Parabéns Câmara de Lobos Hoje prometo não ser “maçador”. Não vou falar do défice, da inflação, do desemprego ou da recessão. Nem tão pouco sobre a proposta do Orçamento do Estado para 2011, da despesa pública portuguesa, da receita ou da actual execução desregrada. A ocasião é solene. O mais belo Concelho da Madeira, Câmara de Lobos – perdoem-me os outros igualmente belos – “sopra” hoje 175 velas. Bonita idade cheia de histórias, de encantos e de progressos assinaláveis. Desde muito jovem habituei-me a “viver” o meu Concelho. Lembro-me, por exemplo, que enquanto jovem com os meus 18-20 anos discutia com amigos e companheiros das lides partidárias, por vezes pela noite dentro, numa troca de ideias sempre acesa e profícua, o desenvolvimento e o futuro do meu Concelho. Já lá vão quase quinze anos, mas vieram-me agora à memória, com carinho e grande saudade, as vezes
sem
conta
que
abordávamos
as
temáticas
de
Câmara
de
Lobos.
Juntavamo-nos muitas destas vezes em pontos de localização estratégicos. Exemplo disso, e vezes sem conta, foi no Pico da Torre, por ser um lugar aberto e pelo seu enquadramento local e paisagístico com a vista soberba e magnífica que possui sobre a cidade e grande parte da extensão territorial do Município. Do Pico da Torre, víamos e continuamos a ver uma linda baía, um espaço único e deslumbrante. Um misto de natureza pura, de bucólico, humanização e civilização. No entanto, na zona do Ilhéu, principalmente naquele pequeno planalto, multiplicavam-se as habitações sem qualquer tipo de planeamento, onde, em muitas delas não havia o mínimo de condições higiénicas e sanitárias, sobrelotadas, às vezes por mais de um agregado familiar. Era então ainda, um triste e mais um, marcante marco do Regime do Estado Novo. Julgávamos nós e tínhamos a certeza, que era importante que se procedesse futuramente à reconversão daquele espaço porque, em primeiro lugar, as condições de vida daquela população residente eram muito deficitárias, indígnas do ponto de vista humano e, por outro lado, era fundamental requalificar e enquadrar paisagísticamente aquele espaço que era único.
Quando, do mesmo ponto de vista estratégico – Pico da Torre – olhávamos mais para a direita, deparávamo-nos com mais um ex-líbris não só do Concelho, mas mais uma maravilha de Portugal e da Humanidade. O Cabo Girão, espaço peculiar, com características ímpares, um lugar turístico por excelência. Sonhávamos então, nos finais da década de noventa, com a sua requalificação urbanística, com as necessárias infra-estruturas e condições de acesso, dotando aquele espaço de grande mobilidade aumentando a sua atractividade e funcionalidade, criando nomeadamente, no que concerne aos equipamentos de apoio, as estruturas adequadas que deveria dispor, para usufruto, tanto daqueles que nos visitam e levam consigo para os países de origem, a imagem dessa maravilha, bem como, para todos aqueles que diariamente querem usufruir daquele espaço. Por outro lado, a poente do Cabo Girão desejávamos que a magnífica freguesia da Quinta Grande se expandisse e criasse as estruturas que então grandemente carecia, nomeadamente no centro da freguesia e que essas infra-estruturas públicas tão desejadas, aí fossem instaladas em benefício das populações e dos visitantes. Infelizmente, à data, os eleitos da Junta de Freguesia eram maioritariamente socialistas o que se traduziu inevitavelmente em inércia nas suas acções (como ainda hoje se passa a nível do governo central), com forte prejuízo para as suas populações. Para Norte, víamos a freguesia do Estreito, onde a sua Igreja “marcava” pela sua beleza e grandiosidade, a paisagem de “lapinha madeirense”. Naquele tempo, víamos quão necessário era um acesso rodoviário mais rápido para a freguesia e por isso sonhávamos com o seu desenvolvimento e com a sua requalificação, principalmente do centro da freguesia. O Estreito era e ainda é o principal centro de comércio do nosso Concelho e por esse facto era necessário dar outra amplitude e “nobreza” ao