LUIZ CARLOS GUSSON FERREIRA
SEGREGAÇÃO E RECICLAGEM DO RESÍDUO DOMÉSTICO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO
PÓS-GRADUAÇÃO EM MEIO AMBIENTE
FACULDADE ANCHIETA São Bernardo do Campo 2011
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LUIZ CARLOS GUSSON FERREIRA
SEGREGAÇÃO E RECICLAGEM DO RESÍDUO DOMÉSTICO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO
Projeto de monografia elaborado pelo acadêmico Luiz Carlos Gusson Ferreira como exigência do curso de pós-graduação em Meio Ambiente com Ênfase em Recursos Energéticos da Faculdade Anchieta sob a orientação do professor Dr. Gerson Catanozi.
FACULDADE ANCHIETA São Bernardo do Campo 2011
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Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da Faculdade Anchieta F441s Ferreira, Luiz Carlos Gusson. Segregação e reciclagem do resíduo doméstico de São Bernardo do Campo / Luiz Carlos Gusson Ferreira. – São Bernardo do Campo : [s.n], 2011. 96 f. Orientadora: Prof. Dr. Gerson Catanozi Monografia (Especialização) – Faculdade Anchieta, 2011. Área de concentração – Meio Ambiente. 1. Segregação 2. Reciclagem doméstica 3. Coleta seletiva I. Título Bibliotecária Responsável: Rosangela Ap. Marciale – CRB 8/5846
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LUIZ CARLOS GUSSON FERREIRA
SEGREGAÇÃO E RECICLAGEM DO RESÍDUO DOMÉSTICO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO
FOLHA DE APROVAÇÃO
__________________________________________________________________ Prof. Ms. Dr. Gerson Catanozi – Orientador Faculdade Anchieta
__________________________________________________________________ Profº Ms. Adalberto Mohai Szabo Júnior Faculdade Anchieta
Monografia aprovada em 24 de setembro de 2011
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“Aos velhos e jovens professores, aos mestres de todos os tempos que foram agraciados pelos céus por essa missão tão digna e feliz. Ser professor é um privilégio. Ser professor é semear em terreno sempre fértil e se encantar com a colheita. Ser professor é ser condutor de almas e de sonhos, é lapidar diamantes.”
Obrigado
a
todos
professores
colaborarm com o meu sucesso!
que
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 03 2. OBJETIVOS .......................................................................................................... 06 3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E CONCEITOS .................................................. 06 3.1 Fundamentação teórica ....................................................................................... 06 3.2 Conceitos ............................................................................................................ 07 3.2.1. Resíduos sólidos: definição e classificação..................................................... 07 3.2.2. Geração de resíduos sólidos domésticos ........................................................ 09 3.3. Questões Ambientais e de Saúde Pública associadas aos resíduos sólidos ..... 10 3.4. Sistemas de limpeza pública e Sistema de resíduos sólidos ............................. 14 3.5. Os setores da sociedade e seus papéis ............................................................. 15 3.5.1. A responsabilidade Estadual e Municipal ........................................................ 16 3.5.2. O setor de produção ........................................................................................ 17 3.5.3. O terceiro setor ................................................................................................ 18 4. EDUCAÇÃO AMBIENTAL .................................................................................... 19 4.1. Desenvolvimento sustentável e Agenda 21........................................................ 21 5. O MUNICÍPIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO ............................................... 23 6. JUSTIFICATIVA.................................................................................................... 24 6.1. Formulação do problema.................................................................................... 25 6.2. Hipóteses ........................................................................................................... 25 6.3. Metodologia ........................................................................................................ 25 6.4. Atividades prévias .............................................................................................. 26 6.5. Atividades de campo .......................................................................................... 27 7. COLETA SELETIVA ............................................................................................. 29
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7.1. Modelos de coleta seletiva ................................................................................. 30 7.2. Responsabilidade compartilhada ...................................................................... 32 8. QUESTIONÁRIO ................................................................................................... 34 8.1. Resultado do questionário .................................................................................. 35 8.1.1. Perfil dos entrevistados ................................................................................... 35 8.1.2. Resultado das respostas do questionário ........................................................ 36 8.1.3. Interpretando as respostas do questionário .................................................... 38 9. ASPECTOS TÉCNICOS E ECONÔMICOS DO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS .............................................................................................. 40 9.1. Sistemas de resíduos sólidos: aspectos técnicos .............................................. 40 9.1.1 Acondicionamento ............................................................................................ 40 9.1.2. Coleta .............................................................................................................. 41 9.1.3. Transporte ....................................................................................................... 43 9.1.4. Tratamento ...................................................................................................... 43 9.1.4.1. Triagem ........................................................................................................ 44 9.1.4.2. Reciclagem ................................................................................................... 45 9.1.4.3. Compostagem .............................................................................................. 46 9.1.4.4. Incineração ................................................................................................... 50 9.1.4.5. Outros métodos ............................................................................................ 53 9.1.5. Disposição final ............................................................................................... 53 9.1.6. Os três “R” ....................................................................................................... 56 9.2. Aspectos econômicos e análise custo-benefício ................................................ 57 9.2.1. Custos unitários globais de coleta seletiva ...................................................... 59 9.2.2. Componentes dos custos de coleta e triagem ................................................. 60 9.2.3. Indicadores de mercado de materiais recicláveis ............................................ 61 10. COLETA SELETIVA NO MUNDO ...................................................................... 61 10.1. Coleta seletiva em São Bernardo do Campo ................................................... 64
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11. DIFICULDADES E SOLUÇÕES PROPOSTAS .................................................. 65 12. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 66 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 71 BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR CONSULTADA ............................................... 80
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ANEXOS Anexo 1 – Questionário Anexo 2 – Dados tabulados do questionário
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TABELAS CAPÍTULO 3 Tabela 1 - Doenças transmitidas por vetores associados ao lixo doméstico ............ 14
FIGURAS CAPÍTULO 3 Figura 1- Diagrama de algumas definições utilizadas ............................................... 08 Figura 2 - Via de contato resíduo-vetores-homem .................................................... 11
CAPÍTULO 9 Figura 3 - Fluxograma simplificado do gerenciamento de resíduos sólidos domésticos ................................................................................................................ 56
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LISTA DE IMAGENS Imagem 1 – Veículo de coleta de lixo do município de São Bernardo do Campo ..... 10 Imagem 2- Coletores de resíduos recicláveis, Bairro Ferrazópolis ........................... 12 Imagem 3- Enchente na av. Faria Lima, Centro de SBC (2011) .............................. 13 Imagem 4- Vista aérea da Represa Billings, Bairro Alvarenga .................................. 24 Imagem 5- Centro de Ecologia e Cidadania, Bairro Assunção ................................. 27 Imagem 6- Centro de Ecologia e Cidadania, Bairro Assunção ................................. 28 Imagem 7- Centro de Ecologia e Cidadania, Bairro Assunção ................................. 28 Imagem 8- Eco ponto em estado de abandono, Bairro Assunção ............................ 31 Imagem 9- Eco ponto com capacidade esgotada, Vila Marlene................................ 39 Imagem 10- Caminhão de coleta de lixo do município de Tibagi/PR ........................ 39 Imagem 11- Carrinheiros em eco ponto, Bairro Rudge Ramos ................................. 42 Imagem 12- Usina Sócio Educativa de São Bernardo do Campo ............................. 44 Imagem 13- Compostagem ....................................................................................... 47 Imagem 14- Projeto de Incinerador a ser instalado em São Bernardo do Campo .... 52 Imagem 15- Modelo de Aterro Sanitário .................................................................... 54 Imagem 16- Ações de catadores em lixão municipal ................................................ 55 Imagem 17- Material reciclável em calçada pública .................................................. 62 Imagem 18- Associação Raio de Luz, Bairro Assunção ............................................ 65
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INTRODUÇÃO
O manejo efetivo e seguro dos resíduos sólidos municipais, vulgarmente conhecidos como lixo, é um desafio que tem mantido a humanidade em cheque por toda sua história. A produção de resíduos sólidos faz parte de nosso cotidiano. Devido ao aumento da população humana, à concentração dessa população em centros urbanos, à forma e ao ritmo da ocupação desses espaços e ao modo de vida baseado na produção e consumo cada vez mais acelerado, os problemas causados por esses resíduos tendem a ser cada vez maiores.
Como problema urbano, a destinação dos resíduos sólidos data, no Brasil, da época colonial (ROCHA 1992), não sendo, portanto uma preocupação nova. As implicações mais graves e de saúde pública já eram reconhecidas no início do século pelos administradores municipais paulistanos. Naquela época alguns dos principais problemas era o uso do lixo in natura como adubo pelos cachaceiros e a deposição dos resíduos nas margens do rio Tietê. O problema do resíduo sólido se agravou de forma particular em São Paulo, com a rápida urbanização ocorrida no Brasil entre as décadas de 40 e 70: a infra estrutura urbana física e de prestação de serviços públicos não conseguiu acompanhar o ritmo do crescimento da população urbana (OGATA 1983). O gerenciamento dos resíduos sólidos nas áreas urbanas se baseou, historicamente, na coleta e no afastamento dos resíduos. Ao longo do tempo as administrações municipais ou locais equivalentes passaram a prestar o serviço de coleta e afastamento. Esse tipo de serviço, especialmente quando executado com eficiência, cria a sensação mágica na população de que os resíduos simplesmente desapareceram de sua vista. Por isso a sociedade em geral levou muito tempo para perceber as várias tendências relacionadas à quantidade e às soluções para o gerenciamento dos resíduos sólidos. Hoje ainda existem municípios brasileiros que não dispõem de estrutura adequada para o manuseio de seus resíduos gerados. Em municípios que têm soluções sanitariamente corretas, em geral essas soluções se resumem a coletar os resíduos nas residências e aterrá-los (IBGE 1991, SMA 1998a). No Estado de São Paulo 78% dos municípios dispõem seus resíduos no solo de forma inadequada e
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somente 10,9% do total de resíduos sólidos domésticos gerados são dispostos de forma adequada (SMA 1998a). Nas regiões urbanas existe a tendência de se esgotarem de forma cada vez mais rápidas os espaços para aterros sanitários. Como conseqüências haverá o aumento dos custos de disposição final, seja pelo aumento de distâncias para transporte, pelos custos de novas áreas ou pela introdução de outros processos tecnológicos como incineração. Este é, portanto um problema de saúde pública, que envolve questões de interesse coletivo, mas profundamente influenciado por interesses econômicos e por manifestações da sociedade, por aspectos culturais e por conflitos políticos. Atualmente a visão da sociedade sobre a questão dos resíduos sólidos tem incorporado novos elementos, notando-se avanços significativos na importância que se confere a ela. Conseqüentemente cada vez mais espaço na mídia e nas discussões políticas é ocupado pelos problemas associados aos resíduos sólidos. Diversos autores têm apontado para soluções nas quais não só os governos, mas diversos setores da sociedade civil desempenham papéis importantes, e nas quais se aplicam diversas alternativas, e não apenas a mera disposição final dos resíduos. Os próprios governos nacionais reconhecem a necessidade de inclusão da comunidade na elaboração e no encaminhamento de problemas ambientais em geral, quando assinaram a Agenda 21 Global, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente em 1992, no Rio de Janeiro. A evolução das experiências em alguns países, notadamente os europeus, levou a produção de legislação que reverte à responsabilidade pela destinação dos resíduos de diversos produtos para o fabricante do produto. No Brasil, as discussões estão avançadas, com particular interesse em pilhas, baterias e lâmpadas usadas, e mais recentemente quanto aos pneus. Essas mudanças trouxeram, no âmbito internacional, muitas conseqüências para a organização, economia e operação do sistema de coleta e tratamento do resíduo sólido doméstico. Além disso, nota-se que em nosso País tem havido movimentos para revalorização e melhoria da qualidade de vida das populações que retiram do lixo seu sustento, principalmente catadores, cuja organização tem sido incentivada para se integrarem no sistema organizado de coleta seletiva de lixo. Por outro lado, os sistemas de coleta seletiva pressupõem a existência de um mercado para os materiais recicláveis, o que torna imprescindível o envolvimento do setor industrial.
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Em São Bernardo do Campo, notadamente não há o envolvimento em grande escala por parte da iniciativa privada, mas há espaço para que isso aconteça, pois o número de catadores que se encontra nas ruas de São Bernardo do Campo chega a um número significativo, indicando que material reciclando é o que temos em abundância. Apesar de ser considerada recomendável a reciclagem de resíduos sólidos, a efetivação de programas institucionalizados enfrenta por vezes dificuldades importantes, que levam até mesmo a inviabilidade da sua implantação. Os próprios funcionários necessários para que se faça a coleta seletiva, não dispõem de estudo e muitas vezes são pessoas humildes que não conseguiriam sozinhos fazer uma administração correta da coleta, precisando assim de ajuda do município para sua implantação e continuidade. A coleta seletiva foi implantada em São Bernardo do Campo em 18 de setembro de 2000 com o objetivo de formar uma consciência ambiental sustentável. Hoje existem 203 “ecos pontos” disponíveis para, os moradores da cidade, depositar voluntariamente os seus materiais recicláveis. O que se observa é que a informação sobre segregar, separar, reciclar e onde entregar, não esta sendo eficiente, o que ocasiona um desperdício daquele material que poderia estar sendo aproveitado para reciclagem, evitando o seu destino incorreto e aumentando a vida útil dos aterros sanitários. Diante destas questões, pergunta-se como a cidade de São Bernardo do Campo vem participando do gerenciamento dos resíduos sólidos domésticos? Esta pergunta pode ser desdobrada em outras que surgem como conseqüência: em que medida as iniciativas do município de São Bernardo do Campo está contribuindo para o gerenciamento integrado dos resíduos sólidos domésticos gerados? De que forma é divulgada a coleta seletiva? Qual seria o grau de conhecimento dos moradores desta cidade?
Palavras chaves: Segregação, reciclagem doméstica e coleta seletiva.
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OBJETIVOS A partir das questões identificadas, se estabelece os objetivos de mostrar qual a importância de reciclar o lixo gerado no município de São Bernardo do Campo, buscando as informações que possam incentivar esta ação. Buscar informações que possam justificar a falta de interesse em reciclarmos tudo o que produzimos de resíduos dentro de nossa casa. Pesquisar o que esta sendo feito em São Bernardo do Campo, referente à reciclagem e apresentar dados que possa ser úteis para informar o quanto ainda é preciso ser feito para uma coleta seletiva eficiente e mais abrangente. Pesquisar o que é oferecido de infra estrutura para a coleta seletiva em todo seu ciclo, começando com o produtor inicial até a destinação final correta.
Coletar e divulgar informações para promover a cultura de gestão integrada de resíduos sólidos residenciais na cidade de São Bernardo do Campo. Espera-se, ao cumprir tais objetivos, obter dados relevantes para identificar qual é a eficiência da coleta seletiva de resíduos sólidos domésticos no município de São Bernardo do Campo.
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E CONCEITOS
3.1 Fundamentação Teórica
Além do método de questionário aplicado na cidade de São Bernardo do Campo, foi organizada também uma bibliografia satisfatória, após o conhecimento do acervo bibliográfico disponível. Durante o levantamento bibliográfico, foram selecionados vários livros, tendo em consideração a pretensão de elaborar uma bibliografia básica e seletiva. A fase seguinte terá a preocupação voltada para uma leitura cuidadosa dos impressos bibliográficos disponíveis no município. A leitura informativa científica procurará reconhecer as informações sobre o funcionamento do programa atual de coleta seletiva, relacionando-os com os problemas propostos pelo trabalho e, finalmente, analisar os fundamentos de verdade nas afirmações oferecidas. A partir daí poderemos construir sistematicamente, por meio de apontamentos e fichas, comentários, citações, resumos e observações pessoais úteis para o desenvolvimento do trabalho acadêmico.
