Motocrónica Cañas y Jamon por las Calles de La Ciudad

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s, 2 dias 3 motas, 1400km

lisboa, madrid, tole do

Motocr贸nica do Comando ~MAR2011~


Cedo, muito cedo…

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oi quando nos encontrámos na madrugada de Sábado 12 de Fevereiro... 5h30, foi a hora combinada… Apesar de na véspera ter andado em arrumações finais até perto da meia-noite, tinha planeado uns 30 minutos de viagem de casa à estação de serviço do Fogueteiro. E de facto, às 5h00 da matina estava à porta de casa, com a burra carregada e pronta, fato vestido e capacete na cabeça. Ligo o telemóvel para emparelhar com o intercom, e pimba… Falho o PIN… Repete… Pimba, outra vez… Deve ser da hora, pensei eu… Mais outra, e… toma… bloqueado!…

ponto de encontro

Está a correr mesmo bem… Desliga mota, tira capacete, corre para dentro de casa à procura do número PUK… Volto à rua, capacete na cabeça… Chaves? Que é delas?!... Volta a casa… Desta vez, já nem tirei o capacete... Regresso à mota, meto a chave na ignição, arranco com o motor… E nisto pensei… “Giro, giro, era agora não ter comigo as chaves das malas…” Meu dito, meu feito… Desliga tudo, volta a casa… Parecia um maluco… Sacana de enguiço! Neste teatro matinal perdi cerca de um quarto de hora, o que me fez chegar atrasado ao ponto de encontro, onde já se encontravam os Ruis B&B (Barradas e Benedito). Finalmente, estávamos reunidos e prontos para devorar os mais de 600 quilómetros que separavam as duas capitais… Siga pela A2, fresquinhos e com o Sol ainda por nascer... Barradas na dianteira, Benedito no meio e eu a fechar a formação, como é habitual. Saída para Vendas Novas, e vamos mas é fazer o resto do trajecto até à fronteira por nacionais...

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Ficha técnica: Texto: Daniel Santos / Revisão: Célia Freire Fotografia: Daniel Santos / Rui Barradas Edição Gráfica & Arte: Daniel Santos


algures em Arraiolos, a boa disposição reinava

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entrada de Elvas encostámos no café do VarcHotel

À para dar descanso ao corpo e, sobretudo, tomar um

pequeno-almoço quentinho.

Depois, ala, que se faz tarde! Elvas, Caia, com uma paragem na bomba para pôr dois ou três pingos de gasosa (ainda ao preço de cá!), o suficiente para chegar à próxima estação de serviço espanhola. Daí em diante foram quilómetros de auto-vias, alternados com paragens em estações de serviço onde atestávamos até ao gargalo e desentorpecíamos as pernas, o que ajudava a contrariar o sono que íamos sentindo… Já às portas de Madrid, fomos seguindo as indicações do Barradas, ao comando do GPS. O acesso à capital é extremamente confuso para quem não conhece, é um desenrolar de vias largas que se vão dividindo (ora à superfície, ora em túneis por debaixo dela) seguindo em múltiplas direcções. O que vai valendo é o bom civismo dos madrilenos que nos vai facilitando as mudanças de via. Sei dizer que pouco depois estávamos a passar à superfície, literalmente por debaixo da bancada do Vicente Calderón… Coisa estranha… Que raio de solução de engenharia é esta que faz passar uma via de acesso por debaixo de um estádio?… E se um dia a bancada vem abaixo?!...

Finalmente chegávamos ao centro ladeando o rio de Manzanares, que corta verticalmente, a Oeste, a cidade. O Barradas, como é hábito, tinha planeado um cuidadoso percurso pelos pontos altos da cidade. Mas se a chegada tinha sido relativamente pacífica, a continuação, nem por isso... E o GPS fez-nos andar às voltas pela ponte de Segóvia (que faz a ligação das duas margens), a qual atravessámos umas duas ou três vezes... O GPS estava perdido, e o Barradas pelos cabelos com ele... Depois de alguma luta, fez-se luz e o Rui finalmente deu com o problema...

