Pré TFG - Um Novo Olhar sobre o CERSAM: O Reflexo do Ambiente Físico no Campo da Saúde Mental

Page 1

UM NOVO OLHAR SOBRE O CERSAM SANIM

O REFLEXO DO AMBIENTE FÍSICO NO CAMPO DA SAÚDE MENTAL

CUP .BRU .QRA

1202 | VON MARCELA

FONSECA

ANDRADE


MARCELA FONSECA ANDRADE PRÉ

TRABALHO

ARQUITETURA

ORIENTADORA DE

E

FINAL

DE

GRADUAÇÃO

EM

URBANISMO

DE

PESQUISA:

LAURA

FONSECA

CASTRO

PONTIFÍCIA GERAIS

BELO

-

UNIVERSIDADE

INSTITUTO

HORIZONTE,

DE

NOV.

CATÓLICA

CIÊNCIAS

2021.

DE

MINAS

SOCIAIS


UM NOVO OLHAR SOBRE O CERSAM O

RELEXO

CAMPO

DA

DO

AMBIENTE

SAÚDE

FÍSICO

MENTAL

NO


RESUMO

RESUMO O

campo

urbanismo uma

da está

cidade

entretanto, carência relação

arquitetura sempre

mais

justa

ainda

desse a

tipo

na

portadores

e

existe

busca

instituições, o sentimento de bem-estar

de

dos

grande

debate

de

um

sociedade:

de

do

igualitária,

uma

de

inclusão

específico

em

e

em

grupo o

evolução

do

é

tratamento,

inadequação dificulta

o

fundamental

de

a

isso,

a

por

seus

processo

para

ambientes

terapêutico

do

indivíduo e, consequentemente, de sua reinserção

na

sociedade.

Nesse

mental.

contexto, percebe-se a importância da

Sendo assim, o presente trabalho final

arquitetura para a garantia de direitos

de

básicos desses cidadãos.

graduação

sofrimento

dos

usuários

busca

promover

uma

reflexão sobre o papel da arquitetura na

reintegração

sociedade

e,

desses

indivíduos

na

Dessa

maneira,

consequentemente,

no

projetado

como

neste

TFG,

objeto

a

ser

propõem-se

a

processo da luta antimanicomial. Para

requalificação de um CERSAM (Centro

isso,

de

deverão

como

a

ser

analisados

dimensão

arquitetura

com

da

as

temas

interface

dimensões

da que

Referência

cidade

de

proposta adequação

entre

desse

comportamento

construído

humano

e

a

e

Reforma

Psiquiátrica.

de

significativas arquitetura mental,

existirem

no

das

que

de

se

instituições

percebe-se

construído

a

de

promoção

Essa

objetivo

espaço

a

construído

saúde de

na

mental,

benefícios

psicológicos e físicos aos seus usuários e

Apesar

do

Mental)

Horizonte.

como

dispositivo

buscando

Saúde

Belo

terá

envolvem a saúde mental, as relações ambiente

em

que

muitos

dos

mudanças refere de o

a

a

consequente

integridade,

individualidade

e

da dos

direitos desse grupo de indivíduos.

saúde espaço

dispositivos

Palavras chave:

substitutivos ainda não se encontra em

arquitetura,

consonância

com

psiquiátrica,

Reforma

Psiquiátrica.

os

da

garantia

princípios

da

Nessas

mental.

ambiente construído,

CERSAM, reinserção

reforma

social,

saúde


É necessário se espantar, se indignar e se contagiar, só assim é possível mudar a realidade. - Nise da SIlveira


SUMÁRIO

SUMÁRIO

1 2

3 4 5 6 7 8 9 10

INTRODUÇÃO

10

BREVE HISTÓRICO

12

2.1 O Atendimento á saúde mental no Brasil

14

2.2 A Reforma Psiquiátrica no Brasil

20

2.3 O CERSAM

22

A RELAÇÃO ENTRE AMBIENTE CONSTRUÍDO E 24

COMPORTAMENTO

PROBLEMÁTICA

30

OBJETIVO

32

LEVANTAMENTO DO LOCAL

34

6.1 Regional Norte

36

6.2 Bairro Minaslândia

37

6.3 CERSAM Norte

44

6.3.1 Conforto ambiental

45

6.3.2 Visita inicial ao CERSAM Norte

46

6.3.2 Percepções pessoais sobre o CERSAM Norte

60

OBRA ANÁLOGA

62

PROGRAMA ARQUITETÔNICO

70

CRONOGRAMA DE TRABALHO

72

BIBLIOGRAFIA

74


LISTA

DE

IMAGENS

LISTA DE IMAGENS FIGURA 1: Corredor em Manicômio

13

Fonte: Fontes, 2003.

FIGURA 2: Hospício Pedro II

15

Fonte: Fontes, 2003.

FIGURA 3: Pátio externo do Hospital Psiquiátrico de Barbacena Fonte: Arbex, 2013.

FIGURA 4: Encarceramento de pacientes na colônia Fonte: Arbex, 2013.

FIGURA 5: Leitos dos pacientes na colônia Fonte: Arbex, 2013.

17

18

18

FIGURA 6: Pátio externo do Hospital Psiquiátrico de Barbacena Fonte: Arbex, 2013.

19

FIGURA 7: Planta de um panóptico Fonte: Foucault, 1997.

27

FIGURA 8: Montagem destacando o CERSAM Norte Fonte: Elaborada pela autora.

35

FIGURA 9: Localização da Regional Norte de BH Fonte: Elaborada pela autora.

36

FIGURA 10: Localização do Bairro Minaslândia na Região Norte Fonte: Elaborada pela autora.

37

FIGURA 11: Principais vias Bairro Minaslândia Fonte: Elaborada pela autora.

38

FIGURA 12: Zoneamento Bairro Minaslândia Fonte: Elaborada pela autora.

39

FIGURA 13: Ocupação Bairro Minaslândia Fonte: Elaborada pela autora.

40

FIGURA 14: Lazer Bairro Minaslândia Fonte: Elaborada pela autora.

41

FIGURA 15: Saúde e Assistência Social Bairro Minaslândia Fonte: Elaborada pela autora.

42 FIGURA 16: Transporte público Bairro Minaslândia Fonte: Elaborada pela autora.

43


LISTA

DE

IMAGENS

FIGURA 17: Localização do CERSAM Norte

44

Fonte: Elaborada pela autora.

FIGURA 18: Arborização, Insolação e Ventos dominantes CERSAM Norte Fonte: Elaborada pela autora.

45

FIGURA 19: Cartas solares fachadas CERSAM Norte Fonte: Elaborada pela autora.

45

º pavimento CERSAM Norte

FIGURA 20: Croqui 1

Fonte: Elaborada pela autora.

46

º pavimento CERSAM Norte

FIGURA 21: Croqui 2

Fonte: Elaborada pela autora.

47

FIGURA 22: Muro CERSAM Norte Rua Wander Rocha Vargas Fonte: Google Street View, 2021.

49

FIGURA 23: Muro CERSAM Norte Rua Parnaíba Fonte: Google Street View, 2021.

49

FIGURA 24: Parte da escada entre os pavimentos Fonte: Acervo pessoal.

50 FIGURA 25: Janelas que dão para o pátio externo do primeiro andar Fonte: Acervo pessoal.

51

FIGURA 26: Pátio externo do primeiro pavimento Fonte: Acervo pessoal.

51

FIGURA 27: Pintura no chão realizada por pacientes e técnicos Fonte: Acervo pessoal.

52 FIGURA 28: Canteiros do pátio externo e pinturas nas paredes Fonte: Acervo pessoal.

52

FIGURA 29: Placa feita em oficina por pacientes Fonte: Acervo pessoal.

53

FIGURA 30: Um dos consultórios do CERSAM Fonte: Acervo pessoal.

53 FIGURA 31: Uma das observações do CERSAM Fonte: Acervo pessoal.

54 FIGURA 32: Refeitório do CERSAM Fonte: Acervo pessoal

55 FIGURA 33: Quadro com desenhos e poemas dos pacientes Fonte: Acervo pessoal.

55 FIGURA 34: Banheiro no segundo pavimento Fonte: Acervo pessoal.

56


LISTA

FIGURA 35: Cabines feminina e masculina no primeiro pavimento

DE

IMAGENS

56

Fonte: Acervo pessoal.

FIGURA 36: Farmácia ao lado da sala dos técnicos Fonte: Acervo pessoal.

57

FIGURA 37: Área de descanso da equipe Fonte: Acervo pessoal.

58

FIGURA 38: Cozinha Fonte: Acervo pessoal.

58

FIGURA 39: Área de descanso da equipe Fonte: Acervo pessoal.

59

FIGURA 40: Pintura realizada por funcionários e residentes no muro do CERSAM Norte Fonte: Página do Facebook CERSAM Norte.

61

FIGURA 41: Pátio Frontal do Centro Diurno para Tratamento de Alzheimer Fonte: www.divisare.com, 2021.

63

FIGURA 42: Diagrama do Centro Diurno para Tratamento de Alzheimer Fonte: www.divisare.com, 2021.

64

FIGURA 43: Entrada do Centro Diurno para Tratamento de Alzheimer Fonte: www.divisare.com, 2021.

