Catalogo salao de abril 2012

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63º “A Cidade e suas (des)conexões Antrópicas”

APOIO:

REALIZAÇÃO:



63º Salão de Abril PREFEITURA MUNICIPAL DE FORTALEZA Luizianne Lins – PREFEITA DE FORTALEZA SECRETARIA DE CULTURA DE FORTALEZA - SECULTFOR Fátima Mesquita – SECRETÁRIA MUNICIPAL DE CULTURA SECRETARIA DE CULTURA DE FORTALEZA - SECULTFOR Márcio Caetano – SECRETÁRIO EXECUTIVO Coordenadora de Artes Visuais Maíra Ortins Coordenação de Comunicação da SECULTFOR Ethel de Paula Diretora do Centro de Referência do Professor Patrícia Fernandes Costa Martins

Coordenação da Ação Educativa do 63º Salão de Abril Ana Bastos Thaís Paz Educadores do 63º Salão de Abril Cecília Shiki Charlene Ximenes Francisco Carlos Gabriel Matos Marcelo Lemos Bezerra Samanta Sanford Coordenação de Produção Dora Freitas Assessoria de Imprensa AD2M Comunicação

Coordenação Geral do 63º Salão de Abril Maíra Ortins

Design Gráfico Fernando Brito

Equipe da Galeria Antônio Bandeira João Jorge Tânia Madruga Maria Eridan Pessoa José Benício Junior Jacinta Ribeiro Antônia Rocha Lurdes Maia

Webdesign Ricardo Batista

Comissão de Seleção Eduardo Frota Marcelo Campos Silas de Paula

Fotografia Jarbas Oliveira Montagem e Estrutura Física Josymar Gonçalves Jandilmar Gonçalves Iluminação Mário Yoichi Minami Vídeo Eder Bicudo


LUIZIANNE LINS

Palavra da prefeita

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Prefeita de Fortaleza

A melhoria da qualidade de vida e a revitalização do espaço público perpassam todo o plano de governo da Gestão Fortaleza Bela e estão na base das ações e projetos institucionais.

Em sua 63ª edição, novamente ultrapassa os limites estruturais e convencionais das galerias e vai ao encontro de lugares de sociabilidade. Assim, ao invés de mero evento, transfigura-se em intervenção de viés estruturante, promovendo agenciamentos e “dizendo” sobre os diversos e possíveis modos de estar e transformar o mundo. O Salão que casa tradição e inovação abre-se aos novos talentos sem esquecer seus referenciais. A cada ano, um artista homenageado incrementa a linha do tempo. Em 2012, a pintora, desenhista,

gravadora, tapeceira e escultura Heloísa Juaçaba, que iniciou sua carreira na extinta Sociedade Cearense de Artes Plásticas (SCAP), entidade organizadora do Salão de Abril em seus primeiros anos, recebe a justa homenagem da Prefeitura Municipal de Fortaleza pela inconteste qualidade de sua obra, capaz de valorizar não só os cromatismos como os elementos próprios doartesanato, e pela especial dedicação, política inclusive, aos espaços de cultura da cidade.


FÁTIMA MESQUITA Secretária de Cultura de Fortaleza

Salão de Abril e os caminhos que se bifurcam

Sexagenário, o Salão de Abril caminha firme e maduro pelo território expandido da cidade. E ao percorrer caminhos éticos e estéticos que se bifurcam ele não enverga nem envelhece.

Em sua 63ª edição, novamente ultrapassa os limites estruturais e convencionais das galerias e vai ao encontro de lugares de sociabilidade. Assim, ao invés de mero evento, transfigura-se em intervenção de viés estruturante, promovendo agenciamentos e “dizendo” sobre os diversos e possíveis modos de estar e transformar o mundo. O Salão que casa tradição e inovação abre-se aos novos talentos sem esquecer seus referenciais. A cada ano, um artista homenageado incrementa a linha do tempo. Em 2012, a pintora, desenhista, gravadora, tapeceira e escultura Heloísa Juaçaba, que iniciou sua carreira na extinta Sociedade Cearense de Artes Plásticas (SCAP), entidade organizadora do Salão de Abril em seus primeiros anos, recebe a justa homenagem da Prefeitura Municipal de Fortaleza pela inconteste qualidade de sua obra, capaz de valorizar não só os cromatismos como os elementos próprios doartesanato, e pela especial dedicação, política inclusive, aos espaços de cultura da cidade.

Graças a mestres como ela, hoje o Salão não só expões obras de arte, como acolhe desejos e demandas. É o pensamento que está na base de sua resistência, convertendo-se em ações de caráter não apenas artístico ou cultural, como também político. Residências, seminários, palestras e rodas de conversa são tão relevantes quanto a fruição estética que ele enseja. E se o conhecimento é seu maior legado, que seja enfatizada particularmente a feliz parceria entre a Secretaria de Cultura de Fortaleza e a Secretaria Municipal de Educação no que se refere à inserção e fortalecimento do ensino da arte contemporânea nas escolas públicas municipais. Através da publicação da Cartilha do Educador, conceitos e práticas artísticas chegarão às salas de aula, centrando foco na produção dos artistas locais. De valor inestimável, a formação que se propõe através do Salão de Abril já provou ser a melhor estratégia para garantir não só sua longevidade como também sua vitalidade. Que ele siga ensinando e aprendendo.

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MAÍRA ORTINS Coordenadora de Artes Visuais da SECULTFOR / Coordenadora Geral do Salão de Abril

Diálogo de gigantes: entre a obra e o espaço

“A obra de arte não é simplesmente um “objeto” colocado perante nossos olhos. É também o diálogo que começa quando encontramos a chave de algumas das tantas portas que ela contém”. Corpo-a-corpo/ Da coleção do Museu de Arte Moderna de São Paulo (obras comentadas). Andrés Hernández.

Não há nada definido, nenhum caminho certo, apenas o por vir como perspectiva futura. Tal perspectiva será nosso ponto de partida para tentar compreender o processo de elaboração de um projeto curatorial para um salão de arte, posto que é preciso ter em mente que anterior ao conceito pré-estabelecido ou tendência prévia da comissão, temos, neste caso, a qualidade do indefinido como a questão predominante e permanente em um processo deste gênero. Estabelecida esta questão, segue a subsequente, que é o diálogo intrínseco que traz cada obra ali apresentada. Neste caso, cabe ao curador ou a esta comissão, escutar,

ler e a partir deste ponto apontar conexões neste discurso. Todavia, sem incorrer em “unir os semelhantes” numa frequente generalização de conjunto. Afinal, não podemos perder de vista que, organizar este tipo de coletiva é, sobretudo, tentar encontrar uma voz ou um conjunto de vozes que represente não cada uma, mas sim, uma ideia maior, consequência de todas elas. Podemos dizer então que, enquanto processo de elaboração, uma curadoria de salão é “uma obra em aberto” posto que ela se constrói a partir do que está posto, é circunstancial e se define somente a


Diálogo de gigantes: a obra e o espaço “A casa é um corpo de imagens que dão ao homem razões ou ilusões de estabilidade.” A poética do espaço, Gaston Bachelard.

partir de uma prévia seletiva. Cabe ao curador tecer a rede que permeia tais discursos dissonantes, transformando estes em um diálogo. O que não significa uma concordância linear de tendências estéticas ou conceituais, eis a questão pouco compreendida no que se refere a curadorias pensadas para mostras coletivas provindas de uma seleção que implica inscrição aberta. O campo de recepção é livre, absolutamente democrático e por esta razão, recebe todo tipo de produção. Não abre precedente e por esta razão, a comissão é levada, guiada pelo que é posto e não pelo que busca. Neste sentido, podemos dizer que é desafiador tentar criar um projeto de curadoria para um formato como este. Todavia, na arte, isto pode ser transformado em um ponto positivo dentro deste processo. Por razões óbvias, proponho um recorte do projeto curatorial que já foi realizado na edição do 63º Salão de abril, tendo em vista o volume de obras apresentadas e a pluralidade temática destas, pois pretendo restringir o tema do texto, focando na questão da relação entre obra e espaço.

