POR UMA ASSEMBLEIA CONSTITUINTE LIVRE E SOBERANA IMPOSTA PELA FORÇA DA MOBILIZAÇÃO
Secundaristas derrotam Alckmin e abrem perspectiva de luta por outro projeto de educação e sociedade Pgs 4 e 5
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editorial QUEM SOMOS?
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EXPEDIENTE Coordenação editorial: Marcelo Tupinambá Conselho Editorial: Diana Assunção, Leandro Lanfredi, Thiago Flamé, Iuri Tonelo, André Augusto, Simone Ishibashi, Val Lisboa, Bernardo Aratu, Flávia Vale, Flávia Ferreira, Daniel Matos Diagramação: Vanessa Dias, Juan Pablo e Flávio Ramos
nem impeachment nem “fica dilma”
Por uma assembleia Constituinte livre e soberana imPosta Pela ForÇa da mobiliZaÇÃo diana assunção
O pedido de impeachment da Dilma levado a frente por Cunha abre uma nova conjuntura no país. A crise política se aprofunda, ao mesmo tempo em que os escândalos da Lava Jato continuam e o plano de ajustes avançam. O fato é que esta situação num primeiro olhar impõe de imediato uma divisão no país: aqueles que defendem o impeachment e aqueles que defendem o governo, pedindo “fica Dilma”. Entretanto, é não somente possível, como necessário, uma política de classe e independente. Nem impeachment, nem “fica Dilma”. Há uma enorme insatisfação popular com o governo e em particular com a corrupção. O que ambos setores da burguesia querem, tanto o governo quanto a oposição de direita que defende o impeachment, é canalizar esta insatisfação impondo que os trabalhadores escolham um lado. Mas o fato é que nenhum destes lados é o lado dos trabalhadores e da juventude. O governo que controla as direções das centrais sindicais e estudantis, como CUT e UNE, através do PT, querem aprofundar a ideia do “mal menor”, tentando esconder que é o próprio governo que está aplicando os planos de ajustes. A oposição de direita quer se aproveitar do sentimento de rechaço ao governo Dilma e mentir para os trabalhadores, tentando aparecer como uma “nova política”, mas aplicariam o plano de ajustes do mesmo jeito ou pior. Ganham confiança com as re-
centes vitórias eleitorais da direita na Argentina com Macri e agora na Venezuela, que significam um giro a direita na superestrutura na região. Para todos os jovens, trabalhadores, mulheres que estão não somente indignados com a situação política do país, mas que também estão sendo parte dos processos de resistências nas fábricas e locais de trabalho, nas escolas, e nas lutas pelos direitos das mulheres; não há nenhuma outra alternativa que não seja um caminho independente. É urgente colocar de pé um verdadeiro movimento nacional contra os ajustes, que significam demissões, precarização do trabalho, retirada de direitos, fechamentos de escolas, ou seja, significa descarregar a crise sobre nossas costas. Este movimento nacional deve se dar por dentro das greves, na luta de classes, buscando coordenar as lutas e cercar de solidariedade os processos de resistência. Exigimos que a CSP-Conlutas, as Intersindicais e todos os sindicatos e centros acadêmicos dirigidos pela esquerda como PSOL e PSTU se coloquem à cabeça desta tarefa, o que no caso do PSOL será necessário romper com a Frente Povo Sem Medo, já que não é possível lutar seriamente estando ao lado do PT. Em meio a este processo de luta e enfrentamento, os trabalhadores e a juventude precisam dar uma resposta política para a situação do país. Essa resposta não pode ser impeachment, nem eleições gerais nem “fica Dilma” ou “Fora Cunha”. Uma resposta independente e que questione profundamente esse regime político podre só pode surgir das mãos dos trabalhadores e da juventude que hoje lutam, que poderiam impor pela força da
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Uma resposta independente e que questione profundamente esse regime político podre só pode surgir das mãos dos trabalhadores e da juventude que hoje lutam
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mobilização uma Assembléia Constituinte Livre e Soberana, pois não basta mudar um ou outro. Uma Constituinte que, unificando o executivo e o legislativo, sirva para debater os grandes problemas políticos, sociais e econômicos do país, e que não seja “exclusiva” como tanto o PT quanto o PSOL propõe e que seja diretamente contra o governo, e para isso é necessário que as entidades sindicais e estudantis rompam com o governo e assumam o lado dos trabalhadores. Numa Constituinte como essa, com representantes do povo que ganhem o salário de um professor e sejam revogáveis a qualquer tempo, seria natural aprovar que essas normas democráticas elementares sigam valendo para o futuro. No caminho desta luta, enfrentando também os ajustes, os próprios trabalhadores farão sua experiência com esta democracia dos ricos, e poderão avançar para seus organismos de poder na luta por um governo dos trabalhadores. O Esquerda Diário é um instrumento a serviço desta perspectiva.