65 FIGURA 44: Pátio de fundos do centro diurno Fonte: www.divisare.com, 2021.

66 FIGURA 45: Circulação interna principal do centro diurno Fonte: www.divisare.com, 2021.

66 FIGURA 46: Jardim de inverno do Centro Diurno para Tratamento de Alzheimer Fonte: www.divisare.com, 2021.

67 FIGURA 47: Circulação do centro diurno Fonte: www.divisare.com, 2021.

68 FIGURA 48: Circulação interna principal do centro Fonte: www.divisare.com, 2021.

68 FIGURA 49: Entrada do Centro Diurno para Tratamento de Alzheimer Fonte: www.divisare.com, 2021.

69


INTRODUÇÃO

O presente trabalho final de graduação tem como intuito a análise da influência que a arquitetura exerce sobre o indivíduo portador de sofrimento psíquico em processo de tratamento, e a sua futura aplicabilidade em um Centro de Referência em Saúde Mental (CERSAM) na região metropolitana de Belo Horizonte.

Os CERSAMs, assim como os demais dispositivos de atendimento substitutivos encontrados por todo o Brasil (NAPS, CAPS, dentre outros), podem ser considerados os principais instrumentos da Reforma Psiquiátrica, já que substituem o antigo modelo asilar. Essa reforma, impulsionada pela Luta Antimanicomial, é a responsável pela garantia dos direitos dos portadores de sofrimento psíquico, indivíduos esses que passaram por um grande processo de incompreensão, marginalização e abuso.

Por mais que os CERSAMs tenham a

1 INTRODUÇÃO

importante função de garantir a cidadania, a liberdade e a reinserção social do grupo dos portadores de sofrimento mental, percebe-se que o espaço desses centros não está em consonância com esses objetivos. Por

PÁGINA

10


INTRODUÇÃO

isso,

mesmo

indivíduos ainda

após

com

a

reforma,

sofrimento

encontram

grande

os

determinado espaço; 4. Problemática,

psíquico

que discorre sobre o fato dos CERSAMs

dificuldade

de

Belo

Horizonte

durante o processo de tratamento e de

consonância

reintegração

antimanicomial;

na

sociedade,

com

os

estarem

ideais

5.

em

da

luta

Objetivo,

apresenta

marginalizado.

esse trabalho final de graduação está desenvolvido;

Sendo a configuração espacial um dos

do

principais

diretrizes

fatores

que

dificulta

o

propósitos

local,

em

que

6.

são

pelos

que

perpetuando a exclusão desse grupo já

sendo

os

não

quais

Levantamento levantadas

legislativas

e

as as

desenvolvimento do tratamento nesses

características da regional, do bairro, e

centros

do

grupo

e de

a

decorrente

portadores

exclusão

CERSAM

sofrimento

Análoga,

psíquico, cabe à arquitetura encontrar

projetual

um modo de solucionar a conformação

Tratamento

espacial

critérios

desses

essa

pesquisa

que

possibilite

de

do

ambientes.

busca o

criar

Por uma

isso, base

desenvolvimento

de

que

de

que

diretrizes

funcionamento

empregado como modelo e objeto de

Cronograma

estudo

apresenta

centros

de

atendimento substitutivos.

o

Obra

uma

solução

Diurno

para com

utilizados projeto

os

como

final;

8.

Programa Arquitetônico, que apresenta

CERSAM da grande BH, que poderá ser

demais

7.

Alzheirmer)

serão

para

os

os

apresenta

(Centro

um projeto de requalificação para um

para

escolhido,

ambientes

necessários do de as

para

CERSAM; trabalho,

o 9.

que

etapas

de

desenvolvimento do TFG até o produto final.

O

trabalho

foi

capítulos:

1.

Histórico,

que

histórica

do

dividido

em

Introdução; levanta

2. a

nove Breve

trajetória

atendimento

de

saúde

mental no Brasil, a reforma psiquiátrica e

os

CERSAMs;

Ambiente

3.

A

Relação

Construído

Comportamento,

que

entre e

trata

da

influência dos fatores físicos na forma como

o

usuário

sente

e

usa

PÁGINA

11


BREVE

HISTÓRICO

2 BREVE HISTÓRICO PÁGINA

12


BREVE

HISTÓRICO

FIGURA 1: Corredor em manicômio

PÁGINA

13


BREVE

HISTÓRICO

2.1 O ATENDIMENTO À SAÚDE MENTAL NO BRASIL Os primeiros centros de assistência à

do

saúde

transformado na capital do Império. A

no

período

Brasil

foram

colonial,

hospitais

registrados

representados

coloniais.

A

se

conceitos

caridade,

da

pelos

assistência

necessitados

fundamentava por

no

isso,

cidade

nos

econômicas,

era

necessidade

abrigavam os doentes e todo o tipo de

2013).

instituições,

como

na

Em Santa

estava

transformações

sobre

marginalizado.

de

aos

vinculada aos espaços religiosos, que

grupo

Rio

o

Janeiro

havia

passando

por

políticas, o

um

espaço

diversas

sociais

que

de

se

gerou

maior

urbano

e a

controle

(TIBÚRCIO,

algumas Casa

da

Nesse período, a figura do “louco” era

Bahia (século XVIII), foram incorporadas

identificada

acomodações destinadas aos "loucos",

desordem

chamadas “casinhas de doudos”, onde

medicina

ocorria

grupo "perigoso e ameaçador". Assim,

a

reclusão

desses

indivíduos,

como

social, a

um sendo

função

delegada corrigir

esse

tratamento (FONTES, 2003). Entretanto,

hospício”, a Sociedade de Medicina e

até

possuía

Cirurgia do Rio de Janeiro iniciou uma

direcionada

campanha pública de higienização da

uma

país

ainda

instituição

não

especificamente ao “doente mental”.

“aos

à

utilizando

o

slogan

de

sem a realização de qualquer tipo de

então,

do

de

elemento

loucos

o

população, que alertava a sociedade sobre a periculosidade dos chamados

A

história

portadores

do de

atendimento

sofrimento

Brasil realmente

mental

aos

“alienados”

no

reclusão

se inicia no ano de

e

a

desses

2003).

1852, em uma época na qual a cidade

Aos loucos o hospício!

(Slogan criado pela Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro)

PÁGINA

14

necessidade

indivíduos.

da

(FONTES,


BREVE

HISTÓRICO

FIGURA 2: Hospício Pedro II

A campanha, que se tornou rapidamente vitoriosa, possibilitou a criação do primeiro manicômio do Brasil, o Hospício Pedro II. A edificação, que possuía uma arquitetura grandiosa e imponente, foi inspirada nos modelos manicomiais defendidos por Phillipe Phinel, médico e fundador das clínicas psiquiátricas.

De acordo com Phinel, a internação era a única ferramenta capaz de auxiliar na cura da loucura, por isso a nova instituição tinha como base o conceito de isolamento e exclusão do indivíduo (ANAYA, 2004).

(...) estando as causas da loucura no meio social, o isolamento era fundamental enquanto instrumento terapêutico. (ANAYA, 2004, p.32).

PÁGINA

15


BREVE

HISTÓRICO

Eram um não ser

(ARBEX, 2013, p.13)

Ao

passar

do

portadores

de

tempo,

o

grupo

sofrimento

dos

psíquico

se

tipo de instituição foi cenário de um dos maiores genocídios do país.

encontrava cada vez mais marginalizado. No

Centro

Hospitalar

Psiquiátrico

de

apenas

por

Em 1890, foi criada a Assistência Médico-

Barbacena,

legal

aos

Colônia, foram mortos cerca de 60 mil

tinha

como

“alienados”. pilar

o

Essa

“asilo”,

assistência

cuja

função

brasileiros

conhecido

entre

1930

e

1980.

Os

social mantinha a segregação social dos

indivíduos eram internados à força, não

“doentes mentais”. Em 1923, inspirada nas

tinham o que comer nem o que beber,

ideias

dormiam sobre capim, eram espancados

do

psiquiatra

brasileiro

Juliano

Moreira, foi criada a Liga Brasileira de

e

Higiene

fome,

como

Mental,

que

degeneração

reforçava

a

definia e

a

loucura

criminalidade

intervenção

médica

e no

violados.

a

responsável

por acontecimentos terríveis ao longo da história da humanidade. No Brasil, esse

PÁGINA

16

para

nenhum

morriam

doenças

faculdades

2013).

foi

de

vendidos

(TIBÚRCIO, 2013).

entretanto,

frio, e

sem

psíquico,

pacientes

eletrochoque,

espaço social e o isolamento dos “loucos”

A reclusão dos portadores de sofrimento

de

Os

seus

e

corpos de

questionamento

de de

eram

medicina (ARBEX,


BREVE

HISTÓRICO

FIGURA 3: Pátio externo do Hospital Psiquiátrico de Barbacena

PÁGINA

17


BREVE

HISTÓRICO

FIGURA 4: Encarceramento de pacientes na colônia

FIGURA 5: Leitos dos pacientes na colônia

A prática de exclusão dos “alienados” contribuiu de forma expressiva para os abusos ocorridos durante décadas contra esse grupo, que em vários manicômios de todo o mundo foram submetidos a condições desumanas, claramente caracterizadas como violações a inúmeros direitos.

Evidentemente, as práticas utilizadas nesse período geravam prejuízos significativos e muitas vezes irreversíveis para os indivíduos portadores de sofrimento psíquico, que se encontravam cada vez mais excluídos da sociedade. Por isso, foram surgindo, de forma

cada

vez

mais

expressivas,

questionamentos

e

movimentos

de

crítica

às

instituições psiquiátricas, objetivando buscar alternativas no sentido de se ter um atendimento e uma assistência que valorizassem a reinserção social e o resgate da cidadania desse grupo marginalizado (TIBÚRCIO, 2013).

