Porfolio+_Maria Luisa Buratto Cardoso_2018

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edição 01

portfolio+

+ revista contraste 5 + azulejos EatalyBR + detalhes urbanos

maria luisa buratto cardoso


sumáriosum

04 EDITORIAL

>> Por que não elaborar um portfolio no formato de uma publicação? <<

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ELOGIO TIPOGRÁFICO >> Design de um “livro-memorial” dedicado aos tipógrafos Peter Behrens, El Lissitsky e Beatrice Warde. <<

QUEM É, O QUE FEZ, O QUE FAZ?

NA ONDA DOS AZULEJOS

>> Um pouco sobre as experiências e percepções de Maria Luisa Cardoso, autora dessa edição da Revista Portfolio. <<

>> Criação do conceito para o novo restaurante de frutos do mar do Eataly brasil, que teve como principal atrativo um balcão revestido com azulejos personalizados. <<

B 10 32 22

REVISTA CONTRASTE 5

>> Produzindo uma publicação estudantil, com foco nas peças gráficas de diagramação e divulgação <<

STICKERHUNT

>> Design de interação para o o jogo StickerHunt, cuja base é um aplicativo virtual inovador no qual o objetivo principal é desenhar e caçar adesivos no mundo real. <<

ENTRADA TRIUNFAL >> Criação de um painel modular para a parede da sede da empresa maranhense Empório Fribal. <<


máriosumário 36 INSPIRAÇÃO NO EXPEDIENTE

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>> Criando espaços agradáveis e vivos para a nova Sede do Grupo Marche <<

DIRETO DA PRANCHA

>> Formas de apresentação de entregas de projeto em que o design foi tão importante quanto o edifício. <<

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SESC, LINA, CONCRETO, CORRETO >> Cartazes em homenagem à uma das principais obras da arquiteta Lina Bo Bardi: o SESC Pompeia. <<

GALERIA

>> Galeria de fotos de detalhes urbanos <<

propõe a mostrar meus principais trabalhos na área

de design gráfico, abordados no formato de uma publicação a ser impressa.

Procurei fazê-lo res-

peitando cada recurso do software InDesign de forma a organizar o layout da maneira mais prática e correta possível, e tentando mimetizar o processo de uma editora. Caso seja de interesse do leitor, posso encaminhar o arquivo original para consulta de tais procedimentos.

Obrigada! .

sumário . 03

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E

sse portfolio se


editorialedito

P

artindo do princípio que desejo trabalhar com design gráfico editorial, por que não elaborar um portfolio no formato de uma publicação? Não é uma abordagem comum,

já que os portfólios em geral tendem a valorizar muito mais as imagens, concedendo pouco espaço ao texto. No entanto, enxerguei a ideia como uma oportunidade de explicar melhor cada trabalho através do conteúdo escrito e de criar um novo projeto gráfico baseado em um modelo de revista impressa com páginas de 19 x 25cm. O conteúdo da revista reflete a diversidade dos trabalhos feitos ao longo dos últimos três anos e procura demonstrar meu empenho em compreender e aplicar os fundamentos do design em produções de diferentes áreas, como arquitetura, comunicação visual, fotografia, cartazes e publicações impressas, dentre outros. Dessa forma, espero ter conseguido atingir meu objetivo de reunir trabalhos tão diversos - em termos estruturais e visuais - em uma

04 . editorial

linguagem comum, que por sua vez também reflete minhas inspirações, minha personalidade e estilo gráfico.

Maria Luisa Buratto Cardoso


orialeditorial

05


quem é, o que fez, o que faz? M

eu nome é Maria Luisa diversos anseios e desejos profissionais. Buratto Cardoso, mas No caso, através de minhas vivências e todos me chamam pelo aprendizado iniciados na faculdade, vismeu apelido, Malu. Naslumbrei a possibilidade de lidar simultaci em São Paulo, capital, no dia 12 de neamente com minhas principais áreas Janeiro de 1993. de interesse: design gráfico, arquitetuMinhas intermináveis brincadeira, urbanismo e comunicação. E como ras envolvendo desenhos e maquetes, juntar tudo isso? Por meio do universo quando criança, me conduziram desde editorial, que, inclusive, recuperava micedo a um grande nha quase esquecida encanto pelo mun- Através da FAU, pude vontade de trabalhar do da arquitetura. Já meio jornalístico enxergar-me em um no adolescente, em fase da adolescência! de vestibular, me vi nicho de atuação que Trabalhar com absolutamente dividia produção de livros, consegue aliar meus jornais e revistas, seja da entre dois campos de atuação que me diversos anseios e na parte de seleção seduziam: a arquiteconteúdo, seja no desejos profissionais. de tura e o jornalismo. projeto gráfico, exige Por razões diversas acabei presum conhecimento global dos temas a tando a prova para a FAU. Essa decisão serem tratados, que por sua vez poacabou se revelando como uma escodem ser sobre arquitetura, urbanismo, lha extremamente acertada, não só design e uma infinidade de temas intepela qualidade pedagógica e espacial ressantes. Essa razão, somada ao fato da FAU, mas por sua formação ampla do ambiente de uma editora ser fundae generalista, onde pude enxergar-me mentalmente colaborativo, com aberem um nicho de atuação que, surpretura para a interação entre profissionais endentemente, consegue aliar meus designers, editores, jornalistas, fotógra-


formação

Olá! Sou a Malu, tenho 25 anos e estudo arquitetura e urbanismo na FAU-USP. Ao longo do curso me descobri apaixonada pelo universo do design gráfico e desde então venho me dedicando ao máximo a ele.

Ensino Fundamental e Médio

Escola Nossa Senhora das Graças - Gracinha [2000 - 2010]] Graduação

Faculdade de Arquitetura Universidade de São Paulo - FAU USP [fev 2012 - fev 2019] Intercâmbio

Escuela Tècnica Superior d’Arquitectura de Barcelona (ETSAB - UPC) [ago 2015 - jun 2016]

*Bolsa Mérito Acadêmico

quem é, o que fez, o que faz? . 07

e Urbanismo da


Estágio no escritório de arquitetura ESPAÇONOVO (mar 2017 - mar 2018) Área de atuação: comunicação visual para varejo (conceito, projeto básico, projeto executivo, arte final) auxílio em projeto de arquitetura manejo das redes sociais atualização periódica do

mlburattocardoso@gmail.com

(11) 98269-5677

profissional

portfolio da empresa

fos e muitos outros, me atrai muito. Se as diferentes funções convivem e trabalham juntas de forma coesa, elas prosperam em criar um produto agradável, útil e informativo. Hoje, depois de ter participado de todo o processo de concepção das revistas Contraste 4 e 5 (publicação estudantil da FAU USP), ter participado de cursos e palestras de produção gráfica e ter me dedicado bastante à area de design gráfico no estágio e nas disciplinas da faculdade, acredito ter uma boa ideia do funcionamento de uma editora e possuo grande interesse em mergulhar de cabeça nesse meio. Dentro dele, gostaria muito de atuar como designer editorial, aplicando os conhecimentos adquiridos até então e aprendendo ainda mais sobre como apresentar informações textuais e visuais ao leitor através de um layout organizado, eficiente e convidativo.

Gostaria muito de atuar como designer editorial, aplicando os conhecimentos adquiridos até então e aprendendo ainda mais sobre como apresentar informações textuais e visuais ao leitor através de um layout organizado, eficiente e convidativo. Espero que a escolha cuidadosa dos elementos dessa “revista-portfolio” demonstrem um pouco de meu amor e dedicação pelo design gráfico e possam me levar a uma experiência da estágio em uma editora.


Participou do Corpo Editorial da Contraste 4 e 5, atuando na seleção e produção de conteúdo, direção de arte, produção gráfica, montagem e organização de eventos e atividades relacionadas. [2015 - 2018]

Dia Tipo São Paulo Evento de tipografia na FAAP [dez de 2014 - 2 dias inteiros]

Treinamento em Artes Gráficas na Pancrom - Indústria Gráfica [mar de 2018- 2 dias inteiros]

Português

idiomas

Inglês Espanhol Italiano Catalão Photoshop InDesign Corel Drawn AutoCad

softwares

Revit Office Illustrator Imovie

quem é, o que fez, o que faz? . 09

experiências e habilidades

Mesmo cursando arquitetura, minha vivência na FAU USP me proporcionou muitas oportunidades para atuar como designer.

