Gal costa

Page 1

2

SALVADOR SEGUNDA-FEIRA 29/10/2012

3

ENTREVISTA Murilo Ribeiro

“NINGUÉM VEM À BAHIA PARA VER RODIN”

DANIELA CASTRO

Três anos depois de um comodato entre os governos da França e da Bahia, as 62 peças da exposição Auguste Rodin: Homem e Gênio estão prestes a voltar para seu país de origem. Conversamos com Murilo Ribeiro, artista plástico e diretor do Palacete das Artes, que adiantou que o casarão da Graça ganha novas mostras e identidade a partir do ano que vem. Fernando Amorim / Ag. A TARDE

Depois destes três anos do comodato, qual o balanço que você faz da passagem da exposição Auguste Rodin: Homem e Gênio por Salvador? Acho que a exposição cumpriu muito bem o seu papel na cidade. E um dos aspectos mais importantes foi a gratuidade, que acabou contagiando. Outros museus de Salvador, que antes cobravam ingresso, passaram a ser gratuitos. Também alavancou o equipamento. Um museu até então novo, ainda sem uma história, passou a estar inserido em um circuito nacional e até internacional. A existência do museu também aumentou a auto-estima do bairro.

Como fica o nome do museu? Continuará sendo Palacete das Artes. O “Rodin Bahia” sempre foi um subtítulo. Desde o início sabíamos que a exposição tinha dia e hora para acabar.

Mas a Graça é um bairro nobre. Os moradores já não têm uma auto-estima elevada? Sim, mas houve um aumento. Fizemos uma pesquisa no entorno e comerciantes e taxistas, por exemplo, afirmaram que o museu trouxe uma resposta positiva. Qual o perfil do público que visitou a exposição? Mais baianos que turistas. A maioria foram estudantes de escolas públicas, porque houve um trabalho direcionado do setor educativo. A maior provocação do museu foi para este público. Qual o destino do casarão depois do retorno das obras de Rodin à França? Faremos uma grande homenagem a Mário Cravo Jr., a

Podemos dizer, com isso, que o Palacete das Artes ganha um perfil mais bem definido? É essa a tendência. Assim como o MAM ficou mais focado em arte contemporânea, aqui no casarão pensamos em contemplar até o modernismo. Não será algo rigoroso, mas tentaremos focar na arte da Bahia. A Sala de Arte Contemporânea vai continuar apresentando artistas daqui e de fora.

Como artista, você acredita que a mostra colaborou para estimular o interesse do público pelas artes plásticas? Na Bahia, não temos uma tradição de apreciação de artes plásticas, mas já existe uma maior motivação. A exposição de Rodin teve sua importância e aproximou o público da escultura, mas esta é uma linguagem artística que demanda mais apuro.

A permanência das obras de Rodin no Palacete das Artes custou mais de R$ 2 milhões ao governo do Estado

partir de janeiro até abril, quando ele completa 90 anos. Depois, estamos planejando focar no modernismo brasileiro.

(Museu de Arte Contemporânea), de São Paulo. A curadoria fará um projeto expográfico que dará foco a artistas baianos.

Em que estágio estão os preparativos? Já estamos contratando um curador. Será Domingos Tadeu Chiarelli, diretor do MAC

De onde virão as obras? Além de obras que fazem parte da reserva técnica do MAM (Museu de Arte Moderna da Bahia), teremos obras que

pertencem ao Estado e ao acervo do Desenbahia. A proposta é que a mostra seja permanente? Será temporária, mas de longa duração, assim como foi a de Rodin. Está programada para abrir em meados de 2013 e deve durar pelo menos dois ou três anos.

Como gestor, você acredita que a Bahia está perdendo um atrativo, justamente quando se aproxima a alta estação? Acho que não. Quando a exposição é de artista de fora sempre tem menos visitação. Ninguém vem à Bahia para ver Rodin. Quem vem para a Bahia quer ver a cultura da Bahia.

Gal Costa equilibra canções experimentais e consagradas no show Recanto Marcelo Argôlo Repórter Caderno 2+ marcelo.argolo@grupoatarde.com.br

Plateia totalmente escura. As cortinas abrem e Gal Costa começa o show. As luzes baixas seguem o clima da banda minimalista. Da Maior Importância, de 1973, e Tudo Dói, do álbum Recanto, abrem o roteiro e dão pistas da dinâmica da apresentação: um equilíbrio entre as novas canções experimentais e outras já consagradas do repertório da cantora. Com o disco e o show dirigidos pelo parceiro Caetano Veloso sob medida para ela, Gal estava solta no palco, gesticulava de forma expressiva e até dançou em algumas canções. Na banda que a acompanha na turnê estão três dos principais músicos da nova geração: Domenico Lancellotti (bateria e MPC), Pedro Baby (guitarra e violão), e Bruno Di Lullo (baixo e violão). O trio manteve o equilíbrio

que o show necessita. Executou os arranjos mais tradicionais para canções como Folhetim, de Chico Buarque, e Dom de Iludir, de Caetano Veloso, com a mesma eficácia com a qual tocaram as canções mais experimentais para do álbum da turnê. Além disso, apoiaram a cantora com backing vocals bem colocados.

