CENT RO DE CONVI VÊNCI AI NT ERGERACI ONAL MAI ARADAVI DALI PRANDI NI ORI ENT ADORAT ÂNI AFI GUEI RABULHÕES 2018
CENTRO DE CONVIVÊNCIA INTERGERACIONAL MAIARA DAVID ALIPRANDINI 2018
Trabalho Final de Curso apresentado ao
Centro Universitário Moura Lacerda para cumprimento das exigências para obtenção do título Arquiteta e Urbanista, em 2018, sob orientação da Professora Tânia Maria Bulhões Figueira.
Aos meus exemplos de caráter: meus pais, avós, irmão e professores dedico este trabalho e agradeço pelo sacrifício, cuidado e carinho comigo.
Que saibam que minhas conquistas se deram através da base,
proteção e apoio que me proporcionaram, e que hoje,
minha sabedoria a vocês.
homenageio
RESUMO
O conteúdo deste trabalho consiste em compreender o con-
ceito de intergeracionalidade, definição nova no Brasil, porém conhecida e discutida em outros países a partir da criação de instituições que se utilizam dele para implementar equipamentos de suporte a atividades de parcelas populacionais de idades distintas entre si. A qualidade mais efetiva da questão intergeracional consiste em permitir a convivência entre indivíduos de diferentes idades – no caso específico deste trabalho, entre crianças e idosos – para
constituir espaços de experimentações amplas e que prezam pela problematização do cotidiano da vida a partir da troca de informações entre esses nichos populacionais distintos, propondo o estabelecimento de diálogos e, até mesmo, buscando enfatizar como o conflito pode vir a gerar experiências salutares a todos (de forma imediata ou ao longo de um processo).
Posto isto, pensa-se ser potente correlacionar a arquite-
tura e o que este conceito propõe, de modo a experimentar todo o potencial de situações compartilhadas por gerações diferentes e o que tal condição pode refletir em seus respectivos cotidianos.
Portanto, a partir desta temática será gerada uma proposta ar-
quitetônica de um centro de convivência com moradia temporária para idosos, inteirando também a participação ativa das crianças em seu programa de necessidades, sobretudo em atividades de ordem educativas e recreacionais – e, para tanto, entender como trabalhar a favor de ambos de forma paralela, através de, por exemplo, análise do funcionamento de creches, pré-escolas e Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI), a fim de compreender as necessidades de cada um destes extratos populacionais – principalmente físicas, motoras, psicológicas, sociais e culturais – permitindo o cotidiano em conjunto entre crianças e idosos e, por consequência, gerar experiências a partir desta convivência. Posteriormente, expor possíveis soluções para eventuais adversidades através do projeto.
SUM INTRODUÇÃO CAPÍTULO I - RELAÇÃO DO IDOSO COM A REALIDADE ATUAL E COM A ARQUITETURA
CAPÍTULO II - RELAÇÃO DA CRIANÇA COM A REALIDADE ATUAL E COM A ARQUITETURA
CAPÍTULO III - RELAÇÃO INTERGERACIONAL E ARQUITETURA
CAPÍTULO IV - REFERÊNCIAS PROJETUAIS Creche + Residência da Terceira Idade / a/LTA
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Lar de Idosos em Perafita / Grupo Iperforma
22
Creche e Escola Primária em Saint-Denis / Paul Le Quernec
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CAPÍTULO V - DADOS PARA IMPLANTAÇÃO DO PROJE-
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TO – RIBEIRÃO PRETO/SP
CAPÍTULO VI - LEVANTAMENTO MORFOLÓGICO E PERCEPTIVO
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Escolha da Área de Intervenção e Justificativa Situação Legal do Terreno
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Legislação Pertinente a Área
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Elaboração de Mapas de Levantamento
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ÁRIO 43
Mapa de Declividade e Hipsométrico
44
Mapa de Hierarquia Viária Funcional e Física
46
Mapa de Ocupação do Solo: Figura Fundo e Gabarito
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Mapa de Uso do Solo
48
Mapa de Equipamentos Urbano
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Mapa de Extrato Vegetativo
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Caracterização Física da Área de Intervenção
55
CAPÍTULO VII- ELABORAÇÃO DO PROGRAMA DE NECESSIDADES
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CAPÍTULO VIII- ELABORAÇÃO DE ESTUDO DE VIABILIDADE DO PROJETO
62
CAPÍTULO IX- PROJETO FINAL
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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BIBLIOGRAFIA
INTRODUÇÃO
A finalidade deste trabalho é a compreensão da relação intergera-
cional perante a arquitetura, isto é, de que maneira, duas diferentes gerações se comportam em um único ambiente. Objetiva-se entender como os idosos podem ter papel ativo neste processo, sobretudo a partir do fato de que eles podem transmitir seus valores, princípios e experiências aos mais jovens e, em contrapartida, estarão sujeitos a receber incentivos para desenvolvimento de sua autoestima (quando baixa), estímulos de ordem psicológica em geral – incluindo a ativação de sua capacidade intelectual – e desenvolvimento de seus reflexos e condições físicas. Além de garantir acolhimento às crianças que precisam usufruir deste tipo de equipamento e apoiá-las em sua evolução social e pedagógica.
Compreende-se através de levantamento de dados técnicos o
reconhecimento das necessidades, das potencialidades e das problemáticas da cidade de Ribeirão Preto/SP, para a instalação deste equipamento intergeracional e analisar determinados locais para esta implantação, considerando número de idosos e crianças de cada região e sua carência para justificar a pertinência de tal proposta e seu correlato programa de necessidades naquele local específico.
Posteriormente aos estudos e análises formuladas ao longo do tra-
balho, apresenta-se um projeto arquitetônico capaz de ser instalado na cidade de Ribeirão Preto/SP, atendendo ao objetivo geral e aos específicos apresentados, conforme necessidades particulares deste município.
O interesse para o desenvolvimento deste trabalho acontece a partir
do reconhecimento da falta de oferta de políticas públicas realmen-
te efetivas pensadas para o cuidado dos idosos – sobretudo daqueles que não tem condições financeiras, não possuem parentes/responsáveis próximos ou, em casos extremos, são destinados a moradias/casas de repouso por algum fator peculiar – e para o devido suporte educacional e recreacional das gerações mais jovens da sociedade brasileira atual.
Agrava-se ainda mais o problema identificado, quando ana-
lisado o comportamento recorrente de adultos que compõem os variados perfis de famílias brasileiras tendo em vista o tempo dis-
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pendido com atividades de trabalho e a pouca atenção que conseguem voltar para atividades domiciliares, principalmente em termos de atenção, cuidado e suporte às gerações idosa e infantil.
Paralelamente a esta situação, os avanços na área da saúde e
a implementação de sistema de prevenção a doenças, por exemplo, gerou um aumento na expectativa de vida da população que, atualmente, possui os seguintes valores segundo o Censo do ano de 2016 do IBGE: 79,4 anos de idade para mulheres e 72,2 anos de idade para homens. Assim sendo, o aumento gradativo do número de idosos constitui um quadro que merece particular atenção.
Mesmo tendo identificado a diminuição gradativa das taxas de
fecundidade e, por consequência, de natalidade na sociedade brasileira atual, sabe-se que muitos dos casais que pretendem gerar ou adotar filhos necessitam de suporte à criação destes, sobretudo pelo fato de trabalharem geralmente em âmbito externo ao da residência que habitam e terem períodos de licença paternidade/maternidade extremamente ou relativamente reduzidos – no caso dos indivíduos do gênero masculino, em geral, 5 dias corridos e, no caso de pessoas do gênero feminino, em geral, de 4 a 6 meses.
Por esta razão, a importância dada a estas frações da população
deve ser concretizada com programas e projetos vinculados para suas especificidades cotidianas, trazendo a intenção do presente trabalho de dialogar com tais necessidades e propor uma única arquitetura de qualidade a ambos. Sabe-se, entretanto que a realidade brasileira atual, ainda interpela barreiras burocráticas a este sistema, visto que no Brasil as instituições determinadas a zelar pela qualidade educacional e recreacional de bebês e crianças e as ligadas ao cotidiano ativo dos idosos não se encontram propostas em um mesmo edifício e o conceito de intergeracionalidade ainda não tem respaldo técnico de grande ênfase na realidade nacional. No entanto, algumas experiências pontuais vem sendo estudadas e im-
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plementadas, principalmente, em âmbito acadêmico nacional e servirão de base para a proposição da edificação que aqui se pretende elaborar.
Segundo a OMS (2015, não paginado), recomenda-se uma aten-
ção ao envelhecimento humano e coloca-se como meta prosperar e construir um mundo favorável aos idosos. O mesmo é proposto ao cotidiano das crianças e, para isso, as universidades públicas e privadas e, no caso específico deste trabalho, dentro do âmbito dos cursos de Ar-
quitetura e Urbanismo do Brasil devem se desenvolver estudos teóricos e técnicos discutindo o caráter do envelhecimento e a postura para com crianças de idades reduzidas em nosso país, com o objetivo de conscientizar os estudantes, futuros arquitetos e urbanistas, docentes e profissionais desta área em particular a atuarem mais enfaticamente junto a estas temáticas e, se possível, de forma a explorar novos horizontes (como o conceito de intergeracionalidade) de áreas do conhecimento distintas e que elevam potencialmente a (no caso dos indivíduos do gênero masculino) qualidade de vida destes extratos populacionais.
Para organização do conteúdo, construíram-se procedimentos me-
todológicos ao longo do presente trabalho. Estes se concretizam da seguinte maneira: sistematização e escrita de uma fundamentação teórica realizada através de leitura e análise de bibliografias relevantes sobre o tema (intergeracionalidade) e realização de pesquisas de campo (tais como entrevistas) sobre a relação do idoso e da criança na realidade atual e como cada uma destas gerações lida com a arquitetura a cada uma delas direcionada.
Inicialmente, de forma isolada, especificaram-se quais as de-
mandas e solicitações de cada geração quanto a um equipamento de suporte as suas atividades; e, posteriormente, discutiu-se a importância da intergeracionalidade dada, por exemplo, através da arquitetura e suas propostas para abrigar programas institucionais distintos e direcionados a cada uma destas gerações em uma mesma edificação.
Após a fundamentação teórica, realizaram-se leituras projetuais
úteis para fornecer subsídios para o presente projeto arquitetônico; e na sequência foi realizada análise da cidade de intervenção a fim de escolher uma área que justificasse, em termos de real necessidade do local, a implementação de um equipamento desta qualidade. Assim, foi feito levan-
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tamento de dados físicos, morfológicos e perceptivos do entorno imediato ao local de implantação da proposta, a fim de destacar problemáticas que poderão vir a ser solucionadas ou mitigadas pelo presente trabalho e potencialidades que poderão vir a ser utilizadas em benefício do projeto.
Quanto ao processo de projeto propriamente dito, primeiramente, che-
garemos a um estudo de viabilidade e que, posteriormente, será desenvolvido de maneira a estruturar um estudo preliminar e um anteprojeto a serem apresentados em bancas de avaliação da disciplina subsequente a esta.
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CAPÍTULO I RELAÇÃO DO IDOSO COM A REALIDADE ATUAL E COM A ARQUITETURA
As
pessoas,
individualmente
e
coletivamente,
anseiam
por envelhecer de uma forma confortável, e isto, ainda parece ser um dado insuficiente para o sistema público antevir e intervir na insuficiência de cuidados necessários oferecidos para o idoso brasileiro, segundo dados apresentados a seguir.
