PARQUE ECOLÓGICO SOBRADINHO uma conexão entre a cidade, as pessoas e o cerrado Ao explorar o imaginário candango sobre a apreensão da paisagem desse pequeno pedaço de planalto central, não é raro ouvir que o céu é considerado o mar de Brasília. Até porque, como boa filha de povos que vieram do litoral, nossa capital não poderia deixar de ter algum elemento da paisagem que remetesse ao infinito d’água da costa brasileira. Mas, sem menosprezar o céu brasiliense – que, de fato, é um espetáculo sem igual, o verdadeiro mar desse quadrilátero está bem aqui no chão e nos cerca desde antes dos povos Kariri-Xocó e Tuxá, de Cruls e de Bonifácio, de Kubistchek e de Costa, de Niemeyer e de Lelé.
Esse mar nos enche da mais bela biodiversidade e de prazeroso espanto. As conchas e os pequenos crustáceos daqui são as pequenas herbáceas multicoloridas e os resistentes insetos. Os bancos de areia estão aqui também, mas como as gramíneas que forram de dourado nossa terra. A sombra dos guarda-sóis são apenas um sussurro frente àquela proporcionada pelos ipês, jacarandás e buritis que em nosso mar crescem.
Assim como o mar costeiro derrama vida nos bancos de areia, o nosso mar espalha em suas bordas as gramíneas, as herbáceas, as lenhosas tortuosas, os insetos e pequenos animais.
O Cerrado é, portanto, o grande mar de Brasília. Mar de chão, não de céu. Espaço que, assim como aquele que banha a costa, também inspira poetas, esconde mistérios, desafia, alimenta, emprega, embeleza, dá identidade e resiste.
Diferente do mar costeiro, o nosso mar ainda não foi descoberto por muitos daqueles que aqui vivem (e que daqui se dizem filhos). É visto como mato, como barreira, com desdém.
Sua beleza e sua biodiversidade ainda são negligenciadas por muitos até o ponto de esquecermos a sua presença e a sua potência como bioma, como paisagem e como protagonista da nossa cultura.
Para materializar esse novo imaginário e trazê-lo ao cotidiano dos brasilienses, o Parque Ecológico Sobradinho foi pensado a partir do Cerrado como mar, o qual foi estruturado de forma análoga ao mar costeiro e a partir da crítica ao desconhecimento da população sobre o Cerrado, da vontade de mostrá-lo e da sua urgente preservação.
Na escala global, o Mar de Cerrado proposto pode ser estruturado nas seguintes camadas: (1) a zona de contorno, que remete ao calçadão praiano, onde estão as vias, as calçadas e as ciclovias externas; (2) a zona de atividades, que remete à faixa de areia, onde estão as árvores (guarda-sóis), as pequenas herbáceas e gramíneas (Conchas, estrelas do mar) e as atividades de intensidade intermediária. Se divide em ativa, onde serão implantados os 16 parques urbanos que compõem o parque ecológico, e inativa, onde não haverá programa; (3) a zona de transição, que remete à agua rasa dos surfistas e dos banhistas mais corajosos, onde fica a via interparques e os locais de esportes radicais; e (4) a zona de preservação, que remete ao misterioso mar aberto, onde estão as áreas de proteção. O desenho dos parques urbanos (escala local) partiu das marcações que as ondas fazem na areia da praia. As linhas curvas das ondas formam os limites entre os jardins, os decks e os caminhos.
Desse modo, o Peabiru (nome da via interparques) faz o papel de limite interno do parque urbano. Já o calçadão faz o limite externo.
Assim como as ondas lançam parte da biodiversidade marinha na praia, a zona de atividades recebe a biodiversidade do Cerrado. Essa diversidade será representada no projeto através de jardineiras em que uma paleta de cor será predominante na escolha das espécies. As paletas preodimnantes no Cerrado são as seguintes: roxo, rosa, azul, vermelho, alaranjado, verde e amarelo.
Para isso, a escolha da vegetação obedecerá uma metodologia específica para a escala local (baseada nos jardins naturalistas de Piet Oudolf), com uma forração matricial de gramíneas, seguida de um mosaico de ervas e arbustos dispersos, coroados por árvores ou arbustos protagonistas.
Por conta da dificuldade em encontrar e cultivar a flora nativa do Cerrado, as espécies deverão ser misturadas entre as que já se sabe que teremos sucesso no desenvolvimento e aquelas ainda em pesquisa. Por isso a ideia de Parque-Escola presente no projeto, que fomentará a reunião de pesquisadores, profissionais e comunidade na construção dos Jardins de Cerrado do Parque Ecológico Sobradinho.
parque arnica parque das águas
parque buritis
Cerrado, mar de Brasília
parque canela-de-ema calçadão
praia
água rasa
mar
nível de preservação
INTERIOR DO PARQUE
vegeação restaurada
pontes
zona de preservação mirantes
esportes radicais
via interparques
zona de transição
jardins de cerrado
caminhos pavimentados
edificações
quadras poliesportivas
playgrounds
zona de atividades decks
ciclovia
calçada
zona contorno faixa de segurança
AV. DE CONTORNO
nível de atividades
parque gomeira parque copaíba
parque jacarandá
parque maniçoba
parque ipê
zona de preservação zona de transição
parque murici
zona de atividades (ativa)
zona de atividades (inativa)
zona contorno
parque pequi memorial do cerrado
tecido urbano zona contorno zona de atividades (ativa) zona de transição zona de preservação
parque palipalan parque lobeira
zona de atividades (inativa)
parque caliandra
parque mangabeira 50
100
250
500
wetland para águas pluviais
ALUNO: Lucas Willian Caldeira da Silva - 12/0036592
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ORIENTADORA: Profª Vânia Raquel Teles Loureiro
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Trabalho Final de Graduação 2/2019 - FAUUnB