Revista Contraste (Publicação dos estudantes da FAU - USP)


revista contraste 5

A mais nova edição da publicação estudantil da FAU USP surgiu como um esforço em entender as várias formas de educar e ser educado, em seu objetivo comum de contribuir para o bem de um mundo enorme, diverso, conflituoso, inconstante e eternamente desafiador.

A

10 . contraste 5

Revista Contraste é uma publicação estudantil, organizada por alunos da FAU USP, que dá prosseguimento a uma tradição de fortes e relevantes revistas nascidas em nossa faculdade, como a “Caramelo” e a “Contravento”. A cada uma das edições se renova o corpo editorial, as temáticas a serem tratadas e o projeto gráfico, mantendose somente o nome da revista e seu formato padrão, de 18,5 x 23cm. É desejo constante da Contraste extrapolar os limites das discussões de Arquitetura e Urbanismo possíveis

no currículo acadêmico, bem como observar discussões da arquitetura e da cidade sob pontos de vista que não os convencionais. Desta forma, a Contraste esforça-se sempre em discutir seus temas com profissionais, de diversas áreas de conhecimento, abrangendo o cinema, a literatura e diferentes formas de expressão. Assim, almejamos ainda atingir um patamar de discussão palpável a todos cidadãos, que sob nosso olhar, devem compreender e posicionar-se sobre a cidade e a arquitetura. A Contraste ainda possui um grande viés pedagógico, propondo-se

Capa “descoberta”da Contraste 5, com trecho do poema “O Guardador de Rebanhos”, de Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)

a criar um espaço de experimentação gráfica para todos os membros do corpo editorial, bem como um veículo de movimentação e utilização das oportunidades da FAU USP, notadamente o Laboratório de Produção Gráfica. Nessa edição, a partir de contextos internos e externos à FAU - greve, rediscussão da prova específica, cotas, acesso à universidade, ocupação dos secundaristas, Escola Sem Partido – nos pareceu interessante - e extremamente relevante - tratar-se do tema da EDUCAÇÃO. São muitas as etapas para concluir a revista, que encontram-se listadas abaixo: - concepção (tema, subtemas) - seleção de material (conteúdo encomendado, recebido e livre) - divulgação constante (chamada aberta de conteúdo, convite para eventos diversos) - criação do projeto gráfico e diagramação dos artigos - finalização de arquivos - impressão e montagem - lançamento (eventos e venda) Vou ater-me em explicar e mostrar os produtos gráficos da parte de diagramação e divulgação.


As quatro opções de capas raspáveis da Contraste 5. A ideia era de que os leitores interagissem com a revista, refletindo nosso ideal de educação como um processo ativo e participativo.

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diagramação Apesar de cada membro do corpo editorial ter bastante liberdade para diagramar, foi criado um “Guia de Identidade Visual” para orientar o desenho de cada artigo dentro de um padrão coerente.

12 . contraste 5

F

oram muitas reuniões do corpo editorial até que chegassemos a um guia de projeto gráfico consiso. Por conta da impressão colorida ser feita através da máquina offset, que imprime a partir de fotolitos, tivemos uma limitação grande de cores. No entanto, acredito que conseguimos driblar bem esse problema, usando a escassez de cores a favor da unidade do projeto e aproveitando para trabalhar outro elementos com cuidado redobrado, como a escolha do papel e a disposição da mancha gráfica. Escolhemos o preto, um vermelho forte (C10, M100, Y100, Y5) e um azul quase marinho (C100, M90, Y30, Y30) como nossas cores principais, e a partir delas derivamos uma gama de cinzas, cor-de-rosa e azul acinzentado. As combinações que conseguimos fazer a partir dessas cores permitiram muitas possibilidades gráficas. Com relação às fontes, escolhemos duas tipografias estilo display para os títulos (a BAVRO e a STELLAR), duas para textos corridos (a SABON, serifada, para textos mais acadêmicos, e a NIILAND, sem serifa, para textos variados) e uma para notas de rodapé e legendas (MOSK). Com relação aos blocos de texto, estabelecemos que a composição se daria através de linhas de textos na vertical e da horizontal, dentro do grid.

Diagramação do índice e do expediente, impressos em Papel Colorplus Havana. Busquei explorar bastante o mote do projeto gráfico da Contraste 5: a diversidade tipográfica e a composição por meio de horizontais e verticais.


luiz recamán e mariana wilderom 123

[...] a cada projeto de escola, dada a sobrecarga de expectativas que gerava, afirmou-se uma possibilidade urbana.

Luiz Recamán1 e Mariana Wilderom2 Muito se discutiu sobre a devida relação entre a arquitetura escolar e as cidades, especialmente em São Paulo. Podemos mesmo dizer que o projeto de “escola” foi sobrecarregado de funções bastante ousadas no contexto do subdesenvolvimento. Como se não bastasse sua ousadia moderna inerente ao programa educacional – formar cidadãos autônomos –, no caso de São Paulo, as escolas tiveram de ajuizar sobre as difíceis condições da metropolização. Para refletir sobre isso, devemos buscar compreender os termos dessa equação: a escola, na realidade da modernização brasileira, e a cidade e a sua urbanização acelerada durante o século XX. Mas essas polaridades não devem ser essencializadas, na medida em que ambas se referem diretamente ao mundo

social em que foram produzidas. Trata-se, portanto, pelo menos do ponto de vista desta breve reflexão (A&U), de discernir uma possível relação entre elas. Ou seja, a cada projeto de escola, dada a sobrecarga de expectativas que gerava, afirmou-se uma possibilidade urbana. Isso é válido para quase todas as circunstâncias de projeto de arquitetura, mas no caso em destaque, a expectativa de cidade era um dado fundamental da estratégia disciplinar. A escola republicana, por razões já bastante discutidas, reunia um programa muito básico – as salas – em uma localização urbana de destaque. Tal economia de funções do edifício monumental contava e gerava relações diretas com espaços urbanos adjacentes, como praças e parques infantis. Ou seja, sua função educativa era completada na cidade que a continha, ou pelo menos, em suas representações republicanas. Esse esquema contava com duas condições principais: a excepcionalidade do privilégio da educação

3 Cf. JULIÃO, Mauri Freitas. Atividades da Comissão de Construções Escolares. Engenharia Municipal, São Paulo, .2, p.17-19, março 1956.

1 Luiz Recamán é cientista social, arquiteto e professor da FAU USP. 2 Mariana Wilderom é arquiteta pela FAU USP e atua sobre o estudo de história e crítica da arquitetura.

escola (des)fa zen do a cidade

124 escola (des)fazendo a cidade

e um espaço urbano consolidado nos moldes da cidade burguesa (o que historicamente não se estabeleceu). Esse modelo foi rejeitado quando o país reclamou diferentes ideologias de modernização. A educação passa então por pressões universalizantes; e o contexto urbano ultrapassa as representações espaciais de estruturas urbanas previamente definidas. Essa última, aliás, é feição basilar das contradições de nossa modernização durante o século XX. O urbanismo da República, em geral baseado no desenvolvimento e adaptação de morfologias urbanas européias nas áreas mais nobres da cidade, cede lugar ao planejamento essencialmente viarista que tornava, a cada desdobramento da legislação, o lote como estrutura independente

projeto gráfico

122 escola (des)fazendo a cidade

O programa escolar se complexificou e se decompôs em volumes funcionais que conviviam no grande espaço, formando um conjunto arquitetônico.

