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A PÓS MODERNIDADE Segundo Frederic Jamessom, a pós-modernidade teve início a partir da década de 60. Porém, foi mais falada e pesquisada após os anos 70. A pós... Página 8 - Em cache - Similares RAZÕES DA PÓS-MODERNIDADE A pós-modernidade caracteriza-se pela reação cultural aos ideais da modernidade, associada uma perda do otimismo nas demais esferas culturais... Página 9 - Em cache - Similares WIKI, INTERNET E OS NOVOS PARADIGMAS Com o advento da Internet, no final da década de 80 e início de 90, novos paradigmas surgiram para explicar a comunicação atual. Antigamente, essa... Página 10 - Em cache - Similares TEORIA DA COMPLEXIDADE A complexidade é um fato da vida que corresponde à multiplicidade, ao entrelaçamento e à contínua interação de uma infinidade de sistemas e ... Página 12 - Em cache - Similares INTERAÇÃO MÚTUA E REATIVA A interatividade em ambientes digitais tem sido tratada de forma elástica e confusa, baseada nos estudos de comunicação interpessoal. Com dois... Página 14 - Em cache - Similares AS REDES SOCIAIS E INTELIGENCIA COLETIVA A inteligência coletiva tem como premissa uma informação que tem as maiores chances de estar correta quando várias pessoas concordam com ela... Página 18 - Em cache - Similares LINGUAGENS HÍBRIDAS Quando falamos de linguagens existentes, vem a constatação imediata de que todas as linguagens, uma vez corporificadas, são híbridas. Na ... Página 19 - Em cache - Similares O VIRTUAL E O REAL Primeiramente, vamos definir o conceito de virtual, de acordo com o texto de Pierre Lévy, O Que é o Virtual, em que ele propõe a idéia do real ou ... Página 20 - Em cache - Similares MODELO PRAXIOLÓGICO A comunicação é o momento de organização da sociedade, pois é através da fala que o mundo social se forma e evolui. Segundo Queré, em seu... Página 21 - Em cache - Similares MEDIAÇÃO Seguindo o texto Dos meios às mediações, Martín-Barbero parte da análise de autores da escola de Frankfurt, sobre os efeitos dos processos de... Página 22 - Em cache - Similares MIDIAÇÃO São teorias que foram expressas em períodos diferentes por três pesquisadores Pierce, Bolter e Grusin, que argumentavam sobre a mesma... Página 22 - Em cache - Similares CULTURA DAS MÍDIAS É comum afirmar que as novas tecnologias estão mudando as formas de entretenimento e lazer nos dias atuais. Além disso, elas ... Página 24 - Em cache - Similares 1984/CONCLUSÃO Com as tecnologias evoluindo a uma velocidade incrivelmente rápida e, principalmente, a internet e as novas linguagens da web, acabou por acontecer uma revolução... Página 27 - Em cache - Similares BIBLIOGRAFIA CHEVITARESE, L. (2001): As ‘Razões’ da Pós-modernidade. In: Análogos. Anais da I SAF-PUC. RJ: Booklink. ... Página 28 - Em cache - Similares
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editorial
Estou honrada em apresentar ao público acadêmico, em especial, e ao público em geral, a Revista Insight, caprichosamente elaborada, redigida e editada. O lançamento de uma revista de cunho acadêmico e cientifico é sempre um desafio, porém, ele é seguido principalmente de grandes e verdadeiras esperanças. Temos nesta edição uma meta a ser cumprida, que é levar o leitor a sentir a revista como um todo, para que ele experimente novas sensações. Para isto, estamos usando o modo mais simples e democrático existente: os cinco sentidos humanos. O leitor reage à revista a todo o momento. As cores, cheiro, paladar, olfato e o tato, convidam-no a experimentar as ideias de Morin, Alex Primo, Pierre Lévy, Santaella, Queré, Barbero e Bolter e Grusin, que são os grandes inspiradores e responsáveis pela materialização deste material. Fundamentado nas teorias dos Novos Paradigmas da Comunicação, que consistem na interatividade reativa e no desejo de uma interação plena, pensamos em transportar o leitor para um novo mundo que nasceu no interior destas páginas. Esperamos que o nosso desejo se concretize, e que você leitor possa ser transportado a este mundo onde as teorias se fundem com emoções e sensações, proporcionando uma nova forma de enriquecimento intelectual e sensorial. Karine Almeida Faria
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pós modernidade
Segundo Frederic Jamessom, a pós-modernidade teve início a partir da década de 60. Porém, foi mais falada e pesquisada após os anos 70. A pós-modernidade acontece diante dos deslizes e desencantos com a modernidade, acompanhando as crises de conceitos e pensamentos modernos, tais como razão/ verdade, legitimidade/sujeito, universalidade/progresso, dentre outros. Essa desilusão está presente nas três esferas de conceitos de valor: estética, ética e ciência. Apresentando-se, também, nos campos da cultura, literatura, filosofia, arte, arquitetura, economia, moral etc. A pós-modernidade é uma crise da modernidade? Ou seria o fim, a “morte” da modernidade? A pós-modernidade veio para caracterizar uma cultura contemporânea? Segundo Jean-François Lyotard (1979) no livro La Condição Postmoderne “- O pós-moderno, enquanto condição de cultura nesta época pós-industrial caracteriza-se exatamente pela incredulidade perante o discurso meta filosofia metafísica, atemporais com suas pretensões universalizadas”. Contrário ao discurso de Lyotard, Habermas afirma que a modernidade compreende um “projeto inacabado”, sugerindo que aprender diante dos desacertos que acompanham a modernidade tem um quê de pós-moderno. Por meio de tais pensamentos, Habermas investiga a aplicação do conceito “Pós-modernidade” como suas razões para essas aplicações possíveis. Tendo em vista esta idéia, cita o autor: “Já de início, parece uma problemática que a pós-modernidade sugere uma reação até mesmo (rejeição) à modernidade, seria ela o triunfo do irracionalismo ou em uma última análise conceito de Razão? Diante desses questionamentos, quais seriam as razões da Pós-modernidade? Se uma pós-modernidade está diretamente ligada ao significado de modernidade, então não seria “pós” de algo que não se sabe o que é. No caso, o “pós” representa uma espécie de reação ou afastamento do moderno. Krishan Kumar afirma que o prefixo pós é ambíguo, podendo significar tanto um novo estado de coisas, quanto no sentido post-mortem, sugerindo fim, término. É de grande importância então fundamentar o conceito de modernidade para, então, esclarecer o que é ou não a pós modernidade. Para Max Weber, “… no século XX, a modernidade seria um crescente processo de “racionalização intelectualista”, ligado aos processos científicos que o levou ao desencantamento do mundo. As perspectivas e idéias que caracterizam uma
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modernidade como um projeto de razão como libertadora, baseia-se no conceito de Iluminismo, de emancipação pela revolução, ou pelo saber, sustentando esta confiança na capacidade da razão individual de cada ser humano. A aplicação desta razão na organização prometia a segurança de uma sociedade democrática estável, igualitária, afastandonos dos infortúnios ligados ao imprevisível do mundo, desde as condições climáticas, doenças físicas e até mentais. Para Weber, esse sonho da razão foi um desastre, pois permitiu que uma poderosa ciência monológica colonizasse e dominasse as outras esferas. Já o estudioso Harvey ressaltou que o Iluminismo estaria fadado a voltar-se contra si mesmo, transformando uma busca a emancipação humana em um sistema de opressão em nome de uma libertação humana. Os frutos da ciência diante dessa “Razão” podem ser reconhecidos nas catástrofes da II Guerra Mundial, acontecimentos como Auschwitz e Hiroshima. Assim, a Europa dos anos 50 deixou de acreditar sem próprio futuro. A partir daí, surgem dúvidas sobre benefícios que uma ciência tecnológica trazia para uma humanidade, pois o homem criou uma dependência cada vez maior nos aparelhos eletros-domésticos, tais como computadores e automóveis, sem quais parecia impossível viver hoje. Nesse contexto, surgem inúmeras incertezas e uma enorme frustração diante das expectativas não realizadas, das perdas de horizontes, e uma sensação de caos. Perdendose o otimismo nos rumos da cultura moderna, vem o desencanto acompanhando tudo que é opressivo. A pós-modernidade então se configura como uma reação cultural, com uma ampla perda de confiança sem potencial universal do iluminista.
