Você pode aprender chinês

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Como ser autodidata em ChinĂŞs

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Descobrir o maior idioma do mundo é um desafio possível. Este livro promete mostrar o caminho mais rápido para seguir esta meta.

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Sobre os autores SISI LIAO Chinesa. Fundadora do Clube de Chinês, professora com larga experiência no Brasil, mestra em ensino de chinês pela Universidade de Hubei, na China, e em Relações Internacionais pela UNESP, Brasil

LUCAS BRAND Brasileiro. Fundador do Clube de Chinês, comunicador pela Cásper Líbero, no Brasil, bolsista em chinês na Universidade de Hubei, na China

KENJI TAKADA Brasileiro, descendente de japoneses. Graduado em Letras pela UNESP, no Brasil, bolsista em chinês na Universidade de Hubei, na China

PULA MURALHA Empresa especializada na criação de soluções de ensino inovadoras em cursos de mandarim para falantes de língua portuguesa, gestora do Clube de Chinês.

CLUBE DE CHINÊS Maior curso online de mandarim no Brasil, com um método completo para sair do zero até o avançado e orientação profissional para estudar onde você estiver.

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Como ler este livro O objetivo principal deste livro é oferecer uma perspectiva sobre como é possível aprender chinês no Brasil sendo autodidata e o que você pode fazer para se organizar e desenvolver um plano de estudos. Não é intenção deste livro substituir um curso de chinês ou então servir de material didático para o aprendizado do idioma até se tornar fluente. O conteúdo oferece condições para que o leitor entenda e assimile o funcionamento e a dimensão da língua chinesa no mundo. Mas os autores recomendam, caso seja do interesse do leitor continuar o aprendizado de chinês, que novos materiais didáticos sejam somados à lista de estudos. E que, caso seja interesse do leitor, se considere buscar orientação profissional de professores ou escolas para reforçar a trilha de aprendizado. Os autores oferecem um curso online de chinês que pode ser conhecido no site clubedechines.com.br Este livro está dividido em duas partes para organizar o conteúdo: PARTE 1 Na primeira parte do livro, você vai encontrar informações e dicas para se organizar e se tornar autodidata em chinês, além de compreender a dimensão do mandarim no mundo e as oportunidades relacionadas ao aprendizado do idioma. PARTE 2 Na segunda parte, você terá acesso a conteúdos de introdução à língua chinesa. Esta seção do livro oferece uma perspectiva didática geral sobre o idioma e poderia acompanhar as explicações de um professor nas primeiras aulas de mandarim em uma escola de idiomas.

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Sumário Parte 1 9. Por que aprender outros idiomas, principalmente o chinês? 13. Chinês é o idioma mais falado do mundo 15. Chinês é um dos idiomas mais estudados no mundo 18. A China é o maior parceiro comercial do Brasil 22. A China é o país que mais recebe estudantes na Ásia 25. Estudar chinês desenvolve os dois lados do cérebro 29. Aprender chinês ajuda a entender a cultura chinesa 31. Saber chinês abre portas em sua visita à China 35. O conceito da "academia da língua" 38. O que é a "curva do esquecimento" 40. Como criar o hábito para estudar chinês 48. Guia definitivo para aprender línguas, principalmente chinês 54. Estudar mandarim é um jogo de entradas e saídas 57. Imersão: você vai muito mais longe se vestir a camisa

Parte 2 65. Afinal, o que é a língua chinesa? 69. Por que é fácil aprender mandarim? 73. Qual a estratégia mais importante ao começar no mandarim? 76. O alfabeto chinês 79. As entonações 83. A escrita em chinês 91. A diferença dos ideogramas simplificados e tradicionais 93. Todo fim é um começo 95. Com a palavra, nossos alunos 97. Onde você pode encontrar a gente

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Parte 1

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Por que aprender outros idiomas, principalmente o chinĂŞs?


É muito comum a gente falar sobre a necessidade de saber um novo idioma com o avanço da globalização, pois ser capaz de se expressar em outra língua é romper não só barreiras de comunicação, mas também culturais. Certamente a maioria das pessoas consegue citar pelo menos uma língua que gostaria de aprender. Porém, muitas ainda se sentem desmotivadas e acabam deixando essa vontade de lado. Por essa razão, é importante atentar aos benefícios do aprendizado de uma língua estrangeira, que vão além do conhecimento de palavras, do estudo da gramática e construção de frases. Por exemplo, no âmbito profissional falar um outro idioma é o requisito básico de muitas empresas e com certeza é um grande diferencial no momento de procurar uma vaga de emprego. Além disso, conseguir se comunicar na língua nativa de um parceiro de negócios é um detalhe que parece mínimo, mas que faz muita diferença. Pois, além de reforçar o seu vínculo social, você ganha a confiança da pessoa e mostra também o respeito e admiração por sua cultura. Para aqueles que gostam de viajar e conhecer outros países, saber uma língua estrangeira é essencial. O inglês, por exemplo, que é amplamente falado no mundo, pode com certeza lhe ajudar durante uma viagem. Você pode até mesmo embarcar sem saber uma única palavra do idioma do país destino. Mas dominar pelo menos o básico vai enriquecer (e muito!) suas experiências pelo mundo afora. Tudo bem que aprender uma grande número de línguas do mundo seria uma tarefa um tanto quanto árdua, talvez impossível, mas pense por outro lado: conseguir se comunicar no idioma do país visitado lhe proporcionará experiências únicas, como visitar e conhecer lugares que não estão incluídos em roteiros totalmente turísticos. Sem contar as novas amizades e tantas outras coisas que só os habitantes locais podem oferecer a você, como passar a enxergar a rotina do país com um pouco da perspectiva local. Isso com certeza não tem preço.

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Além disso, quando percebemos que somos entendidos durante a comunicação com um falante daquele idioma, a sensação é de termos alcançado uma meta, um sonho sendo concretizado, pois passamos a ser capazes de realizar algo que não era possível antes: comunicar-se em uma língua totalmente diferente da nossa. E isso representa também um lado bem prazeroso quando se aprende um novo idioma, pois os elogios e incentivos ocasionais levantam a nossa autoconfiança. Podemos incluir nessa lista de benefícios o seu enriquecimento cultural, visto que você não precisará depender de legendas ou dublagens para ver filmes e também poderá ler livros e outras publicações não disponíveis em português. Ser capaz de realmente entender o que está sendo transmitido nesses meios faz com que tudo adquira um novo significado, e o mesmo vale para as músicas e outras formas de arte. Além disso, o estudo de um novo idioma faz com que a gente entenda muito melhor sobre as diferenças culturais, e você passa a perceber os hábitos e costumes de outras pessoas de maneira mais compreensiva. Aprender línguas é ampliar horizontes, pois compreendemos além daquilo que estamos habituados. É conhecer o diferente, ouvir e nos colocar no lugar do outro. É entender e respeitar outras culturas, costumes e tradições. E tudo isso nos leva a entender melhor as pessoas em nossa volta. Não só enriquece o nosso caráter, mas nos faz crescer. Aprender línguas é ajudar a gente a se humanizar. Por fim, aprender um novo idioma mantém a nossa mente ativa e proporciona bem estar. Tudo isso porque melhora as nossas habilidades de aprendizado, aprimorando a memória e exercitando o cérebro. É como fazer uma cruzadinha e ganhar super poderes!

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Ok, mas talvez você esteja se perguntando:

“Mas onde o chinês entra nessa história? E por que aprender chinês?” Não é novidade que a China apresenta um crescimento econômico acima da média mundial nos últimos anos e décadas, atraindo cada vez mais atenção no cenário mundial. Por conta deste ritmo de desenvolvimento, o gigante chinês desperta cada vez mais o interesse de brasileiros, interessados no aprendizado de seu idioma e cultura. Um fenômeno totalmente compreensível ao se considerar que a China é o maior parceiro comercial do Brasil desde 2009 e investe bilhões a cada ano em diversos setores da economia brasileira. Com todas essas questões, muita gente acaba se perguntando: chinês é a língua do futuro?, por que aprender chinês? ou chinês é o idioma mais falado do mundo? Estas são perguntas para as quais vamos ajudar você a encontrar respostas neste livro, e esperamos que as informações que reunimos aqui possam ajudar você a se decidir pelo estudo de chinês, caso ainda tenha alguma dúvida sobre isso. São muitas as motivações que podem levar alguém a estudar chinês, algumas delas mais pessoais do que outras. Mas, se podemos dar uma ajudinha nesta escolha, elencamos neste livro 7 motivos para você começar a estudar chinês agora. São razões que ajudam a esclarecer dúvidas que envolvem não só o aprendizado da língua chinesa, mas também sobre a cultura chinesa. Além disso, o conteúdo deste livro também já é muito útil para você aumentar seu conhecimento e se preparar aos poucos para o início de sua jornada de aprendizado desta língua tão fascinante que é o chinês. Vamos lá?

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1. ChinĂŞs ĂŠ o idioma mais falado no mundo

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Engana-se quem pensa que o inglês é a língua mais falada no mundo. Na verdade, o inglês é um idioma muito importante e bastante utilizado principalmente internacionalmente, além de ser a segunda língua mais falada em muitos países. Porém, em número de falantes nativos, o chinês está em primeiro lugar, com cerca de 1,3 bilhões de falantes. E não apenas na China, mas em um total de 33 países. O inglês vem em terceiro lugar, com 380 milhões de falantes nativos (incluindo EUA, Inglaterra e Austrália), atrás do espanhol, com 442 milhões. O mapa a seguir mostra os lugares no mundo em que a língua chinesa é falada. Analisando brevemente, os lugares marcados em tom de azul escuro representam os países em que o chinês é uma língua nativa, primária. Já aqueles de cor verde são os países com mais de 5 milhões de falantes de chinês, reconhecidos oficialmente ou não. Os países marcados em tom de azul mais claro , são aqueles com mais de 1 milhão de falantes de chinês, reconhecidos oficialmente ou não. Por fim, os pequenos pontos em azul representam os principais agrupamentos de falantes nativos pelo mundo.

