Àmerita Memórias, afetos e receitas
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Àmerita Memórias, afetos e receitas
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Amerita Luiza. Minha avó. Amerita é o exemplo do sumo da doçura. Doçura no ser. Não no dar, nem no fazer. No ser. No ver a vida assim. Na escolha diária (e dificílima) de oferecer o melhor que se tem sempre. Talvez o paradoxo mais bonito. Violentamente doce. Eu sei vó, que mesmo distante da senhora nosso amor está posto, está colocado nesse mundo. Não depende de abraço, de beijo. Não é sobre o sangue, nem sobre os ossos. Não é sobre seu cabelo, sobre seu sorriso ou sobre seu cheiro. Por incrível que pareça não é sobre os seus biscoitos fritos nem sobre a macarronada de domingo. É sobre você. Sobre esse rastro de ternura que você deixou marcado em mim. Isso, e eu demorei muito tempo e muito aperto no peito pra entender, nada tira de mim. Nada. Posso te agradecer por uma infinidade, mas te agradeço por existir. Por me mostrar que braveza mesmo é ser doce quando o mundo quer o pior da gente.
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a partir daqui a história é contada por ela
Ignácio e Maria. “E esta é a história que ouvi do meu pai Ignácio Damião da Silva, ele era filho de Damião da Silva e Maria Carolinda da Silva nascido na cidade de Vicência em Pernambuco. Os pais dele faleceram e pelo o que ele contava, ele e os irmão foram entregues para outras pessoas criarem. Meu pai foi entregue a um senhor, ao qual ele nunca disse o nome. Ele sempre falava “meu criador”. Quando ele tinha 14 anos, resolveu saiu de casa e nunca falou o motivo. Pegou suas roupas, e veio de carona de cidade em cidade, trabalhando aqui e ali, em roças e fazendas. De estado em estado até chegar em Minas Gerais. Chegando aqui trabalhou na Mina do Morro Velho em Nova Lima. Embora fosse analfabeto, conseguiu entrar para a polícia. Estando lá, conheceu os presos e vendo que eles sabiam ler, ficava observando. Um dia um dos presos perguntou porquê ele também não lia, ele respondeu: “É o que eu mais quero, mas não sei ” “se o senhor quiser, eu lhe ensino”. Ele ficou muito feliz. E em toda vez que ele tomava conta dos presos, os presos ensinavam ele a ler. Foi assim que ele aprendeu”
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Sobre a minha mãe, Maria Rodrigues dos Prazeres, não sei muito, pois ela faleceu cedo. Sei que ela nasceu na cidade de Santa Bárbara, os pais dela morreram e seus dois irmãos também. Ela também tinha uma irmã que se chamava Olinda, que era madrinha da minha irmã Geralda. Conheci minha prima (Maria Catarina e seu marido Juca) e dois primos (José Lúcio e Divino). Também tenho primos de segundo grau, filhos de Maria Catarina, Maria Helena, Cleusa, Marli e Valter. Filho do José Lúcio, Mário Lúcio. Filhos do Divino, Celso. Provavelmente estão vivos. As mães eram Nair e Glória. Eles moravam no bairro Santa Inês. Não sei como meu pai conheceu minha mãe. Sei que ela era 12 anos mais velha que ele. Acho que foi quando ele estava na Polícia no bairro Santa de Tereza.”
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O café da manhã 12
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O casamento 31
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O almoço de Domingo 50
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Comida de festa 76
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Chás, curas e carinhos 99
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“O café da manhã lá de casa geralmente era o café normal e a broa de fubá assada na panela, em cima do fogão à lenha, com uma tampa de lata e brasa em cima da tampa, por que não tinha forno. Minha mãe fazia a broa assim: com o fubá, um pouco de banha, açúcar, um pouco de sal e um pouco de bicarbonato e água. Porque não tinha ovo, não tinha leite, não tinha manteiga. E dava a liga com a banha. E punha umas folhas de alfavaca pra dar aquele cheirinho. Cheirava que era uma benção. Achava que era um trem bom, gostoso. As vezes os vizinhos pediam porque cheirava muito. Eu tomava café, às vezes tinha mandioca frita, cozida ou batata doce que meu pai plantava no quintal, aí eu comia sabe? Mas chorava por causa de pão, até hoje eu gosto, acho que é por causa disso. Mas naquela época não tinha dinheiro pro pão”.
