HABI T AT ESTU DANT IL
Lar é o lugar onde colocamos nossa essência, nosso coração. Quando universitário, lar é onde estão os pais, a casa onde moramos é apenas um local de passagem, um pouso. Mas nem sempre é assim, existem pessoas que transformam qualquer lugar em lar. Essas pessoas trans-
formam seus espaços em suas casas, de acordo com suas personalidades. Para aqueles que se arriscam a criar seus próprios lares há a recompensa de ver a sua volta, seu próprio mundo. Pelas próximas páginas você irá ver os diferentes modos de vida de estudantes da Universidade Estadual do Cen-
tro Oeste (Unicentro) que fizeram de seus espaços, seus lares. São pessoas ligadas à arte, à música, pessoas que tem gostos diferentes umas das outras, com um passado e bagagens culturais diversas e que levam a vida de sua maneira refletindo em suas casas suas personalidades.
Imagem: Freepik
Um reduto de intervenções artísticas e colaborativas
Conhecido como a Toca do Gnomo, o chalé que a primeira vista parece pequeno, chama atenção no fim da rua sem saída onde está localicazado Visto à noite, o lugar assume um ar místico que combina com o nome.
A arte está em todos os lugares, basta saber observar. Porém, em certos lugares a arte se faz tão presente, que você pode ficar sem saber para onde olhar primeiro. As paredes cobertas de arte de Marcio Fraga, 24 anos, estudante de letras são prova disso. No local, conhecido como a Toca do Gnomo, é preciso tomar cuidado para não se perder. Mesmo não sendo um lugar grande ou complicado de andar, porém pode-se perder entre as cores, texturas e versos
imagem: Bard Sandemose / Freepik
que a um primeiro olhar parecem inocente decoração, mas podem fazer com quem os leia, pare um bom tempo para refletir sobre seus significados. Marcio conta que tudo naquela casa tem uma história, até mesmo como encontrou o lugar, explica que seu cachorro fugiu e foi parar bem em frente à casa, onde havia a placa de vende-se. “No momento, achei legal, mas não me interessei muito, quando meus pais vieram para negociar uma casa aqui, dei a
ideia de irmos lá ver. Não dá para descrever como me senti quando entrei, só conseguia rir, e sabia que era ali que moraria”, diz. Toda a produção artística é colaboração dos amigos. No pensamento de Marcio, “paredes brancas são desperdício de espaço”. Com a oportunidade de fazer reuniões e festas de tempos em tempos, todos que por lá passam ajudam a compor o ambiente, com um verso, uma arte, um desenho ou colagem.
O quarto de Marcio, tão curioso quanto a casa em si, é um contraste inversamente proporcional ao restante da casa, é inteiro branco, ele explica que ainda está branco porque ele queria fazer algo especial e dele mesmo, porém, na correria do dia-a-dia não teve tempo para parar e se dedicar a fazer algo.
República Zona Uma das repúblicas mais antigas do Cedeteg tem muita história para contar Existem alguns lugares que dis-
cia e por suas características nada
rotina dos moradores. Mas o que
pensam apresentações, basta dizer
comuns. A república existe há 10
chama mais a atenção é a decora-
o nome e já é possível imaginar do
anos, já foi em duas sedes, neste
ção da sala: no teto, várias calcinhas
que se trata. Durante a universida-
tempo já passaram cerca de 15 es-
penduradas acumulam histórias e
de, alguns estereótipos são cons-
tudantes. Atualmente moram qua-
rumores sobre sua origem.
truídos, um dos clássicos é o das re-
tro estudantes na república,
Eduardo Van Der Neut, 22 anos,
públicas dos cursos de Agronomia.
Na fachada, a placa identifica que
explica que as roupas íntimas
A República Zona é conhecida na
ali é o ponto de encontro para
acompanham a república há muito
região do Cedeteg por suas gran-
muitas festas. Do lado de dentro,
tempo e que tudo começou com
des festas, pelo tempo de existên-
algumas características mostram a
uma brincadeira com algumas ami-
gas. “Na sede antiga, pedimos para
dens, 25 anos, que é uma exceção
algumas amigas e elas deram para
pois cursa Administração e saiu da
usarmos na decoração. A cada fes-
casa dos pais para morar na Repú-
ta, apareciam outras”, complemen-
blica, mesmos sendo a mesma ci-
ta.
dade.