A partir dos 60 anos de idade, o indivíduo é reconheci-
do como idoso no Brasil. “No mundo, uma em cada nove pessoas tem 60 anos ou mais, com o crescimento estimado para uma em cada cinco em 2050” (UNFPA, 2012, não paginado).
Segundo o Censo Demográfico de 2010 aferido pelo Instituto Bra-
sileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010, não paginado), 10,8% da população brasileira é formada por pessoas acima de 60 anos, portanto, consideradas idosas. Já um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), em 2011, mostra que 71% dos municípios brasileiros não possuem instituições públicas para abrigo, realização de atividades cotidianas e cuidados para com a saúde dos idosos, ou seja, o Brasil possui mais de 20 milhões de ido-
sos e oferece apenas 218 casas de repousos efetivamente públicas, sendo que destas apenas uma instituição é diretamente mantida pelo governo federal, localizada na cidade do Rio de Janeiro.
É notória, portanto, a falta de investimento e de direcionamento de
políticas efetivas para o cuidado da população idosa no país, sobretudo, por parte do poder público – seja este municipal, estadual ou federal –, apesar do crescimento do número de idosos que se identifica no Brasil.
O Estatuto do Idoso, promulgado pela Lei nº10.741/2003, diz que a
responsabilidade da atenção dispendida aos idosos é da família, do Estado e da sociedade civil como um todo. Sabe-se, paralelamente, que as relações familiares vêm se alterando, o que acarreta na dificuldade da
família de dedicar-se à população de idade avançada no cotidiano privado da casa. Também é sabido que um processo de abandono permeia a realidade de muitos idosos, tendo em vista questões de cunho particular, problemas de ordem psicológica dos envolvidos ou mesmo
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questões financeiras limites. Nesse sentido, o Estado tem o dever de cuidar e zelar pela segurança e bem-estar dos idosos, direito que é salvaguardado pela Constituição Federal; e a sociedade civil tem como compromisso acolher os indivíduos mais velhos, além de cobrar do poder público maior atenção e cuidado para garantir os direitos a esta classe direcionados.
Tendo este sucinto panorama em vista, é importante salientar que
áreas científicas como a da Arquitetura e a do Urbanismo devem
dialogar com tal realidade a fim de incluir em sua agenda soluções que ultrapassem a adaptação de espaços arquitetônicos e urbanos ao cotidiano de estratos populacionais específicos – como a população idosa ou, até mesmo, deficientes com capacidade motora nula ou reduzida – mas que o desenho, desde sua primeira instância, já se pense universal, isto é, direcionado a todos sem a necessidade de adaptações subsequentes. Nesse sentido, salienta-se a relevância de estudos como o da chamada arquitetura universal.
Na maioria das edificações ainda se recorre às soluções arquitetônicas tidas como padrão e que não necessariamente atendem a todos os usuários possíveis, como, por exemplo,
longos corredores sem a devida iluminação, ventilação e largura para locomover cadeiras de rodas ou andadores (ou, ainda, outros equipamentos de suporte à locomoção humana); acessos principais dos edifícios que geralmente recorrem a escadas para se chegar a pavimentos subsequentes; a segregação de espaços na moradia projetada de forma tradicional – que destina uma função específica a cada ambiente interior da casa, tornando-a estanque; a existência de áreas de higiene pessoal com dimensões mínimas e, muitas vezes, uma disposição de mobiliário que dificulta ou inviabiliza sua melhor utilização; a ausência de rampas como alternativas de acessos, tornando os edifícios reféns da energia elétrica (pela alocação de elevadores ou plataformas
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elevatórias); a ausência de pisos táteis que otimizam deslocamentos de pessoas com potencial de visão parcialmente ou totalmente reduzido; dentre outras. Isto é, diversas soluções corriqueiras e de repertório
Crianças de até 04 anos
Idosos com 60 anos ou mais
Milhões de Pessoas
Milhões de Pessoas
F1. Crianças de até 04 anos e Idosos com 60 anos ou mais existentes no Brasil - Fonte: IBGE
imediato que se tornam inconvenientes quando o usuário não apresenta perfeitas condições físicas, e que tendem a excluir de seu cotidiano este usuário com condições ditas peculiares, tais como os idosos. Acredita-se que são nestes detalhes que se deve depositar maior atenção para modificar e incluir o estrato populacional idoso ao ambiente construído e, assim, os cursos de Arquitetura e Urbanis-
mo tornam-se indispensáveis na formação de profissionais capacitados para criar novas alternativas de planejamento urbano e de desenho de edificações que respeitem o envelhecimento natural do cidadão bem como sua autonomia e promova, através de seus projetos, a inclusão social. Estas preocupações tiveram reconhecimentos perceptíveis, no Brasil, desde o ano de 1985, com a criação da norma denominada NBR 9050, a qual trata das questões de acessibilidade a edificações, mobiliário, de espaços e equipamentos urbanos. A primeira revisão de tal normativa, em 2004, incluiu em seu escopo as especificidades dos idosos, das gestantes e de pessoas consideradas com sobrepeso ou obesos, reforçando o conceito de que o desenho universal tratava de todo e qualquer cidadão, não apenas do deficiente físico (como o cadeirante). Recentemente, em 2015, nova revisão desta norma estabeleceu critérios mais precisos para o projeto de edificações de uso coletivo (sejam estas privadas ou públicas). Em 2005, com o programa Brasil Acessível, a inclusão a partir da arquitetura inclusiva e do desenho universal se tornou obrigatória e permitiu, desde então, que ocorram fiscalizações mais contundente na produção de obras de uso coletivo através das ações do Ministério das Cidades. Portanto, percebe-se que são recentes a obrigatoriedade e o reconhe-
cimento da lei a respeito de indivíduos com alguma particularidade, dificuldade de locomoção, deficiência propriamente dita, entre outros; o que ressalta a necessária implementação de projetos que considerem o todo da população (incluindo a de idade mais avançada).
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CAPITULO II RELAÇÃO DA CRIANÇA COM A REALIDADE ATUAL E COM A ARQUITETURA
No Brasil, pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), e
conforme a Lei nº 8.069/1990, considera-se criança, o indiví-
duo que tem até 12 anos de idade completos. Por esta normativa, reforça-se ainda a garantia dos direitos protegidos pelo ECA, e ressalta-se que é dever da família, do Estado e da sociedade, preservar sua integridade física, psicológica, intelectual e social. Segundo a lei, atualizada, nº 13.306/2016, a denominada educação infantil se limita à faixa etária de 0 a 5 anos de idade, ou seja, crianças dentro deste contexto devem ter direito de atendimento em estabelecimentos como creches ou pré-escolas.
Direito esse que deveria ser assegurado pelo Estado, conforme
artigo 208 da Constituição Federal e que enfrenta uma série de obstáculos como demonstra o estudo realizado pela fundação ABRINQ (2012) denominado “Desafios na Infância e na Adolescência no Brasil: Análise Situacional nos 26 Estados Brasileiros e no Distrito Federal”, pelo qual se indica que as creches no país atendem a apenas
22,53% das crianças de 0 a 3 anos; ou, ainda, como indicam os dados do Censo Demográfico de 2010 (IBGE) que mostram que apenas 23,5% das crianças de até 3 anos frequentam creches no país, isto é, demonstram que não foi alcançado nem metade do previsto pelo Plano Nacional de Educação (PNE) de 2001, o qual pretendia alcançar a cota de 50% de crianças do país atendidas em equipamentos escolares até o ano de 2010. Pelos dados expostos, observa-se um panorama que indigna a população pela falta de creches (e de equipamentos escolares em geral) e, mais enfaticamente, de políticas públicas educacionais realmente efetivas (existentes ou em aplicação) no Brasil.
O desenvolvimento de um indivíduo que tenha experenciado e vivenciado em uma creche a longo prazo – e se
gundo professores e pedagogos das Escolas Municipais de Educação Infantil (EMEI) que divulgaram uma nota técnica pelo Ministério da
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Educação e Cultura (MEC), em 2011 – diferencia-se daqueles que
não participaram deste programa na fase infantil de suas vi-
das, visto que a evolução da autonomia, da interação social e da rapidez na aprendizagem é maior para os que tiveram essa oportunidade. A nota esclarece que a criança que frequentou o ensino infantil, como a creche, dispõe de um terço a mais de possibilidades de concluir o ensino médio. Em síntese, a creche possui a capacidade
de oferecer um progresso especial à criança em termos de desenvolvimento intelectual e interação social ao longo de sua vida.
O censo divulgado pelo MEC, em 2015, expõe que 76,3% das
creches estão localizadas na área urbana do país e indicam, ainda, que 40,7% do total destas instituições são privadas. Os resultados mostram também que com a quantidade atual de creches no Brasil, este número não é capaz de comportar todas as crianças que deveriam ser matriculadas nesta qualidade de equipamento. Paralelamente ao que foi exposto, sabe-se que foi aprovada a Lei nº13.005/2014 sobre o Plano Nacional de Educação (PNE), a qual apresenta um objetivo principal, que trata, justamente, de aumentar significativamente o número de creches para atender no mínimo 50% das crianças brasileiras de 0 a 3 anos até o ano de 2024.
Para a creche atingir objetivos de somar qualidade à vida infantil,
existem deveres e obrigações que este programa deve cumprir, como seu papel educacional e de assistência social, posto que na opinião de psicólogos, ou no caso da psicanalista e doutora em Psicologia Clínica, Isabel Kahn Marin, que participou de um dos debates da 1ª Semana de Valorização da Primeira Infância e Cultura da Paz, a creche deve acolher não só a criança, mas também sua família, para compreender o universo em que o pequeno indivíduo vive, completando assim sua função social.
O ambiente projetado com o funcionamento de creche deve-se
harmonizar com a metodologia pedagógica utilizada. O espaço acolhe crianças durante horas, dias, semanas, meses e até anos e, portanto, deve estar compatibilizado com atividades necessárias para o perfeito desenvolvimento da infância, oferecendo materiais, objetos, mobiliários, superfícies e espaços necessários ao exímio desenvolvimento de
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Percentual da população de 0 a 3 anos que frequenta a creche
Meta:50%
23,2% Brasil F2. Percentual da população de 0 a 3 anos que frequenta a creche - Fonte: IBGE/Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (PNAD) 2013
seus usuários. Dentro da sala de aula, desde as paredes até
o teto, incluindo pisos e mobiliários, devem ser pensados para ofertas formas, cores e texturas que permitam a interação da criança para com eles a fim de incitar sua criatividades e o aprendizado de questões técnicas e artísticas a partir de exercícios múltiplos que se vinculem a estratégias e atividades como desenhar, pintar, martelar, criar, expor, apagar; com cores pensadas para estimular psicologicamente a criação e até com objetos tecnológicos para a criança relacionar-se, já que esta e a futura geração são compatíveis com o avanço da tecnologia e tais avanços tecnológicos apresentam muitos benefícios quando utilizados com objetivos pedagógicos e horários determinados, já que é de extrema importância apresentar uma rotina com horários determinados para o crescimento responsável de uma criança. Percebe-se que a arquitetura apresenta capacidade de su-
prir algumas das necessidades de aprendizado das crianças nesta fase inicial da vida, sobretudo as ligadas a questão espacial, através da criação de espaços destinados a atividades múltiplas, sendo capaz de propor, por exemplo, ambientes flexíveis e cuja apropriação dos usuários permite sua alteração e, por consequência, instiga a evolução intelectual daqueles que se utilizam de tais espacialidades geradas. Assim, ora uma sala de aula possa estar naturalmente iluminada em horários de aprendizados e disposta de mobiliários e objetos para o conhecimento e, em outro momento, absorve a capacidade de modificar sua composição para atender, por exemplo, a hora do descanso. Ainda para contemplar a função social da creche que se quer projetar, pretende-se propor um espaço que seja uma espécie de extensão do lar e que, por conseguinte, agregue em si sensações da casa e da família, ou seja, um ambiente voltado ao desenvolvimento intelectual, artístico, cultural e social infantil que seja anexado ao pro-
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grama de um equipamento de apoio à idosos e que pela interação de ambos os nichos populacionais identificados oferte experiencias distintas a ambos e, quiçá, enriquecedoras para estas gerações.