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“Minha mãe fazia a broa assim: com o fubá, um pouco de banha, açúcar, um pouco de sal e um pouco de bicarbonato e água. Porque não tinha ovo, não tinha leite, não tinha manteiga”.
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A broa que tem o que naquela época não tinha ½ xícara manteiga derretida ½ xícara de óleo 3 ovos 1 xícara e ½ de açúcar 1 xícara e ½ de fubá 1 xícara e ½ de farinha de trigo 1 xícara e ½ de leite 1 colher (sopa) fermento químico em pó Pitada de sal
1 Bater os ovos, óleo, manteiga e açúcar até ficar
aerado, cerca de 5 minutos. Acrescente os ingredientes secos, o leite e o fermento por último, delicadamente.
2 Despeje em forma untada e enfarinhada. 3 Asse em forno pré-aquecido 180° por 30 minutos
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biscoito frito 2 xícaras (chá) de farinha de trigo 3 colheres de sopa de açúcar 1 colher (sopa) fermento em pó Manteiga 1 ovo 1 pitada de sal O quanto bastar de leite
1 Misture todos os ingredientes amassando com leite, até atingir o ponto de enrolar argolas.
2 Fritar em óleo quente, até ficarem dourados. Dica: Se quiser, com os biscoitos ainda quentes, passá-los no açúcar e na canela.
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“Agora o pior cê num sabe. Tinha a merendeira na escola, uma dona, eu lembro até o nome dela, isso ficou tão gravado na minha cabeça que eu lembro, Dona Divina. Ela era servente e vendia merenda. Aí ela vendia um pastel, que até hoje eu sinto o cheiro. Ela chegava na porta, com o balaio de pastel, cada pastel desse tamanho assim. Pastel de carne. Aí cheirava a sala toda, mas era 50 centavos o pastel. E cadê dinheiro pra comprar? Aí eu ficava com água na boca. Os meninos que tinham dinheiro tudo comprava, né?”
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pastel de carne Massa 3 xícaras de farinha de trigo 2 ovos 3 colheres de sopa de óleo 2 colheres de sopa de cachaça O quanto bastar de água sal Recheio 1 cebola grande 3 dentes de alho 1/2 kg de carne bovina moída 4 colheres de sopa de molho de tomate sal, orégano, tomilho e pimenta do reino à gosto
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1 Em uma pia ou bancada faça um monte com a
farinha, abra um buraco no meio e acresecente os 2 ovos, o óleo, o sal, a cachça e misture.
2 Amasse muito bem acrescentando água aos poucos, até formar uma massa firme e lisa. 3 Descanse a massa por 1 hora. 4 Em uma panela refogue a cebola e o óleo no azeite. Quando dourarem acrescente a carne e deixe dourar.
5 Acrescente o molho de tomate, misture e desligue. 6 Separe a massa em 2 e com a ajuda de um rolo ou
garrafa vazia abra-a até atingir a espessura de aproximadamente 1 cm.
7 Corte a massa em retângulos ou cículos, do tamanho que desejar o pastel.
8 Coloque uma porção de recheio já morno ou frio e feche o pastel com um garfo ou fecha pastel.
9 Frite em óleo quente até estarem dourados.
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Meu avô, Rubens de Souza, aos 20 anos
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“Amerita, enquanto a cópia te acompanha, a original pensa em ti Rubens de Souza Em 25/07/1957”
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“Sua bisavó, minha sogra, conhecia Deus e o mundo e chamou todo mundo. Chamou os colegas do mercado. E a Concórdia em peso. Todo mundo comeu, mas eu não. Nem eu nem seu avô. Não tinha comida não, não sobrou pra nós. Uma chegação de gente. Tinha gente pra sair pelo ladrão. Tudo quanto salgadinho que tem hoje tinha na festa. O docinho era bombom, tinha muito bombom recheado. Tudo enfeitado, tinha até bombom de uva. Tudo muito enfeitado. Teve um bolo. O bolo tinha um formato de abajur e tinha um jeito que acendia uma luz dentro dele, era confeitado. Mas tinha gente demais e lá em casa não tinha banheiro direito. Não sei que ideia foi essa de fazer festa. Eles ficavam lá na frente do quintal, tudo embolado lá na frente. Um bocado na rua, um bocado do lado de onde tava o chopp. Eu fiquei com meu vestido de noiva porque era chique ficar com o vestido, só tirei quando deu meia noite, que era a hora de dançar a valsa. Aí dançava a valsa, tirava a grinalda e aí você mudava a roupa. Aí eu mudei a roupa e a festa continuou. Mas dança teve. Até sem comer todo mundo dançou até altas horas. Tocou disco, LP. Tem hora que eu fico pensando, naquela época a gente casava era de besta. Casava sem noção nenhuma. Todo mundo queria casar. Moça se passasse um pouco dos vinte já era considerada solteirona e morria de medo.
