O Crime dos Vieira de Melo - I Capítulo

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“O Crime dos Vieira de Melo” Angelo Tomasini

Título: O CRIME DOS VIEIRA DE MELO Autor: Angelo Tomasini Páginas: 175 Formato: PDF Ano: 2013 GRATUITO Solicitação do livro pelo e-mail: tomasini2009@hotmail.com

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“O Crime dos Vieira de Melo” Angelo Tomasini

PRIMEIRO CAPÍTULO

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“O Crime dos Vieira de Melo” Angelo Tomasini

Corria o ano do Senhor de 1706. A luxuosa casa grande do Engenho Pindobas, em Ipojuca, de propriedade de Bernardo Vieira de Melo, capitãomor de Igarassu, cavalheiro fidalgo da Casa Real, governador da capitania do Rio Grande do Norte, herói das lutas contra Zumbi podia ser vista à distância, por quem se aproximava pela estrada de barro batido entre as plantações de cana. Lá, havia uma moenda de água e outra de bois, um belo açude e cerca de ½ milha de terra, e várzea tão bem plantada que anualmente o engenho podia fornecer 3.000 a 4.000 arrobas de açúcar. Essa riqueza, no entanto, estava ameaçada pelo açúcar de beterraba, produzido pelos ingleses nas Antilhas, que gerou a decadência dos senhores de engenhos do Brasil, especificamente em Pernambuco, cuja monocultura era de cana de açúcar.

Já havia algum tempo, o engenho estava arrendado a Francisco de Souza, amigo pessoal de Bernardo Vieira de Melo e que havia lutado em várias batalhas ao lado do fidalgo. Era ele quem se aproximava da residência, debaixo de um sol causticante das duas da tarde, montado em uma égua e puxando uma mula carregada de mantimentos. Vinha trotando a passos lentos, várias vezes enxugando o suor da testa, achando ainda longa a distância até a casa grande. Nela, uma mulher robusta, metida num camisolão, deitada displicentemente numa rede armada no terraço, protegia os olhos para avistar mais longe:

- Aquele não é o meu senhor e seu pai que se aproxima, sinhá Ana? - falou a mulher para a filha que lhe penteava as longas madeixas, vez ou outra retirando-lhe um piolho.

A moça alva e bonita, vestida em roupas leves - características das negras escravas -, olhou uma única vez em direção ao homem que se aproximava ao longe. Deu um sorriso feliz e levantou-se, jogando o pente de madeira dentro da rede.

- Sim, senhora minha mãe. É o senhor meu pai quem vem lá. Deve querer nos fazer uma surpresa, pois chegou antes do previsto.

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- É verdade - respondeu a matriarca, levantando-se com esforço da rede - ele só costuma voltar do Recife às quintas-feiras. O que terá acontecido?

A robusta mulher olhou para a filha, reprovando as suas vestes. Depois olhou para si mesma, ao lembrar-se de que estava a vestir apenas uma camisola. Apressou-se em dizer:

- Depressa! Vá vestir-se condignamente para receber meu senhor e seu pai. Sinhazinha sabe que ele reprova seu modo de vestir-se como as escravas da nossa propriedade.

- E a senhora minha mãe sabe que eu detesto vestir essas roupas pesadas de madames - rebateu a moça, sem demonstrar qualquer interesse em sair da varanda - Eu não sei porque temos o costume de nos vestir como os nossos parentes europeus. O clima lá é frio, enquanto que o daqui parece que nos sopra o hálito do inferno, que Deus me perdoe.

- Eu vou me aprontar para recebê-lo. Você que aguente as consequências, quando ele ralhar com o seu desmantelo em vestir-se - disse a matriarca, apressando-se a entrar na casa.

Ana de Faria e Souza, no entanto, correu em direção ao recém-chegado, que estava a menos de cem metros da luxuosa casa grande. Ele sorriu ao vê-la em disparada, vindo ao seu encontro. Percebeu que ela vestia roupas típicas de escravas, mas já cansara de reprimi-la por conta desse mau hábito. Adorava a moça mais do que aos outros dois filhos. Ela era sempre atenciosa consigo, enquanto os irmãos mostravam-se preguiçosos e indiferentes aos afazeres do engenho e ao comércio do açúcar de cana produzido. Estendeulhe o braço e içou-a para a garupa da égua que montava. Ela deu uma risada franca e com estardalhaço, agarrando-se à cintura do pai. Parecia uma menina travessa, apesar do corpo já desenvolvido para a sua pouca idade. Ainda ia completar quatorze anos.

