TFG Arquitetura - CARIM: Centro de Apoio ao Refugiado e Imigrante

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Universidade São Francisco de Assis Curso de Arquitetura e Urbanismo Trabalho Final de Graduação

CARIM centro de apoio ao refugiado e imigrante

Manuela Bueno Majdalani Orientadora Professora e Mestre Elaine Pereira da Silva

Bragança Paulista 2021



Fig.01 UNICEF/BRZ/João Laet - 2018


Fig.02 Venezuela Border Victor Moriyama 2019


Universidade São Francisco de Assis Curso de Arquitetura e Urbanismo Trabalho Final de Graduação

Centro d a p o i o a refugiado imigrant

e o E e

Manuela Bueno Majdalani O r i e n t a d o r a P r o f e s s o r a e Mestre Elaine Pereira da Silva

Bragança Paulista 2021


Fig.03 Venezuela Border Victor Moriyama 2019


Agradeço à minha mãe, Georgina, que sempre me acolheu com suas palavras, me incentivou com sua força e nunca me deixou desistir dessa jornada que é a arquitetura. Agradeço ao meu pai, Daniel, pelas inúmeras conversas sobre a vida e aprendizado absorvido, sempre apoiando minhas decisões e me orientando da melhor forma possível. Agradeço ao meu irmão, Joaquim, pela amizade e parceria de sempre, por me tirar um sorriso em momentos que a felicidade não estava tão presente. Agradeço ao meu namorado Henrique, pelo companheirismo, amor e amizade, sempre me aconselhando, ouvindo minhas hesitações e me ensinando muito. Agradeço à minha grande amiga Carol, pela sinceridade e presença de sempre. Agradeço ao fotógrafo Victor Moryama por me conceder o uso legal de suas fotos. Agradeço às minhas amigas da faculdade, Rafaeli e Mayara, pelo companheirismo, amizade e presença nos últimos semestres. Agradeço aos meus amigos Kauê, Perla e Guilherme, pela amizade desde o primeiro semestre da faculdade. Agradeço a todos os meus colegas que de alguma forma agregaram bons momentos e conhecimento na minha jornada acadêmica. Agradeço a todos os professores com quem tive aula, aprendi e me inspirei. Agradeço ao professor Marcelo, pelas ótimas aulas ministradas, sempre agregando muito conhecimento e me auxiliando com minhas inúmeras dúvidas. Agradeço a minha orientadora Elaine, pelos ensinamentos, não só acadêmicos como da vida também. Sem ela este trabalho não teria sido possível. Agradeço à Deus e ao universo por me permitir estudar, por viver uma realidade e ter oportunidades que a maioria não tem, obrigada por estar sempre nos detalhes.


Fig.04 Venezuela Border Victor Moriyama 2019


Dedico este trabalho a todas as pessoas desamparadas que estão em busca de refúgio, ansiando por uma vida digna, escapando de situações desumanas que vão muito além de sua alçada. Dedico este trabalho aos meus pais, que há 20 anos atrás, em meio a uma crise econômica onde parecia não haver saída, decidiram deixar tudo para trás e em busca de uma vida melhor, batalharam muito e construíram nosso lar aqui, no Brasil.


Fig.05 Venezuela Border Victor Moriyama 2019


“Cambia el rumbo el caminante Aunque esto le cause daño Y así como todo cambia Que yo cambie, no extraño” (Numhauser, Julio)


Fig.06 Venezuela Border Victor Moriyama 2019


O presente trabalho trata-se da problemática de refúgio que existe no mundo há muito tempo. Para propor uma metodologia de estudo e resultar em um devido projeto, foi necessário entender todo o panorama da dinâmica de imigração. Desta forma, o trabalho se estrutura numa narrativa de escalas, partindo do macro e atingindo o micro, iniciando a análise nos primórdios da humanidade, passando pelos acontecimentos mais importantes da imigração no mundo, seguido pela história das leis de refugiados no panorama mundial, entendendo as situações mundiais em relação ao refúgio, consecutivamente reduzindo a escala e analisando a situação brasileira de refúgio, dando continuidade pela cidade de São Paulo, consequentemente o recorte proposto e finalmente alcançando a escala do terreno e projeto.


sumário Fig.07 Venezuela Border Victor Moriyama 2019


Capítulo 1 - p.16 Síntese do recorte e tema abordado

capítulo 2 - p.18 Do Homo Erectus ao refugiado

capítulo 3 - p.24 Panorama atual da situação de refúgio no mundo

Capítulo 4 - p.30 Panorama da situação de refúgio no Brasil

Capítulo 5 - p.48 A cidade de São Paulo e sua formação baseada na imigramação

Capítulo 6 - p.52 Relação de Campos Elíseos com o tema de refugiados Capítulo 7 - p.58 Anáise urbana Campos Elíseos

Capítulo 8 - p.108 Premissas e análise do entorno numa escala mais aproximada

Capítulo 9 - p.142 Desenvolvimento do projeto

Síntese final do projeto - p.240

Lista de figuras e referências bibliográficas - p.242

introdução PRIMÓRDIOS DA iMIGRAÇÃO refúgio contemporâneo Refúgio brasileiro São Paulo multicultural de campos ao refúgio análise urbana premissa projeto considerações finais lista de figuras, bibliografia e anexos


Fig.08 Venezuela Border Victor Moriyama 2019


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O objetivo do presente trabalho, é propor melhores condições de vida, reintegração social, oportunidades de trabalho, acesso à cultura e lazer e direito à moradia e segurança, para as pessoas em situação de refúgio, localizadas na cidade de São Paulo -SP, Brasil. O motivo do tema tratado se deu graças ao conhecimento sobre os acontecimentos atuais na Venezuela e o grande fluxo migratório que os eventos causaram, em diversos países pelo mundo, inclusive o Brasil. Sendo a Venezuela o ponto de partida inicial do motivo do tema, foi decidido abranger às situações de refúgio de outras nacionalidades, tendo como embasamento a investigação dos fluxos migratórios da humanidade, desde os primórdios da mesma. A função do objetivo proposto, sintetíza-se em um Centro de Apoio ao Refugiado e Imigrante, localizado na cidade de São Paulo, mais especificamente no bairro Campos Elíseos. Tal local de implantaçao foi decidido com base à dados, que indicam que o bairro é um dos locais mais habitados por pessoas em situação de refúgio no município. O Centro de Apoio ao Refugiado e Imigrante contará com equipamentos de cunho social, comercial, residencial, de lazer, tendo como principal função a reintegração do refugiado na sociedade paulista e brasileira. Desta forma o alvo público abordado serão as pessoas em situação de refúgio que chegam na cidade de São Paulo por diversos meios e motivos, além de criar um equipamento público para a população da cidade.



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The purpose of this undergraduate thesis is to offer better living conditions; social reintegration; employment opportunities; culture and leisure access; housing rights and safety; for people in refugee status, in the city São Paulo - SP, Brazil. The subject’s reason occured because of the knowledge about the current events in Venezuela and the big migratory flow that these events make, in different countries around the world, including Brazil. Being Venezuela, the starting point of the subject, we also choose to include refugee status in other nationalities, based on the research of human migratory flow, since the beginning of that. The reason for the suggested subject summarizes itself in the creation of a Center for Refugee and Immigrant Support, based in São Paulo, specifically in Campos Elísios neighborhood. We have chosen that place because of the data, that the neighborhood is one of the most inhabited for people in refugee status in the city. The Center for Refugee and Immigrant Support is going to have social, business, living and recreation equipment, looking as the main roin, the reintegration of the refugee person in the paulista and brazilian society. In that way, the target audience on approach is the people on refugee status that arrive in São Paulo through different means and reasons, in addition to creating public equipment for the city people.


capítulo 1

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Fig.09 Venezuela Border Victor Moriyama 2019


introdução: do refúgio ao recorte A crise de refugiados que estamos vivenciando atualmente, segundo a ONU, é a segunda pior depois da Segunda Guerra Mundial. O Brasil tornou-se destino muito comum para diversas origens de refugiados, por conta da proximidade e divisa territorial limítrofe com alguns dos países que estão vivendo graves generalizadas violações dos direitos humanos. Além disso, outro ponto positivo para agregar na escolha do país de destino, é a facilidade para adentrar ao território e conseguir os documentos de solicitação de refúgio. Depois de Roraima e Amazonas, o estado de São Paulo é o terceiro com mais solicitações de refúgio no país, cerca de 8,5% (dados 2019, ACNUR). Esse interesse no estado acontece por diversos fatores, mas os dois mais importantes são; a existência do maior aeroporto internacional da América do Sul, Guarulhos, que permite a chegada de muitos imigrantes por trajetos aéreos, definindo sua residência na cidade de São Paulo, e também graças à capital do estado ser conhecida mundialmente pelo seu potencial econômico, atraindo os refugiados que estão à procura de melhores oportunidades de vida. A localização dos refugiados pela cidade de São Paulo, se dá principalmente na Zona Leste e Central da cidade. Portanto, o bairro de Campos Elíseos, localizado no distrito de Santa Cecília e Zona Central de São Paulo, faz-se território desse grupo social, trazendo consigo diversas problemáticas que se notam pela falta de elaboração de políticas públicas para com os refugiados. Campos Elíseos possui uma formação urbana fundamentada nas tipologias de uso misto. O bairro que a princípio era uma área rural da periferia da cidade, ganha potencial quando se torna um bairro planejado, tanto para famílias burguesas da elite cafeeira paulista, como para a classe social média, onde habitava majoritariamente edifícios de dois ou três pavimentos com comércio no térreo. A vista disso, o bairro sempre possuiu características diversificadas e heterogêneas, que foram se transformando e evoluindo em determinadas épocas, graças a alguns acontecimentos pontuais que serão descritos detalhadamente mais à frente deste trabalho. Em meados de 1960, são construídos os bairros jardins de São Paulo, convergindo a melhor infraestrutura e equipamentos de lazer da cidade, consequentemente a classe alta do município deixa a zona central de São Paulo e passa a habitar nas áreas mais afastadas, causando uma desvalorização imobiliária das áreas centrais. Como reflexo disso, na contemporaneidade do tema dos refugiados, a região converge o valor de aluguel e infraestrutura de serviços especializados mais acessíveis à esse grupo social, porém são necessárias políticas públicas para uma inserção social em todos os âmbitos, seja econômica, política ou cultural.

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capítulo 2

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Fig.10 Venezuela Border Victor Moriyama 2019


primórdios da imigração: história dos movimentos migratórios da humanidade Há cerca de 800 mil anos, o Homo Erectus foi a primeira espécie conhecida do gênero humano a migrar da África para a Ásia e a Europa, utilizando algumas das rotas disponíveis por terra, para o norte do Himalaia, que se tornou posteriormente a rota de Seda, e pela Beríngia, porção de terra firme que conectava o Alasca à Sibéria durante as glaciações. Essas migrações aconteceram pois com o desenvolvimento do polegar opositor e uma maior capacidade mental e habilidade de fazer e usar objetos, os ancestrais humanos tiveram grande adaptação e se expandiram demograficamente, conquistando de maneira progressiva novos territórios. Em seguida do Homo Erectus, a espécie Sapiens foi a que mais se expandiu, alcançando diversas regiões do planeta, inclusive lugares remotos como a Antártida (TERRA, 2021). Durante o Paleolítico e parte do Neolítico, entre os primeiros grupos humanos, era muito frequente o “nomadismo”, que consiste em: "Uma prática onde um homem ou grupos humanos vagueiam por diferentes territórios. Nesse processo de locomoção pelo espaço, essas comunidades utilizam-se dos recursos oferecidos pela natureza até esses se esgotarem. Com o fim desses recursos, esses grupos se deslocam até encontrarem outra região que ofereça as condições necessárias para a sobrevivência." (SOUSA, 2021)

Com as mudanças climáticas e o desenvolvimento das técnicas de agricultura, o nomadismo passa a ser deixado de lado e surgem comunidades sedentárias originárias das primeiras civilizações da Antiguidade. Desta forma a necessidade de migrar não ocorre mais somente por conta dos recursos oferecidos pela natureza, e sim por outros motivos, desde guerras, conflitos étnicos, perseguição religiosa, desastres naturais, ou pelo simples fato de procurar uma melhor condição de vida.

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primórdios da imigração: Principais Movimentos Migratórios da humanidade D e s d e s é c . X I I I a . C at é o s é c . X X d . C

Em XIII a.C, os israelitas escaparam da escravidão do Egisto, e foram à Palestina em busca de liberdade. Mais tarde, em IV e V d.C., os bárbaros invadem parte do Império Romano. Durante a idade média, entre VI d.C e 1500, povos se envolveram em guerras para tomar novas terras, enquanto outros foram expulsos pelos invasores. No século VII, unidos pela fé muçulmana, exércitos disseminaram sua religião deixando para trás a península Arábica, conquistando a Espanha, oeste da Ásia e norte da África. Os francos no séc. VII forçaram os saxões a ir para o norte da Europa. Entre o século IX e XI, os vikings (do norte da Europa) atacaram o oeste europeu e se fixaram por lá. Enraizados na França se tornaram conhecidos como normandos e em 1066 conquistaram a Inglaterra. O povo mongol, do centro da Ásia, conquistou grande parte do leste europeu e Ásia em cerca de 1200. Na América, Cristóvão Colombo chega em 1492 e após sua viagem ocorreram migrações de Espanhóis, Portugueses, Franceses, Ingleses e Holandeses. Surgia então a época das colonizações, onde houve um grande número de migração, sendo ela forçada ou não. Até 1800, era pequeno o número de imigrantes da Europa, sendo o maior grupo dos africanos escravizados, trazidos aos milhões para vários países da América, dentre eles o Brasil. No séc. VIII, a Revolução Industrial trouxe novas tecnologias e máquinas, fazendo com que muitas pessoas ficassem desempregadas, consequentemente ocorreram migrações em massa para diversos lugares do mundo. Após 1800, por conta das guerras, superpopulação e desastres naturais na Europa, as migrações aumentaram para a América, levando a maioria dos migrantes para os EUA, além de Canadá e América do Sul. Noruegueses, suecos e alemães se instalaram nos Estados Unidos a partir da década de 1830, e em 1840 a safra arruinada de batata na Irlanda, causando fome, fez com que muitos cidadãos fossem também para os Estados Unidos. Gregos, Italianos e europeus do leste também migraram para o país. Foram cerca de 17 milhões de europeus que migraram para os EUA entre 1880 e 1910. No início do século XX, a migração era tão grande que o governo americano precisou estabelecer cotas para limitar o número de imigrantes que ingressavam ao país, criando o Estatuto Geral da Imigração, em 1882. Após o fim da Primeira Guerra Mundial em 1918, cerca de 10 milhões de europeus foram forçados a realocar-se por conta das alterações das fronteiras. Durante a Segunda Guerra Mundial, houve um enorme deslocamento em massa, estimase que cerca de 50 a 60 milhões de europeus – por volta de 10% da população- tornaram-se deslocados, deportados ou refugiados.

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Fig.11 Venezuela Border Victor Moriyama 2019


primórdios da imigração: Consolidação do direito de refugiados no mundo No séc. XIX, na Europa, surge a preocupação com os indivíduos e a ética, por influência dos valores Cristãos. Henry Dunant, filantropo Suíço, vivenciou em 1859 o conflito armado na Batalha de Solferino, pela unificação Italiana. Dunant descreve no livro publicado “Lembranças de Solferino”, em 1862, sua experiência na guerra e a caracterização da ausência de regras, o que consequentemente gerava atrocidades e violações desumanas aos escravizados da batalha. Posteriormente, o livro serviu como base para as diretrizes do Direito Humanitário Internacional. (CICV, 2021) Ao lado do Direito Humanitário, após a Primeira Guerra mundial, foi criada a Liga das Nações, que tinha por finalidade promover a cooperação, paz e segurança internacional, e a Organização Internacional do Trabalho, que assegurava um padrão justo e digno nas condições de trabalho pelos Estados. Em 1920 houve a primeira Convenção da Liga das Nações, estabelecendo sanções econômicas e militares a serem impostas pela comunidade internacional. Desta forma, redefiniu-se a noção de soberania absoluta dos Estados, que passava a incorporar em seu conceito compromissos e obrigações de alcance internacional no que diz respeito aos direitos humanos. Entretanto, o fracasso da irrupção da Segunda Guerra Mundial determina o fim da Liga das Nações. Somente em 1945, com o fim dos conflitos e a vitória dos Aliados, as grandes nações vitoriosas promovem diversas convenções, com o intuito de reestabelecer a ordem mundial. (PIOVESAN, 2013, p 188-196) “Se a Segunda Guerra significou a ruptura com os direitos humanos, o pós-guerra deveria significar sua reconstrução” (PIOVESAN, 2013, p 192) Como resultado, é criada a ONU, Organização das Nações Unidas, que tem como principal objetivo: "A manutenção da paz e segurança internacional, o desenvolvimento de relações amistosas entre os Estados, a adoção da cooperação internacional no plano econômico, social e cultural, a adoção de um padrão internacional de saúde, a proteção ao meio ambiente, a criação de uma nova ordem econômica internacional e a proteção internacional dos direitos humanos. "(PIOVESAN, 2013, p.189)

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Fig.12 Convenção da ACNUR de 1951 - ARNI/UN archives

Em razão ao grande número de pessoas que ficou em situação de refúgio após a Segunda Guerra Mundial, foi criado por resolução da Assembléia Geral das Nações Unidas, o ACNUR, Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, tendo como base a Convenção de 1951 da ONU sobre Refugiados. No entanto, o mandato da ACNUR era vigente somente em território europeu e para pessoas afetadas na Segunda Guerra Mundial. Tendo em vista a deficiência do mandato, o Protocolo de 1967 reformou a Convenção de 1951, expandindo o mandato do ACNUR para além das fronteiras europeias e das pessoas afetadas pela guerra. Em 1995 o ACNUR é designado pela Assembleia Geral da ONU, como responsável pela assistência e proteção dos apátridas em todo o mundo. (ACNUR, 2021)

direitos dos refugiados: “Os refugiados devem ter ao menos os mesmos direitos e a mesma assistência básica recebida por qualquer outro estrangeiro que resida regularmente no país de acolhida, entre eles direitos civis básicos (como liberdade de pensamento e deslocamento, propriedade e não sujeição à tortura e a tratamentos degradantes) e direitos econômicos e sociais (como assistência médica, direito ao trabalho e educação). As pessoas refugiadas têm também obrigações, entre elas o cumprimento das leis e o respeito aos costumes do

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capítulo 3

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Fig.13 Venezuela Border Victor Moriyama 2019


r e f ú g i o c o n t e m p o r â n e o : pa n o r a m a at u a l m u n d i a l Segundo dados da ONU, constata-se que estamos vivenciando a pior crise de refugiados Pós Segunda Guerra Mundial. Segundo Luiz Braga (2011, p.08), “essa questão torna-se preocupante porque a discussão não se limita às regiões de origem dos conflitos, mas repercute por todo o planeta em função do elevado número de pessoas necessitando de proteção internacional”, portanto a temática dos refugiados passa a ser um assunto permanente e não mais um problema pontual. A migração forçada ocorre por conta de conflitos internos, guerras, perseguições políticas ou religiosas, ações de grupos terroristas e violência aos direitos humanos, ademais a consolidação do processo de globalização associado a ascensão do nacionalismo e dos conflitos étnicos ao lado dos problemas econômicos, acentuaram as contradições do encaminhamento da temática dos refugiados. (BRAGA, 2011, p.09). No decorrer da década de 1960 e 1970, uma série de movimentos nacionalistas aconteceu nas colônias africanas e asiáticas, conduzindo a sua descolonização e posteriormente a criação de novos Estados independentes no mundo, gerando grandes fluxos migratórios. 25

Na América Latina, entre 1970 e 1980 vários países (por exemplo El-Salvador, Chile, Guatemala e Nicarágua) tiveram regimes ditatoriais em seus governos, causando diversos conflitos armados por motivos políticos, o que causou um fluxo de mais de 2 milhões de refugiados. Os Estados Unidos receberam mais de 500mil dessas pessoas, porém a maioria não foi reconhecida como refugiada. Já no México e países da América Central, foram reconhecidos 150mil refugiados. Com o fim da Guerra Fria entre o final da década de 1980 e início de 1990, veio uma grande mudança no cenário internacional. A queda do socialismo e o triunfo do capitalismo, provocaram intensas transformações de ordem econômica, política e militar. Além disso, com o encerramento do conflito Leste-Oeste, deixaram de


predominar as questões envolvendo segurança internacional, e passaram a ter espaço questões como: direitos humanos, meio-ambiente, comércio internacional, narcotráfico, entre outros. Sendo assim, passa a enfatizar-se o multilateralismo como meio de solucionar os problemas de um mundo concebido agora interdependente. Nesse panorama, havia a expectativa que os conflitos no mundo acabariam, extinguindo os movimentos de refugiados. Entretanto, não foi isso que ocorreu, e surgiu um aumento dos conflitos étnicos-raciais e religiosos, resultando no aumento da população de refugiados no mundo. (MOREIRA, 2006, p.10-18) Além disso foram adicionados a esses conflitos, os combates ocorridos na Síria e Jordânia com os iranianos, e a questão dos afegãos no Irã e Paquistão. (ACNUR, 2018, p.08) Já no séc. XXI, o terremoto de magnitude 7 na escala Richter que aconteceu em 2010 no Haiti, causou um enorme deslocamento mundial, deixando um dos países mais vulneráveis da América em situação emergencial, agravando a situação de miséria, e gerando um fluxo de mais de meio milhão de pessoas. (EXAME, 2021). Em 2011 países como a Tunísia e o Egito (posteriormente a Líbia também), descontentes com o totalitarismo dos governos árabes, conduziram o início da Primavera Árabe, causando o deslocamento de 830 mil pessoas que fugiram da onda de protestos e revoluções. (UOL, 2021) Como reflexo disso, a Síria vive uma guerra que já tem mais de 10 anos de duração e está longe de ter um fim. Estima-se que cerca de 600 mil pessoas foram mortas, 13 milhões de pessoas abandonaram suas casas, migrando para o interior do território Sírio, enquanto outras 6 milhões de pessoas optaram por fugir do país.