CAPÍTULO III RELAÇÃO INTERGERACIONAL E ARQUITETURA
O entendimento da expressão relação “intergeracional” se dá
quando decompomos esta palavra em duas outras: “inter + geração”; ou seja, a relação que se estabelece entre diferentes gerações.
Existem distintas teorias que explicam o conceito de geração,
uma das mais antigas, de Ortega y Gasset (não paginado) afirma que “a geração é um compromisso dinâmico entre massa e indivíduo, é o conceito mais importante da história, e, por assim dizer, o vértice sobre o qual esta realiza seus movimentos”. Com isso, aponta-se para o fato de que não são, necessariamente, teorias ideológicas que determinam a existência de uma dada geração, porque em um mesmo meio social existem diferentes ideias e pensamentos; assim, o que compõe uma geração são os diversos grupos sociais existentes na sociedade a qual ela pertence e a cultura em que estão inseridos, compartilhando, então, as mesmas características.
Dirceu Nogueira Magalhães (2000, 37), sociólogo, considera as-
sim o conceito de geração: As gerações são mais que cortes demográficos. Envolvem segmentos sociais que comportam relações familiares, relações entre amigos e colegas de trabalho, entre vizinhos, entre grupos de esportes, artes, cultura e agremiações científicas. Implicam estilos de vida, modos de ser, saber e fazer, valores, ideias, padrões de comportamento, graus de absorção científica e tecnológica. Comporta memória, ciência, lendas, tabus, mitos, totens, referências religiosas e civis. (Gênese das teorizações sobre a juventude de Elizeu de Oliveira Chaves Júnior, 2000, página 37). Postas estas definições, pode-se afirmar que a relação intergeracional, então, se dá pela reciprocidade de trocas de infor-
mações sociais, culturais e históricas entre duas diferentes gerações, no caso deste trabalho, entre crianças e idosos.
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Em 2017, discutiu-se sobre a relação intergeracional em um evento nomeado “Diálogos” realizado pela Pontifícia Universidade Católica (PUC), com o título de “Laços Intergeracionais e Sociedade”, em São Paulo e, segundo o psicólogo José Carlos Ferrigno, o vínculo entre as gerações estão enfraquecendo cada vez mais pelas atividades diárias, pelos costumes e interesses diferentes, mesmo que estas gerações, muitas vezes, estejam convivendo em um mesmo local. Outra profissional, Rita de Cássia Monteiro de Lima Siqueira, psicóloga e técnica da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), destacou as implantações que estão acontecendo de Centros de Convivência Intergeracionais (CCInter) no município de São Paulo, programas estes conduzidos para fortalecer relações de indivíduos de diferentes idades, incentivando ainda as relações familiares dentro das casas brasileiras e impulsionando a positividade desta modalidade de equipamento institucional na vida de seus usuários. Segundo ela, estes centros de convivências são: “(...) uma forma de intervenção social planejada, que cria situações desafiadoras, estimula e orienta os usuários na construção e reconstrução de suas histórias e vivências individuais e coletivas, na família e no território de modo a ampliar trocas culturais e de vivência, desenvolver o sentimento de pertença e de identidade, fortalecer vínculos familiares e incentivar a socialização e a convivência comunitária”. (Siqueira, Rita de Cássia Monteiro de Lima, 2017, não paginado) Neste momento, discute-se então as adversidades da busca da construção da relação intergeracional. Esta pode ser dificultada pela
segregação, subdivisão e controle impostos pela sociedade, já que há presença de individualismo e indiferença perante a outra geração. A partir da identificação de uma espécie de distanciamento entre duas gerações de idades tão dispares entre si, observa-se que esta situação é uma das dificuldades para que o equipamento e o
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vínculo intergeracional venha a efetivamente acontecer. O preconceito
imposto pela geração mais jovem de que os mais velhos são
conservadores, repetitivos e pedantes; e o padrão colocado pela maioria dos idosos – maioria porque entende-se que existem idosos com diferente opinião – de que a cultura atual se dá pela vulgaridade e
de que não existe o devido respeito ou hierarquia entre os mais jovens para com eles, somam o desafio que a relação intergeracional deve tentar superar. Esta aproximação entre pessoas com diferentes faixas etárias acontece quando há solidariedade, compreensão, cumplicidade e coletividade entre as duas partes. O jovem enriquece seu desenvolvimento social e cultural através desta interação, conhecendo visões diferentes sobre assuntos variados, por exemplo, e o idoso atualiza-se através de experiências cotidianas, valorizando sua autoestima e superando um possível isolamento que poderia vir a constituir em relação à realidade atual.
O
ambiente
onde
tais
trocas
acontecem
deve
incentivar
esta relação entre gerações. Fundamental que, no caso, o Centro
de
Convivência
Intergeracional
disponibilize
espaços
proje-
tados para acolher esta interação, sendo amplo e flexível, externo ou interno, para conectar idosos, crianças e arquitetura.
Através de uma pesquisa de campo feita por entrevista ex-
tra-oficial à responsável técnica pelo Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) em Ribeirão Preto/SP, Eliane Vecchi Pereira, constatou-se informações sobre a dificuldade burocrática de realizar qualquer tipo de projeto que tenha como objetivo a interação entre idosos e crianças. Pereira (2018) explicou que a comunicação entre as duas vertentes responsáveis pelos idosos e crianças no Brasil é dificultada pelas barreiras administrativas, prejudicando o prosseguimento de qualquer projeto que busque essa identidade.
fez-se essencial a apresentação e divulgação de projetos internacionais com características em comum (que tragam a inter
Depois de reconhecida esta informação,
geracionalidade como destaque) e que demonstram resultados positivos desta interação de modo a constituir possíveis exemplos a implementação deste tipo de equipamento na realidade nacional.
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CAPÍTULO IV REFERÊNCIAS PROJETUAIS
Creche + Residência da Terceira Idade / a/LTA RELEVÂNCIA PROJETUAL:
Fez-se
jetual
pelo
uso
deste
programa
projeto ser
para
primeira
correspondente
referência
ao
tema
pro-
propos-
to pelo trabalho, a saber: equipamento com usos intergeracionais. Este rentes tindo
apresenta idades a
determinados e
áreas
de
intergeracionalidade,
espaços
destinados
convivência objetivo
do
às
comunitária, presente
difegaran-
trabalho.
F3/F4. Perspectiva a partir do exterior do edifício.
1.FICHA TÉCNICA: Arquitetos: a/LTA
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Localização: Nantes, França Área: 5000.0 m² Ano do projeto: 2012
2. O LUGAR: RELAÇÃO DO OBJETO COM O ENTORNO 2.1. Situação 2.2. Relação do Projeto como contexto imediato 2.2. A edificação encontra-se em meio a um bairro com construções antigas e articula-se com estas através das cores predominantes da fachada,
do ritmo dado pelas aberturas e por seguir o gabarito do entorno. Edifício Estudado Entorno
2.1
2.2
F5/F6. Perspectiva da situação do projeto
F7. Perspectiva a partir do exterior do edifício.
No entanto, há um destaque de sua volumetria perante à re-
lação com a rua Cure de Notre Dame, percebido pela profundi-
dade e transparência da face de acesso principal do edifício.
O prédio reflete a imagem, quase como um espelho, de seu vi-
zinho compondo-se de faixas horizontais e janelas retangulares, com as paletas de cores similares às das adjacências. Sua volumetria, porém, se diferencia dos demais pelas sobreposições de planos verticais e recuos destes que não conformam uma fachada homogênea.
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3. VOLUMETRIA 3.1. Composição plástica e formal da intervenção
Faixas horizontais compõem a fachada com janelas em vidro
transparente e caixilhos pretos possibilitando a relação contínua de interior e exterior. Por mais que não haja permeabilidade física dos pavimento superiores com a rua, há contínua permeabilidade visual.
Linhas verticais complementam a horizontalidade transparente do
prédio, ora permitindo maior exposição das janelas, ora menor. Além de garantir as sobreposições e recuos analisados anteriormente, com intenção de criar espaços de permanência, como mostram as fotos F9/11.
F8. Perspectiva interna da creche
F10. Perspectiva a partir da Rua Cure de Notre Dame
F9. Perspectiva interna da área de permanência e contemplação do projeto
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F11. Perspectiva interna da área de permanência e contemplação
4. SISTEMA CONSTRUTIVO 4.1. Sistema Estrutural 4.2. Materiais 4.1. A solução para a estrutura do projeto se dá seguindo sua composição volumétrica de fitas verticais e faixas horizontais, através respectivamente de pilares e vigas metálicas, reforçando as linhas retas e contínuas da obra. Destacam-se,
em
cinza,
os
pilares
reconhecidos
em
cor-
te e foto; em vermelho, as vigas metálicas; e, em verde, a caixa de circulação vertical que também participa do sistema estrutural. 4.2. Já os principais materiais utilizados são vidro transparente para as aberturas, caixilhos, vigas e pilares metálicos e alvenaria
para
constituição
de
vedações
(internas
e
externas).
F13. Corte AA
5. A INTERVENÇÃO 5.1. Programa e distribuição espacial F12. Perspectiva a partir da Rua Cure de Notre Dame
5.2. Acessos e eixos de circulação
5.1. Com cinco pavimentos, o projeto resolve a distribuição do pro-
grama intergeracional verticalmente, ou seja, cada pavimento recebe atividades relacionadas a um público específico com idades diferentes entre si ou a ambos os públicos (idosos e crianças). Pela facilidade de acesso, o térreo disponibiliza quartos para permanência e descanso dos idosos, além de contar com áreas de serviços e administração, a fim de receber pessoas sem a necessidade de percorrer todo o prédio. O primeiro pavimento atende às necessidades de intera-
17
ção entre crianças e idosos com áreas livres para a socialização
de ambas as gerações e se localiza entre os dois pavimentos direcionados exclusivamente aos idosos (a saber: térreo e 2º pavimento.
O último pavimento acolhe as crianças, pela fácil locomoção vertical
destas, além de abrigar espaço para serviços e administração também, a fim de controlar a creche e suas atividades específicas, incluindo intercorrências.
F14. Diagrama do programa e organização interna do projeto
5.2. O acesso principal (número 1 mostrado na F15) dado pela rua Cure Notre Dame possibilita idosos, crianças e funcionários a entrarem ao prédio; e seus eixos de circulação externos, no térreo, se coincidem pela fluidez da distribuição espacial.
Os acessos se diferenciam apenas para os idosos e funcioná-
rios (números 2 e 3, também mostrados na F15), facilitando a circulação no interior do projeto (e a sua destinação a determinado programa).
