4 ENTREVISTA . B. FOREST
B. FOREST
. ENTREVISTA 5
FOCO NA QUALIDADE Dia após dia, os profissionais florestais buscam pela qualidade nas operações. O controle é constante e essencial para que a produtividade se mantenha. A seleção do material genético adequado, o acompanhamento das atividades silviculturais e dos resultados das máquinas utilizadas nas operações de colheita são processos corriqueiros. No que diz respeito às máquinas, conversamos com os fabricantes e também com as empresas que fornecem os combustíveis dos equipamentos. A matéria principal da edição apresenta a queixa das fabricantes e montadoras por não terem condições de trazerem motores mais tecnológicos para o Brasil devido a falta de qualidade do diesel disponível aqui. Entenda os efeitos do combustível nos motores e o que a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) tem a dizer sobre o assunto. Outro tema em destaque na edição é o controle de qualidade nas operações silviculturais. Independentemente do tamanho da empresa, todas adotam um sistema para avaliar e garantir a qualidade das atividades. Geralmente, são adotados três níveis de checagem, podendo ser todos realizados pela própria empresa ou por uma terceirizada especialista em controle de qualidade. Confira também uma matéria sobre espécies alternativas ao pinus e ao eucalipto. O plantio destas duas espécies está mais que consolidado no Brasil, mas existem outras, entre nativas e exóticas, que têm seu plantio em pleno desenvolvimento em território nacional. A Revista B.Forest listou cinco dessas apresentando as opções para o mercado e o porquê elas estão chamando a atenção dos produtores brasileiros. O entrevistado da edição é José Luiz Stape, gerente executivo de tecnologia florestal da Suzano Papel e Celulose. Em entrevista exclusiva, ele fala sobre a carreira, os anos que passou lecionando e pesquisando nos Estados Unidos, a volta para o Brasil e sobre desafios pessoais e do setor florestal. Saudações Florestais!
6 ENTREVISTA EDITORIAL . . B.B.FOREST FOREST
Expediente: Diretor Geral: Dr. Jorge R. Malinovski Diretor de Negócios: Dr. Rafael A. Malinovski Editora: Giovana Massetto Jornalista: Amanda Scandelari Designer Responsável: Vinícius Vilela Financeiro: Jaqueline Mulik
Conselho Técnico: Aires Galhardo (Diretor Florestal da Fibria), Antonio Solano Junior (Gerente de vendas para América do Norte e do Sul da Caterpillar), César Augusto Graeser (Diretor de Operações Florestais da Suzano), Edson Tadeu Iede (Chefe Geral da Embrapa Florestas), Germano Aguiar (Diretor Florestal da Eldorado Brasil), José Totti (Diretor Florestal da Klabin), Lonard dos Santos (Diretor de Vendas da Komatsu Forest), Mário Sant’Anna Junior, Rodrigo Junqueira (Gerente de Vendas da John Deere Florestal), Sergio da Silveira Borenstain (Diretor Florestal da Veracel), Teemu Raitis (Diretor da Ponsse Latin America).
B.Forest - A Revista 100% Eletrônica do Setor Florestal Edição 14 - Ano 02 - N° 11 - Novembro 2015 Foto de Capa: Pirelli
Malinovski Florestal +55 (41) 3049-7888 Rua Prefeito Angelo Lopes, 1860 - Hugo Lange - Curitiba (PR) – CEP:80040-252 www.malinovski.com.br / comunicacao@malinovski.com.br
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B. FOREST
. ENTREVISTA 9
DESAFIOS À VISTA José Luiz Stape Gerente Executivo de Tecnologia Florestal da Suzano Papel e Celulose
A
pós passar quase 10 anos traba-
e, desde pequeno, percebi o quanto
lhando, pesquisando e ensinan-
gostava de plantas, do ambiente rural e da
do na Carolina do Norte (Estados
natureza. Mesmo percebendo a vocação
Unidos), José Luiz Stape retornou ao Bra-
para essa área, comecei a cursar Medicina
sil como gerente executivo de tecnologia
na USP (Universidade de São Paulo). Mas
florestal da Suzano Papel e Celulose. Em
já no segundo ano, percebi que não era
entrevista exclusiva para a Revista B.Fo-
essa a carreira que queria seguir e prestei
rest, o engenheiro florestal, que já cursou
vestibular para Agronomia. No primeiro
medicina, conta um pouco sobre a sua
ano do novo curso, fiz amigos que
carreira, faz uma análise do atual mo-
estudavam engenharia florestal e fiquei
mento do setor florestal e avalia as pers-
curioso sobre a área. Decidi que também
pectivas para o futuro, além de fazer um
queria estudar Engenharia Florestal, mas
comparativo entre a forma de estudar e
sem abandonar a Agronomia. Então,
fazer ciência no Brasil e no país norte-a-
fiz as duas faculdades em paralelo e
mericano. Stape fala também sobre seus
me formei em Agronomia em 1985 e
desafios na nova função, desafios esses
Engenharia Florestal em 1986. Junto com
que o profissional acredita ser do setor
a faculdade, comecei a estagiar na área
florestal como um todo. Acompanhe!
florestal, primeiro com o segmento de
Passou por duas faculdades antes de
resinagem de pinus e depois com manejo
chegar a Engenharia Florestal. Como isso
de eucalipto. Assim, quando me formei,
aconteceu?
já sabia que trabalharia com pesquisa e
Cresci nas fazendas do meu pai
10 ENTREVISTA . B. FOREST
manejo florestal.
Foto: Divulgação
“Um
dos grandes desafios que
me trouxe de volta para o Brasil foi fazer o casamento entre sanidade genômica e o melhoramento para aplicar no manejo” B. FOREST
. ENTREVISTA 11
“Minha estadia fora do Brasil foi repleta de um aprendizado muito valioso, não só acadêmico, na forma de fazer ciência, mas por obter uma visão bastante eclética de que cada área do mundo tem suas necessidades locais” Trabalhou em empresas de renome no
simplificadamente, desvendar os processos
setor florestal. Pode contar um pouco da
de crescimento das plantas. Desenvolvi esta
sua experiência?
tese, nos Estados Unidos, pela Colorado
No início da carreira, trabalhei por um
State University, com o ensaio no Brasil, na
ano como trainee na Eucatex, na área de
Copener Florestal (BA). Estudei o efeito da
pesquisa do manejo de pinus e eucalipto.
água e da nutrição no índice de área foliar
Na sequência, fui chamado para atuar na
e a incidência da luz no crescimento do
mesma função, só que como chefe de
eucalipto. Os resultados foram bastante
pesquisa, na Ripasa S.A., empresa na qual
animadores no sentido de entender como
trabalhei por oito anos. Nesta época, surgiu
o eucalipto responde a essas variáveis.
a oportunidade de fazer mestrado em Estatística e Experimentação Agronômica,
Foi professor na North Carolina State
na USP, desenvolvendo estudos na área de
University, nos Estados Unidos. Como foi
espaçamento de plantio para eucalipto.
essa experiência?
Em 1995, me tornei professor também
Em 2008, recebi o convite para lecionar
na USP. Como já tinha experiência em
na North Carolina State University. Estando
treinamento e capacitação de pessoas nas
nos EUA, participei de uma das maiores
empresas em que trabalhei, me adaptei
cooperativas de pesquisa do mundo, a
facilmente a essa nova função. No entanto,
FPC (Forestry Productive Compartil), sendo
para exercer essa função era necessário
um dos diretores. Nela, são cerca de 60
doutorado. Procurei um tema que fosse
empresas vinculadas que desenvolvem
um desafio para mim, comecei a pesquisar
pesquisas gerais de nutrição, manejo e
a
ecofisiologia em pinus e eucalipto.
modelagem
fisiológica,
12 ENTREVISTA . B. FOREST
área
que,
A MARCA DA QUALIDADE
MIREX-S sempre esteve à frente em tecnologias e inovações de produto e serviços para o controle das formigas cortadeiras. Para isso investe continuamente em melhorias, com controle absoluto desde a qualificação de fornecedores até o recebimento de matérias primas, assegurando sempre os melhores componentes para fabricação. Seu princípio ativo, a Sulfluramida, é produzido sob as exigências e rigorosas normas de pureza e processo industrial da Atta-Kill.
A única empresa a conquistar a Certificação ISO 9001:2008 do seu processo de Gestão da Qualidade, com escopo para Desenvolvimento, Produção, Comercialização e Serviços Pós-Vendas.
B. FOREST
. ENTREVISTA 13
Minha estadia fora do Brasil foi repleta
cobrança e o comprometimento. Durante
de um aprendizado muito valioso, não só
todo o tempo que lecionei no exterior,
acadêmico, na forma de fazer ciência, mas
minhas turmas tinham em média entre 17 e
por obter uma visão bastante eclética de que
20 alunos e nunca nenhum entrou depois
cada área do mundo tem suas necessidades
de mim na sala. Eu sempre chegava e todos
locais, mas as bases das perguntas são as
os alunos estavam sentados. O aluno norte-
mesmas, afinal todos querem aumentar a
americano é altamente questionador, afinal
produtividade e reduzir custos. Foi bonito
desde o primário, é incentivado a fazer
vivenciar esta experiência e concluir que é
perguntas e a criticar o que está sendo
possível desenvolver ciência em qualquer
apresentado.
local do mundo e que minha pesquisa
Quanto
sempre terá seu uso.
ao
conhecimento
técnico,
diria que não há diferença. Os alunos brasileiros e americanos têm o mesmo
Também lecionou na USP. Qual a diferença
padrão de conhecimento quando chegam
em lecionar sobre florestas no Brasil e nos
à universidade para serem desenvolvidos.
Estados Unidos?
Mas a disciplina americana é bem maior.
O que destaco é a profissionalização da academia nos EUA. Lá, além de ser
Assumiu o cargo de gerente executivo
necessária
o
de tecnologia florestal da Suzano. Quais
comprometimento com o ensino precisa
são seus planos nesse cargo? Quais os
ser muito alto. Os professores são avaliados
principais desafios desse cargo?
a
dedicação
exclusiva,
pelos alunos todo ano. Essa avaliação é
Posso dizer que meu desafio não é
entregue para o chefe do departamento,
apenas com o cargo e a Suzano, mas com
que faz entrevista com cada docente
o setor florestal brasileiro. Precisamos
para avaliar seus pontos fortes e fracos,
identificar os materiais genéticos aptos
auxiliando na busca da melhoria continua e
para as áreas de risco, que atendam os
de relacionamento com os alunos.
critérios de produtividade, qualidade e
Em relação aos alunos, o que notei é a
14 ENTREVISTA . B. FOREST
sanidade e que possamos obter resultados
rapidamente.
embora ainda seja líder em produtividade,
Tudo custa dinheiro, então a otimização de recursos é o que estou tentando
mas talvez o custo final de produção não seja o mais competitivo.
aprender rapidamente. Depois de oito anos
Também é possível notar que o setor
fora do Brasil, preciso saber como está o
florestal brasileiro sofre com uma grande
status do conhecimento aqui, unir uma
introdução de pragas exóticas, e também
boa equipe e trabalhar em conjunto com
com as nativas que se adaptaram. Elas
os outros departamentos da empresa. Não
danificam diretamente os plantios, o que
é possível alcançar resultados trabalhando
interfere na produtividade. E esse é outro
sozinho por anos, a empresa toda precisa
desafio, tanto meu como do setor florestal
fazer um trabalho paralelo em uma busca
no geral: encontrar de forma rápida uma
conjunta por melhorias.
forma de melhoramento, sanidade e manejo
Um dos grandes desafios que me trouxe
(fisiologia) para solucionar esse problema.
de volta para o Brasil foi fazer o casamento entre sanidade genômica e o melhoramento
Com base nessa análise, quais serão as
para aplicar no manejo.
tendências para o setor florestal nos próximos anos?
