Catálogo Relicário 2017

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Catálogo de publicações 2017


Sobre a Relicário

(re.li.cá.ri.o) sm. 1. Rel. Caixa ou baú onde se guardam objetos pertencentes a um santo ou que foram por ele tocados. 2. Caixa ou baú onde se guardam objetos de grande valor afetivo. 3. Bolsinha com relíquias que alguns fiéis trazem no pescoço em demonstração de devoção. 4. Coisa preciosa, de grande preço e valor. [F.: Do lat. reliquiae, arum; 'relíquias'.] A proposta editorial da Relicário Edições aproxima-se da definição de seu verbete, com a diferença de que a transpomos para um sentido laico. Escritas por mãos humanas, as palavras são fruto de um amálgama de sentidos, percepções e afetos – muitas delas palavras-relíquias, signos carregados de aura, rastros de tempo. A verdade é que desde muito as palavras possuem uma morada cativa - o livro é por excelência o relicário das letras. Queremos dar continuidade à função mais cara que o livro escrito possui: preservar e divulgar os saberes e memórias postos em letras e palavras por seus autores. A Relicário Edições possui duas linhas editoriais que abrangem gêneros textuais diversos. A primeira é direcionada à produção acadêmica e científica nas áreas de ciências humanas, filosofia, estética, artes e estudos literários, contemplando publicações a partir de dissertações e teses, bem como coletâneas de artigos, ensaios e revistas acadêmicas. Nessa linha editorial contamos com um conselho avaliativo composto por nomes representativos das principais universidades do país, cuja experiência permite a avaliação da qualidade dos textos e de sua relevância para o debate nas áreas em que os escritos se inserem. Traduções de autores estrangeiros dessas áreas do conhecimento estão igualmente presentes em nossa proposta editorial, pois acreditamos que trazê-los à língua portuguesa constitui um serviço ao leitor interessado, ampliando a partilha do pensamento que nasce em determinado tempo e espaço, mas cujos destinatários e interlocutores podem estar [e estão] aqui e agora. A segunda linha editorial se volta para a publicação de textos de literatura em língua portuguesa e para a tradução de autores estrangeiros – ainda pouco divulgados no país – que transitam pelo romance, ensaios, contos, crônicas e poesia.


_____________ Estética e Filosofia da Arte ________________

Personagens conceituais: filosofia e arte em Deleuze Autor: Fernando Tôrres Pacheco 172p.| 2013 | 14x21cm | ISBN: 978-85-66786-00-2

Este livro se propõe a investigar o papel dos personagens conceituais na criação filosófica. Segundo Deleuze e Guattari, tais personagens são os verdadeiros responsáveis pela enunciação e construção dos conceitos de um filósofo. Seguindo os rastros da filosofia da diferença, o autor nos mostra que tais personagens não podem ser lidos pelo viés da filosofia da subjetividade – como entidades dotadas de substância e identidade – mas são precisamente potências que se agenciam em um plano pré-filosófico, ou plano de imanência, onde filosofia e arte encontram um ponto de intercessão. Deste modo, o livro encara uma discussão crucial à filosofia da segunda metade do século XX: a gênese do pensamento filosófico se dá por arranjos e articulações alheios ao próprio conceito, razão pela qual filosofia é encarada não mais como representação, mas como criação.

Imagem, imaginação, fantasia: 20 anos sem Vilém Flusser Organizadores: Alice Serra, Rodrigo Duarte e Romero Freitas 244p.| 2014 | 15,5 x 22,5cm | ISBN: 978-85-66786-03-3

Este livro é fruto do Congresso Internacional "Imagem, imaginação, fantasia", sediado em Ouro Preto no ano de 2011. O congresso teve seu foco principal - embora não exclusivo - na obra do filósofo tcheco-brasileiro Vilém Flusser, que desenvolveu o conceito das tecnoimagens e pensou a pós-história como o campo do eventual fim da escrita, bombardeada pela overdose das imagens que assistimos e reproduzimos a cada passo, com nossas câmeras e celulares de bolso. A sofisticação do pensamento de Flusser reside em não se fechar numa perspectiva pessimista ou apocalíptica, mas sim em observar todas as possibilidades filosóficas e antropológicas dessa mudança radical na linguagem humana, tão radical que afeta a percepção da realidade e, em consequência, toda a realidade. Todos os autores fazem jus a esse pensamento, razão pela qual são igualmente recomendados os 20 textos deste volume.

