Q!Revista - Edição 24 - matérias por Maiara Lima

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CAPA

JAIR OLIVEIRA COMPOSITOR, PRODUTOR, MÚSICO E ATOR, JAIR

COMEMORA 30 ANOS DE CARREIRA COM MUITO MAIS PARA RECORDAR ALÉM DA ÉPOCA DO BALÃO MÁGICO POR MAIARA LIMA

FOTO IKE LEVY

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Filho de Jair Rodrigues e sempre lembrado como Jairzinho por sua participação na Turma do Balão Mágico, Jair Oliveira mostra que há muito mais para se lembrar na sua trajetória. Comemorando 30 anos de carreira esse ano, hoje Jair é reconhecido como um dos principais produtores e compositores de sua geração. Depois de integrar o grupo Balão Mágico e apresentar o programa exibido pela Rede Globo até 1987, Jair participou ainda de alguns projetos infanto-juvenis e gravou um disco com a antiga parceira Simony. Mas foi depois de ter ido para os Estados Unidos estudar na faculdade Berklee College of Music de Boston e se formar no curso duplo de Produção Musical e Music Business que Jair começou a desenvolver outro lado que também iria lhe trazer o reconhecimento, o de produtor. Em 1998 se juntou ao amigo Wilson Simoninha e mais dois sócios e montou, em São Paulo, a S de Samba, produtora que se tornou um importante nome no mercado publicitário. Ao mesmo tempo lançou o projeto Artistas Reunidos, com Pedro Mariano, Simoninha, Luciana Mello, Max de Castro e Daniel Carlomagno. Como resultado, os artistas se apresentaram durante dois anos em casas noturnas de São Paulo e o projeto rendeu apresentações em festivais internacionais de música e um disco, lançado pela gravadora Trama. Em sua carreira solo, Jair Oliveira marcou sua estreia em 1999, ainda como Jairzinho, em Dis’ritmia e na sequência se registrou artisticamente como Jair Oliveira lançando em 2002 o CD Outro. Seu terceiro trabalho solo contou com parcerias de Tom Zé, Otto, Arnaldo Antunes e Dom Betto, e foi dividido em duas partes, os CDs 3.1 e 3.2, este último lançado para ser baixado gratuitamente pela Internet. Em 2005, criou o próprio selo da S de Samba e no ano seguinte lançou o álbum Simples, que tem entre suas faixas as músicas “Tiro Onda”- tema do personagem Foguinho da novela Cobras e Lagartos da Rede Globo - e “Eu Também Tive um Sonho” - tema do filme Os Desafinados de Walter Lima Jr, do qual Jair também participou como ator, interpretando o baixista Geraldo. Em 2009, depois de dois anos do nascimento da sua primeira filha Isabela, o músico fez uma parceria com a esposa Tânia Khalill e lançou o projeto “Grandes Pequeninos” que foi indicado naquele ano ao Grammy Latino na categoria Melhor Álbum Infantil. Em 2010, Jair apresentou seu projeto mais recente, Sambazz – um livro/CD homônimo, lançado em parceria com a editora portuguesa Leya, que reúne canções mesclando as diferentes vertentes do samba e do jazz e traz um livro descrevendo todo o processo de criação do disco. Tendo trabalhado e produzido diversos trabalhos para grandes nomes da música brasileira como Ed Motta, Ney Matogrosso, Tom Zé, MPB-4, Jair Rodrigues, Vicente Barreto, Pedro Mariano, Patrícia Coelho, Vanessa Jackson, Sônia Rosa, Uri Caine, entre outros, Jair terminou 2011 com os títulos de compositor, arranjador, intérprete, músico e ator e lança no segundo semestre deste ano um DVD - Documentário falando de seus 30 anos de carreira e de suas experiências. FEVEREIRO/MARÇO2012


Q! - Você comentou em seu blog que 2011 foi um ano muito marcante para você, não só pelo nascimento da sua segunda filha, mas pelas diversas conquistas profissionais, entre elas o projeto exclusivo para a internet que resultou em 10 músicas, como foi essa experiência? J - Esse projeto não foi o primeiro que eu fiz para a internet, mas foi um projeto muito legal que eu tenho até vontade de dar sequência, talvez não esse ano por conta de outras coisas que tô a fim de realizar, mas esse projeto me mostrou várias coisas. Primeiro que eu já sou de uma geração de músicos que começou a lidar com a internet a partir da década de 90, então eu sou de uma geração que passou pela transição, de várias coisas, inclusive talvez a mais radical do mercado musical desde o começo do mercado fonográfico; eu peguei quando criança a transição do vinil pro cd e depois peguei a transição do cd para os outros formatos e agora a gente tá aí vendo a transição pra várias outras coisas que a gente nem sabe o que é que vai ser. Mas eu tive essa oportunidade de acompanhar essas mudanças na música, que talvez a geração que veio a partir da década de 90 não pegou, e para mim tem o lado da crise, da instabilidade, mas tem o lado que é muito bom também que é você poder participar de várias evoluções do formato na música. Quando comecei minha carreira o formato vigente era o vinil, então tive a chance de poder vê como era feito no mercado pro vinil, aí ali no meio da minha carreira o formato mudou para o cd e tive a chance também de ver essa transição, de como você produz pro cd, como você produz pra internet e muito provavelmente o celular vai ser o futuro da música, as pessoas levarem ou ouvirem as músicas tudo na nuvem (SoundCloud) através dos celulares. Então, para mim, o fato de eu poder fazer um projeto para internet e deixar ele disponível lá é mais uma faceta da minha geração, mais uma marca da minha geração, não só como ouvinte, mas como músico também. E esse projeto acabou me dando uma certa liberdade, porque quando você produz para ser um disco você senta, analisa, tem um conceito pro disco inteiro, você perde três, quatro, cinco meses fazendo aquele disco, e esse projeto, como eu fazia uma música por mês só pra lançar pela internet, acabou me libertando desse conceito, então eu fazia o que eu queria num mês, levava muito menos tempo WWW.QREVISTA.COM.BR

Jair na gravação do DVD de 30 anos no auditório Ibirapuera

para fazer e acabava tendo uma liberdade maior conceitualmente. Não que seja melhor ou pior que fazer um disco inteiro, acho que o conceito do meu disco ainda vai demorar para cair, muitas pessoas ainda gostam de ouvir um disco amarrado mesmo que seja pra ouvir duas ou três músicas, mas eu achei muito legal. Q! - Em seu projeto Sambazz, além de mesclar diferentes vertentes do samba e jazz com pitadas de soul e funk, você descreve o passo a passo de criação do disco em um livro homônimo, como surgiu a ideia de apresentar esse material conjunto e não apenas as músicas em si? J - Esse projeto, o Sambazz, foi algo assim; muita gente que acompanha minha carreira sabe que eu não me considero um intérprete, eu acabo sendo intérprete das minhas próprias canções, mas eu sou muito mais um compositor e produtor do que um intérprete assim na minha cabeça, no que eu me defino como artista, como músico. E pelo fato de eu ter também uma experiência já - a primeira coisa que eu produzi deve ser de 1994, 1995 então já tem um tempo, uns 17 anos que eu produzo e já tive a chance de produzir muita gente legal inclusive da música; o Tom Zé, o meu pai, minha irmã, o Simoninha e os meus próprios discos - então acho legal você compartilhar dessa experiência, claro que eu ainda tenho muita coisa para aprender, mas acho legal você compartilhar o que você já aprendeu, então quando comecei a gravar esse disco, o Sambazz, eu entrei em contato com o pessoal da Leya e tive a ideia de fazer um livro que explicasse mais ou menos o meu processo de criação, de produção e também no sentido de passar um pouco da minha experiência para as pessoas, porque muita gente, apesar de gostar de música, ouvir muita música

FOTO YURI PINHEIRO

Q! -Como foi crescer em um ambiente frequentado por lendas da MPB? Isso acaba influenciando mesmo se não tivesse começado a carreira aos seis anos de idade? J- A minha infância foi muito bacana né?! Um pouco diferente da infância de muita gente pelo fato de eu ter começado a trabalhar cedo, mas foi muito legal, eu aproveitei bastante. Foi uma infância muito acompanhada de música, porque eu nasci já num ambiente muito musical por conta até da profissão do meu pai, então acabei entrando em contato com a música muito cedo, de uma forma muito especial, muito próxima. Acabei começando a carreira quando tinha seis anos e desde então nunca mais abandonei a música como profissão, como paixão. Fiz parte da Turma do Balão Mágico que marcou a infância de muita gente, inclusive a minha, porque acabei entrando no terceiro disco, então já era fã do Balão quando eu tive a oportunidade de ingressar no grupo e foi muito legal, foi uma infância muito proveitosa, aprendi muitas coisas não só com meu pai, mas com o Balão Mágico e com outras pessoas com quem tive a chance de trabalhar, e acho que hoje em dia só tenho essa minha relação com a música por conta dessas pessoas, por conta desse trabalho que eu acabei fazendo quando era criança.