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Por que uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana como resposta à crise no p aís? Edison Urbano O debate sobre o impeachment traz problemas que surgiram em 2005, quando o “mensalão” permitiu à direita burguesa uma primeira ofensiva contra o governo do PT. O PT segue tentando fingir que é de esquerda, que seria obrigado a “seguir as regras do jogo”, mas tenta jogá-lo levando em consideração os interesses dos trabalhadores e dos mais pobres e por isso seria um “mal menor” a ser defendido. Mas o verdadeiro problema está no “jogo” e suas “regras”. A doutrina marxista da luta de classes coloca que é preciso uma revolução que derrube o capitalismo e dê lugar a um governo dos trabalhadores. Mas a crise política, econômica e social que assola o país golpeia a consciência de milhões de trabalhadores e jovens, amplos setores de massas que veem a necessidade de mudar o regime político, mas que não concordam ainda com uma revolução. Por isso, necessitamos de uma resposta democrática de fundo, imediata, que realmente dê resposta aos anseios e necessidades dos “de baixo”, uma Assembléia Constituinte Livre e Soberana, para resolver problemas como:
- A corrupção e os privilégios dos políticos são alvo da raiva popular. Cortemos todos os privilégios, reduzindo o salário de todo político ou alto funcionário ao salário médio de um operário. Que os políticos deixem de ser uma “casta” à parte incontrolável, e passem a ser diretamente responsáveis perante seus eleitores, mediante a revogabilidade de todos os mandatos. Que todos os corruptos sejam presos de maneira exemplar, mas principalmente: que seus bens e de seus familiares sejam confiscados até que seja devolvido o último centavo do que roubaram à nação. - Se as riquezas naturais do país, como o petróleo e os minérios, são exploradas por um punhado de monopólios, onde o capital estrangeiro leva a grande parte, e para o povo fica apenas o rastro de tragédias e destruição como estamos assistindo em MG: então que todas as grandes empresas como a Petrobras e a Vale, e todos os ramos estratégicos da economia sejam completamente reestatizadas, mas sob controle dos trabalhadores, eliminando qualquer participação dos acionistas estrangeiros na direção destas empresas públicas, com plena transparência das contas perante toda a população. Assim acabamos com o saque da riqueza nacional, damos um basta à corrupção desenfreada que rola solta no sistema atual e teremos dinheiro para
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Necessitamos de uma resposta democrática de fundo, imediata, que realmente dê resposta aos anseios e necessidades dos ‘de baixo’
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atender demandas como as dos secundaristas em luta pela educação. - Se a sociedade civil está hoje tensionada de maneira sem precedentes pela demanda crescente pelos direitos democráticos das mulheres, dos negros, e pessoas LGBT, que esbarram a cada passo nos setores reacionários que dominam o congresso nacional, então que uma assembleia constituinte delibere por toda uma nova legislação que assegure os direitos democráticos dos setores oprimidos, a começar pelo direito ao aborto seguro e gratuito, ao casamento homoafetivo e demais demandas imediatas desses movimentos. Uma Assembleia Constituinte livre e soberana teria outras questões a tratar, a começar pelo cancelamento da dívida pública, uma radical reforma agrária e a ruptura dos acordos de su-
bordinação com o imperialismo, além de garantir investimentos maciços em educação, saúde, transporte e moradia. Por isso se opõe pelo vértice à farsa de “constituinte exclusiva” que Dilma apontou em meio a Junho de 2013, e cujo maior defensor desde então vem sendo o PSOL, a partir do projeto do deputado Chico Alencar (o único elaborado pelo partido, apesar das acrobacias verbais de correntes como o MES de Luciana Genro). A diferença é simples: ou a Constituinte trata dos temas políticos, econômicos e sociais do país, revertendo medidas econômicas tomadas contra a população como os ajustes fiscais e se chocando de frente com o governo petista; ou então ela é “exclusiva” para a reforma política, feita em acordo com o PT, sem tocar nos grandes temas e assim incapaz de despertar as massas para tomar em suas mãos os seus destinos Mais profunda é a diferença com as “eleições gerais”, que vem sendo defendida de maneira lamentável pelo PSTU, como se uma nova eleição para renovar os mesmos cargos que aí estão, com os mesmos partidos que aí estão, pudesse dar qualquer resposta à crise. Sem mudar as regras do jogo, o provável vitorioso numa nova disputa seria a direita demagógica do PSDB e seus aliados, como parecem demonstrar claramente os resultados as recentes eleições na Argentina e Venezuela.
