QWINS

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UNIVERSIDADE CATOLICA DE PERNAMBUCO ARQUITETURA E URBANISMO MARCELLA PIRES SPINELLI EWERTON WALGUEIRO

QUEERWINS: A relação entre diversidade e cidade como estratégia projetual

Trabalho realizado para a disciplina de Atelier de Projeto 7, do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Catolica de Pernambuco desenvolvido pelos alunos Marcella Spinelli e Ewerton Walgueiro sob orientação das professoras Ana Luisa Oliveira Rolim e Andrea Câmara.

RECIFE 2018


Sumario

1 Uma investigação

do tema do projeto

2 Contextualização 3 O sitio 4 A cidade das comunidades 5 Explosão de arte e cor 6

A Proposta

7 Distribuição 8 Plantas baixas 9 Corte Perspectivado 10 Maquetes 11 Perspectivas


CMYK color - funciona devido a absorção da luz, onde a junção de suas cores são vistas na parte da luz que não é absorvida. São elas que reproduzem a maioria das cores e espectros visiveis. A paleta de cores deste volume foi escolhida a partir dai, pois acredita-se que a união de cores representa os genêros e sua diversidade.


queerwins queerwins queerwins queerwins Queer (em português, 'excêntrico", 'insólito') é uma palavra-ônibus proveniente do inglês usada para designar pessoas que não seguem o modelo de heterossexualidade ou do binarismo de gênero. O termo é usado para representar gays, lésbicas, bissexuais, pansexuais, polisexuais assexuais e, frequentemente, também as pessoas transgênico ou transexuais, de forma análoga à sigla LGBTQ+. Não é possível falar em Teoria Queer sem pensarmos na categoria de “gênero” como sendo algo fluido, socialmente construído, performático e sistêmico. Com busca na visibilidade e identidade de todos os gêneros a teoria Queer começa a se consolidar por volta dos anos 90, com a publicação do livro “Problemas de Gênero” (Gender Trouble) de Judith Butler, no qual, em paralelo acontece o grande “boom” da massiva construção de edifícios monótonos e sem identidade no mundo. Neste volume, procura-se atrelar as teorias apontadas em “Três textos sobre a Cidade” de Rem Koolhas em junção ao livro “Complex Buildings” (A+T, vol. 48) no qual na década de 1990, os militares começaram a usar a sigla V.U.C.A. (volatilidade, incerteza, complexidade, ambiguidade) para descrever a natureza dinâmica e incrivelmente complexa da guerra moderna entre espaços. O sitio estudado onde será proposto o anteprojeto está situado no bairro da Boa Vista em Recife, no qual o fluxo de pedestres é intenso devido ao uso dos edifícios serem bastante comerciais. No decorrer dos capítulos, irá mostrar-se estratégias projetuais para desenvolvimento do projeto.


Figura nยบ 01: Urbanisme Spatiale, Yona Friedman.


Uma investigação do tema do projeto Um dos pontos de partida para o desenvolvimento deste projeto foi a utilização do livro “Três textos sobre a Cidade”, de Rem Koolhas, no qual o autor explicita alguns norteadores para além de uma certa escala, quando a arquitetura adquire as propriedades da “Grandeza” pois é independente em relação ao contexto em que está inserido fazendo com que ela concorra; conforme uma certa massa crítica, um edifício se torna um Grande Edifício e coexiste entre a cidade. Uma das diretrizes utilizadas para o projeto foi o texto urbanisme spatiale (1958), de Yona Friedman, emblemático para a época a Grandeza a flutuar sobre Paris como um cobertor metálico de nuvens, prometendo um potencial ilimitado mas desfocado de renovação total, que nunca aterrava, nunca confrontava, nunca exigia seu lugar certo.” (Ver figura nº 01). No livro “Três textos sobre a Cidade” questiona-se sobre o passado, os tempos modernistas, marcado por uma arquitetura dura, ritmada e fria que na obra questiona-se: “Qual o máximo que a arquitetura pode atingir?”, – comentando que esta é a fraqueza mais debilitante da arquitetura. “Sem uma teoria de grandeza, os arquitetos ficam na posição dos criadores de Frankenstein: instigadores de uma experiência parcialmente bem-sucedida cujos resultados foram tomados de uma loucura desenfreada portanto desacreditados. A atração da Grandeza está no seu potencial de reconstruir o todo, ressuscitar o real, reinventar o coletivo, reivindicar a possibilidade máxima. “Pois, apenas a Grandeza pode sustentar uma proliferação promiscua de eventos em um único contentor e não apenas ela é incapaz de estabelecer relações com a cidade clássica, quando muito coexiste, mas na quantidade e complexidade de instalações e usos que oferece, ela em si já é urbana. Para isso, tomando como referência o livro de Koolhas e o Complex Buildings usado na disciplina, busca-se preceder e reverter a ideia de edifícios modernistas monótonos em sua forma, a busca por um lugar neutro, tanto em sua forma, cor e textura no qual tem intenção de estimular a apropriação, interação e diversidade do usuário. De uma arquitetura provocativamente sem conteúdo, de espaços não programados, os volumes edificados representam uma serie de estruturas potenciais que assumem infinitas possibilidades no campo cultural LGBTQ+. O lugar, aparentemente permanente, acaba por assumir um caráter efêmero, passível a transformações futuras. Mesmo que a criatividade seja estimulada de maneira particular em cada pessoa, a recorrente tensão de deparar-se com algo neutro, fazendo analogia com um papel em branco, é comum a todos. Aqui, a edificação é a folha em branco, conforme citado sobre um tipo de edifício denominado “linkers” (Aurora Fernández PER, 2015) do livro Complex Buildings, que seria definido pela quebra do protagonismo naturalmente dado a edificação, e sua reversão para o usuário, que ganha autonomia para escrever e transferir sua identidade a arquitetura proposta.


