Revista Obras & Dicas - ed 48 agosto setembro 2015

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Distribuição Gratuita

Agosto - Setembro de 2015 - Ano 8 - nº 48 w w w. o b r a s e d i c a s . c o m . b r

ESPECIAL SUSTENTABILIDADE 1


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EXPEDIENTE

EDITORIAL

Diretor-Geral Donizeti Batista

SUSTENTABILIDADE RESGATAR E REINVENTAR

Diretora Editorial Arquiteta Denise Farina Jornalista responsável Cris Oliveira - Mtb 35.158 Projeto Gráfico / Editoração Marcelo Arede

E

m mais uma edição sobre sustentabilidade, vem a pergunta: esse assunto de novo? Sim, de novo, sempre e, pelo jeito, ainda por muito tempo. O bom disso tudo é que há sempre alguém estudando soluções inovadoras; gente atenta à realidade e consciente de que o mundo precisa se preocupar com sua sustentabilidade cada vez mais. Sistemas inteiros para uma habitação ecologicamente correta, reaproveitamento de edifícios e mobiliários e concreto verde, são alguns dos assuntos abordados nesta edição. Casa Cor Rio Grande do Sul mostra soluções diferentes de decoração para uma região tão fria e Casa Cor Santa Catarina apresenta o Loft Sustentável. Destaque tambem para a matéria sobre o escritório paulistano Aflalo e

Dep. Financeiro Bruna Lubre Sugestões contato@obrasedicas.com.br Executiva de Vendas Rosi Cavalcanti Vendas: Had Captações e Propaganda Ltda-ME 17 3033-3030 - 3353-2556 revistaobrasedicas@hotmail.com contato@obrasedicas.com.br www.obrasedicas.com.br

Agosto - Setembro / 2015 Nº 48 - Ano 8 Foto: Denise Farina Musée du Quai Branly - Paris - França

Distribuição Gratuita. Dirigida aos setores relacionados à Construção Civil - São José do Rio Preto e Região. *Artigos assinados representam opniões dos autores. 6

Foto: Arquivo pessoal

revista obras e dicas

Denise Farina Diretora Editorial

denisefarina@denisefarina.com.br

Gasperini e para a Casa Ecoeficiente Basf, reinaugurada em Sao Paulo. A arquiteta Marisa Murta mais uma vez nos presenteia em um artigo sobre as decisões urbanas desastrosas tomadas por autoridades que se acham competentes em todos os assuntos... Um presente também para a nossa revista é a participação do Alberto Barbour, um dos símbolos da nossa arquitetura regional, numa época em que Rio Preto tinha tao puocos profissionais. Acompanhe a entrevista deste exímio arquiteto, preocupado há anos não só com o que se cria na cidade, mas com o impacto causado.Lição para os novos, reflexão para os mais vividos Boa leitura


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ÍNDICE PAPO DE OBRA

Concreto sustentável? Verde? Sim, é possível

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ESTRUTURA

Construções em Steel Frame crescem NA REGIÃO

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CAPA

O JARDIM VERTICAL DO MUSÉE DU QUAI BRANLY

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PROJETO

CASA ECOEFICIENTE DA BASF É REINAUGURADA EM SÃO PAULO

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SUSTENTABILIDADE

PAINÉIS FOTOVOLTAICOS GARANTEM ENERGIA LIMPA E MUITA ECONOMIA

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PROJETO

SUSTENTABILIDADE É FOCO EM PROJETO DE HOSPITAL

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RETROFIT

UNE HISTÓRIA COM FUNCIONALIDADES ATUAIS

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CASA COR

RIO GRANDE DO SUL

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ENTREVISTA

BARBOUR E A ARQUITETURA RIO-PRETENSE

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PAPO DE OBRA

CONCRETO SUSTENTÁVEL?

VERDE? SIM, É POSSÍVEL

U

ma pesquisa desenvolvida na Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP mostrou que é possível produzir concreto de alta resistência, com menor impacto ambiental e custo reduzido. “O projeto é resultado de um mestrado acadêmico realizado na EESC, no departamento de estruturas do curso de engenharia civil. A pesquisa foi orientada pelo professor doutor Jefferson Benedicto Libardi Liborio, nos anos de 2008 e 2009. A ideia de pesquisar um concreto sustentável foi do professor. O título da dissertação é ‘Concreto autoadensável, de alta resistência, com baixo consumo de cimento Portland

e com adições de fibras de lã de rocha ou poliamida’. No trabalho não denominamos de concreto verde, entretanto ele pode ser classificado como ‘verde’ porque é de alta resistência, com uma quantidade muito menor de cimento Portland do que a usual em concretos dessa categoria”, esclarece o engenheiro civil Tobias Pereira, responsável pela pesquisa. Segundo ele, a fórmula (fcm = 65 MPa aos 28 dias) significa que o concreto pudesse, em 28 dias, suportar a compressão de 65 Mpa (megapascal – valor que expressa resistência à compressão) e, por fim, ainda viesse a ter alta durabilidade. Visualmente

ele não difere do concreto comum, a diferença está na sua constituição. Outro diferencial da sua composição é o uso de fibras de poliamida ou lã de rocha. No concreto tradicional, em caso de incêndios, a água que permeia o concreto se expande em forma de gás e há a possibilidade de explosão. Já a fibra de poliamida derrete formando canalículos que acabam por auxiliar na liberação do vapor, diminuindo a possibilidade de explosão. A lã de rocha não contribui para diminuir a possibilidade de explosão do concreto em situações de incêndio, mas aumenta a resistência à abrasão do concreto.

Suporta a compressão de 65 Mpa (megapascal – valor que expressa resistência à compressão)

IMPACTO AMBIENTAL

O uso do cimento Portland em altas porcentagens implica na produção de 90% do gás carbônico da indústria de concreto, tornando-o um vilão ao meio ambiente. O “concreto verde” conseguiu utilizar apenas 325 kg/m3 (quilos por metro cúbico) do cimento Portland, bem menos do que os 500 Kg/m³ de um concreto tradicional. Além de diminuir o impacto ambiental, consegue baratear a produção de concreto. Com menos cimento e alta resistência, esse tipo de concreto é bem competitivo porque em obras de maior dimensão, podem ser usadas peças menores e se economiza nas dimensões de pilares e outras estruturas de sustentação. Por demorar mais para ser substituído, se mostra menos oneroso, e tem compromisso ambiental, já que menos CO2 proveniente da produção industrial do cimento será jogado na atmosfera. Menos cimento é menos impacto ambiental. 10


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PAPO DE OBRA

Fotos: Divulgação

CONCLUSÕES

Os resultados obtidos na pesquisa indicam que é possível a utilização de um concreto autoadensável econômico, de baixo impacto ambiental e com resistência adequada à grande maioria das aplicações usuais da indústria de pré-moldados. A alta resistência à compressão conseguida não é menos importante do que o módulo de elasticidade obtido, porque a rigidez da peça, função das propriedades geométricas do elemento estrutural e da rigidez dos materiais, pode ser o fator limitante no projeto estrutural. As adições das fibras permitem tornar o uso do concreto mais versátil, por exemplo, pode-se imaginar a execução de uma laje alveolar moldada com concreto com adição de fibras de poliamida, o que evitaria o lascamento explosivo em uma situação de incêndio, garantindo à laje melhor desempenho na função de compartimentação. Caso essa laje tenha um capeamento com concreto moldado “in loco”, os resultados dos ensaios de abrasão mostraram o potencial da adição de fibra de lã de rocha, melhorando a performance quanto ao desgaste.

PAVIMENTAÇÃO

A aprovação, no dia 30 de junho, da norma da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) que estabelece os requisitos e

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procedimentos de execução de pavimentos permeáveis de concreto, como pisos permeáveis intertravados e placas permeáveis de

concreto, ajudando a minimizar a ocorrência de enchentes, permitindo que as águas das chuvas possam se infiltrar no solo e abastecer os lençóis freáticos, preencher uma lacuna ao estabelecer os requisitos mínimos exigíveis ao projeto, especificação, execução e manutenção de pavimentos permeáveis de concreto. A norma estabelece diretrizes para a correta utilização dos sistemas permeáveis à base de cimento, que aumentam as áreas permeáveis nas cidades. Esse tipo de pavimento também pode ser dimensionado para armazenar as águas pluviais, que podem ser usadas como água de reuso. Outra possibilidade é a melhoria da qualidade dos projetos e obras de pavimentos permeáveis de concreto, ao definir e detalhar os requisitos mínimos que devem ser atendidos por esse tipo de pavimento, muito utilizado em calçadas e praças de áreas públicas e privadas, estacionamentos e vias de tráfego leve.


