TFG - PUC Campinas 2019 | CONECTA - C.A.R.U. | CENTRO COMERCIAL, CO-WORKING E CULTURAL

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Conecta - C.A.R.U. Centro comercial | Co-working | Cultural LUIZA LOURENÇO DIAS


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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS Centro de Ciências Exatas e Tecnologias (CEATEC) Faculdade de Arquitetura e Urbanismo TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO Campinas - SP | 2019 Luiza Lourenço Dias | 14288989 Orientadora: Helena Cristina Padovani Zanlorenzi Banca Avaliadora: Helena Cristina Padovani Zanlorenzi Convidado Interno: Luis Fernando Campanella Rocha Convidado Externo: André Falleiros Heise

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Conecta

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“Nós mudamos o mundo não pelo que dizemos ou fazemos, mas como consequência do que nos tornamos.” – David R. Hawkins |05|


AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de dedicar esse trabalho à minha mãe, que esteve a meu lado por todo esses longos 6 anos de faculdade, que além de mãe, é minha amiga, parceira e apoio para tudo sempre. Que me ensinou o poder da perseverança e o que era batalhar para viver e conquistar o que quer. Com ela, aprendi a ser forte e gentil, a lidar com as pessoas e saber ser leve mesmo com toda a seriedade e peso do mundo. Obrigada por existir.

Também agradeço à toda família que esteve presente nos queridos “Caxés”, nossos encontros familiares cheios de risadas, apoio, amor, desabafos, planos, debates e união.

Em segundo lugar, gostaria de agradecer à meu Pai que já não se encontra entre nós. Muito obrigado por me transmitir tanto conteúdo durante nossos almoços e jantares. Gostaria que você estivesse aqui agora, mas acredito que está orgulhoso me vendo onde quer que esteja.

Agradeço também a meus amigos da primeira turma, que foram importantíssimos durante toda essa jornada. Obrigada a todos por tornarem a jornada mais fácil, assim como pela troca de conhecimento e sentimento ao longo dos 3 primeiros anos de FAU. Não menos importante, agradeço também aos novos ami-

Obrigada também à minha família de coração, Jéssica Moreno Leite, Ligia Delboni, M. Clara Neto e Aline Hamai, que me apoiaram todo esse tempo e estiveram ao meu lado nos bons e maus momentos, me resgatando em meio a crises de ansiedade, mesmo que fosse para passearmos nos barzinhos da cidade.

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gos feitos na segunda turma, que estiveram ao meu lado em inúmeros momentos, sejam eles na alegria ou na queda quando pude contar com o apoio de cada um . Sou muito grata pela existência de cada pessoa em minha vida,da mesma forma que sou grata a cada um que passou pela minha existência nesses anos.

É claro que também devo agradecer à minha querida orientadora Helena C. Zanlorenzi Padovani por todo o apoio, orientação, tempo, conversas, e ensinamentos ao longo desse ano de TFG que através de seu conhecimento, experiência e carinho, nos guiou e tornou o trabalho C.A.R.U. possível.

Agradeço aos colegas e amigos de grupo com os quais trabalhei nesse semestre, que adicionaram muito ao conhecimento indo além dos projetos e da faculdade. Obrigada Arthur Berton, Camila Cintra, Camila Cristina, Fernanda Hunger e Giovana Iamarino por tudo, esse projeto não seria possível sem a contribuição de vocês.

Sou grata também por todo aprendizado adquirido com cada professor que tive a honra de ser aluna e absorver conhecimento. Serei eternamente grata por nossos caminhos terem se cruzado nesses últimos intensos anos.

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SUMÁRIO PREFÁCIO.........................................................09 -Espaços Urbanos................................................11 -Quadras Abertas e Espaços Mulltifuncionais.......12 INTERVENÇÃO...............................................13 -Localização........................................................14 -Escolha da Área.................................................15 -Levantamentos...................................................16 -Plano Urbano.....................................................17 -Território Escolhido.............................................18 REFERÊNCIAS................................................21 PROJETO|CONCEPÇÃO............................27 -Partido...............................................................28 -Programa...........................................................29 -Desenho da Quadra............................................30 PROJETO|O COMPLEXO...........................33 -Sustentabilidade.................................................35 -Pavimentos.........................................................38 -Cortes................................................................49 -Elevações...........................................................51 -Detalhamento.....................................................53 CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................61 BIBLIOGRAFIA.................................................62