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“Tem hora que eu fico pensando, naquela época a gente casava era de besta. Casava sem noção nenhuma.”
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empadinha de frango Massa podre da Nini 1kg de farinha de trrigo 200g de banha 200g de manteiga 1 ovo 1 gema sal a gosto Recheio 1/2 kg de frango desfiado 1 cebola 3 dentes de alho 5 colheres de sopa de molho de tomate 1 lata de milho sal Geni (Nini), era minha tia bisavó e madrinha da minha mãe, uma pessoa e cozinheira maravilhosa. 38
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1 Misture a farinha com a banha e a manteiga. 2 Acrescente o ovo, a gema, o sal e amasse até formar uma massa lisa, quebradiça e que não grude nas mãos.
3 Enrole a massa em filme plástico e guarde na geladeira.
4 Refogue a cebola e os dentes de alho no azeite e
quando dourarem acrescente o frango.
5 Acrecente o molho de tomate e o milho, misture e desligue.
6 Retire a massa da geladeira e abra-a sobre uma bancada.
7 Forre a massa na travessa ou forma de preferência, reservando um pouco de mass para fazer a tampa.
8 Distribua o recheio sobre a massa e tampe com o restante da massa. Pincele uma gema por cima.
9 Asse em forno pré-aquecido em 180° até dourar.
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bombom de uva 1 lata de leite condensado 2 colheres de sopa de creme de leite 1 colher de sopa de manteiga 10 uvas verdes sem semente 250g de chocolate branco
1 Coloque o leite condensado e a manteiga em uma panela em fogo brando, mexendo sempre.
2 Quando o brigadeiro desgrudar do fundo da panela, conte 20 segundos, desligue o fogo e acrescente o creme de leite e misture. Reserve até esfriar
3 Envolva as uvas verdes, já higienizadas, no brigadeiro já frio, boleando para adquirirem um formato uniforme. 43
4 Depois de enrolados, guarde os brigadeiros na geladeira por 1 hora.
5 Derreta o chocolate em banho maria e coloque-o em um recipiente fundo.
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6 Com o auxílio de garfos, mergulhe os brigadeiros resfriados no chocolate cubrindo toda sua superfície.
7 Escorra o execesso de chocolate e coloque os brigadeiros em uma travessa forrada com papel manteiga e aguarde até que o chocolate endureça. 45
batida de coco 1 lata de leite condensado 200 ml de leite de coco 1/2 caixa de creme de leite 4 doses de cachaça branca 50 gramas de coco ralado
1 Bata o leite condensado, o leite de coco, a cachaça e o creme de leite no liquidificador.
2 Decore com o coco ralado e sirva gelado.
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Dos nossos almoços de domingo vem sempre na memória o cheiro da comida, que já sabíamos que seria boa! As variações eram poucas mas sempre tinha arroz, feijão e frango. As vezes tutu de feijão, as vezes macarrão com molho de cebola, tomate com parmesão por cima - levado ao forno e maionese. A maionese feita de legumes cozidos como batata, cenoura, cebola picadinha, salsinha e temperada com azeite, vinagre, limão, sal, pimenta do reino e maionese do pote de vidro. Minha madrinha fazia a própria maionese em um tempo que ninguém falava mal do ovo cru. Ela colocava os ovos no liquidificar, espremia um limão, colocava uma pitada de sal e depois com o aparelho ligado ia despejando um fio de óleo até o molho dar consistência. Depois de misturar os legumes com o molho, ovos cozidos eram colocados em cima para enfeitar o prato. Minha mãe não matava o frango, quem fazia o trabalho sujo mais uma vez era minha madrinha. Eu e minhas irmãs em volta, ela xingando porque ficávamos com dó do bicho, ele demorando para morrer, dizia ela que estávamos ali para agourar o abate do bichinho. Comida pronta, ninguém se lembrava da piedade antes do preparo. Sempre gostei, ou aprendi a gostar de uma parte do frango que muitos desdenham, o sobrecu, era assim que a madrinha chamava o corte, meu preferido.
