Oásis urbano: um parque público em Diadema | TFG Arquitetura e Urbanismo

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OÁSIS URBANO: UM PARQUE PÚBLICO EM DIADEMA MAYRLA RODRIGUES DE MOURA



UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI MAYRLA RODRIGUES DE MOURA

OÁSIS URBANO: UM PARQUE PÚBLICO EM DIADEMA

Trabalho Final de Graduação apresentado à Banca Examinadora como exigência parcial para a obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Anhembi Morumbi, sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Loyolla Coelho.

SÃO PAULO 2016



MAYRLA RODRIGUES DE MOURA

OÁSIS URBANO: UM PARQUE PÚBLICO EM DIADEMA

BANCA EXAMINADORA: _____________________________________________ Orientador: Profº. Dr. Leonardo Loyolla Coelho _____________________________________________ Convidado: Profª. Ms. Isabela Sollero Lemos _____________________________________________ Convidado: Profº. Ms. Sérgio R. Lessa Ortiz

SÃO PAULO 2016



À memória de meu querido pai, meu herói, que me deixou como principal herança os seus ideais; À minha amada mãe, meu maior exemplo, que acreditou em mim e fez de tudo para que o meu sonho se tornasse realidade; E, ao meu adorado noivo, meu amor verdadeiro, que sempre está ao meu lado independente das circunstâncias.


AGRADECIMENTOS Agradecer talvez seja a forma mais singela de reconhecer que na nossa jornada

meu melhor amigo, por despertar em mim os melhores sentimentos e por ser

não seguimos sozinhos, sempre há alguém que independente da circunstância

singular. A sua presença e o seu apoio me estimularam a ser mais forte, mais

tem algo a nos ensinar, por isso, primeiramente, eu agradeço a todos de coração.

confiante e segura quanto a minha capacidade. Universo, obrigada por fazer

E, ainda mais ao universo por emanar tantas energias positivas e por colocar

esse encontro entre as nossas almas e nos mostrar que nos completamos nas

em meu caminho lindas coincidências.

nossas diferenças!

Dediquei este trabalho à memória de meu querido pai e aproveito para

À minha família em geral, agradeço pelas conversas, conselhos e principal-

agradecê-lo, esteja ele onde estiver, por tudo que representou em minha vida.

mente por saberem entender a minha ausência. Em especial, meus avós mater-

Infelizmente, o tempo que tivemos juntos foram poucos comparado ao para

nos, Maria e Antônio, que me ensinaram o quanto a família é importante e que

sempre, mas a sua presença ainda é viva em meu coração. De todas as lem-

a mesma só se mantém firme quando há compreensão e aos meus padrinhos,

branças, guardo principalmente aquelas que o faziam sonhar, as suas projeções

os de batismo Maria do Carmo e Benício e os de crisma Tereza e Pedro, que

de esperança para que eu tivesse um futuro, para que eu me formasse. Espero

foram verdadeiros porto seguro no momento mais difícil da minha vida.

não te decepcionar papai. A minha amada mãe falta-me palavras para agradecer tanto carinho, companheirismo, confiança, amor e tantos adjetivos que a qualificam como a melhor

Aos meus sogros agradeço não só por ter colocado no mundo a minha alma gêmea, mas também por me receber de forma tão sublime em sua família, fazendo de mim uma nova filha.

mamãe do mundo. Deus me deu a possibilidade de conviver com um exemplo

No âmbito amizade, começo pela minha amiga de infância, aquela que conhe-

de mulher e sou imensamente grata a isso. Para a minha rainha, só posso dizer

ço desde que me entendo por gente, a que mesmo longe sempre esteve perto,

que a amo muito e a agradeço por estar ao meu lado me auxiliando e cuidando

a minha irmã de coração e alma, Priscila Lopes. Você que inconscientemente

para que eu realize todos os meus sonhos.

fez manifestar em mim o primeiro desejo de ser arquiteta quando fazíamos dos

Ao meu príncipe, meu adorado noivo Henrique, que desde sempre me fez sentir única, querida e amada, agradeço por ser a minha melhor parte, por ser

nossos quartos verdadeiros “canteiros de obras” para erguer o nosso pequeno forte, a cabana de pano. Obrigada amiga por ser tão parceira!


Ériquinha, agradeço imensamente por poder te chamar de amiga, saiba que

A essa profissão linda que é a arquitetura e o urbanismo, agradeço por me

eu desejo a sua felicidade como se fosse a minha. Você tem um poder incrível,

fazer enxergar a cidade com outros olhos, por me mostrar o quanto é impor-

parece adivinhar o momento que eu mais preciso de suas doces palavras. Obri-

tante valorizar o ser humano, a natureza e o ambiente em que a gente vive, por

gada por se conectar dessa maneira comigo, deve ser essa ligação de “irmãs

me ensinar que a melhor dádiva é pensar no próximo e por enriquecer ainda

gêmeas” que a gente tem.

mais os meus conceitos e valores.

Jaque, minha lindinha, minha cúpida mais perfeita, são tantas coisas vividas

Agradeço a todos os profissionais do ensino, pessoas que dedicam a sua vida

e tantas ainda para viver... te agradeço por me receber tão bem na vizinhança

para transmitir o conhecimento. Particularmente, aos mestres que me fizeram

e desde então se tornar minha amiga, você é aquela que eu sei que posso levar

ver a arquitetura com admiração e respeito e despertaram em mim o orgulho

para toda a vida. Minha eterna criança, você é um ser iluminado, obrigada por

de poder fazer parte desse grupo de pensadores da cidade.

permitir que eu faça parte do seu círculo de amizade e por me acompanhar em

Sou grata as viagens de estudo que fiz que me permitiram conhecer tantos

alguns dos processos que foram fundamentais para a conclusão deste trabalho.

rostos, tantos gostos, incríveis culturas e paisagens que só a arquitetura poderia

Agradeço ao destino que fez cruzar em meu caminho a arquiteta Rose,

me proporcionar.

que me inspirou e ainda inspira com sua competência e responsabilidade no

Agradeço todas as oportunidades e aprendizados, a todas as pessoas que

exercício da profissão. À ela sou grata por todos os ensinamentos preciosos,

deixaram um pouquinho de si e levaram um pouquinho de mim. Como li uma

por toda a paciência, por toda a parceria e principalmente por ter se tornado

vez, “a diferença entre o ordinário e o extraordinário é aquele pequeno extra”

uma grande amiga.

e todos, a sua maneira, foram esse extra que define a pessoa que sou hoje.

Aos que encontrei aqui e ali, pela vida, que estabeleceram momentos únicos e inesquecíveis. Em especial, a minha amiga Priscila Marques que trilhou um

E finalmente, meu agradecimento a você que está se propondo a ler esse trabalho.

caminho parecido com o meu, porém completamente diferente e, ainda assim, mesmo à distância, deixa a sua marca em mim.

Meus sinceros agradecimentos a todos!



“A imaginação é mais importante do que o conhecimento. Pois o conhecimento é limitado, enquanto a imaginação abraça o mundo inteiro, estimulando o progresso, dando vida à evolução.” - Albert Einstein


RESUMO Tendo em vista o cenário do município de Diadema, especificamente o bairro do Vila Nogueira, nota-se que a região encontra algumas problemáticas, dentre elas a carência em ambientes voltados à recreação e ao lazer, assim como espaços livres e áreas verdes consideradas suficientes e apropriadas para a necessidade urbana. Partindo desse princípio, implantar algo que esteja associado à esta temática auxiliaria para uma visão pertinente do contexto social e urbanístico que resultaria em um projeto voltado, principalmente, para a desenvolvimento e melhora na qualidade de vida, além de ser um meio de preservar o pouco de vegetação existente que tem alguma relevância ambiental. Portanto, objetiva-se analisar o tecido urbano visando a busca pelo mais adequado resultado em relação às problemáticas encontradas na região, com planejamento e ordenamento para poder proporcionar uma melhora na qualidade de vida dos atuais e futuros moradores. A partir dessa elaboração, impulsionar o processo de requalificação das zonas periféricas, que geralmente são esquecidas e desprovidas de infraestrutura, utilizando os espaços que possuem tal vocação para a implantação dos novos equipamentos de uso público. Palavras-chave: Área Livre. Equipamento Público. Infraestrutura. Lazer. Parque.


ABSTRACT Given the scenario of the city of Diadema, specifically the neighborhood Vila Nogueira, we note that the region find some problems, among them the lack of questions related to recreation and leisure, as well as open spaces and green areas considered sufficient and appropriate for urban needs. Based on this principle, to implement something that is associated with this issue would help to a relevant vision of the social and urban context that would result in a project aimed primarily to the development and improvement in quality of life as well as being a means of preserving the little vegetation with environmental relevance. Therefore, the objective is to analyze the urban fabric aimed at the search for the most appropriate results in relation to problems encountered in the region, planning and management in order to provide a better quality of life for current and future residents . From this development , boost the process of regeneration of peripheral areas , which are often forgotten and devoid of infrastructure , using the spaces that have this vocation for the implementation of the new public-use equipment. Key-words: Free Area. Public Equipment. Infrastructure. Recreation. Park.


SUMÁRIO INTRODUÇÃO 1. PANORAMA GERAL | REGIÃO DO ABC

17 19

1.1 MUNICÍPIOS DO ABC

21

1.2 CARÁTER DA REGIÃO | INDUSTRIAL

21

1.3 RETRATOS DAS CIDADES

23

2. CONTEXTUALIZAÇÃO | MUNICÍPIO DE DIADEMA

25

2.1 FORMAÇÃO HISTÓRICA

26

2.2 DADOS GERAIS

34

2.3 RELEVO

35

2.4 HIDROGRAFIA

37

2.5 ÁREAS VERDES

39

2.6 PRINCIPAIS ACESSOS

40

3. ANÁLISE DO CENÁRIO URBANO

43

3.1 SITUAÇÃO DO BAIRRO | VILA NOGUEIRA

46

3.2 LEGISLAÇÃO URBANÍSTICA

48

4. CARACTERIZAÇÃO | ÁREA DE ESTUDO 4.1 HIERARQUIA VIÁRIA

53 60


4.2 PRINCIPAIS USOS

62

4.3 INFRAESTRUTURA URBANA | REDE DE EQUIPAMENTOS

64

4.4 SUPORTES NATURAIS |RELEVO E HIDROGRAFIA

66

4.5 PARÂMETROS URBANÍSTICOS

68

5. REFERÊNCIAS PROJETUAIS

71

5.1 PARQUE DA JUVENTUDE

72

5.2 PARQUE DO IBIRAPUERA

75

5.3 PARQUE DO PIQUERI

76

5.4 PARQUE DO CARMO

77

5.5 PARQUE SABESP BUTANTÃ

78

6. O PROJETO

81

6.1 CONCEITO

82

6.2 PARTIDO

82

6.3 DESCRIÇÃO

83

6.4 DIRETRIZES

84

6.5 O PROGRAMA

85

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

110



INTRODUÇÃO A saúde pública/saúde coletiva é definida genericamente como campo de

possibilidades de se criar meios de reverter essa situação e promover melho-

conhecimento e de práticas organizadas institucionalmente e orientadas à pro-

rias quanto às condições de conforto ambiental estão presentes em algumas

moção da saúde das populações (Sabroza, 1994), abrangendo cinco estratégias,

áreas verdes existentes no município que possui potencial para uso público de

sendo elas: políticas públicas saudáveis, ambientes favoráveis à saúde, reorien-

convívio social.