no seu dia a dia, não faz a menor ideia de como um disco é feito, então minha ideia foi meio de desmistificar esse processo de um disco que eu sempre achei muito misterioso. Por exemplo, no caso dos filmes hoje em dia você tem esse recurso de alugar um DVD ou assistir um filme na sua casa e logo depois assistir um making of pra ver como aquele filme foi feito, eu acho muito interessante, as pessoas se interessam por isso, e na música é um negócio mais complicado de você ter acesso, as pessoas não têm muita informação sobre como um disco que elas gostam foi feito, então eu decidi fazer esse livro justamente pra tirar um pouco desse ar de mistério e também para quem quiser aproveitar as informações, poder usar nos discos que as próprias pessoas vão produzir. De repente tem alguma informação útil lá no meu livro, então eu fiz com essa intenção. Q!- É interessante porque democratiza um pouco esse trabalho, eu como jornalista percebo que os músicos vivenciam toda essa parte da criação de uma maneira bem diferente e nós não temos muita noção desse mundo por trás de como é produzir uma música, um cd... J - É, isso é muito legal, porque depois do lançamento vira e mexe eu recebo mensagens, ou no meu twitter ou no facebook, de músicos que leram o livro e isso deu uma clareada um pouco no processo deles, isso para mim é muito importante. Eu terminei o ano passado muito focado nisso, porque nos shows desse projeto não tenho realizado algo convencional, acabei fazendo um show que mistura uma palestra, tipo um workshop, também falando da minha experiência como produtor, como compositor e depois a gente faz FEVEREIRO/MARÇO2012 49


um pocket show, e tenho visto que muita gente se interessa, até não músicos. Quando a gente vai fazer isso na faculdade muitas pessoas de outras áreas como de arquitetura, até de ciências sociais, administração vão lá para ouvir, para ver o que eu tenho a dizer sobre música, então acho que muitos se interessam, música é um assunto muito universal né, independente da profissão todo mundo tem seus artistas preferidos e todo mundo tem curiosidade em cima desse mundo da música, é um assunto que não acaba nunca.

a produtora em um negócio bem sucedido e, além disso, dá uma tranquilidade maior para a gente fazer nossos discos, nossos projetos. Desde 2005, além da produtora de publicidade, a gente também abriu o selo da S de Samba e temos feito nossas próprias coisas, o que é muito bacana porque a gente fica livre e mais sossegado para fazer um monte de outras coisas. Os projetos que a gente tem agora a partir desse ano é o projeto do ‘Grandes Pequeninos’ que a gente tá dando sequência ao volume 1 que lancei em 2009 em homenagem a minha filha Isabela.

Q! - Como compositor e produtor você já trabalhou para grandes nomes da música brasileira, Q! - Aliás, esse projeto (Grandes Pequeninos) como Ed Motta, Ney Matogrosso, Tom Zé, MPB-4, criado em parceria com a sua esposa (Tânia Khalill) Pedro Mariano, Patrícia Coelho, Vanessa Jackson, chegou a ser indicado ao Grammy Latino como meSônia Rosa, Uri Caine, entre outros. Com quem você lhor projeto infantil, você imaginava essa repercussão? gostaria de trabalhar hoje em dia? J - Tem muita gente né, muita gente. Já tive a J - É, não, então, isso foi também uma grande chance de trabalhar com alguns dos meus ídolos, Tom surpresa, porque na verdade eu fiz essas músicas para Zé, por exemplo, tive a chance de produzir, o Djavan minha filha logo que ela nasceu em 2007 e não tinha nunca produzi, mas dividi o palco com ele, então já é nem intenção de virar disco, mas por conta das ciruma glória; o João Bosco também, mas tem muita gente, muitos que já morreram e não vou ter a chance de trabalhar nunca, mas que eu sempre considero como ídolos e que talvez seria legal ter tido a oportunidade de fazer alguma coisa junto, como o Tom Jobim, o Simonal, a Elis Regina, mas de certa forma eu compenso isso trabalhando com os filhos, com o Simoninha que é meu sócio, com o Pedro Mariano, que é meu irmãozão, então a gente de alguma forma supre essa vontade, mas não sei, tem muita gente que eu gostaria de trabalhar, produzir ou até mesmo acompanhar o trabalho mais de perto, um Stevie Wonder... Daqui do Brasil eu gostaria muito de produzir alguma coisa FOTOS DIVULGAÇÃO para o Caetano, pro Djavan, pro Gil, mas também não fico pensando muito nisso não, porque se a gente fica pensando no que poderia acontecer a gente não faz acontecer né. Eu acho essa pergunta pertinente, acho muito legal, mas mais no sentido das ideias, porque na verdade não fico pensando muito nisso, agradeço as oportunidades que aparecem para mim e corro atrás também das coisas, mas mesmo não trabalhando com esses ídolos eu acabo considerando a pessoa com quem eu estou trabalhando o meu ídolo, então independente se é um artista novo ou já consagrado a pessoa que eu tô produzindo ou para quem eu tô compondo acaba se tornando meu ídolo e a pessoa com quem eu mais gostaria de trabalhar. Q!- Formado em Produção Musical e Music Business pela conceituada faculdade Berklee College of Music de Boston, assim que voltou ao Brasil em 1998, você se juntou com o Wilson Simoninha e mais dois sócios e montou a produtora S de Samba, que hoje é um importante nome no mercado publicitário. Como você vê esse sucesso também como produtor e quais as expectativas para a produtora nesse ano? J - A S de Samba já existe desde 1998, então são quase 14 anos de existência e a gente tem feito muitas coisas legais. Nesses anos a gente teve a chance de fazer muita coisa bacana, não só na música pro disco, mas também música para publicidade. Sou eu, o Simoninha e mais dois outros sócios, o Dimi Kireeff e o Joãoponês, e acho que desde o começo até agora a gente teve uma evolução muito grande, a gente se estabeleceu como uma das principais produtoras de áudio nesse mercado publicitário de músicas para publicidade aqui em São Paulo, que não é um mercado fácil, mas a gente conseguiu entrar e transformar 50 WWW.QREVISTA.COM.BR

cunstâncias acabou virando disco, livro e até peça infantil comigo e com a minha mulher e a gente acabou sendo indicado ao Grammy Latino. E agora a gente tá indo para o volume dois desse projeto, agora eu tenho a minha segunda filha, a Laura, que nasceu em março do ano passado, e já tá aqui também me inspirando a beça, então esse é um dos projetos meus e da S de Samba agora para esse ano, de poder fazer mais um disco, de repente fazer um DVD animado, fazer outra peça, quem sabe até um programa de teve, eu e a Tânia e o Humberto. E para a S de Samba tem o disco do Simoninha esse ano que ele começa a gravar o disco de inéditas e o meu DVD que a gente está terminando; é um DVD em comemoração aos meus 30 anos de carreira, gravado no ano passado em um show que eu fiz em julho no Auditório Ibirapuera, e vai ser um documentário-DVD falando desses meus 30 anos de carreira desde o comecinho passando pelo Balão Mágico, pela fase dos artistas reunidos e falando das

minhas fases de produtor, músico, compositor e acho que vai ser um produto bem legal, um documentário DVD com trechos do show e outras entrevistas, depoimentos e com pessoas com quem eu trabalhei. Q! - Esse DVD conta com a participação de diversos artistas que o acompanharam como Jair Rodrigues, Luciana Mello, Pedro Mariano, Wilson Simoninha, Max de Castro, Daniel Carlomagno e Simony. Não posso deixar de perguntar como foi reencontrá-la depois de 30 anos do Balão Mágico? J - Ali as pessoas que participaram do show são todas importantíssimas para a minha carreira porque todas têm um significado muito especial, meu pai não preciso nem falar o porquê, minha irmã porque acabou crescendo comigo e desenvolvendo essa paixão pela música, o Pedro Mariano, Simoninha, Max de Castro e o Daniel Carlomagno tiveram uma importância muito grande porque foi num momento com eles ali que comecei a descobrir o meu caminho como compositor, como produtor e a Simony - claro que eu não pude chamar todo mundo que tivesse uma importância na minha carreira - então a Simony acabou representando esse momento do Balão Mágico. Reencontrá-la foi muito legal, é que tem uma mística em cima dessa coisa da dupla, de a gente ter trabalhado junto, mas é algo emocionante, é claro que é muito emocionante poder estar com ela de novo depois de tantos anos sem trabalhar juntos, mas no contexto dessa festa acho que o fato de eu tê-la encontrado não foi mais ou menos emocionante do que os outros que estão lá. Eu tenho um carinho enorme por todos que participaram, inclusive pelos que não participaram pelo Mike, pelo Tob, pelo Ricardinho, que foram meus parceiros também do Balão Mágico e não tive a chance de chamá-los e também por tantas outras pessoas que eu gostaria de ter chamado e por algum motivo não puderam participar, o Tom Zé que teve uma importância muito grande na minha carreira também, então as pessoas que me ajudaram eu sempre vou ter uma gratidão enorme, inclusive pela Simony. Q! - Você comentou que não se vê tanto como intérprete e mais como compositor. Em que papel você se sente mais confortável agora, como músico, compositor, produtor, pai? J - Acho que em vários papéis, me sinto bastante confortável na música inclusive. Eu falei isso do intérprete, porque eu realmente não me vejo gravando um disco, por exemplo, cantando músicas de outras pessoas, acho que isso é um núcleo do intérprete, a carreira do meu pai, por exemplo, a carreira da minha imã é muito focada nisso, de montar um repertório através de músicas de outras pessoas, de fazer discos com essas músicas, de representá-las de um jeito digno e eu não me vejo fazendo isso, então não posso falar para você que eu sou um intérprete, se você pegar minha carreira todos os meus discos são feitos com músicas minhas, o máximo que eu me distancio disso é quando eu faço parceria com alguém, mas mesmo assim a música continua sendo parte minha, então acho que eu me sinto muito mais confortável como compositor e como produtor, como músico enfim, como violonista, do que como intérprete obviamente, mas muitas coisas na música me dão muita satisfação. E o papel de pai nem se compara, é uma outra coisa, uma coisa meio mágica, é um negócio que o cidadão precisa ter um filho para saber o que é, não dá nem para explicar. O amor e o carinho que você tem pelos seus filhos é algo inexplicável, então esse papel a partir de 2007 acabou se transformando talvez no principal da minha vida, junto com a música, mas esse também está ali lado a lado. FEVEREIRO/MARÇO2012