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Corrigida a anomalia, voltámos a encarrilar, e começámos a desfrutar da cidade… Plaza de España, Gran Via, Atocha e El Prado, só para começar. Ficámos perplexos com a forma como os madrilenos se orientam ordeiramente no trânsito. Em cada cruzamento todas as direcções são permitidas, e o bom senso a que esta gente está habituada, faz com que a coisa resulte sem prejuízos materiais. Cá, estou convencido, era meio caminho andado para o homicídio colectivo... As voltas e revoltas do GPS, acabaram por comprometer o nosso itinerário. Quando parámos para almoçar, já seriam umas 15h... Mas tudo bem, estávamos ali para nos divertirmos e não para entrar em stress. O restaurante planeado já era... de modo que remediámos com outro, o VIPS, logo ao lado da morada que tínhamos. E que bem estava este, ao mais puro estilo americano fino. Largámos uns 16€ cada, mas merecidos, e saímos de lá de barriga cheia (tirando talvez o Benedito que é de apetites fortes J). Chegámos já tarde ao hotel. Check in, descarregar malas, despir equipamento, vestir roupa... Quando pusémos o pé na rua já o Sol ia a sumir...

satisfação no VIPS

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Metro de Madrid

Garagem do Hotel

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metro madrileno, tem que se lhe diga. De design bem mais simplista (mas também mais racional) que o nosso, as estações, corredores e escadas rolantes, assemelham-se aqueles complexos de túneis para hamsters. São também bem mais animadas que as nossas e encontram-se por lá impressionantes músicos que fazem, por exemplo, de um conjunto de panelas e fritadeiras uma bateria completa de percussão.

Ao custo de 1€, é sem dúvida a forma mais simples e racional de viajar pela cidade. Quinze minutos depois, e estávamos a regressar à superfície pela Plaza de España. Primeira impressão: muito povo, para cá e para lá… Jesus, que animação!

Palácio Real

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eio desorientados, resolvemos seguir o meu GPS de bolso no qual tinha assinalado os pontos de interesse, e seguimos rua abaixo em direcção ao palácio real. Verdadeiramente um edifício digno de reis!

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Catedral de Almudena C

ontinuando o nosso percurso, começámos a apreciar o movimento na rua... Frente ao palácio temos Plaza del Oriente, uma larga praça pedonal, onde apesar da noite bem fresca se via tanta gente como de dia. A seguir ao palácio encontra-se a imponente Catedral de Almudena, que serviu para tirar mais uns retratos.

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Subindo a Calle Mayor continuámos em direcção à Plaza com o mesmo nome. De caminho, passagem numa loja de recuerdos e pelo mercado de San Miguel, cheio de gente a saborear os petiscos que por lá se encontram. Finalmente, Plaza Mayor, que apesar de um pouco escura, não estava menos frequentada que os restantes lugares. Mercado de San Miguel Calle Mayor

Plaza Mayor

Vários artistas de rua, cada um com o seu número, entretêm os turistas e transeuntes. Teatro, comédia e arte circense, é o que se pode encontrar nesta enorme praça no centro da capital.

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Plaza Mayor


Puerta del Sol

Casa de Correos, Puerta del Sol

Saídos da Plaza Mayor, seguimos pelas calles da cidade em direcção à praça mais movimentada. Chegávamos à Puerta del Sol e a quantidade de gente que por lá havia era aflitiva ao ponto de, por vezes, ser difícil movimentarmo-nos. Gente e mais gente aos molhos, na palheta, aos saltos, a curtir a vida… Deveras impressionante... Não é à toa que este lugar é apelidado de coração da cidade. Também aqui encontrámos uma série de artistas espalhados pela praça, que animando os curiosos esperavam alguma moeda em troca. Convém dizer que a praça conhecida por Puerta del Sol não tem efectivamente nenhuma porta, portal ou algo que lhe justifique o nome. No entanto, crê-se que em tempo terá de facto por aqui existido algo no género de um arco ou portal.

É frente ao edifício mais antigo, a Casa de Correos, coroado por um fabuloso relógio, que os madrilenos celebram a festa de passagem de ano. É também junto a este edíficio que se pode encontrar o Kilómetro Cero que assinala o centro e inicio de toda a rede radial viária espanhola.