Fonte: Wikipedia, List of Countries by spoken languages, Sinophone World

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2. ChinĂŞs ĂŠ um dos idiomas mais estudados no mundo

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O mandarim já é um dos idiomas mais estudados no mundo como língua estrangeira. Isso mesmo! O chinês não é só o idioma mais falado no mundo, mas também um dos mais estudados. De acordo com as estatísticas a seguir, podemos ver que o inglês está em primeiro lugar, com 1,5 bilhão de estudantes, grande parte deles na China e na Índia. Em segundo vem o francês com 82 milhões. E na terceira posição vem o mandarim, com 30 milhões de estudantes espalhados pelo mundo, muitos concentrados nos Estados Unidos e na Europa, onde o estudo do chinês é disseminado há mais tempo do que na América Latina.

INGLÊS 1,5 bilhão

FRANCÊS 82 milhões

CHINÊS 30 milhões

ESPANHOL 14,5 milhões

ALEMÃO 14,5 milhões

ITALIANO 8 milhões

JAPONÊS 3 milhões

Fonte: Ulrich Ammon, University of Dusseldorf, The Washington Post

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O estudo do chinês vem se consolidando como uma tendência mundial e pode fazer a diferença no futuro. Como mencionado antes, o inglês é muito requisitado no momento de procurar um emprego. Por outro lado, saber chinês tende a acrescentar um grande destaque em seu currículo, além de ser um diferencial para futuras (e promissoras) oportunidades em grandes multinacionais. Em outras palavras, o chinês está ganhando o status não só de língua do futuro, mas do momento. Vale lembrar também que o mandarim é uma das seis línguas oficiais da Organização das Nações Unidas (ONU), juntamente com o inglês, francês, russo, espanhol e árabe, desempenhando um papel vital nas comunicações internacionais.

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3. A China ĂŠ o maior parceiro comercial do Brasil

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Como vimos há pouco, saber a língua chinesa pode abrir um leque de oportunidades de emprego e existe um contexto para isso. A China é a segunda maior economia do mundo e está crescendo de maneira exponencial para se tornar a primeira economia do mundo. De fato, dependendo dos indicadores analisados, a China já pode ser considerada a maior economia do mundo. E por que se torna mais do que necessário aos brasileiros prestarem atenção a isso? A China é o principal parceiro comercial do Brasil desde 2009. Ou seja: quem souber falar chinês poderá aproveitar as ótimas oportunidades que surgirem dessa relação antes de outras pessoas. Trata-se de uma parceria que está crescendo muito rápido e não dá sinais de que vai mudar tão cedo, como podemos ver no gráfico a seguir. Comércio entre Brasil e China de 2002 a 2013 (US$ milhões):

Fonte: MDIC, Elaboração CEBC

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Ou seja, contar com a língua chinesa no momento de procurar um emprego pode ser uma grande vantagem. Uma maneira de se tornar indispensável e requisitado no mercado de trabalho, uma vez que ainda pode ser desafiador para as empresas encontrarem profissionais que conheçam o mandarim e entendam de cultura chinesa. Um mercado cada vez mais competitivo, mas também consolidado, em boa parte por conta do comércio exterior. Na imagem a seguir, por exemplo, podemos conferir quais são os principais destinos de exportação do Brasil. A China segue em primeiro lugar com 19% do total, equivalente a US$ 36,6 bilhões. E os Estados Unidos em segundo, com 12%, equivalente a US$ 23,4 bilhões. Estes são números em constante atualização, por isso pode ser que estes dados sejam diferentes no momento da leitura. Mas o importante é ressaltar que, apesar das variações, a presença chinesa é constante ao se considerar as exportações brasileiras. Vale a pena também destacar ainda Hong Kong e outros destinos na Ásia no gráfico abaixo, o que evidencia forte movimento do comércio brasileiro para o continente.

Fonte: Atlas Media MIT EDU

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Outro sinal positivo das crescentes oportunidades no mercado de trabalho entre a China e o Brasil é a Feira de Recrutamento de Empresas Chinesas no Brasil, que ocorre anualmente. Neste evento, diversas empresas procuram pessoas que falam bem chinês e conhecem a cultura chinesa, com o objetivo de ocupar vagas para posições que podem ser o início de carreiras promissoras. São vagas com um perfil bastante variado, mas vale destacar aqui algumas das posições já oferecidas por empresas em eventos já realizados no Brasil. São posições para trabalhar como gerente de negócios, advocacia, analista administrativo, engenharia mecânica, gerente de projetos, tradutores e intérpretes e muitas outras posições. E não apenas empresas chinesas estão buscando profissionais no Brasil, mas também empresas brasileiras estão cada vez mais abrindo novas oportunidades na China, que possui o maior mercado consumidor do mundo. Veja a seguir algumas empresas chinesas que já ofereceram vagas no Brasil, além de empresas brasileiras na China:

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4. A China é o país que mais recebe estudantes em toda a Ásia

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A China é o país que mais recebe estudantes estrangeiros em toda a Ásia. Poucas pessoas sabem sobre isso, mas a China é um grande pólo acadêmico no continente e atrai estudantes de todas as partes do mundo. Este é um movimento natural, considerando-se que dentro do território chinês existem 2.246 universidades. Este número de universidades equipara-se à quantidade de instituições de ensino presentes nos Estados Unidos. E as universidades chinesas não são pequenas, não! Todas contam com pelo menos 10 mil alunos, e não é difícil encontrar universidades com mais de 20 mil estudantes. Na China, as universidades públicas ocupam o posto de melhores instituições de ensino no país, de modo que várias delas figuram nos rankings internacionais de melhores universidades em todo o mundo. A experiência de estudar em uma universidade chinesa poderá mudar completamente suas perspectivas de formação para o mercado de trabalho e, como bônus, você ainda acumula a experiência de viver imerso em uma cultura em que há muito a aprender. Ao contrário das universidades brasileiras, na China é muito comum os alunos morarem dentro do campus, transformando o local em uma verdadeira cidade.

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Os estudantes destas universidades são em sua maioria chineses, claro, mas o número de estudantes estrangeiros só aumenta. Por exemplo: em 2016 mais de 440 mil alunos estrangeiros foram estudar na China. Deste total, 50 mil conseguiram bolsas de estudo para ajudar nos custos acadêmicos. Apesar de ser crescente o número de brasileiros que buscam oportunidades de estudo na China, o número ainda é baixo se comparado a alunos dos Estados Unidos e da Europa que vão à China todos os anos. Mesmo assim, já há na China mais de 30 instituições que possuem algum curso relacionado ao Brasil ou à língua portuguesa e já é possível encontrar diversas parcerias acadêmicas. Outra informação importante diz respeito ao teste oficial de proficiência em língua chinesa, o HSK (Hànyǔ Shuǐpíng Kǎoshì 汉语水平考试). No ano de 2016, cerca de 430 mil alunos estrangeiros fizeram esse teste, e a tendência é que essa demanda aumente. De acordo com o nível, é possível se candidatar para bolsas de estudo em universidades chinesas, com programas de graduação, mestrado e doutorado. Como ser autodidata em Chinês

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5. Estudar chinĂŞs desenvolve os dois lados do cĂŠrebro

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Dizer que os chineses são inteligentes e dedicados seria estereotipar toda uma população. Mas, com a maior população do mundo, é claro que alguns se destacam. Foi assim com Que Jianyu, de Fujian, que aos 13 anos entrou para o livro dos recordes quando montou ao vivo, na televisão chinesa, três cubos mágicos enquanto fazia malabares.

Mas calma! Ninguém está dizendo que você vai resolver cubos mágicos com malabares se você estudar chinês. Mas existe um grande número de pesquisas que mostram que estudar outros idiomas nos transforma em pessoas mais inteligentes. Conhecimento é tudo! Agora, que história é essa de que aprender mandarim pode ajudar você a exercitar os dois lados do cérebro? Isto mesmo! De acordo com pesquisas realizadas por estudiosos da Universidade de Pequim em 2014, o chinês é uma das poucas línguas que desenvolve os dois lados do cérebro, por mais surpreendente que isto possa parecer. Para chegar a esse resultado, os pesquisadores realizaram um experimento comparativo com a participação de 30 falantes nativos de chinês e de 30 falantes nativos de inglês, voluntariamente.

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Os voluntários dessa pesquisa foram expostos a dois tipos de discursos em suas respectivas línguas: uma em que a fala era totalmente clara e outra em que ela era um pouco mais difícil de se compreender. O primeiro resultado mostrou como funcionam os cérebros dos falantes de ambas as línguas. O chinês - e outras línguas asiáticas, que não incluem o japonês e coreano -, são línguas tonais. Mas o que significa uma língua ser tonal? Isso quer dizer que dependendo da forma em que o falante pronuncia uma sílaba, ela pode ter significados distintos. Por exemplo, em chinês se uma pessoa quer dizer “mãe”, deverá falar mā. Porém, se ela pronunciar a mesma sílaba, mas com um tom diferente, mǎ, ela vai cometer um erro de comunicação, pois essa última palavra significa “cavalo”. Deu para perceber que apesar de ambas as sílabas possuírem as mesmas letras, as entonações e os significados são diferentes? Línguas ocidentais como o português e o inglês não são tonais, mas também aceitam o uso de entonações, só que de uma maneira bem diferente dos tons dentro da língua chinesa. Trazendo para a nossa realidade, em português o tom se relaciona mais ao sentimento, às noções de modo (em orações declarativas e interrogativas, por exemplo) do que ao significado. Nota-se estas diferenças abaixo:

(Leia em voz alta para perceber as diferenças) (1) afirmativa:

Ela está feliz.

(2) interrogativa:

Ela está feliz?

(3) interrogativa:

Tudo bem?

(4) afirmativa:

Tudo bem.

