2012 Centro Universitรกrio Belas Artes de Sรฃo Paulo Professora Erika Benevides Marcia Pantano
ERGONOMIA APLICADA AO DESIGN AUTOMOTIVO INTERIORES DE CARROS DE LUXO.
Atualmente, os automóveis mudaram tão radicalmente quanto o seu impacto na sociedade. O automóvel moderno é resultado de um processo evolutivo, no qual sua antecessora a carruagem, o carro puxado a cavalos, foi inserido um motor a vapor. Ele é o resultado de progressos e retrocessos, tendências e limitações desenvolvidas por técnicos, designers e legisladores. Desde o seu nascimento, a partir de experiências casuais de pequenos grupos de inventores, consistia inicialmente num objeto de diversão ao alcance apenas das classes abastadas, converteu-se num benefício para milhões de pessoas, e num meio de locomoção essencial. Gradualmente, o desenvolvimento dos carros passou a girar em torno de um objetivo em comum: viagem rápida, conforto e segurança para os passageiros. De acordo com a AEA – Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (2006), nos últimos 10 anos o interior dos veículos passou por mudanças marcantes baseadas em estudos que comprovam um crescimento da influência do Design interno na decisão de compra dos consumidores. As montadoras passaram a investir em inovações tecnológicas no interior dos veículos, o que aprimorou o desempenho, a funcionalidade, qualidade segurança e ergonomia. Devido à globalização, o automóvel deixou de ser apenas um meio de transporte, passando a ser considerado como uma forma de extensão da casa ou do trabalho, especialmente se for avaliado o fato de que atualmente se passa grande parte do dia dentro do veículo. Sendo assim, as questões referentes à “habitabilidade” automotiva passaram a serem considerados aspectos importantes no projeto de automóveis. Segundo LARICA (2003), “é preciso pensar em um projeto que considere o conforto, a segurança e a ergonomia, além da aplicação de materiais, que sejam adequados ao caráter da habitabilidade evocando uma síntese mais ou menos homogênea de diversas características do “estar” em um veículo: o espaço interno livre, o conforto dos bancos, a praticidade dos controles, o isolamento interno e termo acústico, entre outros fatores. Contribui para o desenvolvimento do interior do automóvel a combinação inteligente das variações de qualidade e possibilidades, tais como; forma, textura, estilo, conforto, visibilidade, segurança, multiplicidade de uso, valor agregado, entre outros, criando uma atmosfera interior mais agradável.”. A partir da afirmação de Larica, é possível relacionar o termo “habitabilidade” ao estado de se sentir bem dentro do automóvel. Dessa forma, o termo conforto adquire cada vez mais significado e importância, devido ao fato de incluir fatores variados tais como iluminação, assentos, climatização e programação visual. Além de segurança e conforto, a decoração pode ser um fator fundamental no desenvolvimento de interior de um automóvel, já que tanto o motorista quanto os passageiros procuram no automóvel, o prazer na composição do ambiente em que se encontra.
De acordo com a Associação Brasileira de Ergonomia (1998), ergonomia é a disciplina científica que trata da compreensão das interações entre os seres humanos e outros elementos de um sistema. Também segundo Pires do Rio & Pires (1981), é a profissão que aplica teorias, princípios, dados e métodos, a projetos que visam aperfeiçoar o bem estar do ser humano e a desempenho global dos sistemas. A ergonomia veio a se desenvolver como uma área de conhecimento humano, quando, durante a 2ª Guerra Mundial, pela primeira vez, houve uma conjugação sistemática de esforços entre a tecnologia e as ciências humanas e biológicas. Fisiólogos, psicólogos, antropólogos, médicos e engenheiros trabalharam juntos para resolver os problemas causados pela operação de 24 equipamentos militares complexos. Os resultados desse esforço interdisciplinar foram tão frutíferos, que foram aproveitados pela indústria, no pós-guerra ((DUL & WEERDMEESTER, 1995)). Para o desenvolvimento de um projeto automobilístico, deve-se analisar a posição do motorista de um automóvel de acordo com fatores humanos, que consideram aspectos antropométricos e dimensionais do corpo humano. No entanto, além de tais fatores devem ser consideradas a capacidade de percepção dos sinais, bem como da elaboração