Revista Rap Nacional - Ed. Especial

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EDIÇÃO ESPECIAL

AS MELHORES REPORTAGENS DA REVISTA RAP NACIONAL

R$9,99

KL JAY NESTA EDIÇÃO:

DANIEL GANJA MAN FERNANDINHO BEAT BOX MARKONE PROJOTA RASHID TROPKILLAZ VIELA 17 X CÂMBIO NEGRO

· O mercado

fonográfico do rap no Brasil

· Sabotage:

morreu o homem, nasceu o mito

\MODA URBANA - Teste de headphones - ESPORTE - SKATE E MAIS



16 anos de credibilidade


Conteúdo

30 RASHID

14

Justo e verdadeiro até no nome

32 MARKONE

O brasileiro que rabisca peles e muros mundo afora

TESTE DE HEADPHONES

Confira uma avaliação completa com as principais marcas do mercado de headphones.

60

50 Tal pai, tal filhos... Filhos de KL Jay herdam o talento com as pick-ups e seguem o caminho do pai

Expediênte Editor-chefe Willian Domingues (Mandrake)

Departamento Comercial Telefone 47 3046.6156 revista@rapnacional.com.br

Jornalista Responsável Elaine Mafra (Mtb 47.959)

Acesse: www.rapnacional.com.br


Revista Rap Nacional . Ed Especial N°1 2016

36

40

PROJOTA

SABOTAGE

Foco, força e fé são os palavras de ordem

Morreu o homem, nasceu o mito

24

46

VIELA 17 Dos beats para as rimas

GANJAMAN

Conheça mais sobre esse talentoso produtor

E mais:

GANJAMAN

39

Fernandinho Beat Box

Dos beats para as rimas

10

Tropkillaz A dupla brasileira que faz o mundo dançar ao som do Trap Music

Redes Sociais facebook.com/rapnacional twitter.com/rapnacional instagram.com/rapnacional youtube.com/tvrapnacional

soundcloud.com/portalrapnacional


NOTA DO EDITOR

Relembrar é viver! Essa é uma edição muito especial da revista Rap Nacional. Resolvemos resgatar algumas das matérias mais legais que publicamos nos últimos anos e compilar numa só edição, que ficou super completa com temas e artistas variados.

PARA SABER AS NOVIDADES DO DIA A DIA DO RAP NO BRASIL, ACESSE SEMPRE O PORTAL RAP NACIONAL, QUE É, JUNTO COM A REVISTA RAP NACIONAL, O MAIS IMPORTANTE VEÍCULO DE COMUNICAÇÃO DO HIPHOP BRASILEIRO.

Tem matéria com Projota, Rashid, Fernandinho Beat Box e o tatuador Markone. Reportagem especial sobre o empreendedorismo no rap e também um teste com os melhores headphones do mercado. Trazemos também uma reportagem sobre o mercado fonográfico no Brasil, que tem crescido cada vez mais nos últimos anos. E a matéria especial é com o mestre nas pick-ups DJ KL Jay, que transmitiu no DNA o talento para os filhos que seguem na mesma carreira do pai. Esperamos que vocês curtam muita essa edição, porque nós nos divertimos muito revendo e relembrando as matérias para escolher com cuidado o que traríamos nessa edição. E para saber as novidades do dia a dia do rap no Brasil, acesse sempre o Portal Rap Nacional, que é, junto com a revista Rap Nacional, o mais importante veículo de comunicação do hip-hop brasileiro.

Mandrake Editor Chefe

mandrake@rapnacional.com.br


BATENDO RECORD

O SITE MAIS ACESSADO!

C

om mais de 3 milhões de páginas visualizadas e 933 mil visitas únicas, Portal Rap Nacional bate record de acessos no segundo mês de 2016. Os dados são do Google Analytics, a ferramenta de maior credibilidade para monitoramento de estatísticas na internet.

O nosso site está no ar desde o ano 2000 e até hoje não havia aberto o número de visitas ao público por questões éticas e respeitosas perante os outros sites de companheiros que trabalham em prol do Movimento HipHop, pois entendemos que cada veículo é um braço de extrema importância para a cultura periférica. O Portal Rap Nacional não é apenas um site, é um grupo de

veículos somado por site, rádio online, programa de TV, revista impressa, e-commerce e marca de roupas, que soma mais de 250mil seguidores nas redes sociais e que tem contato direto com todos os

artistas que divulgam o trabalho em nossos veículos, sempre com a devida autorização e respeito. Acesse e fique por dentro das novidades você também:


CROWDFUNDING

PARTICIPE DA NOSSA CAMPANHA NO KICKANTE!

N

o Brasil o mercado editorial encolhe um pouco mais a cada ano. Já caminhamos à beira da recessão (dados da CBL), mas se você acha que é difícil para uma revista de grande porte se manter, imagine então para uma publicação independente cujas pautas promovem a valorização de minorias sociais. Não podemos deixar que a Revista RAP NACIONAL acabe! Mais que uma simples questão editorial, ela representa a luta secular por igualdade em defesa daqueles que mais precisam. Ela não pode acabar! Por isso seu apoio é fundamental nesta campanha! Contribuindo ao lado com apenas R$ 10 você será responsável por manter a nossa revista viva!

A Revista RAP NACIONAL aborda temas relevantes para os jovens, como música, arte, cultura, esporte e comportamento. Em nossos textos temos uma preocupação especial em promover a valorização dos negros e das mulheres. Entendemos que a Revista RAP NACIONAL é uma importante ferramenta na luta pela igualdade social. Não permita que esta luta seja perdida!

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Precisamos do seu apoio para lançar a 13ª edição. Apesar de ser uma revista de qualidade, tanto gráfica como editorial, não temos conseguido anunciantes suficientes para pagar a impressão da revista e o valor arrecadado com a venda avulsa não chega a cobrir nem as despesas básicas. Nossa revista aborda temas relevantes para os jovens, como música, arte, cultura, esporte e comportamento. Em nossos textos temos uma preocupação especial em promover a valorização dos negros e das mulheres. Entendemos que a Revista RAP NACIONAL é uma importante ferramenta na

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Utilizamos uma linguagem própria para atingir da melhor maneira nosso público, que é composto por jovens de 16 a 27 anos. Esta é a única publicação impressa direcionada para a cultura hip-hop, mas nossas pautas transcendem o universo do hip-hop e abordam outros temas de interesse dos nossos leitores. Mais do que uma publicação impressa, a revista RAP NACIONAL é a voz de uma parcela da população e se faz presente em todas as comunidades. Ao apoiar a Revista

Rap Nacional você não estará apoiando apenas essa publicação impressa, mas sim toda uma cultura e por isso seu nome ficará marcado para sempre na história do hip-hop.

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Pista em perigo?

Chame o Tropkillaz Conhecidos e reconhecidos no hip-hop, a dupla brasileira faz o mundo dançar ao som do trap Por Guylherme Custódio Fotos Divulgação

A

dupla, sem dúvida, é

Batman e Robin o Tropkillaz

ver Zegon e Laudz atuando

dinâmica. Um deles

vai muito além dos quadri -

em casa, no Brasil.

é experiente e já

nhos e o seu local de atuação

trabalhou ao lado de grandes

é imensamente maior do que

Caminhando mundo afora, o

heróis. O outro é um menino

Gotham City.

passo mais importante dado

prodígio. Trabalham normal-

34

pela dupla, que reúne um

mente à noite, com a cabe-

No momento a dupla Tropkil -

paulistano e um curitibano,

ça abaixada, com os rostos

laz está em turnê por Estados

foi dado em um campo de

escondidos, ou espreitando

Unidos e Canadá. Em agosto

futebol americano. Em feve -

para ver como está o movi-

é a vez de a Europa recebê

reiro deste ano o intervalo do

mento. Durante o dia passam o

-los. A Ásia está na agenda

Super Bowl teve a exibição de

tempo preparando suas armas.

de outubro. O segundo se -

um comercial com a trilha so -

Apesar da semelhança com

mestre é também a chance de

nora criada pelo Tropkillaz. O


resultado foi um tiro que atingiu

a pau com outros sons que nós

mais de 100 milhões de pessoas

tocamos, e imaginar se o som tem

no mais importante evento es -

nível para outros DJs e para nos -

portivo para os americanos.

sos DJs favoritos tocarem nosso som”, diz Zegon.

Se hoje a música do Trokillaz está presente no mundo inteiro, eles

Como se vê, para que a música

continuam trabalhando como no

chegasse a caminhar pelos ouvi -

passado. A dupla diz desenvolver

dos do mundo muita correria se

o seu som com a mesma determi-

passou. “Ter o trabalho reconhe -

nação que sempre teve e que os

cido é muito gratificante e faz

levou até onde estão. “Não acho

ter valido a pena todas as noites

que a responsabilidade mude por

sem dormir, todo o suor gasto

causa do reconhecimento. Sempre

no trabalho. Mas não quer dizer

fomos muito exigentes. O termô-

que se não tivesse acontecido

metro de saber se o som está bom

não faríamos tudo de novo”, co -

é estar batendo nas pistas, pau

menta DJ Zegon.

p a r ) T (

Apesar de ter uma carreira irre paravelmente reconhecida no rap brasileiro, tendo Zegon uma grande atuação como DJ e Laudz estando presente no panteão dos produtores, a maior parte do público do Tropkillaz está nos Estados Unidos e na Rússia. A possível explicação para que a maior parte do público esteja longe da nossa pátria mãe gentil é o fato de o trap, ritmo ao qual o Tropkillaz se dedica, seja mais popular nestes outros países.

Music

Mas o Brasil não está fora da rota do trap, estilo de música eletrônica surgido no começo dos anos 2000 com influência do crunk, o hip-hop do sul dos Estados Unidos. Segundo

Zegon o estilo vem se desenvolvendo no país sendo carregado pelas mãos dos DJs, dos quais 9 entre 10 tocam o gênero nas festas de rap, injetando groove e peso nas festas. Além disso, o DJ explica que o gênero “fez algo mais legal que isso, juntou o público do rap e da música eletrônica e vice-versa”. Zegon diz ainda que com o tempo o público irá entender melhor esse ritmo. “É inegável. As músicas são envolventes e são a pura evolução do rap”, diz. Embora pareça haver uma diferença entre o rap e o trap o produtor André Laudz não vê uma distância entre os estilos. Sem dificuldades para se ambientar fora do rap, o beatmaker já desenvolvia o estilo antes mesmo de ser rotulado como trap. “Não gosto de rotular, música é música independente de estilo, eu gosto de trabalhar em tudo aquilo que me agrada, e o bass foi algo que sempre atraiu minha atenção”, comenta Laudz. Revista Rap Nacional N°10 - 2014

35


A união faz a música A rotina de trabalho a quatro mãos é feita como qualquer banda ou grupo. A música vai de um lado para o outro até o resultado final explodir. Normalmente um dos dois propõe o tema ou uma ideia de sample e o outro complementa. Às vezes é Laudz quem puxa primeiro e Zegon faz os vocais e alguma variação. Em outras ocasiões é o veterano que dá o start e o mais jovem complementa. “Rola um ping-pong legal”, explica Zegon. A união de toda a história de Zegon a um dos principais frutos da nova safra se tornou possível por conta de uma convergência de gostos e influências. Se engana quem pensa que a idade é uma barreira, muito pelo contrário, é justamente ela que faz emergir o talento da dupla. “Trabalhar com Zegon é muito louco! A nossa diferença de idade é que faz o diferencial na nossa música”, afirma Laudz. Já para Zegon, que já teve tanto parceiros mais novos quanto mais velhos, a diferença etária é um aprendizado constante. “Acho que na música e na arte não existe barreiras de idade. O Laudz é muito prático e traz uma nova energia. É um ciclo, passo o que eu aprendi com os mais velhos e aprendo com os mais novos. Sem dúvida a combinação velha escola e nova escola, usando o melhor de cada, faz toda a diferença no nosso trabalho”, comenta. Além da união de ideias e ideais, outro elemento frequente nas músicas do Tropkillaz é a presença de samples latinos, mas isso não é regra, tanto é que as músicas com maior repercussão no exterior não são aquelas que têm tons latinos ou brasileiros. Mas a dupla não nega as suas raízes. “De qualquer forma essa é uma grande fatia das nossas influencias, somos latinos com muito orgulho, tá no sangue e no nosso swing, mesmo quando não usamos sample em nenhum na musica”, resalta Zegon. 36


Brincadeira séria Tudo começou do nada, sem grandes pretensões. O pontapé inicial foi dado com a criação de um nome que faz um trocadilho com “tropical” e o lançamento de uma música nas redes sociais da dupla. Bastaram poucos dias para milhares de plays aparecerem. A brincadeira foi legal. A dose se repetiu nas semanas seguintes. Foi um som por semana, até o aparecimento de “Mambo”, música que explodiu nos blogs do mundo inteiro. Antes disso a dupla vinha trabalhando junto há dois anos. No final de 2012, Laudz pensava em lançar uma mixtape de bass music e trap, mas foi convencido por Zegon a cancelar os planos: “Falei: mixtape que nada... Vamos lançar uma música/beat pros DJs tocarem, algo original”. Deu no que deu. No princípio do projeto a ideia era não comercializar as músicas, apenas disponibilizar gratuitamente, e assim foi. O resultado do que foi dado é colhido agora, por meio do reconhecimento e dos shows que a dupla faz em todo o mundo. Além disso, o Tropkillaz já vendeu algumas de suas músicas, fez remixes para grandes artistas e licenciaram sons para filmes e comerciais. O resultado que veio deste trabalho inicial é o fruto de mais de 50 músicas por ano que a dupla já disponibilizou gratuitamente. “Nossa primeira intenção era evoluir, criar um publico”, delara Zegon. Como pode ser visto a olho nu, a ideia inicial de criar

O som do futuro

um público deu bastante certo!

Recentemente a dupla colocou na rua o seu pri-

todo e criou expectativa no público e outros DJs

meiro trabalho “oficial”, a mixtape “Tropikal Bass

em terem essas músicas inéditas”, explica Zegon.

Killers”. A receptividade tem sido muito boa do trabalho em que optaram por mostrar o que está

Entretanto, se na primeira mix há sinais do que

por vir. O primeiro mix traz 25 músicas inéditas

virá é este o máximo de indícios que podemos ter

e outras exclusivas de alguns amigos e colabo-

até agora. A dupla prefere não revelar quais são

radores próximos, além de futuras colaborações

os seus planos, deixando para que todos vejam e

que virão. A avaliação da dupla para o primeiro

ouçam somente depois de tudo estar pronto. Mas

trabalho é a melhor possível. “Foi ótimo por que

ainda assim há motivos para esperarmos. “Temos

juntamos material para ser lançado durante o ano

coisa grande vindo em seguida”, finaliza Zegon.

Revista Rap Nacional N°10 - 2014

37


Otomotive Revista RAP NACIONAL

1.

Tur, ea de etum quam ut volescilla cus excea

TESTAMOS OS MELHORES

HEADPHONES 36


2

A

té pouco tempo atrás, fones de ouvido não

público, à mesa do escritório.

e para isso precisávamos de pessoas que tivessem o ouvido aguçado e experiência na música. Não foi

estavam na vanguarda tecnológica, nem E essa procura constante fez com que o mercado

difícil chegar a três nomes de destaque: Léo Oculto,

consumidor. Na maioria das vezes, era suficiente o

fosse abastecido por uma infinidade de modelos

DJ Glazer e DJ Magreen. E o mais importante é que

modelo simples que vinha gratuitamente na caixa

e marcas. A ideia deste teste é facilitar a vida de

além de usar os fones profissionalmente, eles não

do telefone celular ou - voltando ainda mais no tem-

nossos leitores, que poderão conhecer melhor as

dispensam o acessório nas atividades cotidianas. Léo

po - com os aparelhos de CD portáteis, a exemplo do

qualidades e os defeitinhos de alguns modelos das

Oculto costuma usar seu headphone enquanto treina

velho Discman.

principais marcas mais usadas pelos jovens.

pesado na academia. Já para DJ Glazer a música o

Agora, a situação é diferente! Os fones de ouvido

Como é verão e todos os olhos estão voltados

companheiro inseparável. Os fones de ouvido de DJ

tornaram-se acessórios de moda e ganharam ainda

para o litoral., nada melhor do que unir o útil ao

Magreen o acompanham nas madrugas de insônia e

mais importância com o uso de smartphones como

agradável. Por isso escolhemos realizar o teste em

também enquanto cultiva sua paixão pelos lowriders.

aparelho móvel de música. Todas essas mudanças

Florianópolis, que tem mais de cem praias. Defini-

alteraram a maneira como as pessoas ouvem mú-

do o local, a equipe da Revista Rap Nacional juntou

É difícil definir qual é o melhor fone de ouvido, pois

sica. Se antes isso ocorria principalmente em casa,

os headphones enviados pelas marcas e pegou a

isso inclui questões subjetivas que variam de pes-

nos momentos de folga, hoje não há limites. É só

estrada rumo à “Ilha da Mágia”.

soa para pessoa. Mas esperamos que as próximas

figuravam na lista dos objetos de desejo do

inspira nas manobras de skate e o headphone é seu

páginas possam lhe ajudar a escolher, de maneira

olhar ao redor: há pessoas ouvindo música enquanto andam na rua, nos restaurantes, no transporte

A missão de analisar os headphones era complexa

mais consicente, o seu próximo headphone. Revista RAP NACIONAL N°8 - 2014

37


1, 3, 3... Testando

O conforto deste modelo foi o que mais agradou DJ Léo Oculto

Revista RAP NACIONAL N° 8

Design retrô e muita tecnologia é o que você vai encontrar no Skullcandy Crusher.