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Para acompanhar o almoço de domingo, meu pai comprava uma garrafa (de vidro) de guaraná e outra de Coca Cola, para os adultos cerveja Antártica. A sobremesa nem sempre aparecia logo após o almoço, as vezes nem tinha. Quando tinha era gelatina misturada com leite condensado, salada de fruta, pudim, um doce de leite comprado, doce de sidra, de laranja ou de mamão verde ralado. Nos fins de tarde, principalmente os nublados ou chuvosos, pedíamos em coro “mamãe, faz arroz doce Faz biscoito frito!” E gostávamos de saborear o doce de arroz bem quente. O biscoito frito era acompanhado de um bom cafezinho. As variações no cardápio de domingo vieram quando já éramos adultas. Podia ser uma carne recheada, uma feijoada, um feijão tropeiro, estrogonofe, lasanha, nhoque. Quando era nhoque a mamãe já avisava “podem vir pra ajudar, nhoque dá muito trabalho”. E dá-lhe enrolar as bolinhas, passar na farinha, ferventar, escorrer, colocar molho e depois comer com a boca mais boa o melhor nhoque do mundo! Filhos, netos, visitas de amigos compadres e comadres, tios e tias foram se deliciando no correr da vida com as gostosuras feitas por nossas mulheres. Mas o melhor de tudo era e ainda continua sendo o aju ntamento de gente, as conversas, as brigas, as risadas, as histórias. O bom da vida no nosso jeito de ser família!
Patrícia Santana, filha de Amerita e minha mãe
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6 xícaras de feijão cozido ½ lata de massa de tomate 1 cebola 1 colher de alho Farinha de mandioca branca até dar o ponto 2 gomos de linguiça calabresa Bacon a gosto 3 ovos
1 Refogue a linguiça calabresa e o bacon, depois de dourados acrescente a linguiça e o bacon.
2 Acrescente o feijão e 5 conchas de aágua. Amasse e deixe engrossar.
3 Acrescente o sal e a massa de tomate. 4 Quando estiver começando a ferver acrescente a farinha aos poucos enquanto mexe. Quando atingir o ponto desejado desligue.
5 Decore com os ovos cozidos, cheiro verde e sirva.
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“Quando apertava muito a gente variava o ovo. Era ovo frito, omelete, molho de ovo. Tinha que comprar o ovo fiado no Roberto, no depósito de pão. Omelete colocava fubá, bastante cebolinha, botava um pedaço na marmita de cada um e era isso”
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macarrão gratinado 1 pacote de macarrão a gosto 1 lata de massa de tomate 2 cebolas 4 dentes de alho 3 tomates 1 colher (sopa) rasa colorau ½ kg de carne moída de segunda sal 1 xícara de queijo Minas curado ralado
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1 Cozinhe o macarrão al dente e reserve. 2 Pique os tomates. 3 Refogue a cebola e o alho até ficarem dourados. Acrescente a carne a cozinhe-a até dourar.
4 Acresecente a massa de tomate e os tomates picados e misture.
5 Acrescente o colorau e prove o sal. 6 Espere o molho ferver e desligue. 7 Disponha o macarrão em uma travessa, por cima dele o molho e o queijo ralado.
8 Coloque em forno pré aquecido até o queijo dourar.
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“Mas o melhor de tudo era e continua sendo o ajuntamento de gente, as conversas, as brigas, as risadas, as histórias.”
frango ensopado 1 kg de sobrecoxa de frango 2 cebolas grandes 3 dentes de alho Pimenta do reino 1 limão Páprica, colorau e pimenta do reino a gosto
1 Temperar o frango com a páprica, o colorau, a pimenta, o sal e o limão.
2 Fritar alho e cebola e deixar dourar. 3 Colocar o frango na panela com a pele pra baixo e deixar fritando até a pele dourar.
4 Virar os pedaços e ir pingando agua até ele cozinhar. 66
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doce de laranja 1,5 kg de laranja da terra 1 kg de açúcar 1 litro de água - para a calda cravo e canela em pau a gosto
1 Descasque as laranjas tirando a casca externa (verde).
2 Corte as laranjas descascadas em cruz, separando-as em 4 partes.
3 Retirar o miolo das frutas. 4 Ferva as cascas com água e repita o processo por mais 3 vezes, renovando a água a cada fervida, até sair todo o amargo.
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5 Prepare uma calda com a água e o açúcar, aquecendo os dois na panela até atingir a cor de caramelo claro.