Varia aesthetica: ensaios sobre arte e sociedade Autor: Rodrigo Duarte 376p.| 2014 | 14 x 21 cm | ISBN: 978-85-66786-05-7

O livro reúne artigos de Rodrigo Duarte nos quais estão expressas sua principais preocupações teóricas sobre os fenômenos estéticos a partir do início da década de 2000. Partindo de Theodor Adorno e empreendendo diálogos também com Arthur Danto e Vilém Flusser, dentre outros, os artigos nele publicados exploram temas como o papel que certo entendimento do esquematismo kantiano desempenha na crítica à indústria cultural, as relações entre som e imagem e entre imagem e escrita, os diversos pontos de vista sobre o fim da arte na filosofia contemporânea, a desartificação da arte, os novos fenômenos associados à indústria cultural pós-globalização, etc. Tais textos são tentativas de compreender fenômenos muito complexos, assim como tendencialmente preponderantes, nas manifestações culturais hodiernas.

Gosto, interpretação e crítica Organizadores: Verlaine Freitas, Rodrigo Duarte, Giorgia Cecchinato e Cíntia Vieira da Silva 244p.| 2014 | 15,5 x 22,5 cm | ISBN: 978-85-66786-04-0

Este livro investiga três conceitos intimamente relacionados - gosto, interpretação e crítica, que possuem também suas distinções, gravitando em torno de nosso posicionamento valorativo do objeto estético, seja ele uma obra ou evento de arte contemporânea, um produto de indústria cultural ou um objeto da natureza. Todos os três podem ser considerados na polarização entre a postura meramente subjetiva - 'cada um tem seu próprio gosto', e a demanda ou exigência de objetividade - a tarefa de uma crítica de arte. Cada um dos capítulos problematiza tais categorias não apenas com base nessas polaridades, mas também no interior de uma análise de crítica social, de leitura de obras de arte específicas, além da sempre necessária exegese de textos clássicos da história da filosofia.


Entre filosofia e literatura: recados do Dito e do Não Dito Organizador: Luiz Rohden 152p.| 2015 | 15,5 x 22,5 cm | ISBN: 978-85-66786-15-6

Esta obra contempla, do ponto de vista do projeto literário-filosófico de João Guimarães Rosa, a sua obra Corpo de Baile. Sob distintos enfoques, foi em torno desse texto rosiano que as pesquisas foram realizadas e seus resultados aqui condensados na forma de capítulos. Com isso, além de aprofundar os laços de proximidade entre filosofia e literatura de modo geral, realizamos uma investigação cujos resultados contribuem para tornar mais conhecida a profundidade do trabalho de Guimarães Rosa e sua importantíssima contribuição na constituição de “uma literatura filosófica brasileira” essencial, também, para a compreensão e formação da identidade humana e brasileira.

Lógica e música: conceitualidade musical a partir da filosofia de Kant e Hanslick Autor: Ricardo Miranda Nachmanowicz 180p.| 2014 | 14 x 21 cm | ISBN: 978-85-66786-09-5

O livro aborda a percepção musical a partir de critérios cognitivos kantianos e discute, a partir desses critérios, a teoria kantiana dos juízos de gosto. Além disso, vale-se de ideias apresentadas por Eduard Hanslick que caracteriza a apreciação de formas musicais que possuem um componente vinculado ao entendimento. Vencedor do prêmio FUNARTE – Produção crítica em música

O trágico, o sublime e a melancolia - Volume 1 Organizadores: Verlaine Freitas, Rachel Costa e Debora Pazetto 300p.| 2016 | 15,5 x 22,5 cm | ISBN: 978-85-66786-36-1

O trágico, o sublime e a melancolia - Volume 2 Organizadores: Verlaine Freitas, Rachel Costa e Debora Pazetto 288p.| 2016 | 15,5 x 22,5 cm | ISBN: 978-85-66786-37-8

Os dois volumes de O Trágico, o Sublime e a Melancolia são um desdobramento do 12º Congresso Internacional de Estética, realizado em Belo Horizonte em 2015, e reúne artigos produzidos por pesquisadores muito diversos, seja do ponto de vista geracional, seja do ponto de vista da abordagem, nos mostrando o quanto esses três conceitos-chave da Estética, desde seu surgimento como disciplina filosófica no século XVIII, são ainda férteis e capazes de nos dar muito a pensar. Nestes volumes, enquanto muitos dos autores elegeram a análise de obras e de interpretações clássicas de obras de Homero, Shakespeare, Wagner, Heiner Müller, Beckett ou Dürer, outros partiram da interpretação de alguns dos textos mais fundamentais da Estética e da crítica. Burke, Kant, Schiller, Hölderlin e Schlegel são discutidos ao lado de filósofos da Teoria Crítica, como Adorno e também mais recentes, como Deleuze e Danto, além da notável contribuição da psicanálise e da reflexão acerca da tragicidade que recobre a intelectualidade brasileira aos olhos de Vilém Flusser. Publicados pela Relicário Edições, os volumes contam com textos de: Jeanne-Marie Gagnebin, Rodrigo Duarte, Christian Bauer, Virginia Figueiredo, Pedro Sussekind, Taisa Palhares, Luciano Gatti, Martha D’Angello e muitos outros.