tação dos serviços de saúde, reforço da ação comunitária e desenvolvimento

Conhecendo as fraquezas e identificando as potencialidades, encontra-se no

de habilidades pessoais, na qual as duas primeiras se relacionam diretamente

bairro do Vila Nogueira uma área de relevância ambiental passível de se fazer

com a análise para o objeto de estudo.

uma intervenção de uso social e coletivo, com implantação de um parque com

Segundo a carta de Ottawa a implementação de políticas públicas saudáveis promove a promoção à saúde, pois inclui fatores determinantes, como a pro-

equipamentos públicos que objetivam evidenciar experiências carregadas de emoção por intermédio de um espaço livre abrangente de cobertura vegetal.

teção ambiental, sugerindo ações legislativas, fiscais e organizacionais visando

Os parques de bairros ou espaços similares são comumente considerados uma

a diminuição das desigualdades sociais e a melhoria da qualidade de vida dos

dádiva conferida à população carente das cidades. Vamos virar esse raciocínio

habitantes. Ainda cita a criação de ambientes favoráveis à saúde, propondo

do avesso e imaginar os parques urbanos como locais carentes que precisem da

meios de conservação dos recursos naturais, que prontamente interferem no

dádiva da vida e da aprovação conferida a eles. (JANE JACOBS, 2003, p. 97).

bem-estar da população.

Para exemplificar esse raciocínio, dispõe-se um estudo da formação histórica

Dentro do contexto urbanístico com a cidade se desenvolvendo acompanhada

do município, das áreas livres existentes na delimitação da área de estudo, dos

de um crescimento populacional, as áreas livres são as mais prejudicadas. O pro-

usos predominantes e da legislação vigente para entender como pode ser feita

cesso de estruturação urbana de Diadema é um exemplo nítido dessa evolução

a configuração do novo espaço de convívio que tem por finalidade atender a

desordenada e pouco pensada no quesito da qualidade ambiental. Todavia, as

demanda populacional da região.


“Acredito que as coisas podem ser feitas de outra maneira e que vale a pena tentar.� - Zaha Hadid


1. PANORAMA GERAL | Região do ABC


N

LEGENDA Região Metropolitana de São Paulo Região do Grande ABC Diadema

Figura 01: Região Metropolitana de São Paulo com destaque para a Região do ABC | Diadema. Fonte: Centro de Estudos da Metrópole (edições da autora).

0

6

12

18km


1.1 MUNICÍPIOS DO ABC

Os principais acessos dessa localidade para a cidade de São Paulo são feitos pelas Rodovias Anchieta e Imigrantes, e ainda pelas Avenidas Cupecê e do Estado, além de alternativas como os corredores de trólebus e trens da CPTM. 1.2 CARÁTER DA REGIÃO | INDUSTRIAL A Região do ABC é marcada por ser um dos principais pólos industrial brasileiro, vocação atribuída nesse espaço devido à instalação de indústrias nas proximidades da ferrovia São Paulo Railway (mais tarde denominada Santos-Jundiaí), que corresponde à primeira fase de industrialização e posteriormente, com a construção da Rodovia Anchieta, segunda fase de industrialização. (PINHEIRO, S., 2007)

Figura 02: Região do ABC com as Rodovias. Fonte: Editora OPY (edições da autora). Escala: Sem escala.

O grande ABC é formado pelos municípios de Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, que em conjunto possuem uma área de 825km² e reúne uma população estimada de 2,71 milhões de habitantes, segundo o censo de 2015 do IBGE. A Represa Billings, um dos maiores reservatórios da Região Metropolitana de São Paulo, banha cinco dos sete municípios do ABC, sendo a exceção as municipalidades de São Caetano do Sul e Mauá. Seus limites são conformados pelas barreiras da bacia hidrográfica do Guarapiranga e a Serra do Mar.

Figura 03: Estrada de Ferro Santos – São Paulo, 1870. Fonte: Marc Ferrez – Biblioteca Mário de Andrade.

21


São Paulo Railway foi a primeira ferrovia do estado de São Paulo, construída na intenção de ligar o planalto paulista ao litoral para escoamento da produção e da circulação de mercadorias. Seu percurso, que tem como marco zero a cidade de Santos, cruza os municípios de Cubatão, Santo André (Paranapiacaba), Rio Grande da Serra, Ribeirão Pires, Mauá, novamente em Santo André (área central), São Caetano do Sul e finalmente a capital paulista. (METRÔ, 2012) Outro eixo estruturador, a Rodovia Anchieta, usa do trajeto que cruza os municípios de São Paulo, São Bernardo do Campo, Cubatão e Santos. Por consequência dessa trajetória, o município de São Bernardo do Campo recebeu empresas ligadas ao ramo fabril e de fabricação de peças e acessórios para a indústria automobilística. Com isso, a procura por moradia nessa área acabou sendo relativamente intensa, pois além da procura por ofertas de emprego, a proximidade com a cidade de São Paulo também era um atrativo. (PINHEIRO, S., 2007)

Figura 04: Traçado da Ferrovia Santos – Jundiaí. Fonte: mikes.railhistory.railfan.net. Escala: Sem escala.

22

Figura 05: Rodovia Anchieta km18 – 1953. Fonte: abcdpedia.

Figura 06: Rodovia Anchieta km18,5 – 2007. Fonte: Panoramio.


1.3 RETRATOS DAS CIDADES

Figura 07: São Bernardo do Campo (superior esquerda) Fonte: abcdoabc.com.br Figura 08: Mauá (superior centro) Fonte: mauamemoria.com.br Figura 09: São Caetano do Sul (superior direita) Fonte: saocaetanodosul.com.br

Figura 10: Diadema (imagem central) Fonte: obairro.jor.br Figura 11: Ribeirão Pires (inferior esquerda) Fonte: folharibeiraopires.com.br Figura 12: Rio Grande da Serra (inferior centro) Fonte: riograndedaserra.sp.gov.br Figura 13: Santo André (inferior direita) Fonte: onibusbrasil.com

23


“A memória é a chave da arquitetura. Sem ela, não temos futuro.” - Daniel Libeskind


2. CONTEXTUALIZAÇÃO | Município de Diadema


2.1 FORMAÇÃO HISTÓRICA Desde o início, a localização geográfica de Diadema foi um fator relevante

de lazer, porém o mesmo não ocorreu com os moradores de São Bernardo do

para o processo de ocupação dessa região que por decorrência do desenvol-

Campo, uma vez que o Estoril era mais próximo e de fácil acesso. Com isso,

vimento das povoações de Santo Amaro e São Bernardo do Campo foi obri-

os irmãos Camargo, donos das terras, resolveram melhorar a via de ligação,

gatoriamente cortada para a criação de um caminho de ligação, atual Avenida

atual Avenida Alda até o Parque 7 de Setembro. Posteriormente, o trajeto foi

Antônio Piranga e Avenida Piraporinha, que faria a comunicação entre o litoral

completado até o centro pelo Sr. Alberto Simões Moreira, dono de uma grande

e os moradores de Santo Amaro, Itapecerica, Embu e outras localidades, razão

chácara que compreendia aquela área.

esta que contribuiu para a chegada de alguns moradores ainda no século XVIII. Por estar situado em uma área limítrofe, Diadema quase sempre viveu confusa quanto ao município de jurisdição, pertencendo ora a Santo Amaro ora a São Bernardo do Campo, até que em 7 de junho de 1918 foi assinado Figura 14: Mapa da capitania de São Paulo. Fonte: novomilenio.inf.br. Escala: Sem escala.

pela Comissão de Fazenda e Obras da Prefeitura de São Bernardo, sediada em Santo André, um parecer que

autorizava o Sr. Prefeito Cel. Saladino Cardoso Franco a praticar todos os atos necessários para a regularização destas divisas, terminando de vez a controvérsia. No ano de 1925, com a criação da Represa Billings a região denominada Eldorado passou a despertar interesse dos paulistanos que buscavam opções

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Figura 15: Represa Billings no bairro Eldorado em 1930. Fonte: Acervo Centro de Memória Diadema – PMD.

O mapa a seguir indica a ocupação de Diadema em 1938 e os principais caminhos de ligação com São Paulo e com São Bernardo do Campo.


N

Até a década de 40, Diadema era um território de chácaras constituída de quatro povoados dispersos interligados por meio de caminhos precários, pertencentes à São Bernardo do Campo cada qual tinha a sua singularidade. a São Bernardo e a São Paulo; Eldorado vinculava-se mais a São Paulo devido

io tôn An . v A

nga Pira

a Represa Billings; Vila Conceição, área central formada pelas chácaras pertenha rin apo Pir Av.

Estra da da Jarara ca

Piraporinha próximo à São Bernardo; Taboão, também ligado a proximidade

centes ao loteamento da Empresa Urbanista.

lda .A Av

LEGENDA 1938 Área de Estudo Figura 16: Ocupação do município de Diadema em 1938, indicando os principais caminhos. Fonte: Companhia de Projeto, 2004. Escala: Sem escala.

Figura 17: Município de São Bernardo do Campo em 1938, indicando os quatro povoados que formavam Diadema. Fonte: Companhia de Projeto, 2004. Escala: Sem escala.

27


Em 1948, foi elevado à categoria de distrito com sede no povoado de Vila

N

Conceição, conforme a lei nº 233, de 24 de dezembro de 1948, onde recebeu o nome de Diadema dado pelo jurista Miguel Reale que pensou em completar a sigla ABC. Inicialmente considerou São Domingos, mas acreditava que o nome deveria contemplar a história de devoção a Nossa Senhora da Conceição, dessa maneira surgiu a palavra Diadema que tem por significado coroa sobre a cabeça da estátua de Nossa Senhora da Conceição, padroeira local desde 1740. Somente quatro anos depois de criado é que foi instalado o distrito, através do Cartório de Registro Civil no dia 12 de maio de 1952. Com a inauguração da primeira parte da Via Anchieta, as indústrias começaram a se estabelecer na região, na qual as grandes multinacionais se instalaram ao longo da estrada em São Bernardo e as de menor porte, que em sua maioria produziam objetos complementares para as grandes indústrias, em Diadema. Dessa maneira, inicia-se um processo de urbanização nas áreas próxima à rodovia, primeiramente na Av. Fagundes de Oliveira, no bairro de Piraporinha e posteriormente na Av. Casa Grande, que foi aberta para ligar o bairro do Eldorado com o bairro de Piraporinha, consolidando um novo bairro Casa Grande. LEGENDA

Nesse período começou a haver pressão habitacional por parte das pessoas

Ocupação Anterior

contravam nessa área terrenos mais acessíveis e de baixo custo estabelecendo

Área de Estudo

a segunda fase de estruturação urbana em Diadema o que estimulou um crescimento desordenado e desprovido de infraestrutura. 28

1953

que vinham em busca de emprego oferecidos pelas indústrias da região e enFigura 18: Ocupação do município de Diadema em 1953. Fonte: Companhia de Projeto, 2004. Escala: Sem escala.


