Revista Claquete Trabalho ACADÉMICO

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ANO 1 | EDIÇ ÃO #1

CLAQUETE

NOUVELLE VAGUE E AINDA:

DOGMA + CONFIRA: EM CARTAZ! DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

OS INCOMPREENDIDOS

ANNA KARENINA

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APLICATIVO VENDA DE INGRESSOS POR CELULAR:PRÉ E PÓS -PAGO

ÕES Ç A M A R G O AS PR U S E S A M CINE S O A Ç E H N CO ILMES F S O E R B ES SO Õ Ç A M R O F N OBTENHA I AN AL C O N S O E D ROS VI T U O E S R RAILE T A T S I S S A ISTA V E R E E T I COM S A V I T A R E O INT BAIXE O APLICATIVO NO SITE: NAVEGAÇÃ WWW.REVISTACLAQUETE.COM.BR


ÍNDICE

CLAQUETE Cinema e Design

FILMES EM CARTAZ NOUVELLE VAGUE

a revolução da estética na arte de fazer cinema gem

DOGMA 95 E A ESSÊNCIA ANNA KARENINA OS INCOMPREENDIDOS

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O Sonho de Wadjda

ESTRÉIA Arábia Saudita (2012) – 98 minutos. Sala 1 13h45 – 15h40 – 17h30 – 19h25 – 21h20 23h10* Gênero: Drama Censura: livre Direção: Haifaa Al Mansour Elenco: Waad Mohammed, Reem Abdullah, Abdullrahman Al Gohani Sinopse WADJDA é uma menina de 12 anos que mora no subúrbio de Riade, capital da Arábia Saudita. Embora ela viva em uma cultura conservadora, Wadjda é uma garota cheia de vida, que usa calça jeans, tênis, escuta rock’n roll e deseja apenas uma coisa: comprar uma bicicleta e disputar uma corrida com seu melhor amigo Abdallah. Mas em uma sociedade que diz que as bicicletas são apenas para os meninos porque podem ser perigosas para a virtude das meninas, ela enfrentará muitas dificuldades para realizar seu sonho.

- O governo saudita proíbe o cinema e não há salas de exibição oficiais no país. - É o primeiro filme dirigido por uma mulher na Arábia Saudita, país onde ainda há muitas restrições em relação aos tipos de trabalho disponíveis para as mulheres. Trailer

- Primeiro longa-metragem produzido dentro do Reino da Arábia Saudita;

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Hoje

Brasil (2011) – minutos. Sala 2 - 13h00 Gênero: Drama Censura: a verificar Direção: Tata Amaral Elenco: Denise Fraga, César Troncoso, João Baldasserini, Cláudia Assunção

Sinopse Vera (Denise Fraga) é uma ex-militante política que recebe uma indenização do governo, em decorrência do desaparecimento do marido, vítima da repressão provocada pela ditadura militar. Com o dinheiro ela consegue comprar um apartamento próprio, além de enfim poder ser reconhecida como viúva. Só que, quando está prestes a se mudar, recebe uma visita que altera sua vida. - Baseado no livro “Prova Contrária”, de Fernando Bonassi; - É o 4º filme dirigido por Tata Amaral. Os demais foram “Um Céu de Estrelas” (1996), “Através da Janela” (2000) e “Antonia” (2006);

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- No Festival de Brasília de 2011, o longa foi vencedor dos prêmios de Melhor Atriz (Denise Fraga), Melhor Direção de Arte, Melhor Fotografia, Melhor Filme, Melhor Roteiro e Melhor Filme da Crítica.

