Universidade de São Paulo Instituto de Arquitetura e Urbanismo
Monografia Teoria e História da Arquitetura e Urbanismo Moderno II
Um Arquiteto, Uma Cidade Le Corbusier e o Centrosoyuz
Docentes: Prof. Dr. Tomás Antonio Moreira Prof. Dr. Paulo Yassuhide Fujioka Discentes: Eduardo Bonfá Estéfane Trindade Luiz Felipe Fogo Maria Luiza Sovat Vinicius Severino Wesley Wolak
Novembro, 2018
Sumário __CIDADE
1
Rússia 3
Moscou __ARQUITETURA MODERNA
__ARQUITETO
10 Arquitetura e Moderna e o Construtivismo Russo 18 Condensador Social 19 Le Corbusier
__ PROJETO
29 Le Courbusier em Moscou 35 Centrosoyus, Sede de Cooperativas 36 Caráter do Edifício 36 Solução Plástica 38 Volumetria 40 Organização Formal 41 Programa de Necessidades 44 Estrutura e Materialidades 46 Legado de Centrosoyus
Sumário __FONTES
48 Citações 50 Referências de Imagens 57 Referências Bibliográficas
RÚSSIA
1
Após a vitória sobre o Império Francês - liderado por Napoleão Bonaparte, na invasão ao território Russo em 1812, quando os franceses chegam a Moscou e encontram uma cidade abandonada por boa parte da população, inclusive pelo czar; decidem retornar à Europa Ocidental cerca de um mês depois de terem alcançado à cidade e após um grande incêndio, na longa e dura viagem, uma série de ataques pontuais do exército do czar, somado às dificuldades provocadas pelo gelado inverno russo, determinam uma grande derrota ao exército napoleônico - o Império Russo então retoma
o
processo
de
expansão
geográfica
e
centralização do poder que já vinha ocorrendo há um século no país, principalmente após o governo do czar Pedro
I,
o
Grande.1
Foi também no governo de Pedro I que houve a transferência da capital do país, de Moscou para a recém fundada São Petersburgo (1712). A cidade que nascia então para ser a capital de um império, como a representação de modernidade, luxo e beleza, chamada por vezes de “Amsterdã nórdica” ou “Veneza russa” 1.1 - Retirada das tropas francesas retratada na pintura “Na estrada. Retire-se ou fuja” (1887-1895) de Vasily Vereshchagin.
devido aos grandes canais ao longo do rio Neva que cruza
a
cidade.2
Após 5 diferentes czares terem ocupado o trono durante todo o século XIX, Nicolau II torna-se o czar do Império Russo na virada do século XIX para o século XX (1894). Nicolau assume o governo em uma época de instabilidade. Após uma dura derrota na guerra com o Japão em 1904 devido a disputa de interesses imperialistas com o império japonês, o clima 1.2 - Vista dos edifícios barrocos de São Petersburgo ao fundo de um dos canais que cruzam a cidade.
de
instabilidade e a insatisfação popular, que já eram graves, tornam-se alarmantes.
RÚSSIA
2
Em 1905, ocorrem manifestações populares em todo o país, muitas tendo líderes socialistas a frente, o que causa conflitos com as forças policiais que reprimiram
muitas
destas,
como
é
o
caso
do
paradigmático “domingo sangrento” em 22 de janeiro de 1905. A mesma São Petesburgo do massacre de 1905, que foi renomeada Petrogrado em 1914 (futuramente ainda veio a ser renomeada mais uma vez como Leningrado, antes de voltar a ter o nome original),3 foi palco, em 1917, ainda sob o governo do czar Nicolau II, do
evento
que
daria
origem
à
revolução
que
transformaria profundamente o futuro da população russa: uma multidão de bolcheviques caminhando em direção ao Palácio de Inverno para invadi-lo; seria o evento que daria início à Revolução Russa de 1917. 1.3 - Pessoas feridas no massacre de 1905, conhecido como “domingo sangrento”.
1.4 - Lenin discursando para a multidão na praça vermelha de Moscou em 1919.
MOSCOU
3
A origem da capital russa remonta ao século XII, Moscou teria sido fundada pelo príncipe da dinastia de Kiev, Iuri Dolgoruki, em 1147. Muito diferente do que são hoje, mas já nesse período foram construídos alguns edifícios militares e administrativos no espaço em
que
atualmente
localiza-se
o
Kremlin.
Em 1240 o exército do Império Mongol, então em um franco processo de expansão, ataca e conquista os territórios de Kiev, dentre esses, o de Moscou. Mais de dois séculos sob o domínio dos mongóis, Moscou torna-se um centro de seu império, desenvolvendo-se, transformando-se e crescendo. Em 1480, com o enfraquecimento do Império Mongol e o fortalecimento de Moscou, o controle mongol sobre a cidade diminui bastante. Com isso, a retomada do controle político e econômico da cidade de Moscou e dos territórios próximos pela população moscovita a partir de fins do século XV e, principalmente a partir da década de 1550, dá início ao processo de formação da Rússia que resultará na constituição de um extenso império, o Czarado da Rússia e mais tarde, o Império Russo.1 O símbolo desse momento de emancipação política-cultural foi a construção da catedral de São Basílio,
a
mando
do
imperador
Ivan
IV.
A formação da Rússia após a libertação de dominações estrangeiras foi a conjunção de uma poderosa e duradoura união. Além disso, fundamental para a manutenção do império que viria a se formar no país nos próximos séculos, foi a união entre o estado russo, sediado em Moscou, e a igreja ortodoxa. 2.1 - Imagem aérea da Catedral de São Basílio em Moscou
Segundo Orlando Figes, em “Uma história cultural da Rússia”, as transformações que a cidade de Moscou
MOSCOU 4 passou
representaram
as
transformações
que
ocorreram no país, “A ascensão de Moscou foi simbolizada pela construção do Kremlin, que tomou forma no século XIV, e palácios impressionantes e catedrais de pedra branca com cúpulas bulbosas douradas começaram a surgir dentro das muralhas da fortaleza”
(FIGES,
2017,
p.
115).
Após a queda de Constantinopla em 1453, Moscou destacava-se como o grande centro do cristianismo ortodoxo, sendo a Terceira Roma para a igreja e os fiéis. A união foi próspera, “A união entre Moscou e ortodoxia foi cimentada nas igrejas e mosteiros, com seus ícones e afrescos que continuam a ser a glória da arte medieval russa. De acordo com o folclore, Moscou se gabava de ter “quarenta vezes quarenta” igrejas” (FIGES, 2017, p. 115). Apesar da consistência da união entre o império e a igreja, e também da importância de Moscou para o país, de um certo modo, porém, a cidade moscovita simbolizava o passado da Rússia, cujo muitas circunstâncias havia o interesse de se esquecer e superar, “(...) Pedro, o Grande, detestava Moscou: ela personificava o arcaico no seu reino” (FIGES, 2017, p.115) e foi nessas circunstâncias que, no começo do século XVIII (o século das luzes), um imperador apaixonado pela europa ocidental decide modernizar o país construindo sua nova capital. Às margens do Mar Báltico e à custa de muitos recursos, esforços e vidas, foi construída São Petersburgo (a cidade de Pedro), nova capital da Rússia, fundada em 1703.2 A construção dessa capital 2.2 - A Catedral do Sangue Derramado às margens do rio Griboedov.
e toda a modernização que a acompanhava não foram tão bem aceitas pela igreja, apesar de a união Império-
MOSCOU 5 ortodóxica se manter. Em resultado a isso, surgiram muitas lendas sombrias sobre a cidade e até a disseminação da figura de São Pedro como um anticristo. A construção de São Petersburgo e a transferência da capital para a cidade recém fundada acompanham o declínio de Moscou, “A população diminuiu quando metade dos artesãos, comerciantes e nobres da cidade foram forçados a se reinstalar na capital do Báltico. Moscou fora reduzida a capital de província” (FIGES, 2017, p.116). Um século depois que deixou de ser capital, Moscou passou por um grande incêndio durante a invasão do exército francês liderado por Napoleão Bonaparte em 1812. Após essa desastrosa retirada dos franceses do território russo, a cidade se viu destruída. Tal circunstância se mostrou particular e um paradoxo, “(...) o fogo abriu espaço para os princípios expansivos do classicismo”, ou seja, a destruição causada pela invasão francesa e o grande incêndio possibilitaram a renovação da cidade e, dessa forma, “Depois de 1812, finalmente o centro da cidade foi reconstruído em estilo europeu”
(FIGES,
2017,
p.
116).
Por isso, enquanto São Petersburgo era visto como a capital moderna, ocidental, com “ares europeus”, Moscou mostrava-se como um símbolo cultural e da tradição da Rússia. A transferência da capital para São Petersburgo e a destruição de 1812 não foram capazes de mudar essa característica da cidade, de modo que a reconstrução
de
Moscou
e
a
implantação
de
infraestruturas e edifícios a partir de 1813 foram acompanhadas do desenvolvimento de uma arquitetura 2.3 - Pintura da fuga de Napoleão de Moscou com incêndio devastando a cidade ao fundo, por Victor Mazurovski.
eclética particular em Moscou, chamada pelo imperador
MOSCOU 6
Nicolau I de neobizantino (FIGES, 2017, p. 117). Tratava-se, na verdade, de um ecletismo que, assim como a própria posição geográfica de Moscou, situava-se entre o ocidente e o oriente, ou seja, trazia elementos clássicos europeus e asiáticos, tinha inspiração bizantina, mas também elementos da arquitetura russa medieval. Desse modo, muitas das novas construções que foram erguidas no intenso processo de reconstrução da cidade, como o edifício do Teatro Bolshoi, inaugurado em 1825, carregavam o
ecletismo
neobizantino
em
sua
arquitetura.
Segundo Orlando Figes, a própria natureza de Moscou se assemelhava com a cultura tradicional do russo, “Moscou tinha natureza semi oriental”, “A autoimagem mítica de Moscou tinha tudo a ver com o seu “caráter russo”. O seu modo de vida era mais provinciano, mais próximo dos hábitos do povo russo do que o modo de vida dos nobres de Petersburgo” (FIGES, 2017, p. 118) e o fato da outra grande cidade russa, e atual capital, simbolizar o oposto, “a cultura estrangeira”, reforçava essa dicotomia: “A ideia de Moscou como cidade “russa” se desenvolveu a partir da noção de São Petersburgo como civilização estrangeira”
(FIGES,
2017,
p.
118).
Durante o século XIX Moscou desenvolveu-se de forma que, no fim do século, o processo de industrialização já provocava transformações na cidade. Subúrbios industriais se espalham pela cidade que já era habitada por milhares de operários. A posição geográfica moscovita é muito importante no 2.4 - Prédio do Teatro Bolshoi, gravura por André D.
desenvolvimento econômico da cidade.
