R$ 3,00
Ano I I | Nº 3 | São João del-Rei
Chico Lobo
ARTE - TALENTO - VIOLA 17
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ÍNDICE
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CARTA DE FREI ORLANDO NARRANDO SEU ÚLTIMO NATAL
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ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A DEVOÇÃO A NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DOS HOMENS PRETOS
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Secretária de Assistência Social, Merilane Cardoso Em 2014, ações como a entrega de apartamentos do Minha Casa Minha Vida, o Serviço de Fortalecimento de Vínculo e a inauguração de novos espaços para a cidadania, são destaque de segundo ano de governo que preza por compreender a realidade e, a partir disso, trabalhar na esfera da execução, formulação e gestão das políticas sociais.
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Depressão
EM VOGA apresentou algumas questões ao Psicanalista João Batista Rodrigues. Tida como um dos grandes desafios da contemporaneidade, a depressão já é considerada a maior causa de afastamento do trabalho, segundo estudos recentes.
Diretor e Editor:
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Santa Cruz de Minas se torna referência em escola de tempo integral
Neudon Bosco Barbosa Produção: Renata Sá Colaboradores desta edição: Adalberto Guimarães Menezes Francisco dos Santos Braga João Batista Rodrigues José Antônio de Ávila Sacramento José Egídio de Carvalho Nilo da Silva Lima Agência de Notícias: Van EM VOGA é uma publicação da Editora Minas Gerais Ltda.
ACADEMIA DE LETRAS DE SÃO JOÃO DEL-REI
Muito prazer Tchá Tchá
A
depressão é considerada um dos males da atualidade atingindo 30% da população. O psicanalista João Batista Rodrigues responde a perguntas apresentadas pela revista, esclarecendo dúvidas sobre a doença. O historiador Francisco dos Santos Braga efetuou pesquisas e localizou a última carta escrita por Frei Orlando, capelão da Força Expedicionária Brasileira, falecido na Segunda Grande Guerra na Itália. Como surgiu a devoção a Nossa Senhora do Rosário dos homens pretos é o relato do historiador José Antônio de Ávila Sacramento. Nilo da Silva Lima mostra um poema de sua bela antologia. A alegria, irreverência e história de Tcha Tcha são reveladas por Marina Ratton. Chico Lobo, Arte e Talento - uma trajetória de luta e engajamento pela música de raiz.Chora Viola!
EXPEDIENTE
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EDITORIAL
Prefeita Sinara agraciada com Comenda e Cristina Lopes
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SJDR sedia Encontro Estadual de Sineiros
Rua Santo Elias, 106-Centro 36300-104 São João del-Rei (MG) 32 3373-2552 / 9973-3272 8703-2986 / 9122-3852 8423-1785 Editoração: Luiz Claudio Carvalho
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18ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES INAUGURA TEMPORADA AUDIOVISUAL BRASILEIRA DE 2015
Foto de Capa: Marcos Hermes A revista não se responsabiliza por conceitos emitidos em artigos assinados.
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CARTA DE FREI ORLANDO NARRANDO SEU ÚLTIMO NATAL Francisco José dos Santos Braga
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olheando a revista O Santuário de S. Antônio, dirigida por Frei Osório da Silva Santos o.f.m. e publicada em Divinópolis -MG, Ano 18, nº 6, ano de 1945, p. 86-88, deparei-me com uma carta de frei Orlando, direto do “front”, na Itália, descrevendo seu último Natal neste mundo, em fins de 1944. Essa carta se reveste de suma importância, já que no dia 20 de fevereiro de 1945 entregaria sua vida nas mãos do Salvador, portanto escrita quase “in extremis”. Neste ano de 2014, após termos celebrado condignamente o Centenário de Nascimento do Capitão Capelão Frei Orlando (1913-2013), tenho o prazer de brindar os leitores da Revista EM VOGA com esse texto raro que localizei e que é reproduzido neste espaço. Outrossim, cabe-me aproveitar esta oportunidade para externar minha eterna gratidão ao são-joanense Capitão José Lourenço Parreira, escritor, autor do livreto “2013 – Ano do centenário de Frei Orlando”, violinista, professor e regente, irmão do Maestro Benigno Parreira, por ter indicado o meu nome para ser agraciado com a Medalha “Frei Orlando - Patrono do SAREx (1913-2013)”, concedida pelo CMOComando Militar do Oeste (dezembro de 2013). Para situar o leitor que ainda não conhece a biografia de frei Orlando, em rápidas pinceladas vou apresentar os principais fatos de sua vida, a saber: frei Orlando nasceu em Morada Nova de Minas em 13 de fevereiro de 1913 (seu nome de batismo era Antônio Álvares da Silva); fez o curso primário
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em Abaeté; em 5 de janeiro de 1925 ingressou no Colégio Seráfico de Divinópolis (Seminário Menor), tendo terminado seus estudos na Holanda (1931-1935); regressou ao Brasil para ser ordenado sacerdote franciscano no Santuário de Santo Antônio de Divinópolis em 24 de outubro de 1937; em dezembro de 1938 foi nomeado professor de Português e História Geral no Ginásio Santo Antônio de São João del-Rei; alistou-se voluntariamente e foi nomeado Capelão Militar do 11º Regimento de Infantaria (Regimento Tiradentes) através do Decreto nº 6.535, de 26 de maio de 1944 e Portaria nº 6.785, de 13 de julho de 1944; juntou-se na manhã de 20 de julho de 1944 ao 11º R.I. que se achava acantonado nos barracões do Morro Capistrano, na Vila Militar do Rio de Janeiro; com os “pracinhas”, em 22 de setembro de 1944, a bordo do navio General Meigs seguiu para a Itália, onde viveu menos de cinco meses, por ter sido vítima de um disparo acidental do fuzil de um sargento da resistência italiana em 20 de fevereiro de 1945, nas proximidades da cidade de Bombiana, na véspera da conquista de Monte Castelo. Lembro que no texto abaixo foi respeitada a ortografia original.