A circulação horizontal define-se em longos eixos, o que para
idosos não é favorável, porém soluciona-se internamente com co-
18
res direcionando o público-alvo a cada um de seus espaços; e a circulação vertical é distribuída em três pontos estratégicos para compor a estrutura do prédio e atender às dimensões mínimas de acesso.
F15. Planta Térreo S/E
F16. Planta 1 Pav S/E
F17. Planta 2 Pav S/E
F18. Planta 3 Pav S/E
19 F19. Corte AA
A elevação da fachada sul, voltada para Rua Cure de No-
tre Dame, apresenta aberturas que convidam o pedestre a observar e interagir com o prédio a partir da transparência e profundidade dada pelos rasgos contínuos, além do posicionamento
repetido das aberturas “espelharem” as construções vizinhas.
F20. Perspectiva a partir da Fachada Sul
F21. Elevação Fachada Sul
F22. Perspectiva a partir da Fachada Norte
F23. Elevação Fachada Norte
Na fachada norte o oposto acontece, as aberturas e seu posi-
cionamento não revelam a interação com o entorno de forma rítmica, mas sim com quebras e contraste, já que deste lado a intensidade da presença dos vizinhos é menor. Ocorre também maior gene-
20
rosidade na dimensão dos vãos deste lado, já que os países do hemisfério norte (no caso, a França) valorizam a máxima incidência solar para conter uma agradável temperatura para os usuários do edifício.
6. RELEVÂNCIAS E CONCLUSÃO
Conclui-se que a essência da horizontalidade deste projeto percor-
reu desde a fachada até a circulação interna, provocando uma dificulda-
de na locomoção para os usuários mais velhos, até mesmo para reconhecer o local. A solução foi, então, utilizar diferentes cores com diferentes propósitos, para assim facilitar o deslocamento interno dos usuários.
F24/F25. Perspectiva interna do projeto mostrando a circulação interna
F26. Perspectiva interna do projeto mostrando a creche internamente com a disposição dos mobiliários
F27. Perspectiva interna do projeto mostrando a sala de enfermagem do projeto
Entretanto, criam-se importantes áreas de permanências, para en-
riquecimento do cotidiano do idoso e da criança, mediante utilização de recuos de determinadas áreas da fachada, que geram espaços como sacadas/terraços sombreados com brises que permitem entrada do sol, mas a controlam – o que é essencial para a saúde dos usuários.
Sendo assim, o projeto tem sua relevância destacada pela ho-
rizontalidade que conecta sua massa volumétrica ao entorno, mesmo o edifício sendo verticalizado (5 pavimentos). E por ora isolar os usuários de diferentes idades conforme suas necessidades e ora os integrar em áreas destinadas a esta interação. Referência Bibliográfica: “Creche + Residência da Terceira Idade / a/LTA” [Seniors’ Residence + Nursery / a/LTA] 15 Jan 2014. ArchDaily Brasil. (Trad. Delaqua, Victor) Acessado 7 Abr 2018. <https://www.archdaily.com.br/168455/creche-plus-residencia-da-terceira-idade-slash-a-slash-lta> ISSN 0719-8906
21
Lar de Idosos em Perafita / Grupo Iperforma RELEVÂNCIA PROJETUAL:
Para compreensão do funcionamento de um programa arquite-
tônico destinado exclusivamente aos idosos, complementa-se o entendimento do conceito intergeracional (tema do trabalho proposto), com a leitura projetual deste Lar de Idosos em Perafita. Há dificuldade
de encontrar projetos específicos para usuários com idades avançadas no Brasil, portanto, a escolha deste dá-se pela horizontalidade do edifício semelhante a referência projetual anterior (Creche + Residência da Terceira Idade / a/LTA) e disponibilidade de peças gráficas.
1.FICHA TÉCNICA:
F28. Perspectiva Externa do projeto
Arquitetos: Grupo Iperforma Localização: Largo da Igreja,Perafita, Portugal Área: 3515.0 m2. 2. O LUGAR: RELAÇÃO DO OBJETO COM O ENTORNO: 2.1. Situação; 2.2. Visão serial; 2.3. Relação do projeto com o contexto imediato O edifício está instalado no Centro Social e Paroquial Padre Ângelo Ferreira Pinto, próximo à igreja local. O gabarito da edificação acom-
panha a altura média das construções do entorno. Enquanto per-
22
corre-se pelas adjacências do projeto, a paisagem modifica-se a cada parada; abre-se e amplia-se a visão do observador, visto na F30, e de re-
pente fecha-se com a presença de barreiras físicas, como mostra a F32, mas sempre a edificação se mostra próxima e tangível. Esta inconstância se dá a todo redor do projeto e torna-se distante (visto em F31), como se emoldurasse o edifício. Se destaca pela implantação de volumes maciços (grandes) perante aos pequenos lotes instalados no entorno.
F30. Perspectiva Serial 1 – Imagem Google Maps/2018
F29. Implantação com vistas seriais e perspectivas
F31. Perspectiva Serial 2 – Imagem Google Maps/2018
3. VOLUMETRIA 3.1. Composição plástica e formal da intervenção 3.2. Sistema de fechamentos [vedações] 3.3. Sistema de aberturas [portas e janelas]
F32. Perspectiva Serial 1 – Imagem Google Maps/2018
3.1. A solução volumétrica para o projeto foi dada através da horizontalidade, linhas retas e a prevalência da simetria (observada na F28). A permeabilidade disponibilizada pelos
pilotis espelha-se com o pavimento superior mediante às grandes e transparentes aberturas e opõe-se ao último pavimento graças a sua opacidade e menores vãos translúcidos. O projeto é composto por dois edifícios inter-
23
F33. Perspectiva Total 4 – Imagem Google Maps/2018
ligados por intermédio a uma passarela (F35) de corpo metálico e envidraçado capaz de proporcionar a visão panorâmica da edificação. 3.2./3.3. Os locais das aberturas e fechamentos são determinados pelo programa e distribuição interna do prédio de forma
rítmica,
bilidade
sistematizada
dada
a
grande
e
simétrica,
presença
de
priorizando materiais
a
permea-
transparentes
utilizados nas aberturas e a livre circulação proporcionada pelos pilotis.
F34. Perspectiva Externa do projeto
F35. Perspectiva Externa do projeto
24
F36.Perspectiva Interna do projeto
F37. Implantação S/E do projeto
Apesar do terreno ser irregular, o conceito de linhas retas, verticais e horizontais estende-se desde a implantação até
o interior do edifício (como mostram F36 e F37). As elevações revelam a simetria buscada a partir das aberturas, ao contrário da edificação que compõe-se conforme o terreno, tornando-se não-simétrica.
Embora Portugal (onde o projeto foi implantado) fique no hemisfério
norte e os arquitetos busquem a fachada sul para instalação das maiores aberturas, procurando maior conforto térmico a partir da incidência dos raios solares, neste caso, a implantação do edifício não foi fiel a este conceito.
F38.Elevação 1
F39.Elevação 2
F40.Elevação 1
4. SISTEMA CONSTRUTIVO 4.1. Sistema Estrutural 4.2. Materiais 4.1. A estrutura do projeto é resolvida a partir de lajes, vigas, pilares ou pilotis de concreto, como mostram F40, garantindo a
horizontalidade do edifício e permeabilidade, respectivamente, dado que a independência deste sistema garante plantas livres. 4.2. O sistema estrutural compõe-se de concreto armado, as vedações em alvenaria e as aberturas em vidro e caixilhos metálicos.
25
5. A INTERVENÇÃO 5.1. Programa e distribuição espacial 5.2. Acessos e eixos de circulação 5.1. A distribuição e solução espacial do programa foi projetada para oferecer a independência de locomoção necessária para os usuários, ou seja, em cada pavimento encontra-se uma funcionalidade diferente; no térreo concentra-se os espaços sociais como a recepção, área administrativa, lavanderia e áreas de convivência, além do espaço de integração criado pela elevação através dos pilotis; enquanto no pavimento superior se diluem os quartos (duplos ou individuais). O projeto consiste em buscar uma semelhança com a residência, respeitando a legislação de acessibilidade para idosos. Esta busca proporciona diversos espaços que estimulam a longa permanência e permitem várias atividades ao mesmo tempo.
F41.Planta Térreo S/E
F42.Planta Primeiro Pavimento S/E
5.2. O único acesso ao térreo é também o principal do edifício, fluindo e encontrando-se na circulação horizontal os usuários do prédio. Para o nível
26
superior, projetam-se dois acessos por escadas localizadas no térreo nos extremos da edificação, facilitando e articulando-se melhor os acessos e a circulação, apesar do uso de escada não ser aconselhável aos idosos.
F43.Corte S/E Circulação Vertical Circulação Horizontal Idosos Adm/Serviços
6. RELEVÂNCIAS E CONCLUSÃO Conforme as imagens apresentadas a seguir, as cores foram determinadas conforme o espaço e o tempo de estadia que oferece, ou seja, para
áreas de longa permanência opta-se por cores neutras, com cores utilizadas pontualmente para continuidade dos espaços de curta estadia (banheiros e corredores) que utilizam-se de cores e volumes marcados.
Em síntese, a relevância destacada neste projeto é a permeabili-
dade ocasionada pela suspensão do edifício mediante ao uso dos pilotis, tendo como consequência um grande espaço que pode ser utilizado como estacionamento, resguardo para atividades em dias de chuva, ou ainda para a interação entre os usuários e visitantes através de diversas atividades como exercícios físicos, danças, festas, gincanas, entre outros.
Ênfase também para o uso de cores pontuais em espaços de longa
permanência, revelando o cuidado do autor do projeto perante ao conforto
27
físico e psicológico do indivíduo no local, e a maior presença de cor em áreas de curta estadia direcionando aos respectivos destinos (como mostra na F51).
As
linhas
retas
sinalizam
a
essência
da
horizontalida-
de do edifício e faz-se fluir a continuidade da arquitetura.
A circulação horizontal dada por longos eixos (assim como a referência
projetual anterior) é defasada pelo seus principais usuários serem idosos, e solucionada através de cores funcionando como guias de locomoção.
Em suma, a importância do projeto dá-se pela delicadeza do olhar
aos mais velhos e a preocupação em atendê-los com planejamento
totalmente dedicados a eles através da arquitetura contemporânea.
F44.Perspectiva Interna recepção
F45.Perspectiva Interna refeitório
F46.Perspectiva Interna circulação
F47.Perspectiva Interna cozinha
28
Referência Bibliográfica: "Lar de Idosos em Perafita / Grupo Iperforma" 18 Mai 2015. ArchDaily Brasil. Acessado 21 Abr 2018. <https://www.archdaily.com. br/br/767045/lar-de-idosos-em-perafita-grupo-iperforma> ISSN 0719-8906
Creche e Escola Primária em Saint-Denis / Paul Le Quernec RELEVÂNCIA PROJETUAL: ções
Neste presente momento do trabalho, por fim, as atenserão
voltadas
ao
programa
de
uma
creche/esco-
la primária, com a função de receber e acolher crianças, para assim, distinguir e assimilar diferentes convívios e necessi-
dades de ambas as gerações com as quais se pretende trabalhar.