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ESTRUTURA

CONSTRUÇÕES EM

STEEL FRAME

CRESCEM NA REGIÃO

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eguindo a tendência da sustentabilidade, cresce no mercado a utilização do Steel Frame ou Steel Framing ou Light Steel Frame (LSF). Marcelo Dela Torre Napolitano, proprietário da Acero Construção Seca, de São José do Rio Preto, tem executado obras no segmento há um ano. Porém há cinco anos investe em estudar, se informar e visitar obras em steel frame, e já são mais de 1.500m2 executados. O sistema construtivo utiliza aço galvanizado como principal elemento estrutural, o concreto vai apenas nas fundações. Os fechamentos de alvenaria da construção convencional, no LSF são feitos por chapas, que

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podem receber pintura ou revestimento. Entre as características que o fazem ambientalmente interessante, estão: baixo peso dos materiais, que reduz os meios de transporte e o consequente consumo de combustível; a água é praticamente desnecessária durante a obra; os materiais empregados na estrutura e no elemento térmico são provenientes de empresas certificadas; redução de desperdícios, pois o processo é industrializado e as etapas de obra são atividades de montagem. Marcelo conta que, entre os clientes, a novidade tem gerado muita curiosidade e interesse. “Tanto quem vive a construção civil, quanto pessoas interessadas em ter

uma casa ou comercio com essa tecnologia, demonstram interesse. Outra vantagem do LSF é a fidelidade orçamentária. Isso acaba sendo uma dificuldade muito grande para mim, pois, o valor orçado é totalmente respeitado e na alvenaria convencional todos sabem o que acontece. Tempo e valor acabam sendo muito superiores ao esperado e prometido.” Atualmente ele está finalizando algumas obras. Entre elas está uma residência sobrado em um condomínio, e lojas de conveniência com vãos muito grandes, e amplitude de alturas e extensões, que ele considera um grande desafio.


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ESTRUTURA

HORA DA DECISÃO

São vários os motivos, apontados por Marcelo Napolitano, que o fizeram investir em steel frame. Entre eles os destaques são: - porque construir no sistema convencional é muito arcaico; - depende muito da qualidade da mão de obra empregada, e menos dos materiais; - os materiais utilizados no sistema convencional acabam tendo uma comercialização informal, já no LSF os materiais são produzidos por empresas totalmente legalizadas, formais, multinacionais e ate materiais importados; - o tempo de obra é muito inferior, pelo menos a metade, tornando a obra mais barata e menos chata, insuportável; - você não precisa esperar tanto para poder morar na sua tão sonhada casa, e em caso de comercio, começa a faturar antes; - você pode ter uma obra limpa desde o inicio. Não visita mais uma obra com terra até mais da metade do tempo total. Isso leva

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os funcionários da obra a manterem-na mais limpa; - após todas as vantagens, acredito que as mais importantes são as que permanecem na obra após sua finalização: conforto térmico e acústico muito superior, e a questão térmica, em nossa região, não pode ser secundária; - a manutenção e reformas serão muito mais rápidas, limpas e fáceis de executar; - a obra executada de acordo com as especificações necessárias atende a norma NBR 15.575-1 (2008), inclusive quanto a ventos e raios. No Brasil é exigido uma resistência a ventos de ate 144km/h, enquanto que uma obra em LSF é calculada para resistir a ventos de ate 200km/h; - sem duvida estaremos contribuindo com nosso planeta pela economia de materiais, redução do entulho de obra e consumo quase zero de água; - quero fazer parte dessa mudança inevitável na maneira de construir!

OUTRAS PARTICULARIDADES

Devido a suas características, o LSF tem sido utilizado para remodelar edificações mais antigas. Para construções novas, por ter uma estrutura leve, é destinada a edifícios de até cinco andares. Pode ser feito com qualquer tipo de fundação. Por sua estrutura leve e distribuição uniforme de cargas, os dois tipos mais utilizados são radier e sapata corrida. Geralmente os materiais usados são mais caros do que os da construção convencional, porém, a obra é mais rápida do que na alvenaria tradicional. Já na construção convencional a mão de obra fica bem mais cara do que no LSF. Uma casa com estrutura em LSF é completamente isolada do exterior por placas cimenticias, placas OSB, lã mineral e gesso acartonado, possibilitando uma grande proteção térmica e acústica. Permite a utilização de diversos tipos de isolamento que podem ser instalados nas paredes internas e externas, forro e telhados de acordo com a necessidade do projeto. As instalações de portas e janelas podem ser executadas de maneira similar ao sistema convencional, com espuma de poliuretano ou com parafusos.


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ESPECIAL

MAKFIL É PREMIADA COMO DESTAQUE EMPRESARIAL DE 2015

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Makfil recebeu o Prêmio Acirp 2015, concedido pela Associação Comercial e Empresarial de Rio Preto (Acirp), na categoria Pequena e Média Empresa, no dia 28 de agosto, no Vila Conti. O Prêmio Acirp é um Certificado de Reconhecimento de Mérito que valoriza a atitude empreendedora do empresário rio-pretense e homenageia aqueles que fazem a diferença em nossa economia regional. A Makfil está entre as oito empresas selecionadas que representam os mais diferentes setores da economia local, se destacam pelo empreendedorismo, novos projetos e investimentos. Todas as empresas inscritas passam por um critério de avaliação rigoroso, que privilegia o associativismo, geração de empregos, inovação de produtos, abertura de novos mercados, tradição, empreendedorismo dos seus dirigentes, investimentos realizados nos últimos anos, ações de responsabilidade socioeconômica e ambiental. 18

Para o diretor-presidente da Makfil, Carlos Cesar Galvão Teixeira, essa premiação é o reconhecimento de 21 anos de trabalho da empresa e seus colaboradores. O pioneirismo e a qualidade foram fundamentais para conquista desse prêmio. “A premiação revigora o nosso negócio que tem como diferenciais a experiência, a confiança dos clientes e os equipamentos de ponta”, afirma. Segundo ele, ser uma das empresas premiadas reafirma o conceito da Makfil de seguir as principais tendências do setor rentall de equipamentos para a construção civil. DESTAQUE EMPRESARIAL Em 1994, o empresário Carlos Cesar Galvão Teixeira enxergou no mercado da construção civil, então numa época de amplo crescimento, uma oportunidade de abrir a Makfil, uma empresa de locação de máquinas usadas em obras. A noção de que o rental é um ex-

celente negócio foi comprovada nos últimos 21 anos de atuação da empresa em São José do Rio Preto e região. Ser a locadora de equipamentos de excelência do setor nesta região é o desafio diário da empresa, que por meio de modelo de gestão estratégico voltado para a satisfação do cliente, tem um crescimento sólido. A sua linha de produtos oferece equipamentos necessários para a construção, reformas e ou manutenção industrial. Entre eles locação de andaimes, escoramentos, plataformas elevatórias, rompedores, compactadores, betoneiras, vibradores de concreto e ferramentas elétricas. A equipe de profissionais é constantemente treinada e altamente capacitada para atender aos seus parceiros. Por meio desta qualidade no atendimento e na prestação dos serviços, a Makfil conquistou a confiança de seus clientes e tornou-se uma das mais respeitadas empresas de locação de equipamentos.


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CAPA

O JARDIM VERTICAL DO MUSÉE DU QUAI BRANLY

O

muro do Musée du Quai Branly, em Paris, abriga um dos jardins verticais mais famosos e belos do mundo. O projeto é assinado pelo botânico e paisagista Patrick Blanc. O “muro vivo” de 200 metros abriga mais de duzentas espécies e traz impactos positivos ao meio ambiente em que está instalado, já que melhora a qualidade do ar e ajuda a diminuir o consumo de energia, pois equilibra a temperatura. Para o jardim foi usada uma estrutura de metal que sustenta uma camada de PVC e feltro. A parede vegetal protege e isola as paredes do museu, sustentando diversas espécies que dão o colorido capaz de modificar a arquitetura do local. O sistema é livre e pode até mesmo ser suspendo no ar, pois pesa menos de 30 quilos por metro quadrado. Muitos visitantes do Museu, dizem que o impacto da chegada ao local é tão surpreendente, que para observar a bela paisagem são investidos preciosos minutos. Patrick fez seu projeto depois de observar o crescimento de plantas em rochas e árvores de florestas e montanhas e perceber que muitas espécies não precisavam de terra para sobreviver, bastando água e uma camada de húmus.

