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Laerte Temple 59 e
Foto:Arquivo
Acho que a greve acaba hoje!”
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to sossego num sábado. Será que outubro rosa é mês de dar presente para a mulher? Se ao menos ela desse alguma dica. Por que não abre logo o jogo? Pesquisei no Google e fiquei abismado com o que li sobre os meses coloridos. Fevereiro roxo é dedicado ao Alzheimer. Março lilás é câncer de colo de útero e abril azul é autismo. Mas tem também o março azul marinho, para câncer de colo retal e abril verde, para acidentes de trabalho. Não disse que ia faltar mês? Olha aí, duas cores num mês só. E também tem o maio roxo, maio amarelo e assim por diante. O quem tem a ver os meses e as cores com essas causas? Quando vi o que significa novembro azul, fiquei pasmo! É cada coisa que o povo inventa e ainda por cima chamam de campanha de conscientização. É uma violência contra os machos alfa como eu, isso sim. Não é à toa falta homem no mercado. Pensando bem, melhor prá mim. Finalmente achei Outubro Rosa: câncer de mama. Fiquei preocupado e resolvi me aprofundar no assunto. Li artigos, entrevistas e assisti vídeos sobre como fazer o autoexame e detectar nódulos apalpando os seios. Será que alguma das minhas amigas tem câncer de mama e minha esposa está querendo me alertar? O que devo fazer? Telefonar para elas? Oferecer-me para auxiliar no diagnóstico precoce? Fazia um tempão que eu não frequentava as redes sociais. Aproveitei que a patroa tinha saído e abri Instagram das amigas. Nada anormal, nenhum problema com as mamas. E cada mama! Abri o Facebook e procurei os perfis delas. Tudo tranquilo. Repararam como tem propaganda nas redes? A gente não consegue pesquisar dois perfis sem entrar anúncios na tela, os tais “pop-up”, para atrapalhar. Eu já estava ficando maluco quando resolvi acessar o perfil da minha esposa. Muitas postagens das amigas e dos parentes no perfil dela. Flores, apitos, confetes, taças, bolos. Aí eu me toquei: Outubro, Rosa. O nome da minha mulher é Rosa e dois de outubro, se não me falha a memória, é seu aniversário! Não fosse a preocupação com o eventual câncer de mama das amigas, não teria me lembrado. Êpa. Ela saiu para arrumar o cabelo, fazer pés, mãos e hoje é seu aniversário. Onde foi que eu vi aquele anúncio da Polishop? Tem promoção de Robô Aspirador de Pó e Jogo de Panelas. Vou já no shopping comprar um dos dois e embrulhar para presente. Depois é só abrir umas cervejas e pedir delivery do Habbib’s. Tenho certeza que ela vai se emocionar. Acho que a greve acaba hoje!
O homem que atirou num Lobishomem
Tony de Sousa Cineasta
Nos idos de 1905, um lugar chamado Lagoa dos Atoleiros, lá para os lados do povoado de São Sebastião, no Rio Grande do Norte, ficou totalmente inundado com as águas do rigoroso inverno daquele ano. Parecia que o sertão havia virado mar cumprindo-se a profecia do beato Antonio Conselheiro. Uma leva enorme de patos selvagens, marrecos e outros animais aquáticos tomaram conta do lugar. A notícia se espalhou pela região, atraindo caçadores locais e das regiões vizinhas. Nessa época, ao sul da cidade de Mossoró, bem distante do centro, atrás de umas caieiras de cal, havia um sítio chamado Sítio do Saco, em cujas terras morava um homem de nome Geraldo Medeiros. Além da agricultura e cuidado com uns poucos animais domésticos, Geraldo era apaixonado por caça. Adorava espingardas. Tinha sempre umas duas ou três em sua casa. Além de todo equipamento de caça. Quando tomou conhecimento de que a Lagoa dos Atoleiros estava infestada de patos e marrecos, Medeiros ficou louco. Preparou seu material de caça e na primeira oportunidade que teve foi para lá. Saiu de manhã cedinho, ainda um pouco escuro, caminhando a pé, na direção do lugar que ficava há 5 léguas de sua propriedade. Chegando no local, confirmou o que diziam os boatos. Realmente havia muitos patos selvagens, marrecos e pombas. Como bom atirador que era não foi difícil abater um grande número de aves. Deixo agora que esse causo siga através das palavras do seu autor original, o excepcional escritor Raimundo Nonato: “E aí, cuidando rápido do retorno, fez um grande molho de aves mortas, penduradas pelos pés, e entre as quais, cinco ou seis patos selvagens e outra roda das menores, amarrou tudo