RAZÕES dA PÓS MODERNIDADE
A pós-modernidade caracteriza-se pela reação cultural aos ideais da modernidade, associada uma perda do otimismo nas demais esferas culturais. Seria ela, a Pós-modernidade, uma modernidade ou da crise na modernidade? Bauhan diz que a pós-modernidade é a modernidade antecipada. Já Giddens prefere o termo modernidade tardia para referir-se a cultura que vivemos. A pós-modernidade não é uma ruptura ou uma modernidade da Morte, é a crise na modernidade (jamais uma crise da modernidade), é a transição de um estado de coisas para outro estado de coisas. A pós-modernidade não abandona os conceitos de racionalidade da modernidade crítica, ao contrário, ela leva essa crítica à mais profunda conseqüência, reavaliando os conceitos, os acertos e desacertos como o próprio conceito da razão. Trata-se, pois, do sinalizar de um novo paradigma. Os velhos paradigmas é o ponto de partida para os pesquisadores, tanto nos meios de comunicação quanto em outras áreas, como a Biologia, Física etc. Os pesquisadores consideram o paradigma como algo problemático, pois condiciona e influencia as conclusões dos pesquisadores. O paradigma é, pois, uma invenção do homem para dar significado aos fenômenos da natureza e da sociedade. Os novos paradigmas aparecem através de novas idéias a
“pós-modernidade é a modernidade antecipada”
partir do estudo e da pesquisa. De acordo com Feyerabend, “novos pensamentos nascem, quase sempre, de modo incompleto e confuso. Para que substituam os velhos pensamentos, é preciso algum tempo”. Não existindo verdade absoluta, não se pode dizer que um paradigma que foi substituído não possa voltar, ou seja, que o novo paradigma seja melhor que o velho. Existem vários casos na Ciência em que algo que tenha sido banido, ou substituído, não tenha voltado à moda, como no caso da retórica, que hoje é compreendida como parte do processo de argumentação. Visando compreender o mundo e suas idéias, os pesquisadores são levados a pesquisar cada vez mais. Feyerabend é criticado por acreditar na idéia de que o mundo é baseado em pensamentos matemáticos, como acreditaram Galileu, Newton e Descartes. Considerado um descobridor pesquisador, tem o desejo de descrever ou explicar certos fenômenos. Este conceito do pesquisador é tem uma forma positivista de enxergá-lo. Os pensadores muitas vezes eram considerados como santos. Em grandes santuários estão Galileu e Descartes, pois o positivista casual em um momento da história foi considerado quase uma religião. “Libertarem-se destes paradigmas hoje em dia no mundo em que vivemos é uma das tarefas mais difíceis, pois é necessário abandonar toda e qualquer certeza primitiva, ou seja, acreditar em nada que não seja oriundo de práxis da milenar cultura humana. Essa forma racional de ver e enxergar os fenômenos da vida é considerado a morte de Deus, primeiramente por Marx e depois por Nietzsche.”
“Para que se substituam os velhos pensamentos, é preciso algum tempo”
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WIKI, INTERNET E OS NOVOS PARADIGMAS
Com o advento da Internet, no final da década de 80 e início de 90, novos paradigmas surgiram para explicar a comunicação atual. Antigamente, essa tecnologia era usada apenas para questões militares e acadêmicas. Ao contrário, hoje ela possibilita a comunicação em rede de várias pessoas e em tempo real. A internet provocou uma crise nos conceitos e teorias da comunicação, que até então eram baseados na teoria hipodérmica: a mensagem só possuía um sentido – do emissor ao receptor. Quando esse conceito caiu por terra, surgiu uma nova tecnologia: a wiki, uma metáfora da nova lógica comunicacional. Com ela, há uma maior interatividade entre as pessoas. Mas o que seria essa nova ferramenta? Wiki é uma forma de escrita colaborativa da internet, na qual as informações são alteradas pelos agentes comunicacionais que também podem corrigir ou adicionar informações novas e complementares ao assunto, estreitando os laços entre autor e receptor e propondo novos paradigmas na comunicação. O papel do receptor agora não é só escolher os caminhos impostos a ele, e sim fazer seu próprio caminho. A tecnologia wiki, que representa a lógica comunicacional atual, melhorou sem dúvida nenhuma as formas de comunicação, fazendo com que ela se tornasse mais interativa. Contudo, o que a diferencia e a potencializa é o fato dos usuários poderem modificá-la a fim de atualizar e acrescentar informações.
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A lista de Craig No ano de 1995, Craig Newmark, um engenheiro de softwares, não iria imaginar que sua lista de emails iria chegar aonde chegou. Craig havia acabado de se mudar para San Francisco na California, cidade sede da contracultura americana. Lá começou a prestar serviços de mailing, divulgando eventos para desenvolvedores de softawares e afins, na área da Baía de San Fran. Já em 1996 sua empresa virou uma web-based, ou seja, uma empresa que opera pela web e começou a se expandir. Craig, agora com sua equipe de nove funcionários, ampliou os negócios para o que se pode chamar de um classificado global. O Craig’s List, site desenvolvido pela empresa, oferece aos usuários anúncios de graça. Há de tudo, desde pessoas procurando companheiros à venda de automóveis, empregos ou itens raros. Tudo o que imaginar você pode encontrar na lista. O Craig’s List, ou em tradução livre, Lista do Craig, está presente atualmente em mais de 700 cidades e mais de 70 países, incluindo o Brasil (apesar de pouco difundido entre os brasileiros). No mundo, é o 30° site mais visitado, de acordo com o Alexa.com e nos EUA o 8°. O site atende a mais de 20 bilhões de pageviews e a mais de 8 milhões de novos classificados por mês. Alguns serviços já foram incrementados, como os anúncios pagos, de maior visibilidade e estima-se que em 2007 a empresa de Newmark tenha faturado mais de 150 milhões de dólares. Ele divide a empresa atualmente com o site de leilões eBay, que comprou 25% da ações da companhia e com e o CEO do Craig’s list, Jim Buckmaster. Para qualquer pessoa que se disponha de um computador e internet, a lista do Craig é uma mão na roda. Pode-se achar o que você procura em instantes, procurando por cidades, regiões e bairros. O que pode dificultar um pouco é a quantidade imensa de anúncios, mas vai-se filtrando de acordo com a procura. De acordo com o próprio Craig, a sua lista funciona porque ela dá voz às pessoas, e faz com que elas fiquem mais sociáveis e até mais íntimas. Para quem faz ou já fez uso dos serviços, sabe que não é como um anúncio ou propaganda de uma loja no jornal. São pessoas falando para pessoas, e isso traz o mundo dos negócios para mais perto delas. Coloca as pessoas mais próximas, pois não há mediação, elas vendem seu próprio negócio. A Craig’s list faz uso do virtual para aproximar as pessoas e isso é interessante, pois vai ao contrário do comportamento propiciado pelas redes sociais. Com o excesso dessas redes, as pessoas tendem a ficar menos sociais, em casa, fazendo tudo através de co m p u t a d o r e s , palmtops e smartphones, já que transferem para o virtual o lugar que seria do real. Não que o pessoal da Craig’s esteja nadando contra a corrente, mas é uma nova forma de se pensar as relações com as redes sociais virtuais.
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teoria da complexidade A complexidade é um fato da vida que corresponde à multiplicidade, ao entrelaçamento e à contínua interação de uma infinidade de sistemas e fenômenos que compõe o mundo natural. Tais sistemas estão dentro de nós, porém é preciso entendê-los para saber conviver com eles. Não importa o quanto tentamos, não conseguimos simplificar as regras rígidas ou esquemas fechados de idéias. A complexidade deve ser entendida por um sistema de pensamento aberto, de forma abrangente e flexível. O pensamento complexo configura uma visão nova de mundo, que aceita e procura entender as mudanças contínuas do real, sem negar a multiplicidade, aleatoriedade e a incerteza, e sim conviver com elas. A experiência humana é um todo bio-psico-social, que não pode ser dividido em partes nem reduzido a nenhuma delas. Primeiro percebemos o mundo, as percepções geram sentimentos e emoções e depois estes são elaborados em forma de pensamentos, que determinam o comportamento. Do ponto de vista bio-psico-social, o principal problema para a implantação de desenvolvimento sustentável (o desenvolvimento da cidadania) é em nossa cultura a predominância do modelo mental linear (ou aristotélico). Com esse modelo, A só pode ser igual a A. Tudo que não se ajusta a essa dinâmica fica excluído, isto é, exclui-se a complementaridade e a diversidade. Esse modelo vem servindo de sustentação para nosso sistema educacionais desde a Grécia Antiga. Essa lógica nos deu a idéia de que se B vem depois de A com alguma regularidade, B é sempre efeito de A. Na prática, essa posição gerou a crença (errônea) de que entre causa e efeito existe sempre uma proximidade muito estreita. Essa concepção é responsável pelo imediatismo, que dificulta e impede a compreensão de fenômenos complexos. O modelo mental como esse é indispensável para resolver os problemas humanos mecânicos (ciências ditas exatas pela tecnologia). Porém, é insuficiente para resolver problemas humanos nos quais existem emoções e sentimentos envolvidos (dimensão psico-social). Desde os primeiros dias de nossa vida dentro da cultura, nosso cérebro começa a ser formatado pelo modo linear. O predomínio de um determinado pensamento com a exclusão de quaisquer outros é lógico, natural. Dessa forma, fenômenos como a exclusão social são vistos como lógicos, naturais e inevitáveis. O modelo mental linear cartesiano determina que existe apenas uma realidade, que deve ser percebida da mesma maneira por todos os homens. Contudo, hoje em dia, sabe-se que não existe uma percepção totalmente objetiva.