1.FICHA TÉCNICA
F48.Perspectiva Externa do projeto
Arquitetos: Paul Le Quernec Localização: Saint-Denis, França Área: 4800.0 m² Ano do projeto: 2015 2. O LUGAR: RELAÇÃO DO OBJETO COM O ENTORNO: 2.1. Perspectiva Situação; 2.2. Visão serial; 2.3. Relação do projeto com o contexto imediato. F50.Visão Serial 1 – Imagem Google Maps/2018
F49.Perspectiva Situação
F51.Visão Serial 2 – Imagem Google Maps/2018
O projeto localiza-se em um terreno envolvido por ruas, porém, até o presente momento, as ruas (destacadas em vermelho) não foram abertas, delimitando a visão serial ao redor da edificação. Pri-
va-se, então, o reconhecimento tangível da vizinhança a partir de uma rua e o direcionamento ao edifício (acesso) que ela propõe. 2.3. O bairro onde o edifício é instalado, destaca-se pela não padronização
das construções existentes, ou melhor, cada edificação é diferenciada das demais pelo gabarito, fachada e aberturas diversas, tornando-as características e individuais, inclusive o próprio edifício, como se observa na F49.
29
3. VOLUMETRIA 3.1. Composição plástica e formal da intervenção 3.2. Sistema de fechamentos [vedações] 3.3. Sistema de aberturas [portas e janelas]:
3.1. Os dois hemisférios do cérebro humano são simétricos fisicamente, embora executem funções vitais completamente distintas, e neste conceito o partido arquitetônico do projeto baseia-se. Esta definição dilui-se por todo o prédio, desde o externo com linhas curvas, formando-se uma volumetria simétrica parecida com um trevo de 3 folhas até a divisão e solução do programa interno (este tratado mais a frente nesta leitura). Assim como a forma externa do edifício é pensada de maneira a induzir o desenvolvimento psico-motor da criança (principal usuária do programa proposto), o resultado da fachada revela também esta preocupação através de ripas de madeira pintadas com diferentes cores e colocadas estrategicamente de forma a causar mudanças visuais enquanto o observador desloca-se perante o prédio (ora uma fachada verde, ora laranja e ora com a cor natural da madeira). Tais ações impactam diretamente no desenvolvimento das crian-
F52.Perspectiva Externa do projeto
F53.Perspectiva Externa do projeto
3.2./3.3. Diferente dos projetos analisados anteriormente, as aberturas neste caso não são utilizadas com motivo de transparência ou permeabilidade, mas sim para compor, complementar a
30
fachada e resolver o programa interno através de captação de iluminação e ventilação naturais, e tais aberturas mantém um formato arredondado, seguindo a marcada curvatura da edificação.
F54.Perspectiva Externa do projeto
F55.Perspectiva Externa do projeto
Não por acaso, a maior porção da edificação e os pátios descobertos estão direcionados para o lado principal de incidência solar (sul), onde também localizam-se as áreas de maior permanência do prédio (salas de aula e a creche). O projeto está instalado em um país do hemisfério norte (França), e, como discutido anteriormente, preza-se a alta temperatura em espaços de longa estadia, já que a temperatura média destes países é baixa e, valoriza-se o conforto térmico proporcionado pelos raios solares. A organização espacial interna resultou em um formato próximo a de um trevo de 3 folhas como mostram F57 e F58. Com essa confi-
F57.Diagrama do programa e distribuição dos acessos
F58.Formato Trevo de Três Folhas
F56.Perspectiva virtual do projeto/ diagrama incidência solar
guração, criam-se espaços de circulação convergentes e econômicos, proporcionando conectividade entre o exterior e interior do edifício. Circulação esta facilitada pelo amplo campo de visão (dada ao formato, localizada na porção central do edifício – junto aos pátios – originando diversos pontos de vista) e possibilitando uma orientação intuitiva da circulação das crianças. Além disso, olhos estão sempre voltados a elas, o que torna o cuidado dos funcionário mais enfático em relação a elas.
31
4. SISTEMA CONSTRUTIVO 4.1. Sistema Estrutural 4.2. Materiais 4.1. O sistema estrutural resolve-se através de vigas e pilares fabricados a partir de peças menores e montados in loco, estes foram revestidos com madeira para reforçar o formato orgânico da obra. 4.2. Portanto, os materiais utilizados no projeto são vigas, pilares e caixilhos metálicos, vidros espelhados nas aberturas, alvenaria como vedação e madeira como revestimento e acabamento.
5. A INTERVENÇÃO 5.1. Acessos e eixos de circulação 5.2. Programa e distribuição espacial
F59.Elevação fachada norte S/E
F60.Corte Esquemático S/E
5.1. O prédio é composto por três pavimentos e concebe uma creche, uma escola primária, refeitório e um espaço para recreação. O fluxograma de setorização, acessos e circulação explica-se em F61, em que o autor elege as áreas a serem adjacentes e a
partir de um hall comum distribui-se o programa. Este espaço conecta-se com o de recreação, com a creche, escola primária, áreas de serviço e apoio, configurando-se como um conector e gerando o núcleo central de uma volumetria semelhante a um trevo. 5.2. Divididas em áreas externas (a entrada e o parque infan-
32
til) e internas (creche, escola, cantina e centro de convivência), os acessos e conexões foram solucionados de for-
ma
a
garantir
facilidade
de
locomoção
dos
usuários.
F61.Vista 3D Térreo S/E
F62.Vista 3D Segundo Pavimento S/E
F63.Tabela do Programa com áreas aproximadas
A creche exige diferentes propósitos arquitetônicos perante ao de-
senvolvimento psicomotor da criança em relação a escola primária. E, para isso, o partido apresentado anteriormente (onde a simetria só é percebida externamente, mas as divisões e funções são distintas como no cérebro humano) se repetiu na setorização do programa, ou seja, desenvolveu-se dois projetos espaciais totalmente desiguais a
fim de atender necessidades das diferentes idades de crianças usuárias do edifício (creche e escola primária). Enquanto o berçário é formado através de fôrmas circulares com diversos diâmetros; as salas de aula da escola tem o formato quadrado. Ambos abrem-se para os parques infantis e são beneficiados pela iluminação zenital, que estende-se pelas áreas de circulação do projeto; e ainda, a fim de preencher o vazio (consequência do alto pé direito da entrada), há a presença de esferas suspensas (área de leitura) que ratificam a ideia do arquiteto de “elevação pelo conhecimento”, sintetizando o objetivo de um programa escolar.
33
F64.Imagem Virtual Vista Hall Comum – Esfera de leitura suspensa
F65.Foto Refeitório para crianças
F67.Foto Berçário a partir de esferas de diferentes dimen- F68.Foto Detalhe de sões solução lúdica para um elemento técnico
6. RELEVÂNCIAS E CONCLUSÃO F66.Hall Comum a partir de escada
Oposto às referências projetuais anteriores (Creche + Resi-
dência da Terceira Idade, na França, e o Lar de Idosos, em Perafita), nas quais o uso da horizontalidade, linhas retas e de cores neutras se fez presente; a escolha deste projeto consiste em destacar seu
partido arquitetônico sinuoso e utilização de cores marcantes.
Neste projeto, a solução dos eixos de circulação se fez preva-
lecer. A rápida e eficiente conexão entre o ‘hall comum’ e as demais áreas da edificação resolve a dificuldade de locomoção dos mais jovens e garante o direcionamento intuitivo para o destino desejado.
Com isso, esta análise fez-se valer pelo conhecimento de solu-
ções espaciais, formais e psíquicas que a arquitetura proporciona quando objetivada a determinado usuário – crianças de idade reduzida.
Apesar
do
tema
de
relação
intergeracional
propos-
to pelo trabalho trazer indivíduos com idades distantes, é posF69.Berçário – Espaço Lúdico
34
sível correlacionar uma arquitetura específica a esta interação. Referência Bibliográfica: Creche e Escola Primária em Saint-Denis / Paul Le Quernec" [Nursery and Primary School in Saint-Denis / Paul Le Quernec] 08 Out 2015. ArchDaily Brasil. (Trad. Sbeghen Ghisleni, Camila) Acessado 22 Abr 2018. <https://www.archdaily.com.br/ br/774849/creche-e-escola-primaria-em-saint-denis-paul-le-quernec> ISSN 0719-8906
CAPÍTULO V DADOS PARA IMPLANTAÇÃO DO PROJETO – RIBEIRÃO PRETO/SP
O município para implantação do projeto é Ribeirão Pre-
to/SP, que abriga 682.302 habitantes, segundo estimativa realizada pelo IBGE em 2017; com taxa de crescimento populacional de 1,3%, considerada alta perante a média de 0,86% do país. Segundo informações da Fundação Seade, entre os anos 2000 e 2012, observa-se um aumento no índice de envelhecimen-
to da população riberã-pretana, maior do que o índice de envelhecimento do Estado de São Paulo; e uma redução na sua taxa de fecundidade como pode ser verificado pelas imagens a seguir. Estes dados permitem concluir, então, que a expectativa de vida da população de Ribeirão Preto tende a aumentar, fazendo com que o número de idosos da cidade também cresça durante os anos. Com este aumento no número de indivíduos idosos no município, os poderes públicos devem designar maior atenção a programas sociais, culturais, de lazer, de assistência à saúde física e mental da população idosa para apoiá-los em seu modo de vida, durante o envelhecimento, garantindo segurança e conforto a eles na cidade.
F70.Localização de Ribeirão Preto no Estado de São Paulo. FONTE: Site Ribeirão Região
F71.Índice de envelhecimento e taxa de fecundidade (2000-2012). FONTE: Fundação Seade
35
O mapa abaixo (F72), traz dividido por setores, os resi-
dentes com 60 anos ou mais de Ribeirão Preto, conforme quantidade de sua existência. A maioria reside em bairros de urbanização mais antiga, localizados próximos ao centro da cidade, e ainda é possível analisar o espraiamento destes moradores, principalmente para a zona oeste e zona sul de Ribeirão Preto.
Para complementar a análise do melhor local para a im-
plantação do projeto, apresenta-se também os lares de re-
pouso (de instância pública e privada) instalados na cidade e sua localização no município, como forma de evitar aglomeração de um mesmo programa em um mesmo local (F73).
Com a sobreposição dos mapas (F74), considera-se, então,
a proximidade de várias casas de repousos na zona sul e a falta delas na zona oeste da cidade, coincidindo também com um grande número de idosos residentes na área, colocando esta zona como pro-
pícia a instalação do projeto para os idosos ribeirão-pretanos.
F73.Mapa Satélite Ribeirão Preto/SP com localização dos lares de repouso (2017) FONTE: Google Maps
F72.Pessoas Residentes – 60 anos ou mais (Censo 2010) FONTE: IBGE
36
F74.Sobreposição das imagens 72 e 73 FONTE: Autora
Para concluir a escolha mais acertada para a alocação do
equipamento intergeracional na cidade de Ribeirão Preto, é necessário também analisar a localização dos residentes de
0 a 5 anos de idade (F78), ou seja, os usuários de creches na cidade. E, ao contrário dos idosos, as crianças ribeirã-pretanas residem, em sua maioria, fora do centro do município, coincidindo apenas na zona sul e oeste da cidade.
Segundo o censo de 2010 do IBGE, a zona sul é a que menos
apresenta frequentadores de creche (F75) e a zona oeste a que mais
demonstra moradores que frequentam este equipamento. Além do mapa (F77) também apresentar baixo número de creche instalado na zona oeste do município, reforçando ainda mais a decisão deste equipamento ser projetado para a área oeste da cidade de Ribeirão Preto.
