SumĂĄrio
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Origem do Rock n’ Roll 5 As raĂzes 7 A revolucao que def iniu uma era 9 a invasao britanica 11 choque de geracoes
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Eletricidade pesada
15 Metalurgia 17 do metal ao ouro 19 Ocultismo e satanismo 21 A literatura e o rock
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legado mortal
25 o terror da cultura heavy metal 27 quando o metal se torna digital 29 nascido para ser selvagem 31 Os rebeldes e a cultura adolecente
Capítulo 1: Origem Atravéz de paradigmas quebrados, ritmos profanos e muitas drogas, o rock n’ roll revolucionava e mudava a maneira das pessoas de pensar, suas repercussões podem ser vistas até hoje em dia e sua origem causou muitos transtornos e conflitos entre as gerações.
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Capitulo 1 - Origem do Rock n’ Roll
As Raízes
As Origens Negras do Rock Antes de definir o rock, é preciso considerar o nascimento do blues - resultado da fusão entre a música negra e a européia. Este ritmo se encontra nas raízes musicais dos primeiros artistas de rock e sua denominação decorre da palavra “blue”, que em língua inglesa também significa “triste”, “melancólico”. Assim, essa nova música “doce-amarga” se transformou na principal base para a revolução sonora da década de 50.
foram fatores essenciais para a caracterização do rock. Neste ponto é que se encontra uma variação do blues: o rhythm and blues.
O ‘rhythm and blues’ é a vertente negra do Rock. É ali que vamos buscar, quase que exclusivamente (e só digo quase por espírito científico), as origens corpóreas do Rock. Reprimidos pela sociedade ‘wasp (white, anglo-saxon and protestant)’, a mão-de-obra negra, desde os tempos da No entanto, é preciso enfatizar que, além do escravidão, se refugiava na música (os blues) e na grito negro e das notas melancólicas do blues, a dan- dança para dar vazão, pelo corpo, ao protesto que ça e, principalmente o som das guitarras elétricas, as vias convencionais não permitiam. (CHACON, 1985, p. 24)
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Caracterizado como uma versão mais agressiva do blues, o rhythm and blues se formou a partir da necessidade dos cantores em se fazer ouvir
Com as tensões racias nos EUA ainda acirradas, a musica negra demorou para ser reconhecida como uma legítima forma de expressão e musica de qualidade.
nos bares em que tocavam, já que os sons dos instrumentos elétricos exigiam um canto mais gritado (MUGGIATI, 1973). Ainda assim, para a consolidação da primeira forma do rock - o rock’n’roll - houve também a fusão com a música branca, a chamada country and western (música rural dos EUA). Chacon (1985) compara esse gênero ao blues, na medida em que representava o sofrimento dos pequenos camponeses, o lamento. Os principais atingidos pela revolução sonora do rock’n’roll foram os jovens, inicialmente nos Estados Unidos e depois no mundo todo. Nos primeiros anos da década de 1950, estes jovens se encontravam em meio a disputas entre o capitalismo e o comunismo (a guerra da Coréia em 1950) e a uma valorização do consumismo, da modernização, fruto do progresso científico gerado no pós-guerra.
Nessa época, a tradicional sociedade norte-americana passou a ser contestada pelos jovens, os quais foram rotulados de rebeldes sem causa. Os filmes de Hollywood representavam a alienação jovem; o personagem de James Dean, no filme Juventude Transviada (1955), representava o comportamento adotado pela juventude: recusar o mundo sem no entanto chegar a uma visão crítica da realidade, divididos entre amor/pacifismo e violência/autodestruição. (MUGGIATI, 1973) No entanto, mais do que o cinema, a música se firmou como o canalizador das idéias contestatórias dos jovens, frente à insatisfação com o sistema cultural, educacional e político. E o rock’n’roll era o ritmo que ditaria esse comportamento.
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Capitulo 1 - Origem do Rock n’ Roll
A Revolução que definiu uma
ERA
A musica nunca mais seria a mesma O rock’n’roll, afinal, surgiu na América como um movimento da contracultura, visto que suas primeiras manifestações eram contrárias aos valores até então veiculados: “(...) figuravam convites à dança e ao amor (não necessariamente ao casamento), descrições de carros e de garotas, histórias de colégio e dramas da adolescência...”(MUGGIATI, 1985, p. 19-20) Em 1954, Bill Haley and his Comets, com a música (We´re Gonna) Rock around the clock, levou os jovens a ingressarem nesse novo ritmo – que no início era apenas um modismo - a partir da expressão contida no título da música, ou seja, dançando sem parar (around the clock). Esta música, que lançou Bill Haley para o sucesso mundial, também fez parte do filme Blackboard Jungle (Sementes de Violência). A denominação deste novo gênero, que revolucionou a maneira de fazer e ouvir música a partir de 1950, veio de um disc-jockey norte-americano, Alan Freed, que se inspirou em um velho blues: My daddy he rocks me with a steady roll (Meu homem me embala com um balanço legal). Ele foi um personagem importante para os primeiros momentos do rock, já que passou a divulgar ‘festinhas de rock’n’roll após o programa de música clássica que mantinha em uma rádio em Ohio. Tudo começou quando foi convidado por um amigo a visitar uma loja de discos em que viu vários jovens dançando ao som de uma música que até então ele nunca havia parado para ouvir: o rhythm and blues. (MUGGIATI, 1973, p. 36)
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Um dos artistas mais importantes dos primeiros anos do rock’n’roll foi Elvis Presley. Como explica Chacon (1985), “só um símbolo sexual, devidamente municiado pelos melhores autores e ‘cantando e suando como um negro’ poderia transformar aquele modismo numa verdadeira revolução”. A sensualidade presente na voz rouca e na sua maneira de dançar, que transformaram Elvis numa superestrela do rock, tornou-o um exemplo clássico da influência negra sobre a sociedade branca norte-americana – aspectos para os quais Chacon (1985) chama a atenção. Além disso, sua história também tem pontos em comum com a de outros artistas: vidas atribuladas, envolvimento com drogas, relacionamentos desfeitos e um triste fim. Estes foram também alguns dos ingredientes das vidas de Jerry Lee Lewis, que teve muitos problemas com bebida e se casou várias vezes ou de Buddy Holly, que morreu ainda jovem em um desastre de avião.