"VocĂŞ nunca muda as coisas lutando contra a realidade existente. Para mudar alguma coisa, construa um novo modelo que torne o modelo existente obsoleto." - R. Buckminter fuller (The New Global Frontier, 1982) -traduzido-




Contextualização O sitio do projeto que aqui se apresenta, devido a sua escassez de edifícios dentro destas categorias, identificamos o tipo Generator como mais apropriado para ser inserido no anteprojeto. Buscou-se um tipo de edifício que as pessoas procurem quando se caminha sem rumo ou que possa chamar atenção para um passeio pelo interior para saber do que se trata. Um lugar onde não somente se desfrute do ambiente proposto, mas que seja possível experimentar a cidade. Por ser um gerador e atrair o fluxo e olhares das pessoas, este convite a descobrir o edifício, pode servir de ferramenta para chamar atenção à realidade da comunidade LGBTQ+, um ponto positivo para o foco e partido do programa proposto para esta intervenção. De acordo com o entorno e a literatura base da disciplina, foi escolhido um tipo arquitetônico, conforme Montaner (2002), de malha estrutural (6,25 x 6,25m) que, em união com o conceito de Generator, possa servir de base para desenvolvimento de um edifício atrativo. Observando o gabarito das edificações do entorno, é notória a presença de edifícios altos. Analisando a legislação e considerando que o terreno localiza-se no centro expandido da cidade, é importante propor um equipamento que não subutilize o potencial da área. Constatou-se que a área configura uma Zona Especial de Centro Principal (ZECP), cujo coeficiente de utilização é sete, permitindo empreendimento de grande porte. À luz destas informações e lançando mão dos conhecimentos de tipos de sistemas estruturais, o sistema de Megaobjetos (para a estrutura) atrelado ao sistema Cluster (para disposição dos blocos), trazido pelo livro Sistemas arquitetônicos contemporâneos de Josep Maria Montaner, se mostrou eficaz quando em comunhão do que foi compreendido pela literatura e pelo sítio, permitindo um forte elo entre o que se deseja e o que se pode construir. Dessa forma, tomando como foco a comunidade LGBTQ+, busca-se um edifício que seja dissonante do contexto, onde uma ruptura com o entorno que converge para um espaço a ser redescoberto e, neste, (re)descobrir a realidade desta comunidade. O material que compõe os edifícios são os mesmos, porém, vestidos de maneira distinta, fazendo alusão ao cenário real de preconceito para com aqueles que se encontram dentre as letras LGBTQ+; todos podemos possuir o arquétipo de seres humanos, no entanto o que nos difere são nossas peculiaridades e bagagem que carregamos no nosso âmago.




O sitio Localizado no coração da cidade do Recife, parte do centro expandido da cidade, o terreno de intervenção aqui apresentada detém-se no lote do antigo Colégio Marista. A área é um registro de várias épocas de expansão da cidade, uma grande pluralidade de tipologias e morfologia estática, perpendicular, característica intrínseca desta área. Com base em Edificios Complexos (A+T Architecture Publishers) referência principal adotada na disciplina e ainda Sistemas Arquitetônicos Contemporâneos (Montaner), foi possível tecer uma análise de sítio distinta do usual, guiando o foco para uma nova ótica crítica do local. É possível observar a brutalidade do concreto, bem como a justaposição de formas neutras, heterogêneas dispersas de maneira ordenada segundo um padrão racional. A ortogonalidade impera neste quadrante sendo repetido não somente na morfologia como nos traçados dos edifícios, demonstrando o poder da ortogonalidade. Embora a localidade seja bastante vascularizada, com grande fluxo de carros e pessoas, a forte presença de traços retos, perpendiculares, configura um cenário estático que não atrai os olhares dos pedestres, estes buscam apenas os usos/serviços disponibilizados pelas edificações.