Neste sentido a obra “EXP T 04” de Rodrigo Sassi, exposta na edição do 63º Salão de Abril inicia o diálogo que busco que é a relação da obra com o espaço. São esculturas realizadas em concreto e madeira, provindas de restos da construção civil, cujo processo visual perpassa tais questões acima citadas. Um exercício de leitura do espaço urbano, do crescimento desordenado das cidades, pois são nestas esculturas que o artista lê a cidade e devaneia uma arquitetura de linhas em curvas, onde tudo se desenha, mesmo o infinito. Sassi busca o desconforto promovido pela instabilidade da rua, posto que segue o caminho oposto da “ilusão da casa” citada por Bachelard. Todavia, seu interesse pelo espaço urbano, pela rua, vai além. Traz discussões que implicam o conflito do que está dentro e fora, o aquém e o além repetem surdamente a dialética do interior e do exterior em suas esculturas. Pois é na coleta destes materiais que ele volta sua percepção diretamente para o externo e para o ambiente urbano, onde realiza uma pesquisa de campo observando à estética e os procedimentos técnicos utilizados nas construções arquitetônicas, transportando, posteriormente, todo esse universo para o espaço privado. São nuas as curvas de Rodrigo Sassi, trazem a marca dos mesmos materiais e procedimentos dos mestres de obras em construções civis, trazem a marca do que foram, pois não forjam a ideia de estetização da beleza, porque a beleza ali é o que nela existe de fragilidade e de temporalidade. É utilizando escombros, restos, materiais descartados destas construções que o artista

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propõe uma poética de linhas e curvas para uma arquitetura invisível. Invisível para nós, posto que, só o artista neste processo visita tais construções, somente ele é testemunha dos rastros que esta deixou. Delas, somente acessamos aquilo que o artista permitiu, transformou. Uma arquitetura de curvas, esculturas vazadas, depois enxertadas de concreto armado, para, desta forma, ocupar novamente o espaço da casa, da galeria, num contínuo desenho que provém da ordem do íntimo. Rodrigo Sassi traz a rua para a nossa casa. E com esse gesto levanta problemáticas que permeiam o nosso cotidiano. Incomodando, instigando todos a pesar sobre nossas posturas diárias, que alimentam a permanência de uma cidade, que só entende o que é pedra, cal e solidão.

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Eis que neste pequeno recorte cabem algumas considerações sobre a obra de outro artista, Paulo Almeida. Sua série “Olha quem veio” constitui-se de uma pintura feita também a partir da relação que o artista propõe com o espaço, sendo que aqui, esta relação se dá de forma mais incisiva. O artista habita a galeria, fotografa o ambiente e somente a partir do registro fotográfico deste é que inicia seu trabalho. Sua pintura reflete o ambiente tal como ele se encontra (a partir de uma referência fotográfica), se assemelha ao espelho convexo empregado usualmente em vigilância, objeto comum que permeia nosso cotidiano. Todavia, ainda não é esta a questão que pretendo abordar em sua obra. Paulo Almeida caminha no sentido da relação da obra com o espaço, mas de forma mais íntima, indiscreta, pois ele habita o reflexo das coisas, invade a privacidade do ambiente, se coloca como uma espécie de narrador onisciente, sem, contudo, cumprir plenamente esta função por ele criada de “espelho”. A pintura ainda é uma pintura, o espectador vê o espaço refletido, olha, mas não se vê. O fascínio pelo espelho ou pelo efeito do que espelha, ou simplesmente reflexo do mundo que o circunda é objeto recorrente neste recorte da construção poética do artista. Um narciso às avessas, um narciso cujo espelho não nos reflete. “O

espelho aprisiona em si um segundo mundo que lhe escapa, no qual ele se vê, sem poder se tocar e que está separado dele por uma falsa distância, que pode diminuir, mas não transpor.” (BACHELARD, p. 24).1 Todavia, na série “Olha quem veio” o segundo mundo não nos habita, estamos fora dele, apenas o espaço com seus objetos o possui. Pode em certos momentos, pessoas coabitarem este espaço, pelo artista criado, mas já não corresponderão ao que agora mesmo o observa, ocorrendo, portanto, um processo de apagamento do indivíduo que vê, naquele instante, a imagem refletida. É também a partir de uma referência fotográfica que Diego Castro constrói e apaga o espaço por ele construído em suas pinturas. Nas obras “CPI0110”, “DCPI0210”, “DCPI3010” o artista também propõe uma relação com o espaço, embora, completamente diversa da relação construída por Sassi e por Almeida. O espaço em Diego Castro habita o entre, posto que permanece entre as várias camadas aglutinadas que o artista manipula de forma a deixá-las transparentes. Espaços velados que abruptamente é interferido. O contraste do primeiro plano é bidimensional e se contrapõe as camadas transparentes que dão a ideia de profundidade. A pintura sobressalente corta a golpes precisos o espaço anterior. O apagamento das imagens contribui para que este universo particular esteja sempre oculto, mesmo que ainda, seja possível identificá-lo com um espaço, posto que, Diego Casto deixa à vista somente o que na pintura ele se arisca a revelear. Uma intimidade ainda “segura” mesmo, que em parte, violada. “O objeto se reduz a seu elemento mais simples: o volume à linha, a linha à série de pontos. A pintura se converte em cartografia simbólica e o objeto em ideia.” Marcel Duchamp ou o castelo da pureza, Octávio Paz. Dentro desta abordagem, ainda gostaria de ressaltar algumas questões finais neste texto, todavia,


sobre a obra de outra artista, Yara de Pina Mendonça. Na obra “sem título 06” a artista nos apresenta uma instalação composta por dois arranjos em que os objetos sofrem intervenções com carvão em pó e folhas brancas de papel. Associados ainda a um objeto que remete a uma moldura (ícone de enquadramento), além de garrafas de vidro que são cuidadosamente dispostas no espaço, um pé-de-cabra, balde de ferro, cabo de madeira e pedaços de espelho quebrado. A artista aqui converte o objeto em ideia, transforma os elementos deslocando-os de suas funções habituais. Causa estranhamento pela forma como manipula e ocupa o espaço. São dois planos, dois cenários que se convergem entre si, formando um único projeto de instalação. O primeiro é ocupado pelos objetos maiores e o segundo, pelos cortantes, o vidro (as garrafas) e o espelho. É o que a própria artista denomina de objetos cuja funcionalidade é de violação. O carvão é espalhado criteriosamente, de modo a formar um caminho que se bifurca na “moldura de ferro”, ou ainda é utilizado para compor outras formas riscadas sobre a parede, logo abaixo do cabo de madeira. Curiosa é a relação que a artista trava com o espaço e seus objetos. Ela investiga ideias, símbolos através da composição espacial, criando outra re-