CARTA DA ITÁLIA (NATAL NO “FRONT”)
O futuro costuma trazer-nos sempre novas surpresas. Assim nunca pensei passar um dia de Natal nas circunstâncias em que o passei no ano findo. Em outros anos quantas festas, quantas alegrias vinham unir-se ao júbilo do coração cristão, neste dia tão precioso para tôda a humanidade! Neste ano restou-me apenas a grande consolação de me encontrar no meio
dos soldados brasileiros combatentes na primeira linha, servindo de intermediário das graças divinas que os devem ter fortalecido no meio de tantas lutas e sacrifícios. Foi assim que ali pelas 6 horas da tarde — já escuro e frio — que deixei o meu ponto de partida para ir a uma das companhias do meu batalhão. Escolhi aquela que mais perto se encontrava do inimigo. Era véspera de Natal. As montanhas e as planícies cobriam-se de um vasto lençol de branquíssima neve. Não resta dúvida que os panoramas visto à luz do dia, são belíssimos. A neve forma caprichosamente as mais diferentes figuras nos galhos e nas copas das árvores, sôbre os tetos das casas e nas encostas das montanhas. Entretanto, para quem sobe pelas veredas abrigadas das vistas do inimigo, especialmente naquela hora em que empreendi a subida, tudo perde a poesia do inverno europeu, e, oh, quanto se deseja aquêle calor amigo, e aquela lua clara do Brasil... O caminho era difícil. Subida íngreme, por uma vereda coberta de mais de 20 cm de neve. Na frente ia o guia, atrás dêle o capelão, com o bornal carregado de todos os objetos necessários para a celebração da missa. Íamos silenciosos, ouvindo apenas o barulho da neve sob os nossos pés: Tchap... tchap... tchap... Em outros lugares onde o vento depositara mais neve, tornava-se dificílima a ascensão da serra. Em outros, por onde o trânsito fora maior, formaram-se verdadeiros escorregadouros. Foi num dêsses que vi o meu guia espichar-se de comprido no solo... Em um outro, mais acima, fui eu, o capelão, que lhe seguiu o exemplo... Estávamos 1 x 1 ! Paramos por três vêzes na subida da
serra. O suor corria-me pelas costas. O coração palpitava forte. Parecíamos duas máquinas de guerra, cujo motor trabalha forçadamente... Depois de uma hora e meia, chegamos finalmente ao comando da companhia. O capitão esperavame. — Bem, capelão — vamos descansar um pouco, enquanto mando reunir os homens “disponíveis”. O senhor compreende que não podem vir todos. O tedesco é perigoso, mesmo na véspera do Natal... Assentei-me junto à lareira da casa. Ali vi uns poucos soldados, e o pessoal que ainda restava na casa. Uma velha, uma senhora mãe de duas crianças, e uma outra que se refugiou naquela casa. Ali por perto havia ainda outras pessoas, que não quiseram ou não puderam abandonar suas moradias. Ali pelas oito e meia comecei a atender as confissões. E enquanto passavam os minutos, iam passando pelos meus dedos as contas do têrço, marcando as confissões: 15, 20, 30, 50... 65, e mais algumas de civis que havia muito tempo não assistiam à missa, 82 confissões. Às 11,30 fui preparar o altar, em companhia de um cabo e um tenente. Onde celebrar a missa? O único lugar onde cabia aquela turma tôda era o depósito de feno! E assim colocamos o altar bem no alto, em cima do feno, amarrado em fardos quadrados. Ao lado do monte do feno, estava a estrebaria. Umas dez vacas dormiam ali sossegadamente! Em cima do feno, ao redor do altar, se colocaram os soldados, e os civis vizinhos, que estavam radiantes de poder assistir à missa de Natal. Impressionou-me profundamente tudo aquilo. A luz só podia ser as duas velas da missa. Os homens entravam em pequenos grupos de três a cinco, ràpidamente, como alguém que pretende fazer uma ação maldosa. E no meio do silêncio, ouvia-se apenas as vacas, que, talvez aproveitando a claridade tênue das velas resolveram a comer um pouco... À meia noite comecei a missa. “Introibo ad altare Dei...” Ouvi o barulho da assistência que se ajoelhava sôbre o feno. Estava iniciado o meu Natal no “front”. Ali na nossa frente, bem pertinho, talvez menos de 300 metros, estavam os terríveis alemães. Não sei se êles também têm seu capelão que naquela hora devia começar também sua missa do galo. Sei apenas que os nossos soldados brasileiros rezavam com devoção e fervor “Gloria in excelsis Deo et in terra pax hominibus...” Que contraste! Na terra paz aos homens... Só via ao redor de mim homens de farda, e no meio do feno caixotes de granada...
Na hora da prática falei aos soldados sôbre aquêle contraste. Li para êles o Evangelho da missa. E mostrei-lhes que o anjo não dissera só paz aos homens, mas acrescentou: de boa vontade! Sim, houvessem os homens boa vontade, não estaríamos ali, naquele frio, sob aquêles tetos nevados! Boa vontade, é oposto de ambição. Pois ambição política, territorial, racial, social, enfim a ambição sob seus múltiplos aspetos, é a causa desta guerra! E os soldados ouviam-me atentos. Terminei falando naquêles outros dias de Natal felizes, que passávamos juntos dos nossos na Pátria distante! Que diferença! E aquêles homens que não temem a morte, e que se não curvam diante do perigo, muitos dêles, eu vi baixar a cabeça e limpar lágrimas indiscretas de saudade e de emoção... Terminada a solenidade, novamente aos grupos, êles desapareceram na escuridão. Estava terminada a minha noite de Natal. Um Natal sem presépio; um Natal sem cânticos; um Natal sem árvore de Natal e sem presentes. Era o Natal cheio de saudades, do soldado brasileiro na primeira linha de frente... frei Orlando Álvares Capelão da F.E.B. († 20 de fev. de 1945) Itália, 2-1-45
Francisco José dos Santos Braga Cidadão são-joanense, tem Bacharelado em Letras (Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras, atual UFSJ) e Composição Musical (UnB), bem como Mestrado em Administração (EAESP-FGV). Participa ativamente de instituições no País e no exterior, como Membro, cabendo destacar as seguintes: Académie Internationale de Lutèce (Paris), Familia Sancti Hieronymi (Clearwater, Flórida), SBME-Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica (2º Tesoureiro), CBG-Colégio Brasileiro de Genealogia (Rio de Janeiro), Academia de Letras e Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei-MG, Instituto Histórico e Geográfico de Campanha-MG, Academia Valenciana de Letras e Instituto Cultural Visconde do Rio Preto de Valença-RJ, Academia Divinopolitana de Letras, Instituto Histórico e Geográfico do DF, Academia Taguatinguense de Letras e Academia Barbacenense de Letras.
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ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A DEVOÇÃO A NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DOS HOMENS PRETOS José Antônio de Ávila Sacramento
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devoção a Nossa Senhora do Rosário surgiu no século XIII, quando São Domingos de Gusmão recebeu da Virgem Maria as instruções para a criação do método de oração do Rosário. A primeira Irmandade do Rosário foi instituída pelos dominicanos na cidade de Colônia (Alemanha), no ano de 1408, e de lá para cá a devoção se alastrou como potente arma para a conversão dos povos ao catolicismo e salvação de suas almas, sendo levada para Portugal e de lá irradiada pelos navegadores e missionários portugueses para a África e várias partes do mundo. Como padroeira dos negros, Nossa Senhora do Rosário é a invocação mais antiga de que se tem notícia na América Portuguesa. A Irmandade de Nossa Senhora do Rosário chegou ao Brasil a partir do século XVI, quando as Confrarias ou Irmandades do Rosário passaram a ser organizadas constituídas também pelos homens pardos e/ ou “pretos” com o objetivo de que a força da devoção pudesse aliviar-lhes das agruras da vida e sofrimentos da escravidão.
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Outubro é considerado o mês do Rosário por causa da lembrança da Batalha Naval de Lepanto, ocorrida a 07 de outubro de 1571, no mar Mediterrâneo (Estreito de Corinto, Grécia). Naquela batalha, a vitória dos cristãos sobre os muçulmanos foi considerada como uma graça alcançada através da invocação à Virgem do Rosário. Por isso é que ainda hoje se escreve “Nossa Senhora do Rosário, auxílio dos cristãos!” Em sua iconografia mais clássica, Nossa Senhora do Rosário retrata a Virgem Maria que geralmente está sentada, com o divino Menino Jesus sobre o seu joelho esquerdo e segurando com a mão direita um Rosário (comum em todas as imagens). Em outras representações, quando está de pé, é representada sobre uma base que geralmente contém nuvens e cabeças de anjos, aparecendo com o Menino Jesus recolhido no braço esquerdo. Às vezes as figuras podem também aparecer invertidas, principalmente nas pinturas. Algumas imagens (mais raras) apresentam Maria entregando o Rosário a São Domingos de Gusmão e Santa Catarina de Siena, estando entre os dois santos o simbólico “cão com archote” de vivo fogo entre os dentes, tocha que se destinava a abrasar o mundo (na Idade Média, o cão simbolizava os pregadores). As vestimentas das imagens trazem belos panejamentos e ornamentos dourados.