Fig 15 - Mulheres e crianças refugiadas sírias , em Arçal no Líbano - ACNUR/Andrew McConnell -2014

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Fig.16 Venezuela Border Victor Moriyama 2019


r e f ú g i o c o n t e m p o r â n e o : pa n o r a m a at u a l m u n d i a l Segundo dados da ACNUR, até 2019, cerca de 79,5 milhões de pessoas foram forçadas a deslocar-se no mundo. Ou seja, o deslocamento afeta mais de 1% da humanidade (uma em cada 97 pessoas).

1% da população mundial está deslocada

80% das pessoas deslocadas no mundo estão em países ou territórios afetados por grave insegurança alimentar e desnutrição

73% estão em países vizinhos

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85% estão em países em desenvolvimento

68% saíram de apenas 5 países

40% das pessoas deslocadas no mundo são crianças

Dados: Global Trends 2019 - ACNUR

4,2 milhões de pessoas apátridas

2 milhões de solicitantes de refúgio (em2019)

107.800 reassentados para 26 países (em 2019)

5,6 milhões retornados (em 2019)


29 Países de origem de refugiados

Síria Venezuela Afeganistão Sudão do Sul Mianmar

Países de acolhimento

Fig.17 - Países de origem e acolhimento Dados: Global Trends 2019 - ACNUR

6,6 3,7 2,7 2,2 1,1

0

1

Turquia Colômbia Paquistão Uganda Alemanha 0

2

3

4

5

3,6

1

1,8 1,4 1,4 1,1 2

3

4 (milhão)

6

7 (milhão)

É possível observar que os países de acolhimento são países próximos territorialmente, majoritariamente que fazem divisa limítrofe com os países de origem de refugiados.


capítulo 4

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Fig.18 Venezuela Border Victor Moriyama 2019


Panorama brasileiro na imigração e refúgio

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Panorama brasileiro na imigração e refúgio A imigração tem um importante papel quando se refere no contexto de formação do Brasil, um país sustentado pela colonização europeia e migração forçada dos povos africanos para escravização, perdurando o sistema de escravidão até 1888, quando foi aprovada a Lei Áurea, que extinguiu a escravidão no Brasil (porém, não conseguiu apagar as marcas que a escravidão deixou, perpetuando os reflexos da sociedade escravocrata até os dias atuais). Com a abolição da escravidão, o trabalho livre ganhou expressão social e a imigração cresceu, atraindo diversos imigrantes, sendo a maioria europeia. Ademais, a falta de emprego provocada pela Revolução Industrial, a partir do século XVIII e XIX, e a eclosão da Primeira Guerra Mundial, foram mais motivos para que houvesse um grande deslocamento de europeus à procura de emprego. (SANTOS, 2021) A expansão cafeeira no Brasil, era vista como atrativo aos europeus que fugiam dos conflitos, em busca de melhores condições de vida e segurança. “Assim, o Brasil, e mais notadamente São Paulo, principal produtor de café, desenvolveram políticas de imigração, nas quais se insere o sistema de hospedarias, criadas para acolher imigrantes que vinham trabalhar nas lavouras e no início da indústria.” (MUSEU DA IMIGRAÇÃO, 2021) Já em 1939 a 1945, no contexto da Segunda Guerra Mundial, a crise financeira e fome generalizada, somada à destruição de cidades e baixa perspectiva de vida, fez com que a população europeia buscasse uma saída e encontram novamente a solução no Brasil.

Tratando-se da atualidade, dados do CONARE de 2019, contabilizaram cerca de 21.515 pessoas refugiadas reconhecidas no Brasil até 2019 e 161.057 solicitações de reconhecimento da solicitação de refúgio em trâmite até 2018. Só no ano de 2019 houve 82.552 solicitações de refúgio no país, sendo 53.713 somente da Venezuela.

entre 2011 e 2019, 239.706 pessoas solicitaram refúgio no País Em 2019, 82.520 imigrantes solicitaram refúgio. 31.966 foram reconhecidos 81,74% das solicitações apreciadas pelo CONARE foram registradas na região norte do Brasil, em 2019 Dados: CONARE 2019

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Fig. 19 -Solicitantes de refúgio por estado em 2019 - Produzido pela autora Dados: Relatório Conare 2019

SP

AM SP

Em relação à distribuição das solicitações de refúgio, Roraima possui 56,72% das s o l i c i ta ç õ e s , A m a z o n a s 23,38%, seguida de São Paulo com 8,5% e o restante dos estados somam 11,40% das solicitações. AM

RR

RR

Número de solicitantes d e re co n h e c i m e nto d a condição de refugiado, segundo principais países de nascimento, em 2019 no Brasil.

DEMAIS ESTADOS

Roraima e Amazonas são os estados com mais solicitações de refúgio, isso acontece graças à localização em relação às fronteiras com os países limítrofes, já que e nt ra r n o B ra s i l p o r meio do território é mais viável (financeiramente) do que outro meio de transporte. São Paulo torna-se o terceiro estado com mais solicitações de refúgio por conta de possuir o maior aeroporto internacional do país, facilitando o acesso dos refugiados que tiveram a o p o r t u n i d a d e d e c h e ga r p o r meio de transporte aéreo, além de ser internacionalmente conhecido como o estado mais desenvolvido economicamente no Brasil, atraindo os refugiados que almejam por uma oferta de emprego e melhor qualidade de vida.

o Brasil recebeu e m 2 0 1 9 solicitações de reconhecimento da condição de refugiado de pessoas provenientes de 129 países.

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L e g i s l a ç ã o b r a s i l e i r a D E r e f ú g i o AT U A L M E N T E Caracterizado pelo multiculturalismo, o Brasil se torna o país pioneiro na América do Sul na liderança de proteção internacional de imigrantes e refugiados, sendo o primeiro a assinar o Estatuto de Refugiados em 1960. (ACNUR, 2021) Em 1997, o governo Brasileiro publica a “Lei. 9.474 que estabelece o procedimento para a determinação, cessação e perda da condição de refugiado, os direitos e deveres dos solicitantes de refúgio e refugiados e as soluções duradouras para aquela população.” (PORTAL CONSULAR, 2021) Além disso, por meio da ONU e ACNUR, foi criado o CONARE, Comitê Nacional para Refugiados, sendo a autoridade brasileira oficial e responsável que decide todas as questões do âmbito de refugiados, além de analisar e decidir todas as solicitações de refúgio no Brasil. Quando é considerado refugiado no Brasil? 34 "A Lei Brasileira de Refúgio considera como refugiado todo indivíduo que sai do seu país de origem devido a fundados temores de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas imputadas, ou devido a uma situação de grave e generalizada violação de direitos humanos no seu país de origem. Considera-se que uma pessoa é perseguida quando seus direitos humanos tenham sido gravemente violados ou estão em risco de sê-lo. Isso pode acontecer, por exemplo, quando a vida, liberdade ou integridade física da pessoa corra sério risco no seu país." (PORTAL CONSULAR, 2021)

Como é feita a solicitação de refúgio no Brasil? "Para solicitar refúgio no Brasil, é preciso estar presente no território nacional. A qualquer momento após a sua chegada no Brasil, o estrangeiro que se considera vítima de perseguição em seu país de origem deve procurar uma Delegacia da Polícia Federal ou autoridade migratória na fronteira e solicitar expressamente o refúgio para adquirir a proteção do governo brasileiro. O estrangeiro que solicita refúgio no Brasil não pode ser deportado para fronteira de território onde sua vida ou liberdade estejam ameaçadas." (PORTAL CONSULAR, 2021)


As decisões relacionadas ao tema do refúgio no Brasil podem ser tomadas por três instâncias diferentes: O CONARE decide os casos de deferimento, indeferimento, cessação, perda, extinção e exepcionalmente, de arquivamento.

A COORDENAÇÃO-GERAL DO CONARE pode extinguir e arquivar alguns casos conforme disposto na Resolução Normativa n18 do Conare (com redação dada pelas Resoluções Normativas n26 e n28, ambas d o C o n a re ) e n a Re s o l u çã o Normativa n23 do Conare (com redação dada pela Resolução Normativa n28 do Conare)

O Ministério DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA decide os recursos das decisões do Comitê Nacional para os Refugiados, conforme disposto no art. 29 e art. 40 da Lei n9.474, de 22 de julho de 1997.

O que é o Conare? "O Conare – Comitê Nacional para os Refugiados – é um órgão colegiado, vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, que delibera sobre as solicitações de reconhecimento da condição de refugiado no Brasil. O Conare é constituído por representantes governamentais e não-governamentais. Pelo governo, fazem parte do Conare o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJ - presidência), o Ministério das Relações Exteriores (MRE), o Ministério da Saúde (MS), o Ministério da Educação (MEC), o Ministério da Economia (ME), e a Polícia Federal (PF). Os atuais representantes da sociedade civil (titular e suplente, respectivamente) são da Cáritas Arquidiocesanas do Rio de Janeiro e de São Paulo." (JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA, GOVERNO FEDERAL, 2021)

O que é a Coordenação-Geral do CONARE? A Coordenação-Geral do CONARE nada mais é que o setor responsável pela organização e gestão do orgão. O que é o Ministério da Justiça e Segurança Pública? "O Ministério da Justiça e Segurança Pública - MJSP é um órgão da administração pública federal direta, que tem dentre suas competências a defesa da ordem jurídica, dos direitos políticos e das garantias constitucionais; a coordenação do Sistema Único de Segurança Pública; e a defesa da ordem econômica nacional e dos direitos do consumidor. O MJSP atua também no combate ao tráfico de drogas e crimes conexos, inclusive por meio da recuperação de ativos que financiem essas atividades criminosas ou dela resultem, bem como na prevenção e combate à corrupção, à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo." (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA, GOVERNO FEDERAL, 2021)

35


Perfil socioeconômico dos refugiados no brasil Em 2019 foi realizada por meio da ACNUR e CONARE, um estudo a respeito do perfil socioeconômico dos refugiados no Brasil, como forma de subsídio para elaboração de políticas públicas para este grupo social. A síntese do estudo foi baseada nos resultados realizados por meio de 487 entrevistas, realizadas com refugiados residentes no Amazonas, Distrito Federal, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Os dados a seguir são o resultado da somatória desse estudo, com os dados da Plataforma Interativa de Decisões sobre Regúfio, que é um projeto de cooperação realizado entre a CONARE, o MSJP (Ministério da Justiça e Segurança Pública) e a ACNUR, para analisar e publicar os dados referentes às decisões de refúgio no Brasil. (todos os dados apresentados são do ano 2019)

Faixa etária

41,66%

51,31%

gênero

2,92%

1,31% 0,96%

1,81%

36

46,91% Abaixo de 5-11 4 anos anos

12-17 anos

18-29 anos

30-59 anos

53,20%

Acima de 60

MOTIVO DE INCLUSÃO

países com mais solicitações de refúgio

Grave generalizada violação dos direitos humanos Opinião política

0,55%

Grupo social

0,27%

Raça

0,10%

Religião

0,05%

Nacionalidade

0,02%

98%

Venezuela

Haiti

Cuba

1

2

3


ESTADO CIVIL

46,3%

49,2%

escolaridade 0,61% 2,66% 11,90% 49,69% 31% 1,64% 1,23% 0,20% 1%

9 5 % p r at i c a m alguma religião

}

Analfabeto Ensino fundamental incompleto Ensino fundamental completo Ensino médio completo Ensino superior completo Especialização completa Mestrado completo Doutorado completo Não informado

dos 31% de diplomados de nível superior, apenas 9,27% conseguiram revalidar seus diplomas

92,2% declaram falar português

a a lt a t a x a d e escolaridade torna-se um estímulo à c o n t i n uaç ão d o s estudos no Brasil.

"Os refugiados demonstram elevado capital linguístico e capital escolar acima da média brasileira, ou muito acima se considerarmos apenas a população brasileira negra e parda." (ACNUR, 2019)

53,66% fazem curso de português

37


COMO VIVEM OS REFÚGIADOS NO BRASIL? moradia 21,6% desses moradores de aluguel, residem em domicílios coletivos ou outro tipo de unidade partilhada.

90,58% moram de aluguel OCUPAÇÃO 5,3%

0,6% 2,78% Está trabalhando

8,62%

76,1% vivem em residências de até 4 pessoas, padrão clássico de famílias com um ou dois filhos ou um casal com parentes e/ou amigos.

Procurando trabalho

5,7%

Desocupados

19,5%

57,5%

Estudando Ocupados com afazeres domésticos Aposentados ou pensionistas Outros

4,1% dos que estão trabalhando são empregadores, empregando um ou mais trabalhadores em sua atividade laboral, seja comércio com sede física ou na própria residência, como é o caso dos que produzem alimentos para venda. 17,9% dos que estão trabalhando, trabalham por conta própria.

Ao total são 22% da amostra total que estão em atividades empresariais. "Esse dado demonstra que o empreendedorismo não é apenas um sonho, mas uma realidade. Finalmente, somando esses últimos empreendedores com aqueles que declararam i nte r e s s e e m e m p r e e n d e r, temos um alto potencial de empreendedorismo, indicando assim que a integração dos refugiados à realidade s ó c i o e co n ô m i ca b r a s i l e i r a é u m p r o ce s s o e m c u r s o . " (ACNUR, 2019)

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DISPOSIÇÃO EM EMPREENDER 79,3% AFIRMAM TER A DISPOSIÇÃO DE EMPREENDER

FATORES QUE PODEM DIFICULTAR O EMPREENDIMENTO 12,7% fato de ser estrangeiro 18,4% dificuldades com o idioma 19,7% desconhecimento de como abrir 24,3% falta de apoio técnico 78,2% falta de recursos financeiros

obstáculo para emprego 46,1% acham que o mercado de trabalho é o principal obstáculo

No entanto, há outros obstáculos citados; falta de domínio do idioma, ser estrangeiro, falta de recursos para procurar trabalho, falta de documentos, preconceito racial, deficiência na formação escolar e "não ter com quem deixar os filhos".

Uso das Habilidades Profissionais 68,2% NÃO USAM SUAS HABILIDADES PROFISSIONAIS N O S AT UA I S T R A B A L H O S 31,8% USAM SUAS HABILIDADES PROFISSIONAIS

A queda do status socioeconômico em que são submetidos os refugiados, pode ser resultado da inutilização das habilidades profissionais, já que para acessar empregos qualificados é necessário possuir diploma e apenas 9,7% dos diplomados de nível superior conseguiram validar seus diplomas.

renda domicilar mensal 20,5% possuem renda acima de R$3.000,00. enquanto que 79,5% possuem renda inferior a R$3.000,00

"67% afirmaram que não é suficiente para cobrir as despesas correntes. A principal solução à insuficiência de renda é trabalhar mais para 38,8% dos entrevistados informantes. Em seguida, temos a redução de gastos com alimentação para 22% dos entrevistados. Compras ou pagamentos a crédito e a prática de solicitar empréstimo aparecem em seguida nas respostas dos entrevistados." (ACNUR,2019)

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Vínculos com o país de origem e riscos financeiros O acompanhamento das manifestações políticas e culturais por meio da internet, demonstram a manutenção dos laços sociais com o país de origem, indicando um forte apego cultural presente por parte dos refugiados.

87,3% revelam acessar, pela internet, as manifestações ou obras artísticas (músicas, filmes, etc.) produzidas em seus países de origem.

"Dentre os 487 entrevistados, 461 refugiados afirmaram manter contato com familiares e amigos ainda residentes em seus países de origem e/ou instituições locais. Desses, 457 mantém relações com parentes, 270 com amigos e apenas 30 com instituições, revelando assim a importância das comunidades e famílias (algumas delas transnacionais) no contexto a t u a l d a s m i g r a ç õ e s , c o m o a te sta m d i v e r s o s e st u d o s s o b r e o te m a . " ( A C N U R , 2 0 1 9 )

49,9% mantém laços financeiros (enviando ou recebendo dinheiro)

69,55% envia dinheiro 24,3% recebe dinheiro

92% enviam menos que r$500,00 por mês 8% enviam mais que R$1.000,00 por mês

=

alto grau de dependência mútua e forte ligação com o país de origem Esses dados demonstram que é muito possível que a realidade de aqueles que ainda não migraram, seja muito mais difícil do que aqueles que já estão refugiados no Brasil. Desse modo, a sobrevivência daqueles que ainda não migraram, causa um impacto negativo na qualidade de vida do refugiado que já migrou, pois precisa manter a ajuda financeira para com os familiares, quando tal dinheiro enviado poderia ser usado de outras formas para seu crescimento socioeconômico.

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Direitos, Deveres e Uso de Serviços Públicos "A utilização de serviços públicos é determinada por um conjunto de fatores, dos quais os mais importantes são o conhecimento do direito de usá-los, sua visibilidade, sua qualidade e, eventualmente, a necessidade/ dependência dos refugiados em relação a eles. Contudo, a não uniformidade entre os serviços e sua qualidade variável, por vezes tanto dentro da mesma cidade quanto dentre as diversas regiões país, não permite generalizações." (ACNUR, 2019) 3 3 % d o s r e f u g i a d o s , n ã o e s tã o integrados juridicamente porque desconhecem qualquer dever ou direito ligado à sua condição

99% possuem cadastro de pessoa física

92% possuem registro nacional de estrangeiro

84% possuem carteira de trabalho

Programa Bolsa Família atende 83% da amostra

}

Por meio do CPF, RNE e Carteira de Trabalho, os refugiados garantem os mesmos direitos e deveres que os nacionais (trabalhar legalmente, alugar ou adquirir bens, habitar, abrir contas em bancos, crediários diversos etc.), com exceção dos direitos políticos. Entretanto, a maioria dos refugiados não possui o NIT (Número de identificação do trabalhador) ou o PIS (Programa de Integração Social), sendo que lhes permitiria receber o abono salarial quando seu salário mensal não ultrapassa dois salários mínimos.

Serviços públicos utilizados: Saúde 91% Educacionais 41% Assistência Social 19% Previdência 14,6%

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integração sociocultural Conforme os dados de 2019 da ACNUR do estudo do Perifl Socieconômico dos refugiados no Brasil, há um baixo nível de integração sociocultural, no entanto, há perspectivas futuras positivas em relação à permanência no Brasil.

A maioria dos refugiados são indivíduos desterrados, com muitos temores, consequentemente com dificuldades para confiar e se relacionar com pessoas que não são do seu vínculo.

71,5%

não participa nem é

membro de nenhuma associação.

dentre os 28,5% restantes que participam de uma ou mais entidades, 91% dos refugiados tem amizade com brasileiros

Isso revela um importante indicador de integração e do estabelecimento de espaços diversos de sociabilidade.

Há um número significativo de refugiados que não estão integrados socialmente, demonstrando que ainda há um caminho a percorrer para parte dos refugiados hoje instalados no Brasil.

88% conhecem músicas brasileiras

41,2% fazem parte de associações de migrantes e/ou refugiados.

76,6% participam de atividades sociais com brasileiros.

