Via-Sacra ao Vivo

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REPRESENTAÇÃO

DA PAIXÃO DE CRISTO



INTRODUÇÃO Leitor: Era o final de uma manhã de primavera no ano 33 da nossa era. Numa estrada de Jerusalém decorria um pequeno cortejo: um condenado à morte, escoltado por uma divisão do exército romano, encaminhava-se para um pequeno promontório rochoso chamado em aramaico Gólgota e em latim Calvário, isto é, «crânio». Esta era a última etapa de uma história conhecida por todos. Uma história iniciada no silêncio profundo da noite precedente, junto das oliveiras de um jardim denominado Getsémani, isto é «lagar para as azeitonas». Uma história que se desenrolou de modo acelerado nos palácios do poder religioso e político e que se concluiu com uma condenação à pena capital. Mas aquele condenado, Jesus de Nazaré, revelou de modo fulgurante uma outra natureza sob o perfil do seu rosto e do seu corpo de homem, o ser Filho de Deus. A cruz e a sepultura não foram o destino final daquela história, mas sim a luz da sua ressurreição e da sua glória. Durante séculos os cristãos desejaram percorrer novamente as etapas dessa Via Sacra, um itinerário rumo à colina da crucificação mas com o olhar voltado para a última meta, a luz pascal. Fizeram-no como peregrinos naquela mesma estrada de Jerusalém, mas igualmente nas suas cidades, nas suas igrejas e nas suas casas. É esse mesmo itinerário de oração que vamos percorrer nesta série de quadros. Enquanto seguirmos, de etapa em etapa, este caminho de dor e de luz, ressoarão as palavras vibrantes do apóstolo Paulo: «A morte foi tragada pela vitória. Onde está, ó morte, a tua vitória? Mas sejam dadas graças a Deus que nos dá a vitória por meio de Nosso Senhor Jesus Cristo».

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I ESTAÇÃO ACLAMAÇÃO COM RAMOS ÚLTIMA CEIA (Cena: Aclamação com Ramos) (Começa com a aclamação a Jesus. Jesus aparece de surpresa e atravessa a multidão montado num jumento enquanto algumas pessoas aclamam a sua chegada.) Multidão: (As frases que se seguem devem ser ditas de forma aleatória por várias pessoas, de forma a criar o efeito de multidão.) Hossana, Hossana ó Filho de David! Bendito seja o que vem em nome do Senhor! Bendito o Reino do nosso pai David que está a chegar! Hossana nas alturas! (Afastando-se da multidão desce do jumento e dialoga com os discípulos acerca da última ceia.) Discípulo: Mestre, onde queres que façamos os preparativos para comeres a Páscoa? Jesus: Dois de vós vão à cidade. Ao vosso encontro virá um homem trazendo um cântaro de água. Segui-o e, onde ele entrar, dizei ao dono da casa: O Mestre manda dizer: “Onde está a sala em que hei-de comer a Páscoa com os meus discípulos?” Ele mostrar-vos-á uma sala, onde deveis fazer os preparativos. (Dois discípulos retiram-se e encontram tudo tal como Jesus lhes indicara) Discípulo: O Mestre manda dizer: “Onde está a sala em que hei-de comer a Páscoa com os meus discípulos?” Dono da casa: Acompanhai-me... Aqui está sala. Ficai à vontade... Reflexão: Senhor Jesus, Tu entras em Jerusalém e todos cantam hossana, bendito aquele que vem em nome do Senhor. Tu és bendito pelos teus gestos de ternura; és bendito pelas tuas palavras de sabedoria; és bendito pelos passos que dás! Tu, Senhor, és bendito pelo teu amor sem medida. No caminho que agora iniciamos ensina-nos o Teu amor.

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(Enquanto se faz a reflexão prepara-se a sala como a segui se descreve. Os discípulos podem ser ajudados por algumas mulheres. No final Jesus aproxima-se com os restantes discípulos.) (Cena: Última Ceia) (A sala está ornamentada com panos nas paredes, e carpetes no chão. Os alimentos colocam-se em tigelas de barro, sobre uma mesa baixa, rodeada de almofadas, onde todos se sentam. Enquanto todos comem, Jesus levanta-se da mesa, tira o manto e coloca uma toalha que põe à cintura. Depois deita água numa bacia e, um a um, lava os pés aos discípulos e enxuga-os com a toalha que põe à cintura. Todos permanecem em silêncio, até que ao chegar a vez de Pedro este interrompe a cena.) Pedro: Senhor, tu é que me lavas os pés? Jesus: O que eu estou a fazer tu não o entendes por agora, mas hás-de compreendê-lo depois. Pedro: Não, ó Senhor! Tu nunca me hás-de lavar os pés? Jesus: Pedro, se Eu não te lavar, nada terás a ver comigo. Pedro: Mas, ó Senhor! Então não me laves só os pés! Lava-me também as mãos e a cabeça! Jesus: Quem tomou banho não precisa de lavar senão os pés, pois está todo limpo. E vós estais limpos mas não todos. (Depois de lavar os pés, Jesus toma o manto e põe-se de novo à mesa.) Jesus: Compreendeis o que vos fiz? (pausa) Vós chamais-me Mestre e Senhor, e dizeis bem porque o sou. Se eu, que sou Mestre e Senhor, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros. (pausa) Dei-vos o exemplo, para que, como eu fiz, vós façais também. (Cena: Anúncio da Traição de Judas - Mc 14, 17-21) (Seguidamente Jesus volta-se para o lado de Judas e prossegue) Jesus: Em verdade vos digo: um de vós há-de entregar-me, um que come comigo. Discípulos: (olham uns para os outros intrigados, e um pergunta em voz alta) Porventura sou eu? Jesus: É um dos doze, aquele que mete comigo a mão no prato. Na verdade, o Filho