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Nos exemplos em português é possível perceber que houve mudança apenas no modo de pronunciar as frases, sendo elas interrogativas ou afirmativas, mas não houve mudanças no significado das palavras como no chinês, certo? Dito de outra maneira, esse primeiro resultado mostrou que, no cérebro de um chinês, as conexões entre o som e o significado são as mais importantes. No entanto, no cérebro de um falante de inglês ou outras línguas não tonais como o português, as trocas cerebrais entre o som e o fonema (aqueles que indicam as diferenças entre palavras como “faca” e “vaca”) são mais fortes do que a entonação. No chinês, os tons é que geram o significado. A segunda conclusão desse estudo mostrou que os pontos de funcionamento do cérebro dos falantes de chinês e inglês são diferentes. Enquanto o cérebro do falante de inglês mostrou atividades apenas no lado esquerdo, o de um chinês mostrou em ambos os lados. O ponto R (na imagem a seguir) indica onde o cérebro processa sons. E uma pessoa que fala chinês precisa utilizar esse lado do cérebro para identificar os tons, pois eles guiam os significados.

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6. Aprender chinĂŞs ajuda a entender a cultura chinesa

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Estudar a língua chinesa proporciona não só conhecimento de uma cultura com mais de 5 mil anos de história, mas também ajuda a entender as suas tradições, os costumes, hábitos, etiquetas e a lógica de pensamento de toda uma civilização. É fato que uma língua está muito atrelada a todos esses elementos e muitas vezes o pensamento chinês pode ser diferente do brasileiro. Vamos a um exemplo? Para falar “anteontem” em chinês, utiliza-se a palavra 前天 (qián tiān) e “depois de amanhã”, 后天 (hòu tiān). Acontece que a palavra “qián” significa “em frente” e “hòu” significa “atrás”. Traduzindo ao pé da letra, em chinês “anteontem” significa “dia em frente” e “depois de amanhã” seria o dia “dia atrás”. Isto pode parecer um pouco confuso... Para a lógica dos brasileiros não faz muito sentido, não é? Mas para o pensamento chinês, o passado é algo que está em nossa frente, pois representa coisas que aconteceram e podemos olhar. Se o passado estivesse atrás, como a gente poderia enxergar? Já o futuro, por outro lado, representa na visão dos chineses algo desconhecido, aquilo que não podemos ver, por isso o futuro não pode estar em nossa frente. Bem diferente do que estamos habituados no Brasil, não é mesmo?

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7. Saber chinĂŞs abre portas em sua visita Ă China

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É comum considerar o inglês como uma língua universal, com a qual você provavelmente pode se virar e ser compreendido em qualquer país do mundo. Isto pode até ser verdade para áreas com alta concentração de turistas ou pontos de passagem, como aeroportos e estações de trem. Mas não exatamente fora destas áreas, e por toda parte. E por isso mesmo que estudar chinês (pelo menos o nível básico) pode ser um grande diferencial em sua viagem à China. Embora você vá encontrar muitas pessoas falando inglês em alguns locais, a maioria da população só fala chinês. E se o seu intuito é passar um tempo na China para realmente compreender seus hábitos e sua cultura, o melhor caminho é realmente iniciar os estudos do idioma. Além disso, mesmo que seja apenas a turismo ou em uma rápida viagem de negócios, saber falar chinês pode transformar a sua experiência de viagem em algo muito mais profundo. Isto porque os chineses têm muito orgulho de seu idioma e são geralmente muito gratos quando conhecem algum estrangeiro se esforçando para falar em sua língua, mesmo que apenas algumas palavras.

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Não precisa ser fluente: sabendo se comunicar de maneira básica faz com que os chineses recebam você de braços abertos, de maneira muito mais calorosa, e isto poderá abrir portas que você não imaginaria antes, muito mais do que se fosse tentar falar só em inglês. Pode ser para conseguir a simpatia de alguém em um local que você visita, um desconto mais do que generoso ao comprar um produto e até mesmo para desenvolver novas amizades. Nos negócios, os chineses valorizam muito as relações interpessoais, e muitas vezes saber se comunicar em mandarim pode representar uma grande vantagem para ter sucesso profissional.

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Como aprender outros idiomas? Autodidatas de carteirinha conhecem o processo de aprendizado de mais de um idioma e sabem que o esforço é o caminho para a recompensa. Mas como será a melhor maneira para aprender chinês? Neste capítulo, vamos ensinar sobre o conceito da “Academia de Idiomas” e explicar a lógica da "Curva do Esquecimento" para que você possa atentar ao que importa: criar o hábito de estudo. Além disso, você vai conhecer o Guia definitivo para aprender qualquer idioma, principalmente o mandarim; conhecer as 4 competências que fazem você avançar no estudo e saber como criar um ambiente de imersão no idioma.


Hábito é tudo: crie sua própria academia da língua

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Quando começamos a praticar um esporte ou qualquer tipo de atividade, o início sempre parece um pouco desafiador, certo? Por exemplo, a primeira vez na dança, na musculação, no vôlei ou ioga, tudo é novo e aprendemos o básico para então continuar evoluindo e melhorar cada vez mais. O desânimo faz parte e pode até mesmo fazer a gente desistir de alcançar os nossos objetivos, mas sabemos que é necessário persistência e foco. Estudar um idioma é a mesma coisa: pense sobre isso como um esporte, como se você fosse para a “academia de idiomas". E, para manter a sua língua ativa e saudável, é necessário treino constante. No início, haverá certo estranhamento e você pode se sentir desconfortável, pois a sua língua não estava acostumada a fazer um “esporte” diferente e que apareceu de forma tão repentina.

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Vale dizer: a língua é um órgão muscular extremamente dinâmico e habituado a um conjunto de atividades variadas, como a mastigação e a fala. Um idioma e seus regionalismos, que aprendemos desde a infância, molda o comportamento de nossa língua. Por exemplo: a letra "t" pode ser pronunciada encostando a língua nos dentes ou apenas no céu da boca, vai depender de como aprendemos ao longo da vida. E criar o hábito de posicionar a língua em pontos diferentes quando aprendemos um novo idioma é um desafio que requer repetição, concentração e paciência. Como ir para a academia. Uma das maiores dificuldades durante o aprendizado de um idioma estrangeiro é a regularidade no estudos, pois a tendência é preferirmos a intensidade (o famoso “fazer tudo de uma vez para se livrar logo”) em vez da constância. Em outras palavras, essa regularidade nada mais é que o tempo que você possui com a língua: a quantidade de dias e horas semanais e principalmente a frequência com que você o faz. Ou seja, a parte mais importante do treino na “academia de idiomas” é tornar esse exercício de estudo, que no início exige certo esforço, em um hábito, em algo que fazemos sem pensar. É inserir uma nova realidade em nossas rotinas e permitir que ela ocorra como algo muito natural, sem precisar fazer esforço para continuar.

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O que é a 'curva do esquecimento'? Assim como uma longa pausa em um esporte pode influenciar em seu desempenho, o mesmo pode acontecer durante o aprendizado de uma nova língua. Por isso, é necessário sempre estimularmos a nossa memória para não esquecermos o conteúdo aprendido. Isso está relacionado à Curva de Esquecimento estudada pelo psicólogo alemão Hermann Ebbinghaus: o nosso cérebro retém informações apenas por um período muito curto de tempo e a tendência é que, para não ficar sobrecarregado, ele apaga as informações “aprendidas” que não serão mais utilizadas. Isto é, depois de um curso, por exemplo, tudo aquilo que é considerado dispensável é desfeito automaticamente pelo nosso cérebro. A seguir temos um gráfico que mostra o índice de esquecimento de acordo com o passar do tempo:

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Como podemos observar, depois de um mês, o seu cérebro se lembrará cerca de apenas 20% do que foi aprendido. Da mesma forma em que uma longa pausa em um esporte pode influenciar seu desempenho, o mesmo acontece durante o aprendizado de uma nova língua. É nessa hora que a regularidade nos estudos se mostra tão importante, pois de acordo com os estudos de Ebbinghaus, incluir repetições ao longo prazo faz com que essa porcentagem aumente significativamente. Confira no gráfico a seguir:

Ou seja, a forma de aprendizado mais eficaz não é aquela em que você se dedica apenas um dia da semana durante várias horas ao idioma, mas sim por doses diárias, que não precisam ser necessariamente grandes. O ideal é começar aos poucos e gradualmente aumentar o ritmo e quantidade de conteúdo aprendidos. Não só manter a constância é importante, mas também a qualidade em que as informações são apresentadas à você. Isto é, você precisa se identificar com o que está estudando, gostar de seu aprendizado e fazer dele um processo natural.

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Como criar o hĂĄbito para estudar chinĂŞs

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Como explicado antes, a regularidade é muito importante, seja ela nos estudos, no trabalho, nos esportes ou em outras áreas. Manter um hábito é fácil, pois como ele já está inserido em nossa rotina, o fazemos naturalmente. Por exemplo, escovar os dentes e tomar banho não são coisas que pensamos em fazer obrigatoriamente, pois como estamos habituados a realizar essas ações, simplesmente vamos lá e fazemos. Mas criar um hábito e inserir no dia a dia requer muita disciplina. Geralmente não mudamos os nosso hábitos simplesmente por mudar, a não ser que apareça uma situação ou estímulo externo que nos obrigue a fazê-lo. Por exemplo, se uma pessoa não tem uma alimentação saudável e já apresenta resultados de saúde não satisfatórios, ela provavelmente terá complicações futuras e terá que mudar o seu hábito alimentar. Então, como será possível mudar ou criar um hábito sem que seja necessário ocorrer uma situação de emergência? Voltando para os idiomas e ao processo de tornar o estudo em um hábito, você precisa voluntariamente fazer coisas para deixar o seu estado atual de não aprendizado, seja vendo vídeos na língua alvo, ouvindo músicas, revisando expressões aprendidas ou adquirindo novos vocabulários. É importante salientar que o estudo não se prende apenas ao livro didático e a padrões de sentenças gramaticais, pois todos os itens mencionados há pouco também são formas de estudo. Portanto, inclua nessa lista todos aqueles hábitos que você queira chamar de estudo e claro, que contribuam para o seu aprendizado. Em obras de produtividade muito se fala que um hábito é adquirido após a execução dessa atividade por cerca de 20 a 30 dias. Olhando por esse aspecto pode parecer um pouco desafiador, mas a Pula Muralha elencou 8 dicas que lhe ajudarão a criar e manter um hábito de estudo da língua chinesa ou qualquer outro idioma dentro e após esse período de 30 dias. Vamos lá?

