sobe para 2,29 e apenas é inferior a um nas saídas profissionais que o semáforo coloca em situação de carência. Estes rácios implicam uma pressão elevada do ensino profissional sobre o mercado de trabalho nas profissões para as quais os cursos se orientam. Tabela 37 - Saídas profissionais em situação de carência provável e de equilíbrio na região Centro, segundo o número de alunos inscritos no 1º ano do curso profissional no ano lectivo de 2009/2010 e o emprego de pessoas de 18 a 24 anos e com o ensino secundário completo

Índice de saídas profissionais

Carência provável

Situação equilibrada

Profissão (CNP)

Alunos inscritos por saída profissional no 10º ano do ensino profissional (ou 1º ano de curso) em 2009/2010 % % % Nº (Centro) (Total) (NUT I)

Emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo (CNP) em 2008 Nº

% (Centro)

393

2,68%

% (Total)

% (NUT I)

724 - Mecânicos e ajustadores de equipamentos eléctricos e electrónicos

166

512 - Ecónomos e pessoal do serviço de restauração

718

8,31%

5,71%

1275

8,68%

8,60%

256

2,96%

3,31%

193

1,31%

2,59%

127

1,47%

1,71%

420

2,86%

5,50%

77

0,89%

1,06%

20

0,14%

411 - Secretários e operadores de equipamentos de tratamento de informação 422 - Empregados de recepção, de informação e telefonistas 611 - Agricultores e trabalhadores qualificados de culturas agrícolas 516 - Pessoal dos serviços de protecção e segurança 343 - Profissionais de nível intermédio de gestão e administração 322 - Profissionais técnicos da medicina à excepção dos enfermeiros

1,92%

2,27% 10,23%

1,73% 11,36%

13,89%

0,14% 5,65%

38

0,44%

0,73%

57

0,39%

0,37%

559

6,47%

7,23%

92

0,63%

0,78%

143

1,65%

1,09%

48

0,33%

0,60%

Saídas profissionais em situação de carência provável e situação de 2084 24,12% 24,12% 23,12% 2498 17,01% 17,01% 20,30% equilíbrio (5-8) Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

108


Os inscritos nos primeiros anos dos cursos com saídas profissionais em situação de carência provável circunscrevem-se a duas orientações de saída: a dos mecânicos e ajustadores de equipamentos eléctricos e electrónicos (CNP 724) e a dos ecónomos e pessoal do serviço de restauração (CNP 512). Estas duas são as que apresentam melhores perspectivas de desenvolvimento no quadro da região. Os cursos mais relevantes na região, de entre os que se encontram em situação de equilíbrio, são do grupo das saídas tradicionais do ensino profissional, nomeadamente, das áreas da gestão e administração, secretários e operadores de equipamentos de tratamento de informação e empregados de recepção, de informação e telefonistas. Acrescenta-se a este grupo os profissionais técnicos da medicina – à excepção dos enfermeiros. Tabela 38 - Saídas profissionais em situação de equilíbrio na região Centro, segundo o número de alunos inscritos no 1º ano do curso profissional no ano lectivo de 2009/2010 e o emprego de pessoas de 18 a 24 anos e com o ensino secundário completo

Profissão (CNP)

411 - Secretários e operadores de equipamentos de tratamento de informação 422 - Empregados de recepção, de informação e telefonistas 343 - Profissionais de nível intermédio de gestão e administração 322 - Profissionais técnicos da medicina à excepção dos enfermeiros

Total das profissões

Taxa de variação do desemprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo por profissão entre 1998 e 2008

Rácio entre o desemprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo

Rácio entre o número de alunos inscritos no 10º ano do ensino profissional (ou 1º ano de curso) em 2009/2010 e o e emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo

68%

-55%

0,06

1,32

30%

-44%

0,26

0,30

84%

-38%

0,35

6,07

140%

-26%

0,35

2,98

37%

-23%

0,21

0,58

Taxa de variação do emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo na profissão entre 1998 e 2008

Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

109


A situação de equilíbrio dessas saídas profissionais deve-se à evolução favorável da situação do mercado de trabalho na região, no que a elas diz respeito. Em todas houve na década em análise elevado crescimento do emprego e redução do desemprego. Essa situação de relativo equilíbrio está, contudo, ameaçada em alguns casos pela manutenção de um elevado rácio de desemprego e em outros por um rácio entre o número de novos inscritos e o stock de emprego desfavorável. A pressão potencial da oferta actual sobre o emprego à saída põe particularmente em risco o equilíbrio registado no que se refere aos profissionais de nível intermédio de gestão e administração (6 estudantes novos por posto de trabalho existente e 35 desempregados por cada 100 empregados). Os cursos em risco de saturação estão orientados para menos de 8,6% do emprego na região e o número de alunos inscritos no primeiro ano em 2009 quintuplica o número de empregados registados em 2008. Há portanto um sério afunilamento na região Centro da oferta formativa na lógica da procura à saída. Os casos extremos de maior desajustamento estão nas áreas da informática (CNP 312), em conformidade com o padrão nacional, mas também nas áreas dos desenhadores e trabalhadores similares (CNP 3118) e dos técnicos de ciências físico-químicas (CNP 3111). Juntas, estas saídas profissionais concentram perto de um quarto do número de alunos inscritos (23,1%) e menos de 2% do emprego da região gerado nessas áreas. Na região Centro, o panorama das saídas profissionais em situação de risco de saturação está quase totalmente assente no grupo 3 da CNP – técnicos e profissionais de nível intermédio – sendo o grupo para o qual o ensino profissional está tradicionalmente vocacionado.

110


Tabela 39 - Saídas profissionais em situação de risco e de risco elevado de saturação na região Centro, segundo o número de alunos inscritos no 1º ano do curso profissional no ano lectivo de 2009/2010 e o emprego de pessoas de 18 a 24 anos e com o ensino secundário completo Índice de saídas profissionais

Risco de saturação

Profissão (CNP)

% (Centro)

3113 - Técnico de electricidade

891

3114 - Técnico de electrónica e telecomunicações

% (Centro)

10,31%

7,21%

46

0,31%

0,31%

375

4,34%

3,15%

64

0,44%

0,68%

241 - Especialistas de profissões administrativas e comerciais

306

3,54%

4,73%

61

0,42%

0,48%

347 - Profissionais da criação artística, do espectáculo e do desporto

133

1,54%

2,53%

43

0,29%

0,35%

3112 - Técnico de engenharia civil

104

1,20%

0,90%

51

0,35%

0,27%

2

0,02%

0,53%

29

0,20%

0,20%

1073

12,42%

12,45%

335

2,28%

614

7,11%

10,03%

209

1,42%

2,05%

441

5,10%

5,39%

22

0,15%

0,19%

375

4,34%

2,56%

87

0,59%

0,65%

3116 - Técnicos intermédios de química industrial

111

1,28%

1,75%

21

0,14%

0,07%

321 - Técnicos das ciências da vida e da saúde

96

1,11%

1,14%

5

0,03%

0,03%

302

3,49%

3,81%

138

0,94%

0,67%

20

0,23%

0,17%

0

0,00%

0,04%

298

3,45%

2,58%

19

0,13%

312 - Programadores, operadores de informática e trabalhadores similares

1398

16,18%

17,05%

132

0,90%

1,31%

245 - Escritores, artistas e executantes

18

0,21%

0,08%

6

0,04%

0,13%

6557

75,88%

76,09%

1268

8,64%

315 - Inspector de obras, de segurança do trabalho, da saúde e do controlo de qualidade 514 - Outro pessoal dos serviços directos e particulares

313 - Operadores de equipamentos ópticos e electrónicos 3119 - Técnicos de investigação física e química, do fabrico industrial e trabalhadores similares não classificados em outra parte

3118 - Desenhadores e trabalhadores similares 243 - Arquivistas, bibliotecários, documentalistas e profissões similares 3111 - Técnico de ciências fisico-quíimicas

Saídas profissionais em risco de saturação ou em elevado risco de saturação (0-4)

% (Total)

Emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo (CNP) em 2008

% (NUT I)

341 - Profissionais de nível intermédio de finanças e serviços comerciais

Risco elevado de saturação

Alunos inscritos por saída profissional no 10º ano do ensino profissional (ou 1º ano de curso) em 2009/2010

52,32%

23,56%

75,88%

% (Total)

6,63%

2,01%

8,64%

% (NUT I)

1,70%

0,14%

9,27%

Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

111


Entre as principais saídas em risco de saturação estão as ligadas ao grupo dos técnicos de investigação física e química, do fabrico industrial e trabalhadores similares (CNP 311), nomeadamente, das áreas de electricidade (CNP 3113), electrónica e telecomunicações (CNP 3114), investigação física e química do fabrico industrial (CNP 3119), química industrial (3116) e engenharia civil (CNP 3112). Contam-se, ainda, cursos com saídas profissionais ligadas às áreas de finanças e serviços comerciais (CNP 341), operadores de equipamentos ópticos e electrónicos (CNP 313) e profissionais da criação artística, do espectáculo e do desporto (CNP 347). Em linha com a configuração nacional, os cursos do ensino profissional vocacionados para as saídas profissionais da CNP 514 (outro pessoal dos serviços directos e particulares) também revelam alguma saturação na região segundo a óptica da procura à saída. A CNP 241 (especialistas de profissões administrativas e comerciais), que se prende essencialmente com cursos para área do marketing e de organização de eventos, também acusa um significativo risco de saturação. Há que salientar, neste quadro, que três saídas profissionais que apresentam uma situação geralmente preocupante na região, dado o seu peso:

a) A CNP 312, que está em situação de risco elevado, recebeu 16,2% dos alunos inscritos em primeiro ano e representa apenas 0,9% do emprego do grupo; b) A CNP 3113, que está em situação de risco, recebeu 10,3% dos alunos inscritos em primeiro ano e representa apenas 0,3% do emprego do grupo; c) A CNP 514, que está em situação de risco e recebeu 12,5% dos alunos inscritos em primeiro ano e representa apenas 2,3% do emprego do grupo; 112


A agregação de saídas profissionais mudaria as conclusões?

A análise das saídas apropriadas para cada curso (ver tabela 24) segue em relação às saídas profissionais em situação complexa de risco o padrão de não influenciar as conclusões sobre as profissões da informática e tornar menos negativo o valor das profissões comerciais. Ao considerarmos o conjunto das profissões comerciais, o risco de saturação da oferta dilui-se.

Tabela 40 - Saídas profissionais agregadas na região Centro segundo os principais indicadores de evolução

Índice de saídas profissionais (CNP)

Saídas profissionais em situação complexa de risco

Saídas profissionais em situação paradoxal de equilíbrio

Rácio entre o número de alunos inscritos no 10º ano do ensino profissional (ou 1º ano de curso) em 2009/2010 eoe emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo

Profissão (CNP)

Taxa de variação do emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo na profissão entre 1998 e 2008

Taxa de variação do desemprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo por profissão entre 1998 e 2008

Rácio entre o desemprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo e o emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo

312 - Programadores, operadores de informática e trabalhadores similares

-11%

65%

1,71

10,59

Informáticos

-1,81%

46%

1,44

8,58

341 - Profissionais de nível intermédio de finanças e serviços comerciais

-31%

-24%

0,36

2,94

Risco de saturação

Comércio

68,76%

35%

0,14

0,15

Situação equilibrada

343 - Profissionais de nível intermédio de gestão e administração

84%

-38%

0,35

6,08

Situação equilibrada

Gestão e contabilidade

-44,74%

-65%

0,57

0,47

Risco de saturação

241 - Especialistas de profissões administrativas e comerciais

154%

-50%

0,49

5,02

Risco de saturação

Comunicação e marketing

48%

-38%

0,64

3,22

Risco de saturação

Índice de saídas profissionais (agregação de profissões)

Risco elevado de saturação

Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

113


As saídas que considerámos em situação paradoxal de equilíbrio mostram, também, nesta análise, o padrão do Continente, não alterando a situação das profissões de comunicação e marketing e degradando a leitura da situação das profissões ligadas à gestão e contabilidade. No caso da área de comunicação e marketing a situação de risco de saturação é mantida. A contradição entre a variação do emprego na CNP 343 (positiva) e no grupo de saídas profissionais que agregámos na área da gestão e contabilidade (negativa) e o consequente agravamento do risco de desemprego, conduzem este grupo de uma situação equilibrada, embora com grande pressão da oferta sobre a procura potencial, para uma situação de risco de saturação. O alargamento dos perfis de saída para as áreas estratégicas apenas na área do comércio abre, no Centro, novas questões à análise do risco de saturação.

Saídas profissionais com procura à saída e sem cursos com saídas para elas orientadas

As saídas profissionais sem oferta formativa vocacionada constituem uma oportunidade de reorientação na região Centro menor face ao nível do Continente ou mesmo ao do Norte. As

saídas

profissionais

para

as

quais

não

existe

curso

predominantemente orientado podem dividir-se em dois grupos: a) As saídas passíveis de inserir em sentido amplo na oferta existente (saídas apropriadas mas não principais): a. Profissões comerciais (CNP 522 e 911): 3240 empregados; b. Empregados

de

escritório

empregados. 114

(CNP

412

e

413):

1109


b) Oportunidades profissionais para as quais a formação não se orienta: a. Operadores de máquinas industriais (CNP 823 e 828 e 932): 778 empregados

Tabela 41 - Saídas profissionais sem oferta formativa na região Centro, por NUT III Índice de saídas profissionais

Carência muito provável

Carência provável

Situação equilibrada

Emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo em 2008 Beira Interior Norte

Beira Interior Sul

Baixo Mondego

Baixo Vouga

Cova da Beira

DãoLafões

Pinhal Interior Norte

Pinhal Interior Sul

Pinhal Litoral

Serra da Estrela

Total

722 - Forjadores, serralheiros mecânicos e trabalhadores similares

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

115

a)

115

413 - Empregados de aprovisionamento, de planeamento e dos transportes

a)

a)

a)

135

a)

a)

a)

a)

104

a)

239

828 - Trabalhadores da montagem

a)

a)

a)

124

a)

a)

a)

a)

a)

a)

124

743 - Trabalhadores dos têxteis e confecções e trabalhadores similares

a)

a)

a)

a)

a)

108

a)

a)

a)

a)

108

823 - Operadores de máquinas para fabrico de produtos de borracha e matéria plástica

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

104

a)

104

412 - Empregados dos serviços de contabilidade e dos serviços financeiros

a)

a)

147

240

a)

217

a)

a)

266

a)

870

522 - Vendedores e demonstradores

a)

143

834

680

164

567

109

a)

497

a)

2994

932 - Trabalhadores não qualiicados da indústria transformadora

a)

a)

110

306

a)

a)

a)

a)

134

a)

550

911 - Vendedores ambulantes e trabalhadores similares

a)

246

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

a)

246

Total

-

389

1091

1485

164

892

109

-

1220

-

5350

Profissão (CNP)

a) Menos de 100 empregados Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

As possibilidades de reorientação do ensino profissional na região Centro estão, assim, centradas no aprofundamento a referida questão das profissões comerciais e na extensão do ensino profissional à área dos operadores industriais. 115


II.3.3 Lisboa e Vale do Tejo

As saídas profissionais em risco mais elevado de saturação na região de Lisboa e Vale do Tejo são, como nas outras regiões, as do grupo 3 da CNP, embora com níveis do indicador ligeiramente menos desfavoráveis que o Continente em geral. As situações de equilíbrio, carência provável ou muito provável concentram-se essencialmente nos grupos 4 e 5 da CNP, sendo nestes grupos que há maiores possibilidades de expansão da oferta na região. No que se refere às profissões industriais é notório um quadro de desindustrialização, no que se refere às saídas profissional para jovens ao nível do ensino profissional, com excepção da Grande Lisboa. A situação das sub-regiões de Lisboa e Vale do Tejo replica a saturação das saídas das áreas dos programadores, operadores de informática e trabalhadores similares (CNP 312) e dos profissionais de nível intermédio de finanças e serviços comerciais (CNP 341). O comércio é a área com maiores possibilidades de crescimento na óptica do índice que usamos: a saída profissional dos vendedores e demonstradores (CNP 522) em está em situação de carência em todas as sub-regiões de Lisboa. A profissão dos ecónomos e pessoal do serviço de restauração (CNP 512), atingiu o ponto de equilíbrio na Grande Lisboa e no Oeste, mas está em situação de carência nas restantes sub-regiões. A Grande Lisboa apresenta ainda um dinamismo empregador que permite encontrar várias saídas profissionais em situação de carência, em particular na CNP 4 e nas CNP 7/8/9. A região apresenta globalmente um risco moderado de saturação da oferta, sem que nenhuma das sub-regiões entre na zona da saturação mais intensa.

116


Tabela 42 – Resultado do semáforo de saídas profissionais por NUT III da região de Lisboa e Vale do Tejo e saída profissional Grande Lisboa

Lezíria do Tejo

Médio Tejo

Oeste

Península de Setúbal

124 - Directores e gerentes de pequenas empresas

8

a)

a)

a)

a)

213 - Especialistas da informática

9

a)

a)

a)

a)

241 - Especialistas de profissões administrativas e comerciais

7

4

2

6

6

245 - Escritores, artistas e executantes

4

a)

a)

a)

a)

3111 - Técnico de ciências físico-químicas

1

6

1

1

3

3112 - Técnico de engenharia civil

4

a)

4

a)

a)

3113 - Técnico de electricidade

4

5

2

2

4

3114 - Técnico de electrónica e telecomunicações

6

0

a)

a)

3

3116 - Técnicos intermédios de química industrial

2

a)

3

a)

2

3118 - Desenhadores e trabalhadores similares

1

2

4

1

4

3119 - Técnicos de investigação física e química, do fabrico industrial e trabalhadores similares não classificados em outra parte

2

2

6

a)

3

312 - Programadores, operadores de informática e trabalhadores similares

2

2

3

2

1

313 - Operadores de equipamentos ópticos e electrónicos

3

6

3

3

6

315 - Inspector de obras, de segurança do trabalho, da saúde e do controlo de qualidade

3

a)

a)

a)

a)

321 - Técnicos das ciências da vida e da saúde

1

2

a)

1

2

322 - Profissionais técnicos da medicina à excepção dos enfermeiros

9

a)

a)

6

a)

341 - Profissionais de nível intermédio de finanças e serviços comerciais

4

0

2

0

2

343 - Profissionais de nível intermédio de gestão e administração

4

4

7

6

6

347 - Profissionais da criação artística, do espectáculo e do desporto

2

a)

a)

a)

a)

411 - Secretários e operadores de equipamentos de tratamento de informação

9

4

a)

7

9

412 - Empregados dos serviços de contabilidade e dos serviços financeiros

5

5

5

6

4

413 - Empregados de aprovisionamento, de planeamento e dos transportes

5

5

a)

a)

4

414 - Empregados de biblioteca, carteiros e trabalhadores similares

3

a)

a)

a)

a)

419 - Empregados de escritório não classificados em outra parte

7

a)

a)

a)

a)

421 - Caxas, bilheteiros e similares

6

a)

a)

a)

9

422 - Empregados de recepção, de informação e telefonistas

9

a)

7

a)

5

511 - Assistentes, cobradores, guias e trabalhadores similares

8

a)

a)

a)

a)

512 - Ecónomos e pessoal do serviço de restauração

6

7

8

6

7

513 - Vigilantes, assistentes médicos e trabalhadores similares

5

a)

a)

a)

a)

514 - Outro pessoal dos serviços directos e particulares

3

2

2

3

3

516 - Pessoal dos serviços de protecção e segurança

5

a)

9

a)

a)

CNP – Profissões

522 - Vendedores e demonstradores

7

8

8

8

8

611 - Agricultores e trabalhadores qualificados de culturas agrícolas

a)

a)

5

7

a)

612 - Criadores e trabalhadores qualificados do tratamento de animais

3

a)

6

a)

a)

614 - Trabalhadores florestais e similares

2

a)

a)

a)

a)

712 - Trabalhadores da construção civil e obras públicas

6

a)

a)

a)

a)

713 - Trabalhadores da construção civil e similares - acabamentos

4

a)

a)

a)

a)

721 - Moldadores, soldadores, bate-chapas, caldeireiros, montadores de estruturas metálicas e trabalhadores similares

5

a)

a)

a)

a)

722 - Forjadores, serralheiros mecânicos e trabalhadores similares

7

a)

a)

a)

a)

723 - Mecânicos e ajustadores de máquinas

7

a)

a)

a)

a)

724 - Mecânicos e ajustadores de equipamentos eléctricos e electrónicos

2

6

3

a)

4

731 - Mecânicos de precisão, oleiros e vidreiros, artesãos, trabalhadores das artes gráficas e trabalhadores similares

4

a)

a)

a)

a)

734 - Compositores tipográficos e trabalhadores similares

5

a)

a)

a)

a)

741 - Trabalhadores da preparação e confecção de alimentos e bebidas e trabalhadores similares

7

a)

a)

a)

a)

828 - Trabalhadores da montagem

a)

a)

a)

a)

5

832 - Condutores de veículos a motor

5

a)

a)

a)

a)

834 - Mestres, marinheiros e trabalhadores similares

2

a)

a)

a)

a)

911 - Vendedores ambulantes e trabalhadores similares

8

a)

a)

a)

a)

913 - Pessoal de limpeza, lavadeiras, engomadores de roupa e trabalhadores similares

7

a)

a)

a)

a)

915 - Estafetas, bagageiros, porteiros, guardas e trabalhadores similares

7

a)

a)

a)

6

931 - Trabalhadores não qualificados das minas e da construção civil e obras públicas

6

a)

a)

a)

6

932 - Trabalhadores não qualificados da indústria transformadora

3

a)

a)

a)

3

933 - Trabalhadores não qualificados dos transportes

8

a)

a)

a)

a)

a)

Saídas profissionais sem cursos e menos de 100 empregados

Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

117


Tabela 43 - Resultado do semáforo de saídas profissionais por NUT III da região de Lisboa e Vale do Tejo Média ponderada do valor do índice por CNP Grande Lisboa

4

Lezíria do Tejo

3

Médio Tejo

4

Oeste

3

Península de Setúbal

3

Lisboa e Vale do Tejo

4

Nota: o semáforo varia entre 0 (saturação máxima) e 10 (carência máxima) Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

As sub-regiões da Grande Lisboa e do Médio Tejo têm, neste contexto, uma situação mais favorável que as da Lezíria do Tejo, Oeste e Península de Setúbal.

A concentração de alunos em saídas profissionais em risco de saturação

O nível de congestionamento das saídas profissionais para as quais os cursos profissionais orientam é inferior na região de Lisboa e Vale do Tejo ao das outras regiões, embora também seja elevado. O conjunto dos alunos do 1º ano das modalidades de ensino profissional orientamse para cursos cujas saídas profissionais conduzem apenas a 36% do stock de emprego da região. Há ainda que considerar que 74,7% dos alunos inscreveram-se em cursos cuja saída profissional principal está em situação de risco e de risco elevado de saturação e representa apenas 9,8% do emprego de jovens na região.

118


Tabela 44 - Resultado do semáforo de saídas profissionais em Lisboa e Vale do Tejo segundo os alunos inscritos no 1º ano de curso profissional em 2009/2010 e o emprego de pessoas de 18 a 24 anos com o ensino secundário completo

%

%

Rácio alunos no primeiro ano em 2009/ Empregados em 2008

(a)

(b)

(c )

(d)

(a)/(c)

Carência muito provável (910)

511

3,43%

4742

11,49%

0,11

Carência provável (7-8)

1871

12,56%

5188

12,57%

0,36

Situação equilibrada (5-6)

1392

9,35%

887

2,15%

1,57

Risco de saturação (3-4)

5746

38,58%

2214

5,36%

2,60

Risco elevado de saturação (0-2)

5372

36,07%

1813

4,39%

2,96

14892

100,00%

14844

35,96%

1,00

-

-

24850

60,19%

-

-

-

6332

15,34%

Alunos inscritos no 1º ano de curso profissional no ano lectivo de 2009/2010

Índice de saídas profissionais

Total das profissões com alunos orientados para a saída profissional Total das profissões disponíveis e sem alunos orientados para a saída profissional Total das profissões “indisponíveis” e sem alunos

Empregados de 18 a 24 anos e com ensino secundário completo em 2008

14892 100,00% 41284 100,00% 0,36 Total Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

A menor intensidade do desequilíbrio entre oferta e procura à saída nesta região face a outras é ilustrado pelo rácio entre alunos do primeiro ano e stock de empregados com o ensino secundário ser, em termos

gerais

de

0,36

novos

alunos

por

empregado.

Mesmo

considerando as saídas profissionais para as quais os cursos se orientam sobe apenas para 1 e é baixo nas saídas profissionais que o semáforo coloca em situação de carência, atingindo o valor de 0,11 nos cursos em situação de carência muito provável.

119


Tabela 45 - Saídas profissionais em situação de carência provável e muito provável em Lisboa e Vale do Tejo, segundo o número de alunos inscritos no 1º ano do curso profissional no ano lectivo de 2009/2010 e o emprego de pessoas de 18 a 24 anos e com o ensino secundário completo Índice de saídas profissionais

Carência muito provável

Profissão (CNP)

411 - Secretários e operadores de equipamentos de tratamento de informação 422 - Empregados de recepção, de informação e telefonistas 241 - Especialistas de profissões administrativas e comerciais 512 - Ecónomos e pessoal do serviço de restauração

Carência provável

611 - Agricultores e trabalhadores qualificados de culturas agrícolas 322 - Profissionais técnicos da medicina à excepção dos enfermeiros 413 - Empregados de aprovisionamento, de planeamento e dos transportes 734 - Compositores tipográficos e trabalhadores similares

Saídas profissionais em situação de carência provável ou muito provável (710)

Alunos inscritos por saída profissional no 10º ano do ensino profissional (ou 1º ano de curso) em 2009/2010 Nº

% (LVT)

343

2,30%

% (Total)

Emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo (CNP) em 2008

% (NUT I)

% (LVT)

3,31%

1683

4,08%

3,43%

% (Total)

% (NUT I)

2,59% 11,49%

168

1,13%

1,71%

3059

7,41%

5,50%

871

5,85%

4,73%

243

0,59%

0,48%

714

4,79%

5,71%

3339

8,09%

8,60%

109

0,73%

1,06%

65

0,16%

0,14%

107

0,72%

1,09%

281

0,68%

69

0,46%

0,31%

1180

2,86%

2,80%

1

0,01%

0,00%

80

0,19%

0,19%

2382

16,00%

17,93%

9930

24,05%

12,56%

16,00%

12,57%

24,05%

0,60%

20,90%

Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

Existem duas profissões em situação de carência muito provável na região de Lisboa e pertencem ao grupo do pessoal administrativo e similares (CNP 4), sendo os secretários e operadores de equipamentos e tratamento de informação (CNP 411) e os empregados de recepção, de informação e telefonistas (CNP 422). Em situação de carência provável, e de possível alargamento também, estão as saídas profissionais das áreas às quais pertencem os especialistas de profissões administrativas e comerciais (CNP 241), os ecónomos e pessoal do serviço e de restauração (CNP 512) e os

120


empregados de aprovisionamento, de planeamento e dos transportes (CNP 413).

Tabela 46 - Saídas profissionais em situação de equilíbrio em Lisboa e Vale do Tejo, segundo o número de alunos inscritos no 1º ano do curso profissional no ano lectivo de 2009/2010 e o emprego de pessoas de 18 a 24 anos e com o ensino secundário completo Índice de saídas profissionais

Situação equilibrada

Profissão (CNP)

Alunos inscritos por saída profissional no 10º ano do ensino profissional (ou 1º ano de curso) em 2009/2010 % (NUT I)

% (LVT)

6,33%

7,23%

316

0,77%

0,78%

298

2,00%

3,15%

356

0,86%

0,68%

59

0,40%

0,73%

142

0,34%

0,37%

47

0,32%

0,22%

49

0,12%

614 - Trabalhadores florestais e similares

25

0,17%

0,06%

7

0,02%

0,02%

731 - Mecânicos de precisão, oleiros e vidreiros, artesãos, trabalhadores das artes gráficas e trabalhadores similares

20

0,13%

0,08%

17

0,04%

0,05%

1392

9,35%

11,47%

887

2,15%

343 - Profissionais de nível intermédio de gestão e administração 3114 - Técnico de electrónica e telecomunicações 516 - Pessoal dos serviços de protecção e segurança 612 - Criadores e trabalhadores qualificados do tratamento de animais

Saídas profissionais em situação de equilíbrio (5-6)

% (LVT)

943

% (Total)

Emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo (CNP) em 2008

9,35%

9,35%

% (Total)

2,15%

2,15%

% (NUT I)

0,11%

2,01%

Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

Estas quatro saídas profissionais são as que têm perspectivas mais favoráveis de expansão na região. No grupo de situações de equilíbrio, em que a oferta formativa parece corresponder à procura potencial à saída, estão alguns dos cursos tradicionais do ensino profissional de nível secundário. As saídas profissionais na zona de equilíbrio entre oferta e procura à saída na região de Lisboa tenderão a permanecer em equilíbrio se o dinamismo do mercado de trabalho se mantiver.