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– ainda que com pretensões de extroversão socioespacial – essas escolas reforçavam sua dessemelhança com a cidade real ao criarem um sistema de espaços e equipamentos dispersos no bairro, de tipologias similares, que deveriam estabelecer uma relação funcional e estética direta. Uma boa maneira de constranger a urbanidade real criando clareiras modernas provocadoras. Estratégia impotente, no entanto, que produziu, com o desenvolvimento da cidade, glebas cercadas com espaços restritos mais ou menos bem-sucedidos. Pelo menos do ponto de vista da relação aqui discutida. A consciência dessa restrição urbana e social – uma cidade que resiste à ordenação moderna e brutaliza as relações humanas – é a peça chave do esquema espacial renovador criado pelo arquiteto Vilanova

que tendia a conformar todas as novas construções, dar-lhes sentido suficiente. Tal condição estava diretamente implicada nas tipologias da Escola Nova e, mais ainda, no seu ponto cego: 70 edifícios do Convênio Escolar contra 500 galpões provisórios construídos . O espaço nos quais os edifícios escolares estavam inseridos emulavam a neutralidade dos parques e vazios que eram índice da extensão totalizadora da planificação moderna. Mas não podiam ultrapassar sua condição deslocada, na medida em que essa vaguidão chocava-se com uma estrutura urbana loteada e fragmentada – ou seja, nos termos da espacialidade proposta, desordenada. O programa escolar se complexificou e se decompôs em volumes funcionais que conviviam no grande espaço, formando um conjunto arquitetônico. Para além desse arranjo arquitetônico pontual

Artigas. Esse esquema tem na casa sua base espacial e humana, na medida em que ela se tornou um contraponto a relações servis que iam se perenizando em nosso processo de modernização conservadora. O esquema da casa desenvolvido por esse arquiteto estava baseado em uma grande dinâmica interna tensionada pela volumetria sintética que tendeu a semelhar a partição abstrata do lote. As possibilidades estéticas e críticas dessa relação conflitante entre interior e exterior já foram discutidas, tendo sido a base de profusa produção de uma arquitetura paulistana que daí resultou. A sociabilidade fraterna da casa, permitida e potencializada por esse esquema espacial, possui um dilema trágico: sua generalização. E vai ser no programa da escola, desse esquema decorrente, que um escape será provisoriamente ensaiado. É como se a

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das contradições sociais dessa modernização. Isso, na medida em que a educação universal moderna, um fato inalcançado mas alcançável dentro dessas mesmas contradições, choca-se com as estruturas arcaicas que moldavam as relações sociais no período que antecedeu o golpe militar. As escolas de Artigas, em especial a própria FAUUSP, levam essa tensão espacial, que está em sua forma, a níveis inéditos na cultura brasileira, mais afeiçoada a adoçamentos. Mesmo reativa, tal introversão espacial radical não pôde conter o assédio que a cidade real e seus processos políticos, dia a dia mais autoritários, consumava. A amplitude das questões urbanas sumariamente apresentadas acima reapareceriam na experiência dos CEUS – Centros Educacionais Unificados – construídos no

O esquema a seguir foi inspirado no “Diagrama com implantações dos CEUs, e mostra a implantação de 16 dos 21 CEUs existentes. Fonte: REATO, Marina. CEU, desenho, cidade. São Paulo: Trabalho final de graduação. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, 2011.

casa alcançasse uma potência de generalização, inalcançada em seus próprios termos – já que é um fragmento não totalizador do espaço da cidade – por meio de um programa mais abrangente e ideologicamente mais eficaz, a escola. A escola de Artigas reuniu, então, sob um mesmo teto, o programa abrangente que a Convênio Escolar havia distribuído no conjunto e nos conjuntos. Toda a complexidade da formação integral e universal dos pequenos cidadãos passa a ser organizada sob uma grande cobertura que inclui, e aí um ponto a ser destacado, os espaços livres. Esses mesmos que não são mais encontráveis na cidade que se privatizara. Toda a experiência educacional, e social, poderia ser realizada nesse grande espaço acolhedor que se torna, se considerarmos seu momento histórico, espaço de proteção e recolhimento. Os impulsos formais generalizantes e universalizantes, que a escola permite figurar mais consistentemente que a "casa", acentuavam assim os contra-vetores

[...] sua destacada qualidade social (do CEU), inscrição em meio urbano fragmentado e conflitado, impediu, caso isso tenha sido uma preocupação tipológica, qualquer tipo de relação espacial que não seja sua excepcionalidade.

126 escola (des)fazendo a cidade

início do século XXI na capital paulista. Isso quer dizer apenas que a tradição totalizadora – do ponto de vista social e espacial – que o projeto de escolas públicas adquiriu em São Paulo, foi retomada nessa experiência inovadora. Porém, não se pode desconsiderar a radical alteração da conjuntura social do país e, principalmente, das expectativas de seu processo de metropolização. Essa restrição estética não pôde ser eliminada nesse momento mais recente. Isso implicou uma alteração substancial naquilo que vimos de denominar “conjunto” nas experiências do Convênio Escolar, fonte evidente de inspiração da nova proposta dos CEUs. Se naquele momento desenvolvimentista o “conjunto” exercia uma função de exemplo, de expectativa e de contraposição, os

Diagramação para um artigo que discursa sobre o projeto dos CEUs, criticando sua inserção pouco satisfatória no tecido urbano. Através da disposição dos blocos que compõe os CEUs nas páginas, procurei traduzir a arbitrariedade da implantação que o texto sugere.

Tentamos utilizar a escassez de cores a favor da unidade do projeto, aproveitando para trabalhar outro elementos com cuidado redobrado; como a escolha do papel e a disposição da massa tipográfica.


Malu Cardoso

QUINTA-FEIRA

artigo ilustrado

12 quinta-feira

ornamentação de um edifício seria algo ultrapassado? Em que medida o recuo frontal e lateral das edificações conformaria uma vida melhor para seus habitantes? De fato, os perímetros livres favorecem projetos de unidades habitacionais mais arejadas e iluminadas. Mesmo assim, o que a cidade tem a perder com essa e outras limitações normativas, em termos de densidade, composição e estética? Durante toda a graduação, muito marcada por um pensamento modernista, fui quase doutrinada a pensar que a questão estética deveria vir em segundo (ou terceiro) plano. A forma deveria ser pensada juntamente com a estrutura, e sempre em função do programa. Se o resultado era visualmente interessante ou não, era quase uma consequência. Na verdade, em nenhum momento do curso me lembro de discutirmos, efetivamente, estética. Assim, nunca desconfiei muito dessas prerrogativas. Até começar a caminhar todos os dias por Barcelona, quando passei a repensar uma série de antigas convicções. Passados alguns minutos, alcancei o Parc de la Ciutadella, um típico parque em estilo europeu, com seus caminhos de areia, jardins perfeitamente podados e eixos visuais enquadrando ora plátanos enfileirados, ora grandiosos monumentos. Apesar de sentir falta das árvores frondosas do Brasil, gostava bastante daquele parque, já que, mesmo existindo uma enorme quantidade de espaços livres públicos pela cidade, ele era um dos únicos locais das proximidades verdadeiramente rodeado de verde. Alí também era palco de calorosos protestos, em geral relacionados à independência da Catalunha ou à críticas contra o turismo “predatório” que massacrava o centro da cidade. Cruzei o parque pela diagonal e segui pedalando pela extensa ciclovia da Av. Meridiana. Percorria o famoso bairro do Eixample, com seus quarteirões chanfrados estudados por urbanistas do mundo todo. Mesmo sendo um bairro absolutamente regular, em nenhum momento o considerava monótono, dada a diversidade de usos, cores e detalhes de seus edifícios. Durante o ano, tinha lido textos de autores catalães que tematizavam desde o Plano Cerdà até as melhorias urbanísticas de Barcelona a partir das Olimpíadas de 1992. No entanto, o que trouxe mais luz aos meus frequentes questionamentos sobre a qualidade dos espaços foi o livro de um americano, Kevin Lynch, e suas teorias sobre “a imagem da cidade”. Lynch destaca a maneira como nós percebemos as cidades, procurando entender

Naquele dia, em especial, decidi sair sozinha. Me restavam apenas algumas semanas na cidade, e precisava refletir. Mesmo que o destino da vez fosse um pouco distante, optei pela bicicleta. Percorri a Avinguda del Paral-lel em um tiro. Plana, barulhenta, grafitada, cheia de imigrantes em seu vai e vem apressado. De cara, dava pra reconhecer seu ponto de referência principal: as três enormes chaminés de alvenaria da companhia elétrica. Mas o que me chamava mais atenção não eram elas, e sim a incrível pracinha ao lado, onde se misturavam skatistas, cachorros e senhores aposentados espantosamente despreocupados com as brincadeiras arriscadas de seus netos, mesmo estando tão próximos dos carros. Contornei todo o Bairri Gotic, cruzando suas ruelas labirínticas frequentemente salpicadas por peças de roupa recém caídas dos varais coloridos. Acompanhei com o olhar seus edifícios apertados de cinco pavimentos, marcados pela passagem do tempo e adornados das mais diversas formas. À primeira vista a atmosfera podia até parecer obscura, hostil, insalubre... Mas aquelas paredes grossas e ásperas, seus batentes de pedra e seus balcões ornamentados com ferro retorcido emanavam uma beleza vigorosa. Cada elemento daquelas fachadas guardava ao menos um século de história e abrigava uma vida pulsante. Como estudante de arquitetura e urbanismo, não tinha como escapar às frequentes comparações entre as tipologias construtivas de Barcelona e as de São Paulo, nem como não refletir sobre as atuais tendências projetuais. Até que ponto a