do reconhecimento de situações e respostas decisórias que prontificam a ação. De acordo com RIX & STORK (1999) nos anos 30, a indústria automotiva reconheceu a importância do conforto na posição de dirigir e que este deveria ser o ponto inicial na fabricação dos carros. Com este desenvolvimento do espaço dos passageiros e uso de manequins humanos para seu dimensionamento, a acessibilidade dos pedais, volante e a posição do assento puderam ser mais bem avaliadas, já que pontos mais críticos como acessibilidade dos comandos dos painéis ficaram sem um estudo mais detalhado. Nos dias de hoje, milhões de pessoas de todo o mundo utilizam automóveis diariamente para se deslocar, seja para chegar ao local de trabalho, para o lazer ou mesmo como local de trabalho. A cada dia, novos modelos são lançados no mercado, agregando novas tecnologias em seu interior, numa velocidade cada vez maior, acirrando a briga dos fabricantes por fatias de mercado. Além dos estudos desenvolvidos pela aeronáutica, as competições automobilísticas, representadas por categorias como a Fórmula 1, apresentaram-se como grandes laboratórios para testes de novos produtos tecnológicos que posteriormente podem ser introduzidos em automóveis de passeio. Podem ser citados como exemplo a aplicação de novos materiais como fibra de carbono, resinas térmicas, ligas de alumínio, e o PVC, que hoje é um dos plásticos mais utilizados, representando de 12 a 15 kg do peso total de um veículo.
O painel dos automóveis, por exemplo, é o espaço onde a oferta de novas tecnologias se faz mais evidente. Novos produtos são agregados, como: telefone, sistemas de localização (GPS), internet, DVD, e muitos outros sistemas, fornecendo ao usuário um grande número de funções. Este incremento de novas tecnologias torna o automóvel um dos produtos mais difíceis de operar e manusear visto a quantidade de tecnologias agregadas e a disposição da informação no interior do veículo. (As funções sensoriais, mentais e de controle), a eficiência, velocidade e precisão do homem são profundamente afetadas pelo planejamento, projeto e desenho dos componentes mecânicos do produto com os quais ele lidará. Junto disso, houve também uma maior preocupação com detalhes como conforto dos assentos, força aplicada nos pedais, manuseio dos comandos e no espaço interno disponível para as pernas. E ao longo dos anos a ergonomia foi sendo tratada como algo primordial na produção de um automóvel ou meio de transporte qualquer. Por essas e outras que a visibilidade é um dos pontos mais importantes na ergonomia, afinal, toda a reação do motorista depende das informações do ambiente em que se trafega. Um segundo ponto, não menos importante, é a facilidade dos movimentos. Os diversos componentes, como chaves, comandos e alavancas que devem ser manipulados com as mãos ou pés, devem ser de fácil acesso e movimento. O terceiro item é o conforto. E a postura na hora de dirigir pode, e muito, aumentar ou diminuir o prazer na hora de dirigir seu carro. Para isso, a altura do volante e a posição dos pedais devem permitir uma postura cômoda. Para RIX & STORK (1999) a ergonomia interna de um veículo depende da influência de diversos fatores, como: • Posição, variação e qualidade dos bancos; • Posição e capacidade de ajuste da coluna de direção (volante); • Acessibilidade e adaptação ao sistema de câmbio, botões e comandos do painel; • Posicionamento e acessibilidade dos pedais; • Espaço para as pernas, interferência do posicionamento do volante. (joelhos); • Espaço, posicionamento e acomodação da cabeça. Para auxiliar na construção do interior de um carro, antes de tudo, devem-se ter todas as medidas antropométricas em mãos. Na construção da parte interna de um automóvel, deve tomar os devidos cuidados na disposição dos comandos e instrumentos que serão instalados, pois haverá uma constante interação e contato com os comandos de direção do veículo. Assim, o uso e a combinação desses comandos influenciam diretamente na postura e modo de dirigir. Temos que ter em mente que a maioria dos projetos internacionais, cujo dimensionamento segue principalmente as normas da Society of Automotive Engineers (SAE). Essas normas definem o SRP (Seat Reference Point), ponto de referência do banco, e o SGRP (Seating Reference Point), ponto de referência do indivíduo em relação ao assento.
