Goiânia no Pós Pandemia | Setor Campinas

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Goiânia no Pós Pandemia Setor Campinas Anna Júlia, Iago Siqueira, Isabela Godoy e Maria Luz


Universidade Federal de Goiás Introdução ao Urbanismo Profa. Dr. Erika Kneib Goiânia, dezembro de 2020 Anna Júlia Andrade Iago Siqueira Isabela Godoy Reis Maria Luz Carvalho


Sumário Introdução

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Metodologia

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Analise da área

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Historico do bairro

6

O bairro hoje

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Área de Intervenção

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Problemas e potenciais

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Referencial teórico

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Referencial Projetual

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Diretrizes no pós - pandemia

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Ideias fortes

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Diretrizes

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Área ambiental

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Área comercial

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Perfil das ruas

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Mapa síntese

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Considerações finais

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Referências Bibliográficas

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Introdução

O Bairro de Campinas é uma região histórica e de grande potencial urbanístico dada sua riqueza de usos. Referência como zona comercial de Goiânia, também abriga uso habitacional, potencial ambiental e áreas históricas tombadas. Toda essa pluralidade de usos se dá pelo próprio histórico do bairro. Antes da construção de Goiânia, Campinas era um município do estado de Goiás e somente após o crescimento da capital, foi agregado como bairro da mesma. Nosso papel com esse trabalho é mostrar como melhorar a experiência para quem vai a Campinas e também para quem habita na região, há muito a ser proposto para uma área tão vasta, nos atentamos principalmente em melhorar a experiência do pedestre, dos comerciantes e clientes e melhorar a paisagem urbana em si. Tornar agradável e seguro caminhar pelas áreas comerciais e históricas, incentivando o uso do transporte coletivo, o deslocamento a pé ou por bicicleta. Mudando completamente a dinâmica a fim de trazer à tona todo o potencial da área.

Fig. 1: Praça Joaquim Lúcio fonte: http://ohoje.com/noticia/cidades/n/166861/t/prefeitura-revitaliza-acervo-art-deco-em-campinas

Propusemos, também, no corpo deste estudo, a criação de um parque, uma zona de permanência e atividades, uma área verde margeando o Córrego Cascavel a fim de proporcionar ao morador uma melhora na qualidade de vida.

Fig. 2: Centro Cultural Gustavo Ritter fonte: https://www.curtamais.com.br/Goiânia /11-motivos-para-amar-o-setor-campinas-em-goiania

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Metodologia

Devido ao contexto histórico e por ser uma localidade importante para cidade goiana, o setor campinas proporcionou as mais variadas informações para que esse estudo fosse concluído. De início, procuramos estudar o setor campinas pelo seu referencial na área de comércio têxtil e pela fácil localização para as demais áreas centrais da cidade. Assim, parametrizamos os fatores que influenciam nessa área urbana, seja negativamente ou positivamente. O estudo foi dividido em tópicos e trouxe consigo uma melhor percepção da região, pois proporcionou melhor entendimento da área. Os mapas temáticos nos possibilitaram melhor identificar as áreas verdes, a hidrografia e topografia, legislação local, o sistema viário que abrange a região, uso do solo e os principais ponto de interesses.

mais detalhadas, e a área histórica será a área de intervenção secundária, as diretrizes para essa área serão breves e menos detalhadas, priorizando-a como conexão entre as áreas de intervenções primárias. Na área comercial, propusemos reformulação de vias, estudos viários eficientes e acomodação de estacionamentos pavimentados. Por outra instância, propusemos na área ambiental, maior aproveitamento da área, com métodos de ocupação multifacetados como arquibancadas, áreas poliesportivas e demais formas de lazer, além de manter e reconstituir a mata nativa da região. E como método de transição entre esses dois espaços, promovemos de maneira indireta a revitalização da parte histórica, visto que terá como ponto atrativo por turistas e pela população local. Conforme o exposto, finalizamos o nosso ensaio teórico com propostas ideal para uma cidade funcional para o pós pandemia.