3.2. CONCEITOS 3.2.1. Resíduos Sólidos: Definição e Classificação
Segundo a definição da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnica, resíduos sólidos são:
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“... resíduos no estado sólido e semi-sólido, que resultam de atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis face à melhor tecnologia prática disponível.” (ABNT 1987; p. 1-2)
A legislação norte-americana define os resíduos sólidos como: “... Qualquer tipo de lixo, refugo, lodo de estação de tratamento de esgoto, de tratamento de água ou de equipamentos de controle de poluição do ar, e outros materiais descartados, incluindo sólidos, líquidos ou semi-sólidos, ou gás conteinerizado resultantes de operações industriais, industriais, comerciais, de mineração e agrícolas, e de atividades da comunidade, porém não inclui sólidos ou materiais dissolvidos e esgoto doméstico, ou sólidos ou materiais dissolvidos na água de fluxo de retorno em irrigação, descargas pontuais sujeitas a licenciamento sob a seção 402 do Ato Federal sobre Poluição da água, conforme emendado (86 Stat. 880), ou fonte nuclear, ou subproduto como definido pelo Ato de Energia Atômica de 1954, conforme emenda (68 Stat. 923). (USA 1989; p. R-8).
Outra definição importante é a que consta na Agenda 21: Os resíduos sólidos, para os efeitos do presente capítulo, compreendem todos os restos domésticos e resíduos não perigosos, tais como os resíduos comerciais e institucionais, o lixo das ruas e os de entulhos de construção. Em alguns países, o sistema de gestão dos resíduos sólidos também se ocupa dos resíduos humanos, tais como excrementos, cinzas de incineradores, sedimentos de fossas sépticas e de instalações de tratamento de esgoto. Se manifestarem características perigosas, esses resíduos devem ser tratados como resíduos perigosos. (CNUMAD 1992; p.273).
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PRODUTOS
MATÉRIAS PRIMAS SECUNDÁRIAS
ATIVIDADES HUMANAS
MATÉRIAS PRIMAS SECUNDÁRIAS SUBPRODUTOS REJEITOS RESÍDUOS
Figura 1: Diagrama de algumas definições utilizadas. Fonte: Autoria própria
De qualquer modo os resíduos constituem, em todas as definições, subprodutos da atividade humana com características específicas, definidas geralmente pelo processo que os gerou. Do ponto de vista da sociedade, materiais descartados que são aproveitados deixam de ser resíduos, constituindo-se as matérias primas secundárias (figura 1). Em particular, são denominados rejeitos todos resíduos que não tem aproveitamento econômico por nenhum processo tecnológico disponível e acessível. Em função das mudanças de abordagem das questões ambientais em geral e dos resíduos sólidos em particular, o conceito de resíduo sólido tem suscitado a necessidade de revisão. Observa-se que a definição da ABNT se aproxima bastante das definições internacionais apresentadas (USA 1987 e CNUMAD 1992), motivo pelo qual no presente trabalho é utilizada a norma ABNT. Os resíduos sólidos podem ser classificados, segundo a origem, como: industriais, de serviços de saúde, comerciais, de portos e aeroportos, de varrição, domésticos, e outros (ABNT 1987). No presente trabalho são considerados resíduos sólidos domésticos aqueles gerados nos lares. Podem incluir também, dependendo de normalização municipal, os resíduos comerciais e industriais compatíveis com os domésticos, tipicamente classificados como classe I ou classe II pela norma ABNT 10.004, quando produzidos em quantidade dentro dos limites da responsabilidade do sistema municipal. Os resíduos sólidos de origem doméstica são conhecidos também como lixo. A denominação alternativa resíduos sólidos municipais não é aqui utilizada porque incluiria outros tipos de resíduos, como o entulho de construção, não incluídos no escopo do trabalho.
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3.2.2. Geração de resíduos sólidos domésticos A geração de resíduo sólido é inerente a atividade cotidiana do ser humano, e, portanto, enquanto houver pessoas sobre a face da Terra, haverá resíduos sólidos gerados. A quantidade de resíduos sólidos produzida por habitante e as características dos resíduos domésticos também variam em função dos hábitos de consumo da população, sendo resultado de poder aquisitivo e fatores culturais e têm tido uma evolução ao longo do tempo. Como exemplo pode ser citado à diminuição da matéria orgânica presente e o aumento de materiais provenientes de embalagens descartáveis. Quanto à diferença de composição dos resíduos sólidos domésticos gerados em diversos municípios, nota-se que em certas cidades maiores e mais industrializadas (São Paulo e Rio de Janeiro) o conteúdo em plásticos, por exemplo, é bem mais alto que em outras cidades, mostrando a influencia do tipo de sociedade na geração de lixo, devido às características particulares do modo de vida da população. No Estado de São Paulo é gerado diariamente mais de 20 mil toneladas de lixo domiciliar, o que resulta a média de 1,5 Kg/habitante/dia (SMA). A quantidade de resíduos per capita produzida também varia, sendo a tendência ao longo do século XX foi o aumento, sendo que em vários países desenvolvidos essa média supera a marca de 2,5 Kg/habitante/dia. No Município de São Bernardo do Campo são coletadas mensalmente 700 toneladas de lixo doméstico. A esta quantidade deve ser acrescentada um volume coletado independentemente por catadores para reciclagem, sobre a qual não pode ser definida uma quantidade devido à clandestinidade desta atividade.
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Imagem 1: Veículo de coleta de lixo do Município de São Bernardo do Campo Fonte: Vega Sopave
3.3. Questões ambientais e de saúde pública associadas aos resíduos sólidos Os resíduos sólidos domésticos podem causar impactos negativos no ambiente de diversas formas. Pode tornar o solo, as águas e o ar impróprios aos usos diversos, ou prejudiciais a saúde, causando, portanto poluição. Podem ainda causar vários tipos incômodo, como a poluição visual. Os resíduos sólidos domésticos podem conter certos contaminantes químicos que podem prejudicar o equilíbrio ecológico e a saúde pública, tais como metais pesados e outras substâncias orgânicas tóxicas. Estes contaminantes podem se originários de pilhas e baterias usadas, lâmpadas fluorescentes, embalagens vazias de inseticidas, solventes e tintas, e outros produtos de uso doméstico. Os resíduos sólidos domésticos contêm, além disso, frações significativas de materiais orgânicos, tais como restos de alimentos, de papéis e outros materiais sanitários. A decomposição de materiais orgânicos gera chorume, um líquido escuro, malcheiroso e altamente poluente. Além disto, os resíduos podem estar contaminados com agentes patogênicos.
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CONTATO
RESÍDUOS SÓLIDOS
CONTATO INDIRETO
HOMEM
(AGUA, AR, SOLO)
VETORES A contaminação das águas superficiais e sub-superficiais pode ocorrer p Figura 2: Via de contato resíduo-vetores-homem Fonte: Autoria própria
A contaminação do solo se faz pela disposição inadequada de resíduos sobre ele. A área contaminada pode deixar de ser útil para determinadas finalidades, para fins agrícolas, para construção de edificações, entre outras, dependendo do tipo de contaminação. A recuperação de tais áreas degradadas é geralmente um processo complexo, lento, dispendioso e nem sempre eficiente, pois não há processos tecnológicos conhecidos para todos os tipos de contaminação. Além disso, decorrem da contaminação do solo graves prejuízos econômicos por despejo direto dos resíduos na água ou por percolação de líquidos em áreas de deposição. Neste caso, o que ocorre é que o solo atua como um tampão, absorvendo ou adsorvendo contaminantes em determinadas condições até ficar saturado, liberandoos de volta ao meio aquoso posteriormente. Tanto o chorume produzido no processo de decomposição da matéria orgânica quanto às águas pluviais ou de irrigação pode carregar os contaminantes do solo para o lençol freático ou para cursos de água, podendo tornar tais águas inadequadas para usos diversos. Nos casos em que mananciais de abastecimento estão envolvidos, exigem-se cuidados especiais. A contaminação do ar pode se dar pelo odor proveniente dos resíduos ou pela queima inadequada dos mesmos. Tal queima pode gerar compostos mais perigosos do que aqueles presentes originalmente nos resíduos, como é o caso dos óxidos de enxofre, dioxinas e furanos. A poluição visual ocorre quando uma quantidade de resíduos disposta inadequadamente ou que se acumula antes da coleta, se tornem bastante visíveis.
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Este é um dos aspectos que chama mais atenção do público em geral. O descuido com atividades de limpeza pública em áreas urbanas e a disposição inadequada em áreas de grande circulação leva ao acúmulo de resíduos visíveis, que podem causar enormes incômodos.
Imagem 2: Coletores de resíduos recicláveis, Bairro Ferrazopolis Fonte: Equipamento próprio
O contato do homem com agentes patogênico presentes no lixo ou associado a ele pode ocorrer de forma direta ou indireta (Imagem 2). Quando jogados inadequadamente nas ruas e calçadas os resíduos sólidos podem causar entupimento das redes de drenagem urbana, o que leva a inundações e alagamentos nas épocas de chuva, que também aumenta o risco de transmissão de leptospirose.
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Imagem 3: Enchente na Av. Faria Lima, centro de São Bernardo do Campo (2011) Fonte: Equipamento próprio
Além disto, os resíduos sólidos podem oferecer alimento, água e abrigo para fauna sinantrópica e por isso os resíduos sólidos domésticos são uma fonte potencial de problemas com doenças transmissíveis. O acúmulo desses resíduos em locais inadequados propicia a proliferação de vetores e doenças transmissíveis. Antrópodes e roedores de interessem em Saúde pública encontram alimento em resíduo mal acondicionado e nas áreas de disposição inadequada: em embalagens vazias e sucatas onde se acumula água parada e desenvolve o mosquito transmissor da dengue.
A Tabela 1 mostra algumas das doenças transmitidas por vetores associados ao lixo.
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Tabela 1: Doenças transmitidas por vetores associados ao lixo doméstico VETORES
Roedores
PARASITA ASSOCIADO
DOENÇAS
Ricketsia akari
Riquetisiose
Leptospira
Leptospirose
icterohemorragiae
Tifo murino
Ricketsia typhi Moscas
Salmonella sp, Schigella Diarréias diversas sp
Baratas
Aedes aegipti
Salmonella Typhi
Febre tifóide
Schigella sp
Chiguelose
Polio virus
Poliomelite
Virus da dengue
Dengue
Fonte: Autoria própria
Por outro lado, ressalta que resíduos sólidos domésticos estão associados à exaustão de recursos naturais, na medida em que estes contêm materiais produzidos com recursos naturais, muitas vezes não renováveis. Alumínio, aço e bronze provenientes de minérios e plásticos provenientes do petróleo dão bons exemplos. Restos orgânicos são geralmente originários de alimentos que para sua produção necessitam que fossem retirados nutrientes do solo e que fosse consumido trabalho e energia. Portanto a presença de restos orgânicos nos resíduos aponta também para formas de desperdício.
3.4. Sistemas de limpeza pública e Sistema de resíduos sólidos “O conjunto de atividades que permite o adequado estado de limpeza de uma cidade, sem prejudicar a qualidade do ambiente, inclusive na região que a circunda” (OLIVEIRA 1982; p. 84). Entre as atividades características dos sistemas de limpeza pública pode-se destacar:
a) Varrição de vias e logradouros públicos; b) Limpeza de monumentos, escadarias e outros edifícios públicos; c) Remoção de animais mortos; d) Limpeza de terrenos baldios;
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e) Desobstrução de bocas de lobo; f) Capinação de vias e logradouros públicos; g) Coleta, transporte, tratamento e disposição final de resíduos sólidos;
As atividades de coleta, transporte, tratamento e disposição final de resíduos sólidos constituem o Sistema de Resíduos Sólidos do Município de São Bernardo do Campo, que é, portanto um dos componentes do Sistema de Limpeza Pública de responsabilidade da Secretaria de Serviços Urbanos.
3.5. Os setores da sociedade e os seus papéis
A divisão da sociedade em três setores: Estado, Mercado (setor de produção) e Terceiro Setor, utilizada por diversos autores (LADIM 1993, por exemplo), são também aplicados neste trabalho. Os agentes envolvidos nos programas de coleta seletiva serão classificados como: a) Estatais: órgãos do Estado e a eles ligados direta ou indiretamente; b) Privados: pertencentes ao mercado, produzindo e comercializando bens e serviços, que atuam com objetivo de lucro; c) Terceiro Setor: sem fins lucrativos, como associações e demais organizações não governamentais Cada um dos setores e grupos tem interesses próprios, sendo econômico, político, entre outros, que conduzem sua ação em relação aos resíduos. Portanto o conhecimento dos anseios e obrigações individuais de cada setor e suas relações poderiam permitir que se estabelecessem ações na direção do gerenciamento integrado. Esta necessidade se intensifica na medida em que se reconhece cada vez mais a importância da participação da comunidade, consumidores, empresas, ONGs, nesse processo. Este ponto é fundamental para a definição das categorias de análise a serem definidas e trabalhadas na parte dos procedimentos metodológicos.
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3.5.1. A Responsabilidade Estadual e Municipal A responsabilidade pela solução dos resíduos domésticos recai sobre a prefeitura de São Bernardo do Campo por força de legislação atual. A Constituição Federal estabelece em seu artigo 30 que “compete aos municípios (...) organizar e prestar, diretamente sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local (...)” (BRASIL 1988) A Lei Orgânica do Município de São Bernardo do Campo, estabelece que a administração da coleta, tratamento e destino final do lixo é de responsabilidade da Secretaria de Serviços Urbanos. O sistema de resíduos sólidos é serviço público essencial. É tarefa de o município gerenciá-lo, o que significa regular o sistema e promover ações, principalmente executar os serviços. Entretanto, na maioria das cidades, a coleta e destinação dos resíduos sólidos em geral se manifesta como serviço público dos menos desenvolvidos. A prioridade sempre foi dada à coleta e afastamento dos resíduos. Somente a partir da década de 70 a destinação final através de aterros sanitários também teve destaque. (OGATA 1983). As ações do município de São Bernardo do Campo no sentido de reduzir o volume de resíduos sólidos domésticos gerados e de incentivar a reciclagem dos materiais presentes nos resíduos têm sido insuficientes. A política de resíduos sólidos formalizadas em nível municipal, apesar de estarem em andamento, não é de toda eficiência que se poderia esperar. O problema dos resíduos sólidos é tratado genérica e superficialmente em documentos oficiais que tratam de saneamento básico e que enfatizam o abastecimento de água e o afastamento e tratamento de esgotos sanitários. Alguns fatores têm contribuído recentemente para mudanças desse contexto e da visão do papel do Estado. Um deles, de ordem mais geral, é a intensificação do debate das questões ambientais, em nível internacional, que teve seus reflexos no Brasil na segunda metade d década de 70 e na primeira metade da década de 80. Já na segunda metade desta década há registros de iniciativas de coleta seletiva por parte de ONGs e prefeituras. Outro fator é o lançamento da Agenda 21 Global pela Conferência da Nações Unidas sobre o Desenvolvimento e Meio Ambiente, em 1992, que estabeleceu diversas diretrizes a respeito de resíduos sólidos e recomendou em vários pontos a participação da sociedade na solução dos problemas.
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Adicionalmente há o processo de privatização dos serviços públicos, e os serviços de resíduos sólidos já contam com participação da iniciativa privada em diversos municípios. Nos maiores municípios a atratividade econômica para prestação de serviços de limpeza pública e coleta seletiva é muito maior, onde por contrapartida nas cidades pequenas e médias e mesmo comunidades afastadas de cidades grandes é preciso encontrar outras soluções, sendo as cooperativas e as pequenas empresas familiares possibilidades a serem estudadas. De qualquer modo, há uma mudança no papel do Estado, que deixa de operar os serviços, para se ocupar em garantir que eles sejam oferecidos à população satisfazendo as necessidades sanitárias e ambientais, ao menor custo possível. Tudo isto tem um resultado na existência de inúmeras experiências locais que aplicam novos modelos em resíduos sólidos domésticos, tanto por iniciativa das prefeituras, como por iniciativas independentes da sociedade civil organizada. A partir da segunda metade da década de 80 iniciaram-se projetos de coleta seletiva, através de prefeituras ou outras organizações. È nesta época que as organizações não governamentais no Brasil começam a incorporar também a questão urbana ao seu discurso, e com ela o assunto resíduo sólidos passa a ser tratado com maior intensidade. Eventualmente surgem iniciativas totalmente independentes da ação da prefeitura, de sorte que de alguma forma o setor não estatal acaba por substituir o Estado na função da gestão dos resíduos sólidos. Os maiores exemplos são a coleta via catadores, principalmente de alumínio e papel, e outros setores independentes. A maioria dos municípios tem dificuldades com o custeio dos sistemas de resíduos: inadimplência, taxas cobradas baixas demais, desconhecimento dos custos reais e pressões políticas (ACURIO e col. 1997). Isso tem imposto barreiras importantes à adoção de soluções integradas e ambientalmente mais avançadas nos sistemas de resíduos sólidos, tais como a coleta seletiva e a reciclagem de materiais.