O envolvimento com drogas e a vida atribulada dos artistas de rock ficaram marcados como algumas das características do gênero; a vida dos artistas citados acima demonstra que isso começou ainda nos primórdios do rock’n’roll. Em fins de 1950, o rock’n’roll já se apresentava como um produto inserido no sistema cultural. A postura de diversos setores da sociedade havia mudado em relação ao rock: se antes ele era maldito, condenado pelos setores mais conservadores, agora já fazia parte dos valores da sociedade em geral. Nessa época, o gênero sofreu um “esvaziamento”, provocado pela intensa comercialização dos discos de rock’n’roll e a divulgação de ritmos dançantes. Por volta de 1960, um novo personagem surge no cenário do rock, movido pelo ideal de revolução e por forte sentimento político: Bob Dylan, o “apanhador nos campos de centeio”. Como compara Muggiati (1973), Dylan é a personificação de Holden Caulfield, o garoto desajustado do livro de J. D. Salinger – personagem considerado o ponto de ruptura no modelo juvenil americano da década de 50. A música de Dylan se encaixa em um novo “modelo” de rock que surgia no começo da década de 60: a canção de protesto. Junto com Joan Baez, uma cantora de ascendência mexicana, Dylan se tornou o porta-voz da juventude pela liberdade, contra a guerra do Vietnã e o preconceito racial. Em 1963, os dois estavam na Marcha dos Direitos Civis sobre Washington, ao lado do líder negro Martin Luther King.
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Capitulo 1 - Origem do Rock n’ Roll
A Invasão Britânica Os britanicos estao chegando Americano genuíno, o rock engoliu o mundo com poucos anos de vida. Registros como as gravações de “That’s All Right (Mama)”, de 1954 (Elvis Presley) e “Rock Around the Clock”, de 1955 (Bill Haley) colocaram os Estados Unidos de cabeça para baixo, deixando os moralistas desesperados com o que classificavam de libertinagem ampla, geral e irrestrita. O que ninguém imaginava é que do outro lado do Atlântico, no Reino Unido, usando tábuas de passar roupa como instrumentos, muitos grupos de skiffle --gênero musical com forte influência do blues, jazz e country -- ganhavam as ruas no final dos anos 1950. Uma dessas bandas foi o The Quarrymen, formada por John Lennon em 1957 e que tinha como contrabaixo um cabo de vassoura preso a uma caixa de chá. Outro ás do skiffle era Jimmy Page, pai do Led Zeppelin que, em 1961, com 17 anos de idade, já trabalhava como músico de estúdio e tocava numa banda do estilo. Inspirados em seus ídolos norte-americanos, a febre de bandas de rock começava a tomar o Reino Unido. Nomes como The Shadows e Cliff Richards alucinavam a garotada e, em outra ponta, The Beatles e Rolling Stones começavam a fabric ar o navio que iria servir de cabeça de ponte para a tão cultuada Invasão Britânica na América.
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Livros, filmes, discos, muito se produziu sobre a Invasão que começou com a explosiva ida dos Beatles aos Estados Unidos em 1964. O grupo se apresentou no lendário “Ed Sullivan Show” em 9 de fevereiro daquele ano que, afirmam todas as biografias, registrou a maior audiência de televisão da história. A América, boquiaberta, começou a assistir cenas de garotas se atirando no chão para lamber as calçadas por onde os Beatles passavam. Se existe um marco zero p ara a Invasão Britânica é o dia 9 de fevereiro de 1964. Os Beatles logo dominariam todas as paradas de sucesso, e no dia 4 de abril daquele mesmo ano eles ocuparam as cinco primeiras colocações na lista de “100 Melhores lançamentos” da revista “Billboard”, um feito sem precedentes até hoje. A Invasão se consumaria com o desembarque de outros nomes como Rolling Stones, The Who, The Animals e The Kinks, entre tantos outros. Há quem afirme que a primeira onda da Invasão Britânica teve como co-responsável o norte-americano Elvis Presley, que, ao se alistar no exército, num gesto até hoje mal explicado (ele serviu na Alemanha de outubro de 1958 até março de 1960), teria dado um tiro na asa no rock libertário e anárquico que começava a querer colocar as guitarras de fora nos Estados Unidos. O público beijou a boca da Invasão Britânica porque ela chegava pregando paz, amor e liberdade em alto e bom som numa terra cansada de pólvora e morte no campo de batalha. Mas uma outra corrente de biógrafos afasta qualquer interf erência de Elvis na Invasão Britânica. Para esses, o rock americano começou a patinar e os ingleses, famintos, entraram nos Estados Unidos matando. E não saíram mais de lá.
A chegada dos Beatles O quarteto de Liverpool aterrissou em Nova York às 13h20 de 7 de fevereiro de 1964 no voo 101 da Pam Am. Segundo a agência EFE, cerca de 4.000 fãs os esperavam, além de 200 jornalistas e mais de cem policiais. O escritor Tom Wolf, que estava cobrindo a chegada para o jornal “New York Herald Tribune”, relatou então como “algumas das meninas tentaram saltar por cima de um muro de contenção”. Dois dias mais tarde, em 9 de fevereiro, o quarteto apareceu no “The Ed Sullivan Show”, da rede de televisão CBS, onde interpretou cinco canções ao vivo, entre elas “I Want To Hold Your Hand” e “She Loves You”. Foi um momento histórico com mais de 73 milhões de telespectadores, qualificado pela empresa de medição de audiência Nielsen como o programa de televisão mais visto da história.
E em 11 de fevereiro chegaram de trem à capital americana, onde realizaram seu primeiro show nos Estados Unidos, que segundo alguns foi um ensaio para a estreia no Carnegie Hall de Nova York um dia depois. John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr se deslocaram de limusine da estação de trem de Washington até a Uline Arena, um local de esportes e espetáculos.
