REVISTA MAIS SEBRAE - junho 2016 virtual

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A REVISTA DIGITAL DO EMPREENDEDOR GAÚCHO

Junho 2016 | Ano 1 | Nº 4 SEBRAE/RS investe em diferentes modelos de soluções digitais

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M A I S SE B R A E | A N O 1 | N º 4 | 20 1 6

Os momentos difíceis podem ser impulsionadores para a formação de novos empreendedores

E UMA D A D A C UMA DÉ ÃO CHAMADA Ç REVOLU

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LEI GERA

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É RÁPIDO E FÁCIL: BAIXOU, LEU, CRESCEU.

A REVISTA DIGITAL DO EMPREENDEDOR GAÚCHO.

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EDITORIAL

simples (2007), do Microempreendedor Individual - MEI (2009), atualização dos limites de faturamento do Simples (2011) e ampliação do Supersimples para todas as categorias (2015). Se analisarmos que somente há uma década as micro e pequenas empresas (MPEs) contam com uma legislação específica, as conquistas e os avanços obtidos neste período são significativos e consolidam a importância do papel das MPEs na economia brasileira como grandes geradoras de emprego e renda. A relevância dos pequenos negócios como combustível para fazer o Brasil avançar é indiscutível e os números embasam isso: 99% das empresas são de micro e pequeno porte, sendo responsáveis por 27% do Produto Interno Bruto (PIB) do País, 52% dos empregos formais e 41% da massa salarial. Só no setor de Comércio, mais da metade do PIB brasileiro é gerado pelos pequenos negócios, cerca de 53%. Nesta edição da Revista Mais SEBRAE, destacaremos os 10 anos da Lei Complementar Federal 123/2006, conhecida como Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas. A primeira política pública de âmbito nacional voltada aos pequenos negócios foi o pontapé inicial para outros avanços como a criação do Super-

Um ambiente adequado e que facilita o empreendedorismo tem estimulado os brasileiros a abrirem o próprio negócio. Segundo dados da Pesquisa GEM (Global Entrepreneurship Monitor) 2015, de cada dez brasileiros adultos, quatro já possuem ou estão envolvidos com a criação de uma empresa. A taxa de empreendedorismo no País - 39,3% - é o maior índice dos últimos 14 anos e quando comparada internacionalmente é superior a de países como Estados Unidos, México e Alemanha. Embora tenhamos progredido muito nesta década, é crucial seguirmos facilitando a vida de quem empreende ou quer empreender. Quanto menos tempo o empresário perde com entraves burocráticos, mais ele pode se dedicar ao seu negócio, o que gera mais emprego e renda para todos. Boa leitura! Carlos Rivaci Sperotto Presidente do Conselho Deliberativo Estadual do SEBRAE/RS

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CONSELHO DELIBERATIVO

EXPEDIENTE

Presidente: Carlos Rivaci Sperotto • Banco do Estado do Rio Grande do Sul S/A – BANRISUL Titular: Luiz Gonzaga Veras Mota Suplente: Irany de Oliveira Sant’Anna Júnior • Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul – FIERGS Titular: Heitor José Müller Suplente: Marco Aurélio Paradeda • Caixa Econômica Federal Titular: Ruben Danilo de Albuquerque Pickrodt Suplente: Fábio Müller • Centro das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul – CIERGS Titular: André Vanoni de Godoy Suplente: Marlos Davi Schmidt • Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia – SDECT Titular: Fábio de Oliveira Branco Suplente: Carlos Alberto Hundertmarke • Banco do Brasil S/A Titular: Edson Bündchen Suplente: Vanderlei Barbiero • Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul – FEDERASUL Titular: Ricardo Russowsky Suplente: Olmiro Cavazzola • Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul – FARSUL Titular: Carlos Rivaci Sperotto Suplente: Fábio Avancini Rodrigues • Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul – FECOMÉRCIO Titular: Luiz Carlos Bohn Suplente: Zildo De Marchi • Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE Titular: José Paulo Dornelles Cairoli Suplente: José Claudio Silva dos Santos • Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI/RS Titular: Alexandre De Carli Suplente: Murilo Lima Trindade • Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul – FAPERGS Titular: Abilio Afonso Baeta Neves Suplente: Marco Antonio Baldo • SENAR - RS - Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Titular: Gilmar Tietböhl Rodrigues Suplente: Valmir Antônio Susin • FCDL- Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul Titular: Vitor Augusto Koch Suplente: Fernando Luis Palaoro • BADESUL Desenvolvimento S/A - Agência de Fomento/RS Titular: Susana Maria Kakuta Suplente: Pery Francisco Sperotto Coelho

É uma publicação do SEBRAE/RS desenvolvida pela Gerência de Comunicação.

CONSELHO FISCAL

Titulares • FEDERASUL: José Benedicto Ledur (Presidente) • FIERGS: Gilberto Brocco • FCDL/RS: Jorge Claudimir Prestes Lopes Suplentes • FECOMÉRCIO: Ivanir Antonio Gasparin • Banco do Brasil: Carlomagno Goebel • Caixa Econômica Federal: Pedro Amar Ribeiro de Lacerda

DIRETORIA EXECUTIVA DO SEBRAE/RS Diretor-Superintendente: Derly Cunha Fialho Diretor Técnico: Ayrton Pinto Ramos Diretor de Administração e Finanças: Carlos Alberto Schütz

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Coordenação e Edição: Luciana Bueno Santos Reportagem: Josine Haubert, Karen Vidaleti e Renata Cerini Design Gráfico e Editoração: Carol Lopes Revisão Ortográfica: Plural - Revisão Ltda. Tiragem eletrônica | Aplicativo Mais SEBRAE: Disponível em iOS e Android FALE COM A REDAÇÃO: sebraeimprensa@sebrae-rs.com.br (51) 3216.5165/3216.5182 Contatos com o SEBRAE/RS: • 0800 570 0800 - atendimento gratuito de segunda a sexta-feira, das 8h às 20h. • www.sebrae-rs.com.br O visitante pode fazer download de publicações e no link “Agência SEBRAE de Notícias” ficar sabendo das novidades da instituição. • www.sebrae.com.br - SEBRAE Nacional • Espaço Pesquisa SEBRAE/RS Acervo de livros, revistas, vídeos e dicas de oportunidades de negócios enfocando gestão empresarial. O material pode ser consultado em todas as regionais. Em Porto Alegre, na Regional Metropolitana, Rua General João Manoel, 282 – Centro ou Rua Antônio Joaquim Mesquita, 259 – Zona Norte. De segunda a sexta-feira, das 9h às 18h.


SUMÁRIO

EMPREENDEDORISMO

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Indesejados por todos, os momentos difíceis podem ser impulsionadores para a formação de novos empreendedores

AGRONEGÓCIOS

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A adoção de sistemas que revezam a agricultura e pecuária pode ser uma alternativa para reduzir custos com insumos e aumentar a renda

INDÚSTRIA

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Instituição de Cluster de Tecnologia busca fomentar o setor e tornar o Rio Grande do Sul referência na área

INOVAÇÃO

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Com o intuito de informar e capacitar o empreendedor com rapidez, o SEBRAE/RS investe em diferentes modelos de soluções digitais

CASOS DE SUCESSO

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Siga o exemplo de empreendedores e capacite-se

PRÊMIOS

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L

LEI GERA

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Com capacidade de realização e alto potencial de crescimento, as startups do interior do Rio Grande do Sul ganham espaço em programa do SEBRAE

NOVIDADES E OPORTUNIDADES

UMA CADA DE UMA DÉ ÃO CHAMADA Ç REVOLU

CAPA

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Sancionado em dezembro de 2006 no Brasil, o Estatuto da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, primeira política pública de âmbito nacional voltada aos pequenos negócios, completa 10 anos

GESTÃO

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A cada dia, mais mulheres ocupam espaços de destaque no mercado de trabalho e no meio empreendedor

FATOS E FOTOS

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FRASES EM DESTAQUE

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Conheça o projeto “A pequena empresa e o melhor destino turístico do Brasil” vencedor do Prêmio Prefeito Empreendedor

ENTREVISTA

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Guilherme Afif Domingos, presidente do SEBRAE, fala sobre empreendedorismo no Brasil

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EMPREENDEDORISMO

QUANDO A CRISE FAZ O NEGÓCIO POR KAREN VIDALETI

Indesejados por todos, os momentos difíceis podem ser impulsionadores para a formação de novos empreendedores

T

empo de recessão traz incertezas, mas também pode ser um incentivador para a abertura de novos negócios. Enquanto algumas pessoas tornam-se mais cautelosas a ponto de adiar sonhos e projetos, outras arriscam-se e aventuram-se à frente da própria empresa. Esse cenário pode ser observado através dos dados da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM) Brasil. Ao mesmo tempo em que demonstra queda de 71% em 2014 para 56% em 2015 no empreendedorismo por oportunidade em estágios iniciais, aponta um salto de 29% para 44% no empreendedorismo por necessidade (veja o gráfico). 6

Motivação entre empreendedores iniciais 75 70 65 60 55 50 45 40 35 30 25 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Necessidade

Oportunidade

Fonte: Pesquisa Global Entrepreneurship Monitor


EMPREENDEDORISMO Atípico, esse crescimento pode ser desvendado em uma frase: a crise também faz negócios. Um exemplo disso é o Ateliê Casabella, localizado em Bento Gonçalves, que nasceu ainda em 2014, quando o Brasil sentia os primeiros sinais da crise, que, à época, atingia especialmente o setor financeiro. Após muitos anos trabalhando em bancos, Josiane Molossi decidiu mudar o rumo da carreira e apostar em algo que sempre gostou: o artesanato. A empresa, que em julho completa 2 anos de atividades, encontrou um nicho ao trabalhar com confecção de enxovais para bebês. “O maior obstáculo ainda é chegar até as pessoas, mas, ao mesmo tempo, já começo a colher frutos, tenho clientes que já vêm por indicação”, afirma Josiane. Quem em meio à crise também conduz os primeiros passos de uma empresa é Vinícius Chilanti, proprietário do Mercado Tradição, de Caxias do Sul. Ele reconhece que, desde pequeno, carregava consigo o desejo de empreender. Com apenas 12 anos, fazia pulseiras e colares para vender em Gramado, onde morava, e, aos 13, já era vendedor em uma malharia. Paralelamente à carreira, ainda viveu a experiência de administrar uma startup e uma loja virtual. “Tinha a vontade, mas não o know how, o feeling de empreender”, reconhece. Foi um acidente sofrido em 2014 que serviu de gatilho para a decisão de abandonar a vida de funcionário, com a segurança financeira do emprego, para assumir unicamente a vida de empreendedor, com seus desafios e suas incertezas. “Decidi que não queria mais a rotina de viajar

com frequência e, há 1 ano e 2 meses, estou tocando o mercado”, relata Chilanti, para quem a crise deve ser analisada com atenção, não como um limitador.

Problemas e oportunidades Reforçando a ideia de que a crise pode ser terreno fértil para os negócios, a gerente regional da área de apoio a empreendedores do Rio Grande do Sul da Endeavor, Milena Dalacorte, lembra que empresas nascem para resolver problemas, o que é elemento comum em situações como essa. “É um contexto cheio de oportunidades. Muitas das grandes empresas de hoje se constituíram em meio a instabilidades econômicas, por conseguirem identificar um problema relevante e propor uma solução superior”, frisa.

“É um contexto cheio de oportunidades. Muitas das grandes empresas de hoje se constituíram em meio a instabilidades econômicas, por conseguirem identificar um problema relevante e propor uma solução superior.” Milena Dalacorte, gerente regional da área de apoio a empreendedores da Endeavor

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EMPREENDEDORISMO Técnica de atendimento do SEBRAE/RS, Jociane Ongaratto é enfática quando afirma: para passar pela crise, primeiro é preciso superar o medo de errar. “Nesse momento, é importante que o empreendedor olhe para dentro da empresa e consiga analisar, por exemplo, à questão de relacionamento com o cliente, de fornecedor, como pode melhorar a compra e reduzir os custos. Analise tudo e consiga ver onde pode melhorar. Esse é um momento de aprendizado”, alerta. O mesmo pensamento é corroborado pela proprietária do Ateliê Casabella. Ela diz que ainda “engatinha” em seu negócio, mas ter o auxílio do SEBRAE foi de suma importância. “Quando abri o ateliê, não tinha muito foco, hoje já tenho. Então, para cada dia, um aprendizado e um crescimento. O início sempre é mais complicado, porque, enquanto se está na fase de preparativos, reformas, montagem, a adrenalina está alta, mas os desafios começam em seguida: Para quem vender? Como vender?”, reflete.

“Quando abri o ateliê, não tinha muito foco, hoje já tenho. Então, para cada dia, um aprendizado e um crescimento. O início sempre é mais complicado, porque, enquanto se está na fase de preparativos, reformas, montagem, a adrenalina está alta, mas os desafios começam em seguida: Para quem vender? Como vender?” Josiane Molossi, proprietária do Ateliê Casabella

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Em um contexto econômico que reduz o poder de compra da população, Josiane conta que suas clientes ainda demonstram disposição em investir nos preparativos para a chegada de um bebê. “Esse momento é muito especial para elas, então é um público que está disposto a gastar. Mas é claro que se percebe uma certa contenção em alguns casos. Embora em um período de crise, acredito que, fazendo um bom trabalho e tendo um bom produto, é possível ter sucesso”, ressalta. De frente com as dificuldades da economia, Chilanti reconhece que o próprio empreendedor pode operar como um entrave, quando resiste em tomar determinadas decisões. “Eu precisei aceitar isso e quebrar o paradigma de ter emprego, que me dava segurança financeira. Depois, um obstáculo foi colocar o negócio em ordem, com o mínimo de gestão”, afirma. Para ele, tão importante quanto reconhecer a existência da crise é perceber que ela também contribui para o surgimento de oportunidades. “Aqui, a cidade tem uma economia dominada pela metalúrgica, então é importante se reinventar sempre, estar aberto à oportunidade, pensar fora da caixa. É uma questão de como se enxerga a crise e como se reage a ela. Tem gente chorando e tem gente vendendo lenço”, conclui.