Presidentes do Brasil desde a transição para a democracia dos ricos que vivemos, unidos contra o povo.
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os seCundaristas deram exemPlo e aPontam luta Por outro ProJeto de eduCaÇÃo simone ishibashi
Os secundaristas mostraram que é possível derrotar os ataques dos governos, mesmo o de Alckmin, que até agora não tinha sido derrotado. Ocuparam as escolas, cortaram ruas, impuseram uma derrota para Alckmin em seu projeto de reorganização e abriram espaço para lutar por outro projeto de educação. As ocupações foram não apenas uma forma de mobilização, mas em grande parte uma demonstração de como a escola deve funcionar. Os alunos denunciaram que recursos e merenda estragavam nos depósitos das escolas, e reformaram suas dependências. Organizaram aulas sobre o combate ao racismo e a questão negra, a luta das mulheres, e dos trabalhadores. Grandes artistas foram apresentar-se nas escolas. Chamaram a comunidade para participar de suas atividades. Indicaram que é possível transformar radicalmente a escola, e sua estrutura extremamente hierárquica, numa escola que seja gerida por professores, alunos, funcionários e comunidade. Também questionaram o desmonte da Educação pública, que em São Paulo o governo do PSDB está aplicando, mas que abarca também as instâncias de ensino ligadas ao governo federal do PT, e as universidades, como a UERJ, também ocupada contra os cortes do orçamento, ou a FMU, universidade privada de SP que teve seu departamento financeiro ocupado contra o aumento de mensalidades e degradação da qualidade de ensino. Em seu comunicado lido após o anúncio do recuo de Alckmin, os secundaristas reivindicam a abertura de um diálogo claro e amplo, que envolva toda a sociedade, sobre a “necessária reforma do ensino”. Esse é o caminho, vamos agora por uma Educação
odete Cristina
pública, gratuita e de qualidade para todos e que englobe desde os níveis básicos até o ensino superior. Que questione os currículos, o que é ensinado nas escolas e universidades, e a serviço de quê esse conhecimento está. Que a partir da unidade com os estudantes das universidades, imponha o fim do vestibular e a estatização das universidades particulares. Não é só na escola o problema da qualidade, nas universidades privadas, onde a maioria da juventude das escolas públicas tem chance de entrar, você paga caro por um ensino com qualidade cada vez mais baixa, pois cada vez mais o único interesse é o lucro e não a educação. Esse processo se intensificou com a política de financiamento do PT para os tubarões do ensino com o PROUNI e o FIES. Se para os estudantes que tiveram acesso a universidade foi uma conquista imediata, o que estava por trás não se dizia: que a educação ia virar uma mercadoria mais e esse sistema iria entrar em uma profunda crise. Para grandes objetivos como este, de lutar por outro projeto de educação, enfrentando os governos do PT, PSDB e todos os partidos, bem como os tubarões do ensino, precisamos construir um organismo dos secundaristas em luta
que seja capaz de coordenar todas as escolas em mobilização e avançar na relação com os universitários e a sociedade. Nesse sentido, é uma importante conquista o Comando das Escolas Ocupadas, que vem se tornando cada vez mais representativo, e declarado que não aceita as direções petistas e aliadas ao governo federal da UMES, UPES e UBES. Mas precisamos conseguir fazer como os secundaristas do Chile que garantiam representantes de todas as escolas neste organismo que, pelo seu peso, obrigava a grande imprensa a divulgar massivamente todos os seus chamados e comunicados, podendo assim transformar o apoio da maioria da população em força ativa nas ruas, juntando centenas de milhares por outro projeto de educação como fizeram no Chile.
