Boverinho 2015/1

Page 1

Jornal Estudantil da Faculdade de Medicina de Jundiaí Ano XXIV - nº 01 | Jundiaí, Junho 2015

Diretório Acadêmico Professor Alphonso Bovero

Estudantes, uni-vos!

Ao final de 2014, a FMJ presenciou um momento de muita tensão. Foi um momento em que os alunos não simplesmente “abaixaram a cabeça”, mas levantaram os braços, cartazes e, principalmente, a voz. A comunidade acadêmica da FMJ fez barulho, fez protesto, fez barreira. E, assim, se fez ouvir. A luta contra o aumento abusivo das mensalidades, que teve como proposta primária um aumento de 25% para o primeiro ano e 10% para os restantes, além da abertura de 20 vagas de transferência entre os anos, foi um momento de união da faculdade por um direito dos alunos. Surgiram, nos

corredores, preocupações comuns a todos os estudantes. Foram feitas inúmeras reuniões e assembleias. O Diretório Acadêmico (DAPAB), que liderou essa luta, mobilizou reuniões com até 293 alunos, para tomar as melhores decisões. Foram muitos dias de esforço inegável para que nossos direitos não fossem ultrapassados. Foram colocados limites, legislações, pedidos e exigências. Houve um enfrentamento. E o resultado não poderia ser outro: a direção nos ouviu. Fecharam-se os corredores e, durante o Conselho Técnico Administrativo, os alunos, do lado de fora, mandaram seu

recado. O estacionamento foi parado. Lado a lado, alunos de todas as tribos trabalharam juntos, em uníssono, não permitindo a saída de ninguém do prédio. “Não aceitamos!” era o grito entoado pelos discentes. Foi exigida uma explicação pessoal para cada um dos alunos presentes, e assim foi feito. Depois do susto que a FMJ deu naqueles que negavam o diálogo, os reajustes caíram de 17,5% para todos os anos, para 10%. E diante desse resultado, evidenciamos que o caminho é a união. A FMJ é uma só. Sozinhos somos gritos. Em poucos somos barulho. Mas juntos somos ouvidos.


02

O Boverinho

Junho | 2015

EDITORIAL Olá, leitores da primeira edição do Boverinho de 2015! O departamento de Imprensa e Atualizações convida todos vocês a mergulhar no universo do DAPAB, com textos e colunas que tiramos de debates em nossas reuniões e do que vem acontecendo ao nosso redor. Neste primeiro semestre, muito já foi discutido na gestão, como a situação do FIES, questionário de avaliação institucional, CPI das Violações dos Direitos Humanos das Universidades de SP, Trote Solidário, segurança dentro e fora da FMJ, aplicação de metodologias ativas de ensino, Serviço Civil Obrigatório, greves gerais da educação, eventos como COBREM, CENEPES e EREM, e muitos outros assuntos, como a Noite Cultural e Festa Junina. Ainda assim, é sabido que muito está por vir! Mudanças no regimento de bolsas estudantis, próximos eventos do Diretório, cine-debates, mensalidades, aplicação da segurança na faculdade... Resumindo, temos muito trabalho pela frente! E para o melhor desempenho possível, contamos o apoio da FMJ para expandirmos nossas idéias e enfrentarmos antigos e novos desafios; envie-nos sugestões para imprensa.dapabfmj@gmail.com. Com trabalho em conjunto poderemos melhorar nossa casa, pois juntos somos mais fortes!

D.A.P.A.B. - 2015 Gestão “Apanóptico” EXPEDIENTE As matérias aqui publicadas são de autoria dos próprios alunos ou funcionários da faculdade. Quando são extraídas de outros impressos, os textos têm sua fonte citada.

Coluna Nota 10 e Nota 0 Nota 10

Presidente: Mayara Bueno de Souza (XLV) Vice-presidente: Renato Pierre Lima (XLVI) 1º Secretário: Giuliana Ayumi Kajiwara (XLV) 2º Secretário: Juliana Querino Teixeira (XLV) 1º Tesoureiro: Pedro Ataide Borges Salles (XLVI) 2º Tesoureiro: Caio Strumphner Brandão Macedo (XLVI) Imprensa: Marina Braghini (XLV), Giuliana Kajiwara (XLV), Sebastião Rizzo Neto (XLV), Leonardo Cruz (XLVI), Beatriz Fernandes (XLVI), Isabella Versiani (XLVII) Cultural: Diego Pretel (XLV), Caio Frazatto (XLV), Lorena Pereira (XLVI), Daniela Abdelmalack (XLVI), Nadia Yoshitake (XLVI) Cientifico: Isabella Oliveira (XLV), Isabela Neves (XLV), Levi Paradelas (XLV), Isadora Araújo (XLV), Camilla Telecki (XLV), Heitor Escaño (XLVI), Gabriel Martinez (XLVI), Marcela Carnio (XLVII) DEV: Ícaro Fernandes (XLV), Carolina Kowalski (XLV), Beatriz Uehara (XLVI), Juliana Teixeira (XLV), Beatriz Fernandes (XLVI) Promoção Social: Bruna Davini (XLV), Flavia Cuoco (XLV), Luisa Franco (XLV), Mayra Mitt (XLVI), Mariana Palau (XLVI), Rodolfo Mazula (XLVII), Gabriela Vale (XLVII), Isadora Gheralde (XLVII) Relações Estudantis: Sebastião Rizzo Neto (XLV), Lucano Brenelli (XLVI), Denise Shimizu (XLV), Marina Gatti (XLV), Camilla Telecki (XLV), Lucas Santos (XLVI), Leonardo Cruz (XLVI)

- COBREM - Belo Horizonte/MG - CENEPES - Ouro Preto/MG - Trote Solidário - II Noite Cultural - EREM - Ribeirão Preto - Festa Junina

Nota 0 - Problemas com o FIES - Elevador -Falta de segurança

Publicidade, edição e diagramação: Marina Azevedo Braghini (XLV) Publicação do Diretório Acadêmico Professor Alphonso Bovero da Faculdade de Medicina de Jundiaí, sob coordenação do Departamento de Imprensa. R. Francisco Telles, 250 Vila Arens Jundiaí SP CEP: 13202-550 e-mail: dapabfmj@gmail.com