Como você analisa o setor florestal brasileiro?
São os grandes clusters de produção. O Brasil tem um grande cluster de celulose
Com base na minha experiência, pude
de fibra curta bem claro e estabelecido,
notar que por um bom tempo o Brasil
tanto para o mercado interno, quanto
teve
em
para exportação. Mas também temos um
relação aos competidores internacionais,
nicho crescente de madeira desdobrada
mas chegamos a um nível em que a
de eucalipto, biomassa florestal e no Sul
produtividade começou a se estabilizar
temos o segmento de pinus para celulose
e os custos passaram a aumentar. Então,
e serraria. Acredito que o desenvolvimento
chegamos em um momento em que o
envolve esses nichos dos dois grandes
Brasil já não é mais o campeão do mundo,
gêneros, pinus e eucalipto.
condições
muito
favoráveis
B. FOREST
. ENTREVISTA 15
MOTOR X COMBUSTÍVEL M
esmo sendo uma potência florestal, o Brasil não utiliza motores com tecnologia de ponta. Isto porque óleo diesel disponível não permite que motores mais modernos sejam utilizados.
Foto: Divulgação 16 COMBUSTÍVEL SILVICULTURA . . B. B.FOREST FOREST
B. B.FOREST FOREST .. COMBUSTÍVEL SILVICULTURA 17
F
undamentais no funcionamento de
devido a qualidade do diesel disponível. Os
qualquer máquina, inclusive nas flo-
motores não precisam de adaptações para
restais, os motores são responsáveis
operarem aqui, mas as tecnologias utiliza-
por todo o funcionamento do equipamen-
das são relativamente ultrapassadas.
to, ou seja, eles são os encarregados de
Atualmente, devido a legislação de con-
transformar a energia química do combus-
trole de emissões de gases, existem dife-
tível em mecânica. Essa energia mecânica é
renças significativas entre os motores que
transferida para outros componentes, como
equipam as máquinas vendidas nos territó-
bombas e motores hidráulicos, os quais
rios com baixa regulamentação, nos quais o
executam todas as funções relativas à força
Brasil se encaixa, e os de alta regulamenta-
do equipamento. Nas máquinas florestais os
ção como EUA, Canadá, Europa e Japão. “As
motores são movidos a diesel. Este pode ser
principais diferenças estão no tipo de com-
considerado um entrave para as operações
bustível que pode ser utilizado e nos siste-
florestais tornarem-se mais eficientes.
mas de tratamento dos gases de escape”,
A qualidade do combustível interfere di-
completa Bona.
retamente na performance das máquinas,
Nos locais citados, os motores utilizados
como também no intervalo de manuten-
têm tecnologia Tier 4, já no Brasil, as mais
ções necessárias. De acordo com Luiz Fer-
utilizadas são as Tier 2 e Tier 3. “Um dos
nando Bona, especialista florestal da PESA,
fatores que não possibilita de forma apro-
dealer da CAT na região Sul, combustíveis
priada a utilização dos motores com tecno-
de baixa qualidade, com grande quantidade
logia Tier 4 é o teor de enxofre permitido
de contaminantes e água levam a desgastes
para o funcionamento desses motores. Para
prematuros nos componentes do sistema
os Tier 4 recomenda-se um teor de enxo-
de injeção, os quais trabalham com pres-
fre máximo de 15 ppm (partes por milhão)”,
sões elevadas e tem tolerâncias de fabrica-
explica Evandro Silva, engenheiro mecâni-
ção muito pequenas.
co da John Deere Brasil. “O teor de enxofre
Estes são os combustíveis disponíveis no
elevado acelera o desgaste de alguns com-
Brasil. A maioria das empresas fabricantes
ponentes do motor e, como consequência,
de máquinas florestais se queixa da dificul-
reduz a vida útil deles, prejudicando o fun-
dade em trazer novas tecnologias para cá
cionamento e produtividade das máquinas”,
18 COMBUSTÍVEL SILVICULTURA . . B. B.FOREST FOREST
Foto: Divulgação
acrescenta.
gênio, o enxofre se transforma em dióxido e
Elessandro Viana, engenheiro de vendas
trióxido de enxofre, que reage com a umi-
da Ponsse Latin América explica que com-
dade do ar formando o ácido sulfúrico, o
bustíveis com alto teor de enxofre aumen-
qual ainda pode reagir com a amônia do ar
tam a formação de depósitos de resíduos no
e formar sulfato de amônia. De acordo com
motor, o que exige manutenções com mais
o Ministério do Meio Ambiente, o dióxido de
frequência, e consequentemente, um maior
enxofre pode contribuir para o aquecimen-
custo. “Infelizmente, a qualidade do diesel
to do planeta e sua presença na chuva áci-
utilizado aqui é bastante inferior ao utiliza-
da é perigosa para vegetais e animais, além
do em outros países, o que implica em um
de corroer alguns materiais e afetar cons-
acompanhamento mais próximo da equipe
truções. Entre os efeitos a saúde, podem
de manutenção, que precisa realizar análi-
ser citados o agravamento dos sintomas da
ses frequentes”, constata. Ele explica que as
asma e aumento de internações hospitala-
tecnologias que não estão disponíveis no
res, decorrentes de problemas respiratórios.
Brasil oferecem um custo menor nas revi-
Elessandro explica que existe o sistema
sões, porque necessitam de menos troca
SCR (Redução Catalítica Seletiva), que mi-
de filtros e de óleos e como consequência
nimiza a emissão de gases poluentes. “Mas
obtém-se maior tempo em operação, o que
ele necessita de produtos extras no motor,
aumenta a produtividade.
como agentes redutores, o que aumenta o
Evandro alerta também, que um motor
custo final.”
de ciclo diesel que não funciona correta-
Combustível ideal
mente, deixa de fornecer a energia neces-
Luiz Fernando Bona, especialista flores-
sária para outros componentes da máquina,
tal da PESA, aponta que o combustível ide-
o que prejudica seu funcionamento e reduz
al deve ser, principalmente, limpo e livre de
a produtividade.
impurezas e água. O ideal é que o índice de
Outro fator importante destacado pelas
cetano seja superior a 43, para uma rápida
empresas são os poluentes emitidos pelo
ignição, além de ter o menor teor de enxofre
diesel utilizado no Brasil. Além de desgastar
possível. “O que normalmente observamos
os motores, o enxofre também é um forte
é que o combustível oferecido aos clientes
poluidor. Ao entrar em contato com o oxi-
brasileiros possui um teor de enxofre entre B.B.FOREST FOREST . COMBUSTÍVEL . ENTREVISTA 19
500 ppm a 1800 ppm, o que é considerado
as queixas dos fabricantes florestais, a Agên-
elevado. Porém já existe combustível com
cia informou que não tem conhecimen-
índices inferiores como o S10 (10 ppm) e o
to sobre elas. “Desde 2010, a ANP recebeu
S50 (50 ppm)”, aponta Evandro Silva, enge-
apenas quatro queixas pontuais de qualida-
nheiro mecânico da John Deere Brasil.
de de combustíveis destinados à máquinas
Elessandro Viana, engenheiro de vendas da Ponsse Latin América, também destaca
agrícolas e não existem reclamações sobre a especificação do óleo diesel”, afirma.
que existem programas nacionais de con-
De acordo com a ANP, as exigências da
trole de poluição que estabelecem metas de
especificação nacional dos combustíveis no
redução por meio de tecnologias envolven-
Brasil estão harmonizadas com as interna-
do a melhoria na qualidade de combustíveis.
cionais e atendem aos requisitos dos mo-
“Houve desenvolvimento expressivo nos úl-
tores, aos limites de emissões fixados pelo
timos anos como a substituição do diesel
CONAMA (Conselho Nacional do Meio Am-
S-50 pelo S-10 e do S-1800 pelo S-500, que
biente), que exigem investimentos em par-
têm percentuais bem menores de enxofre
ques de refino modernos para atender a
na composição”, reconhece.
requisitos cada vez mais restritos para pro-
Ele também afirma que a participação das
dução de combustíveis. “As recentes especi-
empresas fabricantes de máquinas e moto-
ficações do diesel e da gasolina determina-
res nestes programas é importante para as-
das pela ANP promoveram a redução do teor
segurar a qualidade do combustível ofereci-
de enxofre no diesel para o S10 e na gasolina
do. “Um dos canais utilizados são os fóruns
para o S50 e a consequente necessidade de
técnicos da ABIMAQ (Associação Brasileira
investimentos substanciais no parque de re-
da Indústria de Máquinas e Equipamentos)”,
fino nacional, os quais foram realizados em
aconselha Elessandro.
diversas refinarias entre os anos de 2009 e
Regulamentação do combustível no
2013”, destaca a Agência.
Brasil
A ANP afirma que todas as especificações
As especificações dos combustíveis bra-
de combustíveis são submetidas a um perío-
sileiros são determinadas pela ANP (Agência
do de 30 dias de consulta e audiência públi-
Nacional do Petróleo, Gás Natural e Bio-
ca, na qual os agentes podem se posicionar
combustíveis). Quando questionada sobre
sobre os requisitos de qualidade estabeleci-
20 COMBUSTÍVEL . B. FOREST
NOVAS SKIDDERS 525D, 545D E 555D. BAIXO CUSTO E AUMENTO DA PRODUTIVIDADE.
BAIXOS CUSTOS DE OPERAÇÃO Eficiência operacional e economia na manutenção. PERFORMANCE Transmissão com seis velocidades e conversor de torque lock-up, que aumenta a velocidade e o poder de tração. ESTABILIDADE Distribuição do peso e maior distância entre os eixos. TEMPO DE CICLO MAIS RÁPIDOS Sistema hidráulico multifuncional de alta performance. OPERAÇÃO LIMPA E REFRIGERADA A alta capacidade do sistema de arrefecimento e o ventilador reversível, mantém a máquina rodando na temperatura apropriada e livre de detritos.
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dos pela ANP. “Participamos de reuniões da
motores”, alerta.