A partir desse processo, fundamentado com mapas digitais ( Google Street View e Mapa Fácil), estudos em legislações e trabalhos acadêmicos, o grupo conseguiu estabelecer uma percepção dos problemas e potencias do bairro e elaborar melhores possibilidades de uso, mobilidade e funcionalidade para este local, com foco no pós pandemia. Diante do estudo realizado, o grupo de trabalho definiu três áreas de interesse: área comercial, área histórica e área ambiental. Tendo em vista a impossibilidade de se pensar diretrizes igualmente detalhadas para todas as áreas no curto período de tempo da disciplina, o trabalho foi sistematizado da seguinte maneira: a área de uso comercial e a área de proteção ambiental serão as áreas de intervenções primárias, para qual serão elaboradas diretrizes

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Analise da área Histórico do bairro Por volta de 1810, deu-se o início

“Esse acontecimento, juntamente com a ampliação da linha de ferro próxima a região, favoreceu um maior desenvolvimento comercial e populacional, contribuindo para a elevação do povoado à categoria de vila em 1907 e, em 1914, à categoria de cidade” (GODINHO apud VIEIRA, 2019).

a um novo desenvolvimento urbano na região de Goiás. Nomeada previamente como campininha das flores, por Alferes Joaquim Gomes, fazendeiro da época que se estabeleceu na região para promover a agropecuária, mas acabou-se por abrir precedentes para que pecuaristas de outros estados, como de São Paulo e de Minas Gerais se estabelecessem também na região. Instituindo na região de forma gradativa, foram compondo de início trocas de mercadorias, dando espaço para o mercado interno da região. Passando-se anos, precisamente 80 anos, começaram a ter-se os primeiros progressos, desenvolvimentos nesse âmbito que se deram pela chegada dos Padres Redentoristas de origem alemã, em 1894. Desse modo, os mesmos promoveram a construção do primeiro convento e da segunda capela, em 1900, visto que a primeira foi edificada pelo fazendeiro Alferes em sua chegada, nas terras em homenagem a Nossa Senhora da Conceição (atual campinas).

Fig. 4: Antigo Coreto, Praça Joaquim Lúcio. Sílvio Bert fonte: https://www.researchgate.net/publication/268524153_A_fotografia_como_evidencia_da_evanescencia_da_memoria_urbana_o_Bairro_Campinas_Goiania

Com desenvolvimento a flor da pele em 1920, a população foi crescendo e a cidade tomando forma com grandes ampliações, como usina hidrelétrica, rede de telefonia, mobilidade (motocicletas), sistema de ensino (Colégio Santa Clara) dentre outros serviços. Esses foram alguns dos grandes feitos para a época e a partir disso, Campinas obteve sua posição de provedora e começou suprir a capital Goiânia que estava no início de seu desenvolvimento. “A fundação da capital de Goiás, em 1933, localizada no atual Setor Central em terras próximas a Campinas, fez com que a região sofresse diversas transformações. Em 1935, Campinas passa a ser bairro de Goiânia, e começa a receber Fig. 3: Praça Joaquim Lúcio nos anos 40. fonte: https://www.curtamais.com.br/goiania/11-motivos-para-amar-o-setor-campinas-em-goiania

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Durante todo o processo de crescimento de Goiânia, Campinas supriu todas as necessidades que havia para obter-se este progresso, sendo assim, suas características foram se adaptando conforme a capital ia se desenvolvendo, tornando-se atualmente um bairro de grande adensamento comercial mas sem perder o seu aspecto primitivo, o religioso. E então, com seus 210 anos, Campinas se estabilizou como um bairro de intenso movimento e de fácil acesso, com usos locais e próximos multifacetados apesar do seu caráter hegemônico ser comercial.

Fig. 5: Campinas nos anos 40 fonte: https://diaonline.ig.com.br/2019/04/09/setor-campinas-possui-importancia-historica-para-goiania

muitas pessoas de diversos locais, assim como ocorre a construção de novos edifícios, como hotéis (por exemplo o Palace Hotel - atual Biblioteca Municipal Cora Coralina), comércios e postos de gasolina, para atender às novas demandas” (GODINHO apud VIEIRA, 2019).