alidade, ou, talvez, apenas abrindo portas de modo a que possamos ver outros conceitos do que vem a ser o “real”, uma vez que este conceito é relativo. O espelho em Yara não é o que reflete o espaço como na obra de Paulo Almeida. Pois são formas de representação absolutamente distintas em sua abordagem. Em Yara, o espelho fragmenta, dilui o espaço, jamais o reflete. Por certo, o espectador não toma os pedaços deste espelho como objeto de reflexo, o toma mais como o “novo” o “desconhecido”, mas que certamente possui funcionalidade dentro daquele espaço que ela organiza. Sobre “espaço violado” que observamos nas pinturas de Diego Castro, ou o “apagamento de indivíduos” nas pinturas que refletem o espaço na obra de Paulo Almeida, ou ainda baseado na dialética do interior e do exterior em Rodrigo Sassi, ou mesmo na construção de um espaço desconhecido na obra de Yara Pina de Mendonça, todos estes artistas, cada um, à sua maneira, travam um conversa profícua sobre a mesma questão: o diálogo persistente entre a obra e o espaço. Todavia, “a interpretação contém um grão de verdade, mas é incompleta e, ademais arriscada.” ( Paz,p.47)2. Por tal razão é que ressalto ser esta apenas uma interpretação dentre muitas outras que poderia ter elegido e aqui discorrido.

1. BACHELARD, Gaston. A água e os sonhos. São Paulo: Martins Fontes, 2002. p. 24. 2. PAZ, Octavio. Marcel Duchamp, ou, O castelo da pureza. São Paulo:Perspectiva,2004. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS HERNANDÉZ, Martín I. Andrés. Corpo-a-corpo/ Da coleção do Museu de Arte Moderna de São Paulo (obras comentadas). São Paulo: copypress, 2007. BACHELARD, Gaston. A água e os sonhos. São Paulo: Martins Fontes, 2002. PAZ, Octavio. Marcel Duchamp, ou, O castelo da pureza. São Paulo:Perspectiva,2004.

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MARÍLIA PAES DE ANDRADE FRANÇA MESTRANDA NO PROGRAMA DE PÓSGRADUAÇÃO EM ARTES VISUAIS (PPGAVUFPB/UFPE). GRADUADA EM LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS (UFPE).

Arte e política: algumas considerações

A função politizadora da Arte sempre gerou discussões. A meu ver, Arte e Política são indissociáveis, independente do tempo.

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Em alguns momentos da história tal relação foi discutida de maneira mais tímida e opaca. Contudo, penso que este tema numa reverberou de maneira tão acentuada como nas últimas décadas. A ideia de Arte política remetida unicamente à arte panfletária, partidária e/ou ferramenta publicitária – neste último caso, pelos símbolos e técnica utilizada, temos como exemplo o pop art, (1950) – cai por banca e nasce um discurso regado por um conceito de Arte como geradora de dissensos, de fissuras e recortes sociais. Também como exemplo, expondo o conceito de Walter Benjamin acerca da experiência surrealista como experiência política, Martha D´Angelo (2006, p. 90) afirma que a construção de uma nova linguagem e a superação da forma desgastada do romance pelos surrealistas estão diretamente ligadas à necessidade de romper com o tempo

infernal da modernidade, de mudar a vida. Baseado nas descobertas de Freud sobre o inconsciente, Breton constrói uma crítica radical ao racionalismo dominante na cultura ocidental. Por sua vez Duchamp, na década de 1920 já rompe com noções tradicionais e define novas formas de intervenção no circuito da arte, como a invenção do ready-made. À respeito disso, Martha D´Angelo (2006, p. 92) afirma ainda que o gesto de acolher um objeto como obra de arte é essencialmente contraditório, pois afirma e nega – ao mesmo tempo – a noção de obra de arte e o poder da instituição arte. Ainda tomando por base conceitos do Walter Benjamin à respeito da noção política do surrealismo, D´Angelo (2006, p. 95) afirma: “O problema é que a identidade entre arte e a política, ao contrário da identidade entre a arte e a filosofia, se constrói muito mais no plano da ação do que no plano da


reflexão”. O cunho partidário também esteve fortemente presente no movimento surrealista, analisando sua dialética, D´Angelo (2006, p. 99) expõe que Benjamin confrontou o estilo de pensamento deste movimento com o estilo de pensamento difundido na intelectualidade de esquerda, supostamente progressista, como afirma o próprio Walter Benjamin (1994, p.28 APUD D´ANGELO, 2006, p. 99): Nessa transformação de uma atitude extremamente contemplativa em uma oposição revolucionária, a hostilidade da burguesia contra toda manifestação de liberdade espiritual desempenha um papel decisivo. Foi essa hostilidade que empurrou para a esquerda o surrealismo. Para D´Angelo, o que existe de revolucionário nesta experiência é a tentativa de politizar o cotidiano, mostrando as inúmeras possibilidades contidas em cada momento vivido. Ainda, a aversão à arte panfletária, a tensão anarquismo/comunismo, a conexão arte-linguagem-política e as exigências de caráter ético, que constituem o peso maior desta carga, revelam afinidades profundas entre os surrealistas e Benjamin. Contudo, o embasamento partidário encontrado na política do surrealismo, citado anteriormente, não exclui de sua proposta, outro viés conceitual onde a política também é vista pela capacidade de fazer recortes no âmbito social de diferentes maneiras, tal como o movimento propunha. A experiência surrealista foi citada apenas para exemplificar os questionamentos envoltos no conceito de Arte e política presentes na criação de movimentos vanguardistas e nas relações da Arte

com o artista, o espectador, a sociedade e o contexto histórico na qual pertence. Também para expor que a relação de Arte política como ferramenta publicitária, panfletária ou partidária pode existir mas não somente, pois na sociedade moderna e contemporânea, uma das ideias que mais sucinta discussões a cerca do termo é a seguinte exposta pelo filósofo Jacques Rancière (2010, p. 89), onde a função problematizadora da Arte deve gerar brechas, firmando o seu poder de desconserto: O que entendo por dissentimento não é o conflito das ideias ou dos sentimentos. É o conflito de vários regimes de sensorialidade. É por esta via que a arte, dentro do regime da separação estética, toca a política. Porque o dissentimento está no âmago da política. A política, na verdade, não é antes de mais o exercício do poder ou a luta pelo poder. [...] Se a experiência estética se cruza com a política, é porque ela se define também como experiência de dissentimento oposta à adaptação mimética ou ética as produções artísticas com fins sociais. [...] Aquilo a que se chama política da arte é pois o entrelaçamento de lógicas heterogêneas. Para Rancière, o consenso é a morte da política. A meu ver, a mesma é capilar, assim como a noção de poder em Foucault exposta por Erinaldo Alves (2009, p. 105) onde ele expressa que o sujeito está subjugado, simultaneamente, sob certo domínio especializado de conhecimento e sob certo regime e ordem. Sua existência ocorre quando relações de poder entram em jogo. Não é algo que se possui ou se reivindica, é algo que se exerce. Processa-se por meio de uma governabilidade