MOSCOU 7
Com a implantação, a partir da segunda metade so século XIX, das ferrovias no território russo, a cidade se fortaleceu ainda mais economicamente, uma vez que estas, que ligavam regiões extremas do território continental russo, se encontravam em Moscou. A cidade tornou-se o centro da Rússia capitalista imperial, centro
cultural
e
econômico.
Figes, associa as transformações e mudanças que
a
cidade
passa
a
partir
de
1812
ao
desenvolvimento, inclusive, das artes: “A ascensão de Moscou a gigante econômico estava associada à sua transição de cidade dominada por nobres para cidade dominada
por
mercadores.
Mas
também
o
seu
renascimento cultural no século XIX - um renascimento que fez Moscou uma das cidades mais empolgantes do mundo: enquanto a sua riqueza crescia, os principais comerciantes de Moscou tomaram conta do governo da cidade e promoveram as artes” (FIGES, 2017, p.142). O desenvolvimento artístico que já acontecia a partir do século XVIII, com a abertura do país sob o governo de Pedro e a fundação de São Petersburgo, se intensifica no
século
XIX.
A Vanguarda que se desenvolvia se caracterizou no que hoje é considerado “(...) um dos mais surpreendentes movimentos intelectuais e criativos da arte no século XX” (CHARLES, 2017, p. 15). Os centros difusores
dessas
inovações
criativas
eram
São
Petersburgo e Moscou, sendo a cidade moscovita apontada com um certo protagonismo, “Moscou era o centro da vanguarda” (FIGES, 2017, p.157). O contexto cultural-artístico na virada dos século XIX e século XX que possibilitou o surgimento de uma vanguarda com
MOSCOU 8 tamanho destaque nas duas maiores cidades russas foi o momento de novas e importantes descobertas na física, química, tecnologia, medicina e psicologia que provocam questionamentos, incentivando a agitação por mudanças e transformações. O intenso processo de intercâmbio técnico, científico, artístico e cultural da época
acelerava
a
disseminação
das
novas
descobertas, tecnologias e expressões. No caso da Rússia, esse processo era intenso principalmente com a Alemanha e a França. No campo artístico-cultural, essas trocas estavam na base da formação da vanguardas artísticas do período, “As vanguardas orientais e ocidentais formaram um conglomerado intimamente entrelaçado de inspiração recíproca” (CHARLES, O
2017,
movimento
de
p.15).
inovações
criativas
e
questionamentos ultrapassou os campos artísticos, abrangendo a arquitetura, literatura, música, filosofia e política.3 Na filosofia e política, a partir de fins do século XIX, críticas ao capitalismo e ao processo de industrialização que ocorria no mundo começaram a se disseminar, dentre essas ideias, o marxismo foi a mais importante. Aparecem nas grandes cidades russas, principalmente São Petersburgo e Moscou, lideranças políticas
e
sociais
representando
os
novos
questionamentos nas esferas políticas e social, entre esses
Lênin
e
Trotsky.
O governo czarista, representado pelo czar Nicolau II, tinha uma política severa em relação à manifestações contrárias ao governo, mesmo com 2.6 - Foto de Lenin discursando para a multidão em 1920.
tímidas flexões e aberturas ao longo do seu governo, ainda se mantinha como um líder absoluto, modelo dos velhos monarcas absolutistas que representavam um
MOSCOU 9
velhos monarcas absolutistas que representavam um sistema que entrava em crise há mais de um século. Entre manifestações, repressões, conflitos e mortes no decorrer dos primeiros anos do século XX, em 1914 a Rússia entra na Primeira Guerra Mundial. A situação torna-se insustentável e em 1917, as lideranças políticas que emergiam de um período de descobertas, novidades, contestações e vanguardas, fizeram uma revolução. Primeiro, uma mais contida, sem muito sucesso, pois não toca em pontos cruciais do crítico sistema social-político que caracterizava o país russo naquele período. Depois, uma mais radical, em outubro, liderada por Lênin e Trotsky, que escavou as bases de um processo histórico que começava e mudava para sempre o destino da Rússia e, no mesmo ritmo, da cidade moscovita. Em 1918,4 Moscou voltava a ser capital não mais do território russo, mas de um país ainda maior, em território e população, compreendendo países de população eslava, mas também países vizinhos de outras origens, formava-se a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
10
A ARQUITETURA MODERNA E O CONSTRUTIVISMO RUSSO A arquitetura moderna nasceu como uma contradição à forma antiga de se projetar, surgindo através das novas possibilidades técnicas que a revolução industrial proporcionou no início do século XX. Devido às mudanças na sociedade, na forma de ocupação do espaço da cidade, novas tecnologias, dentre outros aspectos, que se transformaram com o advento da máquina,
novas
questões
surgiram.
movimento
moderno
tentou
utilizando-se
de
essas
todas
Assim,
propor novas
o
soluções, ferramentas,
tentando assim constituir uma nova forma de vivência do homem moderno em diversos âmbitos como o social, político, cultural, profissional, etc; rompendo com o passado e decifrando o presente, para constituir um futuro mais harmonioso, em que a arquitetura tivesse um papel fundamental para a formação da sociedade moderna. Com
os
avanços
tecnológicos,
a
indústria
arquitetônica começou a sofrer conflitos internos, pois essas novas técnicas conseguiram alcançar novas formas, que influenciaram nas maneiras de projetar e entender os espaços. Com estas novas possibilidades de constituição, essa primeira fase foi marcada por muitas
experimentações
que
visavam
tentar
compreender e organizar todas as possibilidades viáveis. A princípio, essas foram tímidas, parecendo ser sem propósito. O movimento moderno estava disputando espaço 3.1 - Foto de Centrosoyus
com os outros já existentes, mais relacionados
A Arquitetura Moderna e o Construtivismo Russo 11
com a tradição; por isso, havia resistência quanto a implementação desse novo movimento. Além disso, o meio
arquitetônico
conservadores
era
nos
impugnado concursos
pelos públicos,
condenando-o por fugir das normas técnicas, assim como pela população, muitas vezes por causar estranheza, pela maneira que sua forma estética quebrava radicalmente com os estilos já conhecidos. “Foi o reflexo da entrada de Le Corbusier e seu primo
Pierre
jeanneret
(1896-1967)
na
competição da Liga das Nações em Genebra no ano anterior… Embora favorecido por Moser, Berlage, Hoffmann e Tengbom, a entrada do Le Corbusier e do Jeanneret foi desclassificada por um tecnicismo do jurado francês Lemaresquier, figura poderosa na École des Beaux Arts e inimigo da arquitetura moderna, que tinha o apoio do governo francês” (MUMFORD, 2000, p. 11) Com os avanços da tecnologia o modo de construir se flexibiliza, abrindo uma imensa gama de possibilidades, como a produção seriada de vários elementos. Essa vasta diversidade de soluções contribuiu muito para a concepção da forma e racionalização do edifício, fazendo com que os antigos formatos perdessem o sentido ou não fossem mais
necessários,
ocasionando
uma
revolução
estética. Ao
perceberem
a
necessidade
de
uma
estruturação conceitual, surgem várias iniciativas, a 3.2 - Foto oficial CIAM.
exemplo: a Bauhaus que viraria referência mundial.
A Arquitetura Moderna e o Construtivismo Russo 12
“A Bauhaus, encarna o ideal e o projeto de unir engenheiros, arquitetos, pintores, artesãos, designers e artistas
industriais,
pesquisando
e
construindo
protótipos à serem produzidos em escala industrial, atendendo, por um lado as necessidades da sociedade alemã, por outro o ideal comunitário de levar a arte moderna à todos os níveis sociais criando assim o artista-artesão… teve como principal idealizador e articulador o arquiteto Walter Gropius, que no famoso programa da Escola de Bauhaus, lançava as bases da nova arquitetura, que marcaria o século XX, além do desenvolvimento de designers ligado à produção industrial”.1 Essa quebra estilística causa estranheza e insegurança, frente a essa questão, os entusiastas modernos
vêem
a
necessidade
da
difusão
e
consolidação do Movimento Moderno, no âmbito acadêmico tanto quanto no cotidiano. Com seu conhecimento
dos
avanços
tecnológicos,
tentam
conceber uma arquitetura nova, que fosse capaz de extrair
o Outra
principais,
melhor iniciativa foi
o
dessas desse
CIAM
possibilidades.
contexto,
(Congrés
uma
das
Internationaux
d’Architecture Moderne). Este foi estimulado por Hélène de Mandrot, uma mulher que aspirava o papel de mecenas da Arquitetura Moderna. Em seu castelo em La Sarraz na Suíça aconteceu a primeira reunião, em 1928. O
CIAM
almejava
criar
uma
vanguarda
internacional da Arquitetura Moderna. Sendo uma nova 3.3 - Projeto de Sivortsov para o Pavilhão da Representação Comercial.
associação de elite para consolidação do Movimento Moderno na arquitetura, confrontava nitidamente o Neoclassicismo, até então dominante nas academias
A Arquitetura Moderna e o Construtivismo Russo 13
Moderno na arquitetura, confrontava nitidamente o Neoclassicismo, até então dominante nas academias arquitetônicas. Visava-se agregar na nova arquitetura o “verdadeiro ambiente econômico”, assim como já ansiava a declaração do CIAM de 28: “Portanto, recusa-se
categoricamente
a
aplicar
nos
seus
métodos de trabalho meios que possam ter sido capazes de ilustrar as sociedades do passado; eles afirmam hoje a necessidade de uma nova concepção de arquitetura que satisfaça as demandas espirituais, intelectuais e materiais da vida atual. Conscientes das profundas
perturbações
da
estrutura
social
provocadas pelas máquinas, reconhecem que a transformação da ordem econômica e da vida social inevitavelmente traz consigo uma transformação correspondente
do
fenômeno
arquitetônico.
A intenção que os une aqui é conseguir a indispensável e urgente harmonização dos elementos envolvidos,
substituindo
a
arquitetura
em
seu
verdadeiro plano, o econômico e o sociológico. Assim, a
arquitetura
esterilizantes 3.4 Fundadores do CIAM, Castelo de La Sarraz, 1928
preservar
deve das
as
ser
libertada
academias fórmulas
das
garras
preocupadas do
em
passado(...)”2
Os principais tópicos tratados pelo CIAM foram: 1) Sistema Econômico Geral. 2) Urbanismo. 3) Arquitetura e Opinião Pública. 4) Arquitetura e suas relações com o Estado. Preceitos alinhados com a ideologia
soviética.