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Prefรกcio |09|


Ao conceber-se a ideia de urbano, devemos pensar na escala trabalhada e na hierarquia projetual. Levando em conta uma cidade projetada para o pedestre, há harmonia, segurança e vida. Encontra-se o desejo em ocupar, em utilizar equipamentos públicos de qualidade com significado para os habitantes. Vê-se a necessidade de pontos vazios para a malha urbana, assim como o cheio, o ocupado, o edifício e o uso. Na permeabilidade, encontra-se a poesia, a história, a vivência e a experiência, seja no individual ou no coletivo.

Entende-se cidade como abrigo, como lugar que estimula o convívio para gerar mais histórias, onde a vida floresce. Porém ao analisar a realidade de centros urbanos, deparamos-nos com frieza, com muros altos e farpados, com hostilidade e violência, características desmotivadoras ao convívio. Compreender a cidade como fruto de relações sociais, acarreta na necessidade de ressignificância, de alterar o existente e assim alterar o modo de convívio, adequado o meio às necessidades tanto do coletivo como do indivíduo.

No uso efêmero do transeunte, encontra-se alegria e tristeza, sorrisos e lágrimas. Encontra-se a vida como ela é. Encontra-se a verdadeira origem da cidade.

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ESPAÇOS URBANOS Ao compreender o usuário como prioridade da configuração urbana, pode-se compreendê-la através do desenho dos edifícios e suas relações com o entorno. Caso o fator humano seja posto em segundo plano, logo, o espaço não será corretamente ocupado e utilizado. Sendo assim, a configuração da edificação assume um grande impacto no ambiente urbano. Definido por Caminos e Goethert, deve-se saber a divisão do uso do solo em três classes: -Área pública: definido pelas ruas, espaços públicos abertos onde a manutenção diz respeito aos moradores -Área semipública: dedicada às instituições específicas, escolas e afins, onde a manutenção diz respeito à instituição responsável -Área privada: lotes, e habitações, comércios e outros, onde sua manutenção diz respeito ao ocupante. Contudo, restringir o uso de lotes a somente um tipo de classe vem decaindo nos últimos anos, cada vez mais pode-se perceber uma crescente na parceria público-privado, visando a redução de custos com infraestrutura.

Exemplo de uma quadra que antes era privada, e após reforma, passou a ter uma parte pública. (Fonte : vitruvius.com.br)

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QUADRAS ABERTAS E ESPAÇOS MULTIFUNCIONAIS Entretanto, apesar da parceria público-privada auxiliar na redução de custos, trazendo mais vivacidade para os loteamentos, ainda há o conflito fomentado pelo morador, em sua necessidade de estar mais próximo aos comércios e serviços, assim como sua relação com o espaço urbano e deslocamentos, os quais muitas vezes tornam-se conurbados pelo mal planejamento. Dessa maneira, o comércio aglomera-se em poucos pontos, assim como as ofertas de trabalho ou serviços.

Croqui para compreensão de espaços com usos mistos e fachadas ativas ( Fonte: Secretaria de Gestão Pública de São Paulo)

Croqui para compreensão de espaços com usos mistos ( Fonte: Secretaria de Gestão Pública de São Paulo)

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Tal conflito pode ser amenizado eficientemente através do uso misto nos lotes. Isto é algo que está cada vez mais recorrente, devido a inflação imobiliária, os picos de congestionamento no trânsito e a dificuldade de locomoção. Portanto, pode-se encontrar todas as necessidades unidas no mesmo local, o que traz como consequência mais vida para o lote. Para reforçar a miscelânea criada pelo lote de uso misto e a vida que o mesmo traz, existe a necessidade de unir isso ao uso público, criando então o conceito de quadra aberta, na qual não existem muros para entrada, onde não existe delimitação física entre público e privado. Todavia, os espaços de permanência por sua vez continuam a ser privados, mas ao mesmo tempo que são livres ao público. Logo, torna-se um espaço de transição, pois muitas vezes nas quadras abertas, o limite entre o público e o privado é feito através de outros tipos de barreiras ou algum método de identificação do condômino.