Limites do Belo: estudos sobre a estética de Friedrich Schiller Autor: Ricardo Barbosa 196p.| 2015 | 14 x 21 cm | ISBN 978-85-66786-27-9

Friedrich Schiller (1759-1805) dedicou-se intensivamente à filosofia entre 1791 e 1795. Seus trabalhos deste período foram essenciais para a formação da estética como uma disciplina filosófica autônoma, do classicismo de Weimar, do idealismo alemão e da crítica estética da modernidade. Os múltiplos efeitos da obra filosófica madura de Schiller se deixam ver como resultantes de um contínuo esforço de reflexão sobre uma pergunta recorrente – uma pergunta que, como dissera Kant, seria o fulcro de todas as demais questões que incitam a razão humana: a pergunta pelo que somos, a pergunta pelo homem e sua destinação.

A poética da substância: procedimentos da alquimia em artistas contemporâneos Autora: Juliana Alvarenga 116p.| 2016 | 13 x 18 cm | ISBN: 978-85-66786-40-8

Neste livro o leitor encontrará uma confluência entre o conhecimento acadêmico e um saber que envolve toda uma cosmologia: a alquimia. O questionar dos procedimentos alquímicos (transformação da matéria, a correspondência de macrocosmos e microcosmos, Foetido Purus e Solve et Coagula) efetua-se por meio da análise das obras e dos discursos de quatro nomes incontornáveis da arte contemporânea: Apichatpong Weerasethakul, Joseph Beuys, Damien Hirst e Anselm Kiefer.

Serenidade, presença e poesia [Coleção Estéticas] Autor: Hans Ulrich Gumbrecht | Tradutora: Mariana Lage 180 p.| 2016 | 14 x 21 cm | ISBN: 978-85-66786-44-6

A coletânea de artigos disponibiliza em língua portuguesa parte importante da produção acadêmica de Gumbrecht, pouco conhecida ou referenciada. Os cinco artigos lançam luz sobre os começos intuitivos de sua "produção de presença", sobre sua relação com o medievalista Paul Zumthor e com as origens da Estética da Recepção, além de apontar para novos direcionamentos de suas elaborações intelectuais, como em "Poesia como modo de atenção", de 2015, em que versa sobre presença, Stimmung e Husserl e referencia seus mais recentes livros. No último artigo da série, publicado em 2007, Gumbrecht oferece uma revisão de seus percursos acadêmicos numa espécie de genealogia filosófica, desde sua participação como professor assistente na Escola de Constança à elaboração de seu livro "Produção de Presença". O livro conta ainda com uma entrevista feita pela tradutora Mariana Lage com o autor.

Musica Ficta (figuras de Wagner) [Coleção Estéticas] Autor: Philippe Lacoue-Labarthe | Tradutores: Eduardo Jorge de Oliveira e Marcelo Jacques de Moraes 260 p. | 2016 | 14 x 21 cm | ISBN: 978-85-66786-43-9

Quatro cenas compõem este livro, todas dedicadas à Wagner. As duas primeiras travam diálogos com Baudelaire e Mallarmé, contemporâneos do triunfo europeu do wagnerianismo, e que fazem parte de uma sequência histórica que perpassa a guerra de 1870 e da Comuna, prenunciando a explosão global de nações e classes. As segundas cenas envolvem Heidegger e Adorno e ocorre quando certos aspectos do wagnerianismo foram sentidos e a confusão do "nacional" e "social" se solidificou como uma configuração política monstruosamente sem precedentes. Ambos os casos mostram conjuntamente arte e política, mas não como uma política da arte, e muito menos como uma arte da política. Trata-se de algo mais grave, da estetização – da figuração – do político. Estas quatro cenas capturam e esclarecem "a verdadeira cena", acontecimento filosófico importante, que sancionou o rompimento de Nietzsche com Wagner.


