A dança criativa e o desenvolvimento infantil copia

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Educação Física

A Dança Criativa no Desenvolvimento Infantil e suas inter-relações com as Inteligências Múltiplas Maíra de Freitas Nobre Müller¹ 1

Licenciada em Educação de Física e Discente do Curso de Bacharel em Educação Física da Universidade Salgado de Oliveira

Resumo Este artigo apresenta a dança em uma perspectiva libertadora, a fim de expandir os conceitos sobre a dança na educação básica, desenvolvido em uma creche em São Gonçalo, RJ, com 100 crianças de 2 a 6 anos. Fundamentado no desenvolvimento infantil segundo Piaget e as implicações da dança nas inteligências múltiplas, tem como base teórica a Dança Criativa para ampliar as possibilidades criativas da criança, atrelando os aspectos socioculturais da realidade escolar, trazendo uma proposta que engloba psicomotricidade, musicalização infantil, expressão corporal e facial, desenvolvendo a dança na escola que valoriza a arte e a expressão pessoal dos alunos, uma prática continua e não somente pontual. Buscando uma interdisciplinaridade por uma dança que influencie no aprendizado escolar e social, enfatizando a liberdade e as potencialidades do aluno afim de estabelecer novos conteúdos por meios aprendidos anteriormente, por uma prática prazerosa no conhecimento do mundo pelo corpo, tempo, espaço e força. A dança criativa na escola possibilita ao aluno a aquisição de novas habilidades ajudando no processo de ensino aprendizagem e facilita as relações interpessoais e intrapessoais. Palavras chave: Dança, Criatividade, Educação. I- Introdução Este artigo tem como objetivo desenvolver e investigar as contribuições da dança criativa como meio para promoção das inteligências múltiplas na educação infantil, a fim de potencializar a capacidade de criação, imaginação, sensação e percepção, integrando o conhecimento corporal ao intelectual. A dança expressa o que está intrínseco no indivíduo; os sentimentos, as vontades e os pensamentos, consistindo em uma intensa expressão do ser. Ela tem a capacidade de nos conectar com o meio (pessoas e situações), consigo mesmo e de forma ritual(religiosa). Essa capacidade de reflexão muitas vezes acontece devido a uma de identificação do público com as situações apresentadas na dança pela expressão corporal, através de danças abstratas (que não tem um roteiro) que revelam sensações e remetem a ____________________________________________________________________________ *Maíra F. N. Muller:maira_fpnobre@hotmail.com


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uma conexão com experiências pessoais, e também estórias que descrevem situações da vida, perspectivas e sonhos. O ser humano possui a necessidade natural de se comunicar e expressar através de movimentos. Robatto possui uma definição de como o homem se comunica através da dança. [...]do homem para consigo mesmo(individual); do homem para com os outros(interpessoal); do homem para com o ambiente (relação com seu habitat); do homem para sociedade (grupal e/ou tribal, regional e universal); do homem para com o “divino” (religioso). (ROBATTO,1994, p.112)

O homem realiza diversos movimentos tanto naturais; andar, correr, saltar e pular, quanto movimentos que demonstram correlação com estados emocionais como curvar-se por se sentir envergonhado ou abaixar a cabeça, andar olhando para o chão quando estar chateado/triste, realizar movimentos fortes quando está com raiva. Segundo BERTONI(1992), uma necessidade interior, muito mais próxima do campo espiritual que do físico, foi o que motivou o homem a dançar utilizando-se do movimento como um veículo para a liberação de sua vida interior. Esses sentimentos estão intimamente ligados com a necessidade material do homem primitivo. Necessidade de amparo, abrigo, alimento, defesa, conquista, de procriação, saúde, comunicação e principalmente de desvendar os mistérios do mundo à sua volta. A dança nos primórdios da civilização tinha a intenção de celebrar, cultuar as divindades, imitar a natureza, posteriormente começaram a haver os bailes e com apuração de novas técnicas, começaram a ser feitos pequenos bailes para a nobreza, caracterizando na dança-espetáculo e na dança –teatro, na qual dançavam com máscaras e deram início a elaboração de passos sistematizados formando coreografias mais rebuscadas tecnicamente. Gualberto também nos fala do período do Renascimento o qual possibilitou um olhar diferente para arte, trazendo novos conceitos para a dança. Com o humanismo e o antropocentrismo, retomou-se valorização do corpo e seus potenciais. A dança passou, então, a ser absorvida de forma maior pelas classes dominantes que adaptaram cada vez mais à execução em recintos fechados. A espontaneidade foi substituída por uma postura estudada e movimentação codificada. Esse processo determinou o surgimento do balé de corte e de seus mestres, cuja a função era ensinar a coreografia criá-la de acordo com o tema encomendado pelo senhor que o contratará. (GUALBERTO,2007, P.45)