26,4% permanecem circunscritos aos seus ambientes natais e/ou domésticos, ou sem participar de atividade alguma. telenovelas e filmes brasileiros são conhecidos por 58% e 54%

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Integração Política e Cidadania 96,3% tem interesse em obter a nacionalidade brasileira " Pe r c e b e - s e a q u i o i m e n s o potencial integrativo que, combinado ao desejo de participação política, indica a confiança na integração definitiva à sociedade brasileira." (ACNUR, 2019)

80,6% revelaram o desejo de votar nos pleitos políticos brasileiros

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Fig.20 Venezuela Border Victor Moriyama 2019


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Fig.21 Foto acervo da família Villarroel Da esquerda para a direita: Yasmin, Jhoannalys, Jade, Javier, Jason 2021


f a m í l i a

v i l l a r r o e l

Em 2018, por iniciativa de Georgina Majdalani, participamos do projeto "Brasil, um país que acolhe" da ONG Fraternidade Sem Fronteiras. O projeto consistiu em acolher uma família da Venezuela que se encontrava em um refúgio da ONG, na cidade de Boa Vista em Roraima. Foram cerca de 50 voluntários residentes da cidade de Socorro, interior de São Paulo, que uniram forças e juntos construímos uma nova oportunidade de vida para esta família tão querida. A família foi escolhida pela própria ONG e utilizam o critério de nível de necessidade e carência da família, ou seja, aqueles que estão precisando de mais ajuda são os que ficam à frente da fila de espera para serem acolhidos. A ONG possui um protocolo definido, para que os responsáveis pela acolhida possam se orientar quanto às etapas que precisam ser realizadas para que a família possua condições de vida favoráveis para a prosperidade. Desta forma, foi necessário prover desde a residência onde a família moraria, móveis, eletrodomésticos, roupas, itens básicos de higiene, abastecimento de alimentos, até um possível trabalho para o casal. Uma nova vida, construída do zero, por pessoas de bem. A ONG orientou que a família fosse sustentada financeiramente em 100% dos custos durante os 6 primeiros meses, 50% dos custos nos 6 meses restantes e após 12 m e s e s d a a co l h i d a , a fa m í l i a j á d eve r i a e sta r e m co n d i çõ e s d e s e s u ste nta r s oz i n h a . Hoje, quase 3 anos após a acolhida, a família que era de 4 integrantes, tornou-se de 5. As meninas Jade (dois anos) e Yasmin (um ano) são Brasileiras, uma nasceu em Boa Vista -RR e a outra em Socorro-SP, enquanto Jayson é o filho mais velho (cinco anos) e venezuelano. Javier (32) e Jhoannalys (25) são da cidade de Tigres, em Anzoátegui na Venezuela, e os 5 moram em uma casa alugada no bairro Jardim Teixeira, em Socorro SP. A go ra i n d e p e n d e nte s f i n a n c e i ra m e nte , a l u ga ra m u m a ca s a n ova fa z p o u co te m p o, j á que a residência cedida para à chegada deles não comportava mais os 5 integrantes. Em entrevista realizada com a família, Javier e Jhoannalys contam que ambos trabalhavam na Venezuela, Javier vendia ferramentas em uma loja de construção e Jhoannalys vendia doces na rua, porém ficaram desempregados e após ficar algum tempo sem conseguir trabalho, eles decidiram mudar-se para o Brasil, procurando melhores condições de vida. Moraram 7 meses em Boa Vista, porém, por conta da quantidade de Venezuelanos que estavam habitando a cidade, era muito difícil conseguir emprego para sustentar a família e em meio às dificuldades decidiram se cadastrar na ONG Fraternidade sem Fronteiras, por meio da ajuda de uma instituição Católica. Foi graças à instituição e à ONG, que a família chegou até Socorro, em São Paulo. O casal conta que sentem falta da Venezuela, mas voltariam somente para visitar a família que ficou lá. Além disso Javier, que trabalha no mesmo emprego desde que chegou à cidade e tem crescido na empresa, diz

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que não se mudaria nunca daqui se ele visse que os filhos tem boas oportunidades e um futuro próspero. Quanto às adaptações da família na cidade de Socorro, ambos dizem que foram muito b e m r e c e b i d o s e s e m p r e m u i t o b e m t ra t a d o s p o r t o d o s . N u n c a r e l a t a ra m n e n h u m t i p o d e p re c o n c e i t o o u xe n o fo b i a p o r s e re m e s t ra n g e i ro s e c o n ta m q u e e m o u t ro s p a í s e s s a b e m q u e i s s o a c o n t e c e c o m f re q u ê n c i a , c o m o p o r exe m p l o n o Pe r u , o n d e Javier tem uma prima que relata que os peruanos tem xenofobia com os venezuelanos. A maior dificuldade que tiveram foi o idioma, explicam eles. Em Boa Vista tinham aulas de português uma ou duas vezes por semana, porém não era o bastante para aprender uma lingua nova, sendo assim Javier conta que aprenderam a falar na prática mesmo. Em relação à comida, reclamam que aqui o kilo de farinha de milho custa em média 25 reais e na Venezuela esse é o ingrediente principal para preparar um prato típico e muito comum, a Arepa, sendo assim não conseguem comer o prato com frequência, por conta do preço da farinha. Além disso eles dizem que a comida brasileira é uma "mistura", sendo que os pratos venezuelanos são mais simples e não são tão cheios. Contam que na Venezuela, comer feijoada é só nos almoços de família aos finais de semana e o nome do prato seria "Palo a pique", com a diferença que o arroz já é cozido junto com o feijão e as carnes. Ambos gostam de ouvir música gospel, já que agora seguem à religão evangélica, mas Javier conta que gosta de sertanejo, funk e também ouve reaggeton e bachata, um ritmo musical típico da República Dominicana mas muito comum em todos os países hispano falantes da América. Ambos dizem que não teriam saído da Venezuela se não tivesse havido a necessidade, pois nunca pensaram na possibilidade de mudar de país, somente para turismo, diz Javier, porém dizem que estão bem e muito felizes aqui, em Socorro. Entrevista na íntegra disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=wyuK8nQ2Bwo ou no QR Code a seguir:

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47 Fig. 22- Recepção da família ao chegar no Aeroporto Internacional Guarulhos, em São Paulo. 2018. Da esquerda para direita: Daniel, Jhoannalys, Javier, Georgina, Jason, Fátima, Jade, Humberto.


capítulo 5

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Fig.23 Venezuela Border Victor Moriyama 2019


S ã o

P a u l o

m u l t i c u l t u r a l

A cidade de São Paulo teve sua história forjada pela imigração. Quando era apenas uma vila, colonos portugueses forçaram a aculturação indígena e africana escravizada. No século XIX, a cidade era destino obrigatório para imigrantes que desembarcavam no porto de Santos, e iam às lavouras cafeeiras no interior paulista. (RATHSAM, 2021) O sistema de hospedarias criado em São Paulo, foi uma das ferramentas utilizadas nas políticas de imigração, criadas para acolher os imigrantes que vinham à trabalho nas lavouras de café. A primeira e mais famosa hotelaria, foi a “Hospedaria de Imigrantes”. Localizada no Brás e inaugurada em 1887, foi moradia de milhares de estrangeiros e brasileiros de outros estados que decidiram viver em São Paulo. Sua função principal era acolher e encaminhar os imigrantes aos novos empregos. A hospedaria funcionou por 91 anos e abrigou pessoas de mais de 70 nacionalidades. (MUSEU DA IMIGRAÇÃO, 2021) A partir de 1920, São Paulo começa a se industrializar, dispondo de capitais, mercado de trabalho e mercado consumidor, graças ao crescimento do setor do café, às ferrovias e aos imigrantes. Entre 1820 e 1949, a cidade recebe cerca de 2,5 milhões de pessoas de mais de 70 nacionalidades (mais da metade dos imigrantes que chegaram no Brasil nesse período). (RATHSAM, 2021) Atualmente, no contexto da globalização: "O perfil dos imigrantes é bastante diverso daquele visto no início do século XX. A imigração não é mais majoritariamente branca e europeia, mas é multirracial, incluindo sul-americanos, africanos, cubanos, haitianos, sírios, palestinos, chineses e coreanos. Os espaços reservados a essa imigração heterogênea também são distintos." (RATHSAM, 2021)

Fig. 24- Refugiados entrando na fronteira do Brasil - Reuters/Ricardo Moraes - 2018

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A AC N U R , e m p a rc e r i a co m a C a r i ta s A rq u i d i o c e s a n a , re a l i zo u u m e st u d o a p a r t i r d a compilação de dados dos atendimentos da Caritas no ano de 2018, na cidade de São Paulo. Ao longo de 2018, a Caritas SP atendeu mais de 6.500 pessoas em situação de refúgio ou apátridas, deste total foi possível georrefenciar 5.643 endereços. Os dados e levantamentos a seguir, são frutos desse estudo. Nacionalidades mais atendidas em 2018

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Fig. 25 - Nacionalidades mais atendidas em 2018 CONARE 2019

Angola

Venezuela

Congo

Nigéria

Síria

Das 84 nacionalidades atendidas pela Caritas em 2018, as 5 maiores representam quase 70% do total de pessoas.

75% das pessoas atendidas chegaram ao Brasil entre 1999 e 2017

25% das pessoas atendidas chegaram ao Brasil em 2018


Distribuição geral em São Paulo - 2018 A população de maior renda, deslocou-se para os bairros da região Sudeste, que conta com m a i s i n f ra e st r u t u ra d e lazer, transporte e serviços. C o n s e q u e nte m e nte , o s e d i f í c i o s s u b u t i l i za d o s que foram restando no centro, tornaram-se local de ocupação das classes mais vulneráveis, criando um território m u l t i c u l t u ra l , s e n d o o principal destino do fluxo de imigrantes e refugiados da cidade, onde encontram a maioria das redes de apoio e acolhimento. A concentração de refugiados, também se estende pela Zona Leste de São Paulo, por apresentar condições mais acessíveis de moradia. (RATHSAM, 2021)

Divisão por zonas das pessoas atendidas em 2018 Zona Leste 2794 (55%) Centro 1328 (26%) Zona Sul 492 (9,5%) Zona Norte 323 (6,5%) Zona Oeste 160 (3%) Fig. 26 - Georreferenciamento de pessoas em situação de refúgio em São Paulo atendidas pelo Caritas em 2018

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capítulo 6

52

Fig.27 Venezuela Border Victor Moriyama 2019


d e

c a m p o s

a o

r e f ú g i o

Considerando os dados apresentados anteriormente, a Zona Central da cidade de São Paulo é a segunda com mais atendimentos de pessoas em situação de refúgio em 2018, desta forma o centro torna-se território desse grupo social. Como reflexo disso, o bairro Campos Elísesos, localizado no distrito de Santa Cecília no centro do município, transformou-se um destino frequente para os refugiados, sendo então o recorte escolhido para implantar o projeto do Centro de apoio ao refugiado e imigrante.

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Fig. 28 - Foto aérea Google Earth - Campos Elíseos

História do bairro Em 1865, é implantada a estação da luz no bairro da Luz, no distrito Bom Retiro. A estação conectava a cidade de São Paulo com Santos, e tinha grande importância para a importação do país, principalmente para o café. A proximidade com a estação, além da proximidade com a área central e de fundação da cidade, tornou Campos Elíseos um bairro com grande potencial para o município de São Paulo. Em 1872 é construída a Estação Júlio Prestes, que conectava o interior do estado com a capital, gerando um grande fluxo de pessoas para aquela área. Após ser área rural da periferia da cidade, torna-se em 1878, o primeiro bairro planejado de São Paulo, tendo diversas tipologias de moradias e usos, desde sobrados com comércios no térreo e edifícios de classe média, a palacetes rebuscados onde moravam famílias burguesas da elite cafeicultora da cidade, ou seja, desde o princípio o bairro possuía características de uso misto e diversificado, sendo planejado com esse intuito.


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Fig. 29 -Trecho da planta da cidade de São Paulo pela Cia Cantareira e Esgotos, eng. Henry B. Joyner, 1881 com as primeiras ruas de Campos Eliseos ainda desocupadas.

Em 1884, foi construído no bairro o Hospital Santa Casa da Misericórdia, tornando-se o hospital mais importante do estado de São Paulo. Em 1885 o Colégio Liceu Coração de Jesus também é instalado na região.

Fig. 30 - Panorâmica tirada por Guilherme Gaensly a partir do Liceu dos Salesianos na Alameda Glete, 1911


Por conta dessa valorização da área, o bairro se torna muito interessante e como resultado disso é feita a reforma da Estação da Luz, trazendo um ar de importância e grandiosidade para o bairro. Amplificando ainda mais o potencial da área, em 1915 é instalado o Governo do Estado de São Paulo e em 1917 é implantado o Theatro São Pedro, trazendo agora um equipamento cultural para o bairro. Além disso, o Bom Retiro e Barra Funda, bairros próximos à Campos Elísios, estavam se industrializando e consequentemente gerando uma classe social de baixa renda que estava localizada nas franjas do bairro. Campos Elíseos viveu seus tempos gloriosos até a década de 1930, porém com a Grande Depressão e alavancado com a crise da quebra da Bolsa de Nova Iorque, os grandes países industrializados do mundo quebraram, desaparecendo com o consumo do café e consequentemente afetando drasticamente o Brasil e principalmente o estado de São Paulo, principal produtor de café do país, impactando diretamente a elite cafeicultora que residia no bairro, resultando na venda ou abandono dos palácios e palacetes. Graças à desvalorização do bairro e diminuição do custo de vida local, surge uma grande migração da população de baixa renda que estava localizada nos bairros industriais de São Paulo, residindo nos edifícios abandonados e muitas vezes tornando-os cortiços. Entre a década de 1930 e 1940, o mercado imobiliário constrói uma nova tipologia de moradia de 4 a 5 pavimentos, apartamentos, sem garagem por conta da utilização de trens e bondes. Porém, nos anos conseguintes, o uso de veículos motores aumenta, e os trens e bondes entram em declínio, tornando os edifícios sem garagem desvalorizados. A utilização do carro permite que a população tenha maior acesso a diversos pontos da cidade, como fruto disso são construídos bairros nobres mais afastados do centro, como por exemplo os bairros jardins de São Paulo, deslocando a população que antes habitava o centro para esses bairros chiques e afastados, resultando em 1960 na desvalorização imobiliária das áreas centrais. Em 1961 é construída a rodoviária, intensificando a migração para o bairro e consequentemente surgem hotéis, hospedarias, bares, restaurante simples, caracterizando o bairro como área muito popular, sempre muito habitada e com grande fluxo de pessoas. Porém em 1982, a rodoviária é transferida para o Tietê, diminuindo o fluxo de pessoas e tornando a área vazia, ficando vulnerável à prostituição e tráfico de drogas. Fig. 31 - Edifício Mina Klabin (hoje Barão de Limeira). Foto Hugo Zanella, 1941.

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Por conta da depreciação do bairro, o Governo do Estado transfere a sede para o Morumbi. Graças ao valor histórico da área e a pressão do setor imobiliário, o governo de São Paulo decide em 1990 que a área merece ser valorizada, adaptando a estação Júlio Prestes na sede da Orquestra de São Paulo e tentativa de retirada dos usuários da Cracolândia. Porém, nenhum dos dois objetivos consegue ser realizado de fato. Quatro anos após, a Pinacoteca, que está próxima da Estação da Luz, é restaurada e torna-se o museu mais importante da cidade de São Paulo. Em 1997 o Theatro São Pedro, que está localizado no coração de Campos Elíseos, é restaurado. No início do século XXI, o Projeto da Nova Luz acontece na fronteira com Campos Elíseos, com o objetivo de tirar a Cracolândia do bairro, porém sem sucesso.

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Fig. 32-Vista aérea ilustrativa do perímetro integral do Projeto da Nova Luz

Houve diversas decisões judiciais que determinaram a suspensão do projeto, alegando que as audiências públicas não foram condizentes ao Estatuto da Cidade e não foram esclarecedoras quanto à questão da população que seria afetada com a implantação do projeto.


Panorama atual Desde então o estado vem implantando diversos equipamentos de uso público na região, demonstrando um grande interesse de valorização, por conta da riqueza histórica, de localização e de mobilidade da área. Como resultado disso, a iniciativa privada percebe esse interesse do estado e decide comprar áreas, investindo no bairro de diversas formas, construindo edifícios corporativos e equipamentos culturais. Atualmente, como consequência desse interesse do setor privado e graças ao zoneamento do bairro que permite uso misto, coeficiente de aproveitamento quatro em algumas áreas do bairro, e gabaritos altos, surgiu a iniciativa do mercado imobiliário que propõe empreendimentos habitacionais tanto pelo programa MCMC, Minha Casa Minha Vida, para uma população de classe média, como empreendimentos para um público mais específico e de classe mais alta.

Relação do bairro com refúgio A região Central de São Paulo é a segunda região com mais concentração de refugiados da cidade. Isso ocorre por conta da lógica de acesso à moradia na metrópole, pois essa re g i ã o co nve rge o va l o r d e a l u g u e l e i n f ra e st r u t u ra d e s e r v i ço s e s p e c i a l i za d o s m a i s a c e s s í ve i s à p o p u l a çã o ref u g i a d a . A l é m d i s s o, a re g i ã o co n c e nt ra á re a s d e co m é rc i o formal e informal tradicionalmente realizado por imigrantes e refugiados. (ACNUR, 2021) Campos Elíseos vem se tornando o destino de muitos refugiados, permitindo o acesso tanto à moradia quanto ao trabalho, graças à heterogeneidade da área e suas características de bairro misto. Como visto anteriormente, em 2018 o Caritas realizou um atendimento com 5.643 pessoas em situação de refúgio na cidade de São Paulo e 26% encontravam-se nas áreas Centrais, incluindo Campos Elíseos. Ademais, o bairro conta com diversos centros de apoio voltados para população vulnerável e dois centros de apoio específicos para refugiados, o CAMI (Centro de Apoio e Pastoral do Imigrante) e o CIC do Imigrante (Centro de Inclusão de Cidadania do Imigrante).

Fig. 33 - CAMI - Alameda Nothmann, 485 - Google Street View

Fig. 34 -CIC - R. Barra Funda, 1020 - Google Street View

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capítulo 7

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Fig.35 - Mapa recorte Mapa produzido pela equipe de Projeto Integrado Adaptado pela autora 2021

CARIM


Análise urbana - campos elíseos

Brasil

Estado de São Paulo

Grande São Paulo

São Paulo

Fig. 36 - mapas localização - produzido pela autora

O bairro de Campos Elíseos, está localizado na Zona Central da cidade de São Paulo, capital do estado e principal centro financeiro do Brasil. Para elaboração do recorte proposto, foram abordadas condições morfológicas da malha urbana, tipo e caracterização da ocupação do lote como fator determinante. O recorte encontra-se ladeado por duas barreiras fisicas de grande porte; ao norte pela estrada de ferro da linha de trem, podendo transpassar para a região norte acima do recorte somente pelo viaduto da Av. Rio Branco, e ao sul, pelo Elevado Presidente João Goulart, podendo transpassá-lo livremente pelas ruas inferiores, sendo apenas uma barreira física-visual. Perpendicular a estas duas barreiras, estão a Av. Pacaembu, que possui trânsito intenso, tornando-se também uma barreira e a Av. Duque de Caxias, que começa no Largo do Arouche e se torna Rua Mauá a partir da estação Júlio Prestes, que hoje integra a Sala São Paulo. De qualquer maneira, ao transpormos essas barreiras físicas limitantes, podemos observar que a dinâmica dos bairros circunvizinhos são divergentes da área de estudo proposta.

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Fig.37 - Topografia Mapa produzido pela equipe de Projeto Integrado Adaptado pela autora 2021

CARIM


topografia O relevo topográfico da área é majoritariamente plano. As altitudes variam no decorrer do recorte, a partir de 730m a 740m.

LEGENDA Localização CARIM Curvas de nível mestras

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Fig.38 - Hidrografia Mapa produzido pela equipe de Projeto Integrado Adaptado pela autora 2021

CARIM


hidrografia A área proposta possui apenas 3 córregos canalizados que desaguam no Ro Tietê, localizado na parte superior do recorte. Quanto à área alagável, é possivel concluir que a mesma invade uma pequena porção da área ao norte.

LEGENDA Localização CARIM Córrego canalizado Área com alto risco de inundação

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Fig. 45

Fig. 44

Fig. 43

Fig. 40

Fig. 41

Fig. 42

Fig.39 - Sitema de áreas verdes Mapa produzido pela equipe de Projeto Integrado Adaptado pela autora 2021 Fig. 40 a 45 - campos elíseos - google street view

CARIM

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sistema de áreas verdes É possível concluir que a área é carente de maciços arbóreos, possuindo apenas uma área com quantidade de vegetação mais densa, localizada ao norte do recorte. A região não possui área de proteção permanente. As vias em sua grande maioria são arborizadas, porém não possuem nenhum planejamento em relação aos tipos das árvores, sendo utilizadas espécies arbóreas que não são adequadas para o plantio em calçadas. Há somente duas praças presentes no recorte, sendo uma delas fechada com gradio, permitindo somente o acesso diurno. 65

LEGENDA Localização CARIM Árvores de grande porte (+10m) Árvores de médio porte (6 a 10m) Árvores de pequeno porte (até 6m) Palmeiras Área de densidade arbórea Vegetação de canteiros Gradil


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Fig.46 - Gabarito Mapa produzido pela equipe de Projeto Integrado Adaptado pela autora 2021

CARIM


gabarito A predominância na área é de gabaritos baixos. Existem algumas áreas mais verticalizadas, localizadas em pontos estratégicos, próximas dos principais eixos de transporte público.

LEGENDA 1 a 3 pavimentos 4 a 6 pavimentos 7 a 12 pavimentos 13 ou mais pavimentos

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Fig.47 - Cheios e Vazios Mapa produzido pela equipe de Projeto Integrado Adaptado pela autora 2021

CARIM


cheios e vazios A articulação da mancha urbana ao longo do bairro, é caracterizada pelos lotes vazios presentes. É possivel destacar lotes ou edifícios privados subutilizados, quadras especulativas, geralmente ocupadas por estacionamentos.

LEGENDA Cheios

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Fig.48 - Uso e ocupação do solo Mapa produzido pela equipe de Projeto Integrado Adaptado pela autora 2021

CARIM


uso e ocupação do solo Por se tratar de uma área de centralidade, existe grande variedade de usos, majoritariamente lotes mistos, comerciais e residênciais. Não é possível definir predominância de usos em nenhuma região específica, a área apresenta heterogeneidade por todo o território.

LEGENDA Patrimônio histórico Comercial Misto Residêncial Industrial Estacionamento Galpão Imóvel/terreno subutilizado Abrigo Insitucional Serviços

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Fig.49 - Morfologia Mapa produzido pela equipe de Projeto Integrado Adaptado pela autora 2021

CARIM


morfologia LEGENDA 1.000m2 a 5.000m2 5.000m2 a 10.000m2 10.000m2 a 15.000m2 15.000m2 a 20.000m2 20.000m2 a 30.000m2

As quadras possuem diversas dimensões, de 1000m2 até 30000m2, sendo predominantemente de 5000m2 a 20000m2. Para caracterizar o traçado, pode-se destacar o ponto (A) como traçado ortogonal, devido sua organização reticulada. O ponto (B) como traçado irregular, provavelmente graças à confluência das vias presentes. E o ponto (C) como traçado pouco irregular, conforme o a disposição do arruamento.