Fig. 6: Antigo Coreto, Praça Joaquim Lúcio fonte: http://casaabalcoada.blogspot.com/2009/12/campininha-das-flores-em-fotos-antigas.html

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Legislação

A partir da leitura do Plano Diretor do Município de Goiânia (2007) identificamos que a maior parte do Setor Campinas é composta por áreas de Adensamento Básico, definidas como “áreas de baixa densidade, para as quais será admitida a duplicação dos atuais padrões de densidade, visando a correlação das funções urbanas em menores distâncias e a otimização dos benefícios sociais instalados”. O traçado da região histórica do bairro e alguns edifícios foram tombado em 2003 pelo IPHAN juntamente com o acervo arquitetônico ART decó da cidade de Goiânia.( GODINHO, PRADO, VAZ. 2017).

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O Projeto de Lei do Plano Diretor do Município de Goiânia (2019) propõem transformar a mata ciliar do Córrego Cascavel em uma Área de Preservação Permanente e os lotes com o fundo para o córrego em Áreas de Ocupação Sustentável, sendo estas últimas áreas onde serão admitidas as atividades econômicas classificadas como GI-1, GI-2 e GI-3, desde que apresentadas as licenças ambientais. Além disso, o projeto de lei prevê a criação de uma Área Adensável acima da Av. Leste Oeste, permitindo ocupações em alta densidade habitacional e/ou atividades econômicas.

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Áreas verdes, hidrografia e topografia O bairro possui poucas áreas verdes públicas e arborização significativa ( VIEIRA,2019). Destacam-se a Praça Joaquim Lúcio e a Praça da Igreja Matriz. O Córrego Cascavel marca o limite oeste do bairro. Segundo o Plano Diretor do Município de Goiânia (2007), as faixas bilaterais contíguas aos cursos d’água temporários e permanentes devem ter a largura mínima de 50m (cinquenta metros). A mata ciliar do Córrego Cascavel não possui a largura mínima em todo seu curso, em alguns pontos a margem do rio foi ocupada irregularmente. Outro córrego presente no bairro é

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o Santa Helena, afluente do Córrego Cascavel, na região norte de Campinas. A topografia do bairro cai em direção ao Córrego Cascavel e Santa Helena, nas margens do córrego o terreno forma um pequeno vale. Ponto mais alto fica na parte norte do bairro, onde a cota é 715 m, e o ponto mais alto é na região sudeste, onde a cota chega a 735m.

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Sistema viário

transporte público, agravando congestionamentos na região.

Campinas é cortada por importantes vias em toda sua extensão. No mapa ao lado, localizam-se em destaque as vias com maior importância, pois são as vias de acesso principal ao bairro Campinas a partir de outros bairros e municípios; são elas a Av. Anhanguera, Av. 24 de Outubro, Av. Castelo Branco, Av. Sergipe, Av. Leste Oeste e a Av. Nazareno Roriz. (Essa última continua a cortar todo o bairro em seu eixo norte sul como Rua Jaraguá, porém com menor fluxo de viagens.) É importante ressaltar também, devido o seu caráter conector, às vias mencionadas possuem um grande fluxo de viagens tanto de veículos individuais quanto de

O bairro é abastecido por uma grande quantidade de linhas e pontos de ônibus, mas em suas vias não há presença de corredores preferenciais e/ou exclusivos para a passagem do ônibus e seus pontos de ônibus possuem infraestrutura precária ou, em sua maioria, inexistente. A falta e precariedade dessas infraestruturas tende a piorar a experiência do pedestre durante sua passagem pelo bairro, assim como a inexistência dos corredores exclusivos para ônibus torna o deslocamento, para aqueles que optam pelo transporte público, com a mesma duração ou maior comparado as viagens realizadas por veículos individuais.