F76.Sobreposição das imagens 77 e 78 FONTE: Autora
F75.Pessoas que frequentavam creche em Ribeirão Preto (Censo 2010) FONTE: IBGE
F77.Mapa Satélite Ribeirão Preto/SP com localização das creches (2017) FONTE: Google Maps
F78.Pessoas residentes 0 a 5 anos (Censo 2010) FONTE: IBGE
Dado que o número de residentes idosos e de crianças é gran-
de, os frequentadores de creches também residem nessa área e, pelos mapas de satélite (F77), mostra-se a falta de equipamento para idosos (lar de idosos) e para criança (creche) nesta zona.
Portanto, a escolha para implementação do Centro de Convivência Intergeracional é na zona oeste da cidade, segundo análise apresentada. Mais a frente, na etapa de levantamentos, apresentaremos com maior especificidade a área de intervenção da presente proposta.
37
CAPÍTULO VI LEVANTAMENTO MORFOLÓGICO E PERCEPTIVO
1.ESCOLHA DA ÁREA DE INTERVENÇÃO E JUSTIFICATIVA
Como discutido anteriormente, a escolha do local de implanta-
ção do trabalho proposto (Centro de Convivência entre Crianças e Idosos) dá-se pela análise dos dados apresentados, por exemplo, em quais áreas há maior presença de idosos e crianças, locais onde já existam Equipamentos Institucionais como Creches ou Lar de Idosos e sobreposição destas informações fez-se definir a zona oeste de Ribeirão Preto para o projeto. Após esta conclusão, define-se, o bairro re-
sidencial Planalto Verde e posterior a isto, indica-se o terreno para inserção e levantamento morfológico, como continuação do trabalho.
F79.Mapa Ribeirão Preto com demarcação do bairro Planalto Verde – Foto Satélite/ Google 2017
F81.Recorte Quadra com demarcação do terreno – Foto Satélite/Google 2017
38
F80.Recorte Bairro Planalto Verde com demarcação da quadra – Foto Satélite/ Google 2017
F82.Foto terreno - Google Imagens 2017
F83.Foto terreno – Tirada in Loco
2.SITUAÇÃO LEGAL DO TERRENO Terreno
pertencente
à
Prefeitura
de
Ribeirão
Preto
“Área de terra de forma irregular, constituída de parte da Área Institu-
cional ‘T’, do Loteamento Planalto Verde, cadastrada nesta Prefeitura em porção maior sob nº 501.463, com a seguinte descrição perimétrica: segue pelo alinhamento predial da Rua Luiz Carlos Vittorazzi, com distância de 62,00 metros; deste ponto deflete à direita em ângulo reto com a distância de 51,53 metros, confrontando com área remanescente da mesma Área Institucional; deste ponto deflete à direita com distância de 47,77 metros, deste ponto deflete à esquerda com distância de 4,00 metros, deste ponto deflete à direita com distância de 25,00 metros, deste ponto deflete à direita, seguindo pelo alinhamento predial da Rua Genoveva Onofre Barban, com a distância de 7,19 metros; deste ponto deflete ligeiramente à esquerda, seguindo ainda pelo alinhamento predial da Rua Genoveva Onofre Barban, com distância de 35,99 metros; deste ponto deflete à direita em curva com desenvolvimento de 14,14 metros e raio de 9,00 metros, atingindo assim o alinhamento predial da Rua Luiz Carlos Vitorazzi; ponto onde teve início e tem fim a presente descrição perimétrica, totalizando uma área de 3.215m²”.
F84.Foto terreno – Tirada in Loco
F85.Foto terreno – Tirada in Loco
39
3.LEGISLAÇÃO PERTINENTE A ÁREA
F86.Macrozoneamento Ambiental de Ribeirão Preto/ 2011 – Secretaria do Planejamento e Gestão Pública de RP LEGENDA
F87.Áreas Especiais de Ribeirão Preto – 2012 – Secretaria do Planejamento e Gestão Pública de RP LEGENDA
F88.Zoneamento Industrial de Ribeirão Preto – 2012 – Secretaria do Planejamento e Gestão Pública de RP LEGENDA
O macrozoneamento é essencial para a organização do cres-
cimento urbano de uma cidade, nele observamos que a área estu-
dada (Planalto Verde) encontra-se em uma Zona de Urbanização Preferencial (ZUP), esta é, segundo a lei Municipal 2157/07, composta por áreas dotadas de infraestrutura e condições geomorfológicas propícias para urbanização, onde são permitidas densidades demográficas médias e altas, ou seja, incentiva-se o desenvolvi-
mento daquele local e permite um maior desdobramento do município.
Perante ao mapa de Áreas Especiais, a área situa-se em Área
Especiais de Interesse Social (AIS). O entorno e o caráter do bairro
Planalto Verde é de loteamento residencial de média e baixa renda ou assentamentos informais, parcialmente destituídos de condições urbanísticas adequadas, destinadas à recuperação urbanística e provisão de equipamentos sociais e culturais e à regularização fundiária.
O bairro Planalto Verde é considerado Área de Uso Misto pelo
Zoneamento Industrial da cidade, isto é, permite-se a implantação de es-
tabelecimentos industriais, desde que haja controle de poluição, evitando inconvenientes à saúde e segurança da população residente do entorno.
40
Dadas informações, a área analisada traz liberdade e incentivo de
construção através da definição por ZUP e abriga-se uma área de interesse social, conformando-se com o trabalho proposto, de característica social.
F89.Tabela de leis sintetizadas a partir da Lei Municipal 2157/07 de Ribeirão Preto.
F90.Tabela de leis sintetizadas para consulta prévia, não tendo caráter oficial para aprovação de projetos.
sintetizando a principal Lei Municipal 2157/07 para facilitar o entendimento de exigências feitas pela legislação.
Apresentam-se
tabelas
Assim, para o trabalho é relevante saber que sua área locali-
za-se em uma Zona de Urbanização Preferencial, sendo considerada também pelo Mapa de Áreas Especiais como Área Especial de Interesse Social e resume-se em tabelas as obrigações em que o projeto deve se encaixar, como recuos, taxa de ocupação, coeficiente de aproveitamento, máxima densidade permitida e as porcentagens destinadas para a realização do parcelamento do solo.
41
4. ELABORAÇÃO DE MAPAS DE LEVANTAMENTO
O terreno destacado em vermelho em F92, definiu o recorte da área
a ser analisada. Como o trabalho consiste em implantar um equipamento intergeracional entre idosos e crianças, a implicação da abrangência é de uma edificação institucional. Dito isto, o raio que utiliza-se para estabelecer o recorte é de 600 metros, a partir do centro do terreno escolhido. Apresenta-se então através de F91 a área ser estudada mediante a levantamento dados técnicos e morfológicos da área. A partir da F97 observa-se o panorama tituído F91.Apresenta o Recorte da área de intervenção/ Foto Satélite – Google Maps 2017
te
que
pelo a
bairro
Planalto
estrutura
geral
Verde, das
ou
seja,
edificações
urbano
visto gera
o
cons-
horizon-
visualmente.
Adensado horizontalmente, esta área residencial com bai-
xo fluxo de veículos
e pedestres retrata largas vias e pas-
seios, favorecendo a mobilidade urbana. Com isso, a perspectiva do local dá-se pela altura reduzida das construções e
generosas vias que suprem tranquilamente o fluxo da área.
Locais das Fotos
42
F92.Recorte da área de intervenção/ Foto Satélite – Google Maps 2017
F93.Perspectiva da área de intervenção/ Foto In Loco
F94.Perspectiva da área de intervenção/ Foto In Loco
F95.Perspectiva da área de intervenção/ Foto In Loco
F96.Perspectiva da área de intervenção/ Foto In Loco
F97.Perspectiva da área de intervenção/ Foto In Loco
5.MAPA DE DECLIVIDADE E HIPSOMÉTRICO
As
características
físicas
do
local
influenciam
diretamen-
te nas definições e escolhas para o desenvolvimento do projeto, e por conseguinte desenvolvem-se dois mapas para análise topográfica do local, o primeiro (F98) que considera as elevações e declividades, e o segundo (F99) averigua as taxas de inclinação da área.
consideráveis de elevações e inclinações, principalmente dentro do limite destacado que determina a localização da quadra do terreno, com mais de uma cor no primeiro e drástica mudança da
Os
mapas
revelam
variações
coloração no segundo mapa. Faz-se considerar então a topografia oscilante do perímetro estudado para as decisões do trabalho proposto. LOCALIZAÇÃO DA QUADRA DO TERRENO
F98.Mapa e tabela de Declividade
F99.Mapa e tabela Hipsométrico
43
6.MAPA DE HIERARQUIA VIÁRIA FUNCIONAL E FÍSICA
1 F102.Foto Via Principal/ Foto In Loco
2 F103.Foto Via Coetora/ Foto In Loco F100.Mapa Funcional
Hierarquia
Viária
3 F104.Foto Via Local e Coletora/ Foto In Loco
4 F101.Mapa Hierarquia Viária Física
F105.Foto Via Local/ Foto In Loco
As definições físicas das vias (como principal, coletora e local) condizem com a hierarquia funcional, ou seja, atuam conforme suas diretrizes projetuais, com exceção das Ruas Genovéva Onofre Barban e José Ruiz
que são coletoras, mas trabalham com maior movimentação de veículos.
44
O baixo fluxo de veículos, principalmente nas vias locais é consequência do bairro ser predominantemente residencial com poucos estabelecimentos comerciais, de serviço e insti
tucionais, além de serem de menor escala (vizinhança). Sendo assim,
não atrai-se visitantes ou usuários para este local, fato positivo ao avaliar um conjunto habitacional. Como vimos em F102, 103, 104 e 105 as ruas e calçadas estão, atualmente, em condições de uso
para o pedestre pela manutenção dada pelos moradores, e os leitos e o caminho serem largos e de boa proporção, para veículos e pedestres, respectivamente. Não apresentam preocupação com acessibilidade como rampas e pisos tátil, por exemplo.
F106.Corte Esquemático com Dimensões – Via Principal
F107. Corte Esquemático com Dimensões – Via Coletora
F108.Corte Esquemático com Dimensões – Via Local
45
7.MAPA DE OCUPAÇÃO DO SOLO: FIGURA-FUNDO E GABARITO
LEGENDA
F109.Mapa Figura Fundo/ Recorte da área de intervenção
Destaque das poucas edificações mais altas do entorno
LEGENDA
F110.Mapa Gabarito/ Recorte da área de intervenção
A ocupação do solo na área vista através do mapa figura-fun-
do, onde a cor preta representa as edificações presentes atualmente, permite visualizar o espaço ocupado e conclui-se um espaço aden-
sado horizontalmente, porém com áreas vazias (vistas pela sobreposição do aero fotográfico). Construções estas que predominam com o gabarito básico, ou seja, alturas de até dez metros, apresentando poucos pontos de edifícios mais altos. A paisagem deste entorno representa uma perspectiva de edificações baixas (apresentadas no item sobre. Visão Serial), dando continuidade ao olhar do observador, per-
46
mitindo a permeabilidade visual favorecida pela topografia do lo-
cal, apesar de não ter proibições legislativas para a área – característica essa que pretende-se conservar para desenvolvimento do trabalho.