3.5.2. O setor de produção A participação dos setores privados no gerenciamento de resíduos sólidos pode ser classificada nas seguintes modalidades: operação municipal contratada –
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sob controle e supervisão, com pagamentos por serviços prestados; operação privada por concessão ou franquia; operação comunitária e microempresas; operação de mercado livre; operação mista. Alguns autores, como ACURIO e col. (1997) classificam ainda a empresa autônoma municipal, de capital misto, como uma modalidade adicional. Quando esta modalidade foi criada, imaginava-se que ela teria a agilidade administrativa característica do setor privado e estaria livre de influências externas, o que atualmente não é uma realidade. LEAL (1997) considera que existem quatro formas de envolver a iniciativa privada na coleta e destinação de resíduos: contratação, contrato de concessão, franquia e competição aberta. Nos países desenvolvidos somente os dois primeiros têm tido aplicação geral. Os contratos de concessão têm o potencial de fomentar investimentos privados. As franquias parecem ter aplicação só em países em vias de desenvolvimento: o governo entrega um monopólio limitado a uma empresa privada, reduzindo riscos comerciais associados à fase inicial do negócio. Já há alguns anos a iniciativa provada vem sendo contratada para operar sistemas de coleta de resíduos sólidos nas grandes cidades brasileiras. Este movimento vem se intensificando, e tem sido estendido também à operação de aterros sanitários, usinas de triagem e demais equipamentos pertencentes ao sistema de resíduos sólidos. Os programas de coleta seletiva e reciclagem de resíduos pressupõem a existência da atividade de industrialização dos materiais, eminentemente privada, realizada no ambiente de mercado por empresas com finalidade de lucro. Esta atividade envolve geralmente uma cadeia de sucateiros, ou seja, aqueles que coletam pequenas quantidades vendem o material a sucateiros com mais recursos, os quais vendem o material para beneficiadores e indústrias recicladoras.
3.5.3. O terceiro setor O terceiro setor não tem muita tradição de participar do gerenciamento dos resíduos sólidos domésticos, mas nos últimos dez anos tem havido iniciativas importantes. Vários dos programas de coleta seletiva e reciclagem registrada em bibliografia científica e no noticiário jornalístico ocorrem em condomínios. Projetos de
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Educação Ambiental executados por organizações não governamentais abordam com eficiência e freqüência a questão dos resíduos sólidos. A própria Organização Mundial dos Consumidores reconheceu recentemente que tem um papel a cumprir na promoção da mudança dos padrões de consumo, e destaca entre outros aspectos a necessidade de redução se geração se resíduos sólidos (HURTADO 1997). FICHER (1993) propõe classificar as instituições do terceiro setor existentes nos países em desenvolvimento naquelas com finalidade de receita e naquelas sem fins lucrativos. Teriam finalidade de receitas as cooperativas e as pré-cooperativas. Sem fins lucrativos as associações de desenvolvimento local, como associações de moradores de bairros: as associações de interesses, como sindicatos e associações de consumidores; e as organizações filantrópicas, como as fundações e entidades assistenciais. Pelas características de organização local que apresentam as cooperativas, elas serão classificadas como terceiro setor, conforme adota FICHER (1993), apesar de que objetivam obter receita suficiente para sustentar. Muitas vezes o terceiro setor atua de modo a substituir o Estado em serviços públicos (LADIM 1993). Outra possibilidade de atuação importante é a cobrança de ações dos órgãos públicos.
EDUCAÇÃO AMBIENTAL Há varias definições possíveis de Educação Ambiental. Por exemplo, conforme definida durante a I Conferência Intergovernamental Sobre Educação Ambiental, corresponde a uma dimensão dada ao conteúdo e à prática da Educação, orientada para a resolução dos problemas concretos do meio ambiente através de enfoques interdisciplinares e de uma participação ativa e responsável de cada indivíduo e da coletividade (DIAS 1994).
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No presente trabalho, adotam-se a definição estabelecida na Lei nº 9.795 de 27 de3 abril de 1999: “Art. 1º Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.”
Tem sido ressaltado que a educação ambiental incorpora também as dimensões socioeconômicas, política, cultural e histórica, adaptando-se à realidade local e superando a visão exclusivamente ecológico-biológica do ambiente. Cabe ressaltar que, por um lado, a coleta seletiva é um dos instrumentos preferidos das escolas para implantação de atividades de educação ambiental. Por outro, a educação ambiental é considerada um instrumento fundamental para obtenção de mudança de comportamento e para a adesão da população aos programas de coleta seletiva de resíduos sólidos domésticos. Por isso cada um dos atores envolvidos nos programas de coleta seletiva e reciclagem, comunidade atendida, garis, cooperados, técnicos, governantes e empresários, precisam passar pelo processo de educação ambiental. Entre seus objetivos, princípios e finalidades expressos na Conferência de Tbilisi, de acordo com Dia (1994) e Guimarães (1995), estão:
Ser um processo contínuo e permanente, iniciando em nível préescolar e estendendo-se por todas as etapas da educação formal e informal, adotando a perspectiva interdisciplinar e utilizando as especificidades de cada matéira de modo a analisar os problemas ambientais através de uma ótica global e equilibrada.
Examinar as principais questões relativas ao ambiente tanto do ponto de vista local como nacional, regional e internacional, para que os envolvidos tomem conhecimento das condições ambientais de outras regiões;
Inter-relacionar
os
processos
de
sensibilização,
aquisição
de
conhecimentos, habilidades para resolver problemas e especificações dos valores relativos ao ambiente em todas as idades, enfatizando,
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sobretudo a sensibilidade dos indivíduos em relação ao meio ambiente de sua própria comunidade;
Levar em conta a totalidade do ambiente, ou seja, considerar os aspectos naturais e construídos pelo homem, tecnológicos e sociais, econômicos, políticos, histórico-culturais, estéticos.
Da mesma forma, Ab‟Saber (1991), considera que a Educação Ambiental constitui “um processo que envolve um vigoroso esforço de recuperação de realidades, nada simples. Uma ação, entre missionária e utópica, destinada a reformular comportamentos humanos e recriar valores perdidos ou jamais alcançados. Um esforço permanente na reflexão sobre o destino do homem – de todos os homens – face à harmonia das condições naturais e o futuro do planeta „vivente‟, por excelência. Um processo de Educação que garante um compromisso com o futuro. Envolvendo uma nova filosofia de vida. E, um novo ideário comportamental, tanto em âmbito individual, quanto na escala coletiva”.
4.1 Desenvolvimento Sustentável e Agenda 21 Como resultado da intensificação das preocupações com as questões ambientais que vinha ocorrendo desde a década de 60 e dos estudos das relações entre aspectos ambientais, sociais e econômicos, foi definido o desenvolvimento sustentável como aquele que permite satisfazer as necessidades da geração atual permitindo também às gerações futuras satisfazer suas próprias necessidades (CMMAD 1991). È importante notar que as visões dos atores sociais quanto ao papel de cada um no processo de desenvolvimento sustentável é bastante diversificada, variando inclusive com sua formação profissional básica. Ao mesmo tempo em que há concordância quanto aos objetivos, há divergências quanto aos meios para atingir a sustentabilidade. VIOLA E LEIS (1995) dividem as diferentes visões, para fins de análise, em estatística, comunitária e mercadológica. Na visão estatística, o desenvolvimento sustentável está associado, através da qualidade ambiental, à ação reguladora, fiscalizadora e promotora do Estado. Os autores destacam ainda que a visão comunitária não vê no Estado e no mercado eficiente alocadores de recursos, valorizando o papel das organizações de base da sociedade para
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desempenhar o papel mais importante no processo. O enfoque de mercado critica severamente os mecanismos regulatórios do Estado e legitima a apropriação privada dos bens ambientais, diferentemente dos outros dois enfoques. O conceito de desenvolvimento sustentável foi uma das bases mais importantes na elaboração da Agenda 21 Global, documento produzido na Conferência da Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro, em 1992. O capítulo 21 da Agenda 21 “Manejo ambientalmente saudável dos resíduos sólidos e questões relacionadas com os esgotos” trata mais especificamente das questões de resíduos sólidos, especialmente os resíduos sólidos domésticos. Estabelece metas quantitativas e prazos para a destinação adequada de resíduos sólidos e esgotos sanitários. Estabelece entre outras diretrizes as prioridade para minimização dos resíduos, reciclagem, tratamento e destino ambientalmente saudáveis e ampliação do alcance dos serviços referentes a resíduos (CNUMAD 1992). Outros capítulos estabelecem também relações entre resíduos sólidos e outros temas ambientais, econômicos e sociais, por exemplo, o Capítulo 4 (Padrões Sustentáveis de Consumo), que trata da mudança dos hábitos que levam a geração exagerada de resíduos. Outro ponto importante ligado aos padrões de consumo é a erradicação da pobreza. Atingir tal objetivo implica que uma intensa parcela da população mundial que hoje é excluída socialmente deve passar a te acesso aos bens do mercado no futuro. Esta população tende a se espelhar nos hábitos da população dos países desenvolvidos, dos quais os estilos de vida levam hoje aos padrões de consumo mais elevado de energia, água e outros recursos naturais, e à geração de mais altos índices de resíduos por habitante. Além disso, os países desenvolvidos precisam vender seus produtos, e encontram nos países em desenvolvimento mercados importantes. Isto coloca em evidência o risco da insustentabilidade do desenvolvimento, se mantidos os atuais estilos de vida e padrões de consumo. A Associação Mundial dos Consumidores, que é a organização mundial de defesa dos direitos dos consumidores mais expressiva, chama para si também uma parcela da responsabilidade das ações na direção dos padrões sustentáveis de
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consumo, notadamente em ações de educação ambiental e de divulgação de informações ambientais sobre produtos (HURTADO 1997). Cada vez mais se faz necessário reduzir o volume de resíduos gerados, e não só cuidar de sua destinação adequada. Faz-se necessário questionar os valores e comportamentos que orientam os consumidores atualmente e contribuem para o agravamento desta situação. A Agenda 21 Global também estabeleceu que os governos locais devem consultar a população e produzir por meio de consenso sua própria Agenda 21 locais. Isto implica necessariamente numa forma de gestão participativa, o que contribui para introduzir novos papéis na relação entre Estado e sociedade. Este quadro reforça ainda o fato de que as parcerias tendem a estar presentes no enfrentamento da questão dos resíduos sólidos, contribuindo para a implementação de soluções ambiental, sanitária e economicamente satisfatórias.
5. O MUNICÍPIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO A idade de São Bernardo do Campo é contada tradicionalmente a partir de 1553, data em que foi fundada a Vila de Santo André da Borda do Campo, por João Ramalho. Em 27 de fevereiro de 1889, foi iniciado pela Comissão de Estatística da Assembléia Legislativa Provincial, o Projeto de Lei nº 83, de autoria do Deputado Lopes Chaves, o processo de criação do município de São Bernardo. Após um longo período de tramitação, o projeto foi aprovado pela assembléia Provincial em 27 de fevereiro de 1889, sancionada logo depois em 12 de março de 1889 pelo Presidente da Província, Pedro Vicente de Azevedo, oficializando a criação do município de são Bernardo. Em 1938 o País vivia sob a ditadura de Getúlio Vargas, ocasionando o rebaixamento do município a mero distrito de Santo André. Descontentes com a humilhação, em maio de 1943, com a liderança de Wallace Simonsen, vários moradores de São Bernardo, empresários, comerciantes, profissionais liberais, funcionários públicos e operários, formaram uma associação para que pudessem unir forças para emancipar o município. Com a força dessa associação o Estado de São Paulo elevou novamente o distrito de São Bernardo, através do Decreto Lei nº 14334 de 30 de novembro de
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1944, à categoria de município, acrescentando em seu nome o denominativo “do Campo”, ficando assim, Cidade de São Bernardo do Campo, onde Wallace Simonsen seria o prefeito até 1947. Rapidamente a pequena Vila do início do século XX se transforma em uma metrópole: entre 1950 e 2000, o número de habitantes saltou de 30 mil para 700 mil. Como resultado dessa expansão populacional, boa parte das áreas verdes cedeu espaços a novos loteamentos, que fizeram bairros antigos crescerem e novos bairros surgirem.
Imagem 4: Vista aérea da Represa Billings, Bairro Alvarenga Fonte: Instituto Brasileiro de Proteção ambiental
6. JUSTIFICATIVA Justifica a realização desta monografia a necessidade da adoção de medidas que melhorem a propagação da informação referente ao manejo correto de material reciclável, para que o mesmo possa ser destinado corretamente, contribuindo para aumento da vida útil de aterros sanitários e para o meio ambiente de uma forma geral. Vivemos hoje em uma era de consumismo demasiadamente alto, onde uma das saídas para a redução da extração de matéria prima do meio ambiente pode ser a coleta seletiva. O lixo que a sociedade gera nas suas mais complexas áreas de atuação, causa enorme dificuldade para destinação e tratamento final. A coleta
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seletiva é considerada como uma forma de minimizar essa situação, dando destinação diferenciada ao resíduo potencialmente reciclável, reduzindo o encaminhamento para locais impróprios e sem a mínima estrutura para a disposição final, como lixões a céu aberto ou terrenos baldios. A cidade de São Bernardo do Campo realiza a coleta seletiva em quase todos os bairros da cidade, o que falta é essa informação chegar a mais moradores, pois a grande maioria não tem conhecimento desse serviço e também não sabe como separar corretamente o resíduo gerado em suas residências.
6.1. FORMULAÇÃO DO PROBLEMA A grande maioria das pessoas não recicla por desmotivação, falta de estrutura e porque não sabem dos benefícios da reciclagem. A estrutura para reciclar é deficiente e muito pouca para tanto material que poderia estar sendo destinado à reciclagem e não para os lixões e aterros. A falta de investimento em informação, por parte dos poderes públicos, impede aqueles que querem fazer a reciclagem, pois não sabem como fazê-la. O sistema de reciclagem existente é pouco para a grande quantidade de resíduo gerado.
6.2. HIPÓTESES O acompanhamento e gerenciamento da coleta, desde o armazenamento, venda e ou doação, pode contribuir para o gerenciamento eficaz do sistema de coleta seletiva. Focar os objetivos e divulgar notas em jornais, boletins na internet, palestras, reuniões, gincanas, cartazes, são estratégias que incentivam e divulga para aqueles que ainda não conhece, a começar fazer parte do sistema de coleta seletiva do município de são Bernardo do Campo, criando uma cultura que fará que faça a reciclagem em qualquer lugar que estiver morando ou visitando.
6.3. METODOLOGIA
Este trabalho foi desenvolvido a partir de pesquisa descritiva quantitativa através do uso de um questionário simples, aplicado em regiões distintas do
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município de São Bernardo do Campo, com perguntas simples e objetivas, e também pesquisas bibliográficas caracterizadas por busca em fontes acadêmicas, biblioteca da Faculdade Anchieta, Secretaria do Verde e Meio Ambiente (SP), Secretaria de Gestão Ambiental (SBC), CETESB – Companhia Estadual de Tecnologia e Saneamento Ambiental, CEMPRE – Compromisso Empresarial para Reciclagem, bibliotecas municipais, das bases de dados do Google Acadêmico e Scientific Electronic Library Online (Scielo), teses de doutorado, dissertações de mestrado, e publicações científicas. Foram também utilizadas informações localizadas na INTERNET. Houve a necessidade de complementação de pesquisa em sites de empresas, organizações e sites pessoais (blogs) quando a informação era relevante para os assuntos estudados. Também foram extraídas informações de notícias publicadas em revistas e jornais. Foi utilizada como base para o trabalho a Lei n° 12.305/2010, que dispõe sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Os textos obtidos foram avaliados segundo a qualidade da informação e credibilidade dos institutos. Na apresentação das soluções de cada resíduo foram selecionadas as mais citadas na literatura e com maior quantidade de dados disponíveis. 6.4. Atividades Prévias Nas etapas desta atividade o levantamento bibliográfico acompanhou as disciplinas cursadas. Em seguida essa monografia foi orientada para o detalhamento do projeto de pesquisa apresentado na qualificação, e mais tarde orientada para ser atualizada e discutida. Uma pequena pesquisa piloto desenvolvida ao longo do curso a respeito de programas de reciclagem, permitiu experimentar formas de abordagem dos atores sociais, questões a serem formuladas e formas de registro dos resultados. Neste trabalho foi visitado o Centro de Ecologia e Cidadania em São Bernardo do Campo, que é uma instituição que faz parte da coleta seletiva e reciclagem dos resíduos sólidos coletado pela prefeitura.
