TFC Marcela de C. Ottoboni - HIS: Unidades Flexíveis e Expansíveis

Page 1

唀渀椀搀愀搀攀猀



Marcela de Carvalho Ottoboni

HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL UNIDADES FLEXÍVEIS E EXPANSÍVEIS

Ribeirão Preto 2016


O longo caminho do material através da função até ao trabalho criativo tem apenas um objetivo – criar ordem a partir da confusão desesperada do nosso tempo. Temos de ter ordem, colocando cada coisa no seu devido lugar e dando o devido a cada coisa de acordo com a sua natureza. LUDWIG MIES VAN DER ROHE


HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL:

UNIDADES FLEXÍVEIS E EXPANSÍVEIS

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário Moura Lacerda para o cumprimento das exigências parciais para obtenção do título de Arquiteta e Urbanista sob orientação do Prof. Me. Onesimo Carvalho de Lima.



AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, pela oportunidade de fazer Arquitetura e Urbanismo e amar essa profissão; e também por se fazer presente mesmo nos momentos de desespero. Agradeço ao meu orientador, Profº Onesimo C. de Lima, por ter tido paciência para me passar seus conhecimentos, acreditar no meu projeto; e, literalmente, me orientar muito bem; a avaliadora Profª Tânia Bulhões, por ter me ajudado sempre que pode; e agradeço também ao Profº Hebert Rosseto que, mesmo sem estar diretamente ligado, foi uma ajuda importante para que meu projeto saísse como desejado. Agradeço aos meus pais por terem sido sempre pacientes; e agradeço ao meu namorado que, mesmo eu passando noites sem dormir, estava sempre do meu lado e sempre me apoiando tanto na profissão que escolhi para a vida! Claro, meus amados amigos, muito obrigada por toda a paciência e compreensão, mesmo quando eu me fiz ausente. A todos vocês, um imenso e eterno

muito obrigada!


ABSTRACT

The present work proposes a set of housing blocks of social interest, whose units are flexible and expandable, that is, there is a predetermined space for a future expansion according to the residents’ wishes. In order to make possible, it was proposed a deployment in the city of Sertãozinho, based on a rationalized construction that would serve the future desires of the residents, being decided to leave the construction raw - that is, without paintings and coatings. The project also presents areas of conviviality in order to bring movement to the locality beyond it’s own; along with some guidelines in the immediate urbanistic that make use of this thought of civility and coexistence with quality.


RESUMO

O presente trabalho propõe um conjunto de blocos habitacionais de interesse social, cujas unidades são flexíveis e expansíveis, ou seja, há um espaço prederterminado para uma futura ampliação de acordo com o desejo dos moradores. Para se fazer possível, foi proposta uma implantação na cidade de Sertãozinho, tomando como base uma construção racionalizada e que atendesse aos desejos futuros dos moradores, ficando decidido deixar a construção crua - ou seja, sem pinturas e revestimentos. O projeto também apresenta áreas de convívio a fim de trazer movimento a localidade além da própria interconvivência; em conjunto com algumas diretrizes no urbanístico imediato que fazem valer esse pensamento de civilidade e convivência com qualidade.


SUMÁRIO

1. HABITAÇÃO DE APRESENTAÇÃO

12

INTERESSE SOCIAL NO BRASIL

1.1 O que é uma habitação de Interesse Social 1.2 Políticas que envolvem a habitação de interesse social 1.3 Habitação de Interesse Social em Sertãozinho: cenário atual

13 2. UMA QUESTÃO DE ADAPTAR-SE

3. LEITURAS

PROJETUAIS

3.1 Quinta Monroy/ Elemental: ampliação e auto-gestão

18

2.1 A flexibilidade na habitação: definições e aplicações 2.2 O Support Infill de Habraken: estratégia de projeto

3.2 Casa Vila Matilde/ Terra e Tuma Arquitetos 3.3 Centre Village/ 5468796 Architecture + Cohlmeyer Architecture Limited: pátios internos e convivência

22 3.4 Residencial em Cotia/ Joán Villa e Silva Chile: núcleo de áreas molhadas


4.

ANÁLISE DA ÁREA

4.1 Disposições iniciais sobre o local 4.2 Informações sobre o terreno, entorno e lesgislação

41

49 5. DIRETRIZES GERAIS DE PROJETO

7. CONCLUSÕES BIBLIOGRAFIA

6. O PROJETO

5.1 Sistema construtivo

Premissas de ocupação

5.2 Programa de necessidades e tipologias

Desenhos

51

Imagens

85


Apresentação

M

orar não é artigo de luxo, é direito de todo indivíduo, segundo os Direitos Humanos (1948). A unidade de habitação não é só um teto sobre as cabeças de seus moradores, ela representa muito para o morador que chega depois do trabalho, que faz suas atividades cotidianas, e até mesmo representa conquista (ABIKO, 1995; COELHO, 2013). O Brasil passa há anos; principalmente a partir de meados de 1900 - após a lei do inquilinato - por uma situação de déficit habitacional (BONDUKI, 1994), sempre uma questão presente nas discussões sobre o assunto da habitação. Houve, e há, programas habitacionais que dão acesso para a casa própria; mas são programas que acabam por não considerar quem vai morar nessas unidades. Não consideram porque as unidades, geralmente, não apresentam materialidade de qualidade, um bom aproveitamento, uma possibilidade de flexibilidade. São unidades genéricas padronizadas cujo custo tende a ser reduzido em função da rapidez exigida no processo de construção e de necessidade. Talvez isso seja proveniente da ideia de que a população de baixa renda que irá habitar essas unidades já não tem muito, então um projeto padronizado seria suficiente. Os problemas vão desde unidades implantadas em terrenos distantes do restante da malha urbana existente, até cômodos muito pequenos onde famílias maiores são obrigadas a se adaptarem (ABIKO, 1995). O que acontec na realidade é que, assim que recebidas, muitas unidades sofrem modificações, algumas apresentam problemas logo na entrega,



os moradores têm seu núcleo familiar alterado – ampliado ou reduzido –; ou mesmo os moradores dessas unidades decidem fazer uma grande reforma para personalizar a unidade e acabam por não suportar os custos, parando a obra e não conseguindo alcançar seus desejos. Por isso, a flexibilidade de projeto é muito importante: ela pode facilitar pequenas reformas, favorecer ampliações, dar multiplicidade de usos, gerar menos custos futuros, entre outros pontos benéficos que fazem da flexibilidade uma característica aplicável no projeto da habitação de interesse social (HIS). A flexibilidade na habitação de interesse social é um conceito que ganha força na Primeira Guerra Mundial, como uma forma acessível economicamente de prover unidades que atendam não seus moradores de hoje, como também um futuro crescimento familiar e até outros novos moradores. As unidades possuíam projetos com material alternativo - para a época, como estruturas metálicas - de qualidade, possibilidades de ampliação e de usos, além de considerar necessidades humanas básicas - até o momento, menosprezadas - como o direito ao sol (TRAMONTANO, 1993). E por que flexibilidade? Porque flexibilidade remete a algo que possa ser alterado, segundo o dicionário1 é algo que se move facilmente, que tem maleabilidade e aptidão para aplicações diversas, versatilidade. Isso pode ser considerado 1 Dicionário online Michaelis. Disponível em http://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/ – acesso em: 12/08/2016.

uma vantagem para muitas coisas, e para a habitação é uma delas, já que a maleabilidade de espaços é característica que faz uma unidade poder ser flexível. Segundo Szücs (et al 2000, apud DIGIÁCOMO, 2004), a flexibilidade na habitação refere-se a uma variedade dos espaços, dos usos desses espaços e de ampliações “sem que sejam necessárias grandes alterações na edificação original, e/ou inviabilizem o uso da mesma durante a obra”, já que quem mora em uma HIS, provavelmente, não teria onde morar em caso de uma grande reforma. E já que flexibilidade tem relação direta com o usuário, por que não o deixar participar do projeto? Como visto por muitos, o arquiteto ganhador do Pritzker 2016, Alejandro Aravena, propõe unidades habitacionais em que os futuros moradores participam não só do processo de projeto, mas participam na concepção dele, fazendo alterações gradativas para irem se adequando com o tempo; e isso traz um dos principais pontos desse tipo de projeto: a possibilidade de ampliação que Aravena leva aos moradores quando os oferece parte construída, parte a ser preenchida futuramente de acordo com o desejo do usuário (ARCHDAILY, 2016)2 . Com isso, ele trouxe flexibilidade suficiente para as unidades de forma que seus moradores suportassem o futuro gasto que teriam com ampliações e modificações, ou seja, o projeto principal traz a parte que o morador não conseguiria construir: uma “meia boa casa”, 2 Conteúdo disponível em http://www.archdaily. com.br/br/780248/alejandro-aravena-vence-o-premio-pritzker-2016 - acesso em 30/04/2016


com intalações e os fechamentos rígidos, como uma estruturura independente que suportasse ampliações (TED TALKS, 2016). Um dos principais pontos que fazem esse trabalho ser sobre habitação flexível é o estágio que a autora fez em uma repartição pública. Em visitas a obras e observação de casos referentes a habitação, percebeu-se uma constante: normalmente, os moradores que recebiam casas as modificavam mesmo quando isso não era uma opção viável - em termos de espaço - já que as mais frequentes mudanças eram, por exemplo, fechamento de muros, alteração de fachada, até uma cobertura nova para um cômodo exíguamente executado ao limite permitido. Por isso, surgiu a indagação de como criar uma HIS flexível e adaptável, já que a adaptalidade é, comumente, a mais ansiada pelos moradores. Os objetivos desse trabalho são, basicamente, elaborar um projeto de uma HIS flexível, de materialidade de qualidade, que possa atender a futuras demandas dos moradores. Essa HIS estará situada em Sertãozinho, cidade em crescimento que possui, como dito, muitos investimentos de HIS que acabaram não atendendo completamente as exigências atuais, além da distribuição em terrenos afastados, ou seja, nossa proposta vem com um outro olhar sobre a unidade de habitação, de uma nova HIS para a cidade em um terreno com uma área bem equipada além de próximo ao centro. O projeto da habitação em si visa mostrar como a flexibilidade se torna algo simples: com um projeto simples e flexível, as soluções tornam-se mais claras e viáveis. O conteúdo pesquisado para a realização deste trabalho foi organizado em 6 capítulos. Primeiramente, como uma apresentação, fala-se de maneira geral sobre a habitação, sua importância, seus programas; fala também sobre a flexibilidade e sobre o projeto. É importante dizer que este trabalho não pretende se enquadrar em nenhum programa habitacional, mas sim fornecer um enfoque sobre os mesmos e um projeto que se concentra em alguns conceitos sobre HIS – discorridos no capítulo primeiro – bem como algumas teorias discutidas no capítulo segundo. O primeiro capitulo volta-se para a habitação de cunho social, falando sobre definições da HIS para alguns autores, depois passa para um quadro das políticas públicas, enfatizando os programas vigentes atualmente e dando destaque para dois principais, e especialmente um deles, o Programa Minha Casa, Minha Vida – no qual o presente trabalho não se enquadra –; que tem sido o de maior

relevância nacional. Ainda no segundo capítulo, um breve cenário atual da cidade de Sertãozinho será realizado, a fim de espacializar como ocorrem essas políticas aqui e como é o tratamento pela cidade. No terceiro capítulo, a flexibilidade foi posta em destaque, dando definições e conceitos de diversas fontes bibliográficas, bem como apontando as principais teorias e estratégias que seriam destaque, aplicadas ao projeto. Também se destacou uma importante teoria de N. John Habraken, arquiteto holandês, que é o Support Infill, ou em tradução literal, suporte e recheio. No quarto capítulo foram colocadas algumas leituras projetuais que possuem relação com a estratégia de projeto deste trabalho, a fim de analisar as características de qualidade e flexibilidade de cada um. O quinto capítulo é sobre o levantamento de dados realizado no local da implantação do projeto da HIS, considerando o entorno urbano e suas características. O sexto capítulo é referente ao projeto proposto neste trabalho: uma habitação de interesse social, localizada em Sertãozinho, cidade do interior do estado de São Paulo. Neste capítulo, podemos encontrar estudos preliminares, um ante-projeto e o projeto final; bem como imagens da maquete eletrônica elaborada.

HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL NO BRASIL Este capítulo contém uma definição básica do que é a habitação de interesse social e o que ela foi, em seus primeiros programas de políticas públicas, além do que é hoje com programas como o Programa Minha Casa, Minha Vida e as unidades da CDHU.

formação de cidades, a habitação passa a significar, também, local de recolhimento após o trabalho além de tarefas domésticas básicas como alimentar-se e descansar (ABIKO,1995). Com isso, vemos como a definição de habitação vai se modificando e, acima de tudo, se adaptando às necessidades humanas com o passar do tempo.