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Capitulo 1 - Origem do Rock n’ Roll
Choque de Gerações flores tomam conta do campo Na década de 60, as roupas coloridas, cabelos compridos e o “flower power” tomaram conta da América, mais especificamente da Califórnia, com o movimento hippie. Movidos pelo slogan “paz e amor”, esses jovens que se entregaram à ideologia do pacifismo, do amor livre e das “viagens” de LSD representaram um movimento importante para a contracultura: “o movimento hippie vai construir suas comunidades em meio a um clima astrológico que previa (...)o advento de um novo mundo”(CHACON, 1985. p. 63). Eles esperavam pela “Era de Aquário” em meio à busca pelo prazer: “...não havia lugar para a injustiça social, a degradação da natureza e a opressão humana.”(MUGGIATI, 1985, p. 41) Outro importante artista que deixou seu nome marcado como um dos maiores guitarristas de rock foi Jimi Hendrix. Influência para muitos outros que vieram nas décadas seguintes, Hendrix inaugurou o virtuosismo nas canções de rock; o uso de tecnologia para a distorção de sons, apresentações de contorcionismos com a guitarra e o visual extravagante foram marcas registradas deste astro do rock.
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Seu relacionamento quase sexual com a guitarra se assemelha à dança de acasalamento de uma espécie estranha, de uma raça interplanetária. Além das contorções corporais, Jimi joga com as distorções sonoras, arrancando notas incríveis da guitarra, envenenada por uma quantidade de novos recursos eletrônicos. The Doors foi outro grupo que surgiu em 1967 e teve uma curta, porém marcante carreira. Jim Morrison, vocalista e líder da banda, mostrava grande sensualidade no palco. Um dos interesses de Morrison, que também havia estudado técnicas cinematográficas em Los Angeles, era o xamanismo, antiga religião asiática. No dicionário, xamã significa “sacerdote mágico, que entra em transe”, e essa descrição é adequada à postura de Jim Morrison. A música The end, do mesmo disco da clássica Light my Fire, foi incluída no filme Apocalipse Now, de Francis Ford Copolla. Entretanto, em 1970, as mortes de importantes representantes do acid rock abalaram a ligação entre a música e as drogas: Jimi Hendrix é sufocado com seu próprio vômito, depois de uma intoxicação de barbitúricos e Janis Joplin é encontrada em seu quarto, vítima de overdose de heroína. No ano seguinte, Jim Morrison morre devido a uma parada cardíaca. Os três formaram a chamada “Santíssima Trindade Trágica do Rock”, como compara Muggiati, e marcam uma época de transição - a partir de 1970, o rock sofre uma nova mutação.
Woodstock Em 15 de agosto de 1969 começava ao norte de Nova York um festival de rock em que se apresentaram os mais conhecidos músicos do gênero. O evento entrou para a história como auge e crepúsculo da geração hippie. Ninguém tinha mais de 30 anos entre os 400 mil jovens que acamparam durante três dias, comendo, bebendo, dormindo e fazendo amor ao ar livre. E fumando maconha. Quem esteve em Woodstock de 15 a 17 de agosto de 1969 afirma que foi a maior manifestação de paz de todos os tempos. Para as más línguas, a descontração foi resultado do enorme consumo de drogas praticado durante o evento pelos jovens representantes da “geração das flores”. O que estava planejado era algo totalmente diferente. Os quatro jovens de Bethel, no estado de Nova York, que alugaram para o festival de rock ao ar livre a propriedade rural de Max Yasgur, de 250 hectares, contavam com a participação de no máximo uns 80 mil hippies.
Mas, ainda antes de a festa começar, não parava de chegar gente para ouvir The Who, Jimmy Hendrix, Joan Baez, Crosby, Stills & Nash, Jefferson Airplane e muitos outros mais que haviam confirmado presença. Logo foi preciso desmontar as cercas da fazenda, o que ocorreu com toda a calma, porque o pessoal não era de arruaça. Max Yasgur não cabia em si de contentamento: “Sou um simples camponês. Não sei como falar para tanta gente. Esta é a maior multidão que já se reuniu num lugar. Mas acho que vocês provaram uma coisa para o mundo: que é possível que meio milhão de pessoas se reúnam para ouvir música e se divertir durante três dias — só música e divertimento”. O festival em Woodstock não foi o primeiro a ser realizado ao ar livre em fins da década de 60. E, para os hippies de verdade, até hoje o festival de Monterey, realizado na Califórnia no verão setentrional de 1967, continua sendo o acontecimento. Mas a ele compareceram apenas 50 mil pessoas. Woodstock reuniu pelo menos oito vezes mais. Hoje Woodstock tem a aura de um mito, provavelmente também por representar o crepúsculo do movimento hippie. No mesmo ano, o clã de Charles Manson havia cometido assassinatos bárbaros ao som de rock e no embalo das drogas, matando entre outras pessoas a atriz Sharon Tate, esposa do cineasta Roman Polanski.
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Capitulo 2: Eletricidade Assim o rock amadureceu para desafiar as tendĂŞncias que ele mesmo popularizou e atravez de um brutal processo de metamorfose. Essa nova forma que o rock tomou iria desafiar os paradigmas da ĂŠpoca novamente de uma forma inovadora.
Capitulo 2 - Eletricidade Pesada
A origem do metal pesado O marco inicial do metal para muitos se deu em 1968, quando os Beatles gravaram “Helter Skelter” em seu famoso e controverso Álbum Branco. Os motivos que dão base a esta tese são muitos: as guitarras saturadas e estridentes, o vocal “berrado”, a própria levada da música...
Como se não bastasse, a canção composta por sir Paul McCartney (cujo título pode ser traduzido como confusão, algo fora de controle) foi citada pelo famoso Charles Manson como sua fonte de inspiração (?) para cometer o assassinato de Sharon Tate, esposa grávida do cineasta Roman Polanski, diretor de “O Bebê de Rosemary” – dentre outros disparates que o levaram gradativamente a chegar ao crime, ele acreditava que o quarteto de Liverpool eram os quatro cavaleiros do apocalipse (!!!), e que a letra de “Helter Skelter” representava a batalha do juízo final (!!!!!). Na verdade, a música se refere a um tobogã popular nos parques da Inglaterra, onde se escorregava de forma meio descontrolada, e foi uma espécie de resposta ao The Who, cujo guitarrista Pete Townshend havia dito em uma entrevista que sua canção “I Can See For Miles” era a mais barulhenta já gravada. Mas isso já é assunto para uma outra longa história...