Skullcandy Crusher

O Skullcandy Crusher de cara já chama

possibilitando pular músicas e atender

atenção pelo design bem diferenciado.

chamadas telefônicas, mas não é possí-

Suas linhas retas e alongadas, deixaram

vel controlar o volume do som. O cabo

os alto-falantes retangulares, o que

é destacável, então se um dia der pro-

lembra os headphones do tempo do

blema é só comprar outro, sem precisar

vovô. Esse ar retrô fica só na aparên-

trocar o equipamento todo.

cia mesmo, porque quando o Crusher

Nossa Avaliação

começa a funcionar é possível ver que

Na concha esquerda fica o esconderijo

ele esta repleto de tecnologia.

de uma pilha “AA” que alimenta um

QUALIDADE DO SOM DESIGN/APARÊNCIA ISOLAMENTO

subwoofer, responsável por fazer seu O modelo chegou ao mercado em três

crânio balançar no ritmo dos graves.

cores brilhantes: vermelho, preto e

Mas se você não aguentar este impacto

branco. O plástico é o material que

por um longo período pode regular a

predomina neste equipamento, que

intensidade ou até mesmo desligar.

tem conchas acústicas articuláveis e

CONFORTO CUSTO/BENEFÍCIO Preço: a partir de R$ 749,00

dobráveis, o que facilita para guardar e

Nos testes que fizemos o Skullcandy

transportar. As almofadas são feitas de

Crusher respondeu muito bem e sur-

uma material sintético, muito parecido

preendeu pelo seu controle de graves de

com couro, o que proporciona conforto

excelente qualidade. O isolamento deste

mesmo com longas horas de uso.

fone também foi um grande ponto positivo. Mesmo no volume médio os ruídos

Onde comprar: Star Point, Saraiva e Submarino.

O cabo deste modelo da Skullcandy

externos não atrapalham a audição e o

tem controle remoto e microfone,

som não vaza.


Skullcandy Mix Master Mike O modelo Mix Master, da Skullcandy, foi

integra a série especial NBA, que traz o

projetado em parceria com o DJ dos Beas-

logo de diversos times da liga de basquete

tie Boys, Mix Master Mike, e é voltado

americano. O nosso foi o Miame Heat.

para um público profissional. Tanto que o

Nossa Avaliação QUALIDADE DO SOM DESIGN/APARÊNCIA ISOLAMENTO CONFORTO CUSTO/BENEFÍCIO

equipamento já vem com dois cabos, sen-

Este modelo da Skullcandy tem o bass bem

do um aspiral. A embalagem é composta

nítido e com o volume médio o isolamento

ainda por um estojo, um pano de limpeza

é perfeito, não sendo possível ouvir a voz

e um adaptador P10. O cabo é conectado

de alguém que fala ao seu lado. Também

em apenas um dos alto-falantes e você

não há vazamento de som, o que garante

pode optar por usá-lo no lado direito ou

que você pode usá-lo no ônibus, no metrô

esquerdo. Sentimos falta de uma trava que

ou até enquanto sua namorada assiste a

fixe o cabo ao equipamento, como há em

novela, que não vai atrapalhar ninguém.

outros modelos do mesmo nível. Um dos pontos negativos neste modelo é O design do Mix Master é excelente e tem

que a medida que o volume é aumentado

ajuste confortável, com encaixe perfeito

os graves vão sumindo, deixando mais

Preço: a partir de R$ 1.899,90

na cabeça. Neste modelo a logomarca da

nítido apenas os médios e agudos. O que

Onde comprar: Star Point, Saraiva

Skullcandy, uma caveira, é estampada nas

não chega a ser um problema diante de um

e Submarino.

duas conchas acústicas. Os detalhes pra-

design tão perfeito! Um dos destaques do

teados deixam o acabamento do produto

Mix Master é que ele tem também controle

ainda mais fino. O modelo testado por nós

de volume no cabo e um botão “mute”!

O modelo que analisamos tem os logos da NBA e do Miame Heat.

O modelo foi projetado em parceria com o DJ dos Beastie Boys, Mix Master Mike.

Revista RAP NACIONAL N°8 - 2014

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1, 2, 3... Testando Revista RAP NACIONAL N° 8

Sony MDR-XB600 Nossa Avaliação

são mínimas. O isolamento é outro pon-

de alta qualidade com custo baixo,

to positivo que observamos em nossos

o Sony MDR-XB600 é a solução. O

testes e com o XB-600 sua música pre-

modelo uni desginer, desempenho e

ferida não vai precisar competir com os

conforto. Mas é claro que o preço mais

barulhos do trânsito.

em conta só é possível porque ele é

QUALIDADE DO SOM DESIGN/APARÊNCIA ISOLAMENTO CONFORTO CUSTO/BENEFÍCIO Preço: Á partir de R$ 349,00 Onde comprar: Americanas, Ponto Frio e Sony Store.

Se o que você procura é um headphone

fabricado com matéria-prima mais

O que decepcionou neste modelo é o

comum. A estrutura é de plástico e até

cabo, já que é duplo e fixo. O fato de ser

o que parece metal, não é. O couro, é

duplo, por si só já é um problema que

claro, é sintético.

dificulta os movimentos. Ser fixo então é quase que inaceitável. Pode parecer

O ajuste do MDR XB-600 é super fácil.

só um detalhe, mas que faz toda a dife-

Os alto-falantes giram livremente, tanto

rença se o cabo estragar e por isso você

na horizontal como na vertical, o que

precisar aposentar o headphone.

proporciona um encaixe instântaneo na cabeça. As hastes são dobráveis e isso

Apesar de não curtimos o cabo duplo e

quer dizer que você não terá problema

fixo, isso não é o suficiente para tirar

para guardá-lo.

o brilho do XB-600. O isolamento é decente, a potência é satisfatória e o

A qualidade de som deste modelo é ex-

conforto é de alto nível. Ou seja, para

celente. Os graves são nítidos e mesmo

um headphone de baixo custo ele sati-

com o volume no máximo as distorções

faz as expectativas.

As hastes são dobráveis o que facilita na hora de gurdá-lo

No volume máximo o XB-600 apresentou distorções mínimas.

40


ELEITO

R O H L E M & CUSTO O ICI F E N E B

Sony MDR-XB920

Nossa Avaliação QUALIDADE DO SOM DESIGN/APARÊNCIA ISOLAMENTO CONFORTO CUSTO/BENEFÍCIO Preço: a partir de R$ 599,00 Onde comprar: Magazine Luiza, Ponto Frio e Sony Store.

O Sony MDR-XB920 é o headphone ofi-

que tem revestimento macio tanto nos

cial da Copa do Mundo da Fifa de 2014.

alto-falantes, como na haste superior.

Chegar ao mercado com a chancela de

O peso, pouco mais de 300 gramas, é

uma das maiores competições esporti-

irrelevante com tantos cuidados no aca-

vas do mundo causa uma expectativa

bamento. Sem dúvidas esse é um fone

grande para este modelo.

para você se desligar do mundo.

Ao abrirmos a embalagem percebemos a

O que percebemos em nossas análises é

preocupação da marca em impressionar

que o XB-920 tem uma vasta abrangên-

até nos pequenos detalhes. O acondiciona-

cia de som e as frequencias estão bem

mento é perfeito, já que o estojo possui um

definidas, sendo possível ouvir o som no

molde para encaixar o produto que tem

máximo sem que apresente distorções. O

design dobrável. O fone acompanha dois

modelo promete “extra bass” e graças a

cabos “ flats”. Um deles com 130 cm de

isso os graves são mais nítidos. Tá certo

comprimento, com botão e microfone para

que os médios e agudos não ganham tanto

atender chamadas, e outro simples com 70

destaque, mas esse detalhe só é perceptí-

cm. O modelo conta ainda com uma trava

vel aos ouvidos mais apurados.

de segurança para evitar que o cabo seja desconectado indesejadamente.

O XB-920 impressionou do início ao fim. Mesmo sendo um modelo direcio-

Com design futurístico e um colorido de

nado para quem não faz uso profissio-

bom gosto, formado por branco, prata e

nal e apenas quer ouvir boa música,

vermelho, o XB-920 encanta aos olhos.

caiu no gosto dos DJs e produtores que

O mesmo modelo é apresentado tam-

participaram dos testes. Se você optar

bém nas cores preto e prata. O conforto

pelo XB-920 com certeza estará fazendo

também é um ponto alto deste modelo

uma boa escolha. Revista RAP NACIONAL N°8 - 2014

41


1, 2, 3... Testando

O MDR-1R vem em uma caixa luxuosa,

Revista RAP NACIONAL N° 8

tal como uma jóia.

As hastes encaixam perfeitamente na cabeça.

ELEITO

R O H MEL & Design ia nc Aparê

Sony MDR-1R Com o Sony MDR-1R foi amor a

confortável e as hastes encaixam

primeira vista. Ele despertou o

perfeitamente na cabeça.

interesse dos DJs e produtores que

Nossa Avaliação QUALIDADE DO SOM DESIGN/APARÊNCIA ISOLAMENTO CONFORTO CUSTO/BENEFÍCIO Preço: a partir de R$ 1.099,00 Onde comprar: Extra, Ponto Frio e Stony Store.

participaram dos testes e todos

Se o MDR-1R surpreende na beleza,

ficaram ansiosos para colocar esta

não podemos dizer o mesmo da qua-

máquina para funcionar. A conquista

lidade sonora. O equipamento deixou

rolou ao abrir a caixa onde o produto

a desejar na potência e também nos

é apresentado de forma luxuosa, tal

graves. A definição do som é boa,

como uma jóia. Com acabamento

mas a verdade é que num corpo tão

sofisticado e design cheio de estilo,

bonito esperávamos um desempe-

o MDR-1R é um dos modelos mais

nho superior. Mas a deficiência em

bonitos do mercado.

alguns quesitos pode não ser nítida para a maioria dos usuários comuns.

O headphone vem acompanhado de uma case e dois cabos, sendo que

O MDR-1R é bonito, estiloso, confor-

um deles tem controle de volume

tável e só... Se a sua audição é mais

e microfone embutidos, mas que

apurada e você procura qualidade de

só funcionam com produtos Apple.

som pode não ficar tão satifesto com

Então, se você tem um celular com

a escolha. Já se o que você procura é

sistema Android não poderá usufruir

um acessório top para integrar seus

de todas as funcionalidades do

looks e ainda ouvir músicas, não

MDR-1R. As conchas acústicas, flexí-

tenha dúvidas que esse modelo é a

veis, envolvem a orelha de maneira

escolha perfeita.


Beats by Dr. Dre Solo HD co e preto, todas muito brilhantes.

O mercado dos headphones pode ser dividido entre antes e depois da criação

Nossa Avaliação QUALIDADE DO SOM DESIGN/APARÊNCIA ISOLAMENTO CONFORTO CUSTO/BENEFÍCIO

da Beats, empresa fundada em 2006

As conchas acústicas deste modelo

pelo rapper e produtor americano

são macias, o que não podemos dizer o

Dr. Dre. Hoje, além de qualidade, os

mesmo de suas hastes, já que o revesti-

headphones precisam ser bonitos,

mento interno é pouco acolchoado. E se

confortaveis e ter estilo. Com o talento

alguém resolver puxar assunto enquan-

e a experiência de Dr. Dre e seu estilo

to você ouvi as batidas de um rap, nem

gangster, os Beats caíram no gosto de

precisa tirar os fones do ouvido. Basta

jovens do mundo todo. São inúmeros

pressionar o “b” na orelha esquerda que

os modelos da marca, e há fones para

a música é silenciada.

todos os estilos. Em nossos testes o Beats Solo HD O Beats Solo HD é compacto e leve, ideal

apresentou um som nítido e não de-

para ser usado no dia a dia. O equipa-

cepcionou nos graves e médios. Só que

Preço: Á partir de R$ 799,00

mento vem com dois cabos, sendo que

se o volume for ao máximo, tudo que

Onde comprar: Gringos Records,

um deles tem controle remoto para

falamos vai por água baixo. Esse é um

Walmart e Fnac.

atender chamadas telefônicas. O modelo

modelo para ser ouvido no médio, dessa

que testamos foi o vermelho, mas ele

maneira não há distorções e nenhum

também esta disponível nas cores bran-

instrumento se perde.

Basta pressionar o “b” na orelha esquerda que a música é silenciada.

Compacto e leve, ideal para ser usado no dia a dia.

Revista RAP NACIONAL N°8 - 2014

43


1, 2, 3... Testando Revista RAP NACIONAL N° 8

Beats by Dr. Dre Studio

A apresentação do Beats Studio é

sistema “noise canceling”. No alto-falan-

impecável, assim como outros produtos

te esquerdo, o ícone “b” funciona como

da marca Beats. O estojo é resistente e

um botão pause. O que é muito útil! O

nele você encontra dois cabos remo-

Beats Studio utiliza duas pilhas “AAA”,

víveis, um adaptador P10, um pano

também conhecidas como pilha palito.

de limpeza, uma case de proteção e o

Nossa Avaliação QUALIDADE DO SOM DESIGN/APARÊNCIA ISOLAMENTO CONFORTO CUSTO/BENEFÍCIO Preço: a partir de R$ 1.299,00

headphone. Um dos cabos tem controle

A proposta deste modelo que analisa-

remoto e microfone. Mas para usufruir

mos é levar até o usuário final a música

as funcionalidades ao máximo só com-

tal qual o artista quer que você ouça.

produtos Apple. Se você usa Android,

E acreditem, o Beats Studio cumpre

por exemplo, não terá opção de volume

esse papel com sua qualidade sonora de

e mudar a música.

altíssimo nível. Por ser um modelo “studio”, ele tem o áudio “flat”, com todas

O conforto deste modelo é indiscutível.

as frequencias equalizadas no mesmo

Mesmo depois de um longo período

volume. Mesmo assim é possível sentir

utilizando o equipamento não consta-

os graves batendo no crânio.

tamos desconforto algum. O sucesso nesse item deve-se ao fato das conchas

Não há como ficar indiferente a este

acústicas terem sido projetadas para

headphone. Afinal, ele tem design

um encaixe perfeito nas orelhas.

moderno, qualidade sonora e mui-

Onde comprar: Gringos Records, Walmart e Fnac.

to conforto. O preço pode pesar um Ele também apresentou um excelente

pouco na escolha, mas se você quer um

isolamento e mesmo sem som os ruídos

headphone de alto desempenho, não vai

externos são imperceptíveis, devido ao

encontrar em modelos mais baratos.

O som do Studio é “flat”, com todas as frequencias equalizadas no mesmo volume.

O modelo que testamos é de uma série limitada que traz o brasão da Espanha.