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entre os sujeitos, nas suas diferentes localizações e ocupações na sociedade. As relações de poder convivem constantemente com a possibilidade da resistência. O poder deve ser analisado como algo que circula, ou melhor, como algo que só funciona em cadeia, em rede. A política se dá em tudo que fazemos, falamos, pensamos. Exercemos atos políticos diariamente, a todo o momento, ainda que não observemos isso. E para a arte, uma das suas funções mais importantes é que alcancemos uma maneira de aprender e reinventar a realidade de modo crítico. Entretanto, suscitar este esquema no espectador não pode nem deve ficar apenas no âmbito da questão pedagógica da arte eficaz. Pensar que a ausência do efeito de modificação da arte se dá pela incapacidade do artista de expor questões de inteligibilidade mínimas ou porque o espectador é analfabeto visual começa a decair a partir da função da estética. 16

Sobre a experiência de recepção e interpretação Gadamer (Apud STRECK, 2004, P.80) expõe que uma experiência hermenêutica não é algo que podemos planejar e controlar em um laboratório, mas que nos sucede, nos derruba e obriga a pensar de um outro modo. Reforçando este conceito, convidado para proferir a aula inaugural do mestrado de Artes Visuais da Universidade Federal de Pernambuco, Moacir do Anjos em 20 de Março de 2012 cita uma pergunta feita a Rancière: Quem garante que o efeito de transformação que a arte propõe para o público, acontecerá? Onde o mesmo responde: “Não há cálculo possível que se possa ser feito para isso, estamos em um campo indeterminado”. Para Gadamer (Apud STRECK, 2004, p. 73) é fundamental “esclarecer as condições sob as quais surge a compreensão”. Jorge Aquino (2009, p. 284) expõe através de uma passagem do Palmer (1996, p.216) que As chaves para a compreensão não são a manipulação e o controle, mas sim a parti-

cipação e a abertura, não é o conhecimento, mas sim a experiência, não é a metodologia, mas sim a dialética. Para Gadamer, o objetivo da hermenêutica não é avançar com regras para uma compreensão “objetivamente válida”, mas sim conceber a própria compreensão de um modo tão lado quanto possível. Sobre as questões que envolvem a recepção do espectador, Jorge Aquino (2009, p.285) diz ainda que é um mito, ou uma ilusão, das ciências históricas, acreditar que é possível se aproximar de um texto absolutamente livre de qualquer pré-compreensão, ou seja, de forma completamente neutra e objetiva. Essa aproximação asséptica é impossível. Ora, se todo compreender é histórico e influenciado por uma tradição, então “os pré-juízos ou as pré-compreensões são menos subjetivas e apegadas à pessoa do que pode parecer”. Mas, vale lembrar, pré-juízo não é o mesmo que juízo falso ou algo intrinsecamente negativo. Para Gadamer, ninguém está isento de preconceitos. Jorge Aquino (2009, p. 291) cita ainda Saramago: O sentido de um texto é sempre tecido por cada leitor, não sendo jamais buscado um sentido original ou definitivo. Ao contrário, ele é fruto de uma compreensão historicamente determinada, situada e condicionada pelas inúmeras circunstâncias que a envolvem: cada compreender difere do compreender do outro, assim como cada interpretação, cada percepção, cada registro de sentido. E tudo isso se dá no âmbito de uma conversação incessante, da mediação linguística que tudo perpassa e reúne. Tal citação afirma a ausência de um mecanismo que comprove a maneira como o espectador é tocado por uma obra de arte. Também em palestra proferida por Moacir do Anjos em 11 de maio de 2012 no Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Pernambu-


co, ele cita um conceito deleuziano sobre “Pequenas Percepções”, onde as mesmas não são simplesmente as partes da percepção totalizante, são pequenas partes, requisitos, requisições para o espectador compreender o todo. Contudo ainda que o conjunto permaneça confuso, isso não pode ser tido como defeito da exposição. A experiência de compreensão e relação com as obras não pode ser rígida, as narrativas não são rígidas. Precisam servir para emancipação do espectador. E para Rancière (2010, p.18) o espectador precisa estar no centro das discussões sobre as relações entre arte e política: Deste ignorante que soletra os signos até ao cientista que constrói hipóteses é sempre a mesma inteligência que se encontra em ação, uma inteligência que traduz signos por outros signos e que procede por comparações e figuras para comunicar as suas aventuras intelectuais e compreender aquilo que uma outra inteligência trata

de lhe comunicar. Este trabalho poético de tradução está no cerne de toda a aprendizagem. Encontra-se no âmago da prática emancipadora do mestre ignorante. O que este ignora é a distância embrutecedora, a distância transformada em abismo radical que só um perito é capaz de <<colmatar>>. A distância não é um mal a abolir, é antes a condição normal de toda a comunicação. Dentre outros, é por suscitar questionamentos como os relatados no decorrer do texto que a Arte se torna imprescindível para todo e qualquer indivíduo contemporâneo. Ela faz recortes históricos, constrói, desconstrói e reconstrói ideias e posicionamentos, em sua ausência de certo e errado, surge uma liberdade aguçadora de sentidos, formando e transformando indivíduos em seres anacrônicos e capazes de abrir fissuras onde muitos não querem que sejam abertas. E é por esses efeitos e relações que ela tem intrínseca a potência e o poder da política.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AQUINO, Jorge. Hermenêutica Jurídica. Natal, RN: KMP Gráfica, 2009. ; NASCIMENTO, Erinaldo; CAPISTRANO, Pablo. Ensaios Pós-metafísicos: poesia, ética e pesquisa. Natal, RN: KMP Gráfica, 2009. D´ANGELO, Marta. Arte, Política e Educação em Walter Benjamin. São Paulo, SP: Edições Loyola, 2006. RANCIÈRE, Jacques. O Espectador Emancipado. Lisboa, Portugal: Orfeu Negro, 2010. STRECK, Lenio Luis. Jurisdição Constitucional e hermenêutica: uma nova crítica do direito. Rio de Janeiro, RJ: Forense, 2004.

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NÚBIA AGUSTINHA CARVALHO SANTOS CURADORA DA MOSTRA EM HOMENAGEM À HELOYSA JUAÇABA

Formas desenhada com cordõe

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A arte da Heloysa Juaçaba está impressa por diferentes fases, em particular na fase branca, legitimada por uma pluralidade de vozes da arte, que reconhecem a inventividade costurada com linhas artesanais sobre eucatex, como o auge de seu percurso artístico.

A geometria das formas desenhada com cordões de rede foi um dos caminhos encontrado por Heloysa para escrever o seu nome na história da arte cearense, e consequentemente do Brasil. Embora, já tenha exposto em 1969, na Sala Goeldi (RJ), com o aval do historiador e crítico de arte Clarival Valadares, noticiado em diversos jornais do país, além de sua participação na XII Bienal de São Paulo, 1973. Entretanto, a sua fase marcante, certamente são os relevos brancos, iniciada na década de 1980, atravessando as décadas subsequentes.