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Uso do solo e pontos de interesse Observa-se, a partir da análise do mapa, que grande parte do bairro é formada por edificações de uso comercial ou misto. Por sua vez, localizadas em predominância na área sul e sudeste do bairro. As quadras com características residenciais, localizam-se ao norte, acima da Av. 24 de outubro e a margem do Córrego Cascavel em toda sua extensão pelo setor. Nota-se que existem muitos pontos de interesse na região; caracterizados por instituições de saúde, em sua maioria hospitais; instituições educacionais, que englobam escolas públicas e privadas; instituições religiosas, como a

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própria Igreja Matriz de Campinas. As quadras demarcadas como institucionais são pontuais no bairro, e a presença dessas instituições ocupam, em sua maioria, mais de 50% da quadra; tornando-se uma grande potencialidade e atratividade para o bairro. A partir do plano diretor estabelecido para a região do Setor Campinas, se percebe que o gabarito utilizado estipula as edificações que serão permitidas. Para os uso mistos e comerciais são permitidos apenas 6 pavimentos, enquanto para uso residencial são permitidos 3 pavimentos.

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Analise das áreas de intervenção Após algumas discussões acerca do caráter de diferentes áreas do Setor Campinas, o grupo de trabalho definiu três áreas de interesse: área comercial, área histórica e área ambiental. Tendo em vista a impossibilidade de se pensar diretrizes igualmente detalhadas para todas as áreas no curto período de tempo da disciplina, sistematizamos o trabalho da seguinte maneira: a área de uso comercial e a área de proteção ambiental serão as áreas de intervenções primárias, para qual serão elaboradas diretrizes mais detalhadas, e a área histórica será a área de intervenção secundária, as diretrizes para essa área serão breves e menos detalhadas, priorizando-a como conexão entre as áreas de intervenções primárias.

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Fig. 7: Av. 24 de outubro fonte: Google Maps Street View

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Diagnóstico das áreas primárias | área ambiental Na margem oeste do Córrego Cascavel, no bairro do Aeroviários, já existe um parque urbano implementado. Não existe conexões para pedestres entre as duas margens do rio, impedindo a utilização do parque por moradores de Campinas. Av. Mal. Deodoro da Fonseca

Ponte da Av. 24 de outubro

O uso residencial da área próxima ao córrego cascavel se deu por ocupação irregular. As ruas que “morrem” ao chegarem no Córrego. Vielas estreitas, usadas para acesso de veículos ou fundo de lotes. Mal iluminadas e sem circulação de pessoas.

Parque Campininha das flores

Viela Perimetral

Av. Se

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Av . 24

Av .A

nh

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pe

tub

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Mata Ciliar

ang

ue

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Área de ocupação sustentável Parque/praça já estabelecido

Ponte da Av. Anhanguera

As oficinas mecânicas localizadas nas margens do córrego não configuram Ocupação Sustentável. Muitas vezes ocupam a mata ciliar com galpões ou depósito de pneus velhos.

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Av. W Guimarães

As ruas que “morrem” ao chegarem no Córrego, muitas vezes desrespeitando a mata ciliar. Lixo depositado nas margens do rio.

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Diagnóstico das áreas primárias | área comercial

Estreitamento da via devido aos estacionamentos dos dois lados e gerando congestionamentos.

Av .A

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Uso inapropriado das calçadas. O comercio irregular na região provoca aglomerações além de desencadear a inacessibilidade de pedestres

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A utilização do espaço público é desfrutada de maneira indevida por muitos dos comerciantes da área têxtil que usam calçadas para exposição de seus produtos.

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Problemas - Desconhecimento e/ou desvalorização do valor histórico do bairro e edifícios de

Potenciais - Importância histórica na construção de Goiânia.

relevância histórica degradados. - O bairro possui patrimônio histórico de - Subaproveitamento do Córrego Cascavel. - Microclima desfavorável aos pedestres. - Poluição sonora, visual e olfativa. - Poucas opções de lazer. - Sensação de insegurança.

relevância e Traçado tombado - Grande circulação de pessoas. - Grande concentração de comércios. - Grande quantidade de pontos de interesse - Grande quantidade de pontos de ônibus.

- Arborização geral da área insuficiente e poucas áreas verdes e livres.

- Região bem abastecida de linhas de ônibus.

- Grande quantidade de veículos em trânsito

- Muitos estacionamentos privados (possível

e parados em ambos os lados da via.

justificativa para retirar estacionamentos gratuitos ofertados nas vias)

- Calçadas com faixa de passeio obstruída por vendedores ambulantes e mercadorias

- Córrego Cascavel como um potencial parque linear.