PERFIL

Niltinho UM RETRATO DO CARNAVAL DE ITATIBA POR MAIARA LIMA

Entre uma ligação e outra para resolver os últimos detalhes antes de entrar na avenida, Nilton dos Santos Evaristo, o Niltinho, conta como é viver para o carnaval. Presidente da Escola de Samba Águia Dourada há seis anos e participante assíduo desde a sua fundação, ele tem como sonho fazer um desfile contando a história de Itatiba. “Tem um que chama dali, outro daqui, uma vez eu estava dando entrevista e arrumando roupa ao mesmo tempo! Nunca fico de braço cruzado, gosto de por a mão na massa, é meu jeito de ser”. Sua história com o carnaval começou ao lado de Tonhão Reis Pereira, hoje presidente da Liabesi - Liga das Agremiações, Blocos e Escolas de Samba de Itatiba, quando se mudou para o Jardim das Nações. “Quando fundou o bairro a gente ia todo mundo para a rua, fazia uma roda de pagode. O Tonhão tinha um bloco de carnaval e eu e meu irmão entramos e começamos a fazer parte, isso em 1989, quando não tinha estrada, nem nada, era só buraco a rua, mas era gostoso, mais gostoso que hoje.” Hoje o bloco cresceu, virou escola de samba e aos finais de semana consegue reunir cerca de 300 pessoas em um ensaio reunindo não só a comunidade do Jardim das Nações, mas também de bairros como Erasmo Chrispim, Santa Filomena, Cecap, Boa esperança, Mombuca, Novo Cruzeiro e Aida Jafet. Tudo isso graças ao empenho de Niltinho, que afirma: “Para mexer com carnaval tem que gostar, porque você acaba deixando família e trabalho de lado. Em outras cidades maiores eles até têm um respaldo maior, mas aqui não, temos que ir atrás de tudo.” E mesmo com os problemas – A Águia Dourada teve o barracão destruído em um incêndio em novembro do ano passado, perdendo tudo que tinham e com um prejuízo em torno de R$200 mil – a escola entra na avenida esse ano com uma homenagem a Noel Rosa. “Primeiro dia que eu passei em frente ao barracão dava vontade de ir embora, mas a gente pega a verba, paga as contas e faz outra dívida, não recupera, mas vamos para a avenida com força total tentar fazer uma homenagem do jeito que o Noel Rosa merece” Apesar das dificuldades, para Niltinho a melhor parte é chegar na avenida, fazer um desfile gostoso e ver o pessoal aplaudir. “Desfile bom tem que estar super preparado, tanto de fantasia, alegoria, pessoal, quanto espiritualmente, tem que ter bom humor, às vezes a gente atrasa, mas sempre foi tranquilo. Termina o desfile, a gente tem que tirar a fantasia e arrumar tudo para o próximo dia, o trabalho é tanto que a gente acaba nem vendo o carnaval mesmo, mas eu adoro, na administração tô quase pendurando as chuteiras, mas vou continuar com o carnaval”. Incentivador do samba, Niltinho reclama do que a comemoração virou hoje em dia. “Só axé, funk, as músicas carnavalescas antigas deveriam voltar, não tem nada a ver, carnaval é samba, marchinha, não adianta modernizar, é coisa antiga. Mas o pessoal acostumou com carnaval de pouca roupa e se eu fizer uma comissão de frente de velha guarda ninguém gosta”, comenta. “Carnaval é cultural do samba, que é o que a gente devia trazer, mas ainda tem que insistir, ter mais apoio, falta incentivo, assim como existe nas outras festas da cidade. Não temos espaço para explorar. A gente está tentando mudar a ideia de que escola de samba é coisa de vagabundo; queremos fazer um negócio mais família. O pessoal ainda tem receio de participar, mas quem gosta vai.” “Meu sonho é fazer um samba de Itatiba, como capital dos móveis coloniais. Mas a história é muito rica, já pedi para pesquisarem, queria fazer todos os detalhes, mas é tudo muito rico e ficaria muito caro, talvez com alguma ajuda ou apoio ainda consiga desfilar contando essa história”. FOTO LUCIMARA BENEDETTI

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EDUCAÇÃO

PROJETO PALMA

PROGRAMA DE ALFABETIZAÇÃO NA LÍNGUA MATERNA FOTO PMI

PROJETO INOVADOR INVESTE NA FAMILIARIDADE COM CELULARES PARA AULAS DE ALFABETIZAÇÃO POR MAIARA LIMA

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dealizado pelo matemático José Luis Poli, co-fundador da Anhanguera Educacional, o PALMA – Programa de Alfabetização da Língua Materna, tem como objetivo alfabetizar através do uso de aparelhos celulares combinando sons, letras, imagens e envio de SMS. Lançado em caráter experimental em abril do ano passado em Itatiba, hoje o PALMA está presente em Campinas, Pirassununga, Franca e Araras e pretende acabar com os 14,61 milhões de analfabetos no país. A ideia inicial partiu da constatação de que a maioria das pessoas tem familiaridade com os celulares, inclusive jovens e adultos analfabetos. “Apesar de analfabetos, esses alunos têm filhos, parentes e amigos, que frequentam, ou frequentaram a escola e, por isso, convivem com essas tecnologias diariamente. Além disso, a tecnologia é desenvolvida com o objetivo de ser altamente atraente, além de se tornar cada vez mais intuitivo”, explica o matemático. O método foi desenvolvido por uma equipe de mestres e doutores em educação e tecnologia. Em 2010, desenvolveram o primeiro protótipo, em um aparelho mais simples e limitado, e depois evoluíram para o smartphone, onde a capacidade de memória e processamento seria adequada para suportar o programa. Em seu conteúdo foram utilizadas as mesmas premissas dos livros adotados para alfabetização de adultos, uma vez que o programa é complementar as aulas presenciais. “Utilizando imagens e sons, o programa tem fácil compreensão e evolui o grau de dificuldade conforme os resultados das atividades que o aluno faz pelo próprio aparelho. As respostas são enviadas a um sistema, também desenvolvido pela IES2 - Educação, Inovação e Soluções Tecnológicas, que confere a quantidade de erros e acertos. O aluno só segue para a próxima fase se atingiu os índices desejáveis de aprendizado”, ressalta. Hoje, cerca de 160 alunos testam o método e o resultado do primeiro semestre foi a redução da taxa de evasão em cerca de 80%, em comparação a média nacional de alfabetização de adultos. Com os resultados obtidos em Itatiba, o projeto foi apresentado pelo Prefeito João Fattori para as 19 cidades da RMC durante a 116ª reunião do Conselho de Desenvolvimento Metropolitano da Região Metropolitana de Campinas.

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FOTOS DIVULGAÇÃO

“A tecnologia está presente no dia a dia da grande maioria das pessoas e com o celular não é diferente. A Prefeitura de Itatiba vê neste projeto piloto uma forma de avaliar os benefícios que o celular, um aparelho de uso cotidiano entre as pessoas, pode trazer para o aprendizado,” aponta João Fattori. Para o idealizador do projeto é justamente o fato de ser um programa que utiliza o celular como meio que garante o diferencial do projeto PALMA. “As atividades podem ser feitas onde ele estiver. No ônibus, enquanto sai do trabalho e volta pra casa, no horário do almoço, no final de semana, nas férias escolares. O acesso a um aparelho portátil que explica as tarefas via áudio, aplica o exercício e depois envia as respostas dos alunos e o índice de acerto para um sistema web, é o que o faz tão eficiente no processo de ensino-aprendizagem. Nos primeiros testes do PALMA, já constatamos o aumento da frequência dos alunos em sala e a redução da evasão, comparada a outras salas que não usam o método. Além disso, recebemos os exercícios feitos pelos alunos em horários diferente aos das aulas, o que comprova que o celular foi o meio facilitador e motivador para que eles permaneçam interessados nos estudos fora de classe”, afirma o professor. Agora a expectativa é inserir no projeto as disciplinas de Matemática e em seguida Ciências, que são as matérias do segundo ano das turmas de EJA - Ensino de Jovens e Adultos. “A primeira turma a iniciar os testes do PALMA deve finalizar a alfabetização entre fevereiro e março. Com esses dados finais pretendemos apresentar o projeto ao governo, como uma solução viável e eficiente de alfabetização. Queremos que todo o Brasil tenha acesso a este método que está alinhado à tecnologia e ao futuro”.