“II Urbanismo: 1. O planejamento urbano é a organização das funções da vida coletiva; estende-se 3.5 Le Corbusier, Giedion e Guevrekian, durante o CIAM I, La Sarraz, 1928
tanto às aglomerações urbanas quanto aos espaços rurais. O planejamento urbano é a organização da vida em todas as regiões. 2. Esta ordem inclui três
A Arquitetura Moderna e o Construtivismo Russo 14
rurais. O planejamento urbano é a organização da vida em todas as regiões. 2. Esta ordem inclui três funções: (a) habitação, (b) Trabalho, (c) lazer.” 2 No contexto Russo houveram outras iniciativas, como o modelo dos Ateliês Livres Svomas e Vkhutemas, criados em 7 de setembro 1918, que buscavam
construir
a
vanguarda
russa,
enfatizando-se que neste momento a Bauhaus, escola alemã equivalente dos Svomas e Vkhutemas, ainda não havia sido criada. (MIGUEL, 2006, p. 91). Essa nova escola também tinha vários preceitos que visavam a quebra com a antiguidade no âmbito político, artístico, cultural, arquitetônico, etc. As instituições eram desvinculadas do Estado, visando uma liberdade maior tanto dos alunos como dos professores, buscando promover maior igualdade no quesito
administrativo
assim
como
no
de
aprendizagem. Com isso, buscava-se desenvolver uma escola sem uma hierarquia rígida, em que todos pudessem opinar, sendo mais democrática que as antigas instituições. Outro fator importante para essa democratização era que não havia processo seletivo. Tudo isso já vinha nitidamente especificado no estatuto: “1. Os alunos dos Ateliês Artísticos Livres Estatais dispõem todos, sem exceção, do direito de eleger 2. Propõe-se aos alunos que procedam desde agora à eleição dos diretores, se possível sem interromper o trabalho. 3. Todas as correntes artísticas têm a garantia de ser 3.6 - Fotomontagem de desfile de formatura
representadas
nos
ateliês.
A Arquitetura Moderna e o Construtivismo Russo 15
4. Todos os artistas têm o direito de lançar sua candidatura para ser diretor de ateliê.” (MIGUEL, 2006,
p.
90)
Essa nova proposta foi uma tentativa de ruptura
com
os
antigos
costumes
elitistas,
centralizados e autoritários, visando tornar o ambiente mais aberto e democrático, ampliando e libertando a cultura. Tais iniciativas foram precedentes culturais e ideológicos para o construtivismo. Com a difusão dos movimentos de vanguarda no território Russo, o começo
do
simbolismo
que
iria
culminar
no
construtivismo, questionando a natureza dos objetos e as regras de composição. Desde então, começou uma renovação que atingiu a arquitetura, assumindo uma nova perspectiva.Ressaltando-se que todo esse trabalho foi feito e articulado pelas massas; sendo imprescindível para articulação dos movimentos populares. Portanto, a arte estava intrinsecamente conectada com a agitação popular, assim como com a articulação da massa trabalhadora e dos ideais políticos
revolucionários
marxistas.
Como essas atitudes se faziam presentes não apenas no campo da arte como também em todo o resto: no construtivo, na arquitetura, nas artes gestuais, visuais e escritas; o poder das massas se reforçava, assim como sua representação nesse período, por isso é impossível desvincular essa vanguarda russa da luta de classes e de seu teor político, pois sua essência traz esses valores, 3.8 - Projeto de Sivortsov para o Pavilhão da Representação Comercial
refletindo-os “
nas
suas
formas
e
gestos.
A Arquitetura Moderna e o Construtivismo Russo 16
“Com efeito, a arquitetura moderna acaba por cooperar ou ser absorvida e transformada por alguns dos regimes ditatoriais com fins propagandísticos. Verifica-se, assim, uma abertura inicial a estéticas relacionadas
com
conceitos
de
progresso
e
modernização, como meio de afirmação face a uma herança que esses regimes queriam superar.” (BRITES,
2005,
p.
418)
A arquitetura por si só não é política e sim apenas arquitetura. Esta pode ou não ser utilizada para reforçar conceitos ideológicos e políticos ao moldar
o
espaço,
tendo
em
vista
que
esta
conformação independe da técnica e das formas. No caso da arquitetura moderna, por ter a possibilidade de
desvinculação
formalista
com
os
estilos
arquitetônicos pré-existentes, tende a ser requisitada em regimes que buscaram essa desvinculação. “Primeiramente, arquitectura
temos
moderna,
de
reconhecer
condicionada
por
que
a
novas
exigências humanas e econômicas e por novas possibilidades técnicas, decorrentes da progressiva industrialização, elegeu novos imperativos estéticos (depuração
formal,
funcionalismo,
racionalismo,
repetibilidade) que não deixavam de pressupor ou postular
uma
reorientação
da
sociedade.
Em
segundo lugar, ao radicar numa aparente postura anti-historicista e ao defender a abstracção formal, o modernismo tornava-se incapaz de garantir a adesão das massas e a representação de um poder historicamente
legitimado.
Em terceiro lugar, o carácter internacional do Movimento Moderno” (BRITES,
2005, p. 413)
A Arquitetura Moderna e o Construtivismo Russo 17
Esses conceitos alinhavam-se com o Estado Bolchevista e, por isso, instigou-se esse tipo de produção com a criação dos Ateliês Livres. Nesse âmbito, Lenin, como líder bolchevista, vislumbrava, na função do artista, uma grande contribuição para a educação,
uma
vez
que
através
de
textos,
performance, artes e visuais, conseguia-se contribuir para o máximo aprendizado da população, cuja revolução
havia
sido
feita
para
servir.
Ele
pessoalmente criou o Narkompros, órgão que seria responsável por toda a organização e reformulação da arte, sendo também responsável pela criação dos Svomas. Estes tinham como preceito a divergência e a diversidade entre os estilos assim como a pluralidade da arte como posicionamento político, isso constitui a base da escola. (JALLAGEAS, 2015, p.
14).
Posteriormente,
todos
esses
trabalhos
produzidos nos Vkhutemas serviram de base para estudos teóricos embasando o Construtivismo Russo. Essa discussão não se restringe somente ao ambiente teórico, perpassando todas as outras esferas, no campo artístico, literário e arquitetônico, rediscutindo sua forma, função e tudo como um todo. Não
era
apenas
uma
ideia
instrumental,
o
construtivismo embasava uma concepção espacial formulada através da assimilação que os artistas faziam entre a composição e a construção. Não sendo fundada pedagogicamente em determinações normativas e dando uma menor distinção entre teoria e arte. Com isso, foi rapidamente difundida por serem veiculadas por grandes editoras e grandes revistas da época. (JALLAGEAS, 2015, p. 25)por grandes editoras e grandes revistas da época. (JALLAGEAS, 2015, p. 25)
18
CONDENSADOR SOCIAL
A noção de arquitetura como condensador da vida social apresentada pela Osa (Associação de Arquitetos Contemporâneos) na revista russa Sa (Arquitetura Contemporânea), em 1931, demonstra um modo de conceber a arquitetura por um viés que leva em consideração, principalmente, a relação com as atividades humanas no espaço e na História. Essa definição de condensador social, na arquitetura, consiste em um ambiente no qual as atividades humanas são adensadas, ou seja, para onde elas convergem,
com
a
finalidade
de
permitir
e
potencializar a vida social. Porém esse significado torna-se mais amplo, quando ligado ao contexto russo. Visto que as semelhanças existentes entre as propostas das vanguardas artísticas do início do século XX, trazem particularidades únicas a arquitetura russa. Essa ideia de arquitetura como condensador social surgiu justamente na URSS, por volta dos anos 20. Nesse período a vanguarda construtivista russa estava empenhada na construção do socialismo o que significava que cada obra realizada deveria ser, ao mesmo tempo, a imagem do modo de vida futuro e um instrumento de edificação deste modo de vida novo, baseado na vivência coletiva e planejada. Com isso,
os
edifícios
seriam
responsáveis
pela
organização e articulação da vida, partindo da menor escala o edifício, para a maior a cidade.
LE CORBUSIER
19
Em 1889 foi realizada Exposição Universal de Paris. Dois anos antes, em 28 de janeiro de 1887, se iniciavam os trabalhos nas fundações da Torre Eiffel;1 construída
especialmente
para
o
evento
que
comemorava também o primeiro centenário da Revolução Francesa, este se tornaria não só o edifício mais emblemático da exposição de 1889, como também de todas as exposições universais.2 No mesmo
ano
de
1887,
na
Suíça,
em
La
Chaux-de-Fonds, situada à 10km da fronteira com a França, nascia Charles-Edouard Jeanneret, que mais tarde
seria
conhecido
como
Le
Corbusier.
Filho e neto de fabricantes de relógios, 4.1 - Torre Eiffel em construção, 1887.
Charles-Edouard Jeanneret também se forma nesta profissão. Com talento na decoração de caixas de relógio, em 1902, com quinze anos, é premiado na Exposição de Artes de Turim por uma caixa de relógio gravada por ele (MONNIER, 1985, p. 11). Dois anos antes, já havia ingressado na Escola de Artes de La Chaux-de-Fonds. Em 1904 inicia o “Curso Avançado de Artes Decorativas” na mesma escola, sob a direção
de
Em
Charles 1905,
L’Eplattenier quando
(1874-1946).
recém
formado,
Charles-Edouard Jeanneret, em colaboração com René Chapallaz, realiza seu primeiro projeto, a Villa Fallet. As referências do Arts and Crafts presentes no projeto da Villa Fallet reforçam a influência do diretor e professor da escola, Charles L’Eplattenier na formação de Charles-Edouard. Segundo Kenneth Frampton, esse projeto mostra “(...) a cristalização de 4.2 - Charles-Edouard Jeanneret (o menor, à esquerda), com seu irmão e seus pais. 1889.
tudo quanto lhe havia ensinado seu mestre Charles L’Eplattenier”
Le Corbusier 20
L’Eplattenier
na
formação
de
Charles-Edouard.
Segundo Kenneth Frampton, esse projeto mostra “(...) a cristalização de tudo quanto lhe havia ensinado seu mestre Charles L’Eplattenier” (FRAMPTON, 1997, p.180). L’Eplattenier, ainda que estivesse bastante vinculado ao Arts and Crafts na escola de La Chaux-de-Fonds,
também
guardava
profunda
admiração por Viena, de forma que uma vontade sua era que Charles-Edouard, aluno que se destacava, fosse ser aprendiz de Josef Hoffmann (FRAMPTON, 1997, p.180). Com o ganho obtido no trabalho e com a referência de L’Eplattenier, Charles-Edouard inicia sua primeira viagem, prática que vai ser muito marcante e importante em sua carreira. Viaja para a Itália, conhece Florença, onde tem a experiência marcante de visitar o mosteiro da Cartuxa de Ema. Visita Veneza, depois vai para a Áustria, onde trabalha com Josef Hoffmann. Apesar da relevância da experiência com um arquiteto expoente da Sezession Vienense, Charles-Edouard não deseja 4.3 - Caixa de relógio gravada por Jeanneret durante sua formação na escola de La Chaux-de-Fonds.
continuar o trabalho com Hoffmann, e acaba por rejeitar a oportunidade de trabalhar com o Jugendstil (FRAMPTON, 1997, p.180). Depois da experiência em Viena, parte para a França, conhecendo Lyon e Paris. Nessas
viagens
de
iniciação,
além
do
aprendizado pela experiência de se visitar e conhecer diferentes lugares e culturas, de ter contato com as cidades 4.4 - Desenhos e anotações feitos por Charles-Edouard durante visita ao Cabaré Fledermaus em Viena.
e
suas
arquiteturas,
Charles
Edouard
também faz muitos contatos importantes que têm um papel crucial em sua formação. Em Viena tem contato
Le Corbusier 21
com pessoas do grupo da Sezession Vienense; em Lyon, tem contato com Tony Garnier e em Paris, conhece e trabalha com Auguste Perret, onde se aproxima bastante da tecnologia de se projetar com concreto Em
armado. 1910,
Charles-Edouard
vai
para
a
Alemanha patrocinado pela Escola de Artes de La Chaux-de-Fonds para realizar estudos das artes e arquitetura daquele país. Acaba instalando-se lá e durante alguns meses trabalha no escritório de Peter Behrens. 4.5 - Desenho feito por Le Corbusier de Auguste Perret no salão de honra do Palácio de Exposições.