Nossa Senhora do Rosário é reconhecida como grande devoção espalhada por essas nossas “muitas minas geraes” e não poderia ser diferente aqui nesta “mui nobre e leal Villa de São João d’El Rey” e região. Em 01 de junho de 1708 já havia sido fundada a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos do então arraial que deu origem a São João del-Rei. A Igreja de Nossa Senhora do Rosário da terra são-joanense foi a primeira igreja ou capela definitiva a ser edificada do lado esquerdo do Córrego do Lenheiro, a partir de 1719. Assim, a Igreja é a mais antiga construção religiosa da cidade, se consideramos a primeira capela que existiu no mesmo local e que foi benta pelo Vigário da Vara, Padre Dr. Manuel Cabral Camelo. Em São João del-Rei, além das festividades tradicionais da Irmandade do Rosário/Igreja de Nossa Senhora do Rosário, merecem destaque, desde a década de 1950, com boas e más fases, a Festa do Rosário que vem sendo realizada no Bairro São Geraldo e, mais recentemente, no Bairro São Dimas. Vale ressaltar também a antiga devoção à Virgem do Rosário existente no distrito são-joanense de Santo Antônio do Rio das Mortes Pequeno, especialmente no que se diz respeito ao Congado de Nossa Senhora do Rosário; naquele sub-burgo o referido congado ainda conserva a tradição da teatralização da rezinga entre Mouros e Cercadores, lembrando a Batalha de Lepanto: representando os Mouros, dois (ou mais) indivíduos saem trajados e encapuzados de vermelho e investem abruptamente sobre os Cercadores (homens que seguem trajados de azul, cor que simboliza o cristianismo) e que tem a missão de defender as coroas do reinado que traça um pomposo cortejo pelas ruas do lugarejo sob os sons, batuques e bailados do congado. Ambos os grupos, mouros e cercadores, encenam bailados esgrimáticos, atacando-se e defendendo-se mutuamente e magistralmente com suas espadas de madeira; as personagens travestidas de Mouros investem por sobre os Cristãos, mas, ao final, não conseguem bulir com as coroas do reinado. A peleja sempre termina com a vitória dos que se vestem de azul! Há variadas tradições orais que tentam exemplificar a devoção dos negros a Nossa Senhora do Rosário e a predileção da Santa pela raça. Uma delas é a de que, certa vez, quando acharam uma imagem de Nossa Senhora do Rosário, os brancos festejaram com Banda de Música e com muita pompa e circunstância a levaram para uma Igreja. Quando amanheceu, a imagem não estava mais no local e misteriosamente já havia voltado para o lugar onde foi encontrada. Os brancos voltaram a se
reunir em procissão, rezaram, tocaram, cantaram e levaram a imagem da Santa para a Igrejinha. No outro dia ela havia voltado novamente para o local onde foi achada. Então, reuniram-se os congadeiros do lugar e eles, com suas caixas e reinado, foram até o lugar, onde cantaram, bateram as caixas, dançaram e levaram a imagem para a mesma Igrejinha. Desta feita, dizem que ela não mais voltou, donde podemos concluir que Nossa Senhora teria adotado a raça negra e gostado do som dos tambores... Ao relembrarmos da devoção a Nossa Senhora do Rosário, faz-nos bem recordar que além de a Igreja constituir-se em formidável espaço para todas as manifestações piedosas, ela é palco para as mais variadas expressões sincréticas, estando a devoção a Nossa Senhora do Rosário intimamente relacionada com a comunidade negra, seja no que ocorre dentro dos templos, nos seus arredores ou nos lares. A religiosidade dos congadeiros se traduzem em celebrações da mais extrema e pura fé quando se manifestam em honra a Nossa Senhora do Rosário e aos demais santos negros, tais como Santa Ifigênia, São Benedito, Santo Elesbão e Santo Antônio de Noto (ou de Categeró). Tomadas conjuntamente, as tradições africanas, a fé católica e a organização em confrarias ou irmandades religiosas tais como as do Rosário possibilitaram a inclusão e a identificação social, o conforto espiritual, a solidariedade e a rédea firme para suportar a dureza da vida e o alívio espiritual que os negros precisaram para poder suportar a condição de escravos. Felizmente, todas estas manifestações já estão incluídas no multiculturalismo nacional contemporâneo, constituindo-se em valiosa herança histórica do nosso processo civilizador, da nossa reafirmação social e política que se deu a partir das incorporações européias, africanas e indígenas que se infiltraram no hibridismo e no sincretismo da cultura brasileira.
José Antônio de Ávila Sacramento Do Instituto Histórico e Geográfico, da Academia de Letras e do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural de São João del-Rei - MG.
São João Del Rei e região com a melhor tecnologia de internet do mercado Por Lucas Margotti
Memória de espelho e menino
Nilo da Silva Lima
Espelho e menino se assemelham num canto de quarto num pedaço de dia silenciosos, imóveis diante do espelho a certeza de que ele se anula por completo para que apenas ela seja vista em todo esplendor de sua nudez ou de seus vestidos diante do menino que ela nunca vê o corpo todo imolado ao que ele vê o que narram aos dias as memórias do espelho e do menino? ontem na casa antiga onde a. se trocava num quarto diante do espelho depois do banho com o menino sempre de alguma fresta, uma viga do forro caiu e partiu o espelho, um rastro de vidro se espalha pelo quarto hoje o menino que nem existe mais trai a memória de si e do espelho
(pacto de faz-de-conta só pra continuarem de olhos em a.) e conta que ela foi a mais linda mulher que um dia tiveram diante dos olhos (nua ou vestida, nua e vestida) palavras não são espelhos desassossegadas de signo não nascem para o silêncio nem para as confidências de qualquer idade não se prestam a memoriais.
Nilo da Silva Lima literato, cursou graduação e Filosofia e Teologia pelo Seminário Maior São José, de Mariana, graduação e pós-graduação em Letras pela FUNREI e mestrado em Teoria da Literatura pela UFMG. Pesquisador da obra de Oranice Franco. Autor de Menino só invento: o guardador de canavial (1999); Às vezes nem é o caso de usar palavras (2000); Quinze dias de abril sob os teus olhos (2010); Mulheres (2011); Mariana (2012); Sílaba nua: poesia reunida (1999-2011); Anjos assindéticos (2013); Há um coração pra você em Ouro Preto (2014); A rosa vermelha de agosto (2014).
A tecnologia chegou, de fato, em São João Del Rei e região. O crescimento da rede de fibra ótica na cidade e o poder dessa tecnologia em disseminar a informação têm sido cada vez mais perceptíveis no cenário local. Empresas se posicionam no mercado nacional e internacional por meio da internet, necessitando cada vez mais de tecnologia, velocidade e estabilidade. Com a explosiva evolução da comunicação, motivada pela necessidade de aumento de capacidade de tráfego de voz, vídeo e dados em alta velocidade, constantemente nos deparamos com novos conceitos de tecnologia. É nessa premissa que surge a fibra ótica, garantindo nível elevado de transmissão de dados. A City 10 Telecom é a empresa de telecomunicações que mais investe em tecnologia na região. Foi pioneira na implantação da rede de fibra ótica na cidade, fornecendo a seus clientes a oportunidade de utilizar essa tecnologia para transmissão segura e eficaz de dados. Hoje a empresa atende milhares de clientes em diversas cidades e localidades da região, prestando serviço de qualidade com um produto inovador.
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Consolidação é marca do segundo ano de gestão da SecretÁria Municipal de Cidadania, Desenvolvimento e Assistência Social
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á dois anos a frente da Secretaria Municipal de Cidadania, Desenvolvimento e Assistência Social, a Secretária Merilane Cardoso, acumula conquistas inéditas para São João del-Rei e consolida sua gestão. Em 2014, ações como a entrega de apartamentos do Minha Casa Minha Vida, o Serviço de Fortalecimento de Vínculo e a inauguração de novos espaços para a cidadania, são destaque de segundo ano de governo que preza por compreender a realidade e, a partir disso, trabalhar na esfera da execução, formulação e gestão das políticas sociais.
Habitação Uma das grandes prioridades dessa gestão foi à entrega dos 440 unidades habitacionais do empreendimento I, fruto do Programa Minha Casa Minha Vida, do Governo Federal. Atualmente, está sendo iniciado a execução do trabalho técnico social, no período da pós-moradia, composto por uma equipe técnica para acompanhar as famílias beneficiárias. O trabalho social torna-se, portanto, uma forma de garantir que pessoas com aspectos culturais e sociais distintos, além da vulnerabilidade social, uma vez que 90% da população recebem até um salário mínimo, tenham acesso a ações sociais que garantam oportunidades de geração de renda, autonomia, sustentabilidade e principalmente, cidadania digna. Tudo isso, por meio de profissionais capacitados e competentes. E, junto com a moradia, o município conseguiu garantir, em parceria com o
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A Secretária de Assistência Social, Merilane Cardoso
Ministério da Cidades, equipamentos sociais de educação para melhor atender à população do Minha Casa Minha vida. Dessa forma, a secretária ressalta a importância de cuidar de todas as dimensões do desenvolvimento social das pessoas que ali residem. E os investimentos não param! O setor de Habitação, da Secretaria de Assistência Social, está realizando visitas domiciliares das famílias a serem incluídas no Programa “Minha Casa Minha Vida” II, que contemplarão mais 200 famílias. Além disso, estão disponibilizando um novo edital para abertura de inscrições para o terceiro empreendimento do Programa. Paralelo a isso, serão construídas 120 unidades habitacionais do Programa Minha Casa Minha na Zona Rural – Rio das Mortes e São Sebastião da Vitória, nos quais já foram realizadas inscrições dos próprios moradores.