121


Tabela 47 - Saídas profissionais em situação de equilíbrio em Lisboa e Vale do Tejo segundo os principais indicadores de evolução

Profissão (CNP)

343 - Profissionais de nível intermédio de gestão e administração 3114 - Técnico de electrónica e telecomunicações

Total das profissões

Taxa de variação do emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo na profissão entre 1998 e 2008

Taxa de variação do desemprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo por profissão entre 1998 e 2008

Rácio entre o desemprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo

Rácio entre o número de alunos inscritos no 10º ano do ensino profissional (ou 1º ano de curso) em 2009/2010 e o e emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo

12%

-81%

0,06

2,98

50%

-44%

0,08

0,83

3%

-54%

0,10

0,36

Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

A pressão potencial da oferta actual sobre o emprego à saída não é elevada e os cursos em situação de equilíbrio com maior peso na região (profissionais de nível intermédio de gestão e administração e técnico de electrónica e telecomunicações) tiveram uma variação favorável do emprego e do desemprego na década, assim como apresentam baixos rácios desemprego/emprego. Aproximadamente três quartos dos alunos do ensino profissional na região de Lisboa estão inscritos em cursos cujas saídas profissionais são as de maior risco de saturação. Estes cursos, numa lógica de procura à saída pelas empresas, estão vocacionados para menos de 10% do emprego na região. Noutra perspectiva, verifica-se que o número de alunos inscritos no primeiro ano em 2009 quase triplica o número de postos de trabalho disponíveis em 2008.

122


Tabela 48 - Saídas profissionais em situação de risco e de risco elevado em Lisboa e Vale do Tejo, segundo o número de alunos inscritos no 1º ano do curso profissional no ano lectivo de 2009/2010 e o emprego de pessoas de 18 a 24 anos e com o ensino secundário completo

Índice de saídas profissionais

Profissão (CNP)

341 - Profissionais de nível intermédio de finanças e serviços comerciais

Risco de saturação

Risco elevado de saturação

3112 - Técnico de engenharia civil 245 - Escritores, artistas e executantes 514 - Outro pessoal dos serviços directos e particulares 3113 - Técnico de electricidade 313 - Operadores de equipamentos ópticos e electrónicos 312 - Programadores, operadores de informática e trabalhadores similares 724 - Mecânicos e ajustadores de equipamentos eléctricos e electrónicos 347 - Profissionais da criação artística, do espectáculo e do desporto 3119 - Técnicos de investigação física e química, do fabrico industrial e trabalhadores similares não classificados em outra parte 315 - Inspector de obras, de segurança do trabalho, da saúde e do controlo de qualidade 834 - Mestres, marinheiros e trabalhadores similares 3118 - Desenhadores e trabalhadores similares 3111 - Técnico de ciências físico-químicas 3116 - Técnicos intermédios de química industrial 321 - Técnicos das ciências da vida e da saúde

Saídas profissionais em situação de risco de saturação e elevado risco de saturação (0-4)

Alunos inscritos por saída profissional no 10º ano do ensino profissional (ou 1º ano de curso) em 2009/2010 % (NUT I)

% (LVT)

11,97%

10,03%

1252

3,03%

2,05%

108

0,73%

0,90%

93

0,23%

0,27%

20

0,13%

0,08%

67

0,16%

% (LVT)

1782

% (Total)

Emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo (CNP)

38,58%

% (Total)

% (NUT I)

0,13% 5,36%

2084

13,99%

12,45%

598

1,45%

1,70%

910

6,11%

7,21%

107

0,26%

0,31%

842

5,65%

5,39%

97

0,23%

0,19%

2595

17,43%

17,05%

729

1,77%

1,31%

447

3,00%

2,27%

494

1,20%

1,73%

419

2,81%

2,53%

73

0,18%

0,35%

340

2,28%

2,56%

242

0,59%

0,65%

36,07%

4,39%

166

1,11%

0,53%

56

0,14%

0,20%

23

0,15%

0,05%

3

0,01%

0,01%

653

4,38%

3,81%

148

0,36%

0,67%

319

2,14%

2,58%

41

0,10%

0,14%

229

1,54%

1,75%

17

0,04%

0,07%

181

1,22%

1,14%

10

0,02%

0,03%

11118

74,66%

70,35%

4027

9,75%

74,66%

9,75%

9,80%

Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

Assim, os cursos do ensino profissional com maior desajustamento na procura à saída em Lisboa e Vale do Tejo aproximam-se ao padrão 123


nacional pois pertencem maioritariamente ao grupo dos profissionais e técnicos de nível intermédio (CNP 3). Entre as saídas profissionais em elevado risco de saturação mais problemáticas destacamos as profissões dos programadores, operadores de informática e trabalhadores similares (CNP 312), dos desenhadores e trabalhadores similares (CNP 3118), dos mecânicos e ajustadores de equipamentos eléctricos e electrónicos (CNP 724) e dos profissionais da criação artística, do espectáculo e do desporto (CNP 347) que em conjunto representam 27,1% das inscrições no primeiro ano e 3,5% do emprego na região. Num nível menos extremo de desajustamento estão saídas profissionais em risco de saturação, em que as mais significativas são de cursos vocacionados para a CNP 514 (Outro pessoal dos serviços directos e particulares) e para a CNP 341 (profissionais de nível intermédio de finanças e serviços comerciais). A estas acrescentam-se mais duas que, embora com menos peso quantitativo

que

as

primeiras,

representam

ainda

um

número

significativo de alunos inscritos em cursos do ensino profissional na região. São elas a CNP 3113 (técnicos de electricidade) e a CNP 313 (operadores de equipamentos ópticos de electrónicos). As saídas profissionais em que o semáforo indica risco de saturação acompanham em termos genéricos o padrão detectado para o Continente. Há que salientar, neste quadro, três saídas profissionais que apresentam uma situação geralmente preocupante na região:

a) A CNP 312, que está em situação de risco elevado, recebeu 17,4% dos alunos inscritos em primeiro ano e representa apenas 1,8% do emprego do grupo; b) A CNP 514, que está em situação de risco elevado, recebeu 14,0% dos alunos inscritos em primeiro ano e representa apenas 1,5% do emprego do grupo; 124


c) A CNP 341, que está em situação de risco e recebeu 12,0 % dos alunos inscritos em primeiro ano e representa apenas 3,0 % do emprego do grupo;

A agregação de saídas profissionais mudaria as conclusões?

A análise das saídas apropriadas para cada curso (ver tabela 24) das saídas profissionais em situação complexa de risco reflecte na região o padrão nacional. A situação complexa de risco nas profissões ligadas à informática mantém-se e a avaliação das saídas profissionais do comércio transforma-se. Nas profissões do comércio, a consideração do leque alargado de saídas permite – tal como acontece na Região do Norte - a passagem de um cenário de situação de risco para um de situação de carência provável. As evoluções na variação do emprego e do rácio da relação entre a procura à entrada e a procura à saída são os indicadores que mais contribuem para esta transformação. As saídas que considerámos em situação paradoxal de equilíbrio mostram na região um padrão diferente do continental. No caso das profissões ligadas à gestão e contabilidade, a perspectiva mantém-se. Apesar de o indicador do emprego se degradar, esse movimento não influência o resultado do índice significativamente. No caso da área de comunicação e marketing o0 comportamento da região tem uma dinâmica própria, dado a variação do emprego ser menos positiva que a da saída específica e consequentemente se agravar o risco de desemprego. Consequentemente, neste caso, o resultado passa de assinalar uma carência provável para uma situação equilibrada.

125


Tabela 49 - Saídas profissionais agregadas em Lisboa e Vale do Tejo segundo os principais indicadores de evolução

Profissão (CNP)

Taxa de variação do emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo na profissão entre 1998 e 2008

Taxa de variação do desemprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo por profissão entre 1998 e 2008

Rácio entre o desemprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo e o emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo

Rácio entre o número de alunos inscritos no 10º ano do ensino profissional (ou 1º ano de curso) em 2009/2010 e o e emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo

312 - Programadores, operadores de informática e trabalhadores similares

-19%

-7%

0,39

3,56

Informáticos

-6,88%

-9%

0,31

2,74

341 - Profissionais de nível intermédio de finanças e serviços comerciais

-15%

-31%

0,07

1,42

Risco de saturação

Comércio

29%

-29%

0,07

0,14

Carência provável

343 - Profissionais de nível intermédio de gestão e administração

12%

-81%

0,07

2,98

Situação equilibrada

Gestão e contabilidade

-50,7%

-79%

0,20

0,22

Situação equilibrada

241 - Especialistas de profissões administrativas e comerciais

47%

-89%

0,10

3,58

Carência provável

Comunicação e marketing

15%

-78%

0,17

2,18

Situação equilibrada

Índice de saídas profissionais (CNP)

Saídas profissionais em situação complexa de risco

Saídas profissionais em situação paradoxal de equilíbrio

Índice de saídas profissionais (agregação de profissões)

Risco elevado de saturação

Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

Saídas profissionais com procura à saída e sem cursos com saídas para elas orientadas

A

questão

da

classificação

das

saídas

profissionais

afecta

significativamente os resultados que se encontram a este nível. Como se escreveu no ponto supra, há saídas profissionais para as quais os cursos não estão prioritariamente orientados, mas que são saídas reais de cursos existentes no mercado de trabalho. Essas saídas apropriadas, mas não principais, surgem agora do lado das profissões para as quais não existem cursos orientados, levantando a questão das classificações das saídas dos cursos. 126


Tabela 50 - Saídas profissionais sem oferta formativa na região de Lisboa e Vale do Tejo por NUT III Índice de saídas profissionais Carência muito provável

Emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo em 2008 Profissão (CNP)

Grande Lisboa

Lezíria do Tejo

Médio Tejo

Oeste

Península de Setúbal

Total

179

a)

a)

a)

a)

179

258

a)

a)

a)

a)

258

254

a)

a)

a)

a)

254

911 - Vendedores ambulantes e trabalhadores similares

297

a)

a)

a)

a)

297

933 - Trabalhadores não transportes

239

a)

a)

a)

a)

239

6524

471

501

767

1999

10262

592

a)

a)

a)

a)

592

722 - Forjadores, serralheiros mecânicos e trabalhadores similares

122

a)

a)

a)

a)

122

723 - Mecânicos e ajustadores de máquinas

211

a)

a)

a)

a)

211

741 - Trabalhadores da preparação e confecção de alimentos e bebidas e trabalhadores similares

165

a)

a)

a)

a)

165

913 - Pessoal engomadores de similares

471

a)

a)

a)

a)

471

915 - Estafetas, bagagiros, porteiros, guardas e trabalhadores similares

1076

a)

a)

a)

114

1190

931 - Trabalhadores não qualiicados das minas e da construção civil e obras públicas

190

a)

a)

a)

104

294

421 - Caxas, bilheteiros e similares

720

a)

a)

a)

214

934

712 - Trabalhadores da construção civil e obras públicas

211

a)

a)

a)

a)

211

412 - Empregados dos serviços de contabilidade e dos serviços financeiros

2674

174

181

381

307

3717

443

a)

a)

a)

a)

443

179

a)

a)

a)

a)

179

a)

a)

a)

a)

117

117

832 - Condutores de veículos a motor

162

a)

a)

a)

a)

162

713 - Trabalhadores da construção civil e similares - acabamentos

147

a)

a)

a)

a)

147

414 - Empregados de biblioteca, carteiros e trabalhadores similares

231

a)

a)

a)

a)

231

414

a)

a)

a)

114

528

15759

645

682

1148

2969

21203

213 - Especialistas da informática 124 - Directores e empresas

gerentes de

511 - Assistentes, cobradores, trabalhadores similares

pequenas

guias

e

qualificados dos

522 - Vendedores e demonstradores 419 Empregados de classificados em outra parte Carência provável

Situação equilibrada

escritório

não

de limpeza, lavadeiras, roupa e trabalhadores

513 - Vigilantes, assistentes trabalhadores similares

médicos

e

721 - Moldadores, soldadores, bate-chapas, caldeireiros, montadores de estruturas metálicas e trabalhadores similares 828 - Trabalhadores da montagem

Risco de saturação

932 - Trabalhadores não indústria transformadora Total

qualiicados

da

a) Menos de 100 empregados Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

127


As saídas profissionais, da região de Lisboa, para as quais não existe curso principalmente vocacionado podem dividir-se em três grupos: a) As saídas passíveis de inserir em sentido amplo na oferta existente (saídas apropriadas mas não principais): a. Profissões comerciais (CNP 131, 421, 522 e 911): 11721 empregados; b. Empregados de escritório (CNP 412, 414 e 419): 4540 empregados; b) Oportunidades profissionais para as quais a formação não se orienta: a. Operadores de instalações industriais e de máquinas industriais (CNP 828, 832 e 932): 807 empregados; b. Trabalhadores da construção civil e obras públicas (CNP 712, 713 e 931): 652 empregados; c. Moldadores, Montadores

Soldadores, de

Bate-Chapas,

Estruturas

Metálicas

Caldeireiros, (CNP

721),

Serralharia mecânica e similares (CNP 722) e mecânicos e ajustadores de máquinas (CNP 723): 512 empregados; c) Saídas profissionais de nicho: a. Estafetas, porteiros, guardas e similares (CNP 915): 1190 empregados; Os cursos orientados para as profissões ligadas ao comércio e ao grupo dos empregados de escritório reforçam a necessidade de se voltar à questão dos perfis de saída, de erros de classificação por parte das empresas e eventuais questões de aprofundamento a levar a cabo em estudo

futuro.

Estes

dois

grupos

representam

um

não

pouco

significativo número de empregados e que, possivelmente, estarão a absorver alunos cuja formação poderá vir da mesma “família”.

128


Além destes, também comum valor significativo, a possibilidade das saídas profissionais de nicho ligada aos estafetas, porteiros, guardas e similares deixa questões que se poderiam prender com a actualização das qualificações exigidas actualmente no mercado de trabalho e com a formação necessária para desempenhar tais funções.

II.3.4 Alentejo

Os resultados do semáforo das saídas profissionais nas sub-regiões do Alentejo, analisados de forma integrada na tabela, colocam também esta região no mesmo padrão de saturação intensa das profissões do grupo 3 da CNP que o Continente, globalmente considerado. Existe uma maior aglomeração de casos em situação de equilíbrio ou potencial carência nos grupos da CNP 5 (profissionais dos serviços e vendedores) e CNP 6 (agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura e pescas). A análise por NUT III deixa ainda evidente a Total não industrialização da região. Apenas uma profissão do grupo 7 tem mais de 100 empregados em qualquer das suas NUT III. Na óptica das saídas profissionais, verifica-se que em todas as quatro sub-regiões do Alentejo os grupos dos técnicos intermédios de química industrial (CNP 3116) e dos programadores, operadores de informática e trabalhadores similares (CNP 312) encontram-se em situação extrema de risco de saturação, este último em paralelo com o padrão nacional, como se tem vindo a verificar. A profissão dos ecónomos e pessoal do serviço (CNP 512) de restauração é a que surge com maior carência, em particular no Alto Alentejo, Baixo Alentejo e Alentejo Litoral, reflectindo o dinamismo turístico destas subregiões.

129


Os profissionais de nível intermédio de gestão e administração são uma excepção no Grupo 3 da CNP, encontrando-se em situação de provável carência no Alentejo Litoral e Alto Alentejo.

Tabela 51 – Resultado do semáforo de saídas profissionais por NUT III da região Alentejo e saída profissional Alentejo central

CNP - Profissões

Alentejo Litoral

Alto Alentejo

Baixo Alentejo

241 - Especialistas de profissões administrativas e comerciais

3

5

a)

1

3111 - Técnico de ciências físico-químicas

a)

a)

a)

3

3112 - Técnico de engenharia civil

4

a)

a)

a)

3113 - Técnico de electricidade

a)

4

3

3

3114 - Técnico de electrónica e telecomunicações

1

4

a)

a)

3116 - Técnicos intermédios de química industrial

0

2

0

2

3118 - Desenhadores e trabalhadores similares

3

a)

a)

1

3119 - Técnicos de investigação física e química, do fabrico industrial e trabalhadores similares não classificados em outra parte

3

a)

5

a)

312 - Programadores, operadores de informática e trabalhadores similares

2

1

2

2

313 - Operadores de equipamentos ópticos e electrónicos

1

a)

1

0

a)

a)

2

a)

315 - Inspector de obras, de segurança do trabalho, da saúde e do controlo de qualidade 321 - Técnicos das ciências da vida e da saúde

a)

a)

a)

0

322 - Profissionais técnicos da medicina à excepção dos enfermeiros

a)

a)

5

a)

341 - Profissionais de nível intermédio de finanças e serviços comerciais

4

1

0

0

343 - Profissionais de nível intermédio de gestão e administração

5

7

7

5

411 - Secretários e operadores de equipamentos de tratamento de informação

a)

a)

0

4

422 - Empregados de recepção, de informação e telefonistas

8

3

a)

4

512 - Ecónomos e pessoal do serviço de restauração

4

8

8

7

514 - Outro pessoal dos serviços directos e particulares

2

a)

3

2

516 - Pessoal dos serviços de protecção e segurança

1

4

a)

5

522 - Vendedores e demonstradores

4

6

6

6

611 - Agricultores e trabalhadores qualificados de culturas agrícolas

2

6

a)

2

612 - Criadores e trabalhadores qualificados do tratamento de animais

a)

a)

8

a)

724 - Mecânicos e ajustadores de equipamentos eléctricos e electrónicos

7

2

4

5

a) Saídas profissionais sem cursos e menos de 100 empregados Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

As profissões CNP 422 (empregados de recepção, de informação e telefonistas) e CNP 724 (mecânicos e ajustadores de equipamentos eléctricos e electrónicos) encontram-se em situação de carência no Alentejo Central, assim como os criadores e trabalhadores qualificados do tratamento de animais no Alto Alentejo.

130


A região do Alentejo apresenta um elevado nível de saturação da actual estrutura de oferta e poucas oportunidades para a sua diversificação. A saturação, gerada pela elevada concentração de alunos em cursos cujas saídas profissionais estão saturadas, leva ao ponto em que o número de alunos inscritos chega a ser superior aos lugares disponíveis no mercado de trabalho no Baixo Alentejo. A oferta na região Alentejo está muito saturada, sendo a situação ainda mais desfavorável no Alentejo Central e Baixo Alentejo.

Tabela 52 - Resultado do semáforo de saídas profissionais por NUT III da região Alentejo Média ponderada do valor do índice por CNP Alto Alentejo

3

Alentejo Central

2

Alentejo Litoral

3

Baixo Alentejo

2

Alentejo

3

Nota: o semáforo varia entre 0 (saturação máxima) e 10 (carência máxima) Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

A concentração de alunos em saídas profissionais em risco de saturação

Os inscritos no primeiro ano dos cursos de ensino profissional circunscrevem-se a saídas profissionais orientadas para 35% do stock de emprego dos diplomados do ensino secundário, o que, dada a exiguidade do mercado de trabalho na região, é um sinal da existência de sinais de diversificação da oferta. Apesar disso, os alunos continuam a frequentar cursos cujas saídas profissionais estão orientadas para profissões com baixo peso no 131


emprego

e

que

o

semáforo

de

saídas

profissionais

considera

apresentarem riscos significativos de saturação: 69,9% dos inscritos estão em cursos com risco ou risco elevado de saturação e orientam para 6,0% do emprego dos jovens com ensino secundário. Esta enorme concentração é um indicador de grande risco para a sustentabilidade da oferta na região. Tabela 53 - Resultado do semáforo de saídas profissionais no Alentejo segundo os alunos inscritos no 1º ano de curso profissional em 2009/2010 e o emprego de pessoas de 18 a 24 anos com o ensino secundário completo

%

%

Rácio alunos no primeiro ano em 2009/ Empregados em 2008

(a)

(b)

(c )

(d)

(a)/(c)

-

-

-

-

-

Carência provável (7-8)

529

22,64%

976

27,01%

0,54

Situação equilibrada (5-6)

175

7,49%

74

2,05%

2,36

Risco de saturação (3-4)

401

17,16%

57

1,58%

7,04

Risco elevado de saturação (0-2)

1232

52,72%

158

4,37%

7,80

Total das profissões com alunos orientados para a saída profissional

2337

100,00%

1265

35,01%

1,85

-

-

1004

27,79%

-

-

-

1344

37,20%

-

2337

100,00%

3613

100,00%

0,65

Índice de saídas profissionais

Carência muito provável (910)

Total das profissões disponíveis e sem alunos orientados para a saída profissional Total das profissões sem alunos e “indisponíveis” Total

Alunos inscritos no 1º ano de curso profissional no ano lectivo de 2009/2010

Empregados de 18 a 24 anos e com ensino secundário completo em 2008

Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

A pequena dimensão do mercado de trabalho é um dado essencial da caracterização do Alentejo. Essa dimensão implica a existência de uma proporção significativa de profissões para as quais não há cursos que orientem, mas também não se atinge ao nível de uma NUT III o limiar crítico mínimo para justificar uma nova oferta profissional.

132


Tabela 54 - Saídas profissionais em situação de carência provável e de equilíbrio no Alentejo, segundo o número de alunos inscritos no 1º ano do curso profissional no ano lectivo de 2009/2010 e o emprego de pessoas de 18 a 24 anos e com o ensino secundário completo Índice de saídas profissionais

Carência provável

Situação equilibrada

Profissão (CNP)

512 - Ecónomos e pessoal do serviço de restauração 422 - Empregados de recepção, de informação e telefonistas 724 - Mecânicos e ajustadores de equipamentos eléctricos e electrónicos 343 - Profissionais de nível intermédio de gestão e administração 611 - Agricultores e trabalhadores qualificados de culturas agrícolas 612 - Criadores e trabalhadores qualificados do tratamento de animais 322 - Profissionais técnicos da medicina à excepção dos enfermeiros 3119 - Técnicos de investigação física e química, do fabrico industrial e trabalhadores similares não classificados em outra parte 241 - Especialistas de profissões administrativas e comerciais 411 - Secretários e operadores de equipamentos de tratamento de informação

Alunos inscritos por saída profissional no 10º ano do ensino profissional (ou 1º ano de curso) em 2009/2010 % % % Nº (Alentejo) (Total) (NUT I)

Emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo (CNP) em 2008 % % % Nº (Alentejo) (Total) (NUT I)

132

5,65%

5,71%

333

9,22%

8,60%

62

2,65%

1,71%

349

9,66%

5,50%

51

2,18%

2,27%

204

5,65%

1,73%

139

5,95%

7,23%

32

0,89%

75

3,21%

1,06%

7

0,19%

0,14%

56

2,40%

0,22%

21

0,58%

0,11%

14

0,60%

1,09%

30

0,83%

0,60%

21

0,90%

2,56%

23

0,64%

0,65%

125

5,35%

4,73%

17

0,47%

29

1,24%

3,31%

34

0,94%

22,64%

7,49%

27,01%

2,05%

0,78%

0,48%

2,59%

Saídas profissionais em situação de carência provável ou muito provável e 704 30,12% 30,12% 29,89% 1050 29,06% 29,06% 21,17% situação de equilíbrio (5-8) Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

O rácio entre alunos do primeiro ano e stock de empregados com o ensino secundário não passa, mm termos gerais, dos 0,65 novos alunos por empregado. Mas considerando as saídas profissionais para as quais os cursos se orientam sobe para 1,85 e apenas é inferior a um na única saída profissional que o semáforo coloca em situação de carência provável. Esta, no entanto, representa 22,7% dos alunos e 27,1% dos empregos, sinal relativamente positivo quando comparado com os indicadores de outras regiões e tendo em atenção a exiguidade dos mercados de trabalho da região. 133


Na região há três saídas profissionais em que se combina um limiar mínimo de emprego e boas indicações do semáforo para expansão da oferta de formação: os ecónomos e pessoal do serviço de restauração (CNP 512), os empregados de recepção, de informação e telefonistas (CNP 422) e os mecânicos, e ajustadores de equipamentos eléctricos e electrónicos (CNP 724). No conjunto de situações de equilíbrio apenas se registam 3 áreas profissionais, das quais a mais relevante é a dos especialistas de profissões administrativas e comerciais (CNP 241).

Tabela 55 - Saídas profissionais em situação de equilíbrio no Alentejo segundo os principais indicadores de evolução

Profissão (CNP)

Taxa de variação do emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo na profissão entre 1998 e 2008

Taxa de variação do desemprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo por profissão entre 1998 e 2008

Rácio entre o desemprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo

Rácio entre o número de alunos inscritos no 10º ano do ensino profissional (ou 1º ano de curso) em 2009/2010 e o e emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo

241 - Especialistas de profissões administrativas e comerciais

750%

-60%

0,47

7,35

Total das profissões

36%

-50%

0,28

0,64

Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

A situação de equilíbrio que o índice sugere é, no entanto, enganosa e resultante da enorme variabilidade dos pequenos números. Na região há apenas 17 trabalhadores na profissão pertencentes ao grupo-alvo e o rácio de desempregados por empregado mantém-se elevado.

134


Tabela 56 - Saídas profissionais em situação de risco e de risco elevado no Alentejo, segundo o número de alunos inscritos no 1º ano do curso profissional no ano lectivo de 2009/2010 e o emprego de pessoas de 18 a 24 anos e com o ensino secundário completo Índice de saídas profissionais

Risco de saturação

Risco elevado de saturação

Profissão (CNP)

3113 - Técnico de electricidade 516 - Pessoal dos serviços de protecção e segurança 3112 - Técnico de engenharia civil 315 - Inspector de obras, de segurança do trabalho, da saúde e do controlo de qualidade 3116 - Técnicos intermédios de química industrial 321 - Técnicos das ciências da vida e da saúde 312 - Programadores, operadores de informática e trabalhadores similares 514 - Outro pessoal dos serviços directos e particulares 3114 - Técnico de electrónica e telecomunicações 3118 - Desenhadores e trabalhadores similares 3111 - Técnico de ciências fisico-quíimicas 341 - Profissionais de nível intermédio de finanças e serviços comerciais 313 - Operadores de equipamentos ópticos e electrónicos

Saídas profissionais em situação de risco de saturação e elevado risco de saturação (0-4)

Alunos inscritos por saída profissional no 10º ano do ensino profissional (ou 1º ano de curso) em 2009/2010 Nº

% (Alentejo)

161

% (Total)

Emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo (CNP) em 2008

% (NUT I)

% (Alentejo)

6,89%

7,21%

11

0,30%

0,31%

101

4,32%

0,73%

21

0,58%

0,37%

22

0,94%

0,90%

11

0,30%

0,27%

1

0,04%

0,53%

9

0,25%

95

4,07%

1,75%

2

0,06%

0,07%

21

0,90%

1,14%

3

0,08%

0,03%

346

14,81%

17,05%

29

0,80%

1,31%

249

10,65%

12,45%

52

1,44%

1,70%

55

2,35%

3,15%

6

0,17%

0,68%

31

1,33%

3,81%

11

0,30%

22

0,94%

2,58%

13

0,36%

0,14%

311

13,31%

10,03%

46

1,27%

2,05%

218

9,33%

5,39%

1

0,03%

0,19%

1633

69,88%

66,75%

215

5,95%

17,16%

52,72%

69,88%

% (Total)

% (NUT I)

1,58%

4,37%

5,95%

Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

A pressão da oferta actual sobre o emprego à saída põe em risco o referido equilíbrio nesta saída profissional (mais de 7 estudantes novos por posto de trabalho existente e 47 desempregados por cada 100 empregados). As situações de maior desajustamento no Alentejo estão, como em todo o país, nas saídas profissionais dos profissionais e técnicos de nível intermédio (CNP 3). Aproximadamente 70% dos alunos na região estão 135

0,20%

0,67%

7,98%


inscritos em cursos com saídas profissionais saturadas o que, na óptica da procura à saída pelas empresas, revela uma orientação da oferta formativa para apenas 5,9% das possibilidades de emprego na área. A situação revela-se ainda mais preocupante quando verificamos que o número Total de alunos inscritos em 2009 é quase oito vezes superior ao emprego de jovens na região. As saídas profissionais em situação extrema de risco são as que se enquadram nas profissões da área da informática (CNP 312), dos profissionais de nível intermédio de finanças e serviços comerciais (CNP 341), dos serviços directos e particulares (CNP 514) e os operadores de equipamentos

ópticos

e

electrónicos

(CNP

313).

Em

conjunto,

representam quase metade (48,1%) das inscrições de novos formandos e apenas 3,5% do emprego nas sub-regiões do Alentejo. Nos casos menos extremos de risco encontram-se saídas profissionais dos grupos dos técnicos de electricidade (CNP 3113) e do pessoal dos serviços de protecção e segurança (CNP 516) que apresentam problemas de grande desajustamento entre a oferta formativa e a procura à saída na região. As saídas profissionais em que o semáforo indica risco de saturação acompanham em termos genéricos o padrão detectado para o Continente. Há que salientar, neste quadro, três saídas profissionais que apresentam uma situação geralmente preocupante na região:

a) A CNP 312, que está em situação de risco elevado, recebeu 14,8% dos alunos inscritos em primeiro ano e representa apenas 0,8% do emprego do grupo; b) A CNP 341, que está em situação de risco elevado e recebeu 13,3 % dos alunos inscritos em primeiro ano e representa apenas 1,3 % do emprego do grupo; c) A CNP 514, que está em situação de risco elevado, recebeu 10,7% dos alunos inscritos em primeiro ano e representa apenas 1,4% do emprego do grupo; 136


d) A CNP 313, que está em situação de risco elevado, recebeu 9,3% dos alunos inscritos em primeiro ano e representa apenas 0,03% do emprego do grupo; A agregação de saídas profissionais mudaria as conclusões?