_____________ Filosofia (geral) _____________ Clássicos e contemporâneos da filosofia política: de Maquiavel a Antonio Negri Organizadores: Guilherme Castello Branco e Helton Adverse 244p.| 2015 | 15,5 x 22,5 cm | ISBN: 978-85-66786-04-0

Este livro não pretende ser um manual de Filosofia Política no qual, de maneira diacrônica, os autores são contemplados partindo-se dos clássicos e chegando-se aos contemporâneos. Clássicos e contemporâneos estão aqui imbricados porque dirigem ao tempo presente um olhar investigativo, porque exercitam a curiosidade filosófica e dão vazão ao desejo de entender o que é atual. E exatamente porque atualiza o ímpeto filosófico é que um autor pode ser clássico e/ou contemporâneo. Como vemos nos textos que integram este livro, é a necessidade de refletir sobre os problemas políticos atuais que obriga os autores dos capítulos a convocar clássicos e contemporâneos. As respostas que ensaiam são, elas mesmas, um exercício filosófico e, como tal, não pretendem ser verdadeiras ou falsas; antes, reivindicam o inacabamento da reflexão filosófica e não escondem a satisfação de estar em boa companhia.

Da filosofia da história à sociologia histórica Autor: Kirlian Siquara 120p.| 2016 | 14 x 21 cm | ISBN: 978-85-66786-41-5

Este livro, dividido em três capítulos, examina alguns dos momentos significativos da constituição da ciência empírica da história. O primeiro capítulo analisa a relação entre filosofia da história e epistemologia da ciência histórica, e apresenta a secularização como condição de possibilidade dessa. O segundo capítulo descreve, por meio da leitura de Voltaire, Herder, Hegel e Kant o processo mesmo de secularização da compreensão histórica e a progressiva diferenciação entre natureza e história. O terceiro capítulo, por meio da tematização do debate Weber-Rickert, mostra como a distinção entre natureza e história é condição de possibilidade da racionalização científica da história.

_____________ Estudos literários _____________ Vertigens do eu: autoria, alteridade e autobiografia na obra de Fernando Pessoa Autora: Lisa Carvalho Vasconcellos 160p.| 2013 | 14x21cm | ISBN: 978-85-66786-02-6

Se Pessoa é, como concebeu Eduardo Lourenço, um típico autor moderno, a literatura, conforme concebida por ele, gostaria justamente de ser um espaço livre das contradições da Era Moderna. Os heterônimos (Caeiro, Campos e Reis) talvez ocupem o lugar desse desejo impossível; já o ortônimo (que também é o Pessoa-personagem), assume um papel ambíguo em relação a esse espaço: se por um lado se integra a ele, enquanto ser ficcional, também dá testemunho de seu não-pertencimento a uma realidade que não é a sua, mas a do seu desejo. Assim, dentro e fora, participante e testemunha, ele compartilha conosco suas conclusões ou, melhor ainda, seu espanto, o de um autor perdido em meio a uma literatura – e de um tempo – que tem vida própria e que gira ao seu redor em uma dança na qual ele não tem mais capacidade (terá tido um dia?) de participar.

Quem desloca tem preferência: ensaios sobre futebol, jornalismo e literatura Autor: Marcelino Rodrigues da Silva 292p.| 2014 | 14 x 21cm | ISBN: 978-85-66786-08-8

Este livro faz um drible no senso comum sobre a história e a importância do futebol na sociedade brasileira. O que temos nesses vinte e um ensaios de Marcelino Rodrigues da Silva não é uma simples narrativa histórica do futebol ou mesmo uma análise que vai ao encontro de opiniões tão difundidas no imaginário intelectual, mas a complexificação do fenômeno futebolístico em nosso país. Poucas vezes é possível ver um time jogando com essa consistência. Quer se fale das charges de Fernando Pieruccetti, das crônicas dos irmãos Mário Filho e Nelson Rodrigues ou dos arquivos construídos a partir das imagens dos negros nos jornais, Marcelino parte para o ataque com a convicção de muitos dos nossos maiores goleadores. É um gol atrás do outro, fazendo com que o livro já tenha o espírito vencedor daqueles que ousam ver além do que já é reconhecido.


Calvino em jornadaS Organizadores: Bruna Ferraz, Juan Silveira, Maria Fernanda Moreira, Marília Matos e Tereza Virgínia Barbosa 148p.| 2015 | 15,5 x 22,5 cm | ISBN: 978-85-66786-12-5

Este livro nasceu de uma jornada, a “Jornada Calvino e Seus Clássicos”, ocorrida na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que, como nos diz o dicionário, consiste (como se deu) em percorrer um “trajeto” ao longo de um único dia – o dia 10 de junho de 2014. No entanto, mais que isso, nasceu ele também, paradoxalmente, do desejo de recusa dessa contingência, de um ímpeto de continuidade: de seguirmos sendo afetados por esse encontro, pelas ideias que dele surgiram, pelos clássicos e por Calvino, por tudo isso que perdura pela insistência em seguir viagem (outra definição de jornada), o que, desde Marco Polo, ou talvez antes, implica não cessar de produzir sentidos e gestar ilimitadas jornadaS.