- Algumas vias possuem conformação antiga, sendo estreitas e com calçadas pequenas (vias próximas ao Córrego Cascavel) - Presença de muitos veículos de carga.

- Região é cortada por importantes vias, como Av. Anhanguera; Av. 24 de Outubro que ligam Campinas com os demais bairros de Goiânia.

- Fluxo intenso de veículos na maior parte dos dias da semana, principalmente das 8h às 18h.

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Referencial teórico

Para bem fundamentar as decisões tomadas ao longo do processo do projeto de intervenção foram escolhidos materiais teóricos que abrangessem os princípios urbanísticos utilizados, assim como também pudessem ser aliados para esclarecer à sociedade o valor e importância das diretrizes escolhidas. Para cada referencial adotado buscamos brevemente descrevê-lo a fim de exemplificar seu conteúdo e relacionar com o trabalho apresentado:

Cidades Sustentáveis, Cidades Inteligentes: Desenvolvimento Sustentável num Planeta Urbano - Carlos Leite e Juliana di Cesare Marques Awad O livro traz em seu capítulo 7, intitulado Cidades sustentáveis, cidades compactas cidades inteligentes, diversos pontos que serviram de apoio às nossas decisões nesse projeto, principalmente quanto à priorização de espaços destinados a pedestres em detrimento do uso do automóvel e ainda a qualificação dos espaços públicos. Nele vimos como densidades qualificadas devem ser promovidas nas cidades compactas, usando de uso misto do solo e multicentralidades ligadas por uma rede de mobilidade eficiente. “A alternativa passa a ser a realização de ações visando eficiência por redução de consumo e desperdício, apoio a serviços com baixas emissões de carbono e revitalização urbana promovendo a compacidade do uso do solo o compartilhamento de equipamentos e a valorização do espaço público.” 134

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Morte e Vida de Grandes Cidades - Jane Jacobs A partir do trabalho de Jane Jacobs tomamos decisões ligadas à valorização do espaço público e o incentivo do uso misto dos estabelecimentos, para que as ruas fossem ativas em diferentes momentos do dia, e também a valorização do pedestre no espaço urbano. Cinco elementos urbanísticos foram bem explorados pela escritora Jane Jacobs: as calçadas, as ruas, os parques, os bairros e as quadras.

DOTS Nos Planos Diretores – WRI BRASIL O Desenvolvimento Orientado para o Transporte – DOT, vem para nos esclarecer como uma cidade pode atingir grande revolução urbanística se guiarmos nosso olhar para como as pessoas se locomovem por ela, como, associado aos demais referenciais teóricos já mencionados, a priorização de meios de transporte coletivos, por bicicleta ou a pé são determinantes para um projeto urbano bem sucedido.

Guia Global de Desenho de Ruas Considerando a rua como espaço social, o Guia global de desenho de ruas propõe reflexão, conceitua e traz estudos de caso vividos por diferentes cidades do mundo, levando em conta a sustentabilidade, a segurança e o dinamismo necessários à via pública. Assim, destaca a análise de distintos aspectos no momento em que se projeta uma rua, como o contexto ambiental e histórico de um local, seus usos, seus diferentes públicos, meios de transporte e infraestrutura.

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Referencial projetual Praça das corujas, São Paulo

Fig. 9: Horta comunitária na Praça das Corujas, SP fonte: https://vejasp.abril.com.br/ com colagem dos autores

A Praça das Corujas fica no bairro Vila Madalena em São Paulo. A praça sofria com alagamentos frequentes no periodo das cheias e por isso passou por uma reabilitação em 2008. Foram instalados quatro jardins de chuvas e biovaletas para conduzir a água até lagoas pluviais, além de pisos drenantes Um outro ponto interessante do projeto é a maneira como a essa reabilitação potencializou a vida comunitária no bairro. Atualmente os moradores cultivam uma horta coletiva e realizam festas e reuniões no local.