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Com isso, esse modelo de pensamento vem sendo questionado de várias maneiras, inclusive pelo pensamento complexo. Tal pensamento originou-se a partir da obra de vários autores, cujos trabalhos vêm tendo ampla aplicação em biologia, sociologia, antropologia social e desenvolvimento sustentado. A adversidade de visões não impede que cheguemos a acordos sobre o mundo que vivemos. O racional vem do emocional, significa que precisamos aprender a harmonizar razão e emoção, pensamento mecânico e pensamento sistêmico. Essa é a proposta do modelo complexo. Na mesma medida, uma cultura é uma rede de conversações que define um modo de viver. Os consensos em uma determinada cultura resultam desse discurso, oriundo das redes de conversação. Uma cultura que não desenvolve a cidadania de seus membros não cresce, permanece subdesenvolvida. Logo, não pode sequer começar a pensar um desenvolvimento sustentado. Os argumentos racionais são úteis para iniciar conversações. Mas eles insistem em permanecer lineares, isso significa que querem manter como os únicos verdadeiros, não respeitando a diversidade, e essa é a essência da cidadania. Não se pode desenvolverumacompreensão satisfatória da cidadania e de desenvolvimento sustentado, cuja essência seja apenas ao pensamento linear. Porém, o pensamento sistêmico, de forma isolada, é insuficiente para as mesmas finalidades. Temos, portanto, necessidade de uma complementaridade entre ambos os modelos mentais. O pensamento linear não se sustenta sem o sistêmico, e vice-versa. O pensamento complexo é a junção desses dois modelos.
Alguns princípios do pensamento
Alguns benefícios do pensamento complexo:
Alguns princípios do pensamento complexo:
Facilitar a percepção de que a maioria das situações segue determinados padrões; Facilitar o desenvolvimento de melhores estratégias de pensamentos; Permite perceber e entender com mais clareza, extensão e profundidade; Por isso, aumenta a capacidade de tornar decisões de grande amplitude e longo prazo. O que se aprende com o pensamento complexo: Que pequenas ações podem levar a grandes resultados (efeito borboleta); Que nem sempre aprendemos pela experiência; Que só podemos nos conhecer com a ajuda dos outros; Que não existem fenômenos de causa única; Que toda ação produz efeitos colaterais; Que os melhores resultados vêm da conversação e do respeito à diversidade de opiniões, não do dogmatismo e da unidimensionalidade.
Tudo está ligado a tudo; O mundo natural é constituído de opostos ao mesmo tempo antagônicos e complementares; Vivemos em círculos sistêmicos e dinâmicos de feedback, e não linhas estáticas de causa-efeito imediato; Por isso, temos responsabilidade em tudo que influenciamos; Todo sistema reage segundo a sua estrutura; A estrutura de um sistema muda continuamente, mas não sua organização; Uma parte só pode ser definida como tal em relação a um todo; Nunca se pode fazer uma coisa isolada; Não há fenômenos de causa única no mundo natural; É impossível pensar num sistema sem pensar em seu contexto (seu ambiente); Os sistemas não podem ser reduzidos ao meio ambiente e vice-versa;
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interação mútua e reativa A interatividade em ambientes digitais tem sido tratada de forma elástica e confusa, baseada nos estudos de comunicação interpessoal. Com dois tipos de interação, a mútua e a reativa, serão analisados o sistema, processo, operação, fluxo, relação e interface da comunicação, segundo o teórico Alex Primo. No modelo emissor = receptor, linear, mecanista, hierárquico e desigual, reservava-se uma parte do sistema apenas à passividade, permitindo ao receptor somente um feedback. Depois de muitas discussões, alguns estudiosos voltaram a dotar tais pretextos como descrição do processo. Pressupondo que a relação homem-máquina seja plenamente interativa, voltamos a conceber o feedback reativo como condição suficiente para o estabelecimento de uma comunicação plena. A interatividade desperta grande interesse na comunidade científica de comunicação humana, pois apresenta uma boa discussão sobre a evolução teórica do tema da interatividade em relação às estruturas de poder, abordando desde Bertold Brechet a Umberto Eco em relação às tecnologias que viabilizam a interatividade mediada e em relação ao uso dessas tecnologias de forma criativa. Muitas dúvidas ainda existem, diante da novidade que é o tema, pela rapidez com a qual a revolução informática tem avançado e pelo exagero de conceitos e teorias desencontradas, que têm mais confundido do que contribuído. Estudos tradicionais de interação humana entendem que, para o estudo da interrelação homem-máquina, mediada pelo computador e do conceito de interatividade devemos partir de estudos investigativos com a interação no contexto interpessoal. No contexto informático, ela deve ser trabalhada como uma aproximação àquela interpessoal. O paradigma do processo da comunicação era compreendido como um fluxo linear. Pois com o desenvolvimento da
teoria da comunicação, esse entendimento passou para um modelo de ênfase na interação. O primeiro paradigma fundamenta-se na transmissão linear e consecutiva das informações e na superioridade do emissor, já o segundo valoriza a dinamicidade do processo onde todos os participantes são atuantes na relação. Darnell anunciava, em 1971, que o foco nas mensagens ou na sua transmissão simbólica seria muito estreito e que os estudiosos da comunicação humana deveriam dedicar-se aos modos por meio dos quais as pessoas se afetam e as interações nesses sistemas de influência ocorrem. Berlo, em 1991, identifica a existência de uma relação de interdependência na interação, onde cada agente depende do outro, variando de grau em grau, qualidade e de contexto. Uma segunda falha no conceito de ação-reação diz respeito à permanente referência à comunicação como um processo. Os termos ação e reação indicam que exista um ato de reação que nada mais é que os acontecimentos subseqüentes e um fim. Implicando na interdependência dos acontecimentos dentro da seqüência. Berlo dedicou-se ao estudo da interação, enfatizando a linguagem como mecanismo básico que culminava na mente e no eu do indivíduo. Os comportamentos são construídos pelas pessoas durante o curso da ação, logo o comportamento não é reativo ou mecanicista, a conduta humana depende da definição da situação pelo ator, e os eu é constituído por definições tanto sociais como pessoais. A comunicação valoriza a relação interdependente do indivíduo com seu meio e com seus pares, onde cada comportamento individual é afetado pelo comportamento dos outros. Para alguns estudiosos, essa interação é uma série complexa de mensagens trocadas entre as pessoas. Mas para este autor e essa escola, todo comportamento é comunicação. E toda comunicação envolveria um compromisso, que assim definiria a relação entre os comunicadores. Além de transmitir uma informação, a comunicação implica em um comportamento: “toda a comunicação tem um aspecto de conteúdo e uma aspecto de comunicação”. Assim as mensagens e a sua transmissão pifarão em um abrir e fechar de olhos, pois terão o mesmo conteúdo de informações, que definem relações muito diferentes. Parece que quanto mais espontânea e saudável é uma relação, mais o aspecto relacional da comunicação recua para um plano secundário. Inversamente, as relações doentes são caracterizadas por uma grande luta sobre a natureza das relações, tornado-se cada vez menos importante o