1.1 O QUE É UMA HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL Primeiramente, é importante ressaltar o que é, de fato, uma habitação, em quaisquer circunstâncias. Segundo Abiko (1995), uma habitação é abrigo, lugar ou algo em que se possa proteger-se do tempo e intrusos; mesmo com o aprimoramento das técnicas para se ter uma habitação, o objetivo primordial era esse. Com a




Abiko (1995) também destaca que a habitação deve considerar seu entorno para ser satisfatória Para que a habitação cumpra as suas funções, é necessário que, além de conter um espaço confortável, seguro e salubre, esteja integrado de forma adequada ao entorno, ao ambiente que a cerca. Isto significa que o conceito de habitação não se restringe apenas à unidade habitacional mas necessariamente deve ser considerado de forma mais abrangente envolvendo também o seu entorno. (ABIKO, 1995, p 3) Dessa maneira, podemos concluir que uma habitação não é, apenas, o abrigo: a habitação é resultado de exigências humanas básicas que são pouco consideradas, mas que para os moradores são claras o bastante para serem consideradas mínimas. A habitação de interesse social não pode ser considerada como uma habitação que traz o mínimo – o abrigo – mas deve levar em conta o suficiente, ou seja, a atuação do homem dentro dela e o que faz da habitação um lar que atenda as necessidades dos indivíduos quando os mesmos chegam da cidade para seus afazeres domésticos (ABIKO, 1995; TRAMONTANO, 1993; ZABALBEASCOA, 2013). Sobre a habitação, em todos os seus sentidos, podemos afirmar que, como dito por Abiko (1995), ela não é apenas o teto e paredes que protegem o indivíduo. A habitação também é o processo pelo qual ela passa sob influência de um indivíduo morador, oferecendo condições e situações que darão uma casa satisfatória a quem a habita (HABRAKEN, 2002). Desde o programa de habitações no pós-guerra, principamente na Alemanha, em Frankfurt, já se falava sobre o que corrigir para que a habitação fosse sentida como tal por quem nela morasse; e foram reivindicações tais como fim da coabitação com outras famílias,



necessidades a serem atendidas - como a anulação do modelo burguês de espaço para empregados e patrões separados, para dar lugar a um uso total do espaço pela família - e tarefas domésticas que deveriam ser facilitadas (TRAMONTANO, 1993). Com essa ideologia de uma habitação melhor, após a guerra, os conceitos de espaços mínimos deram lugar a uma maior presença e valorização do morador, o usuário em si (TRAMONTANO, 1993). Assim, observamos como a habitação pode gerar conceitos de acordo com a época em que se fala dela, mas sempre em evolução para que se alcance um patamar satisfatório em concordância com as necessidades do indivíduo morador. A habitação desempenha três papéis fundamentais: social, ambiental e econômico (FERNANDES, 2003 apud LARCHER E SANTOS, 2005). Essas funções da habitação são referentes ao abrigo da família e acolhimento enquanto a mesma se desenvolve, enquanto função social; além de ter que ser inserida em um contexto urbano preparado com redes de infraestrutura, equipamentos públicos desde saúde até lazer, e oportunidades de trabalho – e essa seria a função ambiental. E por fim, a função econômica da habitação, que consiste na rede que a construção de novas unidades movimenta: desde os trabalhadores diretos e mercado imobiliário até o que ela gera em seu entorno com novas oportunidades e auxiliando os mercados locais (LARCHER E SANTOS, 2005). Partindo das funções e definições ditas acima por Larcher e Santos (2005), podemos iniciar um enfoque no termo chamado “habitação de interesse social”, no qual é possível adequar alguns conceitos gerais. Segundo Abiko (1995, p 12), o termo que conhecemos é utilizado para se referir a uma habitação voltada para a população de baixa renda, e “além dessa denominação genérica pode-se encontrar outras como: habitação subnormal, habitação de interesse social ou habitação social, habitação de baixo custo e habitação para população de baixa renda”.

A habitação considerada sub-normal referese, de acordo com a Prefeitura Municipal de São Paulo, a uma unidade que não atende aos requisitos básicos sobre segurança, salubridade, durabilidade, tamanho, além de não tornar possível o mínimo para que seus moradores tenham possibilidades, seja pelo lado construtivo ou pelo lado de aproveitamento (ABIKO, 1995). “Habitação de interesse social ou habitação social é um termo usado pelo extinto BNH envolvendo os seus programas para faixas de menor renda” (ABIKO, 1995, p 12) Apesar de ser um termo, inicialmente, utilizado por um órgão do governo, é bastante usado por diversas instituições e agências ligadas à habitação (ABIKO,1995). Já a chamada habitação de baixo custo, ou lowcost housing, significa uma construção barata, mas não necessariamente para a população de baixa renda; enquanto o termo habitação para população de baixa renda (housing for low-income people) se faz mais eficiente: se refere a habitação social, mas aqui são verificadas as rendas máximas das famílias e indivíduos envolvidos no atendimento desse tipo de construção (ABIKO, 1995). Abiko (1995) afirma que a habitação não é apenas um produto, mas um processo “com uma dimensão física, mas também como resultado de um processo complexo de produção com determinantes políticos, sociais, econômicos, jurídicos, ecológicos, tecnológicos” (ABIKO, 1995, p 12). Dessa maneira, a participação do Estado na provisão de habitações se faz não só necessária como também determinante para que a mesma aconteça – o que estamos elucidando neste trabalho; mas não há pretensão de que, em proposta aqui apresentada, subentenda-se uma participação do Estado. Bonduki et al. (2003, apud LARCHER E SANTOS, 2005) divide a habitação entre “habitação de interesse social” e “habitação de mercado popular”; considerando que o último termo é referente

a autoconstruções ou contratos fechados diretamente pelo proprietário sem considerar critérios e implementação que normalmente são vigentes em programas públicos; e o termo anterior leva-nos ao entendimento do que é “interesse social” (LARCHER E SANTOS, 2005). “Como diretriz de políticas públicas, segundo Bonduki et al. (2003), a Constituição Federal de 1988 previa o princípio da função social do uso do solo urbano. Sob este princípio, o conceito de Interesse Social é constitucionalmente incorporado às políticas habitacionais para os setores de população de baixa renda”


(LARCHER E SANTOS, 2005, p 10). Larcher e Santos (2005) ainda afirmam que com o surgimento do Estatuto das Cidades em 2001 (Lei Federal Nº 10.257, de 10 de julho de 2001), a função social do solo, assim como a habitação, é confirmada como direito básico da população. Assim, fica claro que o termo “habitação de interesse social” já vem com conotação voltada ao cenário de políticas públicas, além da conexão com a sociedade a ser beneficiada. Larcher e Santos (2005) definem alguns pontos importantes para considerarmos a caracterização da Habitação de Interesse Social, a seguir enunciados:

- É financiada pelo poder público, mas não necessariamente produzida pelos governos, podendo a sua produção ser assumida por empresas, associações e outras formas instituídas de atendimento à moradia; - É destinada sobretudo a faixas de baixa renda que são objeto de ações inclusivas, notadamente as faixas até 3 salários mínimos1; - Embora o interesse social da habitação se manifeste sobretudo em relação ao aspecto de inclusão das populações de menor renda, pode também manifestar-se em relação a outros aspectos, como situações de risco, preservação ambiental ou cultural (LARCHER E SANTOS, 2005, p 11). Assim, conclui-se que a habitação é um envoltório de diversos outros fatores – sociais, econômicos e ambientais; além de ser garantida constitucionalmente (LARCHER E SANTOS, 2005). É conhecido o déficit habitacional que o Brasil enfrenta, assim como a dificuldade de superá-lo (BONDUKI, 1994). O déficit pode ser calculado em duas frentes: o déficit habitacional em si e também a inadequação de moradias, segundo a Fundação João Pinheiro (2015). Em resumo, o primeiro diz respeito ao déficit propriamente dito, pelo qual nota-se que são necessárias novas unidades habitacionais para a população brasileira, ou seja, a provisão de 1 Em 2005, ano da publicação de referência, o salário mínimo havia sido acordado em R$300,00. Hoje o salário mínimo equivale a R$880,00, sendo ajustado até o presente ano com o resultado da soma da inflação com a variação do PIB de dois anos anteriores. Disponível em: http:// memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/noticia/2005-08-17/salario-minimo-permanece-em-r-300-apos-votacao-criticada-por-oposicionistas e http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2015-12/publicado-decreto-que-aumenta-o-salario-minimo-para-r-880 , respectivamente.

novas moradias; enquanto o segundo refere-se a qualidade da unidade em que famílias e indivíduos já residem (FJP, 2015). Considerando o déficit habitacional absoluto, no Brasil ele corresponde “a 9,0% dos domicílios particulares permanentes e improvisados” (FJP, 2015, p 6), o que equivale a 5 846 milhão de domicílios. Já na região Sudeste, a mesma é um dos destaques no assunto, com 2 246 milhão de moradias em situação considerada no déficit2 (FJP, 2015). De acordo com a FJP, o principal item que contribui para o déficit do país é o ônus com aluguéis Composição do Déficit Habitacional Brasileiro (2013) participação no tipo de habitação déficit (%) aluguel 43,7 coabitação 32,6 habitação precária 17,1 adensamento excessivo 6,7 Tabela 1: elaboração própria com base em dados retirados da publicação online da Fundação João Pinheiro, 2015, p 6-7.

Apesar desse cenário no Brasil, na região Sudeste, o foco muda: 10,1% de adensamentos, além de 4,5% de habitações precárias; os maiores índices em cada categoria citada dentre todas as regiões, o que nos é dado importante já que o projeto localiza-se nesta região (FJP, 2015). Com isso, a pesquisa revela que houve um ligeiro aumento do déficit no país em relação a 2011-2012 (FJP, 2015). A partir de tal cenário, vemos a grande importância que a habitação de interesse social desempenha no Brasil.

1.2 POLÍTICAS QUE ENVOLVEM A HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL O que nos leva a entender o que compreende uma HIS, entre outros fatores a seguir citados, é a dificuldade enfrentada pela população de baixa renda para conseguir sua habitação própria; como por exemplo os gastos com a aquisição e manutenção que essa população nem sempre pode suportar (ABIKO, 1995). Dentre muitas dificuldades, desde o terreno de difícil acesso ou sem infraestrutura urbana, até as habitações construídas de forma 2 Segundo a Nota Técnica da Fundação João Pinheiro, o déficit pode ser entendido e calculado subdividindo-o em tipos de deficiência, que são: (1) Habitações precárias (1.1) Domicílios rústicos (1.2) Domicílios improvisados (2) Coabitação familiar (2.1) Cômodos alugados, cedidos e próprios (2.2) Famílias conviventes secundárias com intenção de constituir domicílio exclusivo (3) Ônus excessivo com aluguel urbano (4) Adensamento excessivo de moradores em domicílios alugados. Quando falamos em déficit absoluto, referimo-nos ao cálculo total, sem consideração de tipos (FJP, 2015, p 6).

precária; surgem algumas políticas públicas que fazem a promessa da moradia própria para essa população de baixo poder aquisitivo, que visivelmente enfrenta o problema habitacional no país (ABIKO, 1995). Houveram inúmeras tentativas – falhas – de solucionar mesmo que parcialmente, o déficit habitacional brasileiro: desde a Lei do Inquilinato e a Fundação da Casa Popular, passando pela criação do importante e ainda existente Sistema Nacional de Habitação, até o programa mais expressivo nos últimos 20 anos de provisão de acesso à moradia do governo federal: o Programa Minha Casa, Minha Vida (BONDUKI, 1994; 2009). Vimos a criação do Projeto Moradia, com Luís Inácio Lula da Silva, que propõe a criação do Sistema Nacional de Habitação e prevê recursos provindos a partir de uma liberação de leis do Estatuto das Cidades; vemos também a criação do Ministério das Cidades e acontecer a Conferências Nacional das Cidades, buscando meios de priorizar a moradia para população com a criação do Conselho Nacional de Habitação, em 2004 (BONDUKI, 2009). Ainda na mesma época, o Plano Nacional de Habitação veio para fazer crescer o investimento com propostas como o Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social, mais equipado e preparado para a realização; além de oferecer, em seguida, as parcerias necessárias entre o mercado e o Estado para a geração de moradias (BONDUKI, 2009). Isso, aliado ao PAC que havia sido lançado, além de outros subsídios; traz o então muito conhecido Minha Casa, Minha Vida; que segue alguns preceitos já citados pelo PlanHab, mas se faz “ao gosto da construção civil” (BONDUKI, 2009, p 6); além de estenderse por faixas de atendimento com subsídios totais ou parciais de acordo com a quantidade de salários mínimos (BONDUKI, 2009). O PMCMV visa produzir habitações de maneira rápida para atender a demanda, ou seja, isso implica em falta de cuidados desde a qualidade da residência até o local a ser implantado o projeto; normalmente com infraestrutura precária e falta de oferta de empregos (BONDUKI, 2009). Até dezembro de 2014, o PMCMV teve duas fases, das quais cada uma teve a mesma divisão em faixas de subsídios para a construção civil, em faixas 1, 2 e 3; porém de valores alterados, como vemos na tabela a seguir




Tabela 2: Tabela de faixas e subsídios PMCMV, Fase 3.

Renda familiar mensal

Característica Até 90% de subsídio do valor do imóvel. Pago em até 120 Até R$ 1 800,00 1 prestações mensais de no máximo R$ 270,00, sem juros. Até R$ 45.000,00 de subsídio, Até R$ 2 350,00 1,5 com 5% de juros ao ano. Até R$ 27.500,00 de subsídio, Até R$ 3 600,00 2 com 5,5% a 7% de juros ao ano. Até R$ 6 500,00 3 8,16% de juros ao ano. No caso dos agricultores familiares e trabalhadores rurais, a renda anual da família deve ser até R$ 78.000,00 por ano. Fonte: Produção própria com base em tabela de dados disponibilizados pelo site do Tabela 1: tabela de fases e faixas do PMCMV (AMORE et al, 2015, p 20).

Como mencionado, na Faixa 1 tem-se subsídio total, enquanto que nas Faixas 2 e 3 formou-se um tipo de investimento imobiliário pelo qual, através do FGTS, o financiamento se torna possível mesmo com juros, e as unidades acabam por tornar-se medidas paliativas apenas para fácil mudança de famílias das favelas ou áreas menos favorecidas (AMORE et al, 2015). Um ponto em questão do PMCMV é o padrão que se percebe, principalmente em relação às construções dos edifícios destinados a Faixa 1, que traz sempre as mesmas soluções independentemente dos locais de implantação ou das necessidades das famílias que irão receber as unidades (AMORE et al, 2015). Além dessa frente, o PMCMV também conta com o Minha Casa, Minha Vida – Entidades, que auxiliam famílias que se uniram de forma cooperativa e associada; e o Minha Casa, Minha Vida – Rural, que facilita o atendimento a moradores de fora da malha urbana (MINHA CASA, MINHA VIDA, 2016). Recentemente, o Governo Federal anunciou a terceira fase do programa, que conta com o objetivo de entregar 2 milhões de moradias até



20181. O que muda agora são as faixas a serem atendidas, já que mais um tipo de subsídio foi adicionado, como verificamos na tabela abaixo 1 Dados da reportagem disponíveis em: http://www. brasil.gov.br/governo/2016/02/governo-lanca-3a-fase-do-minha-casa-minha-vida-em-marco

Faixa do PMCMV

Programa Minha Casa, Minha Vida, 2016.

