UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA FACULDADE DE ENGENHARIAS, ARQUITETURA E URBANISMO
ESCOLA ENSINO INFANTIL E FUNDAMENTAL I SUSTENTÁVEL Marina Neves Hisse de Castro
São José dos Campos 2020
MARINA NEVES HISSE DE CASTRO
ESCOLA DE ENSINO INFANTIL E FUNDAMENTAL I SUSTENTÁVEL Monografia apresentada ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Vale do Paraíba como requisito à obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo.
São José dos Campos 2020
AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus pais, irmãs, amigos e familiares que estiveram ao meu lado, que me incentivaram nos momentos difíceis e compreenderam a minha ausência enquanto eu me dedicava à realização deste trabalho. Aos amigos, colegas de turma, pela amizade e pelo apoio demonstrado ao longo de todo o curso e todo o tempo dedicado para a realização deste trabalho. A todos os professores, pelos ensinamentos que me permitiram apresentar um melhor desempenho no meu processo de formação profissional ao longo do curso. Agradeço especialmente à professora Angélica, pela ajuda e contribuição do seu conhecimento na área pedagógica, e ao professor Roberto, por me orientar durante todo o desenvolvimento do trabalho e cumprir tal função com dedicação. A todos aqueles que contribuíram, de alguma forma, para a realização deste trabalho.
“Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda. ” - Paulo Freire
RESUMO
ABSTRACT
O presente trabalho tem como finalidade o desenvolvimento de um projeto arquitetônico propondo a construção de uma escola localizada na Região Norte da cidade de São José dos Campos, destinada à crianças do Ensino Infantil e Fundamental I, advinda da
This paper aims to describe the development of an architectural project proposing the construction of a school located in the North Region of the city of São José dos Campos, for children of Kindergarten and Elementary School, arising from the need to rethink the
necessidade de repensar o modelo pedagógico aplicado na maioria das escolas brasileiras e também, com finalidade de criar desde cedo uma maior sensibilidade
pedagogical model applied in most Brazilian schools, and also to create, from an early age, a greater sensitivity in human beings about the importance of environmental
no ser humano sobre a importância da preservação ambiental através do maior contato com a natureza.
preservation through greater contact with nature.
Palavras-chave: Escola. Criança. Natureza. Pedagogia. Sustentabilidade.
Key-words: School. Sustainability.
Child.
Nature.
Pedagogy.
LISTA DE FIGURAS Imagem 1 - Esboço dos principais passos do método científico...........17 Imagem 2 - Esboço das principais fases do desenvolvimento do ser humano................................................................................................................18 Imagem 3 - Localização da Casa das Crianças indicado em vermelho em relação à cidade de Briis-sous-Forges...................................................34 Imagem 4 - Planta baixa da Casa das Crianças indicando os ambientes............................................................................................................37 Imagem 5 - Corte da Casa das crianças indicando ambientes que aparecem no mesmo........................................................................................37 Imagem 6 - Localização da Escola Tem Amarelo indicado em vermelho em relação à cidade de Coimbatore.............................................................38 Imagem 7 - Planta Baixa Pavimento Térreo da Escola Trem Amarelo................................................................................................................40 Imagem 8 - Planta Primeiro Pavimento Térreo da Escola Trem Amarelo................................................................................................................40 Imagem 9 - Corte AA da Escola Trem Amarelo...........................................40 Imagem 10 - Corte BB da Escola Trem Amarelo........................................40 Imagem 11 - Localização do Centro Infantil El Guadual indicado em vermelho na cidade de Villa Rica....................................................................41 Imagem 12 - Planta baixa pavimento térreo Centro El Guadual...........44 Imagem 13 - Planta baixa primeiro pavimento Centro El Guadual.......44 Imagem 14 - Localização da escola Novo mangue em relação à cidade de Recife...............................................................................................................45 Imagem 15 - Planta Baixa da Escola Novo Mangue..................................47 Imagem 16 - Perspectiva Projeto Escola Novo Mangue...........................47 Imagem 17 - Cortes Escola Novo Mangue...................................................47 Imagem 18 - Localização do terreno no município de São José dos Campos identificado em amarelo..................................................................51 Imagem 19 - Identificação de escolas que atendem pelo menos um dos níveis de ensino da proposta no município de São José dos Campos.................................................................................................................51
Imagem 20 - Localização do terreno no bairro Portal de Minas em São José dos Campos identificado em amarelo.................................................52 Imagem 21 - Uso do solo feito a partir do recorte do entorno do terreno escolhido...............................................................................................53 Imagem 22 - Vias de acesso ao terreno escolhido....................................53 Imagem 23 - Mapa de identificação da direção predominante dos ventos....................................................................................................................54 Imagem 24 - Estudo de variação da insolação em relação ao terreno..................................................................................................................54 Imagem 25 - Corte do entorno para identificar como o relevo se comporta..............................................................................................................55 Imagem 26 - Maquete volumétrica para estudo da volumetria do entorno.................................................................................................................55 Imagem 27 - Setorização e principais acessos da proposta...................56 Imagem 28 - Estudo de Fluxos com base na setorização da proposta...............................................................................................................56 Imagem 29 - Mapa mental I com o tema central natureza.....................57 Imagem 30 - Mapa mental II com o tema central criança.......................57 Imagem 31 - Partitura utilizada como referência.......................................58 Imagem 32 - Desenho ligação das notas.....................................................58 Imagem 33 - Desenho da ligação das notas aplicado no terreno e suas respectivas ligações entre si............................................................................58 Imagem 34 - Maquete volumétrica da proposta inicial partir da partitura................................................................................................................59 Imagem 35 - Evolução da proposta I.............................................................59 Imagem 36 - Evolução da proposta II............................................................59
LISTA DE FIGURAS Fotografia 1 - Sala de aula de uma escola que segue o modelo Reggio Emilia.....................................................................................................................21 Fotografia 2- Fachada Casa das Crianças.....................................................34 Fotografia 3 - Área externa da Casa das Crianças.....................................37 Fotografia 4 - Área interna com vista para o externo da Casa das Crianças................................................................................................................35 Fotografia 5 - Área externa da Casa das Crianças.....................................36 Fotografia 6 - Área externa e Interna da Casa das Crianças...................36 Fotografia 7 - Interior da Casa das Crianças com vista da parede de vidro côncava para o jardim............................................................................36 Fotografia 8 - Fachada e área externa Escola Trem Amarelo.................37 Fotografia 9 - Sala de Aula da Escola Trem Amarelo.................................38 Fotografia 10 - Espaço Criando por uma abertura no interior da Escola Trem Amarelo......................................................................................................39 Fotografia 11 - Interior da Escola Trem Amarelo.......................................39 Fotografia 12 - Rampa de Acesso da Escola Trem Amarelo....................39 Fotografia 13 - Vista Externa da Escola Trem Amarelo.............................39 Fotografia 14 - : Fachada Oeste Centro Infantil El Guadual.....................41 Fotografia 15 - Espaço externo para realização de atividades culturais Centro El Guadual..............................................................................................42 Fotografia 16 - Espaço com aberturas circulares que possibilitam alternativas de movimentação Centro El Guadual....................................42 Fotografia 17 - Vista pátio central Centro Infantil El Guadual.................42 Fotografia 18 - Interior sala de aula Centro Infantil El Guadual.............43 Fotografia 19 - Vista aérea Centro El Guadual............................................43 Fotografia 20 - Fachada Principal Escola Novo Mangue...........................44 Fotografia 21 - Pátio Interno Escola Novo Mangue...................................46 Fotografia 22 - Sala de aula Escola Novo Mangue.....................................46 Fotografia 23 - Escola Novo Mangue após o início das atividades........47
LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Principais marcos históricos que influenciaram na educação e ambiente de ensino brasileiro.....................................................................14 Tabela 2 - Parâmetros de construção de uma escola Waldorf e suas respectivas finalidades......................................................................................25 Tabela 3- Parâmetros para elaboração do programa de necessidades baseados na sustentabilidade........................................................................32 Tabela 4 - Parâmetros para elaboração do projeto arquitetônico baseados na sustentabilidade........................................................................33 Tabela 5 - Programa de Necessidades..........................................................49 Tabela 6- Quantidade de pessoas que frequentarão diariamente a escola.....................................................................................................................50 Tabela 7 - Divisão de salas...............................................................................50 Tabela 8 - Distribuição da população por grupos etários segundo regiões urbanas..................................................................................................52 Tabela 9 - Tabela de Parâmetros Urbanísticos para Zona Mista 2 na Cidade de São José dos Campos....................................................................54
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO................................................................................................................................................................................................................10 1.1 Tema.......................................................................................................................................................................................................................10 1.2 Contextualização da Problemática.................................................................................................................................................................10 1.2.1. O Caráter Humano..................................................................................................................................................................................10 1.2.2 Sustentabilidade.......................................................................................................................................................................................10 1.3 Objetivo..................................................................................................................................................................................................................11 1.3.1 Geral.............................................................................................................................................................................................................11 1.3.2 Específicos..................................................................................................................................................................................................11 1.4 Justificativa............................................................................................................................................................................................................11 1.5 Método..................................................................................................................................................................................................................11 2. REFERENCIAL TEÓRICO...............................................................................................................................................................................................12 2.1 Arquitetura Escolar.............................................................................................................................................................................................12 2.1.1 Histórico......................................................................................................................................................................................................13 2.1.2 Métodos Pedagógicos.............................................................................................................................................................................16 2.1.2.1 A Pedagogia Montessoriana........................................................................................................................................................16 2.1.2.2 A Abordagem do Sistema Reggio Emilia...................................................................................................................................18 2.1.2.3 O Método Waldorf de Rudolf Steiner........................................................................................................................................21 2.1.3 Conclusões.................................................................................................................................................................................................26 2.1.3.1 O Ensino na Te-Arte.......................................................................................................................................................................27 2.1.3.2 Instituto Pandavas.........................................................................................................................................................................27 2.2 Arquitetura Sustentável.....................................................................................................................................................................................29 2.2.1 O Termo ‘Sustentabilidade.....................................................................................................................................................................30 2.2.2 O Papel da Arquitetura...........................................................................................................................................................................30 3. REFERENCIAL PROJETUAL...........................................................................................................................................................................................34 3.1 Casa das Crianças – UM Architecture............................................................................................................................................................34 3.2 Escola Trem Amarelo – Biome Environmental Solutions..........................................................................................................................37 3.3 Centro Infantil El Guadual – Daniel Joseph Feldman Mowerman e Iván Dario Quiñones Sanchez...............................................41 3.4 Escola Novo Mangue – O Norte: Oficina de Criação..................................................................................................................................44 3.5 Conclusões............................................................................................................................................................................................................47 4. CONDICIONANTES DO PROJETO..............................................................................................................................................................................48 4.1 Conceito.................................................................................................................................................................................................................48 4.2 Programa de Necessidades..............................................................................................................................................................................49 4.3 Terreno..................................................................................................................................................................................................................50 4.3.1 Contextualização Regional e Local.......................................................................................................................................................50 4.3.2 Justificativa..................................................................................................................................................................................................51 4.3.3 Características...........................................................................................................................................................................................52 5. ANTEPROJETO................................................................................................................................................................................................................56 5.1 Setorização e Fluxos...........................................................................................................................................................................................56 5.2 Partido e Estudo Volumétrico..........................................................................................................................................................................56 5.3 Descrição do Projeto..........................................................................................................................................................................................59 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................................................................................................................61 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................................................................................................................63
1 INTRODUÇÃO 1.1 Tema: Este Trabalho de Conclusão de Curso tem por finalidade a proposta projetual de uma Escola de Ensino Infantil e Fundamental I Sustentável, contemplando crianças de 3 a 11 anos. O projeto foi pensado na Zona Norte da cidade de São José dos Campos. Todavia, tem a intenção de se tornar um modelo de proposta. As salas de aula são divididas em quatro agrupamentos conforme a idade das crianças. Cada agrupamento possui duas salas, com 24 alunos, para crianças entre 6 e 11 anos, e 18 alunos, para crianças entre 3 e 5 anos, totalizando 180 alunos. Esta escola também terá seu funcionamento de forma integral, com atividades ligadas ao ensino ambiental no período vespertino. Cabe destacar que se trata de um modelo não tradicional de escola, portanto não segue exatamente as diretrizes municipais – como o número de alunos por sala. Entretanto, está alinhado com os métodos pedagógicos estudados e, deste modo, busca desenvolver ambientes favoráveis para suas práticas. 1.2 Contextualização da Problemática: 1.2.1. O Caráter Humano: O caráter influencia na forma como o ser humano age e interage com o meio ambiente natural e social. Caso o caráter tenha traços saudáveis, possibilitará a interação do homem com a natureza, que proporcionará uma certa tomada de consciência. Entenderá, então, que mais do que fazer parte da natureza, ele é a própria natureza. Ou seja, esse caráter saudável valoriza a vida e o meio ambiente natural, independentemente da instancia que ela pertencer. (VOLPI, 2003)
Dentre os fatores que moldam o caráter humano, segundo Volpi (2003), estão as experiências adquiridas no meio ambiente em que se vive. Sendo assim, o ambiente escolar, onde a criança passará grande parte da sua infância, tem total importância na formação do seu caráter. 1.2.2 Sustentabilidade: Em vista da enorme quantidade de euforia, comodismo e conforto que oferece a sociedade de consumo moderna, escolhe-se deixar de lado a natureza e, simultaneamente, esvaise a noção de que o ser humano necessita dela para sobreviver, uma vez que também é parte integrante da mesma. Como aponta Farr (2013), escolhemos ser uma espécie que vive em ambientes fechados, nos desvinculamos do mundo natural, ficando cada vez mais alheios ao que fazemos com o entorno imediato e externo. A cada ano que passa, os seres humanos têm consumido mais do que a Terra consegue regenerar. Em 29 de julho de 2019, a Terra atingiu o dia da sobrecarga – o mais cedo desde o início da contagem em 1970. Ou seja, a partir desse dia, todos os recursos naturais que poderiam ser renovados sem custo ao meio ambiente entram em déficit. A estimativa foi feita pela organização internacional Global Footprint Network, que contabiliza através dos dados de pegada ecológica e da biocapacidade global. Portanto, fica ainda mais claro que é necessário uma conscientização da população sobre o modo de vida e o consumo insustentável presente, para que procure cada vez mais um desenvolvimento sustentável, ou seja, aquele capaz de suprir as necessidades básicas e as demandas essenciais da sociedade sem comprometer recursos para
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1 INTRODUÇÃO as futuras gerações. Dentre as inúmeras maneiras de realizar isso, busca-se neste trabalho uma que possa incluir o campo da arquitetura e urbanismo e causar um impacto ecologicamente positivo no modo de viver, criando uma sensibilidade pela temática através do trabalho pedagógico infantil. 1.3 Objetivo 1.3.1 Geral: Este trabalho final de graduação tem como objetivo geral desenvolver uma proposta projetual arquitetônica de uma escola no nível de ensino infantil e fundamental I sustentável no município de São José dos Campos e que funcione como inspiração para novas instituições. 1.3.2 Específicos: Para atingir o objetivo geral, são propostos os objetivos específicos a seguir: a. Reflexão sobre a questão ambiental apresentada; b. Proposição do método de ensino aplicado na escola que tenha como uma de suas premissas a pauta na temática ambiental; c. Criação de uma identidade através de um espaço agradável onde as crianças se sintam acolhidas e se reconheçam integrantes dele; d. Produzir uma sintonia e conformidade entre a organização espacial e o método pedagógico; e. Utilizar técnicas que tenham a bioarquitetura como princípio considerando as características do local escolhido; f. Buscar a sensibilidade pela temática ecossistêmica através do contato com a natureza.