Ainda na sala, um painel cheio de pulseirinhas mostra as diversas festas em que a república marcou presença. “Havia mais, depois da mudança da sede antiga para essa, mas perdemos várias, algumas calcinhas também”, conta Adriano Ga-
“Havia mais, depois da mudança da sede antiga perdemos várias”
Muita história para contar Com tanto tempo de existência,
geladeiras abertas ou luzes acesas”.
história do local foi uma noite de
muitas histórias engraçadas foram
O mascote da republica é o cachor-
queima de foguetes nada comum.
se acumulando. Uma delas é a do
ro chamado Chopp, que também já
“Chegamos de uma festa e estáva-
fantasma que acompanha os mora-
aprontou muito. Eles contam que o
mos entediados, então compramos
dores, o Chaliston, eles contam que
cachorro acompanha a república a
uma caixa de foguetes e soltamos
várias pessoas dizem ter visto vul-
muitos anos, até mesmo antes de
dentro de casa, queimamos algu-
tos e presenciado acontecimentos
alguns dos atuais moradores. En-
mas coisas, mas acho que a maior
estranhos na sede antiga, quando
tre as diversas memórias, destacam
perda foi uma jaqueta de um dos
um dia acharam lá uma placa an-
que, na sede antiga, de apenas um
moradores”, explica Paulo.
tiga de carro, com o nome Charlis-
andar, o cachorro tinha costume
Entre queimas de fogos, festas e
ton, o que motivou ao nome dado
de subir até o telhado. “Certa vez,
cachorros no telhado, a sede anti-
ao fantasma. “Quando mudamos
fomos todos viajar e um amigo es-
ga teve que ser abandonada. Agora
de sede, resolvemos trazer a placa
tava indo lá todos os dias alimen-
eles planejam eventos para arcar
conosco para garantir, no mesmo
tá-lo. Um dia, sozinho, ele subiu o
com os custos da reforma exigida
dia aconteceu um acidente bem
telhado da casa e passou para a do
pelo dono do local. Eles garantem
em frente à nossa nova casa”. quem
vizinho. Como não estávamos na
que, na sede atual, brincadeiras
falou isso E completam aos risos:
cidade, foi preciso que a polícia fos-
como essas não acontecerão. Em-
“ter um fantasma na casa é uma
se lá retirá-lo”, lembram.
bora as festas continuem, elas ocor-
ótima desculpa quando se esquece
Outro acontecimento que ficou na
rem apenas no quintal.
Eduardo Van Der Neut, 22 anos
Adriano Gadens, 25 anos
Paulo SĂŠrgio Zorzanello, 23 anos
Victor Reis, 25 anos
Chopp, 10 anos
Estrangeiro: O dia a dia em outra cultura Morar fora de casa é algo complicado, sempre bate uma saudade do ambiente familiar. Entretanto, morar fora de seu país é um desafio infinitamente maior. Secuna Baio Cassamá, 25 anos, mudou-se da Guiné Bissau para estudar no Brasil. O estudante já está há cerca de três anos no país, cursando Ciências
Contábeis na Unicentro. Ele conta que, como mora em uma pequena quitinete no bairro Santa Cruz, seus maiores problemas de adaptação à vida fora da casa dos pais foi com a organização do dia a dia. De acordo com Secuna, o fato de ser uma casa pequena ajuda, porém a falta de tempo conciliando o trabalho durante o dia e as
aulas à noite, dificultam bastante na arrumação, organização e decoração do lar. “Há muito que gostaria de mudar em minha casa para que ela se parecesse mais comigo, mas principalmente, mudaria as paredes. A cor delas e a tinta velha não se parecem nada comigo, se tivesse mais tempo, faria isso”, comentou o Secuna.