Gestão e visão A falta de planejamento e gestão é um erro comumente cometido por quem empreende em tempo de crise, atenta a técnica de atendimento do SEBRAE/RS. “É importante saber o quanto se pode atender,


EMPREENDEDORISMO consultorias individuais, oficinas e assessorias que ajudam a tirar a ideia da cabeça e ver tudo o que se precisa pensar antes de empreender”.

“Aqui, a cidade tem uma economia dominada pela metalúrgica, então é importante se reinventar sempre, estar aberto à oportunidade, pensar fora da caixa. É uma questão de como se enxerga a crise e como se reage a ela. Tem gente chorando e tem gente vendendo lenço.” Vinícius Chilanti, proprietário do Mercado Tradição, de Caxias do Sul

até onde se pode ir para tomar decisões assertivas”, destaca Jociane. Entre as etapas a serem cumpridas, estão: definição de um diferencial, análise da concorrência, plano de marketing e planejamento financeiro. “No momento de tomada de decisão, é importante que se construa um plano de negócios. O SEBRAE dá auxílio no planejamento e oferece

Em momentos difíceis como a crise, muitas pessoas agem por impulso, cometendo algumas falhas cruciais para o sucesso do negócio. Entre os erros principais, estão: começar um negócio em um setor que não domina e que não tem nenhuma experiência prévia e não buscar maneiras de se diferenciar frente à concorrência. “O ‘mais do mesmo’ não sobrevive nesse contexto”, diz Milena. Outros erros são confiar demais na execução e no conhecimento empírico e não se preparar para abrir o próprio negócio. O alto número de empresas abertas por necessidade, por outro lado, preocupa Milena tanto pela baixa competitividade dos negócios que surgem como pelo aumento da informalidade na economia. “Para empreender, não basta apenas ter uma boa ideia. É preciso estudar o mercado, aprender a gerenciar, ter um plano para o desenvolvimento do negó-

“No momento de tomada de decisão, é importante que se construa um plano de negócios. O SEBRAE dá auxílio no planejamento e oferece consultorias individuais, oficinas e assessorias que ajudam a tirar a ideia da cabeça e ver tudo o que se precisa pensar antes de empreender.” Jociane Ongaratto, técnica de atendimento do SEBRAE/RS

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EMPREENDEDORISMO cio. Ou seja, atividades que demandam tempo e não podem ser simplesmente ignoradas em função da pressa em complementar a renda”, destaca. Ao mesmo tempo, a complexidade de regularização de empresas no Brasil, acrescenta ela, faz muitas pessoas optarem por manter seus negócios na informalidade, o que, apesar de ser uma alternativa para quem precisa ganhar a vida, é prejudicial à economia. O cenário de crise ainda intensifica a necessidade de o empreendedor se capacitar e estar preparado. Jociane lembra que há características relevantes ao perfil empreendedor, mas que nem sempre se nasce com elas. “É preciso muita responsabilidade, força de vontade, disposição para correr riscos calculados. Ser empreendedor não é um facilitador na vida. É um sonho brasileiro, é gratificante acompanhar os resultados, mas exige muito mais do que trabalhar em uma empresa”, adianta, acrescentando que a parcela de pessoas no País que deseja ter seu próprio negócio (34%) supera a que deseja fazer carreira em uma empresa (23%). Além de um mix de competências técnicas e comportamentais relevantes para o desenvolvimento do seu negócio, os empreendedores, argumenta Milena, precisam conhecer muito bem o seu produto e mercado, ter uma visão clara da concorrência e saber onde estão as oportunidades que podem explorar para se diferenciar. “Ao mesmo tempo, ele precisa ser determinado, resiliente, ter brilho no olho, crença no projeto e poder de sensibilização para engajar a equipe no seu sonho”, resume.

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A transformação do Brasil, defende a gerente da Endeavor, pode estar no fortalecimento da cultura empreendedora. “Quanto mais empreendedores de alto impacto nosso País tiver, maior será nossa capacidade de inovar, criar oportunidades e distribuir riquezas”, alega Milena. “O empreendedorismo pode, sim, ser um antídoto contra a crise. Os pequenos negócios são grandes geradores de emprego e, com desempenho positivo, podem ajudar a fortalecer a economia do País”, finaliza Jociane.

“Quanto mais empreendedores de alto impacto nosso País tiver, maior será nossa capacidade de inovar, criar oportunidades e distribuir riquezas.” Milena Dalacorte, gerente regional da área de apoio a empreendedores da Endeavor


EMPREENDEDORISMO AS 10 CARACTERÍSTICAS DO EMPREENDEDOR

1. Busca de oportunidades e iniciativa

As características do perfil 10. Indepenempreendedor podem ser dência e 2. Persistência trabalhadas e são tema autoconfiança do seminário Empretec, realizado pelo SEBRAE, que oferece 3. Corre 9. Persuasão aos participantes 6 riscos e rede de dias de imersão e calculados contatos preparação para o mercado. A me8. Planejatodologia é basea4. Exigência mento e mode qualidade da no fato de que o nitoramento e eficiência sucesso empresarial sistemáticos vai além da habilidade de gerenciamento 7. Estabe5. Comprode negócios, depenlecimento metimento dendo, principalmente, de metas 6. Busca de da atitude. informações

CUIDADOS NECESSÁRIOS O começo de qualquer negócio é sempre um período de incertezas, mas alguns cuidados podem minimizar os riscos desse novo empreendimento. Conheça o mercado: É preciso ter certeza de que sua solução está atendendo a um problema real.

Cuide bem do seu caixa: Em todos os momentos, caixa é sobrevivência. Gaste somente o necessário.

Encontre um diferencial relevante: Gere economia, reduza custo ou aumente a produtividade.

Forme um time de alto nível: Invista nas pessoas, elas são o recurso mais valioso de qualquer organização.

Tenha um sócio complementar: Sozinho pode-se ir mais rápido, mas dividir esse caminho com alguém complementar certamente irá levar os empreendedores e o negócio mais longe.

Trabalhe duro: Gaste sola de sapato e ponha a barriga no balcão – um negócio de sucesso requer entrega e trabalho intenso.

Fonte: Milena Dalacorte

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AGRONEGÓCIOS

PRODUTIVIDADE

Foto: Gustavo Vara

SUSTENTÁVEL

A adoção de sistemas que revezam a agricultura e pecuária pode ser uma alternativa para reduzir custos com insumos e aumentar a renda.

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m um contexto global que desafia o mundo a alimentar 9 bilhões de pessoas até 2050, ao mesmo tempo em que alerta para a ineficiência de modelos de produção pecuários e agrícolas atuais e preza pelos modelos sustentáveis, ganha espaço a Integração Lavoura-Pecuária (ILP). Não propriamen-

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te uma novidade, a técnica refere-se a sistemas de produção que planejam associações de cultivos agrícolas e produção animal. Com ela, a área de uma propriedade reveza-se entre atividades de agricultura e pecuária. Os resultados, além de um solo mais fértil, são ganhos em produtividade e rentabilidade.


AGRONEGÓCIOS

O sistema se caracteriza por plantio direto, boas práticas de manejo, uso eficiente de insumos e utilização de pastagem em intensidade de pastejo moderada. As rotações agrícolas, intercaladas a fases pastoris, aceleram processos e tornam o solo mais fértil, contribuindo para a diminuição da incidência de pragas e plantas indesejáveis e, consequentemente, do uso de insumos. “Há o melhor aproveitamento de nutrientes, com menor uso de insumos e de maquinário, e também maior liquidez financeira, pelo incremento de renda, e diminuição do risco da operação”, afirma Pedro Pascotini, técnico da Gerência Setorial de Agronegócio do SEBRAE/RS. Pascotini se refere ao fato de que o Rio Grande do Sul apresenta maior frequência de intempéries climáticas quando comparado com os demais estados do País, e uma possibilidade de diminuir os impactos negativos dessas variações extremas do clima na atividade agrícola é a ILP. “Com esse sistema, o produtor tem duas fontes de renda e, portanto, maior liquidez financeira e resiliência econômica”. Outro aspecto dessa técnica a ser ressaltado está na capacidade de reduzir as emissões de gases efeito estufa, sendo indicada pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) como tecnologia sequestradora de carbono. Para ele, “pode-se dizer que a ILP é uma virada de chave na agropecuária, uma vez que se tem o desafio de atender à demanda crescente por alimentos, à necessidade de gerar riquezas e à preocupação com sustentabilidade”.

Vantagens ambientais, sociais e econômicas A ILP ganha espaço enquanto os modelos contemporâneos de agricultura se mostram insustentáveis a longo prazo. “Atualmente, observam-se demasiado impacto ambiental e baixa resiliência, pois esses sistemas agrícolas se intensificaram no pós-revolução verde, no sentido da diminuição de diversidade no sistema, e elevado risco de operação. Nesse sentido, os sistemas integrados são reconhecidos por conciliarem objetivos de produção com redução da pegada ambiental, daí o renovado interesse”, explica o professor da UFRGS, Paulo César de Faccio Carvalho. Usado em todo o mundo, esse sistema, conforme Carvalho, torna-se necessário nas seguintes condições brasileiras: onde os rendimentos das culturas de grãos seja muito variável; onde a pastagem esteja degradada e as lavouras sejam usadas para recuperar o pasto; em situações de pastagens de uso extensivo, onde a integração seja elemento de intensificação e de planejamento alimentar no rebanho; onde se queira diversificar a matriz de renda e aumentar a eficiência da produção por unidade de área. Além das questões ambientais — como a recuperação da fertilidade de solos a partir da maior incorporação de matéria orgânica, a ciclagem de nutrientes, a eficiência de uso dos elementos químicos e os recursos hídricos — o pesquisador da Embrapa Clima Temperado Jamir Luís Silva da Silva chama a atenção para outros

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AGRONEGÓCIOS benefícios desse modelo. “As vantagens sociais e econômicas estão relacionadas à maior eficiência de uso da pouca mão de obra do campo, mesmo que exija maior qualificação e capacitação dessa mão de obra, ao bem-estar humano em sistemas mais diversificados e à maior entrada de dinheiro nas economias locais”, esclarece. O professor da UFRGS resume: “mais produção de alimento por unidade de área, maior eficiência no uso dos recursos e menos risco”. A ILP está presente em sistemas com rotações das lavouras de arroz, soja e milho, sendo comum também nos sistemas leiteiros em pequena propriedade, em conjunto com a produção de suínos e aves. “Há que se ressaltar o fato de que os sistemas operam mais como simples rotações de cultura do que como sistemas integrados, cujo planejamento é mais complexo. Há também introdução da soja em áreas de campos nativos na região Sul, mas novamente sem o conceito de sistema integrado”, diz Carvalho. No Rio Grande do Sul, existem registros técnico-científicos de modelos com esses sistemas datados da década de 70. Entretanto, até hoje, não há dados que revelem efetivamente as dimensões em que são praticados no Estado ou no Brasil. Ainda assim, se há um consenso, é sobre o seu crescimento. “Não possuímos dados oficiais, mas podemos fazer uma inferência, considerando os diferentes modelos de sistemas do Estado, que já possuímos uma área de 15 a 25% sendo cultivada em sistemas integrados de produção agropecuária. Em alguns municípios e regiões, esse índice aumenta.

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“mais produção de alimento por unidade de área, maior eficiência no uso dos recursos e menos risco.” Paulo César de Faccio Carvalho, professor da UFRGS

Técnica e cientificamente, espera-se que ultrapassemos na próxima década 50% da área de produção de alimentos e madeira em sistemas integrados de produção”, informa Silva.

O caminho da integração Da safra cultivada com agricultura no Rio Grande do Sul, 85% das áreas não são utilizadas economicamente no inverno, o que demonstra um potencial significativo


AGRONEGÓCIOS para a técnica de ILP. O programa Juntos para Competir, realizado através de parceria entre FARSUL, SENAR-RS e SEBRAE/RS, trabalha com um projeto-piloto voltado à ILP. Com duração de 3 anos, a iniciativa acontece na região Noroeste do Estado. Atualmente, 93 propriedades são atendidas pelo projeto, o qual tem um cronograma de ações definido para os três anos, contemplando diagnóstico da propriedade, cursos em grupos e consultorias individualizadas. “Os clientes, através dos cursos em grupos, além de receberem informações que auxiliam desde o planejamento gerencial da propriedade até técnicas de manejo agropecuário, têm a oportunidade de trocas de experiências entre produtores. Já nas consultorias individuais, os produtores têm a possibilidade de receber em suas propriedades instruções de um técnico especializado que irá atender a suas demandas específicas”, reforça Pascotini. Também fazem parte do projeto os dias de campo e uma missão técnica ao Paraná, que irá possibilitar aos participantes vislumbrar propriedades que já desenvolvem a ILP e os ganhos que a atividade pode proporcionar a longo prazo. Um dos produtores apoiados pelo programa é Ricardo Copetti, de Santo Ângelo. Há 21 anos, desde o falecimento do pai, ele está à frente do gerenciamento da propriedade que produz soja e trigo, além da exploração da pecuária em pastagens de inverno na área anteriormente cultivada com soja. Desde que passou a ter acompanhamento do programa, há cerca de 1 ano, o produtor vem intensificando a atividade pecuária. “Esse é o

primeiro ano em que a gente fez a pastagem de verão e houve uma melhora de manejo com gado. É pouco tempo, mas já se percebe resultado. Tivemos aumento no número de vendas, que agora acontecem com uma frequência maior, e isso melhora o fluxo de caixa”, comemora.