Nesse
período,
Charles-Edouard
tem
contato com expoentes da Deutsche Werkbund, Bauhaus e também conhece Mies Van der Rohe (SUMA, 2011, p. 9). Nesse tempo, Charles-Edouard continua executando alguns projetos que, embora ainda não carregassem uma linguagem da arquitetura moderna propriamente dita, foram importantes na cronologia do desenvolvimento da arquitetura que faria dele um expoente, como a Villa Jeanneret-Perret (1912) e a Villa Schwob (1916), ambas em La Chaux-de-Fonds. Além da contínua carreira no desenvolvimento de projetos, mantém a prática de suas viagens, em 1911 realiza uma viagem para o leste da Europa: Praga, Viena, Budapeste, Belgrado, Bucareste, Tarnovo, Gabrovo, Karanlik, Istambul, Atenas
e
o
Acumulando trabalho
e
sul
promissoras
viagens,
da
Itália.3
experiências
Jeanneret
de
muda-se
definitivamente para Paris em 1917 e lá instala seu 4.6 - Charles-Edouard Jeanneret em visita à Acrópole, em 1911.
escritório. Esse momento marca não somente o início de uma nova fase profissional em sua carreira, mais independente
Le Corbusier 22
independente, como também, o seu envolvimento e engajamento
em
novas
questões;
continua
a
pesquisa de soluções na área de habitação popular, prossegue com o desenvolvimento do sistema Dom-Ino (que Jeanneret cria em 1914) e, também, através
do
(1886-1967),
contato
com
envolve-se
Amédée
em
Ozenfant
questões
mais
abrangentes do universo das artes e arquitetura e em outros engajamentos relacionados, fundando, junto com Ozenfant e Paul Dermée, a revista L'Esprit Nouveau (O novo espírito) em 1920. Ao lado de Ozenfant, Jeanneret escreve os textos de Après le cubisme (Depois do cubismo), manifesto da estética do Purismo. A estética purista, desenvolvida por Ozenfant e Jeanneret, encontra suas bases críticas nas referências da arte moderna da época e também nas pesquisas arquitetônicas de Jeanneret, como o sistema Dom-ino. Bastante crítica ao cubismo, chegando a alegação de ser essa corrente artística uma “arte irracional, afastada da realidade e 4.7 - Capa edição n°1 revista L’Esprit Nouveau, outubro de 1920.
da atualidade”, o purismo se manifesta como o retorno ao desenho rigoroso (MONNIER, 1985, p. 20), porém, este extravasa o campo de um movimento artístico, tornando-se muito importante na trajetória de Jeanneret, “(...) que terá todo o seu efeito na concepção
da
forma
arquitetônica,
dando
definitivamente ao arquiteto o meio de controlar a plenitude e a clareza dos planos das figuras” (MONNIER, 4.8 - Charles-Edouard, Albert Jeanneret e Amédée Ozenfant na oficina da Villa Jeanneret-Perret.
1985,
p.
20).
Segundo Stefania Suma, em seu livro: Le Corbusier, “Na base do purismo está o respeito a algumas regras aplicadas tanto na arquitetura como na pintura e escultura: o uso de formas geométricas simples, a
Le Corbusier 23
regras aplicadas tanto na arquitetura como na pintura e escultura: o uso de formas geométricas simples, a busca por uma essencialidade semelhante àquela dos produtos industriais, a obsessão pelas virtudes clássicas da austeridade e do rigor” (SUMA, 2011, p. 10). A pesquisa e crítica em uma manifestação artística de vanguarda que tinha premissas concretas que se relacionavam com a arquitetura e a atividade de Charles-Edouard à frente da revista L’ Esprit Nouveau são importantes para caracterizar Jeanneret como um influente editor e escritor. Deste período data a origem de seu pseudônimo: Le Corbusier. A revista L'Esprit Nouveau foi publicada até 1925, muitos dos artigos e textos que foram lá publicados estão reunidos em um livro intitulado Vers une architecture (Por uma arquitetura) de 1923. Le Corbusier através da revista pôde expor suas ideias, pesquisas e manifestos, que foram contribuindo para o tornar reconhecido em determinados meios, além do estabelecimento de contato com intelectuais e 4.9 - Le Corbusier trabalhando em seu apartamento na rua Jacob em Paris por volta de 1920.
colecionadores de arte da sociedade francesa da década de 1920 que proporcionaram a Le Corbusier um fluxo regular de encomendas, abrindo caminho para o desenvolvimento das teorias que, até então, eram
manifestadas
apenas
em
seus
textos
eloquentes em L'Esprit Nouveau. Dessas primeiras encomendas da década de 1920, nas quais Le Corbusier pôde exprimir as formas de uma nova arquitetura, agora sob influência da estética purista, com forte discurso de padronização e 4.91 - Quadro purista “A chaminé”.
industrialização, em que a casa teria o objetivo de ser uma “máquina de morar”, estão, “(...) a casa-ateliê para o seu amigo o pintor Ozenfant, em 1922 (em
Le Corbusier 24
uma “máquina de morar”, estão, “(...) a casa-ateliê para o seu amigo o pintor Ozenfant, em 1922 (em Paris), a casa dupla para o colecionador La Roche e para o irmão de Le Corbusier, Alfred Jeanneret, músico, em 1923 (em Paris), a casa ateliê para o escultor Lipchitz em 1924 (em Boulogne, perto de Paris), uma outra para o pintor Guiette em 1926 (em Anvers), outra ainda para Planeix, pintor amador, em 1927 (em Paris), além de vilas para amadores de arte moderna, como a do americano Cook, pintor amador e colecionador, em 1927 (em Boulogne) e como a do irmão de Gertrude Stein, em 1927 (em Garches)” (MONNIER, 1985, p. 24). Em 1926, são construídas em Pessac, próxima a Bordéus, a pedido de um rico industrial, M. Fruges, um conjunto de dezenas de casas. Era a primeira vez que Le Corbusier poderia colocar em prática uma arquitetura de uma “estética maquinista” em série e em grande quantidade. O conjunto, formado por três tipos diferentes de casas que se repetiam, foi construído em menos de um ano, porém, concluídas 4.92 - Colaboradores de Le Corbusier em seu escritório na rua Sévres 35 em Paris.
as obras, o loteamento de Pessac mostra maus resultados, “(...) maus resultados em virtude das excepcionais dificuldades encontradas” (BENEVOLO, 1994, p. 430), sendo uma experiência de relativo fracasso na carreira de Corbusier, “(...) do caso de Pessac permanece uma dura lição: não se transpõe sem precaução as normas da produção industrial, da mecanização, da divisão do trabalho, no setor da produção artesanal da construção” (MONNIER, 1985,
4.93 - Villa Stein (1927)
p.
33).
Le Corbusier 25
Entre 1919 e 1920 Le Corbusier havia desenvolvido o projeto da Maison Citrohan, uma síntese
das
ideias
e
teorias
que
ele
vinha
desenvolvendo na época, o projeto “(...) pode ser considerado a tradução arquitetônica imediata dos princípios estéticos do purismo” (SUMA, 2011, p. 11). Mas, naquele momento antecedente ao período das encomendas de casas para artistas, colecionadores e intelectuais, Le Corbusier não conseguiu executar uma versão fiel do projeto de Citrohan. As ideias e premissas contidas no projeto de Citrohan só vieram a aparecer na obra de Le Corbusier em duas casas executadas por ele em Stuttgart, na Alemanha, em 1927. Na ocasião, desfrutando de fama e reputação no campo arquitetônico e artístico, depois de dezenas de encomendas de projetos ao longo da década de 1920, com um bom número de artigos e textos críticos autorais a frente da revista L'Esprit Nouveau e com livros publicados; Le Corbusier é convidado junto aos maiores nomes da nova arquitetura na Europa para projetar em Weissenhofsiedlung, bairro criado em 4.94 - Le Corbusier e sua esposa Yvonne no terraço de uma das casas modernas Frugès em Pessac.
Stuttgart como uma mostra do habitat moderno. Em Weissenhof, Le Corbusier realiza o projeto de duas casas que exprimem os valores do projeto da Maison Citrohan. Em 1927 Le Corbusier já tinha tido algumas oportunidades de representar seu pensamento em arquitetura em alguns projetos, mas a grande maioria eram encomendas privadas, a encomenda pública
4.95 - Casas projetadas por Le Corbusier em Weissenhof.
continuava a ser um desafio a Corbusier (MONNIER, 1985, p. 34). Naquele mesmo ano, Le Corbusier participa
Le Corbusier 26
participa do concurso internacional para o projeto do Palácio da Sociedade das Nações em Genebra. No projeto para o Palácio da SDN, elaborado junto com o seu primo Pierre Jeanneret (com quem fizera parceria desde 1922), há uma associação majestosa da tradição monumental europeia e da arquitetura moderna
(MONNIER,
1985,
p.
35).
Concluída a primeira fase do concurso, a proposta de Le Corbusier foi classificada junto a outras oito, entretanto, por fim, um projeto de perfil acadêmico foi escolhido. Para Kenneth Frampton, o projeto de Corbusier para a SDN ainda guarda mais associações, “O projeto para a Sociedade das Nações é, ao mesmo tempo, o clímax e o momento de crise da primeira fase de Le Corbusier: um momento de aclamação, negado (se acreditarmos em sua próprias palavras) por sua desclassificação com base no fato de ele não ter apresentado seu projeto no meio gráfico apropriado. Representa a culminância de seu período purista, já que praticamente coincide com a introdução, em sua pintura, de elementos figurativos e daquilo que ele mais tarde chamaria de objets à réaction poétique, que se pode traduzir como “objetos
evocadores
(FRAMPTON,
de 1997,
emoção
poética” p.191).
