Pranchas resumo - TFG

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TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO ARQUITETURA E URBANISMO

MAÍRA SEBASTIÃO DIAS matrícula 121850007 Orientador: Rafael Brandão DAUAP - UFSJ

CIDADE DAS ÁGUAS

prancha 1/2

recuperação dos recursos hídricos e suas da cidade de São Lourenço - MG relações

São João del-Rei, MG Julho de 2017

TEMA

A CIDADE DAS ÁGUAS - ANÁLISE URBANA

São Lourenço é muito conhecida por suas águas, sendo que os recursos hídricos são muito abundantes na cidade. Porém, por diversos fatores, com o tempo a relação da sociedade com a água foram sendo perdidas.

A história da cidade mostra que apesar de seu surgimento nao ser atrelado ao turismo, seu desenvolvimento foi. A economia da cidade é dependente do turismo e do comércio proveniente dele, e nessa lógica em que o lucro é priorizado, as atividades turísticas acabam se sobrepondo às tradições locais, fazendo com que aos poucos a cidade perca sua identidade. (FONTELES, 1999)

A intenção desse projeto é identificar essas relações, e com isso recuperar a importância da água, propondo projetos de intervenção que a retomem no cotidiano.

“Recuperação significa melhoria do atual estado do curso d’água e de seu entorno, tendo como objetivo uma valorização geral das propriedades ecológicas, sociais, econômicas e estéticas”. (URBEM, 2010, p. 26)

Nesse sentido, os moradores perderam também a identidade com a água. Apesar de ser claro o papel dos cursos d’água como configuradores dos espaços da cidade e da malha urbana, a maioria dos córregos foram canalizados para dar lugar às vias de tráfego, e essa canalização excessiva causou inúmeras enchentes, o que contribui para a imagem negativa da água e sua rejeição por parte da sociedade. Assim, ao “sumir” da paisagem, a única parcela de interesse na cidade relacionada à água é o Parque.

A ÁGUA E A REGIÃO

falta de ética nos padrões de consumo

mapa - recursos hídricos

São Lourenço faz parte faz parte da região do Circuito das Águas, no sul de Minas Gerais, que está localizada na bacia hidrográfica do Rio Verde. 386 km de Belo Horizonte

O maior atrativo da região, no geral, é o turismo. Nesse contexto, São Lourenço é considerada um “pólo”, graças ao seu desenvolvimento econômico, à qualidade de suas águas, e sua localização estratégica (próximo de São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

enchentes e destruição

rejeição e esquecimento

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7

21

Juntamente com esses fatores, a legislação do município atuante não fiscaliza a ocupação da Zona Especial, prevista pelo plano diretor (lei municipal nº 1812, aprovada em 1993) como zona de preservação e proteção dos mananciais e corpos d’água. Essas áreas acabam sendo mais afetadas por enchentes anualmente. Dessa forma, com a falta de informação no processo de urbanização, as cidades se tornam alvos de enchentes, e a água vítima da rejeição e esquecimento.

28km

253 km do Rio de Janeiro Dessa forma, seguindo a localização dos cursos d’água e mapeando as áreas públicas da cidade, vemos que eles estão muito próximos. A partir disso, juntamente com espaços residuais da cidade, essas áreas são potenciais para a implantação de projetos de espaços democráticos que incentivem diferentes tipos de ocupações, relacionando a comunidade com a água. Isso propõe um novo modo de entrelaçamento entre diferentes áreas da cidade, em que o elo de comunicação é a água.

290 km de São Paulo

A ÁGUA E A CIDADE

CONTEXTO HISTÓRICO

Situada no vale do Rio Verde, a cidade de São Lourenço foi explorada pelos bandeirantes no início do século XIX, e apesar da procura na área ser por ouro e prata, desde cedo a cidade ficou conhecida por suas águas com propriedades medicinais. Dessa forma, comendadores da época começaram a se interessar pelos terrenos onde as fontes se encontravam, e após adquirí-los começaram a ocupar a área.

1826

A partir dai, o progresso de São Lourenço girou em torno de suas fontes. Desde igrejas até construções de infraestrutura, as edificações eram feitas aos arredores do Parque das Águas, a primeira região a se consolidar, e sua exploração era o que atraia pessoas e empresas para a cidade.

lago artificial rio verde córregos possíveis córregos canalizados

Hoje, São Lourenço possui uma área de 57 quilômetros quadrados, está a aproximadamente 870 metros acima do nível do mar e sua população é de aproximadamente 41.657 habitantes (IBGE, 2010).

