Relatorio final mafalda comprimido

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Instituto Politécnico da Guarda - Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto Agrupamento de Escolas de Almeida

RELATÓRIO DE ESTÁGIO

RELATÓRIO PARA A OBTENÇÃO DO DIPLOMA DE ESPECIALIZAÇÃO TECNOLÓGICA EM Técnicas de Gerontologia

Isabel Mafalda Dourado Telo Ferraz Pereira Jacinto Dezembro 2013


Relatório de estágio – Técnicas de Gerontologia

Ficha de Identificação

Identificação da estagiária Nome: Isabel Mafalda Dourado Telo Ferraz Pereira Jacinto Número de aluno: 5007768

Estabelecimento de ensino Instituto Politécnico da Guarda – Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto Agrupamento de Escolas de Almeida, Escola Básica e Secundária Dr. José Casimiro Matias

Orientador de Estágio Nome: Guilherme Francisco Rosa Monteiro Grau Académico: Mestre em Relações Internacionais

Local de estágio Nome: Centro de Acolhimento e Inserção Social – Lar de 3ª Idade de Vilar Formoso Morada: Rua direita nº 10, 6355-254 Vilar Formoso Telf.: 271 513 458 Duração do estágio: 400 Horas (aproximadamente 3 meses) Data de início e fim do estágio: 02 de maio de 2013 a 18 de setembro de 2013 Supervisor da Instituição: Francisco José Andrade Corral Grau Académico: 9º ano - 3º ciclo Cargo que ocupa na Instituição: Diretor de Serviço

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Fonte: própria

“Saber envelhecer é a obra-prima da sabedoria e uma das mais difíceis tarefas na grande arte de viver.” Henri Amiel1

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CHITTISTER, Joan (2012). A Dádiva dos Anos, (Paulistas Editora), Prior Velho, p. 84

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Agradecimentos Agradeço em primeiro lugar a todos os docentes da Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto do Instituto Politécnico da Guarda, bem como aos docentes da Escola Básica e Secundária Dr. José Casimiro Matias, que contribuíram para a minha formação académica. Um agradecimento à Instituição “Centro de Acolhimento e Inserção Social – Lar de 3ª Idade de Vilar Formoso”, por ter aceitado o meu pedido de estágio curricular e por me ter recebido e integrado bem desde o início. Um agradecimento especial ao meu orientador, Mestre Guilherme Monteiro, pela ajuda, pelo apoio, pela disponibilidade, pelo saber transmitido ao longo desta etapa, o meu bem haja. Agradeço também ao supervisor, o diretor de Serviço, Sr. Francisco Corral, pelo apoio dado e por me ter posto à vontade para a realização das minhas atividades. Agradeço às funcionárias do lar, que me ensinaram e ajudaram nos momentos precisos para a realização do estágio, bem com aos idosos que fizeram parte deste processo, pela disponibilidade, pela simpatia constante e pelo carinho que sempre me demonstraram. O meu especial agradecimento ao Sr. Paulo Gomes, acordeonista e ao Dr. Luís Matos, nutricionista, que voluntariamente me ajudaram a realizar as minhas atividades com os idosos. O meu reconhecimento ao Centro de Assistência Social Infantil de Vilar Formoso pela disponibilidade e colaboração demonstrada na atividade intergeracional proposta por mim, reitero os meus agradecimentos a esta instituição e em especial às crianças que participaram na festa de Santo António. Congratulo a minha filha, marido e restante família pelo apoio e paciência que tiveram durante este ano letivo.

Muito Obrigada.

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Resumo O relatório de estágio refere toda a experiência vivida, por mim, no Centro de Acolhimento e Inserção social, Lar de Terceira Idade de Vilar Formoso. Foi programado um plano de atividades para uma duração de 400 horas. Este plano foi elaborado conjuntamente com o supervisor da Instituição, Sr. Francisco Corral e o orientador, Mestre Guilherme Monteiro. Esta planificação das atividades define as linhas orientadoras a serem desenvolvidas durante o estágio. As atividades desenvolvidas, ao longo do estágio, basearam-se na expressão plástica, na motricidade fina, na expressão motora (dança), na audição/visão (projeção de filmes) e também em jogos de estímulo cognitivo. Estas atividades foram planeadas com o objetivo de comemorar os dias festivos respeitantes à época que decorreu o estágio, nomeadamente o mês de Maria, os Santos Populares e o dia Internacional do Amigo e da Amizade. Nas atividades referidas anteriormente, houve a preocupação de estimular a memória do idoso. A estimulação cognitiva é essencial nesta faixa etária, pois o declínio da memória no envelhecimento é inevitável. No entanto, este processo pode ser retardado se a memória for devidamente estimulada. Com efeito, a nível do sistema nervoso central há alterações que são irreversíveis, tal como a perda definitiva dos neurónios que são uns dos responsáveis pela sinapse. Para além de toda a estimulação cognitiva, também houve cuidado com a motricidade. Assim, a caminhada foi uma atividade promovida diariamente, com os clientes autónomos e os parcialmente dependentes, para promover o bem-estar físico e psíquico, melhorando a coordenação motora, o equilíbrio e o desempenho nas atividades da vida diária.

Palavras-chave Envelhecimento, gerontologia, idoso, saúde e bem-estar

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Índice Geral Ficha de Identificação ..................................................................................................... I Agradecimentos ............................................................................................................ III Resumo .......................................................................................................................... IV Índice de Figuras ......................................................................................................... VII Índice de Gráficos ......................................................................................................... IX Índice de Tabelas .......................................................................................................... IX Lista de Siglas .................................................................................................................X Introdução ..................................................................................................................... 11 Capítulo I – Caraterização do Lar de 3ª Idade de Vilar Formoso ........................... 14 1.

Caraterização da Sede de Concelho, Almeida ..................................................... 14 1.1.

2.

Aspetos Geográficos .................................................................................... 14

Caraterização da Freguesia de Vilar Formoso ..................................................... 16 2.1.

Aspetos Geográficos .................................................................................... 16

3.

Aspetos Económicos e Sociais ............................................................................ 17

4.

Lar de Terceira Idade de Vilar Formoso ............................................................. 20 4.1.

Estrutura Organizacional .............................................................................. 21

4.2.

Estrutura Física ............................................................................................. 23

4.3.

Caraterização dos Clientes Residentes ......................................................... 24

Capítulo II – Atividades do estágio ............................................................................. 30 1.

Envelhecimento e Gerontologia .......................................................................... 30

2.

Objetivos do Estágio............................................................................................ 31

3.

Cuidados de Higiene e Saúde .............................................................................. 32

4.

5.

3.1.

Higiene Pessoal e Habitacional .................................................................... 33

3.2.

Exercício Físico ............................................................................................ 38

Animação Sociocultural ...................................................................................... 40 4.1

Atividades de Entretenimento Fílmico......................................................... 41

4.2.

Animação Lúdica ......................................................................................... 41

4.3.

Animação Musical........................................................................................ 45

4.4.

Artes Plásticas e Motricidade Fina ............................................................... 47

Animação Cognitiva ............................................................................................ 53

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6.

Outras Atividades ................................................................................................ 54

7.

Propostas e Sugestões .......................................................................................... 56

8.

Voluntariado Promovido pela Instituição ............................................................ 57

Referências Bibliográficas ........................................................................................... 61 Webgrafia ...................................................................................................................... 62 Outras Fontes ................................................................................................................ 64 Anexos ............................................................................................................................ 65

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Índice de Figuras Figura nº 1- Divisão das freguesias do concelho de Almeida. ...................................... 16 Figura nº 2 – Identificação dos dois núcleos de Vilar Formoso.................................... 17 Figura nº 3 – Logotipo do Centro.................................................................................. 20 Figura nº 4 - Organigrama do Lar de 3ª Idade de Vilar Formoso. ................................ 22 Figura nº 5 – Layout do r/c. ........................................................................................... 23 Figura nº 6 – Vista exterior do Lar de 3ª Idade de Vilar Formoso. ............................... 24 Figura nº 7 – Comparação entre um cérebro atrofiado pela DA e um normal............ 27 Figura nº 8 – Cadeira de banho ..................................................................................... 34 Figura nº 9 – Higiene Habitacional ............................................................................... 36 Figura nº 10 – Administração do almoço a idoso dependente ...................................... 37 Figura nº 11 – Organização da medicação do cliente ................................................... 38 Figura nº 12 – Aula de ginástica com o professor João ................................................ 39 Figura nº 13 – Idosa a caminhar .................................................................................... 39 Figura nº 14 – Idosa na caminhada. .............................................................................. 40 Figura nº 15 – Projeção do filme “ Aparição de Fátima”.............................................. 41 Figura nº 16 – Decoração da sala de convívio .............................................................. 42 Figura nº 17 – Chegada das crianças à ERPI ................................................................ 43 Figura nº 18 – Crianças na ERPI................................................................................... 44 Figura nº 19 – Marcha popular...................................................................................... 45 Figura nº 20 – Entrega do manjerico pelos utentes às crianças .................................... 45 Figura nº 21 – Baile popular na ERPI ........................................................................... 46 Figura nº 22 – Trabalhos manuais ................................................................................. 47 Figura nº 23 – Material utilizado................................................................................... 48 Figura nº 24 – Idosas a desenvolver a motricidade fina ................................................ 48 Figura nº 25 – Vasos preenchidos com revistas ............................................................ 49 Figura nº 26 – Idosos recortando................................................................................... 49 Figura nº 27 – Estrutura do manjerico pronta ............................................................... 50 Figura nº 28 – Manjerico elaborado pelos idosos ......................................................... 50 Figura nº 29 – Idosos a pintar........................................................................................ 51 Figura nº 30 – Estruturação do calendário .................................................................... 51

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Figura nº 31 – Calendário de parede ............................................................................. 52 Figura nº 32 – Orador Dr. Luís de Matos ...................................................................... 55 Figura nº 33 - Sugestão para colocar alimentos no prato .............................................. 56 Figura nº 34 – Elaboração dos terços ............................................................................ 58 Figura nº 35 – Missa celebrada pelos missionários....................................................... 58