A análise das saídas apropriadas para cada curso (ver tabela 24) reflecte na região o padrão nacional. A situação complexa de risco nas profissões ligadas à informática mantém-se e a avaliação das saídas profissionais do comércio transforma-se.

Tabela 57 - Saídas profissionais agregadas no Alentejo segundo os principais indicadores de evolução

Índice de saídas profissionais (CNP)

Saídas profissionais em situação complexa de risco

Profissão (CNP)

Rácio entre o número de alunos Taxa de Rácio entre o inscritos no Taxa de variação do desemprego 10º ano do variação do desemprego de jovens de ensino emprego de de jovens de 18 a 24 anos profissional jovens de 18 a 18 a 24 com ensino (ou 1º ano 24 anos com anos com secundário de curso) ensino ensino completo e o em secundário secundário emprego de 2009/2010 completo na completo jovens de 18 a e o emprego profissão por 24 anos com de jovens de entre 1998 e profissão ensino 18 a 24 2008 entre 1998 e secundário anos com 2008 completo ensino secundário completo

312 - Programadores, operadores de informática e trabalhadores similares

123%

304%

3,21

11,93

Informáticos

84,2%

300%

2,74

9,89

341 - Profissionais de nível intermédio de finanças e serviços comerciais

-19%

-3%

0,65

6,76

Comércio

19,5%

-27%

0,14

0,37

220%

-54%

0,19

4,34

-41,7%

-79%

0,84

0,50

750%

-60%

0,47

7,35

Saídas 343 - Profissionais de nível profissionais intermédio de gestão e em situação administração paradoxal de equilíbrio Gestão e contabilidade 241 - Especialistas de profissões administrativas e comerciais

Índice de saídas profissionais (agregação de profissões)

Risco elevado de saturação Risco elevado de saturação Situação equilibrada Carência provável Risco de saturação Situação equilibrada

Risco de Comunicação e 60% -51% 0,71 5,21 saturação marketing Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

137


Nas profissões do comércio, a consideração do leque alargado de saídas permite a passagem de um cenário de situação de risco para a situação de equilíbrio, dada a variação positiva do emprego do grupo alargado de saídas profissionais contrastar com a da saída profissional específica. As saídas que considerámos em situação paradoxal de equilíbrio mostram ambas tendência negativa. Em ambas, somente o rácio entre o número de alunos e o emprego sofre alteração positiva, destacando-se, para a área da gestão e contabilidade, a significativa diminuição de 4,34 para 0,50. Em ambas também, a vulnerabilidade ao desemprego é maior no grupo alargado de profissões do que na saída específica.

Saídas profissionais com procura à saída e sem cursos com saídas para elas orientadas

As saídas profissionais, na região, para as quais não existe curso predominantemente orientado resumem-se ao grupo da profissão dos vendedores de demonstradores (CNP 522), com um volume de 663 empregados, possivelmente passível de ser inserida num sentido mais amplo da oferta existente em profissões comerciais (saídas apropriadas mas não principais).

Tabela 58 - Saídas profissionais sem oferta formativa no Alentejo por NUT III Índice de saídas profissionais

Risco saturação

de

Profissão (CNP)

Alto Alentejo

Alentejo Central

Alentejo Litoral

Baixo Alentejo

Total

522 - Vendedores e demonstradores

142

270

108

143

663

Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

138


A não existência de mais saídas profissionais sem oferta formativa no Alentejo parece-nos uma questão mais relacionada com a dinâmica do mercado de trabalho regional.

II.3.5 Algarve

O Algarve não tem sub-regiões. Tal como as restantes regiões, a concentração de saídas profissionais em situação de risco de saturação ou de elevado risco de saturação verifica-se no grupo 3 da CNP. Os casos de equilíbrio, carência provável ou muito provável encontramse

nos

restantes

grupos

da

CNP

com

profissões

na

região,

demonstrando algumas possibilidades de reorientação da oferta na região. Na óptica das saídas profissionais, o grupo dos programadores, operadores de informática e trabalhadores

similares

(CNP 312)

encontra-se, tal como em todas as outras regiões, em situação extrema de risco de saturação, seguindo o padrão nacional. O mesmo ocorre na região com os técnicos de ciências físico-químicas (CNP 3111), com os operadores de equipamentos ópticos e electrónicos (CNP 313) e os profissionais de nível intermédio de finanças e serviços comerciais (CNP 341).

Por sua vez, em situação de carência muito provável estão as profissões ligadas à área dos caixas, bilheteiros e similares (CNP 421) dando conta de um possível alargamento da oferta de ensino profissional nesta área. Em situação de carência provável encontram-se os ecónomos e pessoal do serviço de restauração (CNP 512) e ainda os especialistas de profissões administrativas e comerciais (CNP 241) e os agricultores (CNP 611).

139


O cenário encontrado dá nota das possibilidades de desenvolvimento de novas ofertas nas áreas dos serviços e do turismo.

Tabela 59 – Resultado do semáforo de saídas profissionais na região Algarve por saída profissional CNP - Profissões

Algarve

241 - Especialistas de profissões administrativas e comerciais

7

3111 - Técnico de ciências físico-químicas

2

3112 - Técnico de engenharia civil

4

3113 - Técnico de electricidade

5

3116 - Técnicos intermédios de química industrial

3

3118 - Desenhadores e trabalhadores similares

4

3119 - Técnicos de investigação física e química, do fabrico industrial e trabalhadores similares não classificados em outra parte 312 - Programadores, operadores de informática e trabalhadores similares

6 2

313 - Operadores de equipamentos ópticos e electrónicos

0

341 - Profissionais de nível intermédio de finanças e serviços comerciais

2

343 - Profissionais de nível intermédio de gestão e administração

6

347 - Profissionais da criação artística, do espectáculo e do desporto

5

411 - Secretários e operadores de equipamentos de tratamento de informação

3

412 - Empregados dos serviços de contabilidade e dos serviços financeiros

4

413 - Empregados de aprovisionamento, de planeamento e dos transportes

5

421 - Caxas, bilheteiros e similares

9

422 - Empregados de recepção, de informação e telefonistas

6

512 - Ecónomos e pessoal do serviço de restauração

8

514 - Outro pessoal dos serviços directos e particulares

4

516 - Pessoal dos serviços de protecção e segurança

4

522 - Vendedores e demonstradores

6

611 - Agricultores e trabalhadores qualificados de culturas agrícolas

7

724 - Mecânicos e ajustadores de equipamentos eléctricos e electrónicos

4

913 - Pessoal de limpeza, lavadeiras, engomadores de roupa e trabalhadores similares

4

915 - Estafetas, bagagiros, porteiros, guardas e trabalhadores similares

6

931 - Trabalhadores não qualiicados das minas e da construção civil e obras públicas

6

Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

O Algarve é uma das regiões do país co risco de saturação da oferta de ensino profissional mais moderado.

140


Tabela 60 - Resultado do semáforo de saídas profissionais da região Algarve Média ponderada do valor do índice por CNP Algarve

4

Nota: o semáforo varia entre 0 (saturação máxima) e 10 (carência máxima) Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

A concentração de alunos em saídas profissionais em risco de saturação

A elevada concentração de alunos em saídas saturadas é uma constante nacional a que o Algarve não constitui excepção. Os inscritos no primeiro ano dos cursos de ensino profissional circunscrevem-se a saídas profissionais orientadas para 38% do stock de emprego dos diplomados do ensino secundário. Tabela 61 - Resultado do semáforo de saídas profissionais da região Algarve segundo os alunos inscritos no 1º ano de curso profissional em 2009/2010 e o emprego de pessoas de 18 a 24 anos com o ensino secundário completo

%

%

Rácio alunos no primeiro ano em 2009/ Empregados em 2008

(a)

(b)

(c )

(d)

(a)/(c)

-

-

-

-

-

271

10,64%

964

19,59%

0,28

612

24,02%

464

9,43%

1,32

Risco de saturação (3-4)

676

26,53%

294

5,98%

2,30

Risco elevado de saturação (0-2)

989

38,81%

147

2,99%

6,73

2548

100,00%

1869

37,99%

1,36

-

-

2140

43,50%

-

-

-

911

18,51%

-

2548

100,00%

4920

100,00%

0,52

Alunos inscritos no 1º ano de curso profissional no ano lectivo de 2009/2010

Índice de saídas profissionais

Carência muito provável (910) Carência provável (7-8) Situação equilibrada (5-6)

Total das profissões com alunos orientados para a saída profissional Total das profissões disponíveis e sem alunos orientados para a saída profissional Total das profissões “indisponíveis” e sem alunos Total

Empregados de 18 a 24 anos e com ensino secundário completo em 2008

Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

Os

alunos,

consequentemente,

frequentam

cursos

cujas

saídas

profissionais estão orientadas para profissões com baixo peso no 141


emprego

e

que

o

semáforo

de

saídas

profissionais

considera

apresentarem riscos significativos de saturação: 65,3% dos inscritos estão em cursos com risco ou risco elevado de saturação e orientam para 8,0% do emprego dos jovens com ensino secundário.

Tabela 62 - Saídas profissionais em situação de carência provável e equilibrada da região Algarve, segundo o número de alunos inscritos no 1º ano do curso profissional no ano lectivo de 2009/2010 e o emprego de pessoas de 18 a 24 anos e com o ensino secundário completo Índice de saídas profissionais

Carência provável

Situação equilibrada

Profissão (CNP)

512 - Ecónomos e pessoal do serviço de restauração 241 - Especialistas de profissões administrativas e comerciais 611 - Agricultores e trabalhadores qualificados de culturas agrícolas 343 - Profissionais de nível intermédio de gestão e administração 422 - Empregados de recepção, de informação e telefonistas 3119 - Técnicos de investigação física e química, do fabrico industrial e trabalhadores similares não classificados em outra parte 3113 - Técnico de electricidade 347 - Profissionais da criação artística, do espectáculo e do desporto 413 - Empregados de aprovisionamento, de planeamento e dos transportes

Saídas profissionais em situação de carência provável e situação de equilíbrio (5-8)

Alunos inscritos por saída profissional no 10º ano do ensino profissional (ou 1º ano de curso) em 2009/2010 % % % Nº (Algarve) (Total) (Cont.) 201

7,89%

43

1,69%

27

Emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo (CNP) em 2008 % % % Nº (Algarve) (Total) (Cont.)

5,71%

909

18,48%

4,73%

27

0,55%

1,06%

1,06%

28

0,57%

0,14%

139

5,46%

7,23%

35

0,71%

0,78%

99

3,89%

1,71%

299

6,08%

5,50%

67

2,63%

2,56%

25

0,51%

10,64%

24,02%

8,60%

19,59%

0,48%

0,65% 9,43%

208

8,16%

7,21%

12

0,24%

0,31%

98

3,85%

2,53%

14

0,28%

0,35%

1

0,04%

0,31%

79

1,61%

2,80%

883

34,65%

33,05%

1428

29,02%

34,65%

29,02%

19,61%

Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

O rácio entre alunos do primeiro ano e o stock de empregados com o ensino secundário é, em termos gerais, de 0,52 novos alunos por empregado. Mas considerando as saídas profissionais para as quais os 142


cursos se orientam sobe para 1,36 e apenas é inferior a um na única saída profissional que o semáforo coloca em situação de carência potencial. As mais relevantes possibilidades de expansão da oferta formativa no Algarve estão no grupo dos ecónomos e pessoal do serviço de restauração (CNP 512), que se encontra em situação de carência provável e além disto possui um volume de emprego regional (18,48%) francamente acima da média do Continente (8,6%). No grupo de situações de equilíbrio, encontramos uma predominância de saídas profissionais que pertencem ao grupo 3 da CNP, o que não acontece nas restantes regiões. O equilíbrio destas saídas profissionais ocorre devido ao dinamismo do emprego e desemprego e a um muito baixo risco de desemprego associado, mas a pressão potencial da oferta actual sobre o emprego à saída é muito elevada, o que põe em risco este equilíbrio. O rácio entre o número de alunos no 1º ano e o stock de emprego eleva-se a 17 nos técnicos de electricidade e, embora seja bastante mais baixo, chega aos 4 nos profissionais de nível intermédio de gestão e administração.

Tabela 63 - Saídas profissionais em situação de equilíbrio na região Algarve segundo os principais indicadores de evolução Taxa de variação do desemprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo por profissão entre 1998 e 2008

Rácio entre o desemprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo

Rácio entre o número de alunos inscritos no 10º ano do ensino profissional (ou 1º ano de curso) em 2009/2010 e o e emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo

133%

-67%

0,02

3,97

100%

-50%

0,08

17,3

50%

-24%

0,15

0,51

Taxa de variação do emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo na profissão entre 1998 e 2008

343 - Profissionais de nível intermédio de gestão e administração 3113 - Técnico de electricidade

Profissão (CNP)

Total das profissões

Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

143


Na óptica da procura à saída pelas empresas, os cursos em risco de saturação representam cerca de dois terços da oferta formativa na região e estão orientados para menos de 9% do emprego. Além disto, o número de alunos em 2009 quase que quadruplica o número de postos de trabalho disponíveis em 2008.

Tabela 64 - Saídas profissionais em situação de risco e de risco elevado na região Algarve, segundo o número de alunos inscritos no 1º ano do curso profissional no ano lectivo de 2009/2010 e o emprego de pessoas de 18 a 24 anos e com o ensino secundário completo

Índice de saídas profissionais

Profissão (CNP)

514 - Outro pessoal dos serviços directos e particulares

Risco de saturação

3118 - Desenhadores e trabalhadores similares 516 - Pessoal dos serviços de protecção e segurança 724 - Mecânicos e ajustadores de equipamentos eléctricos e electrónicos 3112 - Técnico de engenharia civil 411 - Secretários e operadores de equipamentos de tratamento de informação

Risco elevado de saturação

3116 - Técnicos intermédios de química industrial 312 - Programadores, operadores de informática e trabalhadores similares 341 - Profissionais de nível intermédio de finanças e serviços comerciais

Alunos inscritos por saída profissional no 10º ano do ensino profissional (ou 1º ano de curso) em 2009/2010 Nº

% (Algarve)

293

% (Total)

Emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo (CNP) em 2008

% (NUT I)

% (Algarve)

11,50%

12,45%

115

2,34%

1,70%

102

4,00%

3,81%

20

0,41%

0,67%

76

2,98%

0,73%

66

1,34%

0,37%

36

1,41%

2,27%

36

0,73%

28

1,10%

0,90%

9

0,18%

0,27%

102

4,00%

3,31%

46

0,93%

2,59%

39

1,53%

1,75%

2

0,04%

0,07%

521

20,45%

17,05%

45

0,91%

1,31%

316

12,40%

10,03%

97

1,97%

26,53%

38,81%

% (Total)

% (Cont.)

1,73%

5,98%

2,05% 2,99%

3111 - Técnico de ciências fisico-quíimicas

78

3,06%

2,58%

1

0,02%

0,14%

313 - Operadores de equipamentos ópticos e electrónicos

74

2,90%

5,39%

4

0,08%

0,19%

1665

65,35%

60,30%

441

8,96%

Saídas profissionais em situação de risco de saturação ou elevado risco de saturação (0-4)

65,35%

8,96%

11,07%

Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

Em termos de saídas profissionais, os cursos com problemas mais graves de desajustamento no Norte são aqueles orientados para às 144


áreas da informática (CNP 312), como já mencionámos, aos quais se juntam os vocacionados para a área dos profissionais de nível intermédio de finanças e serviços comerciais (CNP 341). Em conjunto, estas saídas profissionais representam aproximadamente 33% dos alunos em 2009 para menos de 3% do emprego de jovens registado na região em 2008. Os cursos orientados para saídas profissionais em risco de saturação no Algarve são, principalmente, ligados às CNP 514 (outro pessoal dos serviços

directos

e

particulares),

CNP

3118

(desenhadores

e

trabalhadores similares) e CNP 411 (secretários e operadores de equipamentos de tratamento de informação), cuja concentração de formandos é excessiva tendo em conta a dimensão do mercado de trabalho regional em cada uma dessas profissões. As saídas profissionais em que o semáforo indica risco de saturação acompanham em termos genéricos o padrão detectado para o Continente. Há que salientar, neste quadro, três saídas profissionais que apresentam uma situação geralmente preocupante na região:

a) A CNP 312, que está em situação de risco elevado, recebeu 20,5% dos alunos inscritos em primeiro ano e representa apenas 0,9% do emprego do grupo; b) A CNP 341, que está em situação de risco elevado e recebeu 12,4 % dos alunos inscritos em primeiro ano e representa apenas 2,0 % do emprego do grupo; c) A CNP 514, que está em situação de risco, recebeu 11,5% dos alunos inscritos em primeiro ano e representa apenas 2,3% do emprego do grupo;

A agregação de saídas profissionais mudaria as conclusões?

145


A análise das saídas apropriadas para cada curso (ver tabela 24) reflecte na região o padrão nacional no que se refere às profissões em situação complexa de risco. A situação mantém-se nas profissões ligadas à informática e a avaliação das saídas profissionais do comércio melhora. A exemplo do que acontece em outras regiões, as profissões comerciais no Algarve têm um dinamismo mais positivo que a saída profissional específica de técnico de comércio, fazendo com que os cursos orientados para esta saída passem de uma situação de risco de saturação para uma de carência provável, quando consideramos o grupo no seu conjunto.

Tabela 65 - Saídas profissionais agregadas na região Algarve segundo os principais indicadores de evolução

Índice de saídas profissionais (CNP)

Saídas profissionais em situação complexa de risco

Saídas profissionais em situação paradoxal de equilíbrio

Profissão (CNP)

Rácio entre Taxa de o Taxa de variação do desemprego variação do desemprego de jovens de emprego de de jovens de 18 a 24 jovens de 18 18 a 24 anos com a 24 anos anos com ensino com ensino ensino secundário secundário secundário completo e o completo na completo emprego de profissão por jovens de 18 entre 1998 e profissão a 24 anos 2008 entre 1998 e com ensino 2008 secundário completo

Rácio entre o número de alunos inscritos no 10º ano do ensino profissional (ou 1º ano de curso) em 2009/2010 e o e emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo

Índice de saídas profissionais (agregação de profissões)

312 - Programadores, operadores de informática e trabalhadores similares

137%

42%

0,82

11,58

Informáticos

114,81%

36%

0,66

8,98

341 - Profissionais de nível intermédio de finanças e serviços comerciais

-20%

-5%

0,22

3,26

Comércio

56,14%

-5%

0,09

0,23

343 - Profissionais de nível intermédio de gestão e administração

133%

-67%

0,03

3,97

Carência provável Situação equilibrada

Gestão e contabilidade

-25,04%

-60%

0,31

0,32

Situação equilibrada

241 - Especialistas de profissões administrativas e comerciais

108%

-89%

0,04

1,59

Carência provável

Comunicação e marketing

206%

-79%

0,06

0,83

Carência provável

Risco elevado de saturação Risco de saturação

Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

146


A consideração das saídas que considerámos em situação paradoxal de equilíbrio não sofre transformação significativa, mantendo-se as profissões da gestão e contabilidade em situação equilibrada e as da comunicação e marketing em carência provável.

Saídas profissionais com procura à saída e sem cursos com saídas para elas orientadas

O emprego sem oferta à entrada e com procura à saída pelas empresas é muito reduzido no Algarve, conforme se pode ver na tabela, onde se observam

as

principais

possibilidades

de

expansão

do

ensino

profissional na região.

Tabela 66 - Saídas profissionais sem oferta formativa na região Algarve Índice de saídas profissionais Carência provável

muito

Carência provável

Situação equilibrada

Risco de saturação

Emprego de jovens de 18 a 24 anos com ensino secundário completo em 2008

Profissão (CNP)

Algarve 421 - Caxas, bilheteiros e similares

167

913 - Pessoal de limpeza, lavadeiras, engomadores de roupa e trabalhadores similares

149

931 - Trabalhadores não qualificados das minas e da construção civil e obras públicas

108

522 - Vendedores e demonstradores

1.143

915 - Estafetas, bagageiros, porteiros, guardas e trabalhadores similares

195

412 - Empregados dos serviços de contabilidade e dos serviços financeiros

378

2140

Total

Fonte: Cálculos próprios, sobre dados de Agência Nacional para a Qualificação (dados não publicados); Quadros de Pessoal, 2008 (dados não publicados); Instituto do Emprego e Formação Profissional, desemprego registado (dados não publicados).

Os casos de saídas profissionais para as quais não existe curso predominantemente orientado resumem-se às saídas passíveis de 147


inserir em sentido amplo na oferta existente (saĂ­das apropriadas mas nĂŁo

principais):

ProfissĂľes

comerciais

empregados.

148

(CNP

421

e

522):

1310


III. Análise prospectiva da evolução sectorial em Portugal

Esta parte do presente trabalho visa a identificação das necessidades futuras de qualificações, tendo em vista a prospectiva da oferta formativa de nível secundário. A metodologia utilizada consistiu na leitura e análise de estudos prospectivos,

documentos

de

orientação

estratégica

e

outros

documentos encontrados em pesquisa relevantes para a temática em discussão. Foram considerados particularmente os estudos produzidos nos últimos cinco anos. Na leitura prospectiva efectuada foram identificados diversos sectores como sendo aqueles que poderão ter maior relevância no futuro da economia Portuguesa. As considerações apresentadas têm motivações diversas: desde a identificação dos sectores com maior potencialidade e em que Portugal poderia ter vantagens comparativas, ou sectores em que Portugal poderia apostar com vista a ter determinado papel no enquadramento da economia Europeia ou Mundial. Num

exercício

de

prospectiva

nem

sempre

as

actividades

são

identificadas rigorosamente de acordo com a terminologia precisa do “sector”. Na literatura científica têm vindo a desenvolver-se várias formas de agregação temática de actividades, que implicam articulação entre sectores que estabelecem relação entre si e se reforçam mutuamente, como é o caso dos famosos “clusters”. Neste trabalho adoptamos uma terminologia mais neutra, em que sectores de actividade

interrelacionados

são

identificados

como

“nuvens”,

significando que essa relação existe, mas não terá que obedecer aos requisitos metodológicos de classificação de um cluster. Na prospectiva das oportunidades, o uso da expressão “nuvem” tem também a intenção de indiciar que falamos de concentrações que estão em fase de reforço e 149


que produzirão efeitos quando atingirem a densidade adequada, choverá e fertilizarão novas oportunidades de emprego. As nuvens identificadas são de três tipos: as que reúnem elevada convergência dos estudos de prospectiva quanto a que estarão em expansão (consensualmente em expansão), as que são referidas mas nem sempre ou levantam algumas dúvidas a alguns autores (em expansão) e as que correspondem a reconversões em curso, que podem até implicar contracção do emprego, mas implicam reposicionamento e reconversão (cinzentas).

III.1 Situação de Partida III.1.1 A adesão à União Europeia

Um factor com impacte forte na economia do país foi a sua integração na União Europeia em 1986 e a consequente participação na construção do Mercado Único de bens e serviços, a que se juntou mais tarde a adesão à moeda única em 1999 e ainda a integração dos países da Europa de Leste. Todos estes factores ocorreram num período de tempo muito limitado na história e acentuaram os efeitos da globalização. A entrada de Portugal na UE marca também uma nova vaga de investimentos oriundos de Espanha, França e sobretudo da Alemanha que se caracteriza pelo investimento em sectores capital intensivos, mais exigentes em termos de mão-de-obra qualificada de nível médio e superior: indústria automóvel e componentes), electrónica e tecnologias de informação, indústria mecânica e eléctrica e mais recentemente o fabrico de equipamento para a energia eólica e com a instalação de centros de I&D. Esta vaga viria também a perder dinâmica pelas oportunidades de investimento para a Alemanha abertas pela China e pela Europa de Leste com uma posição geoestratégica na Europa face à Alemanha mais 150


favorável que Portugal, a que acrescem raízes históricas e culturais com alguns desses países que são um factor competitivo fundamental. O alargamento da UE, por exemplo, trouxe desafios acrescidos às empresas portuguesas e às políticas públicas de promoção da competitividade nacional. Para além de aumentar a concorrência em termos de comércio internacional, tornou esses países também concorrentes

de

Portugal

na

captação

de

Investimento

Directo

Estrangeiro, uma vez que apresentam algumas vantagens comparativas relativamente a Portugal. Uma delas é a localização geográfica e a proximidade com países do centro e norte da Europa, a que se juntam os baixos salários e os níveis mais elevados de escolarização da sua população, relativamente a Portugal. Por outro lado, a introdução do euro, só por si, exerceu fortíssimas pressões e tensões nos mercados sectoriais nacionais, devido à eliminação das taxas de câmbio entre as moedas dos países aderentes, instrumento que permitia vantagens concorrenciais pela lógica dos baixos preços dos produtos. Acresce a redução dos custos de transacção nos países aderentes à União Monetária, na medida em que a competitividade das empresas portuguesas dependia, em grande medida, da taxa de câmbio entre o escudo e as outras moedas. Todos estes factores conjugados, num período relativamente curto de tempo, exerceram uma espécie de efeito do choque na economia portuguesa que, como não poderia deixar de ser, sofreu nos últimos anos importantes alterações da sua estrutura, como veremos à frente. III.1.2 Contexto interno

A evolução da economia portuguesa nas três últimas décadas foi marcada por quatro aspectos estruturantes e que explicam, em grande medida, a situação actual:

151


a) Forte

crescimento

do

sector

não

mercantil

decorrente

da

transformação da estrutura e ampliação das funções do Estado no âmbito da oferta pública de serviços, fundamentalmente a educação e a saúde; b) Modernização

do

sector

mercantil

de

serviços

não

transaccionáveis (no sentido em que são orientados para o mercado

interno),

nomeadamente

as

telecomunicações,

distribuição, serviços às empresas, serviços financeiros, etc. c) Absorção dos défices que existiam em áreas infra-estruturais no domínio

das

acessibilidades,

indústrias

de

rede

(telecomunicações, electricidade, gás natural), abastecimento de água e tratamento de efluentes e resíduos, equipamentos sociais e desportivos das cidades e habitação; d) Uma certa inércia ou mudança muito limitada no sector de "bens e

serviços

transaccionáveis”.

Com

efeito

as

mudanças

assinaláveis limitam-se quase exclusivamente ao investimento directo alemão nos sectores automóvel e electrónica e serviços, ao desenvolvimento do golfe como fonte de atracção turística e à modernização do sector do calçado que se tornou num dos mais dinâmicos sectores de exportação das indústrias tradicionais.