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MÚSICA VIRA CONTEÚDO OBRIGATÓRIO NA EDUCAÇÃO BÁSICA EM 2012

Projeto Música Doce Música se apresenta no teatro Ralino Zambotto

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EDUCAÇÃO

OBJETIVO É DESENVOLVER A CRIATIVIDADE, A SENSIBILIDADE E A INTEGRAÇÃO DOS ALUNOS POR MAIARA LIMA

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partir desse ano, todas as escolas serão obrigadas a incluir o ensino de Música em seus currículos. A decisão foi definida pela Lei n.º 11.769, sancionada em 2008 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e está sendo bem aceita por pedagogos e músicos em todo país. Com a função de auxiliar no desenvolvimento dos alunos, a proposta foge do estigma de formar músicos profissionais ou especialistas na área, e de acordo com o presidente da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, tem como objetivo desenvolver a criatividade, a sensibilidade e a integração dos alunos. “A Lei Federal nº 11.769 não define a música necessariamente como uma disciplina – a educação musical pode estar integrada ao ensino de artes assim como outra linguagem. Na prefeitura de Itatiba, as ações na área de educação musical antecederam essa lei. As propostas hoje desenvolvidas na rede municipal têm sua origem, antes de tudo, na consciência sobre a importância da educação musical para o desenvolvimento de nossos alunos,” afirma Maria de Fatima Silveira Polesi Lukjanenko, atual secretária da Educação de Itatiba e coordenadora do curso de Pedagogia da USF. E essa importância está diretamente relacionada aos benefícios comprovados pela pedagogia que a

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educação musical pode trazer. “A arte em geral desenvolve os sentidos, a emoção, a sensibilidade, o autoconhecimento, a possibilidade de expressão, enfim, são inquestionáveis os ganhos de quem procura por uma de suas linguagens para crescer como pessoa. Entrar no fantástico mundo da música é uma oportunidade que, além de promover a formação cultural, enriquece os sentimentos humanos. Para mim, a educação não pode deixar de oferecer os benefícios da música em todos os níveis de ensino,” ressalta Fátima. Para o músico graduado Felipe Leme, a inclusão dessa disciplina é de extrema importância para a formação dos alunos. “A música está presente em nossas vidas desde a barriga das nossas mães, e dar a oportunidade de os alunos se aprofundarem no assunto é um avanço muito grande para a educação no nosso país. Os benefícios são muitos, principalmente relacionados ao desenvolvimento mental, coordenação motora, sociabilidade, etc. Mas o sucesso dessa nova matéria vai depender muito da forma com que será feito esse ensino de música, já que o objetivo é trazer a música pra perto do universo das crianças através da linguagem e das ferramentas compatíveis com a idade dos alunos.” Pensando nisso, a Universidade São Francisco já

desenvolveu um curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Educação Musical, como resposta a lei federal. “Em síntese, o curso “Educação Musical para Professores” tem como objetivo formar profissionais aptos a enfrentar a demanda exigida por essa lei. Ele foi preparado mesclando conceitos teóricos, práticos e técnicos da Educação Musical, a fim de proporcionar ao futuro educador musical uma bagagem, na qual o senso crítico, a sensibilidade e a busca por uma prática pedagógica fundamentada e inovadora sejam diferenciais importantes para a atuação mais segura desse profissional no mercado de trabalho”, explica a coordenadora que também será responsável pelo curso na USF. Hoje, as escolas municipais de Itatiba contam com quatro projetos especiais de educação musical, entre eles o projeto de Canto Coral em algumas escolas do Ensino Fundamental; a Fanfarra FANASA na EMEB Nazareth R. S. Barbosa; o projeto Música, Doce Música, que oferece um espaço para a prática musical coletiva, por meio do aprendizado da flauta-doce, violão e canto coral; assim como a experiência de implantação do E-Som, programa implantado em dez escolas que permite a aprendizagem através da apreciação, execução e composição musical, com o auxílio do computador.

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Nordic Walking

TAMBÉM CHAMADO DE CAMINHADA NÓRDICA, A ATIVIDADE CONQUISTOU OS BRASILEIROS PELOS BENEFÍCIOS E GASTO CALÓRICO CONSIDERÁVEL

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riado na Finlândia como um treinamento de verão para esquiadores, o Nordic Walking consiste em uma caminhada que conta com dois bastões de apoio, permitindo a movimentação também dos membros superiores a cada passo dado. Conhecido na Europa e nos Estados Unidos, a atividade está se disseminando no Brasil e já conta com praticantes em São Paulo e no Rio de Janeiro. A Escola Fitness em São Paulo é uma das grandes responsáveis pela difusão do Nordic Walking no país, ofecerendo inclusive workshops e encontros de praticantes no Parque do Ibirapuera. “Muitos países aderiram ao NW, independente do clima. No Brasil, pouco se falava sobre a modalidade, até que decidi organizar o primeiro curso em setembro de 2011. Somos representantes de uma das marcas mais destacadas na produção de bastões no mundo, a Gymstick, e nossa empresa é provedora técnica e oferece cursos e materiais didáticos de NW,” conta Cida Conti, diretora da Escola Fitness e especialista em NW. Ainda segundo Cida, praticar Nordic Walking é fácil, mas requer técnica e instrução. Dificilmente o uso

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POR MAIARA LIMA

dos bastões oferecerá riscos, mas o que pode acontecer é a subutilização do material. “Iniciantes devem caminhar aproximadamente 20 minutos como forma de adaptação e aumentar 5 minutos a cada 15 dias. A velocidade de passada deve ser inicialmente menor, com um aumento progressivo com o passar do tempo. Outro fator importante é a amplitude dos passos, que representa uma das “principais chaves” do NW e deve ser aumentada com a melhoria do condicionamento,” explica a especialista. O Nordic Walking é recomendado para todas as faixas etárias a partir dos 12 anos. Pode ser feito em areia, grama ou em superfícies rígidas e a prática pode ser individual, ou em grupos, um dos motivos que fez com que a atividade tivesse uma aceitação incrivelmente rápida no país. “Tomei conhecimento do NW há cerca de um ano, através de amigos que tiveram contato em viagem ao exterior, e comecei a praticar em outubro. Caminhava no Ibirapuera de três a cinco dias da semana; mas com o Nordic Walking existe muita diferença, principalmente pela movimentação da cintura para cima, que ajuda no desenvolvimento

e relaxamento da musculatura dos braços e tronco e aumento de até 40% de gasto calórico,” conta o administrador Marco Antonio Scaglione. Com benefícios comprovados, o Nordic Walking ativa 90% dos músculos do corpo, contra 70% na caminhada regular; tem um gasto calórico de aproximadamente 450 calorias por hora comparados com 280 cal/h na caminhada sem bastões e segundo pesquisa do Cooper Institute Research apresenta maior consumo energético, que pode aumentar em média entre 20% e 46% comparado à caminhada convencional. “Após 10 dias, ficou muito evidente o reforço no condicionamento físico e comecei a perder peso e ganhar um pouco de massa muscular nos membros superiores e inferiores, além do relaxamento do stress do dia a dia,” afirma o praticante. “O NW é saudável, divertido e proporciona grandes benefícios para saúde e estética, sem que o praticante tenha a sensação de exaustão durante o treino,” ressalta Cida Conti. Para conhecer mais sobre o esporte visite o http://www.nordicwalking.com.br/

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FOTO: GYMSTICK

ESPORTE


BICHOS

AIDS FELINA

DOENÇA ATUA DE MANEIRA SIMILAR AO HIV E É MAIS INCIDENTE EM GATOS QUE TÊM O HÁBITO DE SAIR ÀS RUAS POR MAIARA LIMA

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onhecida como FIV entre especialistas, o vírus da imunodeficiência felina ficou conhecido apenas na década de 80, próximo a data do isolamento do vírus HIV, mas pesquisadores acreditam que ela exista há muito mais tempo. A doença atinge apenas felinos, mas não apresenta sinais visíveis até que esteja no segundo ou terceiro estágio, por isso é importante conhecer as formas de contágio e como evitá-la. O nome assusta por ser semelhante à doença dos humanos, mas a doença não oferece nenhum risco às pessoas. “O vírus da imunodeficiência felina (FIV) é um retrovírus pertencente ao gênero lentivírus, e, assim como nos seres humanos, a doença é espécie-específica, ou seja, acomete apenas os gatos. Da mesma maneira que o HIV, a FIV se incorpora ao DNA do hospedeiro e, como consequência, cada célula infectada transmite o genoma viral para as suas descendentes. A semelhança é tanta que a FIV vem sendo estudada por médicos e pesquisadores para melhorar os tratamentos e vacinas contra o HIV,” explica a Maria Inês Fruet, médica veterinária especializada em Felinos. Apesar de não ser uma doença frequentemente discutida, a incidência da AIDS felina é alta. Nos EUA, a porcentagem chega a 16% da população felina e no Japão atinge cerca de 44%. “No Brasil há um relato de cerca de 14%, mas esses dados não são confiáveis, pois infelizmente não temos o hábito de realizar o exame necessário, uma vez que é caro (cerca de R$150,00). No Japão, a incidência é grande pelo fato dos gatos terem muito acesso às ruas. Acredito que a incidência no Brasil seja aproximada à do Japão, se não for maior,” ressalta a especialista. Para evitar o contágio, os donos devem ficar atentos, principalmente com os gatos que têm o hábito de sair às ruas. “O vírus é eliminado principalmente pela saliva e a transmissão mais importante é pela mordedura direta (ou seja, por brigas). A melhor forma de evitá-los é não deixar seu gato sair de casa. As pessoas costumam achar que os gatos têm que viver livremente e isso é um erro. Um gato livre está sujeito ao atropelamento, traumas e doenças, dentre elas a FIV”, aponta Maria Inês. A doença é dividida em cinco estágios. Durante os dois primeiros o animal normalmente não apresenta sintomas, ou quando apresenta podem ser confundido com qualquer outro mal. Esses dois estágios podem durar mais de cinco anos. No terceiro estágio (que também pode durar anos) o gato pode ter sintomas inespecíficos como apatia, perda de peso, febre recorrente, anemia, diarréia, etc. Nos dois últimos estágios, já com o sistema imunológico bem debilitado, o animal apresentará diversas doenças oportunistas e os sintomas estarão relacionados a elas, como candidíase, criptococose e estomatite. WWW.QREVISTA.COM.BR