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2

Com base nisso, a área foi interpretada a fim de descobrir edificações que se comportem como os edifícios complexos estudados, ou seja, como Linkers, Storytellers, Generators e Mixers. A quadra em análise, embora contenha alguns edifícios com aspectos de determinadas categorias, por exemplo: Atacado dos Presentes(1), Colégio Marista(2), Teatro do Parque(3) e Edf. Rostand(4), não possui nenhum edifício propriamente inserido em nenhuma categoria explanada na bibliografia dada.

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A grande presença de cheios sobre os vazios e a opacidade do concreto fortemente presente no entorno se mostram como aspectos que podem servir como diretriz oposta a se seguir, buscando espaços abertos, leves e iluminados, prevalecendo os vazios sobre os cheios; trazendo a leitura de formas heterogêneas justapostas, traduzidas no diagrama desenvolvido, para a volumetria do edifício, apilhando estes fragmentos onde os detalhes irão se desvelando ao usuário conforme este vá desbravando o edifício, redescobrindo um espaço outrora ignorado, velado pelos cidadãos, uma vez fazendo alusão as questões da comunidade foco de estudo, tão presentes, no entanto, tão pouco dialogada e desenvolvida pela sociedade.

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Circulação vertical WC Genderless

Boate - 490,90m² Acesso Roof Atacadão e Fashion Runway - 468,75m² Mirante da Moda - 234,40m² 19,00m

Unidades habitacionais - 234,60m²

Mirante Habitacional - 781,25m² Mirante Low fashion- 687,62m²

15,20m

Low fashion Workroom- 406,50m²

Coworking - 1054,70m² Mirante Alojamento - 370,60m² Alojamento - 694,60m² 11,40m

Administração - 703,10m² Mirante Salas Multiuso- 351,60m² Salas Multiuso - 585,90m² Serviço de Assistência Social e Juridico - 433,60m² 7,60m

Setor de saúde - 726,60m² Biblioteca - 1020,60m² Área Expositiva de Museu - 795,00m² 3,80m

Comércio - 762,60m² 1

Restaurante- 1264,80m²

2

Carga e Descarga - 126,60m² Área Expositiva de Museu - 795,00m² Saída de Veículos e Acesso de Caminhões Recepção habitacional, Saúde e Adm.

0,00m

3,75m

N

6,25m

6,25m


41,80m

Unidades habitacionais - 234,60m²

38,00m

Unidades habitacionais - 234,60m² 34,20m

Unidades habitacionais - 234,60m² 30,40m

Unidades habitacionais - 234,60m² 26,60m

Unidades habitacionais - 234,60m² 22,80m

Unidades habitacionais - 234,60m²

19,00m 1

2

3,75m

N

6,25m

6,25m


LEGENDA 1. Restaurante 2. Mercado 3. Bar 4. Comércio 5. Recepção (demais pavimentos) 6. Museu Diversidade

PLANTA BAIXA TÉRREO COM ENTORNO

escala gráfica


6

2

4 1

5

3,75m

N

6,25m

6,25m


BAR

PLANTA BAIXA TÉRREO AMPLIADA


COMERCIO

BWC

3,75m

N

escala ESCALA gráfica GRÁFICA

6,25m

6,25m


BIBLIOTECA

PLANTA 1 PAVIMENTO ESCALA 1:250


APOIO SAUDE

BWC

A CENTRAL

3,75m

N

6,25m

6,25m


COWORKING

PLANTA BAIXA 2 PAVIMENTO ESCALA 1:250


3,75m

N

6,25m

6,25m


PLANTA BAIXA TÉRREO - IEP ESCALA 1:75

AREA EXPOSITIVA

PLANTA 1 PAVIMENTO - IEP ESCALA 1:75

3,75m

N

6,25m

6,25m

PLANTA DE COBERTA ESCALA 1:75




5 andar

4 andar

3 andar

Plantas 3 - 5 andar


PLANTA PAV TIPO 1 ESCALA 1:75

+

PLANTA PAV TIPO 1 ESCALA 1:75


1

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5

Diagrama disposição habitacional


Maquete geral da proposta


Maquete estrutura + vedação


Detalhe estrutural escala 1:50


Platibanda Laje Steel Deck Pilar tipo I - GERDAU bitola (W-360x79,0) Tirante em metal para sustentação do forro Forro em gesso acartonado

Perfil metálico para fixação de esquadria de vidro Pano de vidro

Detalhe de fixação dos brises Hounter Douglas

Brises Folding Sliding Shutters - Hounter Douglas

Piso elevado - Remaster Laje Steel Deck Chapa de vedação Forro em gesso acartonado

Brises Stripscreen - Hounter Douglas

Sistema de inserção do pedestal de apoio + placas modulares do piso elevado

Mola de sustentação do brise Chapa de vedação Viga tipo I intermediária - GERDAU bitola (W 360 x 51,0)

Pilar metálico em vista com seção .40 x .40cm Isométrica brises Stripscreen Hounter Douglas



STACK

extratificação de andares direta, justaposta, como uma seção extrudada repetida com ou sem variações


vista externa - roof atacadĂŁo

vista interna - coworking



vista externa - pรกtio central




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