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PROJETO

CASA

ECOEFICIENTE DA BASF É REINAUGURADA EM SÃO PAULO

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Casa Ecoeficiente, ou CasaE da BASF, passou por renovação e está novamente com as portar abertas para visitação. Ocupando um espaço de 400m2, seu objetivo é apresentar tecnologias que tragam conforto térmico e acústico, sustentabilidade, maior durabilidade e aumento na produtividade da obra, com economia de tempo e 22

recursos. Comparada a uma casa tradicional, ao longo de 40 anos, a CasaE proporciona uma economia de 30% do investimento, contabilizando custos iniciais, de operação e de manutenção; economia de energia equivalente ao consumido por nove mil casas durante um dia; e economia de 300 mil litros de água,

que corresponde ao abastecimento de mais de 1,6 mil habitantes por ano, segundo estudo realizado pela Fundação Espaço Eco. Ela é a primeira Casa Ecoeficiente da BASF no Brasil e a 10ª unidade da empresa no mundo. Na CasaE foram aplicadas 36 soluções desenvolvidas pela BASF, que proporcionam uma obra mais rápida, com menor consumo


Fotos: Juliana Tahira

de água, eficiência energética, importante redução na emissão de CO2 e de resíduos de construção, além de assegurar maior vida útil. O dry wall recebeu microcápsulas que reduzem em até 1/3 o uso do ar condicionado; as placas de poliuretano expandido garantem até 40% de economia de energia;

no concreto foi colocado um aditivo que diminui em 40% o consumo de água e reduz a emissão de gases; já os blocos de poliestireno expandido com grafite, proporcionam isolamento térmico 20% superior ao EPS comum. A casa possui geração própria de energia e está preparada para devolver o excedente para a rede pública, além de contar

com pisos drenantes com 87% de permeabilidade, que recolhem a água da chuva para reutilização. Para valorizar a arte urbana, já que está inserido em uma metrópole, o imóvel recebeu um mural de 75 m2, produzido pelo artista plástico Rui Amaral, pioneiro do grafite no Brasil. 23


PROJETO

Fotos: Juliana Tahira

AUTOMAÇÃO

Uma das principais novidades da nova fase é a automação residencial, que contribui com a eficiência energética, por permitir o controle adequado do uso da iluminação e do ar condicionado. Haverá ainda monitoramento com a medição, não só do consumo, como também da geração de energia pelas placas fotovoltaicas. Foi instalada a motorização de cortinas, automação de iluminação e de climatizadores, sensores de ocupação que garantem níveis adequados de iluminação e temperatura, controles acionados por smartphone ou tablet, câmeras de monitoramento via IP, além de facilidades como sistema de aspiração a vácuo. Painéis eletrônicos, telas touch screen com conteúdo interativo, sistema multiroom de áudio e vídeo e ambientação sonora vão tornar a visita ainda mais atraente. Esses equipamentos poderão ser sincronizados nos vários ambientes para atender eventos e apresentações em maior escala. Além da visitação, monitorada e gratuita, a CasaE recebe palestras, debates, cursos, treinamentos entre outros eventos voltados à construção.

Elastopave e Concreto Permeável

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SUSTENTABILIDADE

PAINÉIS FOTOVOLTAICOS GARANTEM ENERGIA LIMPA E MUITA ECONOMIA

O

s sistemas fotovoltaicos podem ser usados em imóveis residências e empresariais, de tamanhos diversos, pois existem sistemas de micro e mini geração de energia. Também são viáveis financeiramente independente se o espaço é pequeno e residencial, ou uma grande industria. Cada projeto é desenvolvido especificamente para o local onde será instalado, de acordo com o consumo de energia elétrica apresentado. Ele é capaz de transformar energia solar em elétrica, o que pode ser considerado uma excelente opção, já que moramos em uma área de grande incidência de sol. Como o público em geral ainda está mais familiarizado, com o sistema de aquecimento

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solar da água, é importante destacar que “a única similaridade é o formato dos módulos. O de aquecimento passa água por dentro para a mesma ser aquecida pela radiação solar, já os módulos fotovoltaicos são conjuntos de células de silício multicristalino, que reagem com a radiação solar e geram corrente elétrica”, explica Marcelo Junqueira Mattos von Gal, diretor da Ecori. “O sistema fotovoltaico tem como objetivo a geração de energia solar para todo o imóvel. Através dos painéis instalados no telhado o sistema capta os raios solares transformando-os em energia, que será utilizada no dia-a-dia. Em uma residência a energia vai, por exemplo, para a geladeira, televisão,

ar condicionado, etc. Já o aquecimento de água é específico para aquecer a água, não gerando energia para o restante do imóvel”, complementa Amanda Brunelle Borges Casseb, sócia-proprietária da Efeito Solar Energia Renovável. “Uma vez instalado, o sistema fotovoltaico não precisa de manutenção, é um sistema que tem uma garantia de 15 anos, porém uma vida útil de 25 anos”, pontua João Brazolin Neto, que atua com comércio de aquecedor solar e células fotovoltaicas, na Casa dos Aquecedores Brazolin. Também é importante que placas passem por limpeza, anual, que é feita de forma simples, com água e sabão neutro.


Fotos: Divulgação

INVESTIMENTO O investimento varia de acordo com a proporção de onde será instalado e o que irá abastecer. Alguns exemplos de investimento são: R$ 9.500 para geração de até 180 kWh/mês; e a partir de R$ 15.000 para atender a um consumo de energia de aproximadamente 250 kWh/mês. “Os sistemas fotovoltaicos que implantamos são, em princípio, calculados para reduzir a conta de energia elétrica ao mínimo cobrado pelas companhias, é o que habitualmente chamamos de ‘zerar’ a conta de energia elétrica. No entanto, há situações em que o interessado nos apresenta a quantidade de kWh/mês que deseja economizar, que pode não ser o total utilizado no local”, conta Amanda. “Com o sistema é possível ter uma economia de até 95% na conta de energia, baixando praticamente a zero o valor da sua conta de energia. Se no caso o cliente consumir menos do que ele produziu, além de não pagar a conta, ele fica com crédito para ser usado nas próximas faturas, e assim por diante”, diz Neto Brazolin. “Sempre haverá um valor mínimo a ser pago a distribuidora para a utilização da rede elétrica, esse mínimo gira em torno de R$ 40 dependendo do tipo de imóvel. Estamos falando de um investimento que retorna em 07 anos, aproximadamente, e após este período começa a, literalmente, ‘imprimir’ dinheiro em forma de economia na conta de energia para nossos clientes, por mais de 25 anos”, conclui Marcelo. Mas se “zera” a conta, porque ainda assim é necessário continuar pagando as companhias de energia elétrica? Amanda Casseb explica que, “quando da leitura do quadro de energia, a companhia irá verificar quantos kWh o imóvel produziu, através do sistema fotovoltaico, e quantos kWh consumiu-se da energia elétrica durante o mês, e então cobrará essa diferença. Em não havendo consumo da energia elétrica, a companhia ainda assim emitirá a conta de luz com um determinado valor, que compreende CIP (Contribuição de Iluminação Pública), transmissão, distribuição, encargos e tributos. Esse valor mínimo depende do tipo de classificação do imóvel, em bifásico ou trifásico.”

VENDA DO EXCEDENTE No Brasil ainda não é possível vender a energia solar produzida, mas em breve esse excedente será compensado financeiramente pela própria distribuidora de energia. “A resolução da ANEEL de 2012, número 482, que permite o acesso à rede de distribuição, até o momento diz que todo excedente de energia

produzida deve ser consumida em kWh no prazo de 36 meses, vencendo após esse período. Porém, esta resolução esta sendo alterada e, até o final do ano, teremos a definição deste ponto, e será mais um atrativo para que as pessoas utilizem o sistema de geração de energia solar”, finalizaMarcelo von Gal.

VANTAGENS X DESVANTAGENS Os profissionais ouvidos pela nossa reportagem apontaram quais as principais vantagens e desvantagens do sistema, acompanhe. VANTAGENS - no primeiro mês de uso do sistema já é possível notar a economia que este investimento proporciona ao consumidor; - contribui com o meio ambiente, utilizando-se de energia limpa e renovável, através do que temos em abundância no nosso país, o sol; - o sistema livra o consumidor dos aumentos imprevisíveis nas contas de energia elétrica e proporciona economia efetiva; e - ele pode ser aumentado de acordo com a necessidade e capacidade financeira de cada cliente.

DESVANTAGENS - ainda existe pouco investimento por parte do governo, com apenas um convênio de isenção de tributos para alguns equipamentos utilizados, com restrita linha de crédito de financiamento bancário, o que faz com que os sistemas tenham ainda um elevado custo.

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SUSTENTABILIDADE

SUSTENTABILIDADE: SUAS POSSIBILIDADES E VERTENTES “Sustentabilidade é um assunto abrangente e complexo, envolvendo questões sociais, ambientais e econômicas. Desta forma, é muito fácil para as organizações se perderem com relação à definição de suas estratégias conceituais de seus novos empreendimentos. Hoje, decidir o que não deve ser feito, em função de uma viabilidade econômica é tão importante quanto o que deve ser feito, como por exemplo, em uma estratégia ambiental. Justamente por isso, as certificações verdes estão se tornando cada vez mais importantes, pois elas orientam no processo decisório sobre quais técnicas ou estratégias devem ser adotadas. Ainda assim, a compreensão de que resultados práticos devem ser obtidos não podem sair do foco no momento da criação de estratégias de sustentabilidade”, ressalta Alessandro Santiago, diretor comercial da MLM Brasil, Consultoria em Sustentabilidade. Como exemplo da aplicação destas estratégias, foram destacados dois projetos em que a MLM foi envolvida. Neles estão exemplificados como as características de sustentabilidade são consideradas ao longo do desenvolvimento dos projetos.