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6.5. Atividades de Campo Na instituição visitada que realiza a manipulação física dos resíduos foi feita uma visita técnica com o objetivo de conhecer mais de perto as atividades, identificando detalhes e verificando as condições de operação, tais como estado de conservação dos equipamentos, aspectos sanitários, odor, quantidade de resíduos armazenados e outros. Foi possível acompanhar diretamente as atividades de coleta, pesagem e processamento dos resíduos. Sempre que possível foram tiradas fotografias, onde algumas das quais apresentadas a seguir. Não foi possível fazer entrevistas devido à falta de autorização e não ter havido encontrado a pessoa responsável pelo local que poderia dar as informações suficientes.
Imagem 5: Centro de Ecologia e Cidadania, Bairro Assunção Fonte: Equipamento próprio
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Imagem 6: Centro de Ecologia e Cidadania, Bairro Assunção Fonte: Equipamento próprio
Imagem 7: Centro de Ecologia e Cidadania, Bairro Assunção Fonte: Equipamento próprio
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7. COLETA SELETIVA Existe certa confusão em torno do termo “coleta seletiva”. Ela é confundida entre separação dos materiais possíveis de serem reciclados e também com os processos de reciclagem propriamente ditos. Na verdade, coleta seletiva pode representar apenas uma etapa do da longa cadeia do ciclo de vida dos produtos. Depois de produzidos e utilizados, os produtos devem ser descartados e destinados a alguma forma ambientalmente correta de destinação final. A coleta seletiva é simplesmente a ação de transportar tudo aquilo que foi segregado em sua fonte geradora e pode ser aproveitado para reciclagem, onde voltara ao ciclo de produção se transformado em matéria prima para outros produtos através de coprocessamento ou até mesmo de artesanato. A coleta seletiva gera benefícios Ambientais e geográficos minimizando a quantidade de resíduos a serem destinados ao aterramento, principalmente os que ocupam maiores volumes, otimizando a utilização de áreas para a destinação final. Constata-se, também, um melhor aspecto sanitário da cidade, a otimização dos serviços de coleta de resíduos sólidos urbanos e a melhoria do ambiente urbano, a partir da melhoria da conscientização daqueles que aderem à coleta seletiva. A coleta seletiva proporciona a geração de empregos à população, principalmente aqueles de menor nível sócio-econômico e marginalizada ou fora do mercado de trabalho. Reduz o custo da coleta regular e destinação final de resíduos sólidos urbanos, além de gerar emprego e renda. Os programas de coleta seletiva contribuem para mudança de valores e atitudes da população participante. São muitas as vantagens da reciclagem e coleta seletiva do lixo. Como:
A diminuição do consumo de matérias primas virgens (muitas delas não
são
renováveis
e
podem
apresentar
ainda
exploração
dispendiosa);
Contribui para diminuir a poluição do solo, água e ar; Melhora a limpeza da cidade e a qualidade de vida da população;
Prolonga a vida útil de aterros sanitários;
Melhora a produção de compostos orgânicos;
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Gera empregos para a população não qualificada e receita para os pequeno e micro empresários;
Gera receita com a comercialização dos recicláveis;
Estimula a concorrência, uma vez que os produtos gerados a partir dos reciclados são comercializados em paralelo àqueles gerados a partir de matérias-primas virgens;
São três os fatores que podem garantir a eficiência de um sistema de coleta seletiva:
Moradores conscientes e motivados;
Estrutura compatível com o volume do material a ser coletado, triagem e comercialização, lucro compatível e eficiência gerencial;
Mudança dos hábitos dos morados da cidade.
7.1. Modelos de Coleta Seletiva Coleta seletiva com entrega voluntaria: É um modelo onde o próprio gerador se desloca até um posto de entrega voluntária e deposita o material reciclável segregado em contêineres. A segregação dos resíduos pode ser realizada de acordo com a característica dos mesmos (papeis, plásticos, vidros e metais), havendo o depósito desses resíduos em contêineres com separação para cada tipo de material ou segregando-se todos os resíduos recicláveis misturados, onde serão separados posteriormente por alguma cooperativa ou órgão público. Coleta seletiva porta a porta: Neste modelo o material reciclável, denominado lixo seco e o material orgânico, denominado lixo úmido é embalado separadamente e dispostos para a coleta regular, em local próximo do ponto gerador. Tal sistema traz maior comodidade aos participantes. Coleta seletiva praticada por coletores autônomos: Adotado por catadores ou carrinheiros autônomos que percorrem as vias públicas, incluindo residências, comércios e outros pontos geradores, segregando e recolhendo resíduo reciclável com maior valor agregado ao mercado, para efeito de comercialização. Nesse caso específico estão incluídas também as associações ou cooperativas de catadores autônomos que podem atuar com ou sem parcerias com o poder público.
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Coleta seletiva com postos de troca: Operada geralmente pela iniciativa privada, este modelo baseia-se na troca de resíduos recicláveis por algo que tenha valor monetário correspondente ao valor comercial do resíduo que se esta trocando. Coleta seletiva com destinação do resíduo coletado à associação ou cooperativas de classificadores: O processo de coleta de resíduos segregados seletivamente pela população é operado pelo poder público e o resíduo coletado é entregue a associações ou cooperativas de classificações que selecionam os resíduos por grupo e tipo e os comercializam aos sucateiros ou diretamente às indústrias reprocessadoras. Normalmente a receita de comercialização é rateada entre os associados, porém, a despesa com a coleta é sempre do poder público. A cidade de São Bernardo do Campo, por ser uma cidade considerada de grande porte, com cerca de 900 mil habitantes, tem facilmente espaço para implantar todos estes modelos de coleta seletiva, sem prejuízo de nenhum deles. O que se observa através da Imagem 8, é a falta de dimensionamento para a correta capacidade dos locais de recebimento de coleta voluntaria de resíduos recicláveis.
Imagem 8: Eco ponto em estado de abandono, Bairro Assunção Fonte: Equipamento próprio
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7.2. Responsabilidade compartilhada A responsabilidade compartilhada é uma das obrigações prevista na PNRS, onde responsabiliza o produtor a gerenciar o destino final de seu resíduo sólido produzido, ou seja, ele fica responsável pelo ciclo de vida do seu produto. Podemos observar na Imagem 8 que não podemos deixar somente para o produtor do resíduo a responsabilidade de destinação correta. Devemos participar desse ciclo para que seja cumprida a lei. A forma de participação é fiscalizando e denunciando. Fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes terão que investir para colocar no mercado artigos recicláveis e que gerem a menor quantidade possível de resíduos sólidos. Deverão também se adotadas medidas para receber embalagens e produtos após o uso pelo consumidor para que se minimize o volume de lixo que é disposto todos os dias na cidade, o que contribuirá com o processo de recolhimento desses materiais, sua desmontagem, limpeza e destinação ambientalmente correta, denominando-se de logística reversa. A logística reversa é a área da logística que trata dos aspectos de retornos de produtos, embalagens ou materiais ao seu centro produtivo ou descarte. Seu objetivo é atender aos princípios de sustentabilidade ambiental como o da produção limpa, onde a responsabilidade é desde sua produção, até o destino final de seu produto e embalagens, ou seja, quem produz deve responsabilizar-se também pelo destino final deste produto gerado, de forma a reduzir o impacto ambiental que eles causam. Os principais objetivos da logística reversa são reduzir a poluição do meio ambiente e os desperdícios de matéria prima, assim como as possíveis reutilizações e reciclagem dos mesmos. Várias cidades descartam, de forma imprópria, grandes volumes de materiais que poderiam ser reaproveitados para reciclagem, gerando emprego, economia e diminuindo o volume destinado ao aterro. Em São Bernardo do Campo a coleta seletiva foi implantada em 18 de setembro de 2000 com o objetivo de formar uma consciência ambiental sustentável. A forma adotada pela cidade é a entrega voluntária feita em mais de 203 eco pontos distribuídos na cidade em ruas, escolas, supermercados e próprios municipais. A
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entrega voluntária implica, pelo cidadão, a segregação em sua residência até a quantidade suportada pelo espaço que se tem disponível, e transportá-lo até um eco ponto perto de sua residência. Nestes eco pontos são recolhidos diariamente cerca de 6,5 toneladas de material reciclado, sendo que a quantidade poderia ser quase três vezes maior se não fosse à ação dos catadores de rua, carroceiros, etc, não engajados a nenhum programa social deste município. Os resíduos recicláveis coletados nos eco pontos são transportados e doados para duas Casas de Ecologia e Cidadania, localizadas no bairro Assunção e vila Vivaldi. Construídas e equipadas pela Prefeitura estas casas foram cedidas com permissão de uso para Associação dos Catadores Refazendo e para a Associação dos Catadores Raio de Luz. A Associação de Catadores Raio de Luz, na vila Vivaldi, existe desde 12 de fevereiro de 2001, com 34 associados, enquanto a Associação dos Catadores Refazendo foi fundada no dia 6 de fevereiro de 2001, com 43 associados. A vantagem da criação destas associações é que a negociação dos materiais recicláveis pode ser feita diretamente com a indústria, evitando assim os intermediários, o que ocasiona um melhor preço do material. O programa Lixo e Cidadania foi criado pela prefeitura de São Bernardo do Campo em 1996, com o objetivo de retirar famílias que viviam no antigo lixão do Alvarenga. As atividades deste lixão foram encerradas em julho de 2001, com a erradicação do trabalho infantil e a criação de trabalhos alternativos e dignos para dezenas de famílias que ali viviam. Após dez anos de execução deste programa, os resultados alcançados pelo trabalho desenvolvido dentro da política pública da Prefeitura são relevantes para cerca de 90 famílias que viviam no extinto lixão. Resgatou-se a auto-estima, capacitação técnica, quantificação e requalificação para o trabalho coletivo e inclusão de crianças e adultos no sistema municipal de ensino. No ano de 2010 foi constatado um aumento de 15% na coleta seletiva em relação ao ano anterior, segundo dados divulgados pela Seção de Limpeza Pública da do Município. Este número poderia ser maior se não fosse pelas dificuldades enfrentadas pela falta de consciência dos moradores ao descartar o lixo de forma inadequada.
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Onde há coletores em locais abertos, o que se nota é a presença de materiais diferentes dos recicláveis, ocasionando a presença de resíduos contaminados e não recicláveis. Os ecos pontos que realmente funcionam são os que ficam dentro de escolas e supermercados, ou seja, em locais fechados, logo nos eco pontos que ficam sem fiscalização é notada a falta de consciência dos usuários em depositar animais mortos, lixo orgânico, restos de entulho, contaminando o material reciclado deixando-o sem reutilização e devendo ser destinado a aterros sanitários, o que foge da principal idéia da criação do eco ponto. Além de dificultar o trabalho dos centros de reciclagem, este resíduo contaminado faz os resíduos recicláveis perderem o valor comercial e prejudicar a saúde dos coletores. A coleta seletiva de São Bernardo do Campo atende a menos de 1% de todo material que poderia ser reciclado. Os eco pontos disponíveis são insuficientes para atender a demanda que o município gera. A falta de investimento sério esta jogando nos aterros sanitários de outras cidades, já que em São Bernardo do Campo não tem aterro sanitário, mais de 90% de material reciclável que poderia estar gerando rendas para o município e economizando com transporte e despesas com a destinação de todo esse resíduo. A falta de consciência dos moradores de São Bernardo do Campo, de estrutura adequada, de informação suficiente pode ser constatada no questionário aplicado em diferentes locais da cidade, para diferentes classes sociais e idades, com uma amostragem significativa de 308 questionários respondidos.
8. QUESTIONÁRIO A pesquisa utilizou o questionário como instrumento para estudar as questões que levam um morador da cidade de São Bernardo do Campo a deixar de praticar a segregação e destinação correta de seus resíduos produzidos na residência. Este questionário é parte de um trabalho sobre o comportamento e conhecimento da coleta seletiva e seus objetivos são discutir os procedimentos relevantes para coletar e divulgar dados sobre a coleta seletiva na cidade.
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O procedimento de divulgação deste questionário varia entre emails enviados a pessoas moradoras da cidade, redes sociais da cidade, e também a aplicação em setores públicos municipais, bairros, vizinhos, dentro de ônibus, mercados e algumas escolas. Alcançado exaustivamente a quantidade de 308 respostas, onde se poderia alcançar um número bem maior, se não fosse pela resistência de muitos em responder algo simples relacionado ao conhecimento sobre o assunto. A quantidade de respostas pode ser bem representativo devido à grande diferença entre pessoas de classes sociais distintas que responderam e aos diferentes e longínquos locais visitados. A preocupação metodológica estava na construção do instrumento de pesquisa e na coleta de dados, a caracterização das pessoas não foi considerada importante devido ao fato que qualquer um que respondesse o questionário seria passível de participar da coleta seletiva. Foi construído um questionário que continha questões diretas objetivas e fechadas, facilitando a tabulação dos resultados almejados. Os resultados alcançados são de 30 dias de coleta de dados num total de 308 respostas válidas.
8.1. Resultado do Questionário 8.1.1. Perfil dos entrevistados
Quanto à faixa etária daqueles que responderam o questionário, 21,4% apresentaram idade menor que 20 anos; 51% têm entre 20 e 30 anos; 10,7% de 31 a 40 anos; 10,3% de 41 a 50 anos; 6,6% acima de 51 anos. Em relação ao grau de educação, 31, 1% tem o terceiro grau incompleto; 21,6% têm o terceiro grau completo; 12,8 têm o segundo grau incompleto; 12,5% têm o segundo grau completo; 9,5% têm pós graduação completa; 8,8 têm pós graduação incompleta; apenas 3,7% não têm estudo ou seu grau de instrução é muito pouco. O grau de instrução aferido é de 72% de munícipes com o ensino superior, 21% cursando e 7% com ensino abaixo do ensino médio.
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A média encontrada de pessoas que moram na residência do entrevistado é de três pessoas.
8.1.2. Resultado das respostas do questionário
Todas as perguntas foram feitas de forma fechada, onde o entrevistado poderia responder sim ou não.
Pergunta 1: Você sabe quantos quilogramas de lixo (resíduo sólido) são gerados por dia em sua casa? Foram 79% os que responderam não, sendo que o restante que respondeu sim deu uma margem para cálculo que corresponderia a uma média de 2,3 quilos por pessoa. Com esse percentual apresentado pode ser concluído que não é importante saber o que produzimos em nossa residência. O importante é colocar o saco de lixo na rua e como um passe de mágica ele desaparece de nossa vista. Nada no mundo desaparece. O lixo vai para outro lugar, longe dos olhos, e vai formando montanhas de problemas que podem estar diretamente ligado as taxas que são cobradas anualmente na forma de impostos.
Pergunta 2: Nesta pergunta foram colocadas algumas alternativas para responder o que é reciclar. - 48% responderam que reciclar é separar os resíduos por tipo; -37%, reutilizar os materiais (resíduos) novamente antes de descartá-los definitivamente; - 12% disseram que reciclar é encaminhar para um aterro sanitário adequado; - 3%, modificar as características do material, produzindo outro material.