Boa parte das empresas de maior dimensão em Portugal concentram as suas actividades em sectores cuja competitividade assenta em recursos naturais e ambientais, tendo o mercado interno como horizonte de crescimento em áreas como o cluster da construção e sectores infraestruturais, nas indústrias florestais (madeira e aglomerados, cortiça e aglomerados, pasta e papel), nas agro-indústrias (vinhos, óleos alimentares) e, em menor escala, no turismo. Num contexto de globalização e de construção do mercado único europeu, estes aspectos conjugados funcionaram como um factor de pressão considerável e levaram à necessidade de internacionalização, de 152


ganhar dimensão para concretizar esse objectivo e de sobreviver internacionalmente. Uma primeira vaga de investimento no exterior ocorreu no Brasil (telecomunicações, produção e distribuição de electricidade, etc.), depois em Angola - fortemente induzido pelo choque petrolífero dos anos 90 - em que se destacaram as empresas de obras públicas que se tornaram importantes exportadoras e investidoras no exterior. Este movimento para Angola teve como contrapartida a participação de capitais angolanos em várias empresas portuguesas de relevo. III.1.3 Terciarização da economia Portuguesa

A terciarização das economias é um indicador comum a todas as economias ocidentais. Contudo o sector terciário é constituído por um conjunto

diversificado

segmentos

marcam

a

de

segmentos,

diferença

em

sendo termos

que de

alguns

destes

desenvolvimento

económico dos países. Os chamados "serviços transaccionáveis" e, em particular, a capacidade de internacionalização desses serviços por parte de alguns países, marcam a diferença no desenvolvimento desses mesmos países. Este fenómeno tem-se reflectido no aumento crescente do comércio internacional de serviços. Portugal tem acompanhado este movimento,

sendo

que

o

sector

dos

serviços

tem

contribuído

significativamente para a sustentação económica, quer no domínio do emprego, quer pelo aumento progressivo do peso do VAB dos serviços na actividade económica. Com efeito, entre 1995 e 2006, o peso relativo do VAB do terciário no Total da economia terá aumentado cerca de 7 pontos percentuais, sendo que em 2006 o seu valor rondava os 73%. No emprego, este aumento foi de cerca de 6,4% representando em 2006 cerca de 60% do Total do emprego. Tendo em conta a segmentação do sector, se tomarmos como critério os serviços comercializáveis/não comercializáveis, verificamos que são os serviços comercializáveis que têm maior relevância, com o VAB a 153


registar um crescimento médio anual real de cerca de 3,2% e o emprego de 2,4% entre 1995 e 2006, face à evolução média anual do Total da economia. Entre 1996 e 2008, verificou-se uma contribuição crescente do sector dos serviços para o saldo da Balança Corrente, uma crescente especialização

da

principalmente

os

economia serviços

portuguesa

prestados

pelas

neste

sector.

indústrias

de

São rede

(Transportes, Comunicações, Seguros e serviços Financeiros) que têm progredido na estrutura produtiva, com particular destaque para os transportes. Os mais importantes são os transportes aéreos, seguidos pelos transportes rodoviários. De referir ainda os “serviços de construção”, os “outros serviços fornecidos por empresas”( serviços jurídicos, contabilísticos, de consultadoria em gestão e de relações públicas, serviços de publicidade, estudos de mercado e de opinião pública, serviços de intermediação comercial, serviços de aluguer sem tripulação, serviços entre empresas afiliadas e "outros serviços") e os “serviços de base tecnológica” (serviços de I&D, direitos de utilização, serviços

de

informática,

serviços

de

arquitectura,

serviços

de

engenharia, serviços de consultadoria técnica, serviços agrícolas, mineiros e industriais) que têm tido um desempenho relevante. Com efeito, e desde 2007 que os serviços de base tecnológica registam um excedente do saldo das operações com o exterior. Os serviços de engenharia, de consultadoria técnica e agrícolas, mineiros e industriais são os que mais têm contribuído para esta evolução, não descurando os serviços de informática. Do ponto de vista da internacionalização deste sector verifica-se um decréscimo dos saldos negativos desde 2000 e, a partir de 2004 verificam-se saldos positivos e crescentes, com estagnação em 2008. O saldo no PIB evoluiu de -0,9% em 1996 para 1,3% em 2008. Para este resultado contribuíram particularmente os serviços de “transporte”, de “construção”, de” comunicação” e dos “outros serviços prestados às empresas”. Mais de 50% das exportações destinam-se ao mercado 154


Europeu - sobretudo Espanha, Alemanha, França e Reino Unido -, mas também exportamos para África (PALOP’s) e América Latina (Brasil e Venezuela). Nas exportações de serviços têm maior peso os seguintes segmentos: os serviços prestados pelas indústrias de rede (que representam uma média de 60%), com relevância particular dos transportes aéreos, mas também dos transportes rodoviários e dos transportes marítimos na componente fretes. Seguem-se os serviços de base tecnológica com um crescimento médio anual particularmente relevante (28% entre 2003 e 2008), de que se destacam os serviços de consultadoria técnica (+21%) de informática (+19%) e engenharia (+19%). Os outros serviços fornecidos por empresas, também cresceram de forma significativa no período 1996-2008 e, finalmente, os “serviços de construção”. III.1.4 Evolução das exportações

O aumento das exportações em 2010 explica-se por uma diversificação dos países de destino, já que as exportações para a UE decresceram. Este movimento de decréscimo do peso das exportações com destino à UE vem a decrescer desde 2006. É também desde esta data que se verifica um aumento das exportações para os países extra-UE e para os PALOP. O dado mais relevante parece ser a importância crescente dos países dos PALOP e salto, em 2010, dos países da OPEP que justificam, em grande medida, o aumento global das exportações de Portugal. No quadro seguinte podemos verificar a evolução do peso relativo das exportações para diferentes regiões:

155


% face ao total

Figura 6 - Evolução das exportações portuguesas entre 2005 e 2010, por peso relativo da região de destino

100,00 90,00 80,00 70,00 60,00 50,00 40,00 30,00 20,00 10,00 0,00

2005

2006

2007

2008

2009

2010

MUNDO

100,00

100,00

100,00

100,00

100,00

100,00

INTRA-U E

80,04

77,87

77,11

74,47

75,43

74,96

EXTRA-U E

19,96

22,13

22,89

25,53

24,57

25,04

EFTA

1,13

1,08

0,92

1,01

1,14

1,12

OPEP

1,01

0,69

0,68

1,37

1,70

7,02

PALOP

3,41

4,28

5,38

6,88

8,33

6,54

A evolução das exportações foi positiva entre 2005 e 2008, verificandose uma quebra acentuada em 2009 e uma assinalável recuperação em 2009. O gráfico evidencia um outro dado relevante e que é a subida apreciável de exportações para a OPEP em 2009. A crise política do médio Oriente, e em particular a Líbia, pode ter um impacte significativo nesta evolução, o que na actual conjuntura pode ser penalizador para Portugal. Por sector de actividade e considerando os que têm mais peso nas exportações (peso superior a 3%), verifica-se uma recomposição sectorial nas exportações entre 2005 e 2010, com uma queda progressiva e sustentada dos Têxteis (-1,9), Vestuário (-11,2%), Indústrias da madeira e da cortiça e suas obras, excepto mobiliário e da Fabricação de obras de cestaria e de espartaria (-10%) e da Fabricação de equipamentos informáticos, equipamento para comunicações e produtos electrónicos e ópticos (-37,7), todos com uma taxa de crescimento médio anual negativa. 156


Figura 7 - Evolução do volume de exportações portuguesas entre 2005 e 2010, por região de destino (em milhões de euros) 45.000 40.000

Milhões de Euros

35.000 Mundo

30.000

Intra União Europeia

25.000

Extra União Europeia 20.000

EFTA

15.000

OPEP PALOP

10.000 5.000 2005

2006

2007

2008

2009

2010

Em contrapartida, neste mesmo período, sobem sustentadamente o peso nas exportações, na Fabricação de pasta, de papel, de cartão e seus artigos (135,2%), a Fabricação de coque, produtos petrolíferos refinados e de aglomerados de combustíveis (101,8%) e as indústrias alimentares (75,1%). Estas últimas são o segundo sector exportador mais importante, logo a seguir à Fabricação de veículos automóveis, reboques, semi-reboques e componentes para veículos automóveis, cuja taxa de variação neste período foi de 7,2%. Na tabela em baixo podemos verificar a evolução das exportações por sector de actividade nos últimos anos para os sectores com peso na economia superior a 3.

157


Tabela 67 - Evolução das exportações portuguesas entre 2005 e 2010, por sector de actividade Sectores de Actividade

2005

2006

2007

2008

2009

Var. 05/10

2010

SECTORES COM PESO SUPERIOR A 3 (FACE 2010) Fabricação de veículos automóveis, reboques, semi-reboques 12,96 12,65 11,59 11,09 10,89 11,77 e componentes para veículos automóveis Indústrias alimentares 4,18 4,29 4,83 5,86 6,60 6,20 Indústria do vestuário 8,13 7,29 6,88 6,44 6,86 6,11 Fabricação de produtos químicos e de fibras sintéticas ou 5,39 5,18 5,52 5,57 5,07 6,10 artificiais, excepto produtos farmacêuticos Fabricação de coque, produtos petrolíferos refinados e de 3,46 4,60 3,77 4,73 4,53 5,91 aglomerados de combustíveis Fabricação de equipamento eléctrico x 4,63 4,84 4,87 5,04 5,11 Fabricação de artigos de borracha e de matérias plásticas 3,91 3,97 4,18 4,32 4,92 4,95 Fabricação de produtos metálicos, excepto máquinas e x 4,95 5,02 5,59 5,86 4,71 equipamentos Fabricação de equipamentos informáticos, equipamento para 8,86 8,87 8,25 7,43 4,91 4,67 comunicações e produtos electrónicos e ópticos Fabricação de máquinas e de equipamentos, n.e. 4,23 4,41 4,96 5,53 4,89 4,37 Fabrico de outros produtos minerais não metálicos 3,99 3,98 4,25 4,21 4,47 4,09 Indústrias metalúrgicas de base 3,44 4,03 4,16 4,01 3,51 4,08 Indústria do couro e dos produtos do couro 4,28 3,87 3,69 3,77 4,22 3,89 Fabricação de pasta, de papel, de cartão e seus artigos 1,91 1,92 1,90 3,60 2,54 3,81 Fabricação de têxteis 4,39 3,94 3,83 3,67 3,80 3,65 Indústrias da madeira e da cortiça e suas obras, excepto 3,90 3,72 3,66 3,36 3,23 2,98 mobiliário; Fabricação de obras de cestaria e de espartaria

7,2 75,1 -11,2 33,8 101,8

var 08/10

0,1 -0,1 -10,4 3,4

13,9* 49,2

17,8 -1,0 8,0

-1,9*

-20,5

-37,7 21,9 21,3 40,0 7,1 135,2 -1,9 -10,0

-40,6 -25,4 -8,1 -3,9 -2,8 -0,1 -6,1 -16,4

var 09/10

Tx.Cresc.Médio Anual 05/10

25,1

1,4

8,7 3,1

11,9 -2,4

39,3

6,0

50,8

15,1

17,4 16,4

2,6* 8,3

-7,0

-0,4*

10,2

-9,0

3,4 6,0 34,5 6,5 73,6 11,0

4,0 3,9 7,0 1,4 18,7 -0,4

6,7

-2,1

Notas: Consideram-se apenas os sectores cujo peso nas exportações é superior a 3%. As percentagens assinaladas com asterisco (*) foram calculadas com base nos anos 2006 e 2010.

Em conclusão, a intensificação da abertura comercial de Portugal e a adesão ao Euro conduziram na última década a uma evolução desfavorável em termos de convergência real com a UE, para a qual contribuíram essencialmente os seguintes factores: A liberalização do comércio internacional com a entrada de novos actores como a China e a Índia; Integração na moeda única, com consequentes alterações nos instrumentos de política económica disponível; Alargamento da UE ao Leste Europeu, com o consequente aumento do ambiente concorrencial em termos de comércio internacional e de captação de fluxos de IDE. Por outro lado, nos últimos 25 anos temos assistido a uma ascensão dos

sectores

não

transaccionáveis

focados

no

mercado

interno

(construção, imobiliário, serviços a empresas, educação, saúde), a investimentos em infra-estruturas (telecomunicações, gás, electricidade, rodovias, água e ambiente) e a uma mudança limitada na carteira de bens e serviços transaccionáveis. 158


Todos os factores enunciados em cima conduziram a uma carteira de actividades

exportadoras

de

bens

vulnerável

à

concorrência

de

economias emergentes e novos membros da UE e que no passado demonstraram

baixa

capacidade

de

crescimento

no

comércio

internacional, para além de continuar a existir uma escolarização de mão-de-obra inferior anos novos membros da UE. A economia Portuguesa tem demonstrado assim uma fragilidade competitiva internacional e dificuldade de adaptação às novas condições de mercado e encontra-se actualmente numa fase de ajustamento estrutural da sua economia.

III.2 Drivers de evolução sectorial

A bibliografia prospectiva disponível permite identificar algumas linhas orientadoras das novas oportunidades que se abrirão à economia portuguesa. Passada a actual fase de ajustamento estrutural, haverá forças motrizes (drivers) que concorrerão no sentido de produzir provavelmente transformações na estrutura da economia portuguesa. Proceder-se-á aqui à identificação desses drivers e à identificação de que sectores são indicados nos exercícios de prospectiva disponíveis como beneficiários do efeito combinado de forças motrizes favoráveis. As

linhas

condutoras

do

desenvolvimento

sectorial

podem

ser

agrupadas em três grandes vectores: tendências globais, políticas governamentais, sistemas de atores e dinâmicas de mercado, que passaremos sumariamente em revista.

159


III.2.1 Tendências globais A intensificação da globalização económica e em particular a redução de barreiras ao comércio nas últimas décadas promovida pela Organização Mundial do Comércio originaram alterações no Comércio Internacional, e a integração de diversas economias de mercados emergentes, nomeadamente da Ásia e Europa Central e de Leste nos mercados mundiais. Os avanços da liberalização do comércio mundial no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), em articulação com o desenvolvimento do novo paradigma das Tecnologias de informação e comunicação (TIC), originaram nas duas últimas décadas alterações profundas no comércio mundial, com consequências importantes na afectação de recursos e distribuição da riqueza a nível mundial, na posição relativa dos países nas lógicas da concorrência internacional e na própria recomposição sectorial, incluindo a inclusão de diversas economias emergentes, nomeadamente da Ásia e Europa Central e de Leste no mercado mundial. Estas alterações e o aumento da abertura da economia Portuguesa ao exterior têm levantado alguns problemas de competitividade na economia

Portuguesa

e

contribuído

para

algumas

redefinições

sectoriais. Por outro lado, o alargamento da União Europeia ao Leste Europeu, para além de aumentar a concorrência comercial em termos de comércio internacional na economia Portuguesa, tornou estes países do Leste Europeu também concorrentes na captação de Investimento Directo Estrangeiro de empresas do Norte da Europa. As dinâmicas demográficas divergentes em diferentes zonas do mundo, que deverão continuar durante as próximas décadas, terão também consequências sociais e económicas relevantes. A população mundial deverá continuar a crescer, sendo espectável que estabilize no ano de 2050 nos 9,15 biliões (cenário médio segundo 160


estudo das Nações Unidas), ou seja, cerca de mais 3 biliões do que actualmente. Parte substancial deste crescimento deverá centrar-se nos países mais pobres sendo que 70% do crescimento demográfico estimado para 2050 deverá concentrar-se em 24 países, todos considerados pelo Banco Mundial como países de rendimento baixo ou médio baixo, com carências de vária ordem incluindo a nível de educação, capital e oportunidades de emprego. Em 1950 o Bangladesh, Egipto, Indonésia, Nigéria, Paquistão e Turquia tinham, em conjunto, uma população de 242 milhões de pessoas. Hoje, os mesmos seis países, de maioria muçulmana, têm 886 milhões de habitantes e, até meados do século, deverão ter um acréscimo de 475 milhões. Os movimentos sociais no Egipto e a possibilidade de alastramento a outros países do médio oriente podem constituir outro factor que contribuirá para alterar a posição política e económica destes países no mundo. Em

contrapartida,

o

peso

relativo

da

população

nos

países

desenvolvidos deverá baixar cerca 25%. Em 2003, as populações da Europa, EUA e Canadá correspondiam apenas a 17% da população mundial. Em 2050, esse peso deverá cair para 12%. Segundo o Banco Mundial, em 2030, a classe média do mundo em desenvolvimento será de 1,2 biliões de pessoas, um aumento de 200% face a 2005, superando as populações globais da Europa, Japão e EUA. Esta questão propicia uma deslocação do poder económico para as regiões em desenvolvimento por um lado e, por outro, potencia a procura de trabalhadores imigrantes por parte do ocidente. Nos países desenvolvidos a população deverá continuar a envelhecer e a população activa a diminuir, como consequência na quebra das taxas de natalidade. Calcula-se que na Europa, a quebra na população activa ronde os 24% no ano 2050. A população chinesa com mais de 60 anos representa entre 12 a 15% da população Total. Na Europa, Canadá e EUA essa percentagem varia entre 15 e os 22% e é de 30% no Japão. 161


Esta inversão da pirâmide demográfica tem colocado fortes problemas de sustentabilidade do modelo social europeu. Outro dado importante do ponto de vista demográfico é a urbanização crescente das economias emergentes e em desenvolvimento, o que coloca problemas de sustentabilidade ambiental. A sustentabilidade ambiental é outro elemento chave para perceber as tendências globais das próximas décadas. Os combustíveis fósseis deverão permanecer a fonte de energia dominante, mas existem dúvidas acerca da sustentabilidade em relação ao ambiente e em termos de segurança. Nos últimos anos tem-se verificado um aumento da procura mundial de petróleo, conduzida pelo crescimento económico dos países emergentes. Apesar dum potencial decréscimo com a recente crise económica, a tendência de médio e longo prazo é a procura continuar a crescer. Por outro lado, tem-se verificado nos últimos anos uma estagnação da oferta mundial de petróleo. A pressão sobre os recursos energéticos e sobre o ambiente tem fomentado o desenvolvimento das energias renováveis, no entanto, novos desenvolvimentos tecnológicos nesta área estão condicionados à preocupação com o crescimento, redução de dependência de fontes tradicionais de energia das regiões de maior instabilidade política e procurar fontes e processos de conversão energética menos prejudiciais ao ambiente. Embora os combustíveis fósseis continuem a ser a fonte de energia dominante nas próximas décadas, as pressões políticas e sociais em relação

aos

impactes

ambientais

não

podem

ser

politicamente

ignoradas, por muito difícil que seja encontrar consensos políticos a nível mundial como mostraram os Acordos de Quioto e a Conferência de Copenhaga. Apesar das dificuldades em chegar a acordos comuns globais, as estruturas de produção de energias renováveis têm crescido e o seu 162


peso económico em termos mundiais tem sido reforçado. Entre 1999 e 2009 a produção bruta de electricidade renovável aumentou a uma média anual de 3,1%. Em 2009, 19,1% da electricidade global teve origem nas energias renováveis, o que significa um peso maior do que a energia nuclear (13,5%), embora os combustíveis fósseis tivessem representado 67,2%. Os 0,2% restantes foram fornecidos pela incineração de resíduos nãorenováveis. Prevê-se que estes sectores continuem a crescer a nível mundial não só nos países mais desenvolvidos, mas também nas economias emergentes da China e da Índia. A China é líder mundial na fabricação de células fotovoltaicas e tem uma forte presença no mercado das turbinas eólicas, onde a Índia tem também uma posição de destaque.

III.2.2 Políticas Governamentais

As políticas governamentais são sensíveis ao ciclo político e podem alterar-se significativamente com as mudanças de Governo. Têm, no entanto, revelado, no campo económico, níveis significativos de continuidade, a que não é estranha a dimensão dos envelopes financeiros dos fundos europeus, desenhados de modo independente do ciclo político interno e que, no caso vertente, permanecerão como constrangimento de qualquer reorientação global de política, num quadro de restrições orçamentais, até 2015. As prioridades definidas pelos Governos desde 2005 têm dado atenção a medidas para a economia, no campo da internacionalização - por via do investimento

privado

no

exterior,

da

captação

de

investimento

estrangeiro e das exportações -, da política ambiental, do turismo e do que tem vindo a designar-se como cluster do mar. As energias alternativas assumem do ponto de vista das políticas governamentais, uma espécie de desígnio nacional que cumpre um 163


conjunto de objectivos fundamentais para o país, nomeadamente a diminuição do défice externo e do endividamento nacional pela redução da dependência energética (em 2008 o consumo de combustíveis fosseis representou 52% do défice da balança comercial), o desenvolvimento de novas indústrias, que contribuem para a alteração do padrão de especialização produtiva do país, a criação de novos empregos e pretendem contribuir para as bases de um modelo desenvolvimento sustentável. Para além destas, a fileira floresta-madeira-móvel é o sector em que, conjuntamente com o turismo e as energias alternativas, se aposta como sectores em que Portugal se pode aproximar de uma liderança à escala global. Para o aumento da capacidade exportadora, para além das três grandes áreas referidas anteriormente, a aposta do Governo assenta em sectores como a indústrias da moda (têxtil, vestuário ou calçado); agro-alimentar (vinho, hortofrutícolas ou floricultura); indústrias da mobilidade (automóvel e aeronáutica); serviços de saúde; indústria de moldes e ferramentas; tecnologias de informação, comunicação e electrónica; indústrias de equipamentos/ tecnologias de produção, nomeadamente na área ambiental e indústrias de refinação, petroquímica e química industrial. Estas opções de políticas económicas consubstanciam-se no Quadro Referência Estratégico Nacional (QREN) para o período de 2007-2013. A estratégia de desenvolvimento aí definida no que diz respeito à economia assenta em dois eixos principais: a) Um primeiro eixo centrado na competitividade, tendo como objectivo a qualificação do tecido produtivo, o desenvolvimento tecnológico, o estímulo ao empreendedorismo e a melhoria das estruturas envolventes das empresas; b) Um outro eixo de desenvolvimento de base territorial que tem como objectivo melhorar as condições de atractividade do investimento produtivo, abrange as intervenções de natureza 164


infra-estrutural e procura o reforço da coesão económica, social e territorial. A implementação desta estratégia é operacionalizada através de programas

Operacionais,

organizados

em

torno

das

chamadas

Estratégias de Eficiência Colectiva (EEC) que podem ser de vários tipos: Pólos de Competitividade e Tecnologia (PCT), Clusters e "Outros Clusters" no que diz respeito ao primeiro eixo, e Estratégias de Valorização Económica de Base Territorial que podem assumir a forma de Programas de Valorização Económica de Recursos Endógenos (PROVERE) e as Acções de Regeneração e Desenvolvimento Urbanos (ARDU). Merecem destaque as políticas de apoio aos chamados Pólos de Competitividade e Tecnologia (PCTs) e aos Clusters, como sectores-base para mudar o padrão de especialização produtiva do país, apostando em áreas que incorporam uma forte componente científica e tecnológica de base nacional. Esta estratégia tem como objectivo diminuir a dependência tecnológica do exterior, criar oportunidades de emprego qualificado e contribuir para o equilíbrio da balança comercial. A diferença básica entre pólos de competitividade e clusters assenta no facto dos Clusters terem menor conteúdo de C&T incorporado. Estes pólos de competitividade e clusters são objecto de políticas públicas de incentivo no âmbito do QREN e traduzem, em grande medida, as grandes apostas sectoriais governamentais. Há sectores que mereceram da parte do Governo a definição de planos de intervenção específicos, nomeadamente o Plano Estratégico Nacional do Turismo (PENT), o Plano Nacional da energia (PNE), o Plano Nacional de Acção para as Energias Renováveis (PNAER) e o Plano Estratégico dos Transportes (PET). O Plano Estratégico Nacional do Turismo (PENT), aprovado em 2007, define uma estratégia para o crescimento sustentado do sector, estratégia que viria a consubstanciar-se na Lei de bases do Turismo aprovada em 2009 (DL nº 191/2009) e que define as bases das políticas 165


de desenvolvimento da actividade turística, considerada como uma área de intervenção prioritária. Os objectivos definidos no PENT definem que o Turismo deverá ser um dos motores de crescimento da economia, que Portugal deverá tornar-se um dos destinos de maior crescimento da Europa, o que pressupõe uma requalificação do sector e um aumento de competitividade da oferta. O PENT cria objectivos específicos para o ano de 2015 tendo em vista o desenvolvimento deste sector: Atingir os 20 milhões de turistas (13 milhões em 2009); Alcançar 15 mil milhões de receitas em 2015 (7,4 mil milhões em 2008); Representar 15% do PIB; Absorver 15% do emprego nacional.

O Alentejo deverá ser a região que apresentará maior evolução, com crescimentos anuais de cerca de 11%. Prevê-se ainda que o Alentejo seja a região de maior evolução, com crescimentos anuais de 11%. A implementação do PENT está estruturada em torno de 5 eixos: Território, Destinos e Produtos; Marcas e Mercados; Qualificação de Recursos; Distribuição e Comercialização; Inovação e Conhecimento.

Para a concretização destes 5 eixos foram identificados 11 projectos que envolvem várias entidades distintas: Produtos, Destinos e Pólos;

166


Intervenção em Zonas de Interesse Turístico (ZITs), nas áreas do Urbanismo, Ambiente e Paisagem; Desenvolvimento de Conteúdos distintivos e inovadores; Eventos; Acessibilidade Aérea; Marcas, Promoção e Distribuição; Programa de Qualidade; Excelência no Capital Humano; Conhecimento e Inovação; Eficácia do relacionamento Estado-Empresa; Modernização Empresarial.

Para a concretização do PENT são ainda identificadas as lacunas que existem nas ligações aéreas com os vários países emissores, as áreas com necessidades

de melhorias de

acessibilidades, veiculada a

necessidade de realização de 1-2 mega eventos por década e de 10-12 grandes eventos de projecção internacional por ano e a necessidade de desenvolver e adequar a oferta cultural, de identificar e definir formalmente a constituição de Zonas Turísticas de Interesse (“ZITs”), de implementar um sistema de qualidade turística e de formação dos recursos humanos. No que diz respeito aos recursos humanos é mencionada a intenção de criar um programa de excelência da formação turística, estabelecer uma escola de gestão turística internacional, seleccionar uma escola por região e estimular o desenvolvimento curricular de novas áreas disciplinares no sector do Turismo e ainda a necessidade de fomentar a especialização. Existe um Protocolo Bancário Turismo de Portugal que visa apoiar financeiramente os projectos turísticos económica e financeiramente 167


viáveis e que, em função das prioridades definidas no Plano Estratégico Nacional do Turismo, contribuam inequivocamente para o aumento da qualidade, inovação e competitividade da oferta do sector turístico nacional. Medidas de apoio ao desenvolvimento do sector estão também contempladas no QREN. A Estratégia Nacional de Energia com o horizonte de 2020 (ENE 2020) foi lançada em Abril de 2010. Na área do ambiente e sustentabilidade o Governo tem como objectivo que Portugal lidere a "revolução energética", assegure a posição de Portugal entre os cinco líderes em matéria de energias renováveis em 2020, assim como afirmar a liderança global na fileira industrial das energias renováveis. A política energética é estruturante da política económica do Governo na medida em que se propõe cumprir vários objectivos: o da sustentabilidade económica e ambiental, a competitividade, crescimento e emprego por via de uma maior independência energética, da dinamização de vários sectores de actividade (energias renováveis, mobilidade eléctrica, etc), procurando também promover a eficiência energética, consolidar o mercado ibérico de electricidade e criar o mercado ibérico do gás natural, assim como contribuir para o equilíbrio da balança comercial através do aumento das exportações de bens de equipamento e da redução de importações de combustíveis fósseis. Esta política está consubstanciada em três documentos fundamentais: Estratégia Nacional para a Energia com o horizonte de 2020 (ENE 2020), o Plano Nacional de Acção para as Energias Renováveis e o Plano Nacional de Acção para a Eficiência Energética. Esta última, aprovada em Resolução de Conselho de Ministros (nº 29/2010) é também a mais recente e prevê já a actualização dos outros programas acima mencionados.

168


Os principais objectivos da ENE 2020 para o ano de 2020 são os seguintes: Dependência energética: reduzir dependência energética do país face ao exterior para 74% (foi de 83% em 2008) e reduzir em 25% o saldo importador energético com a energia produzida a partir de fontes endógenas; Energias renováveis: 60% da electricidade produzida e 31% do consumo de energia final tenham origem em fontes renováveis; criar mais 100.000 postos de trabalho a acrescer aos 35.000 já existentes (45.000 directos e 90 000 indirectos) no sector das energias renováveis; o impacto no PIB passará de 0,8 % para 1,7 % até 2020; Eficiência energética: redução de 20% do consumo de energia final, nos termos da política Comunitária para a energia e desenvolver um cluster industrial associado à promoção da eficiência energética assegurando a criação de 21 000 postos de trabalho anuais, gerando um investimento previsível de 13.000 milhões de euros até 2020 e proporcionando exportações equivalentes a 400 milhões de euros; Ambiente: cumprimento das metas de redução de emissões assumidas por Portugal no quadro Europeu. A ENE 2020 visa implementar uma séria de medidas e estratégias através da utilização de cinco grandes vectores: competitividade, crescimento e independência energética e financeira; aposta nas energias

renováveis;

promoção

da

eficiência

energética;

garantir

segurança no abastecimento energético; sustentabilidade económica e ambiental. Os investimentos totais previstos ao abrigo da ENE para o sector da energia deverão superar os 31.000 milhões de Euros, com o objectivo de desenvolver este sector, obter um maior equilíbrio da balança comercial através do aumento das exportações de bens de equipamento e de 169


redução das importações de combustíveis fósseis. Por outro lado, os sectores associados à energia (moldes e ferramentas, materiais avançados, sistemas eléctricos, sistemas electrónicos, sistemas de informação) têm uma intensidade tecnológica elevada. A redução da dependência energética e financeira tem por base o aumento da produção renovável e a melhoria na eficiência energética. O sector dos transportes é responsável por cerca de um terço do consumo final de energia e por isso existe a intenção de introdução de veículos eléctricos e o objectivo deste tipo de veículos substituir cerca de 10% dos combustíveis actualmente consumidos nos transportes rodoviários. A liberalização dos mercados de energia na Europa teve como intenção a criação de um mercado interno de energia, a redução dos custos de energia e o aumento de competitividade económica. Foi neste contexto que em Julho de 2007 entrou em vigor o Mercado Ibérico de Electricidade (MIBEL) e em Janeiro de 2008 foi aprovado o Model for Organisation and Operating Principles do Mercado Ibérico de Gás Natural (MIBGAS). Deste modo, estão planeados investimentos até ao ano de 2014 com vista a aumentar a interligação entre Portugal e Espanha e reforçar as interligações entre a Península Ibérica e França, de forma a garantir a integração do mercado Ibérico nas redes eléctricas Europeias. Por outro lado, a reorganização do mercado do gás com vista à implementação do MIBGAS, conduzirá a um reforço das interligações e da capacidade de armazenamento de Gás Natural. O terminal de Sines e a sua ligação ao armazenamento do Carriço deverão formar um hub estratégico em Portugal. No seguimento do objectivo estabelecido de consumo de 31% da energia final através de energias renováveis, têm sido efectuados investimentos significativos nesta área, nomeadamente na energia eólica, que colocaram Portugal como uma referência. Por outro lado, a aposta nas energias renováveis é considerada vital para a redução da dependência energética externa. 170


Actualmente a produção de energia renovável em Portugal é feita na sua maioria através da combinação da energia hídrica e eólica. No entanto, existe a intenção de diversificar para outras energias renováveis. Existe uma preocupação em tornar o consumo energético mais eficiente, nomeadamente no que diz respeito aos produtos derivados do petróleo. Um dos grandes objectivos da ENE para 2020 é a redução de 20% do consumo de energia final em 2020, e para isso existem medidas fiscais, promoção de projectos com vista a aumentar a eficiência energética, nomeadamente nos sectores dos transportes, serviços e na gestão energética de edifícios. O objectivo de promover a eficiência energética é o de reduzir em 20% o consumo de energia final até 2020 através de medidas fiscais e da inovação tecnológica, nomeadamente os veículos eléctricos e as redes inteligentes, a optimização dos sistemas de iluminação pública e da gestão energética dos edifícios públicos, residenciais e de serviços. Neste contexto foi aprovado no ano de 2008 foi aprovado o Plano Nacional de Acção para a Eficiência Energética (PNAEE) – detalhado mais à frente neste capítulo. A estratégia para garantir a segurança no abastecimento de energia passa pela diversificação das fontes e origens energéticas. A aposta nas energias renováveis foi uma das formas escolhidas para alcançar esta diversificação e por outro lado para reduzir a dependência externa. Por outro lado, está previsto o desenvolvimento das infraestruturas para o transporte e distribuição de energia, no âmbito do MIBEL e do MIBGAS. A concretização deste programa prevê a criação de um centro de investigação tecnológica em Badajoz - Centro Ibérico para as Energias Renováveis e a Eficiência Energética (CIEREE) - e apoia-se ainda nas parcerias estabelecidas com o Massachusetts Institute of Technology (MIT). Prevê-se a implementação de um Fundo de apoio à inovação e já está aprovado o apoio a projectos para desenvolvimento de novas tecnologias no âmbito das redes inteligentes, energia das ondas e outras

171


tecnologias na área das energias. Prevê-se um investimento global de 31 milhões de euros nos próximos 10 anos. Por outro lado espera-se por efeito de arrastamento o crescimento de outros sectores associados à energia (moldes e ferramentas, materiais avançados, sistemas eléctricos, sistemas electrónicos e de sistemas de informação). Prevê ainda que os investimentos tenham em conta a integração territorial, pela implementação de centrais de produção de energia eléctrica em zonas mais deprimidas e espera-se que esta estratégia contribua para a criação de empregos a nível local. O desenvolvimento das energias renováveis deverá contribuir para um contexto energético diferente, com uma contribuição relevante para a redução da dependência energética externa e para um maior equilíbrio económico, para além da geração de emprego. Para este objectivo deverá ainda contribuir a introdução de uma maior concorrência no sector e o desenvolvimento das infraestruturas energéticas previstas. Não menos relevante é a redução das emissões dos gases de estufa. O Plano Nacional de Acção para as Energias Renováveis (PNAER) apresenta um conjunto de medidas que visam o cumprimento dos compromissos assumidos no âmbito da UE, assumindo que a base de desenvolvimento da produção nacional renovável assentará sobretudo no aumento articulado da capacidade instalada hídrica e eólica, sem descurar

outras

fontes.