14 quinta-feira

como estruturamos sua imagem em nossa cabeça e como nos localizamos. Uma das conclusões de seus estudos foi a de que cada cidadão cria determinadas associações com “partes” da cidade, e que a figura que ele constrói de cada uma delas está impregnada de memórias e significados. Esses aspectos visuais contribuem, ou prejudicam a sua “legibilidade”, isto é, a facilidade com que cada pedaço e elemento da cidade pode ser reconhecido e organizado em um padrão coerente. Segundo essa teoria, a capacidade de estruturar e identificar um ambiente seria vital para gerar uma sensação de conforto, orientação e segurança, o que influenciaria diretamente em uma experiência e apreensão mais intensa da cidade. Achei que toda a leitura fazia muito sentido. Ainda assim, na verdade, já tinha me dado conta do que Lynch queria dizer antes mesmo de entrar em contato sua obra, intuitivamente, ao questionar-me do porquê eu era tão mais encantada por Barcelona do que por São Paulo. Do porquê sentia conhecer muito melhor uma cidade em que havia vivido por dez meses do que a outra que havia passado toda a minha vida. Do porquê tinha uma vontade infinitamente menor de passear por São Paulo, de viver em São Paulo. Já podia ver a curiosa Torre Agbar, de Jean Nouvel, o que indicava que eu estava próxima. Nunca me decidi se gostava ou não daquele edifício. O formato fálico e sua brusca aterrisagem na calçada me causavam uma certa apreensão. Por outro lado, achava o jogo cromático da fachada bem interessante e, para o horror de meus colegas arquitetos, adorava aquela sua estridente iluminação noturna. Desde o “Barcelona Llum”, um festival de luzes urbanas que acontece todo mês de fevereiro na cidade, percebi que projeções e focos de luzes coloridos, articulados em ritmo e combinados com sons, tem um enorme potencial como instrumento orientador, lúdico e, inclusive, emocional. Além de serem incríveis para as crianças. Enfim, estava no Mercat dels Encants, meu destino daquela quinta-feira. Como primeira impressão, não tinha como negar; era sensacional! A cobertura espelhada e craquelada cumpria ser exatamente o que se propunha: reconhecer e dar visibilidade ao mercado, rejeitando o modelo fechado dos centros comerciais e relacionando-se com louvor ao espaço público da cidade. Confesso que me surpreendi com seu

Com relação aos blocos de texto, estabelecemos que a composição se daria através de linhas de textos na vertical e da horizontal, combinadas entre si dentro do grid.

malu cardoso 17

Malu Cardoso é estudante

caráter absolutamente popular. Não é exatamente comum que as prefeituras apoiem a construção de uma estrutura tão onerosa para abrigar um mercado de segunda mão. Era incrível olhar para os espelhos acima e acompanhar a dança da multidão que acontecia embaixo. Centenas de comerciantes que vendiam desde rolos de tecidos finos até os objetos mais ordinários, como óculos com a haste danificada e bonecas sem couro cabeludo. Alguns comiam suas marmitas atrás do balcão, enquanto outros barganhavam o preço de um processador de alimentos usado. Era como uma ilusão de ótica, ou um filme, só que real e passando naquele exato momento. Afinal, não era muito complicado entender as razões de meu deslumbramento com Barcelona. Uma delas, sem dúvidas, envolve a mudança do olhar e de ânimos decorrente de uma experiência de intercâmbio. A quebra da rotina decorrente do morar, sozinho, em um território inexplorado, me deixou muito mais suscetível a abrir minha mente e experienciar outras situações. Nessas condições, é natural acabarmos usufruindo ao máximo dos espaços, e cada novo aspecto do dia-a-dia, da cultura local, e dos lugares e pessoas que conhecemos, nos trazem um enorme aprendizado. Mas a questão urbana também importa. E muito. São Paulo é uma metrópole vibrante. Tem atividades e eventos para todos os públicos, de todos os gostos. Tem um potencial enorme. Entretanto, ao meu ver, sua conformação é demasiadamente caótica. Sua dimensão e falta de lógica são angustiantes. As fileiras de carros são infinitas. As calçadas são tão estreitas e esburacadas que não convidam o andar. Fios emaranhados obstruem o céu, enquanto buzinas e motores calam os pássaros. O cheiro mais comum é o da fuligem. Os edifícios são pesados, cinzas, descomunais, padronizados pela especulação imobiliária. Caminhar pela rua à noite dá medo. Os deslocamentos são longos demais. As praças são escassas demais. São Paulo é feia, e por mais que existam muitos problemas a serem resolvidos antes que a sua questão estética, eu compreendi ao longo desses meses o quanto ela está relacionada à qualidade de vida e ao modo com o qual apreendemos a cidade. Peguei a bicicleta e iniciei o meu retorno. Por um caminho diferente, é claro.

de arquitetura e urbanismo e estudou um ano em Barcelona, na Espanha.

Essa foi uma crônica que escrevi, ilustrei e diagramei. A ideia era, através do rosa e do azul-claro, transmitir a atmosfera de um passeio de bicicleta tranquilo, agradável e cheio de devaneios e reflexões.


divulgação Durante todo o processo de produção da Contraste precisamos divulgar as chamadas abertas, os eventos que realizamos e, principalmente, o lançamento da revista.

O

caneta BIC.

contraste 5 . 15

processo de diagramação não se atém somente ao design das páginas da Contraste, mas também à divulgação de todos os eventos, convites e anúncios dos dias de venda da revista, alé dos comunicados e postagens em redes sociais. Nesse sentido, o aprendizado gráfico é contínuo. Antes de saber como será a identidade visual da revista, utilizamos as cores e tipografias da edição anterior para viabilizar a criação dos primeiros cartazes e postagens. A partir do momento que escolhemos o tema central da edição, nos encaminhamos para o primeiro passo do novo projeto gráfico: a seleção do estilo de fonte desejado e dos matizes que, no caso da Contraste 5, foram o vermelho e o azul. Conforme os subtemas e o tom da revista forem se concretizando, o projeto gráfico pode avançar, já que deve ter estreita relação com o conteúdo. Logo, definidas as fontes, Cartaz para o segundo as cores exatas evento de lançamento e os elementos da Contraste 5. A ideia do grid, todo o era simular um desenho conteúdo de di- em um caderno durante vulgação deve uma aula, com as cores seguir o mesmo da revista simulando padrão. escritos e desenhos com


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cidadania // formação // memória liberdade // autonomia construção // A Revista espaço // CONTRASTE convida

todos para participar de sua quinta edição com produções gráficas e textuais a respeito do tema EDUCAÇÃO. Todos os conteúdos recebidos estarão sujeitos à seleção por parte do corpo editorial. A contraste é uma publicação estudantil e todo conteúdo publicado é produzido de forma voluntária.

facebook.com/revcontraste Material para divulgação da chamada aberta de conteúdo da Contraste 5, anunciando sua prorrogação. Nesta etapa apenas os matizes e fontes estavam definidos.

cartazes

16 . contraste 5

REVISTA

CON TRA STE MATRÍCULA

9h-16h

Cartaz para divulgação da venda das edições anteriores da revista. Nesta etapa apenas os matizes estavam definidos.


Intervenção na laje da FAU USP na semana de lançamento da Contraste 5. O tecido, costurado e pintado a mão, traz o poema de Fernando Pessoa que está coberto na capa da revista.

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elogio tipográfico A criação de um memorial dedicado a obra e influência de três grandes tipógrafos: Peter Behrens, El Lissitzky e Beatrice Warde.