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aspecto de conteúdo da comunicação. Envolvendo cooperação e competição; comunhão, diversidade e in É importante saber que cada um reage com sua definição da dividualismo; integração e desintegração. Estas duas visões pragmáticas relação, podendo confirmar, rejeitar ou até mesmo modificar a apresentadas valorizam a importância do contexto na interação. do outro, pois leva a sua estabilização em relações mais duradouras à A Interação mútua e a interação reativa apresentam uma medida que se resolva a definição da relação. Opondo-se às teorias lineares, as proposta de estudo de interatividade. Podemos salientar que se trata pragmáticas assumem a teoria dos sistemas. Já que a interação humana de uma proposta e não de um pretensioso postulado fechado e acabado. é vista como sistema aberto. Consiste em uma sugestão de discussão, ainda incompleta e cheia de Existem alguns fatores que diferenciam um sistema aberto de pontos polêmicos. Sua intenção é contribuir com o debate com conhecium fechado, tais como: mento utilizando as novas tecnologias. a ) Sistema fechado: nada do ambiente é visto afetar o sistema, é Raymond Williams aponta a necessidade de se distinguir os estável, pode atingir um equilíbrio puro, condições iniciais necessariamente sistemas interativos dos meramente reativos. Um sistema interativo influenciam o estado deste sistema. deve propiciar uma total autonomia ao espectador, enquanto os b) Sistema aberto: existe troca entre o ambiente e o sistema, pode atinsistemas reativos trabalhariam com uma série pré-determinada de escolhas. gir uma estabilidade, nunca um equilíbrio perfeito, Nos sistemas onde existam a troca simbólica de informações, pode atingir um estado estável independentemente caem em um monopólio onde o emissor se torna das suas condições iniciais. hegemônico prejudicando as trocas comunicativas e a Ao invés de uma cumulação de partes sua capacidade de resposta de forma ampla e plena. “a relação interpessoal independentes, um sistema é um todo e não pode ser Portanto a questão da interatividade deveria abranger não existe na cabeça dos considerado como soma de suas partes. Pois a muas diversas possibilidades de respostas autônomas, indivíduos, mas entre dança em uma das partes afeta todas as outras no criativas e não prevista da audiência. eles.” sistema total. O princípio da globalidade ressalta a Assim poderíamos chegar a um nível onde o emissor e impossibilidade de relações unilaterais, onde A afeta receptor seriam substituídas pela idéia mais estimulante B, mas onde o inverso não poderia ser verdadeiro. de agentes intercomunicadores. Este termo nos chama O feedback chama a atenção para os sistemas a atenção para o fato de que os envolvidos na relação interpessoais, pois cada indivíduo afeta e é afetado interativa são agentes ativos, enquanto se comunicam. pelo comportamento dos outros. Se o sistema fechado aos estados de A comunicação é uma troca, comunhão, uma relação entre os comuniequilíbrio é determinado pelos estágios iniciais, o estado permite que os cadores ativos, firmando a possibilidade de verdadeiro diálogo. sistemas abertos atinjam um estado independentemente das condições Uma relação reativa não seria interativa, pois seria demais iniciais. determiná-la de liberdade cerceada. Assumindo esta postura de Fisher Para B. Aubrey Fisher (1987), “a relação interpessoal não existe na e discutindo processos interpessoais pode-se afirmar que a relação cabeça dos indivíduos, mas entre eles.” Os relacionamentos são como reativa seria um tipo de interação. Porém, não podemos admitir é que uma série de eventos conectados. Sendo a comunicação uma interação os sistemas reativos tornem-se fundamentalmente interação, pois são criada entre seus participantes. Um indivíduo não se comunica, ele se um tipo limitado de interação, sem se esquecer das suas limitações. É integra ou passa a fazer parte da comunicação. preciso discutir a interação mútua, inspirar sistemas informáticos Logo, a relação envolve três elementos inter-relacionados: os permitindo uma interação criativa e aberta, de trocas verdadeiras , onde participantes, a relação e o contexto. A comunicação interpessoal, os indivíduos possam evoluir experimentando a relação de troca relacionamento humano e interação humana, são sinônimos. Outro propriamente dita. ponto importante nas das relações interpessoais e apontadas como Fisher lembra que além de analisarmos os interagentes é fundamental são os processos de negociação. Pois constatamos que preciso valorizar a relação entre eles. Tendo em vista que a relação cada integrante é diferente, e a negociação é um processo de comunicação envolve três elementos inter-relacionados, a valorização de apenas um para a resolução das diferenças. e outro elemento desqualifica o entendimento do processo e prejudica a As ofertas da negociação não definem por si só a relação. Esta criação de ambientes interativos que sejam mediados por computador. definição surge da qualidade da sincronização e reciprocidade na interação. Quanto aos sistemas podemos dizer que a interação mútua
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caracteriza-se como um sistema aberto, enquanto a interação reativa se caracteriza como um sistema fechado. A interação mútua não é composta por partes independentes, onde uma é afetada, onde o sistema total se modifica. Os sistemas interativos mútuos estão voltados para a evolução e para o desenvolvimento. E por engajar agentes inteligentes, os resultados de uma interação podem ser alcançados de muitas formas, mesmo que independa da situação inicial do sistema. Os sistemas reativos fechados apresentam relações lineares e unilaterais, assim o reagente tem pouca ou nenhuma condição de alterar o agente. Além disso, o sistema não percebe o contexto, portanto, não reage a ele. No que diz respeito ao processo, a interação mútua dá-se através do processo de negociação, engajando dois ou mais agentes. Já nos sistemas interativos reativos eles se resumem ao estímulo-resposta. Podese dizer que nunca qualquer resultado de processos de negociação pode ser previsto, cada agente é uma multiplicidade em evolução. E em contrapartida, as interações reativas têm seu funcionamento baseado na relação de certo estímulo e de uma determinada resposta. Nestes sistemas, um mesmo estímulo acarretará a mesma resposta cada vez que se repetir a interação. A operação mútua dá-se através de ações interdependentes, nas quais cada agente, ativo e criativo, influencia o comportamento do outro, e também tem seu comportamento influenciado. Logo, a relação se transforma. Já os sistemas reativos se fecham na ação e na reação. Assim um pólo age enquanto o outro reage. Isto uma vez estabelecido, ele passará ser repetido em toda sua interação. Existe aqui uma dúvida, o que se passa entre uma ação e outra, ou entre uma ação e reação? Podemos chamar esse processo de throughput, que é um diálogo de interação mútua, que não se dá de forma preestabelecida. Cada mensagem recebida é decodificada e interpretada, gerando uma nova codificação. E a interpretação se diante da mensagem recebida. Sendo considerado uma reação interativa, o throughput é um mero reflexo ou automatismo. Os processos de decodificação e codificação se ligam por programação, onde o computador reage sem
a interpretação dos estímulos de seus periféricos, um sinal emitido através do teclado gera somente uma reação determinado pelo programa, não existindo aí uma seleção consciente, inteligente, do computador. Sendo tudo pré-determinado, onde o programa não pressupõe uma relação nada acontece, ou isso gera um erro. Segundo Econ (1991), pode-se dizer que o computador não trabalha com significações, nem comunicação, apenas com possibilidades combinatórias abstratas. Assim não poderá haver interpretação em um sistema meramente sintático, onde as combinatórias podem ocorrer mesmo longe da Semântica? Os sistemas mútuos se caracterizam por seu fluxo dinâmico e em desenvolvimento. Já o fluxo reativo apresenta-se de forma linear, pois a mensagem é emitida pelo integrante pró-ativo e é recebida pelo integrante reativo, numa seqüência definida de conhecimentos sucessivos e também pré-determinados em eventos isolados. Ao mesmo tempo em que usuário age criativamente podendo escolher, ele apenas circula por perguntas pré-escolhidas que foram feitas antes da sua chegada na interação, obtendo respostas que também foram emitidas antes mesmo desse relacionamento se estabelecer. Assim sendo, a interação mútua se vale da construção negociada. O sistema reativo, através da ação e reação de dois processos, onde um é a causa do outro. Sendo visto como uma relação lógica, objetiva, como a maioria dos informáticos reativos são criados à luz das ciências duras, e essas relações parecem fazer sentido sempre. Causalidade que é problemática é a definição de causalidade empírica, onde a causa gera um determinado efeito. Os sistemas reativos aqui discutidos, sendo eles fechados são baseados em relações pré-determinadas, fundamentam-se em processos causais, em sistemas de interação mútua. Os sistema aberto ou interpretativos não podem jamais predeterminar o efeito que certa ação gerará, a correlação existem, não determinam as relações de causalidade. Assim, pode-se dizer que: os sistemas reativos baseiam-se no objetivismo, enquanto os sistemas de interação mútua se calcam no relativismo. Quanto à interface, sugere-se que sistemas interativos mútuos se interfaceiam virtualmente, enquanto os sistemas reativos apresentam uma interface potencial. Podemos dizer que sistemas interativos mútuos operam em modo virtual, pois interfaceiam com dois ou mais agentes inteligentes e criativos, e para cada interação existe um complexo problemático, que motiva o conjunto de virtualizações podendo resultar em um cem números de atualizações, dependendo dos fatores como: cognição e contexto. Um sistema informático reativo, baseado na relação estímuloresposta, sendo um sistema fechado, cada estímulo já é pensado e programado com antecedência para que as respostas sejam apresentadas. Uma resposta diferente é considerada um erro de programação. Em um