1.4 Justificativa: Diante do exposto, este trabalho de graduação tem a intenção de instigar a discussão sobre a relação homem-meio ambiente e a sustentabilidade. Como podem ser exploradas no campo de arquitetura e urbanismo, ao mesmo tempo, em que pode vir a contribuir com uma mudança comportamental nessa relação. A escolha do tema se justifica não só pela capacidade que o arquiteto e urbanista tem em desenvolver soluções sustentáveis em projetos de edifícios, mas também de criar ambientes agradáveis de convivência. Utilizando além de conceitos de conforto ambiental, a importância deste profissional se dá em como relacionar a psicologia ambiental com a concepção do ambiente, e como transmitir o sentimento de participação do mesmo, ao passo que também busca criar sua própria identidade. 1.5 Método: Este trabalho teve como ponto de partida, a coleta de dados na formulação de um referencial teórico para embasar o projeto e conseguir atingir os objetivos de uma maneira mais eficiente. Ou seja, criar uma base teórica para entender melhor os conceitos e como aplicá-los no projeto. Para tanto, foram estudados: arquitetura escolar, métodos pedagógicos e arquitetura sustentável. Este referencial foi montado com base na busca por bibliografias, desde livros, artigos, dissertações e até documentários. Posto isso, foi feito um referencial projetual, com a finalidade de buscar exemplos práticos do que foi estudado no referencial teórico. Assim, deuse início ao desenvolvimento do projeto, através do seu
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1 INTRODUÇÃO conceito e partido, do estudo sobre o terreno e suas condicionantes, bem como a elaboração do programa de necessidades.
2 REFERENCIA TEÓRICO O Referencial Teórico foi dividido em dois subtópicos, com temas considerados relevantes para a formulação projetual final deste trabalho. Os dois subtópicos são referentes à arquitetura escolar e à arquitetura sustentável, respectivamente. O primeiro, buscou fazer uma alusão histórica para entender o que levou à situação em que as escolas brasileiras se encontram e, de uma maneira geral, tratou-se aqui das escolas públicas. Além disso, foram estudados métodos pedagógicos – considerados como referências mundiais – seus fundamentos sobre o desenvolvimento da criança, os principais tópicos abordados por esses para este trabalho final de graduação, e ainda as características dos espaços de ensino. O segundo subtópico, procurou entender o conceito de sustentabilidade, para que então possa ser desenvolvido na arquitetura. Buscou-se compreender a relação do edifício com a comunidade no entorno, o aproveitamento das condições ambientais e a eficiência que o edifício deve desempenhar. Para tal, foram apontados quais passos devem ser seguidos para um projeto ser considerado sustentável. 2.1 Arquitetura Escolar: O espaço escolar, na grande maioria das vezes, é o primeiro local onde a criança tem uma experiência coletiva e social, após o ambiente familiar. Esse processo faz parte da construção de seu conhecimento, que é repleto de vivências cognitivas, desvendando relações importantes tanto de sociabilidade quanto de interação com o ambiente construído. Para tanto, é necessário se aprofundar no significado que o ambiente escolar carrega e reconhecer que a adequação deste à proposta
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2 REFERENCIAL TEÓRICO pedagógica de ensino deve ser multidisciplinar. (AZEVEDO, 2002) “Quando se faz propostas educacionais, é necessário que se reconheça toda a história percorrida até os nossos dias (…)” para que sirvam de base e possibilitem o amadurecimento de outras propostas (RIBEIRO, 1993). Assim, a primeira parte deste tópico irá trabalhar a conceituação histórica do ambiente escolar no Brasil, apresentando as tipologias mais significativas inseridas em um contexto histórico e socioeconômico, de modo a entender em que meio são abordados o método pedagógico e a relação com o ambiente na grande maioria das escolas brasileiras. 2.1.1 Histórico: O histórico será exposto no formato de tabela, elaborada pela autora deste trabalho. São elencados os principais pontos relacionados com a proposta, que foram selecionados através das bibliografias de Ribeiro (1993) e Kowaltowski (2001), e outros autores como Ornstein e Borelli (1995), Amorim (2007), Brito Cruz e Carvalho (2004), Buffa e Pinto (2002), Corrêa, Mello e Neves (1991), Raimann e Raimann (2008), Ramalho e Wolf (1986), FDE (1998), Artigas (1999), Ferreira e Mello (2006), que foram abordados pelos primeiros.
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Tabela 1 - Principais marcos históricos que influenciaram na educação e ambiente de ensino brasileiro.
Fonte: Elaborada pela autora.
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2 REFERENCIAL TEÓRICO “Fazendo um balanço do século XX, a instituição escolar e a pedagogia pouco se modificaram comparando-se com os inúmeros avanços e descobertas ocorridas em outras áreas o conhecimento, como a psicanálise, a neurociência, a genética, a semiótica, por exemplo”. (AZEVEDO, 2002, apud MARTINO, 1998; GARDNER, 1999).
Assim, é possível observar que a principal característica desse método se trata na acumulação do conhecimento que é transmitido pelo professor, o qual assume postura de autoridade e detentor d saber enquanto o aluno tem apenas um papel passivo. Esse método expositivo crê que se o aluno foi capaz de reproduzir os conteúdos ensinados, mesmo que de forma automática, houve aprendizagem. Outro ponto importante ressaltar é que os elementos da vida emocional do sujeito são negligenciados no processo de ensinoaprendizagem, pois é acreditado que podem comprometer negativamente o desenvolvimento da criança. (LEÃO, 1999, p.190-191, apud MIZUKAMI, 1986) É necessário reconhecer o valor deste método, uma vez que já se passaram décadas e ele continua sendo a maneira mais fácil de se transmitir o conhecimento. Entretanto, Piaget (1975) aponta que o fracasso da educação está de se principiar pela linguagem ao invés de se fazer através da ação real e material. “O objetivo da educação intelectual não é saber repetir ou conservar verdades acabadas, pois uma verdade que é reproduzida não passa de uma semiverdade: é aprender por si próprio a conquistar o verdadeiro, correndo o risco de despender tempo nisso e de passar todos os rodeios que uma atividade real pressupõe”. (PIAGET, 1975)
Apesar de terem períodos de surgimento de outros princípios
pedagógicos no contexto brasileiro, inspirados em modelos estrangeiros com tentativas de implantação no país — como a Escola Nova —, essas ideias não foram tão difundidas no ensino público nacional. Tal condição utiliza a justificativa de que o método tradicional se encontra, de uma certa forma, consolidado no sistema de ensino e intrínseco na perspectiva da sociedade. Isso se deve também a uma certa facilidade de implantação — quando em outros métodos, são mais difíceis. É certo afirmar que muitos recursos, com finalidade de tentar melhorar o cenário, surgiram ao longo dos últimos anos. A Constituição Federal de 1988 dedica aos artigos 205 ao 214, a fala sobre a educação como dever do Estado e da família, como o ensino é dividido, o pluralismo de ideias, maior flexibilidade nas concepções pedagógicas e, também, a coexistência de instituições públicas e privadas. O método pedagógico tradicional, da forma como foi implantado, já se mostrou muito ineficiente. Ainda mais quando se fala do desenvolvimento da personalidade do aluno. “A educação constitui um todo indissociável, e não se pode formar personalidades autônomas no domínio moral se, por outro lado, o indivíduo é submetido a um constrangimento intelectual de tal ordem que tenha de se limitar a aprender por imposição sem descobrir por si mesmo a verdade: se é passivo intelectualmente, não conseguiria ser livre moralmente. (...) se a sua moral consiste exclusivamente em uma submissão à autoridade adulta (...) ele também não conseguiria ser ativo intelectualmente”. (PIAGET, 1975)
As escolas brasileiras têm se mostrado mais acessíveis, entretanto a qualidade da educação não corresponde, que é possível se justificar pelas pesquisas e provas que são
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2 REFERENCIAL TEÓRICO aplicadas para medir o nível de ensino das instituições, as quais mostram, em sua grande maioria, resultados não tão satisfatórios. Um exemplo de pesquisa é o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que mede o fluxo escolar e as médias de desempenho nas avaliações. Muitas escolas públicas já têm adotado algumas medidas que se repercutem em melhor desempenho do que outras. Uma das medidas que foram adotadas é a aplicação de atividades que se voltam para o desenvolvimento pessoal do aluno e que se encaixam no contexto sociocultural local, como, por exemplo, as que envolvem o meio artístico e maior participação da comunidade familiar. Essa condição se faz presente na formulação de outros métodos pedagógicos, como alguns dos que serão apresentados a seguir e que são considerados como referências mundiais. 2.1.2 Métodos Pedagógicos: A relevância deste tópico se dá pela relação que a construção do conhecimento e o desenvolvimento da criança tem com o ambiente onde as atividades são executadas, como é tratado por alguns dos autores estudados a seguir. É de suma importância que o desenho do espaço esteja em conformidade com o método pedagógico que será posto em prática para que, desta forma, possa ser cumprido seu propósito de maneira eficiente. Foram consideradas e analisadas três pedagogias que podem ter relação com a proposta deste projeto. As quais são: Montessori, Reggio Emilia e Waldorf. Busca-se entender a história, o método e a didática, além da concepção e a arquitetura do espaço trabalhadas por estes autores, afim de construir o método maisalinhado com os princípios
nos objetivos iniciais. 2.1.2.1 A Pedagogia Montessoriana: “O bom ou o mal do homem na idade madura está estreitamente ligado à vida infantil na qual tev origem. Sobre ela recairão todos os nossos erros, que repercutirão nela de maneira indelével. Morremos, mas nossos filhos sofrerão as consequências do mal que lhes terá deformado para sempre o espírito. O ciclo é contínuo e não pode ser interrompido. Tocar na criança significa tocar no ponto mais sensível de um todo que tem raízes no passado mais remoto e se dirige para o infinito do futuro. Tocar na criança significa tocar no ponto mais delicado e vital, ond tudo se pode decidir e renovar, onde tudo redunda na vida, onde estão trancado os segredos da alma, porque ali se elabora a educação do homem”. (MONTESSORI, 1989)
Maria Montessori, fundadora desse método pedagógico, nasceu na Itália e foi a primeira mulher do país a se formar em medicina (1896). Logo que concluiu este curso, deu início em estudos psiquiátricos com crianças que possuíam deficiências mentais e eram misturadas com adultos em hospícios. Seu interesse pela educação se iniciou nesta fase, pois recomendava um tratamento mais pedagógico do que médico ao acreditar que um trabalho educativo especial poderia melhorar as condições destas crianças. A partir disso, ao se interessar mais pelo ensino, estudou pedagogia e psicologia, formou novos conceitos e, assim, criou seu próprio método. (MONTESSORI, 1989, p. 241) A formulação da sua pedagogia se baseou na interpretação da educação como ciência. Assim como no método científico, seu trabalho foi pautado na observação das ações das crianças, descobrindo o que colabora com o seu desenvolvimento e a construção do seu equilíbrio interior. Assim, analisa quais
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2 REFERENCIAL TEÓRICO as características na educação que se harmonizam entre si e, a partir disso, dá origem à teoria científica. (MONTESSORI, 1989) Imagem 1 - Esboço dos principais passos do método científico
necessário. Por isso, são oferecidos materiais científicos adequados e atraentes para educação sensorial. Ao serem manipulados, proporcionam a oportunidade de a criança perceber seus próprios erros e, assim, aperfeiçoar seus movimentos e sua concentração. (MONTESSORI, 1989) “As crianças tinham desejos particulares e escolhiam suas ocupações. Desde então foram adotados os armários baixos, onde os objetos são colocados à disposição das crianças, que os escolhem de acordo com suas necessidades interiores. E foi desse modo que o princípio da livre escolha passou a acompanhar o da repetição do exercício. Foi a partir da livre escolha que se tornaram possíveis observações sobre as tendências e necessidades psíquicas das crianças (...)”. (MONTESSORI, 1989)
Fonte: Apostila do Curso de Introdução ao Método Montessori
Seu sistema parte da proposição de que a educação se inicia no próprio ser, capaz de se desenvolver naturalmente, considerando-o como um organismo que possui uma autêntica vida psíquica. Ou seja, este método tem como um de seus princípios a autoeducação. Enxerga a criança como capaz de aprender sozinha dentro do ambiente adequado, podendo desenvolver quase todas as atividades de forma livre, independente e realizando-as quantas vezes quiser ou achar
Em vista disso, a organização do ambiente se torna imprescindível, para que seja agradável e que as crianças não sofram coação. Para Montessori, o conceito do ambiente material adaptado às proporções do corpo da criança é um grande facilitador. Ela descreve que as salas claras e iluminadas, janelas baixas, cheias de flores, móveis pequenos de todos os tipos, exatamente como o da mobília de uma casa, e tudo ao alcance das mãos das crianças. (MONTESSORI, 1989) Outro princípio abordado neste método é o da educação cósmica. Como apresenta Moraes (2009), Montessori definiu o ser humano como um ser em constante relação com outros seres vivos e não vivos. Desta forma, cabe à educação conscientizá-lo deste aspecto e dar oportunidade para conhecer o real, o qual está ligado de forma vital. Assim, surge a importância de mostrar à criança sua relação e o respeito com a natureza e com a criação, reconhecendo o valor, o lugar, a função de cada ser e cada elemento. Entretanto, é imprescindível deixar claro que a educação cósmica não deve
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2 REFERENCIAL TEÓRICO ser tratada como uma disciplina, mas estar presente em todas as áreas, de modo a tornar a criança atenta ao real e consciente dele. Montessori também trabalha as fases de desenvolvimento da criança. Como mostrado na imagem a seguir:
“(...) antes de proceder a uma ação educativa, implantar condições ambientais que favoreçam a aparição das características normais que estão ocultas. Para isso, basta simplesmente “afastar os obstáculos”; este deve ser o primeiro passo, o alicerce da educação. Não se trata, consequentemente, de desenvolver características existentes, mas de primeiro descobrir a natureza e depois auxiliar o desenvolvimento da normalidade”. (MONTESSORI, 1989)
Imagem 2 - Esboço das principais fases do desenvolvimento do ser humano
2.1.2.2 A Abordagem do Sistema Reggio Emilia: O Sistema Reggio Emilia nasceu no período pós-Segunda Guerra Mundial, na província de Reggio Emilia, localizada na região da Emília-Romana no norte da Itália. A escola surgiu da vontade da criação dos moradores da vila Cella, distante em oito quilômetros do centro da comuna de Reggio Emilia, de reconstruir a cidade que se encontrava devastada pela guerra e buscavam um ambiente em que as crianças, seus filhos, pudessem ficar (SÁ, 2010). Como diz a história, a escola foi construída com o dinheiro arrecadado da venda de um tanque de guerra, alguns caminhões e cavalos deixados pelos alemães. “Esse movimento inicial envolveu toda a comunidade, mas de modo especial os pais, pois nasceu do desejo de reconstrução da própria história e da possibilidade de uma vida melhor para seus filhos. Então, desde sua origem, Reggio Emilia é uma escola diferente, enraizada na vontade das famílias de construir um mundo melhor por meio da educação”. (SÁ, 2010, p.57)
Fonte: Apostila do Curso de Introdução ao Método Montessori
Contudo, as fases que são mais relevantes para este trabalho são: a de 3 a 6 anos e a de 6 a 12 anos. A primeira é onde ocorrem grandes transformações, a qual ela chama de Mente Absorvente Consciente
Loris Malaguzzi, nascido em Correggio, uma comuna da província de Reggio Emilia, e formado em Pedagogia pela Universidade de Urbino, começou a lecionar em escolas primárias nos primeiros anos da década de 40 em Sologno, outra comuna da região. Ao saber da construção desta escola, se interessou e dirigiu-se para Cella, onde realizou a formulação do método de ensino a ser aplicado.
