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A Dança e o Carnaval por Cintia Diniz - Pág
Como sabemos, o carnaval é uma festa popular que surgiu na antiguidade com intuito de celebrar os deuses pagãos e a natureza. Foi reconhecida pela igreja e incluída no calendário cristão depois de muitos séculos e ainda hoje é comemorada no mundo inteiro, possuindo características diferentes em cada país. O carnaval comemorado no Brasil, que chegou no século XIII, sofreu influência de uma festa de rua, de origem portuguesa, o entrudo, que consistia em jogar farinha, ovo e tinta nas pessoas. Porém, a comemoração também passou por mudanças por causa do folclore indígena e da cultura africana, trazida pelos escravos. Assim, existem diferentes tipos de comemoração no país, como os bailes de carnaval, os desfiles das escolas de samba, sendo as maiores no RJ e em SP; os trios elétricos que atraem milhões de foliões todos os anos no Nordeste, em especial na Bahia, e o carnaval de rua com os famosos bonecos gigantes de Olinda e os blocos que ganham todas as regiões do Brasil. Acada ano as escolas de samba investem mais nos desfiles suntuosos, não somente de forma financeira, mas principalmente de forma criativa e nesse ponto entra a dança! Em linhas gerais, as escolas projetam os seus desfiles baseados num enredo e as alas, e carros alegóricos seguem desenvolvendo este tema. Diversos elementos fazem parte da caracterização de um desfile de uma escola de samba, sendo alguns deles quesitos que são julgados pelos jurados e outros, como a ala das baianas, que não são avaliados como quesitos, mas podem ocasionar perda de pontos para a escola caso não sejam apresentados no desfile. Mas como falei no início, a dança assumiu um papel importantíssimo nas escolas, como um grande diferencial, isso se torna bem evidente em alas e quesitos específicos da escola, como, por exemplo a comissão de frente. Ela é a linha de frente da escola, primeiro grupo de componentes a desfilar, apresentando a escola e introduzindo o enredo. Funcionando como uma espécie de mestre de cerimônias do desfile dando boasvindas ao público e apresentando a escola, as comissões de frente sofreram inúmeras mudanças ao longo do tempo. Em seus primeiros anos, eram formadas por um grupo de homens que vinha na frente da escola vestindo sua melhor roupa e saudando o público e com uma faixa com o nome da escola. Em 1930, as escolas começaram a inovar, trazendo as comissões montadas a cavalo, como nas grandes sociedades. Em 1938 a comissão de frente passou a ser um quesito regulamentado. Com a chegada dos artistas plásticos nas escolas, muitas mudaram sua apresentação, já que as comissões eram muito parecidas entre si. Assim, foram se substituindo os trajes formais por fantasias, vinculadas ao enredo, apresentando passos marcados, ensaiados por bailarinos profissionais. Em 1970 com a liberação dos costumes, surgem comissões
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formadas por mulheres semi-nuas, mas a tendência crescente foi a de se mostrar comissões cada vez mais ricamente trajadas, com movimentos coreográficos cada vez mais elaborados. Ao final dos anos 90, já há a presença maciça de bailarinos, artistas circenses, grupos teatrais, uso de maquiagens e figurinos especiais, muitos efeitos visuais e tecnológicos, que vemos até hoje nos desfiles. Assim como a comissão de frente, existem muitas alas com passos marcados ou até mesmo coreografias que dão vida ao enredo. Também existem carros alegóricos com componentes coreografados. Para estas áreas especiais as escolas abrem seleção para compor e os integrantes não precisam ser bailarinos ou dançarinos, mas precisam saber dançar. Também, cada vez mais percebemos a presença de escolas de dança compondo este espaço, aí já com uma atuação mais profissional na maioria das vezes. Nas escolas de samba, encontramos nomes expressivos da dança como coreógrafos e também bailarinos e grupos de dança compondo a comissão de frente, como, por exemplo, a primeira bailarina do Por Cintia Diniz teatro Municipal do RJ, Claudia Mota, que coreografa para a escola I m p e r a t r i z Leopoldinense; a b a i l a r i n a D a n i Cavanellas que atua na Portela; o bailarino e coreógrafo Jorge Teixeixa da Cia Brasileira de Ballet que está na Mocidade do RJ; ainda no RJ temos o bailarino e professor de sapateado Steven Harper coreografando para a escola Mangueira. Já em SP, temos os bailarinos do Grupo Raça que compõe a comissão de frente da Mocidade Alegre. Outros grandes nomes já atuaram como coreógrafos das escolas, como Carlinhos de Jesus, Jaime Arôxa e Ana Botafogo; assim como já foram homenageados nos enredos de algumas delas como, Maria Pia Finóchio em SP, Judith Soares Delgado em São Sebastião e Ana Paula Honório em Corumbá. É claro que a dança também está presente nas aulas oferecidas para quem quer aprender a sambar e fazer bonito no carnaval. Nos Imagem divulgação meses que antecedem a festa, as escolas que oferecem este estilo de dança lotam de pessoas que querem aprender a ginga do sambar que só o brasileiro tem! Nesta viagem pela história do carnaval, percebemos que a dança não está presente somente na brincadeira, no pular e dançar livremente, mas ela também dá o seu toque especial criando um diferencial nos desfiles das escolas de samba. Tenho certeza que de hoje em diante você assistirá aos desfiles com outros olhos!