Nessa nova etapa da luta, após o recuo de Alckmin, é preciso ampliar nossa pauta e ir por mais, avaliando os melhores meios táticos para isso coletivamente. Por exemplo, é um erro desocupar de maneira desorganizada. O ideal é que reunamos todas as escolas no Comando de Escolas Ocupadas, avaliemos coletivamente as nossas forças e os melhores métodos para avançar. Se for avaliada a necessidade de desocupar, é possível pensar outros métodos de luta e, mantendo um Comando como este organizado, voltar com toda força a mobilização sempre que necessário. São avaliações a serem feitas, mas o fato é que impusemos uma derrota ao Alckmin e é possível ir por mais.
Ideologia
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O “Estado veio quente” e a juventude está “fervendo”: o que isso tem a ver com o marxismo? Marcelo T upinambá
Foi lindo um funk-hino das ocupações dizendo: “O Estado veio quente, nóis já tá fervendo”, dos MC Foice e Martelo. Neste texto, vamos debater a questão do Estado, baseado em revolucionários como Marx e Engels, mas antes vejamos como se chega até essa inspiradora luta secundarista, que chega a questionar coisas tão importantes como o Estado.
De junho à revolta dos secundas Em junho de 2013 a juventude avisou que “não é só por 0,20”. Quiseram negar. De um lado, governistas defensores do PT diziam que junho abriu uma “ofensiva conservadora”, na qual Cunha e seu pedido de impeachment contra Dilma seriam a máxima expressão. Absurdos para defender o PT como “mal menor”. De outro, setores disseram que era sim por R$0,20, porque aquele movimento de massa na rua não se viu mais. Mas a luta secundarista de SP comprova uma vez mais que não era por R$0,20 e que aquelas manifestações de “verde e amarelo” da Av. Paulista não tinham nada do “povo brasileiro”. Eram os “coxinhas” que gostam dos Cunhas e Bolsonaros. Essa juventude secundarista tem rosto negro, tem rosto de mulher na linha de frente dos mais combativos, tem entre si os LGBT mais à vontade porque são mais aceitos e não ouviu panelas batendo em seus atos na Paulista. A juventude volta com mais força porque vem como movimento estudantil secundarista, com uma demanda clara em defesa da educação que contagia a massa dos trabalhadores e do povo pobre, o que se comprovou na mobilização dos pais e professores. Eles cantam o “não tem arrego” dos garis do Rio de Janeiro e completam como os trabalhadores da USP “você
Jéssica Antunes
tira a minha escola e eu tiro o seu sossego”. Dizem no seu funk-hino: “Geraldinho, se liga, os trabalhadores já estão apoiando nossa luta, daqui a pouco eles que começam a ocupar as fábricas e as empresas, aí você não guenta”, mas também chamam Haddad do PT de “prefeitinho” derrotado por junho. É por isso que o governismo petista tenta controlar a luta com as garras da APEOESP e das entidades estudantis (UMES, UPES, UBES). Essa juventude quer futuro e não tem medo de nada que a impeça de arrancálo com a luta. Todos os poderosos a temem porque eles não se sentem representados por nenhum partido da ordem, porque tendem a ir além de questionar um governo (Alckmin, Haddad, Dilma), para questionar essa democracia dos ricos em que vivemos, podendo chegar a questionar o Estado burguês. Mas para vencer nesse objetivo, é indispensável a ferramenta do marxismo revolucionário, a melhor arma para a juventude que “está fervendo” pra se aliar com os trabalhadores pra fazer uma revolução.
O que é o Estado? Para Marx, o Estado é um órgão de dominação de classe, um órgão de opressão de uma classe sobre a outra, é a criação de uma “ordem” que legaliza e consolida essa opressão. Para que essa “ordem” seja acatada pela classe explorada e oprimida, o Estado cria uma força especial de homens armados (polícia, exército) e cadeias para quem não cumpre com as “leis”, que são dominadas pela classe dominante. Os estudantes viram isso muito bem quando saíram às ruas nas manifestações, mas também sentem isso na pele todos os dias na periferia com a opressão da polícia.
É possível uma sociedade sem Estado? Engels diz: “O Estado nem sempre existiu. Houve sociedades que viviam sem ele, que não tinham a menor idéia do Estado nem do poder. Em certa etapa do desenvolvimento econômico, necessariamente ligada com a divisão de classes, o Estado se converte em uma necessidade devido a essa divisão. Agora nos aproximamos com rapidez de uma etapa de desenvolvimento da produção na qual a existência destas classes não somente deixa de ser uma necessidade, mas se converte em um verdadeiro obstáculo para a produção. As classes desaparecerão inevitavelmente como surgiram em uma etapa anterior. Com elas, o Estado desaparecerá”.