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2 REFERENCIAL TEÓRICO Neste método é possível observar certa influência de Montessori, uma vez que esta pedagogia emergiu por volta das duas primeiras décadas do século XX, anterior aos estudos d Malaguzzi. Mais uma vez, a criança é a protagonista do ensino. Confere o valor do conhecimento e detenção do saber à criança e considera-a como um ser “(...) potente, forte, poderosa, capaz de construir estratégias de aprendizagem, (...) atenta à sua atualidade, que toma decisões e que, na interação com o outro, constrói conhecimento (...)” (SÁ, 2010, p.63). A posição em que o educador se encontra é a de ensinar enquanto ele mesmo aprende. Esta prática deve ser realizada através da escuta. “Ao falarmo de escuta, não estamos nos referindo apenas à escuta da palavra falada, mas também à escuta dos gestos, dos espaços, dos desenhos, das expressões (...)” (BARACHO, 2011). Portanto, por meio desta ação, o educador deve analisar a lógica de aprendizagem da criança e, assim, propor maneiras alternativas para o avanço de seu conhecimento. Para contribuir com essa finalidade, é feita a chamada documentação pedagógica. Elaborada por materiais produzidos durante as seções (aulas) e, como exemplifica Sá (2010), podem ser feitas através de ‘slides’, gravações, vídeos, fotografias, anotações, comentários e reflexões. Se configura, então, como: “(...) estratégia de pesquisa sobre questões relacionadas ao desenvolvimento infantil, à forma como as crianças desenvolvem suas teorias e hipóteses sobre o mundo que as cerca, à forma de organizar o ambiente e a atuação do docente. Além disso, (...) tem a finalidade de comunicar às crianças, aos pais e à comunidade as descobertas feitas e os novos rumos do trabalho pedagógico”. (BARACHO,2011).
Ademais, é importante ressaltar que não necessita ser
realizada de maneira individual ou se preocupar em mostrar todas as crianças do grupo ao mesmo tempo. Substancialmente, a organização do material é feita de modo compartilhado. Possibilita que a criança analise a documentação que ela própria produziu e a interpretação que foi feita a partir do seu trabalho pelo educador. (SÁ, 2010 p.66) Isso posto também se relaciona com outro princípio fundamental do método, o qual é a relação entre as crianças, o sistema de escolarização e as famílias. A participação desta última está presente desde o princípio do método, com o objetivo de integração e a manutenção da coletividade. Este diálogo é criado através da formação e informação dada aos pais sobre o caminho seguido pela aprendizagem na escola. Desta maneira, as famílias entendem melhor e participam das decisões sobre o que e como ensinar. “Portanto, trata-se de uma educação baseada no relacionamento e na participação por meio de redes de comunicação e de encontros entre crianças, professores e pais” (SÁ, 2010 p.62). A arquitetura e os espaços também têm grande importância para a realização das atividades, uma vez que o ambiente pode transmitir mensagens. Um dos principais espaços criados para uma escola que utiliza o método de Reggio Emilia é o ateliê. Este está presente de forma reduzida nas salas de aula e, também, de forma central na escola. Este ambiente tem a finalidade de fomentar o contato da criança com diferentes linguagens. São equipados com grande variedade de materiais, principalmente de elementos naturais, e organizados em prateleiras com identificação (SÁ, 2010). O ateliê funciona como um laboratório, onde a criança realiza experimentações e amplia seu olhar criativo, podendo ser utilizado como suporte para atividades iniciadas em sala de
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2 REFERENCIAL TEÓRICO aula. A valorização da capacidade artística, para este método, pode tornar o ser humano mais confiante ao passo que estimula a imaginação, expressão gráfica e plástica, coordenação motora, raciocínio lógico e outras habilidades que irão auxiliá-lo ao longo da sua vida acadêmica. Mais uma descrição dos ambientes que é evidenciada, é a de que devem contribuir para o diálogo e o afloramento das sensações compartilhadas pelas crianças. Para tanto, deve-se buscar construir um ambiente que propicie a comunicação entre o exterior e escola, a construção de diversas perspectivas e a pluralidade de experiências sensoriais. Um exemplo trazido é a cozinha, que normalmente as crianças não têm fácil acesso, entretanto, na escola, “(...) é aberta e inteiramente conectada com a proposta pedagógica. Para a equipe gestora, a proximidade dos alunos ali reforça a importância da relação com a família, já que é no ambiente que se constroem importantes laços, como o “comer junto”, e a vida familiar cotidiana. A cozinheira também atua como educadora e permite aos alunos que participem do preparo dos alimentos” (CENTRO, 2014).
Ademais, outras características que colaboram para atingir os objetivos citados nos parágrafos anteriores são: a utilização de espelhos de diferente tamanhos e formas não só nas paredes, mas no chão, por exemplo, onde é possível gerar diversas perspectivas; salas modulares e flexíveis, para criar a sensação de acolhimento; ausência de portas separando os ambientes, sendo a integração feita através de mobílias, sem prejudicar a visão ou movimentação da criança; vidros, paredes vazadas e janelas que chegam próximas ao chão, produzindo transparência, iluminação natural e comunicação entre interno e externo; presença de plantas e vasos por toda a escola;
móveis e objetos adaptados ao tamanho da criança, algumas vezes produzidos ou doados pelas famílias (SÁ, 2010). Mais especificamente a sala de aula está dividida em três ou mais ambientes – divisão feita com materiais ou placas divisórias, de tecido ou papel manteiga. Estes ambientes pode ser: espaço para exploração em uma mesa de luz ou retroprojetor; ambiente com livros; degraus de madeira formando uma arquibancada; mesa e estantes com os materiais disponíveis – poucos são os armários com portas (SÁ, 2010 p.71). Os materiais utilizados são naturais ou industriais reutilizados, classificados por cores, formas e tamanhos – poucos são aqueles comprados. Não há mesa ou cadeira suficiente para todos os alunos, pois as crianças são divididas em grupos e realizam diferentes atividades. Por fim, nas paredes são expostas as documentações pedagógicas (SÁ, 2010 p.71-72) Diante do exposto, é concludente que a escola que aborda o sistema Reggio Emilia está em contínua mudança, uma vez que fomenta a rede de comunicação e interação entre crianças, pais e professores e a partir disso são escolhidos os rumos devem ser seguidos. Portanto, seu trabalho é encarado de forma reflexiva e se reconstrói continuamente. O espaço físico é considerado conteúdo educacional, o qual possui características que devem ser aplicadas de modo a corroborar com a eficiência do método.
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2 REFERENCIAL TEÓRICO Fotografia 1 - Sala de aula de uma escola que segue o modelo Reggio Emilia
Fonte: Centro de Referências de Educação Integral
2.1.2.3 O Método Waldorf de Rudolf Steiner: O método Waldorf surgiu na Alemanha no contexto de reorganização social e política pós Primeira Guerra Mundial, em 1919. Aliados ao dono e os funcionários da fábrica de cigarros Waldorf-Astoria, Rudolf Steiner e os membros da Sociedade Antroposófica se uniram para desenvolver uma escola que tinha como intuito atender os filhos dos funcionários da referida fábrica, sem distinção de sexo ou classe social. (RIBEIRO, 2014) Rudolf Steiner concentrou sua vida acadêmica no campo da Filosofia, apesar de ter realizado atividades em outros campos do conhecimento também. Após finalizar seus estudos, ficou responsável por editar as obras do filósofo Goethe. De acordo com Wong (1987), citado por Alvares (2010 p.24), este período foi de extrema importância para Steiner, pois os escritos de Goethe serviram de base para o desenvolvimento de seus
futuros trabalhos. Steiner foi o criador da ciência espiritual intitulada Antroposofia, a qual tem por centro, segundo a Federação das Escolas Waldorf no Brasil, possibilitar novas perspectivas sobre o ser humano por meio da razão, mas sem negar os anseios espirituais. Este estudo foi a base para a formulação – dentre outras iniciativas sociais – do método de ensino, fundamentado na observação íntima da criança e das condições necessárias para o seu desenvolvimento (LANZ, 1979). Logo, para entender o método pedagógico é necessário ter conhecimento sobre alguns conceitos apresentados nessa ciência. A Antroposofia diz que os seres orgânicos têm, além de seu corpo mineral (físico), um conjunto de forças vitais, ou seja, um segundo corpo o qual transpassa o corpo físico, denominado ‘corpo plasmador’ ou ‘corpo etérico’. Este corpo é o que dá vida aos seres e impedem a matéria de seguir suas leis químicas e físicas normais. Ele é o responsável por provocar toda a dinâmica das funções vitais. (LANZ, 1979) Tanto o animal quanto a planta vivem, porém, a planta se apresenta em um estado de “sono” e não tem vida interior. Já o animal vive em um estado de vigília e tem a faculdade de alternar entre ambos os estados. No estado de vigília, o animal sente, reage, tem impulsos, manifesta atitudes de atração e repulsão, entre outros. Portanto, se trata de um ser com um espaço interior não apenas físico, mas também anímico. Esta característica permite o animal ter toda a gama do sentir, deste os instintos mais primitivos até os sentimentos mais sublimes. Steiner chamou esta estrutura de sentimentos de ‘corpo astral’. (LANZ, 1979) Para esta ciência, o que diferencia as outras espécies de animais dos seres humanos é a não atribuição de uma “alma”
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2 REFERENCIAL TEÓRICO individual, mas uma alma de grupo que se manifesta através dos corpos astrais de todos os membros de uma espécie, uma vez que todos se comportam e reagem de uma maneira semelhante – considera-se os animais selvagens, não os domésticos que sofreram influências humanas. (LANZ, 1979) Já o ser humano transparece a verdadeira individualização, pois cada ser humano é um ser único, age e reage de forma diferente, faz escolhas conscientes, tem a capacidade de pensar, tem consciência de si próprio, entre outras características. Ou seja, o homem possui um quarto elemento construtivo da sua entidade ao qual os outros três corpos servem apenas de envoltório. Este elemento é denominado ‘Eu’ ou ‘Ego’. (LANZ, 1979) Portanto, para a Antroposofia, o ser humano é composto por quatro “corpos”, os quais são: corpo físico, corpo etérico, corpo astral e Ego. Steiner diz que a vida decorre em ciclo de sete anos, o qual denominou de ‘Setênios’. Em cada ciclo algum membro da entidade humana é desenvolvido de uma maneira mais acentuada. Ao nascer, o homem já possui os quatro corpos, entretanto, o que realmente nasceu foi o corpo físico. No primeiro setênio, o corpo etérico permanece num processo de amadurecimento, o qual tem o objetivo fundamental de manter o organismo vivo. Ao final deste ciclo, o ser é capaz de desenvolver outras atividades, sem deixar de exercer a função do corpo etérico. (LANZ, 1979) Após os primeiros sete anos, novas forças estão disponíveis para diferentes funções, como memória e raciocínio. Então a criança entra na fase de maturidade escolar. Esta maturidade é dedicada ao corpo astral, em que se forma a individualidade sentimental. Com este corpo plenamente desenvolvido, o jovem se torna autônomo. Inicia-se, então o amadurecimento do Ego.