“A FIV não tem cura, nem tratamento específico. Normalmente, os animais que tem o vírus são imunodeprimidos, e por terem esse sistema imunológico deficitário desenvolvem outras doenças. Essas outras doenças são, na maioria das vezes, tratáveis, mas um animal FIV positivo não responde bem a nenhum tratamento. Os donos devem tirar suas dúvidas com o médico veterinário de sua confiança e ter o hábito de levar seu gato pelo menos duas vezes ao ano para uma consulta”, recomenda a veterinária.

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ANKUR PREM

BICHOS

BORDER COLLIE

CRIADOR DE BORDER COLLIES E PROPRIETÁRIO DO CANIL MASTERBORDERS KENNEL

FOTO LUCIMARA BENEDETTI

INTELIGENTE, AFETIVO, FIEL E SAUDÁVEL. CONHEÇA UM POUCO MAIS SOBRE O CHAMADO CÃO PASTOR. POR MAIARA LIMA

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dono, carinhoso com todos os membros da família, está sempre disposto a realizar tarefas e não gosta de desagradar. Contudo, assim como ele oferece muito de si para a família, ele também exige este mesmo nível de dedicação dos seus donos. Eles precisam de atividades constantes, tanto físicas quanto mentais (passeios, socialização com outros cães, espaço suficiente para brincar e correr, além de muita atenção e carinho). Por este motivo, é melhor ter dois Border Collies do que apenas um: assim um estimula o outro com brincadeiras e atenção, dando uma folga maior para os donos,” ressalta o criador. O Border Collie possui diversas possibilidades de cores, embora o ‘preto e branco’ seja o mais recorrente. Também conhecido como cão pastor, você deve se lembrar da raça no filme Babe, o Porquinho Atrapalhado (1995). O Border Collie é o resultado de diversos cruzamentos que os pastores europeus realizaram durante séculos com o objetivo de alcançarem o pastor perfeito. O resultado foi atingido no século XV na região fronteiriça entre a Inglaterra e a Escócia e por isso receberam o nome de ‘border’, que significa fronteira. Bastante rústico, ele tem resistência às variações climáticas, di-

ficilmente fica doente e come relativamente pouco sendo um cão muito saudável. Contudo, existem algumas doenças genéticas que foram identificadas em alguns exemplares da raça, como displasia e CEA. Estas doenças podem ser detectadas por exames de DNA, e bons criadores apenas venderão filhotes de pais livres destas doenças genéticas, apresentando laudo veterinário que comprove esta informação. “Todos os meus cães possuem exames e estão livres de qualquer doença genética. Acho um absurdo o que muitos criadores vem fazendo: cruzando e vendendo cães indiscriminadamente, sem a constatação de qualquer exame, ajudando a disseminar as doenças genéticas pelos pantéis. Isso gera muito sofrimento tanto para os cães como para os seus donos,” aponta o proprietário do canil Masterborders Kennel. Q revista

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onsiderada uma das raças mais inteligentes segundo o livro A Inteligência dos Cães, do psicólogo canadense Stanley Coren, o Border Collie é um cão de tamanho médio para grande, de físico atlético e de personalidade marcante. De origem rural, possui aptidão para o trabalho com qualquer tipo de rebanho (ovelhas, gado, cervos, avestruzes, dentre outros), além de ser campeão em diversos esportes, como agility, frisbee e flyball. Relativamente recente no Brasil, o Border Collie só veio para o país em meados de 1994 para trabalhar nas fazendas de criação de bovinos no interior de São Paulo e Rio Grande do Sul e hoje é um dos cães mais procurados para companhia. “Em todos os testes de inteligência que foram aplicados, os Border Collies não só ficaram em primeiro, como obtiveram um resultado muito maior do que o segundo colocado (pastor alemão e poodle). Eles são verdadeiros gênios do mundo canino, aprendem com muita facilidade e desde muito cedo. Esta inteligência acompanha o seu lado emocional: o Border Collie é um cão muito afetivo e também convive em harmonia com outros animais quando educado desde cedo para isso,” afirma Ankur Prem, criador de Border Collies e proprietário do canil Masterborders Kennel. Por ter um potencial de aprendizado muito grande, o Border Collie precisa ser estimulado, do contrário, pode se tornar um cão neurótico ou agressivo. Por isso, é preciso ter certeza de que pode atender as necessidades de um Border Collie antes de adquirir um. Na fala dos criadores ‘ele é um cão especial feito para donos especiais’. “O Border Collie é muito fiel ao

Ainformaçãoquefica! ®

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AMOR AO PRÓXIMO

ONG VISAR ONG ATUA NA LUTA CONTRA A AIDS, ATRAVÉS DA CONSCIENTIZAÇÃO, HÁ 16 ANOS EM ITATIBA POR MAIARA LIMA

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ntidade que presta assistência e apoio a doentes carentes, infectados pelo HIV (AIDS) e seus dependentes, a ONG Vida, Saúde e Realidade (ONG VISAR) de Itatiba tem, desde 1996, a difícil missão de vencer o preconceito e levar conscientização e cidadania para os soropositivos. Com ajuda de voluntários, a ONG Visar realiza um trabalho diferente do SUS, oferecendo um tratamento personalizado com um nível de conscientização ainda maior para as 30 famílias assistidas, afinal, segundo dados do Programa Conjunto das Nações Unidas para o HIV e Aids (Unaids), cerca de 34 milhões de pessoas no mundo viviam com o vírus em 2010. “Aqui dentro da ONG temos a preocupação maior em fazer com que as pessoas conquistem os seus direitos. Muitos dos assistidos vem pelo assistencialismo, pela cesta básica que também entregamos, além do SUS, mas temos que garantir o direito ao trabalho, estudo, qualidade de vida e mostrar que o portador de HIV não deve ser encarado como um problema”, afirma a tesoureira Diva Maria Martins Oliveira, que participa da ONG há um ano. “Outro problema no combate a luta contra o HIV é a ideia de acomodação que tem se criado entre os jovens hoje em dia, pois acreditam que a AIDS é um problema resolvido, porque hoje existe o tratamento que garante uma qualidade de vida para o soropositivo, mas não é uma cura. A AIDS é para vida toda,” ressalta.

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FOTOS LUCIMARA BENEDETTI

Ainda uma doença muito estigmatizada, já quase nada para a infraestrutura e essas pessoas tem que antes existiam os chamados grupos de risco que ter uma assistência melhor. É uma questão de que incluíam homossexuais, prostitutas e depen- saúde pública mesmo”, afirma o presidente da ONG, dentes de drogas, hoje a realidade da AIDS é dife- Cláudio Martins de Oliveira. rente, com dados que mostram uma incidência até Hoje, o número de pessoas infectadas com o mesmo em mulheres idosas casadas. “A AIDS cresce vírus HIV no mundo continua aumentando, mas em muito ainda, mas se tornou uma espécie de doença ritmo menor. Segundo o relatório do programa das crônica e como se tem a medicação que consegue Nações Unidas para os portadores do HIV, a previsão fazer com que o paciente tenha é de que em cinco anos a AIDS não uma qualidade de vida, as pessoas irá se espalhar como antes. Mas, acreditam que é algo simples de apesar dos medicamentos e ainda se resolver,” comenta Maria Beatriz do tratamento correto, a conscienRuy, enfermeira e educadora em tização persiste como item primorsaúde da ONG. A ONG VISAR PRECISA dial na luta contra a AIDS. “Esse Por isso, o papel da ONG passo adiante que queremos dar DE VOLUNTÁRIOS. Visar vai além da questão social e, é para conscientizar a sociedade, com a nova diretoria, dois projetos porque eles estão à mercê disso, da devem ser implantados ainda esse ENTRE EM CONTATO E conscientização da pessoa que está ano para garantir que a entidade SAIBA COMO AJUDAR. doente, por isso, esse trabalho tem volte a ser atuante na sociedade. que continuar. Os soropositivos tem “Nessa nova fase da ONG quereque ser conscientizados para que a TEL.: 4538-8951 mos realizar novos procedimensociedade também seja, até porque WWW.ONGVISAR.ORG.BR todos estão sujeitos a ter um sorotos, baseados no que vimos no ano passado e acompanhar de positivo na família”, afirma Diva. “As perto as famílias, reestruturar os assistidos e fazer os pessoas chegam aqui no fundo do poço, nós temos que deixaram de vir retornarem”, afirma a primeira que dar muito mais que assistência e resgatar o valor secretária, Rita de Cássia Correa Gomes. “Tem uma da pessoa e ao mesmo tempo mostrar que ela é ressenhora que nós assistimos que diz: ‘A ONG me dá ponsável por ela e pelo próximo. Nós temos que trazer assistência, mas eu ganho 600 reais e tenho que gas- as pessoas de fora para dentro para evitar a mesma tar 400 com aluguel’. Então você vê que não sobra situação,” ressalta o presidente.