Devido ao descaso do município de São Bernardo em relação ao distrito

Dentre as razões que justificam e

de Diadema, no ano de 1953 surge os primeiros rumores de separação, tendo

legitimam a criação da nova municipa-

como principais interessados os senhores professor Evandro Caiaffa Esquível e

lidade está autonomia, que aumentaria

Manoel Amaral Junior que levaram o caso para conhecimento do senhor Lauro

as possibilidades de resolver os proble-

Gomes de Almeida, chefe do Poder Executivo na municipalidade bernardense.

mas de infraestrutura, visto que viviam

Percebendo a possibilidade de emancipação, o prefeito conseguiu que a

esquecidos e abandonados. Para isso,

Assembleia Legislativa aprovasse o seu projeto de modificação dos limites de

seria necessário fazer uma grande cam-

forma que as áreas da Rádio Record e da indústria Mercedes Benz do Brasil

panha, já que o senhor Lauro Gomes,

passassem a ser de São Bernardo do Campo conforme lei nº 2.456, de 30 de

um político poderoso e influente, era

dezembro de 1953, fato de infelicidade para Diadema já que essas empresas

contra o desmembramento.

influenciariam para a economia do novo município.

Figura 20: Campanha contra a emancipação no ano de 1958. Fonte: Sítio Polêmico.

No dia 24 de dezembro de 1958 foi realizado o plebiscito, na qual os eleitores aprovaram o desmembramento e no dia 31 de dezembro de 1958 o senhor Jânio da Silva Quadros, Governador do Estado, assinou a lei de emancipação sob o nº 5.121 completada pela lei nº 5.185, de 18 de fevereiro de 1959.

Figura 21: Trecho do abaixo assinado encaminhado à Assembleia Legislativa de SP pleiteando a elevação do distrito de Diadema a categoria de Município. Datado de 16/04/1958. Fonte: Acervo CMD.

O mapa a seguir indica a estruturação de Diadema em 1958, na qual nota-se Figura 19: Área comprada pela Mercedes Benz na Região do ABC no início dos anos de 1950. Fonte: Blog Home – Page do Passat.

uma ocupação mais intensa e dispersa, onde alguns bairros começam a se ampliar, como o do Eldorado e Canhema, e outros iniciam o processo de urbanização. 29


N

Devido à emancipação, foi necessário procurar meios de angariar recursos para ampliar questões de infraestrutura. Com isso, o atual município criou ações de incentivo fiscal às indústrias para que as mesmas se estabelecessem na região, assim houve uma intensificação na quantidade, resultando em 23 (vinte e três) empresas instaladas. Nesse período, a cidade viu suas chácaras serem progressivamente substituídas por galpões industriais e por loteamentos populares irregulares, dando origem às favelas. Em 1961 foi aprovada a primeira Lei de Uso e Ocupação do Solo em Diadema, sendo 74% destinada ao uso industrial, 24% área turística e 2% de uso residencial, constituindo uma cidade condensada pelo processo de crescimento desordenado, marcada pela falta de infraestrutura, ocupações irregulares, precariedade habitacional e degradação ambiental. Dessa forma, o que antes era uma área coberta por uma grande cobertura vegetal, foi se transformado em bairros populares isentos de infraestrutura, pois com a instalação dessas indústrias houve uma valorização das terras, contribuindo para o afastamento dos moradores que acabaram por ocupar LEGENDA 1958 Ocupação Anterior Área de Estudo

Figura 22: Ocupação do município de Diadema em 1958. Fonte: Companhia de Projeto, 2004. Escala: Sem escala.

30

terras públicas e áreas de proteção ambiental, resultando em um crescimento desordenado ausente em planejamento. No mapa a seguir verifica-se uma malha urbana amplamente consolidada e constituída de poucos vazios urbanos, inclusive nas áreas próximas à Represa Billings.


N

A década de 1970 trouxe mudanças expressivas para a configuração urbana do município devido a inauguração da Rodovia dos Imigrantes no ano de 1976, que dividiu a cidade em duas partes, fragilizando a malha urbana e trazendo problemas urbanísticos graves para a região, fato correspondente ao contínuo crescimento desordenado nas proximidades do então significativo eixo viário responsável por fazer a ligação entre São Paulo e Santos.

LEGENDA 1971 Ocupação Anterior Área de Estudo Figura 23: Ocupação do município de Diadema em 1971. Fonte: Companhia de Projeto, 2004. Escala: Sem escala.

Figura 24: Vista aérea da Rodovia dos Imigrantes cruzando com a Avenida Fábio Eduardo Ramos Esquivel, 2009. Fonte: Panoramio.

As condições de precariedade relacionadas a falta de infraestrutura foram ficando cada vez mais evidentes o que resultou em uma ação da Prefeitura de desapropriação na região central para a implantação de uma superestrutura numa 31


área de 6.268m² que serviria para a construção de um parque municipal de

N

lazer, conjunto poliesportivo e centro educacional, denominado de projeto CURA (Comunidade Urbana para Recuperação Acelerada), desenvolvido pela parceria do governo com o Banco Nacional de Habitação em 1978. A área atualmente compreende a Praça da Moça, o Centro Cultural Diadema, o Centro de Memória, a Casa da Música, Escola Estadual Riolando Figura 25: Praça da Moça, ponto de encontro em Diadema. Fonte: Encontra Diadema.

Canno e o Ginásio Poliesportivo Ayrton Senna.

Em vista o desenvolvimento do município nota-se que o lugar mais bem estruturado e que possui melhores condições de infraestrutura e possibilidades de potencialidade é a parte central, tanto que o projeto CURA foi aplicado somente nessa região, com isso percebe-se que há uma valorização em um determinado trecho e esquecimento nas demais zonas por se tratar de áreas periféricas, acontecimento atribuído ao fato de que Diadema não conseguiu

LEGENDA

controlar o processo de crescimento populacional.

1991 Ocupação Anterior

O mapa a seguir mostra a expansão da ocupação em Diadema até a década de 1991 onde observa-se apenas mais alguns pontos de estruturação em relação à ocupação anterior. 32

Área de Estudo Figura 26: Ocupação do município de Diadema em 1991. Fonte: Companhia de Projeto, 2004. Escala: Sem escala.


N

Atualmente Diadema é compreendida por ser uma área de uso predominante industrial e residencial, e em alguns locais, áreas de proteção ambiental. É uma cidade que continua se desenvolvendo, desta vez iniciando o processo de verticalização, pois com a procura por moradia nas proximidades de São Paulo, a expansão imobiliária em Diadema é recorrente, alterando novamente a paisagem urbana. Segundo dados da Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano de 2012 as obras aprovadas eram quase a mesma quantidade desde sua emancipação. Portanto, ao mesmo tempo em que esse desenvolvimento esteja presente e contribuindo para o crescimento do município, a questão ambiental é relevante, principalmente diante da carência de espaços vazios e da densidade populacional, pois visa compatibilizar o uso dessas áreas livres para o atendimento da demanda habitacional além de preservar as áreas ambientalmente relevantes.

LEGENDA 2002 Ocupação Anterior Área de Estudo Figura 27: Ocupação do município de Diadema em 2002. Fonte: Companhia de Projeto, 2004. Escala: Sem escala.

Figura 28: Vista da área central do município de Diadema. Fonte: Tibério Construções e Incorporações S.A.

33


2.2 DADOS GERAIS 6,69 4,13

2,86

2,75

2,74

2,31

2,27

2,05

1,96

1,76

1,2

6.373,24

9.106,43

10.381,93

11.554,15

13.955,07

13.958,36

16.475,24

16.495,10

17.673,67

17.957,32

21.101,95

Figura 30: Área (em km²) por bairros de Diadema em 2010. Fonte: Sumário de dados básicos de Diadema – SP (edições da autora).

Figura 29: Divisão por bairros em imagem de satélite. Fonte: Topografia Social de Diadema, 2009 (edições da autora). Escala: Sem escala.

O município de Diadema é favorecido pela sua proximidade com importantes eixos viários e a sua posição geográfica, distante apenas 17 km do marco zero da capital de São Paulo. Por outro lado, esses fatos acarretaram em um

Através dos dados constata-se que o Eldorado é o bairro que dispõe de

desenvolvimento descontrolado da cidade, fazendo alterações na paisagem,

maior área com 6,69 km², porém possui menor densidade demográfica com

causando problemas ambientais e consequentemente alterações na qualidade

apenas 6.373,24 hab./m², razão atribuída ao fato de parte da Represa Billings

de vida da população.

estar contida nesse espaço carecendo de um controle na expansão e no aden-

Formada por 11 bairros, possui uma área territorial de 30,84km² e uma população, segundo números do Censo IBGE 2010, de 386.039 habitantes. 34

Figura 31: Densidade demográfica (habitante por km²) nos bairros de Diadema em 2010. Fonte: Sumário de dados básicos de Diadema – SP (edições da autora).

samento das áreas urbanizadas, considerando sua importância na paisagem e suas funções de drenagem.


N Já o bairro do Inamar dispõe da menor área territorial, apenas 1,20 km², mas é segundo maior em densidade demográfica com 17.957,32 hab./km², seguido do bairro do Vila Nogueira que é o terceiro maior em densidade demográfica, tendo uma população de 17.673,67 hab./km², e é o segundo menor em área territorial com 1,76 km². 2.3 RELEVO O relevo de Diadema é acidentado, formado por pequenas colinas e morretes alongados, que se derrama de oeste para leste, onde as altitudes médias variam entre 700 e 800 metros. A altura predominante aparece na faixa de 780 a 800 metros. Os territórios da região do Centro e Conceição, que fazem fronteira com LEGENDA

São Paulo, registram os pontos de maiores altitudes, enquanto o Sul da cidade, Eldorado que é área de manancial, e o bairro do Piraporinha registram os de menores altitudes. Segundo dados da Prefeitura de Diadema, o ponto mais alto está situado no Jardim Santa Cândida a uma altitude de 865 metros acima do nível do mar e o mais baixo na Vila Idealópolis, no bairro do Piraporinha. O mapa a seguir mostra que o município é marcado pelas enconstas e ondulações tendo poucas áreas planas.

747

800-810

747-750

810-820

750-760

820-830

760-770

830-840

770-780

840-850

780-800

850-854

Área de Estudo Figura 32: Topografia física – carta hipsométrica. Fonte: Topografia Social de Diadema, 2009. Escala: Sem escala.