Para chegar a essa fase foi necessário antes, dialogar com as cores, caminhar pelas ruas, pelas feiras e pelos mercados fortalezenses. Portanto, enfrentar o árduo campo da pesquisa, no intuito de conhecer novos materiais, experimentá-los, enfim, nutrir-se no seu fazer artístico. Foi o que fez Juaçaba, nos anos 80. Hoje, senhora de si, pode retornar a multiplicidade das cores ou permanecer na estética do branco. Sua maioridade artística lhe permite. Ela é Heloysa Juaçaba, conhecida como a “madrinha das artes”, no Ceará.


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Corpo planície, retrato paisagem

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A exposição “Gente en el medio”, da fotógrafa espanhola Maribel Longueira, que integra o 63º Salão de Abril, contando com a parceria do Espaço Cultural dos Correios – Fortaleza, transcorre pelo território das relações que o homem tece com o meio. Um projeto de pesquisa sobre o habitar em si e a consciência de que também estamos e somos o que está fora de nós. Maribel Longueira traz retratos de pessoas comuns, não busca características específicas, não faz uma seleção de tipos, cor, idade, sexo. A artista busca o indivíduo anônimo, o corpo como objeto, volume, forma que interfere e é interferido pelo ambiente ao seu redor. Em seus retratos, a paisagem se confunde com o corpo. Do retrato, somente os olhos permanecem, inabaláveis. São o registro dos resíduos de cada geração, de cada resto, objetos, memórias deixadas pelo homem. É o convidar a refletir sobre o ser humano - sem distinção de sexo, raça ou religião - e sobre um mundo onde o aquecimento global, os incêndios, os desperdícios estão condicionando e transformando a nossa vida cotidiana. Desta forma, a artista apresenta retratos de homens, mulheres e crianças, de várias partes do continente, integrando-os em uma mesma cidade, em uma mesma matéria e a partir de muitos objetos. O corpo tornase um em muitos. Camadas sedimentadas de corpo e resíduos. Ela sobrepõe imagens e, como as “crebas” (elementos do fundo do mar trazidos pelas marés, espécie de lixo calcificado, transformado, desgastado), resignifica o que já se perdeu. Desta forma, as imagens atuam como metáforas visuais, nas quais a relação do homem com o meio tem direta implicação nas suas ações, trazendo consequências reais à sua permanência e vida. Crebas que a maré traz, lixo que o homem deixa.

Maíra Ortins curadora


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André Hauck / MG

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LIMÍTROFE 033 FOTOGRAFIA - 99 x 119 cm - 2010

LIMÍTROFE 034 FOTOGRAFIA - 99 x119 cm - 2010

LIMÍTROFE 032 FOTOGRAFIA - 99 x119 cm - 2010

Nas últimas décadas temos presenciado uma mudança substancial nas configurações do território. Cidades médias se tornando cidades grandes. Cidades grandes se tornando megalópoles. O crescimento econômico vem aliado a expansão imobiliária, a busca incessante por matéria prima, a abertura de estradas, a ocupação desordenada, que provocam territorializações e desterritorializações. Nesse processo o embate entre natureza e cultura vai se alargando, se amplificando e se aprofundado. Os efeitos colaterais gerados desses entraves, geram situações de desconforto, fissuras, fricções. O território mostra diferenças de densidades quanto as coisas, aos objetos, aos homens, ao movimento das coisas, dos homens, das informações, do dinheiro e também quanto as ações. André Hauck, mira sua câmera para a visualidade que surge dessa nova ordem do território. As obras propostas fazem parte da série Limítofe, foram realizadas em áreas suburbanas de Belo Horizonte e apresentam o registro fotográfico de três estruturas arquitetônicas típicas de construções provenientes de ocupações ilegais. Concebidas de forma rigorosa e objetiva estas imagens além de apresentarem uma reflexão sobre características do crescimento urbano, realçam os aspectos escultóricos das edificações.


Alessandra Duarte / SP

PROJEÇÃO PARA BURACOS PINTURA - ÓLEO SOBRE TELA - 200 X 150 CM - 2011

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TREPA-CEGA PINTURA- ÓLEO SOBRE TELA - 200 X 150 CM - 2011

DESMORADA PINTURA- ÓLEO SOBRE TELA - 200X 150 CM - 2011


Aslan Cabral / PE

PLASMA 2011 12 PERFORMANCE - 2011

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“TODO LUGAR ONDE EU VOU TEM UMA TV PLASMA” O poder do capital e da fabricação de tecnologias dita os rumos da cultura humana e os modos de pensar dos indivíduos são continuamente remodelados pela interação entre tais inovações e o cérebro humano. PLASMA é uma ação artística que aborta esses aspectos e também dualidades como desejo e submissão, causas e consequências. Aslan chega, senta-se fazendo referência a Narciso. Liga o aparelho, que está no chão, e leva o nome do componente líquido do nosso sangue, e começa a lamber, de maneira mecânica, toda a superfície o aparelho. Enquanto isso, o monitor exibe imagens de embarcações cruzando maremotos ,tsunamis, explosões marinhas.


Celso Oliveira / CE SEM TÍTULO FOTOGRAFIA - 50 X 60 CM - 2010

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Cyntia Werner / SC SEM TÍTULO ESCULTURA – MASSA DE MODELAR 22 X 22 X 22 CM - 2011

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O trabalho S/ Título (bola) é uma escultura maciça em massa de modelar com o formato de uma bola de futebol. Colocada no chão do espaço expositivo, este trabalho se “arrisca” a intervenção do público, podendo assim sofrer alterações no seu formato durante o processo expositivo, uma vez que o material é maleável e se coloca ao alcance do espectador.


Daré / SP

Exterminadores da Violência pertence a uma série recente denominada “Noturnos”. Restringindo-me a tons cinzas e propondo atualizar o uso da alegoria na pintura, componho narrativas (através de emblemas pessoais ou da iconografia tradicional) que falem de experiências particulares e coletivas e que sejam capazes de sugerir conteúdos ambíguos, carregados de angústias tanto quanto de esperanças. específicas.

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EXTERMINADORES DA VIOLÊNCIA PINTURA - ÓLEO SOBRE TELA 120 X 240 CM - 2011


Dalila Martins / SP ESTRATO VÍDEO -2012

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Encontrei essas fotos da milha família, tiradas no início dos anos 1980 - antes de meu nascimento -, no dia em que 33 mineradores chilenos foram retirados do compartimento subterrâneo onde ficaram presos por mais de 2 meses. Intrigada com os equipamentos especiais de resgate, pensei como seria expor-se à luz depois de tanto tempo de escuridão. Ora, um processo semelhante ocorria com a atualização de tais lembranças. Procurei, então, pela minha memória mais antiga e fui levada à vista do apartamento de meus avós maternos, localizado no centro de São Paulo, exatamente no quarteirão do Edifício Itália, do Copan e do ‘prédio rosa da Av. São Luís’. Desci até a terceira garagem, onde uma grande área aberta repousa no coração da quadra e possibilita a observação de todas as faces internas. A multiplicidade de janelas divididas por paredes finas e vidros tênues, contendo tantas histórias distintas, acentuou a indefinição dos limites entre vida pessoal e vida coletiva. Como lembrar em uma grande cidade? Experiências individuais que tendem à dissipação no meio de uma torrente de acontecimentos diários são na verdade ressignificadas por esse próprio fluxo. A rememoração é um processo de modulação. E a memória é como um sítio mineral, “uma área de des-diferenciação, onde ocorre uma interação entre o espalhado e o contido, uma tensão, um equilíbrio entre a contenção e o aspecto disperso, uma sobreposição.” (trecho do livro Paisagens críticas Robert Smithson: arte, ciência e indústria, Nelson Brissac).