Outra fonte importante na provisão do acesso a moradia é a CDHU, Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano, um órgão da Secretaria da Habitação do Governo do Estado de São Paulo (CDHU, 2016). Além da CDHU em si, a Secretaria da Habitação do Estado de São Paulo também conta com o programa recente do governo do estado, considerado um braço da secretaria, chamado Casa Paulista, que também visa funcionar como um facilitador de aquisição da moradia social através de viabilização da operação pelos “fundos habitacionais instalados: o Fundo Paulista de Habitação de Interesse Social (FPHIS) e o Fundo Garantidor Habitacional (FGH)” (SECRETARIA DA HABITAÇÃO, 2016). A Casa Paulista conta com várias frentes de iniciativa, desde parcerias com o Governo Federal, até público-privadas e microcrédito; enquanto a CDHU facilita o financiamento de família de 1 a 10 salários mínimos, ambos voltados para famílias de baixa renda e habitação social (SECRETARIA DA HABITAÇÃO, 2016; CDHU, 2016). A CDHU atua, como o nome diz, desde a unidade de moradia até o desenvolvimento urbano local; considerando facilitações tanto para a produção da habitação como também atua na produção de lotes urbanizados e ações complementares, por exemplo, que são determinantes para o desenvolvimento urbanos do local beneficiado (CDHU, 2016). Em se falando dos programas habitacionais, a ação pode acontecer por dois meios: administração direta, quando ocorre o repasse de verba da CDHU para o munícipio que produzirá as unidades; ou empreitada, que é quando a própria CDHU vai executar a obra (CDHU, 2016). De qualquer maneira, o município doa o terreno a ser construído e se mantém responsável pelo trabalho social no local (CDHU, 2016). A aquisição dessas moradias ocorre por meio de inscrições e posteriores sorteios dos contemplados (CDHU, 2016). Concluímos que – mesmo se considerarmos que há unidades com um


cômodo expansível nos programas citados – isso não torna a unidade suficiente; ou seja, para conseguir uma moradia a curto prazo e custos menores, não se atende as possíveis mudanças e adaptações que uma família pode gerar ao longo dos anos morando na casa do programa. Aragão I e II Sert I

1.3 HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL EM SERTÃOZINHO: CENÁRIO ATUAL

Sertãozinho possui loteamentos de interesse social, lotes considerados urbanizados, além de programas de provisão de moradia, principalmente da CDHU (SEPLAN, 2016). São inúmeros conjuntos habitacionais, principalmente pelas regiões norte e noroeste da cidade; assim como as habitações de interesse social, localizadas mais ao norte (MAPA DA MACROZONA, 2016). Dentre as iniciativas todas da cidade, CDHU e PMCMV também fazem parte, sendo as da CDHU: Conj. Hab. Dr. Ulysses Silveira Guimarães (empreitada), Conj. Hab. Áurea Mendes Gimenez (autoconstrução), Jardim José Garcia da Costa, Jardim Jamaica, Jardim Vicente Brasca, entre outros empreendimentos (CDHU, 2016). E os empreendimentos do PMCMV, através do programa Sonho Meu, prefeitura em parceria com a Caixa Econômica Federal além de algumas iniciativas privadas, que entregou centenas de unidades, sendo alguns dos residenciais os descritos na tabela abaixo Tabela 3: empreendimentos Minha Casa, Minha Vida em Sertãozinho.

Empreendimento Unidades João José Aragão (Aragão I) 352 Maria Francisca Aranega Aragão (Aragão II) 440 Conj. Hab. Anélio Celine (Sert I) 69 Residencial Eldorado 160 Residencial das Acácias 120 Cond. Geraldo Onório Garcia 304 Jardim Sta. Rosa II 240 Jardim Campo Alegre 125 Residencial UMM 240 Fonte: produção própria com dados fornecidos pela SEPLAN e através do site da cidade de Sertãozinho (2016).

No mapa a seguir, é possível a visualização destes empreendimentos. Além desses citados – todos compreendidos entre as faixas 1 e 2 – o PMCMV também fez-se presente com a parceria com a MRV Residence, empresa da construção civil, e construiu o Residencial Parque Sauipe, visando a faixa 3 do programa habitacional, presente na Av. José Siena, bairro Jd. Domingos Biagi; na região nordeste da cidade (MRV, 2016). Através de uma visualização pelo mapa da cidade é possível perceber como esses empreendimentos destinados as famílias de baixa renda se concentram nas regiões já citadas, norte e noroeste; que são consideradas zonas de expansão, ou seja, alguns empreendimentos como os Aragão I e II e o Sert I tiveram que ser preparados com infraestrutura básica antes, porém as opções próximas são poucas, em relação a equipamentos: os condomínio são extensos e os trajetos até os equipamentos mais próximos são extensos e até dificultados, já que a via de acesso deles ainda não é totalmente pavimentada além de ter

N Empreendimentos MCMV Fonte: produção própria com mapa base em DWG disponibilizado pela SEPLAN e dados a partir de leitura e dados retirados da secretaria e do site da cidade.

Os padrões das unidades habitacionais se repetem também: os mesmos problemas citados anteriormente em relação a localização e a qualidade dos imóveis vindos desses programas sociais são vistos aqui também, principalmente nos citados acima – os Aragão I e II e o Sert I – que são os implantados mais distantes da malha urbana ativa.

se transformado em uma rua sem saída (SEPLAN, 2016).




UMA QUESTÃO DE ADAPTAR-SE Este capítulo trata a necessidade da adaptação na habitação e questiona como o usuário se comporta diante disso, como lidar e apresenta possíveis soluções para uma adaptabilidade suficiente. De início, vamos nos voltar ao assunto da habitação francfortiana apresentada por Tramontano (1993): notamos que havia alguns tipos mínimos logo após a crise de 1929, chamados de “sala-dois quartos”, que foram tornando-se cada vez menores: de 75m², passando por 65m² até chegar entre 40 e 43m²; mas o que chamou a atenção era a maneira de setorização: haviam diversos elementos móveis como portas de correr, camas escamoteáveis e mesas dobráveis, tudo a fim de conseguir o máximo aproveitamento do espaço em ambientes menores (TRAMONTANO, 1993). Com estudos e os pressupostos técnicos necessários, viu-se como era possível a produção de várias habitações e ainda a garantia de baixo custo e espaço mínimo (TRAMONTANO, 1993). Essa chamada estandardização com a preocupação do flexível se mostra valorizada e, enfim, possível de alguma maneira. Quando pensamos em habitação, uma das máximas a nos reger deve ser o pensamento de mudança, a ideia de que a alteração acontece e nada se mantêm inalterado por muito tempo, e aí sim considerarmos isso como parte do projeto (HABRAKEN, 2002). Em se tratando de habitação, tratamos do morador dela também, e em relação a isso, “usuários tem diferentes valores e necessidades. E é importante descobrir



uma solução que encaixe a todos. Uma casa é uma coisa pessoal e deve se adaptar ao usuário” (HABRAKEN, 2002, p 4). Antes, as casas construídas em massa eram de um único plano, de um único propósito; sem considerar as necessidades de seus usuários, o que além de não ser versátil também não atendia, em imediato, as necessidades básicas de seus futuros moradores (HABRAKEN, 2002), como acontecia nas habitações francfortianas. A habitação, para alguns autores1, é casa, é local de refúgio e bemestar, ambientes que facilitam e tornam mais prazerosas quaisquer atividades domésticas (ZABALBEASCOA, 2013; ABIKO, 1995). Como a habitação evolui, em tempo cronológico ou através de necessidades, se ela segue a arquitetura ou se segue uma economia, são apenas algumas questões que possuem diversas respostas relacionadas ao lar (ZABALBEASCOA, ANATXU, 2013). Dito isso, podemos afirmar que “[..]a casa é para o dono. E o dono é para a casa” (PRAZ apud ZABALBEASCOA, ANATXU 2013, p 17), ou seja, o que faz da habitação uma casa e traz sua verdadeira essência além do fator de proteção, é seu morador. Assim, concluímos que essa realidade só se faz enquanto a habitação tornase um meio evolutivo também para o usuário, passível de adaptações de acordo com o tempo cronológico e as necessidades de cada um. 1 Anatxu Zabalbeascoa, no seu livro “Tudo Sobre a Casa”, trata da casa como forma de se abrigar do indivíduo e, como visto anteriormente neste trabalho, para Abiko (1995), a função primária da habitação é ser abrigo; portanto faz-se a conclusão.

2.1 A FLEXIBILIDADE NA HABITAÇÃO:

DEFINIÇÕES E APLICAÇÕES

Desde antes da Revolução Industrial, já havia um conceito de habitação flexível, justamente com o intuito das futuras mudanças que poderia vir (TRAMONTANO, 1993). A habitação enquanto espaço adaptável permite que o usuário a modifique sem grandes esforços em relação a materiais ou custos elevados (DIGIÁCOMO, 2004 apud SOARES, 2013). Com necessidades de adaptação, pensa-se sobre a estrutura que a construção terá para que seu interno seja livre e permita isso, ou seja, a estrutura da casa ser independente como suporte é uma maneira de se alcançar tal objetivo; talvez apenas deixando as áreas molhadas – cozinha e banheiros – fixos, já temos um bom espaço para usufruir de maneiras móveis da setorização (TRAMONTANO, 1993). A partir dessa ideologia, o Conjunto-Exposição de Weissenhof, em Sttutgart – dos membros do Werkbund, de 1927 – (TRAMONTANO, 1993), se mostra um dos principais a considerar algum núcleo fixo e, no restante do plano, propor divisórias totalmente flexíveis, como é visto no protótipo de 1932 de Walter Gropius, tido como uma unidade desmontável e ampliável

A cozinha reduz-se agora a uma simples bancada incluída no espaço de convívio, formando um bloco com os espaços de higiene que se permanece imutável, enquanto outros espaços individuais – quartos – são acrescentados durantes as diversas possíveis ampliações da casa (TRAMONTANO, 1993, p 59). Do conjunto citado acima, a unidade de Gropius nele e seu posterior protótipo citado de 1932, chamado como Casa Desmontável apenas, os quais eram executados em estrutura independente metálica e em madeira, respectivamente, contando com fechamentos de leves painéis (TRAMONTANO, 1993); o que nos mostra que a materialidade escolhida foi comandada pelo desejo da planta livre que os projetos queriam. Planta livre essa com a ideia já citada de um bloco imutável, ou seja, áreas molhadas fixas, vindo de um pensamento de Mies Van der Rohe em seu edifício de apartamentos em Weissenhof Siedlung, que também se utiliza da estrutura independe para uso de divisórias leves internas; afirmando, inclusive, que o futuro das habitações deverá considerar o fator econômico em conjunto com a complexidade cada vez maior de nossas necessidades e, assim, vemos como a estrutura independente do fechamento é o plano ideal (ROHE apud TRAMONTANO, 1993).


Figura 1: a casa desmontável e ampliável de Gropius (1932). Plantas núcleo básico e ampliações

Como representante francês desse movimento em prol da habitação, Le Corbusier se mostra a favor da estandardização em prol de sanar as necessidades de um homem também de série, visto o cenário da época (TRAMONTANO, 1993). Este homem veio se distanciando da tripartição burguesa da época – zona íntima, social e de serviços – para criar unidades totalmente adaptáveis e flexíveis, que tivessem um uso diurno e outro noturno, mais adequado ao novo modo de morar moderno, e essa necessidade de pensar na mudança leva-o a considerar sempre a versatilidade dos materiais que podem ser explorados para sempre atender às mudanças (TRAMONTANO, 1993). Aqui no Brasil, fora preciso uma visita dele para que começassem a surgir as primeiras ideias, baseadas em Horta e Perrot, sobre a flexibilidade nas residências (TRAMONTANO, 1993). Isso nos leva a uma conclusão muito simples, mas muito importante, de considerar que as tecnologias que utilizamos na construção da habitação são, indispensavelmente, materiais que irão nos auxiliar nas soluções de fechamento da estrutura independente, além das soluções internas. Nesse âmbito da flexibilidade, adaptabilidade e o social, Affonso Reidy, que trabalhou com Le Corbusier, mostra-nos aqui no Brasil o Conjunto Habitacional de Pedregulho, no Rio de Janeiro; que é um dos mais importantes da nova arquitetura brasileira no movimento Moderno, além de considerar alguns – poucos, mais voltados à coletividade – aspectos inclusive vistos nas obras de habitação principalmente de Le Corbusier, como a Unidade de Habitação de Marselha (TRAMONTANO, 1993). Em Pedregulho, apesar da coletividade e serviços comunitários, as unidades ainda eram bem rígidas por seguirem a premissa do baixo custo; no entanto, as unidades em um único nível possuíam divisórias leves e um armário limitava a área de descanso, o que já traz certa evolução que viria em seguida com os módulos pré-fabricados e divisórias leves da obra da Unidade Habitacional do Parque CECAP, em Guarulhos, projetado por Vilanova Artigas, Fábio Penteado e Paulo Mendes da Rocha. Ainda não estávamos seguindo um conceito nosso, como teria dito Reis Filho (apud TRAMONTANO, 1993), as habitações paulistanas e cariocas se assemelhavam às inglesas próximas da imigração, traduzindo uma coletividade conhecida, como diz

Fonte: TRAMONTANO, 1993, p 59.

fileiras de casas pequeninas - às vezes mesmo apenas de quartos - edificadas ao longo de um terreno mais profundo, abrindo para pátio ou corredor com feição de ruela. Nesses casos, era frequente a existência de um só conjunto de instalações sanitárias e tanques, dispostos no pátio para uso comum (REIS FILHO apud TRAMONTANO, 1993, p 10). Em certo momento, percebe-se que essa “recusa” pela mudança na divisão das unidades por parte da população, vem de um preconceito social quando as pessoas imaginam que “divisórias leves” não seriam de bom gosto

As divisórias improvisadas com tapumes, cortinas e armários nas habitações dos mais pobres teriam veiculado [...] uma imagem de precariedade associada à miséria material que as casas duráveis das pessoas com algum êxito social não deveriam expressar (TRAMONTANO, 1993, p 15). Assim, notamos que apesar das necessidades humanas cada vez mais exigentes, o próprio morador se leva por um pensamento do que pode trazer ou não qualidade na habitação de acordo com o que transmitiria certo status, que – nesse pensamento restrito – significaria mais conforto e melhor convívio. De fato, isso não significa uma verdade; é um modo de pensar que este trabalho




tem como objetivo minimizar e apresentar como um meio satisfatório e não mais “mal visto” como era. “Habitação flexível é aquela que permite que seus moradores a adaptem aos seus desejos e necessidades sem grandes obras ou investimentos financeiros” (DIGIÁCOMO, 2004). Com esse conceito, entende-se logo como é importante para o usuário as possibilidades de arranjos espaciais diversos para o mesmo em uma unidade, e como ainda é um cenário difícil de se alcançar visto que as classes mais baixas, com renda abaixo de 3 salários mínimos2, são as que mais carecem de moradia; ou seja, ainda é de um custo razoável fazer adaptações por si, o que torna o processo dificultoso, principalmente, para essas classes (DIGIÁCOMO, 2004). De acordo com um estudo da Fundação João Pinheiro (2012), em 2012 cerca de 80% do déficit habitacional no Brasil ocorre na faixa abaixo de 3 salários mínimos3. Isso ilustra bem como a população que recebe as unidades não teria condições para fazer grandes modificações. As exigências atuais deixam claro a dificuldade de se encontrar uma solução, por isso vem essa ideia da flexibilidade; não que a padronização – até hoje – utilizada seja de todo mal, mas ela não considera essas exigências e mudanças que acontecem ao longo do tempo, tornando-se uma alternativa apenas barata (DIGIÁCOMO, 2004). Em definições de flexibilidade, temos muitas nomenclaturas usadas por diversos autores diferentes, como adaptabilidade e expansibilidade, mas todos os vistos passam o mesmo propósito da flexibilidade enquanto a qualidade do espaço dispõe de adaptação fácil e atende a desejos dos usuários (DIGIÁCOMO, 2004). Podemos trazer dois conceitos principais de flexibilidade: a flexibilidade inicial, que ocorre



2 De acordo com Digiácomo (2004), em 2004 o salário mínimo correspondia a R$260,00 mensais. 3 Os dados do déficit são de 2012, quando o salário mínimo correspondia a R$622,00 mensais.

desde o projeto até a ocupação em si, permitindo participação do usuário para a personalização de sua unidade; e a flexibilidade contínua, que é a que acontece ao longo do tempo pelo próprio usuário (DIGIÁCOMO, 2004). Há alguns tipos de flexibilidade para diferentes autores: a flexibilidade enquanto espaço aberto, dividido ou não por mobiliário ou divisórias móveis, a flexibilidade através de um sistema construtivo modular que permite diferentes configurações do ambiente interno – lembra-nos de Habraken, mencionado mais a frente –; a flexibilidade que prevê futuras impossibilidades ou ampliações de seus usuários; além da flexibilidade como função múltipla de ambientes (DIGIÁCOMO, 2004).