BEHRENS 18 . elogio tipográfico

LISSITZKY WARDE • Tipografia y Arquitectura • ETSAB 2016


Behrens Schirft ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ abcdefghijklmnopqrstuvwxyz 0123456789

B

ehrens, Lissitsky, Warde foi um livreto tamanho A5 que fiz durante o intercâmbio para a disciplina “Tipografía y Arquitectura”. Ele compõe um breve memorial de três importantes personagens para o universo tipográfico, tengo grande influência nos projetos gráficos que se seguiram: Peter Behrens, El Lissitzky e Beatrice Warde. Para cada um deles, detentores de estilos visuais, origens e personalidades tão distintos, deveriam ser dedicadas duas fontes que respeitassem e, em certa medida, refletissem seus próprios principios tipográficos. Assim, selecionei as fontes conforme os princípios defendidos por cada um e desenhei a capa do livro destacando os sobrenomes escritos com as tipografias selecionadas, deixando claro que o conteúdo do livro seria, antes de tudo, o papel dessas figuras na história da tipografia. As fontes escolhidas foram: - Para Peter Behrens, duas fontes criadas por ele mesmo, a Behrens Antiqua Initialen e a Behrens Schirft, e a Garamond, uma clássica fonte serifada. - Para El Lissitzky, as modernas sans serif Atlantic Cruise e Gill Sans. - Para Beatrice Warde, as também clássicas, discretas e serifadas Didot e Times New Roman.

Garamond Regular ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ abcdefghijklmnopqrstuvwxyz 0123456789

ATLANTIC CRUISE ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ Gill Sans Regular ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ abcdefghijklmnopqrstuvwxyz 0123456789 Didot Regular ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ abcdefghijklmnopqrstuvwxyz 0123456789 Times New Roman Regular ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ abcdefghijklmnopqrstuvwxyz 0123456789


Para cada um deles, detentores de estilos visuais, origens e personalidades tão distintos, deveriam ser dedicadas duas fontes que respeitassem e, em certa medida, refletissem seus próprios principios tipográficos.

design de livro

Abertura do memorial, com uma colagem das tipografias escolhidas mescladas às fotografias de cada designer de tipos. As páginas foram impressas em papel espanhol similar ao Pólen, para valorizar a impressão e conferir ao trabalho um certo ar de “livro antigo”.

Um dos primeiros criadores dos tipos sem serifa, o artista, arquiteto e designer alemão, Peter Behrens (Hamburgo, 1968 - Berlim, 1940), desempenhou um papel de grande importância no desenho tipográfico, tendo representado a transição das artes decorativas do século XIX para as formas funcionais e geométricas da primeira metade do século XX. É reconhecido muldialmente como o pai do Racionalismo Produtivo, já que foi um dos primeiros a defender a produção industrial aliada à arte, tomando vários conceitos dos Arts and Crafts.


O pintor, desenhista, arquiteto e fotógrafo Eliezer Márkovich Lissitzky (Pochinok, 1890 – Moscou, 1941), mais conhecido como El Lissitzky, é considerado o fundador da tipografia contemporânea. Por toda sua vida esteve comprometido com a busca pela renovação da arte, convencido de que o artista poderia ser um grande agente das mudanças sociais.

Beatrice Warde (Nova Iorque, 1900 – Londres, 1969), deixou uma marca profunda na história da tipografia, domínio quase que exclusive dos homens. Seu clássico texto sobre tipografia, “The Cristal Goblet”, mantém até hoje seu frescor, sua elegância e uma admirável dose poética. Nele, Beatrice compara a tipografia a um copo de cristal, alegando que a delicadeza e qualidade do contenedor - os tipos - influenciam diretamente na apreciação do vinho - o texto. Do mesmo modo, a tipografia deveria ser, como o vidro, transparente e delicada, a fim de valorizar seu conteúdo.

elogio tipográfico . 21

Beatrice compara a tipografia a um copo de cristal, alegando que a delicadeza e qualidade do contenedor - os tipos - influenciam diretamente na apreciação do vinho - o texto.


stickerhunt 1.

Nem sempre os fãs de aplicativos precisam ficar o tempo todo com o olho grudado na tela. A ideia do StickerHunt é justamente fazer seus jogadores disfrutem da cidade em que vivem.

S

tickerhunt é um jogo que desafia o usuário a esconder e caçar adesivos personalizados nas ruas, utilizando-se da cidade como tabuleiro para uma nova camada de interação dos jogadores com o espaço público, com a arte exposta nos adesivos e com a memória coletiva e pessoal. O aplicativo baseia-se em três tipos diferentes de missões: “taí!”, “cadê?” e “#partiu”. O aplicativo extrapola a interface do celular e insere-se na cidade.

22 . stickerhunt

2.

3.

Cada usuário recebe um pacote com adesivos em branco para expressar sua arte e escolher locais na cidade para divulga-la, podendo dividir com outros usuários um pouco de suas memórias com o lugar escolhido: “taí!” Ao aproximar-se de um local com um adesivo, o usuário recebe uma proposto de uma caça: “cadê o adesivo?”, e começa a busca. Baseando-se na ideia de flaneur e das derivas urbanas, o usuário é convidado a explorar uma pequena área da cidade por um

4.

1. Tela de abertura simulando adesivo descolando // 2. Tela inicial com menus principais // 3. Tela das coleções do usuário // 4. Dados de um adesivo específico


5.

6.

5. Tela bloqueada com notificação da missão // 6. Tela de aceite ou recusa da missão

aplicativo

Exemplos de adesivos StickerHunt estilizados pelos jogadores, com logo e QR Code.

Baseando-se na ideia de flaneur e das derivas urbanas, o usuário é convidado a explorar uma pequena área da cidade por um período de tempo, buscando um adesivo que pode estar escondido em qualquer lugar do raio proposto.


24 . stickerhunt

O desafio se apresenta através de curtas interações que encaixam-se no dia-adia, com o prêmio de conhecer um lugar antes desconhecido na cidade, com um olhar curioso.

período de tempo, buscando um adesivo que pode estar escondido em qualquer lugar do raio proposto. O desafio se apresenta através de curtas interações que encaixam-se no dia-a-dia, com o prêmio de conhecer um lugar antes desconhecido na cidade, com um olhar curioso. Muito além de somente esconder os próprios adesivos e receber convites para caças na cidade, os usuários podem escolher fazer parte de missões específicas nos estabelecimentos de parceiros. Estas missões propõem uma caça ao adesivo dentro de um comércio ou serviço cadastrado, convidando o usuário a conhecer ou visitar novamente um local, ganhando brindes, cupons ou descontos para serem usados no próprio estabelecimento: “#partiu”. Quanto à motivação aos usuários, os pontos ganhados durante as missões são computados para poderem ser trocados por mais adesivos em branco, materiais para a confecção dos adesivos (ambos também podem ser comprados diretamente no aplicativo), ingressos para passeios culturais ou descontos propostos pelos parceiros. O estudo da interface do aplicativo envolveu a criação de algumas telaschave para definir seu funcionamento. Em uma primeira etapa foram propostas as telas iniciais: tela de abertura, tela principal com os menus, definição dos pictogramas, definição do barra inferior para navegação entre os menus, escolha da paleta de cores do aplicativo e da identidade visual. A interface proposta é bastante simples, com fácil compreensão e poucas possibilidades de cliques, guiando o usuário de maneira intuitiva.

7.

8.

11.

12.

7. Mapa com área proposta // 8. Notificação com tempo restante // 9. Não representado - similar à tela número 7 (Mapa com nova área proposta) // 10. Tela de câmera para fotografar o adesivo e QR Code


13.

11. Tela de recompensa da missao finalizada //

12 e 13. Review sobre o adesivo: arte e local.

Com o objetivo de promover e divulgar o aplicativo, destacando seu diferencial de alta interatividade e carga afetiva, foi feito um vĂ­deo promocional explicando seu funcionamento de modo poĂŠtico.

vĂ­deo promocional

10.

25


BEM-VINDO!

Olá, jogador! Bem-vindo ao STICKERHUNT, o jogo virtual que interage diretamente com o mundo real e te permite ganhar vários prêmios!

1

Pensamos que você ia gostar de receber esse kit, que contém:

• 1 cartela com 8 adesivos • 1 caderno contendo regulamento, dicas e folhas para treinar o desenho

STICKERHUNT

• 2 canetas especiais

! # ? STICKERHUNT

2

kit de boas-vindas 26

TAÍ

Quando já tiver o desenho pronto e o local em mente, registre o adesivo com sua câmera (dentro do limite de tamanho estipulado) e transcreva a localização e o motivo pensado. Aguarde o retorno de nossa equipe quanto à aprovação da primeira parte da missão.