Outros clamam que a semente do metal tem outra origem. Ainda naquele ano, pela primeira vez se usou o termo heavy metal em uma música, na letra da lendária “Born To Be Wild”. Tornou-se famosa ao ser escolhida como música tema do filme “Sem Destino” (1969), com Peter Fonda, Dennis Hopper e Jack Nicholson, e seus versos comparavam o barulho da motocicleta a um trovão de metal pesado, “heavy metal thunder”. Relatos do próprio Mars dão conta de que sua inspiração para compor foi um pôster visto em uma vitrine de uma loja em Hollywood, com uma Harley Davidson na estrada e a expressão “Born To Ride” cravada no asfalto.
Há ainda uma terceira corrente, que recai sobre um power trio que tocava mais alto e era mais barulhento do que qualquer banda da época, o Blue Cheer, cujo nome foi retirado de um poderoso tablete de LSD que circulava pela Califórnia naqueles dias. Originalmente um sexteto, após a debandada de metade da banda, os três membros remanescentes Leigh Stephens (guitarra), Paul Whaley (bateria) e Dickie Peterson (baixo e vocal) decidiram aumentar o volume no máximo, para nas apresentações preencher o vazio deixado pelos ex-companheiros. Seu blues-rock extremamente amplificado fez sucesso com uma versão de “Summertime Blues”, de Eddie Cochran, registrada em seu álbum de estréia de 1968, que levava o curioso nome de “Vinceptus Eruptum”, que continha ainda a ótima “Rock Me Baby” e a longa e chapadona “Doctor Please”. Curiosamente, com
o decorrer de sua carreira o Blue Cheer foi polindo seu som e diminuindo o volume cada vez mais, num caminho inverso à tendência que o rock seguiria. Alguns hoje classificam o estilo como “stoner rock” (se formos traduzir, rock “chapado”), outros como metal. Se formos voltar ainda mais um pouco no tempo, temos outros momentos que são lembrados e citados também, como a primeira música a apresentar distorção nas guitarras, “You Really Got Me”, do The Kinks, de 1964 (aquela mesma posteriormente regravada pelo Van Halen em seu disco de estréia). Muitos especialistas chegam até mesmo a elencar o lendário Cream, de Eric Clapton, Jack Bruce e Ginger Baker, como pais do som pesado (hipótese a ser considerada, principalmente com relação às elétricas performances ao vivo do trio), bem como o próprio The Who, que além de tocar alto, quebrava tudo no palco, literalmente. Mas, por fim, todos os caminhos acabam sempre levando ao mesmo denominador comum, apontando para as três bandas que dão título a esta matéria como os grupos seminais do estilo.
Capitulo 2 - Eletricidade Pesada
Quanto mais alto melhor Enquanto astros do pop tomavam conta do cenário musical, o heavy metal também se expandiu, até chegar à virada 1980/90 com uma profusão de subgêneros. A junção do hard rock e o metal tradicional tornaram esse gênero o mais popular da década. No fim da década de 70, surgiram grandes grupos de metal inglês, que se firmariam pós-1980, como Iron Maiden, Samson, Def Leppard, Motorhead e Saxon - produtos da New Wave of British Heavy Metal, liderada pelo Judas Priest. As bandas de heavy metal consistem geralmente em bateria, baixo e uma ou duas guitarras, mas a partir de 80, bandas como Van Halen ampliaram seu som com o uso de teclados e sintetizadores. Outra característica comum a essas bandas era a energia dos integrantes no palco, como pode ser verificado com os shows do Iron Maiden (donzela de ferro), que recebeu esse nome em alusão a um instrumento de tortura medieval. Depressão e juízo final, entre outros, são assuntos comuns nas canções da banda - o último disco, Brave New World, leva o nome da clássica obra de Aldous Huxley, Admirável Mundo Novo, que constitui uma fantasia sobre a humanidade no futuro. O vocalista, Bruce Dickinson (que havia se separado do grupo em 1992 e voltou quase dez anos depois) também conta com uma bem-sucedida carreira solo. A alquimia figura entre seus temas favoritos, sendo que um de seus discos chama-se Chemical Wedding.
O Iron Maiden constitui uma das bandas mais queridas dos críticos de heavy metal em geral. Na época em que Dickinson deixou a banda, porém, o vocalista que o substituiu, Blaze Bailey, foi alvo de muitas críticas negativas, tanto por parte dos fãs quanto desses mesmos críticos. Atualmente, o Iron Maiden conta com três guitarristas em sua formação, já que o antigo guitarrista, Adrian Smith, voltou ao grupo junto com Bruce Dickinson. O Def Leppard surgiu como um grupo de heavy metal, mas passou a utilizar efeitos especiais que o desligaram deste gênero, mudando seu estilo. Em meados da década de 80, o sucesso do Guns’n’Roses demonstrou a forte presença do metal; no início, o metal era um estilo “cult”, como compara Friedlander (2002), mas acabou por ampliar seu apelo, inserindo-se no mainstream. A presença de palco de Axl Rose, vocalista do Guns’n’Roses, era marcante por seu estilo de cantar e se movimentar durante as apresentações ao vivo. Appetite for Destruction, de 1987, representou a mistura do hard rock com a emocionalidade do blues. Após a separação da banda, só restou Axl Rose da formação original. A apresentação do Guns no último Rock in Rio, em 2001, mostrou que ainda existem muitos fãs da antiga fase. Apesar de músicas como Sweet Child O’ Mine e Welcome to the Jungle agitarem a platéia, atualmente a presença do Guns’n’Roses é bem menor.
Grandes barbas e cabeleiras, o movimento e a musica teve de se libertar das antigas morais para serem reconhecidos comoalgo diferente
a metamorfose ambulante O heavy melódico foi outra vertente deste gênero que cresceu nos anos 80, expandindo-se na década seguinte, inclusive com a presença de bandas brasileiras – que se aproveitaram da aceitação do Sepultura no exterior para ampliar seu mercado. Bandas como Helloween e Gamma Ray (Alemanha), Raphsody (Itália), Viper e Angra (Brasil) são algumas das representantes do metal melódico, caracterizado por músicas de melodias fortes, vocais de tons “operísticos” e virtuosismo com as guitarras. A influência erudita também é detectada em alguns desses grupos, como os brasileiros citados.