Serviço de Convivência e Fortalecimento de vínculos A consolidação do Serviço de Vínculos foi um dos grandes destaques do governo da Secretária Merilane Cardoso. Com mais de 10 oficinas, ele fecha o ano com aproximadamente 700 usuários. Seu público-alvo abrange crianças de até seis anos, crianças e adolescentes de seis a 15 anos, adolescentes e jovens de 15 a 17 anos e idosos. Além de possuir articulação com o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF), atendo, assim, adultos. O Serviço é ofertado nos quatro Centros de Referência de Assistência Social
Merilane recebe certificado de Reconhecimento das Obras Sociais Celina Viegas
(CRAS) e suas extensões. Seu objetivo é ampliar trocas culturais e de vivências, desenvolver o sentimento de pertença e de identidade, fortalecer vínculos familiares e incentivar a socialização e a convivência comunitária.
Casa da Cidadania Com a consolidação dos CRAS (Senhor do Montes, Matosinhos, Tijuco e Rural), chegou a vez de ampliar ainda mais e oferecer a atendimentos psicossociais aos usuários da região do bairro do Bela Vista. Para tal, Secretaria Municipal de Cidadania, Desenvolvimento e Assistência Social inaugurou a da Casa da Cidadania. Segundo a Secretaria de Assistência Social, Merilane Cardoso, a extensão do Cras Senhor dos Montes, a Casa da Cidadania, “trata-se de um marco, pois não partiu de uma decisão unilateral, mas foi construída a partir dos moradores, do prefeito e de todo o secretariado. Dessa forma, entendemos que estamos trabalhando com as parcerias, construindo uma gestão democrática, participativa e com ênfase nas camadas mais populares”, afirmou.
Entrega da medalha comemorativa dos 70 anos do Manifesto dos Mineiros
Os cursos são ofertados em parceria com o sistema S (SENAI E SENAC) e com o Instituto Federal Sudeste de Minas Gerais – Câmpus São João del-Rei, com vagas em diversas áreas como gestão, meio ambiente, saúde e beleza, construção civil, informática, hospitalidade, industrial e turismo.
Reconhecimento Junto com a consolidação vem o reconhecimento. A Secretária Municipal de Cidadania, Desenvolvimento e Assistência Social, recebeu neste ano a medalha comemorativa dos 70 anos do Manifesto dos Mineiros. A entrega ocorreu no Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, IHGMG, em Belo Horizonte, que fez uma homenagem a São João del-Rei e aos 300 anos da Comarca do Rio das Mortes. Além disso, ainda houve a entrega do Certificado de Reconhecimento das Obras Sociais, no Centro Infantil Celina Viegas, em São João del-Rei.
Oportunidades de trabalho e geração de renda Um dos vetores fortes de atuação da Secretaria persiste na quebra de paradigma de uma gestão assistencialista para uma gestão de autonomia e emancipação das famílias. Para a tal, o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) alcançou a marca de 1.585 matrículas de janeiro de 2012 a julho de 2014. Sendo que, em apenas 2014, foram pactuadas mais de 360.
Idosos do Serviço de Convivência e Fortalecimentos de Vínculos na companhia da Secretária Merilane Cardoso. 9
Depressão Depressão Entrevista Tida como um dos grandes desafios da contemporaneidade, a depressão já é considerada a maior causa de afastamento do trabalho, segundo estudos recentes. Apesar de ser mais frequente em mulheres do que em homens, a depressão atinge cerca de 30% da população e está presente em todas faixas etárias. A cada três pessoas, pelo menos uma teve, tem ou terá (depressão) em algum momento da sua vida..
Porque temos a sensação de que a Depressão se tornou uma praga mundial? JOÃO BATISTA: De fato, segundo a OMS: Organização Mundial de Saúde existe hoje 350 milhões de pessoas sofrendo de Depressão no mundo. Está previsto para daqui a apenas 10 anos o momento em que a depressão estará em primeiro lugar entre as doenças, passando em número e incapacitação as doenças cardiovasculares. Certamente que fatores culturais como o uso intensivo de novas tecnologias parece estar levando a uma maior desnaturalização da vida. A solidão, a despersonalização e sentimento de não pertencimento aumentaram no mundo inteiro.
A estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS) é ainda mais pessimista, colocando a patologia como a principal causa de incapacidade e morte em todo o mundo em alguns anos, superando o câncer, o acidente vascular cerebral, as guerras e os acidentes. O psicólogo João Batista Rodrigues, Mestre em Filosofia pela UFMG e Mestre em Psicologia pela UFSJ é o entrevistado para esclarecer sobre a doença.
EM VOGA:
EM VOGA:
A depressão é mais determinada pela genética ou mais pelos acontecimentos difíceis na vida de uma pessoa? JOÃO BATISTA: A depressão é uma doença com muitas máscaras. Ela pode ser determinada de vários pontos. Mas é preciso lembrar sempre que genética não é destino. Ainda assim, existem aqueles casos que o fator genético é de fato preponderante na fisiopatologia da depressão. Às vezes trata-se de
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Psicólogo João Batista Rodrigues
culturas familiares de várias gerações de deprimidos. Mas na maior parte dos casos uma crise depressiva advém como reação a algum fato emocionalmente complexo na vida da pessoa. Mas o que é determinado pela Nature (Natureza) e aquilo que advém da Nurture (Cultura) acaba sendo um falso dilema. Digamos que a genética arma o canhão e um acontecimento singular na vida de uma pessoa o dispara. O que verdadeiramente importa é a nossa capacidade de resposta clínica para
aquele caso específico. Compreender determinantes não faz sentido para os deprimidos. Diante de nós tem é um ser humano sofrendo profundamente e necessitando de ajuda imediata. EM VOGA: Quais fatores da vida afetiva
podem desencadear uma crise de depressão? JOÃO BATISTA: As pessoas reagem de formas diversas diante das adversidades da vida. Mas pessoas mais emocionalmente vulneráveis caem em crises
graves de depressão quando sofrem grandes feridas narcísicas. Pode ser a perda de um ente amado, a perda de um emprego, uma reprovação num concurso, o final de um relacionamento, um aborto espontâneo, ou outro fato. O que importa é que para aquela pessoa o acontecimento tem a capacidade de provocar um dilaceramento emocional que joga a pessoa num inferno depressivo. EM VOGA:
Qual seria a maneira adequada dos familiares lidarem com uma pessoa que está muito deprimida, mas acha que não precisa de ajuda? JOÃO BATISTA: Muitas pessoas deprimidas já não crêem em qualquer tipo de ajuda. Está com seu Eu muito empobrecido para achar até mesmo que mereça ser ajudada. Se tem uma coisa que não falta ao deprimido é lucidez. Ninguém está mais consciente de seu estado que o próprio deprimido. O drama é que quanto mais lucidez, mais paralisia e incapacitação. Sendo assim, buscar ajuda pode ser um passo muito difícil. É preciso que não se crie um ambiente de pressão da família. Somente membro que tem uma ótima relação com a pessoa doente deve tentar convencê-la a fazer uma avaliação clínica de sua situação. Se possível, alguém que tenha uma certa ascendência sobre a pessoa. A rigor, nem precisa usar a palavra depressão. EM VOGA:
Você disse que a depressão tem muitas máscaras. Como diagnosticar a depressão nas várias fases da vida? JOÃO BATISTA: É isso mesmo. Na infância