Observa-se que nesse período foi fundamental para o desenvolvimento da arte, porém de maneira elitista e técnica modificando os conceitos da dança que anteriormente eram em forma de agradecimento, ou por motivos que remetiam experiências de vida, expressões que provinham da improvisação, uma forma natural da linguagem corporal individual externando os sentimentos e vontades do indivíduo.


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Maíra F.N. Muller(2013) 1- 13 Á medida em que o movimento se sistematiza em dança, ele começa a ser aprimorado através de uma técnica específica. A evolução do comportamento motor do ser humano chegou até técnicas tradicionais conhecidas na contemporaneidade, que possuem um aspecto mais voltado para apresentação, continuando, porém, a ser a expressão da sociedade, seus valores e crenças. (TORRES,2009, P.33)

Meu encontro com a dança Em 2003 iniciei as aula de dança em uma igreja em São Gonçalo/RJ, tinha o objetivo de me desinibir, mas principalmente ir além do esporte desempenho e de uma dança superficial, pois através da música e da dança podemos transcender e nos conectar com o que cremos e nos dá esperança, transformando o espírito e a mente, pela expressão do ser através da fé em resposta aos questionamentos existenciais. A partir desse encontro participei de algumas companhias de dança passando por três e permanecendo na companhia da igreja, sendo duas são de grande porte. Na última academia obtive a minha primeira experiência como professora de baby class e básico na qual pude vivenciar os aspectos da criação na dança através do mundo simbólico da criança. Atualmente tenho vivenciado a prática da dança nas escolas com um público diferente do qual presenciei no início, pois estes pouco conheciam o ballet, crianças sem recursos, mas que procuram nas pequenas coisas trazer esperança. E então conheci o método de dança criativa, inspirado em algumas escolas em São Paulo (Colégio Nova Era) e no Sul, e difundido no Rio de Janeiro pela bailarina e professora de ballet pela Escola de Danças Clássicas do Theatro Municipal – RJ, atual Escola Maria Olenewa; Vera Aragão. Esta metodologia foi adotada porque é um método acessível e de interesse de todas as faixa etárias. De acordo com o que vivenciamos e conhecemos através da mídia e sociedade obtemos um conceito sobre essa manifestação artística. A educadora e bailarina francesa Jacqueline Robinson(1978), Márcia Strapazza (2001) abordam sobre a “a árvore da dança”, na qual nos traz um panorama das possibilidades da dança. A fusão arte/criação é iniciada pelo processo criativo do homem, em que Robinson chama de magia (motivação do despertar para criação através da dança). ——————————————————————————————


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Figura 1: Árvore da dança (GUALBERTO,2007, P.22) A dança possui vários ramos; lazer, etnia, saúde e espetáculo. O ramo fundamental que este artigo será pautado é no ramo expressão consistindo na dança ligada a educação (dança-educação). Apesar de toda a dança ter um caráter educativo, chamamos de dança-educação aquela trabalhada principalmente em um ambiente de ensino com intuito de promover uma educação mais corpórea e artística do indivíduo por meio da dança e de seus princípios. Muitas escolas atualmente têm descoberto a importância e o valor da dança na educação de seus alunos e aberto espaço para essa manifestação artística. (GUALBERTO,2007, P.23)