Fischer e Rossi (2003; 1998; apud LARCHER E SANTOS, 2016) colocam a flexibilidade em três frentes, partindo de uma interpretação de expansibilidade

A. Flexibilidade quanto ao dimensionamento do espaço arquitetônico Definição: é a possibilidade de realização, pelos usuários, de modificações internas e externas sem que isto represente uma agressão à concepção arquitetônica original. B. Flexibilidade quanto à utilização ou função do espaço Definição: a coexistência ou compartilhamento de dois ou mais tipos de usos no mesmo ambiente. C. Flexibilidade quanto ao processo construtivo empregado Definição: é a facilidade para a troca de componentes construtivos no interior de uma unidade habitacional, que normalmente é de execução difícil dispendiosa. Visa facilitar e baratear a realização de reformas ou ampliações no decorrer de seu uso.

Enquanto isso, Brandão e Heineck (2003, apud LARCHER E SANTOS, 2016) colocam a flexibilidade como expansibilidade em forma de adaptação, como uma flexibilidade funcional, na qual há uma hierarquia de cômodos para que os mesmos possam exercer mais de uma função, para que tenham possibilidades de acesso e que na unidade possa-se optar por isolar-se ou abrir tudo, além de um mobiliário específico para atender as necessidades do usuário. É uma forma de manter a adaptabilidade apenas dentro da unidade, sem ampliações (LARCHER, 2016). Já para Russell e Moffatt (2001, apud LARCHER E SANTOS, 2016), a flexibilidade é tida como uma “aptidão para a mudança”.

Eles definem características que definem se uma unidade é tanto mais adaptável quanto mais características ela tem (LARCHER E SANTOS, 2016). Características essas que são: Upgradability, informação incorporada, ciclos de vida compatíveis e independência (LARCHER E SANTOS, 2016). Upgradability significa uma antecipação que poderá fazer com que futuros aumentos de desempenho possam ser supridos; informação incorporada é uma forma de deixar as possibilidades da unidade claras, a fim de facilitar tomadas de decisão e trabalhos extras; os ciclos de vida compatíveis referem-se a não vinculação dos espaços com os usuários iniciais além de uma durabilidade dos matérias empregados; e por fim, a independência é para os componentes e sistemas do edifício, que devem se comportar de forma a não prejudicar uma futura reforma (LARCHER E SANTOS, 2016). Jia Bei Si (1998, apud DIGIÁCOMO, 2004) formulou 5 estratégias para espaços pequenos, a fim de trazer a eles a flexibilidade desejada, que de fato são 5 boas estratégias que mesclam um pouco das flexibilidades visitadas aqui

1. Tamanho variável residencial

da

unidade

2. Espaços neutros (multifuncionais) 3. Integração cozinha-sala de estar 4. Mistura funcional no edifício (inclusão de espaços sociais, de produção e comércio) 5. Término em etapas (deixar áreas que possam ser posteriormente incorporadas). (DIGIÁCOMO, 2004, p 66). A partir desses discursos e estratégias de flexibilidade, as opções disponíveis se tornam muitas; e o objetivo da flexibilidade é justamente facilitar alterações e rearranjos para o usuário,


sem que o mesmo tenha que arcar com sobrecustos e riscos de uma reforma ou modificação que não estavam prevista ou que a unidade não suportasse (DIGIÁCOMO, 2004). Ainda que, ao considerar fazer uma mudança, devemos entender que o usuário totalmente sozinho – entende-se por fazê-lo com as próprias mãos – não é capaz de fazê-la (DIGIÁCOMO, 2004). Isso leva-nos ao usuário da unidade enquanto também formador dela. Ora, não estamos falando de adaptabilidade e necessidades dos moradores? Pois bem, para isso, o último deve saber como o fazer para si mesmo de acordo com o que tem. Nesse contexto, o usuário deve participar do processo de concepção da habitação, ou seja, fazer parte dele (HABRAKEN, 2002). Como dito anteriormente, havia uma ideia de unidade com um núcleo fixo de cozinha e higiene. Esse núcleo está presente também nas core houses, unidades que são entregues ao morador, futuro usuário, como uma construção inacabada, ou seja, o profissional atua – de forma efetiva – com o morador, dando ao último a infraestrutura necessária básica, com a construção parcial (ou embrionária, do núcleo, daí core house) para o morador adequá-la conforme necessidades e desejos próprios, incluindo expansão, divisões e paredes internas – ou o recheio – além de mobiliário (HABRAKEN, 2002). Com essa participação ativa, além de considerarmos a estrutura rígida, também estaremos satisfazendo as vontades do usuáriocliente, que poderá fazer sua habitação a sua própria maneira e sem estar preso a uma planta. Esse fator de prender-se a uma planta, inclusive, encontra a teoria de Aravena quando ele diz que o poder que o design tem é o poder de sintetizar, ou seja, de transformar o complexo em simples (ARAVENA, 2014) sendo, aqui, o complexo como a unidade de habitação que deve se adequar, e a síntese que o design traz com os conceitos de núcleo fixo, estrutura independente e participação do usuário. Dito isso, as teorias citadas se fazem relevantes o suficiente para elaborarmos a unidade, e a seguir o conceito de uma teoria se fará um dos principais.

2.2 O SUPPORT INFILL DE HABRAKEN: ESTRATÉGIA DE PROJETO Como mencionado, as core houses de John Habraken, são unidades com um núcleo fixo das áreas molhadas, infraestrutura básica e planta livre (HABRAKEN, 2002). Semelhante a isso, porém de maneira mais radical, encontramos a teoria do Support Infill (suporte e recheio), que traduz-se em uma construção em estrutura rígida apenas, sem os fechamentos, instalações ou quaisquer

núcleos; proveniente da necessidade de grandes edificações com densidades relativamente altas e que ainda deveriam ser a menores custos (HABRAKEN, 2002). Essa teoria traria o padrão na estrutura, mas seria livre ao usuário para que o mesmo se adequasse e fizesse, realmente, do jeito que queria sua habitação; sendo inicialmente um custo menor e, a longo prazo, totalmente adaptada ao seu morador (HABRAKEN, 2002). Visto ambas as principais teorias (core houses e support infill), podemos mesclar as duas e obter um bom resultado: pensamento no support infill, é ideal que o usuário fique livre para decidir o que faz e como divide sua própria casa. Por outro lado, a parte de instalações pode gerar custos para os quais os usuários não estejam preparados para enfrentar, o que pode ocasionar construções pela metade sem condições de habitar-se. Dessa maneira, deixar a planta livre com a estrutura rígida do support infill e assegurar um núcleo de áreas molhadas com instalações – além de um mínimo de fechamento externo –, parece uma maneira razoável de garantir a participação do usuário no processo de adaptação da residência além de não incluir futuros gastos que os mesmos talvez não pudessem suportar. De fato, Support Infill faz parte de uma nota de estudo de Habraken em uma conferência do grupo que participava, o Open House. Nessa nota, Habraken apresenta sua teoria base “O Uso dos Níveis”, na qual coloca uma hierarquia a ser considerada para o melhor aproveitamento desde o nível urbano até do edifício; e a partir disso que o suporte e recheio surge como uma alternativa construtiva, já que coloca a construção em níveis hierárquicos para melhor organização espacial e de trabalho (HABRAKEN, 2002). Habraken (2002) elenca alguns aspectos que fazem de sua teoria do suporte e recheio uma boa alternativa construtiva para habitação

- Separação clara do nível do recheio o faz possível de planejar e produzir um sistema que seja independente dos projetos individuais. Seus componentes podem ser produzidos industrialmente em larga escala. - Instalação de sistemas do recheio separadamente economiza muito tempo e trabalho no terreno, além de reduzir custos extras. - Pelo sistema do recheio ser um produto industrial separado, ele pode ser melhorado ao longo do tempo. - Onde houver várias possibilidades do sistema do recheio, os clientes podem escolher e a competição

produzirá uma variedade de estilos e preços. - Como os sistemas de recheio não são dependentes em um único projeto, eles podem ser aplicados em uma grande área. - Porquê a instalação do sistema de recheio acontece por unidade, não é de grande importância que os pavimentos sejam os mesmos, eles podem ser todos diferentes. - Unidades individuais podem ser modificadas e melhoradas ao longo do tempo para ir de encontro às necessidades individuais dos usuários (tradução nossa - HABRAKEN, 2002, p 14).

Figura 2 – o esquema de Habraken (2002) para esquematizar a relação de sua teoria.

Estrutura urbana tecido suporte recheio mobiliário

Fonte: tradução nossa - HABRAKEN, 2002, p 14.

O autor afirma que o suporte e recheio não é apenas para países mais ricos, já que se torna uma maneira de organizar o projeto e oferecer melhor flexibilidade e eficiência independentemente do que temos disponível (HABRAKEN, 2002). Neste tipo de projeto, tanto profissionais quanto não profissionais – no caso, os moradores – podem ter seu lado na produção do espaço, já que, algumas vezes, o profissional pode ter as melhores soluções, mas, outras vezes, o morador pode decidir o que é melhor (HABRAKEN, 2002). No entanto, no momento em que tem de se colocar o projeto da habitação em campo, a expertise do profissional faz a diferença, e isso só pode ser responsabilidade dele (HABRAKEN, 2002).




LEITURAS PROJETUAIS

a flexibilidade, expansibilidade e materialidade no projeto

Neste capítulo, serão analisadas algumas obras que tem alguma relação com o projeto proposto de HIS. Além disso, uma obra notável; a Casa Vila Matilde, foi colocada como uma menção, já que se trata de uma habitação unifamiliar, de baixo custo e boa materialidade.




Quinta Monroy

Iquique, 2003

ELEMENTAL

O conjunto fica em Iquique, norte do Chile, em uma área da cidade que já era consolidada e bem central. A origem do nome veio do que era o terreno antes: um sítio (quinta) do Sr. Monroy, um bom homem, segundo dona Verenice1, que alugava partes de seu terreno para pessoas de baixa renda construírem suas humildes residências. Desde então, foram mais de 15 anos morando de forma precária e, inclusive, irregular para alguns moradores do terreno. Com isso, formou-se certa vizinhança confortável, e foi um dos pontos principais para o ELEMENTAL buscar manter as mesmas pessoas no mesmo lugar. O que os auxiliou com isso foram as políticas habitacionais locais, como o programa Chile Bairro e algumas conversas com o Ministério da Habitação, que permitiram que o ELEMENTAL procedesse com o projeto e ideias iniciais (AU, 2016 – acervo da autora). ELEMENTAL é o escritório de arquitetura chileno, liderado pelo arquiteto vencedor do Pritzker 2016,

ARQUITETOS Elemental - Alejandro Aravena, Alfonso Montero, Tomás Cortese, Emilio de la Cerda LOCALIZAÇÃO Sold Pedro Prado, Iquique, Tarapacá, Chile ÁREA CONSTRUÍDA 3500 m² ÁREA 5000.0 m² ANO DO PROJETO 2003

Alejandro Aravena. 1 Dona Verenice foi umas das pioneiras do assentamento no rancho do Sr. Monroy. Hoje com 80 anos e ainda ativa como referência no local – depois de Dona Praxedes, que é como uma líder que recebe terceiros, Verenice lembra do Sr. Monroy como “um bom homem que alugava espaços e vendia pequenas casas” (AU, 2016).

Figura 3: Quinta Monroy modificado




DESENHOS

Figura 5: Situação Quinta Monroy pelo Maps. Fonte: Google Maps. Acesso em: 10/04/16.

IMPLANTAÇÃO Figura 4: Situação do Quinta Monroy. Fonte: ELEMENTAL.



Como observa-se, o conjunto fica em uma área central de Iquique, bem localizado e cheio de equipamentos próximos. A Av. Diego Portales é uma das que cruzam a cidade – ou a maior parte dela – no sentido Leste-Oeste; além da outra avenida, agora nomeada Avenida Salvador Allende Gossens, que é uma das principais da cidade. O formato irregular do terreno respeita o modo como as habitações anteriores informais eram situadas, por isso os vários vértices (ARCHDAILY, 2012).


DESENHOS

São 4 pátios maiores criados, inicialmente, para estimular o convívio mais próximo em cada um; porém com a melhora na qualidade de vida de alguns moradores, os mesmos pátios também se tornaram estacionamentos. O ELEMENTAL estimou essa divisão em pátios com o intuito de gerar certo convívio entre os moradores de forma que os mesmos pudessem criar como uma comunidade, ter algum líder, formar uma espécie de condomínio onde todos soubessem as decisões de todos (AU, 2016 – acervo da autora). Da forma como está a implantação, é possível a expansão da unidade de iniciais 36m² para, no máximo, 72m². Porém, hoje, é possível notar que algumas unidades foram ainda além dos 72m², mesmo que isso fosse pouco provável. Os acessos são tanto para pedestres quanto para veículos.