ASTM (American Standard Testing and Ma-
Das empresas que comercializam com-
terials) e dos principais fóruns internacionais
bustíveis no Brasil, apenas a Shell respondeu
e nacionais sobre qualidade de combustí-
os contatos da Revista B.Forest. O represen-
veis. Além disso, monitoramos a qualidade
tante da empresa afirmou, que todo o óleo
dos combustíveis mensalmente pelo PMQC
diesel produzido no Brasil é de responsabili-
(Programa de Monitoramento de Qualidade
dade da Petrobras, as outras empresas ape-
dos Combustíveis) e recebemos certificados
nas fazem a compra e venda do produto.
de qualidade das refinarias, que são analisados mensalmente”, garante.
Correspondendo ou não aos parâmetros internacionais, o fato é que na prática
Por fim, a Agência afirma que o óleo die-
os combustíveis brasileiros não permitem a
sel brasileiro, que atende a Resolução ANP
vinda de novas tecnologias para o Brasil. Um
50, de 24 de dezembro de 2013, não traz
país referência na área florestal merece ter
nenhum prejuízo às máquinas florestais.
tecnologia de ponta em todos os seus pro-
“Somente combustíveis que não atendem à
cessos. Com isso poderemos ser ainda mais
especificação podem ocasionar danos aos
competitivos.
Foto: Divulgação / John Deere
22 COMBUSTÍVEL . B. FOREST
“As
principais diferenças estão no tipo de
combustível que pode ser utilizado e nos sistemas de tratamento dos gases de escape”
Foto: Divulgação / Petrobras
Foto: Malinovski Florestal 26 TECNOLOGIA SILVICULTURA .. B. B. FOREST FOREST
QUALIDADE SOB CONTROLE
N
a silvicultura existem atividades que muitas vezes não seguem um padrão. As necessidades de adubo ou formicida variam a cada talhão e as quantidades são calculadas de forma específica. Para que tudo saia como o planejado e a quali-
dade do plantio seja garantida, a maioria das empresas adota um sistema de controle de qualidade que confere, em vários níveis, se os processos executados estão sendo efetivos.
B.B. FOREST FOREST .. SILVICULTURA TECNOLOGIA 27
O
principal objetivo da silvicultura
Mato Grosso do Sul. “Desta maneira, temos
é formar florestas com alta qua-
embasamento para correções, enquanto
lidade e produtividade, para isso
ainda há tempo de influenciar a produtivi-
a maioria das empresas conta com depar-
dade futura. Investimos, portanto, no con-
tamentos específicos que avaliam passo a
trole de qualidade no momento da reali-
passo os procedimentos estabelecidos. Um
zação das operações de maior impacto”,
departamento que tem extrema importân-
destaca. Estas operações envolvem o pre-
cia para garantir que as atividades opera-
paro de solo, adubação, controle de mato-
cionais, realizadas no início da formação da
competição e de formigas. E pós-operação,
floresta, possam resultar na produtividade
na medição de sobrevivência, aos 30 e 90
desejada no momento da colheita é o de
dias, além do inventário florestal qualitativo,
controle de qualidade.
aos seis e 12 meses.
Cada empresa tem uma metodologia
Na Fibria, o controle de qualidade é feito
e uma forma de fazer o controle, mas ne-
em três níveis de checagem. Mario explica
nhuma deixa de realizar esse processo. A
que o primeiro é realizado pelo prestador
Fibria, por exemplo, cumpre rigorosamente
de serviço, no ato da realização da ativida-
as prescrições técnicas estabelecidas pela
de, em 100% dos talhões. O segundo pode
companhia para cada uma das atividades
ser realizado de duas formas: ou por com-
silviculturais. “Isso nos permite medir a res-
putadores de bordo instalados nos equipa-
posta da floresta de forma cada vez mais
mentos ou por uma equipe independente
precoce”, afirma Mario Henrique de Freitas
que checa de forma amostral a grade de
Grassi, gerente de silvicultura da unidade de
atividades. Já o terceiro nível é feito em es-
Foto: Malinovski Florestal / Gustavo Castro 28 TECNOLOGIA COMBUSTÍVEL . . B.B.FOREST FOREST
B. FOREST
. ENTREVISTA 29
“Buscamos
ter controle sobre o consumo
de insumos, para sempre utilizarmos a quantidade ideal recomendada e que os critérios técnicos sejam respeitados. Essas quantidades sim Foto: Malinovski Florestal 30 COMBUSTÍVEL TECNOLOGIA . . B.B.FOREST FOREST
são específicas para cada atividade”
critório, pelos analistas da Fibria, que estu-
sejam respeitados. Essas quantidades sim
dam os resultados, avaliam o banco de da-
são específicas para cada atividade.” Ele ex-
dos gerado a partir das medições de campo
plica que no preparo de solo são medidas
e, caso haja algum desvio, recomendam
a profundidade de subsolagem, a dosagem
novas medições. “Os níveis dois e três são
de adubo e a profundidade de aplicação do
de responsabilidade da área de desenvol-
mesmo. Já na limpeza química da área, é
vimento florestal, uma área coorporativa, o
medida a vazão dos bicos de aplicação do
que traz segurança e eleva o nível de go-
equipamento.
vernança na gestão destes indicadores”, acrescenta o gerente.
Quanto a tecnologia, a Fibria tem duas linhas de atuação. A primeira trata da siner-
Mário conta que o controle de qualidade
gia que existe entre os desenvolvimentos
sempre foi feito na empresa, mas o modelo
realizados na agricultura, que hoje mostra
é aprimorado constantemente. “Um marco
avanço significativo e em consonância com
importante foi em 2011, quando iniciamos
as necessidades da silvicultura. “Mesmo as-
o Inventário Florestal Qualitativo, que bate
sim, a área florestal tem certas particula-
o ciclo de medição da qualidade das ope-
ridades que impedem a simples aplicação
rações com o impacto gerado na qualidade
direta destas soluções. Sendo assim, é ne-
da floresta”, explica. Mais ou menos na mes-
cessário lançar mão da criatividade e adap-
ma época a Fibria iniciou os trabalhos com
tar a tecnologia existente ao nosso propó-
tecnologia embarcada e hoje grande parte
sito, é quando conseguimos um resultado
das medições já é feita pelos computadores
diferenciado”, afirma. A segunda linha é a
e sensores instalados nas máquinas.
atenção a todo tipo de tecnologia, pois o
De acordo com o gerente de silvicultura
desenvolvimento na linha de automações,
da unidade da Fibria de Mato Grosso do Sul,
novos sensores, controle remoto, entre ou-
os procedimentos de controle de qualida-
tros, se dá em grande velocidade. “Neste
de são praticamente os mesmos para to-
sentido, posso citar o controle de sobre-
das as atividades silviculturais. “Buscamos
vivência de plantio. Para esta atividade já
ter controle sobre o consumo de insumos,
possuímos tecnologia para realizá-la com
para sempre utilizarmos a quantidade ide-
o VANT (veículo aéreo não tripulado), de
al recomendada e que os critérios técnicos
acordo com a regulamentação da ANAC, B. FOREST . TECNOLOGIA 31
publicada recentemente”, completa.
processos, mas precisamos mergulhar cada
Mario afirma que fazer um rígido contro-
vez mais fundo para encontrar oportunida-
le de qualidade só proporciona benefícios
des incrementais e, é claro, estar atentos e
à empresa. “Há uma frase muito repetida e
preparados para inovar e trazer soluções
verdadeira, e que a meu ver, se encaixa per-
desruptivas para os processos. Estas são as
feitamente neste cenário: só ganha o jogo
estratégias e conhecer a fundo as opera-
quem acompanha o placar”. Para ele, o nível
ções é primordial para ambas”, finaliza.
de controle deve ser proporcional ao está-
Uma opção adotada por várias empre-
gio de evolução e da escala do processo.
sas é terceirizar pelo menos um dos níveis
Quanto maior a escala e mais avançado o
de checagem do controle de qualidade. A
processo estiver, maior deve ser o controle.
Eficiente Soluções Florestais é uma empre-
“Acredito que cada empresa deve encontrar
sa que faz justamente essa atividade, tendo
seu ponto de equilíbrio. No caso da Fibria,
a Suzano Papel e Celulose como uma das
as oportunidades estão nos detalhes, já te-
empresas contratantes. “Nossos procedi-
mos um alto nível de excelência em nossos
mentos consistem na verificação dos parâ-
Foto: Divulgação
32 TECNOLOGIA . B. FOREST
metros silviculturais para o bom desenvol-
processos”, salienta Denis.
vimento da cultura e produtividade”, explica
O diretor explica que o FLORESTAPP é
o diretor, Denis Rogério Pretto. Ele fala que
um sistema de gestão de todo o processo
são avaliados desde o preparo de solo com
de qualidade desenvolvido para verificar
medições de espaçamento entre linhas,
a consistência dos dados desde a coleta,
profundidade de preparo do solo e con-
contando com questionários direcionais
dições dos equipamentos, passando por
para cada processo, como preparo do solo,
adubação, qualidade de mudas, controle de
adubação, e todos os demais até colhei-
plantas invasoras, sobrevivência, atividade
ta. O sistema possui três níveis de checa-
de controle de pragas como formigas cor-
gem. O primeiro ocorre na coleta, na qual
tadeiras até a colheita, entre outros.
os questionários possuem filtros e sistemas
“Para esta verificação utilizamos o sis-
de travas como intervalos para digitação do
tema FLORESTAPP com questionários per-
parâmetro avaliado. “O usuário deve res-
sonalizados para cada cliente, conside-
ponder todas as perguntas antes de salvar
rando os parâmetros silviculturais exigidos
a coleta dos dados e obrigatoriamente in-
em cada situação”, conta. Denis explica
serir registros fotográficos, assim evita-se
que por meio deste sistema é possível ter
falta de informações”, complementa. O se-
questionários direcionados com fotos da
gundo sistema de verificação é a consis-
situação de campo e envio automático de
tência dos dados antes de entrar no banco,
dados para a central de análise no mesmo
onde um software calcula previamente os
dia da coleta das informações. “O sistema
valores e avalia a consistência dos dados e
nos proporciona rastreabilidade dos da-
emite alertas para possíveis falhas de cole-
dos, pois são registrados automaticamente
ta. O terceiro é por meio da verificação e
o dia, hora e coordenadas geográficas da
validação dos relatórios gerados pelo siste-
atividade, além de possibilitar a entrega de
ma antes de serem encaminhados para os
relatórios de gestão para nossos clientes no
clientes.
prazo de dois dias após a coleta. O banco
Entre as inovações da empresa estão
de dados gerado a partir das coletas com
desde a automação e automatização do
o sistema permite aos analistas dos nossos
processo de coleta de dados com o obje-
clientes avaliarem melhorias em todos os
tivo de conferir agilidade e velocidade na B. FOREST . TECNOLOGIA 33
tomada de decisão usando tecnologia de
processos de qualidade.
ponta como coletores georreferenciados e
Os benefícios do processo de controle
base cartográfica nos coletores; processos
de qualidade são a busca pela otimização
amostrais com embasamento estatístico
do recurso empregado e o aumento de pro-
para garantir confiabilidade da informação
dutividade. Com eles, as empresas são ca-
e análise de dados; até o uso de imagens
pazes de identificar falhas, evitá-las e assim
aéreas para evidenciar os processos e ga-
garantir a máxima eficiência das atividades,
rantir maior agilidade e melhor custo aos
o que resulta em ganhos, tanto produtivos
clientes. Além disso, em termos de tecno-
quanto financeiros. Os métodos de contro-
logia, Denis afirma que a Eficiente está de-
le são variados e podem ser adaptados às
senvolvendo tecnologia com uso de ima-
necessidades individuais, mas é certeza que
gem aérea por VANTS para aplicação em
essa atividade é fundamental e vantajosa.