44


R O H MEL ELEITO

DADE QUALI M DE SO

Beats by Dr. Dre Pro

Nossa Avaliação

O Beats Pro é o mais top de toda a

Outro ponto positivo é que a matéria-pri-

marca de Dr. Dre, e isso vale também

ma deste modelo é o aço, ao contrário

para o preço. Mas quem tem garante

da maioria dos headphones que tem sua

que cada centavo neste equipamento

estrutura feita de plástico, que com o

é bem pago. Na embalagem encontra-

tempo ressecam e podem quebrar. O Beats

mos, junto com o headphone, um cabo

Pro usa cabo unilateral, que pode ser

normal e outro aspiral, um adptador,

conectado tanto no lado direito como no

uma case e impressos.

esquerdo. Com ele também é possível tirar um dos fones do ouvido sem deslocar o

QUALIDADE DO SOM DESIGN/APARÊNCIA ISOLAMENTO CONFORTO CUSTO/BENEFÍCIO

Com esse headphone você tem a

arco, o que facilita muito a vida de um DJ.

certeza que irá ouvir todas as frequencias e nada vai se perder em

O Beats Pro tem inúmeras vantagens

meio a ruídos. Os graves batem forte

e até mesmo nos pequenos detalhes

e é possível sentir os alto-falantes

ele se destaca. Não é à toa que ele

pulsando em suas orelhas. Sem falar

apresentou a melhor qualidade de

que você não precisa economizar no

som em nossos testes. Sem dúvida,

volume, pode ir ao máximo que nada

esse é um headphone de alto nível. O

vai distorcer. Ele é bastante confortá-

que pesa contra ele? O preço! Mas se

vel, mas depois de um longo período

isso não for um problema para você,

começa a incomodar um pouco.

ele é uma excelente escolha.

Preço: a partir de R$ 1.799,00 Onde comprar: Walmart, Submarino e Magazine Luiza. Revista RAP NACIONAL N°8 - 2014

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Lançamento Revista RAP NACIONAL N° 9

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Só os fortes sobreviverão! Por Raquel Martins Ribeiro | Fotos Ivan Ramos Lacombe

A

Capital Federal é berço de grandes nomes do rap nacional. O Viela 17, que iniciou a caminhada há 14 anos, e desde seu primeiro álbum, O Jogo (2001), vêm aumentando o seu séquito de admiradores é, com certeza, um deles. Desde 2000, o grupo atua nacionalmente e representa a mobilização do rap na terra vermelha. Agora, após cinco anos de jejum, o Viela lança, em abril, o quarto CD, 20 de 40, que faz um passeio pelos 20 anos de carreira, e 40 de idade do rapper Japão, líder do grupo. “Não sei explicar esse momento. É como ver um filho surgindo em meio a conflitos e descréditos”, adianta Japão. O disco faz uma releitura fiel do rap da década de 1990, samples, batidas, programações e timbres foram totalmente pensados para manter a fidelidade ao segmento original. 20

de 40 conta, ainda, com a participação de mais 30 artistas convidados, entre músicos e cantores, cinco técnicos e produtores artísticos, como o músico Thiago Jamelão, do grupo Ataque Beliz, o cantor e compositor Dillo, o rapper nordestino Zé Brown e Pop Black, do Grupo Inquérito, além de destacar a produção musical DJ Raffa Santoro, que assina a obra. “Ver o cuidado do Raffa na produção, mixagem e masterização,o charme e encanto vocal da dupla Chris Soul e Thiago Jamelão, as participações deDilloD’Araujo, Heitor Valente, entre outros MCs é gratificante”, analisa. O CD apresenta uma introdução e 17 faixas em seu repertório, entre elas, Inimigo oculto, que abre a celebração ao hip hop, e trata dos medos e atitudes de Japão. “Falo diretamente com meu lado contrário. Um Japão com uma pitada de maldades, rebatiRevista RAP NACIONAL N°9 - 2014

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do por um Japão ciente de seu compromisso”, explica o rapper. Na sequência, a música Foi complicado pra chegar aqui, que retrata a dura caminhada de quem sonha em viver de rimas, e conta com a participação nos vocais da cantora Chris Soul. 20 de 40, canção que dá nome ao álbum, traz a participação de Alex Jordan e fecha o disco. “ Nessa faixa destaco meus 20 anos de carreira, passando por uma espécie de levantamento pessoal do que passei para chegar até aqui, homenageando amigos, familiares e pessoas que contribuíram em minha carreira no rap”, adianta. Japão acredita que, mesmo com todas as dificuldades, este álbum será um marco na história do Viela 17 e no rap nacional. “Ouvir meu melhor álbum pronto, todas as vozes perfeitas, batidas programadas perfeitamente no propósito do CD. Ver tudo que passamos com o estúdio roubado, e 12

junto com ele nossos sonhos. Depois, ver a volta por cima de Beto Paiva e Ninomix, só me resta chorar essa noite em forma de agradecimento”, desabafa o rapper, e completa com as melhores expectativas para o lançamento do CD, sem esquecer de demonstrar gratidão e ressaltar a importância de todos que participaram ao lado do grupo, para o resultado final do disco. “As letras fortes e levadas surreais do Diogo LoKo, participações maravilhosas e envolventes de Tati Botelho, DJ Simmone Lasdenas, Chely Etnia e Helen, do Atitude Feminina. O apoio e moral de minha mãe, as centenas de pessoas usando camisetas Viela 17 e o amor e organização de minha esposa. Só posso agradecer a Deus.”


Justiça e liberdade EDITAIS, REGISTROS, CONTRATOS, PROPRIEDADE INTELECTUAL, ASSOCIAÇÕES, ORGANIZAÇÕES DE INTERESSE PÚBLICO E MAIS.

Anderson Henrique Resende (OAB/SP 353.463) a.resende@adv.oabsp.org.br

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Revista Rap Nacional - www.rapnacional.com.br

COM VOCÊ SEJA LÁ ONDE ESTIVER Revista Rap Nacional - www.rapnacional.com.br

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Por onde anda?! Nesta seção vamos entrevistar personalidades da velha escola que são importantes para a história do RAP NACIONAL e que por algum motivo esta sumido ou afastado dos holofotes da nossa cultura de rua Por Paula Farias

P

ara estrear a seção “Por Onde Anda” convidamos o rapper X, ex-vocalista do Câmbio Negro. O Câmbio Negro é um dos grupos mais expressivos da história do rap nacional e na década de 90 inovou ao fazer rap com banda. X começou a soltar a voz no ano de 1990, mas foi em 1993 que lançou o primeiro disco “Sub Raça”. A música com mesmo nome se eternizou com umas das mais importantes do grupo. X continuou a frente do Câmbio Negro até 2000, quando o grupo se desfez. Se você quer saber “Por Onde Anda” X leia a entrevista ao lado:

X X - Câmbio Negro conta “Por Onde Anda”

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X como esta sua vida hoje. Como é o seu dia a dia? X Estou bem. Melhorando fisicamente, progredindointelectualmenteetentandoevoluirespiritualmente. Meu dia a dia é bem corrido com meus afazeres pessoais e de uns meses pra cá com uma nova etapa que é a universidade.

2

Você sente falta de estar mais tão atuante no Hip-Hop, como antes? X Sinto muita falta, mas o afastamento foi necessário pra poder ver as coisas de outro ângulo. Mas não abandonei, apenas me afastei...

3

Passados mais de 20 anos de rapper , qual o balanço que você faz da sua trajetória? X Que foi muito bom, que é muito bom, mas que ainda tenho muito a fazer!

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Se você pudesse voltar no tempo, faria tudo de novo? X Dizer o que faria alongaria demais à resposta, prefiro dizer o que não faria. Tentaria ser menos sarcástico, incompreensivo e pedante como em alguns momentos fui.

5

Falando um pouco do atual momento do RAP , como você analisa a participação de alguns mcs em eventos e programas da grande mídia ? X Sempre disse e vou dizer que é complicado avaliar a postura e carreira dos outros, mas vejo com bons olhos. Os

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REVISTA RAP NACIONAL


X - Câmbio Negro espaços estão ai para que sejam ocupados e se alguns do Hip-Hop estão conseguindoocupá-losinteligentementee sem perder o foco parabéns. Em alguns desses espaços eu também estaria, outros não...

6

Sobre o atual cenário do DF, qual grupos você destacaria, e do cenário geral qual grupo você tem escutado? X Ataque Beliz, Flora Matos, Markão Aborígine, Diga How, Maverick. Do cenário geral tenho ouvido Projota, Emicida, Rashid, Rodrigo Ogi e toda a minha escola...A Velha! Ouço sempre...

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E para os grupos novos , que se espelham em você, qual o conselho que você daria ? X Se espelhar em alguém é bom, mas tenham identidade própria.Tenha sua própriacara,sejamoriginais,busquem a informação musical e as influências ouvindo não só um estilo musical. Se preparem, ergam a cabeça, fiquem firmes na base, fechem a guarda e ponham-se a prova.

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Sobre os avanços da tecnologia, o uso da internet, redes sociais, você acha que o RAP já se adaptou as novas tendências? X Sim. O Hop Hop e não só o RAP, já estão adaptados as novas tecnologias e vem fazendo, na maioria das vezes, bom uso delas. Graças a essas novas tecnologias e nossa capacidade de adaptação os malditos que sempre quiseram nosso fim, vêem em suas máquinas que criaram um mostro.

Por onde anda?1?

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Você sempre abordou temas políticos em suas letras, como você analisa os dois governos do Lula e agora o governo Dilma? X É público e notório que os governos Lula foram imensamente melhores que os anteriores para o povo com menores condições. O governo Dilma ainda caminha lentamente, mas espero que melhore pelo bem do país. Ainda há muito a ser feito e muitas cabeças ainda tem que rolar e não é algo que se resolva em 12 anos mas é o primeiro passo.

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Quais os avanços que você percebe na periferia desde o começo da sua carreira até os dias atuais? E o que ainda esta faltando ? X Avançamos um pouco na consciência artística e cultural, um pouco. Ainda faltam melhores escolar, melhores e mais bem pagos professores, médicos, trabalhadores em geral. Falta um maior investimentoemeducação,qualificação profissional, condições dignas de vida, moradia. Enfim, resumindo tudo; falta o nosso povo votar melhor para tiras os putos do poder e colocar verdadeiros representantes no poder para que tenhamosumpaísverdadeiramentejusto e igualitário.

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Salve.... X Um abraço aos que ainda se lembram de mim. Outro aos que estão conhecendo um pouco agora, respeitem e valorizem a cultura Hip-Hop, estudem, se informem e lutem. E aos que me odeiam... peguem R$ 10,00 ( Dez Reais ), comprem dois metros de corda e se matem que em 2012 vou incomodar um bocado! REVISTA RAP NACIONAL

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Por Paula Farias | Foto Dani Rodrigues | Shows agenda.rashid@gmail.com

E

nquanto as pessoas correm a passos largos em direção ao metrô, na loucura de voltar para casa depois de um dia intenso de trabalho, o RAP NACIONAL corre na direção contrária porque o nosso trabalho está apenas começando.

fazendo novas músicas porque eu me encontrava em um momento da hora. A mixtape “Que Assim Seja” é o meu trabalho mais livre, estava sozinho no estúdio, tinha tempo para pensar, executar e tentar novas coisas, era somente eu e o microfone”, relembra Rashid.

Próximo à estação Consolação na Avenida Paulista, coração da cidade de São Paulo, encontramos pela primeira vez para uma entrevista, Michel Dias Costa, 24. Conhecido como Rashid, que na língua árabe significa “justo” e “verdadeiro”, o jovem é um dos MCs com maior destaque na cena do RAP NACIONAL atualmente.

Com a mesma facilidade com que fala de amor, o MC também dispara rimas repletas de denúncias e críticas sociais. No novo trabalho é possível notar claramente o lado pesado do rapper nas faixas “V de Vingança” e “Diário de bordo parte II”. Já a música título do disco, vem sendo motivo de burburinho na internet. Laudz, um dos melhores produtores musicais do momento, declarou em seu twitter que esta por enquanto é a melhor música de 2012, opinião compartilhada por muitos fãs do MC.

Rashid se aproxima com o olhar tímido e em pouco menos de uma hora de conversa o MC mostra que por trás do jeito de menino há postura e consciência de gente grande. Rashid acaba de lançar sua nova mixtape “Que Assim Seja” e escolheu um dia muito especial para o lançamento deste novo trabalho. Foi durante uma twitcam histórica, com 7.500 pessoas na data de seu aniversário e ao lado dos parceiros Projota e Dj Caique que o rapper deu o play para que seus fãs pudessem conferir mais este trabalho. Durante quase uma hora de transmissão, o MC recebeu um telefonema muito especial de sua mãe, que mesmo estando longe ligou para parabenizá-lo por ambos os acontecimentos. “Que Assim Seja” já é sucesso entre os fãs. Segundo Rashid a mix foi feita com calma e as faixas foram fluindo naturalmente. “Eu comecei a fazer as músicas dessa mixtape em junho de 2011, logo depois do lançamento da mixtape anterior “Dádiva e Divida”. Eu já estava

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REVISTA RAP NACIONAL

Não é possível classificar Rashid como um rapper underground, aliás, sobre essas divisões do RAP ele é contundente. “Eu não acredito nessa diferença, porque quando as pessoas falam a palavra diferença, elas já colocam ali uma distância, um abismo e eu não acredito nesse abismo. Acredito que as paradas são muito mais próximas do que realmente parecem. A diferença existe na forma de se manifestar e essa é a riqueza da nossa cultura, existe RAP para todos os gostos, então dominamos por todos os lados”, declara o MC que tem como ídolos: Mano Brown, Helião, Edi Rock. DMN, MV Bill e Eduardo do Facção Central. Rashid fala sobre amor, mas também expressa a dor, conseguindo unir os dois sentimentos no mesmo trabalho, fazendo com que seu RAP possa ser companheiro dos manos e das minas nas mais diversas situações, seja na ale-

gria ou na tristeza, trazendo tudo para a música, sem perder a essência, essa é a forma Rashid de ser. É assim que o rapper está tendo uma constante ascensão, fazendo shows por todo o Brasil e estando em evidência na chamada grande mídia, mas deixa claro que sua maneira de cantar e ideais não mudam. Para Rashid, um dos motivos do RAP chegar em lugares onde nunca esteve, é o freestyle. “O freestyle nos últimos tempos tem chamado a atenção de pessoas de fora do RAP, até hoje quando eu vou fazer show e tem um público que não conhece muito sobre RAP eu gosto de fazer freestyle. Isso chama atenção, desperta curiosidade e atrai também a atenção dos veículos de comunicação para os MCs mais novos” explica. Sobre o atual momento do RAP, Rashid é categórico. “O RAP está da hora, todo mundo esperando o disco do Racionais MCs. Eu acho que quando sair será um furacão na vida de todos. Espero que saia ainda esse ano”. E como o tempo passa muito rápido, nossa entrevista chega ao fim. Mas antes a última pergunta para Rashid, que há pouco menos de três anos era somente Michel, um menino que tinha como sonho se tornar MC. Hoje Rashid se tornou uma realidade, que chegou de forma tão voraz que nem ele parece acreditar em tudo que está acontecendo. “Às vezes eu acho que a ficha não caiu,. Desde 2010 as coisas começaram a acontecer e comecei a viajar e receber para fazer show. É muito louco. Tudo que eu sempre


quis foi ver minha mãe feliz e ouvir incentivos da minha família, depois de tanto esforço na época das batalhas de MCs. Conquistar o respeito da minha família é uma das minhas maiores conquistas”, finaliza o MC com brilho nos olhos e um sorriso estampado no rosto.

NAL vamos rumo a uma nova missão, porque o RAP não para e não pode parar.