As escolas exercem um papel ímpar no desenvolvimento da criança, e nela é iniciado a maior parte do processo de desenvolvimento do conhecimento do mundo e de si próprio. A dança sempre esteve presente na escola através dos professores de educação física ou até mesmo de outras matérias como artes, mas a proposta de dança- educação infelizmente ainda não é vista de maneira expressiva, embora haja um avanço nesses aspecto. Não há profissionais capacitados para a desenvolverem a dança-educação nas escolas. Na rede de ensino das escolas públicas do Rio de Janeiro, há somente projetos e eventos isolados de dança, não há uma prática regular fixada na grade escolar. A dança oferecida se caracteriza como modalidades de dança; ballet, jazz, hip hop e break. Mas para que essa prática se torne produtiva nas escolas seria necessário obtermos uma educação que emerja das reais possibilidades para educação básica para a realização de aulas com a fundamentação teórico - prático-pedagógica, que atinjam os objetivos de uma


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educação integral que estimule o potencial criativo da criança, e para que este potencial seja desenvolvido foi utilizado nessa pesquisa a Dança Criativa, inspirada nos estudos de Rudolf Laban (1950) e criada por Mary Joyce (1970). Em fins da década de 1970, a professora Mary Joyce de Nova York formulou os princípios que viriam a nortear este conceito que surgia de forma mais sistematizada: a Dança Criativa, em inglês Creative Dance. A própria professora em seu livro “First Steps in Teaching Creative Dance to Children” (1980) deixa evidente que o motor fundamental desta metodologia de ensino, seria a “comunicação através do movimento”. Se por um lado as demandas da Dança enquanto técnica, exigiam habilidades e treinos específicos, de outro, a incapacidade de expressar- se através do movimento, tornaria arte incompleta. Esta perspectiva em torno da questão expressiva deveria então tornar-se da maior importância: a dança não é então simples junção de passos, mas ao desabrocharem-se qualidades expressivas individuais de cada aluno, teria a função de comunicar de forma clara e direta um determinado assunto. (RIESS, 2010. P. 10)

A dança criativa se define como uma prática que explora o movimento a fim de aumentar a coordenação motora, equilíbrio, noção espacial visando a criação e o desenvolvimento de capacidades motoras pela psicomotricidade, explorando os diversos ritmos, podendo também incluir passos de diferentes modalidades dependendo da idade da criança, mas com o objetivo de promover ao aluno uma aula que o incentive a ser autônomo na dança, sem técnicas que limitem as capacidades de criação individual do aluno, enfatizando uma dança que seja prazerosa. Pois, a dança criativa pode ser realizada sem a utilização de modalidade de dança (ballet, hip hop...) ou pode ser incluída em algumas aulas de acordo com o perfil dos alunos. Os alunos que são maiores muitas vezes têm resistência ao se expor com os seus movimentos, então muitas vezes é importante envolvê-los com estímulos que abram um caminho para a imaginação servindo como base, porém não se pode esquecer os objetivos que são de exploração dos movimentos, criação e entrosamento. Na dança criativa existem elementos que são pilares de seu processo de ensino aprendizagem; o tempo, o espaço, a força e o corpo. Por meio destes elementos foram elaboradas as aulas sobre um tema principal, propondo conteúdos inerentes a inteligência múltipla, consequentemente a habilidade motora e artística a ser desenvolvida. A dança criativa faz alusão frequentemente a improvisação do movimento, o movimento espontâneo, sendo o professor um intermediador do ensino, direcionando o aprendizado embasado nas experiências motoras desenvolvidas ou que serão desenvolvidas por meios, atividades com o corpo ou materiais que incentive algum aspecto específico que o professor queira trabalhar. A improvisação contrapõe as metodologias tradicionais de ensino, pois a centralidade das ações não parte somente do/a professor/a, mas priorizam, principalmente, as vivências, experiências, movimentações e expressões, próprias e espontâneas que cada pessoa traz no momento em que dança. Portanto, a improvisação contribui para a desconstrução de modelos