centro da freguesia. Mais acima, observávamos a ainda jovem freguesia do Jardim da Serra que tinha como verde a sua cor de eleição. Igualmente, requalificar o centro da freguesia e melhorar o acesso rodoviário ao mesmo, eram situações identificadas. O Curral das Freiras, como sabemos, era a única freguesia do nosso Concelho que não é visível a partir do Pico da Torre. É uma freguesia “escondida” por entre vales, que guarda e quer preservar a sete chaves a sua grandiosa beleza, mas que estava sempre presente na nossa memória. Para o Curral sonhávamos com melhores acessos rodoviários e uma escola secundária para que os nossos jovens não tivessem que efectuar a desgastante deslocação para o Funchal para aí frequentarem os
estabelecimentos de ensino. Hoje, passados poucos anos, verifico que muitos destes sonhos são uma realidade. O Ilhéu de Câmara de Lobos está requalificado e uma extensa mancha verde cobre hoje um planalto que outrora foi marca de miséria e de pobreza extrema. Nesse espaço único já se realizaram manifestações culturais memoráveis, a que a título de exemplo, sem desprimor pelos outros eventos, destacaria o espectáculo que a fadista Mariza deu há uns anos atrás. Foi um grande espectáculo realizado neste nosso cenário ímpar e que encheu a alma dos câmara-lobenses. O meu pai, por exemplo, espontaneamente, afirmou-me o seguinte: “senti orgulho em ser de Câmara de Lobos”. Para mim, estas palavras foram marcantes e um sinónimo que algo estava a mudar no pensamento dos câmara-lobenses. Aquele estigma, a pobreza associada à pedincha, aquela vergonha “camuflada” em ser de Câmara de Lobos, que perseguia e estava presente em muitos residentes, estava definitivamente a acabar. O Cabo Girão, famoso pela sua falésia que é a segunda mais alta do mundo com 589 metros de altura, já sofreu importantes beneficiações, bem como mereceu diversos investimentos privados, designadamente com instalação de infra-estruturas hoteleiras. A requalificação urbanista do miradouro também está prevista neste Programa de Governo. A pacata freguesia da Quinta Grande felizmente já se “livrou dos males socialistas”. Desenvolveu e fomentou o seu centro, criou novos e importantes acessos e infra-estruturas importantes como sejam por exemplo, modernas escolas adaptadas aos dias de hoje e o centro de saúde. O Estreito de Câmara de Lobos requalificou o seu centro de freguesia, foram criadas novas acessibilidades e tem um novo mercado que respeita a tradição e a memória
do
“velhinho”.
A
via
rápida
está
actualmente
em
construção.
O Jardim da Serra, continua a ser um lindo “Jardim na serra plantado” com melhores acessos e infra-estruturas públicas. A via expresso está em execução ligando esta freguesia ao Estreito de Câmara de Lobos. O Curral das Freiras tem novos acessos. Acabou-se com a desgastante estrada em serpente muitas vezes perigosa devido às pedras que “teimavam em cair”. O parque escolar é novo, e a escolaridade obrigatória é toda ministrada na freguesia. Sendo das
poucas freguesias da Madeira que não tem acesso nem se vislumbra o mar está em construção uma piscina para usufruto dos jovens e menos jovens da freguesia. Para concluir, gostaria de fazer duas notas finais. Primeiro, Câmara de Lobos e as suas gentes estão de parabéns. De parabéns, porque o Concelho mudou, desenvolveu-se e foram criadas as condições necessárias para uma vida melhor e de qualidade e isso deveu-se a todos os câmara-lobenses pela consciência e pelo
empenho
e determinação
que têm
na causa
pública.
E depois, é com grande satisfação que passados estes anos, constato com grande orgulho, que alguns dos meus companheiros de “ontem” são hoje eleitos locais, tendo merecido a confiança das populações, nomeadamente nas Assembleias Municipal e de Freguesia do nosso querido Concelho. Obrigado a todos e bem hajam pelo voto e pela confiança. Pedro Coelho Deputado pelo PSD à ALM Fonte: Jornal da Madeira, edição de 16-10-2010 http://impresso.jornaldamadeira.pt/noticia.php?Seccao=12&id=164970