Ao final da entrevista Rashid foi embora rumo a um show, a uma nova conquista, e nós do RAP NACIO-

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MARKONE: 16 anos de rabiscos pelas ruas e pelas peles de todo o mundo

Por Elaine Mafra | Fotos Divulgação

T

alento, sensibilidade e autenticidade são algumas caracteristicas do graffiteiro e tatuador Markone. A paixão pelo graffiti surgiu na vida desse Corinthiano no ano de 1995 e desde então sua marca passou a ser reconhecida nas ruas cinzas da capital paulista. O talento do jovem graffiteiro conquistava todos que tinham a oportunidade de apreciar seus traços e isso fez com que alguns amigos quisessem ter as obras de Markone como marca indelével na pele. Depois de uma certa resistência, Markone se rendeu a arte da tatoo. “Em 2001 eu vi os trabalhos do Mr. Cartoon e decide que era isso mesmo que eu queria fazer. Mas foi muito espontaneo, até porque tinha o Maroni e o Chivitz que já eram respeitados e eles me apadrinharam”. Marone e Chivitz, formam junto com Markone, a Neurose Urbana Crew. Markone não trocou as latas de spray por máquinas de tatto, ele concilia as duas artes até hoje. No ano passado participou do projeto Museu Aberto de Arte Urbana (MAAU), em São Paulo/SP. Os traços

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de Markone se tornaram tão inconfundiveis que entre os 66 paineis pintados nas pilastras de sustentação do metrô é possivel descobrir através do estilo qual foi feito por Markone. Também no ano de 2011 representou o Brasil num projeto da Puma onde criou desenhos para uma coleção 100% latino americana. O talento de Markone não tem fronteiras e seus traços transitam livremente por vários países. “A arte já me levou para muito longe, já fui para Chile, Argentina, Espanha, Panamá e muitos outros lugares“, comenta Markone que já esta com as malas-prontas para sua próxima viagem que será ainda no mês de maio para o Hawai, EUA. A música é companheira indispensável em todos os momentos de Markone e ele chega a dizer que tudo que faz 50% vem da música. “Preciso de música para exercer minha arte,, seja graffiti ou tatto, tenho que tá ouvindo música“. No playlist de Markone é possível encontrar Criolo e Emicida, mas ele não abre mão de relembrar suas origens. “A minha formação como pessoa, como profissional, como amante do hip-hop é Thaíde & Dj Hum. Escutei muito Thaide, GOG, Câmbio Negro, Racionais. Mas o que eu mais curtia mesmo era Thaide & Dj Hum“.


Por fazer parte e viver no dia a cultura hip-hop os traços de Markone caíram no gosto de integrantes do movimento. Muitas personalidades já passaram por seu estúdio, entre eles Marcelo D2, Dimenó (Alvos da Lei), Fex Bandollero, Jan King, Grand DRR, Eazy Kaos, Projota, Xis, X-Barão, Rhossi (Pavilhão 9), Emicida, Dj Zegon, Mandrake, Cabal, Rashid, W YO (RPW), Sandrão (RZO), Rael da Rima, Nathy MC, Msário (Pentágono), Correria e inclusive Thaíde, que foi trilha sonora de grande parte da vida de Markone e hoje carrega no braço direito uma obra de arte feita por ele.

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Livre Acesso Gang é um projeto dos artistas Robbie Ice, Finha e Markone, com o intuito de elaborar pinturas que utilizam o corpo feminino como suporte para a arte do graffiti

Grafitti feito na pilastra de sustentação do metrô em SP, durante a MAAU

TAT200: Markone no ano de 2011 representou o Brasil em projeto da Puma onde criou desenhos para uma coleção 100% latino americana

O jeito simples de receber seus clientes, que em sua maioria se tornam amigos, os detalhe na decoração do estúdio, a organização e limpeza que revelam até um lado perfeccionista, fazem com que a experiência de fazer uma tatto com ele seja um momento tranquilo e muito agradável. Mais do que belos desenhos quem o procura quer ter o orgulho de dizer: “Eu tenho uma tatto feita por Markone” e esse reconhecimento é fruto de anos de trabalhos feitos com o coração e de uma grande humildade.

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Por Paula Farias Fotos Bruna Oliveira e Pablo Vaz

E

le é santista, mora no Lauzane – região norte da cidade de São Paulo –, se tornou um dos grandes nomes da nova geração de MCs e está prestes a lançar seu primeiro DVD. Projota e seu estilo inovador tem mudado a cara do RAP NACIONAL. O MC revelado nas Rinhas do metrô Santa Cruz viu sua vida mudar completamente a partir de 2010. “Foi aí que tudo começou realmente a dar certo. Coloquei o disco na rua, um material para as pessoas poderem levar para casa. Eu falo que o legal do CD é que com ele nosso trabalho entra pela porta da frente na casa das pessoas, por isso acho muito importante o lance do CD físico”, explica.

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Foco, Força e Fé, os três “Fs” que juntam formam a palavra sucesso e trouxeram para a vida de Projota tudo que ele sempre sonhou no RAP Agora o jovem MC vai entrar nas casas dos fãs também em forma de DVD. O trabalho intitulado “Realizando Sonhos” foi gravado em Curitiba para um público de mais de quatro mil pessoas, contêm diversas participações especiais e deve chegar às ruas em breve. “A primeira coisa que eu vou fazer quando meu DVD sair é distribuir gratuitamente para os moleques da rua onde eu morava, porque eu quero espelhar esse trabalho na minha quebrada”, comenta Projota. Foi nas ruas do Lauzane que ele aprendeu muitas coisas e conheceu pessoas essências na sua vida. “O Lauzane para mim é muito importante tanto que eu me mudei, mas continuou morando ao lado, nunca vou me desvencilhar desse lugar. Foi aqui que eu conheci o Rashid, que se tornou meu irmão, aquele irmão que eu tive a oportunidade de escolher na vida, então distribuir o DVD na região será muito gratificante”, declara o MC. O sucesso de Projota ultrapassou

barreiras e ele sabe que seu público já não se resume apenas aos moleques da quebrada. ”Não existe uma definição para o meu público, ali no Lauzane todos os moleques ouvem meu som ao mesmo tempo um moleque que tem uma condição melhor de vida escuta também. Quem disse que essa pessoa não tem direito de ouvir a minha mensagem? Minha mensagem é para todas as pessoas”, dispara.

É justamente esse modo versátil que faz com que algumas pessoas critiquem o som do MC. “Eu acredito que muitas vezes as pessoas não conhecem tão bem o meu trabalho, assim como eu já presenciei muita gente falando mal do Facção Central sem conhecer o trabalho deles e eu sendo fã do grupo debatia a favor, agora a mesma coisa está acontecendo comigo”, desabafa.

Projota cresceu ouvindo Racionais MCs e foi o disco “Nada como um dia após o outro dia”que o impulsinou a fazer RAP. Ele se declara ainda fã de RZO, Dexter, Sabotage, Facção Central, Realidade Cruel e sabe bem o poder que as rimas representam. “A mensagem não vá para o crime salvou minha vida, graças a Dexter, Mano Brown e Helião. Hoje eu uso a minha letra para passar a mesma mensagem para outras pessoas. Mas há aqueles que não estão tão próximos disso e precisam ouvir outras coisas então eu tento unir a diversidade nas minhas letras”.

As críticas infundadas não interferem no trabalho de Projota, que encara numa boa e continua seguindo sua carreira com muito foco, força e fé. Atualmente ele trabalha ao lado da esposa e tem o apoio e o amor incondicional da família, que sempre o incentivou. “A minha família me apoiou desde o início. A minha mãe morreu quando eu tinha nove anos. Ela foi escritora e cantora, mas em uma época onde mulher tinha que casar e ter filho. Então ela parou com a vida artística, casou-se e teve filhos. Eu tenho a minha carreira como uma continuidade dela, é como se eu fizesse por ela, e minha família entende assim também”, declara o jovem rapper do Lauzane Projota é jovem e sabe que sua caminhada esta só começando. “Eu não imagino como vou estar daqui dez anos. Não sei até quando minha mensagem será importante para as pessoas. O que eu quero é ser relevante. A sensação de ser importante na vida de alguém é inexplicável, não há cachê que pague isso. Eu não sinto necessidade pelos holofotes, as coisas vieram naturalmente e quero que continue assim. Meu objetivo de vida sempre foi ser feliz”, finaliza. REVISTA RAP NACIONAL

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DIVULGAÇÃO

Fernandinho Beat Box: dos Beats para as rimas Por Cristiane Oliveira

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eferência no Beat Box, Fernadinho, agora ingressa para o mundo dos MCs. Aquele que já utilizou seu dom para dar beat às músicas de vários artistas brasileiros aposta desta vez no talento solo e lança o primeiro disco da carreira.

“Caminho Estreito”, é por este caminho e escolhendo este título que Fernandinho da o pontapé inicial a uma nova fase de sua vida. O CD tem como foco principal levar uma mensagem que gere esperança de dias melhores, com mais lutas e muitas conquistas. “É um CD de rap, reggae, soul, samba com mensagens positivas. Afinal o hip-hop não é bandidagem, não é gangsta. O hip-hop é alegria, é a transmissão de mensagens de bem”, explica Fernandinho. O CD “Caminho Estreito” vem com 15 faixas. Destaque para a música “Samba de Boca”, colagem feita com quatro diferentes batidas e mixadas formando a base. O disco conta ainda com as participações de Seu Jorge, Tati Lima e Daniel Ribeiro. A produção da obra ficou por conta de Renan Samam e DJ Caique. O Beat Boxer que começou sua carreira no Z´África Brasil, hoje é um personagem consagrado neste inusitado “estilo” de fazer música. Fernadinho serve de exemplo para muitos que estão começando, entre os nomes da nova geração destacados por ele, temos o grupo Beat Box Brasil, que segue popularizando cada vez mais o dom de imitar instrumentos com a boca. Intencionado em passar adiante um pouco de sua história, o mais novo MC do cenário nacional foca este CD principalmente nas letras, que foram pensadas para que sua mensagem seja levada ao maior número de pessoas possíveis. “Procurei pensar no que precisa ser falado nas rimas. Eu quero que as pessoas conheçam um pouco da minha história de vida e como eu a vejo. Quero que prestem atenção nas rimas”, finaliza. REVISTA RAP NACIONAL

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Sabotage, morreu o homem Há 9 anos o eterno maestro do Canão continua fazendo eco pelas periferias do Brasil Por Paula Farias | Fotos do Sabotinha Toni C. | Fotos do Sabotage Arquivo Portal RAP NACIONAL

S

ão Paulo é a terra dos contrastes e também o lugar onde tudo começou e acabou na vida de Sabotage. Ele ficou conhecido como o Maestro do Canão, mas foi na favela do Boqueirão, também na Zona Sul de São Paulo, que Mauro Mateus dos Santos viveu os últimos anos de sua vida. Na manhã de 24 de janeiro de 2003, quando o assassino de Sabotage apertou o gatiho e disparou quatro tiros, muitos acharam que a história do Maestro do Canão havia chego ao fim. Mas as balas de um revólver podem matar um homem, não um mito. Sabotage continua vivo e seu rosto estampado em camisetas faz com que sua presença seja marcante. Suas rimas serão lembradas por todas as gerações do hip-hop e o legado que ele construiu jamais será apagado.

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Nove anos se passaram e a história de Sabotage continua sendo escrita. Um novo disco, com músicas inéditas, um documentário e um filme, são alguns dos projetos protagonizados por ele. Sabotage teve três filhos, Larissa, Tamires e Wanderson, os dois últimos com Dalva, com quem era casado quando morreu. A família continua morando no Boqueirão e foi lá que abriram a porta da casa simples, localizada no meio da viela, para compartilhar um pouco das lembranças, saudades e novidades sobre Sabotage. A saudade de Sabotage ainda dói no peito de milhares de fãs espalhados pelo país inteiro, mas é na casa onde eles moravam que estão as pessoas que mais sofrem com sua ausência. . “De 2003 para cá foi uma época difícil, não ficamos bem de vida, trabalhamos como pessoas

normais, mas não passamos necessidades. Tivemos que aprender a viver sem meu pai. Antes dele ser o Sabotage era o Maurinho, meu pai. Eu era pequeno, mas me lembro dele chegando em casa a noite depois dos shows, ensaiando junto com o pessoal do RZO, as visitas dos caras do RAP. A Dina Di era muito amiga dele vinha aqui em casa também. Eu mesmo só me dei conta da fama dele, depois que o vi no jornal e na MTV recebendo o prêmio. Até então ele era apenas o meu pai”, nos


nasceu o mito confidencia Wanderson, conhecido como Sabotinha. O Maurinho antes de virar o Sabotage e mostrar para o mundo que um bom lugar se constrói com humildade, teve que enfrentar na pele o racismo, o preconceito, a violência e opressão do sistema. Passou por debaixo de muitas catracas de ônibus, levou muito enquadro da polícia e chegou ao ponto de ter que pagar para cantar. Um começo difícil, doloroso, m a s

que o guerreiro soube enfrentar. Sabotage era despreocupado e não media esforços para conseguir o que queria. Desde muito novo já mostrava que as barreiras foram feitas para serem ultrapassadas. “Meu pai era muito travesso, deu muito trabalho para o meu tio Deda (risos), que também já é falecido. Foi meu tio que o apelidou de Sabotage. Quando ele ainda era menor de idade e não podia entrar nas baladas ele teve a ideia de pegar a carteira de identidade do meu tio Deda e trocar as fotos para pode sair a noite. Depois de um tempo meu tio descobriu, ficou bravo, reclamou muito e e falou que ele só fazia sabotage. Depois disso o apelido pegou e os meninos da rua também começaram a chamá-lo assim. Meu pai acabou gostando do apelido e assim que surgiu o vulgo

9 anos sem Sabotage

Sabotage”, relembra Wanderson. E o menino travesso da zona sul conquistou seu espaço no RAP NACIONAL de forma avassaladora. O talento misturado com a humildade e o sorriso acolhedor se espalharam rapidamente. Cantor, compositor e ator, Sabotage era muitos em um só, compôs dezenas de músicas e algumas se tornaram hinos pelas periferias do Brasil. A arte de Sabotagem continua sendo usada por vários artistas em forma de samples, colagens e scratches de suas músicas. O maestro do Canão chegou a um nível de sucesso tão imenso, esbanjando o verdadeiro talento vindo da periferia que nem a grande mídia conseguiu camuflar seu brilho.Sabotage teve várias aparições na mídia, entre matérias, entrevistas, partici-

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pações em programas de televisão. Em uma época onde o RAP NACIONAL praticamente era ignorado pela imprensa, Sabota com toda a sua negritude e talento, soube ir e mostrar para o sistema o que era o RAP NACIONAL, maior expressão musical das perifeiras brasileiras, e provou que respeito é pra quem tem. “Depois que ele participou dos filmes Carandiru e Invasor e das grandes participações nas músicas do B. Negão, Charles Brown Junior, entre outros, a mídia voltou os olhos para o meu pai. Ele era muito humilde, podia ir ao Morumbi, Perdizes, onde quer que fosse. Ele não ligava se o cara era favelado ou playboy. Ele trocava ideia com todo mundo, ele tinha um coração doce com as pessoas”,

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REVISTA RAP NACIONAL

comenta Sabotinha. Um dos mais promissores rappers brasileiros que andava pelas ruas com a cabeça erguida e o coração tranquilo, não teve tempo de perceber que o ser humano é traiçoeiro e pode chegar mascarado por trás. Foram quatro tiros pelas costas e o último suspiro de quem a partir de então deixava de ser carne e osso para se tornar um mito do RAP NACIONAL. Sabotinha era apenas uma criança quando tudo aconteceu, mas lembra-se muito bem. “Eu fiquei sabendo pela televisão. Quando vi a notícia até pensei que era engano, que estavam confundindo meu pai com outra pessoa. Então eu liguei para minha mãe

e ela já estava no Hospital São Paulo. Nesse momento comecei a chorar e quase entrei em depressão. Muitos dizem que foi vingança, acerto de contas, mas foi à inveja que matou meu pai. O Datena falou coisas que não eram verdades, até no programa de Frente com Gabi ela falou mentiras. As pessoas acham que foi por causa de drogas que ele morreu, mas não é verdade, foi à inveja que motivou o crime”, desabafa. O enterro de Sabotage reuniu cerca de 4 mil pessoas, entre rappers, artistas, fãs, e imprensa. Uma multidão foi se despedir do maestro do Canão que a partir de então entraria para o seleto grupo dos eternos. Não estamos exagerando quando afir-


9 anos sem Sabotage

Se para os fãs que até hoje se lembram, cantam as músicas e vestem a camisa foi difícil a dor da perda, esse sofrimento é muito maior para a família de sangue. “Imagina o dia dos pais, você liga a televisão e só tem comercial de pais e filhos juntos, você vai ao parque, restaurante a mesma coisa, os filhos e os pais juntos, aí a dor aperta o coração entende?. Crescer sem pai é terrível, mas eu penso assim que ele foi viajar, que ele tá viajando para tentar não sofrer tanto. Porque se não a mente fica só pensando bobagens e isso não faz bem”, finaliza Sabotinha. Rappin Hood e Sandrão RZO foram os responsáveis por resgatar Sabotage para o RAP e até hoje são amigos e sempre que possível ajudam a família. O eterno Sabota que se inspirou primeiro em seu irmão Deda, que também

cantava RAP, deixou para Sabotinha e para Tamires o amor pelo RAP. Ta n t o que os dois irmãos, que sabem da responsabilidade de leva- rem o nome do pai, atualmente fazem shows e palestras. O nome de Sabotage e suas rimas inteligentes, cheias de ensinamentos, continuam fazendo eco. Uma geração cresceu ouvindo o rapper, muitos nem se quer tiveram a chance de vê-lo cantar, mas mesmo assim a história segue. Porque a inveja pode matar o homem, mas nunca matará suas ideias e rimas como: O rap é compromisso, não é viagem e um bom lugar se constrói com humildade, estão para sempre eternizadas na história do RAP NACIONAL. E o hip-hop só tem a agradecer ao maestro do Canão por tudo que foi ensinado e deixado marcado para sempre.