“Esse é o primeiro ano em que a gente fez a pastagem de verão e houve uma melhora de manejo com gado. É pouco tempo, mas já se percebe resultado. Tivemos aumento no número de vendas, que agora acontecem com uma frequência maior, e isso melhora o fluxo de caixa.” Ricardo Copetti, produtor pecuário

Através do programa, Copetti recebe em sua propriedade visitas de profissionais para consultorias individuais, além de participar de encontros em grupo com assuntos de interesse e capacitações

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AGRONEGÓCIOS que já abordaram temas, como o manejo correto de agrotóxicos. “Recebemos muitas informações e dados técnicos. Tem sido esclarecedor”, define ele.

Aposta para o futuro

O técnico do SEBRAE reforça a ideia de que a compactação do solo só ocor-

Foto: Davi Teixeira

Para Carvalho, a resistência por parte de pecuaristas e agricultores se dá, de forma geral, pela introdução de algo novo em um sistema “conhecido” pelo produtor. “O sistema se torna mais complexo, há que se reconhecer, e nem todos estão preparados. Há também paradigmas, como o do pisoteio em áreas sob plantio direto. A pesquisa tem demonstrado que há inúmeros resultados positivos da associação da lavoura com a pecuária e não há fundamento nas resistências relacionadas à parte técnica de condução do sistema”, argumenta, ressaltando que o Brasil é, atualmente, líder no conhecimento da tecnologia dos sistemas integrados sob plantio direto.

Silva coloca que o manejo do pastejo e do pastoreio nas pastagens integradas aos sistemas exige habilidade: “Temos que tratar a pecuária como uma lavoura de produzir leite, carne, lã, etc. Sempre mantendo uma boa qualidade de pastejo, em um bom ambiente pastoril, respeitando as boas práticas agropecuárias e o bem-estar animal”. O pesquisador entende que algumas questões de caráter cultural contribuem para a resistência à ILP. “A busca de ganho rápido nem sempre está correlacionada com ganho duradouro e com preservação ambiental. Os sistemas de ILP permitem produzir alimentos de qualidade, preservando o meio ambiente, ou, permitem preservar os recursos naturais do meio ambiente, produzindo alimento de boa qualidade”, discorre.

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AGRONEGÓCIOS Assim como o produtor, Pascotini reforça a crença nesse modelo de produção. “Os sistemas integrados de produção representam muito bem a forma que a gente enxerga a produção do futuro, com a agricultura deixando de ser totalmente embasada em insumos e com os sistemas operando em complemento um ao outro”, comenta. (KV) Foto: Davi Teixeira

“A busca de ganho rápido nem sempre está correlacionada com ganho duradouro e com preservação ambiental. Os sistemas de ILP permitem produzir alimentos de qualidade, preservando o meio ambiente, ou, permitem preservar os recursos naturais do meio ambiente, produzindo alimento de boa qualidade.” Jamir Luís Silva da Silva, pesquisador da Embrapa

re quando não há o manejo correto do pastejo. “Essa é uma ótima ferramenta de tecnologia sustentável. Mas nem todo produtor tem interesse ou aptidão em trabalhar com essa técnica. Nem se tem a pretensão que todo o produtor adote o sistema de integração”, afirma, acrescentando que, em alguns casos, o proprietário não dispõe da estrutura adequada, o que faz necessário o investimento inicial. Antes de adotar o sistema de integração, o produtor Copetti costumava manter o gado em confinamento no verão, o que acabava resultando na subutilização da área de pasto. Agora, com a pastagem perene, ele pôs fim à área subutilizada e reforçou a produtividade. “Acho essa uma alternativa interessante. Não pode ser adotada para toda a propriedade, porque depende muito de cada caso, mas vejo um futuro financeiramente promissor e ecologicamente viável. Espero que a técnica seja cada vez mais utilizada”, relata.

“Os sistemas integrados de produção representam muito bem a forma que a gente enxerga a produção do futuro, com a agricultura deixando de ser totalmente embasada em insumos e com os sistemas operando em complemento um ao outro.” Pedro Pascotini, técnico do SEBRAE/RS

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INDÚSTRIA

PARA DESENVOLVER

A SAÚDE

Instituição de Cluster de Tecnologia busca fomentar o setor e tornar o Rio Grande do Sul referência na área

O

segmento de saúde traz perspectivas de mercado positivas para os empreendedores. Com o crescimento da classe média e o envelhecimento da população brasileira, o setor é destaca-se em pesquisas pelo alto potencial de exploração e desenvolvimento, o que deve gerar novas oportunidades de negócio nos próximos anos. No Rio Grande do Sul, o desafio atual concentra-se especialmente na área de inovação e tecnologia para saúde, responsável por movimentar um grande volume de importações. O setor de saúde foi responsável por 10,2% de participação no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro somente em 2013, segundo a Confederação Nacional de Saúde. Os números demonstram um crescimento de 7,37% em relação a 2012,

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quando o segmento correspondia a 9,5% do PIB nacional. “A robustez dos dados apresentados aponta que o segmento alavanca, cada vez mais, um grande número de micro e pequenas empresas, como poderá ser observado nos números referentes aos pequenos negócios”, afirma a técnica da Gerência Setorial de Comércio e Serviços do SEBRAE/RS, Ana Paula Rezende. Tudo isso, ressalta ela, reflete uma mudança no comportamento de consumo, fruto do desejo de maior qualidade de vida. “Este novo perfil de consumidor investe mais em bem-estar e saúde. Isso altera as estratégias das empresas, que devem estar atentas e incluir o atendimento dessas necessidades nos produtos e serviços ofertados aos seus consumidores”, analisa.


INDÚSTRIA A tecnologia bate à porta Anualmente, o Brasil importa US$ 4,25 bilhões e exporta US$ 0,81 bilhão em tecnologia para saúde. Há ainda um consumo aparente de R$ 25 bilhões, dos quais apenas 35% são produzidos nacionalmente, o que indica um mercado potencial de 65%. Os dados são trazidos pela conselheira do SEBRAE/RS e presidente do Badesul, Susana Kakuta, órgão que articulou a formação do Cluster de Tecnologias para a Saúde do Rio Grande do Sul. Constituído em 2015, o projeto envolve 43 instituições, entre universidades, hospitais, um conjunto de prefeituras, sindicatos patronais e entidades, como o SEBRAE/RS. O objetivo é introduzir novas economias à matriz produtiva do Estado, tornando-o uma referência na geração de conhecimento e na produção de tecnologias a serviço da medicina e da saúde. “Rio Grande do Sul e Brasil são grandes importadores de tecnologia, é uma balança deficitária. Além disso, de um lado, existe uma oportunidade de mercado. De outro, temos conhecimentos que são únicos no Estado, com setores relacionados à área de Tecnologia da Informação (TI), microeletrônica, e a única fábrica de encapsulamento do País”, relata Susana. Entre as ações do cluster, estão atividades que buscam a melhoria de ambiente e o fortalecimento de empresas, a identificação de oportunidades de mercado e parcerias, além de articulações para simplificar o caminho de implementação de negócios voltados ao setor. Em 2015, a construção de estratégias para atração de investimentos, os cursos de gestão empresarial, a participação na feira médica, em Düsseldorf, na Alemanha, e uma rodada de negócio com empresas do Medical Valley estiveram no foco das atividades do cluster.

“Rio Grande do Sul e Brasil são grandes importadores de tecnologia, é uma balança deficitária. Além disso, de um lado, existe uma oportunidade de mercado. De outro, temos conhecimentos que são únicos no Estado, com setores relacionados à área de Tecnologia da Informação (TI), microeletrônica, e a única fábrica de encapsulamento do País.” Susana Kakuta, presidente do Badesul

Para este ano, além da participação de 12 empresas gaúchas na Feira Hospitalar – um dos principais eventos do setor, que reuniu indústrias, distribuidores, associações, hospitais e profissionais em São Paulo, em maio –, um destaque será o primeiro summit internacional no Medical Valley, que ocorrerá em junho, em Nuremberg, na Alemanha. “Vamos levar um conjunto de empresas para integração com parceiros estratégicos e esperamos atrair novos investimentos ao Estado”, adianta Susana. Atualmente, cerca de 100 empresas estão diretamente envolvidas nas atividades do cluster.

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INDÚSTRIA Pequenos inovadores Um total de 169.924 pequenos negócios – distribuídos em microempreendedores individuais (MEI), microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP) – dedica-se ao segmento de saúde atualmente, em território brasileiro. De acordo com documento referencial do SEBRAE, somente no Rio Grande do Sul, são 11.855 pequenos negócios na área, ocupando o quarto lugar no ranking nacional.

no apoio às empresas desse segmento, por meio de ações de capacitação, inovação, mercado e adoção de estratégia de atuação transversal, de modo a agregar valor às soluções tecnológicas e incremento nos negócios do seu público-alvo”, afirma. Dentro do projeto coletivo voltado à saúde, as empresas do setor podem contar com diversas atividades de estímulo à competitividade e inovação. Com o apoio do SEBRAE, é possível desenvolver o perfil empreendedor, trabalhar modelagem de negócio, participar de workshop, oficinas, cursos com foco em geração de ideias, storytelling e filosofia Lean, além de missões nacionais, exposição em feiras e rodadas de negócios.

Esse contexto, segundo Ana Paula, evidencia o quanto os micro e pequenos negócios no setor de saúde vêm contribuindo para o aumento da competitividade e produtividade do País. “O SEBRAE, portanto, poderá exercer papel fundamental

CONCENTRAÇÃO DE PEQUENOS NEGÓCIOS NA ÁREA DE SAÚDE UF Unidade da Federação Nº MEI(1)

Nº ME(2)

Nº EPP(3) Total de Pequenos Negócios

SP

São Paulo

3.363

35.078

12.818

51.259

MG

Minas Gerais

973

14.673

3.213

18.859

RJ

Rio de Janeiro

2.068

11.067

3.458

16.593

RS

Rio Grande do Sul

848

8.969

2.038

11.855

BRASIL

10.331

124.749

34.844

169.924

(*) (1) MEI – Microempreendedor Individual; (2) ME – Microempresa; (3) EPP – Empresa de Pequeno Porte. Fonte: Cadastro SEBRAE de Empresas - mar/2015.

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INDÚSTRIA Melhorar a vida A 3D Protos, especializada em impressão 3D, está entre as empresas que integram o projeto. Aliando tecnologia à saúde, trabalha com três linhas de produtos: a primeira, chamada Reabilita 3D, que reúne produtos, como adaptadores que ajudam a comer ou amarrar cadarços; a segunda, dedicada a produzir palmilhas personalizadas através do escaneamento do pé; e a terceira, voltada à produção de órteses termomoldadas. Com três sócios e três estagiários, a empresa, segundo o empreendedor Fernando Flores, trabalha para conhecer as necessidades das pessoas através de um levantamento realista e, baseado nele, desenvolver os produtos. “Nossa tecnologia é antiga e se popularizou bastante nos últimos anos. Nosso diferencial está no uso e no fim dessa tecnologia”, enfatiza. Através da parceria com o projeto, a companhia, que foi uma das participantes da Feira Hospitalar, foca na abertura de mercado. “A empresa existe há pouco mais de 1 ano e temos uma perspectiva muito boa. Nós testamos, desenvolvemos ideias e modelo de negócios, com o intuito de que a empresa cresça e seja reconhecida como uma empresa inovadora, que contribui para melhorar a vida das pessoas”, explica.

“A empresa existe há pouco mais de 1 ano e temos uma perspectiva muito boa. Nós testamos, desenvolvemos ideias e modelo de negócios, com o intuito de que a empresa cresça e seja reconhecida como uma empresa inovadora, que contribui para melhorar a vida das pessoas.” Fernando Flores, sócio da 3D Protos

questão econômica, nossos principais concorrentes são produtos importados, o que nos dá uma ótima expectativa de crescimento”, conclui.

Gestão da saúde Na análise de Fernando, a indústria da saúde tem um pouco mais de imunidade à crise, quando comparada aos demais setores. Ele leva em consideração a relevância da área, que, muitas vezes, coloca-a nas últimas posições na lista de cortes de orçamento das pessoas. Ele também vislumbra a parcela de mercado hoje desfrutada por companhias internacionais. “Quanto à

O Brasil é o terceiro maior mercado mundial na saúde, assim, há interesse de empresas internacionais de se fazerem presentes de diferentes formas, não apenas para vender produtos e serviços, mas também para investir adquirindo empresas e/ou fazendo fusões e joint ventures, ressalta a coordenadora de saúde do SEBRAE Nacional, Léa Lagares.