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sistema reativo somente o agente, do pólo pró-ativo, tem liberdade e O atual estágio da evolução tecnológica a interação mútua se arbítrio. Já no pólo reativo, o reagente, está livre apenas para selecionar estabelece em ambientes informáticos enquanto o computador serve entre certas potencialidades. Esta liberdade está presente em uma de meio de comunicação. interface virtual, onde cada agente pode se rebelar contra os roteiros e Em vez de trabalhar com a idéia de relacionamento entre modificar o encaminhamento em curso. homens e máquinas, considere pessoas com pessoas. Isto é a criação Com esta relação definida e redefinida cada integrante de ambientes sociais globais, portanto, interação mútua. interpreta a relação que se enquadra, esse é um processo virtualizante Portanto a interação mútua não se define apenas pela simples de constantes atualizações. Em um sistema reativo fechado o integrante troca ou intercâmbio. Um sistema reativo trabalha com uma interface pró-ativo determina, enquanto o integrante reativo deve se adequar aos potencial com uma série de trocas definidas. A interação mútua vai moldes que foi pré-definido. Dando uma falsa idéia de movimentos além da ação e da reação, este automatismo dá lugar a complexidade possíveis, contrapondo o virtual pela diferença e pela repetição resulta das relações que ocorrem entre os interagentes. Vai além do input o movimento da atualização. determinado e único, já que a interação mútua leva em Para uma interatividade plena seria necessário conta uma complexidade global de comportamentos, trabalhar virtualmente, possibilitando a ocorrência da além de contextos sociais, físicos, culturais, temporais problemática e viabilizando atualizações. Uma interface etc. “uma reação reativa não seria reativa espera o clique do usuário para realizar-se, a Os sistemas reativos, não podem perceber a interativa, pois seria demais tela já esta ali, programada, perfeita para disparar um maioria das informações dessa complexidade, nem determiná-la de liberdade mecanismo ou uma nova tela que só espera por seu tampouco elementos metacomunicacionais, pois cerceada” destravamento. dependem de uma programação em sua gênese, essa As interfaces potenciais são tão reativas comunicação tem poucas chances de trilhar por procesque podem ter sua realização ja pré-testadas, sos como ressignificação e contextualização. Muitos sistemas existem programas que analisam todos os links de interação reativa, com o objetivo de produzir uma possíveis e presentes e averiguando e conduzindo maior aproximação com o outro interagente, são corretamente àquele novo item, nova página ou seção pretendidas. programadas para que haja um maior envolvimento dos integrantes. Se Ao usuário só resta da do disparo inevitável. pensarmos em envolvimento apenas como seduzir, cativar, prender, Uma interface de uma interação mútua cria o cenário para a aliciar, atrair, encantar, a televisão seria um dos meios mais perfeitos. problematização, onde acontecerão diversas atualizações. Portanto, a interatividade plena depende do virtual. Em muitos relacionamentos a comunicação não se dá exclusivamente através de um canal, pensamos então, no sentido que as várias podem ser as simultâneas. Havendo uma interação com o seu contexto e no sentido intrapessoal. As relações não são necessariamente objetivas do tipo ou é isto ou é aquilo, as relações podem ser negociadas, variando em intensidade. Sendo ou isso ou aquilo, pode ocorrer o perigo da utilização de uma tipologia tão rígida que não haveria legibilidade para ela em todas as máquinas. Alex Primo é professor do Programa de Pós-Graduação em Inteligência artificial é um exemplo de interação mútua ou reativa? Comunicação e Informação da UFRGS e pesquisador com Existe um grande entusiasmo com essa área, porém muitos sistemas bolsa produtividade do CNPq. Possui mestrado em Jornadesenvolvidos acabam presos a relações definidas de estímulo e resposta, lismo (Ball State University) e doutorado em Informática mesmo que boas simulações, ainda sim se presenciariam uma forma de na Educação (UFRGS). Sua tese de doutorado foi premiada interatividade reativa. Mas com os avanços ocorridos nesta área podemos talvez pensar em um subtipo, intermediário e de transição: uma interação pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da pseudo-mútua. Comunicação (Intercom) e pela Sociedade Brasileira de In Em muitas das vezes, os sistemas não se apresentam em modos fomática na Educação (SBIE). fechados, com as interfaces potenciais, para mais tarde, entrar em um modo mais aberto e virtual.
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redes sociais e inteligência coletiva A inteligência coletiva tem como premissa uma informação que tem as maiores chances de estar correta quando várias pessoas concordam com ela. Para demonstrar o poder da inteligência coletiva, selecionamos três exemplos na área de tecnologia: Wikipedia: é a maior enciclopédia livre do mundo, de natureza colaborativa, com informações revisadas constantemente e qualquer informação errada é corrigida rapidamente. Tudo isso se deve à facilidade com que as pessoas podem colaborar com a enciclopédia. Existindo também para facilitar uma lista de correções que ela faz à tradicional enciclopédia britânica. Mostrando assim que provavelmente temos a massa da população e os especialistas juntos no mesmo patamar. Google: o maior site de pesquisa da web, que faz da inteligência coletiva uma parte importante na sua base de banco de dados. Definindo quais são os resultados mais relevantes para uma busca, o Google leva em consideração as páginas referentes a este possível resultado. Possuindo várias páginas de referências, significa que existe alguma autoridade sobre o assunto. E esta autoridade é definida coletivamente. A Google encontra as páginas, porém quem define quais as mais interessantes somos nós. Ressaltando que este algoritmo de autoridade é denominado Pagerank,e já existia e era aplicado tempos antes do próprio termo inteligência coletiva ser inventado. Linux é um sistema operacional conhecido pela sua identidade visual que é um pingüim, tendo seu desenvolvimento e crescimento sustentado pela inteligência coletiva. O criador da Linux, liberou as primeiras versões do sistema, liberando também o código-fonte do sistema, permitindo que as pessoas pudessem melhorar ou simplesmente alterar aquilo que elas achassem sendo alterado poderia se melhor a interface do sistema. Trazendo melhorias que depois de realizadas deveriam ser publicadas abertamente para que todos pudessem ver e incorporar ao projeto oficial. Fazendo com que a Linux chegasse a um nível competitivo de usabilidade e portabilidade, incomodando até mesmo a Microsoft que é a referência de sistemas operacionais no mundo atual. A boa interação homem-computador para a inteligência coletiva é um fator primordial para o sucesso de cada um dos casos. A Wikipedia permite que as pessoas adicionem conteúdo sem que elas precisem conhecer o código HTML. Esta facilidade de interagir com o sistema e digitalizar um documento é o alicerce do Wikipedia. Já o caso da Google, é importante o auxílio dos famosos editores de HTML existentes no mercado. Precisamos apenas nos preocupar com as informações a serem inseridas, o resto fica por conta do editor: desde elementos simples como uma imagem ou um link, até elementos mais complexos como tabelas e formulários. O Linux, por trabalhar diretamente com programadores diferentes e com o mesmo código, espalhados por todo o mundo, é natural esperar conflitos entre programadores. Com as ferramentas de controle de versão, os conflitos são identificados com muita facilidade sendo muito simples também para novos desenvolvedores trabalharem sem correr o risco de danificar o trabalho dos programadores mais experientes. Os três exemplos acima também são afetados negativamente pelo uso dessa inteligência coletiva. Como no caso da Wikipedia, que é vítima de vandalismo. O Google sofre ataques conhecidos como Google Bombing, que é um fenômeno onde usuários tentam influenciar a classificação de uma determinada página nos resultados das buscas do Google. E para finalizar as contribuições feitas para o Linux, também podemos citar que são encontrados alguns códigos maliciosos.