Intervenção |13|


LOCALIZAÇÃO Localizada entre a Rod. Santos Dumont a Oeste, Rod. Anhanguera a Nordeste, e Rod. dos Bandeirantes a Sudoeste, a região trabalhada tornou-se desconectada do centro de campinas. Além de potencializar desigualdades provindas de seus primórdios, quando a urbanização torna-se desordenada, escanteada e extremamente acelerada por conta da industrialização ao longo das rodovias, que foi alavancada pelo extrativismo do barro, o qual originou cavas na paisagem cultural da região.

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ESCOLHA DA ÁREA O motivador para escolha da área parte, principalmente, da necessidade de conectar uma região com enorme potencial não explorado, às rodovias e consequentemente ao centro de Campinas. Há também histórico da região que nos mostra um certo esquecimento dessa população, devido ao modo de ocupação de vila operária e a paisagem devastada pela atividade cerâmica, o que gerou vazios urbanos com necessidade de requalificação. Além de ocupações irregulares em área de risco próximas ao leito dos córregos, cuja a revitalização e valorização estão em nossa proposta.

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LEVANTAMENTOS A origem dos habitantes é essencialmente operária, em sua maioria vindos das indústrias cerâmicas da região. Portanto, o padrão socioeconômico revela-se médio-baixo, o que gera uma população com necessidade de transporte público de qualidade, o que facilitaria o exercício de vínculos empregatícios.

A área possui também alta densidade populacional reforçada pelo tamanho de lotes propostos pelo plano diretor, além da topografia acidentada que corrobora para a situação segregacionista, assim como locação da população em áreas de risco. Porém, as qualidades dessa topografia residem em abrigar o Rio Capivari e alguns afluentes, o que aumenta o potencial sócio histórico cultural da região.

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PLANO URBANO Após o levantamento e análise em equipe, pudemos definir as áreas críticas, assim como as premissas para o projeto C.A.R.U. Nossa região de intervenção foi delimitada pelos córregos do Rio, pelas vias pré-existentes, assim como características recorrentes, como por exemplo as ocupações irregulares e áreas de alagamento.

Em relação ao recorte de área, o mesmo foi definido pela Avenida Ruy Rodrigues, pela Avenida das Amoreiras, e pelo Rio Capivari localizado ao centro da área,o qual posteriormente torna-se uma das principais intervenções ao ser revitalizado.

Propõe-se então, um projeto que possa fundir-se à malha pré existente respeitando a origem do bairro, com quadras verticalizadas e abertas de uso misto, trazendo maior movimento para a região, consequentemente, proporcionando melhor infraestrutura e oferta de empregabilidade.

Proposta final (fonte: acervo da equipe)

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TERRITÓRIO ESCOLHIDO

Localizado a norte do parque onde seriam as novas quadras ressignificadas pelo projeto, trata-se de uma quadra proposta, logo, não havia legislação vigente para essa área. Entretanto, foram sugeridas diretrizes urbanísticas. Com metade da área de intervenção localizada no setor A, o qual possui gabarito de até 8 pavimentos, e outra metade no setor B, cujo gabarito não passa de 4 pavimentos, possui em seu entorno também quadras abertas com gabarito de 6 a 12 pavimentos, com o térreo destinado ao comércio. Para não obstruir a visão e mesclar-se ao entorno, o gabarito da quadra escolhida é de 4 pavimentos.

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Vistas do entorno (Fonte: acervo da equipe)

Vistas do entorno (Fonte: acervo da equipe)

Exemplo quadra setor A ( Fonte: acervo da equipe)

Vistas do entorno (Fonte: acervo da equipe)

Exemplo quadra setor B ( Fonte: acervo da equipe)

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É limitado por vias coletoras com o intuito de suprir o fluxo para a região. Assim como é suprido pelas linhas 142 e 141 do transporte público, além de ser cortado pela ciclovia que conecta-o com o projeto CARU e com Campinas. Em relação ao uso do solo permitido, o bairro mais próximo a área é o Jardim Capivari com Zona Mista 2, ou seja, como previsto em lei, há a permissão para comércios, indústrias leves e serviços não incômodos. Logo, foi proposto um uso misto para perpetuar a cultura regional de emprego próximo ao domicílio.