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INDÚSTRIA A instabilidade econômica enfrentada pelo Brasil vem afetando o setor de saúde, com o aumento do índice de desemprego, situações de descredenciamento de profissionais e/ou empresas prestadoras de serviços, por parte de planos de saúde e seguradoras, além de cortes nas despesas pessoais, no caso, com os planos de saúde. Por outro lado, os momentos de crise, enfatiza Léa, apresentam também oportunidades e, para tal, os empresários precisam estar atentos e preparados para se diferenciar dos demais, seja por questões tecnológicas, seja inovações ou na gestão. Os profissionais da saúde que gerenciam seus negócios e que têm apostado na capacitação como gestores vêm se destacando. E o SEBRAE tem investido, através de diversos projetos, na formação de empreendedores com foco na gestão, mercado, inovação, tecnologias, certificação e acreditação.”Temos ainda diversos projetos com startups digitais e negócios de impacto social, ambos em saúde”, acrescenta Léa. Com a modernização dos negócios, é necessário atentar não apenas às novas tecnologias e inovações, mas também ao relacionamento com o cliente, com acompanhamento do cadastro e novos mercados, como é o caso das classes C e D. “É fundamental que os empresários estejam atentos às novas modelagens de negócios, nas parcerias, nos altos custos dos produtos e serviços e, especialmente, nos desperdícios de diferentes áreas, e, assim, o SEBRAE vem colocando à disposição dos empresários projetos de encadeamento produtivo, que aproximam

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grandes e pequenas empresas de uma mesma cadeia de valor, e também a filosofia Lean, que melhora a produtividade do negócio ao focar no valor agregado para o cliente e na eliminação de desperdícios”, esclarece. Léa também chama a atenção para o fato de que muitos cursos de graduação nas áreas da saúde não oferecem cadeiras de empreendedorismo, no entanto, quando se formam, os profissionais abrem um consultório ou uma clínica, uma empresa que, como tal, precisa ser bem gerida para ter resultado. “O SEBRAE tem desenvolvido diversos projetos, sensibilizando as universidades quanto à necessidade de inclusão de cadeiras de empreendedorismo, buscando preparar esses profissionais para serem gestores. Sem essa capacitação, é muito difícil gerir um negócio, especialmente, em uma área tão regulamentada como a saúde”, conclui. (KV)

“O SEBRAE tem desenvolvido diversos projetos, sensibilizando as universidades quanto à necessidade de inclusão de cadeiras de empreendedorismo, buscando preparar esses profissionais para serem gestores. Sem essa capacitação, é muito difícil gerir um negócio, especialmente, em uma área tão regulamentada como a saúde.” Léa Lagares, coordenadora de saúde do SEBRAE Nacional


INOVAÇÃO

Mais estímulo à inovação Com capacidade de realização e alto potencial de crescimento, as startups do interior do Rio Grande do Sul ganham espaço em programa do SEBRAE

E

mpresas jovens, ideias inovadoras e equipes enxutas dispostas a experimentar e encontrar o modelo de negócio viável ao seu produto. Assim, trabalham centenas de startups no Rio Grande do Sul. Embora a concentração de empresas que operam nesse formato esteja localizada especialmente na Grande Porto Alegre, não há como fechar os olhos à potencial capacidade de execução e crescimento que surge de outras regiões. Apenas nos quadros da Associação Gaúcha de Startups (AGS), são cerca de 400 startups e 1.700 pessoas no setor. A entidade mantém um mapa (www.agstartups.net), através do qual é possível analisar a segmentação por áreas de atuação, modelo de negócios, se já receberam investimentos ou não, entre outras informações. É com base nessa ferramenta que o presidente da AGS, Thomás Capiotti, destaca outros dois pontos de concentração de startups – a Serra Gaúcha e a região Central – e os indícios da dissemi-

nação em território gaúcho. “Depois, temos mais de 20 cidades onde há concentração de startups, com destaque para o Norte do Estado, no eixo Passo Fundo-Erechim, para o Sul, em Rio Grande-Pelotas, e até Alegrete”, revela. Esse potencial também está na mira do SEBRAE/RS, que se prepara para colocar em prática uma nova fase do programa Startup RS. Em operação desde 2015, a iniciativa – que estimula e promove negócios inovadores em formatos, como aplica-

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INOVAÇÃO tivos, soluções web, games, e-commerce e marktplace direcionados para diferentes áreas – agora receberá ações de fomento a startups no interior do Estado. “A interiorização é resultado de um mapeamento que nos trouxe a constatação de algumas áreas carentes do ecossistema. Hoje, as ferramentas para startups desenvolverem produtos e se conectarem com investidores estão bastante concentradas nos grandes centros, Porto Alegre, Região Metropolitana, onde estão as aceleradoras e os parques tecnológicos”, esclarece o gestor do programa, João Antônio Pinheiro Neto. A próxima turma do Startup RS deverá contemplar negócios do interior, sem que os empreendedores precisem se deslocar por longas distâncias para participar das atividades. As tarefas, que devem ter início em agosto, irão ocorrer na mesma cidade, junto ao SEBRAE local ou a parceiros. Como nas demais edições, as selecionadas participarão de ações para a modelagem de negócios, validação de mercado, consultoria, workshops, mentoria e pitch para investidores, no demoday, evento de encerramento do programa em que são escolhidas as startups destaque do programa. “Elas recebem um período de pré-incubação, cursos, missões internacionais. Neste ano, teremos missões para Portugal e Reino Unido”, adianta o gestor.

Mercado em expansão Com sua proposta de oferecer mentorias e pré-aceleração, o programa é um dos destaques de Capiotti quando fala sobre o acolhimento desses negócios no Rio Grande do Sul. Quando analisa o mercado, o presidente da AGS afirma que a re-

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ceptividade a startups tem sido muito positiva, mas admite que ainda é necessária a disseminação desse conceito. “Há iniciativas pontuais de incentivo com algumas ações sendo feitas, porém, estamos longe de ser um Vale do Silício, Chile ou Israel como paraíso para as startups”, reconhece. Ainda assim, ele ressalta que o Brasil possui um dos mercados mais aquecidos da América Latina. “Em diversos setores, a economia se movimenta, o setor de TI é um dos mais privilegiados, inclusive com a crise”, acrescenta. Para o CEO da Planejei, Lucas Montano, as perspectivas sobre o contexto nacional apontam para um cenário positivo a quem busca por investimentos. “Estamos vivendo um momento único, principalmente para startups em early stage (startups que estão em sua fase inicial). Eu diria que existem mais oportunidades de aceleração e incentivos com equity free, do que boas ideias no mercado”, considera ele, cuja empresa foi um dos destaques do segundo ciclo do programa Startup RS. Também há quem constate um aumento no apetite pelo empreendedorismo e pelo risco, principalmente, na nova geração. É o caso do CEO da Superplayer, Gustavo Goldschimdt, que afirma: “Isso faz com que novas startups nasçam e que seja mais fácil elas recrutarem talentos. No entanto, vivemos um momento difícil na economia brasileira e mundial, o que já começou e continuará a impactar negativamente este movimento”. Ele, que já integrou a banca do programa Startup RS, considera que os empreendedores estão muito mais maduros. “Todos


INOVAÇÃO já conhecem as filosofias por trás da descoberta de clientes e experimentação e estão indo atrás de aprendizado validado de fato”, reflete.

Rupturas Se o valor da ideia está na execução, para as startups, essa máxima vai um pouco além, demonstra Capiotti. “A atitude, nesse caso, é o que faz a diferença. Para as startups, o divisor de águas é a inovação”, enfatiza. Segundo ele, esses empreendimentos, utilizando-se do meio digital, solucionam problemas latentes de empresas, o chamado business to business (B2B), ou de pessoas, business to consumer (B2C), com seu modelo de negócios. “Nesse modelo, vários fatores são levados em consideração – como a inovação, a escalabilidade e as metodologias Lean – para poder crescer utilizando os mínimos recursos necessários. É por isso que as startups acabam crescendo em taxas mais agressivas do que empresas consolidadas de setores tradicionais”, esclarece. A Planejei, que oferece como produto um aplicativo para finanças pessoais, tem a convicção de que sua missão é contribuir para uma mudança de curso no sistema financeiro. “Trazer inovação para o mercado financeiro no Brasil, com uma proposta disruptiva, tem sido o nosso maior desafio. Entregar uma solução inovadora requer trabalhar com o que as pessoas não conhecem. A criação do Marvin, nosso robô assistente, só foi possível através do nosso time dedicado a inovar e dos parceiros certos, como a Porto Seguro e o SEBRAE”, relata Montano, ao lembrar que a participação no Startup RS contribuiu na

“Trazer inovação para o mercado financeiro no Brasil, com uma proposta disruptiva, tem sido o nosso maior desafio. Entregar uma solução inovadora requer trabalhar com o que as pessoas não conhecem. A criação do Marvin, nosso robô assistente, só foi possível através do nosso time dedicado a inovar e dos parceiros certos, como a Porto Seguro e o SEBRAE.” Lucas Montano, CEO da Planejei

identificação de oportunidades, na análise de ideias e na concepção de uma proposta de valor forte. Estruturar uma equipe que possibilite o desenvolvimento do produto também foi uma dificuldade enfrentada pelo CEO da Superplayer, serviço de streaming de música que oferece listas e estações de rádio criadas por especialistas e organizadas por gêneros, atividades e estado de espírito. “As dificuldades acompanham o empreendedor ao longo de todo o caminho. No início, é montar um time que possibilite o desenvolvimento do produto, mesmo sem ter dinheiro”, diz Goldschmidt. Com poucos recursos iniciais, as startups precisam operar com estruturas enxutas e profissionais capacitados. É por isso que, a quem pretende empreender

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INOVAÇÃO em uma startup, Montano sugere atenção total à equipe. “Monte um time vencedor. Esta é a tarefa mais importante e difícil de um empreendedor”, alerta.

Em aquecimento Além da formação do quadro de funcionários, outro desafio está na captação de investimentos para garantir o crescimento do negócio. Desde a participação no Startup RS, onde foi destaque no demoday, a Planejei despertou o interesse da Porto Seguro e também conquistou, através da Oxigênio Aceleradora, investimentos pela Plug&Play, localizada no Vale do Silício, nos Estados Unidos. Para este ano, a meta, diz o empreendedor, é continuar entregando o melhor em experiência de finanças pessoais e ajudar as pessoas a realizarem seus sonhos, através do planejamento. “2015 foi um excelente ano, e esperamos muito mais de 2016”, adianta Montano.

“As dificuldades acompanham o empreendedor ao longo de todo o caminho. No início, é montar um time que possibilite o desenvolvimento do produto, mesmo sem ter dinheiro.” Gustavo Goldschmidt, CEO da Superplayer

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Com 3 anos de operação, a Superplayer tem alcançado bom desempenho nesse quesito. Já foi selecionada para o programa Startup Brasil e Aceleração pela 21212, para o Promessas Endeavor SP, recebeu investimento da Movile — empresa de aplicativos móveis da América Latina —, além de aceleração global pelo Google Launchpad e seleção como Top Developer no Google Play. Ainda foi reconhecida no Top de Marketing ADVB-RS e finalista na categoria de produtos inovadores no prêmio da música digital DMX Awards (Digital Music Experience). Agora, o foco está na busca por novos diferenciais competitivos. “Vislumbramos uma nova era tecnológica que envolve messaging e inteligência artificial, na qual estamos investindo muito forte. Já temos mais de 1 milhão de usuários por mês no Superplayer e acreditamos que essas novas tecnologias nos levarão de 1 a 100 milhões de usuários nos próximos 5 anos”, revela. (KV)


INOVAÇÃO

É ESSENCIAL Antes de montar uma startup, é importante pensar e definir alguns aspectos: • Analise oportunidades Analise oportunidades e a si mesmo, verifique se há espaço no mercado e se você tem as competências necessárias.

• Valide a ideia Converse diretamente com os clientes, escute-os e crie soluções que, de fato, resolvam um problema.

• Tenha um modelo de negócio Tenha clareza sobre o modelo de negócio que pretende testar, o valor do produto e a forma como ganhar dinheiro.

• Conheça seu público Vale o clássico encostar a “barriga no balcão” e as pesquisas de mercado. O relevante é saber para quem está criando.

• Domine o setor Se você não tem domínio da área em que está empreendendo, traga para a equipe alguém que o tenha.

• Tenha um protótipo Quem vai em busca de investidor deve ter um protótipo. Sem ele, as chances de obter o incentivo esperado são bastante reduzidas.

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NOVIDADES E OPORTUNIDADES

Conhecimento a poucos cliques Com o intuito de informar e capacitar o empreendedor com rapidez, o SEBRAE/RS investe em diferentes modelos de soluções digitais

S

e na sociedade atual o tempo para deslocamento tem se tornado mais restrito, aprofundar o conhecimento sobre empreendedorismo está cada vez mais fácil. Seja com e-books, palestras ou consultorias, o SEBRAE/RS tem apostado em diferentes formatos de comunicação para transmitir conhecimentos e capacitar os empreendedores de forma ágil e com a mesma qualidade oferecida em seus projetos presenciais.

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NOVIDADES E OPORTUNIDADES

A entidade tem focado em ampliar o trabalho a distância através de soluções digitais e também dando aos materiais impressos uma forma virtual. “O propósito é entregar informações com mais rapidez, sem a necessidade de deslocamentos. As pessoas cada vez têm menos tempo para estar em cursos e capacitações presenciais. Com as soluções digitais, o empreendedor pode ter a mesma informação dentro da sua empresa, na residência, onde estiver. Com isso, ganha tempo disponível para focar no negócio dele”, enfatiza a gerente de Soluções do SEBRAE/RS, Ana Claudia Monticelli. Um dos serviços online lançado mais recentemente é a consultoria online gratuita, que são orientações individuais nos escopos de finanças, gestão de pessoas e marketing, de forma personalizada e gratuita. Lançada em fevereiro, a consultoria online teve aceitação positiva, que fez a entidade ampliar a agenda de horários semanalmente ofereci-

da através do site do SEBRAE/RS. O atendimento acontece através de vídeo, pela internet, a partir de um link enviado por e-mail na confirmação da consultoria. O serviço é realizado com recurso de áudio e vídeo pela internet, sendo recomendada uma conexão mínima de 1Mb em banda larga.