é necessário que os pais ou responsáveis, fiquem atentos para as mudanças repentinas no comportamento da criança. Tendência ao isolamento, perda de rendimento na escola, silêncios longos, mudanças de humor e regressividade, que é quando a criança passa a se comportar como se estivesse numa fase anterior de seu desenvolvimento, uma mudança de escola ou mesmo de cidade pode afetar profundamente a criança. Existe sempre a queda de um padrão, uma mudança. Já na adolescência e juventude, a depressão se apresenta de forma agitada, com comportamentos como abuso de álcool, descontrole da agressividade, dramatização, automutilação e outros sintomas. Na vida adulta, a depressão, de forma geral, se apresenta como perda do tônus vital, uma baixa geral da energia, tristeza profunda e persistente, sentimento de menos-valia, descrença em relação ao futuro e outros sintomas. Já na chamada terceira idade, a depressão é quase sempre melancólica. Encontramos no consultório pessoas mais velhas em tal grau de melancolia que chegam a falar sobre si como se já estivessem mortas. EM VOGA:
Quem deprime mais: os homens ou as mulheres? JOÃO BATISTA: O número de mulheres que sofrem de depressão é o dobro do número de homens. Existem várias tentativas de explicar esse fato. Uma, é considerar a especificidade da dinâmica hormonal. Outra é considerar que culturalmente as mulheres buscam mais ajuda clínica que os homens. Assim, dos
casos notificados, o número de mulheres é maior. EM VOGA:
Qual é a relação entre depressão e suicídio? JOÃO BATISTA: Ainda que a ideação suicida seja um dos sintomas que, como clínicos, devemos verificar se está presente, ou não, em cada caso de depressão, temos que ter muito cuidado quando falamos da aproximação entre depressão e suicídio. Primeiro, porque a ideação suicida está presente em uma parcela pequena dos casos. Segundo, porque não há nenhuma relação necessária e automática entre depressão e suicídio. Terceiro, porque 99% das pessoas deprimidas não querem morrer, muito menos suicidar. Elas querem se curar e viver. A pergunta que fica no ar é: então porque existem tantos suicídios? Ora, existem muitos suicídios porque as pessoas suicidam em qualquer estado mental. Do ponto de vista da Psicanálise é muito mais importante a fragilidade estrutural da personalidade do que o estado mental e emocional da pessoa. Algumas pessoas suicidam, paradoxalmente, quando alcançam um grande objetivo na vida. EM VOGA: Em quais tipos se divide a depressão? JOÃO BATISTA: Sistemas internacionais de classificação das doenças mentais como a CID-10 e o DSM-V apontam uma grande variedade de tipos e subtipos dos quadros depressivos. Os principais são o Transtorno Depressivo Maior, que se subdivide em vários subgrupos e o Transtorno Bipolar, que também se subdivide em outros subtipos.
Aparecem ainda os chamados Episódios Depressivos, que são, em geral, de resoluções mais rápidas. Na verdade os casos são muitos variados. EM VOGA: Qual é o tratamento
mais adequado para a pessoa deprimida? JOÃO BATISTA: Não existe um único protocolo de tratamento para a depressão. Eu diria que o melhor tratamento para a depressão é aquele que une a medicação mais específica e a abordagem psicoterapêutica mais indicada para cada caso clínico. Ainda que haja casos em que basta tomar uma medicação e outros que podem ser enfrentados apenas com tratamento psicoterápico, as pesquisas mostram claramente que, na maioria dos casos, o protocolo adequado é com as duas formas de tratamento ao mesmo tempo. Isso é tanto um imperativo clínico quanto uma questão ética: ao fazer assim alcançamos os melhores resultados para nossos pacientes. EM VOGA: Existem maneiras de se evitar a depressão? JOÃO BATISTA: Maneiras tipo manual de sobrevivência não tem não. Até porque se fosse fácil prevenir certamente não veríamos esse aumento exponencial dos casos no mundo todo. Agora, é claro que, cuidar bem de si, ter o amor próprio preservado, um sentimento de dignidade ativo, ter boas amizades, fazer exercícios físicos regularmente, amar e ser amado, e caldo de galinha, tudo isso pode ajudar. Outra coisa que certamente ajuda é o exercício de fé para aqueles que de fato sabem fazê-lo.
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ACADEMIA DE LETRAS DE SÃO JOÃO DEL-REI Foto:EM VOGA
Solenidade na Fazenda do Pombal reverencia a memória do TIRADENTES do Estado seja transferida para São João del-Rei, sonho do líder da Conjuração Mineira. Joaquim José da Silva Xavier era maçom e iniciou em uma loja em Ouro Preto assim como vários conjurados. A Loja Maçônica Charitas 2 todo dia 12 de novembro realiza solenidade junto ao monumento ao Tiradentes na Avenida Presidente Tancredo Neves, com a participação do 11º Batalhão de Infantaria de Montanha e da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais.
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Foto:Felit/divulgação
Acadêmicos presentes na solenidade na Fazenda do Pombal
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o dia 30 de novembro comemorou-se o dia do aniversário de batizado de Joaquim José da Silva Xavier com a entrega da Comenda da Liberdade e Cidadania, destinada a condecorar cidadãos mineiros, brasileiros e estrangeiros que se destacam em prol do incentivo, apoio e divulgação das atividades relacionadas à Liberdade, à Cidadania, à Responsabilidade Social, à Cultura, à Preservação Ecológica e Ambiental, à História, ao Civismo, e ao desenvolvimento sócio-econômico, turístico e cultural da Região do Rio das Mortes em Minas Gerais, engrandecendo e dignificando os Municípios ora signatários, o Estado de Minas Gerais e o País. Compõem o Conselho da Comenda o Chanceler Dr. Eugênio Ferraz, Vice-chanceler Dr.Wainer Carvalho Ávila,
Secretário Dr. José Egídio de Carvalho e Vice-secretário Dr.Auro Aparecido Maia de Andrade. Há um rodízio das prefeituras de São João del-Rei, Tiradentes e Ritápolis como realizadoras do evento, cabendo este ano a São João del-Rei. Em 2015 será a vez de Tiradentes e o prefeito Ralph Justino pretende realizar uma grande festa no dia 12 de novembro, dia oficial do aniversário de batizado do Tiradentes. A Academia de Letras de São João del-Rei está empenhada desde a criação da Comenda, no resgate de parte de nossa História que se iniciou na Fazenda do Pombal com o nascimento de Joaquim José da Silva Xavier e com ele o sonho de Liberdade e Cidadania. O sonho da Academia e da Chancelaria da Comenda é que no dia 12 de novembro a capital
O jornalista e escritor Carlos Heitor Cony esteve em São João del-Rei, sendo homenageado na FELIT. Cony, membro da Academia Brasileira de Letras solicitou uma visita à nossa Academia, sendo recebido na Biblioteca Municipal Baptista Caetano de Almeida. Na foto ele está entre os acadêmicos Ulisses Passarelli, João Bosco de Castro Teixeira, presidente Wainer Carvalho Ávila, vice-presidente Zélia Leão Terrell, José de Carvalho Teixeira e tesoureiro José Egídio de Carvalho.
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FERNANDO MAGNO, UMA TRAJETÓRIA DE EMPREENDEDORISMO E SUCESSO Fernando Magno se destaca como um cidadão atuante em vários setores da comunidade. Foi jogador, diretor, conselheiro e presidente do Athletic Clube por dois mandatos consecutivos. Na empresa Sport Center, idealizou um dos projetos mais ousados de esportes e lazer para a prática de exercícios físicos em São João del-Rei. Um dos maiores empresários da região, Fernando Magno é sócio proprietário da empresa Magnus Mineirais, que atua no mercado de fundição, industrializando cassiterita, terras e óxidos de estanho e suas ligas desde 1991. No dia 30 de novembro em solenidade na Fazenda do Pombal, em comemoração ao Dia da Liberdade – aniversário de Batismo de Joaquim José da Silva Xavier, o TiradentesFernando Magno foi agraciado com a Comenda da Liberdade e Cidadania pela sua brilhante atuação como cidadão e empresário.
Os empresários Fernando Magno e José Egídio de Carvalho na solenidade na Fazenda do Pombal.