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Índice de Gráficos Gráfico nº 1 - Evolução da população residente no Concelho de Almeida................... 15 Gráfico nº 2 - Pirâmide Etária no Concelho de Almeida, em 2011 .............................. 18

Índice de Tabelas Tabela nº 1- Designação da empregabilidade no concelho de Almeida ....................... 19 Tabela nº 2 – Vitaminas ................................................................................................ 55

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Lista de Siglas AVC – Acidente Vascular Cerebral AVD – Atividades da Vida Diária CAIS – Centro de Acolhimento e Inserção Social CASIVF - Centro de Assistência Social Infantil de Vilar Formoso CD – Centro de Dia DA – Doença de Alzheimer ERPI – Estrutura Residencial para Pessoas Idosos GESP – Gabinete de Estágio e Saídas Profissionais INE – Instituto Nacional de Estatística INPI - Instituto Nacional da Propriedade Industrial IPSS – Instituto Particular de Solidariedade Social NUT – Nomenclatura das Unidades Territoriais SAD – Serviço de Apoio Domiciliário SNC – Sistema Nervoso Central

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Introdução A realização de um estágio é uma oportunidade única de colocar em prática todos os conhecimentos adquiridos durante o período de formação. Trata-se, no fundo, do primeiro contacto entre o formando e a realidade laboral. É pôr à prova a aplicação prática dos conhecimentos adquiridos em contexto real de trabalho. O presente relatório descreve todas as tarefas executadas nas várias funções existentes na ERPI (Estrutura Residencial para pessoas idosas), segundo o plano de estágio modelo GESP 0.0.14 (Gabinete de Estágios e Saídas Profissionais) (Anexo I), que decorreu no período compreendido entre dois de maio a 18 de setembro de 2013, perfazendo um total de 400 horas. Inicialmente, este plano previa o final de estágio a 16 de agosto, mas, por motivos de força maior, entreguei uma Adenda à Convenção de Estágio informando que o terminus do estágio passaria para o dia 20 de setembro, que foi aceite pelo GESP (Anexo I-A). Esta experiência constituiu uma oportunidade de conhecer a realidade laboral, possibilitando aprender, absorver, desenvolver e adquirir novos conhecimentos. Aqui tive a oportunidade de demonstrar as capacidades obtidas ao longo da formação. As atividades desenvolvidas basearam-se na expressão motora, no desenvolvimento da motricidade fina, na execução de trabalhos manuais para oferendas nas várias festividades, assim como em jogos de estimulação cognitiva e projeção de filmes. As atividades têm como objetivo a ocupação do tempo livre do cliente, estimulando os seus cinco sentidos (tato, olfato, visão, paladar e audição) para que obtenham melhor qualidade de vida. A realização das atividades propostas visou proporcionar uma vida mais ativa com momentos lúdicos, criativos, estimulantes para a memória. Estas proporcionaram momentos comunicacionais entre todos os utentes, respeitando os saberes e culturas de cada um, promovendo a autonomia pessoal e elevação da autoestima.

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Este relatório divide-se em dois capítulos. O primeiro capítulo descreve a caraterização do CAIS (Centro de Acolhimento e Inserção Social) - Lar de Terceira Idade de Vilar Formoso, contextualizando o local onde a instituição está inserida, nomeadamente Almeida, a sede de concelho, e Vilar Formoso, a freguesia, referenciando os aspetos geográficos, económicos e sociais. O segundo capítulo explana os objetivos do estágio e as diversas atividades propostas, sendo estas relativas à época em que decorreu o estágio. Deste modo, foram comemoradas as seguintes efemérides: o mês de Maria, com a projeção do filme “Santuário de Nossa Senhora de Fátima”, o dia da Criança e o dia de Santo António, com a dinamização de uma atividade intergeracional, o dia de São João, com um baile popular cheio de dança e cantoria, proporcionado pelo acordeonista Paulo Gomes, que atendeu ao meu pedido, o dia Internacional do Amigo e da Amizade foi lembrado com a elaboração de um calendário de parede, para que todos tivessem uma noção do tempo. Uma palestra “A nutrição saudável no idoso institucionalizado”, com o orador Dr. Luís Matos, que transmitiu ao idoso o essencial para o seu bem-estar nutricional. Finalmente, foram implementadas estratégias eficientes para divulgação e informação da ERPI através de folhetos e boletim informativo. A reflexão final avalia o contributo do estágio para a minha realização pessoal e profissional e faz uma análise crítica sobre as atividades desenvolvidas ao longo do período de estágio na ERPI. Para a execução deste relatório, foi necessário proceder à revisão de alguns apontamentos teóricos das diversas unidades curriculares, efetuar uma pesquisa bibliográfica em suporte papel e em suporte informático e digital (internet, sites institucionais, sites informativos, sites científicos, etc.), com vista a fundamentar os conhecimentos que eu escrevi e as atividades que fiz no decorrer do estágio. Relativamente a todas as fotografias apresentadas, há a referir que obtive prévia autorização institucional de reprodução e de representação de fotografia neste relatório (Anexo II). Durante o estágio, foi necessário assinar e carimbar, pelo supervisor da Instituição, as folhas de presença mensal, facultadas pelo GESP (Anexo III). O presente relatório foi elaborado segundo as regras do novo acordo ortográfico.

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CAPÍTULO I Caraterização do Lar de 3ª Idade de Vilar Formoso

Fonte: Própria


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Capítulo I – Caraterização do Lar de 3ª Idade de Vilar Formoso 1. Caraterização da Sede de Concelho, Almeida A vila de Almeida, conhecida pela sua muralha de cantaria em forma de estrela, com seis baluartes intercalados, com seis cortinas, com canhoneiras e revelins, constitui um dos mais surpreendentes exemplares europeus dos sistemas defensivos abaluartados do século XVII 2. Foi fundada em 1296 com o foral de D. Dinis É de origem árabe, o nome Almeida, uns autores defendem que vem da palavra Al Mêda, que significa, a mesa, pelo facto da vila se encontrar edificada num vasto planalto, designado por “o planalto das mesas”, outros afirmam que é Atmeidan que significa campo ou lugar de corrida de cavalos. 3 1.1.

Aspetos Geográficos

Pela Nomenclatura das Unidades Territoriais (NUT), Almeida está inserida na região da Beira Interior Norte (NUT III) e consequentemente na região centro (NUT II). Os limites territoriais do concelho são, a Norte, o concelho de Figueira de Castelo Rodrigo (Reigada), a Sul, o concelho do Sabugal, a Oeste, concelho de Pinhel (Pínzio), a Este, com Fuentes d’Oñoro (Espanha), a Noroeste, com concelho de Pinhel (Pinhel), a Nordeste, com Aldeia Del Obispo (Espanha), a Sudoeste, com a Castanheira (concelho da Guarda) e a Sudeste com La Alamedilla (Espanha).4 Segundo RODRIGUES (2010:36), ”…Almeida situada no extremo ocidental do vasto planalto da Meseta, a sul do vale do Douro e a leste do sistema montanhoso lusocastelhano… está localizada à latitude de 40’43’N, à longitude de 6’54’ W e a uma altitude de 763 m”

2

Adaptado do http://pt.wikipedia.org/wiki/Almeida e do livro RODRIGUES, Adriano Vasco, (2010). Almeida da pré-história aos nossos dias/memórias, (edição Câmara Municipal de Almeida), Almeida, p.96. 3 Adaptado de http://www.cm-almeida.pt/tudosobrealmeida/historiadealmeida/Paginas/default.aspx 4 Adaptado do http://www.infopedia.pt/$almeida

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Almeida é sede de um município com 517,99 km² de área e 6 835 habitantes (Gráfico nº 1), estimativa da população residente com base nos Censos de 2011 referidos no INE (Instituto Nacional de Estatística)

Gráfico nº 1 - Decréscimo da população residente no Concelho de Almeida.

Fonte:http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_unid_territoria l&menuBOUI=13707095&contexto=ut&selTab=tab3

O concelho de Almeida sofreu uma reorganização administrativa territorial, com base na Lei n.º 22/2012 de 30 de maio de 2012, subdividindo o concelho em 16 freguesias (Figura nº 1). Anteriormente a esta data, a divisão era de 29 freguesias e oito anexas. Apesar de ser uma vila, também está inserida no roteiro das aldeias históricas de Portugal.

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Figura nº 1- Divisão das freguesias do concelho de Almeida.

Fonte: própria com adaptação de http://forumalmeida.blogspot.pt/ 2011_07_01_archive.html

2. Caraterização da Freguesia de Vilar Formoso Vilar Formoso é a maior freguesia do concelho de Almeida e tem uma densidade populacional de 164,3 habitantes por km2.5 É uma freguesia raiana portuguesa pelo facto de se designar esta zona fronteiriça por Raia. Esta vila distancia-se de Almeida 14 km e de Fuentes de Oñoro (Espanha) 1 km. 2.1. Aspetos Geográficos A vila de Vilar Formoso tem uma área de 15,14 km² e 2 219 habitantes (censos de 2011). Esta vila é constituída por dois núcleos, divididos pela Ribeira dos Torrões, um mais a sul, que se desenvolveu a partir da construção, em 1892, do caminho-de-ferro (Figueira da Foz – Vilar Formoso) designado por Estação e o outro a norte, designado por Povo, como ilustrado na figura da página seguinte (Figura nº 2).6

5

Adaptado de Plano Municipal de Defesa da Floresta contra, Caderno II – Diagnóstico Base, janeiro de 2010, CMDFCI – Almeida, p. 22 6 Adaptado de http://www.jf-vilarformoso.pt/ver?cod=0C0C

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Figura nº 2 – Identificação dos dois núcleos de Vilar Formoso. Fonte: Google maps com arranjo gráfico da estagiária

3. Aspetos Económicos e Sociais Segundo um estudo feito pelo Conselho Local de Ação Social de Almeida (CLAS), em 2004, Almeida é uma vila duplamente envelhecida, tendo um crescimento natural negativo devido ao aumento da taxa de mortalidade e a um decréscimo da taxa de natalidade. A pirâmide etária, em 2011, já era tendencialmente invertida (Gráfico nº 2).7 Revelando um gradual aumento do peso dos grupos etários seniores e uma redução do peso da população jovem. A população idosa é evidente nesta região, devido a fatores intrínsecos da demografia, ao êxodo da população para o litoral e à emigração em massa na década de 60. No concelho de Almeida, distrito da Guarda, nomeadamente no interior do país o envelhecimento demográfico, é muito significativo. Este envelhecimento populacional deve-se ao contínuo decréscimo da taxa de natalidade, à redução da taxa de mortalidade e ao aumento da esperança média de vida, resultante da melhoria das condições de higiene habitacional, pessoal e dos progressos da medicina, da melhoria da assistência médica, da introdução da pílula, da entrada da mulher no mercado de trabalho, do

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Adaptado de Pré diagnóstico social do concelho de Almeida, dezembro de 2004, s/e., pp.5-6

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alargamento dos sistemas de proteção social e da alteração de hábitos alimentares e atualmente também devido ao desemprego e consequentemente a inevitável emigração.