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verbo-visuais, no caso da linguagem vicária da fala – a mímica; e em linguagens verbo-visuais-sonoras que encontram o melhor espaço de manifestação na arte literária. Também verbosonoro-visual são as imagens em movimento, o cinema, a TV; o teatro, etc. Na verdade, como assinala Santaella, todas as linguagens são híbridas. Um importante exemplo no uso da linguagem hibrida é o computador, que é um sistema físico com um conceito matemático rigoroso, capaz de variados tipos de tratamento automático de informações ou processamento de dados. Nele podem existir inúmeros atributos, tais como, cálculo em pequena e grande escala, processamento de dados, desenhos industriais, imagens vetoriais e gráficas, realidade virtual, informação, entretenimento e cultura. São considerados computadores também os celulares, câmeras digitais, relógios digitais, vídeo games e vários outros aparelhos eletrônicos que temos disponíveis atualmente. O computador é o principal meio de acesso à Internet, e é essa que nos dá uma maior interatividade com o nosso meio, diminuindo o espaço-tempo entre os seus usuários. A Internet carrega uma grande variedade de recursos e serviços, incluindo os novos conceitos de cloud (nuvem) e os hiperlinks, que linkam vários sites e assuntos da WWW ou World Wide Web, que em português significa rede de alcance mundial, onde os recursos e serviços ficam disponíveis para serem acessados.
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linguagens
Quando falamos de linguagens existentes, vem a constatação imediata de que todas as linguagens, uma vez corporificadas, são híbridas. Na realidade cada linguagem existente, parte do ligamento de alguma submodalidade de uma mesma matriz ou do ligamento entre submodalidades de duas ou mais matrizes. Quanto mais ligamentos se processarem dentro de uma mesma linguagem, mais híbrida ela será. Exemplo: a fala, que é a linguagem verbal, ela apresenta fortes traços de hibridização, tanto com a linguagem sonora tanto com a linguagem visual no gesto que a acompanha. Santaella, de acordo com o conceito de mente (Peirce), extrai três matrizes de linguagem-pensamento: a matriz sonora, a matriz visual e a matriz verbal. Tal teoria liga indissoluvelmente o pensamento ou faculdades cognitivas aos sentidos, sistemas de signos e linguagens manifestas. Considerando a pluralidade de linguagens que o homem foi capaz de desenvolver ao longo de sua história, a autora postula que são três e apenas três as matrizes que as geram. E complementa que é possível facilmente perceber que, nas mais diversas formas, as linguagens se entrelaçam e se tornam híbridas. As linguagens sonoras redistribuemse em linguagens sonoro-verbais, encontradas na linguagem oral, como nas músicas por exemplo; em linguagens sonoro-verbo-visuais, encontradas nas performances de contadores de histórias; e em linguagens sonoro-visuais próprias de performances sonoras. As visuais hibridizam-se com as sonoras nas formas de gestualidade; na escrita, manifestam-se na fusão de visual e verbal, é a linguagem visual-verbal. As linguagens verbais redistribuem-se em linguagens verbo-sonoras, como é o caso da fala (de natureza acústica); em linguagens
o virtual e o real Primeiramente, vamos definir o conceito de virtual, de acordo com o texto de Pierre Lévy, O Que é o Virtual, em que ele propõe a idéia do real ou do atual indo em direção ao virtual, e não o contrário como propõe os estudos anteriores de outros autores, e também analisa a virtualização da economia, do corpo e do texto. O virtual é o que existe em potencial, em efeito, e não em atos concretos e ele tende a se atualizar. Por exemplo, uma planta está virtualmente presente em uma semente. Lévy diz: “contrariamente ao possível, estático e já constituído, o virtual é como o complexo problemático, o nó de tendências ou de forças que acompanha uma situação, um acontecimento, um objeto ou uma entidade qualquer, e que chama um processo de resolução: a atualização”. O virtual é então o desestabilizador, a hipótese. O virtual por sua vez não é o oposto do real, mas do atual. Para Lévy, a virtualização é um processo que se constrói e desenvolve a humanidade, por exemplo, na virtualização do corpo, quando começamos a dar nossos primeiros passos, esperamos que no futuro aumentemos a velocidade. A virtualização permite o encurtamento do tempo e do espaço, com a ajuda da tecnologia podemos estar em casa e ao mesmo tempo em conferência com alguém em qualquer outra parte do planeta. Na economia, já podemos falar de uma economia virtual, em que produtores e consumidores são colocados cada vez mais próximos, o produto é a não-matéria e o dinheiro não é em espécie, e sim em números binários. O virtual traz à organização da sociedade uma maior liberdade, que por sua vez se dá no espaço. As coisas deixam de ter um lugar físico preciso. É o caso que ele exemplifica das empresas, nas quais nos modelos tradicionais
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houve uma atualização, ou seja, dos problemas da empresa foram criadas soluções clássicas, como horários, hierarquização etc. Com a virtualização das empresas, criou-se problemas das soluções, ou seja, uma ruptura com as regras tradicionais. Conclui-se então que o virtual não se opõe ao real, mas origina novas realidades. Estamos nos desterritorializando com o virtual, e é o que a Internet propõe. Cada vez mais territórios virtuais e sites são criados, são espaços não geográficos. E nesse contexto vamos migrando de rede em rede, de um nó ao outro, de acordo com o conceito de Lévy. O coletivo também se dá no virtual, redes sociais nascem a cada dia com propósitos e objetivos diferentes, o conhecimento é colocado na rede, a interatividade chama novos usuários a usufruírem do conhecimento da massa. Aí é criada a inteligência coletiva. De acordo com Lévy “Cada indivíduo humano possui um cérebro particular, que se desenvolveu, a grosso modo, sobre o mesmo modelo que o dos outros membros de sua espécie. Pela biologia, nossas inteligências são individuais e semelhantes (embora não idênticas). Pela cultura, em troca, nossa inteligência é altamente variável e coletiva.” No virtual a inteligência está distribuída por toda parte, basta procurá-la.
21 Foto: Dave Morris
modelo praxiológico
A comunicação é o momento de organização da sociedade, pois é através da fala que o mundo social se forma e evolui. Segundo Queré, em seu modelo Praxiológico (1991), a comunicação é o exato momento no qual os sujeitos compartilham os sentidos. A interatividade de comportamento emocional e social, que propõe o modelo Praxiológico de Queré, tem nos mostrado que existe uma facilidade de interação entre sujeitos totalmente diferenciados, tanto em localização quanto nos contextos sociais e intelectuais. Isso recria nos sujeitos uma nova concepção através das trocas de informações, enriquecendo estes indivíduos tanto no contexto social quanto no individual, já que a interatividade serviu para encurtar as distâncias e popularizar as informações. Existe o modelo Praxiológico relacional, que se fundamenta na centralidade da ação com toda a sua carga simbólica. Este modelo só é colocado em prática quando o sujeito relaciona com os outros e com a sociedade. Este não é estático e está imerso em um universo de sentidos, que acontece nos momentos de interação, construindo o social e o individual ao mesmo tempo. Para Queré, a comunicação é um lugar coletivo, onde a interação ocorre em um contexto ampliado e sem a referência direta dos seus participantes ou dos sujeitos. O modelo de comunicação proposto por Queré trata de duas correntes de comunicação distintas. Na abordagem comunicacional, o contexto praxiológico trata de despir a comunicação do seu caráter instrumental e secundário aos fatos e passa a inseri-la como lugar de construção, um momento fundador da vida coletiva e da pluralidade, onde os sujeitos são construídos com base na relação em cadeia, sabendo respeitar desta forma as diferenças dentro do contexto das redes sociais. Queré apresenta o comunicador como parte/meio da peça numa arena de negociação dos sentidos. Já nos moldes epistemológicos, o autor explica um tipo de comunicação avessa à primeira. Representada pelo sentido único de transmissão e recepção, descartando assim a importância do indivíduo na composição simultânea da comunicação e suas implicações de interatividade compartilhada e multifacetada, adotando uma atitude idealista da comunicação como ciência. Em suma, a comunicação compreende um processo de atualização de discursos pretéritos e no compartilhamento de sentidos entre sujeitos e interlocutores, realizados por meio de uma produção de permuta dinâmica de relações a fim de uma permanente renovação do convívio social.