RAP BRASIL

mamos que Sabotage virou uma lenda, mesmo após nove anos de sua prematura partida o rapper continua fazendo eco e permanece pulsando cada vez mais forte. “As pessoas sempre perguntam das músicas, o que eu ando fazendo, quando terá novidades do meu pai. É pela humildade e talento que meu pai é lembrado e considerado até hoje. Ele foi um dos melhores MCs que o Brasil já teve. Até hoje vou aos shows de RAP e sempre tocam músicas dele, sempre tem alguém usando uma camiseta com o nome dele. Eu fico orgulhoso, afinal ele é eterno. Até me arrepio só de falar”, desabafa Sabotinha, com os olhos cheios de lágrimas.


O LEGADO DE SABOTAGE CONTINUA Sabotage escrevia músicas com imensa facilidade, afinal o RAP corria no sangue e deixou várias letras inéditas gravadas. O novo disco, com 14 faixas, será lançado em janeiro de 2013 num tributo aos10 anos sem Sabotage. O disco terá participações especiais de peso: B. Negão, Charlie Brown Jr, Racionais MCs, RZO, Rappin Hood, Ao Cubo, MV Bill, Sistema Negro, SNJ e Ndee Naldinho, são algumas delas. As músicas deste novo trabalho já estão prontas, restando apenas pequenos detalhes. Todas as letras são de autoria de Sabotage, algumas partes

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REVISTA RAP NACIONAL

há registro da voz dele cantando e nas partes que ele não pode gravar, entram as participações. Um documentário sobre a vida de Sabotage também esta previsto para ser lançado no próximo ano. O vídeo, que esta sendo produzido por Ivan 13 Produções e se chamará “Mauro Mateus dos Santos o Sabotage”, terá um depoimento inédito de Sabotage e também entrevista com diversos rappers que acompanharam

a carreira do Maestro do Canão. Outra novidade é um filme que será dirigido por Walter Carvalho, que já fez o documentário “O Início, o fim e o meio”, sobre a vida de Raul Seixas. A ideia surgiu do produtor de cinema Denis Feijão e do ator Daniel de Oliveira. A ponte entre a produção do filme e a família de Sabotage foi feita por Rappin Hood que os levou até a favela do Boqueirão para apresentar a proposta, que foi aceita pela família. Algumas reuniões sobre o filme já foram realizadas e as gravações devem começar em breve.


www.lojarapnacional.com.br 8

Revista RaP NacioNal


O TALENTO E A SIMPLICIDADE DE GANJAMAN entrevista: Toni C. Foto: Fernando Martins Ferreira

N 1

esta entrevista exclusiva o exímio produtor musical Daniel ganjaman fala sobre sua trajetória, o envolvimento com o RaP NacioNal,

como iniciou sua paixão pela música? Sou apaixonado por música desde que me conheço por gente. Meu pai foi músico na década de 60 e sempre tive um ambiente musical em casa, com discos e alguns instrumentos. Comecei a estudar teclado aos 6 anos de idade e dali para frente, meu envolvimento com música só cresceu. Quando e como Daniel sanches takara se tornou ganjaman?

2 44

Revista RaP NacioNal

a parceria com criolo e a honra de ter convivido com sabotage. aproveite cada uma das 17 respostas, todas são recheadas de conhecimento e história.

Mano, isso foi muito por acaso. Eu costumava tirar um som com alguns amigos meio no improviso, isso em meados dos anos 90. Sempre fui colecionador de vinil e nessa época já frequentava sebos e lojas de discos com esses meus manos. Foi num desses rolês garimpando discos que o Jackson (MC gaúcho que produzi “O Som do Diamante”) achou um disco do Lee Perry que a primeira música do lado A chamava “Daniel” e a primeira do lado B “Ganjaman”. Lendo corrido ficava

Daniel Ganjaman, daí ficou. Helião e Negra li, Marcelo D2, Planet Hemp, sabotage, criolo, Racionais, seu Jorge, instituto entre outros projetos. você é o Dr. Dre do RaP NacioNal? Isso aí é você que tá dizendo! O Dre é um mestre e uma grande influência para mim, mas eu não me vejo como um produtor específico de RAP, tá ligado? O RAP é provavelmente o estilo musical que mais me influência (ao

3


lado do Reggae), mas gosto da idéia de poder circular em todos os estilos musicais que tenho afinidade. Vivemos no Brasil, país que tem uma cultura musical muito rica, e isso sempre estimulou muito minha formação.

4

como surgiu o coletivo instituto? O Instituto começou com o Rica Amabis e Tejo Damasceno, meus grandes parceiros de longa data. O Rica lançou um disco solo dele em 99, o “Sambadelic” pelo recém inaugurado selo da produtora de áudio que eles trabalhavam, a YB. Depois de lançar esse disco, os dois começaram a trabalhar em um projeto conjunto e já tinham o nome de Instituto. Na época eu tava colando bastante com eles pois

o “RAP é Compromisso” foi todo feito na YB e o Tejo também trampou no disco. Como a gente tava junto em outros projetos, eles me mostraram as faixas que estavam produzindo e fui dando palpite, gravando alguns instrumentos. Quando vimos, eu estava envolvido no disco todo e fui convidado a fazer parte do núcleo.

5

o que o RaP NacioNal precisa para dar um salto musical? Absolutamente nada! Na minha opinião, o RAP NACIONAL é um estilo próprio, com características extremamente originais e muito disso veio pela própria estrutura precária que sempre teve que lidar, trazendo superação e evolução no estilo. O peso de som

como “Oitavo Anjo”, do 509-E, ou de “Homem na estrada”, dos Racionais, é completamente incomparável com qualquer RAP do resto do mundo. Se quisermos soar igual o RAP feito nos Estados Unidos, o máximo que vamos conseguir é ser uma boa cópia, e eu não vejo motivo pra isso.

6

como você conheceu criolo? ele ainda era Doido? Conheco o trabalho do Criolo Doido há bastante tempo, até pela atuação expressiva que ele sempre teve na cena Hip Hop Paulistana. Lembro de ter visto ele cantando ao vivo e de ter ficado muito impressionado com sua força no palco. Só fomos apresentados mesmo quando fizemos a primeira reunião do que viria a ser o “Nó na OreRevista RaP NacioNal

45


Daniel Ganjaman

lha”, na Matilha Cultural, junto com o Marcelo Cabral, que me convidou para produzir o disco junto com ele.

7

“Nó na orelha” é um disco surrpreendente segundo a critica especializada, ele também o surpreendeu? Na primeira reunião, o Criolo começou a cantar algumas músicas, que inclusive entraram no disco, e fiquei muito surpreso, pois tinha ido encontrá-lo com a idéia de fazer um disco exclusivamente de RAP. Quando começamos a trabalhar em estúdio e o disco começou a pegar uma cara, tinha certeza que teria uma grande repercussão, mas nunca me passou pela cabeça tudo que aconteceu. Hoje, conhecendo o Criolo melhor e constatando o potencial que ele tem, fica mais fácil entender o porque desse estardalhaço todo. Se trata de um artista único, com uma força e sensibilidade que há muito tempo eu não via na música brasileira.

8

vocês acabam de voltar de uma turnê pela europa. como foi a recepção, a repercussão e as apresentações. enfim, o que vocês deixaram e o que trouxeram do velho continente? Em 2012, fizemos duas turnês internacionais e passamos por Estados Unidos, Inglaterra, França, Portugal, Alemanha, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Suíça e Itália. Nessa última turnê, tivemos ingressos esgotados em alguns países, grande repercussão na mídia e ótima recepção de público. É uma espécie de recomeço, já que o Criolo não é tão popular como é hoje no Brasil, mas as coisas tem acontecido muito mais rápido do que eu ima-

46

Revista RaP NacioNal

ginava. O “Nó na Orelha” foi lançado em toda Europa e Estados Unidos e temos escritório nos representando para shows no mundo todo. Já temos uma turnê na Europa agendada em 2013 e acredito que iremos chegar em alguns outros territórios que ainda não fomos.

9

como você se relaciona com a crítica? Muita gente acha que eu não aceito críticas ou que odeio jornalistas, o que não é verdade. Já toco fora do Brasil a muito tempo e isso me faz ter contato direto com o mercado musical do mundo todo. É triste ver como na maioria, a mídia no Brasil é preguiçosa, tendenciosa e incompetente, especialmente nos grandes veículos. É claro que tem gente muito boa trabalhando, mas por considerar o papel de um crítico musical muito importante, faço questão de denunciar quando um trabalho mal feito vem a público. Como são poucos os que denunciam e a maioria tem receio de criar inimizades, fico com essa fama de não lidar bem com críticas, mas não é bem assim.

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como você conheceu sabotage? Conheci o Sabotage via Zé Gonzales e Mano Brown, já na ocasião de produção do disco “O RAP é Compromisso”. Já tinha visto algumas aparições dele com o RZO, mas só fui conhecer o trabalho dele mais a fundo quando entramos em estúdio.

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como foi produzir o disco “o RaP é compromisso”? Ter convivido com o Sabotage e toda banca do RZO durante esse proces-

so de produção foi uma honra muito grande para mim. Foi o primeiro disco cheio de RAP que produzi e poder dirigir o Sabotage foi uma experiência única, de muito aprendizado. Sem dúvida, ele é um dos melhores MCs que eu já trabalhei e não consigo imaginar em que patamar ele estaria hoje em dia, se não tivesse sido assassinado.

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você lembra alguma história divertida junto com sabotage? Nos tornamos grandes amigos e passamos por várias situações engraçadas. Conviver com o Sabotage era sempre muito divertido e ele sempre se tornava centro das atenções onde ia, desde ambiente de cinema ou agência de publicidade até no boteco da favela. Acho que isso foi um fator determinante dele ter chegado onde chegou. Ele fazia novas amizades por onde passava e deixou muita saudade entre as pessoas que conviveu, mesmo que brevemente.

13

como foi que soube da morte do sabotage? Recebi uma ligação muito confusa da produção de show dele as 6h da manhã e corri para o hospital, junto com o Rica e o Tejo. Quando chegamos lá, encontramos as pessoas que trabalhavam com ele, a esposa e os amigos Bola e Rafa. Quando falamos com o médico, ele nos passou que a situação era muito complicada e que não tivéssemos grandes esperanças. Para mim, não tinha caído a ficha do que estava acontecendo. Por volta de 9h20 recebemos a notícia do óbito e sem dúvida, foi a pior perda da minha vida.


14

o que ele significou para o RaP NacioNal? O Sabotage teve um papel muito significativo para a música popular brasileira, especialmente o RAP. Além de ser um dos melhores MCs que o Brasil já conheceu, o fato dele ter experimentado outras possibilidades musicais com o RAP foi essencial para esse mesmo entendimento nas gerações futuras, especialmente por ser um autêntico MC do gueto, sem nunca ter sido corrompido. Muita gente não percebe, mas o RAP se permitiu experimentar muito mais depois da passagem do Sabotage pela música, e não que ele tenha sido o primeiro a fazer isso. Ele trouxe uma nova possibilidade de canções e sambas com a essência do RAP embutido em seu jeito de cantar, algo que só poderia partir de um MC. Foi um momento único para a música brasileira e lamento muito que tenha sido tão breve.

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você produziu uma linha do tempo de sua carreira com três palavras poderia ser: “otto, sabotage e criolo”. concorda? você percebe semelhanças entre esses artistas? Percebo que sou um enorme para -raio de maluco, e dou graças a Deus

por isso. São todos artistas muito talentosos e totalmente diferentes entre si, mas que tem a algo muito forte e expressivo em comum: a essência e a verdade no que estão fazendo. Me sinto abençoado!

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o que será o disco póstumo de sabotage? tem nome? Quais são as faixas e participações? O disco é um apanhado de material que ele deixou em vida. Na semana que ele faleceu, estávamos começando a trabalhar no que viria ser o disco novo. Ele foi no meu estúdio gravar na segunda, terça, quarta, quinta e faleceu na sexta. Depois disso, fiquei anos sem conseguir encostar nesse material e só fui mexer nisso quando apareceu mais faixas gravadas em outros estúdios, com outros produtores. Nós do Instituto reunimos esse material e vimos que era suficiente para produzir um disco cheio. Sobre as faixas e participações, o disco conta com produtores e MCs que estiveram presentes no trabalho do Sabotage em vida, mas decidimos não revelar mais nenhum detalhe até que o disco esteja 100% finalizado. Muito tempo se passou e por isso, algumas pessoas tiveram acesso ao material do disco. Algumas faixas vazaram totalmente inacabadas e por

se tratar de um material tão complexo, achamos que seria mais adequado preservar as informações até que o disco seja finalizado, para evitar qualquer situação que desagrade a família. Tenho muito respeito pelos familiares do Sabotage e é para ser entregue na mão deles que esse disco está sendo produzido.

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o que mais falta Daniel ganjaman conquistar? Muita coisa, Graças a Deus. Tenho 34 anos e já fiz muita coisa que me orgulho, mas tenho um caminho grande ainda pela frente e quero cada vez mais colocar o meu trabalho disponível para melhorias na cena musical e cultural do Brasil como um todo. Acho que muito pouco é feito nesse sentido e estou cada dia mais envolvido com pessoas que estão dispostas a trabalhar em função do coletivo. O grande problema é que a música no Brasil é vista exclusivamente como entretenimento e todos se esquecem da relevância cultural e o papel social que ela realmente ocupa. Isso é básico para o desenvolvimento, e está totalmente ligado a educação. O RAP certamente tem um papel fundamental nisso e quero poder colaborar e articular para o desenvolvimento da cena musical e cultural do nosso país o quanto puder. Revista RaP NacioNal

47


Tal pai, tal filh

Filhos de KL Jay herdam o talento com as pick-ups e seguem o Por Nina Fideles | Fotos Enio CĂŠsar

18


hos...…

o caminho do pai

Revista RAP NACIONAL N°8 - 2014

19


Reportagem Especial Revista RAP NACIONAL N°8

P

ara manter uma cultura

que teve sua segunda edição no

de seus nomes, de suas carreiras.

viva é preciso que as fu-

último mês de dezembro; a tra-

Vocês já têm o peso do meu nome,

turas gerações conheçam,

dicional festa das quintas-feiras

e isso não é fácil...”, ressalta.

se apropriem e também tenham

paulistanas, o Sintonia; e prepara

a capacidade de se reinventar e

para 2014 o novo “KL Jay na Bati-

passar adiante este conhecimen-

da - Vol. II – No quarto sozinho”,

to. Kleber Simões, o DJ KL Jay, 44

coletânea que reúne vários nomes

Para KL Jay, passar a cultura

anos, com certeza fez, e ainda faz,

do Rap Nacional.

adiante para seus filhos foi muito

a sua parte incentivando e ensi-

A GENÉTICA DO VINIL

natural. “Eles cresceram num

nando três dos seus sete filhos

Dos filhos, DJ Will foi o primeiro

ambiente de música, festa, DJ,

a arte da discotecagem. Mas não

a encarar o desafio. Hoje, com 26

Hip Hop - somado a uma herança

somente isso. Ele serve de inspi-

anos, começou a tocar profissio-

genética, de DNA e tal. Claro que

ração para todos os amantes do

nalmente aos 15. Já esteve nos

passei a dar uns toques depois

Hip Hop por seu carisma, atenção

palcos com diversos nomes do

que percebi que eles gostavam da

com os fãs, ideias e lógico, seus

Rap Nacional, hoje é DJ do Rael e

coisa, mas nunca os forcei a nada

riscos nos vinis e set lists. É, com

compõe o time do Sintonia. Kal-

disso”, e continua, “o conhecimen-

certeza, razão pela qual a arte da

fani, 16, começou em 2009, “ainda

to deve ser passado a todos, não

discotecagem tenha deixado de

um pouco indeciso”, como ele diz,

só aos filhos”.

ser coadjuvante e se transforma-

e hoje é DJ do grupo Pollo. E, por

do em parte essencial em qual-

fim, a iniciante Jamila, com 15,

As diferenças entre iniciar uma

quer show de rap. Com ele, os DJs

que diz ainda ter muito a praticar

carreira de DJ hoje e nos tempos

ganharam novos mundos, novos

e aprender.

em que Kleber dava os primeiros

palcos e transcenderam o estilo

passos na sua carreira são muitas.

musical, ganhando destaques em

A responsabilidade de se tornar

Hoje, podemos conceber a ideia

bailes e programas de rádios. “Es-

DJ tendo como pai e professor

de ser um profissional da disco-

tamos vivos!”, é o que ele sempre

o Dj KL Jay, pesa bastante. As

tecagem, há vinte, quinze anos,

diz, tendo a certeza que continua

comparações e as cobranças vão

era algo inimaginável. A questão

trabalhando para manter a cultu-

sempre existir. Segundo Jamila,

do acesso aos equipamentos, o

ra Hip Hop pulsante.

para ela, pesa ainda mais por ser

preconceito com a cultura Hip

mulher. Entre os prós e contras,

Hop e a relação entre os próprios

E seguir os passos do pai não tem

eles constroem sua própria cami-

DJs dificultavam, como ele conta:

sido tarefa fácil para os três filhos

nhada e expõem sua identidade.