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do Homem segue o seu caminho, como está escrito a Seu respeito; mas ai daquele por quem o Filho do Homem vai ser entregue! Melhor fora a esse homem não ter nascido! (Cena: Instituição da Eucaristia - Lc 22, 14-20) (De seguida, Jesus centra-se na mesa e abre os braços) Jesus: Tenho desejado ardentemente comer esta Páscoa convosco, antes de padecer, pois digo-vos que já não voltarei a comer até ter pleno cumprimento no Reino de Deus. E não voltarei a beber do fruto da videira, até chegar o Reino de Deus. Jesus: (Após breve silêncio, Jesus toma o pão e partindo-o diz:) Isto é o meu corpo, que vai ser entregue por vós; fazei isto em minha memória. (parte e distribui o pão) Jesus: (Depois de todos comerem, faz o mesmo com o cálice e diz) Este cálice é a nova aliança no meu sangue, que vai ser derramado por vós. (no fim bebe do cálice e dá aos outros a beber) Jesus (Depois de uma pausa diz) Dei-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei. (Cena: Anúncio da negação de Pedro) (Todos seguem para o Monte das Oliveiras, escutando-se uma música de fundo. A meio do percurso todos param e Jesus intervém anunciando a negação de Pedro.) Jesus: Todos ides abandonar-me, pois está escrito: Ferirei o Pastor e as ovelhas hãode dispersar-se. A vossa Fé vai fraquejar, mas depois de ressuscitar preceder-vos-ei a caminho da Galileia. Pedro: (Aproximando-se de Jesus) Mesmo que todos venham a abandonar-te, eu não te abandonarei. Jesus: Em verdade te digo, que hoje, esta noite, antes de o galo cantar duas vezes, tu me terás negado três vezes. Pedro: Mesmo que tenha de morrer contigo, não te negarei. Jesus: Pedro, Pedro…

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II ESTAÇÃO JESUS NO JARDIM DAS OLIVEIRAS A TRAIÇÃO DE JUDAS JESUS APRESENTADO NO SINÉDRIO A NEGAÇÃO DE PEDRO JESUS NA PRESENÇA DE HERODES JESUS CONDENADO NO PRETÓRIO ROMANO (De seguida voltam a encaminhar-se para o Jardim das Oliveiras, e a dada altura Jesus pára. Volta-se para os discípulos e chama Pedro, Tiago e João. Depois de dizer que se vai afastar para orar, sobe o monte que deve estar no cenário, afasta-se assim dos três discípulos que se sentam e adormecem.) Narrador: A fim de orar, Jesus e os discípulos dirigem-se para uma propriedade, de nome Getsémani, isto é, o Jardim das Oliveiras. Jesus (voltando-se para os discípulos): Ficai aqui enquanto Eu vou orar. Pedro, Tiago, João. Vinde comigo. (Desloca-se com eles até perto do local onde vai rezar) Jesus: A minha alma está numa tristeza de morte. Ficai aqui e vigiai comigo. (afasta-se um pouco de Pedro, Tiago e João e dirige-se para o local da oração. Neste momento uma luz pode focar Jesus.) Jesus (de joelhos, olhando o céu diz): Pai, se é possível, afasta de mim este cálice. Contudo, não se faça o que eu quero, mas sim o que tu queres. (Após um breve momento de oração em silêncio, Jesus levanta-se e aproxima-se dos discípulos, que entretanto adormeceram, e diz) Jesus: Nem sequer uma hora vigiaste comigo! Vigiai e orai para não cairdes em tentação; o Espírito é forte, mas a carne é fraca. Eis que o Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos pecadores. Levantai-vos! Vamos! Eis que chega o que me vai entregar. (Pausa) (Cena: Traição de Judas) (Chega Judas com os representantes dos sumos sacerdotes e os príncipes dos sacerdotes) Narrador: Ainda Ele falava, quando apareceu Judas, um dos Doze, e com ele muita gente, com espadas e varapaus, enviados pelos sumos-sacerdotes e pelos anciãos do