Acima de 30.000m2

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Fig. 50 a 58 - produzido por equipe de projeto integrado


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Fig.59 - Hierarquia de vias Mapa produzido pela equipe de Projeto Integrado Adaptado pela autora 2021

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mobilidade: hierarquia de vias As vias que margeiam o recorte são classificadas como arteriais, sendo elas a Av. São João, Av. Duque de Caxias, Av. Pacaembu e Av. Rio Branco; com exceção do elevado que é classificado como via de trânsito rápido (VTR), as vias que interligam o interior do bairro, possuem predominância de vias coletoras, já que a maioria interliga ou sai de uma via arterial, com pouquíssimas vias locais. Os sentidos das vias variam bastante de acordo com as ruas, em sua maioria as avenidas principais possuem mão dupla, variando entre duas ou três faixas para cada sentido, sendo uma delas destinada a circulação de ônibus. 75

LEGENDA Vias de mão única Vias de mão dupla Vias de trânsito rápido Vias arteriais Vias coletoras Vias locais


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Fig.60 - Fluxos Mapa produzido pela equipe de Projeto Integrado Adaptado pela autora 2021

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mobilidade: fluxo de automóveis Ao analisar o fluxo típico dos automóveis no bairro, n o ta - s e q u e o m e s m o n ã o p o s s u i t re c h o s d e congestionamento, geralmente o trânsito varia entre rápido e regular. As vias que mais possuem um número elevado de automóveis que circulam por elas, são as avenidas que margeiam o recorte, como a Av. São João, o elevado, a Av. Pacaembu, Av. Duque de Caxias e a Av. Rio Branco. As demais vias internas do bairro podem ser classificadas com fluxo moderado e poucas ruas possuem baixo fluxo.

LEGENDA Fluxo alto Fluxo médio Fluxo baixo

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Fig.61 - Transporte público Mapa produzido pela equipe de Projeto Integrado Adaptado pela autora 2021

CARIM


mobilidade : transporte público A região possui uma grande quantidade de linhas de ônibus, que estão dispersas por quase todo o território do bairro. Há também uma grande quantidade de pontos de ônibus para suprir a demanda da população que se desloca nesta região.

LEGENDA Faixas exclusivas Corredores Linhas de ônibus

79 Linha de trem Rubi Linha de trem Diamante Pontos de Ônibus Terminal de Ônibus Princesa Isabel Estação Júlio Prestes Estação de metrô Marechal Deodoro


Fig. 66

Fig. 67

Fig. 65

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Fig. 63 Fig. 64

Fig.62 - Vulnerabilidade social Mapa produzido pela equipe de Projeto Integrado Adaptado pela autora 2021 Fig. 63 a 67 - campos elíseos - google street view

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vulnerabilidade social A área é caracterizada pela grande concentração de moradores em sitação de rua, ademais da "Cracolândia". Observa-se um grande número de cortiços que pode ser justificado pela presença de imóveis ociosos e desvalorização da área, fazendo com que os custos de moradia dessa tipologia sejam mais acessíveis. Ao norte do recorte, em meio aos trilhos das linhas diamante e rubi da CPTM, está localizada a Favela do Moinho.

LEGENDA Favela Cortiço Moradores em situação de rua

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Fig. 74 Fig. 73

82 Fig. 72

Fig. 69

Fig. 71

Fig. 70 Fig.68 - Patrimônio histórico Mapa produzido pela equipe de Projeto Integrado Adaptado pela autora 2021 Fig. 69 a 74 - edifícios tombados campos elíseos

CARIM


PATRIMÔNIO HISTÓRICO H á u m n ú m e ro c o n s i d e ráv e l d e b e n s tombados na área, o que se justifica pela grande importância histórica do bairro no processo de formação da cidade de São Paulo. Essa importância é percebida também devido a existência da proteção das três esferas de tombamento; municpal (CONPRESP), estadual (CONDEPHAAT) e nacional (IPHAN). Entretanto, uma boa parte desses bens tombados não estão restaurados, outros estão em situação precária e alguns tiveram suas características originais modificadas.

LEGENDA Área envoltória IPHAN Área envoltória CONPRESP To m b a d o I P H A N / C O N P R E S P e CONDEPHAAT Tombado CONPRESP Tombado CONPRESP e CONDEPHAAT Área envoltória CONDEPHAAT

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1 1 2

1 4

4 1 1

5

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2

6 2

8

4

2

3

2 10 2

3

1

9

3

1

3

11 5

4 3 3 1

3

4 1

7 3

Fig.75 - Equipamentos urbanos Mapa produzido pela equipe de Projeto Integrado Adaptado pela autora 2021

CARIM

2

5 3


FAVELA DO MOINHO CRACOLÂNDIA

stiça e a

edade e DE

Ciência municipal

SAÚDE SAÚDE CULTURA 1-Teatro ProntoSão socorro municipal 1Pedro 2-Mostra UBS/ AMA 2SESC de Artes Especialidades St. Cecília 3- Estação Pinacoteca/ Memorial da Resistência

EDUCAÇÃO EDUCAÇÃO

4- Teatro Porto Seguro 1- E.E Doutor Alarico Silveira 2-Faculdade Paulista 5Sala São Paulo Serviço Social 3- Faculdade Oswaldo Cruz 1-4-Terminal de ônibus Colégio Boni Consilli Princesa Isabel 5- E.E Conselheiro Antônio Prado 2-Estação Marechal 6-Faculdade Evangélica de SP Deodoro 7- Escola SENAI de 3-Informática Estação Prestes 1- PolíciaJúlio Militar 8- Escola Selesiana Coração Jesus 4-deEstação 2- PolíciaSanta Militar/Cecília Ambiental 9- ETEC Dra. Maria Augusta Saraiva 3-Fatec Polícia Civil 10Sebrai 11- E.E João Kopke 4- Corpo de Bombeiros

NÇA TRANSPORTE

de ste Cecília

mbiental

URA

eiros dro

de Artes

oteca/ istência

eguro

AÇÃO o

o Silveira

a AÇÃO

ldo Cruz o Silveira nsilli a Antônio

ldo Cruz élica de nsilli Antônio

élica de Coração Augusta

Coração RCIO

Augusta aulino

RCIO

aulino

SEGURANÇA EDUCAÇÃO TRANSPORTE CULTURA SEGURAN SERVIÇOS SEGURANÇA COMÉRCIO LAZER VIAS EQUIPAMENTOS URBANOS 1- E.E Doutor Alarico Silveira Polícia Militar 2-Faculdade Paulista Serviço Social 2- Polícia Militar/ Ambiental 3- Faculdade Oswaldo Cruz 4Colégio Boni Consilli 3- Polícia Civil 5- E.E Conselheiro Antônio Prado 4- Corpo de Bombeiros 6-Faculdade Evangélica de SP 7- Escola SENAI de Informática 1- Secretária da justiça e 8Escola defesa daSelesiana cidadaniaCoração de Jesus José 1Paulino 2- Galeria Secretaria Est. 9ETEC Dra.Social Maria Augusta Assistência Saraiva 3- Casa da solidariedade e 10Fatec Sebrai Assistência Social 11E.E João Kopke 4- Secretaria Est. Ciência e Tecnoligia Diretoria de 1-5-Terminal deGeral ônibus Ensino- Isabel Centro Oeste Princesa

SERVIÇOS PÚBLICOS COMÉRCIO COMÉRCIO

SEGURANÇA TRANSPORTE TRANSPORTE

SERVIÇOS SERVIÇOS PÚBLICOS PÚBLICOS

SERVIÇOS 1- Secretária da justiça e defesa da cidadania PÚBLICOS 2- Secretaria Est.

Assistência 1- SecretáriaSocial da justiça e 3Casada dacidadania solidariedade e defesa Assistência Social 2- Secretaria Est. 4Secretaria Est. Ciência Assistência Social e 3-Tecnoligia Casa da solidariedade e 5Diretoria Social Geral de Assistência EnsinoCentroEst. Oeste 4- Secretaria Ciência e Tecnoligia 5- Diretoria Geral de Ensino- Centro Oeste

LAZER

1-Praça Princesa Isabel

LAZER 2- Praça Júlio Prestes

PÚBLICOS

Teatro São 1- Polícia Militar Isab 1- Terminal de ônibus 1-1- Galeria José Paulino Princesa HAPedro FÉRREA 1-Praça LIN Princesa Isabel Por conta da localização central da cidade, V I A S 1- Secretária da justiça e HOC O MIN 2- Mostra SESC deÃArtes Polícia Militar/ Am 2-2-Praça Júlio Prestes defesa daMarechal cidadania o bairro conta com uma grande quantidade 2-Estação L I N H A F É R R E A FAVPinacoteca/ ELA DO MOINH O 2- Secretaria Est. Deodoro 3- Estaçãourbanos, Polícia Civil De Praça Marechal de equipamentos tendo3-3-como Assistência Social Memorial da Resistência M I N H O C Ã O CRACOLÂNvoltados DIA 3- Casa da solidariedade e os equipamentos destaque para 3- Estação Júlio Prestes Corpo de Bombei 4-4-Praça Olavo Bilac Assistência Social FAPorto VELSeguro A DO MOINHO 4Teatro a Educação, com 30% da totalidade dos 4Secretaria Est. Ciência Teatro São Pedro 1- Polícia Militar 1- Terminal de ônibus 4-1Santa Cecília eEstação Tecnoligia RAPaulo COLÂNDIA Princesa Isabel equipamentos. 5- SalaCSão 5- Mostra Diretoria Geraldede 2SESC Artes 2- Polícia Militar/ Ambiental Ensino- Centro Oeste 2-Estação Marechal 1-Praça Princesa Isabel 1-Salesiano Dom Bosco Deodoro 3- Estação Pinacoteca/ 3- Polícia Civil Memorial da Resistência 2- Praça Júlio Prestes 2-Paróquia São Francisco 3- Estação Júlio Pres 4- Corpo de Bombeiros de Assis 4- Teatro Porto Seguro 3- Praça Marechal Deodoro 4- Estação Santa Cec 5- Sala São Paulo 4Praça Olavo Bilac 1- Galeria José Paulino 1-Praça Princesa Isabel 1-Salesiano Dom Bosco

CULTURA LAZER

2-Estação Marechal Deodoro

CULTURA

1- Teatro São Pedro

CULTURA 2- Mostra SESC de Artes

1- Teatro São Pedro 3- Estação Pinacoteca/ Memorial Resistência 2- Mostra da SESC de Artes 4Porto Seguro 3- Teatro Estação Pinacoteca/ Memorial da Resistência 5- Sala São Paulo 4- Teatro Porto Seguro 5- Sala São Paulo

INSTITUCIONAL

INSTITUCIONA

2- Praça Júlio Prestes

2-Paróquia São Francisco de Assis

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4- Praça Olavo Bilac

SEGURANÇA TRANSPORTE 1- Polícia Militar

1- Terminal de ônibus

Princesa Isabel SEGURANÇA TRANSPORTE 2- Polícia Militar/ Ambiental

COMÉRC

1- Galeria José Pau

COMÉRC

2-Estação 1- Polícia Militar 1- TerminalMarechal de ônibus 1- Galeria José Pau Deodoro 3- Polícia Civil Princesa Isabel 2- Polícia Militar/ Ambiental Fig. 77 - gráfico equipamentos - produzido por equipe EstaçãoMarechal Júlio Prestes 4- Corpo de Bombeirosde projeto32-Estação integrado Deodoro 3- Polícia Civil 4- Estação Santa Cecília 3- Estação Júlio Prestes 4- Corpo de Bombeiros

1-Salesiano Dom Bosco EDUCAÇÃO SAÚDE

INSTITUCIONAL

LAZER

3- Praça Marechal Deodoro

3- Estação Júlio Prestes 4- Estação Santa Cecília

SEGURANÇA TRANSPO

INSTITUCIONAL

COMÉRCIO

Fig. 76 - relação de equipamentos - produzido por equipe de projeto integrado

ÇOS COS

São Francisco 1- E.E Doutor Alarico Silveira 1- Pronto2-Paróquia socorro municipal de Assis 1-Praça Princesa Isabel 1-Salesiano Dom Bosco 2-Faculdade Paulista Serviço Social 3- Praça Marechal Deodoro 2- UBS/ AMA 3- Faculdade Oswaldo Cruz 2- Praça Júlio Prestes Especialidades 2-Paróquia São Francisco St. Cecília 4- Colégio Boni Consilli de Assis 4- Praça Olavo Bilac 5- E.E Conselheiro Antônio 3- Praça Marechal Deodoro Prado 6-Faculdade Evangélica de 4- Praça Olavo Bilac SP 7- Escola SENAI de Informática 8- Escola Selesiana Coração

4- Estação Santa Cecília

SERVIÇOS PÚBLICOS 1- Secretária da justiça e defesa da cidadania 2- Secretaria Est. Assistência Social 3- Casa da solidariedade e Assistência Social 4- Secretaria Est. Ciência e Tecnoligia 5- Diretoria Geral de Ensino- Centro Oeste

CULTURA 1- Teatro São Pedro 2- Mostra SESC de Artes 3- Estação Pinacoteca/ Memorial da Resistência 4- Teatro Porto Seguro 5- Sala São Paulo


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Fig.78 - Equipamentos urbanos de interesse Mapa produzido pela autora 2021

CARIM


equipamentos urbanos de interesse O principal usuário do CARIM, é o refugiado, desta forma é preciso analisar quais são os equipamentos urbanos que são interessantes para a inserção socioeconômica dos refugiados no bairro e na cidade de São Paulo.

LEGENDA Os edifícios destacados em marrom, são edifícios históricos que propõem programas de valorização à história do bairro, além de incentivar o turismo por meio do circuito histórico, sendo assim, trata-se como equipamento urbano de interesse pois é uma maneira do refugiado interar-se a respeito da história e relação do bairro com o município. Em laranja, são os edifícios de cunho cultural, importantes para a utilização do refugiado, seja para a inserção à cultura ou relações sociais que ocorrem nesses meios. Lilás representa as escolas públicas de ensino infantil, fundamental e médio, essencial para as crianças refugiadas que habitarem o CARIM. A Faculdade Oswaldo Cruz está representada pela cor azul claro e está localizada ao lado do CARIM. É um importante equipamento urbano para a qualificação urbanística do projeto, além de ser uma oportunidade de formação acadêmica e o mais importante, é uma faculdade de Letras, onde pode ser proposto uma parceria público/privada para prover aulas específicas de português, ou atividades variadas para com os refugiados. Além disso, a proximidade com a faculdade trará um público jovem que pode auxiliar nas relações amistosas para com os refugiados. Os edifícios em vinho são as duas escolas de ensino técnico presentes na área, também muito importantes para a profissionalização do refugiado. Em roxo destaca-se a escola Senai de informática, de interesse para o refugiado também por conta da formação profissional e conhecimentos técnicos. Em azul, é a localização das duas feiras de rua que acontecem aos finais de semana. As feiras podem servir como oportunidade para os refugiados que trabalhem com serviços pequenos, sejam eles artesanais ou mesmo alimentos. Além da oportunidade de vendas, as feiras são um ótimo lugar para manter relações sociais e conhecer moradores do bairro.

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Fig.79 - Zoneamento Mapa produzido pela equipe de Projeto Integrado Adaptado pela autora 2021

CARIM


legislação LEGENDA ZEM ZC ZEIS3 ZEIS5 ZOE CANTEIROS E PRAÇAS

A área em estudo está dividida em 5 zonas, a fim de controlar e distribuir de maneira estratégica o uso e ocupação do solo. As zonas são: ZEM- Zona de eixo de estruturação metropolitana ZC - Zona de centralidade ZOE - Zona de ocupação especial: destinada a abrigar predominantemente atividades que necessitem disciplina especial de uso e ocupação do solo ZEIS - Zona especial de interesse social (ZEIS se divide em duas outras zonas; ZEIS3: área destinada à terrenos ou imóveis subutilizados transformados em áreas com infraestrutura urbana. ZEIS5: terrenos vazios ou subutilizados.)

Tal disciplina será definida através do Projeto de Intervenção Urbana (PIU), aprovado mediante decreto, o qual deverá observar os coeficientes de aproveitamento por macroárea dispostos no PDE Fig. 80 - zoneamento campos elíseos - Prefeitura de São Paulo

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Fig.81 - Diagnóstico Mapa produzido pela equipe de Projeto Integrado Adaptado pela autora 2021

CARIM


diagnóstico LEGENDA Vias de conexão com o entorno permeáveis Vias de conexão com o entorno (barreira) Sentido das vias Linha férrea CPTM Linhas exclusivas de ônibus Corredores de ônibus Linhas de ônibus Pontos de ônibus Estação Júlio Prestes Terminal Princesa Isabel Estação Marechal Deodoro Concentração de patrimônio Patrimônio Área limítrofe do gabarito máximo (10) Área de proteção do patrimônio Concentração de verticalização Áreas de vulnerabilidade Principais eixos peatonais

Apesar do recorte possuir vias limitantes com certo grau de permeabilidade e a linha férrea como barreira física e visual, notase que a área não está “ilhada’’, pois possui conexões importantes, tal qual a Av. Rio Branco e o potencial eixo Pres. João Goulart, além de infraestrutura de transporte público, contando com o terminal de ônibus urbano, ferroviária e de metrô. Próximo à essa rede de transporte público é justamente onde se localiazam as edificações mais verticalizadas. Conclui-se o patrimônio como elemento importante, que se expressa no número de edifícios tombados dentro da á re a d e re co r te , a p e s a r d e a l g u n s s e encontrarem em situação de abandono. O bairro possui duas áreas mais fragilizadas, sendo a ocupação da Favela do Moinho e a Cracolândia, além da concentração de pessoas em situação de rua e dependentes químicos nas quadras próximas a Pça. Princesa Isabel, e a Sala São Paulo. Ademais, a concentração de maior infraestrutura se dá na região Sudeste e Leste da área.

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Fig.82 - Diagnóstico 02 Mapa produzido pela equipe de Projeto Integrado Adaptado pela autora 2021

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diagnóstico LEGENDA Vias de conexão com o entorno permeáveis Vias de conexão com o entorno (barreira) Sentido das vias Linha férrea CPTM Concentração de verticalização Áreas passíveis de intervenção Área de vegetação densa Á r e a c o m g ra n d e d e n s i d a d e demográfica Área de inundação Córrego canalizado ZC ZEIS ZEM ZOE Área de praças

Percebe-se que as áreas mais verticalizadas não são exatamente as regiões mais adensadas, com exceção da HIS próxima a Estação Júlio Prestes. Consequentemente pode-se entender que essas edificações correspondem à uma resposta do mercado a valorização da área, visto que são prédios comerciais ou de serviços, como a quadra comprada pela corporação Porto Seguro. As ZEIS (Zonas Especiais de Interesse Social) estão concentradas às margens da linha férrea, que seriam áreas de menor interesse ao mercado e além disso, atentando-se ao único adensamento arbóreo com maior expressividade do bairro, que é inclusive área passível de alagamento, e também é demarcado para projetos de habitação de interesse social, o que remete a uma elaboração de zoneamento inadequado em algumas abordagens. Além disso, há pouca expressividade de áreas verdes, sendo três praças concentradas na região Sudeste e apenas uma mais próxima à região Oeste, que é área remanescente dos eixos viários. Em sua maioria, essas áreas ainda são fechadas com gradil, o que contradiz em relação a um espaço publico, que deveria ser de socialização e encontro da comunidade. Por toda a área, foi encontrado uma grande quantidade de estacionamentos e galpões ociosos, que podem corresponder à vazios urbanos e acabam fragmentando o território. Esses terrenos revelaram-se como opções de ocupação e passíveis de intervenção para benfeitoria às dinâmicas urbanas e a população que ali reside.

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Fig.83 - Diretrizes Mapa produzido pela equipe de Projeto Integrado Adaptado pela autora 2021

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diretrizes LEGENDA explicativa Vias de conexão com o entorno Linha férrea Linha férrea desativada e preservada Corredores verdes: Criação de áreas verdes ao longo dos eixos de conexão, dando uso aos vazios urbanos, estendo-se pela malha urbana. Parque Urbano: Criação de parque urbano localizado na linha férrea, com o intuito de propiciar recreação e lazer à população. Eixos de conexão: Criação de eixos de conexão entre pontos estratégicos da área, promovendo diversidade de usos de maneira equilibrada (residencial, comercial e serviços), vinculando a região mais estruturada (região leste) à região menos estruturada (região noroeste). Ruas com limite de velocidade para os automóveis, calçadas mais largas e arborizadas priorizando o pedestre. Eixo de requalificação paisagística: Criação de uma nova identidade paisagística, promovendo usos diversos nos edifícios tombados afim de preservá-los e adoção de nova tipologia de ocupação de quadra, respeitando o gabarito de 3 a 4 pavimentos, característico do patrimônio e permitindo maior fruição pública. Eixo gastronômico: Criação de eixo gastronômico incentivando o comércio, desenvolvimento cultural e econômico para área, gerando maior fluxo de pessoas, além de oferecer atividade noturna para a região. Polo comercial e de serviços: a diversidade de usos atrairá usuários variados e permitirá fomento econômico na área. Zona de incentivo econômico: Porções do território que articulam o adensamento habitacional e o uso misto, reequilibrando a distribuição entre moradia e emprego, utilizando como principal instrumento urbanístico a outorga onerosa para financiar as demais intervenções na área. ZEIS: Manter zonas especiais de interesse social lindeiras ao parque urbano e a criação de uma nova próximo à Praça Princesa Isabel. Localização de edifícios passíveis de tombo: A concentração de patrimônio garantiu a preservação de alguns edifícios no entorno, afim de preservar a história e desenvolvimento local, esse recorte estabelece limites para a pesquisa de edifícios que se enquadrem nesta diretriz. Zona de reintegração aos grupos vulneráveis: Incentivo à ações sociais e atendimento à essa população.