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1. Crie um ambiente que lembre o seu objetivo Depois de estabelecer o seu objetivo, procure criar no ambiente em que você vive coisas que te lembrem disso. Por exemplo, se o seu objetivo é se tornar fluente em chinês, coloque objetos em seu quarto, sejam eles livros, enfeites, quadros, estátuas e tantos outros itens, que te lembrem de sua meta final. Pode ser até a simples troca de tela de fundo de seu celular por alguma imagem relacionada à China. Assim, sempre que você ver aquilo, consciente ou inconscientemente lhe virá à cabeça o pensamento de que ficar parado não vai levar você a lugar algum. Ou seja, é necessário dar o primeiro passo para chegar lá e isso faz com que você tome uma iniciativa para cumprir esta jornada.

2. Crie um hábito de estudo que seja extremamente fácil Para dar início à criação do seu hábito de estudo, não há a necessidade de tentar se acostumar logo de cara com uma prática que pode ser um choque em sua rotina. Muito pelo contrário! Deve ser um hábito extremamente fácil que você não terá como não continuar o praticando. Por exemplo, ao invés de ver 1 hora de vídeo sobre a língua chinesa, comece com vídeos curtos de até 3 minutos. Depois disso, ao invés de tentar aprender 30 palavras no mesmo dia, comece com 5.

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De início tudo pode parecer um pouco sem sentido, tanto que você pode chegar a pensar “não estou entendendo nada, por que vou continuar insistindo nisso?”. Esses passos iniciais podem sim serem um tanto árduos, principalmente nos primeiros 10 dias, já que estamos tentando nos acostumar com algo que não estava inserido em nossas rotinas. Mas lembre-se: estudar um idioma é como um esporte. Assim como nos primeiros dias de atividade física em que o nosso corpo acaba estranhando todo aquele exercício que apareceu de forma abrupta, a baixa motivação para aprender o idioma também pode querer lhe desanimar. As desculpas de que “não tenho tempo”, “estou cansado” ou que “não levo jeito” certamente aparecerão, mas para que tudo se torne um hábito, é necessário força, foco e disciplina.

3. Escolha um ritmo e aumente gradativamente Se você colocou como meta estudar 30 minutos do idioma diariamente, procure manter esse ritmo, pois é melhor estudar um pouco todos os dias do que acumular conteúdo e estudá-lo em um dia só. Se porventura você se empolgar e estudar em um único dia o equivalente a dois, ou então ao que você planeja para a semana toda, não dê a si próprio uma folga por ter estudado “demais”. O descanso, principalmente no início do processo de criação do hábito de estudo, pode quebrar o seu ritmo e desacostumar os seus “músculos” da língua. Em outras palavras, não fique muito tempo sem a prática, pois isso pode prejudicar o hábito e a sua motivação.

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Outro fator importante também é a intensidade com que você vai aumentar o seu hábito. Estimule-o pouco a pouco, sem grandes exageros, deixando a sua motivação crescer naturalmente. Por exemplo, se sua meta inicial é aprender 5 expressões por dia, e depois que se sentir confortável aumentar para 25, com certeza haverá uma grande diferença em seu rendimento, além de influenciar o seu ritmo de aprendizado. Ao invés disso, de 5 expressões passe para 7 e assim por diante, e os resultados se multiplicarão com o tempo. Depois de cerca de 11 a 20 dias executando o seu novo hábito, todo aquele sofrimento inicial terá se esvaecido parcialmente, pois talvez você ainda sinta certo desconforto em exercer algo que não estava acostumado antes. É muito fácil perder o novo hábito, então você precisa se esforçar e lembrar de garantir que a prática e o estudo continuem todos os dias.

4. Solidifique o hábito Após mais da metade do período de criação de sua rotina de estudos, o momento de parar para estudar certamente não terá aquele encargo mental de “estou cansado hoje”, “que preguiça” e todo aquele desconforto inicial. Nessa etapa, você se sentirá mais à vontade para estudar, pois já terá uma noção de seu próprio ritmo de aprendizado, além das maneiras de estudar e praticar determinado assunto. Entre os primeiros 20 a 30 dias de esforço para criar esse novo hábito, atente-se para não negligenciar esse período! Depois de estarmos mais à vontade, é comum querer descansar alguns dias. O famoso “vou deixar para amanhã” pode acabar virando uma bola de neve e prejudicar (e muito!) o seu rendimento. Portanto, é importante manter os estudos nessa etapa final, pois isso fortalecerá o seu novo hábito e a partir de então, ele passará a fazer parte de seu cotidiano.

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5. E depois dos 30 dias? A resposta para essa pergunta é bem simples: continue estudando. Os primeiros 30 dias são essenciais apenas para lhe ajudar a criar esse novo hábito, para lhe ajudar a conhecer o seu próprio ritmo de aprendizado e assim, continuar com ele por um bom tempo. Não é algo que deve ser cumprido apenas dentro do período estabelecido, pois aprender idiomas é uma linha constante. A ideia principal dos 30 dias é tornar aquilo que era uma obrigação, e de certa forma, um sacrifício, em um processo natural, em algo que você faz todos os dias sem pensar. É continuar expandindo o conhecimento.

6. Divirta-se e aproveite o período de aprendizado Além de conseguir fazer do estudo um hábito do dia a dia e manter contato com ele o máximo possível, o segundo fato mais importante é você gostar do que está fazendo. Qualquer método pode funcionar, desde que você se divirta. Porém, isso não significa que o mesmo modo de estudar sirva para todas as pessoas, pois qualquer tipo de avaliação da eficácia do quão bem as coisas funcionam é subjetivo. Por exemplo, se transcrever frases em um papel ou elaborar pequenos flashcards contribuem para o seu aprendizado, os mesmos podem não funcionar para outra pessoa. Cada pessoa possui um ritmo e um modo de absorção de conteúdo diferentes.

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É justamente por isso que conhecer o seu ritmo e modo de aprendizado no primeiro mês é importante. Tendo esse conhecimento interno, fica mais fácil para você perceber quando determinado método não funciona com você. Para saber isso, você deve simplesmente testar. Caso perceba que seu progresso está estagnado, dê mais um passo à frente e procure mudar para continuar evoluindo, pois forçar a fazer algo que não agrada não tornará o seu aprendizado mais efetivo. Além disso, o bom material é aquele que você gosta de utilizar e que o faz você gostar de estudar. Identifique-se com ele, com o seu modo de ensino e tantas outras coisas para que você possa explorá-lo ao máximo e então partir para outros materiais. Portanto, gostar e se divertir com o que você faz é importante para manter a sua motivação.

7. Desafie a si próprio Isso mesmo! Os desafios podem ser inseridos dentro e após os 30 dias. Estabeleça uma regra por mês, por semanas ou até mesmo por dias. Por exemplo, em todas as quartas-feiras você verá pelo menos 15 minutos de um vídeo em chinês; todas as terças você lerá 1 página de um livro, e assim por diante. Quando prometemos algo à nós mesmos é muito fácil burlarmos o que foi estabelecido e conceder uma pequena brecha. Por isso, fale para seus familiares e amigos sobre seus desafios e aprendizados, pois o ato de fazê-lo público reforçará ainda mais a necessidade de cumprir o que você combinou consigo mesmo.

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8. Não tenha pressa Assim como os esportes mencionados anteriormente, aprender uma língua é mais uma habilidade que exige constante prática do que um conhecimento absoluto. Considere um idioma como um ser vivo, que está em constante transformação e que se adapta aos meios em que vive. A partir desse princípio, podemos pensar no estudo de uma língua como algo que levaremos para os restos de nossas vidas, pois assim como os seres vivos que sofrem mudanças ao longo do tempo, o idioma também se transforma. É por isso que necessitamos sempre nos atualizar e acompanhar a sua evolução. Para melhor visualizar essa comparação, pense nas palavras, gírias e expressões que sofreram várias mudanças com o passar do tempo. Todas elas se encaixam em um determinado período da história e de um contexto. Portanto, não há um fim absoluto do conhecimento. É um aprendizado constante e que pode-se dizer, próximo ao infinito, pois sempre haverá algum ponto para melhorarmos e aprendermos mais. Em outras palavras, o hábito de estudo se torna um estilo de vida que exige prática constante, e assim como as atividades físicas, passa a fazer parte não só do nosso cotidiano, mas de nós. Consumir o idioma em diversos meios, sejam eles a música, filmes, podcasts, séries e websites nos faz sempre encontrar uma palavra desconhecida, aprender um outro modo de dizer algo que já conhecíamos, entre outros. Enfim, a ampliação do conhecimento é contínuo. O ponto mais importante é você dar o primeiro passo, se dedicar e manter a constância. Assim o aprendizado será inevitável.

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Guia definitivo para aprender uma nova lĂ­ngua, principalmente o mandarim

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As 4 competências essenciais A comunicação sempre foi muito importante para o homem, pois foi através da necessidade de nos fazer entender e entendermos o próximo que desenvolvemos as diversas formas de linguagem, sejam elas verbais ou não-verbais. O melhor exemplo disso vem do período da pré-história, que diante dos perigos que o mundo oferecia, o homem foi capaz de desenvolver a habilidade de se comunicar com os demais para alertar sobre o que estava por vir. Pensar em comunicação é pensar no processo que envolve a troca de informações entre dois ou mais indivíduos, podendo ser através não só da fala e escrita, mas também por gestos, mímicas, expressões faciais e até mesmo pelo ritmo dos sons e tantas outras formas de expressão.

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Você certamente já ouviu falar sobre as quatro competências linguísticas que nos permitem agir socialmente durante a utilização da língua: escutar, ler, falar e escrever. Da mesma forma em que elas são extremamente importantes para o nosso desenvolvimento na comunicação em nossa língua materna, em um idioma estrangeiro essas quatro habilidades também possuem um papel fundamental. Para iniciarmos o assunto que envolve todas essas competências voltadas para a língua chinesa, confira abaixo algumas perguntas que talvez você já tenha feito a si próprio ou pelo menos já ouviu alguém falar. Tudo pronto? Vamos lá!