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ReferĂŞncias |21|


CONTAINER / RODRIGO KIRCK ARQUITETURA Localizado em Itajaí - SC, realizado em 2016, seu programa consiste em uma construção modular feita em containers sobrepostos com teto verde, onde abriga um coworking. Possui como premissa a sustentabilidade por reutilizar containers de segunda mão, e por aproximar natureza e arte com as artes urbanas presentes. Fotos: Alexandre Zelinski (archdaily.com.br)

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CONTAINER PARK / ATÖLYE LABS Localizado em Izmir na Turquia, foi construído em 2015 no campus de uma universidade para abrigar um Technopark voltado para pesquisa, educação e indústria. O projeto reutiliza 35 contêineres dispostos em 1000 m², e também utiliza suas empenas cegas como motivador artístico. Utiliza-se de métodos passivos de sustentabilidade, como paredes verdes, ventilação cruzada e lâmpadas de led. Fotos: Yerçekim Photography (archdaily.com.br)

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CASA DAS BIRUTAS A Casa das Birutas foi projetada para causar o menor impacto ambiental possível, pois capta, reutiliza e trata toda sua água (sendo-se que uso de reúso é destinado para finalidades não nobres), gera sua própria energia, fornece biogás, utiliza ventilação cruzada, iluminação natural e vedação para conforto térmico. Sua eficiência energética reduz os gastos em 70%. Imagens: Cortesia Gera Brasil (ciclovivo.com.br)

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DOCAS MALRAUX / HEINTZ-KEHR ARCHITECTS Construída em Strasbourg na França em 2014, numa área de 11.600 m², foi elaborado em exoesqueleto em estrutura metálica, e pele de vidro para maior leveza devido a dimensão do projeto, possui 600 m de comprimento e um balanço de 15 metros na frente. Torna-se a conexão para a região pois mistura diversos usos, como restaurantes, escola, corporativo em co-working e também uso residencial. Fotos: Cortesia de Heintz-Kehr architects (archdaily.combr)

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Foto: Tietgenkollegiet.dk

FOTOS: Miguel de Guzman

OUTRAS REFERÊNCIAS PROJETUAIS

Foto: Tietgenkollegiet.dk

fotos: Aidan Monaghan Photography (archdaily.com.br)

Foto: Nelson kon (archdaily.com.br)

fotos: Sergio Pucci , Cortesia de María José Trejos (archdaily.com.br)

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Projeto Concepção |27|


PARTIDO Ao analisar as necessidades da população e de conexão intraquadras, o partido tornou-se óbvio: a conexão, e necessidade de permeabilidade para o transeunte. Então, ao aproximar-se às quadras propostas nota-se o primórdio dessa conexão: a ciclovia, que conecta o bairro a si mesmo, ao parque e ao restante da cidade. A partir disso, foi pensada uma estratégia para atrair novas empresas à região, como também toda a infraestrutura que tais empresas poderiam necessitar, de modo que a própria população pudesse usufruir do local, tornando-o um marco à região de forma sustentável. Mas como propor infraestrutura, comércio, escritórios e galeria de arte com impacto reduzido? De ímpeto, enxerga-se a possibilidade de uma quadra com usos mistos, de forma que seu térreo seja condizente com os térreos das quadras abertas ao redor, destinado ao uso do comércio. Dessa forma, o público geral será restringido naturalmente ao térreo, porém ainda se sentirá livre para usufruir do complexo. Sendo assim, o primeiro bloco torna-se de uso comercial e de serviços, sendo conectado ao bloco da Galeria para possibilitar a livre circulação.

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PROGRAMA O programa se subdivide em : -Comercial, onde encontram-se: Lojas, Mini mercado, Restaurantes e feira livre. -Corporativo com: Duas tipologias para escritórios, recepção, sala de reuniões e salas de treinamento -Entretenimento: Área para exposições, mirantes, cafeteria, e lounges. Assim como o complexo que engloba: Gerador de energia sustentável, cisterna, áreas livres, bicicletário e oficina para reparos.