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Fig.84 - Implantação geral Mapa produzido pela equipe de Projeto Integrado Adaptado pela autora 2021

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MEMÓRIA E PAISAGEM: RESSIGNIFICAÇÃO DOS CAMPOS ELÍSEOS Com base no diagnóstico do bairro Campos Elíseos, foram definidas diretrizes para a requalificação urbanística da área, tendo como resultado o projeto Memória e Paisagem: Ressignificação dos Campos Elíseos. O projeto foi estruturado por meio de nove diretrizes específicas, que resultaram em quatro pontos principais: microzoneamento, eixos principais, circuito histórico e parque urbano.

DIAGNÓSTICO

DIRETRIZES PRIMÁRIAS

DIRETRIZES ESPECÍFICAS

Paisagem urbana desconfigurada e sem identidade

Requalificação paisagística

- Adoção de nova tipologia de ocupação de quadra, respeitando o gabarito característico do patrimônio - Implantação de boulevard - Calçadas largas e arborizadas e implementação de mobiliário urbano

Patrimônio deteriorado

Ressignificação do Patrimônio

Território fragmentado

Promover novos eixos de conexão

- Implantação de eixos que conectam pontos estratégicos da área, de norte a sul e de leste a oeste - Vias que privilegiam os pedestres, calçadas largas e aborizadas e implementação de mobiliário urbano

Escassez de áreas verdes

Criação de novas áreas verdes

- Implantação de parque urbano - Criação de corredores verdes

Déficit habitacional

Combater déficit habitacional

- Provisão de novas áreas de habitações de interesse social

Existência de favela, ocupações e população de rua

Reintegrar grupos vulneravéis

Ineficiência de atendimento e oferta de equipamentos e mobiliário urbano

Instalação e melhoria de equipamentos e mobiliários urbanos

Pouca diversidade de atividades

Criar eixo gastronômico

Zoneamento equivocado em determinadas quadras

Alterar o zoneamento

- Usos diversos em edifícios tombados - Inclusão de novos edifícios que são passíveis de tombo - Restauração de edifícios deteriorados - Criação de um circuito histórico

- Realocar a população da Favela do Moinho - Incentivar ações de cunho social - Implantação de equipamento para atendimento inicial de pessoas vulneráveis (dependentes químicos e moradores de rua) - Implementação de bancos, lixeiras, pontos de ônibus adequados, melhoria da iluminação pública em áreas deficientes

- Incentivos urbanísticos e fiscais para atividades noturnas, bares e restaurantes.

- Criação de zona de incentivo econômico e demais alterações que se fizerem necessárias para a implantação do projeto urbano, tais como acréscimo de novas zonas especiais de interesse social, implantação de novas áreas verdes e inserção de polo comercial e de serviços Fig. 85 - tabela de diretrizes - produzido por equipe de projeto integrado

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Fig.86 - Microzoneamento Mapa produzido pela equipe de Projeto Integrado Adaptado pela autora 2021

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MICROZONEAMENTO Com base nos diagnósticos e diretrizes pré-estabelecidas foi decidido criar um microzoneamento especifico para área de intervenção, com o objetivo de otimizar o uso e a ocupação do solo e, distribuindo os usos de acordo com as potencialidades de cada setor dentro do recorte para requalificação paisagística e proteção do patrimônio cultural, além de trazer melhor qualidade de vida para a população. Dessa forma foram criadas as seguintes microzonas: MZIE – microZona de M Z P P - m i c r o Z o n a d e MZPCS – microZona com Incentivo Econômico Proteção ao Patrimônio Potencial para Comercio e Serviços Área destinada Área destinada às Á r e a d e s t i n a d a a o a d e n s a m e nto atividades econômicas predominantemente populacional com e serviços com alcance à moradia digna para a incentivos fiscais para regional. A área foi população de baixa renda, edifícios com fachada escolhida pelo potencial com implantação de ativa. O objetivo é tirar logístico e fácil acesso, Habitação de Interesse proveito da grande por estar próximo aos Social e Habitação de oferta de infraestrutura principais eixos de conexão Mercado Popular, com encontrada nas áreas do município, além de equipamentos sociais, centrais do município ser bem atendida pelo infraestrutura, áreas transporte público. de São Paulo. ve rd e s , co m é rc i o e serviços locais.

MZEIS - microZona Especial de Interesse Social Área destinada a preservação das edificações remanescentes do fim do século XIX e início do XX e ao fomento de atividades culturais, sendo proposto nesse trecho um circuito histórico como apoio ao turismo local.

mzav - microzona de ÁREAS VERDES Área destinada a implantação de Parque Urbano (ao norte do recorte), praças e corredores verdes ao longo dos eixos de conexão e gastronômico.

Fig. 87- parâmetros de ocupação - produzido por equipe de projeto integrado

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Fig.88 - Eixos Mapa produzido pela equipe de Projeto Integrado Adaptado pela autora 2021

CARIM


EIXOS Os eixos são resultado das diretrizes propostas anteriormente, passando a ser partido factível do projeto. São 4 eixos dispostos em locais precisos da área, dos quais cada um possui uma função específica. Tanto os eixos quanto o circuito histórico, são identificados e setorizados pela coloração das espécies árboreas propostas. Tal setorização, além de trazer identidade para os eixos, conseguindo uniformizar a característica particular de cada um, gera uma paisagem urbana mais agradável e ecológica, trazendo espécies nativas da cidade de São Paulo, além de gerar passeios peatonais encantadores, protegendo da incidência do sol e criando microclimas. Com o objetivo de mitigar a segregação espacial do bairro, já que nota-se uma deconexão da zona leste com oeste, foram propostos eixos de conexão que privilegiam o pedestre, com calçadas amplas e arborizadas distribuídas ao longo de todo recorte, conectando os extremos da área. Além disso, ao longo dos eixos de conexão são propostos corredores verdes, que são traduzidos em formato de praças, extendendo o passeio do pedestre para dentro da quadra e tornando o caminho mais agradável.

101

Por se tratar de uma área central, foi proposto um eixo de comércios e serviços, com alcance além do bairro, afim de incentivar ainda mais atividades locais, gerando empregabilidade e fontes de renda para a população local e regional.

O eixo de requalificação paisagística foi adotado no projeto a fim de estabelecer uma nova paisagem ao bairro, para a renovação de algumas áreas e para requalificações, que vão desde novas calçadas até as tipologias da implantação das quadras.Possibilitando novas formas de ocupação de terrenos e imóveis com o aumento do potencial construtivo para maiores densidades habitacionais. A intervenção atua na construção de novos edifícios e na demolição das edificações subutilizadas, para que possam receber novos usos. O eixo busca a implantação de boulevard, vias de passagens mais amplas, áreas arborizadas, mas também áreas destinadas a edificação comercial e residencial.

Foi proposto um eixo gastronômico para fomentar a economia local e a vida noturna, gerando também maior sensação de segurança e uma nova identidade para uma área que anteriormente era o local da Cracolândia e Favela do Moinho. Fig. 89 - ipê


102

3

Fig.90 - Cicruito histórico Mapa produzido pela equipe de Projeto Integrado Adaptado pela autora 2021

CARIM


CIRCUITO HISTÓRICO Tendo em vista o grande número de edifícios tombados e passíveis de tombo na área, é proposto um circuito turístico/histórico para evidenciar as contribuições arquitetônicas do bairro ao longo dos anos. Esse circuito fomentará o comercio local além de conscientizar a população acerca da importância de se preservar a memória histórica. O circuito contará com mobiliário próprio, como luminárias características, pontos de ônibus com divulgação do patrimônio e calçadas com QR Codes com informações sobre os bens tombados e história do bairro. Além disso é importante destacar a conexão que foi prevista com o meio de transporte público. As diversas linhas de ônibus espalhadas pela cidade de São Paulo, servirão como meio de divulgação do Circuito Histórico Campos Elíseos, já que algumas frotas de ônibus serão adesivadas com imagens dos patrimônios aqui presentes, além das próprias linhas serem o meio de transporte para acessar o bairro e o circuito. Com relação ao mobiliário urbano, as lixeiras e os bancos são os mesmos em todo o recorte, com exceção dos postes de iluminação pública, que possuem um detalhe mais retrô na luminária para passeio peatonal. Tratando-se dos pontos de ônibus, será utilizado o mesmo modelo em todo o bairro, com publicidades em formato de mídia, onde serão mostrados os patrimônios tombados que fazem parte do circuito.

Fig. 91 a 95 - mobiliário urbano - produzido por equipe de projeto integrado

103


Fig. 96 - perspectiva via com edifício histórico - produzido pela equipe de projeto integrado

Fig. 97 - perspectiva via com edifício histórico - produzido pela equipe de projeto integrado

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Circuito histórico tecnológico Condizendo com a realidade atual da conexão e internet e para facilitar o acesso do usuário às informações relacionadas ao circuito, foi proposto um aplicativo de celular, que será acessado por meio da leitura de QRCODE. No aplicativo, estarão todas as informações necessárias sobre cada patrimônio que faça parte do Circuito Histórico de Campos Elíseos, como localização do edifício, informações sobre processos de tombamento, ano de fundação, qual era o uso inicial do mesmo, se tiver alguma atividade acontecendo o aplicativo também informará. Além disso, o QRCODE ficará disponível em todos os pontos de ônibus do bairro e também nas calçadas, em diversos pontos do recorte. Desta forma, o aplicativo conecta as pessoas ao circuito histórico, incentivando o fluxo e valorizando o patrimônio de Campos Elíseos. Simulação do aplicativo:

Fig. 98 - ponto de ônibus produzido por equipe de projeto integrado

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Aponte a câmera do celular aqui

Fig. 99 - simulação de aplicativo - produzido pela equipe de projeto integrado


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Fig.100 - Parque Urbano Mapa produzido pela equipe de Projeto Integrado Adaptado pela autora 2021

CARIM


parque urbano

O Parque Estação, localizado na porção norte do recorte, surgiu como resultado do déficit de áreas verdes que o bairro possui. Além de contar apenas com uma pequena área de densidade arbórea, a mesma estava localizada numa área de ZEIS. Desta forma, foi proposto um novo zoneamento, que realoca as habitações de interesse social para a zona central do bairro e expande a massa arbórea presente, ao longo da linha férrea localizada também ao norte. Desta forma, o Parque Estação não somente trás qualidade de vida e saúde ambiental para o bairro, como também gera uma perspectiva diferente em relação a linha férrea, qualificando a mesma ao estar localizada dentro de um parque urbano. O Parque será conectado ao restante do recorte por meio da criação de uma rua no limite das edificações presentes ao norte, além de transpor-se a região acima do recorte por meio de duas grandes passarelas, ou seja, será um parque para ser utilizado por populações de diversos bairros, não somente Campos Elísesos. O programa do parque conta com um restaurante, praça de alimentação, lago, pista de skate, playground, academia ao ar livre, quadras poliesportivas, viveiro de mudas, além de possuir também acesso à estação da Linha Diamante, da CPTM.

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capítulo 8

108

Fig.102 Venezuela Border Victor Moriyama 2019


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O presente trabalho consiste em desenvolver um Centro de Apoio ao Refugiado e Imigrante na cidade de São Paulo, mais especificamente no bairro Campos Elíseos. Nesta etapa de premissas, serão levantados dados e definidas setorizações conforme os levantamentos e dados analisados anteriormente no estudo do tema.

PROGRAMA DE ATIVIDADES Atividade

CULTURA

Área m² A.total m² 25 25 70 560 55 1430 40 320 30 480 50 50 150 150 64 64 3079 615,8 3694,8 50 50 25 25 7,5 7,5 6 6 30 60 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 173,5 34,7 208,2

COMÉRCIO

Quantidade

LAZER

SERVIÇOS

HABITAÇÃO

Atividade

Hall de entrada 1 Apto 6 pessoas 8 Apto 4 pessoas 26 Apto duplo 8 Apto individual 16 Área de convivência 1 Refeitório 1 Cozinha industrial 1 Total Circulação 20% Total + circulação Recepção/hall 1 Administração 1 Sala de reunião 1 Almoxarifado 1 Wc 2 Sala assit. Social 1 Sala assit. Psicológica 1 Sala assit. Jurídica 1 Sala assit. Trabalhista 1 Sala assit. Habitação 1 Total Circulação 20% Total + circulação

Quantidade

Recepção/hall 1 Administração 1 Sala de reunião 1 Almoxarifado 1 Wc 2 Sala de idioma 2 Sala de informática 1 Sala de cursos 2 Adutório/Cinema 1 Brinquedoteca 1 Biblioteca 1 Sala de Dança 1 Sala de ativ. Manuais 1 Templo 1 Total Circulação 20% Total + circulação

Área m² A.total m² 50 50 25 25 7,5 7,5 6 6 30 60 80 160 80 80 80 160 250 250 50 50 50 50 80 80 80 80 100 100 1158,5 231,7 1390,2

Comércio

2

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Total Circulação 20% Total + circulação Exposição/feira Espaço para eventos Atividades ao ar livre Área total m²

Fig. 103 - Programa de atividades - produzido pela autora

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5483,2

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FLUXOGRAMA

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Fig. 104 - fluxograma - produzido pela autora


diretrizes de projeto 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8.

promover a integração social do refugiado prover habitação digna e de qualidade Fornecer assistência necessária para questões jurídicas e burocráticas quanto a sua situação como refugiado Fornecer assistência psicológica e social instruir e inserir o refugiado no mercado de trabalho incentivar a troca de culturas e o conhecimento sobre criar um equipamento urbano que se integre com a cidade Promover o pertencimento do usuário para com o espaço público

conceito e partido A proposta do projeto, consiste em criar um espaço de convivência e relações sociais, onde os refugiados possam ser acolhidos e ter a oportunidade de uma vida melhor. Um dos conceitos desejados é a “segurança”, a necessidade de estabilizar-se e manter-se seguro, desta forma será traduzido na utilização do concreto armado. Outro conceito presente no projeto é “pertencer”, sentir-se parte de determinado lugar, encaixar-se, portanto a pedra será um elemento presente, representando um elemento da terra, terra esta que agora será o novo lar dessas pessoas. Além disso é importante destacar que os refugiados precisam sentir-se amparados, sendo assim o “acolhimento” é mais um conceito a ser tratado, representado pela utilização de madeira, por ser um elemento que trás conforto e aconchego aos ambientes. A “relação com o entorno” é mais um conceito importante, será traduzido nos vidros e janelas em fita que estarão presentes no projeto, além do terréo livre que trará permeabilidade para o projeto. A “leveza” também é um conceito almejado na proposta, será representado pelos grandes vãos que serão desenvolvidos. Por último e não menos importante, a “clareza” é outro conceito presente, sendo traduzida na utilização de poucas paredes, criando plantas livres e circulação fluída.

conceito Segurança Pertencer Acolhimento relação com entorno Leveza Clareza

partido concreto armado Pedra madeira vidro e térreo livre grandes vãos poucas paredes e plantas livres

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Fig.34 - Mapa recorte Mapa produzido pela equipe de Projeto Integrado Adaptado pela autora 2021

CARIM


O terreno escolhido para realizar a implantação do CARIM, está localizado na região Oeste do recorte. O lote, que tem 5.898m2, está inserido na Microzona de Incentivo Econômico (microzona proposta pelo Projeto Integrado), possui acesso por duas ruas, Barra Funda e rua Brigadeiro Galvão e têm proximidade do elevado Pres. João Goulart (minhocão). Atualmente o l o te é u m i m óve l s u b u t i l i za d o (estacionamento) e engloba outros dois imóveis também subutilizados.

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ÁREA TOTAL = 5.898M2 Fig. 107 - terreno - autora

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t.o = 0,70 = 1.769M2 DE ÁREA PERMEÁVEL TOPOGRAFIA 113

C.A = 4,5 = 26.541M2

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Fig. 108 - topografia - autora

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Fig. 106 - gabarito máximo - autora

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Para definir as diretrizes de projeto, foi necessário fazer uma análise em conjunto, relacionando os parâmetros urbanísticos, a história do bairro e como isso influenciou nas características das edificações, além das modificações urbanas que ocorreram. Tudo isso resultou na identidade do bairro, que por mais que seja heterogêneo, graças às suas características de uso misto, é possível encontrar alguns padrões que serão apresentados a seguir no entorno do terreno do projeto proposto. A análise foi desenvolvida em base às 3 vias de acessos principais do projeto, com fotos tiradas na localidade no período do mês de maio de 2021.

rua barra funda

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V Fig. 109 - localização fotografias rua Barra Funda - Produzido pela autora - 2021


As edificações da rua Barra Funda, são predominantemente mistas, com um ou dois pavimentos (havendo poucos edifícios de 3 a 6) fachada ativa, sem recuos frontais e tampouco é comum o uso de recuo lateral. Quase não é existente a utilização de garagem nos edifícios, consequentemente há muitos estacionamentos pela rua. É possível notar a grande presença de edificações geminadas.

2

115 Fig. 110

Foto tirada pela autora - 2021

Fig. 111

3

Fig. 112

Foto tirada pela autora - 2021

Foto tirada pela autora - 2021

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Fig. 113

Foto tirada pela autora - 2021


rua brigadeiro galvão

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V Fig. 114 - Localização fotografias rua Brigadeiro Galvão - Produzido pela autora - 2021


Na rua Brigadeiro Galvão, também é notório a presença de edificações de 1 e 2 pavimentos, porém a predominância é de edifícios de 3 a 6 pavimentos, possuindo alguns prédios com gabarito mais elevado, foras dos parâmetros definidos pelo zoneamento (até 28m). Nesta via é mais comum a utilização do recuo frontal e lateral. As fachadas ativas também são característica importante da rua.

2

117 Fig. 115

Foto tirada pela autora - 2021

Fig. 116

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Fig. 117

Foto tirada pela autora - 2021

Foto tirada pela autora - 2021

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Fig. 118

Foto tirada pela autora - 2021


rua olímpia de almeida prado

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Fig. 119 - Localização fotografias rua Olímpia de Almeida Prado - Produzido pela autora - 2021


A rua Olímpia de Almeida Prado, é a via que liga o terreno do projeto com o Elevado Presidente João Goulart (Minhocão). A predominância da tipologia de edificações, se dá por prédios residenciais de até 3 pavimentos, havendo poucos edifícios com altos gabaritos de altura. A Faculdade Olwaldo Cruz ocupa grande parte da quadra e possui uma área externa grande, que trás a sensação de amplitude pra rua, já que não há nenhuma edificação em grande parte de sua totalidade. Além disso a rua possui poucas edificações, a maioria com recuos laterais e ainda há presença de alguns galpões. Graças a essas características, agregadas com a largura da rua (que é maior que a das outras duas vias apresentadas), resulta na sensação de uma rua maior que comporta um maior fluxo de carros e pessoas.

2

119

Fig. 120

Foto tirada pela autora - 2021

Fig. 121

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Fig. 122

Foto tirada pela autora - 2021

Foto tirada pela autora - 2021

4

Fig. 123

Foto tirada pela autora - 2021


visual importante O principal acesso do projeto se dá pela rua Olímpia de Almeida Prado, que é concorrente com o Elevado Pres. João Goulart (Minhocão). Desta forma, é relevante enfatizar a importância da localização do Minhocão, com relação ao projeto e seus acessos. O objetivo é propor uma edificação que esteja inserida na identidade visual do bairro, porém que possa ser notada desde pontos importantes, como por exemplo o Minhocão,atraindo os pedestres que circulam por essa área. Além disso, propor que o acesso principal do projeto seja pela via Olímpia de Almeida Pra d o, n ã o i nte r fe re n a s p o s s í ve i s d i s c u s s õ e s d e p ro j e to ex i ste nte s p a ra o E l e va d o . Independente do uso do Minhocão, ele é importante como um potencial eixo para o CARIM.

120

Fig.124

Nota-se ao fundo da rua o terreno do projeto

Foto tirada pela autora - 2021


121

Fig.125

Nota-se ao fundo da rua o terreno do projeto

Foto tirada pela autora - 2021


análise do terreno e seu entorno Para propor uma setorização adequada, foi necessário analisar cada questão a respeito do terreno, invididualmente.

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terreno Na imagem é possivel entender a localização exata do terreno e a relação com seu entorno.


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Fig. 126 - Terreno - Produzido pela autora


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Nota-se que o terreno em si é um grande vazio urbano, sendo subutilizado como área para estacionamento. Além disso existem alguns lotes subutilizados no entorno, que futuramente farão parte dos corredores verdes propostos para o bairro.

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Fig. 127 - Cheios e vazios - Produzido pela autora


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É possível concluir que a predominância de gabaritos no entorno do terreno, é de 1 a 3 pavimentos, havendo poucos edifícios de grande altura. Dois edifícios com mais de 13 pavimentos estão localizados ao lado do terreno.

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Fig. 128 - Gabarito - Produzido pela autora


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A predominância de usos é a mista, com grande quantidade de habitação e comércios. No lote destacado em verde, é possível ver os imóveis presentes atualmente que são estacionamentos ou comércios desativados e abandonados.

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habitação

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misto

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Fig. 129 - Uso e ocupação do solo - Produzido pela autora


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Conforme estudo realizado anteriormente nos fluxos do bairro Campos ELíseos, conclui-se que as ruas do entorno da quadra do terreno proposto, são em sua maioria vias coletoras, sendo apenas uma via local.