35


N

LEGENDA Billings - Tamanduateí Cotia - Guarapiranga Jusante Pinheiros - Pirapora Juqueri - Cantareira Cabeceiras

36

Figura 33: Bacia Hidrográfica do Alto Tietê. Fonte: Centro de Orientação Ambiental Terra Integra (edições da autora). Esc.: Sem escala.

Penha - Pinheiros


2.4 HIDROGRAFIA

N o

g rre

o

do

b Ta

pela

Córrego da Ca

LEGENDA

Cór

reg

o od

o

rian

Flo

Billings - Tamanduateí Represa Billings Figura 34: Sub-bacia Billings – Tamanduateí. Fonte: Centro de Orientação Ambiental Terra Integra (edições da autora). Escala: Sem escala.

Diadema faz parte da sub-bacia Billings – Tamanduateí, da bacia do Alto Tietê. Segundo a Coordenadoria de Planejamento Ambiental do Estado de São

s

ro

o irã

s

do

u Co

be

C do órre Ar go aú jo

Ri

Paulo, a área do município inserida na bacia Billings representa 1,25% da área total da bacia, considerando-se a área correspondente ao reservatório. De acordo com a Prefeitura de Diadema, o município é formado por córregos e ribeirões tendo como maior e principal curso d’água o Ribeirão dos Couros, com 7.500m de extensão, seguido pelos córregos da Capela (4.695m), do Floriano (4.395m), Taboão (4.000m) e Araújo (1.798m).

Figura 35: Hidrografia de Diadema. Fonte: Adaptado pela autora sobre a base cedida pela Prefeitura. Escala: Sem escala.

37


N

LEGENDA Mata Capoeira Campo Vegetação de Várzea

38

Figura 36: Uso e ocupação do solo de Região Metropolitana de São Paulo | Vegetação. Fonte: Emplasa, 2006 (edições da autora).

0

6

12

18km


2.5 ÁREAS VERDES

N

Segundo o Atlas Municipal de Uso e Ocupação do Solo desenvolvido pela Emplasa em 2006, as áreas de cobertura vegetal de Diadema são contempladas por mata, capoeira, campo e vegetação de várzea, consideradas de acordo com a seguinte classificação: Mata: “Vegetação constituída por árvores de porte superior a 5 metros, cuja copas se toquem (no tipo mais denso) ou propiciem uma cobertura de pelo menos 40% (nos tipos mais abertos).” (Unesco, 1973). Capoeira: “Vegetação secundária que sucede à derrubada das florestas, constituída sobretudo por indivíduos lenhosos de segundo crescimento, na maioria, da floresta anterior, e por espécies espontâneas que invadem as áreas devastadas, apresentando porte desde arbustivo até arbóreo, porém com árvores finas e compactamente dispostas.” (SERRA Fº. et al., 1975). Campo: “Vegetação caracterizada, principalmente, pela presença de gramíneas, cuja altura, geralmente, varia de 10 a 15 cm, aproximadamente, constituindo uma

LEGENDA

cobertura que pode ser quase contínua ou se apresentar sob a forma de tufos,

Mata

deixando, nesse caso, alguns trechos de solo a descoberto. Espaçadamente, po-

Capoeira Campo

dem ocorrer pequenos subarbustos e raramente arbustos.” (ROMARIZ, 1974).

Vegetação de Várzea

Vegetação de Várzea: “Vegetação de composição variável que sofre influência dos rios, estando sujeita a inundações periódicas, na época das chuvas.” (Unesco, 1973).

Área de Estudo Figura 37: Uso e ocupação do solo de Diadema | Vegetação. Fonte: Emplasa, 2006 (edições da autora). Escala: Sem escala.

39


Com a estrutura urbana consolidada, correspondente ao processo de urbanização acelerado, pouco sobrou de vegetação no município de Diadema, o equivalente à 4,07m² de área verde por habitante, segundo o programa Cidades Sustentáveis, classificado como insuficiente para garantir o bem-estar dos residentes.

Campo na qual se conecta diretamente por meio de importantes eixos viários que podem ser considerados como cicatrizes urbanas devido o traçado expressivo.

Rodovia dos Imigrantes, que corta a cidade no sentido Norte-Sul permitindo a

ao Sul, na região do Eldorado, que é

conexão entre São Paulo e a Baixada Santista. Alternativas como Av. Cupecê e

delimitada como Área de Proteção e

Armando de Arruda Pereira são opções no limite de Diadema com São Paulo.

Recuperação aos Mananciais (APRM)

Já com São Bernardo do Campo a ligação é feita por intermédio do corre-

por conta da Represa Billings, na qual

dor ABD, que por sua vez corta o município no sentido Leste-Oeste, e pela

se faz necessário controlar a expansão ter a qualidade ambiental.

Diadema faz divisa com os municípios de São Paulo e São Bernardo do

O principal acesso com São Paulo é feito pela SP 160, conhecida como

A maior parte está concentrada

e o adensamento justamente para man-

2.6 PRINCIPAIS ACESSOS

Figura 38: Região das Sete Praias no bairro do Eldorado. Fonte: Skyscrapercity

Av. Piraporinha.

A região do Vila Nogueira é um espaço de uso predominante tanto residencial quanto industrial e conta apenas com uma área de mata que é a única significativa e de relevância ambiental do bairro, está situada em um terreno privado na Avenida Alberto Jafet, que se não preservado pode-se perder facilmente. 40

Figura 39: Bairro do Vila Nogueira, densamente construído e com pouca vegetação. Fonte: Panoramio.

Figura 40: Principais acessos do município de Diadema. Fonte: Tibério Construções e Incorporações S.A.


N

O município também é servido pelas redes de transportes municipais e intermunicipais, fazendo parte do percurso de 33km do Corredor Metropolitano ABD (São Mateus – Jabaquara) que atravessa quatro municípios do ABC (Mauá, Santo André, São Bernardo do Campo e Diadema) ligando o extremo leste da capital paulista ao Jabaquara, na zona sul. Esse corredor possui ao todo nove terminais metropolitanos na qual dois estão dentro dos limites de Diadema, um na área central e o outro no bairro do Piraporinha que é próximo a São Bernardo do Campo. Em 2010 esse trajeto recebeu uma extensão de 12km possibilitando a integração dos passageiros do Terminal Diadema às Estações Berrini e Morumbi da CPTM. Com a ampliação, a extensão total do corredor passou a ser de 45 km. CORREDOR ABD

LEGENDA

Jabaquara

Limite Municipal Limite de Bairros Hidrografia

Brooklin CPTM

Shopping Morumbi

Viário Secundário

Piraporinha

Santo André Oeste

São Mateus Sônia Maria

Diadema

Centralidades Viário Principal

Santo André Leste

CORREDOR DIADEMA - BERRINI

São Bernardo do Campo

Área de Estudo Figura 41: Mapa dos principais acessos do município de Diadema. Fonte: : PDInfra – Unifesp, 2011. Escala: Sem escala.

Ferrazópolis

Figura 42: Rede de transporte metropolitano. Fonte: PDInfra.

41


“O mais importante não é a arquitetura, mas a vida, os amigos e este mundo injusto que devemos modificar.” - Oscar Niemeyer


3. ANÁLISE DO CENÁRIO URBANO 43


N

A falta de equipamentos públicos voltados para o lazer em Diadema é uma questão atual, assim como a ausência de áreas verdes significativas, visto que o processo de estruturação urbana foi baseado em virtude do desenvolvimento industrial e residencial, como pode-se ver no mapa ao lado. Uma cidade necessita de áreas recreativas para o bem-estar da população, segundo Ademir Müller (2002, p.25) o espaço de lazer tem uma importância social, por ser um espaço de encontro e de convívio. Através desse convívio, pode acontecer a tomada de consciência, o despertar da pessoa para descobrir que os espaços urbanos equipados e conservados são indispensáveis para uma vida melhor para todos. Fundamentado nessa contextualização, encontra-se na parte Leste do município uma carência significativa com relação a essa temática e para atribuir diretrizes que objetivam o desenvolvimento e a requalificação dessa área, sobretudo com um olhar para o espaço urbano, encontra-se no Vila Nogueira uma parte de relevância ambiental que possibilita a humanização e conservação desse espaço. LEGENDA

Figura 43: Uso e ocupação do solo de Diadema. Fonte: Emplasa, 2006 (edições da autora). Escala: Sem escala.

44

Mata

Reflorestamento

Equipamento Urbano

Mov. Terra/Solo Exposto

Capoeira

Chácara

Indústria

Reservatório de Retenção

Campo

Área Urbanizada

Aterro Sanitário

Rodovia

Vegetação de Várzea

Favela

Mineração

Outro Uso

Área de Estudo


LEGENDA Parque do Paço - Centro Rodovia dos Imigrantes Área Verde - Vila Nogueira

N

0

Figura 44: Rodovia dos Imigrantes entre as áreas verdes significativas. Fonte: Adaptado pela autora com base no Google Earth.

100

200

300m

A área verde está situada próxima ao principal parque de Diadema, o Parque

A região central, local onde está localizado o Parque do Paço, é naturalmente

do Paço, se considerado por uma linha reta tem uma distância de aproxima-

o espaço que dispõe de maior infraestrutura e que possui potencialidade para tal.

damente 700 metros. Entre eles há uma barreira conformada pela Rodovia

Dessa forma as zonas periféricas tornam-se esquecidas e pouco desenvolvidas,

dos Imigrantes, que historicamente parte o município em dois e atualmente

ou seja, é uma das problemáticas presente e que fundamentalmente serve de

representa também uma segregação sócio espacial.

base para a reversão dessa situação. 45


3.1 SITUAÇÃO DO BAIRRO | VILA NOGUEIRA N

Com a chegada da Rodovia dos Imigrantes em 1976, relatado anteriormente na formação histórica do município, as empresas começaram a se instalar nas áreas próximas ao então importante eixo viário, responsável por fazer a ligação entre São Paulo e Santos. Dessa forma, sucedeu-se complexos problemas urbanísticos consequentes do crescimento desordenado de moradias precárias, que originaram a grande quantidade de favelas, por decorrência a cidade viu suas chácaras serem progressivamente substituídas, como no caso do bairro Vila Nogueira. Conforme o mapa de uso e ocupação do solo, imagem ao lado, atualmente o bairro é constituído de uma densa área urbanizada, alguns pontos de favela,

LEGENDA Mata

Área Urbanizada

Mov. Terra/Solo Exposto

Limite Municipal

Capoeira

Favela

Reservatório de Retenção

Viário

Campo

Equipamento Urbano

Rodovia

Chácara

Indústria

Área de Estudo

Figura 45: Uso e ocupação do solo | Vila Nogueira. Fonte: : Emplasa, 2006 (edições da autora). Escala: Sem escala.

46

indústrias contíguas à expressivas vias, equipamento urbano e uma área significativa de mata. Identifica-se também que nessa região há uma carência de espaços vazios/livres de edificações, áreas voltadas para recreação/lazer e cobertura vegetal.