WINE SOCIETY, NA INGLATERRA – EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Quando é o assunto é sustentabilidade as certificações são importantes para prover confiança aos investidores e proprietários, mostrando que as melhores práticas de projeto e construção foram consideradas em um empreendimento. “Porém, não é

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suficiente. É fundamental que o empreendimento tenha, efetivamente, características de desempenho superiores e que possam ser percebidos pelos usuários. Seja na percepção de conforto, ou na redução de custos. Este foi justamente o desafio na Wine

Society, em seu depósito de Hertfordshire na Inglaterra, onde em função da necessidade de manter o ambiente climatizado era um desafio, com relação aos custos de energia”, explica Alessandro. Neste projeto, a MLM forneceu serviços de engenharia estrutural, civil, mecânica e elétrica. Isso incluiu o uso de paredes pré-fabricadas de Hemcrete, painéis de isolamento Kalwall e um sistema avançado de administração da construção. “O Hemcrete, usado pela primeira vez neste tipo de depósito, é um material inovador feito de cânhamo e cal, que produz uma parede carbono-negativa e com alta eficiência térmica, com propriedades térmicas passivas e ativas. Isso reduziu significativamente a demanda de energia para moderar temperaturas no depósito, um fator crítico na construção e operação de um depósito de vinhos”, pontua o diretor comercial da MLM. Como resultado prático, mesmo após o aumento de capacidade de armazenamento, a nova Wine Society observou uma redução de 19% no consumo de energia em seu depósito, apesar do aumento de capacidade.


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SUSTENTABILIDADE

EDIFÍCIOS COMERCIAIS, EM BRASÍLIA ESTUDO CLIMÁTICO “O estudo de arquitetura bioclimática permite um entendimento geral do projeto quanto à suas características iniciais, auxiliando os projetistas nas especificações das etapas mais avançadas. O trabalho em conjunto com a equipe de projeto possibilita a coordenação dos elementos estéticos com os aspectos técnicos, contribuindo diretamente nos processos de certificação verdes como o LEED ou BREEAM”, informa Alessandro. Um empreendimento em Brasília passou pelo estudo climático. O projeto é composto por quatro edifícios de escritórios e teve um estudo inicial com o auxílio de simulação bioclimática para melhor orientação do edifício como parte inicial do projeto, no qual as condições climáticas locais, em relação à temperatura, umidade, ventos e posição do sol ao longo do ano foram fatores fundamentais para o processo. Este estudo auxiliou a equipe de projetos no desenvolvimento dos elementos de sombreamento, aproveitamento de luz natural, especificação da envoltória como também especificação das placas fotovoltaicas utilizadas na geração de energia.

NEUTRALIZAÇÃO DE CARBONO

A

D2F Engenharia realiza a neutralização do carbono, certificada pela Organização das Nações Unidas (ONU). A empresa possui um parceiro que faz o cálculo, gera um inventário de emissões nas obras e aloca a quantidade equivalente de créditos de carbono para compensar essas emissões. O método é apontado como mais eficaz que o plantio de árvores, por ser rápido e garantido. A empresa investe R$ 1.500 por tonelada de carbono para fazer a neutralização de CO². Até o momento, foram 116,49 toneladas de carbono neutralizados, o que corresponde 30

à R$ 174.735. Dentro desse conceito, todas as lojas da rede Starbucks possuem o selo Carbon Free que foram emitidos pela ONU. O certificado de neutralização de carbono geralmente está fixado em algum lugar de destaque, dentro das lojas. A D2F Engenharia ainda sugere e implanta, quando possível, sistemas movidos a energia solar e de reaproveitamento de água. Doações de produtos excedentes das obras para trabalhadores e instituições, com autorização dos proprietários, também estão em sua lista de iniciativas, desde 2011.


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PROJETO

SUSTENTABILIDADE É FOCO EM PROJETO DE HOSPITAL

U

m edifício construído na década de 1950 para abrigar a Record São Paulo, passou por uma reforma iniciada em 2010. O projeto foi desenvolvido pelo arquiteto Siegbert Zanettini, da Zanettini Arquitetura, Planejamento e Consultoria, e transformou o espaço no Hospital Moriah. Seu desenvolvimento foi um grande desafio, pois a arquitetura do prédio existente, não apresentava condições espaciais, estruturais e principalmente dos sistemas de energia, água, gazes, etc, condizentes com as necessidades de um hospital, além de um acréscimo significativo de áreas especialmen-

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te naquelas mais complexas – centro cirúrgico e obstétrico, setor de imagens, UTI, pronto socorro, áreas de serviços, farmácia, almoxarifado, central de utilidades estacionamentos coberto e descoberto, áreas permeável e paisagismo para atender as legislações da Anvisa, Prefeitura, Corpo de Bombeiros e Eletropaulo. O hospital conta com 60 leitos, centros cirúrgico e obstétrico, pronto-socorro e sala de hemodinâmica. A área construída de 9.535,75 m2 se distribui em cinco andares. Havia dois subsolos: o primeiro foi transformado em pavimento técnico enterrado; o

segundo, ampliado até o limite permitido por lei sob o novo bloco, e abriga área de carga e descarga, estacionamento e serviço de diagnóstico de imagens. No pavimento térreo encontram-se lobby de entrada, auditório, loja, pronto-socorro e internação. No primeiro andar estão administração, restaurante, internação e centro cirúrgico/hemodinâmica. Na cobertura/solário, circundada por telhado verde, ficam setores administrativos, áreas técnicas cobertas e descobertas. Em cima dela existem dois volumes destinados a caixa-d’água, casa de máquinas e suporte técnico.


PROJETO

Este projeto trata da revitalização da edificação existente e ampliação de novos setores, com nova solução estética que visa evidenciar esta unidade, como uma “vitrine” que deve marcar a visão da Rede Moriah, no contexto de atendimento médico-hospitalar no País. Merece destaque neste projeto: levantamento minucioso da parte do edifício existente, visando a sua grande transformação funcional como hospital de ponta; a obra como proposta conceitual deveria atender atributos de um edifício contemporâneo, com alta tecnologia construtiva de equipamentos e funcionalidade, com soluções de ecoeficiência e sustentabilidade e atendimento médico de mais alto nível. Esses conceitos são visíveis desde a área ajardinada externa na entrada do hospital e nas soluções espaciais de cada setor do hospital.

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PROJETO

PRÉDIO

Estrutura mista em aço e concreto, paredes montadas em dry-wall; inovações nos sistemas de alimentação e distribuição de energia com total acessibilidade; soluções inovadoras para as réguas nos apartamentos; material de pisos e paredes de fácil limpeza e manutenção e especificação detalhada dos equipamentos hospitalares definidos por desempenho e durabilidade.

DIFERENCIAIS VEIS

SUSTENTÁ-

Os projetos da Zanettini primam por ecoeficiência há quase cinco décadas, tornando-os precursores da sustentabilidade na arquitetura brasileira. Seguem os conceitos de equilíbrio bioclimático que foram empregados no Hospital Moriah:

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- arquitetura contemporânea com estruturação projetual holística; - trabalho multidisciplinar integrado; - uso de tecnologias limpas; - redução máxima de desperdícios e resíduos; - soluções construtivas industrializadas; - maximização de recursos naturais; - economia de energia; - relação simbiótica com o entorno e estrutural com o meio ambiente; - entendimento integrado e sistêmico de todas as instalações; - máxima utilização de produtos, equipamentos e materiais certificados; - ótima condição de desempenho e durabilidade da edificação; e - fluxos organizados dos sistemas através de pipe-racks; shafts verticais, pisos técnicos e armários acessíveis às instalações.

ECOEFICIENTE

O conforto luminotécnico, climático e acústico foram outros fatores levados em consideração neste processo. Foi realizada uma pesquisa de condições climáticas da latitude de São Paulo, regime de ventos, condições de ruído, pela aproximação do aeroporto de Congonhas; dos materiais das faces do edifício, pela vegetação incluída na área externa e nos pátios internos, pela cobertura verde em toda a edificação e principalmente pela iluminação e ventilação natural em quase todos os ambientes. “Trabalhamos de modo a atender também a economia de energia. Todos esses fatores deram a este hospital a sensação prazerosa e agradável já manifestada inúmeras vezes pelos usuários e visitantes”, destaca Zanettini.