听 (tīng) Competência auditiva Por que devo desenvolver a habilidade auditiva em chinês? Treinar o ouvido é o primeiro passo para aprender a falar chinês. Afinal de contas, como você vai responder a algo que ainda não entende? Por isso é importante se acostumar com os sons fonéticos do mandarim. Desta forma, você faz o desconhecido soar familiar. Qual a melhor maneira para desenvolver o ouvido para o chinês? Criar um ambiente de imersão e ouvir músicas chinesas certamente ajuda, como você vai ler um pouco mais adiante neste livro. Porém, se for para dar uma dica, é melhor se habituar a ouvir um áudio curto em chinês uma vez por dia do que ouvir um áudio por várias horas uma vez por semana - ou treinar um áudio médio a cada duas semanas.

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读 (dú) Competência de leitura Por que aprender a ler ideogramas? Os ideogramas estão presentes no dia a dia dos chineses e representam o sistema de escrita chinesa desde o princípio, ou seja, desde o surgimento do idioma. Além disso, a história dos ideogramas está entrelaçada à cultura milenar chinesa. Um brasileiro consegue ler os ideogramas chineses? Infelizmente, há brasileiros que acham impossível estudar a letras chinesas. Porém, qualquer pessoa no mundo pode ler ideogramas, o primeiro passo é estudar. Apesar de ser diferente da escrita do Brasil, com prática e dedicação é possível desvendar os ideogramas chineses.

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说 (shuō) Competência oral É impossível falar os sons do chinês? Infelizmente, há pessoas que acreditam ser impossível para um brasileiro aprender a falar os sons chineses. Esta posicionamento é compreensível, pois há sons em chinês que não encontram correspondência no português, assim como outros idiomas como o inglês, o francês e o italiano. Encarar isso de frente é necessário para entender os sons desconhecidos e depois praticá-los. O que é preciso para falar chinês? O primeiro passo é buscar entender como a língua funciona para só então reproduzi-la. Pode ser tentador ouvir sons e chinês e tentar adivinhar e falar de qualquer jeito tomando por base a língua nativa, mas isto pode ser prejudicial no estudo, porque você corre o risco de fixar um conhecimento simulado, isto é, sem levar em consideração os fonemas originais. Considere que você está começando tudo do zero e, uma vez que você aceitar esta condição, vai ficar mais fácil assimilar. Quando vou falar chinês fluentemente? É comum se perguntar em quanto tempo você poderá falar em chinês. Mas não é honesto responder a esta pergunta sem relativizar o estudo. É impossível dizer se vai levar 1 mês, 1 ano ou 2 anos. Tudo depende do contexto de aprendizado e ritmo de estudo de cada pessoa, de sua dedicação e de sua motivação com os estudos.

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写 (xiě) Competência escrita

Se ler ideogramas é difícil, escrever é impossível? Muita gente pensa que brasileiros simplesmente nunca poderão escrever ideogramas chineses. Mas isto não é verdade, porque assim como a leitura, a escrita também depende de prática. Os ideogramas seguem lógicas que, depois de um tempo, podem ser desvendadas quase por intuição, de maneira automática. É necessário quanto tempo para escrever chinês? A resposta a esta pergunta também é relativa, pois vai depender do contexto de cada pessoa, da dedicação e da motivação com os estudos. É possível escrever algo em chinês depois de uma aula de 30 minutos ou após um mês de curso. Novamente, não é o tempo que vai determinar o conhecimento de escrita, mas sim o envolvimento.

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Estudar mandarim é um jogo de entradas e saídas Apesar dessas quatro competências linguísticas serem frequentemente apresentadas separadas umas das outras, o fato é que elas estão totalmente interligadas entre si. É a partir dessa relação que podemos abordar os termos de entrada e saída durante o aprendizado de um idioma. Mas, o que essas expressões significam? A entrada nada mais é do que aquilo que você recebe ao estudar uma língua estrangeira: vocabulários, frases, diálogos, etc. sejam elas na forma de áudio quanto escrita. A saída é o inverso, sendo tudo aquilo que você produz (palavras, sentenças, textos.) na forma da fala ou escrita. Considerando as quatro competências já citadas (audição, leitura, fala e escrita), a entrada está para a compreensão auditiva e de leitura, enquanto a saída está para a ação de falar e escrever. Como ser autodidata em Chinês

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Para exemplificar toda essa teoria, imagine que nosso cérebro é uma grande pasta com várias repartições e conforme recebemos informações externas (sejam visuais ou auditivas), aos poucos guardamos todas elas em diversas sessões No momento de produzir um conteúdo, sendo ele escrito ou falado, o nosso cérebro procurará dentro dessas várias repartições as informações necessárias (vocabulários, frases, estruturas, expressões, etc.) para que a nossa comunicação seja realizada com sucesso. Em outras palavras, uma habilidade está interligada à outra e isso faz parte do processo de realizar a comunicação. É importante salientar também que jamais conseguiremos reproduzir através da fala ou escrita uma palavra que nunca lemos ou ouvimos. Por exemplo, como se fala “obrigado” em húngaro? Não se sinta mal se não souber a resposta, pois ao menos que você já tenha contato com esse idioma, jamais será possível escrever ou falar em uma língua que nunca tivemos contato. Ou seja, se o seu cérebro nunca recebeu a entrada de um conteúdo em húngaro, é normal não conseguir fazer com que a saída se concretize. Levando esse assunto um pouco mais adiante, pode-se dizer que aprendemos a língua pela língua, pois é ela que nos ensina sobre os seus próprios trejeitos. Isto é, consumir o idioma nos faz aprender sobre ele. É nesse ponto que podemos salientar a importância da exploração do idioma, da entrada de conteúdo e do consumir materiais auditivos e escritos com bastante frequência. Por exemplo, durante o aprendizado de uma língua estrangeira conhecer uma palavra através da leitura e reconhecê-la em um áudio sem nunca a ter ouvido é um sentimento muito mágico. Isso acontece simplesmente pelo fato de você ter consumido a língua, pois inserir conteúdo em sua “grande pasta” lhe ajuda a se preparar aos poucos para outros momentos de exploração do idioma.

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Você pode até mesmo não entender tudo o que está sendo dito, mas o importante é que você comece a entender como o idioma funciona. Melhor ainda é quando em determinado contexto você consegue utilizar a palavra em questão, ou seja, houve a entrada de informação e você fez com que ela se realizasse na saída através da forma escrita ou oral. O ponto é: o que te faz melhor aprender uma língua não é apenas falar, mas sim inserir cada vez mais conteúdos para dentro de sua “grande pasta”. O cérebro humano é fascinante porque nele o conhecimento se acumula, mesmo que inconsciente. Claro que o ato de falar o idioma auxilia muito em nossa motivação, nos faz querer continuar praticando em voz alta, pois afinal, falar em outra língua é bastante divertido, nos dá autoconfiança. Além disso, a fala também nos indica os lugares em que precisamos melhorar, isto é, as sessões da “pasta” que necessitam de mais informações para nos auxiliar durante a comunicação. Por exemplo, se você está conversando em outro idioma sobre a culinária mexicana e em determinado momento não consegue se expressar, isso te faz perceber que há pontos nesse assunto que devem ser melhorados. Portanto, é através da absorção e armazenamento de informações que somos capazes de nos comunicar. A nossa capacidade de produção (a saída) estará sempre diretamente ligada à quantidade de dados que foram colocados durante a internalização (entrada).

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Imersão: você vai muito mais longe se vestir a camisa Com o ritmo crescente da globalização e a necessidade de conhecer e se interligar à outras culturas, nos últimos anos a procura dos brasileiros por intercâmbios tem aumentado gradativamente. Sem dúvida alguma você conhece ou já ouviu falar de alguém que se mudou para outro país e aprendeu o idioma “num piscar de olhos”. Mas, como isso é possível? A resposta é simples: Imersão. E o que é, afinal, imersão? Primeiramente vamos à definição do dicionário: I.mer.são (substantivo feminino): ação ou efeito de imergir(-se); ato ou resultado do processo de mergulhar (alguma coisa) em um líquido; submersão.

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Ué, o que tem a ver o processo de mergulhar algo em um líquido com o aprendizado de línguas? A resposta é: tudo! Olhando pelo lado metafórico, imagine que você está diante de um oceano e que dentro dele está contido tudo relacionado à língua chinesa. Ao mergulhar nele pela primeira vez, você se sentirá inseguro, pois está entrando em um ambiente totalmente desconhecido, onde tudo é muito diferente. Porém, diante de toda aquela imensidão, aos poucos você começa a se habituar com o novo e passa então a explorá-lo. Como se trata de um oceano, a quantidade de informações em sua volta e por toda a extensão marítima será imensurável, pois sempre haverá novas áreas e espécies para descobrir e pesquisar. Lembre-se: o aprendizado de um idioma também é constante, e assim como no exemplo do oceano, sempre haverá pontos para melhorarmos e aprendermos cada vez mais. No início talvez você se sinta perdido, mas com o tempo surgirá a vontade incessante de conhecer o máximo do que for possível. A imersão, portanto, nada mais é que um ambiente em que você está constantemente em contato com determinado idioma, e o melhor exemplo disso são as pessoas que moram no exterior e aprendem rapidamente a língua local. A grande pergunta é: será possível criar um estado de imersão mesmo morando no Brasil? A resposta também é simples: sim, qualquer pessoa pode desenvolver um ambiente de imersão sem precisar viajar para fora do país. Então, como dar início à esse processo de imersão e principalmente para a língua chinesa? Bom, a ideia inicial é você começar aos poucos se aproveitar das oportunidades de estar em contato com o idioma chinês, seja através da música, livros, filmes, jogos, séries, websites, aplicativos, revistas e tantos outros meios de comunicação que lhe permitem colocá-lo em contato com o idioma. O importante também é aumentar a frequência de acordo com a progressão do seu ritmo de estudos. Não há a necessidade de fazer essa mudança da noite para o dia, pois exagerar logo no início pode afetar a sua rotina.