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DESENHO DA QUADRA Para elaboração da quadra, seguiu-se a lógica dos eixos. Primeiramente, o fluxograma geral com as intenções de conexões intraquadras com o parque, o qual originou os principais caminhos e pontos de intersecção, para estabelecimento dos blocos dos edifícios, eixos estes que foram reforçados pela implantação de lombofaixas, para tornar a travessia do pedestre mais segura e reduzir a velocidade dos veículos nas vias. Em seguida, a dimensão dos containers foi utilizada para gerar uma malha ortogonal de 12m X 12m alinhada com o norte. Esta possui como ponto de partida o encontro da ciclovia com a quadra ao topo do terreno, então os edifícios desdobram-se de acordo com a modulação da malha instaurada. A lógica dos edifícios é a de criar pontos de encontro e espaços de permanência para estimular o convívio. Sendo definido como praça de alimentação, com pequeno palco para apresentações ao vivo como no bloco comercial, ou como ponto de contemplação da galeria de arte. Contudo, de início, o volume estava sufocado em si mesmo, então, algumas partes foram rotacionadas e deslocadas, com o intuito de criar movimento e dinamismo na volumetria, fazendo alusão a proposta do complexo de trazer vida à região.

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O próximo passo foi realizar um estudo de volumetrias em maquete 3D para melhor compreender a topografia do local

A primeira concepção da volumetria da galeria foi baseada em containers também, e foi-se proposta uma modulação a partir de suas dimensões

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CONFIGURAÇÃO FINAL

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Projeto O Complexo |33|


O Complexo desdobra-se em diversos níveis que serão esmiuçados posteriormente, sendo os inferiores para acesso restrito e manutenção, os intermediários para acesso imediato do público e os superiores para uso específico, o que reduz naturalmente o acesso do transeunte.

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SUSTENTABILIDADE O projeto possui como uma de suas premissas a sustentabilidade, almejando que sua energia seja renovável assim como seus resíduos. Portanto, foram propostas algumas soluções para essa questão. Primeiramente, partiu-se do básico: captação de águas pluviais para reuso em áreas não nobres, como a descarga dos sanitários, irrigação de áreas verdes, assim como as paredes verdes e limpeza de áreas comuns. Com isso, haveria o suprimento de mais dos 40% necessários para se considerar um sistema de reúso eficiente. Sabendo-se que complexo utiliza 108.250 L de água + 72.000 L obrigatórios pela legislação dos bombeiros, o cálculo do reservatório de águas pluviais foi feito da seguinte forma: Para cálculo da obtenção de água pluvial, utilizou-se a média do índice pluviométrico para a região, cujo é 118,55 mm multiplicado pela área de captação do telhado da galeria com 1144m², obtendo assim, uma cisterna com capacidade para 163.000 L. A captação de águas pluviais é feita ao longo de todo o complexo, mas para o cálculo volumétrico, utilizou-se de parâmetro apenas o teto verde referente ao bloco B, ou seja, a Galeria.

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O projeto também utiliza resíduos como águas negras e cinzas ou resíduos sólidos não somente da própria quadra, mas também das quadras abertas para obter energia para geração de Biogás e Biofertilizante, através de geradores elaborados em container da ASJA, especialista em eficiência energética e energia verde. Sendo que tais energias retornam para o complexo e para a população das quadras, trazendo assim um ciclo de renovação e sustentabilidade para o projeto.

Esquema de funcionamento do gerador. Fonte: chpbrasil.com.br

Gerador em container. Fonte: www.asja.energy/pt-br

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Outro ponto referente à sustentabilidade do projeto é o uso de containers de segunda mão, previamente tratados e isolados com Trisoft ( reciclado de PET), os quais estariam abandonados por terem atingido o limite de tempo de uso.

Assim como o método passivo de climatização: os telhados e paredes verdes que auxiliam na redução de cerca de 5º C da temperatura interna, e utilizam as águas pluviais para serem irrigados de modo que a água excedente retorne para a cisterna.

Usualmente, o container possui cerca de 10 anos de vida útil para transporte, após isso é inutilizado e abandonado pois torna-se inviável retorná-lo para o país de origem. Contudo, a vida real de um container poder ser de mais de 100 anos dependendo do uso e manutenção. Além de tornar-se área para arte urbana, onde os próprios moradores possam se expressar de modo que o complexo ganhe significado e pertencimento para a população local.