Antiga Musa (arqueologia da ficção) – 2ª edição revista e ampliada Autor: Jacyntho Lins Brandão 196p.| 2015 | 14 x 21 cm | ISBN: 978-85-66786-17-0

O objetivo deste livro é examinar as condições que motivaram o surgimento das teorias sobre a literatura na Grécia, concentrando-se em seus princípios. A perspectiva arqueológica interessa aqui nos três sentidos de arkhé: começo, princípio e poder. O autor faz uma investigação dos primórdios da reflexão poética na Grécia, restringindo-se aos dois conjuntos de textos mais arcaicos, os poemas homéricos e hesiódicos. Trata-se, também, de uma reflexão sobre os princípios que se podem deduzir das poéticas implícitas de algum modo expressas ou sugeridas nos dois corpora referidos. Por sua vez, esses dados interessam enquanto os gestos inaugurais de uma determinada tradição poética (e literária) que permanecerá sob o controle desses mesmos gestos, levantando problemas de compreensão e avaliação profundos e capazes de impulsionar o surgimento das teorias literárias.

As desordens da biblioteca (Les desordres de la biblioteque) Autora: Muriel Pic | Tradutor: Eduardo Jorge de Oliveira 92p.| 2015 | 15,5 x 21 cm | ISBN: 978-85-66786-16-3

A partir de uma imagem de biblioteca contida no primeiro livro de fotografia de que se tem notícia, The pencil of nature, de William Henry Fox Talbot, publicado em 1844, Muriel Pic realiza uma série de fotomontagens e, em seguida, desenvolve uma ficção crítica fundamental para entendermos a relação que temos com imagens, textos, objetos e bibliotecas. Suas fotomontagens realizam uma investigação visual que desperta a atenção aos arredores da biblioteca e que deriva, justamente, da fotografia da biblioteca de Talbot. Para isso, ela recorreu a bibliotecas de intelectuais, críticos, escritores e curadores e, como anota o poeta Christian Prigent no prefácio do livro, essas bibliotecas aparecem como verdadeiros exoesqueletos do pensamento. A segunda parte do livro é uma leitura ensaística na qual a autora francesa explora o imaginário das bibliotecas a partir da fotografia de Talbot, ressaltando todo o seu diálogo com o fenômeno literário e passando obrigatoriamente por potenciais vizinhos de prateleira, tais como Georges Perec, Michel Foucault, Paul Éluard e Walter Benjamin.

Jean-Luc Godard: história(s) da literatura Autor: Maurício Salles Vasconcelos 300p.| 2015 | 15,5 x 22,5 cm | ISBN: 978-85-66786-27-9

Em clara alusão ao filme História(s) do cinema, de Jean-Luc Godard, este livro guarda sua originalidade não só no modo como o autor trata a identificação das citações e alusões literárias nos filmes estudados, mas principalmente nas relações traçadas entre elementos desses filmes e aspectos de obras literárias que neles não são referidas. Trata-se de considerar os filmes/textos de Godard como máquinas de produção incessante de sentidos (significados e sensações) não só em si mesmos, mas também fora de si. Além de Homero, Ovídio, Dante, Lautréamont, Rimbaud, Faulkner, Beckett e Borges – mencionando-se alguns dos muitos autores referencializados pelo cineasta em seus filmes – , nomes como Mário Faustino, Mehdi Belhaj Kacem, Colson Whitehead, Waly Salomão, W. G. Sebald, Kathy Acker, Lyn Hejinian, Herberto Helder, entre outros, compõem a constelação de Jean-Luc Godard – História(s) da literatura.


O oratório poético de Alphonsus de Guimaraens: uma leitura do Setenário das Dores de Nossa Senhora Autor: Eduardo Horta Nassif Veras 120p.| 2016 | 14 x 21 cm | ISBN: 978-85-66786-38-5

No “espaço apertado” entre a experiência mística falha e a consciência do poeta em relação à linguagem é que Alphonsus realiza a sua poesia, como demonstra Eduardo Veras neste livro. Os dois polos se conjugam: a experiência mística se faz incompleta exatamente porque mediada pela consciência da linguagem. Veras aproxima esse duplo componente da poesia de Alphonsus do que Hugo Friedrich denomina a “despersonalização” do poeta moderno. Alphonsus pode e deve, portanto, ser aproximado de Baudelaire, Mallarmé, George e Cruz e Sousa, não como repetidor de traços estilísticos, mas como autor de uma obra que encarna uma “...vivência particular e incomparável da agonia que caracteriza a poesia de seu tempo.” E, por esse movimento da análise, o autor faz de Alphonsus de Guimaraens nosso verdadeiro contemporâneo.