Assim,

será

também

promovido

o

desenvolvimento nas tecnologias baseadas no aproveitamento da energia solar, quer nas aplicações de grande escala quer na aposta nos sistemas de mini e microprodução e sistemas para aquecimento de água sanitárias. Fazem ainda parte da estratégia do Governo a médio prazo a biomassa, o biogás, os biocombustíveis, a geotermia e a energia das ondas. Um conjunto de medidas muito específicas estão já

172


desenhadas e algumas regulamentadas com vista à aplicação deste plano. Energia hídrica: o Plano Nacional de Barragens de Elevado Potencial

Hidroeléctrico

(PNBEPH),

criado

em

2007,

visa

desenvolver o potencial hídrico nacional e viabilizar o crescimento da energia eólica. A capacidade instalada de energia hídrica deverá crescer dos 4.900 MW para 8.600 MW até 2020 e por outro lado permitir o aumento da eficiência na produção de electricidade através da energia eólica. Existe ainda o objectivo de atingir os 250 MW através da mini hídrica. Energia Eólica: a energia eólica tem sido uma das fortes apostas no passado recente, tendo a capacidade instalada passado de 537 MW no ano de 2004, para cerca de 3.500 MW em 2009. Até ao ano de 2011 deverão ainda ser instalados mais 2.000 MW decorrentes dos concursos que decorreram nos últimos dois anos. Até ao ano de 2020, poderão ainda ser instalados outros 3.000 MW adicionais de potência eólica. Energia solar: após os grandes desenvolvimentos nas energias hídrica e eólica, a solar é a tecnologia com maior potencial de desenvolvimento nos próximos anos. O objectivo passa por atingir 1.500 MW de capacidade instalada em 2020, quer através de projectos com a tecnologia solar termoeléctrico, quer através do desenvolvimento do fotovoltaico de concentração. Existe ainda um plano de desenvolvimento da micro e mini geração em projectos com potências até 150 MW ou 250 MW, dependendo da tecnologia. Biomassa: irá ser implementada a capacidade já atribuída de 250 MW. Existe a intenção de promover a produção de biomassa florestal de forma integrada com a promoção da certificação florestal, promoção de culturas energéticas e biomassa residual proveniente da actividade agrícola e agroindustrial. Deverá ser

173


ainda criado o Centro de Biomassa, para o desenvolvimento de investigação e desenvolvimento nesta área. Biocombustíveis: as directivas europeias deverão ser seguidas, tendo em conta a obtenção das metas colocadas para a utilização de energias renováveis no sector dos transportes. Um dos objectivos comunitários estabelecidos consiste na utilização de 10% de biocombustíveis no combustível para veículos. Geotermia: existe o objectivo de alcançar a capacidade instalada de 250 MW até 2020. Portugal é considerado como sendo uma região com elevado potencial neste campo, existindo actualmente uma aposta em projectos desta natureza nos Açores, enquanto estão a ser desenvolvidos outros projectos-piloto no território nacional de investigação científica. Energia das ondas: o elevado potencial do nosso país, aliado ao movimento para o desenvolvimento do cluster do mar, tem fomentado o desenvolvimento desta tecnologia. Estão previstos diversos contratos de concessão da zona-piloto para a preparação das

infra-estruturas

para

a

instalação

de

projectos

de

demonstração. A meta é atingir a capacidade instalada de 250 MW até 2020. Hidrogénio: o desenvolvimento das tecnologias de pilhas de combustível a hidrogénio poderá alterar o paradigma energético actual, devido ao potencial de sinergias entre a produção de energia através de fontes renováveis e a eficiência energética. O hidrogénio poderá funcionar no futuro como tecnologia para viabilizar a utilização de energias renováveis em larga escala e para permitir soluções inovadoras no sector dos transportes. Está prevista a participação em iniciativas do SETPlan (Strategic Energy Techonology Plan) que está a ser promovido pela União Europeia.

174


Para o desenvolvimento e promoção destas últimas prevê-se a criação de medidas próprias. Vale a pena referir a criação de uma zona piloto em S. Pedro de Moel, concessionada à REN, para a instalação de projectos de demonstração no domínio da energia dos oceanos, em especial das ondas (DL n.º 5/2008) para testar as tecnologias de aproveitamento deste tipo de energia, que visa contribuir para a promoção de um cluster industrial ligado às actividades do mar. Neste quadro, o PNAER, estabelece como principais objectivos para o horizonte temporal de 2020: Ter origem em fontes renováveis 31% do consumo final bruto de energia, 60% da electricidade produzida e 10% do consumo de energia no sector dos transportes rodoviários; Reduzir a dependência energética do exterior para cerca de 74%, a partir de uma crescente utilização de recursos energéticos endógenos; Reduzir em 25% o saldo importador energético (cerca de 2.000 milhões €) com a energia produzida a partir de fontes endógenas, possibilitando uma redução de importações estimada em 60 milhões de barris de petróleo; Consolidar o cluster industrial associado à energia eólica e criar novos clusters associados às novas tecnologias do sector das energias renováveis assegurando um VAB de 3800 milhões de euros e criando 100 mil novos postos de trabalho a acrescer aos 35 mil afectos à produção de energia eléctrica com FER; Promover o desenvolvimento sustentável também pela redução de emissões de gases com efeito de estufa, através de uma maior utilização das FER e da eficiência energética; Criar, até 2012, um fundo de equilíbrio tarifário que contribua para

minimizar

beneficiando

os

as

variações

consumidores

175

das

tarifas

e

criando

de um

electricidade, quadro

de


sustentabilidade económica que suporte o crescimento a longo prazo da utilização das energias renováveis. Promover o investimento no domínio das energias renováveis através da implementação de instrumentos de financiamento com base no QREN, para o apoio à energia solar térmica, visando também o incremento das exportações nesses domínios; Aprovar medidas de promoção da produção de biomassa florestal, para assegurar as necessidades de consumo já instaladas e a instalar;

da

promoção

da

certificação

da

gestão

florestal

sustentável; da avaliação e promoção das culturas energéticas, bem como da biomassa resultante das actividades agrícolas e agro-industriais. Implementar o Plano Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroeléctrico, os novos empreendimentos hídricos em curso com o objectivo de facilitar o crescimento da energia eólica; Criar condições para a introdução e massificação da utilização do veículo eléctrico a nível nacional, procurando colocar Portugal como um país de referência ao nível do teste. O Plano Nacional de Acção para a Eficiência Energética (PNAEE) foi criado tendo em vista que Portugal cumpra os objectivos estabelecidos pela União Europeia relativos à eficiência na utilização de energia. A meta estabelecida é redução do consumo final de energia em 10% até 2015. Uma das medidas tomadas foi a implementação do programa MOBI. E para a promoção de veículos eléctricos e criação de uma rede nacional de carregamento. Para além da melhoria na utilização de energia, este projecto procura ter outros impactos positivos, como seja, na produção de baterias, componentes e infra estruturas energéticas.

176


Outro vector do plano é o desenvolvimento do sector das Energy Saving Companies (ESCO´s), com o objectivo de criação de um mercado de serviços de energia. Para

suportar

financeiramente

a

aplicação

do

PNAEE,

será

implementado o Fundo de Eficiência. As políticas governamentais intervêm também na modelação dos drivers através de uma outra área estratégica, a dos transportes. Dado o carácter

transversal

dos

impactes

do

sector

dos

transportes,

nomeadamente ao nível das políticas ambientais, outras políticas, para além das que são directamente dirigidas ao sector, têm medidas específicas que convém considerar. É o caso do Programa Nacional para as Alterações Climáticas (PNAC 2006), que é o primeiro programa nacional que tem como objectivo específico o controlo e redução das emissões de Gases com Efeito de Estufa, de acordo com os compromissos assumidos com a UE. No que diz respeito ao sector dos transportes, as medidas mais relevantes adoptadas foram: Programa Auto-Oil: Acordo voluntário com as associações de fabricantes de automóveis para redução do factor de emissão médio do parque de veículos novos vendidos; Expansão do Metropolitano de Lisboa (ML); Construção do Metro Sul do Tejo (MST); Construção do Metro do Porto (MP); Construção do Metro Ligeiro do Mondego (MLM); Alterações da oferta da CP; Ampliação da frota de Veículos a Gás Natural na CARRIS e nos STCP; Incentivo ao abate de veículos em fim de vida; Directiva de Biocombustíveis (introdução de biocombustíveis no modo rodoviário);

177


Auto-estradas do Mar (Meta 2010: transferência de 20% do tráfego rodoviário internacional de mercadorias para o modo marítimo); Plataformas Logísticas. Uma

parte

importante

dos

projectos

aqui

enunciados

está

concretizada ou em fase de implementação. O POVT (Programa Operacional Temático para a Valorização do Território, 2007-2013) e a Agenda Operacional para a Valorização do Território, no âmbito do QREN, organizam-se em 10 eixos de actuação, o primeiro dos quais é dirigido às "Redes e Equipamentos Estruturantes Nacionais de Transportes". O objectivo global estabelece que se pretende atenuar a situação periférica do país através da melhoria das ligações internacionais

e

da

integração

das

redes

nacionais

nas

redes

transeuropeias de transportes e decalca, no essencial, dos objectivos da Rede Transeuropeia de Transportes o que diz respeito aos projectos em que Portugal está incluído. Posteriormente reafirmam-se estes objectivos de forma mais consistente e estabelece-se uma política nacional de transportes para um horizonte mais amplo no chamado “Plano Estratégico Transportes”(2008-2020). O Plano Estratégico Transportes (PET) tem como objectivo geral contribuir para a coesão social e territorial, reforçar a integração da economia portuguesa a nível europeu e mundial, respeitando o ambiente através de uma política de eficiência energética. Mais especificamente,

o

PET

propõe-se

alcançar

quatro

objectivos

fundamentais, declinados em objectivos operacionais, contemplando três escalas espaciais: internacional, interurbana e urbana. Objectivos específicos e operacionais do PET: 1. Promover uma maior integração do país nas cadeias europeias e mundiais de transportes:

178


Melhoria das estruturas portuárias, de modo a tornar os portos mais competitivos e articulados com o restante sistema de transportes; Implementação de um sistema aeroportuário com um aeroporto na Região de Lisboa (rotas mundiais), articulado com uma rede de aeroportos nacionais que, por sua vez se ligam à rede de transportes envolvente; Implementação de ligações ferroviárias, que liguem Portugal a Espanha e ao resto da Europa, que transportem mercadorias e passageiros; Conclusão dos eixos rodoviários prioritários, nomeadamente, as ligações

a

portos,

aos

aeroportos

nacionais

e

terminais

ferroviários, entre capitais de distrito e às plataformas logísticas; Implementação de plataformas logísticas de articulação com as cadeias internacionais instaladas e promoção da sua interligação eficiente com o sistema de transporte de mercadorias até 2015. 2. Promover uma articulação eficiente entre centros urbanos e entre cada centro e a sua área de influência: Reforço da ligação entre as redes de acessibilidades nacionais e inter-regionais; Esforço de melhoria permanente das redes e serviços de transporte público, procurando uma adequação às necessidades da procura; Satisfazer as necessidades básicas de mobilidade em período em que a procura seja mais baixa e em áreas de fraca densidade populacional. 3. Melhorar a mobilidade urbana através de uma política que contribua para melhorar a qualidade de vida: Rede de Transporte Público urbano e suburbano, assegurando boa cobertura territorial nos vários períodos do dia, a ligação das 179


periferias entre si e entre estas e os centros principais, maximizando as ligações directas; Qualidade dos TP e da informação aos utentes; Repartição entre transporte individual e transporte público; Racionalização da distribuição urbana de mercadorias; Promoção da fluidez do tráfego urbano. 4. Melhorar a governação do sector: Aprovação de legislação tendo em conta o direito comunitário; Instalação de sistemas de planeamento e gestão da acessibilidade e mobilidade a nível supra-municipal; Institucionalização de formas de articulação entre o planeamento de transportes, o planeamento do território e com a política energética e ambiental; Melhoria do nível de qualificação no sector, através de programas específicos de formação e qualificação profissional.

III.2.3 Sistemas de actores e dinâmicas de mercado No que diz respeito à iniciativa privada merece particular destaque o investimento

directo

estrangeiro.

A

natureza

dos

investimentos

estrangeiros tem dado um contributo importante para um novo padrão de competitividade baseado na inovação e para a alteração do padrão de especialização

nacional,

através

do

enriquecimento

do

conteúdo

tecnológico e de know-how incorporado nos produtos e para o aumento das exportações. A natureza do IDE tem tido também impacte nos ganhos de produtividade, na criação de emprego e na natureza do emprego,

requerendo

mão-de-obra

mais

qualificada.

Dos

países

investidores em Portugal, destaca-se a Alemanha nomeadamente na indústria automóvel, quer nos veículos propriamente ditos, quer nos 180


componentes, na electrónica e nos pneus. Mas também nas TIC, infraestruturas ambientais e outras indústrias. Portugal tem sofrido oscilações significativas no que diz respeito a captação de IDE. Em 1990 o país encontrava-se no 12º lugar no Índice de Desempenho do IDE da UNCTAD - que estabelece um ranking da importância do IDE em 140 países -, tendo passado para 44º lugar em 2003, para 81º em 2004 e 106º em 2009. As fragilidades do país na capacidade de atracção de IDE devem-se em grande medida à integração na UE dos países da Europa de leste e, mais recentemente, à crise económica global, em que o investimento se retraiu em todo o mundo. Portugal tem atraído investimento estrangeiro sobretudo em sectores não transaccionáveis. Com efeito, as “telecomunicações”, “actividades financeiras”, “serviços de consultoria jurídicos e de contabilidade” e “outros serviços prestados às empresas” representavam apenas 0,1% do PIB entre 1995 e 2003. Neste mesmo período, os fluxos totais de IDE nos

sectores

não

transaccionáveis

(sobretudo

no

comércio),

representavam 2,4% do PIB. Dados mais recentes do Banco de Portugal revelam que no primeiro semestre de 2010 o fluxo bruto de IDE aumentou 10,1% (23,0 mil milhões de euros) face a período homólogo de 2009. Contudo, se tivermos em conta o desinvestimento, que aumentou cerca 11,4%, o IDE líquido foi apenas de 1,9 mil milhões de euros, o que significa uma retracção de 2,5% relativamente ao mesmo período de 2009. Em termos sectoriais (por sector da empresa residente), o “Comércio por grosso e a retalho” registou 37,8% do investimento Total e um aumento de 11,6% face ao período homólogo de 2009. Seguiram-se as “Indústrias transformadoras” com 22,5% do IDE bruto Total e um crescimento de 12,3%, e as “Actividades financeiras e de seguros” com 21,7% do Total e uma taxa de variação de 36,0%. A União Europeia constituiu a principal origem do IDE com 86,4% do total, tendo registado uma variação

homóloga

de

8,1%.

De 181

destacar

os

aumentos

dos


investimentos directos brutos do Brasil (1,6 mil milhões de euros; +903,3%) e da Alemanha (1,5 mil milhões de euros, o que significa um aumento de 56,9%). Apesar de um esforço de internacionalização e de aumento de competitividade externa, o investimento o Investimento directo de Portugal no exterior (IDPE) é realizado por empresas Portuguesas é numa grande maioria realizado por um número reduzido de empresas de

elevada

dimensão.

O

investimento

directo

dirigiu-se,

dominantemente, para o Brasil, Espanha, França, Reino Unido, Suíça, Alemanha e EUA. A evolução positiva do investimento directo de Portugal no exterior (IDPE) incidiu sobretudo nas áreas dos serviços não transaccionáveis (“electricidade, gás e água”, “construção” e “comércio”) e dos serviços "internacionalizáveis" (“telecomunicações”, “actividades financeiras” e “serviços prestados às empresas”), sendo ainda importante a presença de empresas pertencentes a sectores trabalho e recursos intensivos, nomeadamente nos sectores da “madeira e suas obras” e “outros minerais não metálicos". Para aferir a dinâmica do investimento estruturante no interior do país, os Projectos de Interesse Nacional (PIN) dão-nos um indicador relevante.

Tabela 68 - PIN previstos, por sector, em acompanhamento e execução em Junho de 2010

Turismo Transportes e mobilidade Energia Quimica Papel I&D Outros Total

Investimento Investimento Postos Postos de (M €) (%) Trabalho Trabalho (%) 12.056 34% 40.993 50% 1.398 4% 12.211 15% 2.444 7% 3.776 5% 2.634 7% 603 1% 1.337 4% 305 0% 15.120 42% 20.667 25% 736 2% 2.892 4% 35.725 100% 81.447 100%

Nº de Projectos 47 5 14 6 5 2 10 89

Nº de Projectos (%) 53% 6% 16% 7% 6% 2% 11% 100%

Fonte: AICEP, tratamento próprio

A análise da carteira de projectos PIN (Projectos de Interesse Nacional) dá-nos uma indicação do que o sector empresarial de base nacional e 182


estrangeira se propõem concretizar em termos de investimento. A tabela em baixo apresenta uma análise dos PINs previstos por sector em acompanhamento e execução (Junho de 2010). Um projecto específico de grande dimensão na área de Investigação e Desenvolvimento (projecto Plan IT Valley previsto para a cidade de Paredes) apresenta cerca de 15 mil milhões de Euros de investimento, superando o investimento previsto para cada um dos outros sectores. O Turismo é a segunda grande aposta das intenções de investimento (34%) com a perspectiva de criação de mais de 40.000 postos de trabalho. É claramente o sector com o maior número de projectos e que mais emprego deverá criar. Os projectos neste sector são sobretudo resorts integrados, tendo o golfe como ponto de atracção em grande parte dos casos. Destacam-se também os sectores dos transportes e mobilidade com a criação de 12 mil postos de trabalho, o sector da energia com a criação de cerca de 4 mil postos de trabalho. Por último, os sectores da Química e do Papel têm também uma elevada representatividade em termos de montante de investimento, mas a criação de novos postos de trabalho não é significativa. A concretizarem-se estes projectos, poderá dar-se uma requalificação e especialização produtiva do país, com um enfoque especial no turismo no segmento de qualidade, energia e mobilidade e transportes, já que os investimentos previstos na química e na indústria do papel indicam o desenvolvimento de actividades com historial em Portugal. Neste cenário, Portugal tenderia a ser menos uma periferia de deslocalização industrial e de aproveitamento de recursos naturais, e mais uma região especializada no turismo e acolhimento e um pólo de atracção de investimentos que têm por base a ciência e a tecnologia, nos chamados sectores baseados na ciência. A fase de crise mundial em que nos encontramos pode inquinar a concretização de alguns destes projectos ou a sua dimensão, sendo que alguns

encontram-se

mesmo

em

fase

de

revisão

ou

reformulação dada as dificuldades em conseguir financiamento. 183

mesmo


Registe-se ainda os projectos em energias renováveis, capital intensivos, num quadro em que globalmente se aposta forte na construção de economias low carbon (WIR, 2010). As dinâmicas projectadas e em curso antes da crise internacional que se desencadeou a partir do final de 2007 são condicionadas pelo seu desenvolvimento. A crise financeira internacional tem acentuado as tendências das alterações geopolíticas decorrentes da globalização, ameaçando uma recomposição de poderes entre os vários players mundiais. Os fluxos globais de IDE caíram em 2009 de 1.7 para 1,2 triliões de dólares. No mesmo ano ocorreu uma queda acentuada nos fluxos de investimento para países desenvolvidos, e um crescimento para as economias em transição com um peso de 43% nos fluxos de IDE totais. Assim, em África, o IDE subiu para um nível recorde, com o crescimento mais rápido na África Ocidental (um aumento de 63% sobre 2007); para o Sul, Leste e Sudeste Asiático verificou-se um aumento de 17% e para o oeste da Ásia continuaram a subir pelo sexto ano consecutivo. A América Latina registou um aumento de 13% e para o Sudeste da Europa também se registou um aumento pelo oitavo ano consecutivo. Na reestruturação em curso na economia mundial, uma das questões fundamentais é a de saber se os EUA conseguirão manter a posição de líder mundial ou se outro país ou região surgirá impondo a sua hegemonia e alterando a posição geoestratégica das várias regiões do globo. Também não é de afastar a hipótese de um cenário policêntrico. Vivemos uma fase com vários níveis de incerteza. Uma das incertezas é precisamente a de saber o real alcance do impacte da crise financeira na reorganização do capitalismo e no papel da inovação tecnológica nesta conjuntura. Na reorganização do capitalismo coloca-se a dúvida, sempre presente desde os anos 80 do século passado, se o mundo vai evoluir e 184


estabilizar numa gestão liberal do capitalismo típica do modelo anglosaxónico ou se, pelo contrário, prevalece um modelo de inspiração mais Keynesiana ou ainda se cimentará um modelo híbrido à semelhança do que parece ser o projecto político de Obama. Esta questão é da maior importância para a definição de um cenário de evolução e estruturação das economias ocidentais. O papel da inovação tecnológica como motor para a saída das crises do capitalismo e como factor explicativo das suas fases de expansão, trazido à discussão pública e política pela mão da economia neoSchumpeteriana, pode esbarrar agora com um problema de mercados, se se mantiver uma política restritiva de consumo público e privado como a que vigora na UE. A incerteza que permanece é de saber se, apesar das restrições, haverá incentivos à procura de produtos decorrentes de inovações tecnológicas, capazes de alimentar uma oferta que favoreça as indústrias emergentes e o emprego qualificado ou se, pelo contrário, a opção for a de manter a utilização das tecnologias disponíveis.

Estes

dois

cenários

desenham

duas

perspectivas

completamente diferentes no que diz respeito aos factores competitivos e á estruturação das economias. O exemplo das energias aplicado a cada um dos cenários é bastante esclarecedor do que está em jogo (petróleo versus energias alternativas). Na zona Euro em particular, para além dos aspectos acima referidos, a crise tornou completamente visível a interdependência entre as economias dos vários países - muito por via da moeda única e das fragilidades do modelo de governação europeu - ao mostrar os efeitos de contaminação e as consequências associadas na sustentabilidade das finanças públicas, no crescimento e no emprego, mas também em termos de competitividade quer da UE, quer de cada país. As estratégias de saída da crise são determinantes para os orçamentos europeus, os mercados financeiros, para a reestruturação económica e o emprego e ainda para desenho do padrão de competitividade que vai prevalecer nas diferentes regiões da Europa. 185


Qualquer decréscimo significativo nas estimativas de crescimento de longo prazo torna-se numa preocupação central, até pelo impacto directo no aumento do desemprego. Se existem ainda níveis de incerteza acerca da duração, dimensão e efeitos da actual crise económica mundial, quer a nível internacional, quer a nível nacional, existem alguns efeitos que estão a ser sentidos desde já em Portugal, entre os quais: Dificuldades extremas de financiamento público e privado; Fragilização das instituições financeiras; Aumento do desemprego; Decréscimo do consumo; Alterações das condições de crédito da economia; Necessidade de contenção do investimento e da despesa pública. Apesar

de

todas

as

interrogações

neste

momento

acerca

das

consequências a médio e longo prazo e dos seus efeitos a nível sectorial, existe já a confirmação que a crise que está a ser vivida neste momento irá condicionar o desenvolvimento económico Português por um tempo relativamente longo.

III.3 Oportunidades mais relevantes: nuvens económicas com futuro

Na leitura prospectiva efectuada foram identificados diversos sectores como sendo aqueles que poderão ter maior relevância no futuro da economia Portuguesa. As considerações apresentadas têm motivações diversas: desde a identificação dos sectores com maior potencialidade e em que Portugal poderia ter vantagens comparativas, ou sectores em que Portugal poderia apostar com vista a ter determinado papel no enquadramento da economia Europeia ou Mundial.

186


As nuvens identificadas são de três tipos: as que reúnem elevada convergência dos estudos de prospectiva quanto a que estarão em expansão (consensualmente em expansão), as que são referidas mas nem sempre ou levantam algumas dúvidas a alguns autores (em expansão) e as que correspondem a reconversões em curso, que podem até implicar contracção do emprego, mas implicam reposicionamento e reconversão (cinzentas).

III.3.1 Nuvens consensualmente em expansão

Neste grupo encontram-se as actividades que são identificadas em praticamente toda a bibliografia prospectiva como sendo relevantes e estratégicas para Portugal. Turismo

O turismo encabeça esta lista. As principais tendências do sector a nível internacional indicam um crescimento do número de turistas em todo o mundo, e de acordo com a Organização Mundial do Comércio o crescimento médio anula desta indústria deverá ser superior ao crescimento da economia até 2020, ano em que esta actividade deverá ser a principal actividade económica mundial. O produto turismo tem vindo a sofrer uma elevada segmentação, com consequente

diversificação

e

personalização

da

oferta

com

o

aparecimento de novos mercados emissores e novos produtos. Uma grande tendência que tem afectado o Turismo é a crescente importância dada às questões ambientais e a preocupação com a sustentabilidade. Este dado tem tido relevância em todo o sector, não só no segmento Turismo de Natureza ou Eco-Turismo, mas também em todos os outros segmentos. A qualidade ambiental contribui não só para

a

sustentabilidade,

mas

também

para

o

incremento

da

competitividade do sector. Para este perfil de turista, o critério 187


ambiental é relevante na definição do seu destino. São valorizados destinos com preocupações com a preservação da natureza e da biodiversidade e com uma imagem ecológica (eficiência energética, utilização de energias renováveis, etc). Um factor relevante nas escolhas dos consumidores e ao qual é dado cada vez mais significado é a segurança. A percepção de segurança muitas vezes condiciona escolhas e por vezes simples eventos negativos podem influenciar a evolução e procura de determinados mercados. As preferências do turista têm evoluído da simples procura de um produto ou serviço para a procura experiências ou vivências que variam desde o entretenimento, escape, estéticas (desfrutar de determinado cenário) ou até de aprendizagem de determinada técnica ou arte. A Europa é hoje e deverá continuar a ser nos próximos anos o continente mais procurado pelos turistas. No mercado Europeu, o envelhecimento da população Europeia, deverá envelhecer o perfil do turista tipo, o que significa um aumento dos gastos dado que com o aumento da idade, aumenta o consumo. Também com o aumento do número de reformados têm surgido novas necessidades neste perfil de consumidor. Um bom exemplo é a procura de regiões com serviços de saúde de proximidade e qualidade. Outra evolução que se tem verificado na Europa é o aumento do número de viagens de curta duração. Por um lado os gastos com a estadia têm aumentado e por outro lado, tem-se verificado uma redução dos gastos com a viagem. Tem ainda aumentado a procura por oferta e experiências diversificadas. O peso das viagens vendidas sob a forma de pacote turístico tem diminuído

com

os

agências/operadores

consumidores turísticos.