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Vias coletoras

Vias locais


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Fig. 130 - Mobilidade - Produzido pela autora


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Há presença de árvores pontuais dispostas pelo entorno, porém não existe a presença de nenhum maciço árboreo ou praça pública próximos ao terreno.

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Fig. 131 -Sistemas de áreas verdes - Produzido pela autora


edíficios subutilizados que serão incorporados Aqui estão destacados em verde claro os edifícios subutilizados que serão incorporados nos corredores verdes, conforme projeto de Projeto Integrado, no bairro Campos Elíseos e em verde escuro os edifícios presentes no terreno do CARIM, que serão incorporados à totalidade do lote.

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Fig. 132 - Edfícios subutilizados que serão incorporados - Produzido pela autora


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A incorporação dos edifícios subutilizados do entorno resultam em terrenos propícos para a implantação de áreas verdes, provendo atividades ao ar livre e um passeio mais agradável para o pedestre. Já, a incorporação dos edifícios subutilizados no terreno do CARIM, resultam numa maior área para realizar a implantação desejada, dando um melhor uso para o lote e consequentemente excluindo da paisagem urbana edifícios abandonados e estacionamentos.

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Fig. 133 - Resultado da incorporação - Produzido pela autora


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Conforme o modal utilizado, os refugiados podem chegar na cidade de São Paulo e deparar-se com as grandes distâncias para alcançar determinados lugares. No caso do projeto em estudo, a localização do CARIM torna-se importante em relação à localização desses modais. Neste mapa de conexão dos principais modais de São Paulo que se relacionam com o Centro de Apoio, podemos verificar que o principal aeroporto do país, Guarulhos, encontra-se relativamente distante do projeto, cerca de 29,6km. Já, o Terminal Rodoviário Tietê é mais próximo, com 5,7km de distância. Claro que a distância de determinados modais não interfere na escolha do refugiado em ir à São Paulo, porém, interfere na locomoção ao chegar na cidade e na necessidade de locomover-se, uma vez que o refugiado já esteja vivendo no CARIM. Em relação a proximidade com as estações da CPTM e metrô, é possível concluir que existem diversas estações muito próximas ao local da intervenção, qualificando ainda mais a área escolhida. Tratando-se da mobilidade pública em relação aos ônibus, o bairro Campos Elíseos possui uma grande quantidade de linhas de ônibus ativas e circulando próximas ao projeto. 138 1 1 1 1 1 12 122 11 2 2 2 2 221 1 1 12 12 12 23 1 12133 2 31 2 233211 12 3 3132 12 1 2 121 2 2 22

GRU ............. 29,6km Congonhas ............. 12,9km Terminal Rodoviário Tietê ............. 5,7km CPTM Estação Barra Funda ............. 1,1km CPTM Estação Júlio Prestes ............. 2,1km CPTM Estação Brás ............. 5,1km Estação de metrô Marechal Deodoro ............. 450m Estação de metrô Santa Cecília ............. 1,7 km CARIM


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Fig. 134 - Conexões de modais - Produzido pela autora


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Compreendendo a problemática da locomoção na cidade de São Paulo, e as distâncias a p re s e nta d a s a nte r i o r m e nte , fo i p ro p o sta u m a n o va l i n h a d e ô n i b u s e s p e c í f i ca p a ra os refugiados que chegarem em São Paulo, no Aeroporto Internacional de Guarulhos. No aeroporto haverá uma sala de apoio ao refugiado, própria do CARIM, onde será feito uma checagem de documentação e pedido de refúgio. Em seguida os imigrantes serão encaminhados ao ônibus, que chegará diretamente ao ponto de ônibus localizado em frente ao CARIM, na rua Brigadeiro Galvão.

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Fig. 135 - Criação de novo modal - Produzido pela autora


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Fig. 126 - Terreno - Produzido pela autora


capítulo 9

142

Fig. 136 Venezuela Border Victor Moriyama 2019


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Como resultado da análise e premissas ressaltadas, o projeto torna-se factível. Neste capítulo seguimos com a mesma ordem lógica de projeto, do macro para o micro. Serão apresentaos diagramas esquemáticos para um melhor entendimento da implantação, setorização, e relação do CARIM com diversas questões, partindo da relação do projeto com o entorno urbano, e alcançando a escala arquitetônica e o desenvolvimento dos espaços internos.

143


implantação e relação com o entorno O CARIM conta com diversos usos e equipamentos de cunho social, porém é de suma importância que haja uma relação entre os equipamentos urbanos que são ofertados na região, e compreender o espaço físico e a morfologia local. Um dos pontos mais importantes é a proximidade com o Elevado Presidente João Goulart (minhocão), e como isso reflete no projeto. É pela rua Olímpia de Almeida Prado que se faz a conexão entre o viaduto e o CARIM, e será por essa via que a visibilidade do projeto será alcançada. Tanto a visibilidade visual quanto a visibilidade de acessos, graças a afluência de linhas de transporte público na região. Além disso, é importante destacar que numa escala macro, o CARIM está inserido como um miolo de quadra, um pátio interno de um quarteirão, tornando um espaço livre, permeável, que permite a passagem contínua entre duas ruas paralelas, qualificando e criando uma grande área de fruição publica.

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145

Fig. 137 - Implantação e relação com o entorno - Produzido pela autora


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Conforme o programa de necessidades proposto, o CARIM foi setorizado por usos. Sendo eles:

HABITAÇÃO SERVIÇ OS CULTURA C OMÉRCIO L A ZER Os usos foram definidos conforme todo o levantamento realizado previamente, entendendo as problemáticas dos refugiados e suas necessidades. Sendo assim, os usos previstos provêm de todas as características necessárias para uma melhor inserção social dos refugiados na cidade de São Paulo. Desde o habitar, até a assistência para documentação necessária, comércios para trabalhar, cultura para aprender e lazer para socializar. a

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Fig. 138 - Implantação e setorização geral - Produzido pela autora

Fig. 139 - implantação e setorização geral explodida Produzido pela autora


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Fig. 140 - Implantação setorizada explodida com entorno - Produzido pela autora


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Em relação à disposição dos volumes definidos, foi pensado otimizando ao máximo as características do terreno. Graças à visual e ao aceso da rua Olímpia de Almeida Prado, que dá diretamente no Minhocão, foram definidas as premissas e organização dos volumes. Para manter a circulação contínua e livre, os volumes de comércio e serviço foram dispostos sobre o lado esquerdo do terreno, afantando-se também dos edifícios de alto gabarito existentes na direita do lote. É previsto que o acesso da rua Brigadeiro Galvão seja mais movimentado graças à proximidade e visual com o Minhocão, sendo assim, define-se que a volumetria das atividades culturais e comerciais sejam desse lado do lote, enquanto as lâminas da habitação ficam dispostas na outra extremidade, onde a circulação de pessoas é menor e consequentemente será uma área mais íntima e tranquila. A volumetria cultural, de lazer e habitação, possuem o térreo livre, para criar uma permeabilidade física e visual do projeto. Além disso, graças a essas visuais definidas, o volume do templo poderá ser visto desde a via, assim como as praças no miolo de quadra. 148


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Área reservada para projeto habitacional Cultura (templo)

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Fig. 141 - Implantação com entorno - Produzido pela autora


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Como resultado da disposição proposta, criam-se duas praças internas no miolo da quadra. As praças, assim como todo o projeto (a não ser a habitaçao), são equipamentos urbanos, de acesso livre ao público. Com o intuito de trazer a rua para dentro do lote, as praças tornam-se espaços agradáveis para habitar, relacionando-se com as áreas dos corredores verdes propostos para o bairro. Essas áreas livres servirão também para suprir o programa no quesito lazer, aqui acontecerão as atividades ao ar livre e exposições. Além disso as praças conectam os volumes, tornando o projeto um só complexo de várias atividades. Em relação às lâminas da habitação, a área de praça localizada no centro do volume, permite a abertura das unidades habitacionais, pressupondo uma tipologia de habitação que terá a largura total da lâmina. Dormitórios ficam dispostos na região externa das lâminas, por conta da insolação que veremos mais a frente, serviços e espaços em comum ficam abertos para a praça, permitindo então que haja iluminação nas duas fachadas dos apartamentos. 150


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Fig. 142 - Sistema de áreas verdes - Produzido pela autora


a c e s s o s

e

c i r c u l a ç ã o

Como foi citado anteriormente, nota-se como serão os acessos ao CARIM. Sendo o principal acesso pela rua Olímpia de Almeida Prado, permeabilizando o caminho por todo o terreno e no lado oposto ao acesso principal, estão localizadas as lâminas de habitação, que também possuem circulação livre no térreo.

152


ra F

ar aB

Ru

153

Ru aO lím pia d

lme

ida

Pra d

o

R

ua

Br ig a

de

iro

G

al vã

o

eA

Fig. 143 - Acessos e circulação - Produzido pela autora


i

n

s

o

l

a

ç

ã

o

v

e

r

ã

o

O estudo da insolação, permite visualizar se a implantação da volumetria foi disposta corretamente quanto ao conforto climático. É possível notar que os edifícios com gabarito alto, fazem pouca sombra sobre o volume cultural, porém fazem uma sombra grande na praça frontal, enquanto que o próprio volume habitacional gera sombra sobre uma porção da praça posterior. Estudo de insolação feito em base ao mês de Fevereiro, às 10am.

154


d Fun a r ar aB Ru

verão

L 155

N

S

Ru

O

aO

de

Alm e

ida

Pra d

o

R

ua

Br ig

ad

ei

ro

G al

vã o

lím pia

Fig. 144 - Insolação verão - Produzido pela autora


i n s o l a ç ã o

i n v e r n o

No inverno, conclui-se que a praça frontal não recebe nenhuma sombra, ou mesmo qualquer edificação frontal, apenas uma porção da praça posterior é coberta pela sombra do próprio edifício da habitação e um edifício do entorno. Estudo de insolação feito em base ao mês de Julho, às 10am.

156


a Ru

ra Bar

d Fun

inverno

L 157

N

S

Ru aO

O

l ím

de

Alm

ei d

aP r ad

o

R

ua

Br ig a

de

iro

G

al vã o

pia

Fig. 145 - Insolação inverno - Produzido pela autora


s i s t e m a

e s t r u t u r a l

LAJE ALVEOLAR

VIGA VIERENDEEL


ESTRUTURA METÁLICA

159

PAREDE ESTRUTURAL MACIÇA DE PEDRA COM VIGA BALDRAME

Fig. 146 - Sistema estrutural - Produzido pela autora


p a v

i

m

e

n

t

o

t

é

r

r

e

o

No pavimento térreo é onde acontecem a maioria das atividades propostas. Ao longo das duas praças, foi projetado um desenho de pisos que condiz com os dois tipos de fluxos possíveis: um traçado mais sinuoso para os usários que estiverem contemplando o espaço, visitando os locais e usufruindo das atividades da praça, e outro mais retilíneo demarcando o acesso contínuo e a permeabilidade, para aqueles que estiverem somente de passagem. As praças não contém nenhum equipamento fixo, pois são espaços onde podem acontecer diversos eventos. Como por exemplo feiras gastronômicas, eventos musicais, exposições, sempre relacionando à vida e origem dos refugiados. O restaurante servirá somente pratos típicos dos 5 países de origem dos refugiados, podendo variar o menu e o país escolhido por dia/semana. A loja é um ponto importante do projeto para disseminar não somente a cultura, mas que sirva como meio econômico para os imigrantes. Será o local onde serão vendidos os produtos feitos pelos refugiados. A área de ser viços é o local onde serão oferecidas as assistências de trabalho, social, psicológica, jurídica e de habitação. Este espaço foi pensado de maneira que o refugiado s e s i n t a a c o l h i d o, n u m e s p a ç o p e r t e n c e n t e s o m e n t e a e l e e a s s u a s n e c e s s i d a d e s . Foram desenvolvidas salas reservadas, onde o refugiado pode descansar e deixar suas malas, e aguardar que seja atendido pelos assistentes de serviço, que irão até ele. As salas são projetadas em taipa de pilão, remetendo a memória visual da arquitetura vernacular dos 5 países que tem mais origens de refugiados em São Paulo (Angola, Venezuela, Síria, Nigéria e República Democrática do Congo). O elemento circular localizado na praça é o Diversum. Um espaço destinado às diversas práticas religiosas que existem no CARIM, sem possuir definição ou tipologia da arquitetura de qualquer religião, o Diversum é um templo, uma ferramenta da cultura, da disseminação de crenças e integração de raças e conhecimentos. Além disso, neste espaço podem ocorrer eventos músicais, apresentações de teatro e afins. Um equipamento multifuncional com o objetivo de ensinar cultura. Por fim, a área da direita superior está reservada para o projeto habitacional.

160


B

C

nda Rua Barra Fu

A

15,00

L 7,93

+0,00

7,93

K

-1,64

J 15,00

ø 15,04

-0,81

-2,47 -4,80

-4,50

I

-4,20 -3,90

1,1 4

-3,60

6,38

H

7,65 3,56

WC

1,96

1,66

2,70

13,73

7

6

9

3,12

1,89

WC

8

Almoxarifado 2,89

G

13,14

161

10,38

Recepção

4,15 2,25

F

Adm

1,95

+0,00

1,95

Sala de reunião

4,25

2,96

+0,00

E

WC

4,56

3,81

WC

Adm

3,54

2,75

8,01

25,91

Loja

3,40

Depósito

2,20

2,30 WC

6,01

Cozinha

WC

1,10

E

3,30 4,43

E

D

6,01

WC 7,99

C

B

8,33

7,93

S

4,98

7,36

Restaurante

D

D

A

6,58

Projeção

10,26

+0,00

6,38

1

Rua Brigadeiro Galvão

6,00

2

C

12,00

3

12,00

5

4

B

A

0

10

25m


1

Fig. 147 - Imagem renderizada projeto - produzido pela autora

2

Fig. 148 - Imagem renderizada projeto - produzido pela autora


Restaurante

S

+0,00

163

1

2 Fig. 149 - Recorte planta térreo - produzido pela autora

0

5

10m


1

164 Fig. 150- Imagem renderizada projeto - produzido pela autora

2

Fig. 151 - Imagem renderizada projeto - produzido pela autora


Cozinha Depósito

WC

WC

Restaurante

S

2 165

+0,00

1

Fig. 152 - Recorte planta térreo - produzido pela autora

0

5

10m


1

Fig. 153 - Imagem renderizada projeto - produzido pela autora

2

Fig. 154 - Imagem renderizada projeto - produzido pela autora


Loja

WC

Cozinha

Depósito

WC

WC

Restaurante

167 S

1 2 +0,00

Fig. 155 - Recorte planta térreo - produzido pela autora

0

5

10m


1

Fig. 156 - Imagem renderizada projeto - produzido pela autora

2

Fig. 157 - Imagem renderizada projeto - produzido pela autora


Adm

+0,00

Sala de reunião

+0,00

WC

WC

Adm

Loja

169 WC

Cozinha

Depósito

WC

WC

2 Restaurante

1 Fig. 158 - Recorte planta térreo - produzido pela autora

S

0

5

10m


1

170 Fig. 159 - Imagem renderizada projeto - produzido pela autora

2

Fig. 160 - Imagem renderizada projeto - produzido pela autora


Adm

+0,00

Sala de reunião

+0,00

WC

WC

Adm

Loja

171 WC

Cozinha

Depósito

WC

WC

1 2

Restaurante

Fig. 161 - Recorte planta térreo - produzido pela autora S

0

5

10m


1

172 Fig. 162 - Imagem renderizada projeto - produzido pela autora

2

Fig. 163 - Imagem renderizada projeto - produzido pela autora


Adm

+0,00

Sala de reunião

+0,00

WC

WC

Adm

Loja

WC

2 1

173

Cozinha

Depósito

WC

WC

Restaurante

Fig. 164 - Recorte planta térreo - produzido pela autora S

0

5

10m


1

174 Fig. 165 - Imagem renderizada projeto - produzido pela autora

2

Fig. 166 - Imagem renderizada projeto - produzido pela autora


WC

WC

Almoxarifado

Recepção

2 Adm

1 +0,00

Sala de reunião

175

+0,00

WC

WC

Adm

Loja

WC

Cozinha

Depósito

Fig. 167 - Recorte planta térreo - produzido pela autora WC

WC

0

5

10m


1

176 Fig. 168 - Imagem renderizada projeto - produzido pela autora

2

Fig. 169 - Imagem renderizada projeto - produzido pela autora


WC

WC

Almoxarifado

1

Recepção

177

2 Adm

+0,00

Sala de reunião

+0,00

WC

WC

Adm

Fig. 170 - Recorte planta térreo - produzido pela autora

Loja

0 WC

5

10m


1

178 Fig. 171 - Imagem renderizada projeto - produzido pela autora

2

Fig. 172 - Imagem renderizada projeto - produzido pela autora


WC

WC

Almoxarifado

Recepção

1

179

Adm

2

+0,00

Sala de reunião

+0,00

WC

WC

Adm

Fig. 173 - Recorte planta térreo - produzido pela autora

Loja

0 WC

5

10m


1

180 Fig. 174 - Imagem renderizada projeto - produzido pela autora

2

Fig. 175 - Imagem renderizada projeto - produzido pela autora


-4,50 -4,20 -3,90 -3,60

2

WC

WC

181 Almoxarifado

Recepção

1

Adm

+0,00

Sala de reunião

Fig. 176 - Recorte planta térreo - produzido pela autora

+0,00

0

5

10m


1

182 Fig. 177 - Imagem renderizada projeto - produzido pela autora

2

Fig. 178 - Imagem renderizada projeto - produzido pela autora


-1,64

-0,81 -2,47 -4,80

-4,50

183

-4,20 -3,90 -3,60

1 2 WC

Fig. 179 - Recorte planta térreo - produzido pela autora WC

Almoxarifado

0

5

10m


1

184 Fig. 180 - Imagem renderizada projeto - produzido pela autora

2

Fig. 181 - Imagem renderizada projeto - produzido pela autora


-1,64

1

-0,81

-2,47

185

-4,80

-4,50 -4,20 -3,90 -3,60

2

Fig. 182 - Recorte planta térreo - produzido pela autora

0

5

10m


1

186 Fig. 183 - Imagem renderizada projeto - produzido pela autora

2

Fig. 184 - Imagem renderizada projeto - produzido pela autora


+0,00

-1,64

187 -0,81 -2,47 -4,80

-4,50 -4,20 -3,90

2

-3,60

1 Fig. 185 - Recorte planta térreo - produzido pela autora

0

5

10m


1

188 Fig. 186 - Imagem renderizada projeto - produzido pela autora

2

Fig. 187 - Imagem renderizada projeto - produzido pela autora


+0,00

-1,64

189 -0,81 -2,47 -4,80

-4,50 -4,20 -3,90

2

-3,60

1

Fig. 188 - Recorte planta térreo - produzido pela autora

0

5

10m


1

190 Fig. 189 - Imagem renderizada projeto - produzido pela autora

2

Fig. 190 - Imagem renderizada projeto - produzido pela autora


2

191

1 +0,00

Fig. 191 - Recorte planta térreo - produzido pela autora

-1,64

0

5

10m


do

pe

la

aut

o ra

detalhe laje impermeável

Fig

c o r t e

0

10

a

25m

. 19

2- D

e ta l h e l a j e i m p e r m e á

v

el -

p ro

du

zi

192


193

Fig. 193 - Corte AA - produzido pela autora


p r i m e i r o

p a v i m e n t o

O primeiro pavimento é uma grande laje que serve de cobertura para a área de lazer, localizada no térreo, e além disso este grande espaço é destinado também a eventos e feiras. Área da direita superior está reservada para o projeto habitacional.

194


B

C

nda Rua Barra Fu

A

+6,50 +3,25

+0,00

+6,50 +3,25

+0,00

+3,25

13,73

195

B 55,74

B

+6,50 +3,25

+0,00

D

D +3,25

16,06

Rua Brigadeiro Galvão

C

B

A

0

10

25m


1

196 Fig. 194 - Imagem renderizada projeto - produzido pela autora

2

Fig. 195 - Imagem renderizada projeto - produzido pela autora


1

+6,50 +3,25

+6,50

+0,00

+3,25

+0,00

197

2

Fig. 196 - Recorte planta primeiro pavimento - produzido pela autora

0

5

10m


detalhe laje alveolar

ra

198 Fig

c o r t e

0

10

b

25m

.1 9

7-

D et

alh e

l a j e a l v e o l a r - p ro d

o u zid

pe

la

a

o ut


199

Fig. 198 - Corte BB - produzido pela autora


s e g u n d o

p a v i m e n t o

No segundo pavimento é onde inicia-se a distribuição das demais atividades culturais. Grande parte do pavimento é destinada à biblioteca, que possui acesso controlado. A biblioteca é um equipamento de uso público, sendo permitido o acesso de qualquer cidadão, não somente dos refugiados. Brinquedoteca, destinada ao público infantil. Sala de idiomas, destinada aos refugiados, para que possam aprender o idioma português e aumentar as oportunidades de trabalho e relações sociais. Sala de informática, onde os refugiados aprenderão a usar computadores e ferramentas online necessárias. Hall de exposições onde serão expostos trabalhos e pinturas realizadas pelos refugiados. Área da direita superior está reservada para o projeto habitacional.

200


C

nda Rua Barra Fu

A

B

+6,50 +3,25

+0,00

+6,50 +3,25

+0,00

+6,50 +3,25

+0,00

201 +6,50 +3,25

+0,00

B

B

+6,50 +3,25

+0,00

2,78

WC 17,95

Sala de idiomas

Sala de informática Sala dos professores

s 4,45

5,90

2,58

+6,50

Hall de exposições

Biblioteca

+6,50

D

2,72

Recepção

+6,50

Hall de descanso

5,90

3,21

Brinquedoteca

2,59

Almox.