Quanto à posição do motorista, tanto a Ergonomia como a eficiência podem orientar no projeto do interior do veículo, não só em aspectos antropométricos, como também nos fatores biomecânicos, nos aspectos de percepção de sinais, codificação e respostas eficazes às situações de direção. As dimensões das pessoas maiores são determinantes em muitos aspectos do espaço interior de veículo, particularmente na definição de larguras e comprimentos dos espaços, consoles e puxadores de porta. As dimensões de pessoas menores não podem ser ignoradas em relação aos alcances e localização do volante, formas de entrar e sair, vibração, impactos, cintos de segurança e roupas, isso mesmo, as roupas, podem reduzir a mobilidade dos braços e, consequentemente, reduzem a capacidade de alcance. Assim, aconselhamos deixar os comandos de acesso frequente em locais mais próximos. Os automóveis modernos têm seus projetos iniciados pelo ponto de referência da articulação do quadril, conhecido por Hip Reference Point (HRP), Seat Reference Point (SRP) ou H-Point, dispondo depois as demais partes do corpo. VISIBILIDADE Uma vez que quase todas as informações chegam ao motorista por meio da visão, a visibilidade é de máxima importância. Mesmo que na maioria das vezes o condutor esteja olhando para frente, ele também deve saber o que está acontecendo ao seu redor (atrás e ao lado). Dessa forma, o retrovisor interno amplia a visão traseira. Por isso aconselhamos a você colocar um retrovisor que seja compatível com a janela traseira visto que de nada adianta ter uma janela traseira pequena com um grande retrovisor ou vice-e-versa. Também não devemos deixar de informar que existem estilos diferentes de carros e, para isso, existem diferentes tipos de espelhos retrovisores. VISÃO ESTÁTICA É onde se encontram os mostradores de maior importância, ou seja, os objetos alocados nessa área (velocímetro, conta-giros e medidor de combustível) podem ser vistos continuamente, praticamente sem o movimento dos olhos. É recomendado que esses instrumentos estejem posicionados na faixa abaixo da linha horizontal de visão, em até 30% e para os lados, com abertura lateral de 30°. Esse cone, com 30° de abertura, é conhecido como área ótima de visão. MOVIMENTO DOS OLHOS Onde se localizam os mostradores de média importância. É a visão que se consegue movimentando somente os olhos, sem o movimento da cabeça.
Situa-se até 25˚ acima da linha horizontal de visão e 35˚ abaixo da mesma e lateralmente fazendo uma abertura de 25˚ maior de cada lado além da visão ótima. MOVIMENTO DA CABEÇA Em que são observados os mostradores de uso eventual. É a visão que se consegue atingir com o movimento da cabeça. A cabeça consegue girar até 55˚ para a direita ou esquerda e inclinar-se até 40˚ para frente e 50˚ para trás. Aqui podem ficar localizados os comandos de ajuste do encosto, fivela dos cintos de segurança, porta-objetos e muitos outros. POSTURA SENTADA A posição sentada exige atividade muscular do dorso, possibilitando que braços e pés fiquem liberados para a condução do veículo, permitindo, assim, grande mobilidade desses membros. Praticamente todo o peso do corpo é distribuído para a pele que cobre o osso ísquio, nas nádegas, consequentemente, a posição sentada tem um ponto de referência relativamente fixo no assento. Para isso, o assento deve permitir mudanças frequentes de postura, retardando o aparecimento da fadiga e permitindo que você aproveite ainda mais seu carro. O projeto inadequado de assentos obriga o condutor a adotar posturas erradas e cansativas que, mantidas por um longo tempo, provocam fortes dores localizadas. As dores localizadas no corpo provocadas por posturas inadequadas são: Sentado com o encosto muito inclinado: terá dores nos músculos extensores do dorso. Com o assento muito alto: terá dores nas partes inferiores das pernas, joelhos e pés. O assento muito baixo: você sentirá dores no dorso e pescoço. Braços esticados: durante o ajuste do assento em relação à distância dos pedais e volante, evite distâncias, você corre o risco de ficar com dores nos ombros e braços. Empunhaduras inadequadas: fortes dores nos antebraços.