Capa: Marina Braghini - turma XLV


O Boverinho

Junho | 2015

03


04

O Boverinho

Junho | 2015

Prazer, Gestão ''APANÓPTICO'’ Conheça os seus representantes em 2015. Entenda o nome da gestão e suas metas Ok, mas o que significa Apanóptico? Na realidade esta palavra não existe formalmente no dicionário da língua portuguesa, tomamos a liberdade de criar um neologismo sobre a palavra “Panóptico”, introduzindo o prefixo “A” para indicar a negação ao sistema Panóptico. Aaaa ok, mas o que diabos significa esse tal de Panóptico? A palavra Panóptico remete ao termo “Panóptico de Bentham”, que foi um inglês o qual reformulou a arquitetura das prisões de sua época, para que a vigilância dos detentos fosse feita em 360°, dessa forma o indivíduo condenado se sentiria permanentemente vigiado. Porém este termo foi utilizado no século XX, por Michel Foucault, para traduzir a realidade de nossa sociedade, onde vivemos, constantemente, vigiados por instituições (escolas, universidades, governos, hospitais...) que acabam ditando indiretamente nossas ações. Essa vigilância sufoca qualquer tentativa de mudança, antes mesmo dela sair de nossas mentes, pois acabamos tendo medo mesmo de pensar sobre isso ao termos esta sensação de vigília nos acompanhando. Dessa forma ao negar essa concepção, na qual essas instituições oprimem nosso pensar e liquefazem nossas tentativas de mudança, criamos o termo “Apanóptico”, pois acreditamos que podemos lutar contra tais conceitos que nos impõem padrões sociais que visam manter-nos em ordem, uma ordem da qual discordamos, pois acreditamos que a realidade possa ser reinventada, mesmo com uma opressão disfarçada, que insiste em ditar nossas vidas. Faça parte da nossa casa, venha conosco para o Diretório Acadêmico. Juntos somos invencíveis. Gestão “Apanóptico” - D.A.P.A.B. 2015

APA N D.A.P.A.B.

G e s t ã o 2 0 1 5

P T I C O


O Boverinho

Junho | 2015

05

Entendendo as

Novas Diretrizes Curriculares em Medicina Após a promulgação da Lei 8080/90 e 8142/90, ocorreu a implementação do Sistema Único de Saúde. A partir daí, se tornou cada vez mais necessário a necessidade de redirecionar a formação dos profissionais da saúde para dar sustentação ao SUS e ao modelo de saúde defendido pela Reforma Sanitária. Em resposta a isso, na década de 90, foi proposta a criação da Comissão Nacional de Avaliação do Ensino Médico (CINAEM). A comissão trabalhou por mais de 10 anos para reestruturar a questão do ensino médico e adequá-lo ao SUS. Os materiais produzidos por ela foram apresentados ao MEC, no final dos anos 90 e levaram, parcialmente, à construção das Diretrizes Curriculares em Medicina. As DCNs foram homologadas em 2001 e tiveram alguns avanços, como rediscussão da estrutura e funcionamento do SUS, com a busca da valorização da Atenção Básica, busca de alternativas à fragmentação que a estrutura de disciplinas em especialidade cria, entre outros. Porém, mesmo com a implementação das DCNs, ainda prevaleceu o modelo hospitalocêntrico na educação e, para isso, nos anos de 2013 e 2014, houve a revisão do texto das DCNs e, no dia 05/06/2014, foram divulgadas as Novas DCNs. Elas propõem um perfil profissional com uma boa formação geral, humanista, crítica e reflexiva. A transformação dos modos de cuidar da saúde em busca da integralidade, que possibilite compreender o ser humano em todas as suas dimensões, possibilitando a operacionalização do conceito ampliado de saúde. Esses são valores e atributos

fundamentais para o trabalho dos profissionais de saúde, tanto nos serviços públicos como nos privados, e em todas as esferas de organização da atenção à saúde. Os cenários tradicionais de ensino na área – os hospitais de ensino –, em função da produção do conhecimento especializado e das modalidades de financiamento, converteram-se em locais de atenção terciária e quaternária e, portanto, oferecem limitadas oportunidades de aprendizagem relevantes para a formação geral de graduação e dos primeiros anos da especialização ​Pelas regras, as escolas de medicina terão até dezembro de 2018 para implementar as mudanças. No entanto, nas turmas abertas a partir de então, o novo currículo terá um ano para ser implementado. Na prática, dentre as principais mudanças está o estágio obrigatório no Sistema Único de Saúde (SUS), na atenção básica e no serviço de urgência e emergência. Pela resolução, o internato deve ter a duração mínima de dois anos, com 30% da carga horária cumprida no SUS. A resolução ainda garante que os estudantes serão avaliados pelo governo a cada dois anos, sendo esta avaliação será obrigatória e o resultado contado como parte do processo de classificação para os exames dos programas de residência médica. A prova será elaborada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Essa nova medida foi diferente da de 2001 por tratar-se de uma lei obrigatória (a de 2001 não era obrigatória ).

O QUE MUDOU NA FMJ? O estágio de infectologia que acontecia no 6º ano foi subordinado ao ciclo de Clínica Médica. Em seu lugar, entrou um estágio prático em Unidades Básicas de Saúde durante o mês. Além disso, houve também a inclusão da disciplina de Urgência e Emergência no 4º ano e nas subdisciplinas da clínica. O estágio de Saúde Mental foi incluído junto ao ciclo de Saúde Coletiva, no 5º ano.

Leonardo Cruz Aluno 2º ano de Medicina


06

O Boverinho

Junho | 2015

Entrevista com uma recém-formada Formada há menos de 1 ano, Elisabeth Losso (XLI) aceitou o desafio de ser entrevistada para o Boverinho. Acompanhe a entrevista para saber o que pensa uma ex-aluna da FMJ no ”mundo real”. 1-) Na sua visão, como o médico recémformado se encaixa no mercado de trabalho? Na minha opinião, o recém formado deveria iniciar ou a residência ou atendimentos de baixa complexidade, como UBSs e USFs, porque por mais teoricamente atualizado que esteja devido o fato de ter acabado de sair do ambiente acadêmico, ainda precisa adquirir experiência. Mas não é o que acontece. O recém formado que não entra direto na residência geralmente dá plantão de Pronto Socorro (PS) ou Pronto Atendimento (PA), provavelmente porque há mais disponibilidade de trabalho, os horários são flexíveis, e geralmente pagam melhor por hora. Como a maioria quer ter tempo para estudar (para prestar prova de residência), acaba optando por PSs e PAs ao invés de UBSs ou USFs. Exceto se quiser participar do PROVAB. 2-) Você considera que os programas governamentais (mais médicos e PROVAB) influenciam de alguma forma na realidade do médico recém-formado? Sim. Cursos muito concorridos acabam não dando opção para os recém formados a não ser fazer o PROVAB, já que a pontuação oferecida na prova de residência muitas vezes é decisiva. Quanto a questão da importação de mais médicos, não devo opinar. Não conheci nenhum que trabalhe em PS ou PA na região, e ouvi poucas queixas de pacientes que se consultaram com estrangeiros. Dos pacientes que ouvi, todos estiveram insatisfeitos. 3-) Na sua opinião, qual a principal dificuldade encontrada pelo médico atualmente? Do recém formado, acho que seria lidar com o mercado de trabalho. Não temos noção de contabilidade e