PÁGINA

18


BREVE

HISTÓRICO

FIGURA 6: Pátio externo do Hospital Psiquiátrico de Barbacena

PÁGINA

19


BREVE

HISTÓRICO

2.2 A REFORMA PSIQUIÁTRICA NO BRASIL Entre os anos de 1950 e 1960, começaram

a

a

Inspirada na reforma italiana de 1978 e

aparecer

as

primeiras

contestações

mundiais ao modelo manicomial.

com

Reforma

o

lema

Psiquiátrica

“por

manicômios”, No

Brasil,

o

Psiquiátrica

processo

contou

da

com

a

Reforma

atuação

da

buscava

a

sociedade

com

uma

na

tratamento

e

alternativa

ao

métodos

de

40

se

tradicionais

Entretanto,

a

reforma

país

no

rebelou da

campanha só

contra

psiquiatria. efetiva

começou

a

pela tomar

sociedade

reforma

transformar

médica psiquiatra Nise da Silveira, que já década

uma

brasileira.

o

a

brasileira

relação

doente,

possibilidade

rede

apontando

diferente

construindo hospital

assistencial,

centralizadas

2003)

fortalecesse

uma

no a

com

lógica O

estratégias

indivíduo

reinserção

Em 1970, de forma paralela à eclosão do iniciou-se

Por uma sociedade sem manicômios! (Slogan da Reforma Psiquiátrica Brasileira)

20

de

psiquiátrico.

social

portadores de sofrimento mental.

PÁGINA

da

novo modelo propôs a criação de uma

força no final da década de 70. (FONTES,

Movimento Sanitário no Brasil,

sem

que dos


BREVE

Com

a

1988,

durante

José

aprovação o

da

Constituição

governo

Sarney,

as

decorrentes

do

democratização

do

de

presidente

transformações processo

atingiram

de

também

mais conhecida como

Psiquiátrica.

HISTÓRICO

Lei da Reforma

Elaborada pelo deputado

Paulo Delgado, a Lei 10.216 deu respaldo e

legitimidade

ao

processo

da

luta

o

antimanicomial. Essa lei representou um

campo da saúde. (TIBÚRCIO, 2013). Na

grande avanço jurídico no que concerne

constituição, foi conferido um esboço do

aos direitos dos portadores de sofrimento

que viria a se tornar o Sistema Único de

mental e de seus familiares, assegurando

Saúde (SUS), em que o Estado brasileiro

o

assumiu o compromisso segundo o qual:

trazendo um novo modelo de tratamento,

fim

dos

com

hospitais

cuidado

psiquiátricos

humanizado

e

e

em

liberdade.

A saúde é um

A

direito de todos

Lei

da

da

Psiquiatria

proporcionou a retração das instituições asilares e manicomiais e sua substituição progressiva

e um dever do

Reforma

pelos

modelos

substitutivos,

como o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) (TIBÚRCIO, 2013).

Estado

Na (BRASIL, 1988)

região

metropolitana

de

Belo

Horizonte, o novo modelo se deu através de

uma

rede

com

diversos

serviços

Recentemente, em 2001, foi sancionada

substitutivos, sendo um deles conhecido

pelo

como

presidente

Cardoso

a

Lei

Fernando

Federal

Henrique

10.216,

Centro

de

Referência

em

Saúde

Mental (CERSAM).

PÁGINA

21


BREVE

HISTÓRICO

2.3 O CERSAM Os Centro de Referência em Saúde mental

(CERSAM)

são

centros

de

atenção básica da rede pública de saúde. Constituídos em consonância com

os

ideais

da

reforma

No

CERSAM,

tratamento

o

busca

a

psiquiátrica, os CERSAMs tem como proposta o atendimento de urgências psiquiátricas e acompanhamento de pacientes,

sendo

frequentado

e

um

espaço

habitado

pelos

estabilização do quadro clínico, da

a

vida

suporte

reconstrução pessoal,

necessário

reinserção Esses dispositivos funcionam em Belo Horizonte desde 1993. Atualmente, a conta

com

oito

aos

familiares, o convívio e a

indivíduos em períodos de crise.

cidade

o

CERSAMs,

que possuem cobertura municipal e funcionam 24h por dia, todos os dias,

Oferece

os

atendimentos próprios a cada

caso,

presença equipe

inclusive nos feriados.

social.

com

a

constante

de

multiprofissional,

oficinas e atividades de Em relação ao espaço físico, esses centros

são

edificações

inseridos

em

residenciais,

bairros com

e

uma

arquitetura extremamente distinta de um

hospital,

humanizado paciente.

criando e

um

acolhedor

ambiente para

cultura e lazer.

o

(Site PHB, Outubro 2021)

PÁGINA

22


BREVE

No

CERSAM,

internados forma

existem

de

forma

involuntária

família)

e

de

(determinada dessa forma

forma

classificação, de

voluntária,

(a

pela

pacientes

os

pedido

internação,

o cuidado ao indivíduo portador de

da

sofrimento

Além

relacionada existem

Cabe ressaltar que o atendimento e

de

compulsória

Justiça).

HISTÓRICO

a

psíquico

não

acontece

apenas em um único lugar, mas em uma

ampla

rede

com

diferentes

segmentos sociais, serviços e atores.

os

pacientes que dormem no CERSAM,

Atualmente, a rede de BH conta com

os inscritos na permanência dia, os

oito

que

Convivência (CAPSIII), 65 equipes de

frequentam

determinados

o

da

local

semana

em

dias

(aqueles

CERSAMs,

saúde

da

com o quadro mais estável), e os de

residenciais

regime ambulatorial.

serviço

a

equipe

é

formada

multidisciplinar,

de

forma

geralmente

família,

Centros

dez

terapêuticos

de

noturna

nove

urgência

(SUP)

e

complementares

de

de

serviços (SRT),

um

psiquiátrica

nove

equipes

atenção

a

criança e ao adolescente.

composta por psicólogos, terapeutas ocupacionais,

enfermeiros,

psiquiatras,

assistentes

auxiliares

de

sociais,

enfermagem,

farmacêuticos, porteiros, motoristas,

Além

do

também inter

atendimento

acontecem

setoriais,

técnico,

diversas

envolvendo

ações

áreas

de

ação social e de educação.

faxineiros e um gerente.

PÁGINA

23


A

RELAÇÃO

ENTRE

AMBIENTE

CONSTRUÍDO

E

COMPORTAMENTO

3 A RELAÇÃO ENTRE AMBIENTE CONSTRUÍDO E COMPORTAMENTO

PÁGINA

24


A

RELAÇÃO

ENTRE

AMBIENTE

CONSTRUÍDO

E

COMPORTAMENTO

O estudo do ambiente físico como fator capaz

de

interferir

emoções

e

nos

sentidos,

comportamentos

dos

indivíduos tem encontrado um crescente reconhecimento Inúmeras

nas

últimas

pesquisas

décadas.

vêm

sendo

desenvolvidas no sentido de entender a

“(...)

representa

um

relação entre o espaço e o bem-estar

desdobramento

de

de acordo com fatores psicológicos e

um novo enfoque em

comportamentais.

saúde,

centrado

no

usuário, que passa a Entre

as

pesquisas

nesse

campo,

destaca-se a Psicologia Ambiental, que tem como objeto de estudo a influência mútua

de

fatores

comportamentais.

ambientais

Esse

campo

e da

psicologia investiga os estímulos que o ambiente exerce sobre a forma como o indivíduo

sente,

condições

essas

afetam

os

age que

e

percebe,

simultaneamente

componentes

socio-físicos

dos ambientes (VERDUGO, 2005).

No

que

se

campo

da

espaço

e

aplicada conceito como

refere

à

saúde,

a

relação

principalmente da

intuito

vem

recuperar

a

subjetiva e única do paciente.

no

entre sendo

através

humanização,

entendido

forma não

de

holística,

mais

como

e um

conjunto

de

sintomas

e

patologias

a

serem

estudadas

pelas

especialidades médicas.”

arquitetura

comportamento

ser

que

do tem

dimensão

(FONTES, 2003, p.2)

PÁGINA

25


A

RELAÇÃO

Um que

ENTRE

campo os

AMBIENTE

específico fatores

ambiente

da

CONSTRUÍDO

saúde

causar

COMPORTAMENTO

em

arquitetura

do

Panóptico,

uma

construção

com

torre

em

psicológicos

podem

E

uma

uma

dessas

instituições

seu

era

em

centro

o

anel, que

interferência ainda maior no processo

permite a vigília de todos os ambientes

de

do edifício. Esse modelo foi aplicado

tratamento

de

seus

usuários

é

a

área da saúde mental. Nos dispositivos

em

de

hospitais psiquiátricos e nas prisões.

atendimento

sofrimento

ao

psíquico,

o

portador

de

sentimento

de

muitas

instituições,

como

nos

bem-estar do paciente é fundamental

De acordo com o autor, a vigilância

para a evolução do tratamento. Nesse

era

contexto,

por sua vez, criava indivíduos dóceis e

a

arquitetura

tem

o

essencial

importante papel de construir espaços

submissos.

adequados,

se

usuários

que

promovam

benefícios

aos

seus

psicológicos

e

físicos.