“não tinha cartão de crédito, não

que arriscaram na profissão. É

Levando os ensinamentos profis-

se vendia equipamento usado, era

preciso fôlego e dedicação. Quan-

sionais e espirituais do KL Jay a

difícil se envolver. A maioria dos

do não está regendo os shows do

sério, passo a passo. “Sempre digo

DJs que tinham certo destaque

Racionais MC’s por todo o Brasil,

a eles: nunca sejam pretensiosos e

não passavam as informações

KL Jay organiza o “Quartz Risco

arrogantes por serem meus filhos.

sobre músicas, os canais onde se

e Batidas”, campeonato de DJs

Sejam humildes e merecedores

compravam os discos. A polícia te

20


enquadrava e não dava para dizer

ternacionais e nacionais e come-

que você era um DJ! Nem passava

cei a perceber que tentava fazer

pela cabeça tal resposta. Em casa,

tudo ouvindo música. E assim fui

minha mãe dizia que eu tinha

ficando cada vez mais perto do

que ter uma profissão, o Hip Hop

meu pai, quando fui ver, já tava

ainda não estava consolidado no

nessa”, explica Will.

país.” Muita coisa está diferente, principalmente com relação

Kalfani e Jamila são os mais

ao acesso ao conhecimento e

novos, com apenas um ano de

equipamentos, mas na opinião

diferença. Jamila conta que

dele a competição entre os DJs, a

quando viu o pai em ação, decidiu

negação da informação e falta de

ser “aquilo” também e aprender

ajuda mútua ainda existem.

a tocar Rap: “quando saíamos ele sempre colocava músicas no car-

Na casa do menino Kleber a mãe

ro para eu ouvir e falava ‘escuta

lhe cobrava uma “profissão”, na

esse som loko’ e eu perguntava

casa do pai Kleber, o incentivo é

‘quem é que esta cantando?’.

constante. Crescer vendo o pai

Depois comecei a sair com ele

tocar e ouvindo muita música fez

nas festas, Sintonia, Soweto... e

com que eles se interessassem

fui pegando gosto”. Para Kalfani

pelo universo do Hip Hop. “Meu

o contato com as pick ups desde

pai costumava me pegar no colo e

pequeno foi fundamental, mas

por para mexer nos toca discos. E

o “interesse pela música foi ter

assim fui crescendo. Meu tio Luiz

nascido com a genética de um dos

(irmão de minha mãe) tinha uma

melhores do Brasil e isso me fez

coleção legal de alguns discos in-

crescer com um peso na consciên-

“Sempre digo a eles: nunca sejam pretensiosos e arrogantes por serem meus filhos. Sejam humildes e merecedores de seus nomes, de suas carreiras. Vocês já têm o peso do meu nome, e isso não é fácil...

Revista RAP NACIONAL N°8 - 2014

21


Reportagem Especial Revista RAP NACIONAL N°8

cia de ser a evolução dele”. Will e Kalfani: Irmãos, amigos e parceiros de profissão.

sicas novamente, Kalfani se colocou à disposição, caso o grupo estivesse

Falando em evolução, a questão sobre

precisando de um DJ. Estão juntos

gerações é tema constante no meio do

desde então.

Hip Hop. Há quem goste das inova-

22

ções, das novidades, há quem não.

Na opinião de Kleber, as diferenças

Entre tantas opiniões e argumentos,

enriquecem o mundo, a vida, a arte, e os

difícil saber onde está a razão, onde

motivos para tantas posições contrárias

falta ou sobra emoção. Kalfani, por

são “ignorância, mente fechada, vaidade,

exemplo, foi alvo de críticas por per-

controle, poder. Embora o Kalfani seja meu

tencer ao grupo Pollo. Mas admite que

filho, ele não é o KL Jay, ele é o Kalfani,

na primeira vez que ouviu o som, em

e a vida é dele, não minha! As ambições,

2011, não gostou e criticou publica-

desejos, intenções são dele. Imagine se eu

mente no Facebook. E foi justamen-

o tivesse impedido de entrar no Pollo? Ele

te este comentário que deu início a

seria meu inimigo hoje, ou teria uma puta

uma conversa entre Kalfani e Adriel,

mágoa de mim, por eu impedi-lo de ser o

que perguntou porquê ele não havia

que ele quisesse ser. Infelizmente, muitos

gostado da música. Após ouvir as mú-

pais continuam a ter esse comportamento


Will atualmente é DJ do Rael.

KL Jay é considerado um dos mais radicais do grupo Racionais MC’s

que vem dos avós, bisavós, e

boas ou não. Na opinião de

por aí vai. É um circulo vicioso

Will, “a velha escola viveu

que aprisiona a maioria da po-

uma época totalmente dife-

pulação do planeta”, conclui.

rente da nova escola. Tecnologia, timbres, criatividades...

Conviver com os filhos e

Mas nova escola será uma

compartilhar informações da

velha escola também. Acredi-

profissão faz com que tanto

to que cada um precisa saber

Kleber quanto seus filhos

qual caminho quer seguir

consigam ter uma noção

ao fazer isso. O que você

mais ampla do debate, e ne-

quer mostrar com seu som, o

cessariamente, os torne mais

que você quer atingir, saber

flexíveis. Assim como todo

aonde está entrando. Muitos

estilo musical, toda cultura e

querem fazer Rap mas não

costume, o Hip Hop perpassa

sabem o que é Hip Hop. Res-

novas e diferentes gerações,

peito e educação cultural é a

e isso acarreta mudanças,

chave de tudo”.

Kalfani junto com seus parceiros do grupo Pollo, Adriel e Tomim.

Revista RAP NACIONAL N°8 - 2014

23


Reportagem Especial Revista RAP NACIONAL N°8

E

m 1987, Kleber Simões

Batida - Volume III – Equilíbrio,

realizava bailes em resi-

a busca” e “Fita Mixada Rotação

dências na zona norte de

33. Assim como, por dez anos,

São Paulo, junto com o seu até

organizou o campeonato de DJs,

hoje parceiro de grupo Edi Rock.

Hip Hop DJ. KL Jay também foi

Tape deck, fitas cassetes e alguns

apresentador do Yo MTV Raps

vinis eram os meios que faziam

e DJ residente nas conhecidas

com que as festas seguissem as

festas Soweto, Clube do Rap e há

madrugadas nas vizinhanças.

onze anos do Sintonia.

Inspirado por um vídeo com o

Ser DJ nas palavras de Kleber é

desempenho do DJ Cash Money,

“comandar uma nave que deve

se identificou e descobriu a arte

proporcionar a melhor viagem

dos toca-discos. Mas foi em

possível aos passageiros e tri-

Santo André que teve a certeza

pulantes, fazer as pessoas – que

de qual caminho seguir, presen-

estão na pista de dança, ouvin-

ciando os scratches do DJ Easy

do o rádio em casa, dirigindo,

Lee com o rapper Kool Moe Dee,

etc – irem para outro lugar,

em um show no Club House em

voltar no tempo, sonhar, chorar,

Santo Andre.

sorrir, essas coisas”.

Em 1989 um marco na história

DJ KL JAY

do Rap Nacional: Racionais MCs.

*Retirado e editado do site oficial do DJ

E desde então diversos projetos

KL Jay e trechos adicionados.

marcaram sua trajetória como a

www.djkljay.com

4P, fundada junto com o rapper Xis, e que mais tarde se tornaria uma produtora de eventos e marca de roupas. Os CDs solo “Na

J

amila sabe que os desafios que a esperam são grandes. Não apenas para se apropriar da técnica da discotecagem, mas também por ser mulher. Com 15 anos, ela inicia sua história no

cenário. Conta que tem muito ainda o que aprender, mas já afirma que quer ser bem sucedida como seu pai e seus irmãos. Ainda vamos ouvir falar muito deste nome.

DJ JAMILA 24


C

om 16 anos, Kalfani se

a verdade da vida. Aprendi a

apresentou publica-

valorizar mais as coisas, os

mente pela primeira vez

momentos bons e sei que nada

na primeira edição da festa “O

pode dar errado. Graças a Deus

futuro do Hip Hop”, realizada

tudo está ocorrendo como

na Livraria da Esquina e or-

planejado. Em 2014 tem disco

ganizada pela DJ Vivian Mar-

novo”, conta.

ques, no ano de 2009. Estava

DJ Kalfani navega por todas

meio indeciso, como ele diz,

as vertentes da música negra,

mas “sinais foram me guiando

dentre elas: o Rap Nacional e

para o caminho certo”.

internacional, Underground,

Desde sua estreia, tocou em

R&B, Funk Music, Soul, Old

casas e festas de expressão em

School RAP, Samba e Samba

São Paulo. Dividiu os palcos

Rock.

com Flow MC no ano de 2011 e desde 2012 integra o grupo

*Retirado e editado do Tumblr do DJ

Pollo. “Nesse começo aprendi

Kalfani e trechos adicionados.

muitas coisas que mudaram

DJ KALFANI

W

a minha vida e uma delas é

illiam Nascimento

Kamau, Sthefani, Diego Beatbox

Simões, o DJ Will,

e Henrick Fuentes. Durante um

começou sua carrei-

ano e meio acompanhou Mar-

ra profissional aos 15 anos. Fez

celo D2 na turnê do show “Meu

algumas aberturas no Hip Hop

Samba é Assim”. Há cinco anos

DJ e depois chegou a competir

compõe o time da festa Sintonia

em outras edições, ficando entre

e já participou de shows junto

os cinco melhores em 2004.

com Criolo, M.Sário (Pentágono),

Enquanto começava tocando

Racionais MC´s e Rael, onde está

em festas de Hip Hop na cidade

até hoje. O primeiro CD de DJ

de São Paulo, iniciava também

Will esta em fase de produção.

o grupo Simples, junto com

www.djkalfani.tumblr.com

DJ WILL Revista RAP NACIONAL N°8 - 2014

25


Reportagem Especial Revista RAP NACIONAL N°8

Kleber é um cara de muitos gos-

afiada e um pensamento sonha-

tos. Curte música de variados

dor, KL Jay acredita na força

estilos, na pista não toca apenas

do Hip Hop e no potencial de

Rap, pensa em abrir um restau-

ainda anônimos, por isso suas

rante vegetariano, ter uma frota

mixtapes e coletâneas reúnem

de carros, é adepto da acupun-

sempre um time diversificado.

tura e por aí vai. Quem teve a

Na opinião do Will, ele é “O pai

oportunidade de assistir aos

do Hip Hop! O que acredita des-

programas Yo! MTV Raps deve

de sempre, que ajudou muitas

se lembrar dos seus discursos e

pessoas a progredir, a acreditar

opiniões. O mais famoso deles

no sonho, a sonhar e realizar

foi no programa especial sobre

cada vez mais. Ele cuida do Hip

o dia da consciência negra,

Hop assim como o Hip Hop

disponível no Youtube. Com

cuida dele! Jovem, atualizado,

este vasto leque de interesses e

com essência e magia própria,

habilidades, como dizer que não

que está cada vez mais forte e

há muito que aprender com ele?

resistente! Vivo!”.

Em recente entrevista à Revista

Mesmo mantendo sua prática

Rolling Stone, KL Jay é tido

atualizada, KL Jay demonstrou

como o mais radical, entre o

certa resistência, por exemplo,

próprio grupo. Disse que não iria

quando a tecnologia do Serato

a programas como o Esquenta e

foi inserida e divulgada no

critica a “mentalidade racista e

Brasil. “Resisti por ignorância,

preconceituosa da Rede Globo”.

vaidade, poder. Supervalorizei

Sobra também para os apresen-

a ideia de tocar só com vinil,

tadores Luciano Huck e Regina

para passar uma liderança, uma

Casé. “Apenas dei minha opinião

ideologia, enquanto ia ficando

sincera, o que acredito realmen-

para trás, porque várias músi-

te. Quero ser verdadeiro, ser eu

cas já estavam sendo lançadas

mesmo, não só para os meus

somente em CD ou MP3 e DJs

filhos, para todo mundo. Com a

como King e Cia já estavam

verdade você concilia tudo cha-

usando o Serato e tocando

pa”, defende.

muito. O Brown ajudou a abrir minha mente também. Hoje

Com os pés no chão, a língua 26

toco com Serato e vinil”.

Foto: Bruno Guerreiro

O Ser KL Jay


Desde os primórdios, o melhor DJ de Hip Hop do Brasil.

E seus filhos são unânimes

E mesmo após mais de dez

quando falam sobre a atuação

anos sem lançar disco, o

de DJ KL Jay nos palcos, mas

Racionais MC’s segue com

Jamila resume: “Ele é o me-

uma agenda lotada de shows

lhor DJ do mundo!”. Ser um DJ

por todo o Brasil, continuam

de baile bem sucedido e DJ do

fortes e vivos e cada um

grupo de Rap Nacional mais

consolidando cada vez mais

importante no Brasil, tem

os projetos solos. Ao ser

suas diferenças. “No baile eu

perguntado pelo tão esperado

sou o piloto de Fórmula 1, e

novo disco do Racionais, KL

no Racionais eu sou o goleiro,

Jay é categórico: “Racionais é

tenho que sair jogando com

segredo de Estado chapa!”.

eles e não posso tomar gol, DJ KL JAY no IV Encontro Paulista de Hip Hop, em 2010.

responsa monstra”, explica,

E as ruas continuam olhando.

demonstrando também ser

Segundo KL Jay, olhando e

muito bom em analogias.

buscando a verdade. Revista RAP NACIONAL N°8 - 2014

27


Otomotive Revista RAP NACIONAL

O MERCADO FON

RAP NO Por Nina Fideles

A

opção de um artista atuar com uma

cada gravadora ou produtora atue, estas em-

Hop Cultura de Rua, que apresentou artistas

gravadora, pelo menos no cenário do

presas tem se tornado muito mais presentes

como Thaide e DJ Hum e MC Jack. Nos

Rap Nacional, ainda gera polêmicas

no cotidiano do rap. Sejam elas de empresá-

primeiros anos da década de 90, selos como

rios, ou dos próprios rappers.

a TNT estreavam com o disco de Thaíde e

e, para muitos, remete a uma condição de

DJ Hum, Baseado nas Ruas (DF), Duck Jam e

submissão do trabalho artístico ao empresário, uma relação de patrão e funcionário,

No final dos anos 80, com o início do

Nação Hip Hop, e muitos outros que viriam

e uma lógica meramente capitalista. Porém,

movimento Hip Hop no Brasil, já havia

depois. Em Brasília surgia a Discovery, que

desde o início do movimento Hip Hop no

gravadoras atuando junto com os selos

trabalhava grupos como Cirurgia Moral,

Brasil, empresários ou até mesmo rappers e

independentes. Em São Paulo, as primeiras

Câmbio Negro, Código Penal. Racionais MCs

simpatizantes da cultura, investiram e inves-

coletâneas foram lançadas por empresas que

chegaram com o Holocausto Urbano, pela

tem em selos e produtoras para organizar e

organizavam bailes blacks na cidade, como

Zimbabwe Records. E ao longo dos anos

profissionalizar o trabalho, além de lançar

a Kaskatas (Ousadia do Rap), Chic Show

muitas surgiram. Porte Ilegal, Cosa Nostra,

novos nomes no mercado. Independente da

(O Som das Ruas) e Fat Records (Situation

Zambia, Five Special, Face da Morte Produ-

opinião de cada um, e também da lógica que

Rap). A Eldorado, em 1988, lançava a Hip

ções, Trama, Discool Box, RDS Records, Sky

58


NOGRÁFICO DO

BRASIL trabalhar como gravadora no Rap Nacional.