administração na faculdade. Mas, no geral, acho que a principal dificuldade é a condição de trabalho. Sem dúvida, o médico no Brasil é bem pago, mas constantemente ouvimos sobre a exploração dos convênios médicos, a dificuldade em manter consultórios abertos, as jornadas de trabalho exaustivas com volume de pacientes aumentando exponencialmente, sem que haja reajustes nos valores dos plantões ao longo dos anos de forma coerente com os demais salários. 4-) Você considera que a FMJ lhe preparou bem para a vida profissional? Comparando com colegas recém formados de outras instituições, sim. Mas ainda falta muito. Pensando em vida profissional, em mercado de trabalho, acho que seria necessário um foco maior, principalmente no sexto ano, em queixas mais frequentes de PS, do dia a dia da população, e como tratá-las. Porque é o que mais será visto, seja nos plantões de clínica, nos acolhimentos de UBS ou nos plantões da residência. 5-) Qual conselho você daria para os atuais discentes visando uma melhor formação para os mesmos ? Pensando em prova de residência, fazer questões, testes, exercícios e estimular os professores a oferecer mais exercícios aos alunos. Sem bitolar só em estudos, porque médico que não entende o que o paciente fala e não consegue se fazer entender não será resolutivo nunca, provando que relações com outros colegas, com pacientes e com o mundo fora da faculdade são muito importantes também. Mas, no geral, usar o máximo daquilo que a faculdade tem a oferecer para o seu desenvolvimento como estudante, médico e ser humano.


O Boverinho

Junho | 2015

07

Expectativas dos calouros O que passa na cabeça dos mais novos alunos da turma XLVII! Todos nós, quando entramos em um curso superior criamos muitas expectativas. No curso de medicina isso se torna ainda maior pois todos lutamos e estudamos muito para conseguirmos a tão sonhada aprovação. Muitos de nós tínhamos preconceitos com relação a cursos de medicina particulares e um pouco de receio de não nos adaptarmos bem a esse tipo de faculdade, pensavámos que o pior já havia passado (passar no vestibular), esperávamos muitas festas, pouco estudo, quase nenhuma atividade extracurricular e que gostássemos muito de todas as matérias, não tínhamos noção de que pesquisas seriam tão importantespara o nosso currículo e que já teríamos que pensar nisso desde o primeiro ano. Apesar de tantas ilusões e quebra de expectativas , acabamos nos apaixonando pela turma e pela faculdade: vimos que há muito o que melhorar, mas que a FMJ é uma ótima faculdade com nome frente as públicas, que há uma infraestrutura muito boa, e que, apesar de termos que estudar muito, estamos estudando aquilo que sonhamos um dia ter a oportunidade de estudar, que não gostar de todas as matérias acontece em qualquer ensino superior, que as atividades extracurriculares - como as ligas, o PVR, integração com creches e asilos - são as que nos mostram a realidade que teremos que enfrentar e nos ensinam a sermos mais humanos. As nossas expectativas mudaram, o sonho mudou e o que permaneceu foi a certeza de que estamos cursando o tão sonhado curso de medicina em uma ótima fauldade pela qual lutaremos sempre para que seja cada vez melhor. XLVII Turma de Medicina Calouros da FMJ

Recepção dos Calouros da turma XLVII pelo DAPAB


08

O Boverinho

Junho | 2015

Onde os “fracos” não têm vez? Uma discussão sobre a CPI da violação dos direitos humanos das universidades de SP e a realidade do trote universitário. Ao longo dos anos, passamos por significativas mudanças na percepção e entendimento do que é ou deixa de ser trote. Sendo assim, como forma de prezar pela segurança dos estudantes, a lei estadual n° 10.454, de 20/12/1999 dispõe sobre a proibição de trote que possa colocar em risco a saúde e a integridade física dos calouros das escolas superiores. Ou seja, praticar trote é ilegal no estado de São Paulo. Diante desta conjuntura atual, a Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) instalou, entre 16 de dezembro de 2014 a 10 de maio de 2015, a CPI para apurar casos de abuso nas faculdades do estado de São Paulo, contando com denúncias de trotes e ações que violam os Direitos Humanos, ferindo a integridade física, psicológica e/ou moral de estudantes que ingressam ou que ainda cursam - no ensino superior. Nesta CPI, foram denunciados diversos casos de opressão, abusos, desrespeito e corrupção dentro de várias universidades paulistas. Relatos que podem ser encontrados em uma simples busca pela internet. Foram um total de 83 dias de investigações, em que foram ouvidas mais de 100 pessoas. As 37 audiências realizadas acumularam cerca de 9 mil

documentos e produziram um relatório final de 194 páginas. Dentre as discussões, levantou-se a necessidade de classificação do trote violento como uma forma de tortura. O trote universitário tem como premissa a integração. Mas o que intriga é a forma como uma minoria opressora dos estudantes quer atingir esse objetivo: trabalhando com violência – seja ela verbal ou física – com desrespeito e

hierarquias. A manutenção do trote universitário é também a manutenção de uma sociedade onde os “fracos” não tem vez, e entende-se como fracos a maioria esmagadora de indivíduos que, por inúmeras motivações, simplesmente não se unem para remar contra essa tradição trotista. Este que é considerado um ritual de passagem, muitas vezes esperado ansiosamente pelos ingressantes na tão sonhada universidade, pode representar o fim deste sonho

lindo, bem como pode ser algo tão mágico e acolhedor como no imaginário do vestibulando. Mas deve-se compreender que essa diferença de percepção não está tão somente no indivíduo que recebe o trote, mas também naquele que efetua a ação. Diferenças de educação, cultura e relacionamentos são exemplos de motivos de entendimentos diferentes do que é o trote. A linha tênue que existe entre uma brincadeira e uma ofensa complica ainda mais o processo por ser passível de diversas interpretações. Nestas situações, indica-se o uso do respeito às diversidades. Diversidades de pensamentos, de gostos, de anseios. O respeito por si só. E ressaltando que as alternativas existentes e são inúmeras possibilidades, como os “trotes solidários” com campanhas de doação de sangue, trabalhos voluntários, arrecadação de alimentos, roupas e produtos de higiene, por exemplo. Ao final da CPI, foi redigida uma lista de 39 recomendações pelos parlamentares, que propõem dois projetos de lei (PL) relevantes: a proibição do patrocínio de festas estudantis por fabricantes ou vendedores de bebidas alcóolicas; e outro para criar um cadastro de antecedentes universitários que retrate o comportamento dos estudantes, pontuando sua eventual participação em trotes. Esse cadastro universitário seria utilizado ao realizar um concurso de admissão para


O Boverinho bolsas, para financiamento de pesquisas, como uma forma de “marcar” os torturadores, assim como os torturados foram marcados por eles. Não suficiente, sugeriu-se que Centro e Diretórios Acadêmicos e Associações Atléticas sejam responsabilizados civil, penal e administrativamente por violações dos direitos humanos em festas fora do campus da universidade. A atual situação do trote não é algo novo, mas algo que por fim surgiu das profundezas desse mundo universitário. Tanto se mobilizou nestes últimos tempos para erradicar tal ação pois, após tanto tempo, os pequenos grupos oprimidos levantaram suas vozes e se fizeram ouvir. E deve-se ressaltar que muitos dos relatos são antigos, havendo universidades em que essa realidade vem se modificando devido gerações diferentes estarem acessando o espaço

Junho | 2015

universitário após tanto tempo de “tradição”. Entretanto, se refletirmos bem sobre este ponto da discussão, a proibição total do trote pode nem mesmo ser a maneira ideal de tratar este problema, pois ser pintado de tinta e pedir dinheiro no semáforo foi substituído por um trote silencioso e mimetizado nos corredores das universidades. E fica a dúvida: qual a melhora real?