Diagnóstico e solução Durante o atendimento, o consultor realiza o levantamento de necessidades, que são informações sobre a empresa de acordo com o escopo escolhido pelo cliente, que dá origem a um diagnóstico objetivo e rápido. “No caso de finanças, por exemplo, são perguntas sobre a gestão financeira da empresa, com a intenção de mapear o funcionamento naquele negócio. O participante recebe orientações sobre importância das informações, dados e controles de cada escopo do negócio. Com base nessas informações, é realizada uma orientação do que é necessário para compor

Consultoria

Online

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NOVIDADES E OPORTUNIDADES os controles diários e as práticas, apresentando ferramentas para inserção das informações, realização da gestão, reflexão para tomada de decisões com toda didática de preenchimento, dicas e importância da coleta das informações, como atividade diária. E muitos voltam a fazer a consultoria, dando seguimento a outros escopos”, explica Ana Claudia. Com base nessa análise, são trabalhadas ferramentas e sugeridas capacitações e até outras consultorias, se constatada a necessidade. O cliente obtém noções de fluxo de caixa, planilhas e ferramentas que possibilitam levar o trabalho adiante e, ao fim, recebe ainda um e-mail apresentando o relatório completo do atendimento. “Definimos os temas mais procurados nas consultorias, com a intenção especial de fazer uma entrega para o cliente. Futuramente, pretendemos expandir os assuntos”, projeta a técnica da gerência de Soluções do SEBRAE/RS, Marie Fabre. Conforme Marie, a criação dos serviços de atendimento online atende à crescente demanda do empresário, que passou a ter uma vida mais articulada. “Isso, muitas vezes, restringe o acesso a capacitações e conhecimentos. É uma tendência de serviços online, além dos cursos presenciais, como forma de evitar o deslocamento de empresários, que têm dificuldades em se ausentar da empresa. Assim, eles podem interagir, fazer perguntas, aprimorar seus negócios sem precisar enfrentar o trânsito”, justifica. Com o modelo baseado em programa do

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“Assim, eles podem interagir, fazer perguntas, aprimorar seus negócios sem precisar enfrentar o trânsito.” Marie Fabre, técnica da gerência de Soluções do SEBRAE/RS

SEBRAE/SP, a facilidade de agendamento das consultorias tem feito os horários disponibilizados serem preenchidos rapidamente. “A expectativa é, em breve, ter o projeto ampliado, com a possibilidade de criação de novos formatos e serviços. É uma tendência, um caminho sem volta, tudo com o intuito de facilitar o acesso do empreendedor”, conclui Marie.

Para ler e assistir

Outra solução apresentada e com foco em ações a serem aplicadas no dia a dia é a cartilha “Crise – Como passar por ela”, que trata de temas estratégicos. O S material foi disponibilizaRIC C do impresso nas unidades O CM C S SEBRAE e para download PA SRP e está formulado como um PO P passo a passo. Por exemplo, quando o assunto é corte de gastos, sugere métodos para economizar sem reduzir a qualidade do serviço oferecido. Caso o desligamento de funcionários torna-se inevitável, a cartilha orienta as decisões com base em análises de perfil e desempenho dos colaborado-


NOVIDADES E OPORTUNIDADES res. Ainda há dicas para busca de empréstimo e gestão de capital de giro, entre outros aspectos.

depois. “Já pudemos perceber a atratividade e interesse gerado pelas palestras”, constata Ana Claudia.

A cartilha inspirou um ciclo de palestras online, no qual as mesmas temáticas recebem uma análise mais aprofundada, em aspectos relevantes como gestão de custos e relacionamento com o cliente, por exemplo. “São empresários, pessoas que vivenciaram situações e que compartilham essas experiências com todos, o que gera identificação e inspira a superação”, declara Ana Claudia. Outros destaques das palestras foram as edições que trouxeram as tendências mundiais para o varejo, a partir da participação do coordenador de projetos de qualificação de empresas para o setor de comércio varejista do SEBRAE/RS, Fabiano Zortéa, na maior feira do setor: a NRF BIG Show 2016, em Nova Iorque.

A perspectiva, segundo a gerente de Soluções, é que os produtos voltados à capacitação sejam cada vez mais pensados com um olhar voltado para a questão virtual. E a variedade ofertada também deve crescer. “Estamos com um trabalho de levantamento do ambiente online e a ideia é que se possa potencializar em breve essas soluções, oferecendo uma linha de minicursos, palestras gravadas que o cliente poderá assistir quando quiser, além de e-books e vídeos. Queremos ampliar as tipologias de soluções para esse ambiente virtual. E já temos um projeto para aumentar esse leque de soluções no segundo semestre”, adianta.

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Conforme a gerente, as palestras têm alcançado um expressivo número de participantes. Ela também ressalta que os acessos acontecem de forma muito dinâmica, uma vez que a transmissão é ao vivo, mas todo o conteúdo permanece disponível para assistir

“Estamos com um trabalho de levantamento do ambiente online e a ideia é que se possa potencializar em breve essas soluções, oferecendo uma linha de minicursos, palestras gravadas que o cliente poderá assistir quando quiser, além de e-books e vídeos. Queremos ampliar as tipologias de soluções para esse ambiente virtual. E já temos um projeto para aumentar esse leque de soluções no segundo semestre.” Ana Claudia Monticelli, gerente de Soluções do SEBRAE/RS

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NOVIDADES E OPORTUNIDADES Eles aprovam Os donos de pequenos negócios têm encontrado na consultoria online uma maneira de aprimorar as práticas administrativas. Um exemplo é o de Gabriela Duarte Lamb, proprietária da Arte Móveis Design, loja de móveis planejados que funciona desde 2012 em Vacaria. Foi através de e-mail que Gabriela tomou conhecimento do serviço e viu ali uma oportunidade de conhecer os pontos em que podia melhorar em sua empresa. Após participar da Consultoria em Gestão de Pessoas, ela conta que já aplicou algumas mudanças na empresa, a fim de motivar os funcionários. “Agora, temos uma cesta de benefícios, e os colaboradores que atingem os melhores resultados podem escolher entre vários modelos, como o vale-beleza, o vale-churrasco ou o vale-gasolina”, relata ela, que também adotou uma cartilha de integração do colaborador. O Comercial Infinito, de Bom Jesus, também contou com o serviço de consultoria online. O empreendedor Marcos de Amorim Figueiredo mantém há 2 anos uma empresa dedicada à venda de acessórios e peças automotivas, entre outras utilidades. Ela afirma que vê nas consultorias uma oportunidade de troca de ideias. “Os técnicos têm uma preocupação com teorias e fundamentos da administração, que, muitas vezes, acaba-se deixando de lado. O dia a dia faz com que a gente acabe perdendo a estruturação”, reconhece. Marcos conta que se concentrava nos aspectos práticos do negócio e sentia a necessidade de agregar algo diferente.

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Assim, buscou o atendimento online e já está aplicando algumas das orientações recebidas. “Existem alguns cuidados que vão escapando de nós no dia a dia, como o plano de carreira, e acabam desmotivando os funcionários. A máquina da empresa é movida por pessoas. A consultoria lembra disso e acaba mudando o pensamento”, reflete.

“Agora, temos uma cesta de benefícios, e os colaboradores que atingem os melhores resultados podem escolher entre vários modelos, como o vale-beleza, o vale-churrasco e o valegasolina.” Gabriela Duarte Lamb, proprietária da Arte Móveis Design, após participar da Consultoria em Gestão de Pessoas

“Existem alguns cuidados que vão escapando de nós no dia a dia, como o plano de carreira, e acabam desmotivando os funcionários. A máquina da empresa é movida por pessoas. A consultoria lembra disso e acaba mudando o pensamento.” Marcos de Amorim Figueiredo, proprietário do Comercial Infinito, após utilizar o seviço da consultoria online


NOVIDADES E OPORTUNIDADES Para qualquer hora Além das consultorias online, palestras e da cartilha “Crise: como passar por ela”, o SEBRAE/RS disponibiliza outros cinco e-books da série “O que o empreendedor quer saber”. O primeiro desse conjunto responde aos principais questionamentos dos empreendedores durante os atendimentos, com relação às áreas de finanças, mercado, pessoas e leis e normas. Como saber se está tendo lucro ou calcular o ponto de equilíbrio? Como avaliar o perfil de um candidato durante a entrevista? Como aumentar as vendas, definir metas e fidelizar clientes? As respostas estão no material, que ainda traz as orientações sobre a abertura de empresa e emissão de documentos.

candidato, até contratação, custo de um empregado e pagamento de férias, abono e verbas de rescisão. Como motivar os funcionários, transformar chefes em líderes e avaliar os colaboradores também são assuntos abordados. O e-book sobre vendas trata de planejamento, elaboração de estratégias, estruturação de equipe e uso de novos canais, como e-commerce e redes sociais para divulgação da empresa. Há ainda uma cartilha específica para os produtores rurais. As respostas que ajudam a gerenciar uma propriedade com melhores resultados estão divididas em gestão de propriedade rural, finanças, pessoas, mercado e obrigações legais e ambientais. (KV)

Para quem pretende aprofundar o conhecimento nos temas finanças, gestão de pessoas e vendas, a série oferece cartilhas dedicadas integralmente a esses temas. Na área financeira, é possível aprender da forma mais adequada de controlar suas vendas a prazo por cliente para não perder o controle até calcular o valor do patrimônio da empresa e como analisar o desempenho do negócio. Em gestão de pessoas, o leitor recebe orientações desde a definição de perfil do

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CASOS DE SUCESSO

SIGA O EXEMPLO “Minha empresa nasceu de um evento traumático da minha família. No ano passado, meu pai sofreu um infarto e precisou passar por cirurgia. A recuperação foi lenta e o obrigou a passar por uma reeducação alimentar já que ele deveria cortar o sal da sua dieta. Como sempre amei cozinhar, comecei a produzir temperos para o meu pai, produzidos a partir de sal com baixo teor de sódio e ervas frescas. Mais tarde, ele deu uma das minhas receitas de presente para seu cardiologista, que viu potencial no meu produto e o levou até o Instituto Adolfo Lutz. A partir daí, entendi que tinha uma grande oportunidade em mãos e busquei o SEBRAE/RS para colocá-la em prática. Participei da Palestra de Sensibilização do MEI e me formalizei. Também contei com o apoio do SEBRAE/RS para registrar a patente do meu produto. Hoje, a minha indústria é a única da América Latina que tem autorização para produzir temperos a partir de sal light. Meu produto também já está sendo vendido na maior rede de supermercados do Rio Grande do Sul, o que me fez migrar para categoria Microempresa.” Gabriela Costa Dias – Porto Alegre Tutti Temperos para Vida

“Nossa empresa nasceu em 2003, em uma incubadora tecnológica da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Em 2007, concluímos essa fase e abrimos uma loja para desenvolvimento de softwares sob demanda no centro da cidade. Naquela época, éramos como um restaurante que vende boa comida, mas não é reconhecido por nenhum prato especial. Isso começou a mudar a partir do apoio do SEBRAE/RS. Participamos do Programa de Indicadores de Desempenho ao longo de todo o ano passado e do Programa Cultlíder. Foi quando descobrimos nossa especialização no desenvolvimento de softwares para concessionárias de energia elétrica. Nosso produto analisa a frequência e a duração das quedas de energia. Esse gerenciamento permite um sistema mais eficaz e com menos riscos de apagões. Enxergar essa especialização nos ajudou a reposicionar o negócio, que deve migrar de Microempresa para Empresa de Pequeno Porte ainda em 2016.” Santos Pedrozo Viana – Santa Maria Megatecnologia

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CASOS DE SUCESSO

Palestra de Sensibilização do MEI Palestra que visa esclarecer, aos potenciais empresários com ideia de negócio ou com experiência de trabalhar por conta própria, os principais assuntos acerca da figura do Microempreendedor Individual (MEI), tais como: O que preciso para ser um MEI? Quais as atividades permitidas e quais as vetadas? Qual o custo de formalização? Quais os benefícios da formalização? Investimento: Gratuito

Curso Cultlíder – Cultura da Liderança O objetivo do curso é oferecer condições para que os participantes compreendam a importância de se trabalhar a visão sistêmica de uma liderança motivada e orientada para melhores resultados na transformação da sociedade e adotem atitudes de um líder empreendedor, transformador, ético, criativo e inovador para o fortalecimento dos talentos do grupo. Investimento: R$ 120,00

“Meu esposo era franqueado de uma agência de turismo e eu funcionária de uma multinacional quando decidimos empreender juntos. Abrimos a nossa empresa, a Companhia do Viajante, há 3 anos, em São Leopoldo. Nessa época, e antes de deixar meu antigo emprego, busquei qualificação sobre gestão de empresas. Cheguei ao Empretec em novembro de 2014, por indicação de amigos que já tinham cursado, e posso dizer que os resultados para o meu negócio têm sido fantásticos. O seminário desperta nossa capacidade empreendedora e nos faz entender que as soluções para o nosso negócio estão nas nossas mãos. Não adianta ficar culpando a situação econômica do País, a alta do dólar, o governo. Eu enxerguei isso e, por isso, incentivei muito o meu esposo e sócio para que ele fizesse o Empretec também. Ele cursou ano passado, o que complementou nosso olhar estratégico para a empresa.” Greice Bauer – São Leopoldo Companhia do Viajante

Empretec Empretec é um seminário vivencial desenvolvido pela Organização das Nações Unidas – (ONU), que testa e potencializa o comportamento do empreendedor. São seis dias (60h) de treinamento intensivo, nas quais o participante encara seus medos, acorda para oportunidades, enfrenta limitações e fortalece habilidades. Para participar, é necessário antes acompanhar a palestra de apresentação e a passar por entrevista de seleção. Investimento: Entrevista: R$ 100,00 Seminário: R$ 1.200,00 Pessoa Física e R$ 900,00 Pessoa Jurídica

Acesse nossa agenda de cursos e veja quando eles serão realizados na sua região:

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PRÊMIOS

O negócio rural na rota do turismo As atrações do interior de Gramado agora estão no roteiro de viagens. Conheça o projeto “A pequena empresa e o melhor destino turístico do Brasil” vencedor nacional do Prêmio SEBRAE Prefeito Empreendedor

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resença constante na lista dos melhores destinos de viagem do Brasil, elaborada anualmente pelo site TripAdvisor, Gramado tem mostrado que suas atrações vão muito além do clima frio e dos grandes eventos com públicos já consolidados. Com mais de 80% de sua economia voltada ao setor turístico, o município dedica-se para inserir as empresas do campo e toda a sua área rural no roteiro dos visitantes. Esse é o objetivo principal do projeto “A pequena empresa e o melhor destino turístico do Brasil — Uma parceria de sucesso”, reconhecido como o Melhor Projeto Estadual e Nacional — Região Sul no Prêmio SEBRAE Prefeito Empreendedor.