Figura 6: Implantação Quinta Monroy. Fonte: ELEMENTAL

acessos automóveis/ pedestre

IMPLANTAÇÃO ESC 1:200




Acesso unidade duplex

Tabique removível

DESENHOS Unidade inicial

Tabique removível

Futura ampliação possível

Acesso unidade duplex Acesso unidade térrea

Futura ampliação possível construção

Acesso unidade duplex

Figura 7: Plantas baixas térreo. Fonte: ELEMENTAL/ interferências de cor feitas pelo autor para melhor visualização Acesso unidade duplex

Aqui, a estrutura rígida prevista para a expansão já é pronta também, como a escada e instalações superiores. O acesso é através de uma escada que encontra a laje superior da habitação térrea. Nessa laje é que são previstas as ampliações da unidades duplex, possibilitando que sejam horizontais e verticais também. Nessa tipologia, também há a possibilidade de um tabique removível, apesar de o fechamento dar na área de expansão. É feito dessa maneira porque deve ser entregue uma unidade habitável. No caso da ampliação, basta derrubar uma única parede. Como é possível observar, as unidades contam com instalações completas (hidráulica e elétrica já contavam como base no projeto). É projetado um espaço menor – A, no esquema de baixo – que pode ser expansível



através de uma divisória leve em armação metálica e placas de OSB. Além dessa expansão, também é prevista uma expansão para o pátio ao fundo, como entre os eixos 6 e 7, também opcional através de uma divisória. O acesso térreo se dá através de uma porta simples, ao lado da escada de acesso ao superior. Tudo é pensado de forma a minimizar quaisquer gastos dos moradores para suas futuras adaptações (ARCHDAILY, 2012; leitura própria de projeto).

Unidade inicial Acesso unidade duplex

Futura ampliação possível Futura ampliação possível construção

Figura 8: Plantas 1º e 2º pavimentos. Fonte: ELEMENTAL/ interferências de cor feitas pelo autor para melhor visualização


DESENHO/ IMAGENS

No corte longitudinal, podemos ver as unidades duplex - acima - assim como suas futuras expansões, bem como notamos na Figura 11: o morador fica livre para expandir como quiser, respeitando o espaço destinado para isso previsto em projeto.

Unidade inicial Futura ampliação possível – espaço pronto Futura ampliação possível - construção

Unidade inicial

Circulação vertical interna - duplex

Futura ampliação possível – espaço pronto

Figura 9: corte transversal.

Futura ampliação possível - construção

Fonte: ELEMENTAL/ interferências de cor feitas pelo autor para melhor visualização

Circulação vertical interna - duplex

Figura 10: o antes e depois de uma unidade Fonte: ARCHDAILY (2012).

Figura 11: as expansões das unidades Fonte: ARCHDAILY (2012).







Casa Vila Matilde São Paulo, 2011-2015

Apesar de não ser enquadrado como um projeto de habitação social, é notável a importância atual do projeto do escritório Terra e Tuma Arquitetos Associados no contexto de habitação digna. A casa de Dona Dalva, moradora há muitos anos do mesmo local, estava prestes a ruir; o que fez o filho procurar os arquitetos do escritório para uma reforma. Reforma esta que tornou-se uma grande reconstrução: demoliu-se toda a antiga residência para, então, erguer uma nova e mais resistente. Mãe e filho entregaram as economias dela de uma vida toda trabalhando para ter, finalmente, uma casa segura. E é ai que entra tanta importância: em família de classes mais baixas, a importância do bom projeto fica em segundo plano devido aos gastos com isso; no entanto, Danilo Terra, Pedro Tuma e Fernanda Lie - os arquitetos - provaram como é possível conseguir uma moradia que restitui a noção da arquitetura como produção do espaço que ambiciona a dignidade do habitar, em contrapartida com um orçamento baixo (cerca de R$100 000,00). (Revista aU - acervo pessoal, 2016)

LOCAL: São Paulo ANO: 2011-2015 TERRENO: 120 m² ÁREA CONSTRUÍDA: 95 m² PROJETO DE ARQUITETURA: Terra e Tuma Arquitetos Associados – Danilo Terra, Fernanda Lie Sakano, Pedro Tuma

Figura 12: a fachada da casa nova da Dona Dalva

Terra e Tuma Arquitetos Associados




fluxo principal de circulação possível ampliação (vertical)

DESENHOS

circulação vertical térreo

pátio central - iluminação natural áreas molhadas caixa d’água shaft para iluminação zenital parede principal de hidráulica

superior

Figuras 13, 14: plantas térreo e superior Fonte: Revista aU, 2015 ( acesso restrito)

corte AA

corte BB



Figuras 15, 16: cortes da construção Fonte: Revista aU, 2015 ( acesso restrito)

áreas íntimas

A concepção da planta chama atenção e é de grande importância referencial para o projeto proposto neste trabalho, e não é apenas pela linearidade: ao longo da extensão de um dos muros de divisa, tem-se a distribuição da circulação principal, juntamente com os principais locais de tarefas domésticas - cozinha e área de serviço -; e chega até a escada também. Neste eixo longitudinal concentraram-se as instalações hidráulicas principais da residência, o que racionaliza não só as instalações em si, como também qualquer futura manutenção que seja necessária, já que as tubulações estão distribuídas ao longo de uma parede só. Isso também contribui de maneira prática, afinal, facilita o manuseio e permite melhor fluidez ao longo do dia para as tarefas cotidianas; ponto levado em consideração enquanto

era elaborado o projeto deste trabalho. As áreas íntimas ficaram aos fundos da casa, tanto no pavimento térreo quanto superior; assim como a escada de acesso ao piso superior, o que nos leva a entender esse bloco como uma proteção: áreas íntimas ficam mais reservadas e o acesso acima se torna restrito. As únicas instalações hidráulicas separadas do eixo principal são as das suítes que, mesmo assim, estão no mesmo eixo vertical. Um pequeno pátio interno ilumina a casa toda, levando salubridade e novos ares a todos os ambientes. Na laje sobre a sala, uma possível ampliação pode acontecer de acordo com o desejo dos moradores.


DESENHOS

Os blocos de concreto são estruturais, junto a laje pré-moldada, facilitando o processo de construção e tornando o projeto apropriativo: previu-se que os moradores poderiam transformar, de maneira bem pessoal, e fazer pequenas alterações quando fosse desejado; já que o material permite novas instalações de pisos, azulejos, pintura, etc. Este conceito do bloco de concreto com função estrutural e passível de modificações, além de elementos pré-moldados; foi crucial no processo elaborativo do projeto deste trabalho, tornando plausíveis as medidas tomadas em relação ao material estrutural. As esquadrias foram projetadas de maneira a interagir congruentemente com os blocos: com uma bandeira fixa, as portas e janelas se adequam a modulação feita, além da grande abertura do pátio que não só alcança o pé direito, como também se estende por toda a largura dele.

Figura 19: o pátio e a mesa de refeições. Fonte: Revista aU, 2015 ( acesso restrito) janelas

porta

Figuras 17: detalhe do corte AA Fonte: Revista aU, 2015 ( acesso restrito)

esquadria do pátio

Figura 18: corte da construção Fonte: Revista aU, 2015 ( acesso restrito) corte DD




IMAGENS

Figura 20

Fonte: Pedro Kok

Figura 22

Fonte: Revista aU, 2015 (acesso restrito)

Figura 21

Fonte: Pedro Kok

Figura 23

Figura 24

Fonte: Pedro Kok

Fonte: Pedro Kok

Figura 25

Fonte: Pedro Kok




Centre Village Winnipeg, 2010

5468796 Architecture + Cohlmeyer Architecture Limited

O Centre Village é um conjunto de unidades habitacionais que foi projetado em parceria com a Winnipeg Centre Village, que abriga famílias carentes e tem projetos de ajuda e revitalização em bairros negligenciados do centro de Winnipeg, proporcionando melhores lugares e um sentimento de construção de uma comunidade para os moradores (ARCHDAILY, 2013). Aqui, o desafio foi o terreno em L, inicialmente proposto para 6 unidades; no entanto a densidade previa 25 unidades, o que fez os arquitetos diluírem essas unidades pelo terreno, formando 2 pátios de convivência e módulos maiores e menores, unidos verticalmente e abraçando a densidade desejada (ARCHDAILY, 2013).

N Figura 26: Situação Centre Village.

Fonte: Google Earth. Acesso em: 12/04/16.

ARQUITETOS 5468796 Architecture, Cohlmeyer Architecture Limited LOCALIZAÇÃO Winnipeg, MB, Canadá ANO DO PROJETO 2010




Como é possível analisar na implantação, os pátios gerados pelos 6 blocos de 3 pavimentos cada um1 tornam-se não só espaços de convívio em comunidade, mas também uma forma de cruzar a quadra: o pátio localizado mais a norte cruza toda a extensão do conjunto e atravessa o terreno, ligando diretamente a rua Balmoral a rua Kennedy. Este esquema onde há pátios conectando as unidades serviu de inspiração

Figura 28: Diagrama de densidades para esquematizar implantação. Fonte: ARCHDAILY, 2013.

DESENHOS

para o projeto deste trabalho.

1

Fonte: ARCHDAILY, 2012.

O digrama de densidade mostra a evolução do projeto: de 6 unidades insuficientes que não atenderiam as famílias, para 25 diluídas e então, 25 unidades unidas por módulos menores – 2,40m x 3,60m que representam cômodos menores -; e módulos maiores – 4,25m x 3,60m que representam áreas de estar e cozinha e dormitórios maiores -; com junções verticais e horizontais, formando um empilhamento (ARCHDAILY, 2013). As unidades têm acessos direto e janelas por todos os lados, sem gerar um “espaço dos fundos” em nenhuma, além da privacidade que têm, já que normalmente os quartos ficam superiores ou têm aberturas reguladas (ARCHDAILY,2013).

Figura 27: Implantação no terreno. Fonte: ARCHDAILY, 2013.




DESENHOS

Figura 29: plantas do conjunto. Fonte: ARCHDAILY, 2013.

A disposição dos cômodos acaba por ser engessada de acordo com a unidade: escolha uma e terá, estritamente, certo números de quartos, sala, cozinha e banheiro. Dessa maneira, o arquiteto optou por aberturas diferentes, tanto em tamanho quanto em peitoril, o que diversificou o projeto. No entanto, tomando como base esse fato, o projeto deste trabalho optou por ir contra essa diversidade em função do material construtivo - que são blocos de concreto modulares - e em função de oferecer uma maior privacidade; já que no Centre Village isso não fora um determinante visto que há janelas a altura dos pátios. Os números indicam as unidades: em plantas diferentes, o mesmo número indica as mesmas unidades. Aqui, apesar de não haver opção de expansibilidade, as unidades têm uma disposição multifuncional, além da própria flexibilidade de ter dormitórios acima e atividades em família abaixo, com a possibilidade ter também dormitórios abaixo e salas de estar acima.




As aberturas, colocadas de maneira diversa aqui; apesar de embelezarem o projeto também o dificulta: com a modulação dos blocos, o projeto deste trabalho prefere se adequar a modulação e ter menos diversidade de colocação das esquadrias, a fim da racionalização de construção, mantendo qualidade de aberturas. As unidades são distribuídas em 10 tipologias, o que também serviu de apoio para a criação de diferentes tipo de unidades no projeto deste trabalho: tipologias diferentes sugerem espaços diversificados e maiores possibilidades. No entanto, nesta referência, há a utilização de um cômodo para seu um propósito determinado, enquanto no projeto final do presente trabalho, a não hierarquização de cômodos propõe uso livre.

Fonte: ARCHDAILY, 2013.



Fonte: ARCHDAILY, 2013.

Figura 31: diagrama das unidades

Figura 32: usos dos cômodos

Fonte: ARCHDAILY, 2013.

Figura 30: vista das janelas e escada

DESENHOS/ IMAGENS


Residencial em Cotia

Cotia, 2001

Joan Villá e Silva Chile

O condomínio residencial dos arquitetos Joan Villá e Silva Chile ficou conhecido pela materialidade de qualidade e simples – o módulo pré-fabricada de cerâmica pré-fabricado inventado por Villá há anos –; além das cores vivas (AU, 2004). São 24 unidades residenciais, situadas na rua Grécia, em Cotia; que chamou a atenção do IAB-SP e deu-lhes o prêmio Carlos Barjas Milan. O que mais chama atenção é que a mão-de-obra utilizada não foi especializada, conhecido como sistema de auto gestão – mencionado também com o termo “mutirão” –, o que levou cerca de dez meses e barateou muito a obra (AU, 2004).

Figura 33: o condominio.

Fonte: Revista aU, 2004 (acesso restrito).

O terreno em aclive garantiu três patamares de construção; uma planta base de 60m² para cada unidade e seguindo isso para garantir competitividade na habitação popular (AU, 2004).

O térreo abriga sala, cozinha e área de serviço e o pavimento superior abriga dois quartos, um com varanda, e banheiro. No entanto, o grande diferencial arquitetônico ficou por conta da existência de um terraço de cerca de 35 m² na cobertura de cada unidade. Essa pequena verticalização resultou em uma área total de unidade de 95 m², um aumento significativo que, além de gerar um grande atrativo de vendas, permitiu a redução das áreas privadas externas de jardim e quintal e permitiu melhor aproveitamento do terreno (AU, 2004, p única). Esse terraço foi inspirado nas casas de pessoas de baixa renda que utilizam a laje superior para recreação pois não havia opção no terreno; e também, seu acesso se dá por escadas disponíveis a cada duas casas não-geminadas, como uma forma de acessar o privado no coletivo (AU, 2004). O curioso é que as cores das unidades só vieram depois de um problema: o bairro era novo, portanto, o sistema de Villá com os blocos furados aparentes não iria funcionar muito bem na valorização local, então decidiu-se pintar, o que acabou conferindo até certa identidade para cada bloco e fazendo uma alusão a bandeira nacional (AU, 2004).

LOCAL: Cotia, SP PROJETO: 2001 ÁREA DO TERRENO: 3 200 m2 ÁREA CONSTRUÍDA: 2 256 m2 ARQUITETURA: Joan Villà e Sílvia Chile (autores); Cláudia Mota e Guilherme Mazoni (equipe)




estacionamento estacionamento energia energia lazer lazer quadra quadra poliesportiva poliesportiva bloco geminadas bloco de de casas casa geminadas recreação infantil infantil recreação

Figura 34: implantação do residencial Fonte: Revista aU, 2004 (acesso restrito).

Dados sobre a implantação disponíveis em: https://arcoweb.com.br/projetodesign/arquitetura/joan-villa-e-silva-chile-condominio-resiDados sobre a implantação disponíveis em: https://arcoweb.com.br/projetodesign/arquitetura/joan-villa-e-silvia-chiledencial-28-04-2003. Acesso em: 12/04/16

condominio-residencial-28-04-2003. Acesso em: 12/04/16.

núcleo de áreas molhadas acesso direto ao terraço acesso unidades O que mais chamou a atenção neste projeto, foram os núcleos de áreas molhadas e a possível expansão acima das unidades, o que serviu como base para o projeto proposto deste trabalho.