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Gran Via

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epois da Puerta del Sol, para a Gran Via, provavelmente a rua mais movimentada da capital. Logo se adensou o comércio que, por esta hora, funcionava a todo vapor. Já por aqui tínhamos passado de mota durante a tarde… Mas o recomendável é fazê-lo a pé de noite, para sentir o ritmo de animação que por aqui se vive, la Movida. Com as 21h passadas no relógio, parámos para jantar e optámos por um restaurante de buffet livre a custo moderado. Nada de espectacular, mas deu para enganar a fome e sair de lá com a barriga aconchegada. E depois continuámos pela movimentada avenida, apreciando a vida, sempre de máquina em punho a tirar fotos. Confesso que ia com algum receio da temperatura (a média mínima habitual para Fevereiro é de 1⁰C), mas apesar do tempo frio e seco, este não nos reduziu o prazer de circular descontraidamente pela cidade.

padeiros na Gran Via

Com a alvorada marcada por volta 7h00, era tempo de voltar a entrar no metro e seguir caminho para a Calle de Bravo Murillo, onde se encontrava o nosso hotel.

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pequeno-almoço à espanhola

Manhãzinha, e o pessoal acordou à hora combinada. Daí a pouco estávamos no parque a carregar as burras, prontas a rolar com correntes oleadas de véspera. Primeiro o pequeno-almoço com dois dedos de conversa, depois põe a cinta, blusão, capacete e aí vamos nós de novo na estrada.

Saída do Hotel

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saída da capital estava programada com passagem pela Puerta de Toledo, o que convinha ao nosso próximo destino. Dias antes tinha proposto ao Barradas uma passagem por Toledo, porventura no regresso. Dadas as boas referências que me tinham dado, e sendo um desvio não muito considerável, o Rui incluiu-o facilmente no itinerário. Em boa hora o fizémos! Ficámos agradavelmente surpreendidos por esta fantástica cidade histórica. Cidade património da UNESCO, situada a cerca de 50kms de Madrid, já foi capital de Espanha (deixou de o ser em 1561) e a sua existência remonta à Idade do Bronze.

Foi palco marcante da guerra civil de Espanha, pois foi nela que os republicanos tomaram de assalto a academia militar que aqui se encontra. A geografia desta cidade tem uma característica única, que a nós nos toca: a parte antiga encontra-se cercada pelo rio Tajo, como aqui lhe chamam, ou Tejo, como nós lhe chamamos.

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Puerta del Cambrón

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ovamente, o faro do mestre Barradas não desiludiu e levou-nos a uma das mais bonitas faces da cidade: Puerta del Cambrón, uma ponte medieval sobre o rio, adornada por dois gigantescos pórticos. A vista é fantástica, como poderão ver pelas fotos que não estarão, com certeza, à altura da beleza do que vimos... três da vida airada

Logo ali se tiraram uma centena de fotos, antes de regressarmos às montadas para entrar na parte antiga da cidade...

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Fomos com cautela... As ruelas são estreitas, com inclinações pronunciadas e curvas em cotovelo que requerem manuseamento firme do volante e acelerador. Mas deu-nos um gozo tremendo, enfiarmo-nos por todos aqueles becos, alguns onde dificilmente circulará alguma coisa em quatro rodas... Saciada a curiosidade, saímos da cidade. Aos que forem a Madrid, não percam a oportunidade de passar por Toledo. O desvio vale a pena, digo-vos eu!