O

a

para

Nesse

a

disciplina,

momento,

interferência

que

percebe-

a

simples

conformação do espaço é capaz de gerar em seus usuários.

modelo

aplicado instituições

manicomial, durante de

extremamente

que

décadas

saúde

foi nas

mental,

prejudicial

foi aos

A

disciplina

fabrica

assim corpos submissos e

portadores de sofrimento psíquico. A

exercitados,

arquitetura dos hospitais psiquiátricos

dóceis.

(...)

incorporaram a repressão, a exclusão,

palavra:

ela

a disciplina, o controle e a vigilância

poder do corpo; faz dele

panóptica relatada por Foucault.

uma

corpos

“Vigiar

e

Punir”

(1997),

Michel

Em

procura

uma

dissocia

aptidão,

capacidade Em

o

uma

que

ela

aumentar;

e

Foucault destaca o uso das instituições

inverte por outro lado a

de disciplina como forma de controle

energia, a potência que

da sociedade, tendo como função o

poderia resultar disso, e

isolamento e a vigilância dos indivíduos

faz

considerados desviantes dos padrões.

estrita

dela

uma

sujeição

Para o autor, o principal símbolo da

(FOUCALT, 1997, p. 135)

PÁGINA

que,

26


A

RELAÇÃO

ENTRE

AMBIENTE

CONSTRUÍDO

E

COMPORTAMENTO

FIGURA 7: Planta de um panóptico

PÁGINA

27


A

RELAÇÃO

ENTRE

AMBIENTE

CONSTRUÍDO

E

COMPORTAMENTO

Robert Sommer, em seu livro “Espaço

por força do seu desequilíbrio mental

Pessoal” (1973), também discorre sobre

não deve expressar uma sensação de

a interferência do espaço manicomial

cárcere,

em seus usuários. De acordo com as

estar

pesquisas

percebe-se

do

autor,

importantes

para

fechamento

dos

conformação

que

o

foram

processo

de

manicômios,

física

dos

a

mas

e

sim

de

liberdade. as

conforto, Nesse

bem

aspecto,

possibilidades

que

a

arquitetura tem a assumir no campo da saúde mental.

hospitais

psiquiátricos causavam grandes danos

Os

aos

arquitetura como uma ferramenta para

pacientes,

eram

pobres

já e

que

não

os

ambientes

estimulavam

novos

dispositivos

necessitam

da

a

a construção de um autêntico espaço

interação entre seus usuários (FONTES,

de habitar, no qual seu usuário possa

2003).

se identificar e, assim, atribuir valores ao local (TIBÚRCIO, 2013).

Após

a

Reforma

fechamento

Psiquiátrica

dos

conformação

e

manicômios,

arquitetônica

o a

dos

Diferentemente pelo

antigo

do

que

modelo

pregado

asilar,

que

espaços se tornou um desafio para os

produzia

dispositivos

submissos, os dispositivos substitutivos

de

substitutivos.

saúde

Nessas

necessária

a

instituições,

humanização

espaços

de

tratamento,

subtrair

os

aspectos

imagem

mental

manicomial

de

é dos

forma

associados e

gerar

precisam do

indivíduos

era

estimular

usuário,

controlados

a

individualidade

dissolvida

quanto

e

tanto

a

doença

à

realizadas pelos manicômios. Por isso,

a

é

necessário

a

pelas

pela

criação

de

práticas

espaços

sensação de bem-estar nos pacientes,

sem padronizações ou monotonia, mas

garantindo

sim,

a

integridade

ressocialização dos

e

portadores

a de

sofrimento mental.

de

interação

e

ambiente

pelos

2003). O

meio

em

que

o

portador

de

sofrimento psíquico passa a frequentar

PÁGINA

28

locais a

que

possibilitem

personalização paciente

a do

(FONTES,


A

De

acordo

com

RELAÇÃO

ENTRE

pesquisas

AMBIENTE

que

CONSTRUÍDO

E

COMPORTAMENTO

Outro fator que estimula o conforto e

discorrem sobre a personalização de

o

bem

estar

do

espaços construídos, a personalização

dispositivos

de

é frequentemente associada ao papel

construção

dessas

de territorialidade.

bairros

e

usuário

saúde

a

novos

mental

é

instituições

casas

assemelhando-se

nos

a em

residenciais, uma

moradia

familiar e se distinguindo radicalmente de

uma

arquitetura

hospitalar

ou

prisional. Novamente, ao contrário do

O ato de personalizar define

um

que o modelo manicomial pregava, é

espaço

necessário que os usuários se sintam

territorial por meio de

em

marcas

aconchegante como sua própria casa,

pessoais,

que

e

indicam pertencimento

um

não

local

em

acolhedor,

um

local

agradável

frio,

vigiado

e

e

desconfortável como uma prisão ou um hospital.

(TIBÚRCIO, 2013, p. 13)

Por isso, ao personalizar o espaço, o

indivíduo consegue assumir o local em

que se encontra como um ambiente no

qual ele pertence. Esse fator é capaz

de mudar o pensamento do portador

de sofrimento mental em relação ao local

onde

funciona

o

dispositivo

de

atendimento, que acaba por ser tornar um

espaço

onde

o usuário

se

sente

confortável em frequentar.

PÁGINA

29


PROBLEMÁTICA

4 PROBLEMÁTICA PÁGINA

30


PROBLEMÁTICA

Em

tese,

os

CERSAMs

cumprem

reforma, estão os centros em que

com os ideais propostos pela luta

os pacientes ainda são tratados de

antimanicomial. Entretanto, muitos

modo

desses

são

dormindo no chão, ambientes sujos

seu

e

espaços

adequados

não

para

o

funcionamento.

desumano

com

a

(indivíduos

presença

baratas,

de

ratos

entre

e

outras

adversidades). Ao

se

observar

espalhados das

pela

os

CERSAMs

grande

características

perceptível

o

uma

facilmente

disso,

é

notório

que,

em

termos espaciais e arquitetônicos, muitos dos CERSAMs não estão em

edificação por meio de muros que

consonância com os princípios da

dificultam

o

reforma

o

uma

entorno, o que perpetua a noção

uma

de segregação e enclausuramento.

marginalizada e esquecida. Esse é

Outra

a

um dos fatores que faz com que,

conformação física desses centros,

mesmo após a reforma e todos os

que,

anos

ou dos

impossibilitam pacientes

questão

diversas

vezes, a

hospitalares

macas,

graves,

totalmente

é

muito

dentre Em que

dos

se

edificações

(enfermarias,

características). mais

com

constatada

assemelham

com

isolamento

Diante

da

contato

é

BH,

outras

casos se

leitos

psiquiátrica,

conjuntura minoria

de

luta,

sofrimento

de já

os

psíquico

perpetuando exclusão

de

extremamente

portadores ainda

de

passem

por grandes dificuldades durante o tratamento

e,

consequentemente,

ainda

durante o processo de reinserção

destoam

na sociedade e garantia dos seus

princípios

da

direitos como cidadãos.

PÁGINA

31


OBETIVOS

No que se refere a problemática desenvolvida anteriormente, estudo

é

o

claro:

a

principal

objetivo

luta

direitos

pelos

desse e

pela

reinserção social do grupo marginalizado dos portadores de sofrimento mental. Mesmo após a Reforma Psiquiátrica e todos os anos da Luta Antimanicomial,

esse

grupo

ainda

é

extremamente excluído.

A busca por uma reintegração concreta dessa minoria

na

sociedade

está

prevista

na

reforma, mas ela deve ser realmente aplicada nos novos dispositivos de atendimento.

Considerando que as questões referentes aos ambientes de tratamento psiquiátrico estão no cerne da reforma, a arquitetura será utilizada como ferramenta para a readequação de um CERSAM,

que

poderá

ser

empregado

como

referência para demais centros de atendimento substitutivo.

Até

o

momento,

o

CERSAM

escolhido foi o CERSAM Norte, localizado no bairro

Minaslândia,

na

região

Norte

de

Belo

Horizonte.

Essa

requalificação,

por

sua

vez,

será

a

responsável pela garantia de um ambiente mais humano

para

sofrimento

5 OBJETIVO PÁGINA

32

o

paciente

psíquico,

portador

assegurando

de um

tratamento mais digno e integro para o usuário e

sua

consequente

política na sociedade.

reinserção

espacial

e


LEVANTAMENTO

Outro

objetivo

trabalho

é

a

que

deve

relevância

ser que

citado esse

DO

LOCAL

nesse

tipo

de

pesquisa tem para o campo da arquitetura e do urbanismo, que se encontra, de certa forma, carente em relação a esse tipo de tema.

Desde

1990,

foram

realizadas

diversas

pesquisas dentro do campo da saúde mental com enfoque nos serviços substitutivos, como é o caso do CERSAM. Todavia, existem poucos trabalhos

que

tratam

influência

que

o

indivíduos

portadores

mental,

especificamente

espaço de

principalmente

encontram

em

exerce

sobre

algum

e

em

os

sofrimento

daqueles

crise

da

que

se

tratamento

(TIBÚRCIO, 2013).