Nesta fase o indivíduo se encontra mais interiorizado e retraído, vive numa crise entre as forças do Eu e as forças anímicas já existentes, até alcançar certa maturidade intelectual e moral. (LANZ, 1979) Assim, o desenvolvimento sucessivo destes quatro membros do ser humano, corresponde ao processo de amadurecimento. Os mais relevantes para este trabalho se tratam dos dois primeiros setênios. Para construir uma boa base teórica, é necessário entender o comportamento da criança nestes períodos. No primeiro setênio, o corpo etérico é o elemento mais importante, o que está em pleno desenvolvimento. As influências que emanam do mundo ambiente exercem efeitos profundos sobre a organização física e psíquica da criança, que irão permeá-la durante toda a sua vida. Vale ressaltar que a criança não absorve apenas o aspecto físico ao seu redor, mas também o clima emotivo, o caráter e os sentimentos das pessoas que a rodeiam. E, inconscientemente, ela imita o que percebe ao seu redor. Assim, é possível concluir que uma criança em idade pré-escolar deve ser educada através do ambiente e de exemplos. (LANZ, 1979) A medida que o corpo etérico se torna autônomo, a ligação com o corpo físico se afrouxa, a memória e a inteligência vão se desenvolvendo até a época de perda dos dentes de leite – considerada um dos fatores que indicam a mudança de fase. A primeira memória da criança ainda é muito rudimentar. Ela adquirirá o caráter de imagens duradouras entre os sete e os catorze anos, e só se transformará em memória conceitual entre os quatorze e os vinte e um anos. (LANZ, 1979) Dessa forma, é estabelecido um fundamento muito importante que se aplica também a outras fases de
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2 REFERENCIAL TEÓRICO aprendizado: “Todo aprendizado deve dirigir-se primeiramente à vontade, depois ao sentimento, e só no fim chegar ao intelecto, mediante a elaboração de conceitos” (LANZ, 1979 p.42). Depois do primeiro setênio, a fase dos sete aos catorze anos é marcada pelo desenvolvimento do corpo astral. Durante esse período, são trabalhadas o sentimento, a fantasia e a emotividade. O pensar e a memória se desenvolvem ligados à estas qualidades. Através desse corpo, o educador atuará nos corpos etérico e físico e prepara o desabrochar do próprio Eu na criança. (LANZ, 1979) Nesta fase, a atividade do corpo astral se dá através da musicalidade – considerando este termo num sentido mais amplo do que música. O elemento musical tem por campo o tempo, e toda a vida sentimental de um indivíduo, como seus entusiasmos e tristezas, anseios e expectativas, os quais possuem um elemento rítmico. Portanto, o primordial nesta fase é trabalhar os sentimentos das crianças através de fenômenos que utilizem a imagem que, por sua vez, instiguem os sentimentos e fantasias presentes na criança. (LANZ, 1979) O método pedagógico Waldorf, além de buscar despertar todas as qualidades inatas da criança e estabelecer uma relação com o mundo ambiente, também visa como ponto fundamental a informação. Procura criar dentro da sala de aula uma imagem do “mundo”, que não se trata, portanto, de conhecimentos abstratos, enciclopédicos e sem relação com a vida. (LANZ, 1979) Cada aula deve ser uma série de vivencias que desperte a admiração e o entusiasmo, adicionando atividades artísticas e artesanais, pois estas atividades não cansam, mas regeneram. Assim, estas práticas devolvem as forças anímicas vivas que, por
sua vez, harmonizarão as forças vitais do organismo. (LANZ, 1979) Por conseguinte, a vida da criança deve estar cheia de vivências que correspondem aos anseios naturais, ou seja, ter contado com práticas “primárias” do homem. Atividades como panificação, jardinagem, contato com a natureza e construção de casas, ampliam a visão e enriquecem a formação. Da mesma forma, as artes e os trabalhos manuais também são relevantes para que este jovem tenha respeito pelo trabalho manual. (LANZ, 1979) Cada classe é tratada como uma individualidade, que possui seu caráter próprio. Não há distinção de nenhuma forma entre os alunos. Há um professor de classe ou tutor que acompanha a turma durante todos os anos, que requer uma formação específica para atuar nesta escola. É criado, então, um micromundo, ou seja, uma autêntica comunidade social e quanto mais variado a composição, mais rico o espectro. Por isso, o número de alunos em uma sala de aula não deve ser tão reduzido. (LANZ, 1979) São basicamente três princípios que devem ser realizados para que uma escola Waldorf possa existir: (I) liberdade quanto às metas de educação, ou seja, desempenhar funções adicionais ao ensino exigido nas escolas tradicionais; (II) a liberdade quanto ao método pedagógico, pois este método é sua razão de ser; (III) a liberdade quanto ao currículo, para que matérias adicionais possam ser incluídas e a possibilidade de determinar a época em que as matérias devem ser ensinadas, uma vez que neste método o ensino é realizado em épocas. (LANZ, 1979) Segundo Schalz (2015), citada por Oliveira (2016 p.38), essa pedagogia vincula-se bastante com o ambiente físico em que
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2 REFERENCIAL TEÓRICO ocorre, o que produz reflexos na arquitetura da escola Waldorf, pois Steiner reconheceu a conexão entre o espaço e a educação humana, crendo que as formas arquitetônicas influenciam profundamente no corpo, alma e espírito das crianças. Steiner não projetou nenhuma escola, entretanto deixou algumas sugestões de pontos a serem considerados na elaboração do mesmo, principalmente seguindo a arquitetura orgânica, a qual promove a harmonia entre o espaço projetado e a natureza através de suas formas. O trabalho realizado por Oliveira (2016), com a finalidade de auxiliar o projeto de novas escolas Waldorf, tratou de verificar quais características são encontradas nas escolas que aplicam este método. Para isso, envolveu trabalhos de outros autores, os quais receberam mais destaque: Wong (1987), Alvares (2010), Hassan (2015), Schalz (2015), Lanz (1998), Nair et al (2013), Design et al (2010), Kraftl et al (2008), Taylor et al (2011) e Walden (2015). A partir dessa leitura, foi elaborada uma tabela que menciona os parâmetros adotados e quais suas respectivas finalidades, apresentada a seguir:
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Tabela 2 - Parâmetros de construção de uma escola Waldorf e suas respectivas finalidades
Fonte: Elaborada pela autora.
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2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1.3 Conclusões: É possível perceber que todos eles têm uma característica em comum: a preocupação com o aluno e seu desenvolvimento pessoal. Entretanto, é preciso ressaltar a dificuldade de implantação dos mesmos no ensino público, uma vez que exigem formações dos professores e materiais específicos, por exemplo. Seja em escolas municipais, estaduais ou comunitárias conveniadas com a prefeitura, esta não pode fornecer recursos diferentes para uma ou outra escola, pois todas devem receber o mesmo material. Para conseguir esses materiais com a comunidade também é difícil dado que muitas vezes, como no método Waldorf, são muito específicos e caros, que a população não possui recursos suficientes para adquirilos. Foi necessário analisar essa questão, em razão da escola proposta neste trabalho, que busca ser um modelo e acessível à toda a população. Portanto, aqui não será abordado nenhum método pedagógico em específico, tendo em vista a rigidez e a dificuldade de implantação dos mesmos. O que é válido dizer, é que o método abordado deverá ser diferente do tradicional e buscar inspirações nos métodos que foram apresentados anteriormente. Apesar dos três métodos abordados possuírem características um pouco distintas, todos visam o aprendizado mais humano, considerando o caráter do aluno um ponto fundamental no papel da educação escolar. Ademais, a figura do professor deixa de ser protagonista e detentor do saber, e passa a ser de auxiliar no aprendizado do aluno – característica muito marcante nos métodos Montessoriano e Reggio Emilia. Do método Waldorf, é importante ter como referência o ensino das artes e o contato do aluno com este mundo, uma vez que é
fundamental para o seu ser. O contato com atividades primitivas do homem como jardinagem, preparação de alimentos e convívio com animais são tão importantes quanto, para resgatar a ideia de que o homem necessita e faz parte da natureza. Portanto, o caráter da escola deve ser de um ensino humanizado, aplicando conceitos de outros métodos. Esta realidade de aplicar diferentes concepções pedagógicas se mostra possível, tendo em vista os incisos II e III do Art. 206 da Constituição Federal de 1998, os quais dizem que: “O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: (II) Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; (III) Pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino”. (BRASIL, 2016)
Ademais, o Art. 213 diz que os recursos públicos serão destinados às escolas públicas, podendo ser dirigido às escolas comunitárias que comprovem finalidade não lucrativa e apliquem seus excedentes financeiros em educação. Portanto, fica claro a possibilidade de parceria entre cooperativas educacionais e o governo como sustentáculo da escola. Acredito que uma escola, que visa a participação da comunidade, quando bem implementada e aceita pela população, tem a sua manutenção garantida. O sentimento de ser parte integrante, em um ambiente saudável, carrega a ideia de cuidado, pois aquilo que também é ‘meu’, traz a vontade do querer que funcione e seja preservado. A título de motivação são trazidas duas entidades educacionais que buscam ensino de uma forma mais humanizada: Escola Te-Arte e Instituto Pandavas. A primeira,
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2 REFERENCIAL TEÓRICO apesar de se tratar de uma escola particular, possui um método de ensino totalmente inspirador. Já a segunda, se trata de um modelo de escola comunitária e que tem como uma de suas bases a preservação ambiental.
maduro. Thereza chama o método desenvolvido na escola de “corpo vivo”. Acredita que a criança que segue este método é autônoma, questionadora e não fica esperando que os outros façam por ela. (MORAES, 2006)
2.1.3.1 O Ensino na Te-Arte: A Escola Te-Arte foi fundada em 1975 pela educadora capixaba Thereza Soares Pagani. Ela estudou música quando mais nova, pois seus pais sempre incentivaram o contato com essa arte, uma vez que ambos tocavam instrumentos – flauta transversal e piano. A vontade de criação da escola veio da percepção da educadora de que as crianças na metrópole tinham necessidades de saber brincar. Thereza crê que o conhecimento mais aprimorado da criança sobre si mesma leva ao interesse pela parte intelectual. (MORAES, 2006; SEMENTES, 2014) Não há divisão de classes entre os alunos de zero a sete anos. Todos aprendem em conjunto, realizando atividades que sentem a necessidade de realizar. O espaço ao ar livre da escola pode confirmar a possibilidade de existência do aprendizado através do contato com a natureza, mesmo que localizada no perímetro urbano da cidade. O espaço da casa é mais utilizado apenas quando chove ou faz frio e quando são realizadas atividades em conjunto que todos participam, inclusive pais. (MORAES, 2006; SEMENTES, 2014) Segundo Dulcilia, autora do livro “De Volta ao Quintal Mágico: A Educação Infantil na Te-Arte”, se a criança brincar com elementos naturais, como: água, areia, terra, e desenvolver a partir disso a motricidade fina, ela não precisará ficar sentada escrevendo e terá maior facilidade quando estiver com cerca de seis anos em que o corpo se encontra em um estágio mais
"A ausência de horários rígidos ou atividades pré-programadas não deve ser confundida com a ausência de regras. Há sempre adultos de diferentes profissões que se alternam para moderar as crianças quando necessário. Não numa atitude controladora, mas apenas apontando os limites para que ninguém se machuque e, mais importante, para que haja respeito entre todos. Segundo Therezita, assim se formam cidadãos, não no seu sentido político, mas como alguém que respeita os outros e a si mesmo”. (MORAES, 2006)
Por fim, o local busca transmitir a natureza da sua forma mais simples. Há a presença de muitas plantas, árvores frutíferas e pequenos animais com os quais as crianças podem brincar livremente. O chão é de terra batida e são presentes também outros elementos naturais como areia, terra e água. (MORAES, 2006) 2.1.3.2 Instituto Pandavas: O Centro Pedagógico Casa dos Pandavas foi fundado pela Associação Palas Athena em 1977, no município de Monteiro Lobato. A construção foi feita através de trabalho voluntario pela equipe e por campanhas de levantamento de fundos. Em 1986 criou-se uma Escola de Educação Infantil e Ensino Fundamental, o que atraiu o interesse das famílias vizinhas para matricular seus filhos. Desde então a escola foi aberta para a comunidade e atende gratuitamente. O Centro Pedagógico foi sustentado pela Associação até 2008, quando foi criado o Instituto Pandavas para dar continuidade ao Trabalho. (INSTITUTO)
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2 REFERENCIAL TEÓRICO O Instituto se trata de um Núcleo de Educação, Cultura e Ações Socioambientais, cuja missão se traduz em “Cuidar da captação, administração e aplicação de recursos visando o desenvolvimento educacional, cultural, social e ambiental. Em especial manter o Centro Pedagógico Casa dos Pandavas”. Ademais, tem a visão de ser uma entidade autossustentável tanto economicamente quanto ambientalmente. Seus valores visam a transparência e a ética no relacionamento com suas parcerias e colaboradores, e com a aplicação dos recursos na instituição. (INSTITUTO) Realiza periodicamente mutirões de manutenção com a finalidade não só de garantir a preservação do espaço, mas também para criar a valorização do local de aprendizado tanto pelos alunos quanto pelas famílias e pelos educadores, que também participam dessa atividade. Além disso, são realizados eventos com a ajuda das famílias para arrecadar fundos para a escola. (INSTITUTO) O Instituto já recebeu da Unesco o selo de Reserva da Biosfera da Mata Atlântica pelo trabalho de preservação ambiental desenvolvido. O Instituto também recebe alunos de escolas de outras cidades, sejam elas públicas ou privadas, para participarem do Projeto Trilha, que se trata de “(...) uma atividade interdisciplinar cujo conteúdo pode ser adaptado às respectivas séries e também às demandas dos professores da turma”. (INSTITUTO) O Centro Pedagógico busca desenvolver e aplicar diferentes tecnologias de ensino e aprendizagem, que estimulem os alunos em suas atitudes, competências e saberes para contribuir com uma sociedade melhor. Promove a convivência entre diferentes grupos da comunidade e a utilização de novas
propostas pedagógicas que atendam a realidade local. (INSTITUTO) A pedagogia aplicada é conhecida como “Pedagogia Orgânica”, pois se adapta às necessidades do momento histórico, cultural, ambiental e social atual. Os alunos são organizados em núcleos, que varia conforme seu grau de autonomia e cooperação com a comunidade acadêmica. (INSTITUTO) Todos entram, primeiramente, no núcleo de Iniciação, o qual é composto pelos alunos que possuem maior dependência do tutor e precisam de sua ajuda para realizar as atividades. Conforme ocorre a evolução do aluno, entra para o núcleo de Desenvolvimento ou Consolidação, em que já consegue realizar o planejamento de suas atividades com a ajuda do tutor e seguir um horário. Por fim, há o núcleo de Aprofundamento, o qual é composto por alunos com maior autonomia em suas atitudes e organização para o estudo. Estes possuem mais liberdade e podem estudar no espaço em que desejarem. Não precisam de muito auxilio do tutor e são capazes de oferecer ajuda aos demais. (INSTITUTO) O espaço ocupa uma área de 12,1 hectares, onde dois terços são ocupados pela própria mata nativa recuperada ao longo de 40 anos de atividades. O local permite que os alunos tenham diferentes espaços de aprendizagem, tais como: piscina natural, museu de história natural, oficinas de marcenaria e de reciclagem, salas de música e artes, biblioteca com acervo de aproximadamente cinco mil volumes, e laboratório de ciências e informática. (INSTITUTO)