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MEIO AMBIENTE

RECICLAGEM TIRA TONELADAS DE ENTULHO DO MEIO AMBIENTE

A

Locar Caçambas de São José do Rio Preto, com usina própria faz um trabalho diferenciado de reciclagem de entulho de construção, há sete anos. Atualmente, 2500 toneladas de material deixa de ser desperdiçado e dispensado de forma incorreta no meio ambiente, todos os meses, sendo reaproveitado. Produtos cerâmicos, concretos, ferro, papelões e madeira estão entre os itens que podem ser reciclados. “Esse serviço é importante porque, o entulho que seria destinado a aterros é reciclado, sem causar danos ao meio ambiente. É feita uma triagem para separar madeira, ferro e papelões dos materiais cerâmicos. Depois esses produtos se transformam em cascalho e, na sequência, ao passar pelo britador e ser peneirado, transforma-se em areia e brita”, explica o engenheiro Sérgio Carlos Rodrigues Filho. A areia pode ser usada para o assentamento de tijolos; a brita para concreto não estrutural, como o do contrapiso e de bloco de concreto; já o cascalho para regularizar estradas de terra. Os materiais que irão seguir para reciclagem são recolhidos em caçamba, especificamente de empresas que destinam o entulho para usinas de reciclagem. Uma vantagem bastante significativa, para quem investe na utilização desses materiais reciclados em suas obras, é o custo. A economia chega a 30% do valor em relação ao mesmo material oferecido pelo mercado convencional. 36


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CASA COR

Foto: Divulgação

LOFT SUSTENTÁVEL CASA COR SANTA CATARINA A Casa Cor Santa Catarina aconteceu entre os dias 28 de maio e 12 de julho, em Florianópolis e Itajaí. Um dos ambientes de destaque da mostra é a Loft Sustentável. Mostrar que luxo e sustentabili-

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dade podem andar lado a lado foi o objetivo traçado pela arquiteta e urbanista especializada em construções sustentáveis Juliana Jagelski Daniel. A profissional explica que a ideia foi utilizar

os elementos que compõem a arquitetura bioclimática, que tem como ponto principal a valorização dos elementos naturais. Para isso, utilizou o sistema construtivo monoforte, que consiste na aplicação de painéis de 1,15 me-


Foto: Eduardo Liotti

100% reciclável e reutilizável tros X 3 metros. Além de ser 100% reciclável e reutilizável, o produto traz mais rapidez na aplicação e ainda garante isolamento termoacústico. As grandes janelas valorizam a entrada da iluminação natural, e foram projetadas sob medida pela Weiku do Brasil. As peças de PVC, além de recicláveis, possuem maior durabilidade. Na parte superior do espaço, um container dá vida ao quarto. “A peça, que foi utilizada para transporte marítimo, seria descartada. Como tínhamos o desafio de desenvolver o projeto em 30 dias, não tínhamos tempo hábil para aguardar a cura da laje e, além da pegada ecológica, o container, facilitou a construção”, conta Juliana. O espaço também contava com geração própria de energia elétrica limpa, através do sistema de painéis solares fotovoltaicos aplicados sobre o container sem o uso de baterias. O desenvolvimento do Loft Sustentável contou ainda com a participação do escritório Studium Saut Arte & Interiores e o Studio Ana Holzer Projetos e Planejamento Paisagístico, responsáveis pela decoração do espaço.

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RETROFIT

RETROFIT

UNE HISTÓRIA COM FUNCIONALIDADES ATUAIS

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R

etrofit é o termo usado para os processos de revitalização de edifícios. Ele difere de uma reforma comum, pois busca preservar características diferenciadas das construções, adequadas ao atual, quando necessário. É uma tendência na arquitetura e no design que surgiu na Europa, onde foi fundamental para preservar prédios históricos que estavam fora de uso por falta de funcionalidade. Preservar a história é uma das funções do retrofit. É a solução encontrada para cuidar do patrimônio histórico permitindo que o imóvel seja usado, ou visitado. Na maioria dos casos o investimento acaba sendo mais alto do se houvesse uma demolição e depois erguida uma nova obra, mas o custo do investimento é deixado de lado quando se fala em

Antes

valor agregado do prédio. Para investir em retrofit é necessário um estudo rigoroso que envolve desde a logistica para entrega de materiais até a retirada do entulho, já que em geral o canteiro de obras é quase inesistente, pois o prédio já existe. A mão de obra também precisa ser mais qualificada. Imóveis desgastados pelo uso ou pelo tempo, recuperados pelo processo de retrofit, podem chegar a uma valorização de até 100%. Eles ficam mais seguros, bonitos e agradáveis de serem visitados ou habitados, graças a sua nova aparência, muitas vezes ligada à sustentabilidade, isso porque, em geral, a reforma engloba adaptações que podem garantir, entre outras coisas a economia de água e energia.

ESCRITÓRIOS EUROPA

Dois edifícios da década de 1970, instalado na avenida Nove de Julho, em São Paulo, com projeto original de Julio Neves, passaram por retrofit, e atualmente abrigam os Escritórios Europa. O espaço foi comprado pela construtora SKR. O projeto é de 2007 e foi concluído em 2010, com arquitetura assinada por Henrique Reinach e Maurício Mendonça. Para conseguir total aproveitamento da paisagem, a fachada foi refeita em vidro refletivo com moldura em painéis de alumínio composto. Duas passarelas que ligavam os edifícios no 7o e 14o pavimentos foram removidas. Na entrada social foi colocada uma estrutura metálica com pé-direito equivalente a três pavimentos do edifício e uma marquise revestida de alumínio composto. O gradil que cercava o conjunto foi removido, assim como os toaletes que ficavam junto à fachada cega na face norte de cada pavimento, e foram projetados novos conjuntos de toalete e copa, junto às fachadas laterais leste e oeste. E para atender uma tendência atual, foi construído um segundo subsolo, somando 195 vagas de garagem.

Depois

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RETROFIT

CADÊ BEBÊ O objetivo era criar um espaço para que as crianças desfrutassem de atividades para criar, se desenvolver, explorar e brincar ao longo dos primeiros anos de vida. Por isso, tudo foi pensado para o conforto dos pequenos. O projeto de retrofit desenvolvido pela D2F Engenharia, na Cadê Bebê, teve como objetivo transformar um imóvel antigo em novos ambientes e espaços, ampliando salas e reduzindo paredes. Além disso, também foi feito um tratamento acústico com forro de gesso Cleaneo, iluminação com estruturas aparentes e jardim externo. A obra durou um ano.

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Fotos: Divulgação


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CASA COR

2015

CASA COR RIO GRANDE DO SUL

“O BRASIL VISTO POR DENTRO”

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om o tema “O Brasil visto por dentro”, a Casa Cor RS aconteceu entre os dias 16 de junho e 09 de agosto, em Porto Alegre. Uma área de 3.500 m² foi palco para os 41 ambientes assinados por 62 profissionais. Os projetos contemplaram áreas de convívio nos mais diversos estilos buscando valorizar o design nacional e o estilo de vida dos brasileiros. “Nosso desafio a cada edição é apresentar o que existe de mais moderno, prático e aconchegante em moradias. Neste ano, buscamos valorizar a essência do morador brasileiro e as principais características e riquezas do design nacional através do olhar de profissionais renomados”, destaca Valdecir Santos, diretor do evento. Conheça alguns desses ambientes. Lounge WJW, de Wagner Brasil e José Wilson Coronel, da WJW Arquitetura & Design Composto por Lounge e Parrilla, o espaço se apresenta em linhas atuais. Elemento comum a espaços distintos, o aparador de Silestone acomodou a lareira Arcaz a gás natural e adornos e livros. Par de cadeiras de vime de “ares vintage” complementaram o espaço, tendo como fundo revestimento em material

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Foto: Eduardo Liotti

LOUNGE WJW

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CASA COR

Fotos: Eduardo Liotti

vinílico. A área de bancadas apresentou generosas dimensões, onde tampos de superfície de quartzo e móveis em melamina se harmonizaram em tons e formas. Capela, do arquiteto Dall’Agnol R. Júnior Motivado por ações de importantes líderes religiosos de diferentes nações, que buscam promover a paz e a harmonia entre os povos, o arquiteto criou o espaço ecumênico. Uma pesquisa apontou o número sete como elemento comum nas diversas religiões. Por isso a Capela foi estruturada com sete metros de altura, sete pináculos externos (mastros sem bandeiras e que representam também a ligação entre o plano terreno e o divino), sete vãos envidraçados, sete lustres pendentes e sete telas de LCD.