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PRÊMIOS

A distinção valoriza gestores que implementam projetos de estímulo ao surgimento e ao desenvolvimento das micro e pequenas empresas e à modernização da gestão pública, contribuindo, de forma efetiva, para o desenvolvimento econômico e social do município. No Rio Grande do Sul, 143 cidades foram inscritas, restando 40 finalistas. “Cada prefeitura traz, em seus projetos, muita criatividade e empenho, características fundamentais ao bom gestor para ultrapassar, com êxito, as dificuldades atuais”, disse o presidente do Conselho Deliberativo Estadual do SEBRAE/RS, Carlos Sperotto. Realizador de eventos públicos, como Natal Luz, Festival de Cinema, Festa da Colônia, Festival do Chocolate, Gramado recebe mais de 6 milhões de turistas ao ano. O perfil que predomina entre os visitantes é aquele que retorna à cidade mais de uma vez ao ano. Com a intenção de explorar novos segmentos turísticos, mantendo o viajante na cidade e aumentando a média de consumo, o município olhou para as riquezas pouco exploradas, paisagens, cultura, produção agrícola e industrial: o interior de Gramado.

O projeto visa promover o desenvolvimento do setor primário, atuando na regularização de áreas rurais, ajuste da legislação municipal sobre o tema e apoio na formalização de agroindústrias. Em uma segunda etapa, promove o desenvolvimento das pequenas propriedades rurais ao inserí-las em roteiros turísticos locais e regionais. Também são realizadas melhorias nas estradas do interior, a fim de incluí-las nos roteiros turísticos, criando novos locais a serem conhecidos pelos turistas que visitam a região.

Primeiras conquistas Até o momento, a inserção das propriedades rurais no roteiro turístico; a formalização das agroindústrias; a criação da Associação da Casa do Colono, que congrega 70 famílias de agricultores; a inserção de produtos na merenda escolar do município; a pavimentação asfáltica no interior; e a parceria com agências de turismo para inserção do turismo rural foram alguns dos resultados alcançados. Ainda como parte do projeto, foi desenvolvido projeto arquitetônico para regularizar construções rurais e atualizado o sistema de efluentes gerados pela atividade rural.

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Foto: Gilmar Felix

PRÊMIOS

Nestor Tissot, prefeito de Gramado, durante cerimônia nacional de premiação, em Brasília

“Com inúmeras ações focadas no produtor rural, estamos conseguindo fazer com que os filhos retornem às propriedades de seus pais para atuar no negócio da família”, destacou o prefeito de Gramado, Nestor Tissot, ao receber o prêmio, em cerimônia que reconheceu outras 10 cidades gaúchas e que ocorreu no teatro do SESC, em Porto Alegre e, posteriormente, no SEBRAE Nacional, em Brasília. Tissot já havia conquistado o primeiro lugar nessa categoria na edição anterior, além do prêmio nacional, em Brasília, com o projeto de incentivo à movimentação turística denominado “As Pequenas Empresas em Face do Maior Evento Natalino do Brasil: Natal Luz de Gramado”. Em 2008, o município levou o primeiro troféu na categoria Melhor Projeto Estadual.

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Ainda nessa categoria, os municípios de Canoas, com o projeto “Canoas, cidade empreendedora”; Erechim, com “Balcão do empreendedor”; e Bom Princípio, com “Aprendendo a empreender”, conquistaram o segundo, terceiro e quarto lugares, respectivamente, na etapa estadual. (KV)

“Com inúmeras ações focadas no produtor rural, estamos conseguindo fazer com que os filhos retornem às propriedades de seus pais para atuar no negócio da família.” Nestor Tissot, prefeito de Gramado


Foto: Giovani Vieira

PRÊMIOS

— DESTAQUES TEMÁTICOS —

Os autores de outros seis projetos também foram reconhecidos com o Prêmio SEBRAE Prefeito Empreendedor, na etapa estadual. • Compras Governamentais de Pequenos Negócios: Claiton Gonçalves, de Farroupilha, com o projeto “Participe das Compras do Município”. • Desburocratização e Formalização: Margarete Simon Ferretti, de Nova Santa Rita, com “Nova Santa Rita Empreendedora: Menos Burocracia, mais Desenvolvimento!”. • Implementação e Institucionalização da Lei Geral das MPEs: Darci José Lauermann, de São Sebastião do Caí, com “Lei Geral Implementada — Empresa Legal Sinônimo de Desenvolvimento Local”. • Inclusão Produtiva com Segurança Sanitária: José Fortunati, de Porto Alegre, com o projeto “Unindo Forças, Quebrando Paradigmas”. • Inovação e Sustentabilidade: Luciano Azevedo, de Passo Fundo, com “PEDEL — Plano Estratégico de Desenvolvimento Econômico Local do Município de Passo Fundo”. • Municípios Integrantes do G100: Valdir Bonato, de Viamão, com “Transformação — Do Lixo ao Luxo”. • Pequenos Negócios no Campo: Nestor Tissot, de Gramado, com “O Pequeno Negócio no Campo em Conexão com o Melhor Destino Turístico do Brasil”.

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POR RENATA CERINI

GUILHERME AFIF DOMINGOS, PRESIDENTE DO SEBRAE

“DE CADA 10 BRASILEIROS ADULTOS, QUATRO JÁ POSSUEM OU ESTÃO ENVOLVIDOS COM A CRIAÇÃO DE UMA EMPRESA.”

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Foto: Renata Castello Branco

ENTREVISTA


ENTREVISTA ENTREVISTA

Guilherme Afif Domingos, 72 anos, é natural de São Paulo. Administrador de empresas, empresário e político, desde muito cedo, iniciou seu trabalho em prol das micro e pequenas empresas (MPEs). Nos últimos cinco anos, esteve em destaque no cenário político nacional, atuando como vice-governador de São Paulo, entre 2011 e 2014, e ministro-chefe da Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência da República (2013 a 2015). Em outubro do ano passado, assumiu um novo desafio em sua carreira como presidente do SEBRAE, entidade privada que promove a competitividade e o desenvolvimento sustentável dos empreendimentos de micro e pequeno portes, aqueles com faturamento bruto anual de até R$ 3,6 milhões. Na entrevista que segue, o leitor poderá conhecer um pouco mais de sua trajetória como homem público, bem como suas prioridades à frente do SEBRAE.

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ENTREVISTA

Mais SEBRAE: Presidente Afif, o senhor tem uma caminhada antiga em prol das micro e pequenas empresas. Quando e como foi o início desse trabalho com foco nos pequenos negócios? Afif Domingos – Estou envolvido com a mobilização em favor das micro e pequenas empresas (MPEs) há mais de 35 anos, quando promovi os primeiros congressos para debater sobre as MPEs, à frente do Banco de Desenvolvimento do Estado de São Paulo. Quatro anos depois, na Associação Comercial de São Paulo, mobilizei o Brasil pelo Estatuto da Micro e Pequena Empresa – embrião do Simples Nacional, que hoje facilita a vida de milhões de pequenos empresários brasileiros. O Simples estava previsto no artigo 179 da Constituição, da qual participei em sua elaboração quando deputado constituinte. O regime foi aprovado em 1996, quando presidi o Conselho do SEBRAE. Também trabalhei pela criação da figura do Microempreendedor Individual (MEI), que legaliza o trabalho de quem está na informalidade e garante direitos previdenciários para o empresário, como auxílio-doença e maternidade. Procuro atuar em várias frentes e com os mais diversos segmentos, independente de grupos políticos, porque uma das

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minhas maiores lutas é tornar a vida das pessoas mais simples, com menos burocracia e tributação. Mais SEBRAE: Na sua opinião, quais são os principais avanços obtidos pelas MPEs nesses últimos anos? Afif Domingos – Nos últimos anos, o ambiente de negócios melhorou muito no Brasil. Tivemos muitos avanços após a criação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, que estabelece um tratamento diferenciado com menos tributos e menos burocracia para o empreendedor de pequeno porte no País. Além do Simples Nacional, essa lei permitiu a criação da figura do Microempreendedor Individual (MEI), que possibilitou que milhões de pessoas se formalizassem sem burocracia e com um custo mensal bem baixo. Atualmente, temos 5,8 milhões de MEIs formalizados no Brasil, o que mostra a força e a vontade do brasileiro em empreender, muito destacado também pela pesquisa GEM – Global Entrepreneurship Monitor de 2015. O estudo apontou a maior taxa de empreendedorismo nos últimos 14 anos: 39,3%. Ou seja, de cada 10 brasileiros adultos, quatro já possuem ou estão envolvidos com a criação de uma empresa.

Mais SEBRAE: O senhor assumiu o SEBRAE em outubro do ano passado. Quais são as suas principais bandeiras enquanto presidente da instituição? Afif Domingos – Meu trabalho no SEBRAE está focado na elaboração de políticas públicas para os pequenos negócios junto ao poder público. Hoje, muitas das políticas do Brasil estão voltadas para as grandes empresas, mas quem gera emprego e renda, na verdade, são as pequenas. Temos trabalhado para combater abusos, como a decisão do Confaz, que começou a valer no início do ano, e que obriga as empresas a se cadastrarem e pagarem mais ICMS em cada uma das Secretarias de Fazenda dos estados de destino dos seus produtos. Isso aumentou os custos e burocratizou todo o processo. Entramos com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) e conseguimos uma liminar para suspender essa decisão. Também temos atuado fortemente no Congresso Nacional para conseguir a aprovação do Projeto de Lei Crescer Sem Medo (PLC 215/2015), que prevê uma nova revisão do Simples Nacional, assegurando a progressividade das alíquotas de impostos em uma rampa suave. Quando o empresário superar os atuais R$ 3,6 milhões


ENTREVISTA

Mais SEBRAE: Nesse momento em que muitos brasileiros estão optando pelo empreendedorismo, qual é o seu conselho para essas pessoas que estão se aventurando no mundo dos negócios?

bem. Em qualquer tempo, é possível identificar oportunidades de empreender. O que vai ampliar as chances de crescimento de um novo negócio não é a época em que ele foi criado, ou mesmo a área de atuação, e sim o tempo dedicado ao planejamento antes da abertura da empresa.

Foto: Luiz Prado

de faturamento bruto anual (teto atual do Simples), terá uma transição mais lenta até entrar totalmente na forma de tributação pelo lucro presumido. Outro aspecto do projeto Crescer Sem Medo é a criação da Empresa Simples de Crédito (ESC), que visa aumentar a oferta de crédito aos donos de pequenos negócios. Vivemos um momento em que cada vez está mais difícil para o dono de uma pequena empresa conseguir crédito para manter o seu capital de giro e aumentar os investimentos. O Brasil, hoje, tem um dos sistemas financeiros mais concentrados do mundo. A proposta da ESC é a pessoa física emprestar seu dinheiro ao pequeno empresário, dentro do seu município, com juros mais baixos. A ESC, junto com o projeto Crescer Sem Medo, aguarda votação no Senado Federal.

“Atualmente, temos 5,8 milhões de MEIs formalizados no Brasil, o que mostra a força e a vontade do brasileiro em empreender.”

Afif Domingos – Nunca vai existir um momento ideal para abrir um novo negócio ou expandir a empresa. Sempre haverá setores em dificuldade e outros que estão muito

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CAPA

A M U E D ADA C É A D D A A M A UM H OC Ã Ç U L O REV

L A R E G I LE

POR JOSINE HAUBERT

Sancionado em dezembro de 2006 no Brasil, o Estatuto da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, primeira política pública de âmbito nacional voltada aos pequenos negócios, tornou mais simples e justa a vida das micro e pequenas empresas do País.