A falta de informação ainda é o grande vilão da coleta seletiva. Com 48% dos pesquisados respondendo que reciclar é separar resíduos por tipo, nos faz pensar que a grande maioria
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Pergunta 3: Pratica coleta seletiva? SIM: 42,52%,
NÃO: 57,48%
Pergunta 4: Você conhece algum projeto de reciclagem em sua cidade? SIM: 17,6%,
NÃO: 82,4%
Pergunta 5: Tem conhecimento das práticas normativas a respeito da Logística Reversa? SIM: 9,3%,
NÃO: 90,7%
Pergunta 6: Tem conhecimento das práticas normativas a respeito da Responsabilidade Compartilhada na geração de resíduos sólidos? SIM: 4,31%,
NÃO: 95,69%
Pergunta 7: No seu bairro existe um local apropriado para depositar os resíduos recicláveis? SIM: 10,29%,
NÃO: 89,71%
Pergunta 8: É viável fazer a coleta seletiva em sua casa? SIM: 43,85%,
NÃO: 56,15%
Pergunta 9: Ao separar o lixo (resíduo) por tipo, você precisa ou precisaria levá-los ao local de coleta utilizando automóvel? SIM: 92,69%,
NÃO: 7,31%
Pergunta 10: Você tem motivação para praticar a coleta seletiva dentro de sua casa? SIM: 78,73%,
NÃO: 21,27%
Pergunta 11: Se a coleta seletiva lhe trouxer remuneração, você a praticaria? SIM: 66,77%,
NÃO: 33,23%
Na pergunta 11 foram dadas doze alternativas para ser escolhida pelo entrevistado.
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Será citado apenas a três que tiveram um maior número de respostas.
Pergunta 11: Quem tem a responsabilidade sobre a questão do lixo? 1º - toda a sociedade 2º - a prefeitura 3º - o dono do imóvel
8.1.3. Interpretando as respostas do questionário
A maioria das dificuldades na literatura e na prática são reconhecidas e identificadas pelos entrevistados, o que mostra que existe um conhecimento significativo a respeito da coleta seletiva e uma dificuldade grande em participar do programa. Entretanto, os preconceitos estão arraigados e é necessária mais ênfase na divulgação das possíveis soluções encontradas. A partir da segunda resposta o que podemos concluir é a falta de conhecimento do que é coleta seletiva. Isso indica que o município de São Bernardo do Campo ainda tem que investir muito mais em educação ambiental e divulgação sobre o assunto. Notadamente
foi
registrado
nos
indivíduos
que
responderam
o
questionário, a manifestação de interesses, que de alguma forma atualmente apenas separam e fazem a triagem dos seus resíduos domiciliares, em colaborar realizando mais etapas do que se pode entender de coleta seletiva, como lavar, segregar e dar o destino correto ao resíduo. Este interesse poderia ser incentivado, e parcerias e políticas municipais poderiam ser facilitadores para facilitar estas ações. Uma questão fundamental que se pode observar através das respostas do questionário é a dificuldade de encontrar um local próximo para a deposição do material possível de ser reciclado. Apenas 10,9% dos indivíduos que responderam o questionário disseram que sabem onde tem um eco ponto. O município de São Bernardo do Campo dispõe de 203 ecos pontos, mas esse número se mostra pequeno em relação ao tamanho da cidade. O mau dimensionamento da capacidade de um eco ponto é visível na Imagem 9.
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Imagem 9: Eco ponto com capacidade esgotada, Vila Marlene Fonte: Equipamento próprio
Com somente dois pontos de triagem, a descentralização se torna um obstáculo para quem quer entregar seu material reciclável. O transporte pode ser um obstáculo, já que 92,69% dos entrevistados disseram precisar de um meio de transporte para levar o material reciclado ao destino correto. Alguns municípios, como Tibagi/PR, fazem a coleta do material reciclável juntamente com a coleta do lixo, como mostra a Imagem 10.
Imagem 10: Caminhão de coleta de lixo e seletiva de Tibagi Fonte: www.tibagipr.gov.br
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A pequena adaptação no veículo que recolhe o lixo, já foi suficiente para aumentar muito a coleta seletiva deste município. Em função do custo de transporte, pode ser preferível também, ter unidades de triagem em um número maior de bairros, de modo a viabilizar o transporte dos materiais recicláveis das residências para entrega voluntária e assim aumentar significativamente a coleta seletiva do município.
9
ASPECTOS
TÉCNICOS
E
ECONOMICOS
DO
GERENCIAMENTO
DE
RESÍDUOS SÓLIDOS O gerenciamento de resíduos sólidos domésticos envolve uma série de equipamentos e técnicas. Existem diversas alternativas tecnológicas disponíveis cada qual com suas vantagens e desvantagens entre aspectos operacionais, ambientais, de saúde pública e de custos. Neste capitulo são descritos sucintamente os aspectos técnicos e econômicos mais relevantes, com destaque para aqueles intimamente ligados à questão da coleta seletiva e da reciclagem de resíduos sólidos domésticos.
9.1. Sistema de resíduos sólidos: aspectos técnicos
Os sistemas de resíduos sólidos constituem conjunto ordenado de estruturas e serviços cujo objetivo é solucionar o manejo e a destinação de resíduos de forma sanitária e ambientalmente segura e economicamente viável. As atividades básicas do sistema são a coleta, o acondicionamento, o transporte, o tratamento e a disposição final dos resíduos sólidos (OLIVEIRA 1982).
9.1.1. Acondicionamento O acondicionamento correto é importante porque contribui para evitar a proliferação de vetores, problemas com odores e com a estética e o bem-estar (OLIVEIRA 1982). È efetuado pela própria população servida, e é por isso a etapa do gerenciamento em que os geradores participam mais diretamente.
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A forma de acondicionamento deve oferecer normas específicas, tias como tipo de embalagem, horário de colocação na calçada e quantidade máxima de volume, dependendo da regulamentação municipal. Deve também se estabelecida de modo a facilitar a coleta e o transporte. Nos locais onde não é possível o acesso dos veículos de coleta, devem ser instaladas lixeiras coletivas em pontos estratégicos, onde o veículo possa chegar, e a população deve levar o lixo até esses locais.
9.1.2. Coleta A coleta é o componente do sistema de resíduos sólidos mais sensível aos olhos da população, e por isso mais passível de críticas (OLIVEIRA 1982). Falhas no serviço de coleta levam ao acúmulo de resíduos, propiciando a proliferação de maus odores e de vetores, além de incômodos como a poluição visual e o mau cheiro. A coleta pode ser feita de forma unificada ou com segregação de materiais. A coleta unificada tem a vantagem de ser mais barata, e a coleta com segregação facilita o reaproveitamento de materiais e os processos de tratamento que venham a ser aplicados. A freqüência da coleta deve ser definida em função do custo e do acúmulo de resíduos. Quanto maior a freqüência, maior o custo, porém quanto menor a freqüência, maior o acúmulo de resíduos nos domicílios. O ponto de coleta (calçada ou interior da casa), horário, roteiro e equipamento são parâmetros importantes a serem definidos nas etapas de planejamento. A coleta sem segregação de materiais ou seletiva, como costuma ser chamada, pode ser feita em sistema de entrega voluntária ou porta-a-porta. No primeiro caso, são colocados contêineres em pontos estratégicos, ou então são estabelecidas instituições que recebem os materiais, que em ambos os casos são levados pela própria população. No segundo caso, os veículos coletores circulam recolhendo os resíduos de cãs em casa, como na coleta regular. A segregação de materiais pode, neste caso, ser efetuada seguindo diferentes critérios. Uma das formas mais comuns de segregação é aquela que divide os resíduos em secos e úmidos, correspondendo os primeiros a fração reciclável. É possível também separar os resíduos, para efeito de coleta, num número maior de grupos, dependendo da
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economicidade, da participação da população e dos equipamentos disponíveis, entre outros fatores. Além da coleta institucionalizada promovida por órgãos de limpeza pública, existe também a possibilidade de haver atividade informal de catadores e sucateiros (Imagem 11), que coletam resíduos seletivamente. Do ponto de vista da sociedade, estes resíduos nem chegam a ser contabilizados como tal, já que houve o
reaproveitamento
antes
da
coleta
institucionalizada.
Como
a
coleta
institucionalizada é geralmente a base dos dados de geração de resíduos, a quantidade coletada informalmente não costuma ser incluída nas estatísticas da geração de resíduos
. Imagem 11: carrinheiros em Eco ponto, Rudge Ramos, SBC Fonte: Equipamento próprio
Em
alguns
municípios,
a
quantidade
de
resíduos
coletado
de
informalmente é maior que a coleta seletiva institucional. A exemplo, em São Pulo estima-se que a coleta seletiva informal representa 25% do total de resíduos sólidos domésticos coletados formalmente pela prefeitura. A coleta de materiais recicláveis presentes nos resíduos existiu durante muito tempo de maneira informal no Brasil, executada pelos próprios garis da coleta ou por catadores, coletando material reciclável do porta em porta ou nos lixões, neste caso em condições subumanas. Para planejar e administrar a coleta, são utilizados alguns parâmetros que medem a sua eficiência. A eficiência da utilização da mão-de-obra de coleta pode
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ser avaliada pela quantidade de resíduos coletada por pessoa por período de tempo, usualmente uma hora de trabalho. A taxa de desvio (WELLS e col. 1995) é um índice largamente utilizado para medir o alcance de programas de coleta seletiva. Consiste na relação, em termos percentuais, entre a quantidade de resíduos coletada seletivamente e a quantidade total de resíduos coletada. É utilizado pela facilidade de obtenção de dados para cálculo.
9.1.3. Transporte Os resíduos coletados são então transportados para unidades de tratamento ou para o local de disposição final. O transporte constitui geralmente uma parte importante do custo do sistema de resíduos sólidos. No caso da coleta seletiva, os resíduos recicláveis apresentam uma densidade média cinco vezes inferiores à dos resíduos misturados, o que faria supor razoavelmente um custo de transporte cinco vezes maior (CALDERONI 1998). Entretanto, tem se observado que o custo da coleta seletiva ainda é em média oito vezes maior que o da coleta convencional (CEMPRE 1999). Alguns fatores que podem estar contribuindo para este alto custo são a baixa adesão da população aos programas, o que leva a baixa eficiência operacional, a falta de vontade política das administrações em efetivamente ampliar a escala dos trabalhos e baixar os custos, além da inclusão de atividades não afetadas à coleta, como a triagem, como custo da coleta. Em princípio, todos os veículos utilizados normalmente para a coleta regular como caminhões de caçamba aberta, tipo prefeitura, compactadores e outros podem também ser utilizados na coleta seletiva. Os veículos compactadores, entretanto, podem introduzir dificuldades na etapa de triagem, além de poder quebrar peças que poderiam ser utilizadas inteiras, como garrafas de vidro. A eficiência de aproveitamento dos veículos pode ser avaliada pela quantidade de material transportada por veículo por hora.
9.1.4. Tratamento O tratamento dos resíduos sólidos visa modificar suas características como quantidade, toxidade e patogenicidade, de forma a diminuir os impactos ambientais e à saúde pública. As alternativas tecnológicas são aplicadas de acordo
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com as características particulares de composição dos resíduos sólidos, do município ou região e dos recursos disponíveis.
9.1.4.1. Triagem È uma operação que parece qualquer processo específico de tratamento. O objetivo é separar os materiais que se deseja recuperar, ou aqueles prejudiciais à qualidade do processamento ou à durabilidade dos equipamentos. Pode ser executada manualmente em pátios, mesas ou esteiras rolantes. Podem também ser utilizados métodos mecânicos e automatizados, como equipamentos magnéticos, peneiras, separadores balísticos e transporte. A operação de triagem pode, portanto, ser realizada em usinas sócio-educativas (Imagem 12), nos lixões, nos sacos à espera de coleta e vários outros locais.
Imagem 12: Usina Socio-educativa de São Bernardo do Campo Fonte: Equipamento próprio
Nos processos manuais, quanto maior o grau de separação desejado e menor a quantidade de impurezas permitida, maior a mão-de-obra envolvida. No caso da separação de materiais a recuperar, os graus de pureza e limpeza do produto final, e, portanto a qualidade da triagem, os materiais podem ainda ser prensados a fim de baratear o transporte até os locais onde serão industrializados. A
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eficiência da mão-de-obra de triagem pode ser avaliada pela quantidade de resíduos triados por pessoa por hora.
9.1.4.2. Reciclagem A reciclagem de resíduos constitui o processamento de materiais, permitindo novamente a sua utilização (CALDERONI 1998). Deste modo materiais descartados são reintroduzidos num ciclo produtivo por meio de sua transformação. A reciclagem de resíduos possibilita que materiais que eram considerados resíduos para o gerador passem a ser matérias-primas secundárias para outro indivíduo e para a sociedade como um todo. A reciclagem difere da reutilização porque exige um maior grau de processamento, excedendo a simples triagem do material. Alguns processos de reciclagem podem ser realizados artesanalmente, por exemplo, para fins educativos e artísticos. A reciclagem de grandes quantidades de material é realizada normalmente em instalações industriais. Para a reciclagem de cada tipo de material há processos tecnológicos específicos. Alguns deles são baratos e largamente conhecidos, outros precisam ainda ser aperfeiçoados para melhorar a sua economicidade. Resíduos metálicos são fundidos para fabricação de lingotes ou chapas, que servirão de matéria-prima para fabricar novas peças. A reciclagem do alumínio economiza 95% da energia em relação à utilização do minério extraído da natureza. O vidro também é fundido em novas peças, com economia de 50% no consumo de água em relação à fabricação a partir das matérias-primas primárias. (POWELSON cit. Por CALDERONI 1998). Plásticos são fundidos e transformados em grânulos, que são usados como matéria-prima para fabricação de outros produtos, com economia de quase 80% de energia elétrica. Na reciclagem do papel o material é desagregado em águas e as fibras podem passar ainda por um processo de refinamento antes da utilização. Há ainda soluções criativas, como fabricação de lixeiras a partir de pneus. A reciclagem traz, em geral, benefícios ambientais. No entanto, é preciso tomar cuidado com decisões apriorísticas, porque é preciso levar em consideração a análise do ciclo de vida do produto, pra ter uma visão clara das vantagens e eventuais desvantagens ambientais envolvidas no processo de reciclagem. Para cada região geográfica pode haver vantagens e desvantagens diferentes para a reciclagem de determinados materiais.
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A reciclagem de materiais pelas indústrias depende muito da viabilidade econômica. Sobre este processo pesa também a dificuldade de desenvolvimento de mercado para os produtos reciclados, que muitas vezes são vistos como produtos de qualidade inferior. Por outro lado, diversos produtos já fabricados com materiais reciclados não se utilizam ainda do fato de conterem materiais reciclados como vantagem competitiva no mercado, preferindo omitir a informação.
9.1.4.3. Compostagem
A compostagem é um processo biológico aeróbio de decomposição da matéria orgânica, contida em restos de origem animal ou vegetal, transformando os resíduos orgânicos em resíduos estabilizados (BIDONE, 2001, p.45). É um dos métodos mais antigos de reciclagem, durante o qual a matéria orgânica é transformada em fertilizante orgânico. Além de ser uma solução para os problemas de resíduos sólidos, o processo de compostagem proporciona retorno de matéria orgânica e de nutrientes ao solo (CARDOSO; MELLONI; JAHNEL, 1999).