Foto: Malinovski Florestal
34 TECNOLOGIA . B. FOREST
ALTERNATIVAS R E N TÁV E I S
O
plantio de pinus e eucalipto já está mais do que consolidado no Brasil. No entanto, existem outras espécies que podem ser uma opção de plantio muito rentável. Com as dificuldades impostas para a exploração de espécies nativas, o
cultivo de alternativas está suprindo o mercado e garantindo renda para os produtores. A Revista B.Forest listou cinco dessas espécies e apresenta seus nichos de mercado e as perspectivas de plantio para os próximos anos.
Foto: Divulgação 36 SILVICULTURA COMBUSTÍVEL . . B. B.FOREST FOREST
B. B. FOREST FOREST . .SILVICULTURA ENTREVISTA 37
Acácia Negra
de tanino vegetal, que atende os mercados
Com rápido crescimento, alcança facil-
coureiro, sucroalcooleiro e serve de base
mente 4 metros de altura com um ano de
para produção de outros insumos, como o
idade, a Acacia mearnsii popularmente co-
tratamento de água e efluentes, perfuração
nhecida como acácia negra é uma espécie
de poços de petróleo, indústria de cosméti-
com mercado estável. De acordo com Dio-
cos, entre outros.
go Carlos Leuck, diretor da Seta S.A., são
Diogo conta que a acácia negra já foi
consumidos entre 20 a 24 mil hectares de
bastante competitiva, mas passou por perío-
acácia negra por ano no Brasil.
dos conturbados devido ao excesso de ofer-
Consolidada no Rio Grande do Sul, esta
ta para pouca demanda. “Mas as tendências
espécie tem um mercado cativo e estável de
indicam que o mercado está melhorando e
consumo não só da madeira, mas da cas-
os preços tendem subir devido a redução
ca também. Ou seja, tem aproveitamento
de plantio, que deve afetar a oferta futura”,
múltiplo. Diogo explica que cerca de 50% da
explica. “A madeira tem demanda estável
madeira é comercializada em wood chips
no mercado de celulose, já para energia o
para o exterior. A outra metade é destinada
interesse por essa espécie tem aumentado
à produção de celulose, energia e carvão no
devido ao alto poder calorifico que também
Brasil. Já a casca é utilizada para produção
favorece à procura por energias renováveis
Foto: Divulgação / Seta S.A
38 SILVICULTURA . B. FOREST
em todo planeta, principalmente na Europa”,
Guanandi
completa o diretor.
A madeira de guanandi é bastante utili-
Entre os desafios encontrados no plantio
zada no Brasil e muito popular em outros
de acácia negra, Diogo destaca a busca pela
países da América do Sul e do Caribe, po-
melhora na qualidade com melhor unifor-
dendo substituir o mogno brasileiro e o ce-
midade de fuste para reduzir custos com a
dro esteticamente. Por ocorrer em diversas
colheita mecanizada, e o combate às pragas.
regiões do continente americano, a espécie
“É preciso cuidado com as formigas corta-
apresenta grande diversidade genética, o
deiras e com o besouro serrador.”
que a coloca em uma posição privilegiada
O diretor da Seta destaca que a possibili-
para o melhoramento genético, apresentan-
dade de expansão do plantio da acácia negra
do um grande potencial de melhoria em seu
depende da consolidação de novos proje-
desempenho de crescimento e produção já
tos que visam atender o mercado de ener-
nas primeiras etapas do melhoramento. Ro-
gias renováveis. “Esta expansão deve ocorrer
drigo Ciriello, diretor da Tropical Flora, expli-
apenas no Rio Grande do Sul, onde a acá-
ca que um fator limitante encontrado pelo
cia encontra condições climáticas favoráveis
guanandi nos locais de plantio foi a pouca
para seu desenvolvimento e, principalmen-
resistência às geadas frequentes no início do
te, por ser onde se encontram as indústrias
seu desenvolvimento (dois primeiros anos).
consumidoras da casca.” Ele aponta que, nos
“Fora isso o guanandi se adapta bem em di-
últimos anos, tem sido aplicadas técnicas de
versos tipos de solo e clima, respondendo
melhoramento e condução florestal que au-
bem ao bom manejo silvicultural”, completa.
mentam consideravelmente a produção por
A madeira é moderadamente pesada, fácil
hectare, o que trará um retorno maior aos
de trabalhar e durável. Possui cor variada en-
produtores para os próximos ciclos, com
tre o rosa-acastanhado e bege-rosado, mas
produções de madeira variando de 180 até
tende para o castanho. Como aplicação, o
400 estereos/hectare com idade entre 7 e 8
guanandi é indicado para a confecção de
anos. Nome popular: Acácia Negra Nome científico: Acacia mearnsii Local do Brasil que se desenvolve melhor: Rio Grande do Sul Espaçamento de plantio: 3 m x 1,33m até 3 m x 1,70 m Principais usos: tanino, energia e celulose
canoas, mastros de navios, vigas, construção civil, obras internas, assoalhos, marcenaria e carpintaria. Rodrigo conta, inclusive, que o governo imperial reservou para o Estado o monopólio de exploração dessa madeira em 1810 para uso exclusivo na confecção de mastros e vergas de navios, sendo, portanto B. FOREST . SILVICULTURA 39
a primeira madeira de lei do país.
projetos de plantio comercial de madeiras
Rodrigo afirma que o mercado está bem
nobres como o principal consumidor, visto
aquecido para implantação de novos proje-
que a cotação das madeiras fora do Brasil
tos e estruturação de ativos florestais foca-
tem um excelente valor de mercado. Nome popular: Guanandi Nome científico: Calophyllum brasiliense cambess Locais do Brasil que se desenvolve melhor: Amazônia, Mata Atlântica, Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio Grande do Sul, Rondônia, São Paulo. Espaçamento de plantio: 3 x 2 m, 3 x 2,5 m ou 3 x 3 m. Tratabilidade: Alburno permeável à impregnação e cerne impermeável. Trabalhabilidade: É relativamente fácil de ser trabalhada. Retém pregos e parafusos com firmeza e não apresenta grandes dificuldades na colagem. Principais usos: Construção civil, estruturas, mobiliário, tanoaria e embalagens. Fonte: IPT e Ipef
dos em captação de investimentos externos, visto que com a alta do câmbio se tornou interessante investir no Brasil e os projetos florestais têm atraído bastante os investidores, devido ao baixo risco e boa rentabilidade. Ele conta que o guanandi possui mercado externo, no entanto grande parte das vendas de madeira fica no Brasil. “O Sul e Sudeste brasileiros estão entre os grandes consumidores de madeira nobre tropical, se juntos fossem um país eles ficariam entre os cinco maiores consumidores mundiais desse tipo de madeira. Portanto, o mercado interno tem potencial para ser um grande consumidor”, afirma. Ele destaca que o mercado externo também está no radar dos grandes
Foto: Divulgação / Tropical Flora 40 SILVICULTURA . B. FOREST
Mogno Africano
pelo Instituto aponta que em no máximo
Com grande visibilidade internacional,
20 anos, o Brasil terá uma demanda de 21
o mogno africano começou a ser cultiva-
milhões de m³ de madeira de mogno afri-
do em grande escala no Brasil há apenas
cano para uma oferta de apenas 6 milhões
cinco anos. De acordo com Solano Martins
de m³, ou seja, o déficit será de 15 milhões
Aquino, diretor-presidente do IBF (Institu-
de m³. Mas Solano salienta que esta é uma
to Brasileiro de Florestas), temos cerca de
oportunidade para os empresários brasilei-
15 mil hectares de mogno africano plan-
ro. “Existe espaço para o plantio, mas falta
tados no país. Ele alerta que esse número
investimento e disseminação de informa-
é considerado baixo. Um estudo realizado
ção”.
Foto: Divulgação / Tropical Flora 42 SILVICULTURA . B. FOREST
Em termos de pesquisa sobre a espécie,
que depender de recurso privado, ou de
Solano acredita que o Brasil já está bastan-
aportes do exterior, sendo que isso deve-
te avançado, o desafio é transmitir essas
ria ser uma estratégia governamental para
informações para os potenciais produtores
diminuir a pressão de exploração das flo-
de mogno africano. “Quando as pesqui-
restas naturais, assim como para recuperar
sas iniciaram era difícil pensar em plantio
áreas degradadas pela pecuária”, salienta.
de madeira tropical enquanto ainda existia
Rodrigo acredita que é importante que
muita floresta nativa sendo explorada, com
o setor de florestas plantadas de madeira
uma fiscalização pouco atuante. O Brasil
nobre ganhe robustez que justifique que as
despertou agora para essa necessidade.
universidades insiram em seus cursos te-
Hoje, vivemos a escassez desse tipo de
mas focados nesse setor, ao invés de fo-
madeira, se não ampliarmos o plantio ago-
carem apenas em eucalipto e pinus. “Pre-
ra, daqui a 20 anos esse déficit será ainda
cisamos abrir a cabeça de nossos futuros
maior”, acredita o diretor-presidente.
profissionais e mostrar que a silvicultura é
Rodrigo Ciriello, diretor comercial da
ampla e nosso país permite que desenvol-
Tropical Flora, salienta que o principal de-
vamos centenas de espécies florestais que
safio para o plantio em escala comercial de
tem potencial de cultivo”, completa.
mogno africano é criar tecnologia e práti-
Nome popular: Mogno Africano
cas silviculturais que melhorem a cada dia
Nome científico: Khaya ivorensis, Khaya
a produtividade desta espécie, como por
anthotheca e Khaya senegalensis
exemplo, melhorar a genética delas. “Es-
Origem: África Ocidental
tamos domesticando o cultivo nos biomas
Locais do Brasil que se desenvolve melhor:
brasileiros, esse é o grande desfio”, desta-
Minas Gerais e regiões semiáridas
ca.
