Noite Luz (prévia)

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Hist贸rias em quadrinhos de Marcelo d麓Salete


Noite Luz copyright © 2008 by Marcelo d’Salete (dsalete.art.br, dsalete@yahoo.com.br) CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ D484n D’Salete, Marcelo, 1979Noite luz / Marcelo d’Salete. - São Paulo : Via Lettera, 2008. 112p. : principalmente il. Texto em quadrinhos ISBN 978-85-7636-071-1 1. Histórias em quadrinhos. I. Título. 08-2287.

05.06.08 06.06.08

CDD: 741.5 CDU: 741.5 007027

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou utilizada sob nenhuma forma ou finalidade, eletrônica ou mecanicamente, incluindo, fotocópias, gravação ou escaneamento, sem a permissão escrita, exceto em caso de reimpressão. 1a edição: Agosto de 2008 ISBN 978-85-7636-071-1 Equipe de realização Capa e diagramação Marcelo d’Salete Preparação Mário César Editora Monica Seincman Via Lettera Editora e Livraria Ltda.Rua Iperoig, 337 05016-000 São Paulo SP Telefax: (011) 3862-0760 / 3675-4785 e.mail: vialettera@vialettera.com.br www.vialettera.com.br 2008


Sumรกrio Noite Luz 06 Entre Rosas e Estrelas 23 Graffiti 33 Buldog 51 O Patuรก de Dadรก 59 Sexta 83



d´salete e seu trompete respeito o artista não pelo ibope, admiro um criador não pelo espalhafato ou por achar que o tal é superhumano, por pensar que deve ser uma graça ou um açúcar conviver com sua fortaleza e seu ímpeto. não. amo o artista porque imagino os labirintos a que chega em sua concentração e estudo, a cada minuto de sua absorção da vida, em sua vontade obsessiva de expressão, raiando a sua mania de juntar o que há de disperso na essência do dia-a-dia. por equilibrar na unha o dilema da solidão e o amor da coletividade, que galopa em nossas veias desde o primeiro despejo, desde o primeiro que chorou ao respirar pelo nariz saindo da chana materna. respiro e piro com o artista porque imagino o sonho e a compressão do tempo, feito uma explosão solar, que cresce em suas madrugadas ripeiras, bolando a reflexão que banha os que dedilham a alma com sua oferenda. imagino o bicho que mora na mesa de d’salete, onde ele sopra o trompete de seu lápis e batuca suas tintas. seu trampo tem a falsa calmaria que se orquestra entre a sabedoria e o tédio das quebradas; tem o veloz, o serereco de quem sobe a sacolona pela traseira do busão, entra pela frente, corre a catraca e vai segurar a carga. NOITELUZ é literatura, é cinema e artes plásticas. aborda o racismo que às vezes é rente, escalpo. e que noutras é sutil, silencioso e se alastra como a barba na cara. a palavra é pouca e é vulcão. um detalhe de foto arromba, um giro na mobília, um traço de gesto, dão o grau da melancolia ou da fervura do drama. personas contidas, quase estourando, requentando a desconfiança e as esperas nunca consumadas, a vida despetalada da peleja pelo feijão. batalha cardíaca que macera os tornozelos, entristece os pulsos. que enxaquéca, que às vezes ganha um cafuné. NOITELUZ soa que existe uma textura, uma melodia visual, nostálgica e urgente, que veste nossas rotinas e retinas, apostando num milagre milenar da imagem (hoje tão bagaçada), numa leveza ardida do conjunto, nos tornando melhores leitores das pessoas, do prédio, do parque das cinzas floridas. na cadência da teia de d’salete, nada vem carcomido na recolha do que é lacônico e espoleta na cidade. sua arte não subestima seus andarilhos, como a noite, que pega dos muleques às viúvas e segue escorada pelos postes e por nossas cabeças, abrigo das senhas.

allan da rosa (edições toró/cooperifa)










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