Além disso, apesar do campo de arquitetura e urbanismo estar em constante debate por uma cidade

mais

justa

e

menos

desigual,

principalmente no que se refere à inclusão de grupos

minoritários

e

marginalizados

na

sociedade, ainda existe uma grande carência desse tipo de debate em relação a inclusão do grupo de indivíduos portadores de sofrimento mental.

divulgados espaços

existem em

na

colabora

relação

área

em

pesquisas

de

a

a

estudos

humanização

saúde,

relação

e

o

que

adequação

de

muito dos

espaços de tratamento. Entretanto, ainda há muito o que ser debatido sobre o real papel da arquitetura

como

ferramenta

na

luta

antimanicomial.

PÁGINA

33


LEVANTAMENTO

DO

LOCAL

6 LEVANTAMENTO DO LOCAL

PÁGINA

34


LEVANTAMENTO

DO

LOCAL

FIGURA 8

PÁGINA

35


LEVANTAMENTO

DO

LOCAL

6.1 REGIONAL NORTE

O município de Belo Horizonte conta com 8 CERSAMS, um para cada

regional

da

cidade

(exceto para a regional Centro-

SANTA LUZIA

Sul).

O

CERSAM

Norte

localizado

está

no

Minaslândia,

na

VENDA NOVA NORTE

Bairro

regional

Norte

PAMPULHA

de Belo Horizonte.

Fazendo divisa com as regionais Venda

Nova,

Pampulha

e

Nordeste

com

Santa

Luzia,

possui

uma

a

a

cidade

e de

Regional

Norte

urbanização

ainda

recente. Apesar de uma parcela dessa regional ter sido ocupada antes mesmo da construção da cidade,

através

fazendas

e

sítios,

chácaras,

infraestrutura realmente

de

urbana

sua

instaurada

foi nas

décadas de 1980 e 1990. Ainda hoje

existem

áreas

regional

nessa

praticamente

inabitadas,

como

a

mata

Isidoro e a Granja Werneck.

PÁGINA

36

do

1500m

FIGURA 9: Localização da Regional Norte de BH

NORDESTE


LEVANTAMENTO

DO

LOCAL

6.2 BAIRRO MINASLÂNDIA

Localizado na porção sul da regional

Norte,

Minaslândia

o

bairro

iniciou

seu

surgimento antes mesmo da construção Horizonte, fazendas

de a

Belo

partir

das

localizadas

na

Bacia do Ribeirão do Onça. A Vila Minaslândia surgiu em 1940, mas só foi oficializada como Bairro Minaslândia em 1988.

É envolvido pelos bairros São Bernardo,

Providência,

Gonçalo,

São

Aarão

Reis,

Guarani e Primeiro de Maio

O

bairro

praticamente

faz

divisa com a pista de pouso 500m

FIGURA 10: Localização do Bairro Minaslândia na Região Norte

e

decolagem

Carlos

do

Drummond

Andrade

de

(conhecido

popularmente Aeroporto

Aeroporto

da

como Pampulha),

podendo se vista do próprio Cersam.

PÁGINA

37


LEVANTAMENTO

DO

LOCAL

O

Bairro

Minaslândia

tem a sua porção oeste pela

Avenida

A

U

R

limitada

Machado,

E

D

É

S

O

J

Cristiano

C R

G

de

A

SA

N

E

LA

uma importante avenida Horizonte,

por

D

também

passa

a

C

O

H

OD

onde

E

A

G

V

O

R

RA

Belo

O R

AH

linha de metrô.

AÍBA RUA PARN

N

M

ED

CA

R

CERSAM

A W U

SI R

R

AI T

A

ON

Percebe-se O

CA D

Cersam

que

R T

INE

Norte

o está

A U Q

VA

A U R

GRANDE RUA RIO

localizado

na

esquina

de

duas

importantes

vias

do

bairro:

a

Rua

Wander Rocha Vargas, caracterizadas uma

como

centralidade

AC

bairro,

e

ILÉ G

Parnaíba,

NA AN AO

coletora

a

Rua

uma que

do

faz

Via a

J AU R

ligação entre os bairros Via arteriaI Via coletora Via regional

100m FIGURA 11: Principais vias Bairro Minaslândia

PÁGINA

38

São

Bernardo

Providência.

e


LEVANTAMENTO

O

Bairro

DO

LOCAL

Minaslândia

abrange cinco tipos de zonas:

Centralidade

Regional

(CR),

Ocupação Moderada-2 (OM-2),

Área

de

Especial

Interesse

Social-1

(AEIS-1),

CERSAM

Preservação Ambiental 1 (PAI-1)

e

Grandes de

Área

de

Equipamentos

Uso

Coletivo

(AGEUC).

O

CERSAM

localizado

Norte

na

está

OM-2,

zona onde a ocupação sofre certa restrição. O centro divisa

também com

a

zona

faz CR

de

OM-2

Centralidade Regional.

AEIS-1 PA-1 AGEUC

100m FIGURA 12: Zoneamento Bairro Minaslândia

PÁGINA

39


LEVANTAMENTO

DO

LOCAL

O

Bairro

Minaslândia

uma

possui

população

de

aproximadamente habitantes.

De

6.490

acordo

com

o

Censo de 2010, considerando o perfil

socioeconômico

população,

o

de

sua

bairro

é

considerado como popular.

O

bairro

possui

majoritariamente

o

uso

residencial,

com edificações formadas por casas

mais

simples,

de

um

a

dois pavimentos, e geralmente muradas.

A

locação

do

CERSAM Norte nesse bairro vai

CERSAM

de acordo com um critério da luta

antimanicomial,

segundo

os

reforma,

o

dispositivos

princípios ideal de

é

que, dessa

que

saúde

os

mental

substitutivos sejam inseridos em bairros residenciais, o que gera uma

atmosfera

acolhedora Atualmente,

e o

mais

confortável.

CERSAM

Norte

está inserido em um quarteirão que

possui

fachada

somente

virada

casas.

para

a

A

Rua

Parnaíba, onde está localizada a entrada do centro, tem como Residencial Comércio, serviços e

vista um prédio residencial de onze andares. Já a fachada da

galpões

Rua Wander Rocha Vargas tem

Uso misto

como vista galpões murados.

100m FIGURA 13: Ocupação Bairro Minaslândia

O

bairro

vagos

e

possui

muitos

galpões,

ao

lotes

mesmo

tempo em que não é tão bem atendido

no

critério

comércios e serviços.

PÁGINA

40

de


LEVANTAMENTO

O

Bairro

Minaslândia

DO

LOCAL

não

possui muitos equipamentos de

lazer.

Não

praças

ou

espalhadas Entretanto com (o

são

dois

pracinhas pela

o

vistas

região.

bairro

grandes

Parque

conta

parques

Ecológico

Primeiro de Maio e o Parque Nossa Senhora da Piedade). Além

disso,

campo

de

dispõe futebol

Providência)

e

de

um Parque Nossa Senhora

(Campo

da

da Piedade

Arena

Providência, que possui uma academia pública.

CERSAM

Campo Arena

Providência

Providência

Parque Ecológico Primeiro de Maio

100m

FIGURA 14: Lazer Bairro Minaslândia

PÁGINA

41


LEVANTAMENTO

DO

LOCAL

Em relação à saúde e à assistência bairro

social,

o

Minaslândia

dispõe de um Centro de Saúde

(Centro

de

Saúde Providência), de um

CRAS

(Centro

referência assistência

de de

social),

do

SPE Saúde BH,

CERSAM

e, é claro, do CERSAM Norte.

Centro de Saúde CRAS

Providência

SPE Saúde BH

100m

FIGURA 15: Saúde e Assistência Social Bairro Minaslândia

PÁGINA

42


LEVANTAMENTO

De

maneira

bairro

geral,

LOCAL

o

Minaslândia

é

bem servido quanto ao transporte

DO

público.

Estação Waldomiro Lobo

Existe uma boa divisão de

pontos

mais

de

ônibus,

concentrados

nas

principais vias do bairro.

Delimitado pela linha de metrô, o bairro também dispõe metrô Além

da

Estação

Waldomiro disso,

de

Lobo.

a

Estação

Primeiro

de

Maio,

apesar

de

estar

localizada Primeiro

no

de

encontra

bairro

Maio,

bem

CERSAM

se

próxima

ao bairro Minaslândia.

Os

pontos

mais

de

ônibus

próximos

CERSAM localizam

Norte na

ao se

Estação Primeiro de Maio

Avenida

Cristiano Machado e na Rua Quatro. Além disso, o

centro

se

encontra

100m

FIGURA 16: Transporte público Bairro Minaslândia

bem próximo à estação Waldomiro Lobo.

PÁGINA

43


LEVANTAMENTO

DO

LOCAL

6.3 CERSAM NORTE O CERSAM Norte está localizado na esquina das ruas Parnaíba e Wander Rocha Vargas, mas a sua entrada está localizada na Rua Parnaíba, número 568. A fachada principal

contava

entradas

e

Entretanto, das

um

SA

o

duas portão.

atualmente,

entradas

facilitando

com

é

uma

utilizada,

controle

de

quem

G

entra e sai.

RA V AH C OR R

Assim

como

ED N

princípios

sugerem da

AW AU

psiquiátrica,

R

instalado

esse em

antigamente

IZN

prol

de

residencial.

fornecer

foi

casa Foram

um

ambiente

ERE T

mais funcional para a realização

OI R ÁM

das

atividades

OI Z

entretanto,

as

do

centro,

intervenções

EA UR

realizadas

significativa

44

CERSAM uma

não

descaracterizaram

PÁGINA

reforma

realizadas algumas reformas em

RUA PARNAÍBA

FIGURA 17: Localização do CERSAM Norte

os

10m

a

de

forma

atmosfera

residencial da construção.