Figura 35: térreo de um dos blocos

Fonte: Revista aU, 2004 (acesso restrito).



DESENHOS


DESENHOS Segundo Pav.

Terraço Terraço

Terceiro Pav.

Acesso terraço Circulação acesso unidades Segundo Pav.

Terraço

Terceiro Pav.

Acesso terraço direto da unidade

acesso terraço Acesso terraço circulação acessounidades unidades Circulação acesso Terraço

Segundo Pav. 2º

Terceiro Pav. 3º

Figura 36: segundo e terceiro pavimentos de uma unidade geminada

acesso terraçodireto direto unidade Acesso terraço dada unidade Figura 37: Terraço

Fonte: Revista aU, 2004 (acesso restrito).

Fonte: Revista aU, 2004 (acesso restrito).Acesso terraço

Circulação acesso unidadesPelos apontamentos coloridos no Corte BB, verificamos a possibilidade da expansão acima das unidades, no terraço, assim como a multiplicidade usos: o morador pode tanto utiliza-la como está, fazendo de um espaço Acesso terraço direto dadeunidade recreativo; como pode subir mais paredes e fechá-lo, fazendo surgir mais um cômodo. Apesar da ligação direta com o térreo, o morador pode optar por deixala, fazendo a expansão de cima funcionar como uma unidade extra.

Corte BB Figura 38: corte BB

Fonte: Revista aU, 2004 (acesso restrito).

0

5

unidade inicial expansão vertical/ uso flexível




IMAGENS

Figuras 39 e 40: Imagens do projeto - além das unidades geminadas, pequenos pátios promovem integração. Fonte: AU, 2004.




ANÁLISE DA ÁREA Neste capítulo serão encontradas informações referentes ao projeto de habitação de interesse social, tais como os principais objetivos e objetivos secundários, o programa de necessidades e sobre terreno escolhido para a implantação do projeto de habitação de interesse social, bem como seu entorno, legislação vigente e demais interferências que possam haver.

4.1 DISPOSIÇÕES INICIAIS SOBRE O LOCAL O objetivo desse levantamento é basear as decisões do projeto da HIS considerando seu entorno. Os levantamentos de uso e ocupação consideraram um raio de cerca de 500m a partir do terreno escolhido, bem como os comentários de cada um foram feitos com base em uma visita de campo ao local. O programa de necessidades foi baseado em tipologias de unidades unifamiliares expansíveis para multifamiliares, além de espaços mútuos e considerando expansibilidade. Também contém dados sobre o terreno de escolha e disposições sobre a legislação aplicada nele.

4.2 INFORMAÇÕES SOBRE O TERRENO, ENTORNO E LEGISLAÇÃO O terreno escolhido fica localizado no município de Sertãozinho, estado de São Paulo, em um encontro de três limites de bairro e próximo a dois Conjuntos Habitacionais: Jardim Jamaica, Jardim Liberdade e Jardim Imperial, próximo ao Conj. Hab.

Antônio Costa Patrão e Albino Sichieri. Como fruto do planejamento da cidade, cada um acabou por ser situado em uma macrozona diferente – ZM1, ZM2 E ZM3. Além disso, possui um centro de lazer comunitário e uma escola de ensino infantil bem ao lado. O município de Sertãozinho fica na bacia do rio Mogi Guaçu, mais precisamente na região do médio Mogi inferior. Segundo a geomorfologia do Relatório Zero da Bacia do rio Mogi Guaçu, Sertãozinho está localizado na área do Planalto Ocidental, com grande uniformidade de terreno e altitudes entre 400m e 600m (RELATÓRIO ZERO, 1999). Seu tipo de solo é predominantemente Latossolo Roxo; que, segundo o relatório, significa um solo de coloração avermelhada, fertilidade boa, poroso, com altos teores de óxido de ferro e manganês, e de origem de rochas eruptivas básicas com formação natural de floresta (RELATÓRIO ZERO, 1999). O clima local é considerado tropical, com estação de chuvas durante o verão e seca no inverno; com índice pluviométrico entre 1100mm e 1300mm, e estação seca ocorrente de maio a setembro, sendo julho o mês mais seco; além da variação de temperatura no decorrer no ano ser entre 23,1ºC no mês mais quente e 19ºC em épocas mais frias (RELATÓRIO ZERO, 1999). Com relação a população, Sertãozinho tem cerca de 110 074 mil habitantes, segundo as estatísticas do IBGE em 2010 (apud PREFEITURA MUNICIPAL, 2015). Na altitude de 555m, possui uma área total estimada em 418Km², com IDH igual a 0,833 (PREFEITURA MUNICIPAL, 2015).

Figura 41: Localização da cidade

SERTÃOZINHO

RIBEIRÃO PRETO

Fonte: Google Earth, Acesso Em 08/09/2016

Figura 42: Localização do terreno

Fonte: Google Earth, Acesso Em 08/09/2016

TERRENO

CENTRO




4.2.1 LEGISLAÇÃO Figura 43: O macrozoneamento e a relação entre bairros e terreno na cidade Tabela 4: Lei de uso e ocupação do Município de Sertãozinho

N

ZM1

Fonte: Mapa em PDF disponível no site da prefeitura

O terreno aparece demarcado em preto. É possível ver, de forma clara, como as três zonas determinadas invadem o mesmo. (Fonte: Mapa da Macrozona – Prefeitura Municipal de Sertãozinho). A legislação local do município, segundo o zoneamento atual em vigor e de acordo com a Lei nº 264 – e a Lei Complementar 279 que altera a 264 de Uso e Ocupação do solo, possui os parâmetros pré-



Fonte: Prefeitura Municipal de Sertãozinho – Mapa da Macrozona Urbana.

estabelecidos para cada zona sobre taxa de ocupação, coeficiente de aproveitamento e gabarito máximo. Na tabela a seguir, podemos avaliar como se comportam em relação a isso as zonas que influenciam o terreno.

Em destaque, as zonas de interesse nosso. Dessa maneira, consideraremos os coeficientes mais rígidos para a implantação. O terreno é, atualmente, uma área particular, mas será utilizado de um instrumento do Estatuto das Cidades para fazer a desapropriação para instituição de zonas especiais de interesse social (ESTATUTO DA CIDADE, 2015).


USO DO SOLO Como já previsto por se tratar de uma zona mista, e com muita área loteada para residências, este último é o uso mais comum visto. Há muitos equipamentos ao redor do terreno, como escolas – desde o ensino infantil até o médio -, um centro de lazer do bairro bem preparado para o público, uma praça, supermercados, algumas farmácias como uma na Av. José Angelotti e outra na Rua Laurindo Scaranello de redes nacionais, além é claro dos serviços diversificados, em escala do bairro, como mercearias e bares; e os serviços mais objetivos nas avenidas Alessio Mazer – conta com alguns galpões de ferragem e marcenaria -, e José Antônio Angelotti, que possui desde uma sorveteria até loja de autopeças e materiais para construção. As áreas verdes também são presentes, mas não de maneira significativa acima da Rua Santinho Aprile: na área abaixo, onde passa o córrego Eugênio Mazer, a área de proteção ajudou a criar não só uma proteção para o Jardim Imperial, mas também foi preparado, com os devidos cumprimentos à margem de proteção, com uma calçada e os moradores próximos podem caminhar. Na Rua Nilson Maraucci Junior, as duas áreas verdes encontradas são tidas como área de bosqueamento, ou seja, possuem vegetação contemplativa apenas, sem uso ou pavimentação. Também são áreas verdes contemplativas as da Rua José Martinelli, Av. Amâncio Lopes e Rua Assunta Vanzella.

Os grandes vazios da Rua Ângelo Mazer são, atualmente, mantidos com vegetação, porém não são considerados área verde, apenas terrenos particulares ainda não loteados. Mencionando vazios, são pouquíssimos os imóveis sem uso encontrados, sendo apenas os apontados na Av. José Antônio Angelotti, que antes eram de empresas e depois que as mesmas se mudaram ou faliram, ficaram sem uso – e esse fato já vem de alguns anos.

Mapa 1: uso do solo

Fonte: produção própriacom base em DWG fornecido pela SEPLAN




Figura 45: a calçada que serve como pista de caminhada próximo à zona de proteção. Figura 44: fachada de uma das entradas do centro de lazer do bairro. Figura 46: a área de bosqueamento da Rua Santinho Aprile, ainda em crescimento da vegetação implantada no local.




FIGURA FUNDO Por se tratar de uma área com bairros bem consolidados – a não considerar o Jardim Imperial, que ainda vem sendo alvo de novas construções e tende a se consolidar brevemente – , a ocupação da área é notadamente densa, estimando-se uma densidade alta principalmente nas quadras entre as ruas Hélio Batista de Oliveira, Yoshinobu Kobata e Virgílio Pavan, onde houve muitos desdobros de terreno e acabou influenciando no desenho das edificações e fez surgir também algumas casa geminadas. É interessante notar que no Conj. Hab. Antônio Costa Patrão – conferido próximo ao polígono desenhado entre a Av. José Antônio Angelotti e as ruas Nelson Tomazine, Nilson Maraucci e Laurindo Scaranello – poucos lotes foram desdobrados e a densidade é menor do que no Jd. Jamaica, que é a área citada anteriormente, onde não se objetivava uma densidade relativamente alta como está. Pela Av. Amâncio Lopes, os bairros Jd. Sta. Lucia e Jd. Esmeralda, destacados na imagem, ainda estão em formação, mas é previsto uma densidade média, já que sua criação foi posterior a alteração no macrozoneamento do município, que pede testada mínima de 10m na zona local.

Visto essa ocupação concentrada, o projeto deste trabalho propôe uma ocupação mais espaçada, contando com áreas livres enrte unidades para dar espaço ao público também e promover melhor uso da terra bem como uma densidade adequada e bem desenvolvida.

Mapa 2: ocupação do solo por projeção

Fonte: produção própriacom base em DWG fornecido pela SEPLAN




GABARITO Pela legislação das zonas locais, a área é predominantemente térrea. Isso pode ser explicado de acordo com os coeficientes de aproveitamento das Zonas Mista 1, Mista 2 e Mista 3 – ZM1, ZM2 E ZM3 – que são todos de 1,5. Isso trouxe uma homogeneidade notável aos bairros, pois a área também é consideravelmente plana, com poucos desníveis perceptíveis. Os poucos imóveis de 2 pavimentos são, em maioria, residenciais; com exceção de um supermercado na Rua Nelson Tomazine, que inclusive possui um imóvel de cada lado da via, na altura com a esquina da Rua Ângelo Schiavinato. Além do citado, alguns bares que possuem residência na parte superior, a E. E. Profª. Edith Silveira Dalmaso, que possui 3 pavimentos; e um pequeno condomínio residencial na confluência das ruas Assunta Vanzella e Ulisses Rodrigues, também de 3 pavimentos. Neste levantamento, como foi possível observar há predominância térrea; o que nos deixa a pretensão de mudar esse cenário e aproveitar melhor o terreno de projeto: propor novos níveis e mudar a paisagem local com qualidade e moderação.

Mapa 3: ocupação do solo segundo o gabarito

Fonte: produção própriacom base em DWG fornecido pela SEPLAN




ANÁLISE VIÁRIA No levantamento acima, percebemos que a área tem grandes avenidas, Alessio Mazer, José Antônio Angelotti e Amâncio Lopes, no entanto, esta última ainda está em fase de obras para ampliação, o que a deixa menos utilizada e, consequentemente, faz esse fluxo que será dela ficar, por enquanto, na Av. José Antônio Angelotti. A última citada, por sua vez, já tem um fluxo intenso devido a seus serviços e comércio variados, além de estar unida com a Av. Jorge Abrão, também repleta de serviços e comércio; ou seja, o que já tinha um trânsito considerado intenso ficou ainda mais por conta de algumas obras de retornos e expansão da Av. Amâncio Lopes. Como vias coletoras do trânsito dessas grandes avenidas, temos, principalmente, a Rua João Sebastião de Souza, Alberto Bevegnu, Laurindo Scaranello, Yoshinobu Kobata e Julio Taveira. São as vias que cumprem papel coletor com o fluxo mais intenso. Além dessas, algumas outras como a Santinho Humberto Aprile e Lindolfo Mossin, apesar de coletoras, possuem menos fluxo se comparadas com as outras. Uma possível explicação seriam os equipamentos locais: para acessar o centro de lazer, uma das principais é a Santinho Humberto Aprile, mas como o centro também é acessado pela Av. Amâncio Lopes, alguns que moram acima no bairro preferem fazer esse acesso direto pela avenida, não deixando a Santinho Humberto Aprile tão transitada. Vale ressaltar aqui que a Rua Nilson Maraucci ainda não foi executado o prolongamento, apesar de parecer no mapa: a área, como já dita, particular, ainda não foi liberada para a obra, mas é uma diretriz existente.

Além disso, o posto de saúde atrai dos dois lados, inclusive tornando uma via em uma altura caracteristicamente local – Helio Batista de Oliveira – em uma movimentada rota para sair. Junto a UBS Jamaica, ainda há uma escola na esquina da confluência, o que torna aquele cruzamento praticamente caótico em horários de pico, entre 6h30 e 7h30 da manhã; e 17h da tarde. Atualmente, na mesma área, o supermercado da rua Julio Taveira tem dificultado ainda mais o trânsito. A José Martinelli se tornou uma via local com ares de coletora devido à E.E. Prof.ª Edith Silveira Dalmaso, cuja entrada fica nessa rua; contribuindo para horários de pico bem movimentados em toda essa área cheia de equipamentos. Outra local que se torna coletora pelos dias da semana e horários de pico é a Cezare Solano, junto com a Ângelo Bisson, devido à E.M.E.I. Prof.ª. Eden Ambrósio: a entrada da escola fica na Cezare Solano, forçando a quem deixa os alunos entrarem pela Ângelo Bisson. Voltando próximo a nosso terreno, a Nelson Tomazine entra com fluxo intenso pela Alessio Mazer, isso porque é um dos caminhos mais rápidos até o bairro Jardim Imperial, além de ser caminho também para o centro de lazer local, pois alguns veículos param nela por não ter vagas na rua do centro.

Mapa 4: análise viária segundo fluxo e função.