09

referências http://www.redebrasilatual.com.br/rad io/radio.

Marina Braghini Aluna 3º ano de medicina

O Serviço Civil em Medicina No dia 09 de janeiro de 2015 foi promulgada a Lei 15660/15 que oficializa a obrigatoriedade do serviço civil em medicina no Estado de São Paulo. É uma lei curta, com poucos artigos, sendo que estes são pouco específicos e deixam várias dúvidas pairando no ar. Segue a lei em sua íntegra. Artigo 1º – Ficam os profissionais egressos das universidades públicas do Estado de São Paulo, na área de medicina, obrigados a prestar serviços à administração pública,

mediante remuneração, pelo prazo mínimo de 6 (seis) meses, com jornada de 30 (trinta) horas semanais, onde haja carência de profissionais. § 1º – Vetado. § 2º – O serviço objeto do “caput” do presente artigo será prestado após a conclusão do curso, em até 3 (três) anos. § 3º – As universidades públicas responsabilizar-se-ão pela disponibilização, a cada final de ano letivo, da relação dos formandos. § 4º – Vetado.

§ 5º – Vetado. § 6º – Vetado. Artigo 2º – Ao ingressar nas instituições de ensino aludidas no artigo 1º, o estudante assinará um termo de compromisso, assumindo a ciência das condições de prestação do serviço e de que o não cumprimento do serviço comunitário implicará sanções pecuniárias, na forma prevista


10

O Boverinho

Junho | 2015

em regulamento. Artigo 3º – A prestação de serviço de que trata esta lei se dará na forma de contratação por tempo determinado para atender à necessidade temporária de excepcional interesse público, nos termos da legislação vigente. Artigo 4º – Vetado. Artigo 5º – Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. A proposta de se instituir esse serviço começou em 2009, quando o Conselho Nacional de Saúde deliberou ser a favor da criação de um serviço civil em saúde para egressos de escolas públicas. Foi elaborada pela SGETES (Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde) e tem como objetivo criar, sob o nome de “serviço civil”, um pacote de incentivos para que os egressos dos cursos da

saúde se estabeleçam em áreas de maior vulnerabilidade, mesmo que por períodos curtos (no mínimo 6 meses). Essa proposta parece muito boa, porém a primeira crítica feita a essa medida foi que, ao colocar uma certa obrigatoriedade em um serviço civil, sobretudo na área de saúde, reforça-se a ideia da educação como um favor, em vez da ideia da mesma como direito. Secundariamente, o projeto é mais um meio de colocar médicos na rede primária sem preocupar-se com seu tempo de permanência no local de atuação, com sua experiência profissional - uma vez que o recém-egresso sempre será substituído por outro inexperiente -, com suas condições de serviço, com uma remuneração justa para seu trabalho - uma vez que a lei não

estabelece o quanto o médico deverá ganhar - e quanto a sua vontade de trabalhar ou não na atenção primária. Os governos em suas diferentes esferas têm tentado suplementar a atenção primária em saúde no Brasil, porém, através de meios muitas vezes questionáveis como o Programa Mais Médicos, o PROVAB e atualmente através da obrigatoriedade do serviço civil. Entretanto, o que parece não parece ser um objetivo governamental é tornar a atenção primária em saúde uma opção viável e desejada como carreira médica a longo prazo. Ainda que, não adiante culpar só o governo, uma vez que nossa educação médica nos ensina de forma muito fraca a como pensar no paciente levando em conta um nível primário de atenção.

SOBRE A FMJ: Uma questão levantada pela atual gestão do D.A.P.A.B. é: A FMJ participa ou não desse Serviço Civil? A reposta é não, segundo a coordenação do curso de medicina. Embora sejamos uma autarquia municipal, e tenhamos um viés público, também temos nosso caráter particular e isso nos exclui desse serviço. A DENEM: A DENEM critica o modelo de interiorização que está sendo adotado pelo estado de São Paulo. Essa crítica não se fundamenta apenas nas liberdades individuais nem nas condições trabalhistas do profissional de saúde, mas também na forma de maquiagem com que o Serviço Civil Obrigatório é colocado, como que para não enfrentar demandas essenciais do sistema de saúde, como a necessidade de melhoria na estrutura dos espaços e de mudanças na formação médica.

Leonardo Cruz XLVI e Sebastião Rizzo Neto XLV


O Boverinho

Junho | 2015

11

Projeto Vozes das Ruas Dando voz à população, o projeto de extensão da faculdade cresce O Projeto Vozes das Ruas (PVR) é um projeto de extensão da FMJ, conhecido por seu caráter social sem fins lucrativos, visando a promoção de saúde da população por meio de oficinas e mutirões de saúde, fortalecendo também a formação humanizada dos alunos da instituição. Nos mutirões de saúde, os estudantes realizam exames de pressão arterial, glicemia capilar (diabetes), antropometria (peso e medida), acuidade visual e preenchem um questionário sobre diversos aspectos da saúde do participante, permitindo assim que os alunos identifiquem hábitos e condições prejudiciais à saúde. Com essas informações, o participante recebe orientações para melhorar sua qualidade de vida. Além do mutirão, os alunos desenvolvem as oficinas, que são divididas entre “Saúde da Criança”, “Saúde da Mulher”, “Saúde do Homem”, “Saúde do Adolescente” e “Prevenção e Cuidados”. A população terá contato com diversos temas relacionados à saúde e a questões sociais como cidadania, dengue, câncer de mama e colo de útero, planejamento familiar, câncer de próstata, drogas, gravidez na adolescência, profissões e automedicação. O PVR sempre teve como diferencial para os alunos, o contato desde os primeiros anos de faculdade com a população somado a todo o aprendizado envolvido na criação das oficinas. Em 2015, convidamos professores de diversas especialidades em nossas capacitações, com o intuito de aprofundar as pesquisas e discussões das oficinas, aprimorar a comunicação com a população e compartilhar o conhecimento entre todos os alunos do projeto. As capacitações ocorreram na forma de debate com base nas pesquisas e metodologia adotadas pelos alunos e suas experiências nas escolas com a participação dos professores. No primeiro semestre, o PVR contou com a participação do professor Luís Henrique Bignotto, cardiologista, que, em 2 aulas, capacitou os alunos sobre as técnicas usadas no mutirão e explicou, por exemplo, como devemos orientar a população quanto ao consumo de sal, açúcar e óleo. O professor João Bosco, ginecologista e obstetra, conversou com os alunos sobre a importância do Papanicolau, do exame preventivo do câncer de mama, nos contou como funciona o acesso a esses serviços no SUS. Na parte de sexualidade da Saúde dos Adolescentes, o professor Francisco Pedro, ginecologista e obstetra, passou sua experiência adquirida nos atendimentos do ambulatório de gravidez na Adolescência do HU e de seus anos de carreira, e os alunos incluíram suas pesquisas sobre os cursos técnicos e profissionalizantes disponíveis em Jundiaí, para ampliar as possibilidades dos jovens em continuar os estudos. Começamos o ano em Várzea Paulista, em seguida no Jardim São Camilo e encerramos o semestre dia 13/06 na Escola Adib Miguel Haddad (Santa Gertrudes). No segundo semestre teremos, no dia 29/08, Escola Maria de Almeida Scheledorn (Jardim Tulipas), no dia 17/10 a Escola Almerinda Chaves (Parque Residencial). E no dia 26/09 ocorrerá o Mutirão de Jundiaí que ocorrerá na praça da Matriz. A gestão do PVR 2015 gostaria de agradecer a todos os PVRistas pela grande participação nas escolas, nas capacitações e no envolvimento na criação das oficinas, pois os avanços e melhorias no nosso projeto são nítidas e nos orgulha ver como estamos evoluindo! “Acreditar e fazer a diferença. Porque só depende de nós... Mudar o mundo” Luiza Luz - XLV Gestão PVR - 2015