LEVANTAMENTO

DO

LOCAL

6.3.1 CONFORTO AMBIENTAL Como o CERSAM está localizado entre

duas

vias

locais,

com

pequeno tráfico de automóveis e de

pessoas,

sonoro por

são

estar

de

os

níveis

baixos.

bem

pouso

ruído

Entretanto,

próximo

e

Aeroporto

de

à

pista

decolagem

da

10m

do

Pampulha,

ocasionalmente se ouve um ruído alto dos aviões.

Como os ventos dominantes de Belo

Horizonte

vêm

principalmente de leste, o pátio superior

recebe

ventilação,

uma

enquanto

C

melhor o

B

pátio

inferior praticamente não recebe

A

os ventos.

Devido

a

implantação

E

D

da

edificação no terreno, o pátio do pavimento

superior

recebe

a

insolação da manhã, enquanto o pátio do andar de baixo recebe a

insolação

estão solares

da

tarde.

representadas das

Abaixo

as

cartas

fachadas

FIGURA 18: Arborização, Insolação e Ventos dominantes CERSAM Norte

da

construção:

A

B

C

D

E

FIGURA 19: Cartas solares fachadas CERSAM Norte

PÁGINA

45


LEVANTAMENTO

DO

LOCAL

6.3.2 VISITA INICIAL AO CERSAM NORTE

A divisão dos ambientes no CERSAM Norte é feita em dois pavimentos.

No segundo

pavimento, por onde é

realizada a entrada, existem um pátio aberto,

uma

recepção,

uma

sala

de

espera, duas observações (leito onde os residentes podem pernoitar) sendo uma

delas

com

consultórios,

um

banheiro, DML,

mais

um

banheiro, uma sala de administração, duas farmácias e a sala dos técnicos.

Descendo

uma

escada

LIXO

três

ÁREA EXTERNA PORTA

X

TRANCADA

externa,

chega-se no primeiro pavimento. Ele

REFEITÓRIO

dispõe de um grande pátio aberto com uma

parte

coberta

(onde

fica

o

refeitório), um quartinho de lixo, dois banheiros masculino),

(um e

feminino

uma

área

e de

outro acesso

restrito para os funcionários (onde fica a

área

de

descanso

e

refeição

dos

funcionários, a cozinha com acesso ao refeitório principal, um banheiro e uma salinha onde os técnicos guardam seus pertences e descansam).

º pavimento CERSAM Norte

FIGURA 20: Croqui 1

PÁGINA

46


LEVANTAMENTO

DO

LOCAL

PORTA TRANCADA

X

PORTA TRANCADA

X

WC F

WC M

OBSERVAÇÃO

ESTAR FUNCIONÁRIOS

TRANCADA

COZINHA

DEPÓ-

TÓRIO

SITO

OBSERVAÇÃO

PORTA

CONSUL-

WC

TÓRIO

X

CONSUL-

RECEPÇÃO

CONSULTÓRIO

?

FARMÁCIA WC

WC

ADMINISTRAÇÃO

FUNCIONÁRIOS ESTAR EXTERNO SALA DOS DEPÓSITO

TÉCNICOS

FUNCIONÁRIOS

POSTO DE ENFERMGAEM

º pavimento CERSAM Norte

FIGURA 21: Croqui 2

PÁGINA

47


LEVANTAMENTO

DO

LOCAL

A

observação

direta

da

relação

entre o espaço físico do CERSAM e os

pacientes

e

indispensável

funcionários

para

a

é

realização

dessa pesquisa. Por isso, visitas no local

com

conversas,

entrevistas

e

análises são fundamentais.

A

primeira

visita

realizada

no

CERSAM Norte foi guiada por uma enfermeira, que apresentou a equipe do centro, a dinâmica dos espaços, as

atividades

realizadas

ambiente

e

as

segurança

necessárias

em

cada

medidas para

de esse

tipo de dispositivo. Durante a visita, tanto

a

enfermeira

membros psicóloga,

da

como

equipe

enfermeira,

enfermagem

e

outros

(gerente,

técnicos

de

farmacêuticos)

apontaram

qualidades

principalmente,

problemáticas

e, do

espaço construído.

As

principais

questões

serão apontadas a seguir.

PÁGINA

48

levantadas


LEVANTAMENTO

DO

LOCAL

FACHADA Antes

mesmo

de

entrar

no

CERSAM

Norte,

é

possível

levantar

uma

crítica

sobre

o

espaço

construído. Nos dispositivos de saúde mental, segundo a lógica da reforma psiquiátrica, o ideal é que a delimitação entre o edifício e a rua seja feita de forma suave e gradativa. O uso de grades e muros cria uma sensação de isolamento e de aprisionamento. Entretanto, o terreno do CERSAM Norte é todo delimitado por um muro alto, que impede qualquer tipo de visualização da rua.

Cabe ressaltar que foi relatado pelos técnicos que a existência de alguma barreira entre o centro e a rua é extremamente necessária, tanto para controlar o fluxo de entrada e saída quanto para impedir que os residentes internados de forma involuntária ou compulsória saiam sem a permissão da equipe técnica.

FIGURA 22: Muro CERSAM Norte Rua Wander Rocha Vargas

FIGURA 23: Muro CERSAM Norte Rua Parnaíba

PÁGINA

49


LEVANTAMENTO

DO

LOCAL

PAVIMENTOS E CIRCULAÇÃO Uma das principais questões observada e também relatada pela equipe é a divisão do CERSAM em dois pavimentos. Além disso, essa divisão é feita apenas por uma escada ao ar livre.

Essa divisão é responsável por três fatores na dinâmica do CERSAM. A primeira diz respeito à acessibilidade. Como o acesso entre os pavimentos é realizado através de uma escada, a circulação pelo centro por indivíduos com dificuldade de locomoção se torna restrita e dependente da equipe de técnicos.

Outra questão se refere a funcionalidade do espaço. Foi relatado pelos técnicos que, muitas vezes, os usuários têm crises no andar de baixo e, como os leitos ficam no pavimento superior, é preciso levar esse pacientes para o segundo andar. Essa locomoção entre o primeiro e o segundo andar, com um indivíduo em crise, tendo como única passagem a escada, é extremamente difícil e penosa. Além disso, como a escada fica ao ar livre, a circulação tanto da equipe quanto dos pacientes em dias de chuva fica prejudicada.

Por

fim,

possuem

outro

fator

pátios

diz

respeito

externos,

que

à

sociabilidade.

acabam

ficando

O

primeiro

divididos

e

pela

o

segundo

escada.

pavimento

Essa

divisão

prejudica as relações sociais entre os pacientes e também dificulta a observação dos residentes pela equipe técnica.

FIGURA 24: Parte da escada entre os pavimentos

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50


LEVANTAMENTO

DO

LOCAL

ÁREAS EXTERNAS

FIGURA 25: Janelas que dão para o

FIGURA 26: Pátio externo do primeiro pavimento

pátio externo do primeiro andar

As áreas externas, por sua vez, não possuem muitos atrativos. O pátio do primeiro pavimento, que se dá logo na entrada do CERSAM, acaba por criar um afastamento

da

casa

para

a

rua,

um

ponto

positivo

para

o

centro.

Entretanto,

esse

afastamento é escondido pelo muro que separa o terreno da rua, por isso, não é tão atrativo. O

espaço

possui

algumas

cadeiras

desconfortáveis

e

alguns

canteiros

com

pouca

vegetação. Nesse momento, cabe ressaltar um ponto importante sobre o espaço construído de saúde mental. Nos dispositivos de atendimento de saúde mental, muitos indivíduos com sofrimento psíquico se encontram em crises de atentando contra a própria vida. Por isso, nesses espaços, medidas de segurança são extremamente necessárias. Dito isso, em um encontro entre um dos canteiros e a escada foi formado um buraco, um espaço muito perigoso e que já foi utilizado como ameaça por vários pacientes em crise. O espaço dispõe, por baixo do beiral do telhado, de uma cobertura de policarbonato. Entretanto, foi relatado pelos técnicos que esse recurso não protege do calor. Com a falta de

uma

boa

cobertura

e

de

uma

vegetação

significativa,

a

equipe

relatou

que

a

permanência nesse local durante os dias quentes é praticamente impossível. O pátio é contornado pela casa através de um formato em "L", com grandes janelas que são viradas para esse espaço externo. Por um lado, essa configuração é extremamente interessante, pois a abertura dos ambientes para o espaço externo cria uma sensação de amplitude

e

facilita

a

interação

entre

quem

está

dentro

e

quem

está

fora

da

casa.

Entretanto, foi relatado pela equipe que essas aberturas muitas vezes são incômodas, já que, como estão viradas para espaços de trabalho da equipe (sala dos técnicos, recepção e

farmácia),

a

interação

dos

pacientes

do

pátio

muitas

vezes

acaba

atrapalhando

o

trabalho dos profissionais.