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CAPA

J

á faz 10 anos que os pequenos negócios são tratados de forma mais justa no Brasil. Em 2016, o Estatuto da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte (Lei Complementar Federal 123/2006), popularmente conhecido como Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, completa uma década de existência com inúmeros motivos para ser celebrado. Consolidado sob o tripé desburocratização, desoneração tributária e incentivos, ele fortaleceu a economia no Brasil a partir da redução da informalidade, da geração de empregos e da distribuição de renda. Representa a primeira política pública de âmbito nacional voltada para essa categoria de negócios no Brasil. A Lei Geral unificou legislações existentes no País a respeito dos empreendimentos de micro e pequeno porte e tornou explícitas as obrigações e os direitos da categoria. Começou por definir uma Microempresa, que é aquela com receita bruta anual de até R$ 360 mil; depois identificou a Empresa de Pequeno Porte, que é aquela com receita bruta anual entre R$ 360 mil e R$ 3,6 milhões. Mais tarde, em 2008, a partir da Lei Complementar 128/2008, regulamentou a figura do Microempreendedor Individual. Esses valores de teto são atuais, conforme ajuste sofrido em 2011 a partir da Lei Complementar Federal 123/2011. Foi a partir da legislação, também, que nasceu o Simples Nacional, conhecido como Supersimples, e que reúne oito tributos – Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre Circu-

lação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ), Imposto sobre Serviço de Qualquer Natureza (ISS), Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), Programa de Integração Social (PIS/Pasep), Contribuição Social sobre o Lucro Líquido e Contribuição Patronal Previdenciária (CPP) – em uma só guia de pagamento. Em todo o Brasil, mais de 10 milhões de empresas já optam por esse sistema de tributação diferenciado e 6 milhões de empreendedores optaram pela adesão à figura do Microempreendedor Individual (MEI). No Rio Grande do Sul, são 737.175 negócios enquadrados no Supersimples e 345.539 empresas individuais, conforme dados de 31 de março de 2016. “A Lei Geral representa uma verdadeira revolução no cenário dos pequenos negócios. Em 10 anos, 80% dos municípios brasileiros têm a Lei Geral regulamentada e 60% implementada. Nesse período, o Brasil quintuplicou a participação das micro e pequenas empresas nas compras do Governo Federal e o processo de abertura de empresas é facilitado pela Redesimples”, exemplifica o gerente de políticas públicas do SEBRAE, Bruno Quick, que complementa: “O resultado disso é que, em uma década, o Brasil sai de um dos piores ambientes de negócios do mundo rumo a uma posição de destaque diante das economias desenvolvidas. A pequena empresa se posicionou no centro da agenda estratégica do Brasil e o empreendedorismo se tornou um valor da nossa sociedade, economia e política”.

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CAPA Desde que foi sancionada, em 2006, até hoje, a Lei Geral já sofreu uma série de alterações. Entre as mais marcantes, estão: a Lei Complementar 128/2008, que instituiu a criação do Microempreendedor Individual e do Agente de Desenvolvimento; a Lei Complementar Federal 139/2011, que corrigiu os tetos do Simples Nacional; e a Lei Complementar Federal 147/2014, que universaliza o Simples Nacional. Para o gerente de políticas públicas do SEBRAE/RS, Alessandro Machado, esse constante processo de melhoria mostra que “a Lei Geral é uma lei viva que está evoluindo para sempre ir ao encontro dos anseios da categoria e da sociedade”.

Histórico A proposta da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas foi consolidada pelo SEBRAE em atendimento a frequentes reivindicações do segmento. Mais de 6 mil empresários e especialistas foram ouvidos. Um dos marcos desse trabalho aconteceu em outubro de 2003, nas comemorações da Semana da Micro e Pequena Empresa, quando foram realizados seminários com empresários em todos os estados, os quais apontaram as principais necessidades do segmento. Nasceu aí o embrião da lei sancionada em 14 de dezembro de 2006 e que está em vigor desde o dia 15 daquele mês e ano. “O SEBRAE, que é um instrumento de política pública, cumpriu seu papel, apoiando a mobilização e subsidiando a construção do Estatuto”, lembra Quick. A luta pela lei motivou a criação, em abril de 2005, da Frente Empresarial pela Lei Geral, integrada pelas seguintes confederações nacionais: da Indústria (CNI), do Comércio (CNC), da Agricultura (CNA), dos Transpor-

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tes (CNT), de Dirigentes Lojistas (CNDL), das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), dos Jovens Empresários (Conaje), das Entidades de Micro e Pequenas Empresas (Conempec, hoje Comicro), da Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas (Fenacon), com o apoio do SEBRAE. As mobilizações recorreram a vários recursos: carreatas, debates, seminários, panfletagens e outras formas de sensibilização. Em Porto Alegre, uma carreata com a participação de mais de 1,5 mil pessoas vindas de todo o Rio Grande do Sul, entre elas, as principais lideranças empresariais e políticas do Estado, culminou com um ato na Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS). Em junho de 2005, mais de 4 mil empresários participaram da “Marcha a Brasília”, provando a força da mobilização nacional pela legislação. Nesse dia, após a realização de manifestos, foi efetuada a entrega oficial da proposta da Lei Geral, para os presidentes da República, do Senado e da Câmara. A proposta começou a tramitar oficialmente na Câmara dos Deputados, na Comissão Especial da Microempresa, em 16 de novembro de 2005, e a aprovação do substitutivo ocorreu em 13 de dezembro daquele ano. Foram longas e intensas negociações entre deputados e governo até a aprovação da proposta pelo Plenário, em 5 de setembro de 2006, após mais mobilizações de lideranças empresariais e de instituições representativas do segmento, finalizando com a entrega, ao presidente da Câmara, Aldo Rebelo, de um abaixo-assinado com 400 mil assinaturas coletadas no País pelo Sistema SEBRAE.


CAPA No Senado Federal, mais negociações se seguiram até a aprovação do texto, que ocorreu no dia 8 de novembro, mas com modificações. O projeto voltou então para a Câmara dos Deputados, onde as negociações continuaram até a última hora de votação, tendo a aprovação final ocorrida na noite do dia 22 do mesmo mês.

O MEI Ao criar a figura do empresário individual (Lei Complementar 128/2008), a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas gerou forte impacto na economia do País. Desde a sua criação até abril de 2016, 5,9 milhões de brasileiros já haviam aderido ao regime especial de formalização. 354 mil desses empreendedores estão no Rio Grande do Sul. Os números surpreendem até mesmo quem sempre acreditou na Lei Geral, como o gerente de políticas públicas do SEBRAE/RS, Alessandro Machado. “Imaginávamos que a Lei Geral seria transformadora, mas não tínhamos a ideia de que ela tomaria essa proporção gigantesca, atingindo milhares de empresas e empresários em apenas uma década”, analisa. Para ele, o MEI é, hoje, um exemplo para todo o mundo.

“A figura jurídica do empresário individual representa um ganho imensurável para nossa sociedade. Trouxe para a formalidade milhares de pessoas que empreendiam à margem e que careciam de um olhar atento do Estado para suas necessidades.” Para ser um Microempreendedor Individual, é necessário faturar no máximo até R$ 60 mil por ano e não ter participação em outra empresa como sócio ou titular. A partir disso, o profissional deve pagar mensalmente a taxa fixa de 5% do salário-mínimo do INSS, mais R$ 1,00 de ICMS se for atuar na indústria ou comércio ou R$ 5,00 de ISS se o empreendedor for do setor de serviços. A guia de pagamento DAS deve ser impressa diretamente no Portal do Empreendedor.

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CAPA

É para pessoas como Nelson Melo que a Lei Geral foi feita Nelson Amadeu Silva Melo, de Santiago, município localizado na região Central do Rio Grande do Sul, desconhecia a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas antes de abrir o próprio negócio, mas aproveitou muitos dos benefícios previstos na legislação para abrir a sua empresa: Que Luz Materiais Elétricos e Hidráulicos, em 2013.

“Eu sempre atuei nesse segmento, fui eletricista, encanador, instrutor e gerente de loja. Tinha muita experiência no ramo e um certo capital inicial quando decidi empreender. Me formalizei como Microempreendedor Individual (MEI), mas em menos de 6 meses consegui migrar para a categoria de Microempresa”, recorda. Essa transação de categoria, necessária a partir do aumento do faturamento da loja, foi simplificada a partir da legislação já vigente no País. “O processo não foi fácil, mas foi muito assertivo. Conseguimos manter o mesmo CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) e os mesmos dados da empresa, sem fechar as portas nem um único dia”, recorda Nelson. Ele contou com o apoio de um contador e do SEBRAE/RS nesse processo. No dia a dia, esposa, filho e nora ajudam o empresário no atendimento aos clientes e fornecedores.

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Crescer sem medo Para beneficiar empresários que chegaram ao teto do Simples Nacional pelo faturamento e que precisam mudar de categoria, como Nelson, tramita no Senado Federal o Crescer Sem Medo (PL 125/2015), que criará uma rampa suave de tributação progressiva para que os empresários possam sair do Simples com mais segurança, sem receio de inviabilizar seu negócio. “Neste Projeto de Lei, também estamos prevendo a criação da Empresa Simples de Crédito (ESC), cujo objetivo é expandir a oferta de financiamentos para as micro e pequenas empresas, suprindo lacunas deixadas pelos bancos”, comenta o presidente do SEBRAE, Guilherme Afif Domingos.


CAPA

Linha do Tempo Histórico da Lei Geral

1988 Constituição prevê o tratamento diferenciado para as Microempresas e Empresas de Pequeno Porte.

1984 Lei 7.256/1984: Estatuto da Microempresa.

1996 Lei 9.317/1996: Simples Federal.

1999 Lei 9.841/1999: Estatuto Federal da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte; revogação da Lei 7.256/1984.

2006 Lei Complementar Federal 123/2006: Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte; criação do Simples Nacional.

2008 Lei Complementar Federal 128/2008: criação do Microempreendedor Individual e do Agente de Desenvolvimento.

2011 Lei Complementar Federal 139/2011: Correção dos tetos do Simples Nacional; parcelamento de débitos; estímulo às exportações das micro e pequenas empresas.

2003 PEC 42/2003: definição do tratamento diferenciado para Microempresas e Empresas de Pequeno Porte através da Lei Complementar.

2007 Lei Complementar Federal 127/2007: inclusão de novas categorias de atividades no Simples Nacional.

2009 Lei Complementar Federal 133/2009: inclusão do setor cultural no Simples Nacional.

2014 Lei Complementar Federal 147/2001: universalização do Simples Nacional; blindagem do Microempreendedor Individual; regramento da Substituição Tributária. 49


GESTÃO

Foto: Banco de Imagens

A VEZ DAS MULHERES

A cada dia, mais mulheres ocupam espaços de destaque no mercado de trabalho e no meio empreendedor

E

las são maioria entre a população brasileira e, há muito tempo, buscam condições de trabalho e tratamento igualitários. Por séculos, a atuação feminina esteve atrelada às tarefas no lar e aos cuidados com a família. A luta pelo empoderamento ainda está em curso, mas algumas mudanças já são perceptíveis. Reconhecida pelo perfil multitarefa, colaborativo e comunicativo, a mulher conquista, cada vez mais, espaços de liderança no meio corporativo e sua presença entre os empreendedores iniciais quase se equipara à dos homens (49% e 51%, respectivamente). O complemento à renda da família tem deixado de ser motivo para elas empreenderem. Na análise da técnica da Gerência de Atendimento Individual do SEBRAE/RS, Ro-

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seli Martins da Rosa, as mulheres estão cada vez mais motivadas pelas oportunidades e pelo desafio. Isso impacta no mercado empreendedor, uma vez que adotam formas de gerenciar diferentes do homem. “A mulher investe na qualificação, é questionadora, curiosa, detalhista. Tem uma preocupação excepcional, lembra de mandar mensagens no aniversário e datas comemorativas, fidelizando o cliente por essas atitudes. A mulher não abre uma empresa antes de pesquisar — na emoção —, somente após ter todas as informações necessárias para gerenciar o seu negócio”, exemplifica, lembrando que o exercício de liderança e gestão de colaboradores também é diferenciada. “As mulheres não são melhores do que os homens, mas essas características impactam positivamente na gestão do negócio”, sintetiza.


GESTÃO Discriminação no ambiente de trabalho, diferença de oportunidades, salários inferiores aos oferecidos aos homens, independência financeira e família foram questões que, ao longo dos anos, levaram a mulher a empreender. “O empreendedorismo permite que as mulheres trabalhem e cuidem da família ao mesmo tempo. Oferece flexibilidade para administrar o próprio tempo, gerenciar a própria empresa, permitindo que consigam dividir o trabalho com as outras atividades familiares, com autonomia para gerenciar o seu horário”, ressalta. O negócio próprio permite gerenciar o cotidiano conforme a própria rotina, o que beneficia a empresa e a vida familiar, mas estes não são os únicos aspectos importantes para ela, segundo Roseli. “Elas exigem, antes de tudo, exercer uma atividade que as traga satisfação pessoal”, enfatiza. Criadora do Jogo de Damas (http:// jogodedamas.me) — iniciativa voltada à troca de conhecimento e de experiência entre mulheres que buscam a realização profissional —, Debora Xavier acrescenta que os motivos para as mulheres empreenderem diferem de geração para geração, podendo estar vinculados a questões econômicas e classe social, mas, de forma geral, estão relacionados a insatisfações no mercado de trabalho. “O mercado tem uma cultura corporativa criada antes do empreendedorismo feminino, quando as mulheres tinham outro papel social. As grandes empresas multinacionais estruturaram modelos de gestão em uma época, quando as mulheres não estavam inseridas no mercado de trabalho como estão hoje”, comenta.