Edgar de Souza / Divulgação

Gal Costa volta a mostrar no show Recanto uma dimensão inovadora

Repertório

O que mais surpreende no repertório são as versões para antigas canções já gravadas por Gal. A versão para Divino, Maravilhoso, canção tropicalista do álbum Gal Costa, de 1969, está entre eles.

O que mais surpreende no repertório são as versões para antigas canções já gravadas por Gal

O arranjo para o show Recanto valoriza a voz e a guitarra. Pedro explora um timbre áspero na guitarra, enquanto Domenico no MPC e Bruno, no baixo, fazem uma base grave para o canto. No final, os quatro brincam de trocar os vocais. Outro arranjo que chama a atenção é o da canção Deus é Amor, de Jorge Ben. Ela começa com um samba torto, como os de Caetano com a banda Cê, depois cai para um samba sincopado tradicional, e termina no samba torto novamente. Contudo, o mais rock dos arranjos é o de Vapor Barato, de Jards Macalé e Waly Salomão, gravada por Gal em 1971. Ela começa intimista e evolui até um solo visceral de guitarra. Outro momento inusitado foi quando Gal imitou a voz de Tim Maia, na canção Um Dia de Domingo, que os dois gravaram juntos. O show Recanto recupera a faceta inovadora que Gal Costa mostrou ter desde os tempos tropicalistas. Depois de mais de 40 anos de carreira, ela volta a se aventurar em projetos musicais inovadores.

CURTAS Funceb promove 2º Seminário de Crítica Acontece hoje e amanhã o II Seminário Baiano de Crítica de Artes, promovido pela Funceb, no Espaço Xisto Bahia (Barris). O horário é das 9 às 13 horas. A entrada é gratuita, aberta ao público até lotação da sala. Os dois dias do evento também terão transmissão ao vivo através do Portal do Irdeb: www.irdeb.ba.gov.br. Hoje o seminário terá como convidadas a crítica de dança Helena Katz e a ensaísta e a curadora Ivana Bentes, que discutem o tema Máquina de Pós-produção. Amanhã, estarão o crítico musical e editor Carlos Calado, ao lado de

Wagner Schwartz, performer, coreógrafo e linguista, para falar sobre o tema O Negócio da Cultura.

Os dois dias do evento também terão transmissão ao vivo através do portal www.irdeb. ba.gov.br

Marcela Bellas e convidados no TCA A cantora e compositora baiana Marcela Bellas é a atração do projeto Domingo no TCA, com o show Achei Music, domingo, no Teatro Castro Alves, às 11 horas. Os ingressos (inteira) custam R$ 1, vendidos no mesmo dia, a partir das 9 horas. Neste show, ela recebe como convidado o rapper paulista Emicida (atração do Conversas Plugadas, sábado, no TCA) e Missy Blecape. Com três álbuns lançados, Marcela fez recentemente a abertura do show da cantora Tiê, pelo projeto Mais MPB, no TCA.

Dodi Conti / Divulgação

Marcela Bellas convida Emicida e Missy Blecap para o show

Biografia comemora Presciliano Silva é 40 anos do Pink Floyd tema de palestra Interessada em desvendar os mistérios que cercam a polêmica história da banda, a Editora Évora, pelo selo Generale, traz ao Brasil Nos Bastidores do Pink Floyd, a mais completa e detalhada biografia deste ícone do rock moderno. A obra é baseada em entrevistas do autor, Mark Blake, jornalista especializado em biografias de bandas e de músicos, com os membros do grupo, produtores e ex-colegas universitários e foi lançada em comemoração aos 40 anos do grupo, incluindo um caderno de fotos exclusivas.

Os interessados em conhecer um pouco mais sobre a história do Palácio da Aclamação, antigo Palacete dos Moraes, que em 1912 foi transformado em residência oficial dos governadores do Estado, podem conferir gratuitamente nesta quarta-feira, às 17h30, a palestra do professor da Escola de Belas Artes da Ufba, José Dirson Argolo, sobre o tema Presciliano Silva – A Trajetória do Mestre Impressionista. A atividade acontece no jardim e integra o Ciclo de Palestras Palácio da Aclamação - 100 anos.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.