12

O Boverinho

Junho | 2015

Projeto Vozes das Ruas - PVR

Ação no Bairro Santa Gertrudes - Jundiaí-SP

Ação em Várzea Paulista-SP

Aconselhamento infantil

Gestão PVR 2015

Exames6ºeano aconselhamento - 2012

Calomed 2015

Gestão DAPAB 2014/2015

Exames e aconselhamento

Ação no Bairro São Camilo - Jundiai-SP

Saúde da Criança


O Boverinho

Junho | 2015

13

Trote Solidário: Que essa ideia expanda-se a cada ano Não é novidade: quase todos os calouros da FMJ participam do trote solidário. Trata-se de um evento que tem sido realizado há alguns anos pelo Departamento de Promoção Social. Tradicionalmente, ocorre, durante vários dias, a coleta de alimentos não perecíveis, materiais de limpeza e produtos de higiene pessoal, realizada voluntariamente pelos calouros. Em 2015, houve um recorde nas arrecadações: 315 kg em alimentos e 118 unidades de produtos de limpeza e de higiene pessoal. As doações foram destinadas ao asilo Cidade Vicentina, à Casa Transitória e ao Instituto Luiz Braille. Não foram apenas essas instituições que receberam. Graças à campanha realizada, a Faculdade de Medicina de Jundiaí teve a gratificante oportunidade de estreitar laços com o Instituto Jundiaiense Profissional para Cegos “Luiz Braille”. O instituto proporcionou aos calouros uma tarde maravilhosa, repleta de aprendizados e vivências. Pudemos contar com a palestra “Desafios da Escuridão” do psicólogo Gilson Modesto, que perdeu a visão aos 18 anos, mas enfrentou todas as barreiras: graduou-se e hoje possui total autonomia e trabalha no Instituto. Após a palestra, houve um conjunto de atividades em que os calouros foram vendados, a fim de que vivenciassem, por algumas horas, a realidade de deficientes visuais. Entre muita diversão e aprendizado, os calouros andaram de bicicleta dupla, jogaram futebol com guizo e realizaram testes de tato, olfato e paladar. Desde 2014, o departamento tem incentivado, também, a doação de sangue, a qual não é restrita apenas aos calouros: muitos veteranos também aproveitam o ônibus disponibilizado pela Faculdade de Medicina de Jundiaí para ir ao COLSAN - Unidade Jundiaí. Esta ação, somada à arrecadação de alimentos, torna o evento imensamente importante para a cidade de Jundiaí. Ainda não satisfeitos com o “trote” aplicado aos calouros (e veteranos), os membros do departamento ainda se mobilizaram e conseguiram que o Hemocentro de Campinas - Unicamp viesse à faculdade para cadastrar novos doadores de medula óssea (infelizmente, Jundiaí ainda não possui um hemocentro que realize cadastro desses doadores). Desta vez, não só os veteranos aderiram, mas alguns cidadãos de Jundiaí também compareceram à faculdade para realizar o cadastramento. A campanha foi divulgada pela TV TEM e a coordenadora do curso de Medicina, Célia Campanaro, prestou entrevista à emissora, esclarecendo alguns mitos e verdades acerca da doação de medula óssea e incentivando a população a realizar este ato solidário que é a única esperança de cura para milhares de pessoas. Sendo assim, foram realizados 254 novos cadastros no REDOME (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea). É importante lembrar que o objetivo também é de dar boas-vindas aos calouros, proporcionando a eles um momento de descontração e possibilitando um entrosamento inicial entre si. A expectativa é que, a cada ano, novas atividades sejam incluídas no evento “Trote Solidário”, que as arrecadações e doações de sangue e medula óssea permaneçam e cresçam e, finalmente (mas não menos importante), que os alunos criem essa consciência social, entendendo a importância da solidariedade e o trabalho voluntário. Esta vivência influenciará a formação de cada indivíduo, durante e após sua formação acadêmica em Medicina, uma vez que desenvolve-se a prática da ética e da cidadania. Giuliana Ayumi Kajiwara - Turma XLV


14

O Boverinho

Junho | 2015

Trote Solidário 2015

Doação de sangue - COLSAN

Atividade com o Instituto Braille

6º ano - 2012

Arrecadação de alimentos

Atividade com o Instituto Braille

Doação de sangue - COLSAN

Arrecadação de alimentos

Cadastramento de medula óssea

Atividade com o Instituto Braille


O Boverinho

Junho | 2015

15

Fala, FMJ! Um espaço dedicado especialmente a vocês!