O Viper retrata o início da profusão do metal melódico no Brasil. O último disco com participação do vocalista André Matos, Theatre of Fate, é de 1986. Após esse álbum, Matos sai com a desculpa de estudar para ser maestro e forma o Angra – banda de grande repercussão no Brasil e no exterior. O Japão, principalmente, mostrou-se um bom mercado para os grupos de heavy metal melódico, especialmente para o Angra. Apesar de encontrar-se alheio à música eletrônica, o heavy metal também sofreu a influência desta “febre” dos anos 90. Assim surgiu o chamado alternative metal de bandas como Korn, Soulfly e Limp Bizkit, que além das batidas eletrônicas, utilizam linhas vocais “sincopadas”, como o hip hop e guitarras heavy metal.
Capitulo 2 - Eletricidade Pesada
Satanismo no Rock n roll Quais seriam as razões das frequentes acusações de grupos, principalmente evangélicos, sobre a ligação entre rock e adoração ao demônio? a) O rock de uma maneira geral prega a rebeldia contra os costumes vigentes e ataca o sistema vigente, incluindo a religião vigente. Esta anti-religião facilmente é confundida com uma religião anti-cristã. b) O rock prega o hedonismo, o que é contrário à pregação das igrejas cristãs e frequentemente associado a satanismo. Na realidade o hedonismo, o gozo máximo dos prazeres terrenos (drogas, sexo) é realmente um dos princípios da maior parte das seitas satanistas. ou abordar temas demoníacos pode ser explicado facilmente por qualquer uma das seguintes alter c) O rock prega o individualismo, a vonta- nativas: de própria acima da vontade da maioria. Este é um outro ponto fundamental das seitas satanis a) Arte. Uma música que aborda o tema tas, sendo inclusive o resumo do pensamento do satanismo pode ser considerada apenas uma “satanista” inglês Aleister Crowley: “Faz o que tu expressão artística sobre o tema, assim como um queres, há de ser tudo da lei”. Isso será melhor bom livro ou filme de terror. abordado adiante. Devido fundamentalmente a estas três b) Rebeldia. A abordagem de temas “proicaracterísticas o rock foi a início taxado de debidos” pode ser apenas mais uma maneira de moníaco. Com as acusações já existentes alguchocar a sociedade conservadora. Além do mais mas bandas resolveram levar a polêmica adiante, o ser humano tem uma tendência a apreciar o propositalmente ou não. O maior motivo das que é proibido pela maioria. acusações de satanismo nas duas últimas décadas se deve ao fato de muitos rock-stars terem adota- c) Interesse pelo oculto, o que não implica do abertamente uma atitude (ou ao menos uma obrigatoriamente em satanismo. O tema do oculaparência) demoníaca, (como Kiss, Ozzy Osbour- to pode ser abordado apenas pelo fato de desperne, Alice Cooper, Wasp, etc) enquanto outros tar interesse e não por despertar credos religioabordam com certa frequência o tema do oculto sos. (Rolling Stones, Iron Maiden, Black Sabbath, AC/ DC, etc). Este interesse em parecer demoníaco
Beatles - Em seus últimos discos abordaram religiões orientais com frequência além de terem abusado do experimentalismo com drogas. John Lennon foi um estudioso do bruxo inglês Aleister Crowley. Crowley é uma das figuras presentes na capa do álbum Sgt Peppers. Black Sabbath - A primeira banda a adotar abertamente uma temática e visual satânicos. O nome Black Sabbath é uma referência a encontros de feiticeiras. Seus álbuns são algumas vezes adornados com cruzes e demônios. Além disso muitas letras falam de Satan, como NIB e War Pigs.
Os Sacrificios Robert Johnson - Artista de blues da década de 30 que influenciou direta ou indiretamente todo o cenário do rock. Robert Johnson dizia ter feito um pacto com o demônio em troca de sua musicalidade e do sucesso, tendo abordado este tema em suas músicas. O filme Crossroads (A Encruzilhada, com Ralph Machio, o garoto de Karate Kid) aborda superficialmente a história de Robert Johnson, que morreu envenenado por um marido traído. Rolling Stones - A primeira banda a abordar o tema satanismo em suas letras com a música Simpathy For The Devil (Simpatia pelo Demônio) e o disco entitulado Their Satanics Majesties Request (Serviço de Sua Majestade Satânica). Além disso em diversos discos colocaram referências a satanismo ou vodoo, como nos álbuns Goats Head Soup (gravuras do encarte) e no álbum Voodo Lounge.
Ozzy Osbourne - Ex-vocalista do Black Sabbath. Embora não tenha abordado profundamente em suas letras a temática satanista, desenvolveu um visual demoníaco, com maquiagem pesada e mesmo lentes de contato vermelha. A música Suicide Solution foi acusada de gerar suicidios de jovens. Led Zeppelin - Com certeza a banda mais acusada de ter temas satanistas escondidos em suas letras gravados de tras para frente. O certo é que o guitarrista Jimmy Page foi um profundo estudioso do bruxo inglês Aleister Crowley, chegando a comprar a mansão deste. A morte do baterista John Bonhan e frequentes acidentes envolvendo os membros restantes são considerados por muitos provas definitivas do pacto feito entre a banda e o demônio. Alice Cooper - O codinome do vocalista (e da banda) segundo ele próprio foi sugerido em uma mesa de ouija (algo semelhante ao “jogo do copo”) por um espírito. O visual com maquiagem viria a ser copiado exaustivamente.