Pirâmide Etária do Concelho de Almeida 80 - 84 anos 70 - 74 anos 60 - 64 anos 50 - 54 anos

Mulheres

40 - 44 anos

Homens

30 - 34 anos 20 - 24 anos 10 - 14 anos 0 - 4 anos -400 -300 -200 -100

0

100

200

300

400

Gráfico nº 2 - Pirâmide Etária no Concelho de Almeida, em 2011

Fonte: Dados dos censos de 2011 retirados de http://www.ine.pt/ e arranjo gráfico da estagiária

O sistema económico do concelho de Almeida é influenciado pela população residente que é retratada por três sectores de atividades, o primário (agricultura), o secundário (atividade industrial) e o terciário (serviços, comércio, educação, saúde e segurança social), sendo este último o de maior empregabilidade e destacando o sector público como importante empregador no concelho de Almeida (Tabela nº 1).8 Como Concelho do Interior do País, apresenta fragilidades, tais como o despovoamento, o

envelhecimento,

a

fraca

iniciativa

privada

e

a

consequente

falta

de

empreendedorismo.9

8

Adaptado de Plano Municipal de Defesa da Floresta contra Incêndios, Caderno II – Diagnóstico Base, janeiro de 2010, CMDFCI – Almeida, pp. 21-27 9 Adaptado de Plano de Desenvolvimento Estratégico do Concelho de Almeida, 2005,s./p.

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Tabela nº 1- designação da empregabilidade no concelho de Almeida

Fonte: Plano Municipal de Defesa da Floresta contra Incêndios, Caderno II – Diagnóstico Base, janeiro de 2010, CMDFCI – Almeida, p. 27

Na Vila de Vilar Formoso, o setor terciário é mais significativo do que o restante concelho devido à implementação do comércio tradicional e de empresas familiares, sendo que em Almeida também tem representatividade neste sector devido às suas funções administrativas como sede de concelho.10

10

Adaptado de Plano de Desenvolvimento Estratégico do Concelho de Almeida, 2005,s./p.

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4. Lar de Terceira Idade de Vilar Formoso O CAIS abrange várias valências socias, nomeadamente, apoio domiciliário, apoio às famílias mais carenciadas, denominado por Comunidade e Famílias e uma ERPI com a designação de Lar de Terceira Idade de Vilar Formoso. Esta última é um Instituto Particular de Solidariedade Social (IPSS), sem fins lucrativos, que apoia idosos da região e serve varias necessidades latentes na população de Vilar Formoso. A IPSS está registada nas Associações da Solidariedade Social com a data do primeiro Protocolo com o Instituto da Segurança Social a 30 de outubro de 1998. Tem a capacidade de valência de 45 clientes e com a lotação de acordos de 41 clientes. Usa o logotipo apresentado na Figura nº 3. Segundo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), “O logótipo é o sinal adequado a identificar uma entidade que preste serviços ou comercialize produtos, distinguindo-a das demais, podendo ser utilizado, nomeadamente, em estabelecimentos, anúncios, impressos ou correspondência. É o modo pelo qual determinada entidade pretende ser conhecida junto do público.”

Figura nº 3 – Logotipo do Centro de Acolhimento e Inserção Social. Fonte: Instituição

Esta ERPI foi mandada construir pelo Sr. Padre Ezequiel Augusto Marcos, agora cliente, sendo ele um pároco com o verdadeiro sentido de responsabilidade e consciência das necessidades da população da freguesia. A Instituição dispõe das seguintes respostas sociais, a SAD (Serviço de Apoio Domiciliário) com 15 clientes, o CD (Centro de Dia) com 11 clientes e a ERPI com 43 clientes residentes. As mensalidades estão compreendidas entre 210 € e 900€ por mês.11

11

Informações dadas pela Instituição

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Os serviços prestados na ERPI estão de acordo com a Portaria n.º 67/2012 de 21 de março de 2012: 

Alimentação adequada às necessidades dos residentes, respeitando as prescrições médicas;

Administração de medicamentos;

Cuidados de higiene pessoal;

Tratamento de roupa;

Transporte dos clientes de CD;

Higiene dos espaços;

Atividades de animação sociocultural, lúdico-recreativas e ocupacionais que visam contribuir para um clima de relacionamento saudável entre os residentes e para a estimulação e manutenção das suas capacidades físicas e psíquicas;

Apoio no desempenho das atividades da vida diária;

Cuidados de enfermagem, bem como o acesso a cuidados de saúde;

Administração de fármacos, quando prescritos;

Também de acordo com a referida Portaria define-se “Um lar para idosos é um estabelecimento que desenvolve atividades de apoio social a pessoas idosas através do alojamento coletivo, de utilização temporária ou permanente, fornecimento de alimentação, cuidados de saúde, higiene e conforto, fomentando o convívio e propiciando a animação social e a ocupação dos tempos livres dos utentes.” (Ministério da Solidariedade e da Segurança Social, 2012:1325). Para Vilar Formoso esta resposta social é muito favorável porque dá apoio social e domiciliário à população residente na área de influência da freguesia. 4.1. Estrutura Organizacional A ERPI de Vilar Formoso possui um quadro de pessoal composto por 24 trabalhadores efetivos, distribuídos num sistema de rotatividade, que exercem funções adequadas às competências exigidas, sendo este quadro de pessoal constituído por um Diretor

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Técnico, dois administrativos, 12 ajudantes de ação direta, uma enfermeira, uma auxiliar de enfermagem, uma animadora sociocultural, uma ajudante de lavandaria, um motorista e quatro cozinheiras, estando de acordo com o artigo 12º da Portaria n.º 67/2012 de 21 de março de 2012. O horário de trabalho é ininterrupto, está distribuído por três turnos diários, das 00:00 às 08:00 horas, efetuado só por uma ajudante de ação direta com apoio de uma outra não presencial; das 08:00 às 16:00 horas, efetuado por quatro ajudantes de ação direta para AVD (Atividades da Vida Diária) e das 16:00 às 00:00 horas por duas ajudantes de ação direta. A auxiliar de enfermagem e a ajudante de lavandaria têm o horário das 08:00 às 17:00 horas com uma hora de almoço. A animadora sociocultural faz o horário das 09:00 às 17:00 horas com uma hora de almoço. O horário da cozinha é também feito por turnos, um das 08:00 às 16:00 horas e o outro das 13:30 às 21:30 horas, ambos os turnos assegurados por duas cozinheiras.12 A estrutura formal do Lar de 3ª Idade de Vilar Formoso está representada graficamente pelo organograma (Figura nº 4). Esta IPSS usa um organograma clássico onde a representação hierárquica está bem definida e de fácil compreensão.13 Direção Técnica Serviços Administrativos

Serviços de Saúde

Animadora Ajudante de Sociocultural Ação direta

Cozinha

Lavandaria

Empregado Auxiliar

Figura nº 4 - Organigrama do Lar de 3ª Idade de Vilar Formoso.

Fonte: própria

12 13

Segundo informação da instituição Adaptado de http://www.infoescola.com/administracao_/organograma/

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4.2.

Estrutura Física

O edifício da ERPI de Vilar Formoso foi inaugurado em 1998 e é um edifício de serviços com fachadas simples e uma estrutura maioritariamente térrea (Figura nº 5), com um núcleo central com 3 pisos (-1, r/c, 1º andar). A entrada principal para este edifício faz-se pelo núcleo central no rés do chão (Figura nº 6), com acesso direto ao hall de entrada, que permite a comunicação com a receção, a sala de visitas, o gabinete médico, duas instalações sanitárias separadas por género (homens e mulheres), o refeitório, a capela, o escritório da direção, a sala de jogos e o salão de convívio. Ainda no r/c existe, no lado oposto (Figura nº 5), 12 quartos de dormir, sendo nove triplos, um duplo, um individual e um de casal, todos eles com casa de banho privativa com todas as condições de higiene e segurança. No 1º andar do edifício, há mais quatro quartos, três triplos e um individual, e um hall com acesso a uma varanda. No piso -1 existe uma garagem, um arrumo com uma instalação sanitária, uma lavandaria, um vestiário com duas instalações sanitárias e um Chuveiro, um refeitório para os trabalhadores e uma cozinha com duas despensas, uma para produtos alimentares frescos e outra para os restantes produtos. Existe ainda um espaço reservado para as arcas frigoríficas.

Figura nº 5 – Layout do r/c. Fonte: própria.

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O edifício está integrado numa área exterior não muito extensa, com jardim até à entrada, um estacionamento e um caminho ladrilhado que circunda o edifício (Figura nº 6). Situa-se na parte mais antiga da Vila que se designa “o Povo”.

Figura nº 6 – Vista exterior do Lar de 3ª Idade de Vilar Formoso.