A Reta Final... Para muitos a reta final de um semestre é um alívio, talvez um sufoco, mas certamente a conquista de mais uma etapa, com novos aprendizados e um degrau acima para o tão sonhado diploma. Para nós, estudantes da enfermagem, não é diferente, mas fora todos estes sentimentos, há um que muitas vezes se sobrepõe a todos, o sentimento de tristeza e revolta de algo que está terminando e não volta mais. Sentimento este que a qualidade, inegável e reconhecida por todos, não será mais repassada para outros estudantes, que assim como nós, busca se aperfeiçoar na arte do cuidar. Sem dúvida, nós nos sentimos privilegiados durante a formação por termos a oportunidade de conviver com uma estrutura incrível que nos acolhe e nos motiva a sermos melhores, professores que nos desafiam e nos impulsionam a sermos mais do que estudantes, e sim pensadores críticos, que segundo Florence Nightingale diz: "A enfermagem é uma arte; e para realizá-la como arte, requer uma devoção tão exclusiva, um preparo tão rigoroso, quanto a obra de qualquer pintor ou escritor; pois o que é tratar da tela morta ou do frio mármore comparado ao tratar do corpo vivo, o templo do Espírito de Deus? É uma das artes; poder-se-ia dizer, a mais bela das artes!" Uma vez que a FMJ oferece um curso de alta qualidade, surgem a nós diversos questionamentos: porque extinguir tal formação? Será que é por motivos financeiros? Sim! Com certeza esse problema existe, é só analisar os registros financeiros. Porém não seria melhor avaliar porque chegamos a esse ponto? Não faltou divulgação suficiente para o curso? Por que temos um contingente de alunos na Medicina suficiente para manter o curso? Isso não deveria ser o mesmo com o curso de Enfermagem? Não seria falta de visão dos gestores na questão da importância que o curso de Enfermagem tem? Pois a Enfermagem trabalha diretamente com a Medicina, bons médicos precisam de bons enfermeiros. Por isso é contraproducente uma Faculdade de Medicina não se interessar em manter o curso de Enfermagem que é estritamente ligada a qualidade da saúde. Por que não há uma elaboração de estratégia ou até mesmo um incentivo para manutenção desse curso? Não tem como não pensar e tentar digerir toda essa realidade. Mesmo com a escassez de tantas respostas, o que deixar registrado nesta fase final? É um orgulho fazermos parte da Faculdade de Medicina de Jundiaí, aprendemos muito, tivemos e ainda temos muitas alegrias, e por isso gostaríamos de que outros tivessem o mesmo privilégio que nós! X Turma de Enfermagem


16

O Boverinho

Junho | 2015

Fala, FMJ! Ele ouvia uma canção ao fundo que ritmava suas palmas e mantinha o compasso do seu coração, conhecia a melodia, e a letra o lembrava de antigos amores, bitucas de cigarro, e garrafas de cerveja, cantarolava baixinho, enquanto um sorriso bobo tomava conta do seu rosto. A sua frente passava um garoto apressado com uma camiseta estampada com o semblante do eterno Che Guevara,que depois da revolução cubana, revolucionou também o comércio de camisetas, seus olhos se depararam em dois amantes que se beijavam com ar de despedida, e ele pensou, eles sempre teram paris, mas as vezes, como no poema de Drummond, Lili acaba casando com J.Pinto, que nem fazia parte da história, em seguida foi tomado pelo rebolado de uma mulher de cabelos negros, que contrastavam com seu batom vermelho, e se perguntou por que o Jovem Werther sofreu tanto tempo por uma única mulher, olhou de relance para uma mãe conversando com o um homem de terno, enquanto seu filho emburrado fazia birra, e suspirou; Freud e seus complexos, uma senhora toda repuxada e entupida de botox caminhava em sua direção, e veio a sua cabeça; esperto foi dorian gray, que nao gastou um centavo com tratamentos estéticos, passava um homem com uma jaqueta de couro e olhos de ressaca, com aquele andar elegante de um homem com dor, como eternizou Leminski em seus versos. 2min depois, foi despertado por buzinas e pessoas gritando: - PORRA!!!ABRIU O SINAL!!! Caio Frazzato (Delay) - XLV Aluno 3º ano de medicina Apresentação de abertura da II Noite Cultural do DAPAB

O

A P D I C A M NHA O B


O Boverinho

Junho | 2015

17

Fala, FMJ! Com orgulho somos A.A.A.P.A.B. E o ano de 2015 começa, trazendo à Casa de Jayme a inquietação da mudança, o incômodo com os velhos problemas e a disciplina necessária ao árduo trabalho. É nesse ponto em que focamos nossos esforços em prol de melhorias, em prol de revolução, em prol de reviver o brilho de VENCER! E assim segue nosso esforço diário, em cada treino, em cada amistoso, em todas as nossas lutas contra a falta de apoio, contra as dificuldades financeiras, contra a desunião e a falta de entendimento. E seguimos trabalhando, conquistando apoio e melhorando nossos treinos! Querendo pisar e defender a camisa o quanto pudermos em quadra e fora dela! Buscando campeonatos e incansavelmente, querendo vencer! Aqui todo o jogo é guerra, todo treino é jogo! Atravessamos momentos difíceis, amargando desempenhos insatisfatórios na PRÉ INTERMED e perdendo, ano a ano, investimento na renovação de materiais esportivos e ônibus para as competições, o que nos leva a, com GARRA, lutar muito para que em nada abale a crença de um atleta, na vitória! E o espírito atleticano persiste, cansar NÃO é uma possibilidade, DESISTIR NUNCA foi uma opção! À turma XLVII, recém chegada, a mensagem não é nova aos vossos ouvidos! NÃO PERCAM A CHANCE DE SER FMJ!!! NÃO PERCAM A CHANCE DE VIVER TUDO ISSO! DE PISAR EM QUADRA, DE FAZER NOSSO HINO SER OUVIDO, DE PARTICIPAR DA BATUSEADO, DE FAZER SEIS ANOS SEREM ETERNOS! A hora é AGORA, o que fica pra DEPOIS NÃO ACONTECE!!! SEU CORAÇÃO JÁ É VERDE E ROXO, É DEFENDER ESSA BANDEIRA QUE TE EMOCIONA! É DAR TUDO DE SI. MUITO MAIS QUE NA CALOMED, É LEVAR A FMJ NO PEITO PRA UMA VIDA INTEIRA!!! “Tudo o que um sonho precisa para ser realizado é alguém que acredite que ele possa ser realizado.” “Respeito pelo que fomos, amor pelo que somos e responsabilidade sobre o que seremos.” A ATLÉTICA É FODA!!! Maria Clara Vivi, MC XLV Presidente A.A.A.P.A.B. 2015/2016

AÊ, BATUSEADO! Olá FMJ Primeiramente, agradeço em nome da Batuseado o convite feito pelo nosso diretório acadêmico para tecer algumas palavras no famigerado Boverinho. Atitude simples, porém exemplo de altruísmo e união, visando manter os orgãos dessa faculdade sempre próximos. A Batuseado surgiu em 1994 em uma COPAMED, sendo representada desde sua origem (e até hoje) pelas cores roxo, prata e preto. Ainda tímida, representou a materialização de um sonho, nascido após a participação de muitos jogos universitários, nos quais instituições de maior expressividade esportiva já traziam, junto aos seus times, uma bateria para embalá-los em suas disputas. Sonho de um grupo de pessoas, do qual surgiu o primeiro mestre da Batuseado: Saikai - turma XXVI. Tornou-se uma tradição, um grupo de amigos que, além de cumprirem suas funções como alunos, representantes de orgãos acadêmicos e atletas, dedicavam seus finais de tarde aos ensaios da bateria. Porém, ainda não era o suficiente. Nossos instrumentos não tinham uma pintura que identificasse nossa