imagem: Freepik
Objetos e ideias se transformam em arte nas m茫os de Vit贸ria
Vitória Morais, 19 anos, cursa Artes a dois anos, iniciou o curso em Maringá, pela Unicesumar e depois transferiu para a Unicentro. Atualmente mora sozinha, em seu ambiente deixa transparecer parte de sua personalidade. Demonstra que uma casa pode se espelho de uma pessoa, isso é possível observar espalhados por estantes e armários os gostos de Vitória. Suas preferências musicais, literárias e crenças religiosas estão representadas em seus
objetos, dispostos por todo o lugar. À primeira vista sua casa pode ser facilmente confundida com um ateliê, o lugar se torna pequeno em meio a tantos objetos que parecem suvenires vindos de viagens, mas que na verdade foram produzidos por ela e em sua casa. “Não preciso comprar muitas coisas, prefiro faze-las eu mesma, olho algo em uma loja e sei que consigo fazer algo igual”, afirma. O costume de fazer coisas artesanal deu a ela
uma forma de ganhar dinheiro, uma vez que trabalha fazendo camisetas sob encomenda, todas pintadas a mão, personalizando objetos de decoração e fazendo tatuagens. Sendo assim, Vitoria considera sua casa muito mais que um espaço para passar o tempo livre, ou descansar, mas também seu ambiente de trabalho e produção artística, um espaço que se sente à vontade para expressar sua personalidade em forma de arte.
A Casa
As Criações
Uma das coisas que se faz presente em sua casa são alguns objetos religiosos, Vitória conta que já frequentou igrejas mais tradicionais, mas que atualmente é iniciante na religião Wicca, a qual a crença se baseia na natureza.
O MUNDO DE JOテグ
Existem pessoas que curtem cultura, literatura, música e cinema, mas existem pessoas que respiram esse universo, é o caso de João Antônio Franz, 21 anos, conhecido como Bento, vive cercado de livros, discos e de suas coleções, em sua sala criou um pequeno mundo, nesse mundo passa seu tempo livre, estuda e trabalha. O estudante conta que nenhuma de suas decorações foi intencional, porém todos seus objetos refletem um pouco de sua personalidade. Fã de Charles Chaplin, João possui livros, dançarino, produtor, escritor, comenico. “Não sei quanto já gastei em fazer as contas, mas ainda não fiz
fitas VHS e coleções de DVD do diretor, ator, diante, roteirista e empresário britâminha coleção, um dia vou ter que isso”, comentou o estudante.
Além da coleção sobre Chaplin, João possui diversos CDs da banda Queen, que é a maior coleção, além de um livro. Em sua coleção de discos o estudante mostra alguns especiais, como o ‘LP’ Sangue no Cacto do Baiano e os novos caetanos. “É um disco que nos últimos anos está começando a se tornar raro, em 2013, ainda era comum, hoje em dia, porém, há poucos disponíveis”, completa. Sua carreira com vídeos começou cedo, ele conta em um de seus vídeos que tudo vem da infância, quando ele desenhava histórias em quadrinhos, cujo personagem foi batizado de Bento, motivo este que surgiu o apelido, em 2008, com cerca de 15 anos João foi trabalhar na TV Beltrão, de Francisco Beltrão, sua cidade natal, em um programa chamado “Bento”, neste programa João se caracterizava com seu personagem dos quadrinhos. Apesar do programa só ter durado dois meses, o trabalho continuou até o começo de 2013, quando se mudou para Guarapuava para cursar Publicidade e Propaganda. Mesmo vindo morar em Gurapuava o estudante não desistiu de seu trabalho, desde então João possui um canal de humor no youtube q ue já ultrapassou mais de 16 mil visualizações.
Discos, livros, filmes e um pouco mais...
Entrevistas
Angelo Crystovam Kléber Erivelton Fernandes Luna Marques Edição de texto
Kléber Erivelton Fernandes
Arte e Diagramação
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Angelo Crystovam Luna Marques