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2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.2 Arquitetura Sustentável: A temática da sustentabilidade, como já foi abordada anteriormente, é tratada como um dos pontos primordiais para o desenvolvimento deste projeto, em virtude do grande papel que deve desempenhar na sociedade visando a manutenção da vida na Terra. Entretanto, neste tópico não será trabalhado o histórico das ações que pautaram a sustentabilidade até agora, uma vez que, diante de todas as ações já realizadas, não houve, de uma maneira geral, uma mudança significativa no comportamento socioeconômico, político e cultural da população. Ainda se mantém o consumo desenfreado dos recursos naturais e o modo de sociabilidade que visa o lucro, o qual acaba por ocasionar grandes desigualdades. Optou-se por abordar o conceito mais elaborado da palavra sustentabilidade, a qual não está ligada exclusivamente com a temática ambiental, mas sim toda uma série de conhecimentos de diferentes áreas. Portanto, se trata de um termo mais complexo e que necessita ser entendido para que possa ser aplicado de uma maneira mais efetiva. 2.2.1 O Termo ‘Sustentabilidade’: Como descrito por Nascimento (2012), a noção de sustentabilidade tem duas origens. Na biologia, refere-se à capacidade de recuperação e reprodução dos ecossistemas (resiliência) em virtude das agressões humanas ou causas naturais. Já na economia, funciona como adjetivo de desenvolvimento, quando emerge a percepção ao longo do século XX de finitude dos recursos naturais e seu arriscado esgotamento. Ou seja, há o início da percepção de que o desenvolvimento socioeconômico não deve ser pautado em
uma economia que consome os recursos naturais de maneira irresponsável. Entretanto, apesar de todos os debatese conferências mundiais já realizadas, pouco se traduziu na mudança do comportamento humano frente às questões ambientais e, se ocorreram, não foram significativas o suficiente. O que é possível visualizar nas inúmeras notícias sobre desmatamento, emissões de gases nocivos ao meio ambiente, aumento da temperatura global, perda de ecossistemas, entre outros. Ao longo do tempo ‘sustentabilidade’ foi tratada como algo relacionado exclusivamente às questões ambientais. Este é um dos primeiros desafios encontrados para se trabalhar com o conceito. Entender que sustentabilidade é algo muito mais complexo, que envolve toda a gama de setores – sejam eles sociais, políticos ou econômicos – é um dos principais pontos. Isso posto, leva à conclusão de que existe toda uma multidisciplinaridade quando se trata dessas questões. A sustentabilidade pode ser entendida como a busca da relação saudável do ser humano frente aos meios em que ele está vinculado. De todo modo, não é possível que haja sustentabilidade de fato se todos os âmbitos relacionados à vida do homem não estiverem alinhados em busca do mesmo objetivo. Segundo Ignacy Sachs (1994, p.37), citada por Mülfarth (2002), a sustentabilidade possui cinco dimensões: Sustentabilidade social, a qual se daria por uma melhor distribuição de renda e redução das desigualdades entre as classes sociais; Sustentabilidade econômica, que busca por maior eficiência econômica em termos macrossociais e não apenas pelo setor macroeconômico do empresariado; Sustentabilidade ecológica, utilizando os recursos naturais com maior eficiência, redução
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2 REFERENCIAL TEÓRICO de resíduos, autolimitação do consumo, busca por meios menos poluentes de sociabilidade e urbanização, entre outros; Sustentabilidade espacial, configurando o urbano e o rural de forma mais equilibrada, e criação de uma rede de reservas naturais e da biosfera; Sustentabilidade cultural, que busca por manter as raízes em todos os processos de desenvolvimento, preservando as características locais e particulares de cada região. Portanto, fica claro que não adianta pensar apenas na preservação dos recursos naturais se não forem trabalhados em conjunto com as dinâmicas sociais, culturais, espaciais, econômicas e políticas, pois tudo está interligado de alguma forma. Muito se tem falado sobre um possível desenvolvimento sustentável. Entretanto, caso ‘desenvolvimento’ seja interpretado como algo relacionado à uma perspectiva econômica e ao processo produtivo – como quando se diz que uma cidade está buscando se desenvolver, ela está automaticamente associada ao ato de continuar a busca por novas tecnologias e indústrias – se torna apenas mais um discurso. Dessa forma, é necessário pensar o desenvolvimento para além de uma perspectiva econômica. Entender que o bemestar não está relacionado unicamente com posse material, ou seja, com o ‘ter’. Ele se faz muito mais presente na questão do ‘ser’, que é estabelecido por um conjunto de direitos, sejam eles: alimentação, ambiente saudável, comunicação, educação, saúde, entre outros. Essa abordagem de sustentabilidade ainda é muito recente, tendo em vista que os problemas ambientais só começaram a receber mais atenção nas últimas décadas do século XX. Logo,
ainda se trata de um conceito que, para ser implantado, possui suas limitações. Este trabalho busca, então, entender em quais pontos poderia colaborar para a construção desta nova visão. 2.2.2 O Papel da Arquitetura: Segundo Yeang (1999 p.93), citado por Mülfarth (2002), o ambiente urbano, com suas construções, atividades, serviços e transportes consome mais de 50% das fontes mundiais de energia e é responsável por grande parte da emissão de gases responsáveis pela mudança climática, além de consumir grande parte da matéria-prima existente no planeta. Além disso, a construção civil é considerada uma das que consome mais recursos do planeta e gera resíduos, pois ainda apresenta o uso de muitos processos ineficientes e ultrapassados. “40% a 75% do consumo estão na indústria da construção civil. Nós somos responsáveis pela metade dos materiais consumidos na sociedade”. (AGOPYAN, 2012). Este fato justifica a extrema importância que a arquitetura e todo o ramo da construção civil têm em desempenhar a sustentabilidade, visto que está diretamente ligada com todos estes aspectos. Os processos de utilização dos recursos naturais trabalham, em sua grande maioria, de forma linear. Ou seja, o ser humano trata estes recursos como se fossem infinitos. Estabelece uma certa relação de parasitismo com a natureza, enquanto essa relação deveria ser mais próxima de um mutualismo. Para isso, estes processos deveriam trabalhar de forma cíclica, garantindo que os recursos voltassem para a natureza da forma mais produtiva possível. Ademais, todos os recursos deveriam ser utilizados conforme a sua capacidade de reposição pela natureza. (LYLE, 1994, p.34 apud MÜLFARTH, 2002)
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2 REFERENCIAL TEÓRICO Então cabe à área da construção como um todo, repensar e adequar para essas condições a retirada de matérias-primas e sua produção, a sua utilização no espaço de modo eficiente e até mesmo seu descarte. Buscar, também, um projeto que visa maior conforto ambiental, fazendo uso das condições ambientais já existentes. Muito se tem utilizado de uma arquitetura ‘global’ sendo que, muitas vezes, ela não é propícia para o ambiente em que está sendo inserida, então acaba gerando mais gastos com a energia – através da utilização de equipamentos para a refrigeração do ar e iluminação artificial, por exemplo – o que leva a uma condição nenhum pouco sustentável. “Várias instituições, organizações, centros de pesquisa e escritórios de arquitetura vêm se organizando com o objetivo de implantar referenciais mais sustentáveis. Diretrizes de projeto, listagens de materiais construtivos com menor impacto ambiental, ‘softwares’ que auxiliam os profissionais em escolhas mais sustentáveis, classificação de projetos ambientalmente corretos, selos verdes, entre outros, são algumas destas ações. (...) e, apesar dos avanços, ainda é possível observar que estas ações se encontram em fase de discussão e em muitos casos em processo inicial de implantação, refletindo o estágio em que se encontram as pesquisas relacionadas com a sustentabilidade na arquitetura”. (MÜLFARTH, 2002)
Baseado no que foi exposto, serão montadas algumas tabelas com o intuito de funcionar como uma orientação a ser seguida no desenvolvimento do projeto, para garantir que a sustentabilidade possa ser abordada em todas as suas fases e dimensões cabíveis. Essas tabelas serão elaboradas a partir de informações contidas no Guia Sustentabilidade na Arquitetura feito pela Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (AsBEA) e na Certificação LEED – essa certificação foi escolhida
pois possui indicações específicas para construções escolares. Vale ressaltar que serão abordadas, aqui, apenas as etapas que são possíveis de serem aplicadas nas dimensões desse projeto, uma vez que muitas delas, apesar de terem sua relevância – como fazer análise do solo do terreno – não cabem ser avaliadas agora. A primeira tabela irá tratar sobre as questões relacionadas ao Programa de Necessidades do projeto, avaliando as condições necessárias tanto do empreendimento, quanto do terreno, da comunidade local e das questões ambientais. Já a segunda tabela, irão tratar mais diretamente da parte arquitetônica, com o objetivo de criar um ambiente saudável ao passo que as medidas serão adotadas sempre visando o melhor aproveitamento dos recursos.
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Tabela 3- Parâmetros para elaboração do programa de necessidades baseados na sustentabilidade
Fonte: elaborado pela autora.
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Tabela 4 - Parâmetros para elaboração do projeto arquitetônico baseados na sustentabilidade
Fonte: elaborado pela autora.
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3 REFERENCIAL PROJETUAL Foram escolhidos quatro projetos para serem abordados como referências neste trabalho. Buscou-se por propostas que mais se aproximariam da parte arquitetônica pensada para o projeto que será elaborado. Serão estudados aqui a questão plástica, a estrutura, os espaços e seus respectivos funcionamentos. A análise feita neste tópico colaborará na compreensão do tema, visando a elaboração das diretrizes projetuais. 3.1 Casa das Crianças – UM Architecture
Um dos objetivos desta edificação é fornecer meios para que as crianças possam crescer, aprender e se desenvolver, garantindo melhores condições de acolhimento nas escolas. Para que assim, possa promover um bom desempenho acadêmico e garantir acesso de todas as crianças às atividades de lazer, cultura e esportes. (Prefeitura de Briis-sousForges,2018) Imagem 3 - Localização da Casa das Crianças indicado em vermelho em relação à cidade de Briis-sous-Forges
Fotografia 2- Fachada Casa das Crianças
Fonte: Archdaily
Fonte: Google Maps
O projeto se trata de um centro de lazer, localizado na cidade de Briis-sous-Forges na França, em uma região mais afastada do centro da cidade. Entretanto, está próximo à área destinada às escolas da cidade. Desse modo, oferece maior contato com a natureza, uma vez que seu entorno não se trata de um adensamento urbano, mas sim de uma área constituída majoritariamente pela paisagem natural e por algumas construções, apenas.
Este centro funciona toda quarta-feira e durante as férias escolares. Garante locais de socialização, comunicação, descoberta e criação, para as crianças de três a dez anos. Oferecem também muitas atividades adaptadas às suas idades e às suas necessidades de relaxamento e descanso. (Prefeitura de Briis-sous-Forges,2018) O projeto foi inaugurado no ano de 2014, feito pela equipe MU Architecture e conta com uma área de 640 m2. Como as
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3 REFERENCIAL PROJETUAL escolas de Briis-sous-Forges se localizam em uma área com maior proximidade da natureza, viu-se uma oportunidade de explorar esse contato das crianças desde muito cedo com o ambiente natural. Elas aprendem a observar as mudanças provocadas pelas estações do ano, os cheiros, as sombras e as formas da vegetação. Esse mecanismo tem se tornado cada vez mais atraente devido ao continuo crescimento da natureza ao redor. (MU Architecture) Fotografia 3 - Área externa da Casa das Crianças
“Você pode sentir a força das árvores que crescem através do edifício, nos pátios circulares. Mas você certamente sentirá a densidade e a verticalidade da floresta na fachada curva de madeira de tábuas que envolve toda a estrutura. Para crianças e adultos, o edifício reflete a natureza lúdica e poética da floresta em que se situa”. (MU Architecture)
A implantação da escola foi pensada para garantir a integração da mesma com a floresta. Essa aproximação com o ambiente natural garante a sensação de tranquilidade, pensada para esse edifício. A sua planta parte, então, de três ramos que se prolongam, os quais formam áreas destinadas aos pátios, que são divididos por faixa etária. É possível observar que a relação com a natureza foi o ponto central para a concepção do projeto. As cores utilizadas na fachada fazem referência ao ambiente natural, as quais permitem vincular um sentimento de harmonia. Já o interior conta com cores mais vivas, como o amarelo, o vermelho e o verde, que possivelmente fazem referência à algum tipo de distinção de ambientes. Fotografia 4 - Área interna com vista para o externo da Casa das Crianças
Fonte: Archdaily
O projeto está inserido no meio da vegetação existente. Uma área com árvores altas e que produzem uma condição satisfatória de iluminação e ventilação natural. As linhas curvas do edifício acompanham o caminhar entre as árvores. Fonte: Archdaily
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3 REFERENCIAL PROJETUAL Todo o desenho do edifício segue formas mais orgânicas e curvas. Já no seu interior é possível perceber uma certa geometrização na divisão dos ambientes. Entretanto, a sensação que permanece é a de se estar passeando pela floresta, a qual é aflorada também pelas lâminas verticais de madeira aplicadas na fachada.
Fotografia 6 - Área externa e Interna da Casa das Crianças
Fotografia 5 - Área externa da Casa das Crianças
Fonte: Archdaily
As aberturas são praticamente todas de vidro. As janelas são bem amplas e também asseguram uma qualidade visual agradável, reforçando mais ainda a interação com o externo. A parede de vidro côncava na área da recepção central conta com um jardim externo que também contribui para a sensação aberta do espaço. Fotografia 7 - Interior da Casa das Crianças com vista da parede de vidro côncava para o jardim
Fonte: Archdaily
O telhado ocorre de forma livre, que contempla também a cobertura sobre as passarelas e os pátios. Há aberturas circulares pontuais em alguns lugares para permitir o crescimento de árvores. Além disso, se trata de um telhado verde, o que garante, além de um conforto térmico, mais uma presença natural.