8.MAPA DE USO DO SOLO
F110.Foto in Loco; apresenta o padrão residencial do bairro
LEGENDA
F111.Foto in Loco; apresenta o padrão comercial do bairro
F112.Mapa Uso do Solo/Recorte da área de intervenção
A definição, apresentada anteriormente, pelo mapa de áreas es-
peciais de Ribeirão Preto considera o local como área de interesse social, e com isso observa-se o desenvolvimento predominantemente resi-
dencial (de casas com baixo padrão) do recorte estabelecido como área de estudo. Neste faz-se presente residentes crianças e idosos (somando fatos a considerar esta área como propícia para a implantação do trabalho.
Pontos de comércio e serviço são distribuídos de forma a ocupar
eixos de fluxos maiores, ou seja, estes locais implantam-se em avenidas ou ruas de maior movimentação, como já discutido neste trabalho através do mapa de hierarquia viária física e funcional. Estes estabeleci-
mentos comerciais e de serviço são de pequenas escalas (vizinhança), já que o objetivo é de suprir as necessidades do bairro, portanto encontra-se bares, mercearias, padarias, salões de belezas, entre outros.
Outro fator a se destacar é a pouca presença de áre-
as institucionais. Condição esta observada no momento de escolha do local de implantação do equipamento intergeracional (programa proposto pelo trabalho) que possui caráter institucional.
Com isso, pelas análises acima, considera-se este local então, apropriado para instalação do projeto.
47
9.MAPA DE EQUIPAMENTOS URBANO
F114.Fachada Escola Estadual João Palma Guião
F115.Fachada Escola Estadual Bairro Dom Bernardo Dom José Miele
LEGENDA
F116.Fachada Creche Municipal Vitor Youssef Darkoubi
F113.Mapa de Equipamentos com escala de abrangências
F117.Fachada Escola Particular Infantil Clube do Mickey
48
F118.Fachada Unidade Saúde Dom Miele
Em raio de 600 metros ao centro do terreno estabelecido para
o trabalho verifica-se, principalmente, equipamentos educa-
cionais: duas escolas estaduais e uma particular. Reconhece a falta de planejamento, dado que as localizações destas são próximas umas as outras e possuem os mesmos programas a serem oferecidos aos moradores do bairro Planalto Verde. A área ainda dispõe de uma Unidade Básica de Saúde para atender toda região destacada.
Há presença de um ponto de ônibus localizada na es-
quina do terreno, e direciona a decisão da entrada principal do projeto apresentado posteriormente para facilitar a locomoção dos usuários procedentes do transporte coletivo. A se destacar a escassez de mobiliários urbanos no entorno, que reduz-se a postes de iluminação e elétrica, relevando a carência desta assistência urbana.
Apesar da Creche Municipal Vitor Youssef Darkoubi (F116) estar
presente no recorte e apresentar um programa similar ao trabalho proposto (de um centro de convivência intergeracional, com uma creche integrada), não prejudica ou influencia no local escolhido para
implantação do projeto. Esta atende apenas bebês e não apresenta, por exemplo, sanitários PNE, laboratório de informática, de ciência, sala de leitura, quadra de esporte ou alguma sala que supra atendimento especial, essencial a uma edificação que trabalhe com a população, no caso, crianças. Dito isto, os equipamentos ao redor não atu-
am de forma prejudicial a área escolhida para o trabalho proposto.
49
10.MAPA DE EXTRATOS VEGETATIVOS
F120.Foto in loco com objetivo de mostrar o tipo de vegetação em determinado ponto da área
F119.Mapa extrato vegetativo/Recorte da área de intervenção
F121.Foto in loco com objetivo de mostrar o tipo de vegetação em determinado ponto da área
A vegetação presente no local está concentrada nas áreas de vazio
urbano ou canteiros na principal avenida. Observa-se através do mapa que os extratos vegetativos estão dispersos e desarranjados, evidencia então que o plantio dessas árvores não foram planejadas, e pelo contrário,
nasceram de forma natural, conforme o desenvolvimento da área.
50
Com exceção desses espaços vegetativos (mostrados em F120 e
F121), é escassa a presença de vegetação em vias locais ou coletoras da área.
Desta
de
do
maneira,
espaço
em
evidencia
relação
a
a
extratos
precariedavegetativos.
11.CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DA ÁREA DE INTERVENÇÃO
F122.Foto in loco demonstra a visão imediata do terreno perante Rua Luiz Carlos Vitorazzi
F123.Foto in loco demonstra a visão imediata do terreno perante Rua Luiz Carlos Vitorazzi
F124.Foto in loco demonstra a visão imediata do terreno perante Rua Luiz Carlos Vitorazzi
F125.Situação do terreno e extrato vegetativo da quadra
ANÁLISE SENSORIAL – PALETA DE CORES E DINÂMICA URBANA
Através da planta de situação do terreno escolhido para o traba-
lho, conclui-se que aproximadamente 1/3 da quadra está deso-
cupada e “preenchida” com vazio urbano e vegetação nativa do local.
Em visita ao terreno, apresentam-se fotos que mostram a vi-
são da via a partir do terreno. Este exercício faz-se importante pela análise sensorial da área, ou seja: o que o usuário do edifício (do trabalho proposto) verá quando sair da edificação ou permanecendo naquele espaço. Importante para reconhecer a sensa-
51
ção (de tranquilidade) trazida pelo local. Esta visão então sintetiza-se em edificações com gabarito básico e de paleta de cores variada.
Considera-se a dinâmica diurna do local tranquila, com
maior movimento da Rua Genovéva Onófre Barbán de veículos, porém nenhum movimento exaustivo ou prejudicial a qualquer tipo de equipamento social a ser instalado neste terreno. Por ser uma área predominantemente residencial, a vida noturna é ainda mais
pacata, somando para qualidade e conforto dos usuários do programa intergeracional a ser implantado no local.
52
F126.Desenhos técnicos do terreno
F127.Perspectivas Virtuais da quadra para mostrar o entorno do terreno e suas características de gabarito e vegetação
Através das perspectivas virtuais expõe-se o entorno do terre-
no elegido para o desenvolvimento do trabalho, e observa-se a altura média da quadra, assim como por toda vizinhança, que não ul-
trapassa o gabarito básico. Existe então uma preocupação para o projeto de conservar esta característica do bairro e contemplar com a circunvizinhança. Esta reforçada positivamente pela topogra-
fia do lote que possui aproximadamente três metros de declividade, permitindo usufruir desta inclinação sem interferir no gabarito final.
Outro fato a se considerar: a posição do terreno (locado na esqui-
na), e pressupõe-se assim, o envolvimento necessário com ambas as
vias que o abrigam, direcionando o acesso principal da edificação para a esquina que integram as ruas, os visitantes e o prédio.
53
A tabela abaixo traz as informações legais sintetizadas
em relação ao terreno estabelecido para desenvolvimento projetual. Com estas informações organizadas, direciona-se à próxima etapa que consiste na elaboração do programa de necessidades e de estudo de viabilidade do projeto conforme as limitações legais.
F128.Quadro da proposta projetual frente às restrições legais pesquisadas
54
CAPÍTULO VII ELABORAÇÃO DO PROGRAMA DE NECESSIDADES
Baseado em dados legais, a elaboração do programa de ne-
cessidades deste projeto, deu-se a partir de duas frentes: do Ministério da Previdência e Assistência Social - Portaria SEAS n. 73 de 10 de maio de 2001 - responsável pelas diretrizes construtivas e arquitetônicas de um local direcionado especificamente aos idosos e da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE) - Especificações da edificação escolar (Catálogos Técnicos de abril/2018) - responsável às crianças.
particulares coletadas através das legislações apresentadas, interligando e somando as informações para a criação do programa de necessidades através da tabela e do fluxoorga
Associam-se
então estas
referências
nograma para um ambiente intergeracional (apresentados a seguir).
55
56
F129.Quadro da proposta do programa de necessidades para o projeto intergeracional.
57
F130.Fluxoorganograma da proposta do programa de necessidades para o projeto intergeracional
A partir dos organogramas disponibilizados pelos órgãos res-
ponsáveis pela distribuição dos espaços arquitetônicos (citados anteriormente), somaram-se ambientes característicos para cada
idade e subtraíram-se espaços semelhantes ou que podem coexistir explorando o conceito intergeracional do projeto. Cria-se en-
58
tão o fluxoorgarnograma intergeracional (F130), que além de apresentar a relação dos ambientes internos, expressa também o fluxo
e sua intensidade conforme a demanda e necessidade do local.
CAPÍTULO VIII
ELABORAÇÃO DE ESTUDO DE VIABILIDADE DO PROJETO
CONCEITO
A discussão deste trabalho é fundamentada pelo contexto inter-
geracional e sua integração com o meio arquitetônico. Diante disto, o conceito para a proposta projetual consiste em reforçar esta interação que acontece entre os usuários do edifício (idosos e crianças), transcorrendo esta relação para o equipamento institucional a ser projetado. Em outras palavras, unir usuários, edifício e arquitetura.
F131.Esquema exemplificando o conceito do projeto
USUÁRIOS
Idosos com idade igual ou superior a 60 anos, em situ-
ação de vulnerabilidade social, com vivências de isolamento por ausência de acesso a serviços e oportunidades e cujas necessidades, interesses e disponibilidade indiquem a inclusão no serviço.
Crianças de 3 a 6 anos residentes de Ribeirão Preto com ausência
ou precariedade na oferta de serviços (creche) e oportunidades de convívio familiar e comunitário e que vivenciam situações de fragilização de vínculos.
59
DESENVOLVIMENTO PROJETUAL
Com a indicação da existência de um ponto de ônibus locali-
zado na esquina do terreno (F132), define-se o acesso principal para pedestres no encontro das duas vias. Enquanto que para veículos o acesso encontra-se do outro lado, indicado em F133.
F133.Croqui Inicial (Programa)
F132.Primeiro Croqui (Acesso e Usos)
F134.Croqui com volumes sobrepostos de linhas retas
F135.Croqui com volumes sobrepostos de linhas curvas
Apesar da sobreposição de volumes originar elementos externos/
internos, as linhas retas trouxeram a sensação de distanciamen-
60
to entre o equipamento institucional e aquilo que preza em seu conceito, de acolher o usuário. A saliência da linha curva intensifica o conceito e partido do projeto e complementa a volumetria do prédio. Porém, ainda não configuram a forma ideal, já que revela uma aparência bruta e sólida e sem
identidade
com
o
programa
interno
a
ser
distribuído.
Mantêm-se
então
o
acesso
principal
(na
esqui-
na do terreno) – dada a presença do ponto de ônibus, além de
facilitar
a
distribuição
do
usuário
no
interior
do
edifício.
Conduzida agora pelo programa a ser organizado, a forma se configura através de linhas curvas que respeitam a malha estrutural.
A topografia natural do terreno (com desnível de 3 metros)
conduz
gias
de
a
soluções
definir internas
F136.Croqui com definição de acesso
F138.Croqui Final
diferentes apresentadas
alturas
e
no
croqui
estratéfinal.