1921 1923 1925 1927 1928 1930 1933 1934

mapa - áreas potenciais + áreas públicas e praças + recursos hídricos

zona de atividade turística zona de expansão urbana zona de comércio atacadista

1884 1890 1891 1892

500m

mapa - zoneamento

1874

Em 1928, ano do surgimento da Associação Brasileira de Urbanistas, o Plano Científico de Embelezamento foi aplicado na cidade, pois além das fontes hidrominerais, os membros de tal associação ficaram impressionados com a topografia montanhosa da cidade e de seus arredores. Assim, podemos perceber que sempre houve uma preocupação urbanística na cidade, e que só progrediu.

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1905

1 1970

2

6

1991 2000

lago artificial rio verde córregos possíveis córregos canalizados praças/áreas públicas áreas de interesse para realização de intervenções

2005 2008 setor especial zona residencial zona residencial especial zona de comércio central

2017 3

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consolidação do município consolidação do turismo a água e a cidade

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3 4 5 3

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1

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1826 - O bandeirante João Francisco Viana descobre a terra e começa a explorá-la, que fica conhecida como “Águas do sítio Viana”. 1874 - Viana morre e as terras são divididas para seus filhos, que começam a estudar a possibilidade de industrialização das águas. 1884 - Abertura da estação ferroviária. 1890 - Primeiras obras de saneamento, drenagem e aterro na cidade, formando as primeiras ruas. - Fundação da Companhia de Águas Minerais São Lourenço. 1892 - Ergue-se a Ermida, próxima a fonte magnesiana. - Inauguração da primeira fonte de água mineral gasosa. 1891 - Primeira missa. - “Águas do sítio do Viana” foi elevado a distrito da comarca de Cristina. 1905 - Criação de linhas de bonde da cidade à estação ferroviária. - Modernização da exploração das águas. 1921 - Fundação da Sociedade Brasileira de Eubiose. 1923 - Distrito transferido para o municipio de Pouso Alto. 1925 - Concessão de exploração para a empresa “Águas de São Lourenço S.A.”. 1927 - Emancipação de São Lourenço. 1928 - Associação Brasileira de Urbanistas aplica o Plano de Embelezamento na cidade. 1930 - Captação de água gasosa, magnesiana, ferruginosa e alcalina. 1933 - Construção do Edifício da Agência Postal Telegráfica. 1934 - Construção do Balneário. 1970 - O primeiro monumento datado na Praça Brasil é um busto de Tancredo Neves. 1991 - Ferrovia para de transportar pessoas e cargas. 2000 - Enchente - uma forte tempestade fez transbordar o Rio Verde, que corta a cidade, e a água chegou a subir mais de 4.5 metros, deixando as partes mais baixas inundadas (incluindo o Parque das Águas). Apesar de recente e devastadora, a enchente marcou a cidade também de uma forma positiva, já que após ela a cidade se reergueu rapidamente e as reformas fizeram com que São Lourenço alcançasse uma posição de maior destaque na região. - Ferrovia volta a funcionar, com o trem turístico entre São Lourenço e Soledade de Minas. 2005 - Após a deterioração do centro devido a enchente, algumas propostas foram feitas para revitalizar o centro - construção do Calçadão II e reforma da Praça Brasil. 2008 - Inauguração da construção do Calçadão II - “calçadão novo” - e reforma da Praça Brasil - agora Praça João Lage. 2017 - Nova prefeita eleita propõe mudanças, como recuperação das calçadas, revitalização do calçadão I e II, um plano de ação e prevenção contra enchentes e limpeza de canais e córregos.

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500m

Nesse sentido, foi escolhida uma dessas áreas para a realização do projeto piloto de intervenção, por ser um local com diversos tipos de usos, conter diferentes tipos de equipamentos urbanos, ser de grande interesse turístico, em que as principais vias passam por ali, e também diferentes tipos de recursos hídricos, como o lago do Parque, as fontes e o córrego. Além disso, o raio escolhido está muito próximo de outras áreas de interesse, o que facilitará a conexão entre eles e a difusão do plano pela cidade. E não menos importante, as áreas públicas dali estão em contato direto com o córrego.

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escala urbana escala urbana - local escala local

1 - o projeto urbano da área específica analisada, como um “modelo” para as demais áreas de interesse, buscando recuperar o contato da população com a água através de acessos seguros ao córrego e locais de permanência próximos a ele. 2 - Elaboração do Plano de Diretrizes de recuperação das águas.