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povo. Então Jesus, que sabia tudo o que lhe ia acontecer, adiantou-se ao encontro deles e disse-lhe: Jesus: A quem buscais? Príncipes dos Sumo sacerdotes: A Jesus de Nazaré! Jesus: Sou eu! (No momento em que o mestre pronunciou estas palavras, todos aqueles homens armados recuaram bruscamente caíram por terra, como que empurrados por uma força irresistível.) Jesus: A quem buscais? Príncipes dos Sumo sacerdotes: Buscamos Jesus de Nazaré Jesus: Já vos disse que sou eu. Se é pois a mim que buscais, deixai que se retirem os que estão comigo. (Judas aproxima-se de Jesus como um amigo intimo e saúda-o com um beijo, dizendo) Judas: Salve, Mestre! Jesus: Amigo, a que vieste? (Os soldados avançam e prendem Jesus. Pedro pega numa espada e fere um servo do Sumo sacerdote, cortando-lhe uma orelha. Então Jesus dirige-se a Pedro:) Jesus: Pedro! Mete a tua espada na bainha, pois todos quantos se servirem da espada morrerão à espada. Julgas que não posso recorrer a meu Pai? Ele imediatamente me enviaria mais de doze legiões de anjos! Mas como se cumpririam as Escrituras, segundo as quais assim deve acontecer? (Neste momento Jesus volta-se para a multidão e continua:) Jesus: Viestes prender-me com espadas e varapaus, como se eu fosse um ladrão! Todos os dias estava sentado no templo a ensinar, e não me prendestes. Mas tudo isto aconteceu, para que se cumprissem as Escrituras dos profetas. (As personagem permanecem no mesmo sítio até ao final da reflexão)

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Reflexão:O jardim com as suas oliveiras não dá alívio, nesta noite. Nada há de majestoso nesta cena a não ser a sinceridade de Jesus. De rosto por terra confessa: «A minha alma está numa tristeza de morte». Tu que acalmaste mares e gentes não podes dar agora a paz a ti mesmo. Aqueles que escolheste como companheiros, os mesmos que te prometeram fidelidade até ao fim, dormem tranquilos. (Os discípulos fogem para longe na multidão. Fica Jesus e Pedro. Judas afasta-se e Jesus é levado ao sumo sacerdote. De seguida encaminham-se para o Sinédrio.) (Cena: Acusações contra Jesus no Sinédrio) (No sinédrio estão Anás, Caifás e alguns escribas. Entretanto Jesus espera um pouco distante do Sinédrio enquanto se desenrola as acusações contra Ele). Anás: Estamos a correr um grande risco, pois todos vós sabeis o que esse Galileu, o tal Jesus, tem feito por ai. Caifás: Temos que usar a nossa influência para acabar com esse homem. Gamaliel: Precisamos encontrar um meio para acabar com ele, mas tem que ser dentro da lei. Anás: Ele está a tornar-se perigoso. Muita gente já simpatiza com ele. (Apressadamente, entram em cena alguns fariseus preocupados) Escriba 1: Eminência, temos sérias denúncias a fazer. Caifás: Entrem. Acalmem-se. O que vos preocupa? Escriba 2: Eminência, há dois dias que ouvimos a pregação de Jesus e ele está a dizer coisas absurdas sobre a nossa lei. Escriba 3: Ouvimo-lo dizer que vai colocar fogo no mundo e que não veio trazer a paz, mas a espada. Escriba 1: Disse também que o Reino de Deus é dos pobres. Escriba 2: Ele não respeita o sábado, quando não se pode fazer absolutamente nada. Escriba 3: Sabe o que disse aos ricos? Que é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha que um rico entrar no Reino de Deus. Caifás: Mas isso é um absurdo! A nossa riqueza é dádiva de Deus. Os pobres são pobres porque são pecadores.

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Escriba 1: E mais, eminência! Até com uma samaritana ele conversou, já para não falar de algumas prostitutas também o acompanham. Anás: Realmente esse homem é perigoso! Precisamos de acabar com Ele para não corrermos o risco de sermos depostos de nossos tronos. (Cena: Jesus apresentado no Sinédrio) (Jesus é apresentado ao Sinédrio. O ambiente é assustador). Príncipe dos Sacerdote: Este homem disse: Posso destruir o templo de Deus e reedificálo em três dias. Sumo sacerdote: Não respondes nada? Que dizes aos que depõem contra ti? (Jesus mantém-se em silêncio, pelo que o Sumo sacerdote prossegue:) Intimo-te, pelo Deus vivo, que nos digas se és o Messias, o Filho de Deus. Jesus: Tu o dizes. E eu digo-vos: vereis um dia o Filho do Homem sentado à direita do Todo-Poderoso e vindo sobre as nuvens do céu. (O sumo sacerdote furioso rasga as suas vestes e diz:) Sumo-sacerdote: Blasfemou! Que necessidade temos, ainda, de testemunhas? Bem acabais de ouvir a blasfémia. Que vos parece? Caifás: Blasfemou: realmente não são necessárias mais testemunhas. Gamaliel: É verdade, mas ainda temos aqui algumas testemunhas que ouviram o que ele disse ao povo. Escutemo-las também. Testemunha 1: Eu vi-o fazer milagres sem a autorização dos sacerdotes. Testemunha 2: E eu vi-o com prostitutas. Testemunha 3: Quanto a mim, vi-o a condenar os ricos e a chamá-los de injustos. Testemunha 4: Eu ouvi este homem dizer que destruiria o templo e em três dias o reconstruiria. Caifás: Fala-me dos teus discípulos e da tua doutrina? Jesus: Falei publicamente ao mundo. Ensinei nas sinagogas e no templo. (Breve pausa) Nada falei às ocultas. Então porque me perguntas? Interroga aqueles que ouviram o que ensinei! Soldado: É assim que respondes ao Sumo-sacerdote? (bate em Jesus) Caifás: Não necessitamos mais de provas para condená-lo. Levem-no a Pilatos.