Fonte: Própria No anexo IV apresentam-se algumas fotografias elucidativas dos vários espaços interiores da ERPI, Lar de 3ª Idade de Vilar Formoso. 4.3. Caraterização dos Clientes Residentes Os clientes desta instituição têm uma média etária de 85 anos, designado como a quarta idade. A cliente mais nova tem 78 anos e a mais velha tem 100 anos. A média que um idoso permanece nesta ERPI é de 12 anos, mas depende muito da patologia com que entra na instituição. O envelhecimento biológico é inevitável e o declínio funcional afeta todos os órgãos e todos os sistemas, debilitando o organismo. No entanto, todo o sistema do ser humano tem grande capacidade de se adaptar e estabelecer um equilíbrio, mantendo a homeostase, assim os idosos conseguem viver de uma forma saudável e com alguma qualidade de vida durante o seu período de velhice. Devido ao envelhecimento do organismo aparecem várias doenças geriátricas. Os clientes desta instituição têm as

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seguintes patologias, a diabetes, a hipertensão arterial, a Doença de Alzheimer (DA), dificuldades de motricidade devido a Acidente Vascular Cerebral (AVC). A diabetes é uma doença crónica, que pode ter várias causas e é caracterizada pelo aumento dos níveis de açúcar no sangue. Ao nível de açúcar no sangue chama-se glicemia. A glicose (açúcar) é indispensável para o metabolismo de todas as células existentes no nosso organismo e para que seja transportada do sangue para as células, o pâncreas produz insulina. A insulina é uma hormona produzida nos ilhéus de Langerhans, dentro do pâncreas, e a sua função é possibilitar a entrada de glicose nas células de todo o corpo.14 Existem vários tipos de Diabetes: 

A Diabetes Tipo 1 – Surge essencialmente na infância e adolescência

A Diabetes Tipo 2 – É o tipo mais comum da Diabetes e tem uma maior resistência à insulina

A Diabetes secundária a doença do pâncreas

A Diabetes com causa genética

A Diabetes secundária a medicamentos

A Diabetes gestacional – É a única que não é crónica, surge durante a gravidez e aparece devido a um distúrbio do metabolismo da glicose.

Nesta ERPI a diabetes mais frequente é do tipo II sendo administrado medicamentos e injetado insulina para que os valores de glicémia, estejam dentro dos parâmetros normais. A hipertensão arterial indica-nos a variação dos valores de tensão arterial e informa se esses valores estão ou não elevados. A tensão arterial é medida em mmHg (milímetros de mercúrio) e é caraterizada por dois valores. O primeiro valor, designado por pressão sistólica, que é a pressão exercida sobre as artérias quando o coração bombeia o sangue e o segundo valor, designado por pressão diastólica, é a pressão sobre as artérias quando o coração relaxa. Consideram-se valores de hipertensão arterial quando, a tensão arterial 14

Adaptado do http://portaldadiabetes.pt/index.php/pt/a-diabetes/o-doente-diabetico

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sistólica for superior ou igual a 140 mm Hg e a tensão arterial diastólica superior ou igual a 90 mm Hg.15 . A maior parte dos clientes, desta instituição, têm a tensão arterial sistólica entre 18 a 19 mm Hg, por isso tomam medicação diária para normalizar a tensão arterial, evitando assim o risco de incidência de doença cardiovascular. Para evitar esta doença é necessário ter alguns cuidados, tais como reduzir a ingestão de sal na alimentação, optar por uma alimentação rica em frutos, vegetais e com baixo teor de gorduras saturadas. A prevenção é a melhor medida a adotar para ter um estilo de vida saudável e, assim, evitar a ocorrência de hipertensão arterial. Na ERPI há esta preocupação com a alimentação pelo facto de as refeições confecionadas serem sem sal, dietas e a refeição dita normal. Tal como advoga a Associação Portuguesa de Familiares e Amigos dos Doentes de Alzheimer, “Demência é o termo utilizado para descrever os sintomas de um grupo alargado de doenças que causam um declínio progressivo no funcionamento da pessoa. É um termo abrangente que descreve a perda de memória, capacidade intelectual, raciocínio, competências sociais e alterações das reações emocionais normais.” A demência é a perda ou redução das capacidades cognitivas, incapacitando a realização de Atividades da Vida diária (AVD). O tipo de demência mais comum é a DA e o seu nome deve-se ao médico alemão, Alois Alzheimer, por ter descrito pela primeira vez esta doença. Esta é uma doença neurodegenerativa e irreversível e a causa de morte mais comum nestes doentes é a pneumonia pelo facto do sistema imunológico ficar deteriorado devido à DA. É uma doença penosa para o doente, para os familiares e para o cuidador formal ou informal. A DA não pode ser padronizada pelo motivo de que esta evolui diferentemente em cada indivíduo, mas existe um padrão geral da doença para que os prestadores de cuidados de saúde possam intervir de uma forma mais eficaz. Existe três estádios da DA, o estádio um (fase inicial) em que o doente tem problemas moderados de memória, tais como o 15

Adaptado de http://www.portaldasaude.pt/portal/conteudos/enciclopedia+da+saude/ministeriosaude/doencas/doedoen+ do+aparelho+circulatorio/hipertensao+arterial.htm.

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esquecimento de nomes e de números de telefone, dificuldades de concentração e principalmente começam a mostrar indícios de desorientação no espaço, mesmo na sua própria casa; o estádio dois (fase intermédia) em que o doente já depende de terceiros e nota-se uma confusão entre passado e presente, pois neste estádio da doença, o doente têm dificuldade em expressar-se tanto oralmente como na escrita e repetem muitas vezes palavras e frases; o estádio três (fase final) em que as funções cognitivas são diminutas e o doente perde a capacidade de falar, entender o que lhe é dito, sem compreender o significado das palavras, andar, sentar, sorrir e engolir. A incontinência passa a ser total e é neste estádio que o doente está vulnerável a pneumonias. 16

Figura nº 7 - Comparação entre um cérebro atrofiado pela DA (à esquerda) e um cérebro normal (à direita).

Fonte: http://pt-br.infomedica.wikia.com/wiki/Doen%C3%A7a_de_Alzheimer Nesta instituição existem três doentes de Alzheimer, um em cada estádio referido anteriormente, sendo que todas elas reagem bem à voz suave do cuidador ou familiar. São pouco estimuladas cognitivamente, por isso durante o meu estágio tentei que uma delas não perde-se a leitura, incentivando-a. Notou-se já uma perda da dicção de algumas letras. Uma outra, foi diagnosticada a DA no final do meu estágio, por isso nada foi feito na área da estimulação cognitiva. À idosa que está já no estádio três, dava carinho e tentava comunicar com frases muito curtas e sorrisos, tendo um resultado favorável, pois ela sorria e emitia sons com a fonalidade de uma frase. Foi compensador para mim conseguir comunicar com esta idosa. 16

Adaptado de PAULINE, Virginie, Formação E-Learning em Doença de Alzheimer, DAR+ Serviços de Psicologia e Formação, Módulo I, s/e., s./p..

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Capítulo II Atividades do Estágio


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Capítulo II – Atividades do Estágio 1. Envelhecimento e Gerontologia O processo de envelhecimento do ser humano é inevitável e é afetado por vários fatores, designadamente, fatores genéticos, patológicos e externos. Os fatores externos que influenciam o envelhecimento são, o tabaco, o álcool, a poluição, o sedentarismo, a vida agitada, o excesso de peso, entre outros. NETTO (2002) defende que, “ (…) O envelhecimento é conceituado como um processo dinâmico e progressivo, no qual há modificações morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas, que determinam a perda de capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, ocasionando maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos, que terminam por levá-lo à morte.” Conclui-se que o envelhecimento é um processo multidisciplinar porque a hereditariedade, as vivências, o ambiente ecológico, social e cultural onde o idoso se desenvolveu, são condicionantes do envelhecimento. Segundo JAQUES (2004:35) “Cada pessoa é única e envelhece em função do que viveu”. O termo Gerontologia foi introduzido por Élie Metchnikoff em 1903 e defende que a gerontologia é o estudo científico do processo de envelhecimento, tanto do homem como de todos os seres vivos e inclui a fisiologia do envelhecimento, os aspetos sociológicos, os psicológicos e outros.17 Outros autores da atualidade advogam que a gerontologia é uma ciência que estuda o processo de envelhecimento humano, que visa investigar as modificações, morfológicas, fisiológicas, físicas, emocionais, psicológicas e sociais, resultantes da ação do tempo no organismo humano, independentemente de qualquer fenómeno patológico.18

17 18

Adaptado do http://www.portaldoenvelhecimento.org.br/acervo/artieop/Geral/artigo140.htm Adaptado de http://gerontologiapedrosimoes.blogspot.pt/2012/11/definicao-de-gerontologia.html

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Segundo o Despacho n.º 868/2013 um técnico especialista em Técnicas de Gerontologia “é o profissional que, de forma autónoma ou sob orientação, atua e intervém em centros de dia, lares ou residências de terceira idade, redes e sistemas de apoio domiciliário criados como resposta para a realidade do envelhecimento demográfico da nossa população.” Um Técnico de Gerontologia tem o objetivo de passar pelas diferentes competências necessárias do “saber” ao “saber fazer”, tais como, colaborar na gestão de serviços de apoio a idosos; auxiliar no acompanhamento e cuidados psicossociais a idosos; colaborar na conceção e aplicação de programas de estimulação cognitiva e desenvolvimento do idoso; reforçar os saberes e desenvolver competências pessoais, sociais, científicas e tecnológicas indispensáveis a uma atuação responsável e de qualidade. 19 2. Objetivos do Estágio O objetivo do estágio é a promoção do bem-estar físico, psíquico e elevar a autoestima do idoso institucionalizado aplicando os conhecimentos adquiridos ao longo da formação. A estimulação cognitiva também foi uma prioridade através de jogos de memória e trabalhos manuais. Tem como objetivo a ocupação dos tempos livres do cliente estimulando os seus cinco sentidos (tato, olfato, visão, paladar e audição) para que obtenham melhor qualidade de vida. A estimulação cognitiva também é uma preocupação deste estágio para proporcionar a prevenção de doenças geriátricas através de jogos de memória. A realização das atividades propostas visa facultar uma vida mais ativa com momentos lúdicos, criativos, sendo estas estimulantes para a memória, para o bem estar físico e psíquico, facultando a comunicação entre todos os clientes, respeitando os hábitos, a cultura dos clientes e respeitar o cliente quanto à sua individualidade, capacidade, interesses e vivências pessoais, promovendo assim a autonomia pessoal e elevar a autoestima.