Capela

Living e Sala de Jantar, de Francisca Reis, Carolina Grinberg e Guta di Pietro

Fachada e Paisagismo 46

Fachada e Paisagismo comendador Rheigantz, do arquiteto Carlos Lemos & Disconzi Floresta e Jardim A proposta era deslumbrar o visitante através de uma ambientação impactante, com base em revestimentos tradicionais apresentados com acabamentos diferenciados e integrados a uma proposta de vegetação mais intensa, que valorizaram o grande painel em LED da Fachada. As placas de basalto regular serrado e granito escovado integrados a tecnologia do painel LED caracterizaram uma ambientação despojada e elegante. A vegetação garantiu um verde intenso, potencializando a proposta de cores neutras.


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CASA COR

Garagem Social

Garagem Social, do arquiteto Luiz Sentinger Inspirado no aço corten e na fluidez natural de sua pátina, o padrão dos painéis de madeira levou sensação de movimento ao espaço social, que abrigou o novo Fluence, carro lançamento da Renault. O projeto buscou promover o convívio através de seus recantos para estar e receber amigos. Um desenho prático e charmoso para a cozinha, com ampla mesa de refeições e churrasqueira personalizada. Além do espaço para o prazer do banho, onde o spa com hidroterapia garante o relaxamento. Cozinha do Chef by EG, da arquiteta Gabriele Ávila O ambiente foi criado para atender, de forma funcional, a um chef de cozinha. A estética do projeto foi pensada com linhas retas, cores e tons neutros, e um toque escuro que dá um ar masculino ao ambiente.

Cozinha do chef

La Playa 48

La Playa, do arquiteto Sandro Jasnievez Um loft completo, pensado para um casal que curte receber amigos em sua residência de praia. Inspirado em balneários, como Punta Del Este e Palma de Mallorca, o ambiente mesclou o jeito gaúcho de curtir o litoral com as novas tendências do morar junto à brisa do mar. Na área externa: bancada para churrasqueira, forno de pizza, estar em desnível, e SPA com área composta por chuveiro automatizado. Internamente, um loft composto por estar, cozinha/bar, jantar, bangalô e banho.


Espaço Corleone

Espaço Corleone, das arquitetas Luana Mundstock e Lisandra Mundstock Retratou o home office de um “poderoso chefão” dos anos 40, nos dias de hoje. Um gabinete de estilo bem contemporâneo, sofisticado e, principalmente, masculino. Um ambiente que imprimiu a personalidade de um apreciador de charutos, leitura e filmes. A mesa de trabalho está na maior área do ambiente para acomodar com conforto e ainda poder receber amigos ou clientes, para uma reunião mais informal. Atrás da mesa, foi projetada uma enorme estante para livros e adornos. O Pequeno Colecionador, dos arquitetos Amanda Fratin Kreling e Daniel Moraes O ambiente era rico em referências neoclássicas, apuro estético e exclusividade, com destaque para concepções artísticas únicas e peças raras do design de interiores. Eram quatro ambientes distintos: para brincar, dormir, amamentar e banho. O berço emoldurado por painéis de boiserie iluminados por arandelas centenárias, fazendo um contraponto com modernas esculturas de bronze. O painel de tecido estampado assinado pela artista plástica Lou Borghetti, levou contemporaneidade ao dormitório.

Quarto pequeno Colecionador

Town House NY, da arquiteta Caroline Kreling Mottin Uma casa para ser aproveitada ao máximo nas quatro estações do ano. O pé direito elevado, os rasgos de vidro verticalizados e a piscina construída em balanço remetendo ao estilo contemporâneo do projeto. O modelo de casa verticalizada aproveita ao máximo os andares de uma mesma edificação. O resultado foi qualidade de espaço e equilíbrio, para um ambiente diferenciado. Tudo muito charmoso e inovador.

Town House NY 49


ENTREVISTA

BARBOUR

E A ARQUITETURA RIO-PRETENSE Por Cris Oliveira

O

rio-pretense Alberto Barbour tem 45 anos de arquitetura. Formado pela Universidade Federal do Paraná, em 1969, voltou para a cidade em 1970, com o diploma e muita vontade de trabalhar. Montou seu próprio escritório, começou e

nunca mais parou. Ele conta que na época a cidade tinha poucos arquitetos, e a maioria deles prestava serviço para a Prefeitura, e isso o favoreceu a conquistar uma boa clientela. “Os médicos procuravam arquitetos que não fizessem sempre a mesma coisa. Era a regra do ‘carimbinho’, os projetos eram todos iguais. Infelizmente até hoje existem calígrafos em todos os lugares, que é o engenheiro que assina a planta. O designer faz, o engenheiro assina, dá entrada na Prefeitura, pega a placa e pronto”. Ele recebeu a Obras&Dicas em seu escritório, contou sobre sua experiência no seguimento e analisou alguns pontos da cidade que precisam ser melhorados. Acompanhe.

INÍCIO Comecei a impor uma arquitetura nova, com casa de tijolo a vista. Os arquitetos que vieram de Brasília propunham uma arquitetura toda em concreto aparente, mas sem cobertura, com laje impermeabilizada, e a impermeabilização naquela época era horrível, tinha vazamentos. Eu fazia projeto de cobertura, sobreposição de coberturas, e isso me abriu um mercado grande. Tinha muita gente de fora que vinha aqui, passava, olhava as casas, pegava meu telefone e me ligava, e eu fiz projetos para toda a região. Fiz uma primeira casa na Vila Ercília, gos-

taram, e o Dr. Sami Zerati me pediu uma casa na Nova Redentora, neocolonial americana. Foi a menina dos olhos do bairro por muitos anos. Depois vieram outros médicos e as clínicas, como o Instituto de Urologia e Nefrologia que fica na rua Voluntários de São Paulo, e até hoje não foi mudada a arquitetura. Eu tinha facilidade para desenhar e me dei muito bem em arquitetura. Desde o segundo ano colegial eu desenhava. Isso surgiu de forma natural, eu não fui influenciado por ninguém, na verdade eu que acabei influenciando outros parentes a seguirem a carreira.

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ENTREVISTA

ARQUITETURA A arquitetura vai além de organizar o espaço físico. Arquitetura é aquilo que você sente, quando está executando um projeto, que seu cliente vai gostar daquilo. Então quando você monta um programa para o cliente, tem que propor um estudo preliminar que vá atender a família toda. Quando termina a obra, a qualidade de vida da pessoa que irá morar naquele imóvel, muda radicalmente, sem ela perceber. Ela se sente muito melhor lá dentro. \ SUCESSO São 1362 projetos residências em Rio Preto, fora os comerciais e industriais. O prédio da Rodobens, na avenida Murchid Homsi, eu fiz há 22 anos, ele é todo recortado na frente. Fui muito elogiado, e ele muito comentado, saiu em uma revista de arquitetura de São Paulo. E fui desenvolvendo arquitetura em características: colonial simples, colonial absoluta, mediterrânea, moderna e projetos que, para a década de 70, eram mais futuristas. Nos prédios de três andares é difícil fazer arquitetura, são aqueles “caixotinhos”. Hoje existem revestimentos para embelezar a fachada. Quando você faz uma planta já está saindo uma fachada dela. Mas muitos arquitetos, me desculpem eles, decoram a fachada. Arquitetura não é inventar é criar. PELE DE VIDRO É uma tecnologia que dá um efeito visual muito bonito, isso de longe. De perto você vê a estrutura por dentro. E os reflexos deles mexem um pouco com a mobilidade urbana. Isso porque se você está no trânsito, o reflexo diminui sua a visão. O arquiteto não deveria se preocupar apenas com a obra dele, mas também com o que ela causa. O ideal é fazer os painéis de vidro 52

inclinados, evitando os reflexos, como eu fiz no prédio da Robobens. A opção pela pele de vidro é dar leveza ao prédio, e todo mundo quer leveza, especialmente visual. CRESCIMENTO DA CIDADE Nas duas ultimas décadas, Rio Preto se desenvolveu com brutalidade, não existiam parâmetros de desenvolvimento. A Prefeitura não se preocupava muito com nada. Hoje tem preocupações e certas limitações: terreno com impermeabilidade, acesso a deficiente físico, mas, o mais importante de tudo, é o que chamamos popularmente de calçada. Você não anda 200 metros sem tropeçar. A largura das calçadas é um absurdo, três pessoas não passam juntas, ainda mais se tiverem postes e árvores mais para dentro das calçadas. Esses passeios públicos estão detonados, a Prefeitura não exige conserto, também não sei se existe fiscalização. A calçada é do morador, mas a Prefeitura pode intervir. Um exemplo é no centro da cidade, na rua Bernardino de Campos entre a Marechal e a Silva Jardim. Depois você entra em um calçadão maravilhoso. Por que no calçadão foi dado um padrão de acabamento e nas calçadas do entorno não? Podiam ter ampliado, é uma continuação. Hoje é exigido 60 centímetros de grama entre a calçada e a guia. Um metro de calçada pavimentada e a caixa de contenção de águas pluviais. Isso é um ponto que eu discordo. O problema de inundação de Rio Preto era da Prefeitura, e agora ela está tentando resolver. Mas ela passou a responsabilidade dessas enchentes para os proprietários de terrenos não construídos. Se você for construir ou reformar tem que fazer caixa de contenção, e isso criou dezenas de “piscininhas”. E essa água vai para algum lugar e, dentro em breve, pode começar a afetar as construções vizinhas. Ou até a