Trailer


Depois de Maio

França (2012) – 122 minutos. Sala 2 14h35 – 16h55 – 19h15 – 21h30 Gênero: Drama Censura: 16 anos Direção: Olivier Assayas Elenco: Clément Métayer, Lola Creton, Félix Armand

Sinopse No início dos anos setenta, Gilles, um estudante do ensino médio que reside em Paris, é contagiado pela febre política da época. Ainda que esteja engajado, seu verdadeiro sonho é pintar e fazer filmes, algo que seus amigos e até mesmo sua namorada não conseguem compreender. Para eles, a luta política é tudo e consome a todos. Porém, Gilles gradualmente se aproxima de seus desejos e se torna mais confortável em relação à suas escolhas de vida. Aos poucos ele aprende a conviver e se sentir à vontade nesta nova sociedade.

trabalhar apenas com não atores, escolhidos enquanto o cineasta passeava na rua. A única exceção foi Lola Creton. - Seleção oficial do FESTIVAL DE VENEZA 2012; - “Um tema difícil, mas tratado de forma magnífica e interpretado com coragem e entrega dos atores.” L’express Trailer

- Para trazer mais realismo a Depois de Maio, o diretor Olivier Assayas decidiu

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O Abismo Prateado Brasil (2011) – 84 minutos. Sala 3 20h15

Gênero: Drama Censura: a verificar Direção: Karim Aïnouz Elenco: Alessandra Negrini, Milton Gonçalves, Thiago Martins

Sinopse Violeta (Alessandra Negrini) é uma dentista casada e com um filho, que tem um dia normal de trabalho. Ao ouvir uma mensagem deixada na secretária do celular ela entra em desespero. A mensagem foi gravada por seu marido, Djalma (Otto Jr.), que disse que estava deixando-a e partindo para Porto Alegre. Ele pede para que Violeta não o siga, mas ela não segue o conselho e tenta viajar, o quanto antes, para a capital do Rio Grande do Sul. - Inspirado na canção “Olhos nos Olhos”, de Chico Buarque; - Vencedor FESTIVAL DO RIO 2011 / Melhor Diretor - Karim Aïnouz;

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- Exibido na Quinzena dos Realizadores no Festival de Cannes 2011.

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Meu Pé de Laranja Lima Brasil (2012) – 99 minutos. Sala 4 13h00* - 17h45 – 21h35

Gênero: Drama Censura: a verificar Direção: Marcos Bernstein Elenco: João Guilherme Ávila, José de Abreu, Eduardo Dascar, Fernanda Vianna, Julia de Victa Sinopse Zezé (João Guilherme de Ávila) é um garoto de oito anos que, apesar de levado, tem um bom coração. Ele leva uma vida bem modesta, devido ao fato de que seu pai está desempregado há bastante tempo, e tem o costume de ter longas conversas com um pé de laranja lima que fica no quintal de sua casa. Até que, um dia, conhece Portuga (José de Abreu), um senhor que passa a ajudá-lo e logo se torna seu melhor amigo.

tiva Première Brasil do Festival do Rio 2012 - 3° filme do diretor Marcos Bernstein, que ganhou fama no meio cinematográfico nacional graças ao roteiro de “Central do Brasil” (1998).

Trailer

- Baseado no Livro mais vendido do Brasil e traduzido para mais de 30 linguas. - Selecionado para a Mostra Competi-

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O dia que durou 21 anos Brasil (2012) – 77 minutos. Sala 3 16h45

Gênero: Documentário, Histórico Censura: a verificar Direção: Camilo Tavares Elenco: Flávio TavaresB

Sinopse Este documentário mostra a influência do governo dos Estados Unidos no Golpe de Estado no Brasil em 1964. A ação militar que deu início a ditadura contou com a ativa participação de agências como CIA e a própria Casa Branca. Com documentos secretos e gravações originais da época, o filme mostra como os presidentes John F. Kennedy e Lyndon Johnson se organizaram para tirar o presidente João Goulart do poder e apoiar o governo do marechal Humberto Castelo Branco. - Prêmio Especial do Juri no Festival em New York. - “Contundente, contribui para a construção da história do país” Carta Maior

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- “Excelente, emocionante história” The Hollywood Reporter - USA

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Dentro da Casa França (2012) – 105 minutos. Sala 4 19h35

Gênero: Suspense Censura: a verificar Direção: François Ozon Elenco: Fabrice Luchini, Ernst Umhauer, Kristin Scott Thomas, Emmanuelle Seigner

Sinopse Um rapaz de 16 anos consegue entrar na casa de um colega da sua aula de literatura e resolve escrever sobre o fato no seu trabalho de francês. Animado com o dom natural do aluno e o progresso do seu trabalho, o professor volta a apreciar a função de educador dos jovens. Entretanto, a invasão do aluno vai desencadear uma série de eventos incontroláveis.