D

5,35

Sala de Reunião WC

14,12

WC

Adm

1,88

+6,50 +3,25

+0,00

Rua Brigadeiro Galvão

C

B

A

0

10

25m


1

Fig. 199 - Imagem renderizada projeto - produzido pela autora

2

Fig. 200 - Imagem renderizada projeto - produzido pela autora


+6,50 +6,50

+3,25

+3,25 +0,00 +0,00

2

WC

Sala de idiomas

Sala de informática Sala dos professores

s

203

+6,50

Recepção

Hall de exposições

Biblioteca

+6,50

+6,50

Hall de descanso

Brinquedoteca

Adm

Almox.

Sala de Reunião WC

WC +6,50 +3,25

1

+0,00

Fig. 201 - Recorte planta segundo pavimento - produzido pela autora

0

5

10m


1

Fig. 202 - Imagem renderizada projeto - produzido pela autora

2

Fig. 203 - Imagem renderizada projeto - produzido pela autora


+6,50 +6,50

+3,25

+3,25 +0,00 +0,00

WC

Sala de idiomas

Sala de informática Sala dos professores

s

205

+6,50

Recepção

1

Biblioteca

Hall de exposições +6,50

+6,50

Hall de descanso

WC

2

Brinquedoteca

Adm

Almox.

Sala de Reunião WC

+6,50 +3,25

+0,00

Fig. 204 - Recorte planta segundo pavimento - produzido pela autora

0

5

10m


1

Fig. 205 - Imagem renderizada projeto - produzido pela autora

2

Fig. 206 - Imagem renderizada projeto - produzido pela autora


+6,50 +6,50

+3,25

+3,25 +0,00 +0,00

WC

Sala de idiomas

Sala de informática Sala dos professores

s

2

1

+6,50

Recepção

207

Hall de exposições

Biblioteca

+6,50

+6,50

Hall de descanso

Brinquedoteca

Adm

Almox.

Sala de Reunião WC

WC +6,50 +3,25

+0,00

Fig. 207 - Recorte planta segundo pavimento - produzido pela autora

0

5

10m


pr

od

uz

id o

pel

a au

t o ra

detalhe chapa metálica perfurada

Fig

c o r t e

0

10

c

25m

.2 0

8- D

etalh e c ha pa m et álic a

p

ur erf

ad

a

-

208


detalhe chapa metálica perfurada 3d

CANTONEIRA PARAFUSADA VIGA METÁLICA PERFIL I CHAPA METÁLICA PARAFUSADA MONTANTE METÁLICO DA CHAPA PERFURADA METÁLICA TRAVAMENTO HORIZONTAL E VERTICAL

209 Fig. 209 Detalhe chapa metálica perfurada produzido pela autora

Fig. 210 - Corte CC - produzido pela autora


t e r c e i r o

p a v i m e n t o

No terceiro pavimento é onde ficam localizadas as demais salas de aula, sendo elas: sala de dança, onde serão realizadas aulas fazendo o uso de fones de ouvido, para não interferir nas demais salas e auditório; sala de atividades manuais, onde serão manufaturados diversos produtos para venda e enriquecimento dos refugiados, podendo usufruir do aprendizado como meio de trabalho; sala de cursos, onde serão ministradas aulas de diversos cursos profissionalizantes para preparar os imigrantes para o mercado de trabalho. Auditório, destinado para receber palestras, obras de teatro e diversas apresentações. O auditório também é aberto ao público. Área da direita superior está reservada para o projeto habitacional.

210


C

nda Rua Barra Fu

A

B

+9,90

+6,50 +3,25

+0,00

+6,50 +3,25

+0,00

211 +6,50 +3,25

+0,00

+6,50 +3,25

+0,00

B

B

5,00

5,00

5,00

2,00

+9,90 2,36

WC

Sala de dança

S

Sala de atividades manuais

+9,17

Sala de cursos

Auditório

S

+9,27 +9,90

D

+9,43

15,30

+9,58

2,05

6,75

Foyer

+9,74

D

+9,90

+9,90

19,17

+9,90 10,84

2,34

12,11 5,98

WC

+6,50 +3,25

+0,00

Rua Brigadeiro Galvão

C

B

A

0

10

25m


1

Fig. 211 - Imagem renderizada projeto - produzido pela autora

2

Fig. 212 - Imagem renderizada projeto - produzido pela autora


+6,50 +6,50

+3,25

+3,25 +0,00 +0,00

WC

+9,90

S

+9,90

1

Sala de dança

Sala de atividades manuais

+9,17

Sala de cursos

Auditório

213

+9,27

Foyer

S

+9,43 +9,58 +9,74

+9,90

+9,90

+9,90

WC

2

+6,50 +3,25

+0,00

Fig. 213 - Recorte planta terceiro pavimento - produzido pela autora

0

5

10m


1

Fig. 215 - Imagem renderizada projeto - produzido pela autora

2

Fig. 216 - Imagem renderizada projeto - produzido pela autora


+6,50 +6,50

+3,25

+3,25 +0,00 +0,00

WC

+9,90

Sala de dança

S

Sala de atividades manuais

+9,17

Sala de cursos

Auditório

215

+9,27 +9,90

Foyer

S

+9,43 +9,58

1

2

+9,74

+9,90

+9,90

+9,90

WC +6,50 +3,25

+0,00

Fig. 217- Recorte planta terceiro pavimento - produzido pela autora

0

5

10m


1

Fig. 218 - Imagem renderizada projeto - produzido pela autora

2

Fig. 219 - Imagem renderizada projeto - produzido pela autora


+6,50 +6,50

+3,25

+3,25 +0,00 +0,00

WC

+9,90

Sala de dança

S

Sala de atividades manuais

+9,17

Sala de cursos

S

Auditório

217

+9,27 +9,90

Foyer

+9,43 +9,58

1

+9,74

+9,90

+9,90

+9,90

WC +6,50

2

+3,25

+0,00

Fig. 220 - Recorte planta terceiro pavimento - produzido pela autora

0

5

10m


1

Fig. 221 - Imagem renderizada projeto - produzido pela autora

2

Fig. 222 - Imagem renderizada projeto - produzido pela autora


+6,50 +6,50

+3,25

+3,25 +0,00 +0,00

2 WC

+9,90

Sala de dança

S

Sala de atividades manuais

+9,17

Sala de cursos

S

Auditório

219

+9,27 +9,90

Foyer

+9,43 +9,58 +9,74

+9,90

+9,90

+9,90

WC

1

+6,50 +3,25

+0,00

Fig. 223 - Recorte planta terceiro pavimento - produzido pela autor

0

5

10m


detalhe laje alveolar

220

Fi g

c o r t e

d

.22

4- D

etalh

e la j e al ve

olar 02l - pr

o duz

id o

aa p el

u to

ra

Fig. 225 - Corte DD - produzido pela autora

0

10

25m


detalhe esquadria

221 Fig. 226- Detalhe esquadria - produzido pela autora

c o r t e

e

Fig. 227 - Corte EE - produzido pela autora


cobertura

222

Fig. 228 - Cobertura - produzido pela autora

0

10

25m


c o r t e d e ta l h a d o

223

Fig. 229 Corte detalhado produzido pela autora


Fig. 230 - Elevação frontal - produzido pela autora

elevação frontal

0

10

224

25m


225

Fig. 231- Elevação posterior - produzido pela autora

elevação posterior


e l e va ç ã o d i r e i ta 226

elevação esquerda

0

10

25m


Fig. 232- Elevação frontal - produzido pela autora

227

Fig. 233 - Elevação frontal - produzido pela autora


228

Fig.234 Montagem de imagens Produzido pela autora 2021


a r q u i t e t u r a

c u l t u r a l

A primeira diretriz do CARIM é a integração do refugiado, desta forma foram pensadas soluções arquitetônicas e conceituais para que a diretriz possa ser realizada da melhor maneira. Uma das soluções propostas no projeto, é a inserção de salas de aula de diversas atividades, onde os refugiados vão poder frequentar essas aulas, juntamente com a presença de brasileiros. Além disso, a implantação do projeto remete a uma arquitetura de acolhimento. Como é possível notar, a disposição dos volumes foi feita de forma que se criem espaços públicos internos (praças), onde acontecerão diversas atividades. Tais atividades serão prioritariamente relacionadas aos refugiados e seus países de origem, como por exemplo feiras gastronômicas típicas, eventos de música e danças típicas, exposições de artes e objetos referentes às culturas dos imigrantes. Além disso, esses espaços servirão para a exposição e venda de produtos que os refugiados produzirem no CARIM. O restaurante servirá somente comidas típicas dos países de refúgio, assim como a loja venderá somente produtos manufaturados pelos imigrantes. Para criar uma maior troca de culturas, foi realizada uma pesquisa sobre arquitetura típica dos 5 países com mais pedidos de refúgio, para inserir elementos específicos de cada país no projeto. Sendo assim, chegou-se a conclusão que a arquitetura tradicional desses países é a vernacular. Por se tratar de países em situação de vulnerabilidade, a grande maioria de suas populações vivem em situações precárias, optando por construir suas casas da maneira mais simples que houver, utilizando elementos e materiais presentes no próprio ambiente. Portanto a taipa de pilão se faz presente na área de serviços. Não realizando sua função estrutural, mas referenciando a memória dessa arquitetura vernacular muito presente nos países de origem de refúgio. Outro ponto importante para destacar é o Diversum. O espaço é destinado para eventos e realização de práticas religiosas de todas as possíveis religiões presentes no CARIM. Desta forma, ele não possui nenhum aspecto ou elemento "religioso" pois precisa ser despretencioso, para acolher a todos. Porém, uma referência cultural foi utilizada; o círculo. O círculo possui muita representatividade nas culturas antigas que remetem até a atualiadade desses 5 países. Algumas aldeias indígenas na Venezuela, são chamadas de Shabonos e possuem a formação circular, como forma de se proteger do exterior. Além disso os rituais espirituais e danças são realizadas sempre em círculo, mantendo os olhares e permitindo a visão igualitária entre todos. Assim como nas culturas africanas e árabes também. Visto isso, entendeu-se que o Diversum com seu formato circular, não seria somente um "templo", mas sim um espaço onde haveria grande troca de culturas e informações. Um local para dança, rituais, para conhecer e disseminar culturas diferentes. O refugiado não precisa esquecer sua cultura originária, precisa enriquecer-se dela.

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230

Fig. 235 - Fachada passagem - Brancatelli - 2020

Fig. 236 - Fachada conjunto heliópolis - Biselli e Katchborian - 2011


p r o j e t o s

r e f e r e n c i a i s

Como objeto de referência foram escolhidos dois projetos que representam características similares à intenção de projeto do CARIM. O primeiro projeto “Passagens”, referencia-se por conta do conceito e a forma como a autora traduziu as analogias em arquitetura palpável. O segundo, "Conjunto Heliópolis", foi utilizado como referência graças a similaridade com as diretrizes propostas para o CARIM, em relação à conexão com a cidade e permeabilidade do projeto.

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passagem “Passagem” é o trabalho de graduação de curso da aluna Bianca Forastiero Brancatelli, realizado em 2020. O projeto está localizado no bairro do Brás em São Paulo e trata-se de um centro de apoio para refugiados. autor: Bianca Foraasteiro Brancatelli Ano: 2020 Área construída: dado inexistente Tipo de projeto: Centro de Apoio para Refugiados Materialidade: Tijolo e Cobogó Estrutura: Metálica Fig. 237 - implantação - brancatelli 2020

Localização: Brás, São Paulo, Brasil.

O projeto visa fortalecer o indivíduo refugiado, suas relações e a comunidade, sendo estruturado na analogia de passagens. O ato do refugiado conectar-se entre um território e outro, movimentar-se e interligar-se, se reflete conceitualmente nessas passagens, que são traduzidas no formato de passarelas que conectam dois volumes do projeto.

Fig. 238 - corte bb - brancatelli 2020

Potencializando o terreno, Bianca propõe a articulação do projeto como uma extensão da rua, gerando praças e pátios internos que trazem conexão e relação com o entorno e a cidade. Os pátios são de acesso livre e aberto ao público, incentivando a integração dos refugiados.

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O projeto conta com; unidades de acolhimento de diferentes layouts (para 2, 4 e 16 pessoas), coworkings, salas de aulas, ate l i ê s , b i b l i o te ca , coz i n h a experimental, refeitório, brinquedoteca e arquibancada, além dos espaços ao ar livre. Na planta à esquerda, podemos visualizar o pavimento térro. Na região superior da implantação, é possível entender a extensão da rua uruguaiana para dentro do edifício. Nota-se que a rua está num nível acima do projeto, dessa forma são propostas escadarias e rampas que dão acesso a toda a permeabilidade do centro de apoio. Neste pavimento estão dispostos as atividades de uso comum, como salas de aula, brinquedoteca, refeitório, banheiros etc. As áreas de espaços livres no interior do projeto integram os ambientes, qualificando o espaço e criando uma sensação de amplitude para um lote que fica no miolo de quadra.

Fig. 240

perspectiva - brancatelli 2020

Fig. 241

fachada - brancatelli 2020

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No primeiro pavimento, começam a surgir as unidades habitacionais compartilhadas, dispostas na região norte da planta, algumas à leste outras na região inferior esquerda da planta. Nas passarelas perpendiculares aos volumes horizontais, estão dispostos os banheiros e coworking, com vista para o pátio central do projeto. A circulação vertical está localizada nas extremidades da implantação. É importante que por ser implantado no meio da quadra, o projeto não possui aberturas laterais e na porção central também fica inabilitado o uso de aberturas, por conta da proximidade com outros edifícios, fazendo-se de extrema necessidade a utilização dos pátios internos como solução. No segundo pavimento ficam dispostos a maioria das unidades compartilhadas. Também fica localizada neste pavimento a lavanderia, o ateliê de dança, salas de uso comum e o refeitório.

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Conhecendo e entendendo a demanda de refugiados da cidade de São Paulo, a aluna projeta uma unidade habitacional que será disposta por diversos pontos do município, procurando atender um pouco mais o problema da habitação em relação ao refúgio.

Fig. 246 - mapa sp - brancatelli 2020

Fig. 245 -unidade habitacional - brancatelli 2020

Fig. 244-perspectiva - brancatelli 2020

Na passarela do primeiro pavimento onde está o coworking, percebe-se um espaço não somente de trabalho, mas de convívio social e permanência. A passarela cria um ambiente agradável de contemplação que conecta tanto visualmente quanto funcionalmente. Nota-se o detalhe no guarda-corpo que também serve como balcão, extendendo a utilização formal do coworking.

Fig. 247 - fachada - brancatelli 2020

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CONJUNTO HELIÓPOLIS Esta intervenção está localizada na maior favela de São Paulo, a Heliópolis, e faz parte do Programa de Reurbanização de Favelas da Prefeitura do Município de São Paulo. A implantação do projeto ocorre exatamente na confluência da Avenida Comandante Taylor e Avenida das Juntas Provisórias. São 420 unidades habitacionais, com 50m2 cada uma. Arquitetos: Biselli + Katchborian Arquitetos Ano: 2011 Área construída: 31329 m² Tipo de projeto: Habitação de interesse social Materialidade: Tijolo e Vidro Estrutura: Concreto Fig. 248 - implantação - conjunto heliópolis

Localização: São Paulo, Brasil

O objetivo do projeto era prover habitação digna e de qualidade para parcela da população vulnerável que habita essa área, pensada como construção da quadra urbana, relacionando com as ruas, seu entorno e consequentemente a cidade. Para alcançar esse objetivo, foram propostas fachadas ativas, que tragam o diálogo com a rua e mantenham o fluxo de pessoas e segurança da área. Fig. 250 - fachada ativa 02- conjunto heliópolis 2011

Fig. 249 - fachada ativa- conjunto heliópolis 2011

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A l é m d i s s o, b u s ca n d o re l a c i o n a r a i n d a m a i s o co n j u nto h a b i ta c i o n a l co m a c i d a d e e consequentemente promover qualidade de vida e bem estar, foram propostas praças de miolo de quadra, que se relacionam com todos os blocos do projeto. As praças geram permeabilidade, tornando os acessos à elas públicos, criando uma conexão fluída, além de possibilitar uma melhor disposição para as aberturas das unidades habitacionais.

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Fig. 251 - áreas livres - conjunto heliópolis 2011

Os desníveis naturais existentes no terreno, permitiram a construção de 8 pavimentos sem a necessidade da utilização de elevadores, com acessos em diversos níveis do projeto. Pelo mesmo motivo, foram construídas passarelas-pontes de conexão entre os blocos, para aproveitar ao máximo dos coeficientes de construção. Graças ao baixo custo e de fácil execução, o sistema construtivo utilizado foi a alvenaria de blocos de concreto.

Fig. 252 - passarelas - conjunto heliópolis 2011

Fig. 253 - corte - conjunto heliópolis 2011


Tratando-se do projeto das unidades, são 420, com 50m2 cada. As unidades são flexíveis, permitindo configurações variadas, já que as famílias que habitam são de 5 a 11 pessoas. Ademais, as unidades contam com espaço para pequenos trabalhos, pois muitas das famílias realizam esses serviços como fonte de renda.

Fig. 254 - planta térreo - conjunto heliópolis 2011

Analisando a planta térreo, pode-se notar que a implantação das unidades foi realizada d e m a n e i ra u n i fo r m e . C a d a b l o c o c o n ta c o m 4 u n i d a d e s p o r p av i m e n t o, p o s s u i n d o aberturas para as ruas (unidades do lado externo dos blocos) e para às praças centrais (unidades do lado interno dos blocos). Além da tipologia das unidades de blocos, há ta m b é m a t i p o l o g i a d o s p ó r t i c o s , q u e s e c o n f i g u ra d e fo r m a d i fe re nt e d o re sta nt e . A circulação vertical está localizada nos pórticos e nas extremidades das passarelas-pontes que conectam o projeto num todo.

Fig. 255 - fachada - conjunto heliópolis 2011

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Fig.256 Venezuela Border Victor Moriyama 2019


c o n s i d e r a ç õ e s

f i n a i s

O contex to dos problemas acerca da imigração e refúgio na cidade de São Paulo, me fa ze m re f l e t i r s o b re c o m o o a a rq u i t e t u ra e o u r b a n i s m o p o d e m e xe rc e r u m p a p e l potencial na reinserção social, e como isso reflete nas transformações urbanas. Compreendi que é necessário o papel do Estado em disseminar o compromisso e promover a cidadania dessa população tão vulnerável que são os refugiados. Diretrizes urbanas são primordiais para melhorar a qualidade de vida dessa classe, e o papel do arquiteto está diretamente ligado a esse feito. É i m p o r ta nte a at u a ç ã o e m d i ve rs a s e sfe ra s , p o r i s s o o C A R I M fo i d e s e nvo l v i d o e m d i fe r e n t e s e s c a l a s , p r e s s u p o n d o s o l u ç õ e s s o c i a i s e p ro j e t u a i s d e fo r m a a a l c a n ç a r as necessidades dos refugiados e das patologias do bairro/cidade como um todo. Não há um encerramento de trabalho para um assunto que não está encerrado. É somente uma experimentação, que requer de discussões e percepções distintas. Percepções estas que gerem reflexões para transpor as barreiras físicas e sociais que existem para com os refugiados. 241


lista de figuras Figura 01 – menina venezuelana em refúgio de boa vista - UNICEF/BRZ/João Laet, - 2018 Disponível em: https:// www.unicef.org/brazil/historias/para-o-meu-futurosonho-em-ser-medica-para-ajudar-pessoas Figura 02 – Venezuela Border 2019 - Disponível em: https://www.victormoriyama.com.br/venezuelaborderzuela Border - Victor Moriyama - Photographer in Brazil Figura 03 - Venezuela Border 2019 - Disponível em: https://www.victormoriyama.com.br/venezuelaborderzuela Border - Victor Moriyama - Photographer in Brazil Figura 04 - Venezuela Border 2019 - Disponível em: https://www.victormoriyama.com.br/venezuelaborderzuela Border - Victor Moriyama - Photographer in Brazil Figura 05 - Venezuela Border 2019 - Disponível em: https://www.victormoriyama.com.br/venezuelaborderzuela Border - Victor Moriyama - Photographer in Brazil Figura 06 - Venezuela Border 2019 - Disponível em: https://www.victormoriyama.com.br/venezuelaborderzuela Border - Victor Moriyama - Photographer in Brazil Figura 07 - Venezuela Border 2019 - Disponível em: https://www.victormoriyama.com.br/venezuelaborderzuela Border - Victor Moriyama - Photographer in Brazil Figura 08 - Venezuela Border 2019 - Disponível em: https://www.victormoriyama.com.br/venezuela-

borderzuela Border - Victor Moriyama - Photographer in Brazil Figura 09 - Venezuela Border 2019 - Disponível em: https://www.victormoriyama.com.br/venezuelaborderzuela Border - Victor Moriyama - Photographer in Brazil Figura 10 - Venezuela Border 2019 - Disponível em: https://www.victormoriyama.com.br/venezuelaborderzuela Border - Victor Moriyama - Photographer in Brazil Figura 11 - Venezuela Border 2019 - Disponível em: https://www.victormoriyama.com.br/venezuelaborderzuela Border - Victor Moriyama - Photographer in Brazil Figura 12 – Convenção da ACNUR de 1951 – ARNI/ UN Archives - Disponível em: https://www.acnur.org/ portugues/2021/02/22/fotos-historicas-relembram-70anos-do-acnur/ Figura 13 - Venezuela Border 2019 - Disponível em: https://www.victormoriyama.com.br/venezuelaborderzuela Border - Victor Moriyama - Photographer in Brazil Figura 14 – Refugiados da Ruanda em Zaire 1961 – ACNUR/S.Wright – Disponível em: F https://www.acnur. org/portugues/2021/02/22/fotos-historicas-relembram70-anos-do-acnur/otos históricas relembram 70 anos do ACNUR – UNHCR ACNUR Brasil