Este processo é possível graças à ação de agentes biológicos microbianos, que necessitam de condições físicas e químicas adequadas para a formação de um composto orgânico de boa qualidade. São dois os principais graus de
decomposição
do
material
submetido
ao
processo
de
compostagem:
bioestabilizado e umidificado. O primeiro indica que o composto já pode ser aplicado como fertilizante sem causar danos às plantas, porém deve ser incorporado com mais solo por ainda estar ácido e seus tecidos biológicos (pedaços de cascas, entre outros) ainda existirem; e o segundo possui cor, textura e cheiro de terra, além de indicar que o material está completamente degradado e estabilizado, com qualidade apropriada para ser utilizado (NAUMOFF, 1995). A utilização desse material em propriedades rurais acaba sendo uma estratégia do agricultor em transformar os resíduos agrícolas em adubos essenciais para aplicação na agricultura orgânica. Em propriedades urbanas, a compostagem é aplicada visando diminuir o volume do material a ser gerenciado, além de estabilizar um material poluente (NAUMOFF, 1995). Para a aplicação da compostagem é necessária a instalação de uma usina de triagem e compostagem. Segundo NAUMOFF (1995), a instalação deste tipo de
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usina resulta em redução de 70%, em média, da quantidade de lixo destinada ao aterro, conseqüentemente reduz os custos e aumenta o tempo de vida útil da operação de um aterro sanitário. O processo pode ocorrer por dois métodos: no método natural, a fração orgânica do lixo é levada para um pátio e disposta em pilhas de formato variável, conhecidas como pilhas de compostagem, representadas na figura a seguir:
Imagem 13: Compostagem Fonte: ETHOS, 2009
A aeração para o desenvolvimento do processo é obtida através de revolvimentos periódicos com auxílio de equipamento apropriado, completando o tempo de compostagem num período de três a quatro meses. O segundo processo é o método acelerado, onde a aeração é forçada por tubulações perfuradas, sobre as quais se colocam as pilhas de lixo, ou reatores, onde em seu interior são depositados os resíduos, avançando no sentido contrário ao da corrente do ar. Após um destes processos, os materiais são dispostos em pilhas, como no método natural. O tempo total da compostagem acelerada varia de dois a três meses (NAUMOFF, 1995). Os lixos que podem ser processados nas usinas são os domiciliares e oriundos da prestação de serviços em alimentação, como restaurantes, centros comerciais e lojas. Eventualmente, também são processadas podas de jardim, porém as mesmas têm que estar bem trituradas. Os resíduos de serviço de saúde e
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os resultantes da varrição não podem ir para compostagem: os mesmos devem ser destinados respectivamente ao aterro e à incineração, por representarem riscos á saúde pública (NAUMOFF, 1995). O lixo de origem domiciliar tem sua composição que varia conforme as características de cada localidade, a estação do ano, e ainda em função dos aspectos socioeconômicos e culturais de cada população. Cerca de 50% de seu peso é constituído de matéria orgânica, como as sobras de cozinha, restos de origem animal e vegetal, papel, papelão, entre outros (NAUMOFF, 1995). Durante o processo de compostagem devem ser analisados alguns fatores, como a aeração: para a realização da atividade biológica e, em níveis adequados, possibilita que a matéria orgânica seja decomposta de forma mais rápida, sem gerar odores ruins. A relação carbono/ nitrogênio (C/N): os microorganismos precisam de uma mistura rica em carbono e nitrogênio. Para ser degradado o material deve conter em torno de 25 a 30 partes de carbono para cada parte de nitrogênio (BONELLI; PACHECO; MANO, 2005, p. 108). O carbono ajuda no desenvolvimento dos microorganismos e o nitrogênio, na síntese de proteínas (WEBRESOL). A umidade: para uma boa compostagem, a umidade deve ser mantida em torno de 50%. Se for inferior, a atividade biológica é reduzida, e se for muito elevada ocorre á anaerobiose. Nesta condição, sem oxigênio, forma-se o chorume, líquido negro e de odor desagradável, que escorre do material em decomposição (NAUMOFF, 1995). Temperatura: o processo tem início à temperatura ambiente, porém, com a intensificação da ação microbiana com a aeração apropriada, as temperaturas podem atingir marcas de 55 a 60°C. Essa fase, denominada termófila, elimina agentes patogênicos e sementes de ervas daninhas presentes no material (NAUMOFF, 1995). Nutrientes: a relação (C/N) desejável para o início da compostagem deve ser da ordem de 30/1. Durante o processo, parte do carbono é transformada em gás carbônico (CO2) e parte é usada para o crescimento microbiano. O nitrogênio fica retido no material como nitrogênio orgânico e inorgânico. Relações (C/N) elevadas (60/1, por exemplo) demandam um maior tempo de compostagem. Se a relação for muito baixa, ou seja, teor de nitrogênio elevado, deve-se incorporar ao material outro
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resíduo, rico em carbono, para que a compostagem seja adequada (NAUMOFF, 1995). Potencial hidrogeniônico (pH): O lixo domiciliar é ácido, com pH na faixa de 4,5 a 5,5. O composto umidificado tem o pH da ordem de 7,0 a 8,0 (NAUMOFF, 1995). As instalações de uma usina de triagem e compostagem natural podem ser compostas por seis setores: recepção e expedição; triagem; pátio de compostagem; beneficiamento e armazenagem de composto; aterro de rejeitos; sistema de tratamento de efluentes (NAUMOFF, 1995). O setor de recepção e expedição é composto por instalações e equipamentos de controle de entrada (resíduos, insumos, etc.) e saída (composto, recicláveis, rejeitos) (NAUMOFF, 1995). A triagem é o local onde se faz a separação das diversas frações do resíduo. O equipamento principal deste setor é a esteira de triagem, que é revestida com borracha, que desliza por roletes, movimentando o lixo de uma extremidade à outra, permitindo assim que os trabalhadores possam retirar os materiais recicláveis. Este material é separado e levado para as baias de recicláveis ou para o seu beneficiamento (NAUMOFF, 1995). Para que haja a separação máxima de metais, principalmente pilhas elétricas se tornam necessário a implantação, no final da esteira, um separador magnético (NAUMOFF, 1995). O pátio de compostagem é a área onde a fração orgânica do lixo sofre decomposição microbiológica, transformando-se em composto. O local deve ser impermeabilizado e dotado de captação e drenagem de efluentes que deverão ser destinados ao respectivo sistema de tratamento. As águas pluviais devem ser captadas e desviadas para o seu sistema correspondente (NAUMOFF, 1995). A fração orgânica na maioria dos casos é disposta em pilhas ou leiras cônicas, ou trapezoidais e piramidais, que devem ser revolvidas periodicamente até a obtenção da cura do composto (NAUMOFF, 1995). Beneficiamento e armazenagem: “o beneficiamento do composto curado consiste em peneirá-lo, retirando materiais indesejáveis (cacos de vidro, etc.), dando-lhe menor granulometria e tornando-o manuseável para o agricultor.” (NAUMOFF, F.A; PERES, S.C, 2000, p.104).
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O beneficiamento dos materiais recicláveis é caracterizado pelos processos de prensamento e enfardamento, para facilitar seu manuseio e transporte. O armazenamento dos produtos beneficiados deve ser feita em local protegido de intempéries (NAUMOFF, 1995). Aterro de rejeito é o local para onde são encaminhados os materiais volumosos e os rejeitos da seleção do lixo e do beneficiamento do composto. Este aterro deve ser compatível com as características do material, e sua localização deve ser aprovada por órgão responsável pelo meio ambiente (NAUMOFF, 1995). “O setor de tratamento de efluentes recebe e trata as águas residuárias da lavagem dos equipamentos da usina, da lavagem de veículos e os líquidos provenientes do pátio de compostagem e do aterro de rejeitos, quando estiver localizado na mesma área.” (NAUMOFF, F.A; PERES, S.C, 2000, p.107). Os efluentes gerados nas usinas de compostagem possuem características similares ao chorume originado em aterros sanitários, porém mais diluídos. A grande justificativa de construir usinas reside nas vantagens diretas de saneamento, redução de aterro, redução de chorume e de produção de gases, bem como os benefícios indiretos, tais como menor consumo de matérias-primas, menor consumo de energia e de insumos, como água, O2, etc., e redução da poluição ambiental para a produção de bens, recuperação de solos, etc. (NAUMOFF, F.A; PERES, S.C, 2000, p.112).
A compostagem é um processo lento, que dependendo da tecnologia empregada pode levar de 45 a 180 dias. Geralmente exige áreas relativamente grandes de pátio para a etapa de cura.
9.1.4.4. Incineração Conforme descrito por BARBOSA (1995), a incineração é uma tecnologia térmica para o tratamento de resíduos, como por exemplo, os domiciliares que contém quantidade significativa de matéria orgânica. O processo é caracterizado pela queima de materiais em alta temperatura (geralmente, cerca de 900°C), em mistura com uma quantidade apropriada de ar e durante um tempo pré estabelecido. No caso da incineração do lixo, os compostos orgânicos são reduzidos aos seus constituintes minerais, principalmente o dióxido de carbono gasoso, sólidos inorgânicos (cinzas) e vapor d‟água. Este processo ocorre em usinas de incineração, que são instalações projetadas e construídas para este fim.
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A incineração pode ser dividida em três fases principais: o pré-tratamento; incineração e controle de poluição (BARBOSA, 1995). No pré-tratamento o lixo pode ser manipulado a granel. Primeiramente os resíduos são estocados em valas pelos caminhões, e então transferidos por multigarras para a incineração. A incineração deve atingir padrões de controle de emissões para a atmosfera, sendo caracterizada por duas fases: a combustão primária e a combustão secundária (USHIMA, 2000). A combustão primária tem duração de 30 a 120 minutos, em temperaturas que variam de 500 a 800°C. Nesta fase ocorrem à secagem, o aquecimento, a liberação de substâncias voláteis e a transformação do resíduo em cinzas. Neste processo é gerado material particulado, que é a fumaça escura gerada em uma queima não controlada (BARBOSA, 1995). A câmara de combustão secundária ou pós-combustão recebe os gases, vapores e material particulado gerados na etapa anterior, e os expõe por cerca de dois segundos a temperaturas de 1000°C ou mais. Esta elevação de temperatura destrói as substâncias voláteis e parte do material particulado (BARBOSA, 1995). Após as etapas de queima, as usinas de incineração devem investir no controle de poluição, uma vez que os gases resultantes do processo não podem ser lançados diretamente para a atmosfera sem tratamento (BARBOSA, 1995). Atualmente o equipamento mais empregado para a incineração de resíduos orgânicos domiciliares é o incinerador de combustão em grelha, que pode incinerar o resíduo sólido em seu estado bruto ou em forma beneficiada. A forma beneficiada é denominada combustível derivado de resíduos (CDR), resultante de um processo de separação dos materiais recicláveis, gerando um material com menor granulometria, por tanto mais adequado para a incineração (USHIMA, 2000, p. 208). O governo de São Paulo está planejando para que em 2012 seja instalada uma nova usina de incineração em São Bernardo do Campo, que além de reduzir o volume do lixo enviado para o aterro da cidade de Mauá, cerca de 240 toneladas, também proporcionará a geração de energia elétrica, conforme a figura abaixo (ÉPOCA, 2010).
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Imagem 14: PROJETO DE INCINERADOR A SER INSTALADO EM SÃO BERNARDO DO CAMPO–SP FONTE: REVISTA ÉPOCA, 2010.
A imagem de número 1 representa o caminhão despejando o lixo em um reservatório, em seguida o número 2 representa o reservatório, onde não há a necessidade de separação do lixo a ser incinerado, no número 3 o lixo é incinerado enquanto desce pela esteira, o número 4 é representado pelo recolhimento de cinzas e escórias, o calor e o vapor gerados na queima vão para as caldeiras, representada pelo número 5, em seguida (6) o vapor passa por turbinas que giram e geram energia. No número 7 estão os filtros, que separam o vapor da fumaça e eliminam partículas tóxicas, e na chaminé (8) é instalado um laboratório que tem a finalidade de controlar a emissão de poluentes (ÉPOCA, 2010). Este tipo de usina de incineração já funciona em países como Estados Unidos, Japão, Suécia, Dinamarca, Alemanha, Áustria e Itália. No Brasil só existe uma funcionando em caráter experimental, no campus da universidade federal do Rio de Janeiro, chamada Usina Verde (GLOBO NEWS, 2010). Nesta usina, os gases quentes do forno incinerador são aspirados através de caldeiras de recuperação; a caldeira gera vapor com temperatura e pressão suficientes para acionar o turbo gerador, que chega a gerar 600kwh de energia nova por tonelada de lixo tratado (USINA VERDE, [200-?]).
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Porém, o aproveitamento energético do lixo domiciliar apresenta desvantagens, como o custo elevado para instalação e operação (USHIMA, SANTOS, 2000).
9.1.4.5. Outros métodos A pirólise é uma decomposição física e química na ausência de oxigênio a temperaturas de 500 a 1000ºC (OLIVEIRA 1982). Resulta na produção de gases e óleos combustíveis, alcatrão, sulfato de amônia e carvão. Tem pouca aplicação no Brasil. Ainda precisa ser aperfeiçoada tecnológica e economicamente. A conversão biológica com recuperação de energia baseia-se na atividade microbiana anaeróbica, que produz gases combustíveis. Por meio da construção de digestores apropriados ou instalação de equipamentos para captação dos gases produzidos nos aterros sanitários, pode-se gerar energia pela queima de tais gases. É um método que ainda carece de viabilidade econômica na maioria dos casos (LIMA 1991). O uso de resíduos sólidos domésticos para a alimentação de animais, especialmente
de
criação,
é
permitido,
desde
que
os
resíduos
sejam
adequadamente cozidos.
9.1.5. Disposição final Os resíduos não tratados e os rejeitos dos diversos processos de tratamento precisam ser finalmente dispostos no solo, e a solução mais freqüentemente indicada é o aterro sanitário. A existência de alguma forma de disposição final é sempre necessária para absorver os rejeitos. Os aterros sanitários (Imagem 15) são obras de engenharia destinadas a acomodar os resíduos sobre o solo, minimizando os impactos ambientais e os riscos à saúde (OLIVEIRA 1982).
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Imagem 15: Modelo de Aterro Sanitário Fonte: www.lixo.com.br
Devem possuir drenos para os líquidos percolados que se formam na decomposição natural da matéria orgânica e impermeabilização adequada para evitar a contaminação dos aqüíferos. Também precisam dispor de drenos para escoamento dos gases que se formam no processo de fermentação da matéria orgânica. A operação deve incluir cobertura dos resíduos com terra, que ajuda a evitar a emanação de maus odores e o crescimento de vetores. Devem ser cercados para evitar a atividade de catadores (Imagem 16). Esgotada sua capacidade, a área deve ser recuperada do ponto de vista paisagístico e de utilização pela sociedade, respeitando-se as limitações técnicas inerentes às características dos terrenos com resíduos.
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Imagem 16: Ação de catadores em lixão municipal Fonte: www.lixo.com.br
Os aterros sanitários são, na maioria das vezes, considerados a forma mais barata de solução para os resíduos sólidos domésticos em cidades médias e grandes. Com o passar do tempo as áreas disponíveis tendem a se esgotar, provocando aumento de custos devido ao preço dos novos terrenos ou às maiores distâncias em relação aos centros geradores. Aterros sanitários se pequeno porte também tendem a ser economicamente inviáveis, por isso para as pequenas comunidades a CETESB tem indicado o aterro em valas, como uma solução adequada e economicamente acessível, desde que respeitadas determinadas características técnicas. As formas de disposição nas quais não existem cuidados para redução de impactos são normalmente chamadas de lixões. Não podem, a rigor, ser consideradas formas de disposição final, já que dispor significa colocar de forma ordenada (FERREIRA 1993). Os lixões são inadequados do ponto de vista sanitário porque propiciam a proliferação de vetores e o aparecimento de doenças. Podem provocar também poluição do solo, das águas, do ar e diversos incômodos. Do ponto de vista social acabam refletindo a miséria encontrada na região porque é fonte de renda e de alimento para catadores. Os lixões são a forma mais comum de destinação final no Brasil. (IBGE 1991). Alguns aterros em condições técnicas intermediárias são chamados de aterros controlados. Tipicamente são aqueles que recebem cobertura diária de terra
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e cujos sistemas de impermeabilização e de drenagem de líquidos e gases não existem ou não preenchem os requisitos técnicos. Esta denominação cumpriu durante algum tempo a função de diferenciar situações de descuido total daquelas que já incorporavam alguns cuidados, mas hoje é considerada imprópria por muitos profissionais, merecendo revisão.