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- Indicado a Melhor Filme no Festival de Londres em 2012 - Vencedor do prêmio de Melhor filme e Melhor Roteiro no Festival de San sebástian em 2012

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Thérèse Desqueyroux França (2012) – 110 minutos. Sala 4 15h40

Gênero: Drama Censura: 14 anos Direção: Claude Miller Elenco: Audrey Tautou, Gilles Lellouche, Anaïs Demoustier, Catherine ArditiT

Sinopse Em uma época onde os casamentos eram feitos para unir as terras e aliar as famílias, Therese casa-se muito cedo e torna-se a senhora DESQUEYROUX. Mas essa jovem mulher inquieta, não cede às convenções da sociedade de sua época e para se libertar do destino que lhe foi imposto, ela será capaz de tudo.

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Anna Karenina

Reino Unido (2012) – 129 minutos. Sala 4 13h20 Gênero: Drama Censura: a definir Direção: Joe Wright Elenco: Keira Knightley, Jude Law, Aaron Taylor-JohnsonT

Sinopse Século XIX. Anna Karenina (Keira Knightley) é casada com Alexei Karenin (Jude Law), um rico funcionário do governo. Ao viajar para consolar a cunhada, que vive uma crise no casamento devido à infidelidade do marido, ela conhece o conde Vronsky (Aaron Johnson), que passa a cortejá-la. Apesar da atração que sente, Anna o repele e decide voltar para sua cidade. Entretanto, Vronsky a encontra na estação do trem, onde confessa seu amor. Anna resolve se separar de Karenin, só que o marido se recusa a lhe conceder o divórcio e ainda a impede de ver o filho deles. Baseado no clássico “Anna Karenina”, de Léon Tolstoï.

- Vencedor do Oscar 2013 como Melhor Figurino. - Anna Karenina marca o retorno do cineasta Joe Wright para as adaptações da literatura. Seus filmes Orgulho e Preconceito (2005) e Desejo e Reparação (2007) foram muito bem aceitos pela crítica e público. Trailer

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Confissões de um Jovem Apaixonado

PRÉ-ESTREIA: França , Reino Unido , Alemanha (2011) – 125 minutos. Gênero: Drama Classificação Etária: a verificar Direção: Sylvie Verheyde Elenco: Peter Doherty, Charlotte Gainsbourg, August Diehl Sinopse Em 1830, na cidade de Paris, Octave vive depressivo, desde que foi abandonado por sua amante. Quando seu pai morre, ele volta ao seu país de origem, onde encontra Brigitte, uma viúva dez anos mais velha do que ele. Octave se apaixona perdidamente, mas não consegue se entregar facilmente a este amor. - Em 2012, foi indicado ao “Un Certain Regard Award” do Festival de Cannes. - Pete Doherty foi preso durante as filmagens na cidade de Regensburg, na Alemanha por supostamente roubar uma loja de discos.

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Trailer


O Que Traz Boas Novas

PRÉ-ESTREIA: Canadá (2011) – 94 minutos.

Gênero: Comédia dramática Censura: a verificar Direção: Philippe Falardeau Elenco: Mohamed Fellag, Sophie Nélisse, Émilien Néron

Sinopse Quando a professora de uma escola primária sofre uma morte trágica, o substituto escolhido é Bachir Lazhar, um imigrante argelino. Enquanto as crianças passam por um longo processo de luto, ninguém suspeita do passado doloroso do professor, ou do grande risco que Lazhar seja deportado a qualquer momento.

Trailer

- Venceu o prêmio do júri nos festivais de Toronto, Sydney e Locarno; - Indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2012.