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Portanto, o símbolo na educação infantil traça um paralelo fundamental com a improvisação, por isso na aulas são realizadas com músicas infantis, sons da natureza, fantasias, instrumentos musicais, arcos, bola, todos os tipos de materiais necessários para aumentar a capacidade de exploração e os modos de se ver o mundo, o corpo e o outro. A arte traz uma visão dos objetos do conhecimento da educação infantil pelos sentidos, explorando cada um deles sendo essencial estabelecermos experimentação nas questões sociais nesse contexto do mundo simbólico. A criança transforma em símbolos aquilo que pode experimentar corporalmente e o pensamento se constrói, primeiramente, sob a forma de ação. Ela precisa agir para compreender e expressar significados presentes no contexto histórico-cultural em que se encontra. (GARANHANI, 2004, P. 40).

Metodologia Dança Criativa e Inteligências Múltiplas A presente pesquisa se apresenta como estudo de caso, pois se constituiu na busca de dados do processo de desenvolvimento das inteligências múltiplas através da dança criativa, ela foi realizada na creche Associação Evangélica Pequeno Rebanho com 100 crianças de 2 a 6 anos no período de 3 meses (setembro, outubro e novembro). Sendo aplicado a metodologia de dança criativa explorando os aspectos psicomotores, artísticos, enfatizando a criação a partir da expressão individual. As aulas foram realizadas duas vezes na semana para cada turma, consistindo em cinco turmas da educação infantil, maternal I e II, pré-escolar I e II (duas turmas), obtendo vinte alunos por turma; possuindo um caráter dinâmico e explorando diversas possibilidades locomotoras e artísticas, procurando sempre trazer estímulos musicais, sensoriais e até literários (como poemas e poesias infantis). Neste momento, estimular a criança para a investigação de ações corporais presentes no cotidiano, favorece a construção de um sistema sígneo, podendo leva- lá a “criar sua dança” e compartilhar suas descobertas com outras crianças e com as pessoas ao seu redor. A exploração dos fatores e qualidades do movimento precisa ser orientada a fim de se garantir o conhecimento e experimentação dos elementos básicos constitutivos da linguagem da dança para que esta possa ser reconhecida como tal. (GODOY, 2012, P.25)


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A dança criativa é fundamentada nos estudos de Rudolf Laban (1950). O método Laban é uma estratégia de experimentação do movimento corporal relacionado à expressividade, a dança criativa se baseia nesse princípio, mas em prol da contribuição no desenvolvimento infantil através do universo simbólico e cultural, além de favorecer o reconhecimento do corpo e de suas possibilidades de movimento, garantindo a autonomia motora das ações corporais das crianças. Laban nos esclarece e define os elementos principais da dança que ele chama de fatores do movimento. Peso, Espaço, Tempo e Fluência são fatores de movimento perante os quais a pessoa adota uma atitude definida. (LABAN, Tradução de ULLMANN, 1978, P.114) PESO: O elemento “firme” do esforço consiste de uma resistência forte ao peso e de uma sensação de movimento, pesada, ou sensação de peso. O elemento toque “suave” o ‘‘leve’’ do esforço consiste de uma resistência fraca ao peso e de uma sensação do movimento, leve, ou ausência de peso. TEMPO: O elemento do esforço “súbito” consiste de uma velocidade rápida e de uma sensação de movimento, de um espaço curto de tempo, ou sensação de instantaneidade. O elemento esforço “sustentado” consiste de uma velocidade lenta e de uma sensação de movimento de longa duração, ou sensação sem fim. ESPAÇO: O elemento de esforço “direto” consiste de linha reta quanto à direção e da sensação do movimento como uma linha estendida no espaço, ou sentimento de estreiteza. O elemento de esforço “flexível” consiste de uma linha ondulante quanto à direção e da sensação de estar em toda parte. (LABAN, Tradução de ULLMANN, 1978, P.120 e 121).