OLGA SILVA ENCABEÇA CHAPA PARA ACI DEL REI Empresários atuantes em diversos setores formalizaram a chapa CLASSE FORTE – UNIDOS SOMOS MAIS para concorrer às eleições na Associação Comercial e Industrial de São João del-Rei. Olga Silva do setor de Alimentação-Restaurante Chafariz encabeça a chapa. Presidente para o biênio 2014-2015 do Rotary Club já promoveu
foto: Revista Em Voga
em 2014 diversos eventos para beneficiar as pessoas mais necessitadas, auxílio para entidades beneficentes, esclarecimento sobre doenças, capacitação profissional. Ela apresenta uma proposta de gerenciamento participativo para a ACI Del-Rei, com a diretoria mais próximo do associado e decisões tomadas pelo colegiado.
A CHAPA “CLASSE FORTE UNIDOS SOMOS MAIS” tem a composição: Presidente: Aparecida Olga da Silva Restaurante CHAFARIZ
Diretor Financeiro: Ivan Martins de Oliveira – COISA E TAL
Diretor de SPC: João Carlos Vasconcelos Fróes – J. FRÓES IMÓVEIS
Diretor de turismo: Nitza Mundim de Godoy – Pousada BECO DO BISPO
Vice Presidente: Fernando Magno Mendonça – SPORT CENTER
Diretor Financeiro: Leonardo Imbroisi – AGÊNCIA DE JORNAIS Diretor de CPD: Alencar Heitor de Souza Junior – RECART INFORMÁTICA
Diretor de Patrimônio: Diego Silva Banko – ARGOS EXTINTORES
Conselho Fiscal: -Eduardo José Bergo – Supermercado BERGÃO -Maria Cristina de Castro Bergo – FREE VEST -Júlio César Aparecido – LOJA ELIANE -Osmar José Bianchini – AUTO SUCATRIL -Hideraldo Cristovão Vale Campos – CASARÃO DO TÓIA -Agostinho Gomes Ferreira – Supermercado AGOSTINHO.
Vice Presidente: José Egídio de Carvalho – RED POINT Diretor Administrativo: Ronald Bauer Assunção – ACADEMIA BAUER
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Diretor Administrativo: Lamartine Lara de Carvalho – DROGARIA SÃO JOÃO
Diretor de Relações Públicas: Júlio do Pilar Bolognani – AUTO BOLOGNANI Diretor de SPC: Roney Geraldo da Costa – ART LAR
Diretor de Promoções: Rita Helena de Almeida – DOCE EMBALO Diretor Social: Ana Patrícia Assis Resgalla – BUFFET TIA CECÍLIA Diretor de turismo: Breno Antônio Neves Monteiro – UNITUR
CHICO LOBO
arte, talento, viola
Neudon Bosco Barbosa
mudança para BH para estudar juntou-se ao Grupo Aruanda de Folclore e percorreu o Brasil. Ainda não havia se decidido a viver da viola!
Quando Chico Lobo subiu ao palco naquela noite fria de sexta-feira, 15 de julho de 2011, já se aproximavam de 23 horas. Acompanhado do percussionista Carlinhos Ferreira, viu a Praça Pedro Gama lotada. Localizada no bairro Mançambão, em São Gabriel, município do Meio Norte Baiano, a praça abrigava a estrutura da XXI Cantoria de São Gabriel e centenas de pessoas apreciavam os artistas que abriam o evento - a maioria da cidade, região e do Nordeste. Era a sexta vez que Chico participava.
Formado em Educação Física pela UFMG, fez pós-graduação em Psicomotricidade e Pedagogia do Movimento e trabalhou até 1991 no Minas Tênis Clube e Colégio Santo Agostinho.
Admirado pela sua arte, fez o povo cantar, dançar, brincar de roda, ir para um lado, para outro, uma festa... Contou causos, falou de suas apresentações mundo afora. Carismático, levou alegria para as pessoas que o aguardavam. Após o show foi de grupo em grupo, atendeu aos pedidos, conversou com os fãs, confraternizou com os amigos artistas de diferentes lugares. Conforme diz a letra de Bailes da Vida, todo artista tem de ir onde o povo está... E ele não coloca obstáculos para se apresentar, prova disto foi naquela vez: atendeu aos chamados dos amigos e fez sua sexta apresentação no evento mantido com muita luta e sacrifício e que se consolidou como palco de nossa rica mistura de sons e ritmos. A trajetória do são-joanense Chico Lobo teve início no ambiente familiar: o pai Aldo e a mãe Nieta sempre cantaram para os filhos e a casa vivia cheia dos amigos de seresta do pai. A visita das folias de reis o fez se encantar com a viola! Aí teve o Grupo Mutirão com o qual se apresentou no Teatro Municipal, festivais de música, pequenos shows. Com a
Em 92, veio a decisão: após sofrer acidente de carro e quebrar a mão (ficou quatro meses sem tocar, operou e colocou parafusos), deixou os empregos e resolveu ser artista e viver da viola. Como ele mesmo diz importante decisão! Desde então foram inúmeras parcerias, mas destaca duas: com Pena Branca da dupla Pena Branca e Xavantinho, iniciada em 1999 com a morte de Xavantinho. Ele e Pena Branca correram por 10 anos o Brasil com o show Encontro de Raízes, até ele falecer em 2010. Aprendeu muito foram vários shows maravilhosos! Outra parceria que se iniciou em 2006 foi com o violeiro de Portugal Pedro Mestre. Essa parceria gerou vários shows em Portugal, um CD Encontro de Violas e o recente DVD De Minas ao Alentejo. Maravilhoso, show e documentário! A parceria continua, afirma Chico. No exterior destaca Portugal, Itália, Chile, Colômbia, Canadá, Argentina e dez shows na Expo Xangai na China, todos com grande público curioso para conhecer sua música. Sempre preocupado em poder difundir cada vez mais a cultura da viola e assim apresentar novos artistas que não têm muito espaço, há 10 anos criou e apresenta na TV Horizonte de BH o programa Viola Brasil retransmitido pela TV Campos de Minas, TV Nazaré de Belém do Pará e TV Evangelizar do Paraná. Apresenta também na radio Inconfidência AM e FM de BH o Canto da Viola - espaços nobres e importantes para divulgação da música de viola.
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...você que quer seguir os passos da verdadeira cultura, é preciso acreditar nos sonhos, porém é preciso talento, perseverança e muito trabalho e luta. Sucesso! Chora viola!
Lançou recentemente o cd 3 Brasis - instrumental e com ele recebeu duas indicações ao Prêmio da Musica Brasileira 2014, uma honra, afirma. Está lançando agora pela gravadora Kuarup o cd Folias de Um Natal Brasileiro em que se junta ao maestro Gilson Peranzzetta e ao percussionista Carlinhos Ferreira. CD que mergulha nas tradições das folias de reis que tanto admira. Entre as metas para 2015 ele destaca o lançamento de mais um cd de carreira com músicas inéditas suas e irá realizar em BH o Encontro Internacional de Violas de Arame com a presença de quatro violeiros de Portugal. Este é o perfil de Chico Lobo que carrega São João del-Rei em todos os lugares por onde passa, “sou apaixonado com minha cidade e tenho grande orgulho de minhas raízes” e afirma que, “a riqueza de minha carreira só foi possível devido à maior parceria de minha vida, com a produtora cultural Angela Lopes há 21 anos trabalhando comigo e há 20 anos minha esposa e mãe dos nossos filhos Mateus, Tomás e Luísa”. Concluindo, deixa o recado: ”você que quer seguir os passos da verdadeira cultura, é preciso acreditar nos sonhos, porém é preciso talento, perseverança e muito trabalho e luta. Sucesso! Chora viola!”