própria construção. Já estão começando a surgir alguns casos problemáticos, dessas caixas de contenção. O ideal é que elas sejam toda impermeabilizada, para não ter infiltração. A água que fica ali é bombeada e na hora que para a chuva, vai para a rua. Só que a bomba pode entupir, então precisa ter duas. E o custo disso? E a manutenção delas? Tudo isso gera custos absurdos, não é a caixa em si, mas tudo que está pertinente a ela. Se eu for reutilizar essa água, eu preciso tratá-la. Então faz-se uma lei, com caixa de contenção com reaproveitamento total, e isso seria incluído no custo do projeto, no custo da obra, daí eu concordo. NOVO TERMINAL O terminal ser feito na praça, uma área de cultura, lazer e esporte, que não deveria ser usada para outro fim. Vai ser feito no local um mausoléu de concreto, e depois vão levantar o que está no chão, e farão a chamada cobertura verde. O projeto é bem elaborado, criativo, mas não é para aquele local. Já o viaduto para ligar a região norte é muito importante. A cidade cresce desordenadamente, falta muito planejamento. Precisa implantar faixa privativa de ônibus. DIFERENÇAS DO TEMPO A principal diferença é que antes (quando começou a carreira), qualquer mestre de obras era muito bom em ler o projeto. Hoje é difícil encontrar quem sabe ler o projeto. É preciso você ir à obra todos os dias, para responder as dúvidas. Outra diferença é que em 1970, em Rio Preto, tinha apenas duas lojas de materiais de acabamento. Muitas coisas eu tinha que trazer de São Paulo, inclusive telhas diferenciadas. Hoje ficou muito mais fácil, temos variedade e são acessíveis.


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PROJETO

AFLALO/GASPERINI ASSINA

PROJETO DO FL 4300

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FL 4300 é um dos mais recentes projetos da Aflalo/Gasperini. O conjunto de uso misto (residencial e comercial) e condição urbanística única ocupa um terreno com mais de 13 mil m², em localização privilegiada de São Paulo, sendo constituído por três torres implantadas em formato de ‘U’. O vazio gerado pelo conceito de implantação adotado permitiu a criação de um vazio urbano, que se transformou em uma praça densamente arborizada, a FL Square, garantindo um espaço singular de moradia, trabalho e convivência, e abriga uma grande área de uso público. A massa arbórea, de mais de

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1.280 m², foi criada para dar continuidade à praça existente em frente ao terreno, com paisagismo de Gil Fialho. No intuito de criar um ambiente de quadra aberta, sem gradil, neste espaço foi pensada a integração de um restaurante aberto ao público, já em funcionamento, garantindo movimento e segurança dia e noite à região, trazendo uma vitalidade urbana ao bairro. O terreno do conjunto é aberto para três vias, sendo a mais importante delas a avenida Faria Lima, na Vila Olímpia. Nela, encontra-se a torre corporativa, o FL Corporate, edifício mais emblemático do conjunto, com uma linguagem angulada em sua forma, ga-

rantindo à praça e a todo o conjunto visibilidade e acesso para esta via. Esse DNA se propagou por todo o complexo, criando um partido arquitetônico de volumes prismáticos e cartesianos, cortados por diagonais. O projeto prevê dois volumes corporativos: o primeiro a ficar pronto se encontra no edifício frontal, com lajes que variam entre 860m² a 1075m²; e o central, com um volume mais baixo, destinado a pequenos conjuntos comerciais de 58m² a 94m². Já a torre residencial está disposta paralelamente à corporativa, com apartamentos de um dormitório de 35m² a 64m², com diversos serviços.


TENDÊNCIA As construções de Uso Misto estão em sintonia com uma tendência mundial. O Brasil, por sua vez, ainda guarda resquícios de um urbanismo pautado pela separação dos bairros e espaços em núcleos isolados. Ou seja, sob a lógica do ‘onde se mora, não se trabalha’. O Plano Diretor Estratégico da cidade de São Paulo, aprovado em 2014, traz uma nova Lei de Incentivo ao Uso Misto, em revisão do PDE (PL 688/13). Nele estão definidas estratégias para fomentar o uso misto no mesmo lote, especialmente a convivência do uso habitacional com outros, como serviços, comércio, institucional e serviços públicos, de modo a proporcionar a maximização e racionalidade da utilização dos serviços urbanos, especialmente o transporte público. SAIBA MAIS Fundada em 1962 como Croce Aflalo e Gasperini, a Aflalo/Gasperini Arquitetos une tradição e inovação na busca de soluções arquitetônicas. Em pouco mais de 50 anos, o escritório assinou marcos como o edifício-sede da IBM e o Tribunal de Contas, em São Paulo (SP), o Teatro Claudio Santoro, em Campos de Jordão, e o Edifício Peugeot em Buenos Aires. Os projetos seguem uma linha de trabalho calcada na pesquisa de materiais e precisão técnica. O trabalho vai desde a pesquisa e análise de restrições, programação, pré-dimensionamento e planejamento físico, ao projeto arquitetônico completo, de reforma, planos urbanísticos e de paisagismo, coordenação de projetos complementares, fiscalização e acompanhamento da obra e desenhos de apresentação.

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MOBILIÁRIO

VINTAGE

MÓVEIS GANHAM ESPAÇO NA DECORAÇÃO MODERNA É cada vez mais comum vermos móveis vintage ocupando lugar de destaque, seja em ambientes residenciais ou comerciais. Parece que as peças dos 50, 60 e 70 voltaram e não pretendem deixar o espaço conquistado. A palavra vintage vem do inglês, significa “safra de vinho”, e pode ser aplicada para definir várias coisas e objetos. Ela é empregada quando há um forte retorno ao passado, resgatando e reinventado um estilo. A tendência tem sido muito usada na moda e decoração. “Quase tudo na vida é cíclico, vejo esta

ARMÁRIO CHINÊS 56

tendência como algo que vai e volta sempre, nos remete a momentos vividos, nostalgias e lembranças, é bom ter lembranças. O vintage acolhe, tem um sentimento de anos bons vividos, gosto pelo movimento, gosto do tipo de móveis que costumam ter qualidade, é um mobiliário que conta uma história”, ressalta a arquiteta Roberta Banqueri. Para a arquiteta esse tipo de mobiliário tem público específico. “Acredito que só deva embarcar nisto quem goste, e se identifica, pois, se for pela onda do movimento será modismo, eu gosto da mistura dos elementos, fica algo mais contemporâneo e com personalidade, cada um vai construindo a sua, estes movimentos sempre terão. Quem consome esse tipo de produto são pessoa que gostam, conhecem e se identificam. Tem a questão de dar valor a um produto de antiquário, que terá um reconhecimento e valorização pela arte do produto, seja pelo design, autor, período, etc.” E como tudo tem dois lados no mobiliário vintage “o bom é o design, o acolhimento, as lembranças, o valor agregado do tempo e da história, não vejo o lado ruim, apenas acredito

que precisamos saber também olhar para o que está sendo feito no momento com qualidade de design e tecnologia”, conclui Roberta. Uma confusão comum envolve o vintage e o retro, que são diferentes. “No universo da arquitetura e do design, esses estilos são bem conhecidos. Vintage vem do termo ‘safra de vinho’, e nos dão a ideia de que quanto mais antiga a ‘safra’, melhor a qualidade. Geralmente, suas peças são de alto valor por serem originais da época. Na decoração vintage, os objetos são originais da época, podendo ser encontrados ou garimpados em antiquários ou lojas do gênero. Já na decoração retrô, são utilizados objetos, na grande maioria, inspirados no que se usou nas décadas de 70 e 80, ou então, peças originais desta época que estejam em bom estado de conservação. É um estilo que acaba sendo uma releitura das décadas anteriores. As peças retrô são normalmente mais caras que as da atualidade, mas mais acessíveis que as vintage por serem produzidas pela indústria atual. Muitos acreditam que o retrô surgiu inspirado no vintage, mas isso não corresponde à verdade, já que possuem características opostas, o vintage é sóbrio enquanto que o retrô é lúdico”, ensina a arquiteta Viviane Sperb.

CÔMODA DE MADEIRA AZUL MIGNARD

BAR-TABLE-FINALLI


Fotos: Divulgação

BIBLIOTECA COM BALCÃO NOUVEAU Acabamento único. Madeira maciça pinho riga termotratada. Gavetas corrediças com amortecimento de retorno.