18

Junho | 2015

O Boverinho

Fala, FMJ! instituição, nem mesmo o nome de nossa bateria. Então, no ano de 2001, em uma competição atualmente extinta devido divergências com a prefeitura da cidade, uma pessoa teve a grandeza imposta a ela. Surgia um líder, que mudaria o curso da história da Batuseado. Em pleno MEDEF, competição realizada entre os cursos de medicina da FMJ e educação física da ESEF, César Miranda foi convidado a "puxar" a bateria, que encontrava-se desprovida de mestre na ocasião. Cesinha, ex-aluno da turma XXXI e, atualmente, professor da disciplina de Anestesiologia da FMJ, representou a evolução da bateria, que até então sobrevivia com um repasse ínfimo dos endividados cofres atleticanos. Após a segregação financeira entre Batuseado e AAAPAB (a qual se mantém até hoje), eram necessários novas iniciativas que trouxessem lucro e, nesse contexto, surgiu a brincadeira do famoso OVO da Batuseado, o culpado pelos leilões mais rápidos do mundo. Ainda assim, o Mestre se viu no dever de trazer aqueles que fizeram parte da história da bateria para perto dela e, assim, nasceu a Feijoada que, hoje, faz parte do recheado calendário festivo da faculdade. Novas músicas, nova pintura: foi assim que Cesinha terminou sua gestão na Batuseado. Muitos outros ícones fizeram parte dessa história, novas iniciativas tornaram-se realidade e, dessa forma, a Batuseado sobrevive. De tradição, hierarquia e amor, passados de ano a ano como uma receita caseira. O projeto mais recente em andamento é a participação de projetos sociais, como a da ONG Sonhar Acordado. Apesar de sermos uma bateria que valoriza mais o ritmo em relação aos cantos, sabemos que a música pode ter papel mágico na vida de uma pessoa, como por exemplo na musicoterapia, realizada por pacientes com déficits cognitivos. E é nisso que acreditamos. Estamos longe de ser os melhores e temos consciência disso. Entretanto, trabalhamos para fazer o melhor que podemos e não é a toa que fazemos planejamentos anuais. Lá no fundo, trabalhamos por vocês, que fazem parte da bateria, vão aos ensaios, tocam em festas, competições ou somente prestigiam o som da Batuseado. Mais que habilidade, queremos vontade. Mais que hierarquia, queremos respeito. Mais que comprometimento, acreditamos na amizade. Mais que acreditarmos em nós, acreditamos em vocês para que "...os fins de tarde, rodeado de amigos..." continuem a existir. Eder Massucato - Bigato Turma XLII - 6º ano Mestre de Bateria.

Acadêmicos da FMJ, Quem vos fala é seu atual sexto ano. Acredito que esta carta , inicialmente direcionada aos bixos, seja do interesse de todos e, caso você não se importa para a opinião alheia, pode parar de ler e jogar a carta no lixo... Porém, acho que talvez isso faça alguma diferença na sua vida dentro dessa faculdade. Leve essa carta como um conselho de um amigo, você não irá se arrepender. Queridos Bixos e Bixetes, Há cinco anos, estávamos aí, sentados no mesmo lugar que vocês. Alguns já sabiam mais ou menos o que vinha por pela frente, outros não tinham nem idéia, nem a maioridade. Alguns nunca tinham saído de casa ou de sua cidade e, mesmo não tendo atingido o objetivo de ingressar numa instituição pública, demos um dos passos mais difíceis visando o nosso futuro e sonho de sermos MÉDICOS. Superamos um dos processos seletivos mais concorridos do Brasil! Não foi fácil... Vínhamos de uma rotina pesada, com estudo diário e pressão, a preocupação sempre estava em nossas cabeças, mas a aprovação veio! Parabéns! Mas... E agora? Como estudar? Como participar? O que fazer durante seis anos? E como fazer? Será que consigo?


O Boverinho

Junho | 2015

19

Fala, FMJ! A nossa época de Bixo foi marcada por ser a primeira turma que entrou após o trote ser proibido dentro das dependências da faculdade. As coisas começavam a não funcionar como antes, as mensalidades subindo (mesmo sendo a segunda faculdade de medicina paga mais barata do estado), pressão para a participação nas atividades da faculdade, treinos, provinhas, mudança do ape, técnico da NET que não aparecia, onde morar, muitas pessoas perdidas sem saber o que fazer e o que não fazer. Nesse clima, alguns poucos foram se unindo, seja para morar juntos, seja para irem às festas, seja para estudar, e assim foi se criando um dos maiores tesouros que conquistamos na Casa de Jayme (para quem não sabe, o Dr. Jayme Rodrigues foi o fundador e primeiro diretor dessa instituição, assim esse é um jeito carinhoso de nos referirmos a nossa faculdade): as amizades, que com o tempo, descobrimos e as levamos por esses cinco anos e que com certeza irão permanecer por muitos mais. A amizade não vem somente do mesmo ano, ela existirá com seus veteranos, funcionários da faculdade, professores e com seus futuros Bixos que ano que vem estarão bem ai no seu lugar. Não fomos melhores e nem piores que os outros, fizemos esses cinco anos da nossa maneira, do nosso jeito. O amor e respeito verdadeiro pelas coisas não surge da nada como mágica, exige tempo e oportunidades. Acredito que uma de nossas funções é começar a despertar essa chama em vocês, estamos dando dicas de oportunidades, esse é o maior papel do veterano a meu ver. Se isso vai dar certo, veremos no futuro, mas pelo menos tentamos. E como fazer isso? Estimulando vocês a participar da faculdade aproveitando todo o potencial que existe aqui: Atlética, Bateria, ligas, congresso, Diretório Acadêmico, nossas equipes esportivas, projetos sociais, qualquer coisa que leve o nome da FMJ. E o que nós temos a ganhar com isso? Manter o nome dessa instituição cada vez mais em evidência, para que sempre possamos dizer com orgulho que passamos por aqui e que os outros reconheçam isso, e valorize assim como nós. A faculdade é um reflexo dos alunos! Acreditamos que mais que aprender medicina, a faculdade nos traz a grande, senão a maior oportunidade de crescermos como pessoas, consolidarmos nosso caráter, descobrirmos quem somos, quais são os nossos objetivos e como alcançá-los. E isso não se faz somente dentro de uma sala de aula. A FMJ é um mundo no qual você faz parte. Em cada metro quadrado dessa instituição e onde o nome dela estiver você tem o direito de aproveitar e prezar por isso, seja entrando em quadra com as pessoas que você treina e confia, liderando uma equipe na organização de um evento, apresentando um trabalho em um congresso, atendendo pacientes em mutirões, ajudando seu colega de turma a estudar, carregando um surdo da bateria, tendo cuidado com o livro que você usa na biblioteca, dividindo seu teto com amigos nas repúblicas, cumprindo com suas responsabilidades por mais bobas que pareçam ser e assumindo a culpa quando lhe concerne, assim são as coisas. E, mais ainda, todas essas pessoas que você cria laços, por menores que sejam, serão seus companheiros de profissão e, muitos, amigos da vida, daqui um tempo, serão aqueles que podem te ensinar e ajudar quando você mais precisar. Não há nenhuma receita de bolo. Como já diriam nossos professores: “na medicina, nem nunca, nem sempre”. Isso vale pra nossas vidas. Cada qual deve trilhar seu caminho na faculdade de acordo com seu caráter, seus princípios, alguns sob alguma influência externa, outros não... Vai de cada um. Sábio será aquele que ouviu a todos, filtrou o útil e tirou suas próprias conclusões. Preconceitos não lhe servem de nada, sim conceitos, a sua verdade sobre os fatos, isso te dirá para onde ir e o que fazer. Não sejam passivos, tanto quanto às coisas que acontecem aqui como lá fora. Gravem seus nomes na história da forma que desejarem. Honrem seus compromissos. Façam a diferença! Fica a mensagem...

