Cadernos Fotográficos - Timor Leste

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RUI CARVALHO P H O T O G R A P H E R

CADERNOS FOTGRAFICOS

TIMOR-LESTE 1

RU IC A RVA L HO P HO T O. C OM


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RUI CARVALHO P HO T O G R A P H E R Residente em Albufeira desde 1997 e natural de Portalegre – Alto Alentejo (1970). Licenciado em Educação Visual e Mestre em Ciências de Educação. Lecionou de norte a sul e ilhas. Formador de professores desde 2000. Organizador de diversos eventos no âmbito do Ensino e dos Média. Docente na Universidade do Algarve, por um período de três anos, lecionou em Timor Leste, no projeto das Escolas de Referência. No seu percurso profissional a “Imagem”, a “Comunicação” e os “Processos Comunicativos” através da fotografia e do vídeo, desempenharam sempre um papel fundamental como forma de expressão e de entendimento do mundo. Esse gosto e fascínio, principalmente pela fotografia, surgiu no final do ensino básico, na disciplina de Arte e Design. Na altura, a “câmara escura” da escola passou a ser o seu espaço criação e experimentação. Passava horas infindáveis a revelar, primeiramente, os negativos, de seguida transpunha essas imagens para papel através do ampliador e a magia acontecia com emoção em cada fotograma, que as soluções químicas faziam revelar. Bastavam alguns segundos para que, no papel fotográfico, surgissem rostos, paisagens e outros assuntos, resultado da luz exposta e da sensibilização dos sais de prata. Todo o processo era feito como um ritual na penumbra da luz vermelha e repetido vezes sem conta até conseguir o resultado pretendido. Mais tarde, depois da sua formação académica, re(apaixonou-se) de novo pela fotografia. Tendo publicado uma reportagem fotográfica na revista “Ativa” e participado em exposições coletivas e individuais. Uma das últimas exposições decorreu na Embaixada Portuguesa, em Bruxelas, evento associado aos 500 anos da chegada dos Portugueses a Timor Leste. Esta exposição contou com o enquadramento do escritor timorense Luís Taka. Atualmente, com a técnica mais amadurecida, a fotografia assume-se na sua vida como forma de expressão e comunicação, para melhor compreender a sociedade e transmitir o seu ponto de vista. Nos enquadramentos que foca, procura com a sua câmara, realidades testemunhadas e em cada imagem, a singularidade etnográfica de um momento que jamais se repetirá.

RU I C A RVA L HO P HO T O G R A P H E R

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C ADE R NOS FOTO GR ÁF IC OS Cadernos fotográficos são uma conjunto de fotografias com algumas descrições. Este projeto contempla uma séria de dez, com fotografias de locais visitados nestes últimos dez anos, principalmente no continente asiático. O caderno Nº 1 é dedicado a Timor-Leste, pelo significado que ainda hoje representa a nível pessoal e profissional. A oportunidade de excercer a docência surgiu em meades de 2012 em como era de esperar, agarrei-a com todo o empenho. Pessoalmente, esta passagem e permanência por um período de um ano no território timorense, permitiu-me constatar, não só um país em reconstrução, como também uma dura realidade, no que diz respeito às condições de vida dos Timorenses, realidade essa que queria documentar através da fotografia. Diariamente fui registando todos os momentos que melhor pudessem caraterizar e contextualizar a realidade de um povo sofredor, resignado às agruras do território e do calor tórrido, mas com imensa vontade de aprender a viver num mundo moderno e desenvolvido, sem renegar as suas culturas e tradições. Estar emergido neste território por um longo período de tempo foi fundamental para “colher” todos estes apontamentos fotográficos do quotidiano, é dos locais que mais fotografei, sobretudo o distrito de Oecusse, sempre que disponha de opotunidade, deslocava-me a outros distritos dentro do território e até fora do território, como foi o caso de uma vista à parte mais ocidental da ilha de Timor, já em território Indonésio, mais precisamente Kupang. O povo timorense antes de ser católico (na sua maioria), é animista e já o era desde sempre. Sabendo que uma fotografia pode “roubar” a alma destas pessoas, que acreditam no poder sobrenatural da natureza e dos elementos que as rodeiam, aprendi a pronunciar em Tétum “Belle Foto”, que significa em Português “posso tirar-lhe uma fotografia?”. Foi com esse gesto respeitoso que procurei fazer as fotografias que pretendia sem interferir, quando a resposta era negativa “LaBelle”, era tido em consideração o desejo de não se ser fotografado.