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(A personagens desta cena mantêm-se no mesmo sítio) Reflexão: A máquina da justiça está em movimento. Justiça sumária, aplicada em nome do Deus que perdoa e que tu nos mostraste como Deus Amor! Suprema blasfémia! (Cena: negação de Pedro) (Pedro fica perto do Sinédrio onde entretanto chega a criada) Narrador: Apoderaram-se de Jesus e levaram-no para casa do sumo sacerdote. Pedro seguia de longe. Mais tarde, Pedro sentou-se em baixo, no pátio, junto de uma fogueira, quando chegou uma das criadas do sumo-sacerdote. Criada (olha-o de frente e diz): Tu também estavas com Jesus, o Nazareno. Pedro: Não sei, nem entendo o que dizes. (Afasta-se a criada e o galo canta. Entretanto um dos que estão junto da fogueira com ele diz:) Personagem 1: Tu também és dos tais. Pedro: Não, não sou. (Outro dos presentes fixa o olhar demoradamente em Pedro e diz.) Personagem 2: Tenho a certeza de que tu és um dos que estavam com ele. Além disso também és galileu. (Então Pedro, incomodado, começa a dizer imprecações e a jurar) Pedro: Não sei o que dizeis. Não conheço esse homem de quem falais. (enquanto diz isto, o galo canta novamente) Reflexão: Que aconteceu a Pedro, a Rocha sobre a qual se edificou a Igreja? Pedro revela a sua fraqueza. Ele que tinha prometido antes morrer que renegar Jesus, envergonha-se agora da sua amizade com o Redentor diante de uma criada. Mas logo reconhece o seu triste erro e, humilhado, chora e pede perdão. O canto do galo recordará para sempre o nosso medo e a nossa fragilidade.

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(De seguida Jesus é encaminhado à presença de Pilatos pelas personagens do Sinédrio) (Cena: Jesus apresentado a Pilatos no Pretório Romano) Anás: Encontrámos este homem a agitar o nosso povo e a impedir que se pagasse o tributo a César, dizendo ser o Messias-Rei. Pilatos: Tu és o Rei dos Judeus? Jesus: Tu o dizes. Pilatos: É tua nação e o teu povo que te entregaram a mim. O que fizeste? Jesus: O meu Reino não é deste mundo. Se o meu Reino fosse deste mundo, os meus súbditos certamente teriam lutado, para que eu não fosse entregue. Pilatos: Então és mesmo o rei dos judeus? Jesus: Sim, eu sou Rei. Mas meu Reino não é deste mundo. Vim a este mundo para dar testemunho da verdade. Todo o que é da verdade ouve a minha voz. Pilatos: Que é a verdade? (...) Não respondes? Vou apenas castigá-lo e depois soltá-lo. Anás: Não pode fazer só isso. Este homem é muito perigoso, ele agita o povo, ensinando por toda a Judeia, desde a Galileia, onde começou, até aqui! Pilatos: Galileia? Se é da Galileia é da jurisdição de Herodes. Ele que resolva o problema. (Cena: Pilatos e a esposa) (Jesus é levado ao Palácio de Herodes. Entretanto a esposa de Pilatos intervém a favor de Jesus). Esposa de Pilatos: Pilatos, não julgues este homem. Já tenho ouvido falar dele e sei que é um homem justo. Pilatos: Não me digas, que és uma nova convertida? Já deixastes os deuses? Mulher de Pilatos: Não é isso Pilatos. É que este homem fala-me ao coração. Pilatos: Este problema não é nosso. É dos judeus. Não te metas neste assunto. Esposa de Pilatos: Tu é que sabes. (Cena: Jesus apresentado a Herodes) Narrador: Como por aqueles dias Herodes se encontrava em Jerusalém, imediatamente levaram Jesus à sua presença. Ao ver Jesus, Herodes ficou muito satisfeito. Havia bastante tempo que O queria ver pelo que ouvia dizer d’Ele, e esperava que fizesse algum milagre na sua presença. Herodes: O que querem?

