Decadência abstrata

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Decadência Abstrata

rodrigo luz & luiz abegg ilustrações: arnnon gavioli



DecadĂŞncia Abstrata



Decadência Abstrata poemas Rodrigo Luz Luiz Abegg ilustrações Arnnon Gavioli

editora

verbo

santa maria, 2013 1ª edição


editora

verbo

© 2013 editora verbo (editora fictícia) Universidade Federal de Santa Maria Departamento de Ciências da Comunicação Curso de Comunicação Social – Produção Editorial Obra produzida na discplina de Edição e Produção de Livros Orientação: Prof. Dra. Marília de Araújo Barcellos Livro experimental

poemas ilustrações produção

luiz abegg rodrigo luz arnnon gavioli flavio teixeira quarazemin maiara dos reis michele lewiski

seleção de originais

maiara dos reis michele lewiski

preparação de originais

michele lewiski

projeto gráfico

flavio teixeira quarazemin

revisão de texto

michele lewiski

diagramação

flavio teixeira quarazemin

capa

flavio teixeira quarazemin maiara dos reis

tratamento de imagens

flavio teixeira quarazemin


apresentação decadência abstrata é uma obra produzida na disciplina de Edição e Produção de Livros, ministrada pela professora Marília Barcellos, no 3º semestre do curso de Comunicação Social – Produção Editorial da ufsm. A partir do conceito do projeto editorial, reunimos os originais constituídos por poesias de autoria de Luiz Abegg e Rodrigo Luz, com as ilustrações de Arnnon Gavioli1. Com notada influência surrealista, os autores utilizam a livre associação de ideias e tendem a ironizar/fantasiar a realidade. Ao mesmo tempo, eles têm como inspiração a poesia marginal, aproximando a poesia do cotidiano das pessoas, utilizando gírias e termos da linguagem coloquial. Selecionamos os desenhos que mais se relacionavam com os poemas que já tínhamos em mãos, a partir do acesso ao portfólio do ilustrador, pois não houve um pedido direto para que ele ilustrasse cada poesia. Dessa forma, pretendíamos mostrar que cada um pode dar a sua própria interpretação para a relação poema/ilustração, visto que essa relação não foi produzida juntamente à concepção de cada uma delas. Os poemas e as ilustrações, assim como a arte em geral, tiveram como objetivo mostrar os diferentes ângulos de percepção do ser humano, abordando temas que, apesar de cotidianos, podem revelar o que há de mais profundo em cada sentimento que deu origem à obra.

os editores 1 Tanto os poemas quanto as ilustrações foram gentilmente cedidas para a concepção desta obra.



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O poema ĂŠ coisa rara Tal pedacinho de palavra Nas muralhas do banal.


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Calabouços de “epifanias” não realizáveis Desesperadamente reinava a calmaria por infames instantes logo o transtorno necessário chegaria o coaxar dos sapos e o barrir dos elefantes no fim era sempre a mesma coisa um tanto quanto diferente lanças transpassando cabeças neurônios sendo empalados pequenos homenzinhos sussurrando cantigas de ninar entrando pelas narinas... as cacholas iluminadas um vazio doentio em suas entranhas uma sede infinita e angustiante uma dama que passeia rebolando vagalumes por todas partes em frente...um gato que parece cantar beber o mel alucinante seria o plano resigno-me a torturas mentais durante o sono onde fico eternamente a falar poesias afoitas, com ecos pecaminosos e regurgitações de “epifanias” juvenis...



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O mundo gira O vento brinca nas verdes folhas A luz aponta a escuridão O céu transa com a vastidão E eu NADA?!

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Na noite dos meus olhos a escuridão É infinita. De pálpebras abertas Faço esforços para ver fantasmas: Na noite de meus Olhos De pálpebras fechadas DEUS sufoca-me enquanto respiro feixes luminosos


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Não me diga que vai embora Sou tão egoísta para não sentir tua falta. Queria poder ver tudo com olhos de um desapego carinhoso Não me importar com tua partida. Aí tu me diz: – Meu amor Somos pétalas de flor Inevitavelmente Voaremos com o vento.



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Essas águas de alambique quentes, em dias quentes e com soda... ...destroem até a alma... eram apenas pequenas NEUROSES dessas que se EXPURGAM no banheiro ou em cima da cama não eram belas palavras e as rosas estavam murchas vivos, só os ESPINHOS... éramos obrigados a cair éramos esperançosos apenas no reflexo NOS OLHOS das crianças melancolia, melancolia e MELANCOLIA malditos sejam aqueles que te odeiam eu SINTO o prazer no caminhar noturnamente sem expectativas de NADA a única coisa que salva esse eterno amor PELA VIDA talvez sejam os poemas de Rimbaud Viva de alucinações emoções peculiares e SINTA tudo emoldurado como se filmado pelo melhor diretor de todos tempos o acaso é belo...e DESESPERADAMENTE acolhedor assim eu diria...escrevi demais... deixo as palavras do “cara” que citei lá em cima: “Expliquei então meus sofismas mágicos pela ALUCINAÇÃO das palavras!... Acabei por considerar sagrada a desordem da minha inteligência.”