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Tema

BRINCAR Conceito

D O C UM E N TA L Localidade

O E C U S SE - PA N T E M AC A S S A R

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ANO 2012





Tema

Tema

SAL

ARROZ

Conceito

Conceito

D O C UM E N TA L

D O C UM E N TA L

Localidade

Localidade

O E C U S SE - PA N T E M AC A S S A R

O E C U S SE - PA N T E M AC A S S A R

ANO 2012

ANO 2013






Tema

SU ST E N T O Conceito

D O C UM E N TA L Local

P R A IA D E PA N T E M AC A S S A R

ANO 2012

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LENDA D O CRO CODILO Conta a lenda que há muito muito tempo, um crocodilo já muito velhinho vivia numa ilha da Indonésia chamada Celebes. Como era muito velho, este crocodilo já não tinha forças para apanhar peixes, por isso estava quase a morrer de fome. Certo dia, resolveu entrar terra a dentro à procura de algum animal que lhe servisse de alimento. Andou, andou, andou, mas não conseguiu encontrar nada para comer. Como andou muito e não comeu nada, ficou sem forças para regressar à água. Um rapaz ia a passar encontrou o crocodilo exausto. Teve pena dele e ofereceu-se para o ajudar a voltar. Então, pegou-lhe pela cauda e arrastou-o de volta à água. O crocodilo ficou-lhe muito agradecido e, em retribuição pelo gesto, disse ao rapaz que fosse ter com ele sempre que quisesse ir passear pelas águas do rio ou do mar. O rapaz aceitou a oferta e, a partir daquele dia, muitas foram as viagens que os dois amigos fizeram juntos. A amizade entre os dois era cada vez maior, mas,um dia, a fome foi mais forte e o crocodilo pensou que comer o rapaz era a melhor solução. Antes de tomar esta decisão, perguntou aos outros animais o que achavam da ideia. Todos lhe disseram que era muito ingrato da parte dele querer comer o rapaz que o tinha salvo. O crocodilo percebeu que estava a ser muito injusto e ficou com muitos remorsos. Então, resolveu partir para longe, para esconder a vergonha. Como o rapaz era o seu único amigo, pediu-lhe que fosse com ele. O rapaz saltou para o dorso do crocodilo e deixou-se guiar pelo mar fora.A viagem já ia longa quando o crocodilo começou a sentir-se cansado. Já exausto, resolveu parar para descansar, mas, naquele momento, o seu corpo começou a crescer e a transformar-se em pedra e terra. Cresceu tanto que ficou do tamanho de uma ilha. O rapaz, que viajava no seu dorso, passou a ser o primeiro habitante daquela ilha em forma de crocodilo. E assim nasceu a ilha de Timor.

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MERCADO DE PANTEMACASSAR A venda de carne é feita nestas bancas, sem o mínimo de cuidados higiénicos. Nesta localidade existe um matadouro que funciona regularmente. A dieta alimentar dos tomorenses é à base de arroz. O consumo de carne é baixo e é quase um privilégio.

Tema

BA N C A D E C A R N E Conceito

D O C UM E N TA L Localidade

PA N T E M AC A S S A R

ANO 2012


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TIMOR LE STE FOTO Após quase cinco séculos de dominação portuguesa, em 1975, teve declarada, unilateralmente, a sua independência. No entanto, apenas alguns dias depois, o país foi invadido pela Indonésia. Como resultado do referendo houve o reconhecimento do direito do povo timorense à autodeterminação e à independência. De 1999 a 2002, o país foi administrado pela ONU. O Timor Leste obteve a independência total em 20 de maio de 2002, um mês após escolher o seu primeiro presidente, Xanana Gusmão, o popular chefe da resistência contra a ocupação indonésia e atual primeiro-ministro. A República da Indonésia invadiu e ocupou Timor-Leste em 1975, iniciando uma campanha de violência que matou 200 mil timorenses. Alguns dos episódios desta violência foram os massacres registados em diversas aldeias. Durante o verão de 1983, quase três centenas de moradores de Kraras, que ficou depois conhecida como «a aldeia das viúvas», foram mortos pelas tropas indonésias.

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Tema

O HOM E M E O B E I R O Conceito

D O C UM E N TA L Localização

O E C U S SE

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YEAR 2018




RIO TONO Homem a atravessar o leito do rio TONO. Este rio tem a foz em Pante Makassar e resulta da conf luência de vários rios, algums nascem em território timorense, outros em território indonésio. Na realidades este leito só tem água no período das chuvas, o resto do ano é apenas uma paisagem árida.

Tema

HOM E M C A M I N HA N D O Conceito

D O C UM E N TA L Localidade

PA D IA E

ANO 2012



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E D IÇ ÃO

RU IC A RVA L HO P HO T O. C OM

Rua Cesário Verde Bloco A - Apt 301 8200-655 Albufeira


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