Para

a

recorrerem

isto,

tem

menos

a

contribuído

o

crescimento da importância da internet na compra directamente às companhias aéreas, hotéis, etc, com as receitas do “turismo online” a crescerem substancialmente nos últimos anos.

188


No mercado Europeu tem-se verificado também um aumento da quota de mercado das companhias aéreas low cost, o que potencia também a marcação directa e a desintermediação e diminuição de pacotes turísticos. Tem-se assistido a um aumento do ambiente concorrencial entre destinos turísticos, o que tem conduzido à sofisticação da oferta para atrair e fidelizar turistas. Um bom exemplo tem sido o esforço de alguns destinos na realização de eventos de forma a aumentarem a sua notoriedade obterem promoção de regiões. Neste quadro concorrencial, Portugal tem procurado reposicionar-se e ganhar vantagens competitivas. O Turismo é apontado unanimemente como um vector estratégico e prioritário para a economia Portuguesa. É talvez o sector em que se reconhecem maiores vantagens competitivas e uma enorme vocação a Portugal, pela sua localização geográfica, recursos naturais, clima, património histórico e cultural, costa e praias, segurança, afabilidade dos Portugueses, etc. A importância deste sector em Portugal é reflectida na sua performance em termos internacionais. Segundo a Organização Mundial do Turismo, em 2008 Portugal foi o 25º principal destino mundial, no entanto tem vindo a perder quota de mercado nos últimos anos e a ser ultrapassado por destinos como a Polónia, Rússia, Turquia, Hungria, Tailândia, Malásia, Macau, Suécia e Índia. Apesar do crescimento nos últimos anos, com excepção para 2009, Portugal

perdeu

quota

de

mercado

internacional

e

encontra-se

dependente de quatro mercados emissores Europeus (Reino Unido, Espanha, Alemanha e França) que representaram em 2009 58% dos visitantes estrangeiros e do desempenho de três regiões (Algarve, Lisboa e

Madeira).

Outra

dificuldade

encontrada

tem

sido

a

elevada

sazonalidade e por vezes limitações nas ligações aéreas. Para além do peso na economia nacional e as vantagens competitivas que Portugal apresenta, este sector poderá ainda ser determinante para outros efeitos. Por um lado, o desenvolvimento da recepção de turistas 189


estrangeiros aumenta as exportações, por outro, o crescimento do sector implica um aumento de emprego de qualificações baixas e médias. Outros efeitos colaterais muito importantes são o impacto noutros sectores como é o caso dos cuidados de saúde ou a atracção de novos residentes estrangeiros com rendimentos elevados ou até de novas empresas e indústrias. As três grandes bases para o desenvolvimento do Turismo assentam em actividades de acolhimento (como são o exemplo a recepção de eventos de empresas ou a organização de encontros sectoriais), turismo residencial e no turismo associado a actividades específicas (praia, golfe, desportos náuticos, natureza, bem estar, etc). Para além da vocação natural do país, e apesar da perda de quota de mercado no mercado internacional, este é um sector que tem vindo a crescer, e a ter um peso crescente na economia Portuguesa. De acordo com a World Travel and Tourism Council o impacto directo do Turismo no Produto Interno Bruto nacional em 2010 será de 5,8%, valor que deverá aumentar para 6,9% em 2020. Esta indústria deverá empregar directamente 377 mil pessoas neste ano, ou seja, 7,5% do emprego Total em Portugal. Esta actividade como não produz um bem ou serviços específico como outros sectores, para além do impacto directo na economia, tem ainda um impacto indirecto sobre outras actividades. O impacto directo e indirecto que com excepção do ano de 2009 tem vindo a crescer em valores absolutos, deverá representar em 2010 14,4% do PIB nacional. De acordo com as projecções, esta percentagem deverá crescer para 16,9% em 2020. Segundo estas previsões a indústria irá crescer 1,9% este ano e crescer ao ritmo de uma média anual de 4%, durante a próxima década. Este sector (directa e indirectamente) deverá ainda gerar cerca de 943 mil empregos em 2010 (18,8% do Total), sendo expectável que este valor 190


deverá atingir 1.199 mil em 2020 (23,2% do Total). Ainda de acordo com a mesma fonte, as receitas geradas por visitantes estrangeiros deverão representar 14,9% do Total das exportações, valor que de acordo com as projecções para 2020 atingirá os 15,3%. De acordo com o INE, o peso dos visitantes estrangeiros no Total de hóspedes representou em 2009 cerca de 50% do Total. No que respeita ao investimento, o Turismo deverá receber 13,8% do investimento Total nacional em 2010, e 15,3% dentro de 10 anos. O Plano Estratégico Nacional do Turismo (PENT) estabelece os mercados emissores a privilegiar e organiza-os em categorias diferenciadas para que

as

estratégias

de

desenvolvimento

desses

mercados

sejam

ajustadas aos objectivos. Assim, os mercados estratégicos envolvem países, como o Reino Unido, Espanha, Alemanha, França e o próprio mercado interno. Os mercados a desenvolver incluem os países escandinavos, EUA, Japão, Brasil, Holanda, Irlanda e Bélgica. Aposta ainda, como estratégia de diversificação, na Áustria, Suíça, Rússia, Canadá, República Checa, Hungria e China. Por outro lado, é identificada uma proposta de valor desenvolvida que se baseia nas características diferenciadoras de Portugal, como seja: Clima e luz: temperatura amena e pouca precipitação fora do período de Inverno; elevado número de dias de sol e horas de luz; História, cultura e tradição: preservação das tradições e cultura; ligação ao Atlântico e descobrimentos; Hospitalidade:

carácter

Português

afável

e

receptivo

aos

estrangeiros; Diversidade concentrada: Atlântico, praia, cidade, golfe, casinos, planície, floresta, ruralidade. Outros factores diferenciadores face a países concorrentes são também as reduzidas taxas de criminalidade e a oferta de serviços de elevada qualidade mas com preços competitivos.

191


O desenvolvimento do sector passa por uma estratégia de diferenciação interna do sector por forma a mobilizar diferentes públicos alvo. Assim, prevê-se uma oferta turística segmentada em 10 áreas: Sol e Mar, Touring Cultural e Paisagístico, City Break, Turismo de Negócios, Turismo de Natureza, Turismo Náutico, Saúde e Bem-estar, Golfe, Resorts Integrados e Turismo Residencial, Gastronomia e Vinhos. As características e infra-estruturas de cada região determinam o tipo de produto a desenvolver por cada região, sendo que a curto e médio prazo o crescimento deverá assentar nos produtos Sol e Mar, Touring e City Break. As regiões consideradas estratégicas para o desenvolvimento do sector são o Douro, Serra da Estrela, Oeste, Alqueva, Litoral Alentejano e Porto Santo. Para além destas será ainda dada importância à requalificação do Algarve e à continuação da consolidação dos Açores como destino turístico. No curto e médio prazo o crescimento deverá assentar nos segmentos Sol e Mar, Touring Cultural e Paisagístico e City Break. Os produtos turísticos seleccionados no PENT tiveram em conta por um lado as características dos recursos nacionais, mas também aqueles com maior potencial de crescimento. O segmento Sol e Mar é um mercado maduro na Europa, com um perfil de consumo bastante estratificado em termos de despesa diária (de 80 a 600 euros), devendo representar 80 milhões de viagens em 2015. O crescimento desta área deverá ser sustentado pelo desenvolvimento dos segmentos superiores, mais caros, para os quais se prevê um crescimento anual de 11% até 2015. Prevê-se que o segmento regular registe um crescimento reduzido, cerca de 1,5% até 2015. Em Portugal, e segundo dados de 2006, este segmento representava 41% do turismo de estrangeiros em Portugal, sendo que na região do Algarve este valor ascendia aos 88%. Portugal apresenta excelentes condições para este produto como sejam os mais de 800 quilómetros de costa e o país com mais número de horas de sol por ano. A oferta de praia é diversificada e as características variam de acordo com a região: 192


costa oeste com boas condições para desportos como o Surf ou Kitesurf, o Algarve tem características mediterrânicas com temperaturas de água do mar elevadas, e Porto Santo com condições particulares distintas. As regiões prioritárias para este segmento são o Algarve, Porto Santo e o Alentejo. O cumprimento dos objectivos acima enunciados passa por uma requalificação da oferta. O segmento Touring cultural e paisagístico deverá representar em 2015 79 milhões de viagens na Europa, o que representa um crescimento médio anual de cerca de 6%. A despesa média diária varia entre os 110 e os 200 Euros. Em Portugal este segmento representava em 2006 cerca de 34% dos turistas estrangeiros. Este produto é especialmente relevante na Madeira (57%) e no Alentejo (56%). O nosso país apresenta também neste segmento condições privilegiadas como são exemplo, a dimensão do país, condições de mobilidade e diversidade de atracções a curtas distâncias (parques naturais, monumentos, cidades com passado histórico relevante), no entanto, detém apenas 1,7% da quota de mercado dos consumidores Europeus. O desenvolvimento deste produto deverá ter enfoque nas regiões do Porto, Norte, Centro, Lisboa e Alentejo. O City Break, apesar de no passado recente não ter sofrido grande crescimento, deverá ter nos próximos anos um desenvolvimento acentuado na Europa e um crescimento médio anual de cerca de 14% até 2015. O gasto médio diário varia entre os 60 e os 450 Euros por dia. No ano de 2006 este segmento representava 7% das motivações dos turistas estrangeiros em Portugal, nas duas cidades com possibilidades de oferecer este produto, Lisboa e Porto. O crescimento deste produto tem

sido

condicionado

pelas

acessibilidades,

nomeadamente

na

escassez de oferta de viagens aéreas low cost. Uma das suas características diferenciadoras face a outros produtos turísticos é a sua reduzida sazonalidade. 193


O segmento do Turismo de Negócios pode ser dividido em dois grandes grupos: reuniões associativas e reuniões corporativas. No primeiro grupo assumem especial relevância a medicina (28%), as ciências (12%) e a tecnologia (10%). Em Portugal, Lisboa é a cidade com melhores recursos e infra estruturas para receber este tipo de eventos, apesar da cidade do Porto, a região do Algarve e a Madeira também apresentarem recursos nesta área. Segundo o PENT, o Turismo de negócios de grandes dimensões deverá ser consolidado em Lisboa e desenvolvido no Algarve, enquanto no segmento de pequenas reuniões deverá haver uma aposta em Lisboa, Porto, Algarve e Madeira. De salientar que o Turismo de Negócios tem uma sazonalidade reduzida e complementar ao produto Sol e Mar. O Turismo de Natureza tem apresentado um crescimento sustentado na Europa nos últimos anos, sendo expectável que atinja 43 milhões de viagens em 2015, ou seja apresente um crescimento médio anual de 7%. Em Portugal, o Turismo de Natureza representava 6% do turismo proveniente de estrangeiros em 2006. As regiões em que este segmento é mais relevante são os Açores e a Madeira. Apesar das condições favoráveis de Portugal para desenvolver este produto (21% do território é considerado área protegida) existem grandes

limitações

de

infra

estruturas,

serviços,

know how

e

capacidade competitiva das empresas a operarem neste mercado. No entanto, o turismo baseado na natureza é considerado um nicho emergente no nosso país, com um elevado potencial que tem sido limitado pela fragmentação da oferta. As regiões estratégicas para o desenvolvimento deste segmento são os Açores, a Madeira, o Porto e Norte e o Centro.

194


O mercado Europeu de Golfe está a crescer rapidamente. Em 2005 representava cerca de 1 milhão de viagens por ano e em 2015 este valor deverá duplicar. Também em Portugal este segmento tem tido uma excelente evolução, quer em termos de crescimento como em termos de notoriedade, representando em 2006 cerca de 6,3% do turismo internacional em Portugal. Portugal tem cerca de 70 campos de Golfe, sendo 31 na região do Algarve. Os campos Portugueses gozam de elevado reconhecimento e muitos são considerados dos melhores a nível internacional. Este produto turístico é caracterizado por ter uma baixa sazonalidade. Algarve e a região de Lisboa são as duas regiões com maior oferta e são também as prioritárias para o PENT no desenvolvimento deste produto juntamente com o Litoral Alentejano e o Oeste. No mercado Europeu é esperado um crescimento médio anual do Turismo Náutico de cerca de 9%, devendo atingir em 2015 6,6 milhões de viagens anuais. O Turismo Náutico pode ser dividido em três grandes segmentos: cruzeiros, iates e marítimo desportivo (desportos náuticos e pequenas embarcações). Portugal apresenta condições naturais propícias para a prática de desportos náuticos, sendo banhado pelo Atlântico, com mar frio e batido,

e

pelo

Mediterrâneo

com

mar

mais

tranquilo

e

com

temperaturas mais amenas. Por outro lado, o clima temperado e ameno permite a prática destas actividades durante 12 meses do ano. No

entanto,

existe

uma

carência

de

infra

estruturas

para

o

desenvolvimento deste tipo de actividades. No PENT são estabelecidas algumas prioridades de infra estruturas para desenvolver: cruzeiros (melhorar as condições dos terminais e desenvolver novas rotas), iates (aumentar o número de marinas, nomeadamente nas regiões de Lisboa e Algarve e promover a criação de serviços de apoio às marinas), 195


marítimo turístico (melhorar as condições de atracagem nas regiões de Lisboa, Algarve e Açores). Vários desportos náuticos que não são desenvolvidos no PENT têm um elevado potencial de crescimento ou de melhor aproveitamento para o segmento marítimo turístico, como a vela, o windsurf, o kitesurf, o surf, o bodyboard, o rafting, o remo, a canoagem, o kayak, o ski aquático, a motonáutica, a pesca desportiva, a caça submarina ou o mergulho. Os praticantes destes desportos englobam diversos perfis: competição, lazer, apenas de fim-de-semana ou até praticantes nas férias. Um dos desportos aqui mencionados que tem tido um crescimento exponencial nos últimos anos é o surf. A organização de provas oficiais internacionais, as boas condições nalgumas regiões e a presença de atletas nacionais em lugares de destaque em competições mundiais tem elevado a notoriedade do nosso país como local privilegiado para a prática

deste

desporto

e

tornado

algumas

praias

Portuguesas

referências Europeias e mundiais. As condições naturais de Portugal favorecem também a navegação de recreio. Existe nesta área um elevado deficit de infra estruturas e instalações portuárias. De acordo com a Euromarina, a estimativa para 2008 evidencia esta falha, apresentando Portugal o menor número de amarrações por kilómetro quadrado e por mil habitante em relação a outros países Europeus como são o caso da Espanha, França, Grécia, Itália, Malta ou Reino Unido. Há ainda que considerar os Resorts Integrados e o Turismo Residencial. Enquanto nos Resort Integrados é oferecido uma série de actividades ou experiências, sob uma gestão integrada, o mercado do Turismo Residencial é composto por pessoas que têm acesso ao tipo de propriedade em alojamentos situados em zonas turísticas. Dos 4 milhões de Europeus que têm algum tipo de alojamento turístico no estrangeiro, aproximadamente 1,2 milhões possuem propriedade num Resort Integrado. As taxas de crescimento anuais para este segmento são na ordem dos 10% anuais. 196


Apesar do potencial e da enorme aceitação de estrangeiros de Portugal como solução para passar férias ou mesmo como destino para emigrar após a reforma em países como o Reino Unido ou Alemanha, este é um produto ainda pouco desenvolvido em Portugal. O mercado Português representa apenas 4% do mercado Ibérico (700 mil fogos) e deverá crescer nos próximos anos a uma taxa média anual de 5%. Existe uma carência de oferta de qualidade neste segmento, nomeadamente de Resorts com ofertas integradas como são os casos do Golfe, natureza, marina, etc, com boas acessibilidades e infra estruturas na área da saúde. As regiões prioritárias a curto prazo mencionadas no PENT são Algarve, Madeira e Alentejo e de forma menos urgente Lisboa e o Oeste. O Turismo de Saúde e Bem-Estar tem vindo a crescer nos últimos anos na Europa, sendo expectável que no ano de 2015 sejam feitas 6,2 milhões de viagens. A despesa média diária deste produto varia entre 100 e 400 Euros e a duração da estadia é normalmente 4 ou mais noites. Existem três grandes segmentos: termas, spas e clínicas especializadas. Em Portugal este tipo de turismo representa 2% dos turistas que nos visitam. As infra estruturas do país são muitas vezes antigas e existe carência de serviços ou actividades associados a este tipo de oferta. Portugal representa apenas 1,4% da quota de mercado deste segmento na Europa. O PENT identifica a necessidade da existência de equipamentos de saúde associados a este produto e a conversão de um modelo de negócio focado nos tratamentos, alargando esta oferta também para o conceito de bem-estar. As regiões identificadas com potencial para o desenvolvimento deste tipo de turismo são a Madeira, os Açores, o Porto e Norte e o Centro. O mercado da Gastronomia e Vinhos deverá representar em 2015 1,2 milhões de viagens por ano na Europa, o que representa um 197


crescimento anual de 7% ao ano desde o ano de 2005. O valor médio dos gastos diários está situado entre 150 e 450 Euros por dia. Muitas vezes associados à gastronomia e vinhos são realizadas actividades como cursos ou workshops. A oferta actual de Portugal não está muitas vezes direccionada para a o turismo, com desadequação de infra estruturas como é o caso de museus e caves para esta actividade, para além da falta de pessoal qualificado. No entanto, as condições de regiões como o Douro (património mundial) ou Alentejo (património cultural e natural) para o desenvolvimento deste produto são excelentes, o que poderá tornar este tipo de turismo numa oferta de excelência. As regiões identificadas com maior potencial e prioritárias são o Porto e Norte, o Alentejo e o Centro. Portugal tem suscitado um elevado interesse de Grupo Nacionais e Internacionais no desenvolvimento de novos projectos no sector do Turismo. Nos últimos anos tem-se assistido a um reforço de intenções de investimento significativo em projectos de turismo. Representativo

destas

intenções

ou

concretizações

de

novos

investimentos são o elevado número de Projectos de Interesse Nacional em acompanhamento e em execução para este sector. Numa primeira análise, podemos verificar que muitos destes projectos PIN na área do Turismo assumem o formato de unidades hoteleiras ou Resort Integrado de qualidade, muitos deles associados ao Golfe e ao Turismo Residencial. Alguns dos projectos foram projectados antes do início da crise internacional e imobiliária e estão agora a enfrentar dificuldades de financiamento, colocando em causa a sua concretização, que em muitos casos poderá ser repensada ou reformulada. Apesar destes constrangimentos, os projectos PIN poderão dar uma indicação das perspectivas de evolução do sector. A sua concretização irá transformar a oferta do deste produto em Portugal e para além do desenvolver o turismo em si, desenvolve a actividade de acolhimento. 198


Em síntese:

Figura 8 - Drivers de dinamização do sector do turismo

Drivers Condições naturais: Vocação pela sua localização geográfica, recursos naturais, clima, património histórico e cultural, costa e praias, segurança, afabilidade dos Portugueses, etc. Tendências globais: O crescente aumento de mobilidade internacional favorece o desenvolvimento do sector; Perspectivas de crescimento do sector a nível internacional e Europeu. Iniciativas governamentais: PENT demonstra a aposta forte do Governo em tornar o Turismo um motor de crescimento da economia e de tornar Portugal um dos destinos de maior crescimento da Europa; As melhorias previstas nas acessibilidades (TGV e Novo aeroporto) irão promover a mobilidade interna e a aproximar mercados emissores de Portugal. O novo aeroporto poderá assumir as funções de hub internacional. Iniciativa privada: Forte aposta de grupos empresariais Portugueses e estrangeiros em projectos de investimento para o sector (como são exemplo os PIN para o sector). Para além do aumento do volume, a requalificação e aumento da oferta de qualidade implica um aumento do gasto médio diário e aumento das receitas provenientes deste sector. Poder político: Consenso de que o Turismo é um vector estratégico e prioritário para a economia Portuguesa. A preocupação com a criação de uma oferta nacional integrada, com aumento do peso da gama alta e virada para o turismo de estrangeiros é o formato que beneficia o aumento das exportações no sector de bens ou serviços transaccionáveis.

199


Figura 9 - Ameaças identificadas no sector do turismo Ameaças: Reduzida diversificação: Oferta: elevada dependência das regiões do Algarve, Lisboa e Madeira; Procura: dependência de quatro mercados emissores – Reino Unido, Espanha, Alemanha e França. Elevada sazonalidade: Concentração nos meses de Julho, Agosto e Setembro. Concorrência: Aumento do ambiente concorrencial, adopção de estratégias mais agressivas de atracção e fidelização de turistas entre destinos turísticos. Crise internacional: Retracção do consumo e investimento interno; Retracção de consumo e investimento dos principais mercados emissores do Turismo em Portugal como é o caso do Reino Unido e a Alemanha; Crise imobiliária a nível internacional – retracção do investimento e dificuldade de financiamento, nomeadamente de projectos de turismo residencial. Alterações climáticas: Aumento da temperatura, alterações nos recursos hídricos e aumento dos períodos de seca, alterações na biodiversidade terrestre e marítima, aumento dos desastres naturais, degradação erosão costeira e subida do nível do mar com o consequente inundação das áreas costeiras. Investimento: Necessidade de requalificação de determinados sectores e de aumentar a qualidade da oferta de outros (construção imobiliária descontrolada e desregulada em determinadas zonas turísticas). Aumento no preço de deslocação: Variações no preço do petróleo (efeito directo no custo da deslocação). Escassez de recursos humanos qualificados: Formação de recursos humanos e sua atracção e fixação nas regiões com maiores necessidades.

200


Energia e Ambiente

O sector da energia enfrenta actualmente um enorme número de desafios a nível global. Com o crescimento económico a nível mundial impulsionado

pelas

economias

emergente

e

as

tendências

de

crescimento demográfico, o consumo de energia deverá continuar a subir e consequentemente, as pressões sobre o ambiente. Por outro lado, este sector tem um papel relevante nas alterações geopolíticas internacionais e na transferência de riqueza dos países consumidores para os países produtores de petróleo. Actualmente temos assistido a uma diminuição de poder nas relações políticas e económicas de países desenvolvidos como os EUA e a Europa para países emergentes, como são os casos gritantes da China e Índia, e para países produtores de petróleo. De acordo com a Internacional Energy Agency a utilização global de energia deverá crescer a médio/longo prazo, sendo expectável que em 2030 a procura de energia primária deverá crescer cerca de 40% face ao ano de 2007, sendo a China e a Índia responsáveis por 53% deste aumento. Os combustíveis fósseis continuarão a ser a fonte de energia dominante e deverão representar 77% do acréscimo de procura global de energia esperado. Apesar dos recursos energéticos mundiais terem capacidade para suportar estas as necessidades previstas, a confirmar-se este cenário, deverão verificar-se severas implicações na protecção ambiental, segurança energética e desenvolvimento económico. As consequências mais óbvias são alterações climatéricas, poluição atmosférica e consequentes problemas de saúde pública e ambientais. Este aumento do consumo, para além das questões ambientais levanta ainda preocupações sobre a segurança de abastecimento. Todos estes factores têm conduzido, por um lado, a um esforço de investimento em desenvolvimento de novas soluções tecnológicas com vista a obter melhorias de eficiência na extracção, transporte e 201


transformação de combustíveis fósseis e na mitigação das emissões de gases de estufa e, por outro, na diversificação para fontes renováveis. Com a tecnologia disponível actualmente, as renováveis não têm a eficiência dos combustíveis fósseis, o que impossibilita a sua expansão face às energias tradicionais. Os principais obstáculos nas renováveis são ainda o elevado investimento inicial e custos de operacionalização e manutenção, a reduzida maturidade de algumas tecnologias, a dependência de recursos naturais com disponibilidade incontrolável e difícil de prever e a falta de armazenagem em grande escala. O grande desafio deste sector é encontrar um equilíbrio entre o acentuado aumento de necessidades de energia e a obrigatoriedade de redução das emissões dos gases de estufa, sem que se coloque em causa o crescimento económico e desenvolvimento das economias mundiais. A instabilidade política das principais regiões produtoras de petróleo como o Médio Oriente (Irão, Iraque e Paquistão), a América do Sul (Venezuela e Colômbia) e a África (Nigéria), levanta ainda a questão da segurança com o abastecimento, quer em termos de volatilidade dos preços, quer em cortes de abastecimento. Este crescimento de procura de energia primária é em grande parte justificado pela tendência histórica de incremento no consumo de electricidade

que

continuação

de

deverá

continuar

democratização

do

a

verificar-se acesso

das

no

futuro.

A

populações

à

electricidade nos países em desenvolvimento deverá continuar a contribuir para este movimento. O actual mix energético centra-se no petróleo e carvão que são as duas fontes mais eficientes e também as mais poluentes. As tendências das principais fontes energéticas apontam assim para: Petróleo: aumento das necessidades mundiais acompanhado do desenvolvimento de tecnologias mais eficientes e menos poluentes; Gás: crescimento do consumo; 202


Carvão: apesar do decréscimo do consumo na Europa, o crescimento verificado na Ásia, especialmente na China e Índia, explica a tendência para o aumento do consumo no futuro, mas para uma perda no seu peso no mercado global de energia; Renováveis: a sua importância no mix energético deverá continuar a crescer de forma gradual e pouco expressiva, especialmente enquanto a tecnologia existente continuar pouco competitiva em termos do custo / benefício face às outras fontes; Nuclear: incerteza / crescimento moderado. Os avanços tecnológicos têm um papel fundamental na evolução do contexto actual, que só deverá conhecer alterações significativas com o aumento da eficiência na produção, transporte, armazenagem e utilização de energia. As tecnologias com maior potencial para minimizar as emissões de gases de estufa encontram-se as energias renováveis, a utilização de combustíveis fósseis com captura e armazenamento de CO2 , fusão nuclear, biocombustíveis, hidrogénio, fuel cells. Com a recente crise internacional, o investimento no sector decresceu devido ao um abrandamento da utilização de energia e às dificuldades de financiamento para novos projectos. As consequências poderão ser também visíveis no investimento em renovação de infra estruturas energéticas, nos recursos dedicados a Investigação e Desenvolvimento relacionado com eficiência energética ou com o desenvolvimento de tecnologias nas renováveis, novos investimentos em projectos de energias renováveis, maior dificuldade na aplicação do acordo de Quioto e na obtenção de consensos em novos acordos para redução de emissões de gases de estufa. Sendo um sector com alguma dependência de financiamento público, os efeitos da crise estendem-se ainda às dificuldades dos Governos mundiais em subsidiar ou financiar novos projectos, devido a cortes orçamentais.

203


Em reposta ao actual contexto mundial, a UE definiu um plano energético e ambiental Europeu com base em três grandes vectores: Sustentabilidade: desenvolvimento das renováveis, redução da procura de energia, redução das alterações climáticas e melhorar a qualidade do ar; Competitividade: abrir mercados energéticos Europeus, reduzir impacto do aumento dos preços da energia, continuar com os esforços da Europa em promover e liderar os avanços tecnológicos no sector da energia; Segurança de abastecimento: diversificar mix energético, investir em infra estruturas para enfrentar emergências. Esta política da UE, datada de 2007, tem como principais metas para 2020: Emissões: reduzir as emissões de gases com efeito de estufa do seu consumo energético em pelo menos 20% até 2020 face aos níveis de 1990; Renováveis: aumento do nível de energia renovável no cabaz global da UE para 20% em 2020 (em 2010 deverá ser de aproximadamente

de

10%);

os

biocombustíveis

deverão

representar 10% do combustível para veículos; Eficiência energética: redução do consumo global de energia primária em 20% até 2020. Portugal apresenta uma elevada dependência externa em termos de energia face ao exterior e um potencial muito reduzido para explorar recursos naturais em termos de combustíveis fósseis. Em 2008 cerca de 83% da energia primária consumida foi importada, o que se reflectiu num impacto fortemente negativo na balança comercial. O sector da energia tornou-se fulcral no modelo de desenvolvimento Português,

não

pelas

questões

204

ambientais

associadas

e

de


sustentabilidade,

mas

também

pela

sua

relevância

económica,

nomeadamente, o peso nas importações. Portugal reúne alguns factores que podem promover o desenvolvimento de do sector da energia, nomeadamente das energias renováveis. Deste modo, existe uma elevada sensibilidade da sociedade para as questões energéticas e ambientais, e políticas Comunitárias e Governamentais que promovem a eficiência energética nas empresas e nas famílias, e a diversificação energética para fontes renováveis e biocombustíveis. Associadas às questões energéticas existem uma série de domínios associados ao ambiente como o caso da água, ar, conservação da natureza, gestão de resíduos, etc. Este sector tem vindo a ser marcado pelo

desenvolvimento

crescente

de

regulamentação

de

impactos

ambientais da actividade económica e pela privatização de actividades tradicionais no sector, como é o caso do abastecimento de água, tratamento de águas residuais e tratamento e recolha de resíduos. Por outro lado, tem-se verificado uma maior atenção da opinião pública acerca das questões ambientais e uma tendência de alterações de consumo para produtos / serviços mais ecológicos. A Investigação e Desenvolvimento tem um papel decisivo na evolução deste tipo de actividades, quer na oferta de novos produtos ambientais, quer no desenvolvimento de novos de métodos produção de bens e serviços mais eficientes ecológicos. No entanto, retirando algumas excepções, os sectores energia e ambiente encontram-se por vezes ainda orientado

para

o

mercado

interno

e

bastante

dependente

do

investimento público. O petróleo representa actualmente cerca de 52% da energia primária em Portugal, e metade desta energia é utilizada no sector dos transportes.