F137.Croqui feito acompanhando o programa interno
61
CAPÍTULO IX PROJETO FINAL
ORGANIZAÇÃO DO PROGRAMA
O programa inicial, de receber crianças e idosos e suas neces-
sidades particulares, direciona espontaneamente a solução arquitetônica para a tripartição do edifício, onde cada bloco exerce diferentes propósitos, um para acolhimento da criança, outro para o idoso e outro para desenvolver a interação entre as duas idades. Porém, como dito no item anteriormente, o conceito deste trabalho é de unir e
abrigar estas duas vertentes e não estimular esta separação. 1 PRAÇA DE ACOLHIMENTO 2 SECRETARIA 3 SANITÁRIO ADMINISTRATIVO 4 ALMOXARIFADO 5 MANUTENÇÃO 6 DML 7 DEPÓSITO GERAL 8 DEPÓSITO MATERIAL ESPORTIVO 9 VICE-DIREÇÃO 10 SALA DE REUNIÃO 11 DIREÇÃO 12 COORDENAÇÃO 13 SALA DOS PROFISSIONAIS 14 HALL ACESSO 15 CONSULTÓRIO 01 16 CONSULTÓRIO 02 17 CONSULTÓRIO 03 18 RECEPÇÃO 19 ARMAZENAMENTO DE REMÉDIOS 20 AMBULATÓRIO 01 21 AMBULATÓRIO 02 22 AMBULATÓRIO 03 23 SANITÁRIO PÚBLICO 24 ENFERMARIA 25 DORMITÓRIOS
SALA CULTURAL 26 PÁTIO DESCOBERTO 27 PÁTIO COBERTO 28 SALA FÍSICA/SOCIAL 29 SALA DE RECURSOS 30 SALA DE AULA 01 31 COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA 32 SALA DE AULA 02 33 SANITÁRIO ALUNOS 34 REFEITÓRIO 35 PREPARATÓRIO 36 COPA FUNCIONÁRIOS 37 VESTIÁRIO 38 CÂMARA FRIA 39 TRIAGEM 40 DESPENSA 41 GÁS 42 LAVANDERIA 43 DOCAS 44 ESTACIONAMENTO 45 JARDIM INTERNO 46 PISCINA 47 HORTA 48 PRAÇA EXTERNA 49 VEGETAÇÃO BAIXA 50
F139.Legenda Programa de Necessidades
PARTIDO ARQUITETÔNICO
Define-se então o partido arquitetônico como um monolito, onde
permite a repartição interna (para suprir o que é de diferentes carências), mas consiste em um único bloco capaz de solucionar todo o
programa. Que neste único bloco haja a convergência de uso e arquitetura, ou seja, um centro perceptível.
Ademais, para que este equipamento institucional (que lida direta-
mente com pessoas e seu cotidiano) ampare e traga a sensação de acomo-
62
damento, determina-se linhas curvas para a constituição da forma
do edifício. Linhas curvas que coincidem com a forma do corpo humano, que trazem a impressão de acolhimento, conforto e melhor recepção.
RUA GENOVEVA ONÓFRE BARBAN
RUA LUIZ CARLOS VITORAZZI
Cota 608 - Área administrativa/ serviço e apoio F140.Programa de Necessidades do Projeto
Cota 607,50 Área saúde 0
10
Cota 607 Área de atividades 20
40
50
F141.Esquema da solução topográfica
Aproxima-se o acesso principal à esquina e compõem-se
novos pontos de ligação com o exterior (para funcionários e para usuários esporádicos da área de saúde). Com o principal fluxo de circulação
centralizado, os demais se limitam às suas proximidades, fazendo com que a convergência de movimentação e de uso se reforce ao centro do edificio, submetendo a inevitável convivência entre os usuários.
63
DESENHOS TÉCNICOS
O desenvolvimento da volumetria
a partir do programa de necessidades, fez-se atingir a organização da forma externa e interna. Dito isto, o pátio central externo complementa o conceito do trabalho de integração e convergência. O edifício é capaz de incorporar o “fora” e o “dentro”, por exemplo através de sua materialidade transparente e pela circulação que envolve todo o prédio. Além de deixar o volume geral do prédio fluida, que por sua vez perde-se a sensação da “massa consistente” de antes.
A necessidade de diluir pro-
gramas internos de importante presença em cada área do edifício (seguindo uma hierarquia, conforme a topografia) faz-se definir melhor a distribuição e separação de funcionalidades para suprir desafios cotidianos, consequentes de seus usuários.
F142.Planta Térreo
ESCALA 1:200
F143.Corte AA
ESCALA 1:200
ESCALA 1:200 F144.Corte BB
ESCALA 1:200 F145.Corte CC
F146.Corte Esquemรกtico
F147.Elevação Nordeste
F148.Elevação Sudoeste
F149.Elevação Noroeste
F150.Elevação Sudeste
ESCALA 1:200
ESCALA 1:200
ESCALA 1:200
ESCALA 1:200
RUA LUIZ CARLOS VITORAZZI
Acesso Funcionários
Areia Vegetação baixa Amarela
Acesso Principal
Vegetação Rasteira
RUA GENOVEVA ONÓFRE BARBAN
Vegetação baixa Vermelha e Azul
Acesso Emergência
Acesso Veículos
F151.Implantação/ Acessos/ Vegetacão
ESCALA 1:200
ESTRUTURA
LAJE 1
LAJE 4
LAJE 2
LAJE 3
F152.Planta Estrutural
0
10
20
40
50
Coberturas projetadas a fim de valorizar o uso interno do edifício,
isto é, sua altura complementa a permanência do usuário ou
respeita a necessidade de maior salubridade a área coberta, e estas ainda acentuam a presença do partido projetual, de convergir a um único centro. Além de serem conectadas a partir de sobreposições.
A estrutura baseia-se em lajes protendidas e pilares em concreto. Os pilares estruturais em concreto, ora embutidos nos fechamentos internos, ora aplicando-se como fechamento externo e
68
ora aparentes ao projeto (indicados em F152) sustentam respectivamente sua laje, destacadas em amarelo na figura. Assim sendo, a
estrutura do edifício se dá de modo independente entre as quatro lajes presentes, porém ainda configuram um modelo único pelo desenho arquitetônico e pilares que sobressaem para a cobertura mais alta. LAJE 3 LAJE 4
LAJE 1
LAJE 2
F153.Pilares em concreto sustentam as lajes protendidas diferenciadas por cores e independentes
Laje a ser utilizada: Protendida Impermeabilizada na parte superior (Espessura 15cm) Comparado ao concreto armado: - Vence maior vão com menor espessura - Reduz o peso da laje - Permite curvaturas
Pilares em concreto armado com a geometria definida conforme a arquitetura.
F155.Perspectiva Virtual a fim de demonstrar o sistema estrutural
F154.Esquema Laje Protendida
69
PRINCIPAIS MATERIAIS UTILIZADOS
Laje (15 cm) em Vegetação frutífera concreto
Vegetação rasteira (até 10cm)
Portas Camarão em madeira tratada de 4 folhas (altura de 3m e 4m conforme projeto)
Placa em Concreto 60cm x 60cm espassadas em 3cm
Painel Muxarabi em madeira tratada instalada conforme a luz solar e necessidade
Vegetação rasteira (até 40cm) azul, vermelha ou amarela
Arbustos (até 1m)
F156.Perspectiva Virtual a fim de demonstrar a utilização de materiais e vegetação
Principais Materiais: Vidro Fixo Temperado para fechamentos Muxarabis e Esquadrias em madeira tratada: Portas Camarão e Painéis Muxarabis - Vãos de 3cm x 3cm/ Espessura de 5cm Divisão Interna dos ambientes em parede papelão (Espessura 10cm) Portas Internas revestidas em papelão (0,80cm x 2,10) Paredes Hidráulicas em Gesso Laje e Fechamentos externos em concreto e alvenaria Pisos internos - placas 90cm x 90cm cimento queimado
Vegetação: Diversas espécies de Arbustos (até 1m)
70
Vegetação rasteira nas cores amarelo, vermelho e azul (até 40cm) Vegetações altas (frutíferas) indicadas em projeto
RUA LUIZ CARLOS VITORAZZI
Acesso Funcionários
RUA GENOVEVA ONÓFRE BARBAN
Acesso Principal
Acesso Emergência
Acesso Veículos
F157.Perspectiva Virtual do interior a fim de demonstrar divisões internas e layout
O acesso principal distribui-se em dois através de uma única ram-
pa que tende a acolher o visitante e o direciona especificamente
para a área admnistrativa, a fim de privacidade ou para o centro do edifício, onde se encontrará com - também - duas rampas, estas orientam o usuário a área da saúde ou para a área de atividades, onde se encontram também as salas de aula. Portanto, através do acesso principal do prédio a locomoção é intuitiva e espontânea, fator positivo pela facilidade de circulação dos usuários (que em sua maioria são idosos e crianças - nichos populacionais que necessitam destes benefícios arquitetônicos. O acesso a funcionários é restrito a Rua Luiz Carlos Vitorazzi, e como no caso anterior, a movimentação se faz natural, ou seja, assim que adentra ao edifício, o indivíduo destina-se a área administrativa, de serviço ou de apoio de forma descomplicada, pelos eixos de circulação serem visivelmente claros. Já o acesso de emergência - que conta com uma baia para ambulâncias - dedica-se exclusivamente a área de saúde (onde integra também os dormitórios esporádicos) ocasionando um acesso privativo e especial para tal ambiente.
As áreas externas complementam o desenho arquitetônico do edifício proporcionando singularidade a ele e ao local de implantação, e ainda designa-se ao partido de projeto (onde as atividades e indivíduos se convergem a um local).
Para o controle da luz solar e ventilação, fez-se uso os fechamentos em muxarabis e vidro fixo conforme projeto, enriquecendo a arquitetura do projeto.
71
PERSPECTIVAS VIRTUAIS
F158.Perspectiva Virtual Exrterna a partir da esquna
F159.Perspectiva Virtual Exrterna a partir da rua Genoveva Onรณfre Barban
F160.Perspectiva Virtual Exrterna a partir da rua Genoveva Onรณfre Barban
72
F161.Perspectiva Virtual Exrterna a partir do Acesso a VeĂculos
F162.Perspectiva Virtual Exrterna a partir do Interior do Terreno
F163.Perspectiva Virtual
73
F164.Perspectiva Virtual do Refeitรณrio Externo do Projeto
F165.Perspectiva Virtual do Projeto
74
F166.Perspectiva Virtual do Projeto
F167.Perspectiva Virtual do Projeto
75
F168.Perspectiva Interna a partir do Acesso Ă rea Administrativa
F169.Perspectiva Interna a partir das Salas de Aula
76
F170.Perspectiva Interna a partir do Refeitรณrio
F171.Perspectiva Interna a partir do Acesso ร rea Saude
77
F172Perspectiva Interna a partir da Academia
F173.Perspectiva Interna a partir das Salas de Aula
78
F174.Perspectiva Interna a partir do Acesso EmergĂŞncia
F175.Perspectiva Interna a partir da Enfermaria
79
CONSIDERAÇÕES FINAIS
80
Por fim, a concepção geral do projeto respondeu a uma ideia de in-
tegração e relação intergeracional, o que originou um centro de convivência capaz de harmonizar indivíduos de diferentes idades, buscando como resultado saciar a carência dos idosos e amadurecimento das crianças.
Assim sendo, este trabalho trouxe um desenvolvimento pro-
fissional e desafiou a sabedoria compreendida por estes cinco anos na Universidade. Fez-se, faz-se e fará importância por toda carreira pelo desejo de carregar este anseio como arquiteta e urbanista.
81
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Karina,
Inclusiva
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Universidade
a
Memória:
órfã. Estácio
Trabalho
Arquitetude
Uniseb.
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