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midiação São teorias que foram expressas em períodos diferentes por três pesquisadores Pierce, Bolter e Grusin, que argumentavam sobre a mesma idéia quanto a dimensionalidade da ação coletiva entre o agente e o paciente, baseado na retroalimentação entre as diversas mídias para a criação de novos tipos de interação. Bolter e Grusin propunham a apropriação entre as mídias, com a finalidade de resultar em um tensionamento e uma remodelagem em nome do real. Ambos definem a mídia contemporânea como aquilo que remedia, que transforma a própria mídia, priorizando o processo como um todo e não somente o resultado final. Nas décadas de 1960 e 1970, Bolter e Grusin pensaram em elaborar uma série de informações quase palpáveis, dotadas de uma transparência, mas somente na década de 1980 que o estilo-janela espalhou o conceito de Hipermediacy ou simplesmente ambiente hipermidiático para representar a complexidade, heterogeneidade, multiplicidade, fragmentação e hibridismo. A transparência e a não-mediação foram induzidas a uma competição com outros tipos de valores, tais como a multiplicidade de janelas, onde um usuário de programas multimídias mantém várias abertas janelas com menus, ícones e imagens ao mesmo tempo. A mobilidade de aparatos existentes como, televisão, cinema, e fotografias, baseia-se na indeterminação e na representação dispersas e múltiplas. Na visão dos dois, a apropriação de uma mídia por outra acarretará em novas configurações comunicacionais. Referindo as mídias digitais, como se partissem delas o desejo de anular-se para que o usuário tenha os mesmos conhecimentos que tinha com as mídias tradicionais.
mediação Seguindo o texto Dos meios às mediações, Martín-Barbero parte da análise de autores da escola de Frankfurt, sobre os efeitos dos processos de legitimação e lugar de manifestação da cultura em que a lógica da mercadoria se realiza e faz o encontro posterior com os trabalhos de Walter Benjamin, atravessando o conceito de indústrias culturais. Para a construção do conceito de indústria cultural, Martín-Barbero elenca os seguintes elementos: 1) unidade do sistema (que regula a dispersão, com a introdução da produção em série na cultura, 2) degradação da cultura em indústria de lazer, e 3) A indústria cultural banaliza a vida quotidiana e eleva a arte. Barbero chama a atenção para o estranhamento e o aristocratismo cultural de Adorno, que se nega a aceitar a existência de uma pluralidade de experiências estéticas, casos do jazz e das artes populares. E indica o modo como Benjamin terá sido discriminado. Benjamin, ao contrário, não investiga a partir de um lugar fixo, pois torna a realidade como algo descontínuo, e trabalha áreas e assuntos como Baudelaire, as artes menores, como a fotografia. Dois temas serão condutores para ler Benjamin – as novas técnicas e a cidade moderna - projetos que o próprio Barbero também abraça. O mediador assume um papel fundamental. O mediador, pessoa que mora ou visita um bairro da cidade, permite um fluxo permanente de sentidos, com novas experiências culturais e estéticas. A mediação é a articulação entre os processos de produção dos media e as suas rotinas de utilização no contexto familiar, comunitário e nacional. Aqui, o discurso narrativo dos mediadores adapta-se à tradição narrativa popular, por exemplo, as telenovelas.
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cultura das mĂdias
É comum afirmar que as novas tecnologias estão mudando as formas de entretenimento e lazer nos dias atuais. Além disso, elas migraram também para vários outros campos da sociedade, como o trabalho, economia, consumo, política, comunicação e educação. A Cultura das mídias é um preceito inovado a cada tecnologia e convergência com outras. Um domínio sócio-cultural de relevante presença no meio das comunicações interpessoais e em poder de uma característica bastante peculiar. Lúcia Santaella trata o desenvolvimento acirrado das tecnologias e mídias e o impacto transgressor que continua a gerar na estrutura social pós-moderna. O que se refere à cultura das mídias, Santaella exprime claramente uma distinção entre culturas. Ora de massas, ora cibercultura, assim como o processo gradativo ao que vem sendo a cultura virtual. As transformações culturais não são baseadas somente no surgimento das novas tecnologias e dos novos meios de comunicação e cultura. Como fases desta cultura estão seis subdivisões: oral, escrita, impressa, das mídias, de massa e digitais. Estas subdivisões são pautadas com a certeza de que os meios de comunicação, como o telefone desde o começo até as redes digitais, são somente canais que transmitem toda e qualquer informação. E essas informações que circulam entre estes meios, tipos de mensagens, que são como verdadeiras responsáveis pelo conhecimento de sensibilidade e humana. Esse conceito é parecido com a teoria de McLuhan, onde segundo ele o meio é a mensagem. Por conseguinte, um outro aspecto que é fundamental nessa mudança até então demarcada por eras, é o fato de existir uma memória cultural que antecede a outra. Gerando uma construção de identidade entre culturas, onde uma cultura para existir, vem circunstancialmente do acréscimo de outra e esta, podendo ser substituída por outra mais atual. Porém, sem perder o seu valor. Apenas no intuito de agregar e desta forma, evoluir. Há então um porém, este mesmo conceito se diferencia da teoria de McLuhan quando ele concentra na valorização do que é central à comunicação e à cultura, que é a determinação da linguagem, mesmo dizendo que o meio é a mensagem. Criticado por muitos há décadas atrás, neste momento ele estava se desviando das teorias do seu tempo, que separava o modo que a mensagem é transmitida e o seu conteúdo. Ele frisava que não se podia separa a mensagem do meio, pois ela seria determinada muito mais pelo meio que a veicula do que pela idéia do autor. As mídias são meios, isto é, o canal físico, onde as mensagens ou linguagens transitam, por isso que o veículo Mídia de Comunicação ou Meio é considerado componente superficial, pois ele é o primeiro que aparece no processo de comunicação. Se não fossem as mensagens contidas nestas mídias, elas esta-
riam vazias e não teriam sentido algum. Embora estas mídias sejam responsáveis pelo crescimento e a multiplicação dos signos, elas continuam a ser apenas meios. As mediações sociais vêm primeiramente dos signos, linguagem e pensamentos que são veiculados por estes meios. Fundamentalmente as mídias no processo de comunicação são inseparáveis das formas de cultura e socialização. Conforme vamos conhecendo sobre as mídias sabem que elas são conformadoras de novos ambientes sociais, elas se moldam pela escrita, oralidade e nos tempos atuais, pela explosão de imagens na revolução industrial eletrônica. A divisão em seis eras mostrada no início do texto pode ser chamada de Formação Cultural, ocorre de forma não-linear e é um processo cumulativo de grande complexidade: uma nova formação comunicacional interage com a anterior, reajustando ou mesmo alterando sua funcionalidade ou mesmo podendo ser totalmente substituído, como temos o caso do telégrafo. A cultura tem um alto poder de adaptação e em cada período histórico ela sofre o domínio das tecnologias de comunicação mais recente. Voltado à divisão das eras, já sabemos que a cultura impressa não veio diretamente da cultura oral, pois ela foi antecedida pela cultura escrita, alfabetizada ou não. A cultura impressa sobrevive até hoje, mesmo após os aparecimentos da cultura digital, já que uma grande quantidade de mídias é baseada na diagramação, design e visualização de textos e páginas de web. Todos esses meios tem como ponto de partida a mídia impressa. Embora tenhamos em mente que hoje em dia tudo é mídia, desde o aparelho fonador até o vídeo na internet, surgem perguntas que se não conceituarmos a idéia de cibercultura ou cultura midiática, não conseguimos respondê-las. Se pararmos para interpretar este fenômeno, percebe-se que existe uma confusão tanto de observação quanto de conceito. Desta forma, é importante ressaltar que o que gera essa mudança entre culturas, sensibilidade e pensamento humano não é apenas novos fatores tecnológicos, mas os tipos variáveis de modelos. Seja de mensagens ou de processos comunicacionais. A partir da década de 80, as culturas digitais e cibercultura começaram a se impor, e ocorreu neste período um casamento, uma mistura entre meio e linguagem, funcionando como multiplicador. Ao mesmo tempo em que acontecem as misturas, novos dispositivos vão sendo criados, possibilitando o surgi-