Ou seja, a única forma de acabar com o Estado é acabar com a sociedade dividida em classes, derrubando os opressores que tem as forças armadas e leis do seu lado. Isso só é possível se a classe trabalhadora, junto com a juventude, faz uma revolução e toma o poder do Estado da burguesia. Ao tomar o poder da burguesia, a classe trabalhadora deixaria de ser uma classe oprimida e não oprimiria outra classe, a não ser a minoria burguesa. Marx dizia que o Estado não é abolido, ele se extingue junto com as classes. Para isso, é necessário um partido revolucionário, sem patrões, sem carreiristas e oportunistas de todo tipo, mas isso é tema para um próximo texto.
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luta na uerJ
organiZar um Comando de greve eleito na base e uniFiCar Com o FunCionalismo Para barrar os aJustes do PeZÃo juventude Às ruas rj O corte de 46% no orçamento das universidades estaduais significará um enorme ataque. Na UEZO o corte será de 98%. Na UERJ, quase 23%. Isto significará demissões de terceirizados, corte de bolsas, para compra de equipamentos, maiores atrasos nos salários e privatizações.
Em greve, os estudantes precisam de uma ferramenta de auto-organização, um comando de greve de representantes votados em cada curso, que seja a força política que dirija e não o DCE, pois os partidos que compõe esta entidade (PT/PcdoB) governam junto com Pezão e o PMDB. E quanto mais massiva for nossa greve e mais cursos ela conseguir organizar, mais amplo será este comando, como estão apontando os secundaristas de SP com seu comando que representa a força
de várias escolas, para conseguir arrancar o pagamento dos salários dos terceirizados e das bolsas e defender o Hospital Universitário Pedro Ernesto do sucateamento que o Governo Pezão está aplicando! Os estudantes da UERJ estão em greve por seus direitos e de toda população! O povo carioca e trabalhadores que enfrentam as filas dos hospitais, não devem pagar por esta crise dos corruptos que andam de helicóptero e carros
eleiÇÕes estudantis
Por entidades que deFendam a eduCaÇÃo PÚbliCa e derrotem os governos flávia toledo As chapas conformadas pela Juventude ÀS RUAS, militantes do MRT e independentes, disputaram nas eleições da USP e UNICAMP contra o governismo e as burocracias no movimento estudantil, por entidades democráticas que deem voz às lutas, combatam os governos e o regime universitário privatista, lutem por acesso radical da juventude à educação pública de qualidade e para que a universidade sirva aos interesses dos trabalhadores. As vitórias na USP derrotaram o governismo e abriram espaço à construção de entidades combativas. No CAELL, vencemos com quase 60% dos votos e no CAPPF a gestão fantasma deu lugar a uma gestão que desde o primeiro dia esteve nas lutas e politizando o curso. Um exemplo da nova tradição que buscamos foi o ato chamado no dia 4/12, junto a trabalhadores da USP, em apoio aos secundaristas e contra o desmonte da educação pública, logo antes do governo ser obrigado a revogar o decreto da reorganização. A conquista da proporcionalidade na gestão do CACH na UNICAMP, onde estaremos
odete Cristina como forte oposição à chapa majoritária, foi um avanço para a organização dos estudantes, estes vão se testar com as diferentes concepções e os debates políticos não serão restritos aos períodos eleitorais. É papel das entidades contribuir para que os estudantes sejam um sujeito político nacional contra os ataques dos
tatiane lima governos do PT e PSDB, que junto aos demais partidos da ordem têm planos neoliberais para a Educação e o país. Tomamos esse desafio e como exemplo os estudantes secundaristas que derrotaram o Alckmin e agora querem ir por mais, pois é possível lutar para vencer, em aliança com os trabalhadores todos os setores em luta.
de luxo e governam pros empresários! Por isso, os trabalhadores e a juventude devem se mobilizar para que seja esta quadrilha que pague pela crise, e que todo político receba igual a uma professora! Confisco imediato dos bens de todos corruptos e corruptores e impostos progressivos sobre as grandes fortunas para que seja revertido na saúde, educação e serviços públicos!