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Adaptado de http://www.esecd.ipg.pt/cet.asp?curso=1

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Foi elaborado um plano de atividades semanal para o período de estágio (Anexo V) e planos de intervenção para cada uma das atividades e que por lapso, nestes não foi inserido o item da duração de cada atividade. Segundo o Plano de Ação do Município de Trancoso (2007/2008) um “ Plano de actividades pretende responder a questões como: • O Que fazer? – Definição das actividades, acções e tarefas a realizar; • Quando fazer? – Calendarização das actividades, acções e tarefas a realizar; • Quem faz o quê? – Definição e responsabilização dos parceiros, como intervenientes na execução de actividades, acções e tarefas a realizar; • Como e Onde Fazer? – Definição dos meios necessários e métodos a utilizar para a realização das actividades, acções e tarefas.” Todos os planos de atividades propostas à ERPI foram aprovados e assinados pelo Supervisor, o Sr. Francisco Corral. 3. Cuidados de Higiene e Saúde Nos primeiros dias de estágio procedi aos cuidados de higiene pessoal do idoso do tipo “to care” (cuidar), isto é, ajudar e cuidar do idoso nas tarefas de lavar-se, comer, beber, mexer-se, deslocar-se, levantar-se, evacuar, ajudar nas relações com os outros, etc. Segundo COLLIÈRE (1989) existe dois tipos de cuidados: o tipo “to care” (cuidar), indicado para os cuidadores formais ou informais e o tipo “to cure” (curar), indicado para os profissionais de saúde, tais como médicos e enfermeiros20. Um cuidador formal como, por exemplo, um técnico de gerontologia é uma pessoa capacitada para auxiliar o idoso que apresenta limitações para realizar as AVD, fazendo elo entre o idoso, a família e os serviços de saúde ou da comunidade.

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Adaptado de PAULINE, Virginie, Formação E-Learning em Doença de Alzheimer, DAR+ Serviços de Psicologia e Formação, Módulo III, s/e., s./p..

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NOGUEIRA (2009), identifica as tipologias, graus, ou níveis de dependência dos idosos da seguinte forma: 

“Autónomo – Capaz de realizar sem apoios de terceiros os cuidados de necessidade básica.

Parcialmente dependente – Necessita de apoio de terceiros para cuidados de higiene pessoal e/ou deslocação.

Dependente – Não pode praticar, com autonomia, os actos indispensáveis à satisfação de necessidades básicas da vida quotidiana: actos relativos à alimentação, locomoção e/ou cuidados de higiene pessoal.

Grande dependente – Acumulam as situações de dependência que caracterizam os dependentes e encontram-se acamados ou apresentam quadros de demência grave.”

3.1.

Higiene Pessoal e Habitacional

A higiene pessoal do idoso é feita de forma a não perturbar a integridade física e psíquica do idoso e o procedimento para o banho de chuveiro foi feito da seguinte forma: 1) Separamos as roupas do idoso e colocamos perto da cama dele; 2) Preparamos o banho, regulamos a temperatura da água e colocamos os objetos necessários num local acessível para o banho; 3) Retiramos ao idoso a roupa de dormir e protegemo-lo com um roupão ou toalhão; 4) Deslocamo-lo à casa de banho, ajudamo-lo a tomar banho e ficamos de vigia para evitar quedas; 5) Durante o banho estimulamos, orientamos e supervisionamos a higiene pessoal do idoso e só se faz o que o idoso não consegue executar; 6) Após o banho, ajudamos o idoso a limpar-se, secando bem entre os dedos, partes íntimas, axilas, debaixo das mamas e as dobras do joelho para evitar o aparecimento de fungos e de escaras.

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7) No final do banho colocamos a fralda nos idosos. O banho de chuveiro pode ser feito com o idoso sentado numa cadeira de banho (Figura nº 8).

Figura nº 8 – Cadeira de banho Fonte: Própria

Na ERPI foi adotado o uso do cabelo curto, para facilitar a higiene e evitar coceira, etc. Quando ajudei a dar banho aos grandes dependentes, procedemos da seguinte forma: 1) Primeiro prepara-se todo o material necessário para o banho, a bacia com água morna, o gel de banho, as toalhas, os lençóis, o resguardo da cama e as roupas do idoso. 2) Primeiro rodamos o idoso para um lado, enrolamos a toalha e colocamos debaixo do idoso e depois rodamo-lo para o lado contrário para poder esticar a toalha. 3) Com o idoso deitado em decúbito dorsal começamos a higiene corporal pela cabeça. 4) Com um pano molhado e pouco gel de banho, fazemos a higiene do rosto, nas orelhas e no pescoço. Enxaguamos o pano em água limpa e passamos na pele até retirar toda a espuma e secamo-la bem. A Lavagem dos cabelos foi feita da seguinte forma:

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Colocamos um travesseiro por debaixo da cabeça sendo que esta está à beira da cama e depois colocamos a bacia com a água morna por debaixo da cabeça e lavamo-la. 1) Massajamos o couro cabeludo e passamos por água até que retire toda a espuma. 2) Secamos os cabelos. 3) Lavamos o corpo com um pano humedecido com gel de banho, depois os braços, não esquecendo as axilas e mãos. Secamos bem, colocamos creme hidratante e cobrimos o corpo com uma toalha. 4) Seguidamente lavamos os membros inferiores, secando – os bem entre os dedos para evitar aparecimento de escaras. 5) Depois rodamos ao idoso para um lado para que possamos fazer a higiene das costas. 6) Deitamos novamente a pessoa com a barriga para cima e fazemos colocar a higiene das partes íntimas com água limpa. 7) No final do banho colocamos a fralda nos idosos Notas: o Na mulher é importante lavar a vagina da frente para trás, assim se evita que a água escorra do ânus para a vulva. No homem é importante descobrir a cabeça do pénis para que possa lavar e secar bem.21 o Em todas estas tarefas utilizei luvas de borracha. o Durante o banho tivemos sempre o cuidado de observar a pele do idoso, verificando se existia alteração na cor e na temperatura da pele, ou também se existia vermelhão, inchaço, manchas, feridas, principalmente das regiões mais quentes e húmidas do corpo e se tal acontecesse chamávamos a enfermeira ou a auxiliar de enfermagem. Terminada a higiene pessoal do idoso levamo-lo para o refeitório para tomar o pequeno almoço.

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Adaptado de Ministério da Saúde, (2008), Guia Prático do cuidador, (1ª ed.). Brasília: pp.23-25.

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Quando um idoso é grande dependente, ele está maioritariamente em decúbito dorsal e é necessário mudá-lo, obrigatoriamente, de posição pelo menos de três em três horas para evitar as escaras. Nesta instituição existe colchões antiescaras com pressão alternada, evitando o aparecimento de escaras. Para fazer a passagem do idoso incapacitado, da cama para cadeira ou poltrona, colocase a cadeira perto da cama com as costas da mesma viradas para o lado dos pés da cama, depois roda-se o idoso, colocando-o em posição decúbito lateral e pede-se para nos agarrar com os seus braços à volta do nosso pescoço, fletimos então os joelhos e colocamos um pé à frente, ao contrário da rotação que vai ser feita, e o outro mais atrás, em seguida passamos os braços ao redor das suas costas, por debaixo das axilas e puxamo-lo para cima junto do nosso corpo e rodamos para o lado da cadeira e sentamolo.22 Para um melhor funcionamento da IPSS, é necessário haver regras e o tempo bem distribuído. No turno da manhã foi realizado a maior parte do meu estágio e as AVD foram distribuídas da seguinte forma. Em primeiro lugar, procede-se à higiene pessoal do idoso e após a administração do pequeno-almoço aos clientes, passa-se para a higiene dos espaços referentes ao dormitório (Figura nº 9).

Figura nº 9 – Higiene Habitacional

Fonte: Própria

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Adaptado de CANTERA, I. Ruipérez, (1998), Guias práticos de enfermagem Geriatria, Mcgrawhill, pp.220-225

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Os clientes com o grau de dependência, grandes dependentes e dependentes (Figura nº 10) almoçam às 12:00 horas e foi nesta tarefa que ajudei a administrar as refeições e os medicamentos. Os restantes clientes, ou seja, os parcialmente dependentes e os autónomos almoçam às 12:30 horas.

Figura nº 10 – Administração do almoço a idoso dependente Fonte: Própria

Após o almoço, os idosos mais dependentes são levados à casa de banho para a muda de fraldas geriátricas, se necessário. Os idosos autónomos descansam nos seus quartos até perto do lanche. O lanche é dado em primeiro lugar aos dependentes e grandes dependentes por volta das 15:30 Horas e aos restantes às 16:00 Horas. Outras atividades foram executadas ao longo do meu estágio, tais como a medição da tensão arterial e da glicemia, quando fosse solicitado pela enfermeira Beatriz. A medicação dos idosos é organizada em caixas próprias (Figura nº11) e identificadas com o nome do cliente e número que lhe é atribuído na instituição, este também usado para identificar as roupas do mesmo.

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Figura nº 11 – Organização da medicação do cliente Fonte: Própria

Eu tive o privilégio de levar a idosa mais velha (100 anos), a fazer um exame, eletrocardiograma, à Cruz Vermelha Portuguesa de Vilar Formoso. Foi com alguma deceção que se verificou que no local existem muitas barreiras arquitetónicas que dificultam o acesso às pessoas com dificuldades motoras. 3.2. Exercício Físico O exercício físico na terceira idade é importante para preservar bem-estar físico, psíquico e social dos idosos23. Durante a época letiva, a Câmara Municipal de Almeida disponibiliza, à segunda-feira, um professor de educação física para promover, durante uma hora, exercício físico junto dos idosos da ERPI. Primeiro começa por fazer exercícios com a bola que os clientes passam de uma mão para a outra. Em seguida, jogam a bola para o professor e para mim (Figura nª 12) e, finalmente, exercitam o corpo rodando os pulsos, tornozelos e cabeça. Todos estes exercícios são feitos com os idosos sentados.