Dentre os equipamentos existentes, o bairro do

N

Vila Nogueira conta com 7 (sete) Escolas Estaduais, 4 (quatro) Escolas Municipais, 2 (duas) Unidades

ema

Canh

06 11

14 15

13

01

o

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De acordo com o mesmo senso, a população está

a

Ce

de 2010 do IBGE.

10

12

nh ori

damente 31.141 habitantes, segundo dados do censo

05

ap

Cultural, que atendem uma população de aproxima-

Pir

Básica de Saúde, 1 (uma) Biblioteca e 1 (um) Centro

distribuída entre homens e mulheres, na qual 15.039

04

habitantes representam a população masculina e

07

Ca

16.102 habitantes a população feminina.

sa

Classificando por faixa etária, os grupos foram

02

Gr

09 08

Biblioteca

an

de

Centro Cultura Área de Estudo

4,7%

72,4%

0 a 14 anos

15 a 64 anos

acima de 65 anos

Figura 46: Faixa etária da população do Vila Nogueira. Fonte: Brasil sabido.

Escola Municipal Saúde Municipal

03

divididos correspondente ao gráfico abaixo:

22,9%

Escola Estadual

LEGENDA 01- Jardim Ana Sofia

05- Jornalista Rodrigo Soares Jr.

09- Devanir José de Carvalho

13- UBS Promissão

02- Jardim Arco-Íris

06- Prof. Evandro Caiafa Esquivel

10- Mário Quintana

14- Centro Cultural

03- General José Artigas

07- Prof. Roberto Frade Monte

11- Deputado Freitas Nobre

15- Biblioteca

04- Orígenes Lessa

08- Vinícius de Moraes

12- UBS Vila Nogueira

Figura 47: Mapa dos principais equipamentos públicos no bairro do Vila Nogueira. Fonte: Diversitas, 2007. Escala: Sem escala.

47


3.2 LEGISLAÇÃO URBANÍSTICA De acordo com o plano diretor, toda extensão territorial do Município é

Eixo Estruturador Local (EEL2) “corresponde às áreas lindeiras às vias

considerada Zona Urbana e sua estrutura é constituída de Zonas de Uso e Áre-

do sistema viário principal com limitada capacidade de suporte para aumento

as Especiais. O bairro do Vila Nogueira, especificamente, dispõe da seguinte

do tráfego, destinadas à convivência de usos diversos, prioritariamente para

ordenação do solo:

comércio e serviços de âmbito local.”

Zonas de Uso:

Zona de Qualificação Urbana (ZQU) “corresponde às áreas com predo-

predominância de atividades industriais segundo zoneamento metropolitano.”

minância de uso residencial em convivência com outros usos, com satisfatório

Zona Estratégica para Desenvolvimento Econômico (ZEDE) “corresponde

padrão de urbanização.” Zona de Recuperação Urbana (ZRU) “corresponde às áreas ocupadas por

às áreas com predominância de atividades industriais.” •

Áreas Especiais:

uso predominante residencial, com concentração de assentamentos habitacio-

Área especial de Preservação ambiental 2 (AP2) “imóveis situados fora da

nais de alta densidade, marcados pela baixa qualidade urbanística e ambiental

Bacia Hidrográfica do Reservatório Billings destinados à manutenção, conser-

de sua massa edificada.”

vação ou reconstituição de vegetação de interesse ambiental, sendo permitido

Eixo Estruturador Principal 1 (EEP1) “corresponde às áreas lindeiras ao sistema viário de interesse regional metropolitano, destinadas à convivência de usos diversos, prioritariamente para habitação, comércio e serviços.” Eixo Estruturador Principal 2 (EEP2) “corresponde aos imóveis contidos,

48

Zona Predominantemente Industrial (ZUPI) “corresponde às áreas com

usos que garantam tal qualidade.” Área Especial de Interesse Social 1 (AEIS1) “imóveis não edificados e subutilizados, necessários à implantação de Empreendimentos Habitacionais de Interesse Social – EHIS.”

integral ou parcialmente, considerando neste caso toda a extensão da matrícula

Área Especial de Interesse Social 2 (AEIS2) “áreas onde estão Núcleos

existente no registro imobiliário, na faixa definida ao longo do sistema viário de

Habitacionais, para os quais deverão ser elaborados Planos de Reurbanização

interesse regional metropolitano, com predominância de atividades industriais,

de Interesse Social - PRIS com vistas à regularização urbanística e fundiária

comerciais e prestação de serviços.”

ambientalmente sustentável dos assentamentos.”


N

Parte da área de estudo é classificada como AP 2, e a mesma necessita de atenção quanto ao empreendimento a ser implantado, pois conforme o Art. 32 do plano diretor qualquer projeto em Área Especial de Preservação Ambiental deverá respeitar as normas urbanísticas previstas no Quadro 1 – Parâmetros Urbanísticos, sem prejuízo das demais normas federais, estaduais e municipais aplicáveis, atendendo as disposições contidas na Certidão de Diretrizes da Análise Especial realizada pelo órgão municipal responsável pela gestão ambiental.

LEGENDA Zona de Qualificação Urbana - ZQU

Zona Predominante Industrial - ZUPI

Área Especial de Interesse Social 2 - AEIS 2

Zona de Recuperação Urbana - ZRU

Zona Estratégica de Desenvolvimento Econômico - ZEDE

Área Especial de Interesse Social 3 - AEIS 3

Eixo Estruturador Principal 1 - EEP 1

Área Especial de Preservação Ambiental 1 - AP 1

Área Especial de Uso Institucional - AEUI

Eixo Estruturador Principal 2 - EEP 2

Área Especial de Preservação Ambiental 2 - AP 2

Reservatórios - AEUI / AP 2

Eixo Estruturador Local 1 - EEL 1

Área Especial de Preservação Ambiental 3 - AP 3

Área de Estudo

Eixo Estruturador Local 2 - EEL 2

Área Especial de Interesse Social 1 - AEIS 1

Figura 48: Carta 1A – Zonas de Uso e de Áreas Especiais | Vila Nogueira. Fonte: : Adaptado pela autora sobre a base cedida pela Prefeitura. Escala: Sem escala.

49


O poder público também prevê zonas passíveis de operação urbana consorciada1, delimitando seis possíveis áreas de intervenção, dentre elas a Operação Urbana Ulysses Guimarães que passa por um trecho do bairro Vila Nogueira, na qual não há um detalhamento específico. Conforme o Art. 106 do plano diretor, a aplicação da Operação Urbana Consorciada será definida por lei municipal específica e deverá conter um Plano de Operação Urbana Consorciada que incluirá, no mínimo, a finalidade, assim como o interesse público na operação proposta, a delimitação e influência do projeto, o relatório de impacto de vizinhança, o programa de atendimento econômico e social para a população afetada e um plano de operacionalização. Diretamente não está envolvido na área de intervenção, mas se transformado o entorno de vocação industrial para residencial, por exemplo, e o poder público compreender como diretriz importante, sucederá em uma demanda específica que influenciará de maneira pontual uma vez que já existe uma carência significativa de espaços livres na região. Se tiver a possibilidade de aumento dessa procura deverá se suceder de maneira proporcional para que haja qualidade no desenvolvimento e vitalidade do lugar.

1  Operações urbanas consorciadas são intervenções pontuais realizadas sob a coordenação do Poder Público e envolvendo a iniciativa privada, empresas prestadoras de serviços públicos, moradores e usuários do local, buscando alcançar transformações urbanísticas estruturais, melhorias sociais e valorização ambiental. Nesse instrumento, o Poder Público deve delimitar uma área e elaborar um plano de ocupação, no qual estejam previstos aspectos tais como a implementação de infraestrutura, nova distribuição de usos, densidades permitidas e padrões de acessibilidade.

50


N

Nota sobre Operações Urbanas Consorciadas “A operação urbana possibilita ao município uma maior amplitude para tratar de diversificadas questões urbanas, e permite que delas resultem recursos para o financiamento do desenvolvimento urbano, em especial quando as operações urbanas envolvem empreendimentos complexos e de grande porte. Dessa forma, o poder público poderá contar com recursos para dotar de serviços e de equipamentos as áreas urbanas desfavorecidas. Para viabilizar uma operação urbana, há a possibilidade de LEGENDA Novo Centro 7 de Setembro

parcelamento, uso e ocupação do solo e subsolo; as alterações das

Ulysses Guimarães

normas para edificação; a regularização de construções, reformas

Piraporinha

ou ampliações executadas em desacordo com a legislação vigente;

Corredor ABD

e a emissão, pelo município, de certificados de potencial adicional

Rotary - Lico Maia Área de Estudo Figura 49: Carta 4 – Áreas sujeitas à operação urbana consorciada. Fonte: Adaptado pela autora sobre a base cedida pela Prefeitura. Escala: Sem escala.

serem previstas a modificação de índices e de características do

de construção, a serem alienados em leilão.” - Estatuto da Cidade para compreender...

51


“Todas as cidades precisam ter o seu avesso, um espaço que difere do padrão.” - Maria Elisa Costa


4. CARACTERIZAÇÃO | Área de Estudo 53


Córrego

oculto pela

pavimentação da via

Ausência de

Áreas Livres Parque do Paço

Área Cental Ocupação

Residencial

Equipamentos

e Industrial

Urbanos

insuficientes Segregação

sócio-espacial 54

Figura 50: Mapa post-it das principais características da região. Fonte: Adaptado pela autora.


Emparedado por

Indústrias

Densa área

Habitacional

Área de

Rodovia dos Imigrantes

representa

uma barreira Urbana

Estudo Quarteirões extensos

55


LEGENDA Chácara - 34.956,14m² Kartódromo - 25.187,89m² PMD - 4.059,44m² Total = 64.203,47m²

N

0

50

100

150m

Figura 51: Imagem de satélite das áreas de intervenção. Fonte: Adaptado pela autora com base no Google Earth.

56


Fundamentado em dados levantados anteriormente percebe-se a importância de se conservar essa área que dispõe de relevante cobertura arbórea, trata-se de um terreno privado de 34.956,14m² que está sujeito a direito de preempção2. Compreendida por ser uma Área especial de Preservação ambiental (AP2), desperta interesse do poder público por ser um dos poucos resquícios de chácara com área verde significativa dentro do município. Faz divisa de lote com um terreno de 25.187,90m² onde funcionou um kartódromo e que hoje em dia encontra-se desativado com projetos de se transformar em um estacionamento pelo proprietário. Se considerado o Estatuto da Cidade (2001) que abre possibilidades para o desenvolvimento de uma política urbana com a aplicação de instrumentos de reforma urbana voltado para promover a inclusão social, essa propriedade juntamente com o terreno vizinho, possuem potencial para adquirir tal objetivo. Como forma de atingir maior raio de abrangência do entorno com o parque, o espaço de 4.059,44m², atualmente utilizado pela Prefeitura do Município de Diadema (PMD) como uma usina de asfalto e concreto do Departamento de Obras, seria aproveitado, principalmente, como um elemento conector e ainda como um ambiente de estar. 2  Previsto pelo Estatuto da Cidade, o Direito de Preempção é um instrumento que confere em determinadas situações o direito de preferência para adquirir, mediante compra, um imóvel que esteja sendo vendido pelo proprietário a outra pessoa. O direito visa conferir ao poder público, a preferência para adquirir imóvel urbano em razão das diretrizes da política urbana.