!

Assim que receber a notificação de aprovação, já pode colar o adesivo no local planejado! Lembre-se que este deve estar visível ao pedestre e passível de registro por meio da câmera fotográfica. Cole-o e registre-o novamente (o aplicativo reconhecerá o adesivo pelo QR code). Nesse momento, certifique-se de que o seu serviço GPS está ativado. A missão foi realizada com sucesso! Você receberá sua pontuação em seguida, que aumentará ao longo do tempo conforme a avaliação dos outros jogadores.

CADÊ? - Busque adesivos pela cidade e descubra endereços novos Antes de começar a jogar, pedimos que você leia atentamente ao regulamento a seguir:

Hamburgueria 162, na esquina da Rua Augusta com a Rua Luís Coelho “Não tem coisa mais divertida do que jantar vendo o movimento da galera descolada da Augusta desde cima e ficar especulando sobre a vida delas... O astral lá é muito bom e é onde eu encontro o melhor molho apimentado do mundo.”

+ Pode ser na

esquina daquele bar em que você costuma encontrar seus amigos de infância, no muro do edifício onde morava sua professora de piano, em frente ao seu museu preferido, ...

! #

A escolha do local também é muito importante. Pense em algum lugar que seja especial para você, ou porque te traz recordações, ou porque é um lugar bacana que você costuma frequentar, etc.

+ há também a possibilidade de obter esses layouts diretamente de seu rolo de câmera.

Nesse caso, a forma do adesivo foi alterada, mas a barra inferior foi respeitada

4

#PARTIU - Encontre adesivos nos melhores estabelecimentos comerciais e ganhe diversos prêmios

3

Em seu kit, você recebeu uma cartela contendo oito adesivos, os quais você também pode adquirir através do próprio aplicativo, comprando-os ou trocando-os por seus pontos StickerHunt.

STICKERHUNT

TAÍ! - Crie seus próprios adesivos e esconda-os num lugar especial

REGULAMENTO

TAÍ

Use toda a sua criatividade para personalizar o adesivo. Quanto mais bonito e original, maior será a sua pontuação! Você pode usar o material que desejar para confeccioná-lo e pode inclusive alterar o formato do adesivo, contanto que suas intervenções não ultrapassem a barreira estipulada:

Agora que está você equipado, está prestes a receber alguma de nossas três divertidas missões:

Nas próximas páginas desse caderno há várias páginas de teste para você treinar o design e pensar na localização do adesivo e seu motivo. O aplicativo também oferece dicas de como estilizar o adesivo e possui layouts prontos que você pode aproveitar no momento de solicitar outras cartelas.

PARTIU

+ Não serão

REGULAMENTO

5

Para iniciar essa missão, escolha algum dos estabelecimentos comerciais parceiros indicados na tela. Eles estão listados de acordo com os seus dados pessoais, procurando te levar a conhecer lugares novos e que sejam de seu interesse.

aceitos adesivos de considerados vexatórios ou preconceituosos, sob pena de exclusão da comunidade StickerHunt.

+ Nesse momento, procure ser discreto, tomando cuidado para não atrapalhar os clientes e os funcionários. No caso de dúvidas, procure o gerente, que estará ciente da missão e irá te orientar da melhor maneira possível.

+ Todos os dias o adesivo é escondido em um local diferente do estabelecimento

Certifique-se de que o seu serviço GPS está ativado. Após escolher um lugar, o aplicativo te indicará o trajeto desde a sua localização até o estabelecimento. Quando chegar lá, confirme seu ingresso. Assim que o cronômetro começar a contar, pode começar sua busca pelo adesivo! Assim que encontrar o adesivo, registre-o, respeitando a margem estipulada na câmera. Parabéns, você acaba de completar a missão! Informe a um dos funcionários sobre o encontro do adesivo e aguarde sua recompensa, que pode ser um brinde, um vale ou desconto em algum produto.


STICKERHUNT

6

REGULAMENTO

CADÊ

7

Essa missão pode ser realizada de duas maneiras. Se suas notificações estiverem habilitadas, você eventualmente receberá um alerta em seu celular informando-o sobre uma missão “cadê?” próxima a você. Também há a opção de você mesmo acessar o aplicativo e buscar missões próximas. A partir do momento em que você aceita a missão, será estabelecido um determinado tempo para encontrá-lo, e um raio para te orientar na busca. O aplicativo te alertará a respeito do tempo e se você está distante ou próximo de atingir objetivo.

+ Tenha

cuidado para não distrair-se nas calçadas e ao atravessar as ruas enquanto estiver mexendo no aplicativo ou procurando os adesivos!

+ Caso tenha alguma outra dúvida, pode entrar em contato com a nossa equipe através do nosso endereço de e-mail: stickerhunt@ startup.com

Assim que encontrar o adesivo, registre-o, respeitando a margem estipulada na câmera. Parabéns, você acaba de completar a missão!

STICKERHUNT

8

? REGULAMENTO

+++

9

• No momento de realizar o seu cadastro, pedimos que você indique em seu perfil quais são seus trajetos habituais e seus interesses principais, para que possamos te induzir a percorrer lugares novos e também propor missões que se encaixem melhor em suas preferências.

• Para construirmos os rankings, pedimos que, ao final da missão “cadê?”, você dê um rápido feedback sobre a qualidade do adesivo, da dificuldade de encontrá-lo e do nível de interesse que a história despertou em você. Esse questionário aparecerá automaticamente após o cumprimento ou não da missão.

+

• Na missão “cadê?”, nos casos de:

[a] o adesivo encontrado estiver danificado (rasgado, borrado, amassado,...) [b] o adesivo não estiver no lugar esperado, mesmo após o aplicativo mostrar onde deve ser sua localização exata [c] o adesivo apresentar algum conteúdo que você julgue irregular (racismo, machismo ou qualquer tipo de conteúdo ofensivo e/ou preconceituoso) Por favor, informe à equipe StickerHunt através do próprio aplicativo. Na tela das missões, há a opção “denunciar”. Ao clicar, você deve ou registrar através de uma foto o adesivo inadequado, seja por dano ou por conteúdo impróprio, ou informar em seu histórico de missões o adesivo perdido.

ARTIGO

STICKERHUNT

10

STICKERS

11

Os Stickers criam um composto visual que dialoga com a estética urbana através de uma linguagem lúdica, e muitas vezes levantando pontos polêmicos que nos rodeiam. São portáteis e de fácil aplicação, sendo apenas necessário encontrar um lugar ideal para fixá-lo. A variedade de adesivos no meio urbano compõe planos muito interessantes.

+ Dentre os locais preferidos para colar os stickers estão lixeiras, postes, parte de trás de placas, bocas de lobo, muros e portões.

+ Apesar de ser

uma prática recorrente entre os artistas, deve-se ter o bom senso de não cobrir placas de trânsito e afins com adesivos, já que isso inviabiliza sua leitura, podendo acarretar sérios poblemas.

A pergunta que normalmente é feita é qual é a diferença entre stickers e lambe-lambes. A diferença básica entre essas duas formas de arte é que o lambe-lambe é um cartaz colado nas ruas que não possui cola própria, diferentemente dos stickers. Em São Paulo existem muitos artistas e coletivos que praticam assiduamente a Sticker Art, entre eles nomes que se destacam como Sesper, Flip, Wel016, Projeto Chã, Mr. Pringles e um dos Pioneiros, o grupo SHN, que faz artes serigraficas, e cola em quantidades e repetições exaustivas, por ruas, muros, viadutos etc.

Na onda dos azulejos . 27

A sticker art é uma modalidade de arte urbana que utiliza adesivos como forma de criação. É um movimento pós modernista e começou a fazer muito sucesso na década de 1990 e se popularizou no Brasil principalmente a partir dos anos 2000. Pode ser utilizada como forma de expressão e protesto ou simplesmente como forma de enfeitar as ruas.

C

om a estratégia de criar um vínculo mais forte entre o usuário e o aplicativo, criamos uma interação personalizada através de um Kit de BoasVindas. O Kit chegaria na casa dos jogadores e compreenderia uma cartela contendo oito adesivos StickerHunt, um guia do jogador explicando como jogar e duas canetas especiais para desenhar nos adesivos. Além do passo-a-passo para entender o funcionamento do jogo, o kit incentiva o jogador a expressar sua arte e a buscar novas formas de apropriação do espaço público através da já bastante difundida cultura de colar adesivos. Assim, mesmo tratando-se de uma base digital, há através do kit e dos adesivos uma mistura potente das realidades real e virtual. Nessa página são mostradas as primeiras folhas do Guia, que explicam as missões de forma bastante clara a visual. Em suas últimas páginas existem também alguns espaços para os usuários poderem experimentar seus desenhos antes de passa-los para o adesivo finalizado.