Fonte: Archdaily
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3 REFERENCIAL PROJETUAL Há uma escada externa dá acesso a uma residência no andar superior da escola, que contém uma cozinha aberta e uma sala de estar, a qual está conectada com o terraço no telhado da escola. Essa residência foi implantada como uma exigência dos governantes locais. (BRASILEIRO, 2017) A parte administrativa se concentra no mesmo ramo que tem acesso à residência no andar superior. A divisão dos ambientes pedagógicos e de serviços ocorre nos três ramos do edifício. As áreas destinadas à recreação estão majoritariamente no externo. É possível observar que estas áreas – de atividades pedagógicas e recreação – comportam grande parte do edifício. Imagem 4 - Planta baixa da Casa das Crianças indicando os ambientes
Imagem 5 - Corte da Casa das crianças indicando ambientes que aparecem no mesmo
Fonte: Archdaily
3.2 Escola Trem Amarelo – Biome Environmental Solutions Fotografia 8 - Fachada e área externa Escola Trem Amarelo
Fonte: Archdaily
Fonte: Archdaily
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3 REFERENCIAL PROJETUAL A escola Trem Amarelo foi construída no ano de 2013 e projetada pela equipe Biome Environmental Solutions. Está localizada na cidade de Coimbatore na Índia e ocupa uma área de 1334 m². Ela se encontra na área rural da cidade, mais afastada do centro, portanto, permite maior contato com a natureza, sem intervenção dos ruídos urbanos. Imagem 6 - Localização da Escola Tem Amarelo indicado em vermelho em relação à cidade de Coimbatore
As salas de aula são divididas basicamente em três ambientes: um espaço com lousa, mesas e cadeiras, que seguem um formato mais convencional, onde o professor exerce sua liderança; uma área para acomodar e fomentar a realização de atividades em grupo, com paredes para exposição de trabalhos; e, por fim, espaços de contemplação individual. (Archdaily, 2016). Há, também, salas para realização de atividades específicas que fazem parte das propostas de Rudolf Steiner, como carpintaria e arts and crafts. Fotografia 9 - Sala de Aula da Escola Trem Amarelo
Fonte: Biome-solutions
Fonte: Google Maps
A metodologia aplicada na escola é fundamentada na Waldorf e nas ideias de Rudolf Steiner. Portanto, é baseada na compreensão profunda do ser humano e do desenvolvimento de seus corpos, trabalhados através da mente, do espírito, do físico e do psicológico. Entretanto, não descumpre com as leis estabelecidas pelo Estado de Tamil Nadu.
Há uma distribuição de espaços com aberturas inusitadas que, além de proporcionarem uma boa iluminação, também permitem que a imaginação seja aflorada. Isto ocorre também nas diferentes maneiras de se deslocar de um pavimento para o outro – como no caso de escorregadores – e, também, nas formas das aberturas e nos desenhos formados pelas diferentes cores nos pisos. Tudo isso traz um ritmo e um movimento para a construção.
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3 REFERENCIAL PROJETUAL Fotografia 10 - Espaço Criando por uma abertura no interior da Escola Trem Amarelo
acessível por uma rampa, a qual proporciona uma iluminação natural e uma ventilação de forma passiva. É possível perceber também que a integração da escola com o meio em que está inserida se faz além dos materiais utilizados para a construção. Está presente também nas cores que compõem as fachadas, as quais se tratam de tons mais terrosos. Fotografia 12 - Rampa de Acesso da Escola Trem Amarelo
Fonte: Archdaily
A questão climática recebe muita atenção. O clima de Coimbatore é marcado por altas temperaturas, o que levou a equipe a pensar em espaços para recreação também dentro da edificação. Dessa forma, as brincadeiras ficam acessíveis para as crianças em todos os momentos. Fotografia 11 - Interior da Escola Trem Amarelo Fonte: Archdaily
É possível perceber também que a integração da escola com o meio em que está inserida se faz além dos materiais utilizados para a construção. Está presente também nas cores que compõem as fachadas, as quais se tratam de tons mais terrosos. Fotografia 13 - Vista Externa da Escola Trem Amarelo
Fonte: Archdaily
A questão ecológica é um dos pontos principais para a equipe Biome Environmental Solutions. Trabalham essa questão tanto nos materiais utilizados, como os tijolos feitos com o próprio solo, quanto na gestão da água, onde as salas de aula estão a 1,5m sob o nível da via. Assim, a água pluvial é coletada e armazenada. (Archdaily, 2016). Ademais, o edifício é totalmente
Fonte: Archdaily
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3 REFERENCIAL PROJETUAL Este projeto, portanto, se preocupou em fornecer um ambiente saudável para as crianças de Coimbatore através da metodologia Waldorf e da sua aplicação na arquitetura. Buscou, também, trabalhar com as questões ambientais, que são premissas da equipe que realizou o projeto da edificação. O contato da criança com materiais naturais, a localização da escola mais afastada do centro da cidade e as atividades realizadas pela escola, que segue os princípios de Rudolf Steiner, são questões que, agindo de forma integrada, proporcionam um desenvolvimento de qualidade para a criança.
Imagem 8 - Planta Primeiro Pavimento Térreo da Escola Trem Amarelo
Imagem 7 - Planta Baixa Pavimento Térreo da Escola Trem Amarelo
Fonte: Archdaily Imagem 9 - Corte AA da Escola Trem Amarelo
Fonte: Archdaily Imagem 10 - Corte BB da Escola Trem Amarelo Fonte: Archdaily
Fonte: Archdaily
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3 REFERENCIAL PROJETUAL 3.3 Centro Infantil El Guadual – Daniel Joseph Feldman Mowerman e Iván Dario Quiñones Sanchez
Imagem 11 - Localização do Centro Infantil El Guadual indicado em vermelho na cidade de Villa Rica
Fotografia 14 - : Fachada Oeste Centro Infantil El Guadual
Fonte: Archdaily
Fonte: Google Maps
O Centro Infantil El Guadual foi inaugurado no final do ano de 2013 e projetado pelos arquitetos Daniel Joseph Feldman Mowerman e Iván Dario Quiñones Sanchez. Está localizado na cidade de Villa Rica na Colômbia e ocupa uma área de 1823 m². A cidade é de pequeno porte. Seu entorno é predominantemente residencial, com alguns comércios pontuais e marcado, também, por áreas destinadas à plantação, principalmente de cana-de-açúcar. Ademais, é possível observar que se encontram próximos uma quadra esportiva e um campo de futebol, que foram construídos após a inauguração do Centro.
Nessa região, que é profundamente afetada pelo conflito armado existente no país, foi pensado, então, a criação de um centro destinado às crianças, que são as vítimas mais vulneráveis. O Centro El Guadual tem a função de garantir, de maneira integral, a educação, a recreação e a alimentação para um total de trezentas crianças, de zero a cinco anos, cem mães gestantes e duzentos recém-nascidos. (Archdaily, 2015). Para a elaboração do projeto, foram realizadas oficinas com a participação da comunidade – inclusive das próprias crianças – com a finalidade de promover um sentimento de pertencimento desde o início. A partir dessas oficinas, foi possível observar quais eram as principais demandas da comunidade e, dessa forma, analisar como seria possível que o projeto arquitetônico colaborasse para supri-las. Os principais pontos foram: a utilização da água e energia, a utilização do bambu como método construtivo de destaque, a valorização de atividades culturais e recreação – que permitiu, por exemplo,
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3 REFERENCIAL PROJETUAL criar espaço para cinema e um palco para concurso de penteados, que havia se tornado uma tradição local. (MOWERMAN; SANCHEZ, 2016)
Fotografia 16 - Espaço com aberturas circulares que possibilitam alternativas de movimentação Centro El Guadual
Fotografia 15 - Espaço externo para realização de atividades culturais Centro El Guadual
Fonte: Archdaily
Fonte: Archdaily
A construção teve contribuição do Governo da Colômbia e outras entidades públicas e privadas. Foram utilizadas mão-deobra local e materiais indígenas locais. No conceito do projeto estão a simplicidade, a durabilidade e a responsabilidade com o meio ambiente. Estas se apresentam através do aproveitamento da água da chuva, iluminação e ventilação natural, e a utilização de materiais reciclados. Os espaços destinados para as atividades de educação e recreação infantil foram pensadas dentro do método Reggio Emilia. Assim, o próprio espaço também desenvolve a função de educar. Como, por exemplo, nas múltiplas alternativas de entrada e saída, onde as crianças podem tomar iniciativa e decisões de como interagir com o espaço. (Archdaily, 2016)
A organização do edifício no terreno concentrou, basicamente, as áreas comunitárias e de serviços próximos da fachada oeste, onde também ocorre o acesso para o Centro El Guadual. Há um pátio central composto por trilhas, vegetação e água. No entorno deste pátio, estão organizadas as salas de aula, que acolhem crianças de acordo com a sua idade, e se concentram na região mais ao leste do terreno. Fotografia 17 - Vista pátio central Centro Infantil El Guadual
Fonte: Archdaily
Na fachada oeste, onde ocorrem as atividades comunitárias, estão presentes uma pequena praça e uma sala multifuncional
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3 REFERENCIAL PROJETUAL que dá acesso tanto para o externo, quanto para o interno – já direcionado para a área onde se encontra a horta. Essa sala está ao lado de uma biblioteca com brinquedos, que se tem acesso apenas pelo interior do edifício, mas que uma de suas paredes é utilizada para projetar os filmes, que são exibidos na galeria de cinema do lado externo. Logo próximo à entrada, se encontram: o acesso para banheiros de um lado e, do outro, o acesso para a cantina, que fica conectada com a administração. Neste local é onde ocorre o acesso para o primeiro pavimento, que se faz presente apenas nessa área administrativa. Ele é constituído apenas por ambientes destinados à lavanderia, administração e à sala para projeção do cinema – que também pode ser acessada pela arquibancada externa. Acima da cantina há um vão livre e já na área sobre a cozinha se encontram os armazenamentos de água. É possível perceber que apenas as áreas ligadas com serviços e usos comunitários permitem acesso tanto para o interno, quanto para o externo. Todavia, estes acessos ocorrem de forma que é possível ter um certo controle do fluxo de pessoas que circularão pelos ambientes. Todas as salas de aula seguem um mesmo padrão. Todas contêm um espaço de aprendizagem. Dentro deles estão presentes uma escada e uma rampa, que permitem diferentes movimentações no próprio espaço. As salas de aula ainda possuem locais destinados a um banheiro e a um pequeno jardim próprio de cada sala voltado para o externo. Entretanto, é criado o bloqueio do acesso ao exterior através de um cercado de bambu.
Fotografia 18 - Interior sala de aula Centro Infantil El Guadual
Fonte: Archdaily
“A textura das paredes em concreto ocre com forma de esteira foi definida pela comunidade como maneira de recordar suas construções em taipa de pilão que já não existiam mais e estão sendo replicadas em construções do Município”. (Archdaily, 2016). É possível notar que, neste projeto, a preocupação com a criação de um local onde as pessoas se sintam acolhidas e pertencentes dele, percorre desde os materiais utilizados na construção, as cores e formas que se comunicam com o entorno, criando uma transição passiva e que não gera estranhamento para a população entre as fachadas, até a participação da própria população na elaboração do projeto, que contribuiu desde o início na garantia da formação desses sentimentos. Fotografia 19 - Vista aérea Centro El Guadual
Fonte: Archdaily
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3 REFERENCIAL PROJETUAL Imagem 12 - Planta baixa pavimento térreo Centro El Guadual
3.4 Escola Novo Mangue – O Norte: Oficina de Criação Fotografia 20 - Fachada Principal Escola Novo Mangue
Fonte: Archdaily Imagem 13 - Planta baixa primeiro pavimento Centro El Guadual
Fonte: Archdaily
Fonte: Archdaily
A escola Novo Mangue se localiza no bairro Ilha Joana Bezerra da cidade de Recife – PE, mais especificamente na comunidade do Coque. Essa comunidade se encontra no cruzamento de dois importantes eixos do centro expandido da cidade e é cercada por avenidas e viadutos, com proximidade ao rio Capibaribe. Tem um histórico de resistência e cultura desde a sua origem e é protagonista na luta pela posse de terra, o que levou a assumir uma condição de Zona Especial de Interesse Social (ZEIS).
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3 REFERENCIAL PROJETUAL Imagem 14 - Localização da escola Novo mangue em relação à cidade de Recife
Fonte: Google Maps
O edifício ocupa uma área de 730 m² em um terreno de 1700 m². O projeto foi iniciado no ano de 1999 e sua inauguração se deu no ano de 2000. Realizado pela Equipe O Norte – Oficina de Criação, foi vencedor de concurso de escola pública direcionada para educação ambiental organizado pelo Centro de Cidadania Umbu-Ganzá, UNICEF, Prefeitura da Cidade do Recife, com financiamento internacional pela Rede de TV de Luxemburgo. Além de ser um dos 15 projetos selecionados para representar o Brasil na Bienal de Veneza em 2016. (O NORTE – Oficina de Criação) Seus organizadores captaram recursos para a construção de um equipamento público, que foi escolhido pela própria comunidade, sendo este a escola de ensino fundamental, que se tratava de uma das carências do bairro. Coube à prefeitura a doação do terreno. Assim, foi realizado um concurso para a
escolha do projeto, com uma comissão julgadora formada por representantes da comunidade e da Secretaria de Educação de Recife. (O NORTE – Oficina de Criação, 2016) A futura escola deveria oferecer segurança para toda a comunidade escolar, trabalhasse com ventilação e iluminação naturais, e proporcionasse um ambiente de acolhimento às crianças da comunidade, as quais eram muitas vezes expostas à violência doméstica e à situação de risco devido ao tráfico de drogas. Por fim, a mão de obra para a construção da escola deveria ser composta por moradores da própria comunidade. (O NORTE – Oficina de Criação, 2016) A concepção do projeto foi norteada por três premissas básicas: dar ao Rio Capibaribe um novo protagonismo; desenvolver um equipamento de qualidade pensando na sustentabilidade dentro das restrições orçamentárias do concurso; criar um produto arquitetônico resistente ao vandalismo. (O NORTE – Oficina de Criação, 2016) O projeto propôs uma implantação em “L” que se abre para o rio, o qual estava perdendo sua biodiversidade devido ao desmatamento e à poluição. Dessa forma, cria uma sensibilidade pelo meio ambiente, onde todas as salas estão voltadas para essa condição, o que geraria uma necessidade de cuidado para com o mesmo, reafirmando o trabalho da escola para recompor a vegetação ribeirinha, o que levou até a escolha do nome da escola. Ademais, o pátio formado pelo “L” funciona muito bem como transição entre o rio e o edifício da escola.
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3 REFERENCIAL PROJETUAL Fotografia 21 - Pátio Interno Escola Novo Mangue
Fotografia 22 - Sala de aula Escola Novo Mangue
Fonte: Archdaily
Fonte: Archdaily
Pensando na condição de conforto térmico e geração de sombreamento, foram feitos grandes beirais para espaços de circulação e que conectam os ambientes da escola. Os materiais utilizados foram à base de argila, a qual proporciona uma melhor condição térmica para a construção. As salas de aula não possuem janelas. Entretanto, a ventilação cruzada e a iluminação natural são garantidas através dos jardins internos de cada sala – protegidos por pérgolas de concreto que vão de encontro à laje – que estão em paralelo com a parede constituída por montagens rotacionadas e aberturas entre os tijolos. Esta configuração colaborou para a criação da sensação de liberdade dentro da sala de aula – apesar da organização espacial seguindo o método de ensino tradicional – e, também para combater o vandalismo ao dificultar as formas de arrombamento e depredação.