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Quando, enfim, pararam perto do terraço da casa grande, a matriarca já despontava na porta, ainda ajeitando as vestes. Uma escrava cuidava de arrumar-lhe um laço nas costas e lhe corrigir algumas imperfeições na armação e no engomado da saia rodada, cheia de arcos de madeira por baixo. O vestido de tecido grosso devia pesar mais de quinze quilos. A senhora estava suada e esbaforida por causa do esforço em vestir rapidamente a pesada indumentária vinda da França.

Francisco de Souza beijou respeitosamente a mão da matrona, inclinandose cortesmente.

- Feliz em vê-la novamente e com saúde, minha senhora. Peça que me preparem um banho, pois hoje pretendo ter uma noite maravilhosa.

A mulher sorriu. Sabia o que aquelas palavras significavam. Seu senhor chegara excitado e decerto teriam uma longa noite de amor, como sempre acontecia quando ele passava vários dias ausente, negociando na comarca do Recife ou na capital Olinda. E se chegava contente é porque os negócios foram bons. Decerto trouxera presentes para ela e para a filha.

Já Ana de Faria, corou com as palavras do pai. Entendia que quando ele tomava seu banho semanal, e às vezes até mensal, à moda da gente europeia, era por estar intencionado em fazer sexo. Nesses dias, ouvia os gritos de prazer da mãe durante quase toda a noite, e precisava tapar os ouvidos com travesseiros para conseguir dormir. Já ela mesma, a exemplo dos escravos da propriedade, costumava banhar-se todos os dias. Algumas vezes, tomava até mais de um banho, quer seja no açude da propriedade, quer seja no rio Ipojuca, que cortava as terras do engenho com suas águas límpidas. Foi pensando nisso que perguntou ao pai:

- Senhor meu pai, posso levar a égua e a mula para dar-lhes banho no açude? O pai, um homenzarrão de mãos grandes e queixo proeminente, mas olhar bondoso, titubeou antes de responder: 6


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- A égua me transportou no lombo desde Olinda, onde estive com o meu amigo Bernardo. Já a mula, está descansada, pois eu a comprei no Recife, bem mais perto. Peça para os escravos cuidarem da mula e leve vosmecê a égua ao rio. Dê-lhe água para beber, mas só o suficiente. Ela está com o corpo quente do esforço da viagem e pode ter uma bilôra*. Também espere suas carnes pararem de tremer, para dar-lhe banho. Mas não se demore muito por lá, pois logo vai escurecer.

Ana de Faria, que não tinha descido do animal quando estacionou frente à casa, passou a perna sobre o lombo da égua, pois viera sentada de lado, como as mulheres faziam quando montavam. Mas ela gostava mesmo era de cavalgar como homem, de pernas abarcando a barriga do animal, reduzindo o risco de cair ao solo se acaso não se firmasse bem na sela. Nem ouviu as recomendações de cuidado do pai nem da mãe. Empreendeu um galope apressado rumo ao rio. Também não respeitou o cansaço do animal. O que queria mesmo era atirar-se com a égua dentro das águas do rio Ipojuca. Tomar um bom banho antes de banhar a montaria.

Cerca de meia hora depois, avistou o rio por entre as árvores frondosas que o margeava. Procurou uma estradinha vicinal que conhecia muito bem. A montaria apressou o galope quando farejou a água. No entanto, parou abruptamente à margem, lançando a moça ao rio. Esta gargalhava a valer, sem valorizar o tombo dentro d'água, de roupa e tudo. Nadou um pouco, enquanto o animal bebia. Depois puxou-o pelas rédeas e amarrou-o a uma árvore próxima à margem. Olhou em volta, para certificar-se de que estava sozinha, e depois tirou toda a roupa, descobrindo um corpo de falsa magra: cintura fina e ancas largas, além de tornozelos e coxas grossas. Estendeu as roupas num tronco caído à beira do rio e soltou os longos e grossos cabelos. Levou as mãos em concha à boca, bebendo um pouco do líquido. Aí, deu-lhe uma dor de barriga repentina, acompanhada de um calafrio na espinha.

Fez uma careta de dor e entrou no rio novamente. Acocorou-se e forçou a saída das fezes. Nada. Sempre tinha dificuldades em defecar. Já havia quase quatro dias que não conseguia fazer cocô. Dava vontade, mas era como se um rebolo tapasse a saída do excremento, causando-lhe enorme desconforto. Forçou novamente o ânus, mas a merda chegava na boquinha do cu e voltava. Aí ouviu uma canção assoviada, vinda da estrada que dava acesso 7


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àquela parte do rio. Aperreou-se. Quem mais conhecia aquele cantinho onde costumava se banhar? Depressa, apanhou as roupas molhadas e correu para onde a égua estava atada a uma árvore. Desamarrou as rédeas e puxou o animal por entre as folhagens, adentrando no mato. Escondeu-se.