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Adaptado de http://medicosdeportugal.saude.sapo.pt/utentes

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Figura nº 12 – Aula de ginástica com o professor João Fonte: Própria

Durante o período de férias do professor, promovi a caminhada, dando mais atenção a duas idosas, uma que tinha partido a anca e outra que sofreu um AVC. A Primeira no início do meu estágio estava acamada e, com esta atividade proposta e persistência passou a ter mais confiança em si, passando a movimentar-se com o andarilho, por isso, ficou considerada como parcialmente dependente. No final do estágio já andava de bengala com o meu apoio (figura nº 13).

Figura nº 13 – Idosa a caminhar Fonte: Própria

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A segunda estava em cadeira de rodas devido a um AVC. No início do estágio e com as caminhadas e minha persistência, começou a andar de andarilho e no final do estágio já era autónoma (Figura nº 14).

Figura nº 14 – Idosa na caminhada. Fonte: própria

4. Animação Sociocultural A animação sociocultural de idosos segundo JACOB (2007) é “a maneira de actuar em todos os campos do desenvolvimento da qualidade de vida dos mais velhos, sendo um estímulo permanente da vida mental, física e efectiva da pessoa idosa”. A animação para idosos promove e ajuda a encarar o envelhecimento como um processo natural, de uma forma positiva, otimista e adequada, de maneira a assumir que a atividade física e mental é essencial neste processo. Temos de ter cuidado quanto à maneira como atuamos e agimos, para que os idosos não se sintam ofendidos nem desmotivados, pois os idosos são pessoas que adquiriram, ao longo da vida, diversas experiências e culturas. Na sociedade atual, o idoso sente-se como se fosse um peso para a sociedade, por isso o papel do animador sociocultural ou do técnico de gerontologia é de motivar, estimular o idoso para que estes se tornem ativos e participativos na sociedade.

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4.1

Atividades de Entretenimento Fílmico

No âmbito do estágio, e de acordo com os objetivos estipulados, desenvolvi várias atividades. A primeira atividade de animação (Anexo VI), realizou-se no dia 16 de maio de 2013 e consistiu na projeção do filme “Aparição de Fátima” (Figura nº 15) realizado por Daniel Costelle da Lusofilmes S.A. (Anexo VII). Há que destacar a importância deste filme pelo facto da comunidade de idosos residentes na ERPI ser maioritariamente católica. A atividade visou o entretinimento e ocupação do tempo livre do idoso residente e do idoso do CD.

Figura nº 15 – Projeção do filme “ Aparição de Fátima” Fonte: própria

O feedback desta atividade foi positivo, incentivando a dinamização de outras atividades. Os idosos, como são católicos, adoraram o filme, pois tratava-se da história dos três pastorinhos, Lúcia, Francisco e Jacinta. 4.2. Animação Lúdica O mês de junho é um mês dos Santos Populares e, por isso, decorarei os espaços coletivos da ERPI (Figura nº 16) com vários enfeites que a instituição já possuía e com a ajuda de alguns idosos, colega de estágio e trabalhadores. Os clientes sentiam-se felizes, pois quando eram mais novos, nas suas terras, costumavam festejar estas datas.

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Figura nº 16 – Decoração da sala de convívio Fonte: Própria

Esta atividade teve importância para os idosos pelo facto de terem tido a oportunidade de ouvir canções da sua época cantadas pelas crianças e outras canções da atualidade, proporcionando uma maior proximidade das diferentes realidades etárias, a nível cultural e social. O Santo António, que é o santo padroeiro de Lisboa, nasceu por volta de 1190 com o nome de Fernando de Bulhão. Os seus pais eram mercadores ricos, mas ele dedicou a sua vida às leis da Igreja, sendo pregador e doutor de teologia nos conventos de Bolonha, Montpellier, Toulouse e Pádua. Foi para Marrocos, depois de ser ordenado frade franciscano em missão de apostolado aos muçulmanos. Atacado de doença, regressou para Lisboa, mas, o seu barco foi atormentado por uma tempestade e acabou por ir dar à costa da Sicília, Itália. Consta-se que o frade morreu ainda jovem, no dia 13 de junho, devido a uma doença súbita. Um ano depois, era canonizado Santo pelo Papa Gregório IX. Este dia é festejado como sendo o Santo casamenteiro devido à lenda, “uma rapariga, farta de rezar e esperar que o santo António, ouvisse as suas preces, atirou a sua imagem pela janela fora. A imagem bateu na cabeça de um rico homem, que logo se apaixonou e casou com ela”. 24

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Adaptado do http://comunidade.sol.pt/blogs/olindagil/archive/2010/06/17/Os-Santos-Populares.aspx

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Desde então é festejado em todo o país e esta ERPI não fugiu à regra. De acordo com o plano de atividade (Anexo VIII), a atividade dinamizada integrou o ano Europeu do envelhecimento ativo e solidariedade entre gerações 2012. Assim, organizei uma marcha popular no recinto exterior e interior da instituição, com a colaboração dos meninos do Centro de Assistência Social Infantil de Vilar Formoso. Para esta atividade foi feito, antecipadamente, um manjerico com material reutilizável para oferecer às crianças. No dia 13 de junho, as crianças do Centro de Assistência Social Infantil de Vilar Formoso chegaram à instituição por volta das 10:00 horas (Figura nº 17), trazendo boa disposição. A alegria manifestada pelos idosos era notória o que foi bastante gratificante.

Figura nº 17 – Chegada das crianças à ERPI Fonte: Própria

De seguida, cantaram para os idosos no salão de convívio, todos participaram batendo palmas ao ritmo das cantigas populares. Para os idosos, estas atividades intergeracionais favorecem a sua autoestima e estabelecem-se vínculos entre duas ou mais gerações de

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pessoas com idades distintas e estando em diferentes estádios de desenvolvimento, possibilitando o cruzamento de experiências.25 Esta atividade teve como objetivo proporcionar convívio entre gerações e proporcionar o bem-estar dos clientes, promovendo a expressão plástica, a criatividade e o exercício físico (Figura nº 18).

Figura nº 18 – Crianças na ERPI Fonte: Própria

Esta atividade correu bem, mas houve algumas falhas. Os idosos que só se deslocam de cadeira de rodas não deveriam ter sido passados para as cadeiras do salão, mas sim permanecer nelas para poderem participar na marcha popular. Também poderiam ter sido retiradas as mesas do salão para que as crianças pudessem circular mais à vontade. Apesar do exposto, a atividade foi enriquecedora para os idosos. A marcha popular passou pelo salão e pelo exterior do edifício como mostra a Figura nº 19.

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Citado por https://www.repository.utl.pt/bitstream/10400.5/3100/9/TRABALHO%20COMPLETO.pdf

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Figura nº 19 – Marcha popular Fonte: Própria

No final, as crianças receberam de duas idosas (Figura nº 20), o manjerico que foi feito com muita dedicação e carinho. Foi uma maneira simpática de agradecer às crianças por terem vindo animar esta data festiva.

Figura nº 20 – Entrega do manjerico pelos utentes às crianças Fonte: Própria

4.3.

Animação Musical

No dia 24 de junho comemora-se o dia de São João, por isso, organizei um baile popular conforme o plano de intervenção (Anexo IX) com a colaboração do acordeonista Paulo Gomes, tendo como objetivo promover o exercício físico, proporcionar ocasiões de alegria e diversão através do convívio e também recordar vivências, costumes e tradições populares. Esta festa teve origem na idade média para

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festejar o solstício de verão (24 de junho) pelos pagãos e reza a lenda católica que “o antigo costume de acender fogueiras no começo do verão europeu tinha suas raízes em um acordo feito pelas primas Maria e Isabel, que era acender uma fogueira sobre um monte para avisar Maria do nascimento de São João Batista e, assim Isabel ter o auxílio de Maria.”26 Foi uma tarde muita divertida e animada, desta vez houve muito mais idosos a participar, diziam que quando eram novos, os bailes eram a única animação que tinham e era ao som do acordeão e nessa tarde reviveram esses momentos (Figura nº 21).

Figura nº 21 – Baile popular na ERPI Fonte: Própria

Uma senhora em que está diagnosticado a DA, e que já começa a ter dificuldade em andar, dançou bastante (e como dançava bem), uma outra com a mesma doença, apesar de estar num estádio mais avançado que a anterior, tinha um sorriso e olhar contagiantes. A música tem um papel importante na prevenção de diversas doenças geriátricas, tais como, Alzheimer, Parkinson, dor Musculosquelética e Depressão. As doentes de Alzheimer reagiram muito bem à música, exteriorizando os seus sentimentos de alegria. Deduz-se que se os doentes com DA estiverem sujeitas a sessões de musicoterapia a doença não evoluiria tão rapidamente e a perda da motricidade seria mais lenta. 26

Adaptado de http://pt.wikipedia.org/wiki/Festa_junina

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4.4.

Artes Plásticas e Motricidade Fina

As Artes Plásticas fazem com que o idoso desenvolva a capacidade de moldar, modificar, reestruturar, os diversos materiais tendo a oportunidade de exprimir sentimentos e, principalmente, a criatividade. Esta atividade foi benéfica, pois houve idosos que puderam expor as suas ideias de como fazer o manjerico, puderam exercitar a motricidade fina (Figura nº 22) e também ficaram sensibilizados para a importância da preservação do meio ambiente.

Figura nº 22 – Trabalhos manuais Fonte: Própria

O material usado nesta atividade foi o seguinte: Tubos de papel higiénico, rolos de cozinha, revistas, sacos de plástico, pacotes de leite, caixas de ovos, papel autocolante, borracha E:V:A. tesoura, compasso, régua, lápis, cola branca pica-pau, papel de seda (Figura nº 23).