A construção não utilizou revestimentos. A concepção de deixar a materialidade à mostra e de forma crua fez parte da formulação da idealização de criar uma harmonia com o entorno e que não gerasse estranhamento pela comunidade, o que, de certo modo, também colaborou com a característica sustentável pensada. Logo próximo à entrada está o pátio coberto, que leva ao acesso para a cozinha, ambientes de depósitos, bem como à entrada de serviços. Nesta área estão localizados também os banheiros. Indo para a outra direção do “L”, primeiramente se encontram os ambientes administrativos, como secretaria, sala de professores e diretoria. Mais adiante se organizam as salas de aula, que conta ainda com uma área para a construção de outras salas, caso seja desejada a ampliação. Essa configuração de posicionar o setor administrativo mais próximo à entrada e preservar os ambientes de ensino oferece um controle para quem irá ter acesso às salas de aula.
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3 REFERENCIAL PROJETUAL “No tecer dos anos, a ocupação da escola foi marcada pela aceitação e acolhimento do equipamento pelo corpo docente e pela comunidade. A escola passou a ser palco de pedagogias com forte apelo à cultura popular, com a criação de grupos de música, capoeira e maracatu. A implantação da escola estimulou o reflorestamento do manguezal nas margens do Rio Capibaribe e tornou o equipamento um ponto de referência não somente para as crianças, mas para toda a comunidade, que utiliza o espaço como centro de cultura e de cidadania”. (O NORTE – Oficina de Projetos, 2016) Fotografia 23 - Escola Novo Mangue após o início das atividades
Imagem 16 - Perspectiva Projeto Escola Novo Mangue
Fonte: Archdaily Imagem 17- Cortes Escola Novo Mangue
Fonte: Archdaily Imagem 15 - Planta Baixa da Escola Novo Mangue Fonte: Archdaily
Fonte: Archdaily
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3 REFERENCIAL PROJETUAL
4 CONDICIONANTES DO PROJETO
3.5 Conclusões:
4.1 Conceito:
Os projetos tomados como referência neste trabalho contribuíram, de alguma forma, para a concretização de ideias analisadas no referencial teórico. Todas levaram em consideração algum ponto a preocupação com o meio ambiente. As escolas Trem Amarelo e El Guadual ainda apresentam implantação dos métodos pedagógicos estudados – Waldorf e Reggio Emilia, respectivamente. É possível perceber também que um dos pontos cruciais é aintegração com a comunidade e a devida aceitação do projeto pela mesma. Esta receptividade ocorre tanto através da fachada e suas características, bem como pela participação da própria população na concepção do projeto – apontando suas demandas e necessidades – ou na elaboração da obra. A criação de ambientes de acolhimento para as crianças é uma das premissas básicas de todos os projetos analisados, ao pensar em como o ambiente pode contribuir para o desenvolvimento saudável de todos os alunos. Oferecendo isto através da organização dos ambientes e suas formas, a qualidade de iluminação e ventilação – adaptadas para cada clima –, e o contato com a natureza.
O Projeto da Escola Sustentável tem com conceito a elaboração de uma proposta projetual de uma arquitetura humanizada partindo dos princípios analisados no estudo sobre os métodos pedagógicos e na arquitetura sustentável. Busca ser um local onde a comunidade tem sua integração garantida, participando da educação dos filhos, uma vez que garantir a comunicação entre alunos, comunidade escolar e pais é uma premissa fundamental da escola. Procura trazer conceitos das pedagogias Montessori, Waldorf e Reggio Emilia, para que alunos de ensino público – neste caso, comunitário – tenham acesso também a um sistema de ensino mais humanizado, que raramente é abordado em escolas da rede pública, as quais seguem por adotar o ensino tradicional em sua grande maioria. Para que este conceito possa ser desenvolvido, a escola deverá transmitir a percepção de um ambiente familiar. Ou seja, ser um local agradável e acolhedor, onde as crianças se sintam seguras e não coagidas, para que possam se desenvolver e socializar livremente. Ademais, a questão da sustentabilidade não permeará apenas o arquitetônico, mas também a criação do vínculo entre a criança e a natureza, através do ambiente e das atividades realizadas na escola. Essa conectividade, além de propiciar um desenvolvimento saudável, cria um sentimento de participação e de pertencimento, que muito provavelmente gerará, no futuro, um maior zelo pela natureza. Este seria o ponto fundamental para o surgimento de um novo modo de sociabilidade com o meio ambiente.
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4 CONDICIONANTES DO PROJETO 4.2 Programa de Necessidades:
Tabela 5 - Programa de Necessidades
Para um estudo da escolha do terreno, foi elaborado um programa de necessidades. Este já contém: divisão de setores, os ambientes constituem cada setor, bem como suas respectivas áreas. Ademais, conta com a quantidade de cada ambiente equipamentos, populações fixas e variáveis e como pode se trazer a sustentabilidade em cada ambiente. Assim, conseguiu-se chegar a uma área total, que servirá como parâmetro para o porte do terreno.
Fonte: Elaborado pela autora
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4 CONDICIONANTES DO PROJETO Tabela 6- Quantidade de pessoas que frequentarão diariamente a escola
A quantidade de pessoas que frequentarão a escola diariamente é, aproximadamente, 220 pessoas. Terá seu funcionamento em período integral, das 7h às 18h. A divisão das salas de aula foi pensada baseada no método Montessori, o qual aconselha a mistura de crianças com diferentes idades. Para que não fuja muito da realidade do ensino tradicional, foi considerado realizar agrupamentos com crianças com diferença de idade de até dois anos. 4.3 Terreno:
Fonte: Elaborado pela autora
Tabela 7 - Divisão de salas
Fonte: Elaborado pela autora
4.3.1 Contextualização Regional e Local: A cidade de São José dos Campos se localiza ao leste do Estado de São Paulo, distanciando-se cerca de 97km da capital do estado. É caracterizada por ser a cidade-sede da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte, e é marcada por sua economia, a qual é majoritariamente destinada à indústria e serviços. A população estimada da cidade, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2019, é de 721.944 habitantes. Dados do último censo (2010) indicam uma taxa de crescimento anual de 1,57% e uma densidade demográfica de 572,9 habitantes por km². O município ocupa uma área total de 1.099,60km², a qual é dividida em 353,9 km² de área urbana e 745,7 km² de área rural, sendo que 52,36% do território se destina à área de proteção ambiental. Conta com dois distritos, sendo eles: São Francisco Xavier e Eugênio de Melo. Estabelece seus limites com as cidades: Monteiro Lobato, Caçapava, Jambeiro, Jacareí, Igaratá, Piracaia, Joanópolis, Camanducaia (MG) e Sapucaí-Mirim (MG). Os acessos à cidade ocorrem principalmente através das
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4 CONDICIONANTES DO PROJETO rodovias: Rodovia SP-50, pela região Norte; Rodovia dos Tamoios (SP-99), Costa Norte Paulista e Rodovia Carvalho Pinto (SP-70), na região Sul; e BR-116 (Rodovia Presidente Dutra), nas regiões Leste e Oeste. Ademais, pela ferrovia MRS Logística (Malha Regional Sudeste).
da Prefeitura de São José dos Campos e do Estado de São Paulo. Imagem 19 - Identificação de escolas que atendem pelo menos um dos níveis de ensino da proposta no município de São José dos Campos
4.3.2 Justificativa: O terreno escolhido para o projeto está localizado na região Norte da cidade de São José dos Campos, no bairro Portal de Minas. Possui acesso através das vias: Rua Emília Vieira de Andrade, Rua José Roberto de Moraes e Rua João Batista Lopes. Imagem 18 - Localização do terreno no município de São José dos Campos identificado em amarelo
Fonte: Google Earth (2020)
Ademais, foi levado em consideração os dados demográficos divididos por faxa etária e por região da cidade de São José dos Campos. Estes dados foram retirados do material de Leitura técnica do Município para revisão do Plano Diretor e foram coletados pelo IBGE e a Secretarua de Planejamento Urbano – PMSJC, conforme o Censo Demográfico de 2010. Fonte: Google Earth (2020)
Para a escolha do terreno, foi feito um levantamento e mapeamento das escolas existentes na cidade de São José dos Campos que atentem os anos escolares desejados pela proposta deste projeto. Estes dados foram coletados dos sites
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4 CONDICIONANTES DO PROJETO Tabela 8 - Distribuição da populção por grupos etários segundo regiões urbanas
Fonte: Leitura técnica do Município para revião do Plano Diretor – Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade – PMSJC.
A partir dessa informação, foi possível observar que as regiões que possuem mais jovens de 0 a 14 anos, ou seja, que compreende a faixa etária atendida pela escola, são: sul, leste e norte, respectivamente. De acordo com o diagnóstico Síntese do Plano Diretor de São José dos Campos (2017) feito pela Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade – PMSJC, as regiões que carecem mais de infraestrutura escolar se tratam da leste e sudeste. Entretanto, ao buscar por terrenos pela cidade, olhando principalmente para as regiões que foram destacadas acima, o que correspondeu melhor à expectativa da proposta está localizado na região Norte, a qual também possui público para este uso. Os parâmetros atendidos pelo terreno compreendem: a necessidade de desempenho de conforto térmico e acústico
(sem grandes ruídos urbanos); conforto visual (acesso às vistas, à luz natural); privacidade, conforme as atividades e horários de trabalho realizado; qualidade do ar (proximidade às áreas de preservação); terreno plano, sem aclives ou declives; acesso à infraestrutura urbana e relativa proximidade com a área central da cidade; segurança pública, devido à natureza das atividades do entorno; e a potencial relação entre a comunidade e o edifício. O terreno também atende melhor as expectativas de boa localização, porte, bairro consolidado e fluxo de pessoas – ao buscar um maior contato com a natureza, seria de interesse do projeto um local onde não existisse um grande fluxo de veículos e pessoas. 4.3.3 Características: Imagem 20 - Localização do terreno no bairro Portal de Minas em São José dos Campos identificado em amarelo
Fonte: Google Earth (2020)
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4 CONDICIONANTES DO PROJETO As construções em seu entorno são predominantemente residenciais. Os comércios são pontuais e com pouca ocorrência. Há uma quadra esportiva e um PEV (Ponto de Entrega Voluntário) ao lado. Uma das vistas marcantes é a Zona de Preservação Ambiental, onde o rio Paraíba do Sul também se faz presente. Isso permite concluir, considerando o zoneamento vigente, que o entorno do terreno está, de certa forma, consolidado. Contudo, ainda há presença de alguns lotes vazios nesta área.
Imagem 22 - Vias de acesso ao terreno escolhido
Imagem 21 - Uso do solo feito a partir do recorte do entorno do terreno escolhido
Fonte: Google Earth (2020)
Fonte: Elaborado pela autora
Os acessos para o bairro se dão através das vias: Ponte Maria Peregrina; Avenida Olivo Gomes; e Rodovia Monteiro Lobato (SP-050). Seria de interesse do projeto que as rotas de transporte público pudessem ser ampliadas para garantir o acesso seguro ao terreno, como é possível observar na imagem a seguir:
O terreno se encontra classificado na Zona Mista 2, a qual permite o uso de Escola de Ensino Fundamental – ACC ≥1000 m² e Escola Ensino Infantil – ACC ≥600 m². Possui um perímetro de 261,04 m e uma área de 4234 m². Se avaliada a área total estimada no programa de necessidades elaborado anteriormente (2828 m²), o terreno tem o porte necessário para o desenvolvimento de um bom projeto arquitetônico e paisagístico. Ademais, o Coeficiente de Aproveitamento Básico estabelecido pela legislação é de 1,3, o que permite um potencial construtivo mais do que suficiente para o edifício, em torno de cinco mil metros quadrados. Em relação à Taxa de Ocupação prevista na legislação, a qual equivale à porcentagem obtida entre a área de projeção da edificação pela área do terreno, está prevista como 0,65. _______________________________ ACC: Área Construída Computável
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4 CONDICIONANTES DO PROJETO Tabela 9 - Tabela de Parâmetros Urbanísticos para Zona Mista 2 na Cidade de São José dos Campos
Para a análise de insolação na área escolhida, foi estudado a Carta Solar de Latitude 24.º Sul, que corresponde a região onde o terreno está localizado. Foi observado que a fachada leste recebe maior luminosidade solar no período da manhã, portanto, a fachada oeste recebe com maior incidência os raios solares do período vespertino. Já a fachada sul quase não recebe incidência direta dos raios solares. Imagem 24 - Estudo de variação da insolação em relação ao terreno
Fonte: PMSJC (2019)
Em relação ao clima local, é observado verões quentes, pluviosidade significativa durante todo o ano, sendo o mês de julho o de menor precipitação. Os ventos dominantes na cidade de São José dos Campos possuem direção leste. Entretanto, no caso do terreno em análise, a ventilação tem uma direção sudeste de maior influência devido à área verde do entorno e do Parque Roberto Burle Marx. Imagem 23 - Mapa de identificação da direção predominante dos ventos
Fonte: Google Maps.
Fonte: Elaborado pela autora
Cabe destacar que o relevo do entorno imediato é relativamente plano. Entretanto, há um com um pequeno aclive de 7m de altura à sudoeste quando se avalia o entorno mais expandido.
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4 CONDICIONANTES DO PROJETO Imagem 25 - Corte do entorno para identificar como o relevo se comporta
Imagem 26 - Maquete volumétrica para estudo da volumetria do entorno
Fonte: Elaborado pela autora
Fonte: Elaborado pela autora
Ademais, foi feito uma maquete volumétrica para estudar a volumetria do entorno e como ela se comporta em relação ao terreno, seguindo a mesma designação de cores do mapa de uso do solo.
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5 ANTEPROJETO 5.1 Setorização e Fluxos:
Imagem 28 - Estudo de Fluxos com base na setorização da proposta
Dentre os estudos feitos para a setorização e principais acessos do projeto, o que mais se apresentou adequado à demanda da proposta, sua relação com o terreno e os acessos do entorno, se mostra na imagem a seguir: Imagem 27 - Setorização e principais acessos da proposta
Fonte: Elaborado pela autora
5.2 Partido e Estudo Volumétrico:
Fonte: Elaborado pela autora
Para a determinação do partido, foram elaborados dois mapas mentais com os temas centrais: criança e natureza. Esses possuem a finalidade de funcionar como inspiração para todo o desenvolvimento do projeto.