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Anás: Trazemos-te Jesus de Nazaré, que diz ser o Rei dos Judeus. Herodes: Hum?! Jesus de Nazaré? O mágico, o que faz milagres? Caifás: Sim! Esse mesmo. Ele é um homem perigoso, que engana o povo. Herodes: Jesus faz um milagre para mim? (Jesus nada responde. Inclina a cabeça e permanece calado) Herodes: Quem te deu o poder para realizar milagres? (Jesus permanece calado) Herodes: Afinal, Jesus de Nazaré não é assim tão importante como dizem. Se ele é rei levem o meu manto, para ele reinar! (Herodes, com os seus oficiais, tratou-O com desprezo e, por troça, mandou-O cobrir com um manto magnífico e remeteu-O a Pilatos). Caifás: Então não faz nada? Não o manda condenar? Herodes: Não tenho tempo para perder com esse Jesus (olha com desprezo para Jesus). Vão-se embora. Não me incomodem. (Cena: Jesus é novamente apresentado a Pilatos no Pretório Romano) (Jesus é levado novamente ao Pretório Romano. Lá encontra-se uma grande quantidade de povo, os príncipes dos sacerdotes e os chefes e o povo) Pilatos: Herodes não encontra culpa alguma neste homem. Eu também não encontro. (A multidão faz barulho e o sumo-sacerdote sobe as escadas e manda parar a multidão) Sumo sacerdote: Acalmem-se. Não respeitam o nosso governador romano? (Barrabás é levado e colocado ao lado esquerdo de Pilatos) Pilatos: Como sabem todos os anos liberto um criminoso. Temos aqui um famoso assassino… (aponta para o lado esquerdo) Barrabás. Qual destes homens preferem

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que liberte? O assassino Barrabás ou Jesus o chamado Messias? Caifás: Ele não é o Messias! É um vigarista! Um blasfemo! Liberta antes Barrabás! Multidão: Barrabás! Queremos Barrabás! Pilatos: Volto a perguntar-vos. Qual destes devo libertar? Caifás: Liberta Barrabás! Multidão: Liberta Barrabás! Barrabás! Barrabás! (Barrabás é liberto) Pilatos: Se é vossa vontade, solto-vos Barrabás. Quanto a este, que quereis que lhe faça? Caifás: Crucifica-o! Multidão: Crucifica-o! Crucifica-o! Pilatos: Não Castigá-lo-ei! Depois vou libertá-lo! Pilatos (enquanto Jesus é levado para o fundo das escadas diz para o soldado): Certificate que o castigo é severo, mas não deixes matá-lo. (Os soldados batem em Jesus e voltam a apresentá-lo a Pilatos) Pilatos: Eis o homem! Caifás: Senhor, crucifica-o! Crucifica-o! Pilatos: Não chega ainda? Olhem para o homem! Caifás: Crucifica-o! Multidão: É isso. Crucifica-o! Crucifica-o! Pilatos: (Para os sumos sacerdotes) Querem que crucifique o vosso rei? Caifás: O nosso rei é apenas um. Não temos rei se não César. Pilatos: (dirigindo-se a Jesus) Fala comigo. Tenho poder para te crucificar ou para te libertar? Jesus: Nenhum poder terias sobre mim, se não te fosse dado do alto. Assim o maior pecado é o de quem me entregou a ti. Caifás: Se o libertares, não és amigo de César. Tens de o crucificar! Multidão: Crucifica-o! Crucifica-o! Pilatos: São vocês quem o quer crucificar! Não sou eu! Crucifiquem-no vocês!

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(Pilatos chama os soldados e ordena que façam o que as pessoas querem. Depois chama uma criada e perante a multidão lava as mãos.) Pilatos: Serva, o lavabo! Eu lavo as minhas mãos do sangue desse justo. (Uma criada traz o lavabo com água e toalha para lavar as mãos de Pilatos) Anás: Que o seu sangue caia sobre nós e nossos filhos! Reflexão: “Crucifica-o!” Este grito ecoa sempre que um ser humano é maltratado e privado dos seus direitos. Todos os dias nos comportamos como juízes, pensando que temos o direito de julgar e condenar o comportamento dos outros. Julgamos o toxicodependente e a mãe solteira, julgamos o desempregado e o emigrante, julgamos o divorciado e o casado. Julgamos toda a gente, apenas nos recusamos a ser objecto de censura e de juízo alheio. Jesus está de mãos atadas, mas sente-se livre. Por isso responde com o silêncio ao ver a hipocrisia e a indiferença daqueles que o condenam. Observação: durante esta parte do percurso, pode ser recriado um cenário da vida de Jesus. IV ESTAÇÃO JESUS É FLAGELADO E COROADO COM ESPINHOS JESUS CARREGA A CRUZ (Os soldados teceram uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça e colocaram uma cana na sua mão direita. Ajoelhando-se diante d’Ele, escarneciam-n’O.) Soldado 1: Salve, Rei dos Judeus! Soldado 2: Sua alteza. Aqui está o seu ceptro! Soldado 3: E uma coroa! Ah! Ah! Ah! Soldado 2: Sem dúvida que é uma coroa digna de um rei! Soldado 1: (batendo-lhe com a cana na cabeça, enquanto os outros lhe cuspiam) Salve, Majestade! Adivinha quem te bateu! Soldado 3: Salve, Rei dos Judeus! Já viste a tua sorte? Soldado 1: Já chega. Vamos avançar. Toma a tua cruz.