Tratabilidade: Madeira de difícil impregnaPara isso acontecer, Rodrigo acrescenta
ção
que é primordial fazer o governo entender
Trabalhabilidade: Elevada durabilidade, fá-
que é preciso incentivar financeiramente os
cil de trabalhar e secar
plantios florestais de espécies nobres nati-
Principais
vas e exóticas de longo prazo. “Sem recur-
construção naval e construções interiores.
so disponível e taxas interessantes temos
Fonte: Tropical Flora e IBF
usos:
Movelaria,
faqueado,
B. FOREST . SILVICULTURA 43
Paricá Nativo da Amazônia, o paricá tem conquistado o mercado por suas características ímpares. Com forte presença na produção de compensados e portas, a madeira de paricá tem sido uma boa alternativa para a nativa proveniente de exploração. Além destes usos já consolidados, existem estudos para o uso como biomassa, madeira serrada e molduras. De acordo com Moacir Alberto Raimam, sócio-diretor da Centerplac, o paricá tem madeira clara, lisa, de boa aparência e de fácil trabalhabilidade. O foco principal dos empresários que plantam a espécie é o mercado interno, sendo que cerca de 90% de toda a madeira é utilizada no Brasil. No entanto, Moacir destaca que a exportação passou a ser uma opção rentável. “Há alguns anos, o dólar estava em baixa e a exportação não era muito lucrativa, mas com o dólar operando perto dos R$ 4,00 o mercado externo passou a ser uma crescente”, declara o sócio-diretor. Dessa forma, ele acredita que para os próximos anos os plantios de paricá devem aumentar. “Para que isso aconteça, estamos lançando um catálogo que aborda as características de plantio, da madeira e das formas de trabalhar com esta espécie. Queremos elucidar todas as dúvidas do mercado e assim conquistar novos produtores”, conta Moacir. Nome popular: Paricá Nome científico: Schizolobium parahyba Locais do Brasil que se desenvolve melhor: Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo. Espaçamento de plantio: 4 x 3 m ou 4 x 4 m Trabalhabilidade: Madeira macia Principais usos: Painéis, construção, celulose, arborização urbana, melífera e paisagismo Fonte: Ipef
Foto: Divulgação
44 SILVICULTURA . B. FOREST
“O Sul e Sudeste brasileiros estão entre os grandes consumidores de madeira nobre tropical, se juntos fossem um país eles ficariam entre os cinco maiores consumidores Foto: Divulgação
mundiais desse tipo de madeira” B. FOREST . SILVICULTURA 45
Teca A teca está entre as madeiras tropicais de maior valor, com um mercado já consolidado e foco no comércio internacional. De acordo com dados da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), os volumes de produtos florestais no comércio mundial de madeira em tora industrial tropical, nos últimos 10 anos foram, em média de 15 milhões de m³ por ano e a teca participa com pouco mais do que 1 milhão de m³ por ano. Fausto Takizawa, diretor florestal da Floresteca, conta que, historicamente, Myanmar (país asiático) foi um dos grandes exportadores de teca, mas a proibição de exportação de toras e restrição da extração de madeira de teca de florestas naturais, somado ao avanço das plantações na África e na América Latina tem mudado esta realidade. “É cada vez maior a participação dos países da África e América Latina nas exportações”, destaca. Os maiores importadores são a Índia, Tailândia e China. Foi justamente essa demanda internacional que consolidou as plantações brasileiras. “Além da atração de investidores internacionais interessados pelo seu retorno devido ao alto valor da madeira”, completa Fausto. Os plantios são voltados principalmente para fornecer toras e madeira serrada. No entanto, Fausto destaca que quando comparamos as plantações de teca no Brasil com a de outros países plantadores perdemos quando o assunto é logístico. “Além disso, há muito em que avançar em ações para o aumento da produtividade e eficiência no manejo, afinal é onde temos toda a chance de sermos mais competitivos”, afirma. A qualidade da madeira tem sido destaque, pois nenhuma espécie tropical plantada supera a teca em relação a qualidade físico-mecânico para produtos serrados. Quanto ao futuro, Fausto conta que o mercado prevê um aumento da demanda global, a qual deve continuar a ser regida pelas tendências do mercado asiático. “As qualidades excepcionais de madeira de teca, tais como beleza, resistência, durabilidade e dureza, tornam-na o material preferido para uma ampla gama de aplicações. Para toras de plantios de baixa dimensão, a teca já é uma das madeiras de maior valor do mundo”, assegura. Sendo assim, a expansão do plantio de teca é uma tendência? Fausto explica que se considerarmos somente o fator disponibilidade de solos e clima adequados, a teca tem potencial para atingir área plantada que pode ultrapassar a casa de 1 milhão de hectares. 46 SILVICULTURA . B. FOREST
“Entretanto, é um negócio que exige investimentos e perfil de investidores que são encontrados principalmente fora do Brasil, e desse ponto de vista a expansão de plantios no Brasil foi afetado negativamente com a restrição de aquisição de terra por estrangeiros”, analisa. Caso seja vencido este, Fausto acredita que o ambiente de negócios para a expansão de plantações de teca melhorará muito. Nome popular: Teca Nome científico: Tectona grandis Origem: Índia, Miamar, Paquistão, Tailândia, Laos, Vietnã e Camboja Locais do Brasil que se desenvolve melhor: Mato Grosso, Pará Espaçamento de plantio: 3 x 2 m, 3 x 3 m ou 4 x 4 m Tratabilidade: Apresenta baixa permeabilidade às soluções preservativas quando submetida à impregnação sob pressão. Trabalhabilidade: Tem de aplainamento, torneamento, furação, lixamento e colagem fáceis. A presença de sílica pode provocar o desgaste de ferramentas. Principais usos: Construção civil, assoalhos, mobiliário, laminação, decoração e em embarcações. Fonte: IPT
Foto: Divulgação B. FOREST . SILVICULTURA 47
PREPARADA PARA AS FLORESTAS V
olvo lança no Brasil a escavadeira EC220DL (máquina base) especialmente desenvolvida para a aplicação em florestas
Foto: Divulgação / Tracbel
48 LANÇAMENTO ENTREVISTA . B. . FOREST B. FOREST
N
a operação de colheita florestal as
atingir este objetivo”, complementa Gilson
empresas podem optar pelo uso
Capato, diretor comercial da Volvo CE no
de máquinas purpose-built - pro-
Brasil.
jetadas especialmente para a atividade flo-
Cairon Faria, gerente comercial florestal
restal -, ou uma máquina concebida para o
do Grupo Tracbel (dealer Volvo), comenta
segmeto de construção, que após prepara-
que a escavadeira atende tanto aos peque-
da se torna totalmente apta para ser utiliza-
nos produtores quanto às grandes empre-
da no setor florestal.
sas do setor florestal, pois está preparada
Conhecendo a demanda do mercado
para receber implementos diversos e reali-
também por máquinas base, a Volvo, trou-
zar operações como carga, descarga, der-
xe para o mercado florestal brasileiro, o
rubada, desgalhamento, descascamento e
modelo EC220DL, já consagrado na área
traçamento. “É um equipamento muito ver-
da construção. A eficiência e a versatilida-
sátil e que atende todo o mercado florestal.
de para os trabalhos de colheita de madeira
Outra característica marcante é o seu “car-
são os principais diferenciais da máquina.
ro” mais longo, oferecendo mais segurança,
“Ela é ideal para uma operação que precisa
estabilidade na operação e, consequente-
de agilidade, tecnologia, robustez e baixo
mente, mais produtividade”, acrescenta o
consumo de combustível”, declara Afrânio
gerente da Tracbel.
Chueire, presidente da Volvo Construction
Caraterísticas da Escavadeira
Equipment Latin America.
A cabine tem um para-brisa de policar-
Boris Sanchez, gerente de suporte a ven-
bonato de 18 milímetros, placas do mesmo
das e aplicações da Volvo CE Latin America,
material parafusadas nas laterais, proteção
destaca que a máquina será amplamente
do capô do motor, passarelas laterais, siste-
aceita no mercado, pois traz todas as ca-
ma hidráulico específico para acionar o ca-
racterísticas que um cliente florestal deseja
beçote processador, filtro de linha de retor-
em um equipamento deste tipo.
no de alta capacidade e um sistema próprio
“A Volvo investe constantemente em
de refrigeração do óleo hidráulico.
produtos que contribuem para aumentar
A escavadeira vem equipada com a última
a produtividade e rentabilidade das opera-
geração de cabines Volvo com certificação
ções. Esta nova máquina foi elaborada para
ROPS, que garante a segurança do operador B. FOREST . LANÇAMENTO 49
durante a operação de colheita. Além disto,
ponentes e as verificações de diagnósticos.
a cabine proporciona excelente visibilidade,
Além disso, as placas antiderrapantes asse-
é espaçosa e confortável. Um sistema de cli-
guram o acesso seguro para manutenção,
matização com 14 saídas ajustáveis, permi-
mesmo em condições de clima chuvoso.
te ao operador regular a distribuição interna
A escavadeira Volvo EC220DL é comer-
de ar de acordo com a sua preferência. Para
cializada em todo o Brasil. Já pela Tracbel,
completar, os quesitos de ergonomia, con-
você encontra o equipamento nas regiões
troles foram estrategicamente posicionados
sudeste, norte (AM, RR, PA e AP) e parte do
à mão do operador.
centro-oeste (GO, DF e TO), e também pode
A nova escavadeira vem equipada com o
ser adquirida por meio de financiamento
modo ECO, exclusivo da Volvo, que contri-
pelo Finame.
bui para melhorar em até 5% a eficiência no
Para mais informações:
consumo de combustível sem perder pro-
www.tracbel.com.br
dutividade.
ou ligue
O sistema hidráulico da EC220DL envia o fluxo de acordo com a demanda requisitada pelo cabeçote, tornando assim o ciclo mais curto e rápido, e sem desperdício de energia, proporcionando produtividade e um menor consumo de combustível. Além disso, o operador se beneficia de movimentos mais suaves, fáceis e harmônicos. A máquina também tem facilidade de manutenção. Portas amplas com trava oferecem fácil acesso aos pontos de serviços e filtros, o que permite que as inspeções sejam feitas mais rapidamente, aumentando a disponibilidade do equipamento. O modo de serviço instalado no monitor exibe intervalos de manutenção dos principais com50 LANÇAMENTO . B. FOREST
0800 200 1000.
Foto: Divulgação / Tracbel
B. FOREST . LANÇAMENTO 51
ANÁLISE MERCADOLÓGICA madeira em tora e o crescente aumento nas exportações são temas do boletim informativo elaborado pelos profissionais da STCP.