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Nouvelle Vague A revolução da estética na arte de fazer cinema gem

Por Graciele Galera 16


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ra início da década de cinquenta quando um grupo de críticos, conhecidos como jovens turcos, discutiam o papel do autor de um filme, e a importância da individualização pelo estilo. O conceito que surgia observava os pensamentos do autor, e principalmente seu estilo. Os jovens turcos desenvolveriam a ideia do cinema de autor, do diretor como autor de um filme. O incio do projeto crítico da politica de autores pelos jovens turcos, que seria base para o surgimento da Nouvelle Vague, causaria tumulto entre os cinéfilos franceses na primeira metade dos anos 50. Os jovens encontrariam na revista francesaCabiers du Cinema, editada por André Bazin, importante teórico cinematográfico, espaço para expor sua idéias, e iniciar um tímido movimento cinematográfico que se consolidaria no fim dos anos 50. O grupo de críticos, autores da proposta que revolucionou o cinema Francês, se tornariam mais tarde realizadores famosos como Jean-Luc Godard, François Truffaut, Claude Chabrol, Eric Rohmer, Jacques Rivette, Jean Doniol - Valcroze. Esta nova geração que surgia formada por jovens críticos da Cabiers du Cinema, teve Truffaut como espécie de líder, sendo o diretor de Os Incom-

preendidos o primeiro a chocar com a publicação do ensaio “Uma certa tendência do cinema Francês”, um manifesto contra “a tradição da qualidade” do cinema francês. Posterimente, em 1957, Andre Bazin publica o ensaio “ A Política dos Autores”, onde o filme é considerado uma produção individual, como uma canção ou um livro. Truffaut defendia que a responsabilidade sobre um filme dependia quase que exclusivamente de uma única pessoa, em geral o diretor. “Que o filme de amanhã pareça ainda mais pessoal que um romance individual e autobiográfico, como uma confissão ou um diário íntimo. E que os jovens cineastas se expressarão na primeira pessoa, e que esse é o ponto crucial da política de autor: o autor é aquele que diz EU”. Para os jovens turcos tão importante quanto dirigir um filme, era o diretor criar a história. A politica dos autores seria um dos pilares de uma nova forma de fazer, e compreender o cinema, a Nouvelle Vague ou a Nova Onda, que defenderia tanto a produção autoral como também uma produção intimista e de baixo custo. O novo estilo cinematográfico, desencadeado principalmente por Jean-Luc Godard e Françóis Truffaut, criaria

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condições para uma redefinição radical nos padrões e maneiras de filmar. O movimento da força gravitacional e da luz ofuscante, romperia definitivamente com as tradições estéticas consolidadas no período do cinema clássico. Se na construção clássica as técnicas devem apagar-se frente a história, pois o que importa é transmitir informações de forma linear, orientando o telespectador a partir de narrativa continua, a Nouvelle Vague surge mediado pelos valores e conceitos da arte moderna: a desocontinuidade, a incorporação do acaso e da realidade documental, a valorização da montagem, e a estética fragmentada.

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A Nouvelle Vague foi um movimento da juventude, protagonizado por uma geração que começou a escrever e a fazer filmes quase adolescente, com a irresponsabilidade política dos vinte e poucos anos, mas com um raro acúmulo cultural para jovens dessa idade. Godard e Truffaut, grandes amigos, e protagonistas deste período, começariam a filmar aproveitando o clima de renovação do final dos anos 50, levando às telas o realismo da época, marcado por uma geração de jovens amadurecidos na Guerra Fria, numa Europa pós -guerra sem inocência, massificada, e sufocada pela publicidade. A geração dos jovens turcos,


que, da escrita cinematográfica, passa às ruas de Paris, é sobretudo herdeira de um pesado clima de discussão, rebelada contra a geração da guerra. Quando a nova forma de fazer cinema é reconhecida, duas obras primas marcariam para sempre a revolução estética do cinema, Os Incompreendidos e O Acossado, consolidam em definitivo Truffaut e Godard como os grandes expoentes do movimento que surgia. Como a França da época era conhecida pelo cinema de estúdio, considerar o museu, a cinemateca, as ruas de Paris, como locação privilegiado para o processo criativo de um filme foi uma ideia transformadora para um cinema, que até então, era pensando em repartições (estúdios) e com base em uma noção de linguagem e tradição. Carro chefe da revolução estética da Nouvelle Vague, qual o roteiro tem colaboração direta de Truffaut, O Acossado é a encenação completamente inovadora, tanto no trabalho de câmera como no roteiro e na direção de atores. O filme é inteiramente editado de maneira fragmentada, ressaltando os cortes, tornando-os sensíveis ao espectador. A opção por jump-cuts (corte que quebra a continuidade do tempo pulando de uma parte da ação para outra separada