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Parece n達o ter fim Todas as possibilidades De tudo se acabar.


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rascunho melódico sobre o nada vou por agora falar sobre tudo querendo dizer quase nada sobre a água seca que brota das nuvens o canto das cobras na enseada uma vaca que chora no campo aberto um cabra esperto que não diz nada multidões estranhas querendo afeto passarinhos ligeiros dando bicadas no teto vermelho colado está um feto o choro horrendo não serve para nada palavras versos tempos funestos alvorada Manhã de prelúdios incompletos por fim, mais uma vez...não digo mais nada



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Minha poesia natimorta deixa-me feliz n찾o tenho depress찾o p처s-parto


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Mosquitos & Gritos Infinitos! Mosquitos ao meu redor Milhões deles infinitos...eu passo a noite tomando café e matando mosquitos Esquisito, esquisito Até gosto disso Enlouqueço brandamente Nem sempre sou bom nisso Mosquitos e eu num silencioso tedioso infinito Tudo está quente Até os mosquitos Eu não...nem frio, nem quente Tenho a temperatura do infinito Parece triste É apenas felicidade mórbida E os mosquitos...e os gritos Gritos pequenos...baixinhos Misturados aos miados dos gatos lá fora E mais zumbir dos mosquitos Bebo café...conhaque há muito acabou Tenho medo porque descubro o que sou E não sei se amo ou odeio Apenas sou mosquito nunca infinito... apenas somos Griiiitoosss!


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E do meio deste mundo de araque Só amores guardei ao meu conhaque! E que viva o beber que embriaguia As alucinações da cabeça encharcada! E que viva o uísque que regalia! Viva e se entorna vodka tridestilada Onde se embala a viagem calorosa! Viva a taça cheia e virtuosa Cante o louco febril a todo momento Hinos de sangue aos sóbrios estúpidos Entorpeça-se na agonia do pensamento Cubra a fronte com chapéu e sai do caminho Que eu minha harpa votei ao afogamento Só peço inspirações ao meu vinho!



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O tempo corre sem pernas Na diáspora imaterial Da busca incansável De sua origem inominável Que ninguém sabe Mas todos têm de respeitar. O tempo, quando notado na vida mundana Anda Quase tropeça Quando não para Nas filas de marioquintana. O tempo, quando notado No assovio desesperado dos coitados que não sabem cantar; Dança Na ponta dos pés Sem parar.

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índice

de ilustrações e poemas

6|7 ânsia Luiz Abegg

8|9 um homem com suas lembranças Rodrigo Luz

14|15 máscara verdadeira Luiz Abegg

16|17 expectativas Rodrigo Luz *imagem do próprio autor do poema

22|23 grávida Rodrigo Luz

24|25 mosquitos* Rodrigo Luz


legenda

página título da ilustração autoria do poema

10|11 homem-rocha Luiz Abegg

12|13 família dos condenados Luiz Abegg

18|19 matéria e antimatéria Luiz Abegg

20|21 ciclo de vida Rodrigo Luz

26|27 cézar decaído Rodrigo Luz

28|29 tempo Luiz Abegg


biografias

Luiz Alberto Amaral Abegg, 26 anos, natural de Porto Alegre - RS, começou a escrever poesia a partir do momento em que passou a se desinteressar pela vida. Influenciado por muitos artistas, tem como principal inspiração Baudelaire. Também se interessa por música e teatro.

Rodrigo Luz, 25 anos, natural de Rio Pardo – RS, começou a escrever poemas no início da adolescência. Suas principais influências, como Charles Bukowski, não são apenas no seu modo de escrever, mas também na sua ideologia. Tem interesse por todas as ramificações da escrita, mas a falta de habilidade em outras artes torna o interesse mais fraco. Ainda assim, as aprecia experimentalmente, como a música, a dança e as artes plásticas.

Arnnon Afonso Gavioli de Assis, 20 anos, natural de Cacoal – RO, começou a fazer seus primeiros rabiscos na infância e foi aprimorando com revistas de desenhos. Inicialmente, foi influenciado pelos mangás japoneses, passando a estudar, posteriormente, a técnica HQ. Na pintura, foi influenciado pelas escolas fauvista, expressionista e surrealista. Se considera uma pessoa calma e centrada. Além da pintura, se interessa por música e escultura.



formato tipologia papel número de páginas

14x21 Orator Std | Chaparral pro Couché brilho 170g 34



o poema ĂŠ coisa rara tal pedacinho de palavra nas muralhas do banal. luiz abegg

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