Fonte: produção própriacom base em DWG fornecido pela SEPLAN




PLANIALTIMETRIA

O terreno possui pouca inclinação, além de ainda estar limpo, livre de interferências maquinarias de terraplanagem, o que faz ainda apresentar alguns aspectos como pedras médias sob a terra, vegetação intermitente, além de ter se tornado um depósito de lixo doméstico e até pasto para alguns cavalos. TERRENO

Figura 47: Planialtimetria por elevação do terreno. Fonte: DWG Disponibilizado pela SEPLAN/ Produção própria de dados gerados a partir do Google Earth.

Não apresenta muito inclinação, de acordo com os pontos vistos na figura 47, não é possível aproveitar mais de um nível, o que provavelmente exigirá uma terraplanagem. A rua em destaque é, ainda, uma diretriz da cidade, portanto será contada como existente para que não venha a causar problemas posteriormente.

Figura 48: Topografia do terreno.

Fonte: dwg disponibilizado pela SEPLAN/ Produção própria de dados gerados a partir do Google Earth.




DIRETRIZES GERAIS DE PROJETO 5.1 SISTEMA INSTALAÇÕES

CONSTRUTIVO

E

Figura 49: blocos da família 14x19.

Fonte: http://www.fkcomercio.com.br/blconc.29.gif

Uma das possibilidades pensadas foi o steel frame, conhecido pela leveza, é uma estrutura metálica que permite uma obra mais rápida. Há possibilidade, também, dos painéis modulares, como os de cerâmica de Villa mencionados, porém aqui seriam de concreto: conhecidamento uma das maneiras mais usadas para alvenaria estrutural. Com os blocos, a obra fica mais rápida em função da mão-de-obra que já é adaptada a este tipo de estrutura; além de suportar grandes cargas, suficiente para os máximos três pavimentos do projeto. Dessa forma, os dois modos construtivos poderiam se unir e gerar uma obra que atenda os nossos fins: fácil de alterar e suportam as cargas necessárias, onde o steel frame ficaria com o painel de OSB nas paredes passíveis de alteração e os blocos no restante, como estrutura.

Figura 50: steel frame Fonte: http://lambiase.com.br/steel-frame/wp-content/gallery/lightsteel-frame/steel-frame-01.jpg. Acesso em 01/05/16.

Além disso, lajes pré-fabricadas de concreto armado contribuem para a rapidez e facilidade da obra, suportando as cargas requeridas e funcionando também para fins estéticos: a laje tem acabamento de concreto lixado, tanto na face onde aparecerem nervuras, quanto na face superior, onde tem uma camada de proteção.

Figura 51: laje pré-fabricada concreto armado.

Fonte: croqui próprio com base em pesquisa por diversas fábricas




Figura 52: instalações elétricas aparentes. Fonte: Google Imagens

Além de seguir a ABNT NBR 15 575, que fala sobre o desempenho técnico em edificações habitacionais, também seguimos as Instruções Técnicas do Corpo de Bombeiros e a ABNT NBR 9050/ 2015 para unidades adaptadas, bem como as Diretrizes do Desenho Universal, do Governo do Estado de São Paulo. Também respeitou-se a legislação vigente local, como a Lei de Uso e Ocupação do Solo do Município de Sertãozinho – nº 279 de 23 de Agosto de 2012 e a Lei Complementar nº 206 de 2008, que dá regras e responsabilidades sobre as obras no município. Como é um conjunto de unidades habitacionais, dividiu-se o programa em três partes: programa do conjunto, programa unificado e programa das unidades. O programa do conjunto considera todas as partes do projeto e gera uma área de convívio para as unidades, a fim não só de ter uma opção de lazer a qualquer momento mas também como uma forma de integrar todos os moradores e fazer surgir um senso de proteção entre eles mesmos e para com o próprio conjunto. O programa unificado é um termo que se refere ao programa da união de duas ou mais unidades de habitação, visto que, com tipologias diferentes, há unidades unidas com outras em implantação, formando uma pequena porcentagem do conjunto. Várias dessas uniões formam uma união maior, de cerca de 6 unidades – dependendo do desenho – e essas uniões maiores formam o conjunto. Assim, as uniões das unidades demandam um programa para a circulação vertical e de acessos, além de espaços de uso mútuo – como lavanderia e espaço de secagem das roupas. Por fim, o programa das unidades em si é o que acontece dentro de cada uma das unidades unifamiliares. Espaços de estar são ligados as áreas molhadas e, por sua vez, ligam as áreas privativas da unidade, que são os dormitórios. Em casos de um segundo pavimento, a circulação é incluída como um



de uso e prevendo possíveis expansões em alguns pontos, fazendo apenas as áreas molhadas terem suas instalações previstas em etapa de projeto – para uma forma inicial, permitindo alterações. Inicialmente, foram pensadas tipologias básicas em módulos de 4m x 8m em média, porém, viu-se a necessidade que isso exigiria de adaptação uns aos outros blocos e engessaria muito o projeto. Pensouse em unidades divididas em: - unidades térreas: com cerca de 33m², com áreas expansíveis até 66m² (o dobro, como se contássemos com uma unidade extra para um caso de uma nova família inteira). - unidades tipo duplex ou sobrados: com acesso a partir do térreo ou a partir da laje da unidade de baixo, essas unidades vão respeitar os 66m² máximos, mas suas expansões podem fazê-la maior caso seja necessário, já que contam com um espaço extra. - unidades solteiras altas: são unidades como as térreas, porém sua única possibilidade de expansão seria no seu próprio balcão – varanda – advindo da unidade de baixo; ou não sendo expansíveis, caso que se concentra a poucas unidades e acontece de acordo com o que o usuário escolheria.

Fonte: produção própria.

As aberturas podem ser tanto de alumínio, no caso das janelas, quando esquadria de alumínio com folha de madeira, nas portas internas, e alumínio na folha das portas externas, para maior durabilidade. Todas as peças metálicas recebem pintura eletrostática para melhor suportar as forças externas.

5.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES E elemento presente no espaço, contanto que este não esteja considerado como dormitório. Todo o programa TIPOLOGIAS das unidades é bem flexível, permitindo alterações

Figura 53: esboços de tipologias – estudo inicial.

As instalações elétricas serão todas aparentes, facilitando muito na hora de fazer algum reparo ou puxar mais algum ponto. No caso das instalações hidráulicas, devem ficar em paredes que não precisariam ser derrubadas em caso de reforma ou ampliação, facilitando o uso e ainda permitindo flexibilidade de espaços, já que os pontos podem servir para os dois lados.


O PROJETO

de via

am

inh ad

a

a

ad inh

am

ac

ist

+p

SOCIABILIDADE

iz etr dir

MATERIALIDADE

diretriz de passeio contemplativo

ec

FLEXIBILIDADE

TERRENO

ad

PILARES DO PROJETO

Neste ponto, são apresentados alguns estudos e soluções que serão adotados nas proposta de projeto. É importante salientar que, nesta etapa, os modelos não são totalmente finalizados, a fim apenas de elucidar o projeto em si e dar uma dimensão melhor do que está por vir. Nesta situação geral, é possível observar um traçado em azul anil que significa uma diretriz projetual de um passeio comtemplativo: como o terreno fica no encontro de uma APP ( área de preservação permanente) com outras duas áreas verdes da cidade, propõe-se ligar ambas ao terreno. Isso significa também ligar a EMEI Profª Thereza Kaysen ao nosso projeto, ao Centro de Lazer Lourival dos Santos e à outra EMEI Profª Mary Inês Zechin; promovendo encontros e integração, além de uso público e privado mistos no mesmo local. Será necessária a desapropriação de uma residência para abrir a passagem direta de uma das EMEIs, a qual será fornecida no conjunto do projeto.

áre

O projeto se baseia em três pilares principais: o da flexibilidades, o da materialidade e o da sociabilidade; buscando o equilíbrio entre todos para resultar um conjunto habitacional de valor não só como projeto, mas também como um local possível para morar e conviver.

Mapa 4: diretrizes urbanísticas para propor áreas de passeio.

Fonte: produção própria com base em DWG disponibilizada pela SEPLAN







Unidades Flexíveis e Expansíveis

Sertãozinho, 2016

Como mencionado, o projeto deste conjunto habitacional de interesse social visa a qualidade do morar, a materialidade e flexibilidade que as unidades podem oferecer. Foi crucial para o projeto termos várias unidades tipo a oferecer, totalizando 69 unidades, todas ampliáveis; além de áreas de convívio e espaços de margeamento entre a via e o conjunto. LOCAL: Sertãozinho, São Paulo. ÁREA TOTAL DO TERRENO: 9 253,67m² ÁREA CONSTRUÍDA: 3 117,10m²

Figura 54: vista da esquina da Nelson Tomazine com a Nilson Marauci Fonte: produção própria




DIAGRAMA DE OCUPAÇÃO

Tomando por base o menor terreno padrão da área, que é de 10m x 20m; fez-se um diagrama de como funcionaria cada unidade em cada caso: uma na ocupação total do menor terreno, outra de acordo com as premissas do projeto, considerando um volume total subdividido para abrigar mais famílias. Além disso, em uma área onde seriam moradores cerca de 136 pessoas, com a nova modulação esse número passa para cerca de 200 (números baseados em uma família de 3 membros por terrenos ou unidades).

DIAGRAMA DE MÓDULOS A modulação foi feita fe acordo com a possível ocupação da área, caso não existisse o projeto: unidades umas coladas às outras, monotonia e mau aproveitamento do terreno. Desmembrando os volumes, pudemos obter uma ocupação maior, porém com menos espaço, verticalizando a construção.

Unidades flexíveis e expansíveis

Sertãozinho, 2016

UNIDADE VERTICAL unidade inicial: (4,06m x 4,06m) x 2 = 32,96m² unidade ampliada 50%: (4,06m x 4,06m) x 2 = 32,96m² + 4,06m x 4,06m = 16,48m² 49,45m²

UNIDADE HORIZONTAL unidade inicial: 8,26m x 4,06m = 33,53m² unidade ampliada 50%: 8,26m x 4,06m = 33,53m² + 4,06m x 4,06m = 16,48m² 50,00m² unidade ampliada 100%: 8,26m x 4,06m = 33,53m² + 8,26m x 4,06m = 33,53m² 67,06m²

Figura 59: um terreno 10x20 ocupação ao máximo com a le- Figura 60: a transformação volumétrica economiza espaço e tor-Figura 61: um bloco totalmente ocupado, acima; e um bloco com gislação; e um terreno de mesmo tamanho considerando a na possíveis um maior número de unidades. suas futuras possíveis ampliações. subdivisão e verticalização do volume. Fonte: produção própria Fonte: produção própria Fonte: produção própria




Laje pré-fabricada: aço + concreto

MODULAÇÃO DOS BLOCOS cintamento (bloco J e Figura 56: blocos em amarração simples, com graute e barras de bitola 10mm nas esquinas, com excessão das esquinas do banheiro que não formam o shaft.

compensadores)

ste

el

Fonte: produção própria.

fra

me

+O

SB verga

Figura 57: amarração em T com bloco de 44cm, juntamente com graute e barras 10mm.

grampo

Figura 55: Protótipo para idealizar a modulação - cintamentos e apoios Fonte: produção própria.

Fonte: produção própria.

Figura 58: amarração de encontro com meio bloco, sempre grauteado quando ao encontro de uma parede de steel frame ou quando está apenas completando a modulação em situação que as duas amarrações convencionais não foram possíveis.

Sh

Sobre a modulação Os blocos utilizados foram os da família 19, com 14cm de largura, e comprimento varíavel entre 14cm (meio bloco), 29cm e 44cm, com 4,5 MPa de resistência. Para a acomodação da laje, serão utilizados compensadores “u” de 11cm x 11cm e o bloco “J”. Cintamentos a meia altura e altura total das esquadrias serviram para ajudar a sustentação. Em cada canto, os blocos recebem grauteamento e barras de 10mm de diâ-

metro, fazendo as vezes de pilares. Os encontros onde não fora possível realizar amarrações simples ou em T receberam grampeamento com barra de mesma bitola do barramento das esquinas. A fundação será com blocos de concreto e estacas para suportar os pesos futuros das ampliações. Além disso, um baldrama ajuda a dar suporte e início as fiadas.

aft

Fonte: produção própria.




MEMORIAL

O projeto se baseia, como dito, em referências como o Support Infill de Habraken, as unidades ampliáveis de Aravena, além da funcionalidade e materialidade de outras referências citadas. O principal objetivo do projeto é oferecer unidades habitacionais que permitam que seus moradores façam alterações em seus lares sem comprometer a estrutura ou gerar obras cujos gastos não sejam suportados pelos mesmos; ainda ofertando espaços para convívio e lazer comunitários, bem como uma lavanderia comunitária, a fim de estimular o companheirismo, a sociabilidade e a qualidade do morar. As áreas molhadas, ou seja, banheiros e cozinha, são áreas fixas, não só pela flexibilidade que o resto do espaço permite, como também pela racionalização dos encanamentos direcionados ao shaft. Shafts auxiliam a distribuição do encanamento de esgoto e facilitam qualquer manutenção futura; o mesmo papel que têm as instalações elétricas aparentes, evitando rasgos nas paredes e tornando simples tarefas como aumentar um ponto de tomada, por exemplo.



Nenhuma unidade recebeu pintura, apenas uma camada de impermeabilizante para evitar danos devido às inteperies do tempo. A laje, quando exposta acima, recebeu uma camada impermeabilizante com manta convencional e acabamento de cimento. As escadas internas (L = 0,80m) e externas (L = 0,90m quando o acesso é público; 0,80m quando é restrito a uma unidade) são de ferro, com corrimãos em aço e guarda-corpos também. Todas as esquadrias são de alumínio com pintura eletrostática cinza apenas para garantir maior durabilidade. As portas externas (0,90m x 2,48m) contam com bandeira fixa acima para se ajustar a modulação dos blocos, enquanto as internas dos banheiros (0,90m x 2,28m) contam a bandeira menor e tipo vitrô. As janelas são do tipo maxim-air, também ajustadas a modulação, medindo 0,90m x 1,40m, e 0,60m x 0,60m as dos banheiros. O piso também foi deixado em concreto, apenas polido, para que o morador faça quaisquer alterações de revestimento. O piso dos acessos, bem como passeio e pátios

internos é do tipo drenante, dispensando o uso de grelhas horizontais. Todo o conjunto é acessível e possui espaços destinados a possíveis plataformas elevatórias em caso da necessidade de colocação - esses espaços significam qualquer parte da adjacência direta às unidades, já que foi previsto o entorno total do piso em nível justamente para esse tipo de alteração. Áreas chamadas de margeamento fazem as vezes de pequenas praças para receber o fluxo das vias de maneira a não penetrar de forma abrupta na mediações do conjunto. No primeiro bloco, chamado de H1 aqui, o térreo é constituído de três espaços destinados a comércio ou serviços locais, como pequenas lanchonetes e quitandas. Pequenas áreas abertas nos primeiros níveis de alguns blocos permitem uma recreação extra além dos pátios. Por fim, os telhados foram elaborados com telha trapezoidal; as caixas d’água são de polietileno com tampa, e as calhas são em alumínio.