da primeira por um intervalo de tempo) deu ao filme um aspecto de reportagem improvisada sobre as ruas de Paris e garante fôlego à narrativa. A história é trágica, mas a câmera é autônoma e independente dos personagens e até do drama. A inovação em O Acossado é o modo lúdico de filmar, heterogêneo, sem pretensões ilusionistas. Quando Godard terminou de filmar O Acossado, retornou ao grande amigo para dizer que o mesmo ficaria surpreso com a forma de filmagem, e a estética que teria tomado roteiro. O Acossado pode ser considerado a ruptura defitnitiva das tradições do cinema clássico, qual a França encontrava-se limitada. Já Os Incompreendidos, de Truffaut, lançado em 1959, um ano antes de O Acossado, foi um verdadeiro deleite. O filme, que recebeu o prêmio de melhor direção em Cannes, é intimista, espontâneo, inocente e livre de convenções. Foi a sintese perfeita de tudo que Truffaut pregava como cinema do futuro. A história é comovente, realista, o relfexo da infância do próprio cineasta expressada de uma forma tão intima quanto rara para o cinema. Realizado com não-atores, principalmente crianças, Truffaut mistura ficção e documentário pelas ruas de Paris de uma forma

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humanista genial. O filme estarreceu a platéia em Cannes, e levou Truffaut ao triunfo. Mais tarde, o personagem principal Antoine Doinel, seu alter-ego, se tornaria uma triologia com Beijos Roubados, Domicilio Conjugal, e Amor em Fuga, sempre vividos pelo mesmo ator.

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esmo esteticamente semelhantes, os icones da Nouvelle Vague, Godard e Truffaut, tinham suas difrenças, tanto na maneira de filmar e escrever suas histórias, quanto na suas biografias. Godard, de pai médico, teve uma infância burguesa, enquanto Truffaut teve uma infância sofrida, cresceu renegado pela própria mãe, sendo inclusive visto como delinquente por ser enviado ao reformatório quando adolescente. Equanto Godard se destacava pela revolução da estética filme após filme, Truffaut brilhava pela intensidade de suas histórias, sempre inserindo pitadas de sua vida aos roteiros, centrado em seu próprio cinema. Se Godard inventou um modo novo de fazer filmes, e foi mais influente quanto à forma, sendo influência em todo o mundo, Truffaut é reconhecido pelo seu cinema autobiográfico, pela pureza, e identificação mais forte. Porém não foram às diferenças entres

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os dois que causaram o fim da memorável amizade, mais sim a visão política que Godard exigia de Truffaut depois da revolução de maio de 1968. A ruptura definitiva ocorreu quando Godard escreveu uma carta a Truffaut, em 1973, repreendendo-o por não ter mudado junto com a revolução, pois para Godard não se poderia mais continuar fazendo filmes da mesma maneira. A carta gerou um forte desentendimento, e em uma resposta de 20 páginas muito violenta, Truffaut atacou Godard, acusando-o de vender a imagem de um homem que combatia grandes causas, mas que era egoísta e tinha por objetivo se auto-valorizar. A partir dali, ficaram estabelecidas duas maneiras diferentes de considerar o cinema. Não seria audacioso dizer que com o fim da amizade entre os mais expressivos cineastas da Nouvelle Vague, chegou ao fim também o próprio movimento. Cinquenta anos após a Nova Onda invadir o mundo com uma nova forma de fazer cinema, os protagonistas daquele tempo voltaram à cena em comemoração ao quinquagésimo aniversário da Nouvelle Vague, quando foi apresentado o documentárioGodard, Truffaut e a Nouvelle Vague, no festival de Cannes do ano passado. O