Toda a orfandade do mundo: escritos sobre Roberto Bolaño Organização de Antonio Marcos Pereira e Gustavo Silveira Ribeiro 216p.| 2016 | 15,5 x 22,5 cm | ISBN: 978-85-66786-42-2

Nas últimas décadas, a literatura de Roberto Bolaño imantou a cena literária, atraindo para si a atenção de críticos, editores e inúmeros leitores de diferentes línguas. Poucos escritores da América Latina atingiram uma relevância internacional dessa magnitude. Os leitores brasileiros não foram indiferentes à sedução da literatura de Bolaño e, nos últimos anos, as traduções dos seus livros sucederam-se rapidamente, multiplicando o número de seguidores e dando lugar a leituras instigantes, que se debruçam na prolífera escrita deste autor não apenas para propor abordagens críticas de suas obras, mas também como uma forma de indagar acerca do próprio ser da literatura nos dias de hoje. Toda a orfandade do mundo: escritos sobre Roberto Bolaño é uma excelente amostra disso. Organizado em três partes, o livro foca aspectos centrais da obra deste autor: as relações entre literatura e violência, as sugestivas experimentações formais e as instigantes relações entre escritura e vida.

Figurações do real (literatura brasileira em foco VII) Organizadores: Andréa Sirihal Werkema, Ana Lúcia M. de Oliveira, Marcus Vinicius N. Soares 316p.| 2017 | 15,5 x 22,5 cm | ISBN: 978-85-66786-46-0

Os 17 artigos reunidos no livro trazem questões pontuais da literatura brasileira em autores obrigatórios de nosso cânone e em autores pouco discutidos, que encontram aqui leitura generosa: são as discussões prementes da autoficção, das fronteiras borradas entre ficção, memória e confissão; são as possibilidades de construção de imagens e valores próprios da poesia; são os problemas estruturais encontrados por escritores em suas tentativas de criar formas novas que respondam aos anseios da representação/expressão. No entanto, em meio à trama tecida por fios tão diversos, um padrão que talvez se reconheça e que está na origem do livro é a ideia de realismo(s), em amplo espectro. Realismo(s), desde suas definições mais didáticas para o estudioso e professor de literaturas até o seu entendimento enquanto maneira de representar, ou de fabricar uma nova realidade que se faz, na verdade, à revelia daquilo que se representa – realismo, já sabemos, é ilusão, é fabricação, é ficção.

Literatura de esquerda Damián Tabarovsky | Tradução de Ciro Lubliner e Tiago Cfer 116p.| 2017 | 14 x 21 cm | ISBN: 978-85-66786-53-8

Ao contrário do que o título poderia sugerir, “Literatura de esquerda” não é um ensaio que se debruça sobre obras e autores que se colocam sob uma perspectiva política de esquerda, mas um ensaio que põe em xeque o lugar da literatura hoje, o que realmente a anima e quais são as suas estratégias diante da criação. Segundo o autor, mesmo um escritor ideologicamente de esquerda pode ser formalmente conservador e manter-se enredado em convenções ultrapassadas que aprisionam a atividade escritural. A academia e o mercado, por exemplo, seriam as duas grandes figuras em relação às quais o escritor deveria se insurgir, de modo a liberar a literatura e deixá-la à deriva de sua própria indeterminação. O escritor de esquerda realizaria a negatividade na própria literatura ao recusar, portanto, a academia, o mercado, a crítica, a notoriedade e a recepção como balizadores de sua própria escritura, e nessa recusa, entregaria-se apenas às regras inerentes à linguagem.


As máquinas celibatárias (Les machines célibataires) Autor: Michel Carrouges Tradutor: Eduardo Jorge de Oliveira

A obra tem o mérito de realizar a primeira leitura conceitual da obra de Marcel Duchamp, La mariée mise à nue par ses célibataires, même ou simplesmente “O grande vidro”. Mobilizado essencialmente por essa obra, Carrouges elege um conjunto de máquinas impossíveis, inúteis, delirantes ou com dispositivos incompreensíveis. O repertório literário ou os "grandes maquinistas e suas máquinas" abrange autores como Marcel Duchamp e Franz Kafka, Raymond Roussel, Alfred Jarry, Guillaume Apollinaire, Jules Verne, Villiers de l'Isle-Adam, Irène Hillel-Erlanger, Adolfo Bioy Casares, Lautréamont e Edgar Allan Poe. A edição de 1976, base para a tradução brasileira, contém uma breve correspondência entre Michel Carrouges e Marcel Duchamp (quatro cartas). Em uma das cartas, Duchamp aprecia a leitura do autor pela relação feita entre o dispositivo do “Grande vidro” e aquele encontrado na Colônia Penal, de Franz Kafka.