6 Coloque as laranjas na calda de açúcar e acrescente o cravo e a canela. 72
7 Deixe ferver até as laranjas ficarem ligeiramente transparentes.
8 Retire o cravo e a canela, deixe esfriar e guarde o doce em potes de vidro.
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1 peito de frango desfiado 1 xícara de ervilha (de preferência a congelada) 1 lata de massa de tomate 2 cebolas 1 xícara de queijo Minas curado ralado 6 xícaras de arroz branco cozido Azeite Tomilho fresco 78
arroz de forno 1 Em uma panela em fogo médio acrescentar as cebolas e o azeite e refogar até dourar.
2 Acrescentar o farngo, o molho de tomate e as ervilhas. 3 Dispor o arroz cozido em uma travessa que possa ir ao forno. 4 Distribuir o molho de frango sobre o arroz e salpicar o queijo ralado por cima.
5 Levar ao forno 180 °C até gratinar e finalizar com tomilho fresco. 79
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o salpicão 83
- qual seu prato preferido vó? iiih Maíra... acho que é salpicão!
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1 kg de peito de frango cozido ( cozinhar o peito bem temperadinho com alho, cebola, páprica, coloral) 3 cenouras raladas 2 latas de milho 100 g de passas 1 maçã picada (de preferência verde) Azeitona 1 Limão 400g de maionese 1 pacote de batata palha Vinagre a gosto Azeite a gosto Pimenta do reino a gosto Sal
1 Primeiro misturar todos os ingredientes com exceção da batata palha e da maionese .
2 Ajustar o sal e o limão. 3 Incorporar a batata palha e depois a maionese. 4 Servir gelado.
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torta de sardinha Massa 3 copos de farinha de trigo 1 copo de óleo 1 copo de queijo Minas ralado 3 ovos 1 colher de fermento químico em pó Recheio 1 cebola 2 dente de alho 2 tomates 2 latas de sardinha 1 sachê molho de tomate ½ pimentão Azeite
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1 Bater todos os ing redientes da massa no liquidificador, menos o fermento.
2 Acrescente o fermento por último à mão: o ponto da Massa é a consistência é um mingau grosso.
3 Refogar alho e cebola, acrescentar a sardinha e o restante dos ingredientes. Deixar ferver e reservar.
4 Unte uma forma com azeite e coloque metade da
massa, distribua o recheio e complete com mais uma camada de massa.
5 Asse em forno pré-aquecido em 180ºC por aproximadamente 35 minutos ou até dourar.
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pudim do bê
Bê é o Bernardo, neto da Amerita e meu primo 3 ovos 1 lata de leite condensado A mesma lata de leite condensado cheia de leite Açúcar
1 Bata no liquidificador o leite condensado, o leite e os ovos.
2 Enquanto isso derrete o açúcar direto na forma de pudim, a quantidade é a gosto.
3 Coloque o líquido do liquidificador na forma com a calda.
4 Coloque pra assar com tampa, em banho maria, por aproximadamente 1 hora.
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chá de casca de romã pra garganta 1 xícara de casca de romã seca 2 xícaras de água
1 Ferva a água junto com as cascas de romã. 2 Quando ferver, coe e deixe abafado até amornar. 3 Faça gargarejos 2 vezes ao dia.
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chá de alho para gripe 3 dentes de alho 2 xícaras de água
1 Amassar os dentes de alho até formar uma pasta. 2 Ferver a água e jogá-la em cima dos alhos e abafar por 5 minutos.
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“Eu entrei para a escola pois meu pai sempre lutou para que nós aprendêssemos a ler. Ele falava que quem não sabia ler é quase cego. Não entendo porque ele não ensinou minha mãe a ler. Eles nos criaram com muito amor. Meu pai era um homem de luta. Construiu nossa casa carregando areia do córrego e arrancando pedra do chão. Nas horas de folga, arrancava toco para cozinhar. Tínhamos fogareiro de serragem, tudo para ajudar. Quando eu tinha 8 anos minha mãe morreu. Minha irmã Geralda fazia tudo. Ela era uma guerreira. Com 15 anos de idade sofri muito na escola, Silviano Brandão. Mesmo assim, todos nós tínhamos o 4º ano primário. Sempre tive orgulho do meu pai e da minha mãe. Quando via ele com aquele capacete preto reluzente e a botina muito engraxada me enchia de orgulho.
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“Meu pai era um homem de luta. Construiu nossa casa carregando areia do córrego e arrancando pedra do chão.”