Figura 52: Placa de nomenclatura de vias | Avenida Alberto Jafet. Fonte: Imagem da autora.

57


58

Figura 53: Imagem de satélite da área de intervenção, 2000. Fonte: Prefeitura do Município de Diadema.


Figura 54: Imagem de satélite da área de intervenção, 2016. Fonte: Google Earth.

59


Sentido São Paulo

LEGENDA Via Expressa Via Arterial Via Coletora

4

Via Local Viela / Passagens

3

Ponto de Ônibus Área de Estudo Rua Prudente de Morais

2

Av. Alberto Jafet

3

Av. D.ª Ruyce Ferraz Alvim

4

Av. Dr. Ulysses Guimarães

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2 N

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1

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Sentido Santos 60

100

200

Figura 55: Imagem de satélite das vias do entorno. Fonte: Adaptado pela autora com base no Google Earth.

300m


4.1 HIERARQUIA VIÁRIA A área de intervenção tem suas faces voltada para a Rua Prudente de Morais,

N Terminal Jabaquara

paralela da Rodovia dos Imigrante (via expressa), e para Avenida Alberto Jafet, ambas classificadas como coletoras e responsáveis por encaminhar o fluxo das locais sentido à via arterial, a Avenida Dona Ruyce Ferraz Alvim, que liga o bairro 10’

do Vila Nogueira ao Casa Grande passando pelo Serraria. Essa via tem acesso à uma outra de mesma categoria, a Avenida Doutor Ulysses Guimarães, que também tem movimentação intensa e interliga a Vila Conceição ao Piraporinha.

Terminal Diadema

É importante salientar que os principais acessos, considerando um perímetro

28’

próximo à área de estudo, são os seguintes: Avenida Alberto Jafet, Rua Prudente

Terminal Piraporinha

30’

de Morais, Rua Afonso Pena, Rua Nilo Peçanha, Rua Antônio Dias Adorno, ’

40

Terminal São Bernardo do Campo

38’

quais passam dez linhas de ônibus responsáveis pela ligação interbairros.

1h17’

Avenida Dona Ruyce Ferraz Alvim e Avenida Doutor Ulysses Guimarães, nas

O mapa a seguir indica o tempo de translado entre os terminais – Terminal Metropolitano de Diadema, Terminal Piraporinha e o Terminal Eldorado3 mostrando que a cidade também se conecta diretamente com o Metrô Jaba-

Terminal Eldorado

quara em São Paulo, com a Estação Brooklin da CPTM em São Paulo e com

LEGENDA

São Bernardo do Campo.

Terminal de Ônibus Ligações

3  Terminal Eldorado encontra desativado atualmente, pois foi construído em Área de Proteção Permanente (APP). As linhas não fazem ponto final, funcionam apenas como embarque e desembarque.

Área de Estudo Figura 56: Tempo de translado entre os terminais e suas ligações. Fonte: PDInfra – Unifesp. Elaborado sobre SPTrans, EMTU e Prefeitura de Diadema, 2011. Escala: Sem escala.

61


Sentido São Paulo

LEGENDA Área de Estudo

Rua A

ntôn

Residencial

A

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Industrial

as Ad

Comércio / Serviço

or no

Institucional Área Verde Faixa de Desapropriação Área Livre Núcleo Industrial

B

Núcleo Residencial

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Sentido Santos 62

100

200

Figura 57: Imagem de satélite com os principais usos. Fonte: Adaptado pela autora com base no Google Earth.

300m


4.2 PRINCIPAIS USOS O uso do solo nessa região é de predominância residencial e industrial devido

a esse uso que está prontamente consolidado e representa uma barreira jun-

ao processo de urbanização, como dito anteriormente em formação histórica,

tamente com a Rodovia dos Imigrantes, introduzindo uma ideia de restrição

tendo em média de 2 a 3 pavimentos. Observa-se a existência de um eixo de

de acesso dos moradores dessa localidade à região central, local que dispõe de

comércio/serviço na região dominada por habitação que está centrado adjunto

dois dos quatros parques existentes no município;

à Rua Antônio Dias Adorno e termina onde se inicia a área industrializada.

- Área “B”: Delimitação próxima à área de intervenção é atualmente utiliza-

Encontra-se também uma comercialização em um trecho de uso mais diversi-

do como estacionamento, sujeito a direito de preempção, com intenção de se

ficado, núcleo residencial com alguns elementos institucionais.

transformar em habitação de interesse social mantendo essa vocação residencial

Esse setor concentra os mais diversos tipos de equipamentos, como: loja de autopeças, borracharia, autoescola, casa de materiais de construção, tapeçaria,

ocasionando em um futuro aumento na demanda populacional justificando a transformação dessa chácara em parque público.

agências bancárias, lotérica, padaria, pizzaria, adega, minimercado, papelaria,

A Universo Tintas é a indústria que faz divisa de lote com o espaço do antigo

açougue, bar/lanchonete, sorveteria, sacolão, ótica, lava rápido, estacionamento,

kartódromo, que aliás é pertencente a essa empresa, em suas instalações atuais

buffet infantil, drogaria, perfumaria, academia, loja de roupas, loja de calçados,

conta um laboratório para pesquisa, desenvolvimento de produtos e controle

loja de roupas íntimas, escritório de advocacia, correio, locadora, cabelereiro,

de qualidade, bem como três tanques de preparação de tinta à base de água,

bicicletaria, posto de gasolina e posto policial, entre outros.

com capacidade de 120 mil litros/dia na qual chega a 5 milhões de litros/mês

As áreas adjacentes à Rodovia dos Imigrantes tratam-se de faixa de desapro-

e ainda 2 milhões de litros/mês de tinta à base de solvente.

priação na qual não é permitido nenhum tipo de utilização, porém percebe-se

A CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo concedeu

que as mesmas não apresentam uma continuidade, sendo interrompida por

uma licença de operação válida até janeiro de 2017 e em seus documentos de

ocupações irregulares de empresas e até mesmo residências ao longo da Rodovia.

áreas contaminadas e reabilitadas não há ocorrência dessa fábrica, produtora

Nota-se também a presença de duas áreas livres nas quais observamos:

de tintas, vernizes, esmaltes e lacas, mas mesmo que não conste é provável que

- Área “A”: O terreno situado no núcleo industrial tem por finalidade pertencer

haja algum impacto no solo. 63


9

Sentido São Paulo

LEGENDA Área de Estudo

8

3

Institucional

4

1

3

Centro Cultural

4

Quadra Coberta

5

Quadra Society

6

Ginásio

7

Sala de Ginástica

8

Secretaria de Obras

9

Secretaria de Transportes

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5

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6

7

1 2

0

100

200

Figura 58: Imagem de satélite dos equipamentos institucionais. Fonte: Adaptado pela autora com base no Google Earth.

300m


4.3 INFRAESTRUTURA URBANA | REDE DE EQUIPAMENTOS Os usos do entorno influenciam na intenção de projeto e na tomada de decisão de qual será o melhor aproveitamento para a área de intervenção. Com isso, a análise dos elementos existente é fundamental para identificar as principais carências e efetivar um diagnóstico plausível, que atenda a demanda e que seja útil. Dessa maneira, o levantamento foi baseado em equipamentos institucionais voltados para a educação, saúde, cultura e esporte/lazer. Observa-se a presença de quatro escolas estaduais, sendo duas de ensino fundamental e as outras de ensino fundamental e médio; uma UBS (Unidade Básica de Saúde) que atende a população do bairro do Vila Nogueira; um centro cultural que tem por finalidade promover o intercâmbio social, cultural e esportivo entre o Brasil e Japão, especialmente com a Província de Okinawa, valorizando e preservando a história, a cultura e a contribuição da imigração japonesa no país; uma quadra coberta; um espaço privado com três quadras society; um ginásio poliesportivo que oferece aulas de vôlei, basquete, futsal e expressão corporal; e por fim, uma sala de ginástica com aulas de capoeira e educação física oferecidas pela Prefeitura.

65


Sentido São Paulo a

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Av. D

LEGENDA

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Área de Estudo 815 - 820 810 - 815 805 - 810 800 - 805 795 - 800 790 - 795 785 - 790 780 - 785 775 - 780

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Sentido Santos

50

100

150m

Figura 59: Relevo, hidrografia e caminho d’ água. Fonte: Adaptado pela autora sobre base cedida pela Prefeitura.


4.4 SUPORTES NATURAIS | RELEVO E HIDROGRAFIA O relevo na área de intervenção tem um desnível total de 23 metros, estando entre os níveis 770m e 793m, onde o trecho de maior declividade acontece no terreno da chácara variando entre 770m até 789m, sendo 19 metros ao todo. Fica mais íngreme no intervalo de 775m e 785m quando rente ao limite do lote com o kartódromo que por sua vez permanece mais plano tendo apenas 7 metros de declive numa extensão longitudinal de aprox. 300 metros. Percebe-se neste recorte que havia um curso d’água no lugar em que foi construída a favela onde pode-se detectar o padrão de urbanização desse gênero uma vez que costumam surgir em áreas ambientalmente frágeis, neste caso, a beira do córrego. Nota-se também a existência de um fundo de vale, ponto mais baixo do relevo acidentado, que recebe as águas proveniente do entorno, na qual em virtude da ocupação urbana o córrego do Floriano foi canalizado e oculto sob a pavimentação da atual Avenida Doutor Ulysses Guimarães, como dito anteriormente em hierarquia viária, importante eixo de conexão entre os bairros Piraporinha e Centro. Com esse levantamento, de relevo e hidrografia, pode-se ainda compreender como é o caminho percorrido pela água da chuva que após a implantação da cidade teve seu percurso determinado pelo traçado das ruas, sendo normalmente escoados pelas sarjetas.