Recursos Naturais
AMBIENTE
Resíduos líquidos e gasosos
INDÚSTRIA/ AGRICULTURA
Produtos RECICLAGEM
P r o d u t o s
CONSUMIDOR
Resíduos sólidos domésticos
REJEITOS COMPOSTAGEM
INCINERAÇÃO
ATERRO SANITÁRIO
Figura 3: Fluxograma simplificado do gerenciamento de resíduos sólidos domésticos Fonte: Autoria própria
9.1.6. Os três “R”
O gerenciamento integrado de resíduos (Figura 3) consiste na prática de utilizar diversas alternativas para solução do problema dos resíduos sólidos, de tal forma que o conjunto tenha sustentabilidade econômica, ambiental e social. Os
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sistemas de gerenciamento integrado de resíduos sólidos utilizam-se de medidas simultâneas de redução de geração na fonte, minimização por meio de diversas formas de tratamento, e disposição, de acordo com as condições locais, em proporções econômicas, sociais e ambientais ótimas. Nenhuma dessas medidas é capaz, de forma isolada, de solucionar os problemas de destinação dos resíduos sólidos domésticos (BARCIOTTE 1993 e WELLS e col. 1995). Uma forma muito comum de abordar este sistema integrado incluindo as mudanças de padrão de consumo é através da priorização dos três R‟s.
Reduzir: significa estabelecer padrões de consumo que diminuem a produção de resíduos nas fontes geradoras. A redução da qualidade de resíduos produzidos tem efeito direto nos custos de coleta e disposição final de resíduos, além da economia de água, energia e outros recursos naturais.
Reutilizar: significa utilizar o produto novamente, para a mesma finalidade ou para outra, sem necessidade de transformação do material, como é o caso das garrafas retornáveis ou a utilização da face em branco de papéis já utilizados de um lado. Da mesma forma proporciona economia de coleta e disposição final, de matérias primas e geralmente também de água e energia.
Reciclar: pelos benefícios ambientais que potencialmente proporciona, é considerada normalmente uma das soluções prioritárias. Porém a fantasia de que o ciclo de reciclagem pode ser infinito pode também contribuir para justificar o aumento do desperdício. A realidade é que em todo processo de reciclagem sempre há perdas, ou seja, não se consegue aproveitar 100% do material.
9.2. Aspectos econômicos e análise custo-benefício CHERMONT e MOTTA (1996) chamam a atenção de que existe um nível ótimo de reciclagem, abaixo do qual falta à atividade a economia de escala, e acima do qual a viabilidade econômica desaparece pelo aumento dos custos marginais para ampliação da abrangência em termos de área geográfica ou número de habitantes atendidos. É importante, em cada realidade local, buscar conhecer este ponto, para definir se serão necessárias políticas públicas ou mesmo se valem a
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pena novas políticas para modificar esta realidade e viabilizar um nível maior de recuperação. CALDERONI (1998) mostra algumas formulações alternativas para a análise custo-benefício do processo de coleta seletiva e reciclagem de resíduos sólidos. A mais abrangente delas estabelece que custos associados à coleta seletiva e reciclagem dos resíduos domésticos podem ser divididos em:
a) Custos incorridos: triagem, enfardamento, armazenamento, transporte e outros; b) Custo evitado: disposição final em aterro e, quando aplicável, transbordo e transporte adicional; c) Ganhos: energéticos, de controle ambiental e de consumo de água;
Atualmente já se reconhece a importância dos ganhos referidos no item (c), estando em desenvolvimento inclusive diversas metodologias para tal quantificação. São ganhos da sociedade como um todo, que não são percebidos na maioria das vezes pelos atores individuais, e por isso não são usualmente incluído no balanço custo\benefício pelas entidades promotoras dos programas de coleta seletiva e reciclagem. No presente estudo o item (c) pode ser representado pelo faturamento da venda dos materiais, ou seja: C=I–E+V
Onde:
C = custo total, R$/t I = custos incorridos, R$/t E = custos evitados, R$/t V = preço de venda, R$/t
Conforme explica CALDERONI (1998), do ponto de vista da sociedade a parcela V é cancelada porque a receita de um ator é cancelada pela despesa do outro.
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Os custos evitados, no caso da prefeitura de São Bernardo do Campo, podem ser representados entre outros pela correspondente diminuição da necessidade de aterro sanitário ou incineração, em função do material que é reciclado. Os custos das diferentes formas de coleta, transporte, tratamento e disposição final de resíduos sólidos variam largamente conforme as tecnologias utilizadas e as condições locais. Muitos gestores municipais, empresários, e por vezes também técnicos, buscam respostas fechadas para a questão da viabilidade econômica da coleta seletiva. CALDERONI (1998) propõe acrescentar “para quem?” a esta questão. Ele estabelece uma metodologia de cálculo dos ganhos com reciclagem do ponto de vista do sucateiro, da indústria, da prefeitura e do conjunto da sociedade. Segundo o autor, a maior parte dos ganhos, da ordem de 65%, fica com a indústria, sendo o restante dividido entre sucateiros, carrinheiros e prefeitura. Deve haver viabilidade econômica para todos os atores da cadeia para que ocorra a viabilidade econômica da reciclagem, sob a pena de interrupção da cadeia e inviabilização do processo como um todo. A questão então é como promover esta viabilidade para cada um dos atores e em todas as etapas. Dada a diversidade de situações existentes no país, cidades
pequenas,
cidades
grandes,
diferentes
culturas,
diferentes
perfis
econômicos em cada região, não há uma solução única. Para indústrias e sucateiros a reciclagem deve gerar lucro, mas para outras instituições o lucro não é essencial. No caso das prefeituras, a viabilidade econômica costuma ser estabelecida através da comparação entre custos da solução atual e os custos da coleta seletiva em termos financeiros absolutos e imediatos. Em alguns casos, a viabilidade econômica poderia ser entendida também como a autosustentação do projeto, ou seja, a independência de recursos externos ou subvenções. Do ponto de vista da sociedade como um todo, é preciso quantificar outros ganhos como energia, água, economia de divisas em matérias-primas, ganho social e outros, conforme já discutido anteriormente.
9.2.1. Custos unitários globais da coleta seletiva
O indicador mais utilizado para o custo global da coleta seletiva é o custo unitário por tonelada coletada. É calculado dividindo-se o total de despesas do programa pela quantidade de resíduos coletados ou reciclados. Na maioria das
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vezes o indicador é calculado em relação à quantidade de resíduos coletada, e às vezes em relação à quantidade de resíduos efetivamente reciclados. Algumas vezes é descontado dos custos o valor arrecadado com a venda dos materiais.
9.2.2. Componentes dos custos de coleta e triagem
O custo da coleta corresponde a custos de investimento, de operação e de mão-de-obra (PHILIPPI JR. 1979). Basicamente a mesma estrutura pode ser atribuída aos custos de triagem. Custos de capital são investimentos necessários para aquisição ou aluguel de veículos, equipamentos, terrenos e edifícios. Estes custos podem ser incorporados ao custo unitário utilizando a depreciação dos equipamentos. O custo de depreciação deveria considerar o desgaste dos equipamentos. O período de depreciação depende do tipo e qualidade do equipamento, e da experiência de cada profissional. Os custos de operação da coleta seletiva incluem combustíveis, manutenção inclusive pneus, lubrificantes e mão-de-obra. Em ambos os casos de mão-de-obra devem incluir os salários e os benefícios sociais decorrentes. Os custos de operação da triagem devem incluir materiais como ferramentas e equipamentos de proteção individual e também água e energia elétrica. Os custos totais das etapas de coleta seletiva e reciclagem dos programas correspondem à somatória dos custos de coleta e transporte, triagem e reciclagem.
I=C+T+R
Onde:
I = custos incorridos (R$/t) C = custo da coleta e transporte (R$/t) T = custo de triagem (R$/t) R = custo de industrialização (R$/t)
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9.2.3. Indicadores do mercado de materiais recicláveis
Os preços dos materiais alcançados dão indicações importantes com relação ao mercado. Há diferenças regionais importantes e a comparação entre diversas regiões é um instrumento bastante útil. Segundo CALDERONI (1998), os sucateiros enfrentam oligopsônios – mercado em que há poucos compradores – o que significa que na maioria das vezes as indústrias impõem os preços, de modo a manter a lucratividade da atividade dos sucateiros em patamares baixos. Deste modo eles procuram trabalhar mais com o mercado informal, contratando catadores, que não recebem os benefícios previstos na legislação. Outro indicador importante é a porcentagem de cada material no total de materiais vendidos, já que cada material tem aceitação diferente pelo mercado em cada região. Este índice é reflexo não apenas da composição dos resíduos domésticos, mas também da preferência por parte de quem coleta pelos materiais que lhes dão melhor rendimento financeiro. A porcentagem do faturamento devida a cada material também pode dar informações interessantes.
10. COLETA SELETIVA NO MUNDO Tanto no âmbito nacional quanto no internacional são visíveis as mudanças na forma de gerenciar resíduos sólidos domésticos ocorridos nos últimos anos. Diversos exemplos são relatados em referências bibliográficas e no noticiário jornalístico. Nos países mais desenvolvidos as quantidades de resíduos sólidos domésticos gerados por habitante são maiores que nos países em desenvolvimento, e as preocupações com minimização e redução de geração parecem estar mais presentes. A coleta seletiva faz parte do dia-a-dia da população desses países. Os “selos verdes”, que atestam vantagens ambientais são utilizados com mais freqüência nos produtos de consumo, permitindo aos consumidores melhor informação e possibilidade de decisão mais consciente quanto a comprar produtos ambientalmente mais adequados e que gerem menor quantidade de resíduos.
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O cenário internacional mostra que uma boa divulgação através de programas de educação ambiental eficiente e parcerias vêm sendo bastante aplicadas para viabilização de programas de coleta seletiva e reciclagem de resíduos sólidos domésticos. Em Montreal (Canadá) o município gastou US$ 27.000.000 com coleta seletiva em 1994, para atender 200 mil lares e operar 123 pontos de coleta seletiva. O custo inicial de implantação foi de US$ 626.600.00. Há uma usina central de reciclagem onde trabalham mais de 150 pessoas. O fato de ser central facilita a regularidade do fornecimento de material reciclável. A usina tem capacidade para processar 45 toneladas por hora. Em 1994 grupos comunitários e entidades ambientais fizeram trabalho porta-a-porta de divulgação, e houve parcerias com iniciativa privada para dividir custos do material de divulgação. Essa divulgação poderia funcionar perfeitamente no município de São Bernardo do Campo, pois o volume de material reciclável observado nas calçadas são extremamente demasiado (Imagem 17).
Imagem 17: Material reciclável em calçada pública Fonte: Equipamento próprio
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Na cidade de Cairo (Egito) o sistema de serviços de coleta de resíduos sólidos sofreu bastante com o crescimento explosivo da cidade, de modo que uma boa parte dos resíduos sólidos domésticos não era coletado pelo serviço municipal. Catadores, conhecidos como zabbaleen, coletavam os resíduos, separando materiais reaproveitáveis para vender utilizando a fração orgânica para criação de porcos. Realizavam seus trabalhos em condições sanitariamente inadequadas. O sistema foi reformado com o assentamento dos zabbaleen em áreas próprias, reurbanizadas e com formação de cooperativas de catadores e de microempresas de reciclagem. Iniciativa de uma ONG, contou com o apoio de organismos internacionais, como a Fundação Ford e de órgãos dos governos local e nacional (THE MEGA CITIES PROJECT 1995). A reciclagem é amplamente praticada na América Latina, mas a quantidade de material reciclado não é grande em relação ao total de resíduos gerados. Há projetos piloto de coleta seletiva porta-a-porta em Buenos Aires e em Cali. Em Lima a atividade de 5.200 catadores recupera aproximadamente 290 toneladas diárias. Na Colômbia há muitos trabalhos de sucesso na organização de catadores. Na Venezuela há 228 centros de recuperação, que trabalham somente em grandes geradores. Além disso, se tem notícia, a muitos anos, da existência da coleta informal no Brasil e em outros países da América Latina, mesmo antes de se estudar a institucionalização desta atividade (ACURIO e col. 1997). Em Temuco, no Chile, desenvolveu-se desde 1995 o Projeto Andes, para reciclagem dos resíduos sólidos domésticos da cidade, uma iniciativa da Universidad de La Frontera. Os trabalhos junto aos catadores informais foram desenvolvidos pela própria Universidade. Do grupo de 20 catadores iniciais permaneceram na associação formalizada 13, os quais coletam uma média de 16,5 toneladas mensais de materiais recicláveis. O sucesso do programa é atribuído, entre outros fatores, ao cumprimento dos compromissos assumidos com os catadores e ao aproveitamento de recursos já existentes na sociedade local. Houve, além disso, bastante apoio da mídia impressa e das rádios locais, mas nenhum apoio da rede de televisão local. Mais tarde uma produtora que trabalhava para a television Nacional Central executou um documentário de 16 minutos divulgando em todo o país. Depois de aproximadamente dois anos e meio da implantação a gestão foi entregue à prefeitura municipal. Esta transferência foi uma etapa difícil, e foi especialmente importante a visita de um técnico e de um político do município às cidades de
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Curitiba e Belo Horizonte, no Brasil, que à época já contavam com programas bem estruturados (TOSTI-CROCE e col. 1998). As primeiras experiências de coleta seletiva organizada e integrada aos sistemas de resíduos sólidos no Brasil datam do final da década de 80 e início da década de 90. Como forma organizada e institucionalizada, a coleta seletiva começou a ser implantada no Brasil no final da década de 80, sendo o primeiro programa implantado a coleta no bairro São Francisco, em Niterói – Rio de Janeiro (EIGENHEER 1993). Estimativas indicam que no Brasil existem aproximadamente 800 mil catadores de resíduos recicláveis, com uma média de renda de 1,5 salários podendo chegar à R$2.000,00 por mês (CEMPRE). No Brasil existem mais de 500 cooperativas/associações cadastradas no CEMPRE. A evolução de municípios que aderiram à coleta seletiva passou de 81 em 1994 para 443 em 2011. Para o presente trabalho, foram identificados diversos programas e muitas referências bibliográficas e na mídia jornalística, da quais foram selecionadas algumas como significativas em termos de seu impacto e grau de relevância.
10.1. Coleta seletiva em São Bernardo do Campo
Em São Bernardo do Campo a coleta seletiva voluntária foi implantada oficialmente em 18 de setembro de 2000, chegando hoje com a disponibilidade de 203 eco pontos espalhados em todo município. São recolhidos mensalmente cerca de 150 toneladas de material reciclável nos eco pontos, sendo que se estima que outras 240 toneladas são retiradas por catadores de rua. O material recolhido é encaminhado para ser doado às duas únicas instituições do município, a Associação dos Catadores Refazendo e para a Associação de Catadores Raio de Luz, que juntas tem hoje 58 pessoas capacitadas para manipularem estes resíduos. Tais Associações são insuficientes para processar todo o material recolhido (Imagem 18).
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Imagem 18: Associação Raio de Luz, Bairro Assunção Fonte: Equipamento próprio
Por se tratar de somente duas Associações, a prefeitura não estimula competitividade e limita o número de pessoas envolvidas com o programa. A cidade tem um potencial muito maior de geração de material reciclável, faltando no sistema iniciativas políticas, investimentos em tecnologias e pessoal, planejamento, estimando custos, pesquisando mercado, contatando sucateiros e fabricantes, e acompanhando o processo mais de perto. A redução de custos pode ser alcançada através de aprimoramento de divulgação, da organização de catadores, da promoção de iniciativas espontâneas e do uso da tecnologia melhor e mais apropriada à situação local. A prefeitura deveria incentivar a reciclagem com exemplos dentro da administração, implantando ações para reciclagem, consumindo produtos reciclados e controlando e monitorando as quantidades coletadas e comercializadas em todo o município.
11. DIFICULDADES E SOLUÇÕES PROPOSTAS A dificuldade de ordem financeira para ampliar o sistema de coleta seletiva de São Bernardo do Campo faz parte da realidade de todo o País. O município, que é responsável pelo gerenciamento da coleta dos resíduos sólidos domésticos, poderia promover ações no sentido de criar seus próprios incentivos e buscá-los junto aos níveis federal e estadual.