Blue, Só Balanço, 4P, 7Taças, Raízes Discos...

passou a consumir bastante, também fizeram

Citar todas que em algum momento lança-

com que a grande mídia buscasse, ainda

ram grupos e distribuíram produtos, é tarefa

mais, representantes desta cultura em suas

REPRESENTATIVIDADE

impossível. Assim como seria impossível

programações. E o interesse pela cultura da

A Bagua surgiu há quatro anos tendo o

citar todas que estão na ativa atualmente.

periferia só tem aumentado.

rapper Edi Rock como carro chefe. O que era

Talvez a busca por profissionalização e uma

Representantes legítimos da cultura Hip Hop

conta com um amplo casting, que, além de

visão mais mercadológica que envolve o Rap

tem sido ‘agenciados’ por nomes como Bagua,

Edi Rock, traz Gregory, Crônica Mendes, Don

Nacional hoje, fizeram com que novas produ-

Boogie Naipe, 1daSul, Marola Discos, Boia

Pixote, DBS, Luiza Chao, All Star, Terra Preta,

toras, gravadoras e investimentos surgissem.

Fria... Mas não quer dizer que esteja mais

Realidade Cruel, Calado, Helião, Ice Blue, DJ

A ideia de que a população da periferia, com

fácil. Lidar com trabalhos já consolidados,

Cia, DJ Kefing, Ndee Naldinho e Tulio Dek.

o acesso à crédito e com as novas oportu-

lançar novos nomes, criar ou não uma relação

nidades geradas ao longo dos últimos anos,

com a grande mídia, romper preconceitos, são

A ideia de montar uma gravadora, segundo o

fosse uma grande parcela da população que

alguns dos desafios de quem hoje se propõe a

presidente Jairo de Andrade Netto, 31 anos, é

para ser coisa de dois a três artistas, hoje

Revista RAP NACIONAL N°9 - 2014

59


mudar a forma de gravadora tradicional, romper os estigmas e adotar

Equipe da Bagua Records sempre reunida para tomar as decisões juntos!

uma postura diferenciada de trabalho, além, é claro, de trabalhar grandes nomes do Rap Nacional. Mas não só isso. A Bagua é guiada por sonhos e ideais de Jairo, que desde menino pegava pesado na fazenda do avô, no Pará, que era o que mais trabalhava, justamente para servir de exemplo. Viveu periferia. Pois como ele mesmo afirma, o Brasil é uma grande periferia, ainda mais considerando cidades pequenas e remotas do Pará. “Quer lugar mais periferia que os lugares que eu vivi? Periferia não significa só a favela, aqui em São Paulo ou Rio de Janeiro. Vivo periferia desde que nasci”. Depois de conhecer a música “Fim de semana no parque” nunca deixou de ouvir rap. “O mais louco é você viver o rap em ambientes que não são do rap, e eu praticamente tive que viver a minha vida em ambientes que não são do rap”, declara.

“Quem sou eu pra querer mandar, desmandar na vida e trabalho de alguém. A gente trabalha junto” Jairo Andrade Netto

O significado de Bagua é um ser que não aceita dominação. “Na fazenda onde fui criado, é o boi bravo. Não adianta querer pegar, ele vai enfezar, te derrubar, te machucar. Na verdade o rap é um monte de Bagua junto. Quem sou eu para querer mandar, desmandar na vida e trabalho de alguém. A gente trabalha junto”, conta Jairo. Para ele, tudo isso só é possível porque existiram várias pessoas que há mais de vinte anos, em outro mercado, outro mundo, trabalharam e movimentaram o rap nacional. “Eu acredito que a raiz do rap sempre foi e sempre tem que ser política. O rap é uma música para poder combater. Essa é a missão do rap, só que não precisa ficar preso exclusivamente nisso”. Na hora de escolher os artistas do casting, Jairo não pode seguir apenas seu gosto pessoal, senão, segundo ele, trabalharia uma linha só. “No rap existem várias vertentes. Existe um rap da geração nova que não cresceu escutando Racionais, RZO, Ndee Naldinho, Thaíde. Quando criei a Bagua, pensei em ter um pouco da cada estilo. E cada artista tem um momento. Julgar à distância, por uma letra, é muito fácil. Todo mundo quer colocar só os defeitos, mas ninguém quer pagar conta de 60

nenhum artista. Todos eles tem contas, são seres humanos, tem alegria, tristeza, felicidades”. Já a Boogie Naipe foi pensada inicialmente para trabalhar apenas a carreira e a marca Mano Brown, mas enquanto preparava os trâmites burocráticos, foi convidada para administrar todo o trabalho dos Racionais MC’s. Eliane Dias, advogada e produtora da Boogie Naipe, nome que dará título ao CD solo de Brown, conta que desde outubro de 2012 vem atuando com as redes sociais e a partir de março de 2013 passou a estruturar a parte física, a logística do grupo. “Quando começamos, me surpreendi ao perceber que eles ficaram 25 anos atuando de forma tão tranquila. Não achei que isso fosse possível. É um grande desafio que temos. Não posso cometer falhas”, conta Eliane. Antes de pensar em lançar novos nomes, ela quer mais um ano para deixar tudo organiza-


Jairo Andrade e Black Blue em reunião com Milton Sales

do com os Racionais. “A Boogie Naipe quer encontrar artistas prontos, que sabem o que estão fazendo e tenham um mínimo de estrutura. A busca por reconhecimento artístico é muito difícil e o jovem da periferia, quando se torna cantor de rap, ganha esperança, cria novas possibilidades, e abraça as oportunidades que o rap dá”. Eliane tem um desafio a mais, mas que segundo ela, tem sido superado há mais de vinte anos: o de ser vista apenas como mulher do Mano Brown. “Ele tem uma carreira, eu tenho outra. Cada um com seu jeito particular de ser. Não somos uma coisa só. Já passei por vários ambientes, diversas situações”. Outras experiências mais antigas de gravadoras como 1daSul e Marola Discos permanecem na ativa e sobreviveram às mudanças do mercado fonográfico. Máximo José, conhecido como Marola, tem uma loja em Brasília desde 2004, e é DJ do grupo Voz Sem Medo. A história de gravadora e distribuidora começou quando ele distribuía vinis e lançou o disco de efeitos Arsenal Sônico, do DJ Tydoz, TDZ, que chegou até o volume seis. “Eu vinha com a cara e a coragem para São Paulo distribuir vinis e CDs de artistas do DF. Em Brasília tinha a CD Box e a Discovery, mas o Voz Sem Medo decidiu lançar independente”, diz Marola. Depois disso, grupos como Provérbio X, Cirurgia Moral, Vadios Loucos, Relato Bíblico, Atitude Feminina, Eclesiastes

meios de trabalho”, afirma. A 1daSul lançou

e Filosofia de Rua já foram lançados por ele.

Negredo, R.D.G, Detentos do Rap e são pro-

São 35 títulos no total.

prietários de dezenas de masters, entre elas Nill, RPW e Facção Central.

Boogie Naipe é a responsável por trabalhar as marcas Mano Brown e Racionais

A 1daSul surgiu paralela à marca de roupas homônima, do escritor e empresário Ferréz.

A rota do Rap no Brasil ficou por muito

Localizada no Capão Redondo, os primeiro

tempo entre São Paulo e Brasília. Mesmo

lançamentos foram a coletânea “Us qui são

que o eixo RJ-SP tenha as mais diversas

A Corleone Records tem dois anos de existên-

representa” e o DVD da já tradicional festa

oportunidades comerciais e midiáticas.

cia e teve seu pontapé inicial junto com dois

na Zona Sul, o 100% Favela. Ferréz acredita

Para Don, presidente da Corleone Records,

integrantes do grupo Cone Crew na capital

que o cenário hoje está mais complicado

do estado do Rio de Janeiro, as diferenças

carioca e hoje se encontra em Rio das Ostras

pelo fato de não haver autogestão e uma

culturais existem, mas o corre é o mesmo.

(RJ). Lançaram neste ano o primeiro EP da

administração eficiente. “Faltou os grupos

“São Paulo é de fato o berço do Rap Na-

gravadora, intitulado Corleone Records e o

trabalharem as carreiras. Hoje o cenário é

cional, mas há algum tempo o surgimento

Time dos Monstros, com produção de Devas-

caótico, mas não deixa de ser um fato o Rap

de grandes nomes no cenário do Rio vem

toprod. Para Don o maior desafio da grava-

Nacional ser um braço muito importante e

quebrando essa barreira. A principal dife-

dora é manter a união da equipe. “Trabalhar

útil para o avanço do crescimento das peri-

rença entre os dois mercados é o tamanho.

com música e pessoas nem sempre é fácil.

ferias. Temos dezenas de novos nomes que

O público é bem maior em São Paulo, conse-

Ideologias, ideias, ideais e sonhos são com-

vieram trabalhando de forma diferenciada

quentemente o mercado é maior”.

partilhados e confrontados constantemente,

e provaram que novos tempos pedem novos

e, às vezes esse choque de diferenças torna-se Revista RAP NACIONAL N°9 - 2014

61


Reportagem Especial Revista RAP NACIONAL N° 9

Corleone Records

inevitável. Alguns aprendem com isso, outros simplesmente ignoram os fatos. Pessoas são assim, temos que entendê-las”, afirma. O fácil acesso à internet, novas ferramentas de divulgação e uma nova forma de trabalhar da nova geração, mudou a relação do público com a música. Enquanto os downloads subiam, as vendas de CDs caiam. E mesmo assim, muitos grupos ainda não dispensaram a produção de CD em acrílico ou outro tipo de material. E existe grande parcela do público que faz questão de comprar. O empresário e DJ Marola conta que das lojas que existiam quando ele vinha para São Paulo distribuir os primeiros CDs, 99% passaram a vender roupas ou fecharam. Segundo ele, o mercado fonográfico está do jeito que está também por conta do próprio artista. “Grupos renomados ficaram muito tempo sem lançar discos e os fãs não encontram mais certos produtos. Ainda existe um mercado, pequeno, mas existe. Cada gravadora que surge, independente de qualquer coisa, surge para fortalecer. Tem que ter disco na rua, produtos girando o mercado. Hoje muitos tem condições de comprar, mas não encontram os produtos nas prateleiras”.

O escritor e empresário Ferréz, da 1DASUL

DJ Marola, proprietário da Marola Discos & Pró Vinil

QUALIFICAÇÃO DO RAP Quando resolveu deixar a linha de frente dos negócios e abrir uma gravadora no rap, Jairo tinha a ideia um pouco ilusória do discurso de união que o rap tanto prega, que aos poucos foi sendo derrubada. “Existem escritórios e escritórios. Existem escritórios que acham bom ver a Bagua movimentando, e tem uns escritórios que a Bagua gosta de ver movimentando. Mas existe a guerra fria também, que a gente sabe de escritórios que não acham tão bom. Eu particularmente fico na minha. Não precisa gostar do que a Bagua está fazendo, mas precisa respeitar quem esta trabalhando”. Mas em uma coisa todos devem concordar: O rap precisa se profissionalizar, se qualificar, alçar voos maiores. “Temos que encarar a realidade. O estúdio é pago, o produtor, a mixagem, a masterização. Quase tudo é dinheiro. Muitos sonham em aparecer em grandes programas e ganhar algum, mas tem vergonha de conquistar um objetivo simplemente para evitar o

preconceito por parte do

público e/ou amigos. Vários tentam viver do 62

Rap, mas não sabem como ou tem medo fazer

a Deus estou encontrando muitas pessoas

dinheiro com ele”, declara Don. Na opinião de

que sabem muita coisa no cenário do rap.

Ferréz, “temos talentos individuais e nenhum

Jornalistas, escritores, pessoas que trabalham

plano real e eficaz de negócio, todos procu-

com filme, fotografia etc.”. Sobre a relação da

ram respostas, mas não sabem as perguntas,

mídia com o rap nacional, Eliane diz não estar

gerenciar, organizar, vender show, gerar uma

tão preparada para dar sua opinião. “Como

cultura autossuficiente, tudo isso tem que

empresária, penso que devemos preencher

ser construído. Raramente você vê um grupo

todos os espaços, mas como mulher negra

com escritório próprio, mesmo que seja

da periferia, penso que não é bem assim, não

dentro de casa. No cenário do rock, reggae,

devemos ir de qualquer forma, tem toda uma

ou até músicas locais como o tecnobrega se

relação de resistência, ideologia. De saber que

estruturam com muita rapidez”. A 1daSul

o jovem negro não é aceito, não é compreen-

lança neste primeiro semestre o novo projeto

dido, e de pensar em como reivindicar isso na

do Negredo, Bang Africano, produzido por DJ

grande mídia. Existem rappers que conseguem

Cia, DJ Dri e Mano Brown, e também um CD

fazer isso muito bem”, conclui.

literário, chamado Vendo Verdades. “A gente quer o máximo de gente empreEliane, da Boogie Naipe, tem uma visão

gada, profissionais envolvidos, felizes,

igualmente crítica. Ela acredita que hoje os

trabalhando com rap. Conseguir fazer com

jovens estão na internet, tudo é mais rápido,

que contratantes de outros estados, de

eles começam a descobrir as coisas mais cedo

outros lugares, despertem a atenção para

e por isso estão mais exigentes. “Não tem mais

nós. Fazer com que o rap encha as casas com

como o rapper não saber das coisas. Tem que

vinte, cinquenta mil pessoas. Mas é preciso

saber muito, mas não pode ser chato. Tem

trabalhar com amor e desenvolver parcerias

que ler, saber da sua história, de onde veio, o

para obter resultados. O desafio nosso é pro-

que aconteceu no bairro onde mora. Graças

gresso para o rap”, ressalta Jairo.


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13


INDEPENDÊNCIA É O NORTE Com produção, distribuição e divulgação nas próprias mãos, grupos de rap aprendem a empreender Por Guylherme Custódio

“A

rtista independente leva no

poderia ser considerado “dependente”. E

Autossustentável

peito a responsa, tiozão, e

não era apenas o Rap. Artistas de diversos

Além de fazer com que o dinheiro circule

não vem dizer que não”. A

gêneros musicais precisavam passar por

dentro do nosso círculo, o mercado do hip

frase de Criolo na música “Lion Man” re-

um imenso funil para chegar até as gra-

-hop brasileiro cresceu sem que precisas-

sume em poucas palavras como é a rotina

vadoras e, como se sabe, o ritmo das ruas

se depender de ninguém. Antigamente era

de um artista independente no Brasil. To-

nunca foi visto com bons olhos.

bastante comum ver MCs que durante a

dos os fatores ficam sob sua responsabi-

semana precisavam ralar em um trabalho

lidade. Não basta apenas rimar, é preciso

Para os guerreiros que conseguiam pro-

“normal” para poder sustentar o sonho.

correr atrás do produtor, correr atrás de

var o seu valor, um contrato era assinado,

Atualmente já é possível viver somente

um estúdio, correr atrás da masterização,

mas beneficiando muito mais a gravadora

com o seu trabalho no hip-hop e não são

correr atrás da melhor estratégia de di-

do que o artista.

poucos que conseguiram tornar a sua

vulgação, correr atrás do ouvinte, correr,

paixão uma profissão.

correr e correr.

Hoje tem vida pra se viver

Isso é ruim? Claro que não.