ATENÇÃO

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SAÚDE

FOTOS: LUCIMARA BENEDETTI

Ginástica Laboral

INVESTIMENTO NA SAÚDE DENTRO DA EMPRESA GARANTE A SATISFAÇÃO DE CHEFES E FUNCIONÁRIOS

POR MAIARA LIMA

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om o objetivo de preparar os funcionários para a jornada de trabalho, a ginástica laboral é um conjunto de práticas de exercícios físicos realizados dentro da empresa que auxilia na redução de acidentes e garante um aumento de até 5% na produtividade. Um investimento que promete garantir a satisfação de chefes e funcionários. Para isso, já existem empresas que oferecem assessoria específica para o setor empresarial através de personal trainer, avaliação física, campanhas, palestras e implantação do Programa de Promoção para Saúde do Trabalhador. “A Ginástica Laboral é um segmento da Atividade Física incorporada dentro das empresas e pode ser realizada antes, durante e após o expediente de trabalho, com duração entre 10 e 15 minutos, focando em exercícios de alongamentos e relaxamentos,” explica Renata Bredariol Theodoro, gerente geral da Estar-Bem Assessoria na Atividade Física. Hoje a atividade começou a ser compreendida como um instrumento na melhoria da saúde física do trabalhador, reduzindo e prevenindo problemas ocupacionais. Segundo o Ministério da Saúde, a ginástica laboral mostra que o aumento de produtividade pode chegar a 5%, a redução dos acidentes de trabalho em até 25% e a diminuição das faltas ao trabalho em até 20%, além das prevenções es-

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pecíficas em relação ao L.E.R. (Lesões por Esforço Repetitivo) e D.O.R.T. (Distúrbios Osteomusculoarticulares Resultantes do Trabalho). “As empresas atentas e adeptas a este programa são recompensadas melhorando sua imagem junto à sociedade e seus colaboradores, reduzindo os custos com assistência médica, melhorando a produtividade e permitindo uma melhor integração entre os colaboradores e gestores”, ressalta Renata. Com esse intuito, a empresa Momentive desenvolve a atividade com seus funcionários, colaboradores, efetivos e terceiros, desde 2006. “A Momentive, sempre preocupada com a qualidade de vida e bem-estar dos colaboradores, implementou programas focados em saúde e segurança, entre eles está o de ergonomia, sendo que uma das ferramentas adotadas para esta finalidade foi a Ginástica Laboral,” afirma Mario Sérgio Capalbo, supervisor de EHSQ. A Ginástica Laboral é leve e de curta duração, por isso não sobrecarrega nem cansa o funcioná-

rio, e para a sua implantação em uma empresa é fundamental uma primeira análise relacionada às condições de trabalho (tempo de trabalho, intensidade, ergonomia) para a elaboração das atividades. O investimento depende da quantidade de sessões necessárias para atender os setores pretendidos pela empresa e os valores variam entre R$ 800,00 a R$ 5.000,00 mensais, mas quem investiu nesse programa garante que compensa. “Não existem dias perdidos de trabalho dentro da Momentive que seja relacionado a lesões enquadradas como DORT (Doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho). Acreditamos que o mais importante é o envolvimento e a participação dos colaboradores, além disso, o bem estar e a disposição dos trabalhadores em suas atividades laborais e consequente aumento da produtividade são pontos primordiais tanto para a empresa quanto para os colaboradores,” ressalta o supervisor. Para os funcionários, a ginástica laboral tem como benefícios o aumento do ânimo, disposição e concentração para execução de atividades diárias, correção de vícios posturais, estímulo a boas práticas de saúde e a uma vida mais ativa, maior integração no ambiente de trabalho e melhora da flexibilidade e mobilidade articular.

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SAÚDE

PREVENÇÃO PRIMÁRIA DENTRO DE CASA É O PRIMEIRO PASSO PARA EVITAR O CONTATO COM AS DROGAS

FOTO: LUCIMARA BENEDETTI

Drogas na adolescência LOUISE SIMÕES, PSICÓLOGA COGNITIVA COMPORTAMENTAL CLÍNICA, ESPECIALIZADA EM DEPENDÊNCIA QUÍMICA PELA FMUSP- GREA

POR MAIARA LIMA

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ituação recorrente nos dias de hoje, um dos principais problemas relacionados a adolescentes e jovens no país é o contato com as drogas. Atualmente, segundo pesquisas de órgãos oficiais como o CEBRID - Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas, aproximadamente 80% dos adolescentes até a idade de 16 anos já tiveram experiências com drogas e apesar de parecer algo distante, elas se tornam cada vez mais acessíveis, então o que fazer para evitar esse contato? “Geralmente, o que percebemos em nosso consultório é um despreparo muito grande por parte dos pais em relação a este assunto. Sentindo-se agredidos e desrespeitados, procuram em desespero tirar imediatamente o filho do contato com as drogas. Tomam, nesse percurso, atitudes agressivas que, geralmente, pioram a situação. Esta atitude, ao contrário do que pensam, pode levar o filho – que talvez esteja em sua primeira experiência com a droga, a qual poderia ser logo descartada – a uma atitude de reforço negativo, do tipo: ‘já que vocês acham que sou um drogado, agora vão ver só”’, afirma Louise Simões, Psicóloga Cognitiva Comportamental Clínica, especializada em Dependência Química pela FMUSPGrea. Mas, apesar da situação exigir calma antes de agir, não se deve ser conivente e simplesmente ignorar o que pode estar acontecendo dentro de casa. Para a especialista, o primeiro

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passo é tentar perceber o que está por trás do uso da droga, que muitas vezes é movido por fatores como curiosidade, necessidade de fazer o que os outros jovens estão fazendo, pressão do grupo e até mesmo uma crise depressiva da adolescência. “Pais que tem um relacionamento mais aberto com seus filhos tem mais facilidade para perceber problemas e mudanças de comportamento. Sendo assim, é importante ficar próximo dos filhos, sem controlá-los excessivamente, mas demonstrando amor, preocupação e rigor em relação às regras estabelecidas em casa. Antes de xeretar na vida do filho ou acusá-lo sem provas, o correto é aproximar-se com jeito e mostrar que a reação a seus problemas não será catastrófica nem agressiva, e sim compreensiva e acolhedora - mas com a firmeza necessária num momento como esse”, ressalta a psicóloga. Para ajudar você a perceber quando é hora de intervir, a especialista aponta alguns sinais típicos de que seu filho está com problemas. • Deixar de se encontrar com os amigos de sempre e começar a andar com novos amigos que não quer apresentar é sinal de que alguma coisa pode não estar indo bem. • Recusar-se a dizer aonde vai ou a que horas volta também é uma atitude a ser vista com cautela pelos pais, embora sempre seja prudente dar um voto de confiança ao filho. • Baixo rendimento escolar e desinteres-

se repentino pelos estudos ou por atividades antes importantes (como tocar, jogar bola) são sinais típicos de que algo não vai bem. • Olhos vermelhos ou vidrados, falta ou excesso de sono, irritabilidade e recusas constantes em conviver com a família também devem ser observados. • Outro sinal de alerta são os problemas com dinheiro. Se a mesada começar a “sumir” muito mais rápido que o normal sem nenhuma justificativa coerente, é hora de chamar seu filho para uma conversa. O principal é ter em mente que através da prevenção primária é possível evitar esse primeiro contato com as drogas e uma futura dependência química. “A dependência química é uma doença, não existe receita de bolo para se tratar a mesma. A melhor forma é evitar que ela se instale através da prevenção, aumentando os fatores de proteção e diminuindo os de risco”, afirma Louise.