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Você ainda se lembra dos passos iniciais para criar o hábito de estudo? Pois é! tudo está interligado. Por isso o ideal é começar com pequenos passos. Mas qual a importância de criar essa imersão? Pense nas escolas de ensino de idiomas no Brasil. Geralmente o contato com uma língua estrangeira é feito apenas de uma a duas vezes por semana com uma ou duas horas de duração. Se compararmos esse tempo de convívio com o idioma com o estado de imersão em outro país, perceberemos que se trata de um período muito curto de aprendizado, o que o torna mais difícil e penoso. Como vimos anteriormente a respeito da Curva do Esquecimento, quando o aluno vê um novo conteúdo em sala de aula e apenas o pratica algumas vezes, provavelmente depois de alguns meses, semanas e até dias, tudo aquilo cairá no esquecimento. Ou seja, estar constantemente em contato com o idioma é essencial para o seu aprendizado (você ainda se lembra da importância de consumir a língua e do fato de aprendermos a língua pela língua?). De início, tentar criar um ambiente de imersão para aumentar o convívio com o idioma pode soar como algo absurdo e até mesmo sem sentido para muitas pessoas, mas saiba que tomar essa atitude trará muitos benefícios para os seus estudos. Dito de outra maneira, você deve aprender a viver a língua e é a imersão que lhe possibilitará a criar essa experiência. A seguir separamos por categorias algumas sugestões simples para que você possa dar início à esse processo de imersão, e assim aumentar o seu contato com o chinês. Tudo pronto? Vamos lá!

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音乐 MÚSICAS Mesmo que você não esteja habituado a ouvir músicas em chinês, procure dar esse primeiro passo, pois a música é sem dúvidas uma das melhores formas de se familiarizar com o idioma e quebrar essa barreira entre o seu estranhamento a algo que desconhece. Além disso, ouvir música nos proporciona a boa sensação de diversão. Depois de selecionar uma música de seu gosto, procure por sua letra com o pīnyīn (que é o sistema fonético que cria correspondência entre o chinês e as letras latinas) e a ouça quantas vezes forem necessárias para que você entenda os sons, para então começar a tentar reproduzi-los. Se você conta com o auxílio de um professor, selecione, por exemplo, apenas o refrão e o estude profundamente. Entenda as palavras e as estruturas ali propostas. Para que você dê início ao seu contato com músicas chinesas, busque em lugares onde você já escuta músicas naturalmente, como o YouTube. Veja uma lista de músicas para estudar chinês acessando este link. Você também pode pesquisar em sites como o Spotify ou em páginas chinesas como a Xiami. Como ser autodidata em Chinês

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电影 FILMES Se você gosta de filmes chineses e se acostumou a assisti-los dublados, que tal mudá-los para o chinês com legendas? Os filmes são formas excelentes de melhorar sua compreensão auditiva e adquirir novos vocabulários. Ademais, também é uma das melhores formas de imersão, pois com o filme você se depara com situações corriqueiras que podem ser semelhantes ao nosso dia a dia. Com isso, o acesso às palavras, expressões e ao entendimento da forma de se expressar em chinês são bem consolidadas, pois é como se você estivesse inserido no contexto da narrativa, ouvindo os personagens conversando entre eles. Assim como na música, não há a necessidade de entender todas as palavras faladas no filme. Selecione um trecho de seu interesse e explore o máximo que puder, fazendo de tudo para entender os vocabulários e as estruturas ali presentes.

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APPS Que tal usar os aplicativos de celular para auxiliar o seu aprendizado da língua chinesa? São inúmeras as possibilidades de melhoria no estudo usando o celular, a começar por aplicativos focados no mandarim. Por exemplo, ao invés de carregar um dicionário físico o tempo todo com você, acesse a loja de seu celular e baixe o dicionário Pleco, pois ele certamente será de grande ajuda. O Pleco conta com uma versão apenas em inglês e é uma ferramenta muito útil para quem já estuda chinês há algum tempo. Além disso, o app tem um sistema de reconhecimento de escrita: você pode escrever usando os dedos. Outra dica é o Hi Native, disponível em português e que facilita a sua comunicação com nativos de vários países, incluindo a China. Você pode fazer perguntas e esperar que outras pessoas respondam. E por fim, tente também o Pin Pin, em inglês, ótimo suporte para revisar sons de pīnyīn e praticar sua pronúncia. As lições contam com vários quizzes com áudio em que o aluno deve selecionar a opção ouvida. Como ser autodidata em Chinês

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日常 ROTINA A curiosidade e a disposição são grandes aliadas no estudo de chinês. Procure viver a cultura chinesa, visitando restaurantes e outros locais, mas também tente trazer o aprendizado para sua rotina. Por exemplo: escreva post its com ideogramas e cole por toda sua casa para ajudar a lembrar vocabulários comuns. Isso vai criar um contato visual direto e constante. Separe por cores e categorias (substantivos, verbos, adjetivos.) e tente lembrar cada um uma vez por dia. Outra tática: criar seus próprios flashcards à mão! Corte folhas em quadradinhos e de um lado escreva apenas o ideograma, e do outro, escreva a sua leitura e significado. Quando já tiver um “bolinho” de cartas, revise e crie novas. Combine isso com o Quizlet, um site que permite criar os seus próprios flashcards online e colecionar conjuntos de palavras, avaliando seu desempenho em tempo real. São sugestões que ajudam a criar um ambiente de imersão para ir além e ter controle de seu estudo: isto vai dar muito resultado a longo prazo.

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Parte 2

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Afinal, o que é a língua chinesa?

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Quando o assunto é o aprendizado da língua chinesa, é comum muitas pessoas carregarem certo receio em iniciar os estudos desse idioma mesmo sem nunca ter tido contato com ele, julgando difícil e até mesmo impossível. Com isso, é normal surgirem dúvidas como:

A SE QUAL LÍNGU INA? FALA NA CH

TODOS AQUE LES SÍMBOLOS TE M UM SIGNIFICA DO DIFERENTE?

QUAL A DIFERENÇA ENTRE CHINÊ S E MANDARIM ?

COMO FAZ PA RA LER AS LETR AS CHINESAS?

OS CHINESES LEVAM A VIDA TODA PARA APRENDER A ESCREVER?

É DIFÍCIL ESCREVER AQUELES 'RABISCOS'?

E aí que você percebe que, antes de entender sobre a língua chinesa, é importante sabermos a respeito da situação linguística da China, que é um pouco diferente da existente no Brasil. Enquanto no Brasil um gaúcho consegue se comunicar com um cearense sem muitas dificuldades, na China, uma pessoa do sul certamente não entenderá a língua de uma pessoa do norte. Isso se deve ao fato de que povos de regiões distintas da China falam línguas muitas vezes incompreensíveis um para o outro. São os conhecidos dialetos, que revelam a origem de um chinês dentro de seu próprio país.

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Atualmente existem 56 grupos étnicos reconhecidos pelo governo da China, conhecidos também como 少数民族 (shǎoshù mínzú), sendo 91% dessa população pertencente à etnia Hàn. Mas, o que são grupos étnicos? Por sua definição, são vários conjuntos de pessoas que formam a Humanidade e que são responsáveis pelas notáveis diferenças entre os seres humanos, não só por traços físicos, mas também a nível cultural. Ou seja, dentro da China, em virtude dessa diversidade, cada povo possui a sua própria língua, os seus próprios costumes e tradições. Então, com toda essa pluralidade presente no território chinês, qual será a língua falada na China? Com o intuito de evitar esses conflitos linguísticos no país, a preocupação em criar um idioma padronizado surgiu pela primeira vez no fim da Dinastia Tang (618 a 907 d.C.). Você já ouviu falar sobre o “mandarim”? Pois é! O mandarim como é utilizado nos dias de hoje foi estabelecido como língua oficial da China nos anos de 1950. Ele é conhecido também como 普通话 (pǔtōnghuà), literalmente “língua padrão”, e tem sua influência histórica dos dialetos de Pequim, capital da China há cerca de 1000 anos. Sendo a língua de ensino em todas as instituições escolares e falado por toda a China Continental e Taiwan, o mandarim é requisito não só para situações formais, mas também é a língua oficialmente utilizada em trabalhos de órgãos governamentais, programas de rádio e televisão, etc. Ou seja, é a língua que permite a comunicação entre um chinês do norte e um do sul. Porém, em situações informais, tais como encontros familiares e reuniões entre amigos, os dialetos são amplamente utilizados. Dito de outra maneira, eles coexistem com a “língua padrão”, sendo muito comum casos em que chineses falam tanto o dialeto de sua região de origem quanto o mandarim. Como ser autodidata em Chinês

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Até aqui, foi possível perceber a importância do aprendizado do mandarim, certo? Mas talvez ainda tenha ficado uma dúvida para trás: “chinês e mandarim são a mesma coisa?” Ambos os termos são utilizados frequentemente como sinônimos, mas há uma pequena diferença: o termo “chinês” se refere à todas as línguas existentes dentro da China, incluindo não só os dialetos, mas também o mandarim. Ou seja, é como se todas as línguas da China fossem colocadas em um grande pacote chamado “chinês”. No infográfico a seguir, podemos visualizar melhor essa questão: o chinês como a língua mais falada do mundo (se tomarmos como base o número de falantes nativos) e os seus principais dialetos.

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Por que ĂŠ fĂĄcil aprender mandarim?

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O primeiro grande desafio que surge para a maioria das pessoas quando se fala em aprender a língua chinesa é escrever aqueles vários “rabiscos” ou “desenhos”, que são chamados, de fato, ideogramas. Afinal, eles são tão difíceis assim? A resposta é: não! Mas espere só mais um pouquinho, pois logo você vai descobrir os mistérios por trás de todos eles. Vamos primeiro pontuar outras facilidades do chinês.

1. Verbo único Em português precisamos conjugar todos os verbos para todas as pessoas, certo? Por exemplo, “eu amo”, “tu amas”, “ele ama”, “nós amamos”, “vós amais”, “eles amam”. Em chinês, por outro lado, não há flexão de verbos, pois todos são utilizados da mesma forma para todas as pessoas. Confira a seguir: 我爱你

你爱我

wǒ ài nǐ

nǐ ài wǒ

Eu amar você

Você amar eu

2. Gramática simples Você se lembra de sua professora de português sempre pedindo a concordância entre gênero, número e grau em suas redações? Achava difícil todas essas regras ou simplesmente não se recorda sobre o que são esses termos? Em chinês é bem simples: essa regra não existe!