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A dificuldade de envolver a comunidade também é obstáculo para a ampliação do programa de coleta seletiva. As mudanças de atitudes e práticas sustentáveis da comunidade são tidas como inaceitáveis por muitos que não criaram a consciência da importância que é fazer um gerenciamento melhor do resíduo que se produz em sua residência. A existência de programas de educação ambiental que dêem suporte ao trabalho de coleta seletiva, e que ao mesmo tempo se utilizem dele como forma de atuação é fundamental para o sucesso de qualquer programa. A participação de instituições multiplicadoras como escolas, igrejas e associações de bairros tem um papel fundamental, e na maioria dos casos podem ser a diferença para o sucesso do programa. Por outro lado nos locais onde não há coleta seletiva, é importante que haja um trabalho intenso de educação ambiental que conscientize a comunidade da importância da questão dos resíduos sólidos e que a leve a cobrar dos governantes as ações para implantar e ampliar os programas, ou à implantação de iniciativas independentes. Tem também um papel fundamental a comunicação ambiental, no sentido da veiculação de mensagens e divulgação dos programas na mídia local falada e imprensa. Eventualmente os produtos fabricados a partir dos materiais reciclados pode se ressentir da falta de divulgação e propaganda, como é o caso de São Bernardo Do Campo.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os programas de coleta seletiva apresentados demonstram o quanto ainda pode melhorar, trazendo conseqüências satisfatórias ambientais, sociais e econômicas positivas, e, portanto em direção ao almejado desenvolvimento sustentável. Algumas das principais barreiras a serem vencidas são:
a) Convencer um número maior de moradores de São Bernardo do Campo, da importância de se fazer a correta separação dos resíduos que geram, para obter, assim, uma melhor qualidade do resíduo e um melhor aproveitamento para a coleta seletiva, aumentando significativamente este programa; b) Procurar alternativas que resgate o interesse dos moradores em participar do gerenciamento de resíduos sólidos domésticos, mudando seus hábitos e costumes arraigados, usando a estrutura que a prefeitura já possui para realização de seminários, teatros, oficinas, etc. c) Aumentar a prioridade política, desenvolvendo melhor as atividades e monitoramentos da coleta seletiva da cidade; d) Oferecer mais divulgação de informações sobre o que esta sendo feito para coleta seletiva, apresentando números alcançados e metas que pode ser atingidas, levando essa informação para um número cada vez maior de moradores; e) Aumentar a estrutura que hoje é oferecida e insuficiente para o pouco que já é coletado;
Os resultados apontados na cidade de São Bernardo do Campo ainda são relativamente discretos quanto ao volume de resíduos enviados aos aterros sanitários. Estes resultados se devem ao pequeno porte dos programas, quando apenas uma parte da população é atendida, quanto ao grau de adesão ainda relativamente baixo da maioria da população. São identificadas pouca iniciativa no sentido de redução da geração na fonte, o que deveria receber mais ênfase em ações futuras pela prefeitura, a fim de cumprir recomendações de diversos documentos, inclusive a Agenda 21.
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Os dados observados no presente estudo não são fechados entre si, e tem necessidade de relacionar-se com outros programas e sistemas. É importante o apoio de instituições do mercado produtivo e da sociedade civil aos programas municipais, em especial parcerias que podem contribuir de maneira decisiva para viabilização de tais programas, e que as políticas públicas de resíduos sólidos que vierem a ser implantadas devem estar articuladas com outras políticas, como as políticas industrial, econômica, de ciência e tecnologia, social e ambiental. Ficou claro também que a implantação de programas de coleta seletiva e reciclagem de resíduos sólidos domésticos exigem que o sistema tenha capacidade para tratar os diversos aspectos da questão, e que a participação de diversos setores sociais permita que se obtenha esta capacidade viabilizando custos, aumentando o tamanho da estrutura municipal dedicada aos resíduos sólidos, a custos ainda viáveis. O caso municipal apresentado mostra que é possível a parceria com o setor privado para o gerenciamento de resíduos sólidos domésticos, e se mostra essencial neste sentido as parcerias entre instituições promotoras dos programas e catadores já atuantes e com a comunidade local, sem dispensar o apoio dos órgãos de financiamento, das indústrias e sucateiros da região. Por outro lado, é identificada a atuação apenas de duas instituições, que confirma a dificuldade de se aumentar a capacidade de processamento de resíduos recicláveis do município. O apoio de instituições com potencialidade de parcerias, entre elas os órgãos de esfera federal, são formas de ajuda a serem buscadas para financiamento e a cooperação tecnológica necessária para o programa de coleta seletiva mais eficiente no município. Para que ocorra esse contato é preciso estabelecer canais de comunicação entre pequenas instituições, como pequenas indústrias, cooperativas, prefeitura, com órgãos de financiamento, de decisão política e mesmo com associações de empresas e instituições. Estas em particular poderiam ser o próprio elo. Uma postura mais participante dos pequenos empresários da reciclagem, incluindo aí comerciantes e industriais, poderia tornar as associações o próprio elo de comunicação. O envolvimento de diversas instituições nos programas gera a necessidade de capacitação de pessoas. Trata-se tanto de técnicos, que muitas vezes não tem formação pessoal ou profissional para trabalhar dentro de posturas participativas modernas, quanto à mão-de-obra pouco qualificada que trabalham na coleta,
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triagem e processamento dos materiais, que sempre são os trabalhadores que entram em contato com a comunidade geradora. Do ponto de vista da comercialização dos materiais, é importante o papel dos resíduos de origem não doméstica, como o industrial e o comercial, principalmente papel, papelão, e plásticos filme, na sustentação econômica das iniciativas. Também chama a atenção a existência de “âncoras”, que são os materiais mais disponíveis ou de maior valor, que parece sustentar as atividades e ajudam a manter a estrutura de outros materiais, permitindo a geração de novas oportunidades. Por outro lado, a dificuldade de escoamento de produtos e os baixos preços obtidos pelos materiais foi geralmente citados como conjuntural e não estrutural. Os programas de coleta e reciclagem mostram que o processo não é barato. Os custos com a coleta seletiva e transporte se mostram predominantes, dentre os quais os investimentos com veículos e sua manutenção, e com mão-de-obra são a maior parte. Estes gastos são ainda preferencialmente bancados pela prefeitura municipal. Os programas tem revelado pouca preocupação com a educação ambiental, havendo geralmente um controle relativamente precário dos gastos neste setor. Com administração competente e com a participação da sociedade é possível distribuir os custos, reduzindo os encargos públicos e, portanto os custos com que a população arca. Por outro lado, a maioria dos programas esta associada a algum tipo de geração de emprego e renda, seja de catadores, pacientes de serviços de saúde mental ou presidiários. Os rendimentos auferidos pelos trabalhadores, mesmo em cooperativa, não excedem a 1,5 salários mínimos mensal. Devem-se buscar, por isso, pesquisas de natureza econômica para determinar o efeito multiplicador dos investimentos nestas atividades, que parecem em princípio bastante atrativos. Recomenda-se para implementação de novos programas de coleta seletiva em São Bernardo do Campo as seguintes diretrizes:
a) Definir claramente os objetivos e a área de abrangência do programa; b) Buscar informações sobre outros programas similares e tecnologias existentes; c) Identificar dados sobre a geração do lixo local, o mercado de recicláveis e a ação dos catadores;
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d) Integrar as atividades informais existentes e o mercado de resíduos comerciais e industriais, estabelecerem parcerias com indústrias locais, sucateiros e catadores; e) Incentivar a instalação de empresas recicladoras localmente; f) Buscar tecnologias alternativas, especialmente para fabricação de produtos reciclados; g) Capacitar técnicos, empresários e catadores; h) Trabalhar intensamente a Educação Ambiental, buscando o apoio da mídia, limitando-se, porém à capacidade de atendimento do programa; i) Administrar o programa como um processo de evolução e não como solução estática; j) Prever gastos maiores no processo de implantação nas primeiras etapas; k) Investir em controle de informações, utilizando indicadores operacionais de rendimento de mão-de-obra e equipamentos, de impacto na comunidade e no ambiente para avaliar constantemente o progresso do programa e detectar necessidades de correções. l) Priorizar as áreas de alta densidade demográfica e os grandes geradores como condomínios; m) Integrar na coleta seletiva as ações para segregação de resíduos perigosos e objetos de grande volume; n) Buscar a viabilização da compostagem de resíduos orgânicos nas áreas atendidas pela coleta seletiva; o) Integrar a coleta seletiva às ações de saúde pública no controle de vetores;
Enfim, para o sucesso dos programas de coleta seletiva e reciclagem é importante agir no sentido da inclusão de diversos parceiros, como associações de classe, instituições financeiras, organismos comerciais e entidades assistenciais, mesmo que não pareçam usuais. Tais parcerias e apoios devem estruturar os programas nos seguintes aspectos principais:
a) Disponibilização de equipamentos; b) Disponibilização de mão-de-obra; c) Capacitação da mão-de-obra para operação e gerência;
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d) Viabilização comercial; e) Gestão do programa;
Nesta busca desenham-se caminhos alternativos para gerenciamento de resíduos domésticos. A decisão política da administração municipal, aliada à capacitação de seus recursos humanos caracteriza-se como fundamental. As mudanças de postura dos atores não ocorrem, entretanto, de uma hora para outra. É preciso paciência e perseverança para eliminar preconceitos e conquistar a confiança dos futuros parceiros. E felizmente, há pessoas dispostas a enfrentar estes desafios e contribuir o avanço da solução da questão dos resíduos sólidos e sua coleta seletiva doméstica.
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82
ANEXO I Questionรกrio
83
FACULDADE ANCHIETA Pós Graduação em Meio Ambiente Questionário para Monografia. Tema: Reciclagem do lixo doméstico Idade:___anos
Grau máximo de instrução:____________________ Renda (nº de salários mínimos): ____
Bairro: _________________ Quantas pessoas moram em sua residência?______
Você sabe quantos quilogramas de lixo (resíduos sólidos) são gerados por dia em sua residência? ( ) Não ( ) Sim. Quantos? __________kg Reciclar é: (marque quantas alternativas quiser, se achar necessário) ( ) separar os resíduos por tipos ( ) reutilizar os materiais (resíduos) novamente antes de descartá-los definitivamente ( ) encaminhar para o aterro sanitário adequado ( ) modificar as características do material (resíduo), produzindo um novo material ( ) outra resposta. Cite: __________________________________________________ Pratica coleta seletiva? ( ) sim ( ) não. Por quê? _______________________________________________________________ Você conhece algum projeto de reciclagem em sua cidade? ( ) não ( ) sim. Qual? Ou Quais? ________________________________________________________ Tem conhecimento das práticas normativas a respeito de Logística Reversa? ( ) não ( ) sim. Quais? ______________________________________________________________ Tem conhecimento das práticas normativas a respeito da Responsabilidade Compartilhada na geração de resíduos sólidos? ( ) não ( ) sim. Quais? ______________________________________________________________ No seu bairro existe um local apropriado para depositar os resíduos recicláveis? ( ) não ( ) sim. Onde? ______________________________________________________________ É viável fazer a coleta seletiva em sua casa? ( ) sim ( ) não. Por quê? ____________________________________________ Ao separar o lixo (resíduos) por tipo, você precisa ou precisaria levá-los ao local de coleta utilizando automóvel? ( ) sim ( ) não Você tem motivação para praticar a coleta seletiva dentro de sua casa? ( ) sim. Qual motivação? ______________________________________________ ( ) não. Por quê? _____________________________________________________ Se a coleta seletiva lhe trouxer remuneração, você a praticaria? ( ) sim ( ) não. Por quê? ____________________________________________ Quem tem responsabilidade sobre a questão do lixo? (assinalar quantas quiser se necessário) ( ) a prefeitura ( ) as ONGs ( ) as escolas ( ) o Governo Estadual ( ) o dono do imóvel ( ) todos os moradores ( ) o Governo Federal ( ) as empresas públicas ( ) as empresas privadas ( ) os políticos ( ) ninguém ( ) toda a sociedade ( ) outro. Cite: _________________________________________________________
São Bernardo do Campo, SP, _____/______/2011
Obrigado!
84
ANEXO II Dados Tabulados do Questionรกrio
85
Anexo II Dados tabulados do questionário. Foram entregues, entre os meses de abril a junho, por meio físico e por meio de e-mail, 500 cópias deste questionário, sendo recebidos respondidos 301 questionários válidos. Apenas 60,2 % das pessoas entrevistadas, optaram por responder o questionário, onde tal fato pode ser justificado pela falta de interesse no assunto. A grande maioria dos seres humanos tem a errônea idéia de que colocando o seu resíduo na calçada para destinação final, este mesmo desaparece como um passe de mágica, pois nunca foi a um aterro sanitário para saber a verdadeira realidade do problema relacionado a esses resíduos descartados.
Gráfico 1: Percentual das respostas dos entrevistados à pergunta:
1- Você sabe quantos quilogramas de lixo (resíduos sólidos) são gerados por dia em sua residência?
Resposta nº1
79% NÃO 21% SIM
86
Gráfico 2: Percentual das respostas dos entrevistados à pergunta:
2 - Reciclar é: (marque quantas alternativas quiser, se achar necessário) ( ) separar os resíduos por tipos ( ) reutilizar os materiais (resíduos) novamente antes de descartá-los definitivamente (
) encaminhar para o aterro sanitário adequado
( ) modificar as características do material (resíduo), produzindo um novo material ( ) outra resposta. Cite: _______________________________________
Resposta nº2 48% Separar os resíduos por tipo 35% Reutilizar os materiais novamente antes de descartálos 11% Encaminhar para o aterro sanitário 3% modificar as características do material, produzindo um novo material 3% outra resposta
87
Gráfico 3: Percentual das respostas dos entrevistados à pergunta:
3 - Pratica coleta seletiva?
Resposta nº3
42,52% SIM 57,48% NÃO
Gráfico 4: Percentual das respostas dos entrevistados à pergunta:
4 - Você conhece algum projeto de reciclagem em sua cidade?
Resposta nº4
17,6% SIM 82,4% NÃO
88
Gráfico 5: Percentual das respostas dos entrevistados à pergunta: 5 - Tem conhecimento das práticas normativas a respeito de Logística Reversa?
Resposta nº5
9,3% SIM 90,7% NÃO
Gráfico 6: Percentual das respostas dos entrevistados à pergunta:
6 - Tem conhecimento das práticas normativas a respeito da Responsabilidade Compartilhada na geração de resíduos sólidos?
Resposta nº6
4,31% SIM 95,69% NÃO
89
Gráfico 7: Percentual das respostas dos entrevistados à pergunta: 7 - No seu bairro existe um local apropriado para depositar os resíduos recicláveis?
Resposta nº7
10,29% SIM 89,71% NÃO
Gráfico 8: Percentual das respostas dos entrevistados à pergunta:
8 - É viável fazer a coleta seletiva em sua casa?
Resposta nº8
43,85% SIM 56,15% NÃO
90
Gráfico 9: Percentual das respostas dos entrevistados à pergunta:
9 - Ao separar o lixo (resíduos) por tipo, você precisa ou precisaria levá-los ao local de coleta utilizando automóvel?
Resposta nº9
92,69% SIM 7,31% NÃO
Gráfico 10: Percentual das respostas dos entrevistados à pergunta:
10 - Você tem motivação para praticar a coleta seletiva dentro de sua casa?
Resposta nº10
78,73% SIM 21,27% NÃO
91
Gráfico 11: Percentual das respostas dos entrevistados à pergunta: 11 - Se a coleta seletiva lhe trouxer remuneração, você a praticaria?
Respsota nº11
66,77% SIM 33,23% NÃO
92
Gráfico 12: Percentual das respostas dos entrevistados à pergunta:
12 - Quem tem responsabilidade sobre a questão do lixo? (assinalar quantas quiser se necessário) ( ( ( ( (
) a prefeitura ( ) as ONGs ( ) as escolas ) o Governo Estadual ( ) o dono do imóvel ( ) todos os moradores ) o Governo Federal ( ) as empresas públicas ( ) as empresas privadas ) os políticos ( ) ninguém ( ) toda a sociedade ) outro. Cite: _________________________________________________________
Resposta nº12 14,95% toda a sociedade 12,95% a prefeitura 12,62% o dono do imóvel 9,3% todos os moradores 7,97% os políticos 7,64% governo estadual 7,3% as escolas 6,97% governo federal 6,31% ONGs 4,65% empresas públicas 3,65% empresas privadas 3,32% outros 2,32% ninguém