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Reflexão: O teu reino não é deste mundo! Falaste de mais! A humanidade, cega e surda à tua mensagem de salvação, procura favores, poder, sucesso, riqueza: um mundo sem sofrimento. Contudo fizemos-te sofrer a ti e fazemos sofrer tantos nossos irmãos, inclusive os não nascidos. Perdoa a nossa incoerência: choramos o teu sofrimento e fazemos sofrer para fazer prevalecer o nosso egoísmo. (Começa o percurso até ao calvário) V ESTAÇÃO JESUS CAI PELA 1ª VEZ (Jesus cambaleia e cai. Fica no chão até ao fim da reflexão, sendo no fim obrigado a levantar-se pelos soldados e a retomar a caminhada.) Reflexão: Deus não pode cair, dizemos nós... Contudo tu cais! Cais por amor! Como é duro ver-te ainda hoje nesse chão. Vejo-te no mendigo, no doente, no emigrante, e no toxicodependente! Vejo-te em todos aqueles que vivem caídos no chão da vida! Vejo-te e não faço nada! Senhor, rasga o meu coração ao amor. Observação: durante esta parte do percurso, pode ser recriado um cenário da vida de Jesus. VI ESTAÇÃO JESUS ENCONTRA A SUA MÃE JESUS É AJUDADO PELO CIRINEU (Cena: Jesus encontra sua mãe) (Maria encontra-se entre a multidão sempre ladeada por João e por Maria Madalena). Maria: (dirige-se a João) Ajuda-me a chegar perto do meu filho. Ele precisa de mim! (João ajuda-as a atravessar a multidão. Jesus cai. Maria trespassada pela dor de assistir impotente ao sofrimento e humilhação do Filho pára, de olhos fixos no céu. Não consegue encarar o seu Filho. Procura forças para aguentar. Ouvem-se gritos e Maria volta-se e dirige-se ao seu Filho. Ajoelha-se ao seu lado. Olha-O com ternura e com a mão levanta-Lhe o rosto até os seus olhos se encontrarem.)

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Maria: Meu querido Filho, estou aqui! (Com toda a carga de sentimento e agradecimento pela presença constante da mãe, Jesus olha para a mãe) Jesus: Mãe! (Silêncio) Reflexão: Cada mãe é transparência do amor, é fidelidade que não abandona. Maria é a Mãe! O seu coração está fielmente junto do coração do Filho e sofre e leva a cruz e sente na própria carne todas as feridas da carne do Filho. Maria é a Mãe! E continua a ser Mãe: para nós, para sempre! (Um soldado afasta Maria e outro mais distante pergunta:) Soldado 1: Quem é aquela? Soldado 2: É a mãe do Galileu. (O soldado olha Maria com inquietação) (Cena: Jesus é ajudado pelo cireneu) (Jesus prossegue, carregando a cruz. Jesus mais uma vez cai. Os soldados batem-lhe com cordas para que se levante. O soldado que fixou o olhar em Maria ordena que parem de bater:) Soldado 2: Parai. Estais cegos? Não vedes que Ele não tem mais forças para continuar? (Entretanto, Simão Cirineu, que regressa do trabalho dos campos carregando algum utensílio da agricultura, aproxima-se e atravessa a multidão para regressar a casa. Um soldado grita-lhe:) Soldado 1: Tu, chega cá! (Com gestos, o Cirineu faz gesto de recusa, mas soldado insiste) Cirineu: Eu obedeço, mas estou inocente, nada tenho a ver com este criminoso. Vou porque me obrigais! (Cirineu dirige-se a Jesus levanta a cruz, e durante alguns segundos ficam parados e olham-se nos olhos. Olhar de Jesus inquieta Cirineu. Continuam a andar. Cirineu acompanha Jesus até ao Calvário.)

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Reflexão: Um pobre regressa do campo, mas um estranho desfile impede-o de prosseguir. Numa rua estreita apinhada de gente, mulheres choram um condenado já sem forças. Mas o caminho tem que se fazer. Há horas a cumprir, por isso Simão, o pobre camponês é requisitado para escrever um dos mais belos capítulos da história da solidariedade humana. Gratuitamente tu conheces o peso da cruz que é pesada demais para Deus que se fez homem. Jesus necessita de solidariedade. Toda a humanidade necessita de solidariedade... (Depois do Encontro de Jesus com a mãe, Soldados bebem e batem em Jesus. O Cireneu observa aflito, coloca a cruz no chão e grita enquanto afasta os soldados, impedindo-os de continuar a bater em Jesus:) Cireneu: Parem! Parem! Deixem-no em paz! Se é para isto não carrego a cruz nem mais um passo! (Depois de uns momentos de silêncio soldado responde) Soldado 1: Vamos embora, não temos o dia todo. (Ri e cospe). VII ESTAÇÃO JESUS É ENXUGADO POR VERÓNICA (Jesus pára quase a cair e aparece Verónica abrindo caminho entre os presentes com um pano na mão e um jarro de água que, após tropeçar, se entorna pelo chão. Lentamente enxuga o rosto de Jesus e na toalha fica marcada com o seu rosto.) Narrador: A procissão do calvário ia percorrendo o seu caminho. Muitas pessoas viam mas permaneciam à distância. Uma mulher chamada Verónica, sentiu que não podia ficar indiferente e, vence o medo enfrentando os ferozes guardas romanos, e passou decididamente pela multidão. Verónica: Quão mutilado estás, Senhor! As pancadas incharam o teu rosto. No entanto, mesmo assim, com o sangue e o suor, ainda és belo! Reflexão: Banhado de suor, irrigado de sangue e coberto de escarros, o rosto de Jesus está irreconhecível! Eis que do meio da multidão surge alguém que lhe limpa o rosto. É Verónica, uma simples mulher que devolve humanidade àquele rosto de sofrimento.