Foto: Divulgação
A
lém de análises macro e microeconômicas, a redução da demanda interna por
52 ANÁLISE ENTREVISTA MERCADOLÓGICA . B. FOREST . B. FOREST
Indicadores Macroeconômicos • Perspectivas Econômicas: No início de Nov/2015, o BCB (Banco Central do Brasil) revisou a previsão de queda do PIB (Produto Interno Bruto) da economia brasileira em 2015 e 2016, com estimativa de -3,10% e -2,00%, respectivamente. Caso tal previsão se confirme, será o pior resultado em 25 anos, ou seja, desde 1990, quando foi registrada retração de 4,35%, e a primeira vez que o país registra dois anos consecutivos de contração na economia. • Inflação: O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) apresentou variação positiva de 0,82% em Out/2015 (influenciado principalmente pelo aumento do preço da gasolina e, em menor proporção, alimentos e bebidas), maior alta para o período desde 2002. O IPCA acumulado entre Jan-Out é de 8,53%, a maior taxa para o acumulado do período desde 1996, quando atingiu 8,70%. Nos últimos 12 meses, o IPCA soma 9,93%, bem acima do teto da meta de inflação do BCB, que é de 6,5%. A inflação não superava o teto do sistema de metas desde 2003. A estimativa do BCB é que o ano de 2015 encerre com IPCA acumulado em 10,04% e em 2016 com 6,50%. O BCB admitiu que o país só irá atingir a meta central da inflação de 4,5% no próximo ano em 2017. • Taxa de Juros: Em Out/2015, o COPOM manteve a taxa Selic em 14,25% já em vigor nas últimas três reuniões consecutivas e o maior patamar em nove anos. A estimativa é de que não devem ocorrer novos aumentos da taxa em 2015, já que com o aumento no preço dos combustíveis e custos administrados a Selic no atual patamar elevado não tem segurado a inflação. Entretanto, para o final de 2016, o Boletim Focus elevou sua previsão da taxa básica de juros de 13,00% para 13,25%. • Taxa de Câmbio: A taxa média cambial encerrou Out/2015 em BRL 3,88/USD, resultando em queda de -0,67% em relação à média do mês anterior. Até a 30/Out, o Real apresentou desvalorização de 43,3% no ano frente ao Dólar Americano. Projeções do BCB indicam estimava de taxa cambial de BRL 3,96/USD no encerramento de 2015 e BRL 4,20/USD no final de 2016.
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B. FOREST
. ANÁLISE MERCADOLÓGICA 53
Índice de preços de madeira em tora no Brasil Índice de Preço Nominal de Toras de Eucalipto e Pinus no Brasil (Base Abr/14 = 100)
Tora de Eucalipto:
Tora de Pinus:
Nota de Sortimentos de Tora: Energia: < 8 cm; Celulose: 8-15 cm; Serraria: 15-25 cm; Laminação: 25-35 cm; e Laminação Especial: > 35 cm. Preços de madeira em tora R$/m³ em pé. Fonte: Banco de Dados STCP e Banco Central do Brasil (IPCA).
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54 ANÁLISE MERCADOLÓGICA . B. FOREST
“As
empresas com produtos orientados ao
mercado externo têm ampliado as vendas ao exterior em função do câmbio favorável e de sinais da recuperação da economia norte-americana”
Foto: Divulgação B. FORESTB. FOREST . ANÁLISE MERCADOLÓGICA . ENTREVISTA 55
Índice de preços de madeira em tora no Brasil Índice de Preço Real de Toras de Eucalipto e Pinus no Brasil (Base Abr/14 = 100)
Tora de Eucalipto:
Tora de Pinus:
Nota de Sortimentos de Tora: Energia: Energia: < 8 cm; Celulose: 8-15 cm; Serraria: 16-25 cm; Laminação: 25-35 cm; e Laminação Especial: > 35 cm. Preços de madeira em tora R$/m³ em pé. Fonte: Banco de Dados STCP (atualização bimestral).
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56 ANÁLISE MERCADOLÓGICA . B. FOREST
• Comentários - Tora de Eucalipto: O cenário macroeconômico, que reflete período de recessão e queda significativa na demanda principalmente no mercado nacional, prossegue afetando o nível de produção do setor florestal-madeireiro. Atrelado a isso, somam-se os aumentos de custo de produção, principalmente de combustível, que tornam o panorama do setor mais dificultoso. Muitas empresas produtoras de madeira em tora de eucalipto estão tentando manter, na medida do possível, os preços estáveis para garantir o mínimo de vendas e a manutenção de suas operações. Porém, em algumas regiões há maior oferta de tora fina, o que torna ainda mais complexa essa dinâmica do mercado, entre a oferta e demanda como regulares de preço. Os consumidores buscam negociar preços menores e ainda assim, muitas empresas têm sofrido com a inadimplência. Por outro lado, empresas com produtos voltados à exportação têm se beneficiado com o câmbio favorável por meio do aumento do volume de vendas, a exemplo do segmento de celulose que vem ampliando suas exportações. De acordo com o MDIC, o Brasil exportou entre Jan-Out/2015 USD 4,6 bilhões em celulose, 4,2% a mais do que no mesmo período de 2014. Os principais destinos de exportação foram a China, Estados Unidos, Holanda e Itália. Em Out/2015 a receita oriunda com exportação de celulose totalizou USD 588 milhões (1,18 milhão ton), crescimento de 17,8% em valor e de 13,8% em volume em relação a Set/2015.
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B. FOREST
. ANÁLISE MERCADOLÓGICA 57
• Comentários - Tora de pinus: Muitas empresas produtoras de madeira em tora de pinus e serrarias com foco no mercado interno continuam com alto estoque do produto, principalmente se tratando de toras de menor diâmetro em algumas regiões. A indústria de produtos madeireiros focada no mercado interno está desacelerada o que é corroborado, entre outros, pela estagnação do segmento de construção civil, umas das maiores consumidoras deste tipo de matéria-prima no mercado nacional. Diante deste cenário, os produtores florestais, em geral, estão mantendo constantes ou conseguindo pequeno aumento nos preços das toras grossas. As serrarias e laminadoras que atuam no mercado nacional tem reduzido a compra de toras grossas (acima de 25 cm) devido à dificuldade nas vendas de produto acabado. Com a crise, a demanda interna por produtos de alto valor agregado tais como móveis, painéis e molduras sofreram redução significativa nas vendas. Por outro lado, as empresas com produtos orientados ao mercado externo, como observado para o eucalipto, têm ampliado as vendas ao exterior em função do câmbio favorável e de sinais da recuperação da economia norte-americana, tradicional importadora de serrado e compensado de pinus. Como exemplo, entre Jan-Out/2015 o segmento de compensado exportou USD 365,3 milhões (1,08 milhão m³), ou 2,2% em valor e 12,4% em volume superiores às exportações em igual período de 2014. No caso do serrado de pinus, o aumento foi ainda maior com vendas ao exterior de USD 239,2 milhões (1,06 milhão m³) nos primeiros 10 meses do ano, o que representa aumento de 26,8% em valor e 30,6% em volume sobre o mesmo período do ano passado. Os EUA e o Reino Unido são os principais países importadores destes produtos brasileiros.
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58 ANÁLISE MERCADOLÓGICA . B. FOREST
B. FOREST
. ENTREVISTA 59
60 ENTREVISTA . B. FOREST
E
Seis eventos relacionados à indústria da madeira acontecerão em uma mesma semana.
B. FOREST B. FOREST . ENTREVISTA . SIM 61
O
s olhos do setor madeireiro estarão voltados para Curitiba em março de 2016. Isso porque, a capital paranaense vai sediar a SIM - Semana Internacional da Madeira. Entre 06 e 11 de março de 2016 acontecerão seis eventos: a Lignum Brasil,
2ª Expo Madeira & Construção, Wood Trade Brazil, Encontro Brasileiro de Energia da Madeira, XV EBRAMEM (Encontro Brasileiro em Madeiras e em Estruturas de Madeira) e 59ª SWST International Convention (Society of Wood Science and Technology), além da Reunião de Associados da ABIMCI (Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente). Eventos que englobam todo o ciclo industrial da madeira. A SIM proporcionará aos empresários do setor madeireiro, além de arquitetos, engenheiros e profissionais da construção civil, a oportunidade de conhecer mais do potencial da madeira e as máquinas e equipamentos disponíveis para a transformação e beneficiamento. Nas feiras, estarão em exposição as últimas novidades para trabalhar a madeira, já nos eventos técnicos serão discutidos temas relacionados aos produtos madeireiros, tecnologia, mercado, por meio de palestras técnicas de especialistas na área.
Brasi l A Lignum Brasil é uma feira focada na produção industrial madeireira e suas vertentes: transformação, beneficiamento, preservação, energia e uso da madeira. A primeira edição do evento, organizado pela Malinovski Eventos, será realizado nos dias 09, 10 e 11 de março de 2016, no Expo Renault Barigui, em Curitiba (PR). Durante os três dias, o público visitante poderá conhecer as máquinas e equipamentos disponíveis no mercado, assim como o que existe de mais moderno para processamento e beneficiamento da madeira após ser posta no pátio das indústrias. “Acreditamos que o público especializado que visitará a Feira encontrará o que existe de mais novo e tecnológico para o processamento da madeira em todos os seus níveis”, destaca Jorge R. Malinovski, diretor geral da Lignum Brasil. Data: 09, 10 e 11 de março Horário: 14h às 20h Local: Expo Renault Barigui – (Curitiba PR) 62 SIM . B. FOREST
Paralelamente a Lignum Brasil, será realizada a 2ª Expo Madeira & Construção, um evento da APRE (Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal), que traz na essência a exaltação da funcionalidade, sustentabilidade e beleza da madeira. A Feira tem como foco a apresentação de boas práticas do uso da madeira de floresta plantada na construção civil. “Nesta área, os visitantes encontrarão soluções construtivas, tendências do mercado e potencialidades do uso da madeira de forma estrutural e decorativa”, destaca Carlos Mendes, diretor executivo da APRE. Data: 09, 10 e 11 de março Horário: 14h às 20h Local: Expo Renault Barigui – (Curitiba PR)
Com o objetivo de reunir profissionais e empresários do setor de transformação e beneficiamento de madeira para discutir as condições de competitividade e tecnologias disponíveis no mercado, a Malinovski Eventos, em parceria com a ABIMCI e a FIEP (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), realiza o Wood Trade Brazil - Encontro Internacional de Comercialização e Tecnologia de Produtos Florestais. No dia 08 de março, os participantes poderão debater o mercado global e nacional de produtos florestais, as perspectivas e do potencial de mercado para os diversos produtos florestais, além do atual estado tecnológico da indústria e fatores políticos e macroeconômicos. Também farão parte do evento duas rodadas de negócios no segmento de madeira serrada e painéis, realizadas nos dias 09 e 10 de março, no Expo Ranault Barigui, du-
B. FOREST . SIM 63
rante a Lignum Brasil. Palestras Data: 08 de março Horário: 08h30 às 17h30 Local: CIETEP - Avenida Comendador Franco, 1341 – Curitiba (PR) Rodada de Negócios Data: 09 e 10 de março Período: Tarde Local: Expo Renault Barigui – (Curitiba PR)
Nos últimos anos, o setor industrial brasileiro acompanha o aumento das tarifas energéticas. Em muitos casos, as contas pagas dobraram e as políticas públicas não mostram sinais concretos de uma possível redução. Sendo assim, para atender a demanda dos profissionais do segmento industrial madeireiro, que buscam por soluções para a redução do custo energético fabril e que apostam na utilização da madeira como fonte de energia, a Malinovski Eventos, com copromoção do Instituto de Florestas do Paraná, organiza o Encontro Brasileiro de Energia da Madeira, Em dois dias de evento, os profissionais do setor terão acesso a estudos e cases apresentados por palestrantes com ampla experiência em suas áreas de atuação. Data: 10 e 11 de março Horário: 08h às 13h Local: CIETEP - Avenida Comendador Franco, 1341 – Curitiba (PR)
64 SIM . B. FOREST
O EBRAMEM (Encontro Brasileiro em Madeiras e em Estruturas da Madeira) é considerado o mais importante fórum nacional de discussões, atualizações e divulgação de informações técnico-científicas voltadas para as ciências aplicadas à madeira. O Encontro, que está em sua 15ª edição, proporciona a congregação de pesquisadores, professores, estudantes de pós-graduação e de graduação, profissionais do setor construtivo e empresários, revelando-se um veículo de aproximação entre pesquisadores, setor produtivo e setor construtivo. Data: 09, 10 e 11 de março Período: Manhã e Tarde Local: Salão de Atos do Parque Barigui – (Curitiba PR)
Com o tema “Recursos e Produtos Florestais: um movimento para um futuro sustentável”, o SWST chega pela segunda vez a América do Sul. O evento internacional, que está na 59° edição, abordará diversos temas como a introdução de novas tecnologias e inovações na área de construção civil com a utilização da madeira, responsabilidade social corporativa, bioenergia, negócios e marketing. Organizado pela APRE, ele acontecerá entre os dias 06 e 10 de março, no Salão de Atos da Prefeitura Municipal de Curitiba. Data: 06 a 10 de março Período: Manhã e Tarde Local: Salão de Atos do Parque Barigui – (Curitiba PR)
B. FOREST . SIM 65
66 SIM . B. FOREST
B. FOREST . SIM 67
Foto: Divulgação / Painel Florestal 68 ENCONTRO ENTREVISTA . B. FOREST
EXECUTIVOS RE UNID O S
E
m sua terceira edição, o Encontro Painel Florestal de Executivos discutiu temas como desafios do setor florestal, visão estratégia e políticas públicas.