Fig. 10: Ponte cobre corrego e biovaletas na Praça das corujas fonte: https://bora.ai/sp/passeios/visite-o-parque-das-corujas com colagem dos autores

Parque da Família, Chile A ideia parque fluvial nas mas margens do Rio Mapocho surgiu em 2001, com a intenção de valorizar a região e reabilitar uma antiga zona industrial. O projeto possui 34 km de extensão e aproveita topografia para criar espaços de convívio, possui vias para bicicletas e pedestres. Fig. 11: Parque da Família, Quinta Normal, Chile fonte: Felipe Díaz Contardo in https://www.archdaily.com.br/br/799412/ parque-fluvial-padre-renato-poblete-boza-arquitectos

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Rua Voluntários da Patria, Curitiba

Fig. 12 e Figura 13 : Rua Voluntários da Patria em Curitiba se torna uma rua completa. fonte: https://www.archdaily.com.br/br/947043/nova-rua-completa-de-curitiba-une-prioridade-a-pedestres-e-preservacao-do-patrimonio com colagem dos autores.

A rua completa foi concluída em fevereiro de 2020 e se estendem por 330 metros, da Praça Rui Barbosa à Praça Osório. Conecta um terminal de ônibus e uma área de intenso uso comercial. A faixa de estacionamento se transformou em espaço para pedestres e o pavimentação é feita com paralelepípedos e calçadas portuguesa - o que contribui para a redução da velocidade dos carros que ainda circulam na rua. Além disso, também ganhou bancos, lixeiras e arborização.

Calçadão da Rua Sete de Abril, São Paulo A rua fica no centro da cidade e foi fechada para carros em 2015 para se transformou em um calçadão. A pavimentação foi substituída por blocos de concreto e a rua recebeu novos equipamentos públicos. Fig. 14: Calçadão da Rua Sete de Abril, São Paulo fonte: © Cidade Ativa in https://www.archdaily.com.br/br/888387/como-podemos-planejar-cidades-que-priorizem-pedestres com colagem dos autores.

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Diretrizes no pós-pandemia

Distanciamento social Calçadas mais largas para permitir circulação de pedestres com distanciamento social; Pedestrianização das ruas de maior fluxo de pessoas;

Bicicletas são uma opção de deslocamento com baixo risco de contaminação (deslocamentos curtos) Implementação ciclovias conectadas por todas a cidade e infraestrutura de apoio ao ciclista; Possibilitar a integração dos modais de transporte;

Sistema de transportes coletivos mais seguros e com baixo/médio risco de contaminação (deslocamentos médios/longos) Serviço pontual e confiável, evitar aglomerações por atrasos. Linhas expressas em corredores exclusivos para conectar locais distantes e Linhas locais circulando na rua para trechos curtos Estações e paradas de ônibus limpas, bem iluminadas e com painéis informando linhas que operam na região e outras possibilidades de deslocamento.

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Socialização entre familiares e amigos devem ocorrer em parques e praças, locais ventilados e amplos. Implementação áreas de socialização ao ar livre, não somente nos parques mas também nas próprias ruas Implementação de Parques e Praças com infraestrutura de qualidade

Comércio seguro para comerciantes e consumidores. Calçadas mais largas possibilitar uso pelo comércio ao ar livre, como mesas de restaurantes/bares/cafés e exposição de produtos do lado de fora das loja.

Fig. 5: Domino Park em Nova Iorque introduz círculos no chão para garantir distanciamento

Fig. 5: Bogotá planeja tornar permanentes os 96 km de ciclovias temporárias.

fonte: Marcella Winograd in www.archdaily.com.br

fonte: Sec. Mobilidade de Bogotá in www.archdaily.com.br

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Ideias fortes

Melhorar experiência do pedestre Criação de ruas pedestrianizadas e compartilhadas na área de intenso uso comercial; Criar corredores exclusivos para ônibus; Criar um circuito de ciclovias; Abastecimento das lojas no contra turno.