PÁGINA

51


LEVANTAMENTO

DO

LOCAL

O espaço externo do segundo pavimento também não possui muitos atrativos. Não há locais para se sentar ou deitar e nem uma vegetação expressiva, que crie espaços com sombra. Foi relatado que, duas vezes por semana, uma pessoa vai até o CERSAM Norte para realizar algumas atividades e oficinas com os residentes. Entretanto, fora esses dias, os pacientes ficam completamente entediados, sem ter muito o que fazer. A

única

cobertura

desse

pátio

é

onde

se

localiza

o

refeitório,

local

onde

residentes

preferem ficar (espaço coberto, com mesas e bancos). Na falta de locais para se deitarem, os pacientes se deitam nos bancos do refeitório para dormir e descansar. Retomando ao assunto da segurança, foi apontado pela enfermeira a presença de um suporte de câmera. Esse suporte, preso ao muro, acaba servindo para os pacientes que não desejam estar no CERSAM como uma ferramenta para escapar do local, já que essa estrutura forma uma espécie de escada. A

presença

de

câmeras

nesse

espaço,

por

sua

vez,

é

um

fator

que

influência

o

comportamento dos usuários. De acordo com a equipe técnica, mesmo que as câmeras não funcionem, elas inibem certos comportamentos dos pacientes. Por fim, um ponto positivo nesse pátio é a presença de pinturas nas paredes e no chão. Essas artes foram realizadas em conjunto entre os técnicos e os pacientes, criando uma personalização do espaço que está diretamente ligada ao sentimento de pertencimento. Além disso, essas pinturas deixam o ambiente mais alegre e mais colorido.

FIGURA 27: Pintura no chão realizada por pacientes e técnicos

FIGURA 28: Canteiros do pátio externo e pinturas nas paredes

PÁGINA

52


LEVANTAMENTO

DO

LOCAL

CONSULTÓRIOS

FIGURA 29: Placa feita em oficina por pacientes

FIGURA 30: Um dos consultórios do CERSAM

O CERSAM Norte conta com três consultórios, que ocupam os cômodos que anteriormente eram os quartos da casa. Cada quarto foi dividido por uma parede que dá de encontro com a janela, impossibilitando acústica.

Foi

consultórios,

uma

vedação

relatado é

possível

pela

completa

equipe

ouvir

o

que

que

entre

os

quando

está

sendo

ambientes,

são

o

realizadas

dito

na

sala

que

prejudica

a

questão

consultas

simultâneas

ao

atrapalhando

lado,

nos a

concentração tanto do técnico quanto do paciente e dos acompanhantes. Os consultórios, apesar de servirem apenas como um espaço de conversa entre o profissional e o usuário, são bem pequenos. Além disso, esses ambientes são frios e pouco acolhedores, se assemelhando bastante a consultórios hospitalares. Esses espaços possuem duas medidas de segurança. A primeira é o posicionamento da cadeira do técnico perto da porta, facilitando a saída do profissional caso o usuário inicie uma crise. Além disso, as janelas são protegidas por telas, que, apesar de serem uma forma de barreira, não geram uma sensação de aprisionamento como as barras.

PÁGINA

53


LEVANTAMENTO

DO

LOCAL

OBSERVAÇÕES O CERSAM conta com duas observações, onde os usuários podem pernoitar. Cada leito possui três macas, mas o centro possui apenas quatro vagas para o pernoite. O piso e as esquadrias de madeira trazem um ambiente mais acolhedor para o ambiente, entretanto, o uso de macas ao invés de camas trás a ideia de um ambiente hospitalar. Cabe ressaltar que foi relatado pela equipe que as macas são importantes para momentos em que é necessário conter um paciente em crise, porém as macas não passam pelas portas dos quartos.

Assim como no consultório, as janelas são protegidas por telas por medidas de segurança.

FIGURA 31: Uma das observações do CERSAM

PÁGINA

54


LEVANTAMENTO

DO

LOCAL

REFEITÓRIO

FIGURA 32: Refeitório do CERSAM

FIGURA 33: Quadro com desenhos e poemas dos pacientes

O refeitório, localizado ao lado do pátio externo do primeiro pavimento, possui algumas mesas e bancos não muito confortáveis. Entretanto, como o ambiente é um local coberto e com espaços para sentar e deitar, acaba sendo um dos pontos mais utilizados pelos usuários.

Esse ambiente também conta com vários quadros, desenhos, frases e poemas feitos pelos próprios pacientes. Essa possibilidade de personalização do espaço cria no usuário um maior sentimento de territorialidade e pertencimento.

PÁGINA

55


LEVANTAMENTO

DO

LOCAL

BANHEIROS

FIGURA 34: Banheiro no segundo pavimento

FIGURA 35: Cabines feminina e masculina no primeiro pavimento

O CERSAM dispõe de cinco banheiros que se encontram em bom estado.

O segundo pavimento possui dois banheiros com chuveiro, que são utilizados pelos pacientes. Os banheiros ficam trancados, podendo ser usados somente com a permissão da equipe. Apesar de estarem em boas condições, o banheiro que fica dentro de uma das observações estava com o cheiro bem desagradável, já ele que é utilizado para guardar os lençóis que foram sujos durante a noite.

O primeiro pavimento tem duas cabines com vasos sanitários, um feminino e outro masculino, também utilizado pelos residentes. Já, dentro do espaço de descanso dos técnicos, existe um banheiro utilizado apenas pela equipe, com vaso sanitário, pia e chuveiro. Cabe ressaltar que, por ser utilizado somente pelos profissionais, esse é o único banheiro do centro que possui espelho por motivos de segurança.

PÁGINA

56


LEVANTAMENTO

DO

LOCAL

FARMÁCIA E POSTO DE ENFERMAGEM A farmácia, localizada ao lado da recepção é extremamente pequena e, nesse ambiente, trabalham três pessoas ao mesmo tempo. Nesse espaço, mal cabem armários, por isso, muitos medicamentos não ficam armazenados em local fechado (o que não é permitido por lei).

O posto de enfermagem, localizada ao lado da sala dos técnicos, também é pequena e possui armários tão altos que se tornam inúteis. No espaço, mal cabe o carrinho de urgência, sendo necessária uma "gambiarra" para o seu encaixe. Essa solução, entretanto, dificulta a saída do carrinho do ambiente, o que é um grande problema durante as crises dos pacientes. Foi apontado pelo gerente do CERSAM que seria interessante que o posto de enfermagem se localiza mais próximo às observações, o que facilitaria o atendimento dos pacientes.

FIGURA 36: Farmácia ao lado da sala dos técnicos

PÁGINA

57


LEVANTAMENTO

DO

LOCAL

DESCANSO DOS TÉCNICOS E COZINHA O pátio externo do andar de baixo possui um local fechado, construído pela gerência do CERSAM, para a criação de um ambiente para os profissionais descansarem e guardarem seus pertences e para a cozinha.

A cozinha é bem pequena e pouco funcional.

O local onde os funcionários guardam seus pertences possui um armário pequeno, não sendo possível a oferta de um escaninho para cada membro da equipe. Nesse espaço, é colocado um colchão para o descanso dos técnicos. Entretanto, o local é bem pequeno e desconfortável.

Existe um espaço externo dos funcionários com uma parte coberta, que possui uma mesa, um bebedouro, uma máquina de lavar, um tanque e um micro-ondas. O espaço é bem amplo, mas poderia ser utilizado de uma forma melhor.

FIGURA 37: Área de descanso da equipe

PÁGINA

58

FIGURA 38: Cozinha


LEVANTAMENTO

DO

LOCAL

SALA DOS TÉCNICOS A sala do técnicos é um ambiente pequeno para o número de profissionais. Foi relatado que, devido a quantidade de pessoas, muitas vezes fica difícil trabalhar no espaço. Além disso, a presença da janela que dá direto para o pátio externo também atrapalha o trabalho dos técnicos, já que muitos pacientes

ficam

no

local

observando

ou

conversando.

FIGURA 39: Área de descanso da equipe

PÁGINA

59


LEVANTAMENTO

DO

LOCAL

6.3.3 PERCEPÇÕES PESSOAIS SOBRE O CERSAM NORTE A

visita

ao

CERSAM

dúvida

alguma,

proveitosa

e

Norte

foi,

sem

extremamente

enriquecedora.

Com

o

e

pisos

de

madeira,

além de ser notável a preocupação da equipe

do

limpos e organizados.

do

centro,

foi

possível

se

assemelham a quartos de residências,

acompanhamento de uma enfermeira e gerente

muito

em

manter

esses

ambientes

entender a dinâmica dos espaços e das atividades do local e compreender de

O

certa

adversidades,

forma

ambiente

as

sensações

transmite

que

tanto

cada

para

os

pacientes quanto para os funcionários.

CERSAM

potencial

Norte

apresenta

que

para

a

readequação

geram

diversas

um

realização

de

grande de

seu

uma

espaço.

Entretanto, cabe ressaltar que ao longo Apesar

de

necessitar

de

melhorias

do TFG, também serão visitados outros

significativas em relação ao seu espaço

Centros

construído,

Mental,

o

CERSAM

Norte,

em

em

comparação aos demais CERSAMs na

requeira

região metropolitana de Belo Horizonte,

maior

possui

Norte.

uma

boa

estrutura,

que

em

muitas vezes segue os princípios da luta antimanicomial. em

uma

residencial, assemelha possuir

O

casa em a

e

em

poucos

um

muros

espaço,

um

bairro

ambientes

hospital.

altos,

construído

Apesar

essas

se de

barreiras

foram usadas como espaço para que os

usuários

pudessem

pintar

e

personalizar o ambiente, permitindo a expressão indivíduos

da lá

individualidade presentes.