28

na onda dos AZULEJOS


S

ofisticado e surpreendentemente descontraído, o complexo gastronômico de origem italiana; “Eataly Brasil” é um dos principais empreendimentos realizados pelo escritório de arquitetura em que trabalhei por um ano: a Espaçonovo, especializada em projeto de varejo. Sendo o varejo um meio bastante dinâmico, com constantes renovações, a Espaçonovo está gradativamente reformando cada um de seus restaurantes. Tive a oportunidade de participar do projeto da primeira dessa leva de reformas: a do restaurante de Frutos do Mar, chamado de “Mare Pesce & Vino”.

Para a reforma do Restaurante de Frutos do Mar do Eataly Brasil, desenhei azulejos totalmente personalizados a partir de cores e técnica de pintura que remetem ao Mediterrâneo.

A experiência foi bastante rica e instigante, uma vez que este foi um dos únicos projetos no escritório em que participei do começo ao fim, ajudando na criação do conceito e desenhando os azulejos do balcão, que se mostraram como um dos principais atrativos do novo restaurante.

Na onda dos azulejos . 29

Pude ajudar na criação do conceito e desenhar os azulejos do balcão, que se mostraram como um dos principais atrativos do novo restaurante.


30 . na onda dos azulejos

A composição dos azulejos no balcão e na mesa também formam figuras que podem remeter a ondas e cardumes, criando um ambiente marítimo e reafirmando o caráter descontraído, porém refinado, do Eataly Brasil.


Azulejos da Scalinata di Santa Maria del Monte, em Caltagirone, na Itália.

A simplicidade e continuidade dos módulos de Athos Bulcão, juntamente aos azulejos de origem italiana, foram fundamentais para atingir o resultado final.

criando o conceito

Os azulejos do Mare serviriam tanto para dar destaque ao balcão da cozinha “aberta” como para revestir as mesas compartilhadas maiores, as chamadas “mesas do pescador”. Sendo o espaço dedicado à culinária italiana, buscamos inspiração inicial nos elementos costeiros do sul da Itália para criar o conceito dos azulejos do projeto. O que mais chamou a atenção da equipe foram os azulejos de aspecto manchado da Scalinata di Santa Maria del Monte em Caltagirone, na Sicilia, os quais representavam peixes e ondas em tonalidades que remetiam à costa. Gostamos muito da ideia de criar os novos azulejos com a mesma técnica de pintura artesanal (pelo menos em sua aparência) utilizada na scalinata. Ainda assim, faltava um toque de modernidade, que foi conseguido através das referências do artista Athos Bulcão, mundialmente conhecido por seus belíssimos azulejos, em especial os do Congresso Nacional em Brasília. A simplicidade e continuidade dos módulos através de formas simples e de cores contrastantes, juntamente aos azulejos italianos, foram fundamentais para atingir o resultado final. Desenhei quatro módulos de azulejos (dois deles quase iguais, porém, invertidos) a partir de curvas simples e tons de azul manchados, com aspecto de pintura manual. Juntos, os módulos formam a imagem de um peixe ou ave abstratos. A composição dos azulejos no balcão e na mesa também formam figuras que podem remeter a ondas e cardumes, criando um ambiente marítimo e reafirmando o caráter descontraído, porém refinado, do Eataly Brasil.

Azulejos do artista Athos Bulcão para o Centro Cultural Missionário de Brasília - DF.

Conjunto de 4 azulejos criados para o balcão e


32

entrada TRIUNFAL


O desejo de criar um ambiente totalmente personalizado levou a equipe a pensar em um painel de entrada que remetesse ao logo da empresa.

E

entrada triunfal . 33

m meu estágio na Espaçonovo, tive a possibilidade de personalizar a parede de entrada da Sede da empresa de Supermercados maranhenese “Empório Fribal”, cujas unidades também foram totalmente reformulados com projeto de nossa equipe. Inicialmente, a proposta era apenas trazer o vermelho vivo à parede, uma cor presente com bastante veemência nos supermercados reformados. No entanto, o ar de refinamento desejado para a sede não coindicia com aquele tom tão forte, de modo que optamos por um vermelho mais fechado, mas ainda assim bastante potente e passível de referenciar-se à essencia da marca. Mesmo assim, a parede, que era o primeiro elemento de entrada e, portanto, serviria como cartão de visita para clientes, permanecia bastante desinteressante. O desejo de criar um ambiente totalmente personalizado nos levou a pensar em um painel que remetesse ao logo do Empório Fribal. Nesse sentido, desenhei um painel a partir de um módulo extraído da letra “F” do logo, posicionado ao lado de outro F invertido, resultando em uma composição com efeito estético similar ao dos cobogós. O Empório Fribal acatou muito bem essa solução, por conferir à sua sede um caráter de exclusividade. Agora, só falta construir!


34 . entrada triunfal

Desenhei um painel a partir de um módulo extraído da letra “F”do logo, posicionado ao lado de outro F invertido, resultando em uma composição com efeito estético similar ao dos cobogós.


35

modulação


inspiração no e 36

Ao representar suas três marcas; St Marche, Eataly e Empório Santa Maria, a nova sede do Grupo St Marche não podia deixar de lado a personalidade envolvente e especial da ambientação de cada um.


reuniões

Para as chamadas “micro reuniões, situada ao lado do café, nossa equipe criou uma área com quatro pequenos nichos com sofás e mesa, cujo estilo deriva do Empório Santa Maria (modulação, uso da madeira pinus, estofado marrom). Para coroar o ambiente, foi criado um adesivo de parede contendo o manifesto do supermercado na tipografia prórpia e uma composição com suas flores características.

inspiração no expediente . 37

expediente

O

projeto para a Nova Sede do Grupo Marche durante em meu estágio na Espaconovo foi bastante interessante pois, além de cuidar da parte de comunicação visual, pude participar bastante nas decisões do projeto arquitetônico. O conceito era de que os espaços da nova sede, que se transferia para outro edifício, pudessem refletir características das ambientações de suas três marcas: os supermercados St marche, Eataly Brasil e Empório Santa Maria. Além disso, era importante criar “ambientes afetivos”, que proporcionassem conforto e inspiração aos funcionários.


Criei uma composição cujas informações eram referenciadas por fontes que, de certo modo, as traduziam.

RH

Para o setor de RH (Recursos Humanos), desenhei duas faixas personalizadas de caráter motivacional contendo os valores prezados pela empresa. A partir da identidade visual e das ilustrações cedidas pelo St Marche, criei uma composição cujas infomações eram referenciadas por fontes cujas características, de certo modo, as traduziam. Por exemplo, “paixão”é escrita com uma fonte manuscrita cursiva, ressaltando a sensualidade e delicadeza das curvas, enquanto a “precisão”é retratada por uma fonte em caixa alta muito mais dura e regular. Inicialmente, meu ideal para as peças gráficas da sede do Grupo Marche era muito mais “clean”e estático do que como ficou o resultado final. Para conseguir a aprovação do projeto, foi necessário adaptar-me às exigências do cliente, que preferia que os textos tivessem sempre bastante movimento a fim de, segundo ele, capturarem mais a atenção das pessoas. Apesar de preferir um design mais clássico, acredito que o resultado criativo foi satisfatório, dadas as circunstâncias.


inspiração no expediente . 39

Vista frontal das duas faixas adesivadas para as paredes do RH, contendo os valores da empresa.


40 . inspiração no expediente

Vista frontal da parede curva contendo o Manifesto do St Marche.


circulação Para a elegante parede curva que dá acesso às estações de trabalho, foi destacado o manifesto do St Marche. Finalmente, para a elegante parede curva que dá acesso às estações de trabalho, foi proposto um revestimento completo por adesivos recortados contendo o Manifesto do St marche. Mais uma vez, tomei os elementos e ilustrações da própria identidade visual do supermercado, já existente, e organizei a composição para a parede, atentando-me ao tamanho ideal do texto e destacando algumas das informações do manisfesto. As intervenções gráficas apresentadas são apenas três das muitas que foram aplicadas na nova sede e, conforme nos contaram os funcionários, o ambiente de fato é muito mais agradável e prazeiroso de se trabalhar.


direto da pran “Vila Vertical” e “Habitar las Terrazas” foram dois projetos que fiz cujas formas de representação gráfica e impressa foram tão importantes quanto pensar o projeto em si.