Congresso do Psol nega entrada do mrt Apuramos a informação (no Facebook, pois até agora não houve nota oficial, questão que solicitamos que seja feita) e a entrada do MRT foi negada pela maioria das correntes. Ao mesmo tempo, aprofundam sua aliança com setores do PT, seja na Frente Povo Sem Medo com CUT e UNE, e até Lindbergh Farias, petista investigado na Lava Jato, seja na defesa mútua de uma Constituinte Exclusiva pela reforma política. O PSOL acaba consumando seu abandono a um papel independente em meio à crise brasileira, pois é um partido que se diz socialista mas dá cheque em branco para políticos advindos de partidos burgueses e fecham as portas para os revolucionários. Fica evidente que a negativa à entrada do MRT pelas nossas críticas a este giro do partido. Chamamos todos os setores que se reivindicam democráticos e defendem o direito dos revolucionários lutarem por suas idéias a rechaçar a posição do Congresso do PSOL. O MRT continuará defendendo o conjunto de suas propostas, na luta por construir uma verdadeira alternativa classista e independente dos trabalhadores no Brasil e internacionalmente. Veja a nota completa online
7 nicOLás dEL caÑO dO Pts da arGEntina visitOu O BrasiL
quais sÃo os ensinamentos da esquerda argentina que servem Pra enFrentar a Crise no brasil? andré augusto 1) Uma esquerda da luta de classes: o PTS sempre escolheu construir-se nas principais concentrações operárias através da luta de classes. Esta estratégia levou o partido a participar das principais experiências de luta na década kirchnerista e ser protagonista do “sindicalismo de base”, fortalecendo uma tradição da luta independente dos trabalhadores junto à esquerda. Foi essa base que levou o PTS a se tornar a principal organização da esquerda argentina, buscando uma influência decisiva na política nacional. 2) O peso na luta de classes possibilita emergir como terceiro campo independente: a Frente de Esquerda e dos Trabalhadores (FIT, pela sigla em espanhol), surgida em 2011, não é um mero “fenômeno eleitoral”, representa o “salto” de uma camada de trabalhadores, mulheres e jovens, das lutas sindicais para a militância política. Uma mostra disso são os 1500 candidatos, em sua maioria operários, que militaram nas eleições junto a Nicolás Del Caño. No Brasil, o PSTU (pelo seu sindicalismo separado das lutas políticas) e o PSOL (pelo seu eleitoralismo descolado da classe trabalhadora) estão na contramão de avançar a construção de uma alternativa política independente dos trabalhadores porque isso só pode se dar em base à luta de classes e com uma atuação no terreno eleitoral ligado a ela. 3) É possível conquistar peso em setores de massas sem rebaixar o programa: O PTS fez da atividade parlamentar e da intervenção na luta de classes dois momentos de um mesmo programa anticapitalista. Essa experiência internacional, em meio à bancarrota de organizações reformistas como Syriza e Podemos, mostra que é possível conquistar peso em setores de massas sem abandonar a luta para que o movimento operário se transforme em sujeito político, reconquiste os sindicatos das mãos da burocracia e construa um partido com independência
de classe para acabar com o capitalismo. No Brasil, por um lado, o PSOL coloca todo centro na atuação parlamentar, rebaixando o programa para ganhar votos e tem escolhido atuar como “sócio menor” do PT. O PSTU nem se coloca seriamente a tarefa de disputar setores de massa no terreno político. 4) Um governo dos trabalhadores só pode ser fruto da mobilização revolucionária das massas exploradas e oprimidas: quanto mais avançou a FIT eleitoralmente, mais deu peso em reafirmar o sentido anticapitalista que tem nossa posição de “governo dos trabalhadores”. É preciso deixar claro que a classe trabalhadora não pode simplesmente se valer do Estado burguês para perseguir seus próprios objetivos, mas deve destruir esta máquina estatal da burguesia e colocar de pé seu próprio poder. No Brasil, o PSOL nem sequer vislumbra a perspectiva de um governo dos trabalhadores e, por sua vez, o PSTU não deixa claro que isso não pode ser conquistado através do triunfo pacífico da esquerda nas eleições. 5) É preciso construir uma força internacional dos trabalhadores na América Latina: deparamo-nos com um novo cenário estratégico latinoamericano. A eleição de Macri na Argentina e a vitória da direita nas legislativas venezuelanas significa um giro à direita da superestrutura política da região. Empurra os
governos até então considerados reformistas como o de Dilma a adotar a agenda de ajustes da direita neoliberal, ainda mais pressionada pelo impeachment. As lições sobre o fracasso dessas estratégias de conciliação de classes, assim como a delimitação política das correntes populistas latinoamericanas como o chavismo e o petismo, são da maior importância para os trabalhadores e para a esquerda. É necessário fortalecer uma esquerda em toda a região que seja parte dos setores mais combativos da classe trabalhadora para enfrentar as crises econômicas e políticas em nossos países. Os avanços da
esquerda revolucionária que ocorrerem em cada país fortalecem a luta e a organização nos demais. Essa é a perspectiva da rede internacional de diários digitais Esquerda Diário (no Brasil impulsionado pelo MRT), que desde sua fundação em 2014 conta com mais de 10 milhões de acessos, a maior parte das quais no La Izquierda Diario da Argentina, mas se estendeu com novos diários digitais no Brasil, Chile, México, França e Estado Espanhol, além de seções próprias na Bolívia, Alemanha, Venezuela e Uruguai. Ligado a essa rede, colocamos de pé, além do PTS, o MRT no Brasil e organizações revolucionárias em diversos países da América Latina e Europa.