+

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raio da área de intervenção a ser analisada

A CIDADE DAS ÁGUAS - ANÁLISE PERCEPTIVA Além da leitura técnica feita através dos mapas, foi feita uma análise perceptiva na área com o objetivo de identificar os principais problemas, referências, potencialidades e demandas da área de estudo. Assim, as metologias de percepção ambiental aplicadas aplicadas foram: Walkthrough, mapa comportamental e questionário. (HEINGANTZ, Paulo Afonso; AZEVEDO, Giselle Arteiro; BRASILEIRO, Alice; ACANTARA, Denise; QUEIROZ, Mônica. 2009) Os principais pontos levantados foram:

- paisagem - ambiente ao ar livre - acessibilidade - tranquilidade - música ao vivo nos fins de semana - comércio - parquinho para as crianças

atores

plano

implementação

programa

- infraestrutura - falta de lugares com cobertura - fluxo de pessoas e ciclistas - poucos eventos - mal cheiro do córrego - chafariz sujo - charretes

RECUPERAÇÃO DAS ÁGUAS - O PROJETO As diretrizes foram dispostas gradualmente de acordo com a ordem que devem ser implantadas. Assim, as 2 primeiras diretrizes priorizam a melhoria da qualidade das águas, desde o seu tratamento até a regeneração da vegetação nativa atrelada ao rio. A terceira diretriz propõe a retomada da importância da água pela população, incentivando a aproximação saudável da comunidade. As outras 4 diretrizes propõem a criação de espaços favoráveis e incentivadores de ocupação, estabelecendo a conexão da cidade e criando uma identidade visual. Nesse sentido, elas conectam as diretrizes com o outro produto deste trabalho: as intervenções.

Assim, para a implementação o projeto, algumas premissas deverão ser levadas em conta. Elas serão apresentadas juntamente com as propostas para a área. - objetivo

área intervenção:

- diretriz - proposta

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Elas poderão ser feitas de duas formas: 1 - Intervenções conceituais: serão direcionadas para as áreas de interesse em que não seja viável ou desejável que o curso d’água seja desenterrado. Assim, com o objetivo de mostrar a importância da água como configura urbana, poderão ser utilizadas estratégicas como uma paginação de piso ou cores diferenciadas que a tragam conceitualmente para o cotidiano. 2 - Intervenções espaciais: em áreas públicas próximas a cursos d’água ou onde seja possível desenterra-los, com projetos que estimulem o convívio com a água e a ocupação harmônica entre população, turistas e meio ambiente. O projeto piloto na área determinada será uma demonstração da linguagem arquitetônica adotada para as intervenções espaciais. E para mostrar como seria feita a conexão dessa área com as demais, dando a deixa para a continuidade do projeto, será apontada uma intervenção conceitual.

contextualização

200m

500m

RECUPERAÇÃO DAS ÁGUAS - INTERVENÇÕES

A justificativa deste plano é que a partir das análises expostas, observamos que a legislação do município não contempla o interesse de recuperação dos recursos hídricos e nem demonstra a importância da identidade da água na cidade. Dessa forma, para complementar o plano diretor do município, foi elaborado o plano a partir de 7 objetivos norteadores, e deles, foram geradas diretrizes de planejamento. E para concretizá-las, propostas.

500m

A CIDADE DAS ÁGUAS - ANÁLISE LOCAL

mapa - área piloto de intervenção + escalas envolvidas

RECUPERAÇÃO DAS ÁGUAS - PLANO Reforçando o foco de restabelecer a relação da cidade com a água, em que o rio é o elo de conexão, este trabalho terá dois produtos:

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diagrama - área atualmente

diagrama - área proposta

100m


RECUPERAÇÃO DAS ÁGUAS - O PROJETO 1 - Recuperar os elementos de importância histórica: (indicação na planta) Modulação triângulo

O conceito do pórtico de triângulo será levado para a modulação do piso, criando uma linguagem contínua para a área. O módulo padrão será um triângulo equilátero de 5 metros, que pode se dividir em sub-módulos.