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chá de cidreira para cólica ½ xícara de folhas de Erva Cidreira 2 colher de açúcar 40 ml de cachaça branca 2 xícaras de água
1 Ferva a água e desligue. Acrescente as folhas de erva cidreira e abafe por 5 minutos.
2 Em uma panela acrescente o açúcar e deixe cara-
melizar até ficar levemente dourado. Acrescente o chá de cidreira já pronto e a cachaça.
3 Misture até derreter o açúcar, desligue e sirva. 108
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bálsamo batido para dores de estômago 5 folhas bálsamo 1 copo de água
1 Bata as folhas de bálsamo e a água no liquidificador 2 Coe e sirva.
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“Quando eu tinha 8 anos minha mãe morreu. Minha irmã Geralda fazia tudo. Era uma guerreira.”
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chá de folha de laranja da terra ½ xícara de folha de laranja da terra 2 xícaras de água açúcar a gosto
1 Ferva a água e desligue. Acrescente as folhas de laranja de terra e abafe por 5 minutos.
2 Coe o chá e sirva adoçando a gosto.
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chá de folha de pitanga ½ xícara de folha de pitanga 2 xícaras de água açúcar a gosto
1 Ferva a água juntamente com as folhas de pitanga. 2 Deixe ferver por 5 minutos e desligue
3 Coe o chá e sirva adoçando a gosto.
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Posfácio A ideia de criar esse livro surgiu da minha vontade em querer materializar a existência da minha vó em algo que não fosse ela própria. Em querer dividir com o mundo a minha própria incredulidade em acreditar que um ser humano tão incrível tenha me encontrado nessa vida e pra minha sorte calhou de ser minha avó. De todas as pesquisas, todas as memórias em que eu não estive (e nas que eu estive), fica a certeza de algo que no fundo eu já sabia: a maior prova de existência da Amerita está em que ela marcou e em quem deixou ser marcado por ela. As receitas lembram sua presença, as flores evocam seu quintal mas não há nada mais forte do que o jeito em que ela toca quem vive com ela. No último dia fazendo esse livro revirei as cartas, as caixas, as lembranças à procura de algo, que na minha inocência, eu pensava que faltava. Corri para a casa dela e vasculhei até o último centímetro daquele lugar. Sentei-me em sua cama, ao lado de uma pilha de papéis, tentando encontrar algo que fosse magicamente me saltar aos olhos e praticamente gritar: “era eu que estava faltando”. No meio da bagunça ela chegou, passo lento e sorriso sereno, sentou-se ao meu lado e perguntou “achou alguma coisa?”.
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Olhei para ela e me senti estúpida, quase ingênua. Mas é claro que eu não acharia. Nem em gavetas, nem em armários, nem dentro de baús. A materialização da minha vó que eu tanto procurava não existe em papel, não foi reconhecida em cartório, não está amarelada e nem rabiscada. A materialização dela é o quente no peito, a calmaria, a certeza de um lugar seguro. A felicidade em saber vó, que nessa vida eu te levo dentro, não fora. E que eu posso rodar esse mundo inteiro, me esconder, tentar fugir e contestar, mas não existe nenhuma maneira, nenhum cenário em que você não esteja dentro de mim. E me arrisco a dizer que essa é a melhor possibilidade que eu tenho: ser neta de Amerita. Dei o meu melhor fazendo esse apunhado, coloquei tudo que achei importante. Me afetei, me descobri, trilhei um caminho que fala sobre ela mas que fala sobre mim também. Me debrucei e esmiucei, mas acabo tendo a certeza de que o melhor da Amerita é a Amerita.
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eu te levo dentro. 126
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Catalogação na Publicação (CIP) Ficha catalográfica feita pela autora
copyright © Maíra dos Palmares, 2021 todos os deireitos reservados à autora. livro feito de forma independente.
P53678 Dos Palmares, Maíra Àmerita / Maíra dos Palmares. Belo Horizonte, 2021, 130 p. ISBN 754-54-53298-00-3
textos: Amerita Luiza, Maíra dos Palmares e Patrícia Santana ilustrações e fotos: Maíra dos Palmares diagramação: Maíra dos Palmares
1.Culinária 2. Receitas
revisão: Maíra dos Palmares
I. Título CDD- 986.4
Amerita foi impresso em papel pólen bold 90g. couché fosco 90g e Fedrigoni Color Plus - cores Sahara, Pequim e Costa Rica 120g. As famílias de fontes usadas foram Garamond e Silka.
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