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mento de novas culturas: fotocopiadoras, vídeo cassete, aparelhos de Relativistas Ingênuos: Para eles a realidade é gravação em vídeo, tudo isso culminado com a TV a cabo, criada para aquilo que pode ser experienciado imediatamente proporcionar uma escolha individual, opondo-se à cultura das massas. e colocam os computadores como sendo poluidoEstes aparelhos possibilitaram uma movimentação às mensagens, que res, que são jogados no terreno da experiência antes chegavam de forma estática. Essa movimentação foi nos treinanpura não-mediatizada. do a buscar novas informações e nos preparando para a chegada da Idealistas da rede: São bastante otimistas cultura digital, que é caracterizada pela fragmentação, falta de linearie consideram o mundo das redes o melhor dade, e individualização das informações. A cultura digital é muito bem dos mundos, e apontam ganhos substanexplicada por Castells em A nova mídia e a diversificação da audiência tivos e evolutivos da espécie. de massas (2000 p.236-267), onde o autor descreve em detalhes a culCéticos: Para eles o ciberespaço atratura das mídias, extraido do artigo de F. Sabah (1985) no processo de vessa um processo de nascimento conformação desta cultura: fuso, e existem tentativas para “Em resumo, a nova mídia determina uma compreender este processo. Eles audiência segmentada, diferenciada que, embora deixam as coisas acontecerem para maciça em termos de números, já não é uma auver como ficará. diência de massa em termos de simultaneidade e Para Heim, o presente consiste em “Devido à multiplicação de uniformidade da mensagem recebida. A nova mídia colocarmos na posição de realistas ingênumensagens e fontes, a própria não é mais mídia de massa no sentido tradicional do os e idealistas. Ele diz: “Só assim se pode sustentar audiência torna-se envio de um número limitado de mensagens a uma a oposição como a polaridade que continuamente produz mais seletiva.” audiência homogênea de massa. Devido à multiplias faíscas do diálogo, e o diálogo é a vida do ciberespaço.” e cação de mensagens e fontes, a própria audiência completa: “O realismo virtual vai ao encontro do destino sem torna-se mais seletiva. A audiência visada tende a ficar cego às perdas que o progresso traz.” escolher suas mensagens, assim aprofundando sua Mesmo sendo significadamente diferentes das outras segmentação, intensificando o relacionamento inmídias, o ciberespaço esta está enraizado no capitalismo condividual entre o emissor e o receptor” temporâneo. À medida que as fronteiras se estreitam, o mundo parecen Embora misturadas, as culturas apresentam características do menor, as tecnologias mostram que são a nossa salvação ou a causa da bem distintas entre si. Um exemplo desta diferença é a que existe ennossa perdição. tre a cultura digital e a cultura das mídias, sendo que na primeira existe De um lado, a pós-modernidade celebra a tecnologia, pois são benéficas uma convergência, um mix de mídias. E é preciso perceber muito bem e capazes de realizar proezas que o discurso humanista jamais conseestas diferenças, sem nos atermos ao fato de que, mesmo distintas, elas guiu atingir, por outro lado encontra-se a destruição da natureza e os se misturam, e que todas têm sua força individual. A consistência entre perigos da automação e desumanização, que contrariam as expressões elas é fundamental para que tenhamos hoje a cultura digital. salvacionistas. Diante do exposto, Lunenfild (1999 b) diz que não importa quão Santaella busca mostrar os prós e os contras existententes na estreita e parecida é a mídia digital da analógica, se observarmos o exemplos da focomplexa relação entre a tecnologia e os seres humanos. A cibercultura tografia, cinema e vídeos, elas fundamentalmente são bem diferentes. e todas as outras culturas são criações humanas, não existindo então Os computadores têm uma grande importância e poder de recoa separação entre a forma dela e o indivíduo. Nós somos essa cultura, dificação das linguagens, mídias, arte e estética, criando sua inserção, e apesar de ser uma tecnologia inteligente e de rápida evolução, ela se velocidade e dinamismo no WWW, como sites que aparecem e desaparecem da rede com uma velocidade assustadora. A vida ciborg e o seu volta em busca dos sentidos do corpo humano. potencial tecnológico versus vitalidade são somente a ponta do iceberg. Enfim, esse acirramento das culturas interativas vem dando A era digital tem chamado muita atenção em todo mundo inclusive no novo status a sociedade da informação, assim como uma visão positiBrasil, e o número de estudiosos e estudos sobre esta tecnologia vêm va ao que é um conjunto de aspectos e padrões culturais relacionados crescendo assustadoramente. a internet e a comunicação em redes de computadores no mundo pós-
De acordo com Heim (1999 p.31-45) o impacto do computador sobre a cultura e economia divide os críticos em três tipos:
moderno a fim de um progresso deliberado.
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1984 Truman Burbank, um cidadão aparentemente comum de Seahaven, mora com sua linda esposa nos subúrbios da cidade e ganha a vida vendendo seguros. Para ele a vida sempre foi tranquila, tudo deu certo, tudo se encaixou perfeitamente e dali ele não sairia por nada. O que Truman (por enquanto) não sabe é que ele é a estrela principal de um reality show visto no mundo inteiro, que retrata sua vida desde seu nascimento. Todas as pessoas na cidade são atores, inclusive sua mulher e seu melhor amigo. Truman ao longo do tempo vai percebendo uma certa lógica em tudo, seu rádio sincroniza com sua ida ao trabalho, o trânsito funciona de modo que ele chegue sempre no mesmo horário e tudo funciona desse jeito. Então certas gafes da produção ocorrem e fazem ele refletir sobre seu mundo. Tudo vai indo certo até que ele decide colocar seu sonho em prática, viajar. Mas as coisas acontecem de modo que ele não saia do show, deSeahaven. Ônibus estragado, incêndios florestais catastróficos e traumas de infância o impedem de seguir em frente. Uma longa trama se desenvolve ao longo da vida de Truman, desde seu relacionamento com Meryl, a mulher que ele realmente ama até protestos para um “Free Truman”. Tudo isso é uma crítica à industria cultural, que domina e detém o poder sobre a massa, como já diziam Adorno e Horkheimer, fundadores da Escola de Frankfurt (1923). O conceito aplicado ao filme é muito bem elaborado e já foi desenvolvido por vários outros meios artísticos. O Show de Truman tem o papel de crítica e denuncia à alienação do homem. Como George Orwell, em seu 1984 . O filme mostra o homem sendo controlado a partir de interesses alheios. É o Grande Irmão em ação. Podemos citar vários outros autores que falaram desses interesses culturais que aprisionam o homem, como Marcuse, que cita a gaiola eletrônica, fazendo do homem um objeto. Enfim, O Show de Truman é um filme interessante para nos situar e denunciar a verdade por detrás da indústria cultural. Não que ela seja apenas perversa e não tenha qualidades positiva, mas tem em seus males o principal foco , que é o capitalismo.
conclusão O homem primitivo, ao transformar os grunhidos em palavras e dar nome às coisas, iniciou um processo primitivo de comunicação que nunca parou de evoluir. Os primeiros rabiscos e desenhos nas paredes rochosas das cavernas, são o início da comunicação e artes gráficas. A escrita em cerâmica dos assírios,em hieróglifos nos pergaminhos dos egípcios, em papel de bambu dos orientais, são patentes da lenta e progressiva evolução das comunicações, através dos tempos e das civilizações humanas. A origem de diferentes línguas em grupamentos isolados da humanidade e suas combinações originando grupos de linguagens regionais, constituíram-se em outro vetor de comunicação entre os humanos. A invenção do papel e principalmente da imprensa constituíramse num grande salto que mudou o paradigma nas comunicações, possibilitando acesso a alfabetização, ao saber e a cultura a significativas parcelas da população mundial. A comunicação passou a evoluir mais rapidamente. Novo salto se deu no terreno das comunicações com a invenção do rádio e da rádio difusão. A velocidade da evolução das comunicações aumentava sensivelmente. A introdução da imagem à comunicação sonora com o advento da televisão mudou sem dúvida os rumos não só da mídia como também dos usos e costumes da humanidade
isso já nos meados do século passado. Entretanto o advento da informática iniciou uma revolução de intensidade e velocidade na vida moderna influindo em todos os setores de atividade de maneira impensada e evolutiva, constituindo-se uma mudança abrupta do “modus vivendi”da humanidade visível aos olhos de uma só geração, coisa jamais vista na história do homem. A criação e evolução da WEB espanta a quem viveu antes e depois dela e mudou, mudou de continua mudando incessantemente, tornado-se imprenscindível para toda a humanidade e rompendo e transformando os paradigmas de toda civilização moderna, inclusive e principalemente da comunicação e da mídia, assunto que procuramos abordar nesta edição da revista INSIGTH.
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