A partir da setorização estabelecida, foram estudados os principais fluxos para o público que frequentara a escola, para que, dessa forma, seja avaliada o bom desempenho da localização escolhida para cada setor.
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Imagem 29 - Mapa mental I com o tema central natureza
Imagem 30 - Mapa mental II com o tema central crianรงa
Fonte: Elaborado pela autora
Fonte: Elaborado pela autora
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5 ANTEPROJETO A partir dos mapas mentais surgiram propostas para o partido e os estudos iniciais da volumetria. A proposta que se mostrou mais adequada para o desenvolvimento do projeto teve como referência duas palavras – e suas ramificações – encontradas no mapa mental centrado na criança. São estas: música e infância. A partir dessas duas palavras surgiu a ideia de trabalhar com uma partitura para dar forma ao edifício da escola. Se trataria de volumes em que suas paredes seguiriam a direção que a ligação das notas musicais forma na partitura de uma música. Esta proposta corrobora com a ideia de Rudolf Steiner, criador do método Waldorf, estudado anteriormente, o qual diz que seria interessante trabalhar com polígonos com ângulos diferentes, para que, dessa forma, se instigue na criança o senso de imaginação. Além disso, esta proposta conseguiria trazer a materialização do ritmo, dado que é possível se observar em uma partitura. A partitura escolhida se trata da música Asa Branca de Luiz Gonzaga, visto que esta música nacional remete à infância, época em que muitas pessoas têm contato com esta. As notas utilizadas para dar o desenho à volumetria do edifício se tratam das notas mais marcantes que estão presentes nesta música, logo, a partitura utilizada é a mais simplista.
Imagem 31 - Partitura utilizada como referência
Fonte: wimelo Imagem 32 - Desenho ligação das notas
Fonte: Elaborado pela autora Imagem 33 - Desenho da ligação das notas aplicado no terreno e suas respectivas ligações entre si
Fonte: Elaborado pela autora
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5 ANTEPROJETO Imagem 34 - Maquete volumétrica da proposta inicial à partir da partitura
Imagem 36 - Evolução da proposta II
Fonte: Elaborado pela autora
Fonte: Elaborado pela autora
5.3 Descrição do Projeto: Imagem 35 - Evolução da proposta I
Fonte: Elaborado pela autora
O projeto elaborado a partir da partitura da música Asa Branca e do fluxograma previamente apresentado, se organizou em blocos distribuídos pelo terreno mantendo a linearidade da partitura. O acesso principal da escola se localiza na fachada norte, o qual mantém sua descrição, pois não está plenamente visível e depende do ângulo em que se observa. Ao passo que ainda sim é convidativo e acolhedor à sua entrada, devido ao desenho do piso e a visão do interno garantida pela parede de vidro. A localização da área administrativa próxima à entrada é uma maneira de manter o controle sobre o acesso da entrada e saída da escola. Esta área se encontra dividida de uma forma em que todos os ambientes tenham iluminação e ventilação natural garantida. O banheiro que se encontra próximo à esta
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5 ANTEPROJETO área garante o uso tanto para os funcionários quanto para as pessoas que venham visitar a escola. Ao passar pela área administrativa, de um lado vê-se o auditório, o qual se apresenta em forma de um grande volume, também acompanhando os traços formados a partir da partitura. A sua organização espacial privilegia o palco, o qual possui uma parede móvel, que permite o uso tanto interno quanto externo. De certa forma, é uma das características centrais mais marcantes da escola, pois a visão do externo é justamente o pátio central aberto da escola. Ademais, ainda conta com a vista para uma parte mais exclusiva do jardim, cujas características serão destacadas mais à diante. Do outro lado se encontram as salas de aula, que se organizam de acordo com as idades de forma crescente. Portanto, as duas primeiras salas mais próximas da área administrativa são destinadas às crianças mais novas, entre três e cinco anos. Além disso, estas duas salas contam com acesso a uma área externa privativa, destinada à realização de atividades ao ar livre. Todas as salas tiveram a organização do seu mobiliário pensando nas necessidades da criança de cada idade. Entretanto, todas possuem a característica de ser modular, ou seja, podem mudar sua organização de acordo com as necessidades momentâneas. Cabe destacar que o método Montessori e Reggio Emilia foram de extrema importância para pensar nessa conformação espacial. Já no outro extremo da escola se encontra um grande volume que recebe um certo destaque no projeto por possuir mais um pavimento. Neste bloco se encontram o ateliê e a sala multifuncional no térreo e, no andar superior, a biblioteca, que tem seu acesso garantido através de uma rampa que abraça o
prédio. Todos estes ambientes também são de extrema importância para a escola, uma vez que o ateliê, por exemplo, é uma peça de destaque em uma escola que aborda o sistema Reggio Emilia. Por fim, foi criado um bloco central e independente que conta com banheiro da área pedagógica, almoxarifado, depósito, área de serviço e cozinha. A divisão dos espaços foi pensada de uma forma que os acessos aos ambientes que serão frequentados por alunos (banheiros e cozinha) fossem voltados para a área pedagógica e os demais acessos de serviço fossem mais restritos, onde tivessem sua chegada facilitada pela entrada de carga e descarga. Cabe ressaltar que a cozinha também recebe destaque nessa configuração espacial, uma vez que também funcionará como ambiente de ensino. Todos os blocos térreos e áreas de permanência têm sua impermeabilização garantida através da laje. Os espaços de circulação, bem como os blocos, são cobertos por uma estrutura metálica. A cobertura dessa estrutura é feita com bambu e policarbonato. O primeiro, tem a função de criar uma temperatura agradável para a permanência, já o segundo garante a iluminação natural. Essa estrutura independente ainda permite que a ventilação natural atue. Além disso, a cobertura do bloco que possui mais um pavimento contará com um sistema de captação de águas pluviais, para que possa ser reaproveitada para irrigação do jardim, por exemplo. Da área externa, a escola conta com espaço para plantio, horta e um espaço para educação ambiental, que se encontra mais reservado, todavia, o caminho que dá acesso à quadra já existente no bairro e que será proposto também um uso destinado à escola, percorre esta área. Ainda sobre a área externa, no pátio central está localizado o
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5 ANTEPROJETO parquinho, que também teve o desenho dos brinquedos bem com a organização destes, pensada de uma maneira que estimulasse a criatividade, a coordenação e o movimento da criança. Ou seja, cada elemento do parquinho possui sua função também pedagógica. Além disso, a vegetação trabalhada nesta área se trata de árvores frutíferas, proporcionando mais uma experiência da interação da criança com a natureza. Na área mais restrita que se encontra ao lado do auditório, foi pensado em um espaço que remetesse à criança a ideia do que é a Mata Atlântica, bioma nativa da região. Para isso, foi trabalhado no paisagismo plantas nativas da própria região de uma forma mais densa, trazendo todas as categorias de portes de vegetação. Além disso, essa área conta com um lago artificial, onde poderão ser introduzidas espécies aquáticas. Ademais, foram mantidas árvores e bancos existentes no terreno, mas na área externa da escola, onde a população local também pode continuar desfrutando deste espaço. A vegetação da fachada oeste tem por finalidade criar sombras para as salas de aula, aumentando o conforto ambiental das mesmas, e ainda separar e esconder do campo de visão dos alunos as vagas de estacionamento. Para isso, foram utilizadas árvores de grande, médio e pequeno porte e, também, a cerca viva. As demais áreas da escola são cercadas, criando a separação do espaço da escola e o espaço público, através de um cercado e com vegetação menos densa, que ainda permite a visão do interno para o externo.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS O tema relacionado à criação dos espaços de aprendizagem tem sua relevância, pois influenciam diretamente na formação do ser humano. Esta percepção ficou ainda mais forte após a leitura da bibliografia apresentada no referencial teórico. Foi possível notar a vastidão deste campo e sua relação direta com a arquitetura. Grandes autores da pedagogia como Montessori e Rudolf Steiner, corroboraram para entender profundamente que o projeto não se trata unicamente de criar ambientes agradáveis de aprendizagem, mas de como esses espaços influenciam de maneira única no amadurecimento de um ser humano. Portanto, entender como ocorre o processo de transformação e crescimento de uma criança, bem como quais são suas principais necessidades em cada fase da infância, foi fundamental para uma boa concepção de projeto. Ao ter contato com a literatura sobre a sustentabilidade, foi possível entender como ela está ligada primeiramente com a harmonia entre o ser humano, o espaço que ele ocupa, ou seja, o meio ambiente e a sua relação com a sociedade. Após esse entendimento, foi possível notar que dentro do campo da arquitetura e urbanismo, a sustentabilidade não deve ser buscada apenas nos materiais e mão de obra que serão empregados, mas também desempenha um papel importante em toda a elaboração do projeto, desde a avaliação do local onde será executado o mesmo, bem como seu diálogo com o entorno. Desta maneira, os objetivos iniciais que este trabalho se propôs a alcançar foram atingidos em sua grande maioria. A parte que envolve a pedagogia na arquitetura, teve um bom desempenho e foi possível observar como a facilidade e a sensibilidade na criação dos espaços tiveram um desenvolvimento muito mais significativo ao dedicar atenção
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS também para esta área de conhecimento. A sensibilidade pela temática ambiental também está foi alcançada com êxito, pois foram criados espaços onde é possível desenvolver atividades escolares em meio a natureza e também, locais onde a presença da mesma e o contado da criança são bem marcantes. Uma eventual continuidade do projeto poderia se dar em uma pesquisa mais aprofundada sobre a especificação dos materiais a serem utilizados para a execução do projeto, de modo que estes tenham seu desempenho garantido e avaliar quais possuem a melhor relação de custo-benefício favorável tanto para a qualidade da construção quanto para o meio ambiente.
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7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGOPYAN, Vahan. “Construção civil é o ramo que mais consome materiais no mundo, afirma professor da Poli”. [Entrevista concedida a] Paula Peres. Ciência e Tecnologia Escola Politécnica, Agência Universitária de Notícias, São Paulo, Ano: 45, Ed 110, 14 nov 2012. Disponível em: < http://www.usp.br/aun/antigo/exibir? id=4848&ed=853&f=2> Acesso em: 22/06/2020 ALVARES, Sandra Leonora. Traduzindo em formas a pedagogia Waldorf. Campinas-SP, 2010. Dissertação de Mestrado apresentada à Comissão de Pós-Graduação da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil, na área de concentração arquitetura e construção ARCHDAILY. "Casa das Crianças / MU Architecture" [Children’s House / MU Architecture] 04 Jan 2016. ArchDaily Brasil. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/779780/casa-das-criancas-mu-architecture> Acesso em: 22/06/2020 ARCHDAILY. "Centro Infantil El Guadual / Daniel Joseph Feldman Mowerman + Iván G<https://www.archdaily.com.br/br/758586/centro-infantil-el-guadual-daniel-josephfeldman-mowerman-plus-ivan-dario-quinones-sanchez> Acesso em:22/06/2020 ARCHDAILY. "Escola Novo Mangue / O Norte – Oficina de Criação " 08 Abr 2016. ArchDaily Brasil. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/785161/escola-novomangue-o-norte-nil-oficina-de-criacao>. Acesso em: 25/06/2020 ARCHDAILY. “Escola Trem Amarelo / Biome Environmental Solutions", 13 Jun 2016. ArchDaily Brasil. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/789387/yellow-trainschool-biome-environmental-solutions> Acesso em: 22/06/2020 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS ESCRITÓRIOS DE ARQUITETURA. Guia sustentabilidade na arquitetura: diretrizes de escopo para projetistas e contratantes / Grupo de Trabalho de Sustentabilidade AsBEA. São Paulo: Prata Design, 2012 AZEVEDO, Giselle Arteiro Nielsen. Arquitetura Escolar e Educação: Um Modelo Conceitual de Abordagem Interacionista, 2002. Tese apresentada como parte dos requisitos necessários para a obtenção de Grau de Doutor em Ciências em Engenharia de Produção pela Universidade Federal do Rio de Janeiro BARACHO, Nayara Vicari de Paiva. A documentação na Abordagem de Reggio Emilia para a Educação Infantil e suas contribuições para as práticas pedagógicas: um olhar e as possibilidades em um contexto brasileiro. São Paulo, 2011. Dissertação apresentada à Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo para a obtenção do título de Mestre em Educação. BIOME ENVIRONMENTAL SOLUTIONS. “The Yellow Train” Ltd. 2018. Disponível em: <https://www.biome-solutions.com/project/> Acesso em: 22/06/2020 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Coordenação de Edições Técnicas, 2016. BRASILEIRO, Bruna Melo. Escola Infantil de Ensino. Curitiba, 2017. Trabalho de conclusão de curso apresentado à disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso I do Curso Superior de Arquitetura e Urbanismo do Departamento de Arquitetura e Urbanismo - DEAAU - da Universidade Tecnológica Federal do Paraná-UTFPR, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. CENTRO de Referências em Educação Integral. Reggio Emilia: escolas feitas por professores, alunos e familiares, 25 de junho de 2014. Disponível em: <https://educacaointegral.org.br/experiencias/reggio-emilia-escolas-feitas-por-professores-alunos-familiares/> Acesso em: 18/05/2020 FARR, Douglas.Urbanismo Sustentável: desenho urbano com a natureza. Tradução: Alexandre Salvaterra. Porto Alegre: Bookman, 2013 FEDERAÇÃO das Escolas Waldorf no Brasil, [s.d.]. Disponível em: <http://www.fewb.org.br/pw_antroposofia.html> Acesso em: 07/05/2020 GLOBAL FOOTPRINT NETWORK. “Earth Overshoot Day 2019 is July 29th, the earliest ever”. Global Footprint Network. Oakland, CA, USA, 26 jun 2019. Disponível em: <https://www.footprintnetwork.org/2019/06/26/press-release-june-2019-earth-overshoot-day/> Acesso em: 22/06/2020 INSTITUTO Pandavas [s.d]. Disponível em: <https://www.institutopandavas.org.br/> Acesso em: 17/05/2020 KOWALTOWSKI, Doris C. C. K, Arquitetura Escolar: O Projeto do Ambiente de Ensino – São Paulo: Oficina de Textos, 2011. LANZ, Rudolf. A pedagogia Waldorf: caminho para um ensino mais humano. São Paulo: Summus, 1979 LEÃO, Denise Maria Maciel. Paradigmas Contemporâneos de Educação: Escola Tradicional e Escola Construtivista. Cad. Pesqui., São Paulo, n. 107, p. 187-206, 1999. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010015741999000200008&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 15/05/2020 MONTESSORI, Maria. A Criança, Círculo do Livro, 1989.
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