_____________ Literatura _____________

A vida porca | Romance Autor: Roberto Arlt Tradutor: Davidson de Oliveira Diniz | Título original: El juguete rabioso 256 p.| 2014 | 13 x 20 cm | ISBN: 978-85-66786-13-2

Os leitores e leitoras encontrarão nessa obra o relato da iniciação de um adolescente, Silvio Astier, no submundo portenho, zona cinzenta de uma sociedade em que a educação burguesa perdeu as suas cores luminosas. Astier e seus amigos leem livros baratos em traduções ruins, cometem crimes por meio dos quais ascendem à cultura letrada de que foram excluídos, falsificam, blasfemam, elaboram inventos precários, etc.. A forma precisa dessa equação está na frase de Astier: "Oh!, ironia, logo eu que havia sonhado ser um grande bandido feito Rocambole e um poeta genial feito Baudelaire!"

Névoa e assobio – 2ª. Edição [Finalista Prêmio Jabuti – Categoria ilustração] Autora: Bianca Dias | Desenhos: Julia Panadés 96 p.| 2015 | 16 x 18 cm | ISBN: 978-85-66786-20-0

O livro de Bianca Dias nos apresenta uma experiência de atravessamento e de elaboração. Apresenta-nos, sobretudo, uma ética-estética da existência, irmã gêmea do “amor fati” nietzchiano. Como se na perda estivesse guardada uma prenda, como se na doença estivesse guardada uma dança. Como se no fundo do silêncio aterrador estivessem guardadas palavras aladas que atravessam o trauma e compõem uma trama. A partir da perda de seu filho, Bianca devolve o olhar a esse abismo num exercício de escrita corajoso e nascido dessa experiência, na qual a ausência se torna uma aguda presença. Entretanto, neste livro não encontramos apenas essas palavras aladas. Nele, há um encontro fortuito entre as palavras e os desenhos da artista Julia Panadés, que, num gesto cúmplice, oferece um pouso imagético, um vislumbre de forma e uma possibilidade de costura das bordas.

A Retornada | Poemas Autora: Laura Erber | Posfácio de Heloísa Buarque de Hollanda 60 p.| 2017 | 16 x 18 cm | ISBN: 978-85-66786-56-9

Em certo poema de A retornada, onde “há coisas que são só imagens”, vislumbramos o fascínio de uma criança pelo protagonista de um desenho animado. Sabemos que ele “três vezes dançou na neve sobre patins”, e que “três vezes seu olho de massa negra chorou no centro da aventura”. Sabemos tratar-se de um “pinguim”. Mais tarde, porém, ignorando a razão, talvez sejamos nós os ocupantes de tal lugar. Pois, como alerta Laura Erber, “a imagem nem sempre resvala, espera”. E é, inclusive, parodiando Wallace Stevens, da “almost successfully” resistência de sua poesia à inteligência que resulta tão bem sucedida esta obra perturbadora, em terreno sem lisura de “sentido”, crivado por pontos cegos sujeitos a súbita refulgência. [Orelha de Lu Menezes]


Jamais o fogo nunca | Romance Autora: Diamela Eltit (Chile) | Tradução de Julián Fuks 172 p.| 2017 | 14 x 21 cm | ISBN: 978-85-66786-59-0

Com um título que provém de um enigmático verso de César Vallejo, "Jamais o fogo nunca" se constitui pela voz, em primeira pessoa, de uma mulher cujo dado biográfico essencial é ter sido uma sobrevivente da luta política no período do regime militar, luta que trouxe consigo a delação, o cárcere e a perda de um filho. A obra parte desse pano de fundo histórico e pessoal para seguir em direção ao microcosmo dessa voz e examinar o tecido medular das subjetividades que trançaram as utopias e sentidos do século XX, encarando a condição precária dos corpos excedentes desse tempo. A partir de uma máxima ambiguidade, o romance se abre a diversas possibilidades, nas quais oscila e se dissolve a fronteira entre a vida e a morte, entre o corporal e o social. A noção de célula funciona, no romance, como chave política, mas, também, como unidade básica do corpo, ambas as arestas ali presentes para produzir a explosão e a confusão entre corpo e política.

Como se fosse a casa (uma correspondência) | Poemas Autores: Ana Martins Marques e Eduardo Jorge 48p.| 2017 | 12 x 18,5 cm | ISBN: 978-85-66786-57-6 Durante um mês, a poeta Ana Martins Marques alugou o apartamento do amigo e também poeta Eduardo Jorge, que viajara para a França. O imóvel fica na região centro-sul de Belo Horizonte, no edifício JK, projetado por Oscar Niemeyer em 1952. Enquanto viveu ali, a inquilina trocou e-mails com o locador. As mensagens, de início, abordavam questões meramente práticas. Mas, depois, se converteram em uma troca de poemas sobre o permanecer e o partir, o morar e o exilar-se, o familiar e o estranho.