67


ZONAS / ÁREAS ESPECIAIS

CATEGORIA DE SUBCATEGORIA USO R

ZQU - Zona de Qualificação Urbana

NR / MISTO IND / MISTO R NR R

ZRU - Zona de Recuperação Urbana

NR / MISTO IND / MISTO R NR

ZEDE - Zona Estratégica para Desenvolvimento Econômico

NR IND NR

ZUPI - Zona Predominantemente Industrial

NR

IND NR

AEIS 1

AEIS 2

AEIS 3

AP 1

R NR R NR R NR R NR R

AP 2 NR

AP 3

NR

R1 R2h R2v NI I1 ICR HISPh HISPv SCPU R1 R2h R2v NI I1 ICR HISPh HISPv SCPU NI I1 I2 I3 ICR ITD SCPU NI I1 I2 I3 ICR ITD ISC SCPU HISPh HISPv NI SCPU HISPh HISPv NI SCPU HISPh HISPv NI SCPU R1 SCPU CPA R1 R2h R2v HISPv NI CPA SCPU SCPU

LOTE MÍNIMO

ÍNDICE DE APROVEITAMENTO BÁSICO MÁXIMO

TAXA DE OCUPAÇÃO

RECUOS

TESTADA (m)

ÁREA (m²)

FRENTE (m)

5

125

1,5

3,0

70%

4 10

60 500

3,0 2,5

3,0 4,0

90% 70% 5 A critério do Poder Executivo Municipal -

5

125

1,5

2,0

70%

4 10

60 500

3,0 2,5

3,0 4,0

90% 70% 5 A critério do Poder Executivo Municipal

10

500

1,5

3,0

70%

-

LATERAL (m) FUNDO (m)

5

5

5

COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE

COEFICIENTE DE ARBORIZAÇÃO

-

-

≥ 125m² e < 500m²: 5% ≥ 500m²: 15%

5%

-

-

≥ 125m² e < 500m²: 5% ≥ 500m²: 15%

5%

-

-

15%

5%

-

-

15%

5%

-

15%

5%

A critério do Poder Executivo Municipal

20

2.500

1,0

2,0

70%

1,0 4 10

60 500

3,0 4,0

5

A critério do Poder Executivo Municipal 90% 70% 5

3,0 4,0

A critério do Poder Executivo Municipal A critério do Poder Executivo Municipal conforme Planos de Reurbanização de Interesse Social - PRIS, aplicável a área de origem sem definição de lote mínimo. Se necessário remoção de parte da população da área de origem, será admitido lote mínimo de 42m² quando a área de realocação estiver situada em AEIS 1

Regularização Urbanística e Fundiária segundo legislação específica

Conforme legislação da Área de Proteção e Recuperação dos Mananciais (APRM) Proibido o Parcelamento 10

500

Proibido o Parcelamento

2,5

Acréscimo de IA, em TPC com doação no PEM

30%

5

-

-

60%

60% vegetação de interesse ambiental

60%

60% vegetação de interesse ambiental

70%

70% vegetação de interesse ambiental

A critério do Poder Executivo Municipal Análise Especial


4.5 PARÂMETROS URBANÍSTICOS Conforme o Art. 49 do plano diretor, o uso do solo é classificado em três tipos de uso, sendo elas: uso residencial (R), uso não residencial (NR) e uso industrial (IND). Os terrenos da área de intervenção abrangem essas categorias. A chácara, denominada AP2 (Área Especial de Preservação Ambiental), permite tanto o uso residencial quanto o não residencial, o kartódromo, região de ZEDE (Zona Estratégica para Desenvolvimento Econômico), possibilita o uso não residencial e o industrial, por fim o terreno da Prefeitura do Município de Diadema (PMD) que está em área de ZUPI (Zona Predominantemente Industrial) também propicia o uso não residencial e industrial. Para poder implantar o parque público considerou-se, nas três áreas, o tipo de uso NR, na qual a subcategoria estabelecida para que o propósito seja compatível e que atenda a demanda do entorno, levando em consideração as problemáticas existentes, foi a CPA (Compatível com Preservação Ambiental) e I1 (Incômoda 1), em que as atividades a serem implantadas compreendem áreas de conservação ambiental e tolerância à vizinha residencial, respectivamente. Na subcategoria CPA enquadram-se as atividades voltadas para o ecoturismo cujo o desenvolvimento relaciona-se à conservação de condições ambientais, tais como esportes ao ar livre, clubes de campo, hospedagem ligada ao ecoturismo e lazer contemplativo. E, na subcategoria I1, pode-se constituir estabelecimentos de ensino não seriado destinados aos cursos profissionalizantes ou de aperfeiçoamento; serviços de lazer, cultura e esportes com espaços ou estabelecimentos destinados ao lazer e à prática de esportes; locais de reunião ou eventos. Dessa maneira, o propósito do parque abrangerá três diretrizes, sendo eles para o uso contemplativo/lazer passivo, o núcleo esportivo/lazer ativo e equipamentos institucionais/cultural, que serão especificadas mais à frente. Figura 60: Tabelha ao lado - Parâmetros urbanísticos com destaque para as zonas dos terrenos. Fonte: Prefeitura do Município de Diadema.

69


“A arquitetura é o jogo sábio, correto e magnífico dos volumes dispostos sob a luz.” - Le Corbusier


5. REFERÊNCIAS PROJETUAIS 71


5.1 PARQUE DA JUVENTUDE N

Figura 61: Implantação do Parque da Juventude. Fonte: aflalogasperini.com.br. Escala: Sem escala.

72


Dessa maneira, a forma como esses elementos se vinculam, tendo a costura institucional com o bosque e os outros equipamentos mostram que o projeto foi desenvolvido para relacionar os diferentes setores preservando a memória visual e simbólica do lugar, elementos esses que se integram em um paisagismo que mistura a arborização e os grandes espaços. A região institucional, de caráter cultural, abriga a Biblioteca de São Paulo, a Escola Técnica (ETEC), o restaurante e uma área de apoio. O trecho de vegetação significativa, denominada parque central, tem característica contemplativa Figura 62: Croqui mostrando a vegetação como forma predominante de relação com os muros. Fonte: Vitruvius. Escala: Sem escala.

Projeto de Rosa Grena Kliass tem uma importância não apenas como área

com trilhas, caminhos ajardinados, passarelas, entre outros. Por fim, o setor esportivo que abrange o lazer recreativo-esportivo com quadras poliesportivas, ambientes para a prática de skate e patins, pista de cooper, entre outros.

de lazer, mas também pelo alcance social e educativo. Composto de três gran-

Nota-se que ela articula o projeto dentro de um contexto, estabelecendo

des espaços, totalizando 240.000 m², a implantação do complexo objetivou na

uma série de equipamentos que se relacionam e tornam os muros de divisa

transformação do local onde era o presídio Carandiru, na cidade de São Paulo,

praticamente imperceptíveis, pois funcionam de modo a quebrar a aridez

historicamente marcado pela degradação urbana e violência.

imposta pelo tipo de uso do entorno que assim como a o presídio feminino,

Com conceitos sólidos, Rosa Kliass traça no projeto o eixo estruturador

que continua a funcionar na região, não apresentam maiores incomodidades.

que corta o terreno de maneira a conectar os acessos no sentido longitudinal.

Portanto, tendo esse embasamento, o Parque da Juventude tornou-se re-

A partir disso, setoriza os grandes trechos na qual a parte próxima à estação

ferência por ter um fundamento conceitual que justifica o porquê cada setor

de metrô funciona o denominado parque institucional, o trecho de mata tem

acontece em seu respectivo espaço e ainda pelo programa de usos, estabelecidos

uso contemplativo e o trecho de acesso à rua o setor esportivo.

de maneira que atenda a demanda. 73


74

Figura 63: Imagem das quadras poliesportivas salientando a defasagem sendo aplicada com fins paisagísticos. Fonte: Vitruvius.

Figura 65: Imagem das grandes áreas gramadas dentro do parque, priorizando a permeabilidade do solo. Fonte: aflalogasperini.com.br.

Figura 64: Pista de skate como parte do programa de necessidades mostrando essa relação do equipamento com o fundo murado. Fonte: Arco Web.

Figura 66: Biblioteca de São Paulo, projeto de Aflalo & Gasperini Arquitetos. Assim como esse projeto em que as áreas edificadas serão feitas à parte. Fonte: Arco Web.


5.2 PARQUE DO IBIRAPUERA N

Projeto de Oscar Niemeyer e paisagismo de Roberto Burle Marx, está localizado no bairro do Ibirapuera, zona sul de São Paulo. O grande parque público de 1.584.000 m² foi feito com a finalidade de se transformar no principal da cidade capaz de atrair milhares de usuários todos os dias. O programa implantado atende os mais diversos tipos de atividades, tendo o lazer cultural com museus e exposições, o lazer esportivo com quadras, pista de cooper e ciclo faixa e ainda a contemplação. Dessa maneira, o parque abrange uma série de equipamentos, ligados por uma marquise de aproximadamente 600 metros de extensão, que servem a comunidade como um todo. O uso da marquise traz à população um espaço público que tem sua ocupação de forma coletiva onde é possível perceber o caráter de utilização variada. Isso ocorre porque além de dar suporte na circulação, uma de suas funcionalidades é a de oferecer um amplo espaço livre protegido, convidando as pessoas a se apropriar dessa área. Como referência, o Parque do Ibirapuera auxiliou na maneira de como pensar as conectividades dos equipamentos, estabelecer caminhos diretos para a ligação dos núcleos e proteger esses percursos para que o trajeto seja agradável. A utilização da vegetação como elemento estruturador de espaços também

Figura 67: Implantação do Parque do Ibirapuera. Fonte: Parques Urbanos do Brasil. Escala: Sem escala.

foi determinante para salientar que não necessariamente precisa de um equipamento construído para se ter áreas de estar e de lazer. 75


5.3 PARQUE DO PIQUERI N

Situado próximo a Marginal Tietê, no Tatuapé, o Parque do Piqueri foi construído sobre a área de 97.200 m² de uma antiga propriedade privada, pertencente à família Matarazzo. Possui uma estrutura simples, mas que dispõe de uma diversidade nos equipamentos abrindo possibilidades para o lazer. Tornou-se referência por ser um parque que foi implantado sobre uma chácara mostrando que essa relação funciona e pode dar certo e também pela forma como a vegetação foi disposta tendo um papel de barreira visual e acústica, minimizando os efeitos causados pela proximidade com a Via Expressa.

Figura 68: Implantação do Parque do Piqueri. Fonte: Acervo QUAPA. Escala: Sem escala.

76

Figura 69: Interior do Parque do Piqueri. Fonte: Viva Tatuapé.


5.4 PARQUE DO CARMO N

O Parque do Carmo também era uma área privada que pertencia à fazenda de Oscar Americano de Caldas Filho, localizada em Itaquera, zona leste de São Paulo, possui uma área de aproximadamente 1.500.000 m² que conta com uma imensa reserva de Mata Atlântica. Foi utilizado como referência pois manteve parte das edificações existentes como infraestrutura atual do parque preservando a história do local, além de ser outro exemplo de propriedade que foi comprada pela prefeitura para ser transformada em um espaço público.

Figura 70: Implantação do Parque do Carmo. Fonte: Guia dos parques municipais de São Paulo. Escala: Sem escala.

Figura 71: Interior do Parque do Carmo. Fonte: skyscrapercity.com.