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Quantas pessoas há hoje sem rosto! Quantos são empurrados para a margem da vida, no exílio do abandono, na indiferença que mata os indiferentes. De facto, só está vivo quem arde de amor e se inclina sobre Cristo que sofre e espera em quem sofre: hoje! VIII ESTAÇÃO JESUS CAI PELA 2ª VEZ (Jesus começa a andar cada vez mais devagar e sem passo certo. Cai novamente e fica no chão a descansar. Só se levanta depois de lida a reflexão.) Reflexão: Jesus cai novamente sob a cruz. Está esgotado fisicamente, mas também está ferido no seu coração. Ferido pela nossa violência; ferido pela nossa arrogância; ferido pelas nossas injustiças. Tudo isto pesa sobre ele e o faz cair novamente. Que a queda de Jesus nos faça ver as quedas de tantos nossos irmãos, caídos pelo desejo louco da humanidade se substituir a Deus sem ser Deus. IX ESTAÇÃO JESUS E AS MULHERES DE JERUSALÉM (No local encontram-se um grupo de mulheres que choram ao ver Jesus. Uma delas com um filho ao colo, outra de Joelhos, e as restantes de pé.) Jesus (volta-se para as mulheres e diz): Filhas de Jerusalém, não choreis por mim, chorai antes por vós e pelos vossos filhos! Reflexão: O pranto das mulheres de Jerusalém interrompe mais uma vez esta caminhada atroz, recordando-nos que todos somos filhos. Mas estas lágrimas são apenas uma pequena gota do rio de lágrimas vertidas pelo amor materno: mães de crucificados, mães de assassinos, mães de drogados, mães de terroristas, mães de estupradores, mães de loucos:… mas sempre mães! Todas estão ali ensinando a beleza e a exigência do amor. X ESTAÇÃO JESUS CAI PELA 3ª VEZ (Jesus cai e só se levanta depois de lida a reflexão.)

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Reflexão:À medida que a caminhada avança, a cruz torna-se mais pesada. Pesam sobre Jesus todas as injustiças e desigualdades da humanidade. Meio mundo desperdiça, enquanto o outro meio se definha. Meio mundo morre de abundância, enquanto no outro se morre de indigência. Meio mundo teme a obesidade, enquanto no outro se invoca a caridade. Senhor, ensina-nos de novo a fraternidade! Observação: durante esta parte do percurso, pode ser recriado um cenário da vida de Jesus. XI ESTAÇÃO JESUS É DESPOJADO DAS SUAS VESTES (Chegado ao lugar do Calvário, cansado, Jesus descarrega a cruz. Os soldados despemno, desnudando-o à frente de toda a multidão e maltratando-o. Esses soldados tomaram as suas vestes, das quais fizeram quatro lotes, um para cada soldado, e ficaram também com a túnica. A túnica não tinha costura: era tecida de alto a baixo como um todo.) Soldado: Não a rasguemos mas lancemos sortes para ver de quem será. Reflexão: Com a violência de ladrões, os soldados roubam a Jesus a sua túnica, da mesma forma que lhe tentam roubar a dignidade. Ele que nascera pobre, chega pobre a este momento da sua vida, coberto apenas pelo pecado da humanidade. O corpo humilhado de Jesus torna-se acusação contra todas as humilhações do corpo humano, criado por Deus como rosto da alma, e tantas vezes vendido e comprado nas calçadas das cidades, nas calçadas da televisão, nas casas que fazem de calçadas. XII ESTAÇÃO JESUS É PREGADO NA CRUZ JESUS MORRE NA CRUZ JESUS É DEPOSTO DA CRUZ JESUS É DEPOSTO NO SEPULCRO (Cena: Jesus é pregado na cruz)