Nunca estive no Brasil (coletânea de poemas) Autor: Ernst Jandl (Áustria) Tradutora: Myriam Ávila | Parceria: Embaixada da Áustria [ NO PRELO ] Ernst Jandl (1925-2000), poeta, tradutor e professor austríaco pertence a uma geração de escritores em língua alemã cujos membros, após o término da II Guerra Mudial, encontraram na experimentação literária a possibilidade de desenvolvimento de uma nova linguagem a salvo de seu passado histórico recente. Ao lado dos poetas do chamado Wiener Gruppe, “Grupo de Viena”, Jandl leva a cabo na Áustria dos anos 50 a continuação do percurso iniciado no começo do século pelas principais vanguardas germânicas como o expressionismo e o dadaismo. Estilisticamente, ele joga literalmente com as palavras, cortando e distorcendo, misturando palavras, distanciando vogais, realizando trocas de consoantes, removendo sílabas, misturando palavras de diferentes línguas, empregando padrões gráficos e elementos tipográficos para a transmissão de significados, dentre outras experimentações.

Palmström Autor: Christian Morgenstern (Alemanha) Tradutor: Ricardo Domeneck | Parceria: Goethe-Institut [ NO PRELO ] Christian Morgenstern (1871-1914), poeta e escritor alemão nascido em Munique, foi contemporâneo dos dadaístas e expressionistas germânicos, e é reconhecido pela composição de versos em estilo nonsense em sua língua natal. Sua poesia o relaciona ao nonsense britânico de Lewis Carroll e Edward Lear, no qual a articulação linguística ganha um novo tom, para além das funções engendradas pela comunicação e pelo caráter utilitário da língua em seu registro cotidiano. Esta obra,“Palmström”, de 1910, mantem plenamente um teor satírico e nonsense, sendo, pois, uma obra representativa de sua poética como um todo.


_____________ Dramaturgia _____________

Degolarratos Autor: Enzo Moscato | Tradução: Anita Mosca 96p.| 2016 | 13 x 18 cm | ISBN: 978-85-66786-39-2 Degolarratos (Scannasurice) é uma peça do dramaturgo italiano Enzo Moscato, encenada poucos anos após o terremoto de Irpinia, de 1980, e constitui-se como metáfora do desmoronamento não apenas físico, mas também humano e social, que atingiu Nápoles e toda a sua cultura milenar na década que se seguiu. Na visão de Enzo Moscato, intitulado hoje “poeta da cena italiana”, o trauma coletivo do terremoto provoca um corte, seco e definitivo, com a língua, a música, a cultura e a identidade napolitana do passado.

Charlotte-peixe-borboleta Autor: Pedro Kalil 48p.| 2016 | 10 x 14 cm ISBN: 978-85-66786-33-0 "Charlotte-peixe-borboleta" traz o texto da peça-monólogo "Para Lembrar Eu Solo", escrita pelo dramaturgo e dirigida em 2013 por Cristina Tolentino. Nesse texto lemos a história de Charlotte, que não é só uma, mas vários e vários. Personagem atravessada por diversas vozes, Charlotte busca, na polifonia da palavra, se lembrar e recuperar a memória de histórias que, sim, já foram ditas, mas que são sempre esquecidas e, por isso, é necessário que se conte de novo e de novo.

_____________ Psicanálise _____________

A droga do toxicômano: uma parceria cínica na era da ciência Jésus Santiago Coleção BIP - Biblioteca do Instituto de Psicanálise 272p.| 2017 | 14,5 x 21 cm ISBN: 978-85-66786-54-5 O enfoque psicanalítico das relações que o toxicômano estabelece com a droga situa-se no encontro de uma variada gama de problemas e impasses conceituais, em que o debate sobre sua delimitação como uma categoria clínica dotada de especificidade própria se destaca de maneira decisiva. Nada do consumo abusivo da droga equivale ao que foi, para a psicanálise, o sintoma conversivo, o pensamento obsessivo-compulsivo ou a ideia delirante persecutória, que permitiram a postulação de estruturas clínicas freudianas clássicas, a saber, respectivamente, a histeria, a neurose obsessiva e a paranoia. E, a despeito dessa insuficiência de cunho conceitual, deve-se tomar a toxicomania como um dos capítulos da história da psicanálise em que mais se consegue aproximar dos próprios limites tanto de seu saber como de sua prática.


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