Apesar

dos de

possuir leitos com macas, e não com camas, os quartos, com suas esquadrias

PÁGINA

60

de

Referência busca

uma

de

maior

urgência

do

em

um

local

atenção que

o

Saúde

e

que uma

CERSAM


LEVANTAMENTO

DO

LOCAL

FIGURA 40: Pintura realizada por funcionários e residentes no muro do CERSAM Norte

PÁGINA

61


OBRA

ANÁLOGA

7 OBRA ANÁLOGA

PÁGINA

62


OBRA

ANÁLOGA

Realizado grupo

pelo CGA

Architects, projeto

o do

Centro Diurno para Tratamento de Alzheirmer foi construído

em

Reus,

na

Espanha,

no

ano de 2019.

FIGURA 41: Pátio Frontal do Centro Diurno para Tratamento de Alzheimer

PÁGINA

63


OBRA

ANÁLOGA

A demarcação dos limites de território é um dos pontos que mais chama atenção no projeto. Em centros que tratam de saúde mental, elementos como muros e grades criam uma sensação de isolamento e aprisionamento, por isso, devem ser evitados ao máximo. Nesse centro, a delimitação entre o edifício e a rua é feita de forma suave. Para isso são utilizados recursos como a vegetação e, quando necessário, as grades baixas, que não afetam o campo de visão e controlam o fluxo sem retirar o sentimento de liberdade do usuário.

FIGURA 42: Diagrama do Centro Diurno para Tratamento de Alzheimer

Outra questão interessante no edifício é o fato de ele ter apenas um pavimento, o que minimiza a necessidade de rampas e escadas. Na entrada do terreno, onde existe certo declive, foi utilizada uma rampa levemente inclinada, que permite a fácil circulação de cadeirantes, idosos ou indivíduos com dificuldade de locomoção.

PÁGINA

64


OBRA

ANÁLOGA

FIGURA 43: Entrada do Centro Diurno para Tratamento de Alzheimer

A entrada do edifício é recuada em relação a rua, sendo precedida por um espaço amplo e aberto, que convida o indivíduo a adentrar no local. Essa é uma ótima estratégia para diminuir o sentimento de intimidação

que

muitas

vezes

é

transmitido

pelas

edificações

que

abrigam

esses

dispositivos

tratamento.

PÁGINA

65

de


OBRA

A

ANÁLOGA

implantação

feita

através

do

de

edifício

módulos

no

terreno

foi

que

giram

em

torno de um pátio central que, por sua vez, funciona

como

a

circulação

principal

do

centro. Esse é o ambiente onde ocorre o maior fluxo de pessoas, mas que também é utilizado

como

(corredores iluminação

área

largos, e

uma

de

com

permanência

mobiliários,

espécie

de

boa

jardim

de

inverno). Esse tipo de organização é uma ótima ferramenta para estimular o convívio entre os pacientes de uma forma segura, já que

essa

configuração

facilita

a

observação dos usuários pelos técnicos de vários pontos da edificação.

Além

do

possui

pátio

pátios

interno,

externos

o

centro

com

também

com

jardins,

hortas, mobiliários, pontos cobertos (para a

FIGURA 44: Pátio de fundos do centro diurno

proteção da chuva e do sol) e áreas livres externas

que

atividades

permitem

a

realização

complementares

realizadas

no

centro.

às

de

terapias

Entretanto,

a

existência de diferentes ambientes externos pode

se

como

tornar

esse,

um

desafio

que

a

em

espaços

observação

dos

usuários pela equipe se torna mais difícil.

A integração entre os espaços internos e externos projeto

também do

chama

centro.

As

a

atenção

aberturas

no dos

ambientes do edifício para os pátios (com exceção

das

consultórios) por

janelas.

circulação

áreas são

feitas

Essa dos

administrativas por

portas,

estratégia

usuários,

e e

de não

facilita

criando

a um

ambiente que proporciona maiores trocas sociais.

FIGURA 45: Circulação interna principal do centro diurno

PÁGINA

66


OBRA

ANÁLOGA

FIGURA 46: Jardim de inverno do Centro Diurno para Tratamento de Alzheimer

PÁGINA

67


OBRA

ANÁLOGA

FIGURA 47: Circulação do centro diurno

FIGURA 48: Circulação interna principal do centro

O projeto da edificação foi resolvido com o sistema pré-fabricado de madeira laminada colada, tanto em termos de estrutura como em termos de acabamentos. Esse sistema permite a flexibilidade dos ambientes através da possibilidade do uso de divisórias móveis, garantindo a adaptabilidade do espaço ao uso que desempenha em cada momento (CENTRO, 2021).

A materialidade tanto externa quanto interna do centro se resume à madeira laminada colada (revestimento das paredes, forros e esquadrias), às cores branca e cinza (pintura das paredes, piso em cimento queimado, canteiros de cimento) e aos elementos naturais (jardins, hortas, pedrinhas, a própria madeira). Essa materialidade cria uma atmosfera confortável que gera uma sensação de bem-estar, muito diferente de um ambiente hospitalar. Entretanto, esse uso de materiais foi feito de uma forma homogênea por toda a edificação, sem muitas decorações ou intervenções realizadas pelos

pacientes.

Nesse

centro,

criado

para

o

tratamento

do

Alzheimer,

a

possibilidade

de

personalização do espaço pelos usuários não é algo imprescindível. Entretanto, nos dispositivos de atendimento de saúde mental, como nos CAPS e nos CERSAMS, é importante que o paciente possa interagir e personalizar o espaço, criando o sentimento de pertencimento ao local.

PÁGINA

68


OBRA

ANÁLOGA

FIGURA 49: Entrada do Centro Diurno para Tratamento de Alzheimer PÁGINA

69


PROGRAMA

ARQUITETÔNICO

O

CERSAM

Norte

possui praticamente todos

os

ambientes

necessários seu

para

o

funcionamento.

Entretanto, todos os espaços

necessitam

de

melhoras

significativas.

No

programa

arquitetônico apresentado seguir,

8 PROGRAMA ARQUITETÔNICO

PÁGINA

70

todos

ambientes existentes CERSAM foram

a os não no Norte

sinalizados

pela cor vermelha.


PROGRAMA

ARQUITETÔNICO

AMBIENTES DE ACESSO EXCLUSIVO DA EQUIPE TÉCNICA SALA ADMINISTRATIVA ALMOXARIFADO/ DEPÓSITO DML (DEPÓSITO DE MATERIAL DE LIMPEZA) ROUPARIA ÁREA PARA DESCARTE DE RESÍDUOS (LIXO) QUARTO DE PLANTÃO ÁREA DE REFEIÇÃO DA EQUIPE BANHEIRO E VESTIÁRIO DA EQUIPE SALA DE REUNIÃO

AMBIENTES RESTRITOS PARA OS RESIDENTES SALA DE MEDICAÇÃO/ FARMÁCIA POSTO DE ENFERMAGEM COZINHA CONSULTÓRIOS ÁREA DE EMBARQUE E DESEMBARQUE DE AMBULÂNCIA

AMBIENTES DE LIVRE ACESSO PARA OS RESIDENTES RECEPÇÃO SALA PARA ATIVIDADES/ ESPAÇO MULTIUSO BANHEIROS COM VESTIÁRIOS ACESSÍVEIS LEITOS PARA ACOLHIMENTO NOTURNO REFEITÓRIO ÁREA EXTERNA DE CONVIVÊNCIA

PÁGINA

71


CRONOGRAMA

DE

TRABALHO

9 CRONOGRAMA DE TRABALHO

PRÉ TFG

Levantamento de dados sobre o tema a ser pesquisado (Saúde

Visitas a outros

mental, relação entre arquitetura e comportamento, reforma

CERSAMs

psiquiátrica, dispositivos de saúde mental substitutivos, CERSAMs ...)

Elaboração de

Elaboração do Plano de pesquisa

mapa mental

Elaboração da Monografia

Primeira ao

visita

CERSAM

Norte

(observação direta, conversas, entrevistas, levantamento de

dados

fotográficos análise

e

dos

resultados obtidos).

AGO

PÁGINA

72

SET

OUT

NOV

DEZ


CRONOGRAMA

DE

TRABALHO

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO Levantamento questões

detalhado

técnicas

do

das

CERSAM

escolhido

Análises

dos

Desenvolvimento do projeto

dados

técnico

coletados

Realização

de

conversas,

entrevistas,

levantamentos

e

para

as

definições

de

Entrega final do projeto

projeto

observações diretas do CERSAM escolhido Desenvolvimento do anteprojeto

Estudo das normas relacionadas à

arquitetura

ambiente

hospitalar

construído

da

e

ao

saúde

mental

Mapeamento das ações urbanas no

local

onde

inserido comércios

(

o

CERSAM

cultura de

está

e

lazer,

apoio,

rotas

acessíveis, transporte público).

JAN

FEV

MAR

ABR

MAI

JUN

PÁGINA

73


BIBLIOGRAFIA

10 BIBLIOGRAFIA

Reflexão sobre o Conceito de Serviço Substitutivo em Saúde Mental: a Contribuição do CERSAM de Belo Horizonte- MG. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública ) – ANAYA, Felisa.

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Dissertação (Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2003.

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PÁGINA

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Psicossocial. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2013. Disponível em <https://issuu.com/nathali.padovani/docs/1_manual_pr__tico_de_arquitetura_e_ >. Acesso em 05/09/2021.

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VERDUGO, V. C. Psicologia Ambiental: objeto, "realidades" sócio-físicas e visões culturais de interações ambiente-comportamento. In:

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PÁGINA

75



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