Dalton Oliveira de Paula / GO

Fotografia produzida em meio urbano, na qual um personagem utiliza um cubo (de resina e pó de mármore) e propõe uma diálogo desta posição corporal e os elementos pictóricos presentes em muros da cidade.

CORPO EM QUADRADO B FOTOGRAFIA - 30 X 180 CM - 2012

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CORPO EM QUADRADO P

CORPO EM QUADRADO C

FOTOGRAFIA - 30 X 180 CM - 2012

FOTOGRAFIA - 30 X 180 CM - 2012


Danielle Travassos / PB

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Pintura utilizando veladuras. Intercalando entre as cores azul e magenta na mistura das tintas acrílica e guache.

ENRAIZADA

ACESSO 165

A GRADE

PINTURA – TÉCNICA MISTA 130 CM X 50 CM - 2011

PINTURA – TÉCNICA MISTA 130 CM X 50 CM - 2011

PINTURA – TÉCNICA MISTA 130 CM X 50 CM - 2011


Diego Castro Pedroso / SP

Essa serie consiste em abordar o processo da pintura pela repetição de linha sobre formas herméticas, que são estabelecidas por uma referencia fotográfica que recebe um apagamento pelas camadas de branco intensificando a espacialidade da pintura

DCPI0110 PINTURA- ACRÍLICA - 40 X 50 CM - 2010

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DCPI0210 PINTURA- ACRÍLICA - 40 X 60 CM - 2010

DCPI3010 PINTURA- ACRÍLICA - 50 X 60 CM - 2010


Felipe Bertarelli / SP

Série que registra a ação do tempo utilizando como objeto carros abandonados nas ruas de São Paulo.

OS CARROS FOTOGRAFIA - 80 X 80 CM - 2011

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Henrique de França / SP

A obra busca tratar da relação entre figura e espaço, dentro de uma conjugação de imagens que evidenciam vazio, abandono, deslocamento social e memória afetiva. A figura humana em contraste com a frieza das linhas arquitetônicas de construções abandonadas alcançam, no âmbito do desenho, uma identidade ilusória, evidenciada pelo título, nos confrontando com uma cidade fantasma ou simplesmente indiferente a nós.

O MESMO SONHO #8 DESENHO –LÁPIS SOBRE PAPEL 65X100 CM - 2012

O MESMO SONHO #7 DESENHO –LÁPIS SOBRE PAPEL 65X100 CM - 2012

O MESMO SONHO #6 DESENHO –LÁPIS SOBRE PAPEL 65X100 CM - 2012

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Ivan Grilo / SP

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QUASE/HORIZONTE FOTOGRAFIA- DOZE MIL FOLHAS DE PAPEL A4 - 40 X 190 CM - 2012

Descritivamente, o projeto consiste em uma instalação de parede, contendo cinco blocos de folhas de papel com aproximadamente doze mil folhas numeradas depositadas sobre uma prateleira de madeira. Os blocos de papel trazem, cada um em sua lateral, impressões fotográficas rudimentares de imagens arquitetônicas de acervo histórico. As doze mil folhas de papel não estão fixadas entre si e, dessa forma, permanecem na eminência de uma desconstrução, a qual é reforçada pela mensagem adesivada à parede “Por favor, leve uma folha”. E de fato o passante poderá retirar uma folha da publicação e levar consigo, desconstruindo as imagens, disseminando a publicação, e ‘conquistando’ parte do trabalho. Cada folha tem impresso em sua superfície a inscrição “Quase/Horizonte” e uma numeração sequencial. (ex. “Quase/ Horizonte 2497”) Em Quase/Horizonte o interesse histórico nas imagens apresentadas é coadjuvante, o que está em foco é a pesquisa em torno dos binômios solidez/fragilidade, corpo/casa e reminiscência/apagamento, além obviamente de trazer consigo o questionamento acerca do colecionismo em arte. Entretanto, seria de grande importância para o projeto que fossem utilizadas fotografias de prédios locais, construindo esse quase/horizonte cearense a ser desconstruído.


Júlio Lira / CE

Tríptico com imagens de jazigos de crianças do Cemitério de La Paz onde as práticas indígenas de colocar confortos para os mortos são adaptadas para atender as demandas dos novos consumidores da industria cultural.

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SONHOS (DA SÉRIE ESCUTA NÔMADE) FOTOGRAFIA - 50 X 250 CM - 2011


Karol Luan Oliveira / CE FIC-URB FOTOGRAFIA - 60X 130 CM - 2012

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Tríptico relizado a partir de experimentos com proposta de trabalhar o conceito de tensão, no trabalho também se articulam os conceitos de ficcionalização “Isto foi encenado” da poética fotográfica no espaço urbano. As três fotografias estarão emolduradas e dispostas uma ao lado da outra com uma distância de 5 cm, sendo que cada uma delas possui o tamanho de 60 x 40 cm, totalizando um tamanho total de 60 x 130 cm.


Lucas Costa / SP

Com base nas referências imagéticas, a intervenção no Centro de Referência do Professor, que embora seja um edifício possui entradas de galerias que dão passagem de uma extremidade a outra do edifício, tornando-o também um lugar de passagem constante é que resolvi intervir com a grama e assentos de modo a criar um ambiente de repouso e contemplação em um lugar onde normalmente as pessoas não se deixam ficar por mais tempo.

LUGAR INTERVENÇÃO – TERRA E GRAMA - 2012

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Lucíola Feijó / CE

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A CASA DO ÍNTIMO ESCULTURA- ISOPOR E DESENHO 26 X 72 CM - 2011

O QUE É DO FORA ESCULTURA- ISOPOR E DESENHO 29 X 74 CM - 2011

A técnica utilizada é o desenho que parece surgir do próprio material poroso, acidentado e geométrico da embalagem de isopor. Peça realizada em meio a questionamentos acerca das arestas interiores, a partir de pensamentos que surgiram ao ler a “Poética do Espaço” Gaston Bachelard.


Marcus Vinícius Pereira / SP

Com base nas referências imagéticas, a intervenção no Centro de Referência do Professor, que embora seja um edifício possui entradas de galerias que dão passagem de uma extremidade a outra do edifício, tornando-o também um lugar de passagem constante é que resolvi intervir com a grama e assentos de modo a criar um ambiente de repouso e contemplação em um lugar onde normalmente as pessoas não se deixam ficar por mais tempo.