Nicolás del Caño na imprensa brasileira No Esquerda Diário digital você pode ver a repercussão na imprensa da vinda de Nicolás no Brasil. Depois de ter sido entrevistado pelo Estado de São Paulo no segundo turno das eleições, agora foi entrevistado pela Folha de São Paulo. Na Folha, ficou claramente marcado a política independente de Del Caño tanto em relação à direita (Macri) quanto do kirchnerismo (Scioli). Além da grande imprensa, também a Rede Brasil Atual, que destacou que ele “obteve o dobro do resultado eleitoral de Luciana Genro do PSOL em 2014”.
CAMPANHA: Contra as “tragédias” do Capitalismo
REESTATIZAÇÃO da VALE
Por flávia vale, professora de contagem - mG
Passado mais de um mês da tragédia em Mariana - MG, o Brasil sente os impactos da maior tragédia ambiental do país. As donas da Samarco, mineradora responsável pela operação da barragem de dejetos da mineração que rompida, são as duas maiores mineradoras do mundo, a Vale e a BHP, australiana. A Vale, privatizada em 1997 pelo governo de Fernando Henrique Cardoso, alcançou nos governos de Lula e Dilma o status de ser uma entre as 20 empresas com mais lucro líquido do planeta, considerando todos os ramos. A tragédia escancara o caráter de subordinação dos chefes das instâncias do poder executivo nacional às mineradoras. O modelo privatizante de FHC, Aécio neves e Anastasia ganhou a cara petista nos governos de Lula, Dilma Roussef e Fernando Pimentel com os incentivos bilionários do BNDES ao grande capital privado nacional. As demissões e a mão de obra precarizada foram a regra para manter os exorbitantes lucros dos capitalistas nacionais e estrangeiros. Não é uma coincidência que os mortos são em sua maioria terceirizados. Para acabar com a iminência de novas tragédias é necessário tirar a mineração das mãos de quem espolia as riquezas naturais a mando dos interesses imperialistas, esses que são aprofundados pelos modelos de exportação de minério de ferro com baixo valor agregado.
Sob controle dos
TRABALHADORES Contra os interesses nacionais e imperialistas das classes dominantes e seus governos é que impulsionamos com o Esquerda Diário a campanha pela re-estatização da Vale sob controle dos trabalhadores. Apenas a expropriação da empresa, sem a indenização para seus antigos donos, é que pode subverter o modelo de espoliação imperialista das riquezas naturais levados a cabo hoje pelos governos petistas. O controle operário de uma Vale caso estatizada significaria arrancar das mãos de um punhado de capitalistas e altos executivos o funcionamento da empresa para colocar sua produção a serviço de quem mais interessa: os trabalhadores e o povo. Essa é a única forma de acabar com a corrupção, tragédias como essa e garantir nenhuma demissão a efetivação dos terceirizados sem seleção prévia ou concurso público, colocando um fim à precarização do trabalho que mais uma vez mostrou que mata.
Flávia Vale na Escola Estadual do Bairro Carajás, Contagem - MG organizando campanha em solidariedade aos atingidos pela tragédia.
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Comunidade que vive ao lado da barragem Doutor, da Vale, mostram para Flávia a vulnerabilidade do local onde vivem.
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