Após o episódio do concurso, Le Corbusier continua sua atuação em seu escritório em Paris. Acumulando experiências que abrangiam os amplos campos da arquitetura, artes e urbanismo, inclusive 4.96 - Proposta de Le Corbusier para o concurso do Palácio da Sociedade das Nações em Genebra.
em concursos internacionais, exposições e feiras. Corbusier havia também exposto no Salão de Outono
Le Corbusier 27
de 1922, na mesma ocasião em que expôs o projeto da Maison Citrohan, um projeto para “Uma cidade contemporânea de três milhões de habitantes”, também havia projetado o Pavilhão L’Esprit Nouveau por ocasião da Exposição das Artes Decorativas de Paris em 1925, o mesmo evento em que ele apresentou um projeto para a renovação de Paris. Em 1928, Le Corbusier elabora o projeto daquela que seria a sua mais famosa casa, a Villa Savoye, construída em Poissy. No mesmo ano de 1928, Le Corbusier é bastante ativo no grupo de pessoas que agem para 4.98 - Desenho da primeira versão de Maison Citrohan, Stuttgart, 1927
promover
a
realização
do
primeiro
Congresso
Internacional de Arquitetura Moderna (C.I.A.M.), ocasião em que, inclusive, “(...) desempenha um papel importante, e redige o texto das resoluções finais” (MONNIER, 1985, p. 36). Ainda em 1928, Corbusier inicia a elaboração de dois projetos em países
estrangeiros:
recebe
uma
encomenda
internacional, o projeto de um edifício em aço soldado 4.2 - Charles-Edouard Jeanneret (o menor, à esquerda), com seu irmão e seus pais. 1889.
para ser construído em Genebra, o edifício Clarté (concluído em 1930) e, em Moscou, por meio de um concurso internacional, é convidado para o início dos estudos do projeto de um grande edifício, o edifício sede da União das Cooperativas de Consumidores da URSS, o Centrosoyus. Entretanto, sua atuação na Rússia foi aceita pelos soviéticos como uma exceção, devido ao seu conhecimento intelectual e influência na Europa. Essa
4.99 - Le Corbusier com participantes do CIAM I, entre eles, Hélène de Mandrot, La Sarraz, 1928.
possibilidade de Le Corbusier executar um edifício em Moscou era vista como uma oportunidade de associar “
Le Corbusier 28
grandes nomes” estrangeiros com a arquitetura e execução construtiva russa. Com isso, os russos anteviam
uma
brecha
para
a
abertura
de
comunicação cultural com o Ocidente. Trata-se do programa mais extenso executado por Le Corbusier até a Unité d’Habitation (20 anos depois), que também foi seu primeiro grande prédio público. Com a concepção de Centrosoyus, Corbusier pretendia constituir em Moscou uma verdadeira demonstração da arquitetura contemporânea baseada em lições da ciência moderna.
LE CORBUSIER EM MOSCOU
29
Na década de 1920 Le Corbusier chegava a Moscou para firmar seus ideais do projeto do Centrosoyus, a fim de estar totalmente a par do projeto e das modificações necessárias aos soviéticos - apesar de não ter sido o primeiro intelectual francês a conhecer a Rússia bolchevique dos anos 20. Contudo, a ida de Corbusier a Moscou significou muito no âmbito do ponto de vista ocidental acerca do urbanismo e paisagem arquitetônica russos, uma vez que ele apresentou ao ocidente um panorama e posicionamento
crítico
livres
do
pensamento
anti-soviético, por não ter um caráter ligado aos interesses de autoridades do Ocidente. “Folheando alguns livros alemães sobre arte russa-bolchevique tem-se uma impressão irreal das cidades russas. Eles mostram
os
mais
austeros
exemplos
de
arte
construtivista, ao mesmo passo em que apresentam notáveis exemplos de arte pós-moderna. Nesse sentido, após fechar o livro, imagina-se uma Rússia vermelha composta essencialmente por construções com grossas silhuetas industriais e cobertas por outdoors convidando o resto do mundo todo a se rebelar. E esse efeito cumulativo causado por estes documentos sobre uma arte sem graça, talvez até sem grandeza, leva o leitor à melancolia.” (COHEN, página 40) O projeto do Centrosoyus demonstrava uma escala maior em relação aos projetos anteriores do arquiteto, cujo interesse acerca da “Nova Rússia” já 5.1 - Le Corbusier no terreno onde foi construído o edifício Centrosoyus, Moscou, 1930.
datava desde antes do primeiro rascunho do prédio. O desafio então era, a fim de formalizar um ideal que
30 Le Corbusier em Moscou
defendia
suas
diretrizes
para
o
Centrosoyus,
combinar seus ideais e partidos arquitetônicos, equalizando-os com a atmosfera de Moscou e suas impressões do horizonte russo. Em outubro de 1928, Le Corbusier viajou para Praga, onde conheceu Viteslav Nezval e Karel Teige durante uma palestra na capital tcheca, em que comprometeu-se a mostrar os planos iniciais do projeto. Quando chegou a Moscou, o arquiteto já era celebrado como o mais brilhante expoente da arquitetura europeia - como escreveu David Arkin no jornal Pravda, fundado por Trotsky. Contudo, isso não impediu uma visão cética em relação ao arquiteto dadas suas convicções políticas em contraste com a visão russa; convicções essas que segundo Arkin, eram de implementação inviável em um país avesso à propriedade privada. Em
20
de
outubro
de
1928,
Corbusier
comandou uma palestra crucial sobre sua visita ao território soviético. Esta ocorreu no grande salão do Polytechnic Museum, contando com a presença de Olga Kameneva, presidente do VOKS e irmã de Trotsky. A palestra denominada como “Urbanismo” foi apontada como brilhante pela mídia russa e foi essencial na apresentação da cidade contemporânea sob o olhar do arquiteto, que conduziu a audiência pelo que chamou de “cidade do futuro”, com linhas simples e geométricas dos arranha-céus em concreto armado e vidro. Embora a clara inspiração no cenário das metrópoles americanas fosse presente, refletindo a materialidade dos edifícios e o verde de seus espaços
31 Le Corbusier em Moscou
livres, Le Corbusier ainda entendia a capital como uma
cidade
patrimônios
asiática
de
centenários,
relevância os
quais
cultural
não
e
cabiam
demolir. Ainda era importante para a capital a rearticulação dos centros financeiros e o firmamento de novas e largas vias de acesso alinhadas aos arranha-céus, nesse quesito o arquiteto sabia dar o devido valor aos “ritmos e cadências da vida urbana.” (COHEN, página 44). Do apreço pelo tempo e ritmo da cidade, Corbusier manteve-se atento ao período de trabalho de Moscou. Assim, observara que o dia de expediente terminava às três e meia da tarde, quando os empregados e trabalhadores começavam a se concentrar em clubes e outros locais, como cinemas e teatros a céu aberto. É de suma importância notar que, apesar do que o nome sugere, os locais aqui denominados clubes se resumiam a ginásios e bibliotecas ou saloes coletivos, como esboça Le Corbusier em seu diário de viagem: “As consequências de um dia terminando às 3:30 da tarde e a criação dos clubes. Inicialmente, os clubes foram concebidos com a ideia parecida com escolas noturnas. (...) Não há cafés em Moscou. É impossível se conseguir uma bebida. As pessoas levam as coisas a sério. Parece que eles sabem organizar as coisas. E em clubes! Grande ideia. (...) Um clube = cinema, teatro (com palcos
coberto
e
descoberto),
ginásio,
biblioteca, salao comum! Estes são típicos.” LE CORBUSIER, Diário VII, página 36-37.
32 Le Corbusier em Moscou
“Mas além de seu intenso interesse tanto em assuntos
cotidianos
quanto
em
produção
arquitetônica, Le Corbusier parece ter prestado pouca atenção às intrigas políticas do dia-a-dia, (...) o que apresenta um claro contraste com a atitude da maioria dos visitantes; mas a brilhante descrição que ele escreveu para sua mãe na mesma carta em que anunciou ter ganhado o projeto do Centrosoyus a deixou incrédula, tamanha era a contradição com sua própria
visão
dos
“horrores”
do
Bolchevismo.”
(COHEN, página 54). “Eu fiquei positivamente abalada ao ler sua carta de Moscou. Em todos os jornais daqui, a Rússia tem sido sempre retratada como desprovida
de
valores,
com
morais
deploráveis, famílias desestruturadas, e além de tudo, a perseguição de intelectuais; crianças nas ruas; tanto é que li e reli sua carta, na qual você
mostra
um
cenário
completamente
diferente com aparente imparcialidade. (...) Você tem sido compreendido e aceito; eu compartilho a alegria que você deve sentir ao ter seus projetos recompensados. Parabéns! Russos instruídos sempre tem me dado a impressão de teimosia e inteligência. Eles sempre se revoltaram (niilismo) contra regimes autocráticos que lhe pareceram monstruosos. Mas os líderes bolcheviques são geralmente judeus, de relativa baixa linhagem, e seu massacre tem os tornado odiosos. No que acreditar?” -Marie-Amelie Jeanneret, em carta para Le Corbusier, 28 de outubro de 1928
33 Le Corbusier em Moscou
acreditar?” -Marie-Amelie Jeanneret, em carta para Le Corbusier, 28 de outubro de 1928
5.2 - imagem: cartaz russo de concursos, 1927
Apesar
de
todo
o
estudo
e
percepção
necessários para concepção do projeto, Le Corbusier ainda garantia estar entusiasmado. Ele foi bem recebido pelos administradores do Centrosoyus e se manteve atento aos processos e concursos que levavam arquitetos famosos a se estabelecer como autores de projetos públicos no Leste Europeu, salientando o quão democrático e coletivo se fazia o processo: “A todo momento há competições para projetos de fábricas, institutos, clubes. (...) O Estado delega a tarefa de organização das competições e nomeação do júri às próprias associações. (...) Os arquitetos colaboram constantemente (ao contrário de nós). Qualidade individual?? Certamente. Mas de uma maneira mais coletiva, de forma que exista uma tendência
unificada
que
aproxima
os
novos
praticantes e até mesmo obriga os mais experientes a cooperar.” (LE CORBUSIER, Diário VII, página 39-40). Certos excertos demonstram que, embora tenha
34 Le Corbusier em Moscou
tenha se associado a arquitetos renomados, Le Corbusier
trabalhou
também
com
estudantes,
valorizando-os. “Junto com Sergei Kozhin, assistente de Ivan Zholtovsky que prestava auxílio ao projeto do Centrosoyus, ele visitou uma vila a 65 quilômetros da capital, onde descobriu a “solidez construtiva” das habitações rurais russas (izbas), como ele se apressou em notar “sobre pilotis!”. (COHEN, página 48) Enquanto se debruçava sobre o novo prédio do Centrosoyus, Le Corbusier estava sendo sondado para outros projetos, como quando foi encubido de estudar a estacao de energia em Bobriki. O arquiteto, após apenas três semanas em solo russo, já carregava consigo um renomado status de expert urbanista - papel que carregava consigo desde que visitou Strasbourg em 1923.