Melhoria da paisagem urbana Criação de um Parque linear no entorno do córrego Cascavel, com equipamentos públicos interessantes

Fig. 5: xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx fonte:

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Proposta de diretrizes para área ambiental Ponte conectando Parque Marginal Cascavel e Parque Campininha da flores

1 Aumento da margem do Córrego Cascavel e sua mata ciliar

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Av. Se

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3

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Av .A

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Caminho para pedestre já existente Corredor exclusivo para ônibus Área de cheia do rio Fluxo de carros transferido Ciclofaixa Caminho para pedestre

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Corredor VLT Quiosques Córrego Cascavel Área do Parque Marginal Cascavel Mata ciliar do Córrego Cascavel Parques e Praças já existentes Acesso somente para pedestres e ciclistas

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5 1. Arquibancada Victoria on the River, Hamilton, Nova Zelândia 2. Praça das artes Avenida Paulista, sp 3. Área poliesportiva 1 Pista de Skate e Patinação - Parque Marcos Veiga Jardim, Goiânia -GO 4. Academia pública SESC Interlagos, São Paulo - SP 5. Área poliesportiva 2 Setor esportivo - Condomínio Vivendas Parque, Curitiba.

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Parque Linear À área ambiental se torna um extenso parque linear, começando após a Av. Anhanguera até a Av. Sergipe. Essa modificação preserva o Córrego Cascavel e sua mata ciliar, desapropriando alguns terrenos próximos ao córrego, que fazem parte da Área de Ocupação Sustentável prevista pelo Projeto de Lei do Plano Diretor de Goiânia(2019). Além disso, alguns áreas de uso residencial precisam ser desapropriadas legalmente de acordo com o permitidos pelo Estatuto da Cidade, Lei n˚ 10.257 de 10 de julho de 2001 nos Arts. 25 a 27 e Art. 35 (BRASIL,2008) . A solução implantada incentivará o uso da região, melhora a qualidade de vida e paisagem urbana, além de ser uma opção de lazer para os moradores e usuários do bairro. Como forma de lazer e estar, além do aproveitamento topográfico do terreno do parque, a implantação de arquibancadas próximas ao limite da mata ciliar. Resultando também em um melhor utilização da paisagem urbana pelos usuários. O parque contará com os seguintes equipamentos públicos: Praça das Artes: A criação de uma praça das artes como espaço de melhor aproveitamento e ambientação dos muros residenciais que integram parte do parque. Esse local também possuirá totens para exposições artísticas, o que ajuda na assimilação da área histórica com os estudantes do Instituto Gustavo Ritter, além de proporcionar uma maior valorização artística e cultural para a região e usuários. Área Poliesportiva: O parque terá duas Áreas Poliesportivas. A primeira se dará por uma pista de skate e patinação, localizada ao lado norte da Av. 24 de Outubro. A segunda se dará por duas quadras poliesportivas, uma pavimentada e a outra de areia, para que possam ser usadas na realização de diversos esportes, - como: futsal, basquete, vôlei, queimada, futebol de areia e vôlei de areia - localizada ao lado norte da Av. Anhanguera. Com a implan-

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tação dessas áreas no parque terá como resultado um ponto atrativo para pessoas que residem no bairro e também quem está de passagem, principalmente para jovens e adultos da região, trazendo uma maior a diversidade de faixa etária dos usuários do parque Academia pública: a implementação de uma academia pública no parque tem como finalidade permitir a prática de atividades físicas com segurança,reduzindo o risco de disseminação de doenças por estar ao ar livre. Adultos e idosos são o público alvo deste equipamento. O intuito da criação desses equipamentos próximos das avenidas de acesso bem como a implementação de quiosques ao longo do percurso do parque é atrair a permanência do usuário e assim criar um ambiente seguro em todos

Drenagem Urbana Modificação no leito do córrego cascavel, como forma de prevenir pontos de alagamento na região; em especial aqueles próximos a avenidas. Com o aumento das margens do córrego e de sua mata ciliar, além da instalação de biovaletas ao longo do parque para a condução da água das chuvas, ameniza os riscos causados por uma precária drenagem urbana.

Conexão entre parques O Córrego Cascavel terá uma ponte para a conexão entre as áreas de lazer da região; O parque, existente, Campininha das Flores e o parque, proposto, Marginal Cascavel. Essa proposta melhora a mobilidade e uso entre os parques que se mantém em paralelidade devido ao desenho do Córrego Cascavel.