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O

movimento Dogma 95 foi uma iniciativa dos cineastas dinamarqueses Lars von Trier e Thomas Vinterberg e é tratado como uma grande iniciativa da história do cinema. Surgido a partir de seu documento oficial, chamado O Manifesto, foi publicado em 13 de março de 1995 na cidade dinamarquesa de Copenhague, sendo apresentado a toda comunidade em um simpósio internacional sobre o centenário do cinema. A principal proposta do movimento era a criação de um cinema mais realista e menos comercial, que visava recuperar, na visão dos criadores, a essência do cinema. O documento O Manifesto assinado por Lars von Trier e por Thomas Vinterberg estava focado na crítica à superprodução de filmes, além do fato de considerá-los

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verdadeiras obras de arte. A ideia de colocar o cinema como uma tela de pintura, bem como o uso de uma gama de recursos que traziam um tom de artificialidade exagerada aos longas, era bastante repudiada por ambos os diretores. A argumentação de que o público não deve ser iludido e que as tecnologias tiravam o poder do diretor na qualidade de autor de sua própria obra também aparecem como ideias do Manifesto. A publicação trazia ainda o “Voto de Castidade”, que levantava dez princípios a serem seguidos de acordo com o movimento do Dogma 95. São eles:

Por Fernando Pivetti


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As filmagens devem ser feitas em locais externos. Não podem ser usados acessórios ou cenografia (se a trama requer um acessório particular, deve-se escolher um ambiente externo onde ele se encontre).

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O som jamais deve ser produzido separadamente da imagem ou viceversa. (A trilha sonora não poderá, portanto, ser utilizada).

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câmera deve ser usada na mão. São consentidos todos os movimentos – ou a imobilidade – devidos aos movimentos do corpo. (O filme não deve ser feito onde a câmera está colocada; são as tomadas que devem desenvolver-se onde o filme tem lugar).

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O filme deve ser em cores. Não se aceita nenhuma iluminação especial. (Se há luz demais, a cena deve ser cortada, ou então, pode-se colocar uma única lâmpada sobre a câmera).

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São proibidos os truques fotográficos e filtros.

6 O filme não deve conter nenhuma

ação “superficial”. (Em nenhum caso homicídios, uso de armas ou outros).

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São vetados os deslocamentos temporais ou geográficos. (Isto significa que o filme se desenvolve em tempo real).

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São inaceitáveis os filmes de gênero.

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O filme deve ser em 35 mm, standard.

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O nome do diretor não deve figurar nos créditos.

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Em 2005, foram adicionados novos princípios ao Manifesto, que valeriam para filmes lançados a partir

12 São vetados os deslocamen-

tos temporais ou geográficos. (Isto significa que o filme se desenvolve em tempo real).

13 A gravação deve ser feita em formato digital.

14 As filmagens devem ocorrer na Escócia;

15 As filmagens não podem ultra-

passar o prazo de 6 semanas; O custo total do filme não pode ultrapassar a quantia de um milhão de libras esterlinas.

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Apesar de inovador, o Manifesto também é visto como controverso. Suas ideias e filmes divergem em alguns pontos e são quase impossíveis de serem cumpridas. Os próprios autores do documento não as seguiram estritamente. Um exemplo clássico é Dogville (Idem, 2003), dirigido por von Trier e que, embora tenha seguido muitas regras do documento, não foi reconhecido pelo Dogma 95.

A democratização do cinema

A criação da indústria hollywoodiana proporcionou uma nova era para o cinema mundial, submetendo-o cada vez mais ao monopólio das superproduções. O Dogma 95 propõe o resgate da essência cinematográfica que, para os criadores do documento, foi perdida com chegada das tecnologias e da exploração comercial. Muitos dos elogios relativos ao documento estavam no reconhecimento da valorização da criatividade dos cineastas, pois o que marcaria o filme seria sua história.