Nos

últimos

anos

tem-se

verificado

uma

redução

significativa do peso do petróleo na produção de energia eléctrica. Tal

como

exposto

anteriormente,

no

sector

do

ambiente

e

sustentabilidade o Governo tem grande meta consolidar Portugal como um líder em termos de energias renováveis em 2020. Os três 205


documentos orientadores desta estratégia foram detalhados acima (ver III.2.2) Portugal tem várias empresas de dimensão com presença no sector da energia, como são o caso da EDP e da Galp. A EDP tem uma forte presença internacional, é um dos grandes operadores europeus de energia eléctrica, também com presença no sector do gás e produtor de energia eólica. A EDP é um player mundial em energias renováveis, sendo actualmente a 3ª maior empresa em energia eólica com presença em 11 países diferentes. A Galp Energia é também uma empresa de dimensão internacional no sector dos produtos petrolíferos, Gás natural e energias renováveis, com presença em quatro continentes. Existem outras empresas de referência associadas ao sector dedicadas a segmentos específicos do sector da energia, com uma dimensão internacional. Portugal é um dos países da UE com maior incorporação de energias renováveis na produção de electricidade a partir das grandes centrais hidroeléctricas. Na última década no entanto, quer a potência instalada, quer o peso de outras renováveis na produção de electricidade tem vindo a aumentar, conforme o compromisso assumido no âmbito da directiva das energias renováveis e do Plano Nacional para o sector. A Enercon instalou recentemente a sua milésima torre eólica em Portugal, no Parque da Romã, em Torres Vedras. A constituição do “cluster” eólico iniciou-se em 2006 com a adjudicação ao grupo Eólicas de Portugal, da produção de energia eólica, em 48 parques a instalar por todo o país, até 2010-2012. O projecto engloba a criação de uma nova fileira industrial para o fabrico integral de equipamento (aerogeradores), instalação e operação dos parques eólicos, tendo sido assinado o contrato de construção de um complexo industrial com 5 fábricas, em Viana do Castelo. O projecto prevê igualmente a criação de um centro de I&D. 206


Construiu-se uma fábrica de painéis fotovoltaicos e a instalação uma central solar de produção de energia eléctrica em Moura Esta Central. Prevê-se que esta central produza 63 MW através de 2.520 tarreadores ou seguidores de trajectória solar, que sustentam 262 módulos com 268 mil painéis fotovoltaicos que produzirão 93 gigawatt/hora por ano, alimentando com energia eléctrica 30 mil domicílios. Está em marcha a construção de outra central em Tavira com um sistema de produção de energia eléctrica diferente. O projecto terá uma potência de pico de 6,5 MW, visando a venda de energia à Rede Eléctrica Nacional, para o qual já existe permissão da Direcção Geral de Geologia e Energia. A valorização energética dos resíduos começou em 2001 na Valorsul, em Loures, cuja central produziu, em 2009, 293 837 Mw (cerca de 80% do Total nacional). Existem actualmente 9 centrais de produção de electricidade a partir dos lixos e o Governo prevê a criação de mais 16. As novas centrais entrarão gradualmente em funcionamento nos próximos dois anos e juntam-se às nove já existentes, prevendo-se que venham assegurar uma produção energética superior a 140 mil megawtts (Mw) por ano. Das 16 novas centrais, 9 irão produzir electricidade através de biogás de aterro e as restantes sete da valorização orgânica dos resíduos. Entre estas inclui-se a da Valnor, em Avis, cujo investimento de 7,5 milhões de euros agora iniciado deverá estar concluído em 2012, permitindo produzir 2750 Mw por ano. O aproveitamento da energia das ondas pode ter um impacto muito significativo para Portugal, nomeadamente em termos de produção de energia por meios renováveis, criação de emprego, oportunidade de exportação de equipamentos e serviços, inovação e desenvolvimento de tecnologia e tecido empresarial com vocação para a exploração de outros recursos oceânicos. Existem actualmente 4 protótipos de 4 diferentes tipos (AWS, Pelamis, OWC, Wave Dragon) em teste no mar (Portugal, Escócia e Dinamarca). Não é ainda possível saber qual ou 207


quais os sistemas que poderão tornar-se economicamente competitivos; outros 4 sistemas estão em fase um pouco mais atrasada de desenvolvimento. Portugal tem acompanhado a tecnologia das pilhas de hidrogénio e possui empresas nacionais a trabalhar nesta área, como é o caso da SRE – Soluções Racionais de Energia. As pilhas de combustível utilizam um processo electroquímico de produção de energia eléctrica a partir do Hidrogénio, cujo subproduto é a água. Os factores críticos de sucesso da pilha de combustível são o preço do Hidrogénio, o preço do kW produzido pela pilha/ gerador e a logística do Hidrogénio. Existem boas oportunidades para a economia nacional, nomeadamente a autonomia energética, a valorização das fontes renováveis, cadeias de valor abertas (vantagem para a SRE, ou qualquer outra empresa que se queira instalar), na medida em que existem vários produtos no mercado que permitem fazer um “assembling” próprio e custo de entrada relativamente reduzido. A SRE lidera e participa também na iniciativa EDEN – Endogenizar o Desenvolvimento de Energias Novas, em consórcio com a Autosil, EDP, EEM, EFACEC, etc. Em resumo:

208


Figura 10 - Drivers dinamizadores do sector da energia

Drivers Tendências Globais: Crescimento do consumo de energia impulsionado pelas economias emergentes; Prováveis alterações climatéricas, poluição atmosférica e consequentes problemas de saúde pública e ambientais; Esforço de investimento em desenvolvimento de novas soluções tecnológicas com vista a obter melhorias de eficiência e de mitigação da poluição; Crise internacional tem condicionado o investimento no sector devido às dificuldades de financiamento para novos projectos e à tendência de redução do financiamento público. Estratégia comunitária: Directivas e estratégias comunitárias promovem o desenvolvimento do sector e das energias renováveis. Iniciativas governamentais: Políticas e regulamentações específicas para o sector fomentam fortemente o desenvolvimento do sector; As energias renováveis têm sido uma prioridade para o Governo no passado recente com vista à redução da dependência energética externa, a promoção de crescimento económico e a criação de emprego. Sensibilidade social: Existe uma elevada sensibilidade para as questões energéticas e ambientais e uma alteração dos padrões de consumo para produtos / serviços mais ecológicos. Players nacionais: Galp e EDP são empresas com presença forte a nível internacional no sector da energia, tendo a EDP uma forte presença no sector das renováveis (terceiro maior players mundial na produção de energia eólica).

209


Figura 11 - Ameaças identificadas no sector da energia Ameaças Tendências Globais: Crescimento global esperado, conduzido pelas economias emergente cria dificuldades na satisfação das necessidades crescentes de energia e ao mesmo tempo a obrigatoriedade de redução das emissões dos gases de estufa; Prováveis alterações climatéricas, poluição atmosférica e consequentes problemas de saúde pública e ambientais; Com as actuais tecnologias as energias renováveis demonstram ainda uma falta de competitividade face aos combustíveis fósseis, o que dificulta a sua expansão; Ameaça à segurança no abastecimento e à insegurança nos preços nalgumas das regiões produtoras de petróleo (Médio Oriente, América do Sul, África); Crise internacional tem conduzido a uma redução do investimento em infraestruturas tradicionais ou renováveis e em I&D de eficiência energética e em energias renováveis; Redução dos subsídios, incentivos governamentais para as energias renováveis. Escassez de recursos qualificados: Falta de recursos humanos qualificados em áreas específicas e mais técnicas.

Políticas Governamentais: Necessidade de contenção das contas públicas e a pressão para a redução do endividamento pode colocar em causa projectos energéticos, nalguns casos dependentes de financiamento ou subsídios públicos.

210


Mobilidade e Transportes

O aumento do comércio internacional teve como consequência uma intensificação das actividades de transportes por terra, mar e ar. A emergência na cena internacional das economias emergentes (Brasil, China e Índia) contribuiu no período mais recente para a intensificação dos fluxos de comércio internacional e para o aumento do consumo de energia de uma maneira geral. Os efeitos das actividades de transporte no ambiente e no aumento dos GEE constituem a questão central na definição de cenários e políticas de desenvolvimento no sector dos transportes e mobilidade. Com efeito, o desenvolvimento deste sector com base no paradigma vigente tem efeitos contraditórios com os objectivos definidos para as políticas ambientais, induzindo a reflexão sobre as vantagens e desvantagens do crescimento das infra-estruturas convencionais de transportes. Este fenómeno exerce também uma forte pressão sobre a necessidade de inovação e desenvolvimento quer nas energias alternativas, quer nos meios de transporte, no sentido de se poderem fazer escolhas que não são necessariamente as mesmas que sustentaram o modelo de desenvolvimento anterior. Uma economia dos transportes baseados em combustíveis fósseis provocou um dramático aumento de emissões de poluentes. Estima-se que os transportes marítimos e aéreos produzam mais de 10% das emissões globais de CO2. O transporte aéreo é paradigmático a este propósito e também central para viabilizar o projecto da globalização e a continuidade das trocas internacionais. Contudo, segundo Félix Ribeiro (2007), na sequência do 11 de Setembro e do choque petrolífero de 1997, resultante da mudança da política energética da Arábia Saudita, juntamente com o crash do NASDAQ gerou-se a maior crise na história da aviação civil e levantou um conjunto de incertezas relativamente às previsões anteriores sobre o crescimento do transporte aéreo. Os acontecimentos em curso no médio 211


oriente reforçam essas incertezas, pela pressão acrescida que colocam sobre o preço do petróleo. A bibliografia prospectiva disponível, mesmo nos cenários mais pessimistas, nunca estabelece o preço do petróleo superior a 100 dólares, barreira ultrapassada com a crise da Líbia. As incertezas existentes a este propósito, mesmo antes da crise política no Médio Oriente, levaram a admitir um período de globalização benigna, outro de globalização turbulenta (os próximos 25 anos) e, mesmo, em recuo da globalização, com diminuição da intensificação da mobilidade internacional de pessoas e mercadorias. A desregulamentação do sector aeronáutico nos EUA nos anos 1970 levou a uma alteração nos preços, emergência de novos operadores e uma mudança na configuração das redes de transportes. Na Europa esse processo ocorreu entre 1984 e 1987, estando ainda por apurar se a liberalização do sector na UE vai alterar as funções dos diversos aeroportos. A situação actual é que as maiores companhias americanas, com redes Hub and Spokes e que oferecem um leque variado de destinos, com custos mais elevados, têm sido no geral menos bem sucedidas do que as companhias low cost com arquitecturas Point to Point, que têm obtido os maiores lucros. Este novo modelo de negócio permitiu a ampliação do mercado da aviação civil. Esta reconversão do sector ocorreu a par com uma evolução tecnológica assinalável, com o aparecimento de um novo avião da AIRBUS, quadrimotor, com capacidade para transportar até 800 passageiros em dois andares, com menor consumo de combustível por passageiro e custos mais reduzidos. Em resposta, a BOEING lançou um Bimotor que transporta 350 passageiros, com uma redução de combustível de cerca de 25% e um novo 747 com capacidade até 800 passageiros. A controvérsia tecnológica está instalada, incluindo os modelos de aeroporto e os tipos de redes (HUBS / point to point) que suportarão o transporte aéreo até 2030.

212


Nos Transportes marítimos o cenário é idêntico. Estudos recentes indicam que a emissão de GEE (CO2, NOx e SO2) pelos navios corresponde a cerca de 4%, 10% e 15%, respectivamente. A poluição marítima provocada pelos metais pesados causa problemas não avaliados sobre a fauna marinha, sobretudo nas áreas costeiras e portos de maior tráfico. As concentrações de ozono (O3) têm também aumentado, assim como a formação de sulfato de nitrato por efeito do tráfego marítimo. A Convenção Internacional para a prevenção da poluição marítima, conhecida como a Convenção de Londres, a funcionar em colaboração com a International Maritime Organization (IMO) fez em 1996 um protocolo que reflecte a preocupação crescente com este problema. Os mesmos problemas afectam os transportes terrestres, sendo que a nível internacional o problema se coloca com maior acuidade nos transportes de mercadorias. E é neste quadro que se equaciona a possibilidade de intensificar o transporte ferroviário, tanto a nível local como regional e na interligação entre países próximos. A pressão do ambiente é o factor decisivo para a revolução já em curso no sector dos transportes e mobilidade. A Comissão Europeia, tendo em vista a promoção da integração europeia e a concretização do princípio da mobilidade de pessoas e bens no espaço europeu, tem como um dos seus objectivos a construção de infra-estruturas de mobilidade e redes de acessibilidades no espaço europeu. Este objectivo ficou desde logo consagrado no Tratado de Roma em 1957. Mas só em 1985 - com o alargamento da UE - é que os Estados-Membros viriam a dar atenção a esta questão. Em 1992, o Tratado de Maastricht reafirma este princípio e estabelece um conjunto de normas que facilitam a actuação no domínio dos transportes. É desde esta altura que se estabelece a concorrência nos mercados de transporte rodoviário de mercadorias e do transporte aéreo. Em 1994 no Conselho Europeu de Essen lançaram-se as bases para uma Rede Transeuropeia de Transporte (RTE-T), projecto que viria a ser 213


reforçado em 1996 em Dublin. Na sequência desta decisão, os países foram convidados a tomar as medidas necessárias para a sua concretização. O Livro branco sobre os transportes, adoptado pela Comissão Europeia em 2001, procura definir a política europeia de transportes até 2010 e constituiu a base para o projecto da Rede Transeuropeia de Transportes (RTE-T). O projecto da RTE-T estabelece como prioridades os investimentos em infra-estruturas

ferroviárias,

transporte

fluvial

e

cabotagem,

intermodalidade e interoperabilidade, tendo a dupla preocupação de reduzir os tempos de transporte e as emissões de GEE. Este objectivo viria a consubstanciar-se na elaboração de 30 projectos considerados prioritários. Cinco destes projectos dizem directamente respeito a Portugal, nomeadamente: As linhas Ferroviárias de Alta Velocidade do Sudoeste da Europa que prevêem a ligação ferroviária de alta velocidade da Península Ibérica a França, com dois ramos a norte e a sul dos Pirinéus, que permitirão a conexão com as linhas de Alta Velocidade do centro e norte da Europa. O projecto inclui a ligação Lisboa– Porto, Lisboa–Madrid e Aveiro–Salamanca; A ligação Multimodal Portugal/Espanha-Resto da Europa, que consiste

no

investimento

em

infra-estruturas

rodoviárias,

ferroviárias, portuárias e aeroportuárias em território português e espanhol, ao longo de três corredores multimodais estruturantes das ligações de Portugal com Espanha e o resto da Europa; A

ligação

Ferroviária

de

Sines/Algeciras-Madrid-Paris,

Transporte cujo

objectivo

de é

Mercadorias solucionar

a

limitação de mobilidade imposta pelos Pirinéus. Inclui-se neste projecto o corredor Sines-Badajoz-Madrid; Interoperabilidade da Rede Ferroviária de Alta Velocidade da Península Ibérica, abrangendo as restantes linhas novas de alta 214


velocidade com bitola europeia ou as linhas adaptadas com dupla bitola na Península Ibérica. O Corredor Norte – Noroeste, que inclui Porto – Vigo – está neste projecto; As chamadas Auto-Estradas Marítimas, projecto que inclui a Auto-estrada da Europa Ocidental. A adesão de Portugal à UE implicou que a política nacional de transportes e mobilidade se enquadrasse na política europeia, situação reforçada pela situação geográfica do país na periferia da Europa. A eliminação de fronteiras na UE, a construção do mercado único e a promoção

do

comércio

intracomunitário

constituíram

um

factor

fortemente dinamizador do sector em Portugal, sector que representa cerca de 10% do PIB. Um dos dados essenciais do problema dos transportes na UE é o aumento exponencial do automóvel particular, que se instalou no consumo das famílias no período de expansão económica. Actualmente 80% dos transportes de passageiros são efectuados em automóvel particular. Seguem-se o autocarro (8%), o comboio (6%) e as aeronaves (5%). O número de automóveis tem aumentado a uma média de três milhões por ano, número que deve ter em conta o alargamento aos sucessivos países. Espera-se que esta taxa de crescimento diminua nos próximos anos, não só porque os países recém chegados atingirão uma taxa de utilização do automóvel semelhante aos seus congéneres europeus,

como

também

as

políticas

ambientais

pressionam

à

diminuição da circulação automóvel, ajudadas pelos preços crescentes do petróleo. Contudo esta é uma das grandes zonas de incerteza, fortemente dependente do sucesso de mercado dos veículos movidos com base noutras energias, embora as restrições ao consumo na UE joguem em desfavor desse sucesso. Na UE, o sector dos transportes é responsável por 28% das emissões de CO2. Os veículos rodoviários contribuem com 84% para este valor. Embora as emissões de CO2 estejam globalmente a diminuir, em 215


conformidade com o Protocolo de Quioto, as emissões dos transportes estão a aumentar. No que diz respeito ao transporte aéreo na UE o crescimento é idêntico. A taxa média anual de crescimento de passageiro é de cerca de 7% nos últimos 20 anos. Este crescimento do sector levou à saturação dos aeroportos e dos sistemas de controlo de tráfego aéreo, diminuindo a qualidade de serviço, aumento o consumo de combustíveis fósseis e o aumento da produção de GEE. Em contrapartida, o transporte ferroviário sofreu um declínio. A quota de mercado diminuiu 4% no que diz respeito ao número de passageiros e cerca de 13% no transporte de mercadorias. Este sector perdeu competitividade a favor do sector rodoviário, basicamente porque é mais lento. Esta falta de eficiência deve-se basicamente á necessidade de modernização e harmonização das infra-estruturas de rede ferroviária, já que as redes nacionais operam segundo normas diferentes e nada foi feito para promover o transporte ferroviário durante muito tempo, apesar deste sector ter outras vantagens competitivas como o facto de ser menos poluente. Algumas medidas têm sido tomadas desde 2003, como por exemplo a liberalização do sector. Contudo parecem insuficientes e só no programa da RTE (Rede Transeuropeia de Transportes) são definidas medidas de fundo, nomeadamente a implementação da rede de Alta Velocidade. O transporte aquático na Europa também não é competitivo. A frota marítima reduziu nos últimos anos basicamente devido a um problema que é comum a outros produtos e sectores: as companhias de navegação registadas em países onde as normas de segurança e a qualificação das tripulações não são tão exigentes, têm menos custos. Trata-se basicamente de um processo de "concorrência desleal" que as regras de comércio internacional no âmbito da OMC não contemplam. Com a chegada dos últimos 10 países à UE, a frota europeia representa 26% da marinha mercante mundial. É de registar ainda o facto de que cerca de 41% das mercadorias transportadas no espaço europeu para 216


curtas distâncias se efectuam por navio. Por outro lado, a rede de vias navegáveis interiores está subaproveitada embora seja, em termos comparativos, das mais eficientes em termos energéticos e ambientais. Até à política que visa a implementação da Rede Transeuropeia de Transportes, cada país continuou a investir na rodovia, o que levou este sector a um impasse, com agravamento de alguns dos seus problemas, nomeadamente os congestionamentos e engarrafamentos crescentes, seja a nível local, seja a saturação das estradas em muitas regiões industriais da UE com os efeitos que se conhecem na segurança, no ambiente e na saúde humana. Entretanto algumas medidas sectoriais foram sendo tomadas, como por exemplo o Programa Marco Pólo (2003-2006) que veio definir como prioridade a intermodalidade propondo a integração do transporte marítimo de curta distância, dos caminhos-de-ferro e do transporte fluvial na cadeia logística, assim como apoiar financeiramente a melhoraria do desempenho ambiental dos transportes de mercadorias (Regulamento CE nº 1382/2003) Embora ainda corresponda a uma pequena parte das mercadorias deslocadas o transporte intermodal está a crescer a uma média de cerca de 10% ao ano. Na sequência da operacionalização das políticas europeias de transporte e mobilidade, Portugal conheceu nas últimas décadas alterações profundas na suas infra-estruturas de mobilidade, nomeadamente rodoviária, que pela implementação de uma rede viária, incluindo a rede de auto-estradas de que o país carecia. Algumas da medidas de política previstas quer no âmbito do PET, quer anteriores, foram implementadas ou estão em fase de execução, como se referiu anteriormente. Ressalta aqui o impasse em que se encontram alguma dessas medidas, sobretudo

os

chamados

projectos

217

estruturantes,

dados

os


constrangimentos económico-financeiros decorrentes da crise financeira global. Referimo-nos à construção de um Novo Aeroporto Internacional em Lisboa e infra-estruturas subjacentes, que foi objecto de um amplo debate nacional. O projecto de construção deste aeroporto visa a criação de condições adequadas ao transporte de passageiros e de carga, admitindo-se que viesse a funcionar no futuro como plataforma de trânsito de uma das alianças mundiais de aviação civil, referidas anteriormente. O pressuposto de base para a construção do novo aeroporto é o de que, não havendo alternativa ao modo aéreo aceitável para o transporte de pessoas em distâncias superiores a 600 km, a situação periférica de Portugal exige que o País tenha infra-estruturas aeroportuárias capazes de o colocarem na rota das redes globais da aviação civil. Esta seria a condição prévia para se poder concretizar os objectivos definidos para o turismo, como pólo de atracção de investimento estrangeiro e transporte de carga de produtos sensíveis que exigem este tipo de transporte. Todos os projectos e cenários da rede de transportes nacionais para ligação de Portugal ao mundo, incluindo os projectos de dinamização de portos e da criação de plataformas logísticas estão concebidos a partir dos projectos estruturantes do aeroporto e da rede de Alta velocidade. Contudo, as incertezas que a crise financeira veio colocar, associadas às pressões crescentes sobre o ambiente e a mais uma crise do petróleo que a instabilidade política do médio oriente vem colocar como cenário muito previsível, juntam-se às incertezas anteriores colocadas pela questão da segurança e terrorismo internacional que se arrastam desde o 11 de Setembro, tornando mais credíveis as hipóteses colocadas por Félix Ribeiro de uma globalização turbulenta ou, mesmo, de recuo da globalização, com consequências no tráfego internacional e nas opções a privilegiar em termos de meios de transporte. Dado o impasse em que se encontra a política aeroportuária em Portugal, mas também na Europa, face a todas estas incertezas, 218


podemos admitir um reequacionar do problema a nível europeu, e mesmo mundial, a menos que inovações tecnológicas de tipo radical quer em termos de aviões, quer em termos de eficiência energética ou de energias alternativas tragam à luz novas soluções. O projecto de Construção da rede ferroviária de Alta Velocidade, contemplado na política europeia de transportes como parte integrante da Rede Transeuropeia de Transportes está paralisado pelas mesmas razões. O projecto de aumento da capacidade do porto de águas profundas de Sines, como zona privilegiada de actividades logísticas e pólo de atracção de novas actividades industriais depende, em grande medida da construção das ligações rodo-ferroviárias a Espanha, nomeadamente a ligação ferroviária Sines-Évora-Badajoz para tráfego de mercadorias. O projecto das plataformas logísticas pressupõe a integração e serviços, articulando cargas transportadas por via marítima e aérea. No que diz respeito às chamadas auto-estradas do mar, só fazem sentido se houver portos com infra-estruturas adequadas e uma concentração

de

transportes

de

mercadorias

que

permitam

a

intermodalidade, o que poderá vir a acontecer com dinamização do Porto de Sines e construção da plataforma logística de Sines e Poceirão. Inserida na Rede Nacional de Plataformas Logísticas, será a maior do País, com uma extensão de 420 hectares, e prevê-se que sirva de apoio ao transporte de mercadorias dos portos de Lisboa, Setúbal e Sines. Esta Plataforma, com um investimento Total estimado em 307milhões de euros dos quais 17 milhões em acessibilidades, usufrui de bons acessos rodoviários e, a nível ferroviário, tem ligação às linhas do Sul e do Alentejo e conta com a rede de Alta Velocidade Lisboa-Madrid que está prevista para tráfego misto. Parece consensual a criação de um corredor multimodal, na sequência da filosofia da política europeia de transportes, para transporte de mercadorias que ligue o porto de Sines a Madrid - através de Saragoça, Barcelona e Perpignan - e ao centro da Europa. Este corredor 219


multimodal deverá dispor centralmente de uma plataforma logística que permita

o

encaminhamento

e

distribuição

de

mercadorias

transportadas por via aérea, marítima, ferroviária e rodoviária. Os investimentos em infra-estruturas de transportes que sirvam a consolidação do sistema urbano deveriam prosseguir, o que implicaria uma

concentração

de

investimentos

na

faixa

litoral

Áreas

Metropolitanas e Eixo Estruturante Norte-Sul – no sentido de transferir parte dos fluxos de mobilidade do modo rodoviário para o modo ferroviário, no quadro de um reforço de operadores multimodais. Contudo, todos estes projectos, incluindo a auto-estrada marítima, estão pensados em articulação com a construção do Novo Aeroporto de Lisboa e da Rede Alta velocidade, o que significa que grande parte da reestruturação do sector dos transportes e das economias associadas estão em stand-by. Prevê-se a reorganização da oferta do transporte rodoviário urbano, e a renovação das frotas utilizando energias renováveis. Este projecto está em marcha com a construção dos primeiros autocarros movidos a electricidade pela empresa Salvador Caetano, na prossecução das medidas de política energética. Em meio urbano pode acontecer uma transformar mais estrutural com a introdução do transporte individual eléctrico, já em fase implementação no âmbito da política de energia e com a expansão, em grande medida já concretizada, da rede de Metro. No que diz respeito à mobilidade interna urbana, mas não só, aposta-se também nas redes virtuais, esperando que esta tenha um impacte que redução

da

mobilidade,

com

investimentos

previstos

para

a

implementação e extensão da rede de banda larga. Ainda nesta área urbana, prevê-se uma forte reorganização do sector como fim das concessões que impedem um mesmo operador de recolher e transportar passageiros em toda uma Área Metropolitana. O investimento realizado no Aeroporto Sá Carneiro visando torná-lo no principal aeroporto do noroeste peninsular deverá articular-se com o 220


porto de Leixões por forma a constituir-se como alavanca do tecido empresarial Norte e do Centro litoral.

Figura 12 - Drivers dinamizadores do sector dos transportes Drivers Tendências Globais: Crescimento dos fluxos internacionais de transportes de mercadorias e passageiros no âmbito da intensificação das trocas comerciais e no desenvolvimento do Turismo; Tensão crescente entre o aumento da produção de GEE que a intensificação dos fluxos de transporte implicam, e a pressão para a soluções tecnológicas mais eficientes do ponto de vista do ambiente, com impacte no tipo de infraestruturas a desenvolver e nos meios de transporte em si. Estratégia comunitária: Desenvolver a Rede transeuropeia de Transportes (RTE-T), com vista à integração económica e social do espaço europeu; Aposta na intermodalidade, reabilitando o transporte ferroviário e marítimo Iniciativas governamentais: Política de transportes, consubstanciada no Plano estratégico Transportes (PET), fortemente inspirada na política europeia de transportes; Articulação da Política energética com a Política de transportes.

Figura 13 – Ameaças identificadas no sector dos transportes Ameaças Crise Internacional: Crise internacional trava os projectos estruturantes para implementação do PET; Paralisação dos investimentos estruturantes bloqueia a implementação de grande parte das medidas previstas nas políticas de transporte; Restrições ao consumo público e privado podem dificultar implementação do projecto MOBI-E (massificação dos Veículos eléctricos, públicos e privados). Instabilidade nos preços dos combustíveis A crise política no médio oriente e os potenciais impactes na segurança, abastecimento e preço do petróleo podem levar a um reequacionar das estratégias definidas para o sector e/ou aumentar a pressão para soluções energéticas alternativas. 221


III.3.2 Nuvens em expansão

A bibliografia disponível identifica outros desenvolvimentos sectoriais, para além das grandes nuvens ancoradas em grandes projectos de desenvolvimento para Portugal.