Um rapaz apareceu na estreita estrada entre a vegetação espessa, montado num garanhão, assoviando e cantarolando uma antiga cantiga lusa. O animal que montava, no entanto, parou bem perto de onde Ana de Faria estava oculta, olhando e bufando em sua direção. O rapaz, com jeito de fidalgo, olhou ao redor, mas não viu a moça nem sua montaria. Tentou forçar o cavalo a voltar ao galope, mas este empancou. Aí o sujeito saltou com agilidade da sela, falando como se o animal o entendesse:

- Que foi, pressentiu o banho, companheiro? - disse puxando com firmeza o garanhão pelas rédeas - vou aproveitar a proximidade do rio para dar seu banho semanal. E tomar o meu, também, pois essa parte do córrego é mais limpa do que a que passa perto do engenho. Lá, o pessoal costuma jogar dejetos dentro do rio, o que o deixa sujo.

O jovem conseguiu levar o animal para perto do rio e amarrou-o a um tronco próximo à margem. O garanhão deixou de olhar para trás, ocupando-se em beber água. Enquanto isso, o rapaz despiu-se totalmente e jogou-se nas águas límpidas. Nadou alegremente por um tempo e depois saiu do rio.

De onde estava, Ana de Faria podia avista-lo por entre as folhagens. Ficou corada quando o viu sair da água, deixando à vista seu avantajado pau mesmo em descanso. Ela virou o rosto para o outro lado, porém a curiosidade foi mais forte. Não conseguia tirar os olhos do sexo do rapaz. Deu-lhe uma quentura enorme pelo corpo, a mesma que sentia ao ouvir os gritos de gozo da mãe, através das paredes do quarto conjugado onde dormia. Mais uma vez corou, admitindo que estava pensando em sexo. E isso não era possível pois estava prometida a alguém que nem conhecia, mas que ela deveria honrar casando-se virgem para não envergonhar a família. Aí, percebeu que o garanhão ostentava um caralho enorme, como se também estivesse no cio. Ele relinchou duas vezes seguidas. 8


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Então, para a surpresa da moça, sua égua atendeu ao chamado do animal, relinchando também, denunciando sua presença e posição.

Mais que depressa, Ana de Faria soltou as rédeas da égua e embrenhou-se mais na mata. Esta, sentindo-se livre, trotou em direção ao garanhão, cujo pau estava em sua total extensão. Este cheirou-a na boceta, passando a lambê-la ali. O jovem soltou as rédeas do cavalo, olhando em volta todo desconfiado. O garanhão montou na égua, apontando seu cacete para o sexo dela. Enfiou-o lá, acomodando-se aos poucos. Logo, tinha o enorme falo quase todo escondido dentro da égua, que estava parada e quase sem piscar os olhos. Apenas bufou, quando sentiu uma estocada mais forte do outro.

Só então, o jovem percebeu as pegadas de Ana de Faria na areia. Ainda nu, pegou uma espada entre suas vestes e rumou em guarda, na direção da moça. Esta entrou em pânico, já que não conhecia o rapaz. Tinha certeza de que seria logo descoberta. Não sabia se olhava para ele ou se prestava atenção aos animais fodendo. Sua vulva palpitava de vontade de estar no lugar da égua, levando uma trolha enorme entre as pernas. Corou de vergonha por esse pensamento e pediu mentalmente perdão à Virgem Maria. Mas estava tremendo mais de tesão do que de medo de ser apanhada ali.

- Saia daí e fique num lugar onde eu possa vê-lo - ordenou o jovem, de espada em riste.

Ana de Faria ainda não tivera oportunidade de se vestir. Correra apressada e não fizera nenhum movimento brusco de modo a não ser descoberta. Mas o jovem não demonstrava querer causar-lhe mal. Devia ter mais de vinte anos e aparentava ser de família nobre. Resolveu sair a descoberto, mesmo nua.

- Eu vou sair, mas o senhor faça o favor de olhar para o outro lado, pois eu estava a tomar banho e não deu tempo para vestir-me.

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Ele espantou-se, ao ouvir uma voz tão melodiosa e feminina. Mas não olhou para o outro lado, como lhe foi pedido. Exigiu que ela saísse de entre as folhagens. Passou-se um minuto sem que ela se decidisse a fazê-lo. Então ele avançou bradando o aço, cortando com ele todos os galhos que surgiram à sua frente. Apavorada, Ana de Faria apareceu. Sua beleza nua desconcertou o jovem. Ele ficou, imediatamente, excitado pela visão do corpo desnudo dela. E ela percebeu o aumento de tamanho do pênis do rapaz, pulsante e vigoroso como o membro do garanhão fodendo a égua.

FIM DA PRIMEIRA PARTE

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