Para conectar a nova proposta ainda mais com o histórico do bairro, foi proposto que as paredes internas do Térreo, Primeiro, Segundo e Terceiro pavimentos fossem feitas com o tijolo cerâmico exposto, para que dessa forma, a arte da cerâmica se fundisse a quaisquer artes expostas na Galeria. Outro detalhe é o ressignificado da natureza na construção através do pilar viga escultórico que sustenta a rampa circular de acesso entre pavimentos. Dessa forma, as árvores do entorno podem se integrar ao projeto de uma forma ressignificada, aumentando ainda mais a permeabilidade do mesmo.

Fonte: http://revistacasaejardim.globo.com/

Fonte: dicasdearquitetura.com.br

OUTRAS CONEXÕES

Fonte: Rede social da Casa Container: https://www.instagram.com/casa.container/

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Além disso, a conexão com o Parque do CARU, é alavancada pela utilização do paisagismo arbóreo, e pela vista desobstruída de vários pontos do complexo, para que dessa forma os ambientes se integrem, e também ganhem como consequência da arborização, melhor qualidade do ar e diminuição da temperatura interna, ou seja, as árvores tornam-se um método passivo de eficiência energética.


PAVIMENTOS

Primeiro pavimento inferior Na cota 594,2 desenvolve-se a principal parte do primeiro pavimento inferior, onde está localizado o depósito da galeria de arte, sendo seu acesso veicular para carga e descarga pela rua, ou pelo térreo da galeria na cota 597,0. Logo em seguida, na cota 595,0 encontram-se os geradores de biogás e biofertilizante, porém seu acesso se dá também através da cota 597,0.

Pavimento térreo Nas cotas 592,0 e 593,0, desenvolve-se a feira livre para que o comércio do pequeno produtor seja contemplado, além de permitir também o desenvolvimento econômico de moradores locais. Já nas cotas 596,0 e 597,0 desenvolve-se o setor comercial do bloco A, assim como o primeiro pavimento da galeria, que conta com uma cafeteria para manter-se na linguagem de setorização

Primeiro pavimento Na cota 599,8, desdobra-se o primeiro pavimento do complexo. No qual está presente o início do co-working em conceito desconstruído, com duas tipologias de escritório, salas de reuniões, recepção e almoxarifado, além dos sanitários. Já no bloco da galeria, acontece o primeiro pavimento de exposições e contemplação.

Segundo pavimento

Na cota 602,6 ocorre o segundo pavimento do complexo e o programa se repete, assim como no primeiro pavimento. Porém, a galeria e o coworking ganham conexão.

Terceiro pavimento Já na cota 605,4 o uso no co-working permanece similar aos demais pavimentos. Contudo, no edifício da galeria o uso altera-se para um espaço de treinamentos e pequenos eventos, possuindo conexão com o edifício corporativo.

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DETALHAMENTO

Conexão Pilar x Viga

Fundação Galeria

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Fundação e Isolamento Container

Isolamento Container

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Laje Nervurada

Telhado Verde

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ConexĂŁo entre Containers

Parede Verde

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CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao longo do curso debateu-se diversos temas como detalhamentos de peças, detalhes construtivos, raciocínio modular, a questão ecológica que faz-se obrigatória em todos os projetos, assim como questões referentes a conforto térmico e acústico e diversas maneiras de criar espaços de convívio, qualificados e interessantes ao usuário. Aprendeu-se também sobre o urbanismo e suas questões no impacto socioeconômicos, sobre como deve-se levar em consideração o histórico da região, pontos importantes para aquela população e como isso constrói uma cidade com qualidade. Muitos aspectos aprendidos foram não somente postos em prática nesse trabalho, mas fizeram com que a percepção a respeito do lugar fosse mais apurada, principalmente a questão do pequeno empreendedor local, que luta pela sobrevivência através da utilização de parte da moradia, usando-a como comércio ou serviço para obtenção de renda familiar. Assim como o quanto esse conhecimento impactou no projeto do Conecta, para que o mesmo pudesse suprir as necessidades sem segregar. Portanto, com esse trabalho pude expandir os conhecimentos arquitetônicos e urbanísticos, assim como os referenciais para utilizar durante o período pós acadêmico.

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