Capitulo 2 - Eletricidade Pesada
As obras e as suas origens criativas Que a relação entre música e literatura é fato, isso é inegável. Para não se alongar muito, nos foquemos no rock, pois se partirmos para outros estilos, teríamos assunto e citações infinitas. São dezenas de grupos que se inspiraram em obras literárias, em escritores, poemas e prosas para comporem suas canções, seus álbuns conceituais, seus próprios nomes de bandas, seus visuais e seus espetáculos. Lógico que não há condições de se citar todos, mas abaixo segue uma modesta sequência desta admirável relação que une as artes literárias e musicais. “Dante XXI” da banda Sepultura foi lançado no ano de 2006 e é baseado numa obra prima da literatura universal chamada “A Divina Comédia”, escrita pelo italiano Dante Alighieri e lançada entre os anos 1304 e 1321. Na obra, o autor descreve uma épica jornada sua até o inferno, passando pelo paraíso e pelo purgatório, em busca de sua mulher amada. A característica principal do escrito está na ironia em locar personagens políticos e celebridades, além de conhecidos, de sua época em seus devidos lugares. Este mesmo livro inspirou capa e título do disco “A Divina Comédia, ou Ando Meio Desligado” dos Mutantes, lançado no ano de 1970.
“Animals” do Pink Floyd foi lançado no ano de 1977 e é baseado no livro “A Revolução dos Bichos” do escritor inglês Geroge Orwell. Com uma bucólica sátira à sociedade moderna, Orwell retrata metaforicamente políticos como porcos, policiais repressores como cães que, obedecem cegamente aos porcos e populares como ovelhas, prontas a seguirem ordens sem contestação. A publicação do livro se deu em 1945. “1984” de Rick Wakeman foi lançado em 1981 e também é baseado em obra do inglês George Orwell. O livro, também chamado de “1984” foi lançado no ano de 1949 e apresenta um chocante drama em um país fictício onde não existe cultura, senão aquela imposta pelo Estado (daí surgiu o termo “Big Brother”) que se faz onipresente através de câmeras, controlando toda a população, punindo severamente qualquer tentativa de subversão e impondo um regime totalitário de medo e submissão ferrenha onde até as crianças são doutrinadas a vigiarem seus pais. Até hoje a obra impressiona e causa uma estranha sensação de que já vivemos isso. O mesmo autor também foi a inspiração para David Bowie lançar seu disco “Diamond Dogs” em 1974 e para o Radiohead lançar “2+2=5” em 2003.
o medo pelo desconhecido Howard Philips Lovecraft foi um escrito de ficção nascido em 1890 e morto em 1937. É considerado um dos pais da ficção e do terror modernos na literatura.
Cthulhu e Shub-Nigurath além de abordar os rituais de invocação que haveriam escritos em um livro chamado Necronomicon (Livro dos Mortos).
Lovecraft costumava fazer parecer em seus livros que os demônios e rituais citados eram reais, inclusive citando como fontes de seus conhecimentos a mitologia grega, egípcia, árabe e assíria embora tudo não passasse de ficção. Costumava citar frequentemente em seus contos demônios como
O livro dos mortos nunca existiu, porém Lovecraft o tratava de forma tão detalhada em seus livros que chegaram a se criar seitas de estudo do Necronomicon e várias versões foram forjadas deste livro. O Necronomicon é o livro tema da série de filmes A Morte do Demônio (Uma Noite Alucinante) em que um grupo de jovens invoca sem querer forças incontroláveis. É também baseada na obra de Lovecraft a série Re-Animator entre muutos outros filmes e livros. A influência de Lovecraft entre bandas de rock é apenas literária, mas os demônios e rituais de sua obra costumam ser confundidas com uma religião de verdade, o que leva muitos a considerarem isto satanismo. A música Call of Cthulhu do Metallica é baseada no livro de mesmo nome de H. P. Lovecraft. Cthulhu é uma criatura (um demônio) que dormiria no fundo dos oceanos, se comunicando com os humanos através de sonhos.
Necronomicon, grande simbolo do universo literário de H.P. Lovecraft
Na capa do disco Live After Death do Iron Maiden é de H. P. Lovecraft a citação escrita na lápide da sepultura de Eddie. “That is not dead which can eternal lie, And with strange aeons even death may die.” A tradução aproximada seria “Não está morto o que eternamente jaz inanimado, e em realidades estranhas até a morte pode ser vencida”. Obviamente o trecho, que seria uma citação do Necronomicon, trata sobre a vida após a morte.
Capitulo 3: legado Com um movimento da magnetude que o rock n’ roll teve, suas repercussões reberberaram pela cultura popular dos Estados Unidos e do mundo. Obras com inspiração nos astros, musicas e cultura do movimento ainda são feitas ainda hoje.
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Capitulo 3 - Legado Mortal
O terror da cultura heavy metal O esteriotipo maldito Muitos devem já ter ouvido por aí, o discurso preparado, até discriminatório que todo Headbanger é igual. O chamado clichê; radical, extremista, reacionário, entre outros.
Entretanto, como todo rótulo, que visa denegrir, radicalizar e até manipular uma situação, uma realidade cultural, cujos preceitos e valores fogem do usual, muitas vezes não refletem uma realidade propriamente dita. Existe radicalismo dentro do Metal? Existe, como todos os eventos e manifestos culturais pelo o país. O Headbanger é taxado por alguns, como um cara, ‘imbecilizado, alienado’, por seguir e acreditar no seu gênero preferido. Por usar um visual extravagante, roupas rasgadas, cabelos armados, etc...como forma artística, esteticamente, não aceito e inserido a sociedade, muitas vezes, conservadora e hipócrita. A pergunta que fica, não há radicalismo em outras áreas? Porque só o Headbanger deve carregar os estigmas e ser condenado, marginalizado por aqueles que pregam o moralismo e mantém Lepos, lepos, Largadinha e outros hits chicletes que fazem da cultura brasileira, um antro de perdição, vazio de valores éticos e morais.