POLTRONA SAINT LOUIS Poltrona fabricada com estrutura de madeira de alta qualidade, pés frontais com rodízio e tecido de linho. Geladeira Para transformar a cozinha em um local que confere um ar moderno, romântico ou descontraído, a Gorenje, principal fabricante de eletrodomésticos na Europa, criou a linha Gorenje Retro Collection. A linha traz o charme retro, com design convexo arredondado, que acompanha perfeitamente as tendências atuais, sem perder o toque de nostalgia. Os refrigeradores são econômicos e ecologicamente corretos, pois possuem um sistema de ventilação que

distribui a temperatura de forma uniforme e preserva os alimentos por um período maior. As peças estão divididas em três coleções: - Retro Chic - para os amantes de clássicos modernos e minimalistas. Com peças que remetem a um mobiliário elegante. Nas cores alumínio, black e bordeaux. - Retro Vintage – para os românticos que amam cores naturais. Identifica-se com as artes plásticas. Nas cores champagne, royal coffee e dark chocolate. - Retro Funky - para compor um ambiente descontraído, ideal para consumidores que amam liberdade. Nas cores lime green, juicy orange, raspberry pink, red e black.

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MOBILIÁRIO

LIVING

A atmosfera dos anos 60 foi resgatada pelas arquitetas Adriana Helú Hawilla, Carolina Oliveira e Marina Torre Lobo, da Triplex Arquitetura, para criar um living que nos faz voltar no tempo com flashes pontuais de referências contemporâneas. Os 20 m² da sala de estar receberam móveis assinados por Sérgio Rodrigues, Martin Eisler e Jean Gillon, do Antiquário Kesley Caliguere. Um linho da JRJ reveste as paredes, para trazer textura e aquecer o cenário retrô que recebe peças fieis à década modernista, como a luminária posicionada estrategicamente ao lado da poltrona Amazonas e a imponente mesa Banco Eleh. Criteriosas e detalhistas, as arquitetas investiram na escolha do mix de objetos de decoração, como livros e obras de arte, uma delas assinada por Tetê Alencar e outra por Sonia Dias.

RIO CHAISE - OSCAR NIEMEYER

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LC1- LE CORBUSIER


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SOCIAL

COMEMORAÇÃO A

lmoço em comemoração aos 13 anos da Acomac (Associação dos lojistas de construção de São Jose do Rio Preto) e o jantar da tradicional Premiação Empresarial do interior do Estado de São Paulo pela Acirp, com a entrega da premiação para Makfil de melhor Pequena e Média Empresa (PME): e a Célia Volponi da Raizes Soluções como Mulher Empreendedora foram o destaque do mês.

01 Diretores da Acomac SJRP 02 Cesar Teixeira e sua equipe Makfil na entrega do prêmio Acirp 03 Luiz Fernando de Biasi

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09 José Luis Genari e Rita Genari - 10 José Cedeira Pardo,Claudia Ralha e Cassia Vecchi - 11 Gioscelli Martins Rocha e Sandra Rocha - 12 Eloisa e Marcos Napolitano

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Ilda Vilela Por

Fotos: Divulgação e Donizeti Batista

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04 José Cedeira Pardo, Janete Duarte e Luciano Vieira - 05 Carolina,Edivanil e Roberto Cardoso - 06 Luana e Aline Cassia, Edilene, Vivian, José Augusto Silva, Jose Cerdeira Pardo,Adilson e Rita Cassia de Oliveira - 07 Dacio Bernades - 08 Cesar Teixeira, Gislaine e Matheus Sinhorini Teixeira

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13 Celia Volponi e sua equipe Raizes Soluções na entrega do prêmio Acirp - Mulher Empreendedora - 14 - Mariana Chamon e Anthony Athayde - 16 Matheus Teruel,Renato Souza, Adauto da Silveira Fernando Romani 15 COMPRE ONLINE www.veromobili.com.br SHOWROOM Rua Ondina, 231 - S. J. Rio Preto

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CRÔNICA

Foto: Fabiano Prado

DECISÕES URBANAS DESASTROSAS E SUSTENTABILIDADE Por Marisa Murta Arquiteta e urbanista

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pretensa modernização do espaço público e seus equipamentos tem sido motivo de construção de aberrações, do ponto de vista arquitetônico e do patrimônio histórico e cultural. Dentre tantos exemplos de reformas desastrosas peguei as imagens atuais da modernização do chafariz da Praça Ruy Barbosa, localizada no centro da cidade de Ibitinga – SP, para expor a minha perplexidade e de vários colegas arquitetos quanto à insensatez das decisões estéticas tomadas pelos responsáveis pela reforma. Foi-se o tempo em que os administradores públicos eram cientes da sua própria ignorância estética referente à arquitetura e urbanismo. Em 1917, data da construção do chafariz, ainda vigorava a ideia e o ideal de que era preferível copiar algum exemplo bem sucedido de arquitetura ao invés de se permitir criar algo de gosto duvidoso, como costuma ser o gosto pessoal das pessoas leigas e despreparadas no trato das artes. Ser entendido numa área tão específica não é atributo exigido para os administradores públicos, não podemos ter a expectativa que possuam uma formação consistente que os permita distinguir o joio do trigo, nas questões estéticas urbanas e quais são os indicadores estéticos que configuram um bom projeto. Mas é uma obrigação dos administradores públicos saber que não sabem sobre uma área tão especifica quanto arquitetura e urbanismo. É sua obrigação pesquisar exemplos bem sucedidos antes da aprovação de um projeto de reforma como o caso do dito chafariz. É uma obrigação buscar consultoria entre os arquitetos referência da sua cidade, e não apenas daqueles simpáticos à sua administração e partido político. O dinheiro do contribuinte pode e deve comprar a melhor solução possível. No caso 62

do chafariz de Ibitinga, bastaria a troca do encanamento enferrujado e a substituição de ladrilhos internos de forma compatível com o projeto original. Bastaria uma limpeza adequada do tanque e em suas esculturas, uma iluminação mais atual e eficiente. Talvez uma placa descrevendo suas características históricas, um legado para as futuras gerações. Talvez um paisagismo ao redor, para valorizar o todo, bancos próximos o suficiente para que a população pudesse sentir o frescor da água nos dias de verão. Mas não, azulejou-se tudo como se fosse a casa comum de um cidadão simplório. Pintaram-se as esculturas dos leões de dourado com a mesma insensatez que o governo de Sadan Hussein fez com as esculturas milenares do templo de Astarte no Iraque, durante sua ditadura. Parece-me uma característica de ditadores achar que seu cargo de poder permite que se desconsidere a história, a arquitetura e o patrimônio publico. Mas o que isso tudo tem a ver com sustentabilidade? Bem, a definição de sustentabilidade é que nós possamos satisfazer nossas necessidades materiais garantindo o mesmo para as futuras gerações. O déficit atual em relação à sustentabilidade é que as próximas gerações necessitarão de uma Terra e meia para garantir a produção de matéria como um todo. E não há outra Terra disponível, por isso o mínimo que podemos esperar dos administradores públicos, é que a despeito de sua ignorância artística, procurem os melhores técnicos e as melhores soluções técnicas (e não as do seu próprio ego) para as reformas do espaço urbano. A palavra matéria vem de “mater” que significa mãe. Isso nos remete à grande crise ambiental atual na qual a Terra, ou Géia – (a primeira mãe dos deuses) corre perigo e todos os seus filhos – vegetais, animais, e os animais dito racionais - os humanos, que

são responsáveis pelo comando e gestão de todos os territórios e biomas, também. E o que isso tem a ver com a qualidade estética do espaço urbano, ecologia e sustentabilidade? As melhores conclusões que encontrei e compartilho com os leitores desse artigo, são de um mestre sobre o assunto, o psicoterapeuta norte-americano James Hillman, que passou a vida olhando para a arquitetura sob o ponto de vista da psicologia e seus efeitos sobre os seres humanos: “Queremos o mundo porque ele é bonito, seus sons, seus cheiros e suas texturas, a presença sensorial do mundo como um corpo. Resumindo, por baixo da crise ecológica está a crise mais profunda do amor: que nosso amor tenha abandonado o mundo, que o mundo esteja desamado, é o resultado direto da repressão da beleza, de sua beleza e de nossa sensibilidade para ela. Para que o amor retorne ao mundo é preciso primeiramente, que a beleza retorne, ou estaremos amando o mundo só como uma obrigação moral: limpá-lo, preservar a natureza, explorá-la menos. Se o amor depende da beleza, então, primeiro, vem a beleza, uma prioridade que está de acordo com a filosofia pagã, em vez da cristã. A beleza antes do amor também está de acordo com a experiência demasiado humana de sermos levados ao amor pelo encantamento da beleza.” Dito isso, resta-me apenas torcer para que o desejo de beleza urbana se instale no coração de todos os cidadãos. Como uma função pedagógica para se compreender os caminhos da sustentabilidade.


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