LOUISE SIMÕES Psicóloga Psicóloga Comportamental Cognitiva especializada em Dependência Química pela FMUSP- Grea

RUA ANTÔNIO FERRAZ COSTA, 385 VILA SANTA CRUZ - ITATIBA - SP TEL.: (11) 4538-1011 / 8723.0767 e-mail: louise.psicologia@uol.com.br

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Benefícios da dança

EM UMA HORA AULA DE AULA É POSSÍVEL PERDER CALORIAS, GANHAR RESISTÊNCIA FÍSICA E SE TORNAR MAIS AUTOCONFIANTE, TUDO ISSO ENQUANTO SE DIVERTE. POR MAIARA LIMA

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sada em cerimônias desde a Antiguidade, como arte - ao lado do teatro e da música, e como divertimento, a dança é também uma aliada para deixar o sedentarismo de lado e para se sentir bem. Os benefícios são inúmeros não só para o corpo, mas também para a mente, por isso, a dança é hoje considerada uma atividade física e usada até mesmo como recomendação médica. Além de ser mais um divertimento do que uma prática física, a dança é uma forma de expressão e o retorno com a atividade é garantido. “Muitas pessoas procuram a escola por saber dos benefícios da dança, para aliviarem-se do stress diário, da fadiga, cansaço, dores e também para fazerem bonito no salão. Outros procuram por indicação médica, pois na aula de dança rítmica, por exemplo, além de se divertir e fazer amizades, você perde calorias. Temos alunos que começaram a fazer aulas nessas condições e hoje já obtiveram 99% de melhora,”afirma Márcio Pires, professor do MP Studio de Dança. Esse é o caso da encarregada de produção de 40 anos, Celdir Rodrigues do Amaral, que começou a fazer aula de dança rítmica em 2009 e hoje também faz aulas de jazz. “Sempre fui apaixonada pela dança, e um profissional da saúde me indicou a atividade para me42 WWW.QREVISTA.COM.BR

lhorar a circulação. A dança diminui o estresse, melhora a circulação, auto-estima, postura e é muito boa para a memória e coordenação motora. Dançar libera endorfina, que é o hormônio da felicidade e acredito que não exista beneficio maior do que ser feliz,” conta animada. Um dos atrativos da dança também é o fato de trabalhar o corpo todo, fortalecendo músculos e queimando calorias sem você perceber. “Muitas pessoas preferem a dança à musculação, pois não enjoam, além de ficar com um corpo maravilhoso. Outro benefício também muito importante é a resistência física, pois a dança exige muito do corpo, melhorando o sistema cardiovascular, a capacidade pulmonar e ajudando a fortalecer os ossos,” ressalta o professor. A dança é indicada para qualquer idade e as escolas especializadas já têm cursos específicos para crianças, como Jazz, Ballet e Street Dance e para adultos e idosos, como Dança de Salão, Dança do Ventre, Flamenco, Ballet, Jazz, Forró, Gafieira, Street Dance, Dança Cigana, Sapateado, Sertanejo, Axé e Dança Rítmica. Nos diversos estilos de dança, a média de gasto calórico em uma hora de aula varia de 210 a 550 calorias. A atividade proporciona ainda flexibilidade, autoconfiança e elasticidade, além de auxiliar em outros fatores, como na prevenção do envelhecimento precoce

e na forma de se relacionar, deixando as pessoas mais confiantes.“Quando danço, sinto que minha alma se separa do corpo, é como se existisse somente eu e o universo. Mente, corpo, coração e alma na mesma sintonia. Dançar rejuvenesce o espírito, aconselho para todas as idades”, comenta Celdir. “Quem planeja iniciar na dança, tem que ter primeiramente vontade, do resto é só deixar em nossas mãos, pois você se tornará um “pé de valsa”. Quem planeja dançar deve seguir simplesmente as regras de cada estilo, por exemplo, na dança rítmica pedimos um tênis com amortecedor para os impactos, na dança de salão um sapato com antiderrapante, no jazz e no ballet sapatilhas, enfim para cada curso os cuidados necessários para garantir a segurança e proporcionar o bem estar necessário,” afirma Márcio. • Jazz (340 kcal) • Dança Rítmica (380 a 500 kcal) • Dança de salão – Bolero (350 kcal), Salsa (510 kcal), Mambo e samba (210 kcal) • Street dance (380 kcal) • Flamenco e dança do ventre (310 kcal) • Ballet (250 kcal) • Forró e gafieira (470 kcal) • Rock (550 kcal) FEVEREIRO/MARÇO2012

FOTO: LUCIMARA BENEDETTI

SAÚDE # ESPORTE


CW7 Conheça a banda vencedora do “Hit do ano” na premiação da MTV POR MAIARA LIMA

A CW7 é uma banda curitibana formada pelos três irmãos Gustavo, Leonardo e Paulo Wicthoff e pela prima deles, Amanda Wicthoff (Mia). Formado em 2007, CW, as letras que batizam a banda, são as iniciais do nome da família, e o número 7 foi escolhido para trazer sorte, o que parece ter dado certo. A banda lançou o primeiro álbum “Nada Mais Importa Agora” em 2008 e, trabalhando de forma independente, conseguiu se firmar entre o público jovem. Até o final de maio de 2011 já eram mais de dois milhões de views no ‘MySpace’ - ficando entre as 10 bandas mais acessadas no âmbito nacional - além de inúmeros shows realizados pelo país afora. Em 2010, a banda lançou o álbum “O Que Eu Quero Pra Mim”, com sete faixas inéditas e quatro releituras de canções do álbum anterior e o sucesso veio com a canção “Será Você”, que permaneceu por várias semanas no Top 10 MTV, da MTV Brasil. Por conta desse sucesso, a banda participou do Acesso MTV e no mesmo ano assinou contrato com a gravadora ArtMix, em parceria com a Maynard Music. Em 2011, a banda lançou um álbum homônimo produzido por Guto Campos, mesmo produtor da Banda Restart, e em seguida lançou o single “Me Acorde pra Vida” que chegou a estar entre as músicas mais tocadas nas rádios nacionais. No mesmo ano, a música “Me acorde pra vida” foi indicada e venceu a categoria de “Hit do Ano” no Video Music Brasil 2011. E também recebeu indicações como Revelação e Melhor Grupo no Prêmio MultiShow da Música brasileira, e como Revelação no Meus Prêmios Nick. WWW.QREVISTA.COM.BR

Para saber como foi toda essa trajetória, a Q! conversou com a vocalista Mia Wicthoff . Q! - A banda, na verdade, é formada por uma família de músicos. Como foi o primeiro contato de vocês com a música? Sempre tiveram incentivo para seguir esse caminho? M - Desde pequena, eu sempre estudei piano e canto e os meninos tocavam, mas nada profissional! Foi aí que a nossa família nos incentivou para marcarmos um ensaio juntos. Fizemos este ensaio e foi bem legal! Aí montamos a CW7. Q! - Quando vocês perceberam que queriam levar a banda como algo sério?Já tinham noção de que poderiam ter repercussão nacional? M - Desde que montamos a CW7, o objetivo era levar isso como projeto de vida mesmo, então sempre pensamos em trabalhar muito, levar a sério… No começo, pensar em ver um clipe nosso na TV, nossa música tocando na rádio era um sonho e graças a Deus conseguimos alcançar isso! Mas o trabalho duro continua mais e mais. Q! - Em 2008 vocês lançaram o primeiro CD, ‘Nada Mais Importa Agora’, como foi o processo de gravação? O primeiro CD conseguiu passar a imagem que vocês queriam que a banda tivesse? M - O primeiro disco é sempre uma aposta! Nós gravamos este sem antes fazer um show! Foi “na intuição” mesmo, mas ficou com a nossa cara, as letras de acordo com o momento naquela época e aí com o tempo a gente foi amadurecendo mais o nosso som. Q! - Em 2010 vocês conseguiram o sucesso com a música ‘Será Você’ do álbum ‘O que eu quero pra mim’, vocês imaginavam esse retorno com um CD independente e o convite para participar do Acesso MTV? M - Sempre apostamos muito nesta música! A gente via nos shows que ela tinha uma ótima repercussão, por isso resolvemos gravar um clipe dela! Logo depois disso, o clipe entrou na programação da MTV e surgiu o convite do Acesso MTV! Foi demais! A galera representou muito no twitter pedindo CW7 e uma semana depois, o clipe entrou no TOP10 da MTV. Q! - No mesmo ano vocês também fecharam contrato com a ArtMix de Guto Campos e a Maynard Music de Marcos Maynard. Como foi trabalhar com o

Guto Campos, que também produz o Restart, e chegar às músicas mais tocadas das rádios nacionais em 2011 com ‘Me Acorde Pra Vida’? M - O Guto e o Maynard são fantásticos! A gente adora o trabalho deles e eles também acreditam muito no nosso trabalho! Assim que a música entrou nas rádios, a repercussão disso tudo foi ótima e conseguimos ficar entre as mais pedidas! Muita coisa boa começou a surgir e muito trabalho também! Q! - A CW7 começou a ter uma grande repercussão através da internet e em junho de 2011 chegou aos trending topics do Twitter com o lançamento do clipe de “Me acorde pra vida”. Como artistas, para vocês a internet é sempre uma aliada ou apresenta aspectos negativos? M - Para nós, a internet sempre foi algo positivo! Conseguimos divulgar nosso trabalho para todos os lugares e podemos também ter um contato maior com os nossos fãs! Desde o começo utilizamos a internet para a divulgação e até hoje separamos um tempo durante o dia para atualizar as redes sociais e responder a galera. Q! - A banda foi indicada no ano passado como “Hit do Ano” no Video Music Brasil e também tiveram indicações como banda revelação e melhor grupo no Prêmio MultiShow da Música brasileira, e como Revelação no Meus Prêmios Nick. Essas indicações mostraram uma grande identifi cação do público jovem com o trabalho de vocês, como vocês vêem essa resposta e como é o processo de criação das músicas? M - Ficamos muito felizes com todas essas indicações! Foi um reconhecimento do nosso trabalho, ainda mais que ganhamos o prêmio HIT DO ANO no VMB pela categoria de voto popular! Foi demais, sempre agradecemos nossos fãs por isso! Sobre o processo de criação das músicas, eu costumo compor a maioria, mas os meninos estão sempre ajudando e fazendo os arranjos junto! O legal é que o Maynard e o Guto também ajudam a gente na escolha do repertório com dicas e fica uma coisa bem natural. Q! - Quais os projetos e perspectivas da banda para 2012? M - Com certeza o principal objetivo é fazer muitos shows, muitas músicas novas e nos dedicar 100% à banda! Os fãs podem esperar que vai ter muita novidade por aí! :) FEVEREIRO/MARÇO2012 46