TRIANGULO I PINTURA – ACRÍLIA, MDF E VIDROS 100 X 201 CM - 2011

TRIANGULO II PINTURA – ACRÍLIA, MDF E VIDROS 70 X 140 CM - 2011

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Marilia Furman / SP CENÁRIO INSTALAÇÃO – VIDRO - 120 X 200 CM - 2012

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A instalação seria composta por seis cacos de vidro presos por sargentos e dispostos no chão de maneira a compor uma espécie de pequeno cenário. Os elementos deste cenário estariam, ainda, iluminandos por um refletor de 500w a frente deles, que se encontraria também no chão.


Nilson Sato / SP

‘Evidência’, ‘Sem titulo com evidência_1’ e ‘Sem titulo com evidência_2’, que são originários de uma pesquisa iniciada em 2009. A minha narrativa pictórica lida com a questão da figura humana e de sua presença. Busco solucionar a tensão dos elementos na minha obra, refletindo sobre a mediação entre a realidade e sua representação da imagem apropriada através da fotografia. As obras articulam sobre o suspense, um clima de mistério ocorre dentro de uma narrativa suspensa no tempo e no espaço. No cenário escuro, tem-se a impressão de que uma ação se realizou com as figuras que se revelam enigmáticas, ou está prestes a acontecer, no entanto sem ser revelado. A obra Evidência, como parte central, conecta as outras 2 obras estabelecendo a dúvida, o mistério e a estranheza, inseridas nestas pinturas.

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‘SEM TITULO COM EVIDÊNCIA_1’ PINTURA – ÓLEO SOBRE TELA - 80 X 50 CM - 2012

EVIDÊNCIA PINTURA – ÓLEO SOBRE TELA - 80 X 50 CM - 2012


Paul Cezanne / GO

Paisagens Oníricas é um trabalho tríptico, medindo 55 x 75 cm cada desenho. Os trabalhos são interlocuções entre antigos hábitos das cidades brasileiras e a vida contemporânea dessas cidades. Aliando texto e fragmentos de imagens, rumo a uma proposição polítia/cultural, os trabalhos denunciam que histórias de violência e exploração se repetem em nossa história.

PAISAGENS ONÍRICAS DESENHO – NANKIN E PIGMENTOS 55 X 55 CM - 2011

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Paulo Almeida / SP

3 pinturas circulares de 50cm que simulam espelhos convexos de segurança instaladas em diferentes pontos da Galeria Antônio Bandeira, refletindo o espaço e as outras obras presentes. Este projeto se apropria de um objeto muito presente no cotidiano das cidades como meio de vigilancia, segurança e circulação de pessoas, transpondo tais questões para o circuito das artes.

OLHE QUEM VEIO PINTURA – INSTALAÇÃO - SITE SPECIFIC - 2012

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Raul Leal / RJ

SEM TÍTULO PINTURA - 2012

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Esta série de trabalhos foi realizada como desenvolvimento de uma seqüência de pinturas baseadas numa pesquisa fotográfica sobre os espaços de interação urbanos. O foco inicial incide sobre os espaços externos. A partir de fotografias do cotidiano da cidade, manipuladas digitalmente é realizado um processo de subtração de elementos onde é enfatizado o caráter diluído das relações que se formam nos ambientes públicos da cidade. Para essas pinturas selecionei imagens de espaços de convivência internos, mais especificamente imagens do dia a dia de um Shopping Center. Esse espaço labiríntico e muitas vezes monumental, espécie de catedral do mundo contemporâneo onde todos vão à procura de algum tipo de realização promove um aplainamento do fluxo do tempo e um estado de suspensão do ritmo circadiano, resultando numa perda da noção do passar do dia. Os ambientes claros, com uma iluminação difusa e uniforme buscam propiciar uma experiência temporal mais lenta que o cotidiano frenético dos espaços externos da cidade ao mesmo tempo em que há um nivelamento das experiências visuais através daqueles corredores em tons neutros e impessoais. As diferenças culturais ali também são neutralizadas em função de uma estética padronizada mundialmente. A impessoalidade e a inocuidade desse espaço que pretende ser acolhedor se mostrou interessante para o desenvolvimento do projeto.


Robezio Marqs / CE

Shhh!!! - figura de linguagem que representa “som”, pedido de Silêncio - A proposta “Shhh!!! e outros sons legiveis...” se refere ao o uso de Onomatopeias (figuras de linguagem) inspiradas nos quadrinhos, transferidas para o “quadro” urbano, muros, colunas, chão, por meio de pintura, stickers e lambes. - Pretende-se intervir em espaços do Centro da Cidade de Fortaleza com pinturas, colagem e intervenções nos muros compondo a paisagem urbana com termos onomatopeicos, associados com o ambiente em situações propicias ao a interpretações inusitadas aos passantes assim como aos eventuais registros que viram a ser feitos do locais ; por exemplo o uso do termo “Argh” pintado em lugares relacionados a sujeira e com lixo. ou termo “Pow” ou “Crash” colado em ambientes recorrentes a poluição sonora. - Em anexo seguem imagens ilustrativas das possibilidades de uso e intervenção dos termos e texturas com o meio urbano. - algumas Onomatopeias ·Oops! – espanto; medo; surpresa Tic-tac! – relógio ·Zzz! – sono ou alguém dormindo ·Blin Blong! - campainha ·Arghn! / Urgh! – som de nojo ou repulsa. ·crash! - batida.

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SHNNNNN!!! E OUTROS SON INTERVENÇÃO – TÉCNICA MISTA 2012


Rodrigo Sassi / SP

Inspirado em fôrmas de madeira utilizadas para concretagem na construção civil, a escultura/instalação feita de madeira e concreto é resultado da conexão de diferentes módulos de fôrmas, que unidas umas às outras, criam curvas livres e se expandem na arquitetura, indo contra qualquer inflexibilidade que o material possa sugerir. Esta torção do concreto cresce para fora da parede suporte e demonstra uma vontade de quebra de padrões rígidos, criando dentro de espaços fechados uma continuidade não natural, desconstruindo uma realidade local através da construção de uma nova perspectiva, com formas orgânicas e estética urbana.

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EXP T 04 ESCULTURA – MADEIRA, METAL E CONCRETO - 200 X 65 X160 CM - 2012


Sofia Gerheim Caesar / RJ

3’33’’ Um salto dado em uma área de um apartamento para alugar é isolado através da edição. Seguindo um desenho como partitura para editar, a ação é, a cada repetição, restringida e substituída pela superfície negra que reflete o espectador. Quadro a quadro, esta interrupção chega cada vez mais cedo e dura cada vez mais tempo até que toma o lugar do vídeo.

SERES VÍDEO - 2011

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Vanessa Gonçalves de Almeida Rosa / RJ

CAMINHO INTERVENÇÃO URBANA - 2011

A partir de uma fotografia de uma amiga, Angela Rolim, tirada no Morro da Conceição no Rio de Janeiro, fiz uma variação da imagem, distorcendo-a de modo a dar um efeito de profundidade mais intenso. Dividi a imagem em 4 pedaços e imprimi numa gráfica no tamanho de 90cm de altura por 60cm largura. Com cola Cascorez e água colei as imagens na rua, no fim de uma escadaria real. Depois continuei a imagem, pintando os arredores com preto, enfatizando a ilusão da foto. Por fim pintei uma personagem entrando na cena, uma menina como as baianas que costumavam habitar o local que escolhi para essa intervenção originalmente. Logo, a intevenção possui dimensões variáveis, podendo ser adaptada ao local que será aplicada, pois a parte de pintura deve ser feita de acordo com a especificidade do lugar - podendo até variar a personagem que será pintada, de acordo com a história da região onde for colocada. Caso não quiserem que o muro seja pintado, pode-se proteger o mesmo com mais papíes brancos.