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Outro sonho de Chico se realizou: “com muita alegria abrimos o Instituto Sócio Cultural Chico Lobo em São João del-Rei e numa parceria com a UFSJ e Secretaria Municipal de Educação implantamos o projeto Viola Raiz nas Escolas. Com o intuito de desenvolver, preservar a cultura de raiz e os valores de amor, amizade, fé nas crianças das escolas da zona rural. Atendemos hoje a 30 crianças no distrito de Emboabas e em 2015 atenderemos mais 40 no Cajuru. Recentemente ganhamos da Câmara Municipal o titulo de Utilidade Publica Municipal isso é uma honra, uma alegria ele diz.
dois pontos Medalha “Dr. José de Oliveira Fagundes – Advogado dos Inconfidentes” - Ano 2014 Em solenidade realizada no dia 21 de novembro de 2014, no Salão do Tribunal do Júri da Comarca de São João del-Rei/MG, sob a presidência do Presidente da 37ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil -37ª OAB/MG, Dr. Victor Alessandro Agostini de Carvalho, foram agraciados com a Medalha supracitada os ilustres Senhores: Dr. Marcus Vinícius Furtado Coelho, Presidente da OAB, por representação; Dr. José de Carvalho Teixeira, Conselheiro da 37ª OAB/MG e Dr. Hélio Martins Costa. MM. Juiz de Direito, pelos relevantes serviços prestados ao Judiciário local.
Dr. Hélio Martins Costa
Dr. José de Carvalho Teixeira
Nicolau sendo agraciado pelo prefeito de Tiradentes Ralph Justino
Comenda da Liberdade e Cidadania Nicolau Brighenti Cipriani, radialista e colaborador do JORNAL DE MINAS foi agraciado com a Medalha da Liberdade e Cidadania no dia 30 de novembro na Fazenda do Pombal, no evento comemorativo do Dia do Batizado de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. Neudon Bosco Barbosa, Diretor e Editor do JORNAL DE MINAS e da Revista EM VOGA também também recebeu a Medalha. Na foto com o artista plástico Carlos Bracher, outro agraciado. Dr.Ernane Barbosa Neves, Juiz de Direito da Segunda Vara Criminal e de Execuções foi condecorado com a Medalha.
Rotary no Dia D contra a poliomielite Dia 8 de novembro foi o Dia D da Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e o Rotary Club São João del-Rei participou junto com o grupo Doutores por um Triz, através da Presidente Olga e secretária Regina. A vacinação ocorreu na Policlínica de Matosinhos e no Núcleo Materno Infantil. O Rotary International apóia a campanha contra a erradicação da poliomielite a nível mundial e tem feito vultosas doações para a causa.
Bracher e Neudon Bosco Barbosa
Núcleo Materno Infantil
Intermediação para o bem comum ser necessário instalar nestes locais os interceptores que vão coletar o esgoto e levar até a estação de tratamento que será construída com o PAC. Fonte:Assessoria de Comunicação da Prefeitura Municipal.
Ernane, esposa Elisete e sra. Helisiane esposa do Dr.Auro Maia Andrade
Ari, filho Heitor e esposa Lidiane
O advogado Ari Moreira Leite, servidor da 37ª Subseção da OAB ao preparar sua monografia para o curso de especialização em gestão pública pela Universidade de Viçosa, optou por abordar o acompanhamento de projetos em andamento, escolhendo o PAC do Saneamento Básico. Ao ver que poderia existir conflito entre o DAMAE e proprietários/possuidores de imóveis limítrofes ao córrego do Lenheiro, empenhou-se em buscar solução pacífica para o caso. Tal ação deve-se ao fato de
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Foto: Marina Ratton
Muito prazer
Tchá Tchá Marina Ratton
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ascido na Tanzânia, país da África, veio para o Brasil, em 1971 com a sua família que havia perdido tudo o que tinham; para fugir do regime comunista, vigente em seu país na época. Essa é a história de vida de Abdul Aziz Nazarali Walji Hirji. Falando assim, para os são-joanenses, até parece se tratar de uma pessoa estranha, mas pelo contrario, estou me referindo a alguém muito popular e querido: o “famoso” Tchá Tchá.
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Antes de se fixar em São João del-Rei, passou por Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Trabalhou por muitos anos como vendedor ambulante, tendo pontos em
Eu adoro trabalhar todos os dias; mas o que me distrai são retratos, eu gosto muito. Gosto de ver e ser fotografado. Mas, agora não gosto muito mais de ser fotografado, porque estou ficando velho a cada dia.
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mais de vinte cidades mineiras, dentre elas: Ritápolis, Tiradentes, Prados e Nazareno. O apelido “Tchá Tchá” vem dessa época, quando ele trabalhava como camelô e gritava para vender seus produtos “Oh mame, tchá tchá tá aí?”, que segundo o entrevistado, significa: “Oh mamãe o tio está aí?”. O apelido pegou na cidade de Ritápolis e hoje todos o conhecem por esta denominação. Sobre a dificuldade que ele teve de se adaptar em São João del-Rei, Tchá Tchá ressalta a maneira de falar, e brinca: “Eu falo três e entendem treze, eu falo treze e entendem três”. E revela que, para ele, as pessoas da cidade são muito boas. “Acho que as pessoas daqui têm esse carinho comigo por causa da minha honestidade e porque eu não dou amolação. As pessoas cooperam muito comigo, me dão muito carinho e assistência, principalmente, as que trabalham por aqui” - se referindo à localidade de sua loja. “Se eu não apareço para trabalhar, elas vão à minha casa saber de mim” comenta. Tchá Tchá caracteriza a cidade como o paraíso, e declara com humor “Quero morrer aqui e enterrar em Ritápolis”. Um determinado cliente entra na loja dizendo: “O que eu precisar no Tchá Tchá eu vou encontrar”, fato que nos revela a singularidade do comércio feito por ele.
Tchá Tchá conta que em São João del-Rei possuía somente um irmão, só que este já faleceu e que o restante está espalhado pelo Brasil, em sua maioria em cidades mineiras. Tchá Tchá pode ser considerado um homem de fibra, pois trabalha todos os dias com prazer e por opção. Caracteriza-se como: muito nervoso, muito orgulhoso, muito safado e muito tratante. Ele mesmo mandou bordar camisa com os escritos: “Tchá Tchá é bonzinho, mas mentiroso, tratante e ‘good for nothing’”, que significa, segundo ele, “bom para nada”. Sua mania é andar com uma bengala, por achar que isso lhe deixa charmoso. Uma grande curiosidade, para mim, era saber com o que ele se distraía já que, apesar da idade, trabalha muito. E Tchá Tchá me surpreendeu. “Eu adoro trabalhar todos os dias; mas o que me distrai são retratos, eu gosto muito. Gosto de ver e ser fotografado. Mas, agora não gosto muito mais de ser fotografado, porque estou ficando velho a cada dia”; ressalta com humor. E descobri que temos algo em comum: o gosto pela fotografia. Outra curiosidade é saber quantos anos ele tem, mas isto é uma coisa que ele não revela nem “sob tortura”. O que posso afirmar é que se tratando de um excelente personagem da vida real, a idade de Tchá Tchá é só um detalhe. Ele se considera um são-joanense de coração e sempre o será para as pessoas da nossa cidade.
SJDR sedia Encontro Estadual de Sineiros Leonardo Duque e Jederson Lucas
“Queremos manter a tradição de tocar sinos, pois essa é a nossa identidade”. Essa foi a declaração de Nilson José dos Santos, sineiro são-joanense, no Encontro Estadual de Sineiros, realizado com a parceria do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico (IPHAN) da cidade. Com o objetivo de discutir as questões sobre a salvaguarda dos sinos, que tem seus toques e o ofício de sineiro considerados patrimônio cultural brasileiro, a iniciativa reuniu recentemente sineiros de Sabará, Ouro Preto, Diamantina e demais regiões, na Biblioteca Municipal de São João del- Rei. No evento, os sineiros tiveram a oportunidade de se posicionarem quanto aos problemas enfrentados na rotina do ofício. Segundo eles, a conservação dos sinos, a falta de segurança nas torres das igrejas, os obstáculos na comunicação entre sineiros e a igreja, bem como a dificuldade de conduzir as técnicas de toque para os sineiros iniciantes, são algumas dos principais problemas que os afligem. Vitor Salomão, de apenas 13 anos, entende que, daqui há alguns anos, o repique dos sinos pode não ser o mesmo de anos passados, mas acredita que as mudanças não podem ser extremas a ponto de perder a “linha padrão” que caracteriza cada repique. Rodrigo Ribeiro Silva (33) afirma ser necessário passar a tradição para a futura geração de sineiros, já que um dos motivos do evento é repassar segurança para eles. “A gente quer passar um treinamento de qualidade para que eles possam representar bem a gente no futuro”, ressalta. De acordo com Silva, a preocupação é alertar as autoridades sobre os sineiros e os dilemas que eles têm enfrentado para atuar nas procissões, a fim de tentar manter as tradições que ainda existem. Com todas as dificuldades apresentadas, para Corina Moreira, coordenadora do Patrimônio Imaterial do IPHAN de Minas Gerais, o papel do Instituto é articular - juntamente com as instituições sociais - os problemas enfrentados a fim de solucioná-los. “Nós articulamos os sineiros, fazemos contato para nos juntarmos e analisarmos as ações a serem definidas como prioritárias para efetivá-las, colocando recursos, fazendo contratações necessárias, articulando com a prefeitura de cada cidade, com os representantes da igreja, para assim executarmos as ações de salvaguarda”, ponderou.