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Reflexão:As marteladas dos algozes esmagam contra o madeiro da cruz as mesmas mãos que tantas vezes abençoaram e os mesmos pés que tanto caminharam, para semear esperança e amor. Porquê este preço tão oneroso? Porquê? (...) A resposta é uma só! (...) Por Amor! Narrador: Sobre a cabeça de Jesus foi colocado um letreiro (coloca-se o letreiro). Nele estava escrito: «Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus». Muitos Judeus leram esse letreiro porque o lugar onde Jesus tinha sido crucificado era perto da cidade. Estava escrito em hebraico, grego e latim. (pausa) Jesus crucificado, quase já sem forças, ainda exclama ao Pai. Jesus (olhando para Céu diz): Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem! Narrador: Os que passavam diante da cruz, tal como os sacerdotes e soldados injuriavam-no. Pessoa 1: Tu, que destruías o templo e o reedificavas em três dias, salva-te a ti mesmo! Pessoa 2: Se és Filho de Deus, desce da cruz! Sumo-sacerdotes (falando entre si em voz alta dizem): Salvou os outros e não pode salvar-se a si mesmo! Se é o rei de Israel, desça da cruz, e acreditaremos nele. Soldados: Se és o rei dos Judeus, salva-te a ti mesmo. Mau Ladrão: Não és tu o Messias? Salva-te a ti mesmo e a nós também. Bom Ladrão: Nem sequer temes a Deus, tu que sofres o mesmo suplício? Quanto a nós, fez-se justiça, pois recebemos o castigo que as nossas acções mereciam; mas ele nada praticou de condenável. Jesus, lembra-Te de mim quando estiveres no teu reino. Jesus: Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso. (Cena: Jesus, sua Mãe, a Irmã de sua Mãe, Maria Madalena e João) Narrador: Junto à cruz de Jesus estavam, de pé, sua mãe e a irmã da sua mãe, Maria, a mulher de Cleófas, e Maria Madalena. Então, Jesus, ao ver ali ao pé a sua mãe e o discípulo que Ele amava, disse à mãe: Jesus (olha a sua mãe): Mulher, eis o teu filho! Jesus (olha para João): Eis a tua mãe!

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Reflexão: Mãe, não afastes os teus olhos da minha vida. Nos meus perigos, nas minhas tristezas e nas minhas dúvidas, vem ao meu encontro mãe (Cena: Jesus morre na cruz) Narrador: E para que se cumprisse a Escritura Jesus disse: Jesus: Tenho sede! (Um dos soldados corre imediatamente, pega numa esponja embebe-a em vinagre e, fixando-a numa cana dá-lhe de beber). Jesus (com voz forte): Tudo está consumado. Eli, Eli, lemá sabactháni? Presentes: Está a chamar por Elias. Presentes: Deixa; vejamos se Elias vem salvá-lo (gargalhadas). Jesus: Eli, Eli, lemá sabactháni? (Jesus expira. Depois ouve-se um som de trovão) (O centurião e os que com ele guardavam Jesus, vendo o tremor de terra e o que está a acontecer, ficam apavorados) Centurião: Este era verdadeiramente o Filho de Deus! (todos se ajoelham) Reflexão: O delito está consumado! Jesus está morto! (...) E as chagas de Cristo reverberam no coração de Maria, visto que uma única dor abraça a Mãe com o Filho. A Piedade! Sim, a Senhora da Piedade grita, comove e fere mesmo quem já está habituado a ferir. A nós parece-nos ter compaixão de Deus mas ao contrário – e uma vez mais – é Deus que tem compaixão de nós. XIII ESTAÇÃO JESUS É DEPOSTO DA CRUZ JESUS É DEPOSTO NO SEPULCRO (Cena: Jesus é deposto da cruz)

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(Os familiares de Jesus e os seus amigos, com a ajuda de alguns soldados descem Jesus da Cruz que fica nos braços da sua mãe. Tudo é feito com muita calma e silêncio.) Reflexão: No meio do silêncio tudo parece acabado. Mas José de Arimateia, o discípulo da noite que, furtivamente seguia Jesus, agora já não teme, e em plena luz do dia, pede a Pilatos o corpo de Jesus para a sepultura. O Filho de Deus desce à mansão dos mortos para resgatar aqueles que a morte retém. A Sua luz transtorna as trevas do Inferno. A terra treme e os sepulcros se abrem. Jesus vem para libertar os justos e devolvê-los à luz da ressurreição. Ele foi tragado pela escuridão da morte, para ser devolvido à plenitude da luz e da vida. (Cena: Jesus é deposto no sepulcro) (José de Arimateia leva Jesus para um sepulcro novo da sua família) XIV ESTAÇÃO (esta estação pode ou não fazer-se) RESSURREIÇÃO Narrador: No primeiro dia da semana, ao romper da manhã, as mulheres que tinham vindo com Jesus da Galileia foram ao sepulcro, levando os perfumes que tinham preparado. Encontraram a pedra do sepulcro removida e ao entrarem não acharam o corpo do Senhor Jesus. Estando elas perplexas com o sucedido, apareceram-lhes dois homens com vestes resplandecentes. Ficaram amedrontadas e inclinaram o rosto para o chão, enquanto eles lhes diziam: Dois Homens: Porque buscais entre os mortos Aquele que está vivo? Reflexão: O nosso coração canta com júbilo, porque Jesus, depois de passar três dias e três noites no seio da terra, ressuscitou. Por isso transbordamos de alegria e felicidade com a vida nova que flui como torrente do sepulcro vazio de Cristo. Obrigado Senhor, porque no baptismo nos fizeste renascer para a vida nova que nos torna filhos do teu amor. O fogo jovem da primavera e a luz do círio pascal são sinais festivos do homem novo, limpo de todo o fermento do pecado e libertado em Cristo.

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