CENTROSOYUS, SEDE DE COORPORATIVAS
35
O movimento de cooperativas na Rússia data desde 1860, sendo a União de Cooperativa de Consumidores de Moscou criada em 1898, da qual Centrosoyuz descende. Tratava-se de um fenômeno majoritariamente rural até 1914 quando foi integrado ao aparato do Estado durante a revolução russa. Com isso, a década de 1920 foi marcada pela competição acirrada entre as cooperativas e o setor privado que estava em decadência. Essa nova política econômica do Estado soviético, a partir de 1918, exigia que todas as Uniões de Cooperativas de Consumidores fossem incluídas na União Central (Centrosoyuz). Assim, a estrutura do sistema de cooperativas foi consolidada no período de um ano. O sistema se estruturava em hierarquias territoriais, sendo elas: sociedade primária, união regional (raysoyuz), união provincial (gubsoyuz) e união central (centrosoyuz). Esta divisão aplica-se até hoje.
5.2 - imagem: desenvolvimento da rede de Cooperativa dos Consumidores na URSS por tipo de mercadorias, 1924 a 1927.
36
CARÁTER DO EDIFÍCIO
Em Maio de 1928 Le Corbusier recebeu o convite por escrito para participar do concurso pelo diretor do escritório de Centrosoyuz em Paris. Dentre as instruções recebidas esperava-se uma arquitetura com estilo oficial de uma central administrativa. Sem muitos detalhes decorativos. O prédio seria localizado em uma quadra cercada por três grandes vias da 5.4 - imagem: esboço do terreno alocado entre as ruas Antiga e Nova Miasnitskaia com as avenidas de Moscou
cidade, por isso deveria configurar um ponto de atração.
SOLUÇÃO PLÁSTICA A primeira proposta enviada por Le Corbusier possuía volumes autônomos cuja as articulações se davam por caminhos que conformavam outro volume, de intersecção. Deve-se notar que, enquanto o acesso em nível aos diversos elementos se dava principalmente
pela
área
central,
na
qual
encontravam-se os elevadores e rampas que davam acesso também aos outros pavimentos, os edifícios propriamente ditos estavam firmemente implantados 4.1 - Torre Eiffel em construção, 1887.
no solo. Os edifícios foram pensados de forma que houvesse luz artificial na maior parte dos seus ambientes. Além disso, por situar-se numa rua extremamente barulhenta e estreita, mas de extrema importância local, o bloco de serviços foi recuado e protegido com um jardim de árvores. Em seu projeto não considerava-se que havia uma fachada principal com predominância sobre as outras, uma vez que
4.2 - Charles-Edouard Jeanneret (o menor, à esquerda), com seu irmão e seus pais. 1889.
todas possuíam a mesma riqueza arquitetônica.
Solução
Plástica37
Le Corbusier destacava sua escolha por rampas para fazer a distribuição de fluxos entre os pavimentos, que seria reiterada posteriormente em seu projeto da Villa Savoye. Por tratar-se de um projeto estimado para mais de duas mil pessoas, a circulação de fluxos foi um dos principais quesitos, pensada com extrema precisão para distribuição interna dos trabalhadores, visitantes, convidados e veículos oficiais. A opção pelos terraços-jardins também foi tida como uma resposta ao clima, uma solução de conforto térmico. Assim como a solução formal do 4.1 - Torre Eiffel em construção, 1887.
edifício que abrigaria o clube em formato de ferradura, que se mostrou muito prática e acusticamente eficiente. Os uso de pilotis também buscava reforçar essa transparência visual do pavimento térreo cujo centro configurava o principal ponto de distribuição de fluxos do edifício além de requerer uma maior segurança para o controle da circulação e entrada do
4.2 - Charles-Edouard Jeanneret (o menor, à esquerda), com seu irmão e seus pais. 1889.
prédio. Le Corbusier considera que esse tipo de solução formal para o edifício reflete uma analogia de suas duas fases distintas e complementares: a primeira, com uma entrada desordenada de pessoas num plano horizontal vasto e longo situado em nível térreo; este é o “lago”. Já a segunda configura o espaço parado, silencioso, oficial, de trabalho formal, protegido dos barulhos e burburinhos do exterior, com cada pessoa situada em seu local de destino e fácil
5.96 - imagem: modificações nos contornos dos edifícios, Centrosoyuz, Le Corbusier, 1928-9.
monitoração: seus escritórios; sendo a comunicação entre eles como “rios” (COHEN, página 76).
VOLUMETRIA
38
5.91 - imagem: perspectiva axonometrica geral do primeiro projeto, Centrosoyuz, Le Corbusier, 1928.
Quanto a sua concepção volumétrica, primeiro alocou-se o volume central, cujas dimensões foram propostas para permitir a iluminação máxima dos ambientes. Neste localizavam-se as áreas coletivas, 5.7 - imagem: perspectiva volumétrica geral, Centrosoyuz, Le Corbusier, 1929.
por isso possuía duas fachadas em panos de vidro enquanto suas paredes laterais eram compostas por uma camada dupla de pedra. Em seguida, posicionou-se os outros prédios, ambos de escritórios, cujos fechamentos variavam entre panos de vidro em uma fachada e parede mista de pedra com vidro para os corredores, sendo fechado nas laterais por paredes apenas de pedras. Esses três prismas constituem os principais elementos da composição. Suas disposições no plano e espaço foram pensadas para criar sensações específicas em seus espectadores: uma parede imponente, como um verdadeiro obstáculo, e um térreo acolhedor, convidativo. Seu volume central configura-se, ainda, um pavimento mais baixo do que
Volumetria 39
os laterais, reforçando esse discurso. Os três volumes foram suspensos em pilotis, flutuando no ar, desanexados do solo. Segundo Alan Colquhoun (COHEN, página 77), a combinação dos três volumes prismáticos com o hall de entrada remete à proposta da Liga das Nações enquanto antecipa a Cité de Refuge, que seria projetada no ano seguinte.
40
ORGANIZAÇÃO FORMAL Formal
A solução formal do primeiro projeto de Le Corbusier
para
Centrosoyuz
já
estava
bem
organizada e sua setorização geral não viria a destoar muito da configuração final. Porém, alguns ajustes formais foram feitos, a fim de proporcionar mudanças significativas aos futuros usuários. Sua primeira mudança foi afastar os blocos dos 5.92 - imagem: projeto da primeira competição, desenho por André Lortie, Centrosoyuz, Le Corbusier, 1928.
limites do terreno e incluir um museu no programa, como requisitado. Além disso, suprimiu-se o bloco voltado para a Nova Rua Miasnitskaia, realocando os programas de serviços nos blocos voltados para a Antiga Miasnitskaia. Também acrescentou-se o uso de pilotis, que foram propositalmente suprimidos da primeira proposta, seguindo a mesma estratégia da Liga das Nações; criando, ainda uma transparência visual emoldurada pelos blocos principais ao seu redor. O edifício que abrigaria o clube, em formato de ferradura, foi rotacionado em 90º, visando assentar-se
5.93 - imagem: projeto concebido em Moscou, desenho por André Lortie, Centrosoyuz, Le Corbusier, 1928.
perpendicularmente à rua do acesso principal do prédio, enaltecendo suas visualidades. A suspensão do
5.94 - imagem: projeto concebido em Paris, desenho por André Lortie, Centrosoyuz, Le Corbusier, 1929.
prédio
em
pilotis
também
enfatizava
sua
monumentalidade, além de permitir soluções mais eficientes de distribuição dos fluxos. Por fim, optou-se pela solução retangular de organização
dos
blocos,
em
detrimento
da
trapezoidal, devido a problemas na aquisição de todo o terreno esperado; porém, a solução final ideal e almejada por Le Corbusier era, de fato, a trapezoidal. Com isso, a garagem no térreo foi substituída por um 5.95 - imagem: projeto final, desenho por André Lortie, Centrosoyuz, Le Corbusier, 1929.
grande hall, em nível com a rua.
PROGRAMA DE NECESSIDADES
41
5.91 - imagem: perspectiva axonometrica geral do primeiro projeto, Centrosoyuz, Le Corbusier, 1928.
Quanto ao programa de necessidades, o concurso para Centrosoyus já previa especificidades, este determinava que a entrada principal do edifício fosse demarcada pela monumentalidade na Rua Miasnitskaia,
uma
das
vias
comerciais
mais
movimentadas de Moscou. Também estipulava-se que as paredes estruturais fossem de concreto armado, deixando a critério dos projetistas apenas os materiais e características das fachadas. Como não havia um pré-requisito para comércio, foi permitido que o pavimento térreo fosse suspenso acima do nível da rua. O programa sugeria que o terreno fosse dividido em quatro unidades de tamanhos diferentes visando acomodar os dois mil funcionários no total. A unidade A deveria abrigar as seções de execução, contas e o departamento para planejamento, previsão e organização do Centrosoyuz. Já a unidade B deveria conter os diversos departamentos comerciais. espaços que os empregados se encontravam depois de seu horário de trabalho.
Programa
de
42 Necessidades
Enquanto a unidade C era prevista para o clube, restaurante, biblioteca e enfermaria; além disso, o programa básico de um clube já incluía cinema, teatro, ginásio, biblioteca e áreas comuns. Tendo a unidade D, a função de agrupar os ateliês, garagens, apartamentos e serviços auxiliares. O programa foi posteriormente expandido para que acomodasse destaca-se
2.500 a
funcionários.
importância
dos
Com
isso,
clubes
para
trabalhadores, presentes no programa, que eram um símbolo
da
revolução
cultural
na
Rússia.
Implementados na década de 20, eram nesses espaços que os empregados se encontravam depois de seu horário de trabalho.
5.97 corte noroeste-suldeste
ESTUDO DE IMPLANTAÇÃO PROGRAMÁTICA 43
ESTRUTURA E MATERIALIDADE
44
Quanto ao conforto térmico, Le Corbusier propôs um aquecimento misto com água e ar quente. Anunciando a obra como um edifício projetado com soluções
inovadoras
de
iluminação
natural,
aquecimento, ventilação e circulação tanto vertical quanto horizontal. Buscando otimizar o uso das mais avançadas e modernas técnicas construtivas da época, o prédio foi planejado como um protótipo de uma nova era construtiva. Graças às liberdades construtivas, recém proporcionadas pelas técnicas do concreto armado, um interior livre, que respira, seria o grande exemplo de um escritório moderno. O desafio do clima intenso estimulou essas inovações técnicas, uma vez que buscaram-se soluções de isolamento térmico que fossem versáteis para garantir o conforto na vasta amplitude térmica local, tanto no calor quanto no frio intenso. Com isso, visava-se conceber uma solução que fosse viável nos pólos assim como nos trópicos; combinando os métodos de aération ponctualle e 4.1 - Torre Eiffel em construção, 1887.
murs neutralisants, patenteados por Gustave Lyon e Pierre Jeanneret com Le Corbusier, respectivamente. Acreditava-se que com as soluções propostas, fosse possível atingir tanto as formas quanto a materialidade almejada por Le Corbusier no projeto, com superfícies lisas e contínuas de membranas duplas, garantindo uma limpeza visual que contribuiria para o efeito desejado, permitindo sua fácil leitura. Porém, a solução térmica proposta mostrou-se,
5.993 - imagem: máquinas para o air exacte, Le Corbusier, publicado em Précisions, Paris, 1930.
de
fato,
de
consequentemente,
alto
custo
energético
e,
Estrutura e Materialidade45
consequentemente,
econômico.