“A mulher investe na qualificação, é questionadora, curiosa, detalhista. Tem uma preocupação excepcional, lembra de mandar mensagens no aniversário e datas comemorativas, fidelizando o cliente por essas atitudes. A mulher não abre uma empresa antes de pesquisar — na emoção —, somente após ter todas as informações necessárias para gerenciar o seu negócio.” Roseli Martins da Rosa, técnica da Gerência de Atendimento Individual do SEBRAE/RS

Desafios para superar A dupla jornada também é reconhecida por Roseli como um dos desafios do empreendedorismo feminino. “Nós, mulheres, na maioria dos casos, ainda somos responsáveis pela administração da casa, educação dos filhos, além da jornada nas suas empresas”, destaca. Geradoras de renda, elas detêm poder de consumo e, de decisão nas famílias, o que repercute diretamente na situação econômica e social do País. “Muitas empresas ainda precisam entender que as mulheres hoje são consumidor final. O poder de consumo está nas mãos delas, que decidem o que comprar”, reforça Debora. Na análise de Debora, que em 2015 foi escolhida embaixadora brasileira do Dia do Empreendedorismo Feminino, ação da Organização das Nações Unidas (ONU), ainda há dificuldades em adaptar esse cenário, o que reflete, por exemplo, em pouca divisão

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GESTÃO de tarefas de casa entre homem e mulher e em um número maior de divórcios. Esta, segundo ela, é uma das insatisfações de muitas mulheres, que acabam por ver no empreendedorismo uma alternativa que possibilite mais flexibilidade para equilibrar vida profissional e pessoal. A técnica do SEBRAE/RS acredita que ainda há muito a ser feito para diminuir a desigualdade de gêneros, evidenciada, por exemplo, na reduzida presença feminina em cargos de liderança e na disparidade salarial, que chega a alcançar 30% a menos que os homens no mesmo cargo. Outro desafio, de acordo com Roseli, é reconhecer que a mulher pode e deve empreender. “Embora o papel das mulheres empreendedoras no Brasil venha crescendo, os desafios do empreendedorismo feminino ainda são muitos. As mulheres empreendedoras são competitivas, assim como os homens. As conquistas são graduais, mas ainda existem barreiras a serem quebradas”, reflete. Nessa mesma linha, Debora considera que a mudança evolui mais com a chegada da nova geração, que impactará o mercado de trabalho com suas próprias expectativas. “Para mudar, primeiro é preciso o tempo passar. Também tem que ter iniciativa de pessoas que façam advocacy, falem com a população, ajudem a construir pesquisas acadêmicas. A partir do momento que se entende a população, a gente pode começar a mudar”, reflete. Quebra de paradigmas Sem fechar os olhos para os resquícios da época em que o mercado de trabalho era dominado por homens, a

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“Embora o papel das mulheres empreendedoras no Brasil venha crescendo, os desafios do empreendedorismo feminino ainda são muitos. As mulheres empreendedoras são competitivas, assim como os homens. As conquistas são graduais, mas ainda existem barreiras a serem quebradas.” Debora Xavier, Criadora do Jogo de Damas

proprietária da DiRaça Distribuidora de rações, Thais Bilhalba, vê o fato de ser mulher como um limitador e, ao mesmo tempo, motivador. Ela recorda que muitas pessoas associam o gênero feminino à fragilidade e inexperiência, e afirma que, por outro lado, isso “torna mais saboroso quebrar paradigmas e superar a perspectiva de que todos temos capacidade e condições de desenvolver todo e qualquer papel proposto por nossos sonhos”.


GESTÃO O interesse pelo empreendedorismo acompanha Thais desde a adolescência, quando costumava desenvolver ideias e convivia com uma vontade “quase incontrolável” de colocá-las em prática. “Algumas até funcionaram, mas sentia que era só uma etapa do desenvolvimento de uma visão amadurecida do que seria o futuro em frente a tantas possibilidades”, relata. O dom para o empreendedorismo foi preservado até a criação da DiRaça, distribuidora localizada em Gravataí e com foco em entrega em domicílio. Prestes a completar três anos no comando do negócio, a empreendedora comemora a melhoria constante nos números e o crescimento da empresa. O desempenho como gestora rendeu o segundo lugar nacional no Prêmio SEBRAE Mulher de Negócios, na categoria MEI, o que, para ela, demonstra a importância de ter disciplina, crença no que faz e superação de inseguranças. “O reconhecimento nos trouxe a certeza de que estamos no caminho certo e a vontade de fazer mais e melhor em prol da economia de nossa cidade, levando conforto e qualidade para nossos clientes e nunca deixando de lado o bem-estar animal com nossa campanha de castração ‘Mundo Melhor’”, explica. A ação destina os valores arrecadados com um produto, os ossinhos palitos, à castração de animais de rua. Além de enfrentar as expectativas impostas pelo ambiente social, para Thais, as mulheres que empreendem devem estar dispostas a vencer o próprio medo com relação à concretização dos planos. “Muitas vezes, plane-

jamos nosso negócio, idealizamos como seria a realidade e o dia a dia. Mas, quando estamos perto da realização, desistimos ou adiamos com medo de não sair como planejado, ou de não conseguir prever o real futuro ou ainda por achar que não está preparada o suficiente. O primeiro obstáculo que a mulher empreendedora tem a vencer é a falta de coragem”, resume.

“Muitas vezes, planejamos nosso negócio, idealizamos como seria a realidade e o dia a dia. Mas, quando estamos perto da realização, desistimos ou adiamos com medo de não sair como planejado, ou de não conseguir prever o real futuro ou ainda por achar que não está preparada o suficiente. O primeiro obstáculo que a mulher empreendedora tem a vencer é a falta de coragem.” Thais Bilhalba, proprietária da DiRaça Distribuidora de rações

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GESTÃO Virada de mesa Se ainda há quem associe o gênero feminino à fragilidade, a história de Yara Suñe coloca por terra esse velho entendimento. Na dor, ela encontrou forças para dar os primeiros passos no empreendedorismo. Após a perda do pai e da mãe, quando estava com 24, a agrônoma, à época recém-formada, viu-se à frente de uma propriedade rural à beira da falência. Decidiu que não venderia o bem da família, a Estância Querência, e ainda fez mais: conseguiu reerguer o negócio. “Foram 16 anos de trabalho para trazer de volta o equilíbrio. A expectativa agora é de crescimento, mesmo com a crise, que ainda não nos afetou”, revela. Para Yara, os perfis de homem e mulher são complementares para um negócio. “Antes de mim, minha mãe já havia assumido a propriedade e trabalhávamos entre iguais. Nunca me senti inferior ao homem. Os dois, homem e mulher, são bons em tudo, se complementam”, argumenta. Ela chama a atenção para as características do gênero feminino que podem ser auxiliares na gestão. “O perfil multitarefa, o olhar multidisciplinar, a própria sensibilidade, a capacidade de relacionamento e a paciência permitem uma soma importante ao negócio”. Assim como Thais, Yara também conquistou o segundo lugar nacional do Prêmio SEBRAE Mulher de Negócios, porém, na categoria Produtora Rural. A simples indicação, diz ela, já foi um reconhecimento, ao contar que o prêmio também lhe trouxe muita visibilidade. “Espero que tenha sido inspirador

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“O perfil multitarefa, o olhar multidisciplinar, a própria sensibilidade, a capacidade de relacionamento e a paciência permitem uma soma importante ao negócio.” Yara Suñé, proprietária da Estância Querência

para outras mulheres”, comenta, lembrando que o próprio SEBRAE oferece diversos programas para participar, incluindo o Juntos para Competir, que é resultado de uma parceria com FARSUL e SENAR-RS em prol do agronegócio. Na avaliação de Yara, em sua área de atuação, percebe-se que falta competitividade, pela rara presença de “mulheres que queiram aparecer e dividir com outras pessoas seus modelos de gestão, pensando o empreendedorismo coletivo”. Ela finaliza: “É importante doar tempo e pensar em construir plataformas que possibilitem essa troca. O empreendedorismo começa na propriedade,


GESTÃO mas vai muito além da propriedade”, ressalta a hoje integrante da diretoria da Federação de Agricultura do Rio Grande do Sul (FARSUL) e da Federação dos Clubes de Integração e Troca de Experiências (Federacite).

— A mulher no mercado empreendedor —

19%

66%

Crescimento do número de mulheres frente a um negócio nos últimos 10 anos

das mulheres empreendem por oportunidade

A maior proporção de mulheres empreendedoras está na faixa de

40 a 65 anos mulheres atuam no setor de comércio e serviços 63,8% das

39,8% 55%

dos homens atuam no setor de comércio e serviços

das mulheres têm sócios na empresa

homens têm sócios na empresa 65% dos

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Foto: SEBRAE/RS

Foto: Fagner Almeida

FATOS E FOTOS

O diretor de Administração e Finanças do SEBRAE/RS, Carlos Alberto Schütz, abriu o 4º Encontro de Produtores do Programa Juntos para Competir (FARSUL, SENAR-RS e SEBRAE/RS), em Caxias do Sul. O evento reuniu 300 produtores rurais das regiões Metropolitana, Litoral Norte, Vales do Taquari e Rio Pardo, Norte, Planalto e Serra.

Foto: SEBRAE/RS

Foto: Fagner Almeida

O SEBRAE/RS, o Governo do Estado do Rio Grande do Sul e a Associação Comercial e Industrial de Novo Hamburgo (ACI/NH) viabilizaram a presença de 56 micro e pequenas empresas gaúchas na 43ª Couromoda, entre os dias 10 e 13 de janeiro, através de estande coletivo. O diretor técnico do SEBRAE/RS, Ayrton Pinto Ramos, participou da abertura oficial do evento.

O SEBRAE/RS viabilizou a participação de 30 micro e pequenas indústrias na Expodireto 2016 através do estande metalmecânico. Na foto, da esquerda para a direita: o presidente do Sistema FARSUL e do Conselho Deliberativo Estadual do SEBRAE/RS, Carlos Sperotto, o diretor técnico do SEBRAE/RS, Ayrton Ramos, o vice-presidente do sistema FARSUL, Gedeão Pereira, o superintendente do SENAR-RS e conselheiro do SEBRAE/RS, Gilmar Tietböhl, e o diretor-superintendente do SEBRAE/RS, Derly Fialho, durante visita ao espaço.

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A implementação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas pelo município de Porto Alegre foi formalmente reconhecida pelo SEBRAE/RS no dia 24 de março. Em cerimônia realizada no Salão Nobre da Prefeitura, o diretor-superintendente do SEBRAE/RS, Derly Fialho, entregou certificado e selo ao prefeito em exercício, Sebastião Melo.


Foto: João Alves

Foto: Dudu Leal

FATOS E FOTOS

O SEBRAE/RS é a marca mais lembrada e preferida dos gaúchos quando o assunto é apoio ao empreendedor. No dia 8 de março, o diretor-superintendente da instituição, Derly Fialho, recebeu certificado pela conquista do primeiro lugar nessa categoria, conforme a pesquisa Marcas de Quem Decide, iniciativa do Jornal do Comércio em parceria com a Qualidata Informações Estratégicas. A 18ª edição do evento ocorreu em Porto Alegre.

Representantes de todas as instituições que compõem o Fórum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte do Rio Grande do Sul (Fopemepe-RS) participaram de encontro no dia 31 de março, em Porto Alegre, com o objetivo de apresentar os principais avanços obtidos desde sua implementação em 2015. O diretor-superintendente do SEBRAE/RS, Derly Fialho, participou do evento no Centro Administrativo Fernando Ferrari.

Foto: Fernando Conrado / Divulgação Fórum da Liberdade

Foto: Charles Damasceno

O tema desburocratização e os projetos que simplificam ainda mais o dia a dia do empreendedor no País foram o destaque das agendas cumpridas pelo presidente do SEBRAE Nacional, Guilherme Afif Domingos, no dia 12 de abril, em Porto Alegre. Ele foi um dos palestrantes do painel Competição e Atividade Empresarial, no Fórum da Liberdade.

O diretor técnico do SEBRAE/RS, Ayrton Pinto Ramos (centro), cercado pelos empresários gaúchos Rejane Maria Stech, proprietária da Farmácia Nativa, e Eduardo Marckmann, CEO da Toth Tecnologia. Os dois conquistaram o prêmio nacional MPE Brasil nas categorias Destaque de Boas Práticas de Responsabilidade Social e destaque inovação, respectivamente. A gestora do Prêmio MPE Brasil no Estado, Roseli Martins da Rosa (direita), também prestigiou o evento.

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FRASES EM DESTAQUE

“Os Estados Unidos, por exemplo, possuem 8 mil bancos. No Brasil, temos cinco grandes instituições financeiras, duas estatais e três privadas, concentrando 90% das atividades de financiamento. Isso não é democracia econômica.” GUILHERME AFIF DOMINGOS,

presidente do SEBRAE Nacional, durante o Fórum da Liberdade, ao falar sobre a iniciativa denominada Empresa Simples de Crédito.

“Mesmo com a crise, crescemos 8% nos primeiros 3 meses do ano, em relação ao mesmo período do ano passado.” TADEU OLIVEIRA JUNIOR,

proprietário do Happy Beauty, empresa de Porto Alegre atendida pelo projeto Qualificar as Empresas do Segmento de Beleza e Estética da Região Metropolitana.

“Tivemos acesso a acompanhamento financeiro, administrativo e de planejamento estratégico, além da integração com outras empresas do setor. O SEBRAE/RS é um parceiro muito importante para a empresa evoluir e se profissionalizar, atenta às mudanças de mercado.” JULIANA MEDEIROS SUANES,

proprietária da Circulu’s Lanches, empresa de Pelotas que participa do Projeto Qualificar os Serviços de Alimentação Fora do Lar.

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“Cada prefeitura traz, em seus projetos, muita criatividade e empenho, características fundamentais ao bom gestor para ultrapassar com êxito as dificuldades atuais.” CARLOS RIVACI SPEROTTO, presidente do Conselho Deliberativo Estadual do SEBRAE/RS, por ocasião do Prêmio SEBRAE Prefeito Empreendedor.

“O Fórum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte do Rio Grande do Sul (Fopemepe-RS) tem um papel fundamental no desenvolvimento dos pequenos negócios, facilitando, inclusive, o trabalho do SEBRAE/RS junto aos empreendedores. Desta forma ganhamos agilidade e profundidade, pois trabalhamos em parceria com várias instituições. Isolados, certamente, não chegaríamos tão longe.” DERLY FIALHO,

diretor-superintendente do SEBRAE/RS, durante encontro que apresentou os principais avanços obtidos pelo Fopemepe desde sua implementação, em 2015.

“Foram as consultorias do SEBRAE/RS que me fizeram encarar a realidade de ser empreendedora em um dos piores momentos da economia. Acredito muito na mudança que implementamos.” ADRIANA CABRAL,

proprietária da Like Boutique, loja de roupas e acessórios femininos que reabriu em março, em Porto Alegre.

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2016

INSCRIÇÕES DE 7/04 A 31/07/16

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