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Mais um exemplo: de acordo com a norma padrão, em português, a frase “os menino chutou o bola” está incorreta, pois não há a concordância entre os elementos da frase, sendo necessário corrigi-la para “os meninos chutaram a bola”, certo? Ou seja, foi necessário modificar as palavras para construir a concordância e enfim ela ser aceita gramaticalmente. Agora confira as seguintes frases em chinês: 我是巴西人

我们是巴西人

wǒ shì bāxīrén

wǒmen shì bāxīrén

Eu sou brasileiro

Nós somos brasileiros

Nos exemplos acima, uma frase está na 1° pessoa do singular (eu) e a outra na 1° pessoa do plural (nós). Em português, mudamos não só a pessoa, mas o verbo é conjugado de forma diferente, além de ser necessário acrescentar o “-s” na palavra “brasileiro” para indicar plural. Em chinês é muito mais simples, pois basta acrescentar a palavra 们 (men), que indica plural, junto ao pronome “eu” e pronto! Fácil, né?

3. Palavras lógicas Sempre que estudamos um idioma é importante tentarmos entender a lógica existente em diversos aspectos. Em português, por exemplo, o prefixo de negação “in-” é sempre utilizado para negar ou indicar oposição ao sentido original de uma palavra: indiferente, incolor, incontestável, intocável, e assim por diante. O chinês não é exceção, pois também há uma lógica por trás das palavras. Muitos termos têm a origem da junção de dois significados, o que pode facilitar ainda mais o nosso aprendizado. Vamos aos exemplos:

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电 diàn eletricidade

钱 qián dinheiro

+

脑 nǎo cérebro

=

computador

+

包 bāo bolsa

=

carteira

4. Sem artigo ou gênero Uma das dificuldades encontradas pelos estudantes estrangeiros ao aprenderem o português são os artigos, que nada mais são que aquelas palavras que vão antes de um substantivo. Por exemplo: “o dia”, “a foto”, “a escada” e assim por diante. Se alguém falar “o foto” está errado, pois “foto” é uma palavra feminina sendo “a foto” o jeito correto, certo? Mas, se seguirmos a lógica do português, “foto” termina em “o” então não deveria ser uma palavra masculina? Ficou um pouco confuso? Pois é! Imagine para os chineses, já que no idioma deles não há essas regras! Outro ponto que facilita para os brasileiros aprenderem chinês é que muitas palavras não tem gênero:

谢谢

巴西人

xièxie

bāxīrén

obrigado/obrigada

brasileiro/brasileira

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Qual a estratÊgia mais importante ao começar no mandarim?

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Você vai começar a estudar chinês esta semana e precisa definir qual será a sua estratégia para iniciar seu aprendizado. Vamos dizer que você tem quatro possíveis caminhos a seguir. Qual você escolhe? A) B) C) D)

começar escrevendo os ideogramas imitar um chinês falando até falar igual olhar um texto em chinês e copiar os ideogramas aprender a escrever com letras latinas

Se você respondeu que sua estratégia inicial será "aprender a escrever usando letras latinas", parabéns! É isso mesmo que você acabou de ler! A primeira coisa mais importante ao aprender chinês é saber escrever os ideogramas com letras latinas. Espere aí, os ideogramas não são formas muito importantes do sistema de escrita da língua chinesa? Por que aprender a escrever "errado"? A resposta é: sim, eles são super importantes! Mas não se engane pensando que os chineses escrevem apenas em ideogramas. Assim como nós, eles também aprendem desde muito cedo a escrever em letras latinas, assimilando-as sempre a um determinado som do idioma deles. Se você já pensou porque o chinês tem dificuldade para pronunciar o rrrrrr do português, este é um fonema que simplesmente não existe em mandarim. Do mesmo modo, os chineses também usam sons que os brasileiros simplesmente não conhecem. Apesar das diferenças, o caminho é o mesmo. Ou seja, ao dar o passo inicial no mandarim, o importante é procurar entender e praticar os sons como se você estivesse começando a sua alfabetização em uma escola da China. Outro motivo para começar pelo pīnyīn, que é o nome dado ao sistema fonético que cria correspondência entre o chinês e as letras latinas, é que inicialmente você não precisará se preocupar com os ideogramas e isso vai te ajudar a criar confiança para superar a barreira inicial de entendimento do idioma. Depois, aí sim, é hora de ver os ideogramas. Como ser autodidata em Chinês

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Bom, vamos então entender um pouco mais sobre o pīnyīn? Curiosamente, foi apenas no século 20 que a China passou a desenvolver um sistema de correspondência fonético para incluir o alfabeto latino. Com a influência crescente das culturas ocidentais, países asiáticos criaram maneiras de se corresponder com o uso de um novo alfabeto, usando letras. E foi o caso do pīnyīn na China. Mais tarde, a tecnologia mostrou que a criação destes modos de correspondência também seria útil para digitar palavras no teclado do computador. Além disso, os chineses também criaram softwares para escrever ideogramas como se usassem um pincel, sem a necessidade de usar o abecedário, apenas usando o mouse ou os dedos. Os chineses já haviam elaborado um conjunto de padrões fonéticos com mais de 30 sinais para facilitar a aproximação com as línguas estrangeiras no início da década de 1910. Esse padrão fonético ficou conhecido como zhùyīn e usava formatos dos ideogramas chineses para se corresponder com o alfabeto latino. O zhùyīn foi utilizado no continente durante cerca de 40 anos e ainda é recorrente em Taiwan. Na China Continental, o pīnyīn foi estabelecido como método oficial de romanização do mandarim durante a década de 1950. Literalmente significa “som soletrado” e as palavras escritas em pīnyīn têm estes símbolos sobre as letras porque, caso contrário, não seria possível ilustrar as peculiaridades dos fonemas chineses em letras latinas.

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O alfabeto chinĂŞs

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Uma dúvida muito frequente é se na língua chinesa existe algum alfabeto como no português. Se levarmos em conta os ideogramas chineses, a resposta é “não”. Se levarmos em conta o pīnyīn, a resposta é “sim”. Ficou confuso? Bom, muita gente pensa que o pīnyīn serve para que os estrangeiros possam ler em chinês a partir de símbolos conhecidos. Porém, apesar de ser usado para o ensino do idioma dentro e fora da China, o alfabeto do pīnyīn não faz correspondência aos sons do inglês ou português. Ele foi criado levando em conta as necessidades dos chineses. Portanto, ao estudar a língua chinesa é essencial ter cuidado para não ler as letras do pīnyīn com os sons do português, pois como vimos antes em ambas as línguas há sons que não existem uma na outra. Então, como será que funciona o alfabeto do pīnyīn? A montagem é simples. Cada som do pīnyīn corresponde a um ideograma e é formado por letras iniciais e finais. As iniciais sempre aparecem, claro, no início das sílabas e são formadas por consoantes. Já as finais são equivalentes às nossas vogais e sempre aparecem no final das sílabas. Como foi dito há pouco, a leitura do pīnyīn exige pronúncias diferentes do que seria no Brasil. A pronúncia de ch, por exemplo, não é igual ao som de xis‛ que conhecemos do português brasileiro. Nem o r corresponde ao rrrrr ou a r de rato ou ao rr dobrado como falamos no Brasil. Como ser autodidata em Chinês

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É preciso prestar atenção às orientações do professor e perceber os novos sons apresentados para descobrir e melhor maneira de poder imitá-los. Como a língua é um músculo, é preciso descobrir a posição em que você pode reproduzir determinado som para ficar fiel ao que deve ser entendido como mandarim. Vamos para um exemplo para ficar mais claro:

No exemplo acima, temos o caractere chinês 电 (em amarelo) que significa “eletricidade” e sua transcrição fonética em pīnyīn é “diàn”. A inicial dessa palavra é “d”, enquanto sua final é “ian”. Note que em cor verde ( ` ) está o tom da palavra, que indica o modo em que ela deverá ser pronunciada, mas isso será assunto de nosso próximo capítulo.

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As entonações

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Assim como outros idiomas asiáticos, a língua chinesa é uma língua tonal e a mudança do tom em uma determinada sílaba leva a significados distintos. Mas espera aí, o que é uma língua tonal? O que é essa mudança de tom? Será que existe em português? Sim, existe em português, mas em menor escala, como nas frases a seguir: (Leia em voz alta para perceber a diferença) - Tudo bem? - Tudo bem. Podemos perceber que o “bem” na primeira e segunda frase se difere por suas respectivas entonações, onde a primeira é ascendente, e a segunda, descendente. Essa pequena diferença não implicou em significados totalmente distintos, apenas distinguiu a sentença interrogativa da afirmativa. Do mesmo modo, quando estamos chamando alguém em voz alta ou estamos bravos e exaltados, a entonação no português está mais para a mudança do sentimento do que o significado da palavra. Vamos para mais um exemplo: Imagine que você está em seu quarto e sua mãe lá da cozinha lhe chama para pedir um favor. Imaginou? Lembrou-se da entonação que ela geralmente utiliza para lhe chamar? Agora imagine que você derrubou sem querer o conjunto de pratos preferidos dela e os escondeu em algum lugar da casa, mas infelizmente ela os achou e imediatamente está te chamando para exigir explicações. Imaginou? Pois é! As entonações utilizadas nesses dois exemplos mudaram apenas o sentimento, mas não o significado.