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Proposta de diretrizes para área comercial

1

2

3

Implementação do VLT na Av. Anhanguera ( projeto já existente); Proibição do estacionamento na Av. Anhanguera Fluxo de automoveis

Acesso somente para pedestres e ciclistas

Ciclofaixa

Ruas compartilhadas

Pontos de ônibus

Prédios de estacionamento

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4

Corredor exclusivo para onibus Corredor VLT Fluxo de ônibus não exclusivo

1.Ruas Compartilhadas Rua Joel Carlos Borges, em São Paulo 2.Estacionamentos Edifício Parthenom Center, Goiânia 3.Corredor exclusivo Corredor de ônibus da avenida Engenheiro Luis Carlos Berrini, São Paulo 4.Ruas pedestrianizadas Rua Direita, São Paulo

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Ruas Pedestrianizadas Intervenção de modalidade nas Rua Quintino Bocaiuva, Rua Rio Verde e Avenida São Paulo. As ruas que tem caráter viário de médio fluxo de automóveis passará a ser utilizadas apenas por pedestres, dando possibilidades de maiores espaço, amenizando assim as aglomerações de pessoas.

Perfil das ruas Av. 24 de outubro antes

Meios de locomoção A região terá duas alternativas de transporte público como acesso. A primeira dará pelo o VLT, percorrerá toda a extensão da Av. Anhanguera. E a segunda alternativa será a Av. 24 de outubro, que terá um corredor exclusivo para ônibus conectando o terminal Dergo e Praça A , continuará sendo acessada pelas linhas de ônibus que já possuem a via como rota. A modificação feita na Av. 24 de outubro só permitirá que carros particulares acessem a via perto do parque linear. Essa solução implantada incentivará o acesso da região com o transporte público que será de qualidade, além viabilizar as vias que circundam a região, visto que será amenizado o fluxo de carros particulares na localidade.

Av. 24 de outubro depois (trecho 1)

Ruas Compartilhadas As ruas paralelas, Av. Alberto Miguel , Av. Honestino Guimarães, Av. Benjamin Constant e Av. Minas Gerais darão suporte para os comércios locais que terão suas vias bloqueadas para Pedestrianizadas. Essas avenidas passaram a ter o seu caráter de rua compartilhada e o abastecimento de mercadorias serão feitas no contra turno do horário comercial, seja pela madrugada ou à noite.

Av. 24 de outubro depois (trecho 2)

Estacionamentos Como forma de suporte para viabilização das ruas locais, serão implantados 2 estacionamentos de uso mistos, sendo o 1 pavimento comercial e os 3 pavimentos restantes, de estacionamento, resultando um prédio de 4 andares.

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Av. Anhanguera antes

Ruas compartilhadas depois

Av. Anhanguera depois

Ruas pedestrianizadas antes

Ruas compartilhadas antes

Ruas pedestrianizadas depois

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Mapa síntese das diretrizes

Fluxo de ônibus não exclusivo Fluxo de automóveis Corredor exclusivo ônibus Ciclofaixa Corredor VLT Área do Parque Marginal Cascavél Ruas pedestrianizadas Ruas compartilhadas Áreas de lazer Quiosques Prédios de estacionamentos

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Considerações finais

Diante dos relatos feitos ao longo de todo o ensaio teórico, infere-se que o setor de campinas é um bairro extremamente importante para cidade de Goiânia, seja por seu caráter histórico ou seja pela pelo polo comercial que abriga.

Entendemos que é possível promover um plano urbano de referência para as demais capitais brasileiras impulsionando positivamente a economia, a vida social e saúde pública.

Apesar dos diversos problemas percebidos no bairro acreditamos que seus potenciais são enormes e com adaptações propostas para o contexto pós pandemia o setor pode se tornar mais seguro e ainda mais atrativo para diversos grupos sociais sem perder as características que o tornam tão querido pelos goianienses. Frente aos estudos teóricos e projetuais realizados pelo grupo, elaboramos propostas que proporcionam uma melhor ambientação urbana, priorizando os fluxos pedestres e usos pelos comerciantes que já ocorrem para a região. Assim, aproveitando o potencial do bairro para resolver problemáticas que existem atualmente. Portanto, as propostas foram vistas como ideais para criar um espaço urbano resiliente e sustentável, pronto para enfrentar o futuro.

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