Posteriormente, RIESS, cria um novo conceito pautado nesses elementos; tempo, espaço, peso, incluindo a força que correlacionado com a fluência, que diz respeito a intensidade e disposição do movimento a expressão que se dá através da intencionalidade. Porém, essa autora nos traz um conceito de dança pedagógica, evidenciando a criança e as suas possibilidades rítmicas e expressivas, diferente de Laban que conceituou aspectos gerais para toda e qualquer público. Essa metodologia foi aplicada na creche com intuito de obtermos quais resultados teríamos em um ambiente escolar e as que contribuições agregariam no desenvolvimento intelectual, motor, social e psicológico, possibilitando a promoção e facilitação para um aprendizado global de maneira lúdica desenvolvendo as inteligências múltiplas na educação infantil, na faixa etária de 2 a 6 anos. Segundo (ASSIS,1997), De 2 a 7 anos, aproximadamente, ocorre a interiorização das ações até então puramente perceptivas e motoras. Surge a representação, a linguagem e as


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noções do objeto, espaço, causalidade e tempo são agora reconstruídas no plano das intuições, permitindo à criança a manipulação simbólica da realidade. Não há ainda operações reversíveis nem conservações. Progressivamente as ações interiorizadas vão se coordenando em estruturas totais(agrupamentos) e se transformam em operações, cujas características principais são a mobilidade e a reversibilidade.

Através de Laban e Riess, vemos que é essencial trabalharmos todos esses aspectos na educação infantil, de maneira pedagógica em prol de um movimento expressivo que agregue experiências que atinjam a criança de uma forma global. A dança possui predominantemente influencia na inteligência CorporalCinestésica e Espacial, pois a todo tempo é evidenciado a resolução de problemas através do corpo, sendo que esta em constante manipulação e transformação dos movimentos, direções e diferentes contextos, trazendo sempre algo que proporcione uma desestabilização para um rearranjamento no aprendizado.E são pelas várias formas que os alunos conseguem a autonomia para o vestir-se, tomar banho, expressar com os outros alunos e consigo próprio, criar novas brincadeiras e/ou movimentos, dramatizar uma história, obter postura, como também desenvolver as habilidades básicas. Mas, a dança possui um carater educativo muito rico, porque através da música a criança aprende o ritmo, que esta ligado as inteligências lógico-matemática e musical, pela sensibilidade musical de perceber os sons e diferencia-los, criar sons ou consiguir juntar diferentes sons de maneira criativa, ou pela contagem do tempo musical, dos compassos, pode-se desenvolver a inteligência lógico-matemática, e até mesmo pela memorização de um movimento, que deve estar ligado a um ritmo, então relacionamos contagem com a quantidade de passos ou movimento dentro desta contagem. A inteligência intrapessoal e interpessoal na dança criativa ocorre durante todas as aulas, pois as aulas possuem práticas que são realizadas a partir do conjunto, ou em duplas, ou individual.Então através desses momentos são trabalhados a expressão do outro, afetividade pelo outro, consistindo em um altruísmo, possibilitando a socialização.Como também quando o aluno é colocado em uma situação que ele precise espressar o que esta sentindo ou criando movimentos seus com uma música dada pelo professor. Gardner(1987) identificou sete inteligências: 

A Linguística, que envolve sensibilidade para a língua falada e escrita, habilidade de aprender línguas e capacidade de usar a língua para atingir certos objetivos; é a capacidade de lidar com as palavras de forma criativa; A Lógico- matemática, envolvendo a capacidade de analisar problemas com lógica, realizar operações matemáticas e investigar questões cientificamente; está ligada ao confronto com o mundo dos objetos. A Espacial, que tem o potencial de reconhecer e manipular os padrões do espaço, bem como os padrões das áreas mais confinadas: é a habilidade de perceber e harmonizar as formas.