77


5.5 PARQUE SABESP BUTANTÃ N

Projeto do escritório Levisky Arquitetos | Estratégia Urbana, o Parque Sabesp Butantã é uma intervenção urbanística que visa uma aproximação com a comunidade. Situado em um terreno de 10.400 m² tem como princípio valorizar o fluxo de pedestres, a fruição e a acessibilidade. Segundo a arquiteta e urbanista Adriana Levisky, além de ser um espaço para convivência, educação ambiental e lazer da população, o Parque Sabesp Butantã deve promover a valorização de todo o entorno do reservatório. Dessa forma, cria meios de conectar os caminhos internos com os acessos às vias estabelecendo áreas de uso permanente com a implantação de praças abertas que funcionam independente do parque como um todo. Essa característica, de certa maneira, acaba estimulando a população a adentrar e utilizar o espaço. É, também uma forma generosa de apropriação já

Figura 72: Implantação do Parque Sabesp Butantã. Fonte: Archdaily. Escala: Sem escala.

Figura 73: Diagrama Reservatório - Parque Sabesp Butantã. Fonte: Archdaily. Escala: Sem escala.

78

que possibilita o uso em tempo integral do equipamento e é exatamente esse conceito que foi utilizado como referência.


N

Figura 74: Ampliação praça aberta. Fonte: Archdaily. Escala: Sem escala.

Figura 76: Imagem da praça aberta. Fonte: Archdaily.

Figura 75: Entrada do Reservatório - Parque Sabesp Butantã. Fonte: Archdaily.

Figura 77: Imagem da relação do parque com o entorno. Fonte: Archdaily.

79


“Se você pensa que pode ou se pensa que não pode, de qualquer forma você está certo.” - Henry Ford


6. O PROJETO


6.1 CONCEITO Denominado de Oásis Urbano, o projeto traz consigo esse conceito de ser uma pequena região fértil em pleno deserto, neste caso um espaço verde em meio a uma cidade densamente construída. O propósito é resgatar o potencial dessa área que foi se perdendo em virtude do seu desenvolvimento desordenado e pouco pensado nas condicionantes ambientais e estabelecer relações com o entorno que é desprovido de áreas livres a fim de influenciar de maneira positiva na qualidade de vida da população. 6.2 PARTIDO Valorizar as áreas livres e permeáveis é um fator determinante para promover respiros na cidade. Desse modo, mais que conservar a vegetação existente, procura-se intensificar a arborização com o propósito de utilizá-las como elementos conformadores de espaços que consolidam uma relação mais próxima com a escala humana. Sendo assim, além de determinar os ambientes e os seus respectivos tipos de uso, criar eixos para fazer essa conexão com o entorno também é a forma de efetivar essa proposta.

82


6.3 DESCRIÇÃO A principal diretriz adotada para a concepção de projeto foi a de respeitar e conservar essa área verde significativa se apropriando desse recurso como um meio de promover a aproximação do entorno com a intervenção urbanística. Para isso, o uso considerado adequado para definir essa vocação foi a de estabelecer uma tríade voltada para a temática do esporte, da cultura e a do lazer. Dessa forma, o parque se estabelece com um programa que abrange alternativas para a recreação, quadras e pista de skate para a prática de esportes e áreas de convivência com bancos sombreados. Também foi valorizado a mata existente para a criação de trilhas ecológicas utilizando o próprio desnível do terreno que em alguns trechos acontecem de forma bastante íngreme. Ao todo, o parque tem 5 entradas dispostas de modo a facilitar o acesso das pessoas do entorno. Esses caminhos internos se estendem até a calçada conformando pequenas praças abertas que são equipadas de acordo com as necessidades encontradas no levantamento envoltório. Com isso, o objetivo é de se obter uma aproximação da população fazendo com que haja fruição nos espaços e desenvolvimento no local.

83


6.4 DIRETRIZES O eixo inicia-se por um caminho existente, na área da chácara, e contorna a topografia permeando o terreno do kartódromo. Desse modo, seu formato se configurou em um desenho sinuoso onde começa em uma área de cobertura arbórea e termina em uma clareira, dando uma diferenciação na ambientação e uma quebra na monotonia. O setor contemplativo, por ser uma área de vegetação significativa, preza-se a conservação e a menor interferência. Assim sendo, utilizou-se da edificação existente para a adaptação do uso que seja compatível ao programa de funcionamento do parque, servindo como elemento de apoio que contribuiria na infraestrutura deste equipamento público. A parte esportiva tem por finalidade ser um espaço de recreação que visa incentivar a população para a prática de exercícios físicos, por isso a proximidade com a demanda habitacional. Além de estimular os habitantes, também irá contribuir com a socialização da comunidade proporcionando condições Figura 78: Diretrizes - croqui. Fonte: Própria autora. Escala: Sem escala.

84

adequadas para as atividades, disponibilizando de equipamentos para pessoas de todas as idades.

A área de intervenção está situada em uma quadra que possui aproximada-

Pensando no lado das edificação existente, que está no terreno do kartódo-

mente 695 metros sem transposições. Devido essa extensão, foi pensado um

mo, funcionaria o espaço de domínio institucional onde aconteceria a Escola

eixo estruturador que tem por finalidade conectar a Avenida Alberto Jafet e a

Técnica que auxiliaria para a transformação da vocação desse lugar, hoje em dia

Rua Prudente de Morais criando um novo meio de ligação entre essas duas vias.

marcada pela presença industrial, preservando a história e a memória do local.


6.5 O

PROGRAMA

O programa do parque público objetiva enriquecer as atividades recreativas

Como na região encontra-se carência em equipamentos voltados para as

ao ar livre, usufrui das clareiras existentes, e as propostas, para contemplar al-

crianças, propõe-se espaços de playground espalhadas pelo parque. Duas dessas

guns equipamentos que são conectados por uma rede de caminhos que também

áreas estão dispostas em locais pensados como praças abertas que tem como

podem ser aproveitadas para a prática de esportes.

conceito ser ambientes de apropriação generosa já que acontecem de forma

Prosseguindo com essa linha de raciocínio, as quadras poliesportivas estão

independente e por período integral.

situadas adjacentes ao eixo conformado por uma das entradas do parque. Orien-

Ambientes de convívio familiar e social se enquadram no perfil da contem-

tadas no sentido Norte – Sul, ordenação conveniente devido aos fatores de

plação, pois permite ter ares de calmaria, relaxamento, momento de sossego e

insolação, criam defasagens entre o caminho e a orientação da quadra gerando

descontração. Com isso, os espaços serão equipados para piquenique de modo

determinados espaços que podem ser utilizados para finalidade paisagística e

convidativo, atraindo a população para o usufruto dessa região que naturalmente

contemplativa.

dispõe de áreas sombreadas, tornando-se ainda mais aconchegante.

Ainda no setor esportivo, há uma tomada para a vocação de esporte radical

Seguindo para o âmbito institucional, o espaço elaborado para contemplar

considerando uma área para pista de skate que tem como propósito suprir a

possíveis eventos é o anfiteatro que está disposto contíguo ao eixo estruturador

necessidade de elementos diferenciados, tornando-se um parque disponível

do parque aproveitando da topografia acentuada nesse trecho.

para as mais variadas formas de exercício.

A escola técnica é a edificação existenque que completa a parte institucio-

Justificativa que também se aplica aos espaços destinados para os equipa-

nal, mas essa não será detalha, apenas considerada como parte do programa,

mentos de ginástica, também conhecidos como academia a céu aberto, pois

pois o escopo do projeto é a qualificação dos espaços livres. Dessa maneira,

buscam ser uma opção de lazer próxima da natureza. Segundo Amanda Arri-

estabeleceu-se um plano geral do parque na qual será detalhado somente as

vabene, os aparelhos geralmente são simples, mas proporcionam ao usuário o

questões relativas a ele, para essas áreas edificadas será considerado que o pro-

trabalho necessário para cada região do corpo, uma forma agradável e acessível

jeto arquitetônico vai ser feito a parte para uma segunda etapa a ser completada

para se exercitar.

posteriormente. 85


Figura 79: Primeiras ideias - croqui. Fonte: Prรณpria autora. Escala: Sem escala.

86


Figura 80: Primeiras ideias - croqui. Fonte: Prรณpria autora. Escala: Sem escala.

87


N 0

30

60

90m


LEGENDA DE VEGETAÇÃO

LEGENDA DE VEGETAÇÃO

ÁRVORES HATCH

ARBUSTOS E HERBÁCEAS

NOME

PORTE

COPA

aleluia Senna macranthera

6-8m

larga

PORTE

AMBIENTE

gota de orvalho Evolvulus pusillus choisy

5 - 10 cm

-

6 - 12 m

larga

lírio amarelo Andira fraxinifolia

6 - 12 m

larga

caroba Jacaranda cuspidifolia

5 - 10 m

larga

triális Galphimia brasiliensis

100 - 200 cm

pleno sol

ipê - amarelo Handroanthus chrysotrichus

4 - 10 m

larga

azulzinha Evolvulus glomeratus

20 - 30 cm

pleno sol ou meia sombra

ipê - roxo - de - bola Handrouanthus impetiginosus

8 - 12 m

larga

hera roxa Hemigraphis colorata

15 - 20 cm

pleno sol ou meia sombra

8 - 13 m

estreita

sangue de adão Salvia splendens sellow

40 - 80 cm

pleno sol

6 - 14 m

estreita

grama - batatais Paspalum notatum

15 - 30 cm

pleno sol ou meia sombra

5-9m

larga

íris Iris germanica

30 - 60 cm

-

pau - ferro Cytharexyllum myrianthum

8 - 20 m

larga

bromélia Pitacairnia flammea

50 - 70 cm

meia sombra

pitangueira Eugenia uniflora

6 - 13 m

larga

quaresmeira Tibouchina granulosa

8 - 12 m

larga

sibipiruna Caesalpinia peltophoroides

6-9m

larga

existente -

-

-

angelim-doce Andira fraxinifolia

jabuticabeira Plinia cauliflora jerivá Syagrus romanzoffianna pata - de - vaca Bauhinia forficata

HATCH

NOME

Figura 81: Ao lado - Implantação do Parque. Fonte: Própria autora. Escala: 1:1500.

89


90


N Figura 82: Ampliação dos equipamentos do parque. Fonte: Própria autora. Escala: 1:500. 0

10

20

30m


92


93


94


N Figura 83: Ampliação da praça aberta. Fonte: Própria autora. Escala: 1:250. 0

5

10

15m


96


N Figura 84: Ampliação da praça aberta. Fonte: Própria autora. Escala: 1:250. 0

5

10

15m


98


99


100


N Figura 85: Equipamentos do parque. Fonte: Prรณpria autora. Escala: 1:500. 0

10

20

30m


102


103


104


N Figura 86: Ampliação da praça aberta. Fonte: Própria autora. Escala: 1:250. 0

5

10

15m


106


N Figura 87: Praรงa e conexรฃo com o parque. Fonte: Prรณpria autora. Escala: 1:500. 0

10

20

30m


108


109


5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 110


FRANCO, Ananda Haas. Requalificação do espaço público no centro de Dia-

PDInfra, artigo plano diretor de infraestruturas de campus diadema, UNIFESP,

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ZEIN, Ruth. Rosa Kliass: Desenhando paisagem, moldando uma profissão. São Paulo: Editora senac são Paulo, 2006. 111


112


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