Filmes

Há cerca de 100 produções com o selo Dogma 95 e o primeiro deles foi o longa Festa de Família (Festen, 1998), de autoria de Vinterberg. O filme recebeu

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elogios dos críticos e obteve prêmios e indicações, como o Prêmio de Júri no Festival de Cannes de 98, e as nominações ao Globo de Ouro e ao César de melhor filme estrangeiro. No Brasil, o filme ganhou Menção Especial na Mostra de São Paulo. Von Trier foi o diretor responsável pelo lançamento do segundo filme que recebeu o certificado do Dogma 95. O filme Os Idiotas


(Idioterne, 1998) também foi ovacionado pela crítica e concorreu a prêmios no Festival de Cannes, o European Film Awards, o London Film Festival e o Valladolid International Film Festival, todos de 1998, e Bodil Awards e Robert Festival, ambos em 1999. Ambos os filmes tiveram custos baixos – inferiores a um milhão de libras -, quando comparados a megaproduções, e não

desfrutam de muitos recursos audiovisuais, o sucesso deles fica por conta dos enredos marcantes. O cinema brasileiro conta com um longa dentro das propostas do Manifesto. Velório em família (Idem, 2010) é visto como “um marco na história do cinema nacional” segundo a diretora e produtora executiva do filme, Rosário Boyer, que o fez em parceria com Edgar Romano. É recorrente nesses filmes características como a pouca qualidade do aúdio, muito tremor da câmera e cenas escuras.

Contradições

Ao propor a representação do que é mais fiel à realidade, os criadores d´O Manifesto desconsideram que a realidade não é objetiva. O diretor de um filme, assim como qualquer outro ser humano, possui uma visão própria das coisas, ou seja, não é imparcial. Isso vai se refletir na maneira que o filme será feito, que predileções terá, como a câmera será posicionada em uma cena e como será o diálogo do que se quer falar. Assim, a representação não será, de todo, o que é real. Outra contradição é a não creditação ao diretor quando ele irá imprimir seu olhar à obra.

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ANNA KARENINA Sinopse

Erros

Século XIX, Anna Karenina (Keira Knightley) é casada com Alexei Karenin (Jude Law), um rico funcionário do governo. Ao viajar para consolar a cunhada, que vive uma crise no casamento devido à infidelidade do marido, ela conhece o conde Vronsky (Aaron Johnson), que passar a cortejá-la. Apesar da atração que sente, Anna o repele e decide voltar para sua cidade. Entretanto, Vronsky a encontra na estação do trem, onde confessa seu amor. Anna resolve se separar de Karenin, só que o marido se recusa a lhe ceder o divórcio e ainda a impede de ver o filho deles. Baseado no clássico “Anna Karenina”, de Léon Tolstoi.

- O rótulo da garrafa de morfina da qual Anna bebe, muda de A Mofina para Morfina entre as cenas. A maneira correta em francês seria sem o artigo. Ainda assim seguindo a idéia original, como o filme deveria se passar no século 19 na Rússia, a palavra correta estaria em Latin. - Enquanto Anna está viajando de trem, ela lê um livro que deveria estar em Russo. Porém, a palavra que aparece na tela está em húngaro “olajfestmény” que significa pintura a óleo.

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Trilha A trilha de Anna Karenina foi composta pelo Italiano Dario Marianelli, compositor de músicas para piano, orquestra e que trabalha também com trilhas de filmes. Marianelli fez muito sucesso com trilhas anteriores de filmes do mesmo diretor, como Orgulho e Preconceito e Desejo e Reparação. Em 2008 ele ganhou o Oscar e o Globo de Ouro de melhor canção original para este último filme, sendo indicado tantas outras para os mais variados prêmios musicais no cinema. Neste filme ele se utilizou de uma composição russa folclórica adaptada de Tchaikovsky em sua Quarta Sinfonia e que foi escrita no mesmo período que a novela de Tolstoi. Com a tática que deu certo em suas outras canções, partindo de composições menores para um rit-

mo crescente, ele acerta mais uma vez na delicadeza das peças musicais para cada momento de grandes sentimentos retraídos, até faixas dançantes e óperas que espelham a grandiosidade do ambiente que cerca os personagens.