Tentou-se
implementar esta mesma solução de sistema térmico na Cité de Refuge do Exército da Salvação. Entretanto, um estudo feito conjuntamente para ambos os projetos mostrou que esta solução demandava quatro vezes mais vapor e o dobro de potência mecânica do que as já conhecidas. Por isso, o custo exorbitante de funcionamento e manutenção do sistema inviabilizaram a implementação de seu protótipo.
5.992 - imagem: princípio funcional do “murs neutralisants” e “aération ponctualle”, Le Corbusier, Centrosoyuz, 1929.
46
LEGADO DE CENTROSOYUS
“Como resultado direto do impacto dos ideais e formas
corbusianos
na
arquitetura
soviética,
o
Centrosoyus não só constituiu um deslumbrante sucesso que compensou o fracasso do projeto do palácio da Liga das Nações, como também revelou novas convergências e também divergências entre as próprias posições do autor e das posições da vanguarda
soviética.
Estas
convergências
e
divergências não podem ser consideradas sob um ponto de vista puramente bilateral das relações entre Le Corbusier e Moscou; elas são parte e parcela de uma nova distribuição teórica, que coincidiu com uma nova fase do “movimento moderno” e que afetou quase todas as nações europeias nos últimos anos da década de 20.” (COHEN, página 107)
“É preciso dizer pelo legado de Le Corbusier que ele fez o seu melhor, diante de todas as probabilidades, para
47 Legado de Centrosoyus
para introduzir as normas industriais a construção doméstica, sendo suas tentativas de assim o fazer notáveis em todos os aspectos. (...) Seus projetos residenciais, no entanto, são menos satisfatórios. Eles representam
a
tentativa
de
criar
um
tipo
contemporâneo de moradias sob as condições do tempo presente, apesar de não haver, pelo menos por enquanto, nenhuma solução fundamental para o problema.” (GINZBURG, 1928).
50
CITAÇÕES Rússia: 1 Rússia - História. Embaixada da República Federativa da Rússia no Brasil. Disponível em: <https://brazil.mid.ru/web/brasil_pt/historia>. Acesso em 17 de novembro de 2018.
2 Contemplativa, São Petersburgo contrasta com acelerada Moscou. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/esporte/2018/07/conte mplativa-sao-petersburgo-contrasta-com-acelerada-m oscou.shtml>. Acesso em 17 de novembro de 2018.
3 São Petersburgo. Disponível em: <https://viagemeturismo.abril.com.br/cidades/sao-pete rsburgo/>. Acesso em 17 de novembro de 2018. Moscou: 1 História de Moscou. História do Mundo. Disponível em: <https://historiadomundo.uol.com.br/curiosidades/historiamoscou.htm>. Acesso em 17 de novembro de 2018.
2 Delírio de Pedro - São Petersburgo foi erguida sob perda de 150 mil vidas. Folha de S. Paulo. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/fsp/turismo/fx0410200703.h tm>. Acesso em 19 de agosto de 2018. 3 Vanguarda Russa - O grande silêncio do Ocidente. Entrevista. Revista Au. Disponível em: <http://au17.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/133/artigo2 2742-1.aspx>. Acesso em 19 de novembro de 2018. 4 O Marxismo chega à Rússia e lênin faz a revolução. Estado da Arte. Estadão. Disponível em: <https://cultura.estadao.com.br/blogs/estado-da-arte/revolu cao-russa-o-marxismo-chega-a-russia-e-lenin-faz-a-revoluc ao/>. Acesso em 19 de novembro de 2018.
51
CITAÇÕES Le
Corbusier:
1 Nascimiento y construcción de la torre Eiffel. Disponível em: <https://www.toureiffel.paris/es/el-monumento/historia>. Acesso em 10 de agosto de 2018. 2 HEIZER, Alda. Ciência para todos: A Exposição de Paris de 1889 em Revista. Revista de História e Estudos Culturais. Rio de Janeiro, v.6, ano VI, n° 3, p.19, julho, agosto e setembro de 2009. Disponível em: <http://www.revistafenix.pro.br/PDF20/ARTIGO_15_Alda_ Heizer_FENIX_JUL_AGO_SET_2009.pdf>. Acesso em 10 de agosto de 2018. 3 Biografia. Disponível em: <http://w.fondationlecorbusier.fr/corbuweb/morpheus.aspx? sysId=15&IrisObjectId=6943&sysLanguage=en-en&itemPo s=1&sysParentId=15&clearQuery=1>. Acesso em 10 de novembro de 2018.
52
REFERÊNCIAS DE IMAGENS 1- RÚSSIA 1.1 - Retirada das tropas francesas retratada na pintura “Na estrada. Retire-se ou fuja” (1887-1895) de Vasily Vereshchagin. Fonte: https://www.wikiart.org/en/vasily-vereshchagin/on-the-road-retr eat-and-escape-1895 1.2 - Vista dos edifícios barrocos de São Petersburgo ao fundo de um dos canais que cruzam a cidade. Fonte: http://www.cursorusso.com.br/wp-content/uploads/2014/05/He rmitage-St-Petersburg-Russia.jpg
1.3 - Pessoas feridas no massacre de 1905, conhecido como “domingo sangrento”. Fonte: https://www.grupoescolar.com/fotos/confroto-pessoas-caidas-0 A.jpg 1.4 - Lenin discursando para a multidão na praça vermelha de Moscou em 1919. Fonte: https://ep01.epimg.net/cultura/imagenes/2017/01/27/babelia/1 485531342_170700_1485531343_135765_noticia_normal_recort e1.jpg
2 - MOSCOU 2.1 - Imagem aérea da Catedral de São Basílio em Moscou. Fonte: https://cdni.rbth.com/rbthmedia/images/2017.12/article/5a267f 7d85600a703c159e5d.jpg 2.2 - A Catedral do Sangue Derramado às margens do rio Griboedov. Fonte: http://www.viagemcomcharme.com/wp-content/uploads/2016/ 04/Fotolia_91341382_L.jpg 2.3 - Pintura da fuga de Napoleão de Moscou com incêndio devastando a cidade ao fundo, por Victor Mazurovski. Fonte: https://www.politanalitika.ru/wp-content/uploads/2018/10/napo leon-v-moskve.jpg 2.4 - Prédio do Teatro Bolshoi, gravura por André D. Fonte: https://artsandculture.google.com/asset/bolshoi-building/9QHp PhMjZWhk8Q?ms=%7B%22x%22%3A.0.4840215439856373%2C %22y%22%3A0.4840215439856373%2C%22z%22%3A9%2C%22s ize%22%3A%7B%22width%22%3A1.9625322997416021%2C%22 height%22%3A1.2100538599640933%7D%7D 2.5 - Imagem do quadro “Quadrado negro sobre branco” (1920), por Kazimir Malevich. Fonte: https://imgc.allpostersimages.com/img/print/posters/kazimir-m alevich-black-square-early-1920s_a-G-13303935-9761621.jpg
53
REFERÊNCIA DE IMAGENS 2.6 - Foto de Lenin discursando para a multidão em 1920. Fonte: https://operamundi.uol.com.br//images/Leninwikicommons.jpg 4 - ARQUITETURA MODERNA 3.1 - Foto de Centrosoyus Fonte:
COHEN, Jean-Louis. Le Corbusier and the Mystique of the URSS: Theories and Projects for Moscow 1928-1936. Princeton, New Jersey, Ed. Princeton University, 1987. 3.2 - Foto oficial CIAM. http://www.cronologiadourbanismo.ufba.br/apresentacao.php?i dVerbete=1464
3.3 - Projeto de Sivortsov para o Pavilhão da Representação Comercial. Fonte https://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2010/07/28/ciam-omovimento-moderno-na-academia/ 3.4 Fundadores do CIAM, Castelo de La Sarraz, 1928 http://www.cronologiadourbanismo.ufba.br/apresentacao.php?i dVerbete=1464 3.5 Le Corbusier, Giedion e Guevrekian, durante o CIAM I, La Sarraz, 1928 http://www.cronologiadourbanismo.ufba.br/apresentacao.php?i dVerbete=1464 3.6 - Fotomontagem de desfile de formatura JALLAGEAS, Neide. Vkhutemas: O ensino das artes sob o signo da Revolução Russa. Ed. Publication Studio. São Paulo, 2015.