B.B.FOREST FOREST . ENCONTRO ENTREVISTA 69
P
ela primeira vez, o Encontro Painel
quanto a soja gera R$ 4,9 mil e a pecuária
Florestal de Executivos se distanciou
R$ 2,7 mil. Em médio prazo, a redução de
de São Paulo e aconteceu, no dia 28
custo se tornará inalcançável se as empresas
de outubro, na capital federal. O objetivo
não observarem que seus parceiros não irão
principal foi a busca pela aproximação do
subsistir aos cortes no orçamento”, disse Ci-
setor florestal com a classe política, impor-
colin para instigar o debate inicial. Para ele, o
tante protagonista na missão de fomentar
custo da produção é semelhante ao da co-
(e desburocratizar) novos investimentos. A
mercialização. No caso de um formicida, o
Revista B.Forest esteve presente no evento e
preço caiu 29% e com a disparada do dólar
pôde perceber que um tom de desafio ron-
as margens de lucro ficaram difíceis.
da o setor florestal. O mercado não é dos
O empresário Junior Ramires, presiden-
mais favoráveis, mas a busca pela superação
te da Câmara Setorial de Florestas Plantadas
e desenvolvimento movem os profissionais
do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária
que atuma na área. O evento foi dividido em
e Abastecimento), disse que a Câmara tem
três painéis de discussão.
sido o mais importante fórum de discussão
Os desafios e as oportunidades da cadeia
em termos de políticas públicas para o se-
produtiva de base florestal foram temas que
tor florestal, com uma participação intensa
iniciaram os debates. Em sua fala, Roberto
da ministra Kátia Abreu. Ramires concordou
Cicolin, consultor técnico da Dinagro, des-
com Cicolin no quesito da perda de compe-
tacou que o Brasil passou por um período
titividade e explicou que o setor é dinâmico
favorável a uma série de mudanças, mas não
e vencerá os desafios.
tirou proveito da situação. Um dos exemplos
Já Teemu Raitis, diretor da Ponsse Latin
usados por ele foi o dos custos de produção,
America, informou que o setor florestal está
que em 2002 eram 40% menores que o dos
mudando e o desafio de uma indústria de
Estados Unidos e hoje são apenas 10%. Ape-
máquinas é grande, mas garantiu que o Bra-
sar do elevado nível de produtividade, 39 m³
sil vai avançar na mecanização da silvicul-
por ha/ano, os custos aumentaram conside-
tura. Quanto à produtividade, Teemu disse
ravelmente, diminuindo a margem de lucro.
que o desafio do custo caminha junto a ela.
“Cada hectare de floresta plantada gera R$
“O Brasil é forte e isso não vai mudar. Em
7,8 mil do PIB (Produto Interno Bruto), en-
termos de mão de obra, é preciso investir na
70 ENCONTRO . B. FOREST
capacitação, ou seja, na educação e no treinamento”, frisou.
O presidente da SBS (Sociedade Brasileira de Silvicultura), Amantino Freitas, iniciou
Roberto Marques, gerente da divisão dos
as discussões do segundo painel: “Visão es-
setores de Construção e Florestal da John
tratégica da Indústria Brasileira de Árvores –
Deere no Brasil, concorda e acredita que
Cenários e Perspectivas”. Ele destacou que
houve um grande desenvolvimento na pro-
a imagem do setor tem que ser melhorada
dutividade florestal e, na qualidade dos fa-
com um sistema de informação e comuni-
bricantes voltados para essa área, mas que
cação mais eficiente. Freitas defendeu uma
as empresas não tem como capacitar um
integração maior do setor florestal com as
grande número de trabalhadores, o que se
demais indústrias e que se faça mais pes-
pode fazer é instruir o SENAI para que forme
quisa para ampliar a base genética, já que a
técnicos e ajude com os treinamentos. “É
realidade de hoje, segundo ele, coloca dois
necessário investir na educação em conjun-
tipos de clones em 70% das florestas. “Isso
to com o treinamento. A John Deere quer
é perigoso. É preciso diversificar com novas
contribuir para o desenvolvimento do setor
espécies. O guanandi, por exemplo, pode
florestal”, afirmou Marques.
ser uma boa alternativa”, disse.
Para Marcelo Prim, gerente executivo de
Mas o CEO da Fibria, Marcelo Castelli,
Inovação e Tecnologia do SENAI, além de
discordou do presidente da SBS afirmando
concordar que é necessário educar antes de
que há variedade de clones. “A Fibria está
treinar, a questão da produtividade é sempre
aplicando um conceito de multifloresta e in-
um desafio. “O Brasil tem perdido em pro-
vestimos em pesquisa”, disse Castelli. Para o
dutividade em muitos setores. Com o apoio
CEO, plantar floresta exige planejamento e o
do BNDES, estamos investindo R$ 1,5 bilhão
setor é importante para trabalhar no enfren-
em núcleos de inovação e tecnologia e cen-
tamento dos distúrbios climáticos.
tros de formação de profissionais. No caso
Para Andreas Mirrow, consultor da Mirrow&-
do setor florestal, os estados da Bahia, Es-
Co, a área plantada tem crescido apenas 3%
pírito Santo, Mato Grosso do Sul, São Paulo,
ao ano por falta de retorno da indústria, que
Paraná e Santa Catarina estão demandando
está abatida, mesmo sendo exportadora. “A
mais profissionais. O SENAI está à disposi-
terra e as fábricas são muito caras. O custo
ção do setor florestal”, acrescentou.
tem se elevado e falta infraestrutura. Essas B. FOREST . ENCONTRO 71
Foto: Divulgação / Painel Florestal
72 ENCONTRO ENTREVISTA . B. FOREST
barreiras aumentam os custos. Carvão ve-
tinua sendo considerado como poluidor,
getal, lenha e madeira serrada são de con-
quando na verdade faz o contrário e ainda
sumo interno e o Brasil está preso a isso. A
contribui no combate ao efeito estufa”, disse.
única exceção é a celulose, mas o Brasil tem
Em seguida, iniciou-se o debate en-
potencial para substituir madeira nativa por
volvendo os deputados federais Newton
madeira plantada. Essas coisas vão aconte-
Cardoso Junior, presidente da Frente Par-
cer, mas levam tempo”, detalhou Mirrow.
lamentar de Silvicultura; deputado federal
No terceiro bloco - Políticas Públicas
Irajá Abreu, presidente da Comissão de Agri-
para a Indústria Brasileira de Árvores - a pre-
cultura do Congresso Nacional e Fernando
sidente executiva da Ibá (Indústria Brasileira
Castanheira, da SEA (Secretaria de Assuntos
de Árvores), Elizabeth de Carvalhaes iniciou
Estratégicos da Presidência da República).
o ciclo de debates informando que o Brasil
Segundo Newton Cardoso Junior, o parecer
está com 7,7 milhões de hectares de flores-
da AGU sobre a aquisição de terras por es-
tas plantadas. De acordo com ela, a Ibá está
trangeiros não vai deixar de existir, e sim será
estudando – com consultorias internacio-
flexibilizado. “Esta nova política vai entrar
nais – um plano de desenvolvimento para
em votação e a tramitação no congresso já
o setor. O estudo deve ficar pronto no final
foi iniciada. O texto foi construído em con-
do primeiro trimestre do próximo ano, com
junto com técnicos da própria AGU, MAPA
a finalidade de projetar o setor até 2030, se-
e Frente Parlamentar de Silvicultura”, disse o
guindo a ótica mundial para produção de
deputado.
alimentos e redução da emissão de gases que provocam o efeito estufa.
Outra questão em debate é o Licenciamento Ambiental, no sentido de desburo-
A transferência do setor florestal, do Mi-
cratizar o setor, inclusive, já foi desenvolvido
nistério do Meio Ambiente para o Ministério
um projeto a respeito. “O Mato Grosso do
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento foi
Sul já fez isso. Temos o exemplo de Minas
citada pela presidente executiva como uma
Gerais, que realizou uma importante audi-
mudança importante – fato que ocorreu em
ência pública. Em muitos Estados, o licen-
dezembro do ano passado e permitiu a co-
ciamento demora até cinco anos e o ideal
locação das indústrias de base florestal no
é trazermos para 90 dias”, avaliou Cardoso
Plano Safra. “O problema é que o setor con-
Junior. Para o deputado, o setor florestal B.B.FOREST FOREST . ENCONTRO ENTREVISTA 73
tem uma nova oportunidade de negócios: a
superar os grandes gargalos. São em mo-
geração de energia por meio de biomassa
mentos de adversidades que temos grandes
de eucalipto.
ideias. A lei da terceirização, por exemplo,
Otimista, Irajá Abreu acredita que o pare-
foi aprovada e na Câmara dos Deputados
cer da AGU – que restringe a compra de ter-
e agora vai para o Senado. Isso vai resolver
ras por estrangeiros – será flexibilizado. Para
o problema de 12 milhões de trabalhadores
Abreu, o Brasil não vai perder sua soberania,
brasileiros, que serão regularizados”, afirma
mas não pode ficar menos competitivo. O
Irajá.
parecer da AGU impediu investimentos de US$ 50 bilhões. “O setor está afinado e vai
A organização do evento ainda não anunciou a data da próxima edição.