Atualmente podemos dizer que as coisas

Hoje podemos comprar beats de produto-

Hoje, graças ao acesso aos meios de

são mais “fáceis”. Com acesso à internet,

res especializados no Rap, gravar em bons

produção, a conexão à internet e algumas

softwares de produção e um estúdio

estúdios que trabalham principalmente

mudanças estruturais, como na economia,

caseiro é possível construir tudo com as

com este estilo, distribuir o som por meio

os artistas conseguem fazer com que

próprias mãos e, se a música for boa, com

da internet em contato direto com os fãs,

todas as fases de produção de um CD e a

um pouco de marketing e uma grande

vender o CD de mão em mão ou por meio

venda do seu produto e imagem estejam

rede de seguidores é possível se espalhar

de plataformas como o iTunes, vender e

nas suas próprias mãos. E, melhor do

pelos ouvidos como um vírus.

vestir roupas criadas pelo próprio movi-

que isso, toda essa cadeia de produção se

mento, ler livros e revistas feitos por nós,

movimenta dentro do círculo das pessoas

Mas, é possível também envolver nesse

ter a própria mídia com blogs e sites sem

realmente envolvidas com o hip-hop.

processo uma cadeia de pessoas, que irá

precisar da imprensa, assistir clipes feitos

trabalhar em um projeto não apenas por

por produtores especializados no Rap, ter

O tempo é rei

ser dono de um meio de produção, mas

uma assessoria de imprensa e um fotógra-

Quem acompanha o hip-hop no Brasil

por trazer a sua habilidade para construir

fo responsáveis, ir a shows produzido por

sabe que há algum tempo o esquema era

algo diretamente ligado ao seu estilo. Ou

nós mesmos... Enfim, hoje o movimento

muito diferente. Na era pré-internet era

seja, o dinheiro que circula no meio é

hip-hop criou um mercado paralelo, que

preciso lutar muito para poder gravar um

criado pelo próprio meio. É o movimento

pode ser resumido em uma só frase: é

disco. Em suma, a maioria dos artistas

se movimentando.

tudo nosso! Revista Rap Nacional N°11 - 2014

13


Alguns exemplos de quem inovou e conseguiu gerir os seus próprios produtos:

Quinto Andar Com artistas que faziam e continuam fazendo história no Rap Nacional (não citaremos os nomes aqui pois eram muitos, que “só” geograficamente contava com colaboradores do Rio, São Paulo, Belo Horizonte e Curitiba), o Quinto Andar foi um dos principais grupos de Rap surgidos no período em que a internet começou a se popularizar no Brasil e se tornou um dos primeiros a distribuir suas músicas pela rede. O site do Quinto Andar marcou época no movimento ao servir como um espaço de discussão, um repositório de músicas, um palco para outras pessoas divulgarem seu trabalho e também um local para a venda da camiseta do grupo. Mais tarde, o coletivo comercializou o seu CD em bancas de jornal, driblando a indústria fonográfica ao vender o CD encartado na extinta revista “OutraCoisa”.

Slim Rimografia

Ferréz e 1daSul

Com o CD “Financeiramente Pobre”, Slim Rimo-

O escritor que em 2000 ficou

grafia fez escola com o esquema de produção

conhecido com o livro “Capão

própria e distribuição de mão em mão. E o

Pecado”, não é “apenas” um

esquema não era meramente comercial. Nas

escritor, mas também a pes-

músicas presentes no CD, Slim defendia a inde-

soa à frente da marca 1daSul.

pendência e essa forma de distribuição, sendo

Voltada para a periferia,

um dos primeiros a fazer isso no Brasil. Em

a marca é baseada em um

músicas como “Falido” e “Compre Meu Disco” o

desenvolvimento feito por

rapper, que mais tarde seria convidado ao pro-

artistas urbanos e tem os

grama televisivo “Big Brother Brasil”, fazia uma

seus produtos produzidos na

defesa da independência e já na introdução do

própria periferia, além de pa-

disco, uma narração sua vendendo o disco em

trocinar iniciativas culturais

um ônibus, mostrava um futuro para o Rap

na região. Ou seja, a 1daSul

Nacional.

veste e investe na periferia.

Tau Street Store É uma loja criada pelo baiano Tarcisio Silva, que tem como foco o comércio de produtos ligados à cultura hip -hop. Ele desenvolveu um plano de trabalho e firmou parcerias com as mais representativas empresas do segmento, que assim como ele, agem de forma independente. A loja é itinerante e esta presente nos principais eventos, feiras e shows.

14

Estúdio Maraca A evolução tecnológica fez com que produzir músicas em casa ficasse mais fácil, mas há quem busque algo mais e nesse caso é difícil encontrar estúdios especializados em Rap Nacional, ou pelo menos era. Idealizado pelo rapper Maurício DTS, o Estúdio Maraca levou algum tempo para se tornar realidade, mas hoje ele é referência no assunto, tanto que foi o escolhido pelo Racionais MCs para gravar o novo disco.


Inquérito Além de trazer rimas pesadas feitas de forma criativa, o grupo Inquérito usa a criatividade também para divulgar o seu trabalho. Unindo militância e inovação o grupo lançou o seu clipe “Um Brinde” na Semana Nacional de Combate ao Alcoolismo, tornando a música uma bandeira de combate a este vício. Outra dependência utilizada de maneira positiva pelo grupo foi a iniciativa desenvolvida no Festival Literário de Votuporanga em que a “póesia” do rapper e escritor Renan foi distribuída dentro de cápsulas, geralmente usadas para portar cocaína.

Realidade Cruel Um dos grandes ícones do Rap Nacional também aderiu a tendência do em-

Tiago Manifesto

preendedorismo e lançou

Ele começou produzindo bases para o próprio

a marca Liga Noiz. No

grupo e não demorou muito para os beats

início eram apenas alguns

caírem no gosto também de outros MCs. Assim

modelos de bonés, mas a

também aconteceu com os clipes, os primeiros

grande aceitação do pú-

foram para o Manifesto, mas o talento com o

blico fez com que o leque

vídeos fez com que isso virasse profissão. Tiago

de produtos aumentasse.

criou a Porão Vídeos e hoje acumula um cur-

Na loja virtual da marca

rículo com mais de 60 vídeoclipes de diversos

eles vendem cerca de 40

grupos do Sul do país, entre eles Elemento Sus-

modelos de bonés, além de

peito, Facínora MCs, RFL, Thiagão e Floripa MCs

camisetas e moletons.

que é o grupo que esta na capa desta edição.

GOG

CoffeeShop ConeCrew

Um dos pioneiros do Rap no Brasil

Que atire o primeiro Cone quem

foi também um dos pioneiros no

nunca viu um boné com o sím-

esquema de distribuição do “pague

bolo do grupo estampado. Mas

o quanto vale”. Com a gravação do

não é apenas boné que o grupo

CD “Cartão Postal Bomba”, no final

comercializa. Em sua loja virtual

da primeira década dos anos 2000,

é possível encontrar camisetas,

possibilitou que o disco fosse

bermudas, meias, shapes, mo-

baixado em seu site e, se o ouvinte

chilas, copos, chaveiros, cases e

julgasse necessário, poderia pagar

diversos outros produtos com a

o quanto quisesse por meio de um

marca Cone Crew.

depósito bancário.

A Cúpula Negredo

Literarua

A Loja do Negredo, localizada no coração

Editoria e loja virtual especializada

do Capão Redondo, já é uma das atrações

em rua. Atua em saraus, eventos

do bairro. Afinal, quem gosta de Rap não

literários, palestras em escolas e bi-

tem como ir ao Capão Redondo e deixar

bliotecas públicas sempre debatendo

de fazer uma visita na loja. Além de bonés

questões ligadas à cultura e educa-

e camisetas da marca própria, a Cúpula

ção, exercendo a cidadania através

Negredo vende CDs e DVDs do grupo e

da literatura. Responsável pelo

também do 100% Favela, evento organiza-

lançamento de livros como “Sabotage

do anualmente pela Cúpula Negredo, com

– Um Bom Lugar” e “O Hip-Hop Está

objetivo de arrecadar verba para a ONG

Morto” e CDs, entre eles “Corpo e

Periferia Ativa, mantida por eles.

Alma”, novo disco do Inquérito.

Revista Rap Nacional N°11 - 2014

15


MODA URBANA Pros Gangsta A identificação do Rap Gangsta com o time profissional de futebol americano, de Oakland, Califórnia, começou no final da década de 80 por influência de NWA. O rapper usava o logotipo do Raiders com tanta frequência que até parecia que era o logotipo dele mesmo, isso fez com que o Raiders fosse associado a imagem gângster, e isso permanece até hoje.

Camisa polo, suéters, regatas e bonés são algumas das opções que a New Era, única licenciada oficial do campeonato de futebol americano, 46

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principais momentos da marca em mais de 90

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anos de existência. Em 1996, o famoso diretor

do campeonato de beisebol da Major League

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Baseball). E para comemorar esse marco da

CEO da marca, Christopher H. Koch, um boné especial, o Red Yankee. O boné foi feito e Spike o vestiu durante um jogo do Yankee, pela World

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Revista RAP NACIONAL N°9 - 2014

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MODA URBANA

DJ CIA ASSINA

LINHA DE TÊNIS O modelo Beat Loko chega em seis cores diferentes e é um lançamento da Double G, uma marca criada pela já consagrada QIX Skateboards.

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urante mais de nove meses DJ Cia acompanhou de perto a criação da nova coleção de tênis da Double G, que é uma marca criada pela já consagrada QIX Skateboards. A ideia de criar um tênis que tivesse a cara do hip hop parecia um desafio, mas foi vencido pelo DJ, com apoio da equipe de profissionais experientes da Double G e QIX. “O processo de criação foi bastante complexo por ser um tênis direcionado para o hip hop, onde estamos acostumados só com marcas gringas, onde se tem uma qualidade e um desenho legal. E eu não poderia deixar sair um tênis que tivesse a cara do hip hop, mas não fosse atual e eu não gostasse”, declara DJ Cia. Essa não foi a primeira vez que DJ Cia emprestou seu bom gosto para a criação de um produto. No ano passado ele lançou uma coleção de bonés em parceria com a marca Starter e segundo ele essa uma tendência que deve crescer por aqui. “Lá fora o mundo do hip hop já vive isso. Aqui não conheço empresas que tenham investido realmente no hip hop. E essa é uma grande janela que se abre para outras empresas também fazerem grandes parcerias e dando valor aos que trabalham para a cultura hip hop, que inclusive vive um grande momento. Quero dizer que se você trabalha tem resultado”, explica. A marca Double G foi criada em 2013 e já é uma das que mais investe no hip hop. Entre as iniciativas feitas por eles está o campeonato Mic Master Brasil, que vai premiar o melhor MC de freestyle do país com um carro zero km. Os tênis da coleção assinada por DJ Cia são produzidos com materiais resistentes e possui detalhes personalizados que valorizam o design, como o “beat loko” que vem gravado no tênis. Os modelos são super estilosos e chegam ao mercado nas cores branca, vermelha, preta, marrom e caramelo.

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Os modelos chegam ao mercado nas corEs PRETA, BRANCA, VERMELHA, caramelo E MARROM.

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STREET FIGHTER V Are you ready? Prepare-se pois a maior série de jogos de luta está de volta e vai lhe proporcionar grandes emoções.

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uase uma década após o título anterior, Street Fighter V chega para contemplar os fãs com a melhor versão já lançada em todos os tempos. SF V marca o retorno triunfal de um jogo que marcou gerações e pela primeira vez na história o título não foi lançado para arcade, plataforma onde Street Fighter sempre estreou, desta vez, para alegria de uns e tristeza de outros, o jogo é exclusivo para PlayStation 4 e PC. Single Player Ao jogar Street Fighter V pela primeira vez você vai se deparar na tela inicial com o menu História, que serve como um prólogo para uma atualização futura que deve completar este modo. Este menu também trás um modo Tutorial para que os novatos e poucos que ainda não jogaram um jogo da série aprendam os primeiros passos. Outras opções são o modo Versus, onde é possível jogar um jogador contra o outro em modo off line, e há também o modo Sobrevivência, onde você luta até onde aguentar com uma única barra de energia e adquiri pontos conforme conquista vitórias, podendo gastar pontos para repor sua energia ou comprar extras. Em Treinamento você escolhe um mapa e um personagem para você e outro para servir de saco de pancadas para que você possa aprender

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e aprimorar seus golpes e combos. As outras opções do menu são relacionadas às partidas on line, que vamos detalhar mais à frente. Todas as DLCs Gratuitas O jogo lançado não é uma versão final, Street Fighter V está em constante desenvolvimento e marca o início de uma nova era e um novo modo de como a Capcom desenvolve e distribuí seus jogos. Enquanto você vai jogando e aumentando suas habilidades, a produtora continua trabalhando para aprimorar o título.

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Você agora deve estar pensando que a Capcom quer lucrar com isso, lançando um jogo incompleto para depois vender DLC, mas pelo contrário, Street Fighter V terá várias atualizações durante os próximos meses, porém, todas elas serão totalmente gratuitas. Fantástico, não? Este é o primeiro Street Fighter em que é possível receber todos os personagens pós-lançamento a partir da sua compra inicial do jogo base. Criado e pensado à longo prazo, conforme o desenvolvimento do jogo vai sendo concluído, a Capcom disponibi-


você também sofre um desfalque nos pontos conquistados, então concentre-se, pois existem milhares de jogadores experientes em algum lugar do planeta esperanto para arrancar seus pontos e ficar na sua frente no ranking. Para ampliar a parte on line de Street Fighter V, o jogo trás também acesso para Capcom Fighters Network (CFN), uma central que serve como um portal principal para o mundo on line de SFV. Neste espaço você pode ver as tabelas de pontuação da sua liga, os perfis on line, adicionar jogadores à sua lista de favoritos, selecionar rivais e enfrentar o mundo em partidas online de Rank ou Casuais. Gráficos caprichados

lizará atualizações que vão trazer as novidades e melhorias aos jogadores, ao invés de soltar tudo junto dentro dos famosos “pacotes de expansões”. Isso é um compromisso firmado entre a produtora que já tem uma agenda programada para 2016 e futuramente aos próximos anos. A primeira atualização será lançada ainda neste mês de março e trará o novo personagem Alex, o modo desafios/provas, o suporte aprimorado para o lobby on line, onde será possível convidar até oito pessoas para entrarem em um lobby on line para assistir às partidas e também a Loja, onde dentro do próprio jogo será

possível comprar conteúdo adicional para SFV, com a moeda virtual do jogo, que vamos abordar logo abaixo. Já em Junho, outra atualização trará uma expansão na História Cinematográfica do jogo que deve preencher a lacuna no modo single player. Competição online Nas partidas de rank, você participa de batalhas online contra jogadores do mundo todo e a cada vitória ganha pontos de liga para avançar na classificação mundial, mas nem tudo são flores, quando você perde uma luta,

TORNEIOS AMISTOSOS E VÁRIOS BRINDES EM SÃO PAULO

Apesar de Street Fighter V não ser um jogo de gráficos realistas como em Mortal Kombat X, ele é na minha opinião o jogo de luta mais bonito já lançado. O jogo roda em 1080p a 60fps em ambas as plataformas, os gráficos são perfeitos, os cenários ricos em detalhes e a precisão de cada movimento agrega valor à todos os personagens modelados em 3d, que mudam de expressão de acordo com cada luta e com cada golpe levado ou aplicado, a fúria ou desespero do olhar, a respiração, o cabelo balançando, o movimento dos dedos, os trajes e as marcas de cada lutador. Os cenários mais parecem pinturas, muitos deles tem elementos interativos que rendem boas surpresas no final de cada round, com certeza tudo isso rende muitos pontos para tornar este o jogo de luta do momento, a equipe gráfica realmente caprichou e a trilha sonora também está de alto nível. Street Fighter V é o melhor jogo de luta já lançado! Vai lhe render muitas e boas horas de diversão e garantir que você seja um jogador ativo por um bom tempo, seja por ser viciante ou por garantir todas as próximas atualizações e novos personagens gratuitamente. Com belíssimos gráficos, o game chega com uma jogabilidade aprimorada mas que não tira a essência da série que marcou gerações. O título é indispensável para todos os jogadores que gostam de uma boa disputa online. Confira a análise completa em nosso site: www.assimquesejoga.com.br

A Warner Bros. Brasil, em conjunto com a Capcom, movimentou os gamers de São Paulo com a primeira rodada de torneios amistosos do recém-lançado Street Fighter V. Com inscrições abertas ao público e totalmente gratuita, todos os inscritos ganharam um kit com brindes exclusivos do mais famoso jogo de luta do mundo. Os torneios aconteceram na Livraria Cultura, FNAC e Saraiva. Outros eventos devem surgir em breve. Fique atento nas redes sociais da produtora e também no nosso site www.assimquesejoga.com.br para mais informações!

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