A partir do estudo descrito acima, temos a empresa BMW com o Esportivo de luxo SÉRIE 6 CABRIO
Funcionalidade. Com um compartimento de bagagem que oferece espaço tanto com a capota fechada como aberta, e um espaço interno no qual podem viajar confortavelmente até quatro pessoas, mesmo em percursos longos. O apoio de braço central e dois suportes para bebidas no console central oferecem bastante espaço para utensílios de viagem. A bagagem grande pode ser facilmente acomodada no espaçoso compartimento das malas. Com a capota fechada, tem 350 litros de capacidade, o sistema de transporte na parte traseira leva duas bicicletas a qualquer lugar. O sistema Click-on permite montar o suporte sem o uso de ferramentas. O capô traseiro permanece acessível e a capota pode ser aberta e fechada a qualquer hora. Essa característica levou o sistema a ser premiado com o Red Dot Design Award 2009 para projetos inovadores. À esquerda, ao lado do volante, os interruptores do sistema de auxílio ao motorista e as regulagens das luzes. Diretamente a sua frente, o cockpit com as informações relevantes da viagem e as indicações de segurança, projetadas opcionalmente em seu campo visual no BMW Head-Up Display colorido pelo BMW ConnectedDrive. E, finalmente, o próprio volante, perfeitamente ajustado. Se o olhar se desviar levemente para a direita, cairá automaticamente sobre o display colorido de 10,2 polegadas. Logo abaixo, sua mão direita encontrará a alavanca de marchas. Ao lado e também ao alcance do passageiro: o iDrive, que controla entre outros o sistema de navegação e o de informações e entretenimento. E isso é simples: à direita é avançar, à esquerda é voltar, e pressionar para selecionar. A luz ambiente e as luzes LED na parte superior do revestimento das portas,
nas bolsas das portas e em outros locais cuidadosamente escolhidos, conferem uma atmosfera agradável na cor laranja. As luzes contornam todo o espaço interior O BMW EfficientDynamics representa medidas inteligentes que reduzem sensivelmente o consumo de combustível e as emissões de CO2 e aumentam simultaneamente a potência. O princípio é bem simples: evitar perdas, utilizar a energia ao máximo – por exemplo, como a regeneração de energia de frenagem, pois, ao frear ou rodar, a bateria é recarregada com a energia antes utilizada na aceleração. Além disso, há outras inovações e medidas, tais como a Direção eletromecânica servoassistida e uma aerodinâmica perfeita. O motor ganha potência através do TwinPower Turbo e a injeção direta de gasolina, com um consumo sensivelmente reduzido. À distância para o veículo da frente é mantida de forma constante, dependendo da velocidade desejada e da situação de trânsito, a velocidade é regulada automaticamente. Num engarrafamento, o sistema aciona os freios até o veículo parar e arrancam automaticamente dentro dos primeiros três segundos. Mesmo com a regulagem da velocidade desativada, o assistente de frenagem avisa se houver perigos. Voltado para trás, o alerta de troca de pista utiliza sensores de radar. Um símbolo no espelho externo indica se há outros veículos no ângulo cego ou em rápida aproximação por trás. Se o motorista acionar o pisca alerta para trocar de pista, o sistema dá o alerta através de vibrações no volante e indicações visuais. A câmera do alerta de abandono da pista está voltada para a frente. A partir de 70 km/h, reconhece a beira da pista e sua sinalização. Antes que ocorra o abandono não intencional da pista, o sistema dá o alerta através de vibrações discretas no volante. O acionamento do pisca alerta desativa esta tecnologia do BMW ConnectedDrive ao dobrar para a esquerda ou direita ou ao trocar de pista. No para-choque dianteiro há duas câmeras Side View orientadas à esquerda e à direita. As duas imagens são mostradas simultaneamente no Control Display autônomo.
Assim, não fica nenhum obstáculo sem ser visto mesmo na saída da garagem. A câmera de marcha ré auxilia ao entrar no estacionamento. Linhas interativas na imagem informam ao motorista se a vaga escolhida realmente tem espaço suficiente. A função de zoom amplia a imagem de tal modo que é possível realizar o acoplamento do reboque sem necessidade de instruções. Fontes Bibliográficas: http://carros.uol.com.br/ultnot/2009/05/29/ult634u3503.jhtm http://www.streetcustoms.com.br/revistas-carros/life-style/ergonomia-dirigindocorretamente.html http://www.bmw.com.br/br/pt/newvehicles/6series/convertible/2010/showroom/in terieur_design/control_display.html#more