3.7 - Projeto de Sivortsov para o Pavilhão da Representação Comercial https://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2010/07/28/ciam-omovimento-moderno-na-academia/ 3 - LE CORBUSIER 4.1 - Torre Eiffel em construção, 1887. Fonte: https://www.toureiffel.paris/es/el-monumento/historia
4.2 - Charles-Edouard Jeanneret (o menor, à esquerda), com seu irmão e seus pais. 1889. Fonte: http://w.fondationlecorbusier.fr/corbuweb/morpheus.aspx?sysId =13&IrisObjectId=6635&sysLanguage=en-en&itemPos=2&itemCo unt=300&sysParentId=15
54
REFERÊNCIA DE IMAGENS .3 - Caixa de relógio gravada por Jeanneret durante sua formação na escola de La Chaux-de-Fonds. Fonte: http://ww.fondationlecorbusier.fr/corbuweb/morpheus.aspx?sys Id=13&IrisObjectId=6639&sysLanguage=en-en&itemPos=6&item Count=300&sysParentId=15 4.4 - Desenhos e anotações feitos por Charles-Edouard durante visita ao Cabaré Fledermaus em Viena. Fonte: http://ww.fondationlecorbusier.fr/corbuweb/morpheus.aspx?sys Id=13&IrisObjectId=6646&sysLanguage=en-en&itemPos=13&ite mCount=300&sysParentId=15 4.5 - Desenho feito por Le Corbusier de Auguste Perret no salão de honra do Palácio de Exposições. Fonte: http://ww.fondationlecorbusier.fr/corbuweb/morpheus.aspx?sys Id=13&IrisObjectId=6650&sysLanguage=en-en&itemPos=17&ite mCount=300&sysParentId=15 4.6 - Charles-Edouard Jeanneret em visita à Acrópole, em 1911. Fonte: http://w.fondationlecorbusier.fr/corbuweb/morpheus.aspx?sysId =13&IrisObjectId=6655&sysLanguage=en-en&itemPos=22&itemC ount=300&sysParentId=15 4.7 - Capa edição n°1 revista L’Esprit Nouveau, outubro de 1920. Fonte: http://ww.fondationlecorbusier.fr/corbuweb/morpheus.aspx?sys Id=13&IrisObjectId=6690&sysLanguage=en-en&itemPos=57&ite mCount=300&sysParentId=15 4.8 - Charles-Edouard, Albert Jeanneret e Amédée Ozenfant na oficina da Villa Jeanneret-Perret. Fonte: http://ww.fondationlecorbusier.fr/corbuweb/morpheus.aspx?sys Id=13&IrisObjectId=6686&sysLanguage=en-en&itemPos=53&ite mCount=300&sysParentId=15 4.9 - Le Corbusier trabalhando em seu apartamento na rua Jacob em Paris por volta de 1920. Fonte: http://ww.fondationlecorbusier.fr/corbuweb/morpheus.aspx?sys Id=13&IrisObjectId=6682&sysLanguage=en-en&itemPos=49&ite mCount=300&sysParentId=15&sysParentName= 4.91 - Quadro purista “A chaminé”. Fonte: http://ww.fondationlecorbusier.fr/corbuweb/morpheus.aspx?sys Id=13&IrisObjectId=6687&sysLanguage=en-en&itemPos=54&ite mCount=300&sysParentId=15 4.92 - Colaboradores de Le Corbusier em seu escritório na rua Sévres 35 em Paris. Fonte: http://ww.fondationlecorbusier.fr/corbuweb/morpheus.aspx?sys Id=13&IrisObjectId=6719&sysLanguage=en-en&itemPos=83&ite mCount=300&sysParentId=15
55
REFERÊNCIA DE IMAGENS 4.93 - Villa Stein (1927). Fonte: http://www.fondationlecorbusier.fr/corbucache/900x720_2049_ 1078.jpg?r=0 4.94 - Le Corbusier e sua esposa Yvonne no terraço de uma das casas modernas Frugès em Pessac.. Fonte: http://ww.fondationlecorbusier.fr/corbuweb/morpheus.aspx?sys Id=13&IrisObjectId=6722&sysLanguage=en-en&itemPos=86&ite mCount=300&sysParentId=15 4.95 - Casas projetadas por Le Corbusier em Weissenhof. Fonte: http://i.imgur.com/1ihyW.jpg 4.96 - Proposta de Le Corbusier para o concurso do Palácio da Sociedade das Nações em Genebra. Fonte: http://ww.fondationlecorbusier.fr/corbuweb/morpheus.aspx?sys Id=13&IrisObjectId=6722&sysLanguage=en-en&itemPos=86&ite mCount=300&sysParentId=15 4.97 - Pavilhão L’Esprit Nouveau, Paris, 1925. Fonte: http://www.mediatheque-patrimoine.culture.gouv.fr/fr/archives_ photo/visites_guidees/expo_1925.html 4.98 - Desenho da primeira versão de Maison Citrohan, Stuttgart, 1927. Fonte: https://pt.wikiarquitectura.com/constru%C3%A7%C3%A3o/mais on-citrohan/ 4.99 - Le Corbusier com participantes do CIAM I, entre eles, Hélène de Mandrot, La Sarraz, 1928. Fonte: http://ww.fondationlecorbusier.fr/corbuweb/morpheus.aspx?sys Id=13&IrisObjectId=6731&sysLanguage=en-en&itemPos=95&ite mCount=300&sysParentId=15 LE CORBU EM MOSCOU http://www.fondationlecorbusier.fr/corbucache/900x720_2049_ 252.jpg?r=0 5 - EDIFÍCIO 5.1 - Le Corbusier no terreno onde foi construído o edifício Centrosoyus, Moscou, 1930.. Fonte: http://ww.fondationlecorbusier.fr/corbuweb/morpheus.aspx?sys Id=13&IrisObjectId=6736&sysLanguage=en-en&itemPos=100&ite mCount=300&sysParentId=15 5.2 - imagem: desenvolvimento da rede de Cooperativa dos Consumidores na URSS por tipo de mercadorias, 1924 a 1927. Fonte:
COHEN, Jean-Louis. Le Corbusier and the Mystique of the URSS: Theories and Projects for Moscow 1928-1936. Princeton, New Jersey, Ed. Princeton University, 1987.
56
REFERÊNCIA DE IMAGENS 5.3 - imagem: receita da rede de Cooperativa dos Consumidores na URSS por tipo de mercadorias, 1925 a 1927. Fonte:
COHEN, Jean-Louis. Le Corbusier and the Mystique of the URSS: Theories and Projects for Moscow 1928-1936. Princeton, New Jersey, Ed. Princeton University, 1987. Fonte: 5.4 - imagem: esboço do terreno alocado entre as ruas Antiga e Nova Miasnitskaia com as avenidas de Moscou Fonte:
COHEN, Jean-Louis. Le Corbusier and the Mystique of the URSS: Theories and Projects for Moscow 1928-1936. Princeton, New Jersey, Ed. Princeton University, 1987. 5.5 - imagem: Seis alternativas de implantação para o projeto, Centrosoyuz, Le Corbusier, 1928. Fonte:
COHEN, Jean-Louis. Le Corbusier and the Mystique of the URSS: Theories and Projects for Moscow 1928-1936. Princeton, New Jersey, Ed. Princeton University, 1987. 5.6 (1,2,3,4,5) - imagens: esboços preliminares de Centrosoyuz, Le Corbusier, 1928. Fonte:
COHEN, Jean-Louis. Le Corbusier and the Mystique of the URSS: Theories and Projects for Moscow 1928-1936. Princeton, New Jersey, Ed. Princeton University, 1987. 5.7 - imagem: perspectiva volumétrica geral, Centrosoyuz, Le Corbusier, 1929. Fonte:
COHEN, Jean-Louis. Le Corbusier and the Mystique of the URSS: Theories and Projects for Moscow 1928-1936. Princeton, New Jersey, Ed. Princeton University, 1987. 5.8 - imagem: vista geral de modelo de estudo, Centrosoyuz, Le Corbusier, 1929. Fonte:
COHEN, Jean-Louis. Le Corbusier and the Mystique of the URSS: Theories and Projects for Moscow 1928-1936. Princeton, New Jersey, Ed. Princeton University, 1987. 5.9 - imagem: esboço do pórtico de entrada na Antiga Rua Miasnitskaia, Centrosoyuz, Le Corbusier, 1929.Fonte:
COHEN, Jean-Louis. Le Corbusier and the Mystique of the URSS: Theories and Projects for Moscow 1928-1936. Princeton, New Jersey, Ed. Princeton University, 1987. 5.91 - imagem: perspectiva axonometrica geral do primeiro projeto, Centrosoyuz, Le Corbusier, 1928. Fonte:
COHEN, Jean-Louis. Le Corbusier and the Mystique of the URSS: Theories and Projects for Moscow 1928-1936. Princeton, New Jersey, Ed. Princeton University, 1987.
57
REFERÊNCIA DE IMAGENS 5.92 - imagem: projeto da primeira competição, desenho por André Lortie, Centrosoyuz, Le Corbusier, 1928. Fonte:
COHEN, Jean-Louis. Le Corbusier and the Mystique of the URSS: Theories and Projects for Moscow 1928-1936. Princeton, New Jersey, Ed. Princeton University, 1987. 5.93 - imagem: projeto concebido em Moscou, desenho por André Lortie, Centrosoyuz, Le Corbusier, 1928. Fonte:
COHEN, Jean-Louis. Le Corbusier and the Mystique of the URSS: Theories and Projects for Moscow 1928-1936. Princeton, New Jersey, Ed. Princeton University, 1987. 5.94 - imagem: projeto concebido em Paris, desenho por André Lortie, Centrosoyuz, Le Corbusier, 1929. Fonte:
COHEN, Jean-Louis. Le Corbusier and the Mystique of the URSS: Theories and Projects for Moscow 1928-1936. Princeton, New Jersey, Ed. Princeton University, 1987. 5.95 - imagem: projeto final, desenho por André Lortie, Centrosoyuz, Le Corbusier, 1929. Fonte:
COHEN, Jean-Louis. Le Corbusier and the Mystique of the URSS: Theories and Projects for Moscow 1928-1936. Princeton, New Jersey, Ed. Princeton University, 1987. 5.96 - imagem: modificações nos contornos dos edifícios, Centrosoyuz, Le Corbusier, 1928-9. Fonte:
COHEN, Jean-Louis. Le Corbusier and the Mystique of the URSS: Theories and Projects for Moscow 1928-1936. Princeton, New Jersey, Ed. Princeton University, 1987. 5.97 - pano de vidro 5.98 - planta de circulação + imagens rampa 5.99 - setorização de planta 5.991 - foto: destaque para o clube 5.992 - imagem: princípio funcional do “murs neutralisants” e “aération ponctualle”, Le Corbusier, Centrosoyuz, 1929. Fonte:
COHEN, Jean-Louis. Le Corbusier and the Mystique of the URSS: Theories and Projects for Moscow 1928-1936. Princeton, New Jersey, Ed. Princeton University, 1987. 5.993 - imagem: máquinas para o air exacte, Le Corbusier, publicado em Précisions, Paris, 1930. Fonte:
COHEN, Jean-Louis. Le Corbusier and the Mystique of the URSS: Theories and Projects for Moscow 1928-1936. Princeton, New Jersey, Ed. Princeton University, 1987. 5.994 - imagem volumes prisma
58
REFERÃ&#x160;NCIA DE IMAGENS 5.995 - foto de Centrosoyus vista da Antiga Rua Miasnitskaia. Fonte:
COHEN, Jean-Louis. Le Corbusier and the Mystique of the URSS: Theories and Projects for Moscow 1928-1936. Princeton, New Jersey, Ed. Princeton University, 1987.
60
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BENEVOLO, Leonardo. História da arquitetura moderna. Editora Perspectiva S.A., São Paulo, 1994 BRITES, Joana. Entre o poder da arte a arte do poder: Modernismo versus Neoclassicismo monumentalista na arquitectura das décadas de 1920 a 1940. Revista Portuguesa de História. Coimbra, 2005. CHARLES, Victoria. Arte Abstrata. Coleção Folha O mundo da Arte. Folha de S. Paulo. São Paulo, 2017. CHARLES, Victoria. Arte Abstrata. Coleção Folha O mundo da Arte. Folha de S. Paulo. São Paulo, 2017. COHEN, Jean-Louis. Le Corbusier and the Mystique of the URSS: Theories and Projects for Moscow 1928-1936. Princeton, New Jersey, Ed. Princeton University, 1987. FRAMPTON, Kenneth. História Crítica da Arquitetura Moderna. São Paulo, Ed. Martins Fontes, 2003. JALLAGEAS, Neide. Vkhutemas: O ensino das artes sob o signo da Revolução Russa. Ed. Publication Studio. São Paulo, 2015. MIGUEL, Jair Diniz de. A arte, ensino, utopia e revolução Os Ateliês Artísticos Vkhutemas/Vkhutein (Rússia/ URSS). Tese (doutorado). Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006. MONNIER, Gérard. Le Corbusier. Construir a Modernidade. São Paulo, Editora Brasiliense S.A., 1985. MUMFORD, Eric Paul. The CIAM Discourse on Urbanism, 1928-1960. Ed. MIT, Cambridge, Massachusetts, 2000. SUMA, Stefania. Le Corbusier; [tradução: Wally Constantino]. -1. ed. - São Paulo: Folha de S. Paulo, 2011.