Serviços diversos

Na leitura prospectiva, foram identificadas diversas possibilidades de elevado potencial para o desenvolvimento de vários tipos de serviços, de que destacamos: Serviços partilhados: potencial de captação de IDE, tendo em vista a prestação de tele-serviços ou serviços partilhados a distância

apoiando-se

nas

tecnologias

de

comunicação

e

informação. Trata-se de um conjunto de serviços diversificados que mobilizam, em regra mão-de-obra pouco escolarizada em regime de trabalho temporário, como por exemplo os call centers e os centros de atendimento e assistência técnica a distância. Inclui também os serviços partilhados de empresas multinacionais na área do back office (processamento de pagamentos, contabilidade, etc.); Serviços urbanos: reconstrução urbana, novos serviços de mobilidade, manutenção de edifícios, implantação e manutenção de espaços verdes, instalação de soluções energéticas, serviços de licenciamento, etc.; Serviços Pessoais: serviços associados ao apoio ao domicílio, cuidados sociais e de higiene e saúde no âmbito das actividade de apoio à terceira idade. Estas últimas sentem-se hoje de forma muito premente em todo o país e ganham outra dimensão se

222


atendermos ao choque demográfico, como tendência de evolução das sociedades modernas; Serviços

de

mobilidade

-

actividades

associadas

ao

desenvolvimento da rede de transportes e de plataformas logísticas.

Cluster do Mar

A Estratégia Nacional para o Mar, publicada em 2006 (resolução do conselho ministros nº128/2006) inspirada no Livro Verde da Política Marítima Europeia, avança com uma estratégia para exploração do potencial económico do mar, numa perspectiva completamente nova face às actividades tradicionais ligadas ao mar. Esta aposta integra também a Estratégia Mediterrânica para o Desenvolvimento sustentável 2020 e o Plano de Acção Mediterrânico. Este novo olhar sobre o mar é partilhado a nível europeu, que tem uma política marítima com o objectivo

de

desenvolver

uma

economia

marítima

próspera

e

ambientalmente sustentável. Este desenvolvimento deve assentar no desenvolvimento científico e tecnológico e na inovação das actividades associadas ao mar, tirando partido das competências que a Europa já detém no domínio da navegação, na tecnologia naval, no turismo costeiro, na energia de offshore, incluindo as renováveis, e serviços auxiliares. Os sectores com maior potencial económico de crescimento são navegação de cruzeiros, a economia dos portos, a aquacultura, as energias renováveis, as telecomunicações submarinas e biotecnologia marítima Esta última é também designada como biotecnologia azul e encerra

um

biodiversidade

enorme

potencial

marinha,

económico,

estimando-se

que

pela cerca

exploração de

80%

da dos

organismos vivos mundiais se encontram no mar. No estado actual do conhecimento sobre esta matéria sabe-se que esta tecnologia pode contribuir com vantagens económicas para vários sectores industriais,

223


nomeadamente a aquacultura, produtos para a saúde e da cosmética, novos produtos alimentares, produção de energias através de certo tipo de algas, etc. Refira-se que está instalada em Lisboa desde 2006,

a

sede da Agência Europeia de Segurança Marítima (EMSA – European Maritime SafetyAgency). É neste quadro que Portugal dá prioridade em termos dos clusters previstos no QREN, como se referiu, ao cluster do mar, que desenvolveremos á frente. Para além das actividades tradicionais ligadas ao mar - pesca e turismo nas orlas costeiras -, a exploração sustentada de recurso energéticos, a exploração e prospecção de hidrocarbonetos

offshore,

a

investigação

de

novos

materiais,

a

investigação nas áreas da biologia e da geologia marinhas são hipóteses possíveis. Do ponto de vista dos recursos energéticos, o mar também tem enormes potencialidades ainda não exploradas, no âmbito das energias alternativas de 3ª geração, nomeadamente as ondas e marés. As tecnologias associadas às energias alternativas de primeira geração (desde finais do século XIX) são a hídrica, a biomassa/combustão e a geotérmica (produção de electricidade e calor). Na segunda geração (desde os anos 80 do século XX) incluem-se a solar (aquecimento e arrefecimento), a solar fotovoltaica, a eólica e novas formas de bioenergia. Na terceira geração exploram-se a energia solar, como concentrador de energia, as ondas e marés, sistema melhorados na geotérmica e os sistemas integrados de bioenergia. As características naturais do país e potencial de crescimento de actividades associadas ao mar favorecem a geração de sinergias e a criação de um cluster forte, sendo uma das áreas prioritárias do Governo, ao abrigo do QREN. Algumas das actividades a potenciar: Desenvolvimento de tecnologias na área da electrónica e robótica submarina e de equipamentos para monitorização dos oceanos; Desenvolvimentos dos transportes marítimos, modernização de portos, logística, serviços marítimos de carga, passageiros e turismo e construção naval; 224


O sector do turismo associado aos desportos náuticos de que são exemplos a expansão das actividades náuticas de recreio, desportos submarinos, surf, vela, cruzeiros, etc., assim como a realização de provas internacionais de Desportos Náuticos em que Portugal tem condições particularmente atractivas; Actividades, tais como a I&D, em biologia marinha para descoberta de novos fármacos; Pesca, aquicultura, indústria do pescado; Exploração de energia eólica em offshore, um potencial segmento a explorar na energia, com vantagens, para além da energia das ondas. Saúde

A questão demográfica e o aumento esperado de fluxos turísticos internacionais continuarão a pressionar a procura de serviços de saúde por um lado e, por outro, os avanços científicos e tecnológicos nesta área. Convergentemente, o conjunto de actividades que por efeito de arrastamento se poderão desenvolver fazem da saúde outra das áreas prioritárias do QREN. Este segmento, mais desenvolvido no Norte do País tem potencial de desenvolvimento em diversas áreas: Desenvolvimento da engenharia biomédica, e das actividades de investigação nas áreas ligadas à saúde tirando partido das competências já existente em centros de I&D de grande prestígio e competência internacional, sobretudo na área do cancro e das doenças degenerativas; Desenvolvimento de novos meios de diagnóstico, medicamentos ou métodos de administração de fármacos; Reforço da ligação entre estas áreas científicas e as empresas farmacêuticas nacionais e internacionais, assim como a formação de empresas de base tecnológica, potenciando a "exportação" do 225


conhecimento altamente especializado para desenvolvimento da actividade industrial; Concepção e desenvolvimento de sistemas tecnológicos aplicados ao funcionamento dos sistemas de saúde. Para além deste segmento mobilizador de competências avançadas na área, outros segmentos poderão desenvolver-se, nomeadamente: Desenvolver as actividades de serviços especializados para o sector farmacêutico e a sociedade em geral (testes de ADN, por exemplo), nomeadamente testes de materiais clínicos, fabricação de materiais ou medicamentos, fabricação de embalagens e todas as actividades associadas; Concepção e fabrico de consumíveis hospitalares, em articulação com o sector têxtil, o papel e fibras celulósicas e os plásticos; Resposta á maior procura de cuidados de saúde e serviços associados (residências assistidas, assistência ao domicílio, etc.); Procura de serviços de saúde e os cuidados de saúde e reabilitação

potenciado

pelo

crescimento

no

turismo

dos

segmentos de saúde e bem-estar e do turismo residencial; Desenvolvimento de competências na área da telemedicina e de gestão da informação de sistemas hospitalares; Outra área de potencial desenvolvimento é o Turismo associado à saúde, sobretudo nas áreas de cuidados médicos.

Química e Petroquímica

Estão previstos diversos projectos de investimento significativos nos complexos petroquímicos de Estarreja, Barreiro e Sines, alguns dos quais já concretizados. A Solvay, Air Liquide, Dow Repsol, La Seda, Galp, Degussa têm unidades de produção em Portugal e algumas têm planos de expansão. 226


A concretização dos planos para os transportes, portos e plataformas logísticas em Portugal poderá ser um factor crítico para a expansão do sector. Contudo, como se sabe, alguns projectos governamentais para os transportes estão congeladas e a situação de crise mundial está a bloquear o desenvolvimento deste sector internacionalmente. Refira-se ainda que este grupo de actividades tem algumas debilidades estruturais em Portugal, nomeadamente uma malha pouco densa que o torna mais susceptível em termos de competitividade, apesar dos esforços de investimento quer por parte do Estado, quer do sector privado. A título de exemplo e relativamente ao período mais recente, refira-se o Projecto de Interesse Nacional, que permitiu a ampliação das três grandes empresas instaladas neste complexo em Estarreja, a Dow, Air Liquide e Cuf. Apesar desses esforços, a intensidade das interligações que compõem o Cluster carecem de maior reforço dada o aumento concorrencial no âmbito da economia global (Teixeira, 2010). Refira-se contudo que a conjuntura mundial recente apresentava algumas ameaças atendendo ao lento crescimento do consumo de alguns produtos petroquímicos na Europa, tendo como consequência o aumento da concorrência entre operadores Europeus. Acresce que as produções nalguns países produtores de petróleo e gás natural são subsidiadas e ainda que estes países têm condições logísticas vantajosas relativamente aos mercados emergentes da China e Índia, países que têm os maiores crescimentos mundiais de consumo dos produtos petroquímicos. Refira-se ainda que a grande instabilidade política que se vive no Médio Oriente, cujo desfecho é incerto, pode ter consequências nestes mercados.

Indústrias Criativas

As chamadas indústrias criativas englobam um conjunto de actividades muito diversificadas: artes gráficas, edição, imprensa, distribuição e

227


produção audiovisual, publicidade, arte e espectáculos, moda, internet, conteúdos para multimédia, música, design, arquitectura, desporto, etc. O desenvolvimento deste sector está associado ao desenvolvimento dos vários segmentos do turismo e é potenciado pela complementaridade com as novas tecnologias de informação e comunicação (TIC). Este modelo de desenvolvimento pode ser complementado com iniciativas próprias que, ao contrário, sejam potenciadoras do desenvolvimento de certos segmentos do turismo, como por exemplo eventos de moda, actividades culturais e potenciação do património cultural do país (incluindo a gastronomia e os vinhos), ou a organização de eventos internacionais (exemplo: Euro 2004 e Expo 1998). O crescimento das TICs e a capacidade de inovação deste sector tem conduzido ao desenvolvimento de certos segmentos específicos, como por exemplo o Web design, a indústria de conteúdos, etc.

Tecnologias da Informação e Comunicação

O sector das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) tem tido um crescimento no passado recente e existem perspectivas de que no futuro esta tendência se mantenha, nomeadamente motivado pelos seguintes factores: Desenvolvimento de software para múltiplas aplicações, como por exemplo a modernização do sector público, incluindo certos segmentos dos serviços de saúde; A expansão do uso das ligações à internet de banda larga deverá continuar em expansão, assim como o desenvolvimento de novos produtos e serviços associados; Concepção de novos produtos software específico para nichos de mercado de alto valor acrescentado, de que são exemplo algumas

228


empresas portuguesas de sucesso, como por exemplo, a Critical Software; A presença de empresas com forte implantação em mercados internacionais, como são exemplo a Alcatel, Vodafone e Siemens pode potenciar o desenvolvimento de pequenas empresas de base tecnológica.

Floresta

A floresta constitui uma das alternativas mais viáveis para o desenvolvimento

de

sumidouros

naturais

de

CO2.

A

produção

económica anual da floresta portuguesa é avaliada em € 1,2 mil milhões e inclui, par além da madeira, cortiça e resina, os frutos, cogumelos, plantas aromáticas, silvipastorícia, caça, recreio e paisagem, protecção do solo e dos recursos hídricos, biodiversidade, e outros valores ambientais como o sequestro de carbono. A política florestal definida na Estratégia Nacional para as Florestas prevê, entre outras medidas, a redução da desflorestação, a florestação de zonas nunca florestadas e a reflorestação de áreas, designadamente áreas ardidas. A concretização destes objectivos, além de permitir criar sumidouros de CO2, gera recursos endógenos de biomassa para um conjunto diversificado de actividades económicas, ligadas à energia, ao desenvolvimento rural e ao eco-turismo.

III.3.3 Nuvens cinzentas

Nesta categoria considerámos sectores que se encontram em profunda reestruturação e, ao contrário dos apresentados anteriormente, não

229


apresentam novas áreas de actividade nem áreas com elevado potencial de expansão: Sectores tradicionais em reconversão que deverão reduzir o seu peso e colocar maior ênfase nas exportações; Sectores que estão a sofrer alterações no modelo de negócio, com sofisticação e especialização do produto ou serviço oferecido; Sectores em que as necessidades de qualificações estão a alterarse. De seguida são enumerados alguns dos exemplos que são identificados na leitura prospectiva e as alterações mais visíveis que estão a ocorrer no seu modelo de negócio: Vidro e cerâmica: inovação nos materiais, design e incremento do domínio dos mecanismos de mercado e distribuição. Têxteis e Calçado: aposta nos tecidos de alta qualidade, têxteis lar e desenvolvimento de têxteis especiais para aplicação noutros sectores (por exemplo no sector automóvel) e incorporação da função design no calçado. Agricultura

de

especialidades:

agricultura

biológica

e

especialização em produtos de nicho. Plásticos: evolução dos moldes de plástico e dos moldes técnicos e orientação para aplicação noutros sectores como são o caso das embalagens, construção civil e indústria automóvel. Mobiliário: aposta na inovação, design e internacionalização. Metalomecânica:

enfoque

na

inovação,

nomeadamente

nas

empresas com presença nos segmentos dos moldes e da indústria automóvel.

230


III.3.4 Nuvens cruzadas

Entre

diferentes

sectores

de

actividade

existe

uma

elevada

interdependência e que condiciona o desenvolvimento e crescimento de cada uma das nuvens identificadas anteriormente. Podemos identificar várias relações entre sectores em que o desenvolvimento de um impulsiona o crescimento do outro. Três casos exemplares desta complementaridade são os seguintes exemplos: Mobilidade e Transportes - Turismo; Turismo – Saúde; Saúde - Serviços Diversos.

O

gráfico

seguinte

procura

esquematizar

algumas

das

relações

identificadas.

Figura 14 – Nuvens cruzadas: relações de interdependência sectorial entre turismo, mobilidade e energia

Turismo

Criativas

Saúde

Serviços diversos

Mobilidade e Transportes TICs

Energia e Ambiente

231


Conclusões: o índice de saídas profissionais, a prospectiva económica e as prioridades para a reavaliação da oferta de ensino profissional

No

presente

trabalho,

foram

construídos

cinco

indicadores

da

articulação da oferta com os dinamismos simultâneos da procura de qualificações: nível de saturação do emprego, relevância no mercado de trabalho, dinamismo do emprego, intensidade do risco de emprego e dinamismo do risco de desemprego. Com base nestes 5 indicadores foi construído um índice, designado de “semáforo de saídas profissionais”, indicador síntese de satisfação da procura potencial de qualificações à saída, no curto prazo, por profissão. Uma das tarefas delicadas a que procedemos foi a definição de uma tabela de equivalências entre áreas de formação e saídas profissionais que, como se verificou na análise, carece de ser ponderada e desenvolvida. A metodologia que usámos centrou-se no perfil de saída da estrutura curricular dos cursos, mas pode haver enviesamentos entre esse perfil formalmente pretendido e o perfil efectivamente conseguido ou pelo menos o perfil reconhecido pelos empregadores. Em termos agregados, o índice sintético conduz-nos a uma conclusão que exige ponderação. Em todo o país, por este índice, a oferta de formação está mais saturada face à procura, isto é, onde haverá “sobreprodução” de qualificações face às condições locais de absorção, são as áreas nobres de desenvolvimento da educação e formação profissional de nível secundário: técnicos intermédios (Grupo 3 da Classificação Nacional de Profissões) e profissionais dos serviços directos e particulares (Grupo 5 da CNP). Esta conclusão atinge um ponto particularmente forte em algumas áreas de grande procura de formação “à entrada”, pelos jovens e as famílias: os informáticos (CNP 312) e os técnicos comerciais (341).

232


No ponto oposto, existe um fenómeno de “rarificação” de oferta em alguns grupos profissionais, com dinamismo empregador significativo mas sem que haja volume significativo de produção de qualificações. Esta rarificação sugere que há áreas com procura à saída para as quais a oferta não está a dirigir-se. Ela cobre as profissões menos qualificadas do comércio e administrativas (profissões 419, 421 e 422 da CNP), pessoal da restauração (profissão 512 da CNP) praticamente todas as profissões qualificadas da construção civil e operários qualificados da produção industrial (grupos 7 e 8 da CNP). O objectivo do “semáforo” construído, ou seja do índice que mede a saturação e a rarificação da oferta de qualificações face ao dinamismo empregador de curto prazo não é o de produzir leituras automáticas da necessidade/desnecessidade de uma oferta, mas elucidar da existência de potenciais “áreas brancas” ou de desajustamentos que carecem de ser avaliados e aprofundados para verificarem se correspondem a becos sem saída, a saídas alternativas ou há algum outro factor que justifique ponderação. Desse ponto de vista este estudo sustenta a ideia de que tem que se revisitar a definição de que a saída natural dos cursos de ensino e formação profissional de nível secundário são os técnicos intermédios. Tem também que se reavaliar o escasso contributo deste nível de formação para a produção de profissionais qualificados da produção e das profissões operárias em geral e ainda de empregados da restauração, aproximação a uma rarificação da oferta de orientação turística. A análise efectuada permite-nos ainda verificar a saturação/rarificação da oferta do ponto de vista regional. Nesse plano deve salientar-se que o Alentejo e o Algarve estão, segundo o indicador estudado numa situação de elevada saturação da oferta em todos os segmentos de formação. Este primeiro exercício levanta tantas questões quantas as que resolve. Estamos a classificar bem as saídas profissionais dos cursos? Os empregadores estão a classificar bem a profissão dos seus empregados 233


quando preenchem os quadros de pessoal? Os jovens à procura de novo emprego estão a descrever bem a sua profissão nos centros de emprego? Que parte do desencontro se deve a erros de classificação? Mas também levanta questões de vocação deste segmento da oferta de formação. A política de produção de qualificações tem assumido que as profissões auxiliares e as profissões operárias da produção são de um nível de qualificação inferior à oferta de formação de nível secundário. Serão? Ou terá que se incorporar que a progressão nos requisitos das profissões da produção implica a necessidade de olhar de outro modo para a oferta profissional de nível secundário? As questões que o semáforo coloca adensam-se pela consideração da prospectiva económica sectorial. A análise prospectiva da evolução sectorial realizada na terceira parte deste

estudo

pretendeu

dar

uma

visão

de

conjunto

sobre

os

dinamismos da actividade económica que prevemos que venham a alimentar no médio-longo prazo as necessidades de qualificações de nível intermédio em Portugal. A análise, feita com base num levantamento de estudos prospectivos nos últimos 5 anos, foi reforçada por outros indicadores nomeadamente a evolução das exportações por sector de actividade, a análise dos PIN e das políticas públicas europeias e nacionais em áreas consideradas estratégicas. Uma das conclusões a realçar, neste ponto, é que muitos dos projectos estruturantes para o desenvolvimento da actividade económica do país, resultam de políticas europeias tendo em vista a construção do mercado único e a integração progressiva dos países, concretizando o princípio da livre circulação de pessoas, bens e capitais. Um outro dado importante que condiciona o exercício prospectivo é que, embora alguns estudos prospectivos mais recentes já entrem em consideração com os constrangimentos impostos pela crise financeira mundial de 2008, não integram ainda um conjunto de factores que têm 234


vindo a tornar-se visíveis na sequência dessa crise, incluindo o plano de resgate a Portugal, a situação da Grécia e da Irlanda e a própria situação crítica em que se encontra a Europa, que contribui para o recuo de alguns dos projectos mais promissores para o desenvolvimento da base económica do país, tal como foram identificados neste relatório, e para aumentar o grau risco de outros. A prudência não pode, contudo,

impedir-nos de identificar as

tendências recorrentes na investigação sobre o tema. A opção que fizemos foi a de identificar “nuvens” de oportunidades para as qualificações, que resultarão de previsíveis transformações sectoriais. A combinação dos drivers de mudança permitiu identificar um primeiro grupo

de

actividades

que

é

largamente

consensual

que

são

oportunidades em crescimento: o turismo, a energia e o ambiente e a mobilidade e os transportes. É certo que à conjuntura internacional de crise e à conjuntura nacional de ajustamento orçamental correspondem ameaças de curto prazo ao seu crescimento, mas já se tornaram marcas nacionais e há estratégias de actores consistentes que levam a que se identifique

estas

áreas

como

núcleos

a

carecer

de

serem

significativamente consumidores de força de trabalho, estando numa rota de investimento e crescimento. Temos que ressalver, contudo, que pelo seu carácter estratégico e pela intensidade de investimento que implicam, o ritmo a que estas oportunidades se materializarão está dependente das soluções que vierem a ser encontradas para reanimação da actividade económica na Europa, agora colocada em segundo plano face à urgência das dívidas públicas e da fragilidade do Euro. Há um segundo grupos de “nuvens”, menos consensuais e que apresentam diferentes fragilidades, mas têm boas potencialidades de virem a constituir novos desafios às qualificações. Tal como em toda a Europa, estas incluem a diversidade de serviços, em particular às pessoas e à comunidade, mas também os serviços partilhados e às empresas. Inclui o recorrentemente referido, mas ainda frágil cluster do 235


mar, as necessidades progressivas em saúde, incluindo não apenas os cuidados como as actividades conexas, a química e petroquímica, as indústrias criativas e as tecnologias de informação. Este segundo grupo de actividades caracteriza-se por maior fragilidade e dependência de factores adversos que as anteriores e por ser mais incerta a sua sustentabilidade ou competitividade, nomeadamente se não houver um salto significativo na produtividade, nas qualificações e no nível de vida da população. O terceiro grupo que identificámos e a que chamámos “nuvens cinzentas” inclui as actividades que têm frequentemente atraído as atenções pela negativa mas revelam potencial de reestruturação que as reposiciona como oportunidades. Ou seja, são áreas que podem até estar em retracção ou crescimento muito moderado, mas estão em recomposição para segmentos mais exigentes na competição económica, que implicam procura de qualificações. Neste segmento, que poderá ter um comportamento contraditório, dada a sua heterogeneidade interna, incluímos o vidro e a cerâmica, os têxteis e o calçado, a agricultura de especialidades, os plásticos, o mobiliário e a metalomecânica. O grau de incerteza neste último grupo é indeterminado porque depende, no que diz respeito às exportações, da evolução económica dos países de destino e do problema da incerteza sobre o futuro da Europa. Se bem que o destino das nossas exportações se tenha vindo a diversificar nos últimos anos. Mas ainda aqui persiste a ameaça de uma nova crise mundial. Em todo o caso, há um leit-motiv comum a estas tendências do ponto de vista das qualificações. Os dinamismos que antecipamos implicarão a necessidade de profissionais ligados à produção de bens ou à prestação directa de serviços. Os nossos clusters de futuro têm uma forte marca de regresso a actividades produtivas, no sentido restrito do termo, para além da previsível especialização turística.

236


As tendências que a prospectiva identifica reforçam a necessidade de repensar a relação já desequilibrada entre oferta de ensino profissional e procura potencial à saída pelas empresas. Chegados a este ponto, o trabalho que realizámos sugere pistas de aprofundamento futuro em três direcções que resolvam as questões pendentes e permitam apurar a metodologia de apoio à decisão desenvolvida: a) Desenhar estratégias e mecanismos de apoio às escolas e entidades formadoras na perspectiva de redireccionar a oferta e estimular a procura nas áreas em que foram identificados dinamismos no mercado de trabalho sem correspondência na oferta formativa, incluindo uma reflexão de médio prazo sobre a evolução das qualificações face às dinâmicas de escolarização (generalização da conclusão do ensino secundário); b) Nas áreas em que a oferta se revela sobredimensionada, desenhar

estratégias

de

reorientação

da

oferta

formativa

potenciando o know-how existente; c) Realizar estudos intensivos nos sectores e profissões em que se constatou que existem significativas disfuncionalidades entre as competências adquiridas e os postos de trabalho realmente ocupados. Se as disfunções de curto prazo não classificam um sistema de formação, a sua sustentabilidade de longo prazo também não pode ignorá-las. O estudo dá-nos pistas para reflexão futura cuja sistematização aqui ensaiamos: 1) O sistema de ensino profissional atingiu um limiar de saturação que exige acção estratégica de regulação, porque a oferta se está a dirigir para segmentos saturados do emprego, gerando riscos de sustentabilidade deste nível de formação;

237


2) Há desajustamentos significativos entre a estrutura real de emprego de jovens diplomados do ensino secundário e as saídas profissionais para que se orienta o ensino secundário profissional, no sentido de que o ensino profissional está orientado para profissionais intermédios das empresas e o emprego se concentra nos grupos de trabalhadores do comércio e serviços, de administrativos e de trabalhadores da produção. 3) Esses

desajustamentos

não

prejudicam

que

existam

oportunidades de expansão da oferta e oportunidades no mercado de trabalho de que o regulador deva tomar boa nota e em que deve encorajar a expansão sustentada da oferta. 4) Há cursos cujas saídas profissionais são compatíveis com grupos profissionais de oportunidade e com oportunidades identificadas no exercício de prospectiva, nomeadamente os seguintes: a) b) c) d) e) f) g) h) i)

(CNP 512) (CNP 512) (CNP 512) (CNP 512) (CNP 512) (CNP 512) (CNP 512) (CNP 512) (CNP 512) comunidade j) (CNP 512) k) (CNP 512) l) (CNP 422) m) (CNP 422) n) (CNP 422) o) (CNP 422) p) (CNP 413) q) (CNP 413) r) (CNP 413)

Cozinha/Pastelaria Mesa-bar Restauração Restauração e bebidas Alimentação e bebidas Técnicas de mesa e bar Técnicas de cozinha/pastelaria Serviços pessoais e à comunidade Técnicas aplicadas de serviços pessoais e à Empregado de mesa Pastelaria/padaria Recepção Recepção em hotelaria Recepcionista de hotel Recepcionista de turismo Logística Transportes Operação logística

5) Há oportunidades profissionais para as quais a formação de nível secundário não se orienta:

238


a) (CNP 814, 815, 816, 817 e CNP 821, 823, 825, 826, 827, 828, 829 e 932) Operadores de instalações industriais e de máquinas industriais; b) (CNP 741, 742,

743, 744) Trabalhadores da produção

industrial de diversos sectores – alimentação e bebidas, madeiras,

têxteis,

confecção

e

calçado

-

da

indústria

transformadora; c) (CNP 712, 713 e 931) Trabalhadores da construção civil e obras públicas; d) (CNP 722) Serralharia mecânica e similares e (CNP 723) mecânicos e ajustadores de máquinas. 6) Há oportunidades nas profissões comerciais que implicam uma análise aprofundada do dinamismo empregador do sector e da natureza real das qualificações que mobiliza e que a classificação estatística das profissões capta de modo deficiente ou, no mínimo, desfocado. 7) Contudo,

os

alunos

estão

a

concentrar-se

num

leque

relativamente reduzido de saídas profissionais que apresentam indícios de saturação do mercado de trabalho, dos quais se destacam os casos mais problemáticos, de saídas profissionais saturadas: a) b) c) d) e) f) g) h)

(CNP 312) (CNP 312) (CNP 312) (CNP 312) (CNP 312) (CNP 312) (CNP 312) (CNP 312) informáticos i) (CNP 312) j) (CNP 312) k) (CNP 312) l) (CNP 312) m) (CNP 312)

Desenvolvimento de aplicações informáticas Gestão de equipamentos informáticos Gestão e programação de sistemas informáticos Informática, comunicação multimédia Informática Informática - Instalação e gestão de redes Informática de gestão Instalação e manutenção de sistemas Programador de informática Informática (sistemas) Aplicações informáticas Informática (redes) Informática (instalação de redes) 239


n) (CNP 312) o) (CNP 312) multimédia p) (CNP 312) q) (CNP 312) r) (CNP 312) s) (CNP 3111) t) (CNP 3111) alimentar u) (CNP 3111) v) (CNP 3111) w) (CNP 321) x) (CNP 321) y) (CNP 321) z) (CNP 245) aa) (CNP 834)

Curso de informática Tecnologias de informação e comunicação Instalação e gestão de redes informáticas Instalação e manutenção de sistemas Informação e comunicação multimédia Análise laboratorial Processamento e controlo de qualidade Laboratório Técnicas de análise laboratorial Gestão de sistemas ambientais Gestão do ambiente Recursos florestais e ambientais Assistente de conservação e restauro Contramestre (marinha mercante)

8) Embora as saídas para o ensino superior possam vir a relativizar estas

observações,

nomeadamente

por

constituírem

uma

alternativa significativa para os alunos de informática, pelo seu volume – e eventualmente por vocação do ensino profissional, não são de molde a constituir alternativas para a saturação do mercado de trabalho juvenil nas profissões informáticas. O trabalho sugere a necessidade de prosseguir a investigação em três direcções que resolvam as questões pendentes e permitam apurar a metodologia de apoio à decisão desenvolvida: a) Conceber estratégias e mecanismos de apoio às escolas e entidades formadoras na perspectiva de redireccionar a oferta e estimular a procura nas áreas em que foram identificados dinamismos no mercado de trabalho sem correspondência na oferta formativa, incluindo uma reflexão de médio prazo sobre a evolução das qualificações face às dinâmicas de escolarização (generalização da conclusão do ensino secundário);

240


b) Conceber

estratégias

de

reorientação

da

oferta

formativa

potenciando o know-how existente nas áreas em que a oferta se revela sobredimensionada; c) Realizar estudos intensivos nos sectores e profissões em que se constatou que existem significativas disfuncionalidades entre as competências adquiridas e os postos de trabalho realmente ocupados.

241


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245


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