FOTOS: DIVULGAÇÃO

MÚSICA


CASA E DECORAÇÃO

MÓVEIS COM LUZES LED VARIEDADE DE CORES E BAIXO CONSUMO SÃO ALGUNS ATRATIVOS DO LED COMO ILUMINAÇÃO INTERNA POR MAIARA LIMA

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conômico, o LED - sigla para diodo emissor de luz - ainda não substituiu as tradicionais lâmpadas, mas vem ganhando espaço e é cada vez mais utilizado para complementar o ambiente que dispensa uma luz funcional. Com esse sucesso eles saem do mercado tradicional de iluminação e passam a ser utilizados como complementos na decoração e agora também em móveis como pufes e mesas. As luzes LED já existem há cerca de dois anos em forma de fitas e lâmpadas para spots e luminárias, mas estão chegando agora ao mercado nacional na forma de iluminação interna. Exemplo disso é que um abajur, uma mesa, pufe ou poltrona também podem usar o LED para mudar a cara do ambiente constantemente. “Os móveis são feitos de Polietileno Branco, são leves e contam com uma bateria, que depois de carregada dura cerca de 7 horas, permitindo seu uso em qualquer ambiente, interno e externo, como praia, piscina, varanda, etc”, afirma Henrique Metzner,

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diretor da Hansa Iluminação. Além da parte estética, já que em móveis como esses o LED pode apresentar até 16 cores diferentes, seus benefícios também funcionam como atrativo. “O principal benefício é o baixo consumo e manutenção, já que os LEDS duram muito mais que as lâmpadas comuns. Até mesmo grandes empresas já estudam a mudança de suas iluminações para o LED, caso da Honda de Sumaré, que trocou todas as lâmpadas fluorescentes por LEDS tubolares”, ressalta o diretor. Hoje, já existem LEDS para substituir qualquer lâmpada e os preços devem continuar caindo. Mas, para não gastar dinheiro à toa, Henrique ressalta a importância de comprar produtos apenas em lojas especializadas. “Devido à grande variedade de fabricantes de LEDS, é importante consultar uma loja que tenha treinamento e saiba que LED usar e aonde, para não prejudicar o cliente. Como em tudo, temos diversos fabricantes e tipos de LEDS, mas poucos com qualidade, por

exemplo, temos conhecimento de que cada lote de produção de LEDS tem as cores alteradas e só alguns fabricantes, como Osram e Phillips, garantem que a cor que você comprar hoje, ainda vai encontrar daqui cerca de um ano.” E ressalta: “é preciso também muito cuidado quanto à capacidade de iluminação de cada tipo de LED. Essas informações só são encontradas em lojas que primam por qualidade nos produtos e que fazem projetos de iluminação.” HANSA ILUMINAÇÃO ITATIBA: Av. M. Castelo Branco, 668 Bairro Engenho - (11) 4524.0961 JUNDIAÍ: Av. Prefeito Luis Latorre, 4041 Vila das Hortências - (11) 4521.9261 CAMPINAS: Av. Olavo Bilac, 304 Cambuí - (19) 3252-1415

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CASA E DECORAÇÃO

COMO ESCOLHER A TV CERTA PARA A SUA SALA A DICA PARA GARANTIR O CONFORTO VISUAL É EVITAR OS REFLEXOS POR MAIARA LIMA

Entre os televisores convencionais, a TV de plasma, TV LCD, TV LED e as televisões com tecnologia 3D, são inúmeras as opções de escolha para comprar uma TV, mas você sabe qual é a mais indicada para a sua sala? Para não se deixar levar apenas pela estética do aparelho ou pelas novidades, a Q! conversou com uma arquiteta para mostrar quais os fatores que devem ser considerados antes de você se sentar para assistir seu programa favorito. Em primeiro lugar, é preciso escolher um local adequado para a instalação do televisor. Nessa hora deve ser privilegiado o conforto visual do telespectador e a dica é quanto menos reflexo

FOTOS ILUSTRATIVAS

melhor. “Melhor conforto visual é deixar o televisor livre dos reflexos diretos da iluminação natural que entra pelas janelas, vitrôs, portas e corredores. Geralmente, devemos instalar a TV na parede lateral ao lado das janelas, nunca no lado oposto com a tela voltada para a porta ou janela”, afirma a arquiteta Chamberlain Mendonça. Para aqueles que podem fazer alterações na sala, a arquiteta indica que seja elaborado um projeto com iluminação artificial embutidas em sancas (molduras de gesso), ou nas laterais da sala, que deixam o ambiente mais confortável. Na hora de escolher o televisor, a dica tam-

bém é levar em conta a questão do reflexo. “O mais indicado para ambientes com mais reflexos são os aparelhos de LCD (Liquid Crystal Display). A vantagem desse tipo de aparelho LCD é a ‘menor reflexidade’ da tela quando bate alguma luz direta sobre ela”, comenta a arquiteta. Já a TV de Plasma é indicada para locais mais escuros, pois suas cores são mais vibrantes. Para a escolha do tamanho da tela do televisor deve ser considerado o tamanho da sala. A distância deve ser de 1,50m a 4,20 metros, e a altura de 0,90cm a 1,10 m. Alguns sites de lojas de varejo, que também vendem televisores, já ensinam como calcular o tamanho e a distância ideal para sua sala, mas para você não precisar fazer as contas confira a tabela: TAMANHO DA TELA X DISTÂNCIA DO OLHO Tela Diagonal Distância

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15”

38,1 cm

1,1m

19”

48,3 cm

1,4 m

22”

55,9 cm

1,7 m

26”

66,0 cm

2,0 m

32”

81,3 cm

2,4 m

37”

94,0 cm

2,8 m

42”

106,7 cm

3,2 m

47”

119,4 cm

3,6 m

52”

132,1 cm

4,0 m

60”

152,4 cm

4,6 m

FEVEREIRO/MARÇO2012


CASA E DECORAÇÃO

Ano novo casa nova

FOTO ILUSTRATIVA

CONFIRA 10 DICAS DE UM ARQUITETO PARA REFORMAR A SUA CASA

POR MAIARA LIMA

Ao longo das edições, a Q! já mostrou várias dicas de como renovar ou mudar a cara da sua casa até mesmo gastando pouco, mas se você decidiu por uma reforma para começar o ano de casa nova não deixe de conferir as dez dicas da arquiteta e urbanista Silvia Scali antes de começar a por ‘a mão na massa’.

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Planejamento é fundamental.

Contrate um profissional que tenha experiência no assunto. Se não tiver recursos disponíveis para isto, o planejamento deve ser ainda maior para não estourar o orçamento, não demolir nenhuma estrutura que traga prejuízo para a edificação e/ou insegurança para os moradores e principalmente se esta reforma prever aumento de pavimentos. Para evitar ‘quebra-quebra’ desnecessários, priorize aberturas em que haja a incidência de luz solar e a integração dos ambientes. Para ganhar espaço, a integração dos espaços tem sido uma premissa básica nos projetos, além de gastar menos, pois possui menos paredes e prioriza-se a convivência (salas de jantar integradas com cozinhas e salas de estar com cozinhas tipo americanas, etc.) Para evitar dor de cabeça futura com infiltrações, a impermeabilização de novas construções é essencial.

Para economizar, abuse das cores, está na moda e é possível criar novos espaços sem muita alteração de volumes, somente brincando com texturas, cores e decoração.

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Outra opção economicamente viável é a reutilização de móveis e revestimentos. Garimpando materiais recicláveis e sustentáveis nas casas de demolição é possível encontrar bons materiais a preços acessíveis e fica muito original. Só contrate mão de obra por indicação, mesmo que tenha que ficar na fila de espera, assim evitará aborrecimentos. Infelizmente, o mercado está cheio de mão de obra desqualificada, o chamado ‘faz tudo’, corra dele e procure profissionais especializados: pintura com pintor, revestimento com pedreiro especializado em acabamentos, elétrica com eletricista e assim por diante. Faça cálculos e orçamentos realistas antes de iniciar. Esteja preparado para eventuais surpresas, pois toda obra tem imprevistos e quando se trata de quebrar e mexer em instalações elétricas e hidráulicas, principalmente, pode ocorrer ‘surpresas’, para elas 10% ao menos devem ser considerados no gasto total. Faça vários orçamentos. Há grande diferença de preços entre os fornecedores, vale a pena andar e procurar produtos similares e suas variações de mercado, de forma que se ajuste ao seu bolso. E por último, consulte órgãos públicos competentes e veja se a sua reforma necessita de licenças e alvarás. Se forem apenas troca de revestimentos, pinturas, pequenas intervenções internas, com certeza não será preciso, mas se for ampliar, com certeza, precisará aprovar antes, com um profissional habilitado, que assine seu projeto. Consulte medidas de calçadas, recuos, medidas máximas e mínimas permitidas no lote e no caso de condomínios, consulte também o regulamento interno para não ser importunado e receber multas por alterações indevidas. FEVEREIRO/MARÇO2012


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