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Figura 15 - Mulheres e crianças refugiadas sírias, em Arçal no Líbano – ACNUR/Andrew McConnell – 2014 Disponível em: https://www.acnur.org / portugues/2016/03/15/cinco-anos-de-conflito-na-siria/ os de conflito na Síria – UNHCR ACNUR Brasil Figura 16 – Venezuela Border 2019 - Disponível em: https://www.victormoriyama.com.br/venezuelaborderzuela Border - Victor Moriyama - Photographer in Brazil Figura 17 – Países de origem e acolhimento 2019 – Global Trends ACNUR – Disponível em: https:// www.unhcr.org /flagship-reports/globaltrends/ globaltrends2019/ Figura 18 - Venezuela Border 2019 - Disponível em: https://www.victormoriyama.com.br/venezuelaborderzuela Border - Victor Moriyama - Photographer in Brazil Figura 19 - Solicitantes de refúgio por estado em 2019 – autora - Dados: https://portaldeimigracao. mj.gov.br/images/dados/Ref%C3%BAgio%20em%20 n%C3%BAmeros/REF%C3%9AGIO%20EM%20 N%C3%9AMEROS.pdf Figura 20 - Venezuela Border 2019 - Disponível em: https://www.victormoriyama.com.br/venezuelaborderzuela Border - Victor Moriyama - Photographer in Brazil

Figura 23 - Venezuela Border 2019 - Disponível em: https://www.victormoriyama.com.br/venezuelaborderzuela Border - Victor Moriyama - Photographer in Brazil Figura 24 - Refugiados entrando na fronteira do Brasil Reuters/Ricardo Moraes 2018 – Disponível em: http:// www.sitetribuna.com.br/2021/06/de-28-paises-brasil-eo-3-mais.html Figura 25 – Nacionalidades mais atendidas em são paulo em 2018 – autora – Dados em: https://www. acnur.org/portugues/wp-content/uploads/2019/10/ Relat%C3%B3rio-mapeamento-Caritas-Final-Agosto19. pdf Figura 26 - Georreferenciamento de pessoas em situação de refúgio em São Paulo atendidas pelo Caritas em 2018 – autora - Dados em: https://www.acnur.org/portugues/ wp-content/uploads/2019/10/Relat%C3%B3riomapeamento-Caritas-Final-Agosto19.pdf Figura 27 - Venezuela Border 2019 - Disponível em: https://www.victormoriyama.com.br/venezuelaborderzuela Border - Victor Moriyama - Photographer in Brazil Figura 28 – Foto aérea Campos Elíseos 2018 – Google Earth – Disponível em: https://google-earth.gosur.com/? gclid=CjwKCAjwieuGBhAsEiwA1Ly_nUFjzqJG8ubV959IVs l61K1vgPCVZgCU2fguEu1UHh-lvrEf_upXARoCBK0QAvD_ BwE

Figura 21 - Foto acervo da família Villarroel 2021. Figura 22 - Foto acervo particular, recepção da família ao chegar no Aeroporto Internacional Guarulhos, em São Paulo. 2018

Figura 29 - Trecho da planta da cidade de São Paulo pela Cia Cantareira e Esgotos, eng. Henry B. Joyner, 1881 com as primeiras ruas de Campos Eliseos ainda desocupadas. Disponível em: https://www.oespacopublico.com. br/2018/08/13/campos-eliseos-e-a-porto-seguro/

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Figura 30 - Panorâmica tirada por Guilherme Gaensly a partir do Liceu dos Salesianos na Alameda Glete, 1911. Disponível em: https://www.oespacopublico.com. br/2018/08/13/campos-eliseos-e-a-porto-seguro/ Figura 31- Edifício Mina Klabin (hoje Barão de Limeira). Foto Hugo Zanella, 1941. Disponível em: https://www. oespacopublico.com.br/2018/08/13/campos-eliseos-ea-porto-seguro/

Figura 40 a 45 – Imagem Google Street View – Disponível em: https://www.google.com.br/maps/ preview Figura 46 – Gabarito - Produzido pela equipe de Projeto Integrado e adaptado pela autora Figura 47 – Cheios e vazios - Produzido pela equipe de Projeto Integrado e adaptado pela autora

Figura 32 - Vista aérea ilustrativa do perímetro integral do Projeto da Nova Luz 2011. Disponível em: https:// www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/ desenvolvimento_urbano/arquivos/nova_luz/201108_ PUE.pdf

Figura 48 – Uso e ocupação do solo - Produzido pela equipe de Projeto Integrado e adaptado pela autora

Figura 33 – CAMI - Alameda Nothmann, 485 - 2018 Google Street View. Disponível em: https://www.google. com.br/maps/preview

Figura 50 – Morfologia 01 - Produzido pela equipe de Projeto Integrado e adaptado pela autora

Figura 34 - CIC - R. Barra Funda, 1020 - 2018 - Google Street View. Disponível em: https://www.google.com. br/maps/preview Figura 35 – Mapa recorte – Produzido pela equipe de Projeto Integrado e adaptado pela autora

Figura 49 – Morfologia - Produzido pela equipe de Projeto Integrado e adaptado pela autora

244 Figura 51 - Morfologia 02 - Produzido pela equipe de Projeto Integrado e adaptado pela autora Figura 52 - Morfologia 03 - Produzido pela equipe de Projeto Integrado e adaptado pela autora Figura 53 - Morfologia 04 - Produzido pela equipe de Projeto Integrado e adaptado pela autora

Figura 36 – Mapas localização – Produzido pela autora Figura 37 – Topografia - Produzido pela equipe de Projeto Integrado e adaptado pela autora Figura 38 – Hidrografia - Produzido pela equipe de Projeto Integrado e adaptado pela autora Figura 39 – Sistema de áreas verdes - Produzido pela equipe de Projeto Integrado e adaptado pela autora

Figura 54 - Morfologia 05 - Produzido pela equipe de Projeto Integrado e adaptado pela autora Figura 55 - Morfologia 06 - Produzido pela equipe de Projeto Integrado e adaptado pela autora Figura 56 - Morfologia 07 - Produzido pela equipe de Projeto Integrado e adaptado pela autora Figura 57 - Morfologia 08 - Produzido pela equipe de Projeto Integrado e adaptado pela autora


Figura 58 - Morfologia 09 - Produzido pela equipe de Projeto Integrado e adaptado pela autora Figura 59 – Hierarquia de vias - Produzido pela equipe de Projeto Integrado e adaptado pela autora Figura 60 – Fluxos - Produzido pela equipe de Projeto Integrado e adaptado pela autora Figura 61 – Transporte público - Produzido pela equipe de Projeto Integrado e adaptado pela autora Figura 62 – Vulnerabilidade social - Produzido pela equipe de Projeto Integrado e adaptado pela autora Figura 63 a 67 - Imagem Google Street View – Disponível em: https://www.google.com.br/maps/preview Figura 68 – Patrimônio histórico - Produzido pela equipe de Projeto Integrado e adaptado pela autora Figura 69 a 74 - Imagem Google Street View – Disponível em: https://www.google.com.br/maps/preview Figura 75 – Equipamentos urbanos - Produzido pela equipe de Projeto Integrado e adaptado pela autora Figura 76 – Relação de equipamentos - Produzido pela equipe de Projeto Integrado e adaptado pela autora

Figura 80 – Parâmetros urbanísticos - Zoneamento Campos Elíseos. Disponível em: http://legislacao. prefeitura.sp.gov.br/leis/lei-16402-de-22-de-marcode-2016 Figura 81 – Diagnóstico 01 - Produzido pela equipe de Projeto Integrado e adaptado pela autora Figura 82 – Diagnóstico 02 - Produzido pela equipe de Projeto Integrado e adaptado pela autora Figura 83 – Diretrizes - Produzido pela equipe de Projeto Integrado e adaptado pela autora Figura 84 – Implantação geral - Produzido pela equipe de Projeto Integrado e adaptado pela autora Figura 85 – Tabela de diretrizes - Produzido pela equipe de Projeto Integrado e adaptado pela autora Figura 86 – Microzoneamento - Produzido pela equipe de Projeto Integrado e adaptado pela autora Figura 87 – Parâmetros de ocupação - Produzido pela equipe de Projeto Integrado e adaptado pela autora Figura 88 – Eixos - Produzido pela equipe de Projeto Integrado e adaptado pela autora

Figura 77 – Gráfico equipamentos - Produzido pela equipe de Projeto Integrado e adaptado pela autora

Figura 89 – Ipê – Disponível em: https:// correiodoscampos.com.br/wp-content/ uploads/2018/09/008-geral-ip-880x584.jpg

Figura 78 – Equipamentos de interesse - Produzido pela equipe de Projeto Integrado e adaptado pela autora

Figura 90 – Circuito histórico - Produzido pela equipe de Projeto Integrado e adaptado pela autora

Figura 79 – Zoneamento - Produzido pela equipe de Projeto Integrado e adaptado pela autora

Figura 91 a 95 – Mobiliário urbano - Produzido pela equipe de Projeto Integrado e adaptado pela autora

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Figura 96 – Perspectiva com edifício histórico 01Produzido pela equipe de Projeto Integrado e adaptado pela autora Figura 97 - Perspectiva com edifício histórico 02 Produzido pela equipe de Projeto Integrado e adaptado pela autora Figura 98 – Ponto de ônibus - Produzido pela equipe de Projeto Integrado e adaptado pela autora Figura 99 – Simulação de aplicativo - Produzido pela equipe de Projeto Integrado e adaptado pela autora Figura 100 – Parque Urbano - Produzido pela equipe de Projeto Integrado e adaptado pela autora Figura 101 – Parque Urbano - Produzido pela equipe de Projeto Integrado e adaptado pela autora Figura 102 - Venezuela Border 2019 - Disponível em: https://www.victormoriyama.com.br/venezuelaborderzuela Border - Victor Moriyama - Photographer in Brazil Figura 103 – Programa de necessidades. Produzido pela autora

Figura 109 – Localização fotografias rua Barra Funda produzido pela autora Figura 110 a 113 - Fotografia realizada pela autora em Campos Elíseos Figura 114 - Localização fotografias rua Brigadeiro Galvão - produzido pela autora Figura 115 a 118 - Fotografia realizada pela autora em Campos Elíseos Figura 119 – Localização fotografias rua Olímpia de Almeida Prado - produzido pela autora Figura 120 a 123 - Fotografia realizada pela autora em Campos Elíseos Figura 124 - Fotografia realizada pela autora em Campos Elíseos Figura 125- Fotografia realizada pela autora em Campos Elíseos Figura 126 – Terreno 3D. Produzido pela autora Figura 127 – Cheios e vazios 3D. Produzido pela autora

Figura 104 – Fluxograma. Produzido pela autora

Figura 128 – Gabarito 3D. Produzido pela autora

Figura 105 – Coeficiente de aproveitamento. Produzido pela autora

Figura 129 – Uso e ocupação do solo 3D. Produzido pela autora

Figura 106 – Gabarito máximo. Produzido pela autora

Figura 130 – Mobilidade 3D. Produzido pela autora

Figura 107 - Terreno. Produzido pela autora

Figura 131 – Sistema de áreas verdes 3D. Produzido pela autora

Figura 108 – Topografia. Produzido pela autora

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Figura 132 – Edifícios subutilizados que serão incorporados. Produzido pela autora Figura 133 – Resultado da incorporação. Produzido pela autora Figura 134 - Conexão de modais. Produzido pela autora Figura 135 – Novo modal. Produzido pela autora Figura 136 – Venezuela Border 2019 - Disponível em: https://www.victormoriyama.com.br/venezuelaborderzuela Border - Victor Moriyama - Photographer in Brazil Figura 137 – Implantação e relação com o entorno. Produzido pela autora Figura 138 – Implantação e setorização geral. Produzido pela autora Figura 139 – Implantação e setorização geral explodida. Produzido pela autora Figura 140 – Implantação e setorização geral 3D. Produzido pela autora Figura 141 – Implantação e setorização geral 3D Maquete. Produzido pela autora Figura 142 – Sistema de áreas verdes. Produzido pela autora Figura 143 – Acessos e circulação. Produzido pela autora Figura 144 – Insolação verão. Produzido pela autora Figura 145 – Insolação inverno. Produzido pela autora

Figura 146 – Sistema estrutural. Produzido pela autora Figura 147 e 148– Imagem renderizada projeto. Produzido pela autora Figura 149 – Recorte planta térreo. Produzido pela autora Figura 150 e 151 – Imagem renderizada projeto. Produzido pela autora Figura 152 – Recorte planta térreo. Produzido pela autora Figura 153 e 154 – Imagem renderizada projeto. Produzido pela autora Figura 155 – Recorte planta térreo. Produzido pela autora Figura 156 e 157 – Imagem renderizada projeto. Produzido pela autora Figura 158 – Recorte planta térreo. Produzido pela autora Figura 159 e 160 – Imagem renderizada projeto. Produzido pela autora Figura 161 – Recorte planta térreo. Produzido pela autora Figura 162 e 163 – Imagem renderizada projeto. Produzido pela autora Figura 164 – Recorte planta térreo. Produzido pela autora

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Figura 165 e 166 – Imagem renderizada projeto. Produzido pela autora

Figura 185 – Recorte planta térreo. Produzido pela autora

Figura 167 – Recorte planta térreo. Produzido pela autora

Figura 186 e 187 – Imagem renderizada projeto. Produzido pela autora

Figura 168 e 169 – Imagem renderizada projeto. Produzido pela autora

Figura 188 – Recorte planta térreo. Produzido pela autora

Figura 170 – Recorte planta térreo. Produzido pela autora

Figura 189 e 190 – Imagem renderizada projeto. Produzido pela autora

Figura 171 e 172– Imagem renderizada projeto. Produzido pela autora

Figura 191 – Recorte planta térreo. Produzido pela autora

Figura 173 – Recorte planta térreo. Produzido pela autora

Figura 192 – Detalhe laje impermeável. Produzido pela autora

Figura 174 e 175 – Imagem renderizada projeto. Produzido pela autora

Figura 193 – Corte AA. Produzido pela autora

Figura 176 – Recorte planta térreo. Produzido pela autora Figura 177 e 178 – Imagem renderizada projeto. Produzido pela autora Figura 179 – Recorte planta térreo. Produzido pela autora

Figura 194 e 195 – Imagem renderizada projeto. Produzido pela autora Figura 196 – Recorte planta primeiro pavimento. Produzido pela autora Figura 197 - Detalhe laje alveolar. Produzido pela autora Figura 198 - Corte BB. Produzido pela autora

Figura 180 e 181 – Imagem renderizada projeto. Produzido pela autora

Figura 199 e 200 – Imagem renderizada projeto. Produzido pela autora

Figura 182 – Recorte planta térreo. Produzido pela autora

Figura 201 – Recorte planta segundo pavimento. Produzido pela autora

Figura 183 e 184 – Imagem renderizada projeto. Produzido pela autora

Figura 202 e 203 – Imagem renderizada projeto. Produzido pela autora

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Figura 204 – Recorte segundo pavimento. Produzido pela autora

Figura 223 - Recorte planta terceiro pavimento. Produzido pela autora

Figura 205 e 206 – Imagem renderizada projeto. Produzido pela autora

Figura 224- Detalhe laje alveolar. Produzido pela autora

Figura 207 – Recorte planta segundo pavimento. Produzido pela autora Figura 208 - Detalhe chapa metálica perfurada. Produzido pela autora Figura 209 - Detalhe chapa metálica perfurada 3D. Produzido pela autora

Figura 225 - Corte DD. Produzido pela autora Figura 226 - Detalhe esquadria. Produzido pela autora Figura 227 - Corte EE. Produzido pela autora Figura 228 - Cobertura. Produzido pela autora Figura 229 - Corte detalhado. Produzido pela autora

Figura 210 - Corte CC. Produzido pela autora

Figura 230 - Elevação frontal. Produzido pela autora

Figura 211 e 212 - Imagem renderizada projeto. Produzido pela autora

Figura 231 - Elevação posterior. Produzido pela autora

Figura 213 - Recorte planta terceiro pavimento. Produzido pela autora

249 Figura 232 - Elevação direita. Produzido pela autora Figura 233 - Elevação esquerda. Produzido pela autora

Figura 215 e 216 - Imagem renderizada projeto. Produzido pela autora

Figura 234 - Montagem de imagens. Produzido pela autora

Figura 217 - Recorte planta terceiro pavimento. Produzido pela autora

Figura 235 – Fachada. Passagem. Brancatelli, Bianca. Disponível em: https://issuu.com/biancabrancatelli/docs/monografia_ passagens_biancabrancatelli

Figura 218 e 219 - Imagem renderizada projeto. Produzido pela autora Figura 220 - Recorte planta terceiro pavimento. Produzido pela autora Figura 221 e 222 - Imagem renderizada projeto. Produzido pela autora

Figura 236 – Conjunto Heliópolis. Disponível em: https:// www.archdaily.com.br/br/01-16929/his-conjuntoheliopolis-gleba-g-biselli-mais-katchborian-arquitetos Figura 237 - Implantação. Passagem. Brancatelli, Bianca. Disponível em: https://issuu.com/biancabrancatelli/docs/monografia_ passagens_biancabrancatelli


Figura 238 - Corte BB. Passagem. Brancatelli, Bianca. Disponível em: https://issuu.com/biancabrancatelli/docs/monografia_ passagens_biancabrancatelli

Figura 246 - Perspectiva. Passagem. Brancatelli, Bianca. Disponível em: https://issuu.com/biancabrancatelli/docs/monografia_ passagens_biancabrancatelli

Figura 239 –– Planta térreo. Passagem. Brancatelli, Bianca. Disponível em: https://issuu.com/biancabrancatelli/docs/monografia_ passagens_biancabrancatelli

Figura 247 - Fachada. Passagem. Brancatelli, Bianca. Disponível em: https://issuu.com/biancabrancatelli/docs/monografia_ passagens_biancabrancatelli

Figura 240 - Perspectiva. Passagem. Brancatelli, Bianca. Disponível em: https://issuu.com/biancabrancatelli/ docs/monografia_passagens_biancabrancatelli

Figura 248 – Implantação. Conjunto Heliópolis. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/0116929/his-conjunto-heliopolis-gleba-g-biselli-maiskatchborian-arquitetos

Figura 241 – Fachada. Passagem. Brancatelli, Bianca. Disponível em: https://issuu.com/biancabrancatelli/docs/monografia_ passagens_biancabrancatelli Figura 242 – Planta primeiro pavimento. Passagem. Brancatelli, Bianca. Disponível em: https://issuu.com/biancabrancatelli/docs/monografia_ passagens_biancabrancatelli Figura 243 – Planta segundo pavimento. Passagem. Brancatelli, Bianca. Disponível em: https://issuu.com/biancabrancatelli/docs/monografia_ passagens_biancabrancatelli Figura 244 – Unidade habitacional. Passagem. Brancatelli, Bianca. Disponível em: https://issuu.com/biancabrancatelli/docs/monografia_ passagens_biancabrancatelli Figura 245 – Mapa São Paulo. Passagem. Brancatelli, Bianca. Disponível em: https://issuu.com/biancabrancatelli/docs/monografia_ passagens_biancabrancatelli

Figura 249 – Fachada ativa. Conjunto Heliópolis. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/0116929/his-conjunto-heliopolis-gleba-g-biselli-maiskatchborian-arquitetos Figura 250 – Fachada ativa 02. Conjunto Heliópolis. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/0116929/his-conjunto-heliopolis-gleba-g-biselli-maiskatchborian-arquitetos Figura 251 – Áreas livres. Conjunto Heliópolis. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-16929/hisconjunto-heliopolis-gleba-g-biselli-mais-katchborianarquitetos Figura 252 – Passarelas. Conjunto Heliópolis. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-16929/hisconjunto-heliopolis-gleba-g-biselli-mais-katchborianarquitetos Figura 253 - Corte. Conjunto Heliópolis. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-16929/hisconjunto-heliopolis-gleba-g-biselli-mais-katchborianarquitetos

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Figura 254 – Planta térreo. Conjunto Heliópolis. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/0116929/his-conjunto-heliopolis-gleba-g-biselli-maiskatchborian-arquitetos Figura 255 - Fachada. Conjunto Heliópolis. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-16929/hisconjunto-heliopolis-gleba-g-biselli-mais-katchborianarquitetos Figura 256 - Venezuela Border 2019 - Disponível em: https://www.victormoriyama.com.br/venezuelaborderzuela Border - Victor Moriyama - Photographer in Brazil Figura 257 - Venezuela Border 2019 - Disponível em: https://www.victormoriyama.com.br/venezuelaborderzuela Border - Victor Moriyama - Photographer in Brazil

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anexos Anexo 01 - Página 161 - Planta pavimento térreo Anexo 02 - Página 195 - Planta primeiro pavimento Anexo 03 - Página 201 - Planta segundo pavimento Anexo 04 - Página 211 - Planta terceiro pavimento

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Fig.257 Venezuela Border Victor Moriyama 2019


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