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A previsão indicava chuva pela tarde, mas por agora o tempo estava bem a nosso favor: céu pouco nublado, luminoso e uma temperatura muito agradável. Seguindo o GPS saímos da zona urbana em direcção a Talavera de la Reina, onde tínhamos planeado uma paragem para o almoço... Entretanto, tinha ligado para casa onde me disseram que por Lisboa estava a chover a potes e vento forte. Bonito… Comecei logo a imaginar que a chuva nos faria companhia da fronteira até casa. Seguíamos nós em ritmo de passeio, atrás das indicações do GPS que acertavam com a sinalização, quando de repente nem sinalização, nem GPS… O mapa do aparelho não tinha a estrada por onde andávamos e as placas tinham, pura e simplesmente, deixado de indicar o nosso destino. A40, A42, A-Não-Sei-O-Quê?!… Andávamos perdidos. Parámos para o Rui acertar as agulhas e navegámos à moda antiga, seguindo a direcção da bússola... Finalmente, chegámos a uma estação de serviço para pedir indicações. “A40, después A5”, disse-nos o espanhol… A5 já conhecemos, é aquela que liga a Badajoz!... De novo no sentido certo, voltou o descanso e o modo de cruzeiro que manteríamos até casa. A nossa única preocupação, viria agora dos céus em forma de água. Já não me lembro bem onde, mas ainda em solo espanhol, passámos por uma nacional medonha. Sem mais nem menos, começam a levantar-se fortes rajadas de vento laterais. À nossa frente, começam a voar sarças com quase 1 metro de diâmetro: víamo-las a cruzar a estrada, algumas ficando presas no separador, outras a passar por cima… Parecia o Farwest, como nos filmes!... Ficámos apreensivos, dado que uma coisa daquelas faria certamente mossa a acertar num de nós. Fomos à cautela. Felizmente não houve azar e o Benedito até queria tirar uma foto da cena, mas seguimos... Chegávamos a Talavera de la Reina em busca de uns Montaditos... Mas o restaurante fechou ou ainda está para abrir! Optámos por um Kebab logo ali ao lado, tornando-se a refeição com a melhor relação custo/proveito: cerca de 6€ por um prato cheio de lascas de carne. Para mim e para o Benedito de pollo (frango) e para o Barradas de ternera (novilho). Muito bem aviado, e de bom paladar. A mistura de molhos é que parece estava forte para alguns J. Depois de almoço, já chovia. Vestimos os impermeáveis por cima do equipamento, sempre ajuda qualquer coisa… E vamos ao caminho, que há muitos quilómetros até casa. Na estrada, às tantas, já não via nada… Água por fora e por dentro da viseira… Tive que dizer ao Rui para parar, a ver se fazia um acerto… Mas não havia acertos a fazer, limitei-me a limpar a viseira, e regressámos à pista. Era aflitivo, estava com visibilidade reduzida, mas acabei por encontrar um ângulo que me permitiu fazer o resto da viagem à chuva. Não por muito tempo, felizmente ao cabo de cerca de uma hora a chuva parou, ficando apenas umas núvens negras ameaçadoras no horizonte...

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depois da água, gasolina...


trajecto completo, Lisboa - Madrid - Toledo - Lisboa...

Já perto da fronteira, outro abastecimento até ao gargalo. Seria o último, já com a noite posta, e antes de chegarmos a Elvas. Daí em diante seguimos pela nacional, sempre descontraídos e ao mesmo ritmo. O céu, por esta altura, estava limpo e estrelado… Não se previa mais água até casa.

Computador de bordo:

Última paragem em Montemor, no habitual Pic-Nic, para meter no bucho uma bifana… Despedidas e siga para casa... Deixámos o Barradas a caminho da Ponte Vasco da Gama, enquanto eu e o Benedito seguimos pela 25 de Abril. Seriam umas 22h quando chegava a casa e desligava a ignição da Suzuki com mais 1400Kms rodados e um novo conjunto de boas memórias que dão sentido à vida ▪

Rui Barradas: Suzuki DL650 K4 Daniel Santos: Suzuki DL650 K8 Rui Benedito: Suzuki DL650 K10

1400kms em 2 dias (12,13FEV2011) 70lts de combústivel por mota.

em Badajoz a 250kms de casa

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cañas y jamon por las calles de la ciudad - www.comandopadeiros.org

A 24 de Abril de 2009, um pequeno grupo de amigos e amantes de motas juntam-se para abrir mais um fórum na web... O espaço teria a principal função de divulgação e agendamento de passeios de mototurismo. Viagens de dia inteiro apreciando o que de melhor o nosso país tem para oferecer... Ao fim do primeiro ano estavam mais de 10.000kms rodados em 21 eventos de bom convívio... E porquê PADEIROS?... Pelos horários madrugadores que o pessoal cumpre para andar de mota... O nosso lema:

fazer mototurismo em horário de padeiro!

www.comandopadeiros.org


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