ACESSO CENTRO DE LAZER LOURIVAL DOS SANTOS Corte Corte BB AA

Unidades flexíveis e expansíveis IMPLANTAÇÃO esc 1:500

TO

1.32%

5.62%

3.6 9%

-1.60 m

-2.39 m

-3.00 m

TOMA ZINE

-0.80 m

-1.53 m

-2.19 m

-2.71 m -3.00 m

-3.00 m

8.25%

-0.80 m

-2.38 m

4.63%

A implantação do conjunto foi determinada da seguinte maneira: blocos de unidades formam pátios entre si, bem como restringem visualmente o externo para o interno ao conjunto, FAIXA ELEVADA fazendo nascer um senso de proteção internamente. O conjunto fora dividido em 5 blocos padrão, totalizando 4 tipos. Os blocos são H1, H2, H3, H4 e H5.

ÁREA DE MARG EAME N

RUA N ELSON

Sertãozinho, 2016

Corte AA Corte BB

8.25%

-1.97 m

ÁREA DE MARGEAMENTO

-1.97 m

-2.36 m

ÁREA DE

ÁREA DE MARGEAMENTO

MARGEAMENTO

4

8

Corte Corte BB AA

N

0 1

CI JÚNIOR

N MARAU

RUA NILSO

FAIXA ELEVADA




Bloco Habitacional - tipo 1 -0.80 m -1.97 m -0.80 m

Bloco Habitacional - tipo 2

8.25%

-1.53 m

-1.60 m

8.25%

3.6 9%

4.63%

1.32%

Bloco Habitacional - tipo 3 Bloco Habitacional - tipo 4

-1.97 m -2.19 m

-2.38 m

5.62%

-2.36 m

Corte BB

-3.00 m

-2.39 m

-3.00 m

-2.71 m

H2

-3.00 m

H4

Corte AA

Implantação para sinalização de plantas

H1 Implantação 3D para visualização dos pavimentos



H5

H3

Corte BB


Corte AA

Unidades flexíveis e expansíveis Sertãozinho, 2016

PLANTA PAV. TÉRREO - H1 esc 1:100

2.01 m

B

4.06 m

8.54 m

A

A

N

0

3.00 m

-3,00

5

4.06 m

-3,00



1.99 m

1.99 m

3.00

B


Corte BB


Corte AA

Unidades flexíveis e expansíveis Sertãozinho, 2016

PLANTA 1º PAV.- H1 esc 1:100

1.51 m

2.26 m

B

-0,20

-0,20

-0,20

-0,20

N

-3,00

-0,20

-0,20

 -0,20

B



Corte AA

Unidades flexíveis e expansíveis Sertãozinho, 2016

PLANTA 2º PAV. - H1 esc 1:100

B

+2,60 +2,60

B

N

-3,00

+2,60

0

5

+2,60



+2,60

B






1.99 m

PLANTA PAV. TÉRREO - H2/ H5 esc 1:100

1.00 m

A 8.40 m

-1,40

4.06 m

2.11 m 8.54 m

2.26 m

0.80 m



N

A

1.99 m

-1,40


Unidades flexíveis e expansíveis Sertãozinho, 2016

PLANTA 1º PAV. - H2/ H5 esc 1:100

A

+1,40

+1,40 +1,40

1,40

0

5

N

+1,40

A 




PLANTA 2º - H2/ H5 esc 1:100

A

+4,20

+4,20

A

N

+4,20


Unidades flexíveis e expansíveis Sertãozinho, 2016

C 2.01 m

PLANTA PAV. TÉRREO - H3 esc 1:100

-1,60

-1,60

4.06 m

D

D 4.35 m

-1,60

5

C

N

2.00 m

0






C

PLANTA 1º PAV. - H3 esc 1:100

1,20

1,20

D

D

1,20

1,20

N

C


Unidades flexíveis e expansíveis Sertãozinho, 2016

PLANTA 2º PAV. - H3 esc 1:100

C

+4,00

+4,00

D

D +4,00

N

0

+4,00

5

C 


DD

4.00 m 2º - t3

CORTE CC - H3 + CORTE DD - H3 esc 1:100

1.20 m 1º - t3

-1.60 m térreo 3

CC

CORTE CC - H3 esc 1:100

4.00 m 2º - t3

1.20 m 1º - t3

CORTE DD - H3 esc 1:100



Corte DD

-1.60 m térreo 3


Unidades flexíveis e expansíveis

E

Sertãozinho, 2016

PLANTA PAV. TÉRREO - H4 esc 1:100

N

0.80 m

B

0.90 m

1.00 m

2.00 m

-1,97

3.00 0.98 m

 4.06 m

-1,97

E

1.99 m

1.00 m 2.26 m

B

0.90 m

4.06 m



Corte AA

Unidades flexíveis e expansíveis Sertãozinho, 2016

PLANTA 1º PAV. - H4 esc 1:100

B

E

N

+0,83

+0,83

+0,83

+0,83



+0,83

0

5

B

E



Corte AA

Unidades flexíveis e expansíveis Sertãozinho, 2016

E

PLANTA 2º PAV. - H4 esc 1:100

B

N

+3,63

+3,63 +3,63

+3,63



E +3,63

0

5

B



1.98 m

2.68 m

0.60 m

0.80 m

CORTE EE - H4 esc 1:100

0

4.06 m

5




0



5


Unidades flexíveis e expansíveis Sertãozinho, 2016

CORTE AA esc 1:100




0



5

CORTE BB esc 1:100


Unidades flexíveis e expansíveis Sertãozinho, 2016

CORTE BB esc 1:100





Unidades flexíveis e expansíveis Sertãozinho, 2016

ELEVAÇÃO NORDESTE esc 1:200

ELEVAÇÃO NOROESTE esc 1:200




ELEVAÇÃO SUDESTE esc 1:200

RUA




Unidades flexíveis e expansíveis Sertãozinho, 2016

RUA

ELEVAÇÃO SUDOESTE esc 1:200




Corte BB

COBERTURA GERAL esc 1:500

-0.80 m -1.97 m -0.80 m

8.25%

-1.60 m

-1.53 m

8.25%

3.6 9%

1.32%

4.63%

-1.97 m -2.19 m

-2.36 m

5.62%

-2.38 m

Corte BB

Corte BB

Corte AA

Corte AA

-3.00 m

-2.39 m

-2.71 m

0 1



-3.00 m

-3.00 m

4

8


Unidades flexíveis e expansíveis Sertãozinho, 2016

IMAGENS




VISTA DA CALÇADA DA RUA NELSON TOMAZINE

VISTA INTERNA ENTRE OS PRÉDIOS DO H4




IMAGENS

VISTA EM UM DOS VAZIOS A SERE QUE A VOLUMETRIA CRIOU JUNTO COM UM PÁTIO ACIMA

VISTA INTERNA DE UMA UNIDADE DUPLEX E, ABAIXO, DE UMA UNIDADE TÉRREA




IMAGENS

VISTA INTERNA ENTRE OS PRÉDIOS DO H1

VISTA DO PÁTIO SUPERIOR DO H1 


CONCLUSÕES A partir deste projeto, conclui-se que é possível criar uma habitação de qualidade, com materiais construtivos já conhecidos e pouco explorados como alvenaria estrutural; deixando unidades ampliáveis, flexíveis, espaços coletivos de qualidade e a oferta de morar melhor. Apesar de um cenário não muito feliz, a habitação de interesse social no Brasil tem grande potencial para crescer. Este projeto não pretende assumir as dores todas do déficit habitacional e muito menos tornar-se projeto referência para tal, o intuito aqui é mostrar que é possível um trabalho de qualidade e que atenda as necessidades básicas dos moradores.

85 


BIBLIOGRAFIA ABIKO, ALEX KENIA. Introdução à gestão habitacional./ A. K. Abiko. – São Paulo: EPUSP, 1995. 31p – (Texto técnico/ Escola Politécnica da USP. Departamento de Engenharia de Construção Civil II. Título III. Série CDU 728.1. AMORE, CAIO SANTO, SHIMBO, LÚCIA ZANIN, CRUZ RUFINO, MARIA BEATRIZ (ORGANIZADORES). Minha casa... e a cidade? avaliação do programa minha casa minha vida em seis estados brasileiros / 1. ed. - Rio de Janeiro : Letra Capital, 2015. ARAVENA, ALEJANDRO. My architectural philosophy? Bring the community into the process. Palestra em TED Talks – ideas worth spreading. Rio de Janeiro, out. 2014. Disponível em: aplicativo TED Talks for iOS. Acesso em: 20/02/2016 ARCHDAILY, Quinta Monroy/ ELEMENTAL. 2012. Disponível em: http://www.archdaily.com. br/br/01-28605/quinta-monroy-elemental. Acesso em: 10/04/16. ARCHDAILY, Centre Village / 5468796 Architecture + Cohlmeyer Architecture Limited, 2013. Disponível em: http://www.archdaily. com.br/br/01-127091/centre-village-slash5468796-architecture-plus-cohlmeyerarchitecture-limited. Acesso em: 19/04/16. ARCOWEB, Brasileiro no nome e nas intenções. Disponível em: https://arcoweb.com. br/projetodesign/arquitetura/joan-villa-e-silviachile-condominio-residencial-28-04-2003. Acesso em: 20/04/16. AU – ARQUITETURA E URBANISMO, Longe dos centros urbanos e da mediocridade que caracteriza boa parte das residências de alto padrão, um condomínio popular celebra a alegria e inteligência da boa arquitetura. 2004.



Disponível em: http://au.pini.com.br/arquiteturaurbanismo/126/habitacao-iii-23196-1.aspx. Acesso em: 21/04/16. BONDUKI, NABIL GEORGES. Origens da Habitação Social no Brasil. In: Análise Social. São Carlos: Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo. v. XXIX, n. 127, p. 711-732, 1994. BONDUKI, NABIL. Do Projeto Moradia ao Programa Minha Casa, Minha Vida. 01mai.2009. Disponível em: http://www.teoriaedebate.org. br/materias/nacional/do-projeto-moradia-aoprograma-minha-casa-minha-vida?page=0,1. Acesso em: 16/11/2015. CDHU – COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO HABITACIONAL E URBANO. Disponível em: http:// www.cdhu.sp.gov.br/index.asp. Acesso em: 29/04/2016. COELHO, MICHELLE SOARES. Habitação de interesse social: flexibilidade espacial do ambiento interno considerando a qualidade na implantação. Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Escola de Engenharia/ Departamento de Engenharia Civil. Porto Alegre, 2013.

terceira fase do Programa Minha Casa, Minha Vida. 30 mar. 2016. Disponível em: http:// g1.globo.com/politica/noticia/2016/03/governolanca-terceira-fase-do-programa-minha-casaminha-vida.html. Acesso em: 29/04/2016. HABRAKEN, NICHOLAS JOHN. The Uses Of Levels. Keynote Address Unesco Regional Seminar on Shelter for the Homeless Seoul 1988 - As re-issued by Open House International, vol. 27, n. 2, 2002. THE UNIVERSAL DECLARATION OF HUMAN RIGHTS, United Nation. Disponível em: http:// www.un.org/en/universal-declaration-humanrights/. Acesso em: 30/04/2016. LARCHER, JOSÉ VALTER MONTEIRO e SANTOS, AGUINALDO DOS. Flexibilidade e Adaptabilidade: Princípios Para Expansão em Projetos de Habitações de Interesse Social. PDF disponível em: http://www.cesec.ufpr.br/ workshop2007/Artigo-21.pdf. Acesso em: 19/04/2016. MINHA CASA, MINHA VIDA. Disponível em: http://www.minhacasaminhavida.gov.br/index. html - acesso em: 29/04/2016.

DIGIÁCOMO, MARIUZZA CARLA. Estratégias de Projeto para a Habitação Social Flexível. Florianópolis, 2004.

MRV Engenharia. Dados disponíveis em: http://www.mrv.com.br/imoveis/saopaulo/ sertaozinho. Acesso em: 28/04/2016.

ELEMENTAL, Escritório de Arquitetura chileno. DWGs. Disponível em: http://www. elementalchile.cl/en/. Acesso em: 10/04/16.

PREFEITURA MUNICIPAL DE SERTÃOZINHO, Mapa da Macrozona – 2015. Sertãozinho, São Paulo.

FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, Déficit Habitacional no Brasil 2013: Resultados Preliminares – Nota Técnica. Belo Horizonte, 2015.

PREFEITURA MUNICIPAL DE SERTÃOZINHO, Sertãozinho em números – Disponível em http://www.sertaozinho.sp.gov.br/conteudo/ sertaozinho-em-numeros#.Vwc4x_krK00. Acesso em 04/04/2016.

G1 – PORTAL DA GLOBO, Governo lança

RELATÓRIO ZERO. Diagnóstico da Bacia Hidrográfica do Rio Mogi Guaçu – CBH Mogi – UGRHI 09 – São Paulo, 1999. SEPLAN – SECRETARIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO URBANO E RURAL, Prefeitura Municipal de Sertãozinho. Rua Jordão Borghetti, 250 – Jd. Recreio – Sertãozinho. SECRETARIA DA HABITAÇÃO, Governo do Estado de São Paulo. Disponível em: http:// www.habitacao.sp.gov.br/secretariahabitacao/ conheca_melhor_a_secretaria_de_habitacao. aspx. Acesso em: 28/04/2016. SECRETARIA DA HABITAÇÃO, Governo do Estado de São Paulo. Casa Paulista – Disponível em: http://www.habitacao.sp.gov. br/casapaulista/conheca_melhor_a_agencia_ paulista_de_habitacao_social.aspx. Acesso em: 28/04/2016. TRAMONTANO, MARCELO. Habitação Moderna: a construção de um conceito. São Carlos: Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, 1993. TRAMONTANO, MARCELO. Espaços domésticos flexíveis. Notas sobre a produção da primeira geração de modernistas brasileiros. 1993. São Paulo: FAU-USP, 1993. 210mmX297mm. 15 p. Disponível em: http:// www.nomads.usp.br/site/livraria/livraria.html Acesso em: 03/ 04/ 2016. ZABALBEASCOA, ANATXU. Tudo Sobre a Casa. Ilustrações de Rikki Blanco; [tradução Maria Alzira Brum Lemos]. São Paulo, SP – Brasil, ed. G. Gili Ltda, 2013




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.