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Como foi dito anteriormente, em mandarim, quando se muda o tom de uma palavra, muda-se totalmente o seu significado. Isto é, uma mesma sílaba pronunciada de maneiras diferentes têm significados diferentes. O mandarim possui quatro tons principais, ou seja, quatro formas de ler uma mesma sílaba. Todos eles são representados por sinais gráficos que ficam acima das letras do pīnyīn (finalmente descobrimos o que são esses símbolos!). Eles são representados da seguinte maneira:

Primeiro tom —

Segundo tom ∕

Terceiro tom ﹀

Quarto tom \

Primeiro tom

Segundo tom

Terceiro tom

Quarto tom

ā

á

ǎ

à

Portanto, a palavra 电 “diàn” (eletricidade) que vimos anteriormente está no quarto tom. É válido ressaltar que esses símbolos que representam os tons nunca estão sozinhos. Eles sempre acompanham as letras finais no pīnyīn, indicando a exata pronúncia de cada sílaba. A tabela a seguir nos mostra quatro palavras com a mesma sílaba “ma”, mas todas com tons diferentes sobre o pīnyīn, além de ideogramas e significados distintos:

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Ideograma

Pinyin

Significado

mãe

tipo de planta

cavalo

xingar

Na prática, significa bastante treinamento e momentos engraçados, porque cedo ou tarde você vai tentar falar uma palavra e soltar outra sem querer, mudando o sentido. Mas, como em todo idioma, basta treinar e perceber como a língua evolui com o tempo. É como andar de bicicleta. Uma vez que você se equilibra, dificilmente cai outra vez!

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A escrita em chinĂŞs

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?

a) céu

c) terra

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A RESPOSTA CORRETA É B (ÁRVORE)

b) árvore

Descubra o significado do ideograma

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?

+

b) incêndio c) vulcão

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Descubra o significado da palavra

A RESPOSTA CORRETA É C (VULCÃO)

a) fósforo

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? +

=

a) sol + lua = mar

c) sol + lua = galáxia

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A RESPOSTA CORRETA É B (BRILHANTE)

b) sol + lua = brilhante

Descubra o significado desta junção

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Aprender e entender os ideogramas chineses é sem dúvida alguma uma das melhores formas de compreender mais sobre a história e cultura da China. E, com os exemplos anteriores, foi possível perceber que eles não são impossíveis de serem desvendados como muitas pessoas pensam. Vamos à mais um ideograma interessante.

O ideograma 女 significa mulher e como podemos ver ele passou por muitas transformações até chegar a sua forma atual. Se juntarmos esse ideograma que significa mulher com o ideograma que representa “teto”, teremos a seguinte formação: 女 mulher

+

宀 teto

=

安 ?

O que será que significa “mulher + teto”? Pense nos tempos remotos, há milhares de anos. A mulher permanecia dentro de casa cuidando de sua família e assim estava protegida. Qual o sentimento que pode estar envolvido nesta situação? Isso mesmo! Era a segurança, a tranquilidade. Exemplos como esse são comuns na língua chinesa, de modo que aprender a escrita muitas vezes envolve compreender algum aspecto cultural. Também leva a reimaginar o raciocínio dos primeiros habitantes que começaram a desenvolver um sistema de escrita na história da China.

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Tudo isso começou com um povo que esculpiu histórias sagradas no casco de uma tartaruga há muito tempo atrás. É o primeiro registro de um estilo de ideograma sobre o qual se tem conhecimento na China. O registro faz parte de uma coleção de 4500 símbolos marcados em cascos de tartaruga e ossos de animais durante a Dinastia Yin, isso lá nos anos de 1600-1047 a.C. Veja abaixo o ideograma "sol":

Do mesmo modo em que as outras línguas passaram por várias evoluções e reformas, no chinês também ocorreram algumas transformações. Em alguns casos as mudanças foram realmente grandes. Em outros, o formato dos ideogramas não mudou muito desde o seu surgimento. E o legal de aprender a escrever é que, às vezes, principalmente no início, os traços imitam objetos reais. Portanto, reconhecer e entender os ideogramas é muito mais fácil do que você imaginava! E já temos aqui também a resposta para aquela famosa pergunta: “todos aqueles símbolos tem algum significado?”. É claro que sim! Todos possuem uma ideia, transmitem um significado para quem os vê. Alguns serão mais fáceis e simples de interpretar, outros vão exigir um nível maior de abstração e muitos passaram por mudanças ao longo do tempo que alteraram completamente seu formato original. Mas cada um esconde um segredo a se descobrir.

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Agora, se todos os ideogramas transmitem uma ideia, qual é a diferença entre o alfabeto do português e os ideogramas utilizados pelos chineses? Enquanto o nosso alfabeto combina letras latinas isoladas para formar uma palavra, a escrita chinesa utiliza símbolos que já possuem um significado próprio, ou seja, são unidades que não precisam ser combinadas com outras para formar um sentido. Vamos exemplificar? Em português se escrevermos apenas “s” não teremos nenhuma palavra, certo? Agora, se combinarmos ela com as letras “o” e “l” formaremos a palavra “sol”. É através desse processo de combinação de vogais e consoantes que construímos as palavras de nossa língua escrita. Ou seja, o reconhecimento das palavras revela não apenas os sons, mas também os seus significados.

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Por sua vez, os ideogramas fazem o caminho inverso. O leitor reconhece primeiro o seu significado que está associado à escrita, e depois passa a conhecer a pronúncia das palavras de sua língua. Por exemplo, “sol” em chinês é representado pelo ideograma 日 e sua pronúncia é “rì”. Como esse ideograma já carrega em si o seu significado, não há a necessidade de combiná-lo com outros para formar uma ideia. Simples assim. Falando assim temos a impressão de que os ideogramas são uma realidade totalmente distante da nossa, mas saiba que não são! Em nosso dia a dia lidamos com alguns deles também: os números. Eles são formas de escrita de um sistema ideográfico: quando escrevemos 4, 8 ou 10 sabemos que esses símbolos estão associados a uma quantia, e com isso podemos dizer os sons relacionados a eles: “quatro”, “oito” e “dez” respectivamente. Se existem tantos ideogramas que representam uma ideia, será que é necessário saber milhares deles? E com isso os chineses levam a vida toda para aprender a escrever? Bom, o idioma clássico chinês reúne cerca de 50 mil ideogramas, mas este número não deve lhe preocupar, pois o conhecimento de símbolos antigos é assunto para doutores em Literatura chinesa. Ou seja, os chineses aprendem a escrever durante o período da escola, assim como nós aqui no Brasil. Só quem estuda Literatura é que continua em um grande processo de aprendizado de ideogramas. Nos tempos modernos, calcula-se que entre 10 e 20 mil ideogramas estão em uso. Mas, será que é necessário aprender tudo? Eles são usados diariamente?

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A boa notícia para o iniciante em mandarim é que não é preciso decorar tudo isso para conseguir se comunicar bem. Na China contemporânea, cerca de 3,5 mil ideogramas satisfazem a necessidade de leitura geral. Melhor ainda: dominar 1 mil símbolos já é o bastante para ler mais de 90% do conteúdo de jornais ou revistas, conversar por mensagens de texto e, claro, bater papo no dia a dia.

A diferença dos ideogramas simplificados e tradicionais Uma dúvida muito comum do estudante que acaba de começar na língua chinesa envolve os ideogramas simplificados e tradicionais. Afinal, esses dois termos são utilizados para designar os dois tipos de escrita que existem dos ideogramas chineses. Mas fique calmo porque não é um bicho de sete cabeças! Na verdade é bem simples. Como vimos anteriormente, na China, além do mandarim, há muitos dialetos. Apesar de todos eles serem falados de formas bem diferentes, eles compartilham de um mesmo sistema de escrita: os ideogramas chineses, que são conhecidos também como 汉字 hànzì. Porém, depois das várias mudanças de caligrafia ao longo dos anos, os hànzì foram simplificados na China Continental na década de 1950, após uma grande reforma, realizada justamente para "simplificar" os traços e fazer com que mais pessoas pudessem aprender a escrever. Com isso, passaram a existir dois padrões desse sistema de escrita: os já mencionados “chinês simplificado” e “chinês tradicional”.

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Enquanto o chinês simplificado é utilizado na China Continental e o chinês tradicional é utilizado em Hong Kong, Macau e Taiwan. A principal diferença entre essas duas categorias reside na quantidade de traços dos ideogramas: o chinês tradicional possui mais traços e estruturas mais complexas se comparados ao chinês simplificado. Confira na tabela a seguir:

Chinês Tradicional

Chinês Simplificado

Pīnyīn

Significado

風 (9 traços)

风 (4 traços)

fēng

vento

龜 (16 traços)

龟 (7 traços)

guī

tartaruga

馬 (10 traços)

马 (3 traços)

cavalo

Se a sua preocupação é aprender os dois sistemas, fique tranquilo. No Clube de Chinês da Pula Muralha você aprenderá o chinês simplificado, pois é o padrão utilizado por toda China Continental. Além disso, ambas as formas muitas vezes se aproximam, de maneira que, se você souber escrever algo em chinês simplificado, provavelmente poderá ler a forma tradicional, mais detalhada, e vice-versa.

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Todo fim é um começo

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Neste livro vimos que aprender mandarim representa uma série de oportunidades crescentes no Brasil. E que, apesar do senso comum considerar o idioma extremamente difícil, na verdade ele representa um desafio possível, que pode ser alcançado quando se tem um método. Este livro foi cuidadosamente desenvolvido por pessoas apaixonadas pelo mandarim, um idioma vasto e fértil como a China, nação com mais de 5 mil anos de história. A língua com o maior número de falantes nativos no mundo e que desperta o interesse crescente de brasileiros, cientes da expansão econômica chinesa nos negócios internacionais e da importância do aprendizado de um idioma para estreitar relações. Pelo desafio de conhecer um novo mundo por meio da língua e certos das vantagens do estudo para a vida e o trabalho, é nosso desejo que este livro ajude você a abrir portas para uma grande jornada de estudo. Que isto possa render muitas conquistas em sua vida!

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Com a palavra, nossos alunos

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O aprendizado de nossos alunos é nosso maior combustível para continuar seguindo em frente e realizando nosso trabalho com a energia necessária para levar o ensino de chinês para cada vez mais brasileiros. Por isso, não podemos deixar de agradecer às pessoas que realmente importam no desenvolvimento deste projeto, em especial aos alunos que já tiveram resultados e gentilmente gravaram depoimentos em vídeo para contar sobre suas experiências de aprendizado, que você pode assistir agora:

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Onde vocĂŞ pode encontrar a gente

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