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VOCE SABIA? - Que Robert Pattinson (que interpretou o vampiro adolescente na saga Crepúsculo) foi cogitado para o papel de Count Vronsky? - Que James McAvoy (Professor Xavier em X-men) foi cogitado para o papel de Levin? - James McAvoy, Saoirse Ronan, Cate Blanchett, Benedict Cumberbatch e Andrea Riseborough, todos que já haviam trabalhado com Joe Wright, recusaram papéis no filme. Eles foram substituídos, respectivamente por Domhnall Gleeson (Levin), Alicia Vikander (Kitty), Emily Watson (Lydia), David Wilmot (Nikolai) e Ruth Wilson (princesa Betsy) - Saoirse Ronan recusou o papel de Kitty no filme devido à produção muito longa do filme? Ele ocuparia sua agenda do inverno de 2011 até a primavera de 2012 em um papel de coadjuvante. Enquanto isso ela pôde ser protagonista em dois filmes, um deles A Hospedeira. - O diretor Joe Wright considerou na utilização de sotaque russo para os atores? Ele decidiu não faze-lo uma vez que ficaria difícil determiner quão boas

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eram suas performances. - Praticamente todo o filme aconteceu dentro de um teatro fechado há tempos para se aproximar da essência da história original? - Um dos objetivos mostrado diversas vezes no filme – a camisinha, mesmo na posição privilegiada de Anna Karenina, ainda era item reutilizado? Elas eram lavadas e guardadas para reuso. - Anna Karenina marca o retorno de Joe Wright para as adaptações da literatura? Seus outros filmes de adaptações muito bem aceitas pela crítica são: Orgulho e Preconceito (2005) e Desejo e Reparação (2007).


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OS INCOMPREENDIDOS Sinopse

Erros

O filme narra a história do jovem parisiense Antoine Doinel, um garoto de 14 anos que se rebela contra o autoritarismo na escola e o desprezo de sua mãe e de padrasto (Gilberte e Julien Doinel). Rejeitado, Antoine passa a faltar as aulas para freqüentar cinema ou brincar com os amigos, principalmente René. Com o passar do tempo, vivenciará algumas descobertas e cometerá pequenos delitos em busca de atenção até ser aprisionado em um reformatório, levado pelos próprios pais.

- Após uma hora de filme, quando os dois garotos se dirigem às escadas da igreja Sagrado Coração e brincam com um padre, a jaqueta de René mudou. Ela está mais longa e agora é preta. Somente quando eles retornam para casa, ele está novamente com a jaqueta anterior. - Em alguns momentos: quando René vai visitar Antoine, enquanto Antoine conversa com sua mãe após o banho e enquanto ele carrega a máquina de escrever, há erros de continuidade, em que sua mão ou cabelo encontram-se diferentes da cena anterior. - Na cena em que Antoine se olha no espelho com seu pai ao fundo uma câmera é refletida. - No final do filme, quando Antoine se aproxima da água, as sombras bem como as pegadas da equipe de filmagem aparecem na areia.

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Você Sabia - Quando René e Antoine estão suspensos na escola e caminham pela cidade, eles arrancam um pôster de uma moça da parede? Harriet Anderson é esta mulher. Ela viveu a personagem Monica no filme Monica e o Desejo de Ingmar Bergman, que também era sobre dois jovens que fogem para viver suas vidas de à sua própria maneira. - O filme foi dedicado ao teorista de cinema André Bazin? - Todas as quase todas as falas do filme foram re-dubladas pelos próprios atores após a gravação? Na maioria das cenas o ruído era muito alto no ambiente e para diminuir custos aparelhos de som de menor de qualidade foram utilizados. Isso fez do filme também mais rápido de ser finalizado. - Todos os atores que não conseguiram

o papel de Antoine foram utilizados nas cenas da sala de aula? - O nome de um diretor de cinema – Leo Joannon – e um compositor – Tommy Desserre – para filmes aparecem em teatros durante a filmagem. - O nome original do filme “Faire les quatre cents coups”, se distância muito do título em português e seria mais parecido com “viver uma vida selvagem”. - Foi o primeiro filme de Truffaut lançado em Blu-Ray. - O próprio diretor aparece em uma cena próximo a Antoine quando este se encontra no parque de diversões.

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