Foto: Divulgação / Painel Florestal
74 ENCONTRO . B. FOREST
B. FOREST
. ENTREVISTA 75
TECNOLOGIA CONTRA FORMIGAS
A
de seu interesse.
blets e smartphones que facilita o acesso
O Dinagroapp contém informações sobre
às informações sobre formigas cortadeiras e
as principais espécies de cortadeiras, os danos
as formas de controle. Segundo Fernanda Si-
que elas causam aos reflorestamentos, o mé-
mões, consultora técnica da empresa, o aces-
todo e a época adequada ao controle, o modo
so à informação sempre foi uma necessidade
de aplicação da isca formicida Dinagro-S, bem
e o aplicativo é uma oportunidade de supri-la,
como os cuidados que devem ser tomados na
principalmente porque oferece agilidade na
aplicação do formicida.
Dinagro lançou um aplicativo para ta-
aquisição de informações - tanto pelo mate-
O aplicativo apresenta diversas fotos que
rial disponibilizado, como pela interação com
auxiliam o usuário a identificar os ninhos de
a equipe técnica da Dinagro.
saúvas e de quenquéns, os olheiros de alimen-
Para utilizar o aplicativo, o usuário deve bai-
tação que receberão as doses do produto e
xar o Dinagroapp ou Guia Dinagro na PlaySto-
também ilustrações de como fazer a medição
re ou AppleStore e, após a instalação gratuita, o
do ninho de saúva para uma correta aplicação
usuário poderá navegar nas opções de menu
de doses de formicida.
Foto: Divulgação 76 NOTAS . B. FOREST
B. FOREST . NOTAS 77
LEGISLAÇÃO PARA DRONES
O
uso cada vez mais frequente dos drones tanto no campo quanto na cidade, abre a discussão para a inserção dessas aeronaves na legislação vigente para o espaço aéreo. Esse caso tem sido debatido por diversos órgãos como ANAC, ANATEL E DECEA, que devem colocar em vigor para 2016, a ICA-100-40, uma regulamentação que foca na segurança de uso em relação a aviões e pessoas. O texto não contemplará especificamente o uso de drones no campo e nas florestas, mas de acordo com o coronel-aviador Cyro André Cruz, do DECEA, a atividade não escapa da legislação. “O campo também tem ha-
bitantes, que vivem na área rural, assim como há pessoas morando em cidades”, explicou durante a DroneShow 2015, primeira feira voltada para o uso de drones no Brasil. Outro risco que a ICA 100-40 aborda é a convivência entre drones e aviões. Na cidade, ela pondera sobre o uso dos equipamentos em espaços próximos a aeroportos, entre decolagens e pousos. No campo, o risco vem da divisão de espaço aéreo com os aviões agrícolas tripulados, que não atingem grandes alturas, assim como os drones. “Como ambos voam baixo, é preciso a regulamentação, a liberação prévia de voo para evitar acidentes”, esclarece o coronel.
DESASTRE AMBIENTAL
A
lama e os detritos liberados pelo rompimento da barragem da mineradora Samarco, na cidade mineira de Mariana, contaminaram o Rio Doce e comprometeram a captação de água para a produção da Cenibra, cuja fábrica fica na cidade de Belo Oriente. A empresa informou que suspendeu sua produção desde 07 de novembro e que procura alternativas para solucionar o problema. A Cenibra, controlada pelo grupo japonês JBP, repassa a maior parte de sua produção – de 1,2 milhão de toneladas por ano – para subsidiárias do conglomerado do qual faz parte. Hoje, a empresa representa cerca de 6,5% da produção nacional de celulose. A paralisação não programada da Cenibra, mesmo que seja curta, pode recompor preços da celulose no mercado internacional. Outra empresa que está em alerta devido ao desastre ambiental é a Fibria. Ela está monitorando a qualidade da água que abastece o complexo industrial de Aracruz (ES), após o rompimento de duas barragens da mineradora Samarco na região de Mariana (MG). A companhia capta água do rio Gimuhuna, que faz parte da bacia do Rio Doce. A Fibria não espera que o acidente afete a operação capixaba, mas informou que, diante de alguma eventualidade, pode recorrer a um reservatório de água capaz de manter a unidade em operação por 100 dias. A Revista B.Forest lamenta o ocorrido e espera que os responsáveis tomem as devidas providências para que as consequências não sejam piores e afetem de forma mais drástica o meio ambiente e as operações relacionadas ao setor florestal.
78 NOTAS . B. FOREST
PROJETO HORIZONTE 2
A
Fibria realizou no dia 30 de outubro, o
ração, no último trimestre de 2017, a nova
lançamento da pedra fundamental do
linha de celulose da Fibria terá 3 mil postos
Projeto Horizonte 2, que ampliará a capaci-
de trabalho diretos e indiretos.
dade de produção de sua Unidade de Três
Considerado um dos maiores investi-
Lagoas (MS). A cerimônia celebra o início
mentos privados do país com foco na ex-
oficial das obras de construção civil, que já
portação, o projeto de expansão da Fibria
estão em andamento.
está previsto para entrar em operação no
No Projeto Horizonte 2 serão investidos
segundo semestre de 2017. Com isso, a
R$ 7,7 bilhões. Ao longo dos dois anos de
unidade da empresa em Três Lagoas terá
execução do projeto, serão criados cer-
sua capacidade de produção ampliada de
ca de 40 mil empregos diretos e indiretos.
1,75 milhão de toneladas de celulose/ano,
Durante o pico da obra, serão cerca de 10
para 3,05 milhões de toneladas de celulo-
mil trabalhadores. Quando entrar em ope-
se/ano.
Foto: Divulgação
B. FOREST . NOTAS 79
COMBATE À VESPA-DA-GALHA
P
ara apoiar o produtor de eucalip-
caules e ramos finos. Esses danos po-
to no manejo de suas plantações,
dem comprometer o crescimento de
a Bayer CropScience lançou o produto
mudas e árvores, assim como a produ-
Evidence 700 WG, que combate à ves-
tividade de clones suscetíveis – plantas
pa-da-galha. De acordo com o gerente
de eucalipto menos resistentes a esta
de contas-chave da unidade de Saúde
praga ou mais atrativas à praga.
Ambiental da Bayer CropScience, João
Atualmente, a praga é encontrada
Galon, a solução deve ser utilizada em
nos plantios comerciais nos estados da
viveiro florestal. Além do tratamento
Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Mato
químico, as ações principais são o mo-
Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná,
nitoramento e prevenção, realizado com
Pernambuco, Rio Grande do Sul, São
armadilha adesiva.
Paulo e Tocantins; sendo que as maio-
O inseto ataca as folhas e deposita
res ocorrências são nos estados do Ma-
ovos, o que determina a formação de
ranhão, Minas Gerais, Paraná, São Paulo
galhas (tumores) nas nervuras centrais,
e Tocantins.
Foto: Divulgação
80 NOTAS . B. FOREST
B. FOREST . NOTAS 81
82 FOTOS ENTREVISTA . B. FOREST . B. FOREST
B. FOREST B. FOREST . ENTREVISTA . Vテ好EOS 83
84 Vテ好EOS ENTREVISTA . B. FOREST . B. FOREST
2016
MAR
MARÇO Encontro Brasileiro de Energia da Madeira
10 2016
MAR
09
Quando: 10 e 11 de Março de 2016 Onde: Curitiba (PR). Informações: www.energiadamadeira.com.br
MARÇO Lignum Brasil e 2° Expomadeira & Construção. Feiras do Setor Madeireiro. Quando: 09 a 11 de Março de 2016 Onde: Curitiba (PR). Informações: www.lignumbrasil.com.br
2016
ABR
07 2016
MAI
12
ABRIL 4° Curso de Aperfeiçoamento Técnico em Custos Florestais Quando: 07 e 08 de Abril de 2016 Onde: Curitiba (PR). Informações: www.malinovski.com.br
MAIO 2° Curso de Aperfeiçoamento Técnico de Gestão Socioeconômica e Ambiental em Atividades Florestais. Quando: 12 a 13 de Maio de 2016 Onde: Curitiba (PR). Informações: www.malinovski.com.br
2016
JUN
09
JUNHO 3° Curso de Aperfeiçoamento Técnico em Silvicultura de Florestas Plantadas. Quando: 09 e 10 de Junho de 2016 Onde: Curitiba (PR). Informações: www.malinovski.com.br
B. FOREST
. AGENDA 85
2016
JUN
JUNHO KWF Tagung – Alemanha
09 2016
AGO
18 2016
OUT
20
Quando: 09 a 12 de Junho de 2016 Onde: Alemanha. Informações: Informações: www.kwf-tagung.org/en/kwf-tagung/kwf-expo.html
AGOSTO 3° Curso de Aperfeiçoamento Técnico em Microsoft Excel Florestal. Quando: 18 e 19 de Agosto de 2016 Onde: Curitiba (PR). Informações: www.malinovski.com.br
OUTUBRO 6° Curso de Aperfeiçoamento Técnico em Gestão de Manutenção de Máquinas. Quando: 20 e 21 de Outubro de 2016 Onde: Curitiba (PR). Informações: www.malinovski.com.br
86 AGENDA . B. FOREST
B. FOREST
. AGENDA 87
88 AGENDA ANIVERSÁRIO . B. FOREST . B. FOREST
B. FOREST B. FOREST . ANIVERSÁRIO . AGENDA 89
90 AGENDA ANIVERSÁRIO . B. FOREST . B. FOREST
B. FOREST B. FOREST . ANIVERSÁRIO . AGENDA 91
92 AGENDA ANIVERSÁRIO . B. FOREST . B. FOREST
B. FOREST B. FOREST . ANIVERSÁRIO . AGENDA 93
94 AGENDA ANIVERSÁRIO . B. FOREST . B. FOREST
B. FOREST B. FOREST . ANIVERSÁRIO . AGENDA 95
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B. FOREST B. FOREST . ANIVERSÁRIO . AGENDA 97
98 AGENDA ANIVERSÁRIO . B. FOREST . B. FOREST
B. FOREST B. FOREST . ANIVERSÁRIO . AGENDA 99
100 AGENDA . B. FOREST
B. FOREST B. FOREST . ANIVERSÁRIO . AGENDA 101
102 AGENDA ANIVERSÁRIO . B. FOREST . B. FOREST
B. FOREST B. FOREST . ANIVERSÁRIO . AGENDA 103
104 AGENDA ANIVERSÁRIO . B. FOREST . B. FOREST
B. FOREST B. FOREST . ANIVERSÁRIO . AGENDA 105
106 AGENDA ANIVERSÁRIO . B. FOREST . B. FOREST
B. FOREST
. ENTREVISTA 107