A

42

vila vertical

Vila Vertical surge como um desejo de retomada das relações de vizinhança características das vilas, que vem se perdendo cada vez mais nas metrópoles, seja no âmbito do bairro, dos condomínios e inclusive dentro das próprias casas. Esse ideal une-se à verticalidade, no sentido de adensar o centro da cidade, oferecendo ao maior número possível de famílias a infraestrutura e a riqueza socio-cultural da região da Consolação. Para o design da prancha, procurei ressaltar as características mais fortes do projeto em sua própria organização. Assim, estruturei e hierarquizei as informações da folha a partir de uma visual em planta das passarelas de concreto entrelaçadas, principal atributo do projeto que, assim como em uma vila, tem sua vida interior como característica mais interessante. Também trabalhei bastante a identidade do empreendimento, atribuindo-lhe um nome, um logo, uma paleta de cores e todo um estilo de representação próprio. A ideia do laranja e dos cinzas, aliados a uma tipografia sans serif, foi de conferir um estilo atual e vivaz ao edifício.


ncha Estruturei as informações da prancha a partir de uma visual em planta das passarelas de concreto entrelaçadas, principal atributo do projeto que, assim como em uma vila, tem sua vida interior como característica mais interessante.

direto da prancha . 43


1.

O

habitar las terrazas

projeto “Habitar las Terrazas” foi realizado durante meu intercâmbio na ESTAB, em parceria com uma colega catalã. Um dos maiores aprendizados que essa experiência me trouxe foi a de pensar todo o projeto a partir de um conceito forte, explorando-o inclusive na etapa da diagramação e impressão. A vontade de habitar o espaço exterior nos fez optar por explorar os terraços (“terrazas”, em espanhol). Acreditamos que essa maneira de habitar, ocupando espaços semi-abertos permanentemente em contato com o espaço público, cria espaços de transição que potencializam uma relação casa-cidade mais próxima e saudável. Muito mais do que um simples anexo, os terraços tornam-se a celula principal da unidade habitacional. Nesse sentido, decidimos deixar nosso conceito explícito também na apresentação. Montamos uma caixa contendo diversas lâminas, cada uma com a proporção e estrutura mimetizando nosso módulo quadrado de “terrazas”, inclusive com seus pilares demarcados. Para dar a ideia de sobreposição dos apartamentos e brincar com o constante jogo de cheios e vazios dos blocos de edifícios, propusemos algumas aberturas nas lâminas, que também serviam para linkar informações entre elas.

2.

3.

4.


5.

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7.

Um dos maiores aprendizados que essa experiência me trouxe foi a de pensar todo o projeto a partir de um conceito forte, explorando-o inclusive na etapa da diagramação e impressão.

1. Capa - colagem: vida na “terraza”, representada em planta. 2. Págs 1 e 2: dados do projeto + índice (onde se vê parte da foto da maquete desenhada por cima). 3. Págs 3 e 4: foto da maquete inteira (metade com desenho por cima) com apresentação do projeto. 4. Págs 9 e 10: mapa do entorno urbano com os tipos de “terrazas” identificados e listados. 5. Págs 29 e 30: 3D e encaixe das unidades habitacionais + croqui de uma vista.

8.

6. Págs 31 e 32: 3D referenciados com as respectivas plantas (5 tipologias) + croquis. 7. Págs 33 e 34: foto da maquete com suas croquis das “terrazas” representadas uma página acima da outra, simulando situação real (apartamento e terraza superior em primeiro plano) 8. Págs 35 e 36: elevação do conjunto + croquis do conjunto + corte de unidade habitacional correpondendo à terraza em primeiro plano + croquis das “terrazas” representadas uma página acima da outra, simulando situação real (terraza do meio em primeiro plano)

direto da prancha . 45

vistas referenciadas + croqui do conjunto +


46 . sesc. lina, concreto, correto

sesc, lina, conc

Decidi explorar ao máximo o “concreto”, ressaltando suas características - força, dureza, resistência - tanto como elemento construtivo quanto como palavra, passando inclusive à poesia concreta.


creto, correto Para representar o SESC Pompeia, de Lina Bo Bardi, decidi explorar ao máximo os sentidos, cores e significados do “concreto”.

O

projeto foi realizado para uma disciplina de tipografia, em que o objetivo era pensar em uma dupla de cartazes que apresentasse uma obra arquitetônica especial de São Paulo e que tivesse cerca de metade de sua mancha gráfica formada por uma massa tipográfica. Para representar o Sesc

Pompeia, de Lina Bo Bardi, decidi explorar ao máximo o “concreto”, ressaltando suas características - tais como força, dureza e resistência - tanto como elemento construtivo quanto como palavra, passando inclusive à poesia concreta, que eu mesma criei. Nesse sentido , procurei utilizar uma tipografia sans serif, mais “dura” e densa, como

o concreto, e cores e texturas que remetessem à obra. A variação tonal do cartaz de base “cinza” para o de base “bege” remete à diversidade compositiva que esse material pode adquirir. Os elementos em vermelho, por suas vez, fazem referência às esquadrias do SESC e remetem às fortes aspirações políticas de Lina.


galeria F

48

otografar detalhes sempre foi uma diversão e um desafio para mim, ajudandome a encontrar beleza nas coisas mais supérfulas e cotidianas. Recentemente reuni uma pasta de fotografias com o tema “coleção de detalhes urbanos”. E o que seria isso? Na verdade, não há uma regra rígida de foco ou de conteúdo. Os detalhes urbanos são cenas ou objetos rotineiros, destacados de maneira a torna-los excepcionais, seja por seu aspecto visual interessante, por sua carga poética ou mesmo por sua história inserida. Podem enquadrar desde uma forma de expressão artística anônima e espontânea até uma perpespectiva ordinária à primeira vista, que no entanto enquadra uma supresa no fundo. Em maior ou menor escala, tais detalhes estão sempre presentes no meio urbano, e sua percepção e valorização através do olhar fotográfico traz um outro sentido ao dia-a-dia. A seguir apresento algumas das fotografias de minha coleção, a maioria delas feitas durante minha andanças por São Paulo e Barcelona, e outras capturadas em viagens pela Europa. Apesar de muito diferentes entre si em termos compositivos, todas partilham algo em comum: o encanto por aspectos muito particulares encontrados em cada cidade.

detalhes urbanos

Detalhes curiosos de viagens, andanças e derivas urbanas, encontrados e capturados através de lentes amadoras.


galeria: detalhes urbanos . 49

Madame JacarĂŠ_ Paris, 2016


Beleza no caos_SĂŁo Paulo, 2015


galeria: detalhes urbanos . 51

A sereia da Vila_SĂŁo Paulo, 2015


O espiĂŁo_Barcelona, 2015


galeria: detalhes urbanos . 53

Quase siesta_Barcelona, 2016


PĂĄssaros atlĂŠticos_Barcelona, 2016


galeria: detalhes urbanos . 55

Olho mรกgico_Madrid, 2015


Ăšltima luz_Torino, 2017


galeria: detalhes urbanos. 57

O imรณvel navegante_Bruges, 2016


obrigada! Archer Bold [Título serifado, subtítulos, paginação, olho, numeração índice] ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ abcdefghijklmnopqrstuvwxyz 0123456789

58

fontes

Archer Medium [Texto serifado e legenda] ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ abcdefghijklmnopqrstuvwxyz 0123456789 Frutiger LT Std 65 Bold [Título sem serifa, subtítulos] ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ abcdefghijklmnopqrstuvwxyz 0123456789 Frutiger LT Std 45 Light [Texto sem serifa e legenda] ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ abcdefghijklmnopqrstuvwxyz 0123456789


59

paleta

C: 100 M:100 Y:100

C: 8 M:100 Y:0 K:0

C: 60 M:5 Y:15 K:0

C: 40 M:5 Y:90 K:0

C: 0 M:030 Y:90 K:0

C: 0 M:30 Y:0 K:0



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