fotos: Jederson Lucas
Réplica de sino em madeira para demonstração
Encontro foi na sede da Academia de Letras
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18ª Mostra de Cinema de Tiradentes 23 a 31 de janeiro de 2015
18ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES INAUGURA TEMPORADA AUDIOVISUAL BRASILEIRA DE 2015
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18ª Mostra de Cinema de Tiradentes, agendada de 23 a 31 de janeiro de 2015, vai apresentar o cinema brasileiro de 2015 no cenário cinematográfico da barroca e histórica Tiradentes. A programação da Mostra Tiradentes reúne todas as manifestações da arte, em noves dias de evento, e promete agitar as férias de janeiro em Minas Gerais. Todas as atrações são gratuitas e abertas ao público de todas as idades. Exibição de filmes em pré-estreias nacionais, homenagens, oficinas, debates, exposições, lançamento de livros, cortejo da arte, atrações artísticas ocupam as ruas da tricentenária Tiradentes que recebe a instalação de três cinemas para sediar mais de 50 sessões de filmes – longas e curtas. Na praça principal da cidade, no Largo das Forras, um cinema a céu aberto exibe produções brasileiras acessíveis a todos os públicos e idades: o Cine BNDES na Praça.
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No Largo da Rodoviária, é instalado um complexo de tendas de 1400m2 para abrigar um cinema climatizado para 700 pessoas, cafeteria, um bar e hall de convivência, que recebe em média 1.500 pessoas por dia, o Cine-Tenda. A premiação da Mostra Aurora – segmento competitivo que reúne cineastas em seus primeiros longas-metragens – acontece no sábado, dia 31, durante o encerramento do evento, no Cine Tenda. O vencedor pelo Júri da Crítica recebe o Troféu Barroco e o Prêmio Itamaraty no valor de R$ 50 mil. No centro histórico, na Rua Direita, o Centro Cultural Yves Alves também se transforma em palco da sétima da arte com exibições diárias no Cine Teatro Sesi e passa a ser a sede do evento, com instalação da sala de imprensa, secretaria, oficinas, exposição, coordenação e logística. Pelas ruas as lojinhas de artesanato oferecem produtos de ferro, estanho,
madeira, colchas e bordados feitos por artesãos da região. Na gastronomia, restaurantes diversos – de comida mineira a italiana, misturam sabores e arte. Tudo isto com pitada de cultura brasileira. Em Tiradentes, o encontro pelo cinema acontece. No ano de sua maioridade, a Mostra de Cinema de Tiradentes homenageia uma atriz de grande significado para os 18 anos de caminhada do evento: Dira Paes. Na abertura, no dia 23 de janeiro, será exibido o longa-metragem inédito “Órfãos do Eldorado”, em que Dira atua sob direção de Guilherme Coelho em adaptação do romance do autor amazonense Milton Hatoum. Em tempos de novas e infindáveis tecnologias, a 18ª Mostra de Cinema de Tiradentes propõe em 2015 a seguinte questão: “Qual o lugar do cinema hoje?”.
Março 2014
O DESPERDÍCIO PODE GERAR MULTA
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oi criado o decreto que estabelece restrições e aplicação de multa em casos de desperdício de água potável em São João del-Rei. A medida é necessária devido à estiagem prolongada que atingiu nossa região e em razão das previsões meteorológicas que indicam uma diminuição no volume e na quantidade de chuva. A partir de agora fica proibido utilizar mangueiras para lavar veículos, calçadas, frente de imóveis, garagens, ruas, encher piscinas, aguar jardins, usar aspersores e lavadores de alta pressão, bem como outras situações que configurem o desperdício. A fiscalização será realizada pelo Damae e fiscais municipais, que ao constatarem o uso indevido de água irão notificar o contribuinte.
e instalações hidráulicas, que estejam danificados também podem gerar notificações e multa. A água é um bem precioso, portanto evite toda e qualquer forma de desperdício. Em caso de vazamentos, os contribuintes devem acionar o Damae pelos telefones 3371-8080 ou 195, para que os reparos sejam realizados. Prefeitura de São João del- Rei- Tempos de mudança. Damae- Saneamento para Todos.
Depois de notificado, a reincidência pode gerar multa para o contribuinte, de cinco vezes o valor da conta, sendo cobrado na conta de água. A mesma penalidade será aplicada aos proprietários que mantiverem caixas d’água danificadas, sem uso de bóia ou com a mesma desregulada. Torneiras, reservatórios
BIBLIOTECA PRETENDE DIGITALIZAR PARTE DO ACERVO A Biblioteca Municipal Baptista Caetano d’Almeida dependia do dinheiro arrecadado com confecção de carteirinhas e multa por atraso na devolução de livros para adquirir computadores, estantes, livros... Em 2003, a fundação da Sociedade de Amigos da Biblioteca Baptista Caetano d’Almeida, (SAB), visou prestar apoio à Biblioteca, emprestando seu nome e apoio para consecução de verbas através de projetos inscritos em leis de incentivo a cultura. Tais projetos proporcionaram a reforma de seus telhados que urgentemente precisavam se troca de telhas, e madeiramento. Cursos de pequenos reparos e encadernação, saraus, sessões de cinema são proporcionados pela SAB. Todavia, as coisas têm-se tornado difíceis para SAB, uma vez que o número de associados é pequeno e os editais das leis de incentivo a cultura nem sempre contemplam aquilo que se faz necessário para a modernização de equipamentos, ampliação de acervo e serviços oferecidos pela Biblioteca. Este ano, a administração municipal, adquiriu para a Biblioteca, 9 (nove) computadores e um servidor, além de uma copiadora e, em breve, proporcionará a abertura de um Telecentro para a população são-joanense, doado
Biblioteca Municipal
pelo governo federal e que se encontrava sem possibilidade de funcionamento há 7 anos, por deficiência do equipamento. O acervo sobre a história de nossa cidade é bastante rico em termo de coleções de jornais, atas da Câmara Municipal e livros raros. A biblioteca possui acervos raros de jornais do século 19 e 20, além da coleção completa da Revista Le Moniteur Universel, editada na França no período de revolução francesa (1789-1799). Só existem duas coleções completas; uma na França e outra em São João del-Rei, de propriedade da Biblioteca Municipal, atualmente sob a guarda UFSJ. Observe-se que, somente a de propriedade da Biblioteca é completa.
Segundo Artur Cláudio da Costa Moreira, Coordenador de Serviços e Gestão de Bibliotecas (Secretaria Municipal de Educação), a intenção da SAB - e também como é do interesse da biblioteca ampliar seus serviços - é digitalizar o acervo de livros – principalmente dos autores são-joanenses e das edições raras - , uma vez que papel é fragilíssimo e já se encontra - em pequena parte -deteriorado, correndo o risco de desaparecer, levando então, o registro da história de nossa amada terra. Urge digitalizá-los, disponibilizá-los para consulta via WEB, facilitando o trabalho dos pesquisadores locais e de outras partes do estado, país e exterior. 23