Yara de Pina Mendonça / GO

Sem título (6) é uma instalação composta por dois arranjos em que os objetos sofrem intervenções com carvão em pó e folhas brancas de papel. Neste ambiente, um objeto que remete aos enquadramentos da história da arte, no caso a moldura, divide o espaço com os objetos do cenário doméstico e outros que possuem funcionalidades de violação. O primeiro arranjo é formado pelos objetos moldura, pé de cabra (alavanca), balde de ferro e cabo de madeira, e o segundo por pedaços de espelho quebrados e uma garrafa de vidro que assume aparência de uma bomba de “Coquetel Molotov”. Durante a montagem da instalação executo diversos atos performativos para intervir no ambiente e envolver os objetos do primeiro arranjo com o negrume da “poeira do carvão”. No segundo arranjo, os pedaços de espelho e a garrafa de vidro sofrem intervenções com papel para criar dialéticas relacionadas às funcionalidades desses objetos ao terem suas configurações modificadas, uma vez que assumem a aparências de objetos de violação.

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SEM TÍTULO (6) INSTALAÇÃO - 2011


Thales Leite dos Santos Pereira / RJ

VÉUS #61 / VÉUS FOTOGRAFIA - 90 X 60 CM - 2011 60 X 60 CM - 2010 60 X 45 CM - 2010

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Trabalho ainda em andamento faz parte de uma pesquisa de estruturas poéticas nas áreas metropolitanas. Neste projeto, Thales olha para as linhas, as tramas e a forma das redes de proteção nos edifícios em restauração. Como véus, elas revelam e escondem, criando um mistério e, às vezes, uma aura sinistra para a arquitetura dos edifícios. O artista pretende ampliar a discussão apresentada em suas fotos de “transformação da materialidade arquitetônica em um jogo de abstrações poéticas, estendendo ao observador a transformação do olhar nos centros urbanos, ratificando a fotografia como suporte de manifestação dentro do universo das artes visuais, contribuindo para sinergia de conceitos.


ANA BASTOS E THAÍS PAZ COORDENADORAS DA AÇÃO EDUCATIVA DO 63º SALÃO DE ABRIL

63° Salão de Abril

A Galeria Antônio Bandeira, sob direção de Mariana Ratts, desenvolveu um efetivo Núcleo Educativo, sendo composto por profissionais qualificados; bem como a realização de oficinas e a parceria entre os grupos artísticos e as instituições culturais do entorno do CRP. 51

No 63º Salão de Abril, a ação educativa dá continuidade a esse trabalho, que se fortalece e evidencia, e entra em sintonia com questões caras à arte contemporânea, realizando inovações na trajetória de abordagem do público em meio às obras no Salão. Nossa proposta é desenvolver atividades que complementem e qualifiquem a visita à exposição, dentro de um processo de fruição contínuo, em que o prazer artístico e a reflexão crítica dialogam. Dessa forma, primamos pela ação educativa que contempla um processo amplo de atividades anteriores e posteriores à visita. Realizamos uma oficina para professores da rede pública municipal, no intuito de instruí-los acerca do histórico do Salão de Abril e de alguns conceitos-chave relativos à arte contemporânea e à educação não-formal. Assim, apostamos na figura do professor como um multiplicador desses conhecimentos em sala de aula. Visamos também à formação dos alunos, indo até as escolas e apresentando-lhes previa-

mente alguns artistas e suas produções. Após a visita, minuciosamente preparada e orientada pelos educadores com formação em artes e história, sugerimos aos professores atividades a serem desenvolvidas dentro do programa escolar. A estrutura e o funcionamento das propostas político-pedagógicas inseridas no processo educativo - construído e calcado nos pilares obra, artista, educador e público - trouxe-nos reflexões que favorecem a crítica, a livre interpretação e a criação, além da exploração de temas íntimos a cada obra selecionada para esta edição do Salão: A cidade e suas (des)conexões antrópicas. Acreditamos que um Núcleo Educativo tem demandas que não se limitam ao momento da mediação entre público e obra e que suas ações devem ser pautadas pela ideia de que a arte é alicerce de construção do saber.


ANA BASTOS E THAÍS PAZ COORDENADORAS DA AÇÃO EDUCATIVA DO 63º SALÃO DE ABRIL

63° Salão de Abril

A Galeria Antônio Bandeira, sob direção de Mariana Ratts, desenvolveu um efetivo Núcleo Educativo, sendo composto por profissionais qualificados; bem como a realização de oficinas e a parceria entre os grupos artísticos e as instituições culturais do entorno do CRP. 52

No 63º Salão de Abril, a ação educativa dá continuidade a esse trabalho, que se fortalece e evidencia, e entra em sintonia com questões caras à arte contemporânea, realizando inovações na trajetória de abordagem do público em meio às obras no Salão. Nossa proposta é desenvolver atividades que complementem e qualifiquem a visita à exposição, dentro de um processo de fruição contínuo, em que o prazer artístico e a reflexão crítica dialogam. Dessa forma, primamos pela ação educativa que contempla um processo amplo de atividades anteriores e posteriores à visita. Realizamos uma oficina para professores da rede pública municipal, no intuito de instruí-los acerca do histórico do Salão de Abril e de alguns conceitos-chave relativos à arte contemporânea e à educação não-formal. Assim, apostamos na figura do professor como um multiplicador desses conhecimentos em sala de aula. Visamos também à formação dos alunos, indo até as escolas e apresentando-lhes previa-

mente alguns artistas e suas produções. Após a visita, minuciosamente preparada e orientada pelos educadores com formação em artes e história, sugerimos aos professores atividades a serem desenvolvidas dentro do programa escolar. A estrutura e o funcionamento das propostas político-pedagógicas inseridas no processo educativo - construído e calcado nos pilares obra, artista, educador e público - trouxe-nos reflexões que favorecem a crítica, a livre interpretação e a criação, além da exploração de temas íntimos a cada obra selecionada para esta edição do Salão: A cidade e suas (des)conexões antrópicas. Acreditamos que um Núcleo Educativo tem demandas que não se limitam ao momento da mediação entre público e obra e que suas ações devem ser pautadas pela ideia de que a arte é alicerce de construção do saber.


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Este catálogo foi produzido em abril de 2012 com recursos da Prefeitura de Fortaleza. A família de fontes Mic 32, foi utilizada para títulos e textos. A pré-impressão, impressão, encadernação e o acabamento foram realizados na Gráfica Santa Marta, com tiragem de 500 exemplares, impressos em papel Offset 180 g/m2 para miolo, e cartão duplex 330 g/m2 para capa.



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APOIO:

REALIZAÇÃO:


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