“Respeito pelo o que fomos, amor pelo o que somos e responsabilidade pelo o que seremos.” Gestão AAAPAB 2007/2008 Eder Massucato (Bigato) e Alessandro Xavier Moura (Pau) Turma XLII - 6º ano - 2015


20

Junho | 2012

O Boverinho Opiniões dos Departamentos

CLEV O CLEV-FMJ (Comissão Local de Estágios e Vivências) é o departamento responsável por organizar os intercâmbios, proporcionando a ida e vinda de estudantes, tornando possível o aprofundamento de conhecimentos, não apenas para o aluno visitante, como para quem o recebe e auxilia. Trata-se de uma oportunidade de entrar em contato com sistemas de saúde e culturas de outros países, além de aprofundar habilidades de outros idiomas. Os intercâmbios funcionam por meio de editais de pontos, pelos quais os alunos são selecionados e podem ser de quatro formas: SCOPE (Professional Exchange), SCORE (Research Exchange), NBC (Núcleo Brasil Cuba) e a mais nova modalidade, NBChina, na qual o estudante pode ter contato com a medicina tradicional chinesa. Os departamentos do hospital em que recebemos intercambistas são: clínica médica, cirurgia geral, pediatria e ginecologia e obstetrícia. Contudo, ainda não possuímos estágios de pesquisa. A nossa meta para 2015 será aprimorar o estágio da faculdade, tornando sua programação mais organizada e com maior contato do intercambista com o seu orientador, que o auxiliará em suas atividades. Além disso, pretendemos formular um "Social Program", no qual será oferecido para os intercambistas um roteiro de atividades de lazer nos fins de semana durante seu período de estadia. A participação em tais atividades irá de acordo com a vontade do intercambista e de seu padrinho/madrinha.

CULTURAL O Departamento Cultural da DAPAB organiza tradicionalmente eventos como a Noite Cultural, a Festa Junina, o ShowMed, entre outros. Nosso objetivo principal é a promoção de eventos culturais para integrar os alunos. Mas também queremos desconstruir os conceitos préestabelecidos da realidade do aluno, difundindo reflexão, música, artes visuais e outras manifestações culturais. "Uma andorinha só não faz verão, mas pode acordar o bando todo" Poeta Binho

PROMOÇÃO SOCIAL O Departamento de promoção Social é o departamento do D.A.P.A.B que visa um maior contato entre os estudantes de medicina e a comunidade, este contato é baseado em uma troca muito prazerosa, muitas vezes doamos necessidades materiais e acabamos recebendo muito carinho e gratidão que nos auxilia na rotina pesada do curso. No decorrer do ano, realizamos uma série de campanhas como o Trote Solidário, a campanha de páscoa, agasalho, fraldas e muitas outras, destinadas a instituições carentes do município. Todas essas campanhas são centradas nas necessidades materiais e, muitas vezes, falta um contato maior com a população. Dessa forma, o departamento esta com novos projetos que visam uma maior integração com a comunidade. Conheça nosso departamento , de ideias, participe!

CIENTÍFICO O Departamento Científico do DAPAB foi criado com o intuito de promover atividades acadêmicas extracurriculares. Além de apoiar e regulamentar as Ligas existentes na instituição, também é responsável pela emissão e registro dos certificados dos órgãos associados. Também são promovidas palestras que abrangem os mais diversificados assuntos com profissionais especializados de diferentes áreas. Este ano foi promovido recentemevnte o I Simpósio de Iniciação Científica. O intuito do evento foi incitar o interesse dos alunos para o âmbito da pesquisa, que é de extrema importância para a formação e futuro profissional. Existe o objetivo de realizar este ano ainda um Congresso Conjunto das Ligas Acadêmicas


O Boverinho RELAÇÕES ESTUDANTIS O Departamento de Relações Estudantis pode ser considerado o principal e mais direto meio de comunicação dos acadêmicos com a Coordenação e Diretoria da FMJ. Essa relação tem como finalidade manter um canal de trocas de opiniões, experiências, sugestões e críticas, de forma a aprimorar constantemente todos os aspectos relacionados ao ensino, estrutura e corpo docente da Instituição. Nesse trabalho, busca-se, através do constante diálogo, uma interação mais estreita entre acadêmicos, docentes e Diretoria, atualizações e adequações de grade curricular. Para 2015, o RE já iniciou os diálogos para modificar o Questionário Avaliativo Semestral, promover um fórum por turma do 1º ao 4º ano no segundo semestre e redirecionar, juntamente com o corpo docente do Departamento da Clínica Médica, a grade curricular do 3º e 4º ano do curso de Medicina.

FMJ Comemora bom desempenho em Exames! A Faculdade de Medicina de Jundiaí, ao completar seus 47 anos, orgulhosamente recebeu as notícias de seu bom desempenho no exame do CREMESP (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) - exame obrigatório para obtenção do registro do CRM (Conselho Regional de Medicina). Houve 55% de reprovação dos alunos do estado e, mesmo assim, a faculdade obteve resultados positivos: com média de 6,1 de seus 69 egressos, a Faculdade foi indicada como uma das seis melhores instituições do estado! Já no ENADE (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes), realizado pelo INEP em 2013, a faculdade obteve um resultado inédito: alcançou nota 4. O exame é composto pela avaliação do curso pelo Índice Geral de Cursos (IGC), obtida pela média ponderada do curso de graduação e pós graduação e o Conceito Preliminar dos Cursos (CPC). Nas duas avaliações, a nota da FMJ foi 4. Tal conquista a colocou entre as 55 melhores do país e 13ª do estado de São Paulo. Parabéns!

Junho | 2015

21


22

O Boverinho

Junho | 2015

SUB

-MU

NDO


O Boverinho

Junho | 2015

PVR- saúde da Mulher

II Noite Cultural

23

Trote Solidário

Survivors Pré 2015

Bota Dentro XLIII

Alunos do Ciência sem Fronteiras

Enfermagem


24

O Boverinho

Junho | 2015

EREM 2015 - delegação FMJ

Trote Solidário 2015 - atividade Instituto Braille

Bota Dentro XLIII - intercambistas + FMJ

Churras 200 dias - turma XLII

Turma 6º ano -XLVII 2012

Calomed 2015

Gestão DAPAB 2014/2015

Festa Junina - COF XLV

Capoeira Brasil - II Noite Cultural

Reunião de Mensalidades - 2014


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.