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A cultura Heavy Metal tem uma alta dose de brutalidade em seu meio, uma das maiores representações dessa brutalidade é a famosa roda Punk
Outro questionamento, até que a ponto a cultura local, regional, nacional é boa? Sendo que se partirmos desse pressuposto, tudo que é diferente é marginalizado, tratado pelo os veículos de massa como algo abominável, sem crédito, sem qualidade. A Cultura Pop como uma forma de influência, através do ‘Mainstream’, ou seja, grandes gravadoras, rádios, emissoras e o famoso ‘jabá, que ainda regulamenta e serve como um termômetro de reconhecimento de sucesso estabelece uma cultura do consumo, ‘entretenimento’, deixando de lado muitas vezes o conceito de arte, propagando os modismos e matando ideologias, os aprisionando. Diante tudo que dito, será que realmente, a difusão da arte, seja pop, ou não, precisa seguir apenas valores comerciais? Qualquer gênero enraizado na sociedade, nos guetos, segue preceitos artísticos. A pergunta, o meio é a mensagem? O Heavy Metal é um gênero como outro qualquer que mantém e goza de qualidade, musicalidade, mas que como outros gêneros, apontam o ‘esquerdismo’ de alguns, mostrando uma errônea realidade.
Como diria Raul, ‘é preciso cultura pra cuspir na estrutura’... o conhecimento, a bagagem cultural, a busca incessante por uma boa informação, isenta, imparcial, por mais difícil que seja, confirma um status crítico na indústria Fonográfica. Por outro lado, a mudança de concepção, a inserção de novas mídias de divulgação, difusão, acende a luz de atenção e reflexão sobre o cenário da música. Supostamente, a democratização da música, através de canais, como; youtube, Myspace, abrem um espaço até então restrito para o Underground. Enfim, o Heavy Metal, caminha, respira, se reinventa a cada dia, sem a pompa e o sucesso comercial de outrora, mas que ainda sobrevive num país que cospe na cultura Underground, intrínseca as grandes gravadoras, que fazem da sua ganância, uma verdadeira feira de produtos baratos, podres, mas que de alguma forma reflete valores e padrões de uma sociedade, alienada, desinteressada...
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Capitulo 3 - Legado Mortal
quando o metal se torna digital 5 jogos mais heavy metal Se tem uma coisa que a maioria de nós(pelo menos eu) adoramos fazer, essa coisa é: Jogar videogames. Então nesse artigo eu decidi reunir os games mais ‘’Trues’’ já feitos, essa lista você confere abaixo.
5 - Devil may cry 3 Esse jogo clássico conta com uma história muito boa, puzzles que se resumem a dar porrada em tudo e em todos para passar de fase e uma ótima trilha sonora.
4 - Rock n roll racing Esse jogo clássico conta com uma história muito boa, puzzles que se resumem a dar porrada em tudo e em todos para passar de fase e uma ótima trilha sonora.
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3 - Metal gear rising revengeance Nascido da prestigiosa franquia Metal Gear, Metal Gear Rising tem uma trilha sonora ótima e ação em quantias absurdas, uma ótima maneira de satisfazer seus desejos hack n’ slash
2 - Guitar Hero É claro que o famoso Guitar Hero não podia ficar de fora da nossa lista. O jogo é uma obra prima dos games, nele você encarna um dos guitarristas disponíveis para escolha e sai por ai tentando transformar sua banda em um grande sucesso da indústria musical.
1 - Brutal Legend E para ocupar o topo da nossa lista, temos o fabuloso Brutal Legend. Nesse jogo onde o tema principal é o Heavy Metal, você encarna o personagem Eddie Riggs (Jack Black), um roadie que é transportado para a terra do heavy metal e precisa enfrentar forças malígnas que querem acabar com o estilo musical. O jogo também conta com uma trilha sonora impecável e a participação de astros do Heavy Metal como: OZZY OSBOURNE, Lita Ford, Lemmy Kilmister (MOTORHEAD) e Rob Halford (JUDAS PRIEST) que deram voz e suas características a personagens importantíssimos no decorrer do jogo.
Ja disponivel para PC, Xbox 360 e PS3 28
Capitulo 3 - Legado Mortal
Nascido para ser selvagem Um ode a cultura de motoqueros Um filme absolutamente rock and roll só poderia ter uma trilha sonora imperdível. É o caso de “Easy Rider”, clássico do cinema dirigido pelo ator Dennis Hopper e que estreou nos cinemas em 14 de julho de 1969. A história dos dois motoqueiros que cruzam os Estados Unidos vivendo histórias surreais e encontrando pessoas mais singulares ainda tem uma das trilhas mais famosas do rock. A história por trás disso tudo é deliciosa. O editor Donn Cambern, que também era um grande colecionador de discos, quando estava montando o filme pesquisava músicas em sua própria coleção para ilustrar as cenas da película. Muitas das escolhas iniciais de Cambern acabaram sendo usadas na versão final do filme, gerando um custo de licenciamento superior a 1 milhão de dólares mais do que o triplo do orçamento total do próprio filme, que custou apenas US$ 360 mil. Quem também teve um papel importante nesse aspecto foi o trio Crosby, Stills e Nash. Hopper era amigo pessoal de David Crosby, Stephen Stills e Graham Nash e apresentou o corte inicial do filme para os músicos, que ficaram encantados com o que viram - e ouviram - e garantiram ao diretor que ele não conseguiria fazer algo melhor do que já estava ali. A opinião dos três fez com que Dennis Hopper tivesse ainda mais certeza de que estava no caminho certo, tanto no aspecto cinematográfico quanto em relação à trilha.
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Bob Dylan, já naquela época um dos maiores e mais respeitados músicos e compositores do rock, foi convidado para participar da trilha, mas não se empolgou muito com a ideia. Para não deixar os produtores na mão permitiu que uma de suas canções, “It’s Alright, Ma (I’m Only Bleeding)”, fosse utilizada na obra, porém em uma nova gravação de Roger McGuinn, dos Byrds. Além disso, escreveu o primeiro verso de uma letra até então inédita e deu aos produtores com a seguinte recomendação: “Entreguem isso a Roger, ele saberá o que fazer”. O rascunho de Dylan acabou se transformando em “Ballad of Easy Rider” pelas mãos de McGuinn, uma das músicas mais emblemáticas do final da década de 1960. O LP com a trilha do filme chegou às lojas em agosto de 1969 pela Dunhill, selo da Reprise Records, subsidiária da Warner. Com apenas dez faixas, sendo cinco de cada lado, o disco é o retrato literal de uma época. Todas as faixas aparecem no álbum na mesma ordem em que surgem na tela, tornando a experiência de ouvir a bolacha ainda mais forte e próxima do filme de Dennis Hopper. O Steppenwolf dá o pontapé inicial com duas composições que se tornariam eternas. “The Pusher” é um blues nada convencional que classifica como traficantes de drogas apenas aqueles que vendem maconha e como “empurradores”- o “pusher” do título - aqueles que comercializam heroína, “um monstro que não se importa se o usuário vai viver ou morrer”.