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Figura nº 23 – Material utilizado Fonte: Própria

Em primeiro lugar dobramos, em quarto, folhas de revistas existentes na instituição. Também foram enrolados os papéis de seda de cor verde para produzir o efeito das folhas do manjerico, o que ajudou a melhorar a motricidade fina no idoso (figura nº 24).

Figura nº 24 – Idosas a desenvolver a motricidade fina Fonte: Própria

A fase seguinte incidiu na pintura dos palitos, respetiva secagem, cobertura destes com as revistas dobradas e colá-los ao rolo de papel higiénico previamente forrado com papel autocolante e colocada uma tira de borracha E.V.A. em creme, como se vê na figura nº 25.

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Figura nº 25 – Vasos preenchidos com revistas Fonte: Própria

A base do vaso foi realizada a partir de pacotes de leite que foram recortados em forma de flor (Figura nº 26). Cada base foi colada no rolo de papel higiénico. De seguida colar a caixa dos ovos em cada palito para formar uma bola.

Figura nº 26 – Idosos recortando Fonte: Própria

A tarefa final foi colar, na estrutura do manjerico feita em caixa de ovos (Figura nº 27), os papéis de seda verde previamente enrolados.

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Figura nº 27 - Estrutura do manjerico pronta Fonte: própria

Os desperdícios dos papéis, utilizados na direção da ERPI, serviram para embelezar a base do manjerico e com a colocação da quadra alusiva aos Santos Populares finalizouse o trabalho (Figura nº 28).

Figura nº 28 – Manjerico elaborado pelos idosos Fonte: própria

Outra atividade de animação foi a elaboração, segundo o plano de intervenção (Anexo X), de um calendário de parede para que o idoso tivesse consciência do espaço e do tempo em que se encontra. Teve como base a essência do dia Internacional do Amigo que se celebra, todos os anos, no dia 30 de julho. Esta atividade foi feita durante o mês de agosto. Os idosos vivem todos numa comunidade e, por isso, devem ter sempre presente a palavra amizade, sentimento que nesta instituição é evidente. Eles protegemse e cuidam-se muito uns aos outros. Nesta atividade houve a oportunidade de os idosos Mafalda Telo Jacinto Jacinto

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exteriorizarem a sua criatividade, pois pintaram (Figura nº 29), com canetas de feltro, flores, corações e borboletas de várias maneiras e com muita cor.

Figura nº 29 – Idosos a pintar Fonte: Própria

Em primeiro, os idosos pintaram no papel, as flores, os corações, as borboletas e as joaninhas previamente desenhadas. Depois de recortadas plastificaram-se as pinturas com a cola ALKIL, cola plastificante e transparente. Seguidamente colamos as peças na tela (Figura nº 30). A participação dos idosos foi ótima e a afluência foi elevada nesta atividade. Estes idosos, ao estarem ocupados, nem pensavam nas suas patologias e andavam alegres por estarem a fazer alguma coisa útil para a comunidade residente.

Figura nº 30 – Estruturação do calendário

Fonte: Própria

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O resultado das peças pintadas foi muito criativo e original. Os idosos demonstram que gostam de pintar. Este calendário proporciona que os idosos autónomos, com carinho e amizade, informem aos outros da data, indicando o dia da semana e do mês. O resultado final foi o que se vê na figura nº 31.

Figura nº 31 – Calendário de parede Fonte: Própria

A criatividade passa pela inovação e, por isso, é essencial para o idoso, para que este exercite a atenção e por conseguinte promova o seu bem-estar psíquico e social. Tal como escrito na revista brasileira UNATI “Segundo a Teoria da Evolução, de Darwin, a criatividade seria uma manifestação da força criadora inerente à vida. Do ponto de vista dessa teoria, os impulsos criativos são impulsos de inovação e ordenação que se manifestam em todas áreas da vida, e que provêm do instinto exploratório comum a todos os seres vivos. É um instinto biológico, tão básico como o sexo e a fome, pois é uma reação inerente aos desafios naturais que ajudam na sobrevivência da espécie. No homem, por sua consciência e inteligência, os impulsos criativos envolvem também a conservação da vitalidade psíquica, que se caracteriza dinamicamente pelos intercâmbios com o meio ambiente. A criatividade é um potencial; a criação, o produto.”

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5. Animação Cognitiva Segundo PINTO (1999:4-5), a memória é afetada ao longo do processo de envelhecimento devido às alterações cognitivas. Sendo a memória a curto prazo (memória de episódios atuais, recentes) a primeira a ser afetada, e a memória a longo prazo (memórias muito antigas, por exemplo memórias da infância) a ultima a ser perdida, por isso é importante a estimulação cognitiva. Tal como advoga PINTO (1999: 1-14) “as tarefas de memória de curto prazo devem conter componentes de armazenamento, processamento activo e actualização do material registado.” O jogo de memória é um bom exemplo, tendo as componentes referidas acima e, por isso, propus à ERPI duas sessões de atividades lúdico-pedagógicas com base em jogos de estimulação cognitiva e de memória (Anexo XI). Para estes jogos foram apresentados dois temas, o primeiro “utensílios da agricultura” e o segundo os alimentos que se colhem na horta. Estes dois temas tiveram como base a vida ativa que a maioria dos idosos tinha (Anexo XII e XIII), valorizando as suas crenças e a cultura e os hábitos adquiridos durante a sua vida. Estes jogos foram baseados no jogo de memória e no teste Saint Louis University Mental Status (SLUMS) citado por Amâncio Pinto na tradução deste teste e elaborado por Tarik (2006). Uma das sessões foi feita no período da manhã e outra no período da tarde. Os melhores resultados foram obtidos no período da manhã, porque a atenção, a capacidade de memorização e a concentração é maior neste período. Foi nos idosos autónomos que se notou uma plasticidade cognitiva, isto é, o cérebro tem a capacidade de adaptação às tarefas propostas. Com este tipo de jogos, mantem-se um bom nível de eficiência em relação à memória do idoso. No final da primeira sessão de estímulo cognitivo, coloquei um diapositivo com imagens soltas sobre as etapas do linho. Pedi que identificassem as referidas imagens e os resultados foram ótimos e todos recordaram esses momentos e até houve alguns que cantaram a canção do linho ficando aqui registado algumas quadras que ainda se lembravam.

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“Nasce o linho dentro d´água Anda sempre regadinho Assim meus olhos com mágoa Parecem irmãos do linho. Refrão; Gira que gira Fiando o linho Fuso de lira Gira mansinho” A transmissão de cultura que estes idosos maravilhosos me facultaram, foi muito enriquecedora. O estímulo cognitivo também foi exercitado durante o dia-a-dia do idoso, como, por exemplo, à idosa que se encontra no estádio dois da DA, pedia, durante as refeições, que ela dissesse o nome dos talheres, pratos e do local onde comia. Por vezes, já tinha dificuldade em dizer o nome dos talheres e, então, expressava-se dizendo que era aquilo que servia para comer, mas sabia para que servia, isto é, a memória semântica (significado de uma palavra) está afetada enquanto a memória de procedimento (memória de como conduzir os nossos atos, quer física quer mentalmente) 27 ainda não se nota grandes alterações. 6. Outras Atividades Uma outra atividade que organizei foi uma palestra com o tema “ A nutrição saudável no idoso institucionalizado” (Anexo XIV), com o orador, Dr. Luís Matos, Nutricionista no Centro de Saúde de Almeida (Figura nº 32). A recetividade por parte dos funcionários e clientes foi ótima e superaram as minhas espectativas.

27

Adaptado de PAULINE, Virginie, Formação E-Learning em Doença de Alzheimer, DAR+ Serviços de Psicologia e Formação, Módulo I, s/e., s./p..

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Figura nº 32 – Orador Dr. Luís de Matos Fonte: Própria

O orador Dr. Luís Matos falou essencialmente na importância das vitaminas B12 e D no organismo nesta faixa etária. A vitamina B12 encontra-se nas carnes e deve-se consumir, de preferência, as carnes brancas (Peru, Frango, Coelho, aves de caça). A vitamina D encontra-se em peixes Gordos (Sardinha, Corvina, Salmão, Perca e Carapau). A tabela nº 2 evidência o que ingerir quando há deficiência nutricional. Alteração Aumento das necessidades hídricas Cálcio Principais deficiências nutricionais

O que fazer Aumentar o consumo de água Aumentar o consumo

Vitamina D

Aumentar o consumo

Vitamina B12

Aumentar o consumo

Como fazer Água, chás e infusões sem açúcar, água aromatizada, sopas Leite e derivados Peixes gordos (salmão, sardinha, cavala, arenque), óleo de fígado de bacalhau, fígado, leite meio-gordo, cereais fortificados Carne magra (frango, peru, coelho…), leite meio-gordo e ovos

Tabela nº 2 – Vitaminas Fonte: http://www.apn.org.pt/xFiles/scContentDeployer_pt/docs/Doc792.pdf

O Dr. Luís Matos também referiu como os idosos deveriam ingerir os alimentos nas principais refeições e quais as quantidades recomendadas numa refeição (Figura nº 33).