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 

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A Musical, que acarreta habilidades na atuação, na composição e apreciação de padrões musicais: permite a percepção espacial de organização de sons de forma harmoniosa e criativa. A Corporal-Cinestésica, capacidade de usar o corpo para resolver problemas ou fabricar produtos: é a habilidade de controlar os movimentos do próprio corpo; Interpessoal, que denota capacidades de entender as intenções ou motivações e os desejos do próximo e, consequentemente, de trabalhar de modo eficiente com terceiros; Intrapessoal, que envolve a capacidade de a pessoa se conhecer, de ter um modelo individual de trabalho eficiente e de usar estas informações com eficiência para regular a própria vida; é a habilidade de perceber os próprios sentimentos.

Nas aulas de dança criativa são sempre fundamentadas em um tema ou em ilustrações do dia-a-dia, como por exemplo, uma aula com o tema circo, utilizamos os diversos personagens do circo (o palhaço, o equilibrista, bailarina, perna de pau, contorcionista, malabarista) ou situações do dia-a-dia(ex: o que tem na festa de aniversário?, vivendo cada momento com os alunos e deixando que estes interajam no processo de criação, também pode-se enfatizar os hábitos de higiene, ou a rotina diária da criança, execução das formas de trabalho, tudo a fim de promover um maior aprendizado e o estímulo a criação e a percepção do mundo, a fim de obter um desenvolvimento da capacidade física, social e mental. Baseado na teoria de Gadner(1987), este quadro apresenta as relações das atividades de dança criativa com sua correlação com cada inteligência múltipla.

INTELIGÊNCIA

ATIVIDADE

Intrapessoal

Fazer movimentos que expressem a personalidade (ex: agitada, calma ou pelo que gosta de fazer)

Interpessoal

Em dupla: fazer os movimentos somente pés, um irá tentar fazer um movimento mais diferente do que o outro.

Corporal- Cinestésica

Em dupla, um terá que fazer buracos com o corpo e outro terá passar por dentro.


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INTELIGÊNCIA

ATIVIDADE

Musical

Sons com chocalho e sons com o copo e palmas, trabalhando o ritmo.

Espacial

Dançar dentro de um quadrado dividido em 4 partes, pisando alternadamente em cada uma delas.

Lógico-matemática

Em roda o professor irá jogar a bola ao alto n vezes de acordo com o ritmo da música. O professor irá escolher um aluno para responder quantas vezes ele jogou a bola. E o professor irá mudara música mudando também o ritmo e diferenciado os objetos até que todos tenham respondido.

Lingüística

Criação de histórias Utilização de poesias para dramatização

RESULTADOS Foi realizado um questionário fechado com treze perguntas para as professoras da creche, que acompanharam esse processo. Sendo doze perguntas somente com duas alternativas (sim ou não) e na questão treze foi perguntado: Qual inteligência foi predominante no desenvolvimento dos alunos? (Citando as sete inteligências para marcar qual foi notada predominantemente na turma). Questionário Fechado: Perguntas de 1 a 12 1 A dança criativa auxilia a cognição e aprendizagem 2 Aprimora a coordenação motora 3 Proporciona desenvolvimento emocional 4 Auxilia a formação cultural da criança 5 Melhora a saúde 6 Proporciona momentos de descoberta 7 As crianças tornaram –se mais desinibidas 8 Aquisição de autonomia 9 Mobilizou e o uniu o grupo 10 Trabalhou as diferenças 11 Proporciona relaxamento 12 Auxilia a formação do caráter e a socialização


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Respostas de 1 a 12

Não

0%

Sim

100%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Respostas de 1 a 12

Intrapessoal Interpessoal

Tipos de Inteligências Observadas Questão 13 (%)