A sequência se dá com o hino “Born to Be Wild”, que a partir da sua inclusão em “Easy Rider” se transformou em um dos maiores clássicos do rock, com literalmente milhares de versões gravadas ao longo das décadas. Uma das músicas mais famosas da história, “Born to Be Wild” virou sinônimo de liberdade e passou a ser associada com a cultura do motociclismo, relação essa que só se intensificou no decorrer dos anos O play segue com a curiosa versão de Smith para “The Weight”, faixa originalmente gravada pela The Band e que, por motivos contratuais, não pode ser incluída no disco com a trilha. No entanto, é a gravação original da própria The Band que aparece no filme. Por essa razão, a releitura de Smith é propositalmente bastante similar à original. “Wasn’t Born to Follow”, composição lançada pelo The Byrds em “The Notorious Byrd Brothers” (1968), comparece em seguida, assim como a hilária “If You Want to Be a Bird”, do The Holy Modal Rounders, que fecha o lado A do LP.
Virando o disco temos o Fraternity of Man com a ótima “Don’t Bogart Me”, um country sensacional típico de um boteco de beira de estrada norte-americano. A psicodélica “If 6 Was 9”, faixa de “Axis: Bold as Love”, é a contribuição de Jimi Hendrix para a trilha, e acentua o clima multicolorido e entorpecido. Essa sensação, é claro, fica ainda mais clara com “Kyrie Elelson (Mass in F Minor)”, do Electric Prunes, cujo destaque são os celestiais vocais. O álbum se encerra com uma dose dupla de Roger McGuinn: as excelentes “It’s Alright, Ma (I’m Only Bleeding)” e “Ballad of Easy Rider”, acústicas e paridas a partir da mente privilegiada de Bob Dylan. Um fechamento perfeito para uma das jornadas sonoras mais fortes do cinema.
Este filme que mudou a história do cinema e revolucionou a maneira que a cultura pop se desenvolvia pode ser seu com uma limitada edição de colecionador
Box de Easy Rider com Blu-ray, LP com a trilha sonora do filme e modelo da iconica motocicleta
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Capitulo 3 - Legado Mortal
os rebeldes e a cultura adolecente a idade da rebeldia “I wanna die before I get old” (Quero morrer antes de ficar velho), cantava Roger Daltrey, vocalista do The Who, na clássica My Generation, de 1965. “I’m eighteen and I like it” (Tenho dezoito anos e gosto disso), ecoava Alice Cooper seis anos depois na sua “I’m Eighteen”. Na década de 1950, Chuck Berry já narrava rachas entre um Ford V8 e um Coupe de Ville. No Brasil da década de 1960, pode até ser que nenhum garoto sonhasse em ter propriamente um calhambeque como o de Roberto Carlos, mas que muitos sonhavam em viajar com seu “broto” ao lado pelas Curvas da Estrada de Santos, pode apostar! Algumas formas de vida ainda não tinham dado as caras antes de 1954. Foi naquele ano que um senhor de terno e topete se apresentou aos “menores de trinta anos de idade” nas TVs e nas rádios americanas com Rock Around The Clock. Algo realmente novo na música e na cultura ocidentais era dado à luz ali. O Rock’n’Roll se apresentava ao mundo. E, com ele, uma nova fase na vida das pessoas. Antes do Rock’n’Roll as crianças deixavam a infância sem essa noção de adolescência. Eram “mini-adultos”. Meninos de terno e sapatos, meninas de vestidos parecidos com os de suas mães. Entre as duas gerações poucas diferenças além de suas idades.
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Ah, mas isso tinha que mudar. Faz parte da evolução. Ou seria Revolução? Se Bill Halley and His Comets foram os que apresentaram o novo ritmo ao mundo, foi Elvis Presley um ex-caminhoneiro da pequena cidade de Tupelo, Mississippi, quem mostrou ao mundo a que vieram ele mesmo e o Rock’n’Roll. Suas músicas e sua dança, provocativa e escandalosa para a época, foram a verdadeira largada desse novo estilo de vida. O Rock mudou comportamentos. Moda, costumes e, até mesmo, a política poderiam ser bem diferentes hoje em dia sem o “espírito” Rock’n’Roll. Usaríamos sim jeans, tênis, camiseta e jaquetas de couro, acredito. Mas será que essas coisas seriam “símbolos” de alguma mudança cultural mais marcante, mudança essa tão duradoura e com tantas ramificicações sonoras e de ideais? James Dean, o eterno rebelde sem causa, morto em 1954 aos 24 anos, não teve tempo de ver e participar da juventude transviada que ele mesmo ajudou a nascer. Mas sem as letras das canções de rock que iam desde uma singela “I wanna hold your hand hand” (Quero segurar a sua mão) (Beatles) a um convite bem mais explícito como “Let’s spend the night together” (Vamos passar a noite juntos, dos Rolling Stones), tudo seria bem diferente hoje em dia. E, talvez os jovens ainda se vestissem de forma bem parecida à de seus pais e avós. As drogas ilícitas, tais como maconha e cocaína, não teriam tido o apelo que tiveram como símbolos (equivocados, diga-se) de contestação e liberdade.
Um exemplo das primeiras modas adolecentes, esse visual de bad boy foi simbolo de muitos movimentos de contra cultura.
Não é isso que sugere o verso de Cazuza: “Meus heróis morreram de overdose” em Ideologia? Seja como for, o Rock faz parte de uma (r)evolução cultural e de costumes, quer se ame ou se odeie esse quase sessentão que, desde Bill Halley até The Killers, passando por Beach Boys, Creedence, Led Zeppelin, KISS, U2, Nirvana e tantas outras águas desse oceano, continua não só vivo, mas fluindo e pulsando firme e forte.
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