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Figura nº 33 - Sugestão para colocar alimentos no prato Fonte: http://www.apn.org.pt/xFiles/scContentDeployer_pt/docs/Doc792.pdf

Foi referido que o idoso tem necessidade destas vitaminas e para absorvê-las é preciso ingerir uma porção de carne (vitamina B12) e outra de peixe gordo (vitamina D) diariamente, sendo esta porção do tamanho da palma da mão de cada um. Deve-se ingerir-se 1,5 litros de água por dia, essa água encontra-se no leite, nos alimentos também na água natural. Nesta faixa etária é necessário fortalecer os ossos para evitar as fraturas ingerindo leite ou derivados do mesmo ou expondo o máximo de área de pele ao sol. 7. Propostas e Sugestões A última atividade que sugeri foi implementar estratégias de atendimento ao público que contribuam para uma eficiente relação de informação e esclarecimento deste para com a instituição, criando suportes de divulgação organizacional nomeadamente através de panfletos e boletim informativo (Anexo XV e XVI). A imagem empresarial, na atual conjuntura económica e social, é um fator importante e estratégico na diferenciação da instituição. Atualmente, as IPSS, compararam-se às empresas quanto a produtos, serviços, recursos humanos, à política de preços e à gestão de forma geral. Tendo em vista esta situação, entende-se a importância que a imagem e comunicação empresarial

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vêm adquirindo ao longo dos tempos, permitindo a uma instituição distinguir-se das restantes de forma original. 28 O folheto e o boletim, substituem o contacto direto entre o destinatário e o produto. Assim, apresentam benefícios e características com algum pormenor, permitindo ao público alvo compreender as características da oferta que lhe está a ser apresentada. 29 Tanto no folheto como no boletim, a cor azul é predominante, para transmitir seriedade, tranquilidade, limpeza e higiene. Estes suportes de divulgação foram bem aceites pelo supervisor e serão implementados na ERPI. 8. Voluntariado Promovido pela Instituição A ERPI de Vilar Formoso, todos os anos no mês de julho, tem a colaboração de uma equipa de voluntários designados por Missionários do Verbo Divino, que pertencem a um Instituto Missionário “ad Gentes”, fundado por Santo Arnaldo Janssen, em 1875, em Steyl, Holanda. Atualmente o Instituto tem cerca de 6000 membros espalhados pelos cinco continentes. São uma comunidade religiosa e missionária de leigos e clérigos, vindos de diferentes países e culturas. Esta comunidade tem como objetivo levar a todos a Boa Nova do Amor de Deus.30 Em Portugal, os Missionários do Verbo Divino, encontram-se em Lisboa, Fátima, Tortosendo, Guimarães e Almodôvar31. Os missionários passam uma semana, na ERPI, para promover a animação missionária do Povo de Deus e elevar a autoestima dos idosos. Os missionários ocupam o tempo livre dos clientes, através de trabalhos manuais, tais como, a elaboração de um terço (Figura nº34), a execução de sacos de cheiro pintados, a entoação de cantares ao final da tarde.

28

Adaptado do Manual de Comunicação e Imagem, Espaço Atlântico, Formação Financeira, SA, p.7 Adaptado do Manual de Comunicação e Imagem, Espaço Atlântico, Formação Financeira, SA, p.49 30 Adaptado de http://www.verbodivino.pt/carisma.html 31 Adaptado do http://www.verbodivino.pt/dialogos.html 29

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Figura nº 34 – Elaboração dos terços Fonte: Própria

Durante a estadia dos Missionários, houve celebrações eucarísticas (Figura nº35), em que numa delas foram benzidos os terços referidos anteriormente e entregue aos idosos durante essa mesma eucaristia.

Figura nº 35 – Missa celebrada pelos missionários Fonte: Própria

Nessa semana, concluí que um pequeno gesto de amor e fraternidade é muito importante durante o processo de envelhecimento e recebemos dos idosos um sorriso que nos comtempla por inteiro.

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Reflexão Final Com o terminus da formação académica, o estágio curricular foi uma oportunidade de colocar em prática a maior parte dos conhecimentos adquiridos ao longo do CET – Técnicas de Gerontologia. O acolhimento na IPSS por parte dos funcionários foi ótima, senti-me rapidamente integrada e colocada à vontade para poder realizar todas as atividades. Após o final do estágio, é necessário fazer uma análise crítica sobre todos os momentos vividos no Lar da 3ª idade de Vilar Formoso. Esta passagem por esta instituição foi de uma enorme satisfação para mim, pois preparou-me e enriqueceu-me para a vida ativa. A conjugação da prática, em contexto real de trabalho, com os conhecimentos teóricos adquiridos ao longo da formação fez com que o estágio se desenvolvesse positivamente e de forma progressiva. Foi uma troca de saberes entre mim e as ajudantes, pois estas transmitiram da melhor forma como é trabalhar num lar e como é fundamental haver horários e regras. Para a ERPI foi uma mais-valia o estágio ter sido realizado na época de férias dos trabalhadores, porque as horas que eram necessárias para a conclusão do estágio eram feitas conforme a necessidade da instituição para um bom funcionamento da mesma. O Turno que gostei mais de fazer foi o da manhã (8:00 às 16:00 Horas), pois é neste horário que se consegue estar mais tempo em contacto com os idosos e fazer alguma atividade, dar carinho e apoio. O turno da tarde (16:00 às 0:00 Horas) é mais dedicado às limpezas da instituição, pois após as 21:00 Horas é feita a limpeza da zona de convívio, instalações sanitárias, escritório, consultório médico e capela. O turno da noite, turno só de vigilância, (0:00 às 8:00 Horas) é difícil, foi feito uma vez durante o estágio e conclui que só uma ajudante de ação direta é pouco para exercer com eficácia a sua tarefa. Neste turno é feita a vigilância aos quartos para vigiar as funções vitais dos idosos ou se têm algum problema relacionado com as patologias inerentes no idoso. O Ponto fraco do estágio foi o de ter de fazer um plano de estágio sem conhecer o público-alvo e por isso a alteração foi inevitável e tive de retirar do plano os jogos tradicionais devido à faixa etária dos clientes ser elevada e a sua motricidade reduzida.

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Os conhecimentos adquiridos, foram muito enriquecedores e valiosos para o desempenho enquanto estagiária. Os idosos foram importantes nesta caminhada, pois ajudaram-me a crescer humanamente e profissionalmente. Senti que ao longo deste percurso a caminhada ainda não terminou, pois vou procurar desenvolver mais as minhas competências nas várias áreas, através de formação académica superior.

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Referências Bibliográficas •

CANTERA, I. Ruipérez, (1998), Guias práticos de enfermagem Geriatria, Mcgrawhill,

JACOB, Luis, (2007), SOCIALGEST Cadernos nº4, p.2

NETTO, Matheus Papaléo, Médico, 1996

NOGUEIRA, José Miguel, (2009), Carta Social Rede de Serviços e equipamentos, (1ª ed.)

PAULINE, Virginie, Formação E-Learning em Doença de Alzheimer-Módulo I, DAR+ Serviços de Psicologia e Formação, s/e., s./p.

PINTO, Amâncio Costa (1999), Problemas de memória nos idosos: Uma revisão. Psicologia, Educação e Cultura,( p 4,5 e 1-14).

RODRIGUES, Adriano Vasco, (2010), Almeida da pré-história aos nossos dias/memórias, (ed. Câmara Municipal de Almeida).

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Webgrafia •

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Consultado em 19/10/013, em http://comunidade.sol.pt/blogs/olindagil/archive/2010/06/17/Os-SantosPopulares.aspx

Consultado em 30/09/2013

http://dre.pt/pdf2sdip/2013/01/011000000/0212002121.pdf

Consultado em 20/09/2013, em http://www.esecd.ipg.pt/cet.asp?curso=1

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Consultado em 20/10/2013, em http://www.infopedia.pt/$almeida

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Consultado em 4/10/2013

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%20COMPLETO.pdf

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Outras Fontes •

Ministério da Saúde, (2008), Guia Prático do cuidador, (1ª ed.). Brasília

Ministério da Segurança Social, Portaria n.º 67/2012 de 21 de março.

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Anexos

Anexo I - Modelo GESP 0.0.14 Anexo I-A – Adenda à Convenção do Estágio Anexo II – Autorização de reprodução e de representação de fotografia Anexo III – Folhas de presenças Anexo IV - Fotografias do espaço interior do Lar de 3ª Idade de Vilar Formoso Anexo V – Plano de Atividades Semanal Anexo VI – Plano de intervenção do filme Anexo VII – Filme “Aparição de Maria” Anexo VIII – Plano de intervenção Stº António Anexo IX – Plano de intervenção São João Anexo X – Plano de intervenção do calendário Anexo XI – Plano de intervenção dos Jogos de memória Anexo XII – Jogo de estimulação cognitiva I Anexo XIII – Jogo de estimulação cognitiva II Anexo XIV - Plano de Intervenção da palestra Anexo XV – Folheto Anexo XVI – Boletim informativo

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Anexos Anexo I - Modelo GESP 0.0.14 Anexo I-A – Adenda à Convenção do Estágio Anexo II – Autorização de reprodução e de representação de fotografia Anexo III – Folhas de presenças Anexo IV - Fotografias do espaço interior do Lar de 3ª Idade de Vilar Formoso Anexo V – Plano de Atividades Semanal Anexo VI – Plano de intervenção do filme Anexo VII – Filme “Aparição de Maria” Anexo VIII – Plano de intervenção Stº António Anexo IX – Plano de intervenção São João Anexo X – Plano de intervenção do calendário Anexo XI – Plano de intervenção dos Jogos de memória Anexo XII – Jogo de estimulação cognitiva I Anexo XIII – Jogo de estimulação cognitiva II Anexo XIV - Plano de Intervenção da palestra Anexo XV – Folheto Anexo XVI – Boletim informativo


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Anexo I Modelo GESP 0.0.14


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Anexo I-A Adenda à Convenção do Estágio


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Anexo II Autorização de reprodução e de representação de fotografia


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Anexo III Folhas de presenças


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Anexo IV Fotografias do espaço interior do Lar de 3ª Idade de Vilar Formoso


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Anexo V Plano de Atividades Semanal


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Anexo VI Plano de intervenção do filme


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Anexo VII Filme “Aparição de Maria”


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Anexo VIII Plano de intervenção Stº António


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Anexo IX Plano de intervenção São João


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Anexo X Plano de intervenção do calendário


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Anexo XI Plano de intervenção dos Jogos de memória


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Anexo XII Jogo de estimulação cognitiva I


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Anexo XIII Jogo de estimulação cognitiva II


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Anexo XIV Plano de Intervenção da palestra


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Anexo XV Folheto


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Anexo XIV Boletim Informativo


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