Corporalcinestésica Musical Espacial Lógicomatemática Linguistica

Discussão dos Resultados Foi observado um progresso nas turmas na expressividade, raciocínio e locomoção. Os alunos do maternal desenvolveram a atenção, equilíbrio e altruísmo, gerando afetividade, promovendo um melhor desenvolvimento nas atividades diárias da creche, como a autonomia e coordenação para se vestir, perceber diferentes partes do corpo. No pré-escolar foi notado uma salto na potencial criativo, visto que uma turma possuía dificuldades de criação, e raciocínio, houve também uma melhora na ansiedade e agressividade, sendo trabalhados em conjunto os aspectos éticos.


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Conclusão Essa pesquisa nos mostrou que a dança criativa possui um caráter educativo fundamental para o desenvolvimento das habilidades não só físicas, mas como também as intelectuais. Obtemos também mesmo em pouco tempo, resultados significativos, tanto em relação ao aprendizado dos alunos quanto a aceitação e observação positiva dos professores em relação a dança na escola. E vemos que quando o aprendizado está focalizado nas potencialidades da criança obtemos resultados maiores em diferentes aspectos, pois as turmas desenvolveram diferentes inteligências devido a metodologia não ser rígido e inflexível, mas que atende as necessidades dos alunos de maneira interdisciplinar obtendo um aprendizado em que os alunos tem maior participação e os professores se unem intermediando o processo de ensino atendendo as dificuldades do aluno em conjunto.


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REFERÊNCIAS: Camargo, Daiana. Finck, Silvia Cristina Madrid. A dança inserida no contexto educacional e sua contribuição para o desenvolvimento infantil. IX Congresso Nacional de Educação. EDUCERE; III Encontro Sul Brasileiro de Psicopedagogia.26 a 29 de outubro de 2009 (PUCPR) Riess, Patricia.41 f. Bases expressivas da dança criativa: abordagem arte terapêutica. Monografia da UCAM. RJ, 2010. Laban, Rudolf. Ullman, Lisa Domínio do movimento.SP.Summus,1978. Dácio, Gabriela M. Arce, Carmen. A dança criativa e o potencial criativo: Dançando, criando e desenvolvendo. Re. El. Aboré. Publicação da Escola Superior de Artes e Turismo- Edição 03/2007 Gualberto, C. Lage. Dança - O que estamos dançando? Hagnos. SP,2007. Scarpato, Marta Thiago. Dança Educativa: um fato em escolas em São Paulo. Cadernos Cedes, ano XXI, n.53, abril/2001. Lima, E.C. Pereira. Que dança faz dançar a criança? Investigando as possibilidades da Dança- Improvisação na Educação Infantil. Dissertação (Mestrado em Educação Física). Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2009. Torres, Luciana. A dança no culto. GO, Flex Gráfica, 2009. Lima, P. R. F.; Frota, M. A. Dança - Educação Para Crianças do Ensino Público: é Possível? R. Bras. Ci e Mov. 2007; 15(3): 137-144 Godoy, K. M. Ayres. A Criança e a Dança na Educação Infantil. Conteúdos e Didática de Artes. Instituto de Artes. UNESP. São Paulo.2012 BERTONI, Iris Gomes. A dança e a evolução, ballet e seu contexto teórico, programação

didática. São Paulo: Tanz do Brasil, 1992. MANTOVANI DE ASSIS, O.Z. (Org.).ASSIS, M. C. (Org.) . Piaget e a educação. Campinas: Universadade Estadual de Campinas, 1997. v. 500. 264p


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ANEXOS:

Figura 1: Formas de locomoção (noção espacial-grande e pequeno); Passo do gigante.

Figura 2: Movimentação da mola (Alongando e flexionando)


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Figura 3: Atividade fazendo buracos com o corpo

Figura 4: Dançando no barco (lateralidade e socialização)


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