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1 5 1

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Rolo compressor

O rolo compressor tem grande importância histórica, pois foi usado na primeira pavimentação da cidade. Se tornou um objeto lúdico para as crianças, e será apenas transferido de lugar. Fonte no calçadão

Pela análise perceptiva, a fonte foi apontada como referência do local, mas também criticada pelo seu mal funcionamento e sujeira. A proposta é uma fonte no piso no mesmo local, para manter a referência e propor novo uso. Chafariz

Pela análise perceptiva, o chafariz é criticado por nunca ser ligado e pela sujeira. A proposta é uma fonte no piso e espelhos d’agua, com um novo objeto escultural no centro que remeta ao módulo triangular. Balneário 0

Atualmente, a edificação de balneoterapia de 1934 é privada, de exclusivo acesso aos visitantes do Parque. A proposta é manter a edificação histórica, permitindo também o acesso público. 2 - Revalorização da vegetação nativa:

100m

planta - proposta projeto piloto de intervenção

1 6 5

Atualmente, pequena parcela da vegetação é constituída por espécies nativas. Isso causa um grande adensamento de árvores de grande porte, como o eucalipto. A proposta paisagística é uma espécie de reflorestamento gradual, com espécies locais específicas para cada área, pensando seu sombreamento, porte, floração e resistência ao alagamento. As espécies escolhidas também seguiram a seguinte palheta de cores, a fim de harmonizarem na paisagem geral formada.

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Algumas espécies: Ipê-branco-do-brejo, pata-de-vaca, jacarandá, claraíba, caroba, ipê-amarelo-do-brejo, almecegueira, vinhático-amarelo, baguaçu, ipê-amarelo, ipê-roxo, perobinha.

planta atualmente

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3 - Reintrodução da água como estruturadora da paisagem, e respeitando a oscilação de nível de água do córrego: (indicação na planta) Atualmente, o córrego é linear e estreito, com uma largura de aproximadamente 7 metros. Isso, além de comprometer sua visibilidade na paisagem, propicia que aconteçam enchentes. Em 4 meses do ano, existe o risco de grandes cheias. Para minimizar esses impactos, serão adotadas duas estratégias:

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5m

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- 3.1 - Retirar a contenção do córrego em alguns pontos, alargando-o, e criando algumas bacias de contenção para os períodos de cheia. - 3.2 - Aumentar a profundidade do lago, pois o nível da rua é mais alto que a topografia natural. E é para essa região que é para onde a água escoa quando há alagamento.

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3.1 - corte 1 - atualmente x proposta

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3.1 - corte 2 - atualmente x proposta

4 - Reconfiguração dos limites público x privado com o Parque das Águas: (indicação na planta) Atualmente, o Parque das Águas é totalmente privado, por parte da prefeitura e parceria com a companhia Nestlé Waters. A proposta é que a parcela próxima ao lago e parte do balneário se torne uma área pública, e que rampas de acesso permitam a integração entre lago e córrego. E no caso de um alagamento em que eles se juntam e a descida não seja propícia, foi criado um píer que avança até o lago. 5 - Criar infraestruturas adequadas para atividades culturais e turísticas: (indicação na planta) A proposta é aproveitar a diferença de nível na área para que em alguns momentos o piso também seja uma cobertura. Nesses pontos, uma cobertura/piso vazada (pergolado) propicia diferentes ambiências e tipos de apropriações. Também são sugeridos espaços para shows, exposições e eventos culturais, como o espaço livre próximo ao balneário para montagem de tendas temporárias, e a arquibancada e ilha no alargamento do córrego, formando uma espécie de teatro de arena. Além disso, foi proposto uma nova edificação próxima ao Balneário que contém a entrada (bilheteria) para a parte privada do Parque, um espaço de informações turísticas e banheiros públicos.

3.2 - curvas de nível

4 - diagrama - baixa x cheia

6 - Mostrar com será feita a conexão desta área com as demais parcelas de interesse na cidade (intervenção conceitual): (indicação na planta) Para deixar margem para continuidade do projeto e mostrar um tipo de intervenção conceitual, é proposto no espaço que já não tem contato direto com o córrego uma espécie de “espalhamento” da água, com espelhos d’água que fazem um percurso da parte mais próxima do córrego até a outra avenida, “adentrando” na cidade.

contínuo níveis diagrama - fluxos

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100m

passagem atividades permanência diagrama - usos

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diagrama - sombreamento

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diagrama - ventilação

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concreto metálica diagrama - estruturas

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corte 3 - longitudinal

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO ARQUITETURA E URBANISMO

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MAÍRA SEBASTIÃO DIAS matrícula 121850007 Orientador: Rafael Brandão DAUAP - UFSJ

prancha 2/2 São João del-Rei, MG Julho de 2017

CIDADE DAS ÁGUAS recuperação dos recursos hídricos e suas da cidade de São Lourenço - MG relações

5m


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